Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Claudianny Amorim Noronha
Estágio SupervisionadoD I S C I P L I N A
Módulo de orientação
Autoras
Materiais didáticos:
como avaliar, utilizar e (re)elaborar
05
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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- Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”
Governo Federal
Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva
Ministro da EducaçãoFernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ReitorJosé Ivonildo do Rêgo
Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS
Coordenadora da Produção dos MateriaisMarta Maria Castanho Almeida Pernambuco
Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky
Projeto Gráfi coIvana Lima
Revisores de Estrutura e LinguagemJanio Gustavo Barbosa
Eugenio Tavares Borges
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Revisora das Normas da ABNTVerônica Pinheiro da Silva
Revisoras de Língua PortuguesaJanaina Tomaz Capistrano
Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Revisor TécnicoLeonardo Chagas da Silva
Revisora Tipográfi caNouraide Queiroz
IlustradoraCarolina Costa
Editoração de ImagensAdauto Harley
Carolina Costa
DiagramadoresBruno de Souza Melo
Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Mariana Araújo de Brito
Adaptação para Módulo MatemáticoJoacy Guilherme de A. F. Filho
Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis
(Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Fotografi as - Adauto Harley
Stock.XCHG - www.sxc.hu
Barbosa, Tatyana Mabel Nobre.
Estágio supervisionado interdisciplinar / Tatyana Mabel Nobre Barbosa, Claudianny Amorim Noronha. –
Natal, RN: SEDIS, 2008. 11v
224 p.
1. Estágio supervisionado. 2. Formação de professores. 3. Educação. I. Noronha, Claudianny
Amorim. II. Título.
ISBN: 978-85-7273-489-9
CDD 370.733
RN/UF/BCZM 2008/109 CDU 371.133
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 1
1
2
3
Apresentação
Com o que trabalhar? Quais materiais poderei utilizar? Como é o livro didático adotado
na escola? Essas são questões que, certamente, você fará logo que iniciar o Estágio
Supervisionado. Para muitos estagiários, a realidade comum de limitações materiais das
escolas públicas, sejam estaduais ou municipais, pode ser uma difi culdade para as atividades
a serem desenvolvidas em sala de aula.
Por outro lado, perguntamos: será que você está explorando o livro didático em todas
as suas potencialidades? Será que não há recursos de fácil acesso que possam ser utilizados
como instrumentos para o ensino-aprendizagem de um dado conteúdo?
Assim, neste módulo, procuraremos orientá-lo a analisar, selecionar e produzir materiais
didáticos. Primeiramente, discutiremos quais os parâmetros importantes para a análise do
livro didático e, ao mesmo tempo, analisaremos a necessidade de sua descentralização no
contexto escolar, principalmente, em atenção às demandas recentes da ciência e das novas
tecnologias da informação e comunicação. Orientaremos, nesse sentido, a análise e utilização
de materiais didáticos (ou não-didáticos com fi nalidades educacionais), considerando pontos
fundamentais para seu planejamento.
Conteúdos
Análise do livro didático.
Parâmetros para análise, seleção e produção de
materiais didáticos.
Considerações essenciais sobre os materiais didáticos
para elaboração do seu planejamento de ensino.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado2
O que dizem alguns professores:
“eu uso porque é a única fonte de material que nós temos”;
“o livro é muito bom, mas é preciso ajustar a nossa realidade”;
“eu acho o livro muito ruim, não explora os conteúdos como deveria”;
“o processo de seleção do livro na nossa escola não ocorreu a contento. Como professores, não fomos escutados”.
O que dizem alguns alunos:
“os professores nem usam. Passam a aula toda copiando e só marcam a atividade para fazermos em casa”;
“eu uso antes da prova, para estudar o conteúdo”;
“acho difícil entender a matéria, estudando pelo LD”.
O que diz a direção/equipe pedagógica:
“foi difícil selecionar um livro didático bom. Os professores ainda buscam livros muito tradicionais”;
“se chegar o final do ano e não tiver se ‘batido capa à capa’ do livro didático os pais reclamam”;
“é difícil conseguir que os alunos tragam o livro. Dão mil desculpas”;
“os livros que pedimos ao MEC não vieram”.
O que você tem a dizer?
Como vê o uso do livro didático na escola em que está estagiando?
O que professores, alunos e direção/equipe pedagógica pensam sobre a escolha e usos do livro didático da sua área de ensino?
Outros materiais (paradidáticos e/ou didatizados) são utilizados?
O que dizer sobre o livro didático
Na escola, você, certamente, encontrará diferentes opiniões sobre o uso do livro didático
(LD) entre os professores, direção e alunos. Algumas falas a seguir podem coincidir com
aquelas ouvidas por você na escola em que está estagiando. Observe.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 3
Como vemos, por meio dos discursos que circulam em torno do livro didático, é possível
identifi car diferentes concepções quanto ao seu uso e importância para o contexto escolar. As
falas ilustram alguns consensos e divergências entre os sujeitos, mas não são completamente
excludentes, pois temos aqui a clareza de que se, de um lado, a presença do livro didático
na escola é para professores e alunos a fonte principal de estudos, de outro, é questionável
o caráter dominante que assumiu. Se seu aspecto homogeneizador concede um mesmo
tratamento didático aos conteúdos, sem considerar as especifi cidades de cada aluno, pode,
justamente por isso, ser razão de grande empenho dos professores para não tornar prescritivo
o trabalho de sala de aula. Se de um lado, argumenta-se que o uso do livro didático faz do
professor um transmissor de um conhecimento do qual ele não é autor, de outro, suprimi-lo
exigiria profi ssionais autônomos, críticos e capazes de produzir seus materiais didáticos em
consonância com sua realidade escolar e com as diretrizes institucionais de ensino.
Você sabia?
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é desenvolvido pelo Ministério
da Educação e tem como objetivo avaliar as coleções didáticas encaminhadas
pelas editoras para pleitearem sua aquisição pelo MEC e distribuição nas escolas
públicas. Cada escola participa desse processo nas seguintes etapas: 1) escolha do livro didático, a partir daqueles aprovados previamente pelo MEC. A escolha
tem vigência de três anos; 2) indicação de duas opções de livros. Às vezes, o
MEC não consegue negociar com a editora o livro que sua escola escolheu. Por
isso, as escolas indicam duas opções (de livros que, preferencialmente, sejam de
editoras diferentes); 3) consulta à “reserva técnica”. Por alguma razão, o livro
pode ter chegado em quantidade insufi ciente. Por isso, antes do planejamento
é sempre bom consultar àqueles mais votados no seu Estado, pois são eles que
constituem a “reserva técnica” do MEC e serão encaminhados para sua escola na
falta dos livros pedidos; 4) preencher o formulário corretamente e encaminhar
o pedido. (BRASIL, 2007a).
Desse modo, o livro didático, especialmente na escola pública em que sua distribuição
é gratuita, merece uma discussão profunda. Seus usos, seleção e acompanhamento dos
programas institucionais de apreciação das coleções encaminhadas para o Ministério da
Educação e enviadas às escolas devem ser focos permanentes de atenção por parte de
professores, direção e equipe pedagógica.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado4
Guia do Livro
Didático
O Guia apresenta os
critérios de avaliação
de cada área dos anos
iniciais e fi nais do
ensino fundamental e os
resultados das análises
dos livros didáticos.
Entre no site e faça a sua
pesquisa: <http://portal.
mec.gov.br/seb/index.php?
option=content&task=view
&id=377>.
Sugestão de atividade 1
O que fazer com o livro didático
Diante do modo como o livro didático é visto e utilizado na escola em que você está
estagiando, é importante pensar em critérios e estratégias para a utilização desse material:
O que dá a um livro o caráter e a qualidade didático-pedagógicos é, mais que a forma
própria de organização interna, o tipo de uso que se faz dele; e os bons resultados
também dependem diretamente desse uso. [...] O que pode transformá-lo [...] é o uso adequado à situação particular de cada escola. Podemos exigir – e obter – bastante
de um livro, desde que conheçamos bem nossas necessidades e sejamos capazes de
entender os limites do LD e ir além deles. (BRASIL, 2007a, p. 14, grifos dos autores).
Nesse sentido, tentaremos estabelecer, junto com você os elementos que lhe permitirão
saber usar o livro didático de acordo com a sua realidade escolar, com os modos como seu
professor colaborador, seu aluno e a direção/equipe técnica vêem esse material.
Analise seu livro didático
As perguntas a seguir são propostas no volume da apresentação do Guia do
Livro Didático. Utilize-as, juntamente com o professor colaborador, para fazer a
primeira análise do seu livro didático. Ao fi nal, você terá informações importantes
para repensar seu planejamento e atuação no Estágio Supervisionado sobre o
uso do livro didático.
A seleção de conteúdos é adequada?
A seqüência com que são apresentados obedece à progressão da aprendizagem
planejada por sua escola?
O conjunto dos conteúdos, assim como o tratamento didático dado a eles, é
adequado para o seu aluno e está de acordo com o currículo?
A linguagem é clara e precisa?
O texto das explicações é acessível para os alunos?
As atividades se preocupam em ajudar o aluno a entender o texto das lições?
O livro do professor contribuiu o sufi ciente para o melhor uso do material?
(BRASIL, 2007a, p. 16).
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 5
sua r
esp
ost
a
Registre suas respostas no seu diário de campo e procure refl etir em que medida
a análise do livro infl uenciará no seu planejamento e nos momentos de mediação
desse material em sala de aula.
Dependendo dos resultados da sua análise, certamente, alguns elementos precisarão ser
repensados na sua prática, ao utilizar o livro didático. Você deve ter observado que as perguntas
sugeridas pelo Guia do Livro Didático podem ser organizadas em três grandes eixos: 1) as
três primeiras perguntas referem-se aos conteúdos, sua organização seqüencial e relação aprendizagem/currículo da escola; 2) as três perguntas seguintes focalizam a legibilidade do livro didático: sua clareza e favorecimento da leitura pelo aluno; 3) a última questão
direciona-se ao manual do professor como instrumento orientador do uso do livro didático.
Esses três eixos deverão não apenas nortear sua análise sobre os livros didáticos, mas serem
considerados também ao se usar materiais não-didáticos com fi nalidades educativas.
Vejamos os comentários sobre as questões que devem nortear sua análise sobre o
livro didático.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado6
1) Quanto aos conteúdos, sua organização seqüencial e relação aprendizagem/currículo da escola
Sobre esse ponto, os autores Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002), em seu
livro Ensino de ciências: fundamentos e métodos, colocam que muitos livros
didáticos de ciências apresentam conteúdos pouco signifi cativos.
Você poderá observar que alguns professores podem alternar as unidades de
trabalho propostas no livro. É possível observar também que, de acordo com
suas concepções de ensino ou de afi nidade com dados conteúdos, os professores
podem suprimir do seu planejamento uma ou outra unidade do livro didático.
Nesse sentido, Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) fazem várias propostas
para o ensino de ciências. Os autores colocam, por exemplo, a possibilidade
de trabalho com a poluição ou a AIDS como temas. E, além disso, relatam
experiências de professores.
2) A legibilidade do livro didático: sua clareza e favorecimento da leitura pelo aluno
Essas questões são muito sérias. Certamente, durante sua vivência no estágio
supervisionado na escola, você pode ter escutado dos professores que os alunos
têm problemas de leitura e produção de textos e que, muitas vezes, a difi culdade
é mais na interpretação do problema do que mesmo na sua resolução. Por isso,
a linguagem do livro didático precisa considerar os níveis de leitura dos alunos
e até promover avanços nesse sentido.
3) O manual do professor como instrumento orientador do uso do livro didático
Nesse sentido, é necessário observar se o manual do professor contempla alguns
aspectos (BRASIL, 2007a): orientações pedagógicas ligadas à disciplina, a fi m de
que o professor melhor adeque/utilize o livro didático, considerando os avanços
científi cos do como ensinar na sua área; se ajuda no desenvolvimento das aulas
e na avaliação, orientando o professor para usos diferenciados do LD, alterando
suas seqüências, orientando o uso de materiais complementares e orientando-o
a avaliar seu aluno; informações científi ca e geral, que lhe permitam relacionar
os conteúdos escolares com a realidade, a fi m de que o professor/estagiário de
Química, por exemplo, possa compreender a relação da lei de Lavoisier com a
preservação do meio ambiente, ou as reações químicas causadas pelo petróleo
e as demandas econômicas para os biocombustíveis.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 7
As perguntas que gerarão essas refl exões devem ser “respondidas” em conjunto por você
e o Professor Colaborador. É importante que as orientações que colocamos aqui sobre cada
um dos eixos não sirvam apenas para a análise do livro didático, mas motivem a utilização
do livro didático (e de outros materiais) sem considerá-lo algo de que não se pode fugir, ou
mesmo a única fonte de pesquisa e ensino-aprendizagem.
Empreender algumas dessas mudanças quanto ao uso do livro didático poderá exigir de
você e do seu Professor Colaborador a pesquisa de materiais paradidáticos ou a didatização de
alguns materiais, bem como o uso de novas tecnologias (CDs, DVDs, Internet) e a alternância
de métodos de ensino (seminário, aula de campo para visitar espaços que enriquecem a
aprendizagem dos conteúdos etc.).
Quando usar outros
materiais, mídias e espaços
além do livro didático
Assim, ao considerar que o livro didático não deve ser a fonte exclusiva de ensino-
aprendizagem, você deve se perguntar: então, que outros materiais poderei utilizar?
Quais aspectos devo considerar para fazer a seleção dessas mídias educacionais?
Quando deverei elaborar meus próprios materiais e como? Quais espaços, recursos e mídias
podem ser transformados por mim como instrumental didatizado para o ensino-aprendizagem?
Durante o Estágio Supervisionado, algumas situações implicam a descentralização do livro
didático e, necessariamente, exigirão de você o uso de outros materiais, mídias e espaços, além
do livro didático: 1) a emergência de fatos que têm impacto direto nos conteúdos escolares;
2) a necessidade de aproximar as discussões à realidade do aluno, situando-o como agente
da sua aprendizagem; 3) a possibilidade do professor ser autor da produção didática mediada
em sala de aula.
Para encontrarmos respostas para essas perguntas e possibilidades de trabalho que
considerem a descentralização do livro didático, observe a situação a seguir.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado8
Se, durante seu Estágio Supervisionado, fatos como esse, que têm impacto direto nas
discussões das mais diferentes disciplinas escolares (especialmente em Ciências, nos anos
fi nais do Ensino Fundamental; e em Biologia, no Ensino Médio) tivesse ocorrido, o que você
faria, tendo em vista que o livro didático não poderia prever a mais nova forma de concepção
humana?
Veja a seguir algumas orientações.
O que considerar no seu planejamento?
A emergência desses fatos exigiria de você pesquisa em jornais, sites, revistas
científi cas e de divulgação científi ca. Conhecer os procedimentos empenhados
na clonagem, seus objetivos, riscos, problemas éticos, divergência entre ciência
e visões religiosas etc.
Seria possível você aproximar as discussões da realidade do aluno, situando-o como agente da sua aprendizagem, ao incluí-lo nas discussões
sobre esses avanços científi cos e a repercussão em suas vidas: impactos
econômicos, sociais, religiosos, avanços na medicina curativa e preventiva,
riscos de falhas e conseqüências negativas nos testes com humanos etc.
A necessidade de você ser autor da produção didática mediada em sala de aula, uma vez que seria imprescindível buscar/elaborar materiais que
pudessem ser utilizados para trabalhar esse tema com seus alunos: vídeos,
jornais impressos, audiovisuais, materiais didáticos disponíveis na Internet,
visita a centros de fertilização, entrevista com especialistas etc.
Em 1997, foi anunciada
a clonagem da ovelha
Dolly, primeiro mamífero
gerado a partir de uma
célula adulta.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 9
São situações como essa para as quais deveremos estar atentos, uma vez que os fatos
históricos e científi cos já não estão temporalmente distantes dos nossos alunos, os quais
assistiram à transmissão, ao vivo, em 11 de setembro de 2001, do atentado ao World Trade
Center (episódio das Torres Gêmeas) e ao Pentágono nos Estados Unidos da América, e que
precisaram compreender por que Plutão deixou de ser considerado planeta, em agosto de
2006, após a 26ª Assembléia Geral da União Astronômica Internacional (UAI).
Por isso, é “[...] injusto que professores e populações de alunos não tenham acesso à
utilização plural e sistemática dos meios alternativos ao livro didático [...]” e aos espaços de
aprendizagem, como museus, planetários, laboratórios, seja pela difi culdade de recursos seja
pela desorganização das instituições escolares (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002,
p. 38). Esse novo contexto, em que os avanços tecnológicos e as tecnologias da informação e
da comunicação permitem mudanças e descobertas científi cas que ocorrem a passos largos,
além da instantaneidade na transmissão dessas informações, tem mudado a relação do nosso
aluno com o conhecimento e, necessariamente, o papel da escola. Por isso, fi ca insustentável
um ensino que tem o livro didático como guia, pois esse único instrumento não consegue
acompanhar sem défi cit as transformações da sua disciplina.
Desse modo, surgem como demandas a utilização de materiais didáticos, elaborados
com fi nalidades educacionais, bem como a necessidade de o professor ser autor dos seus
instrumentais/métodos de ensino e buscar permanentemente qualificação profissional,
engajando-se/formando grupos de pesquisa que vinculem a escola, a universidade e a
comunidade.
Como utilizar/elaborar
materiais didáticos
No exemplo que demos anteriormente para o planejamento de trabalho com a clonagem
humana, você precisaria utilizar diferentes instrumentais, além do livro didático: são o
que denominamos de materiais alternativos ao livro didático, que servem para incluir
discussões, apoiar, complementar ou aprofundar as atividades de ensino-aprendizagem.
Alguns desses materiais já têm fi nalidade educacional, pois são voltados especifi camente para o uso em situações de ensino-aprendizagem escolar. São exemplos: diferentes mídias
com objetivos educacionais (CD, DVD etc.), livros temáticos, feira de ciências etc. Eles podem
ser produzidos por editoras ou instituições de ensino e não são de autoria do professor que irá
utilizá-los. Normalmente, desenvolvem um tema específi co e servem como fonte de estudos e
pesquisa para os alunos. Permitem aprofundar discussões sobre determinados temas que têm recentemente se tornado foco de interesse para as disciplinas.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado10
Sugestão de atividade 2
Há também a possibilidade de utilizar materiais que o professor insere numa atividade
educacional, mas que, em sua origem, não tinham esse propósito. Nesse sentido, o professor
assume uma espécie de autoria didática por lhes conferir um caráter educativo que, em princípio, não tinham. São exemplos desses materiais: rótulos de produtos, matérias de
jornais e revistas, cds, dvds (de música, de arte, de cinema), livros literários, jornalísticos,
jogos criados pelos professores, experimentos desenvolvidos por eles etc. Esses materiais são
produzidos a partir de produtos comuns ao universo do aluno e, assim, podem envolvê-los
como agentes da sua aprendizagem. Há também espaços potenciais para se ensinar e aprender
os conteúdos curriculares: museus, sítios arqueológicos, fábricas, refi narias... Nenhum desses
espaços tem como principal fi nalidade educar crianças e jovens, mas podem servir para isso,
a partir do trabalho autoral realizado pelo professor.
Elabore parâmetros para análise, seleção e produção
de materiais didáticos
Pesquise no Guia do Livro Didático (BRASIL, 2007b; 2007c) da sua disciplina
os critérios de avaliação dos livros didáticos. Sintetize e elabore sua própria
fi cha de avaliação, procurando construir critérios que sirvam para orientá-lo não
somente na análise dos livros didáticos, mas na escolha e elaboração de materiais
alternativos para o ensino.
Quando espaços comuns se transformam em espaços educativos
Em algumas situações, locais que, embora sejam espaços fundamentais para
aprendizagem escolar, não tinham esse objetivo, transformaram-se em espaços
educacionais: muitos museus e fábricas já têm uma equipe qualifi cada para
atender às escolas e fazer a relação entre os conhecimentos escolares e o trabalho
que desenvolvem.
Também é preciso lembrar que, apesar da fi nalidade educacional que os materiais
didáticos já têm, é o professor que responde pela sua didatização, criando
estratégias para seu uso e relacionando-o aos conteúdos curriculares.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 11
Ciências Matemática
Outras disciplinas
Leitura complementar
NOVA ESCOLA. Jogos. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/indice_
jogos.shtml>. Acesso em: 18 jun. 2008.
Nesse link, você encontrará diversos jogos educativos que poderão ser realizados com
seus alunos. Nesse caso, os jogos têm claras fi nalidades educativas: trabalhar os conceitos
de velocidade, distância; frações matemáticas; tabuada e etc. Os jogos são acompanhados
por textos sobre a temática para aprofundamento dos objetivos de ensino a que se vinculam.
Caso o acesso à Internet não seja possível na sua escola, você poderá adaptar esses jogos,
“fabricando-os” com outros materiais para aplicá-los na sua turma. Nesse processo, você
também poderá observar a necessidade de fazer alguns ajustes na metodologia ou conteúdos
dos jogos, considerando suas especifi cidades escolares.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado12
Sugestão de atividade 3
Planeje seu trabalho
A seguir, você dispõe de quatro situações que podem ser retomadas nas suas atividades
docentes em diferentes disciplinas. Selecione uma delas e, em seguida, levante os pontos que
são básicos para seu planejamento.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 13
Etapa 01: analise seu livro didático
Retome a sugestão de atividade 1, considere as perguntas e eixos já analisados, mas,
agora, observe especifi camente o tratamento dado pelo seu livro didático ao tema selecionado
por você:
quanto ao tema selecionado: há organização seqüencial e relação aprendizagem/currículo da escola?
a legibilidade do livro didático: há clareza e favorecimento da leitura pelo aluno para melhor compreensão do tema que se quer trabalhar?
o manual do professor orienta o trabalho com o tema selecionado?
Etapa 02: o que considerar no seu planejamento
Retome o exemplo para planejamento de trabalho com a clonagem humana e organize
alguns passos importantes para seu planejamento:
a emergência desses fatos exige de você pesquisa em quais fontes e a discussão sobre quais assuntos?
como seria possível você aproximar as discussões da realidade do aluno, situando-o como agente da sua aprendizagem?
considerando que são temas relativamente recentes (ou que recentemente ganharam visibilidade), indique quais materiais didáticos (ou por você didatizados) você precisaria usar.
Etapa 03: quais parâmetros considerar para análise, seleção e
produção de materiais didáticos
Retome a atividade “Elabore parâmetros para análise, seleção e produção de materiais
didáticos” e liste quais critérios específi cos da sua área de ensino serão contemplados pelo
conjunto de materiais que você irá utilizar. Analise se alguns materiais devem ser acrescentados
ou suprimidos.
Etapa 04: faça seus registros no diário de campo
Procure analisar todo o processo de planejamento e desenvolvimento dessa atividade.
Registre também os cuidados no campo da linguagem que a atividade considerou.
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado14
Anotações
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Guia do Programa Nacional do Livro Didático: apresentação.
Brasília: MEC, 2007a. (Anos Finais do Ensino Fundamental). Disponível em: <http://portal.mec.
gov.br/seb/arquivos/pdf/Avalmat/pnldapres07.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2008.
______. Ministério da Educação. Guia de livros didáticos PNLD 2008: Matemática. Brasília:
MEC, 2007b. (Anos Finais do Ensino Fundamental). Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Avalmat/pnldmat07.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2008.
______. Ministério da Educação. Guia de livros didáticos PNLD 2008: Ciências. Brasília: MEC,
2007c. (Anos Finais do Ensino Fundamental). Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Avalmat/pnldcienc07.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2008.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. (Docência em formação).
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado 15
Anotações
Módulo de orientação 5 | Estágio Supervisionado16
Anotações
EMENTA
n Claudianny Amorim Noronha
n Tatyana Mabel N. Barbosa
Estágio Supervisionado I – INTERDISCIPLINAR
AUTORAS
AULAS
2º S
emes
tre d
e 20
08Im
pres
so p
or: G
ráfi ca
Tex
form
01 Módulo de orientação 1 – O Estágio Supervisionado para Formação de Professores: orientações para o estagiário
02 Módulo de orientação 2 – O Estágio Supervisionado como possibilidade de pesquisa-formação
03 Módulo de orientação 3 – O período de observação da escola: criando um outro olhar sobre os espaços, sujeitos e
ações de uma antiga conhecida nossa
04 Módulo de orientação 4 – Propostas de ações colaborativas para o Estágio: a interface entre os conhecimentos
escolares e acadêmicos
05 Módulo de orientação 5 – Materiais didáticos: como avaliar, utilizar e (re)elaborar
06 Módulo de orientação 6 – Planejamento de ensino I: objetivos, conteúdos, métodos e avaliação da aprendizagem
07 Módulo de orientação 7 – Planejamento de ensino II: objetivos, conteúdos, métodos e avaliação da aprendizagem
08 Módulo de orientação 8 – A avaliação do estágio: um processo de refl exão contínua
09 Módulo de orientação 9 – A (re)escrita do trabalho avaliativo fi nal: o relatório, o artigo científi co e o memorial
10 Módulo de orientação 10 – Estágio Supervisionado: o papel da escola como instituição co-formadora
11 Fichário de estágio
Apresenta as diferentes interfaces do estágio supervisionado, focalizando, principalmente, suas concepções
e orientações institucionais para a formação docente; as orientações práticas para a vivência pedagógica e o
planejamento do estágio na escola e a interlocução entre os saberes acadêmicos e escolares; como também
os princípios de avaliação e acompanhamento do estagiário pelos diferentes sujeitos do estágio na EaD.
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