Download - Disser Tac Aot Ass i a Marques Final
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Influncia das
propriedades
trmicas da
envolvente opaca no
desempenho de
habitaes de
interesse social em
So Carlos, SP
Tssia Helena Teixeira Marques
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DE SO CARLOS
Tssia Helena Teixeira Marques
Influncia das propriedades trmicas da envolvente opaca no
desempenho de habitaes de interesse social em So Carlos, SP
Dissertao apresentada ao Instituto de
Arquitetura e Urbanismo de So Carlos da
Universidade de So Paulo, como parte
dos requisitos para a obteno do ttulo
de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
rea de concentrao:
Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia
Orientadora:
Profa. Dra. Karin Maria Soares Chvatal
Apoio:
Fundao de Amparo Pesquisa do
Estado de So Paulo - FAPESP
So Carlos
2013
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FOLHA DE JULGAMENTO
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DEDICATRIA
amiga Marieli Lukiantchuki, exemplo de
pessoa, profissional e pesquisadora, que
me ensinou, entre tantas outras belas
coisas, que podem ser necessrias 99
tentativas para que a centsima atinja o
seu objetivo.
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AGRADECIMENTOS
Diante da vastido do tempo e da imensido do universo, um imenso prazer dividir um
planeta e uma poca com voc.
Carl Sagan
Agradeo, sincera e profundamente:
Deus.
Aos meus pais, Cleber e Tnia, e aos meus irmos Daniel, Danilo, Thas, Telma e Denys, pelo
apoio incondicional, pela presena, pelas oraes, e pela importncia que sempre tero
em minha vida. Em especial ao meu irmo Denys, pela companhia durante o mestrado,
pela ajuda em todos os momentos e principalmente na reviso deste trabalho.
professora Karin Chvatal, grande responsvel pelo meu amadurecimento enquanto
pesquisadora, pela excelncia na orientao e pelo exemplo profissional passado.
s professoras Lucila Chebel Labaki, Kelen Dornelles e Rosana Caram, pela contribuio e
pelo incentivo imprescindveis ao longo da pesquisa, na Qualificao e na Defesa final.
FUNDAO DE AMPARO PESQUISA DO ESTADO DE SO PAULO FAPESP, por apoiar
este trabalho.
Aos amigos e amigas presentes durante o Mestrado (ou alm dele), listados aqui em
ordem alfabtica por medo de que outra ordem possa atribuir maior ou menor
importncia qualquer um deles: Adriana Almeida, Adrielle Favini, Ana Paula Tavares,
Ariel Lazzarin, Cristiane Bueno, Daniel Polistchucky, Debora Verniz, Fernanda Faria,
Fernando Cavalcanti, Gabriela Miglino, Helenice Sacht, Isabel Morim, Isabella Denzin,
Jacqueline Souza, Josiane Nogueira, Juliana Lukiantchuki, Kattia Villadiego, Leticia
Mattaraia, Lizeth Rodriguez, Lyda Patio, Mariana Goulart, Marieli Lukiantchuki, Natlia
Calvi, Nicole Oliveira, Rafaela Izeli, Raquel Arata, Rodrigo Jabur e Rosilene Brugnera.
Obrigada pela presena (prxima ou distncia, constante ou passageira mas sempre
especial) em minha vida.
Carla e Florent Mrmol, que me receberam em sua casa durante minha estadia em
Marselha. Um agradecimento muito especial, pelas conversas, pelos passeios, pelas
risadas e pelas boas lembranas.
Ao Victor Roriz, pela ajuda nas exploraes do modelo e do software EnergyPlus.
Ao Fernando Westphal, por ter intermediado meu primeiro contato com o software
EnergyPlus, e por, atravs de sua empolgao, ter me despertado o interesse para a rea
de simulao.
Ao arquiteto Silmar Fattori, da Caixa Econmica Federal, e aos arquitetos Irene Rizzo e
Paulo Pignanelli, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), pela
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gentileza em fornecerem informaes sobre tipologias habitacionais durante a fase de
levantamentos da pesquisa.
Aos professores Mohamed Belmaziz, Alain Guyot e Aziz Boukara, da cole Nationale
Suprieure dArchitecture de Marseille (ENSA), pela acolhida em Marselha e pelo auxlio na
reviso de parmetros de modelagem e na anlise de dados climticos.
A todos os funcionrios do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So
Paulo, pela gentileza em auxiliar sempre que necessrio. Ao Srgio Celestini, Alessandro
Souza, Lucinda Silva, Ftima Mininel, Mara Santos, Jos Zanardi, Paulo Ceneviva, Daniel
Picon, Oswaldo de Andrade e Evandro Bueno. Em especial a: Marcelo Celestini (o querido
Marcelinho) e Geraldo Pereira, pela ateno sempre solcita, pela pacincia e pelo apoio
fundamentais para o desenvolvimento deste mestrado.
Aos funcionrios do Laboratrio de Construo Civil do IAU: Srgio Trevelin, Srgio
Pratavieira, Paulo Albertini, e aos agregados Donizetti Becaro, Jos Renato Dibo, Odinei
Carlos e Pedro Mattia, pelos cafezinhos, pelas conversas e por tantos bons momentos
vividos no LCC.
Ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo e todos os seus
professores, pelo importante papel desempenhado em minha formao.
A todos que de alguma forma contriburam com esta pesquisa, os meus sinceros
agradecimentos.
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A recompensa reside no esforo, e no no resultado
obtido. O esforo total a vitria plena.
Mahatma Gandhi
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RESUMO
MARQUES, Tssia Helena Teixeira. Influncia das propriedades trmicas da envolvente
opaca no desempenho de habitaes de interesse social em So Carlos, SP. 2013. 143p.
Dissertao (Mestrado) Instituto de Arquitetura e Urbanismo de So Carlos, Universidade
de So Paulo, So Carlos, 2013.
O objetivo principal desta pesquisa analisar a influncia da transmitncia trmica da
envolvente opaca (paredes e coberturas) e de outros parmetros (cor das superfcies
exteriores, ventilao natural e inrcia trmica) que interferem no desempenho trmico de
edifcios habitacionais de interesse social no clima da cidade de So Carlos, SP. Aps
levantamento de dados em construtoras e em rgos pblicos e privados ligados
habitaes, foi selecionado um modelo unifamiliar trreo representativo desta tipologia
para a anlise. Como a pesquisa baseia-se em simulaes paramtricas de desempenho
trmico, inicialmente feito um estudo sobre padres de modelagem de habitaes,
identificando quais elementos so mais relevantes. Definidos os parmetros da
modelagem, procede-se verificao dos valores mximos de propriedades da
envoltria prescritos na norma NBR 15575 Edificaes habitacionais - Desempenho, e no regulamento RTQ-R: Regulamento tcnico da qualidade para o nvel de eficincia
energtica em edificaes residenciais. Esta anlise fornece indcios sobre a dificuldade
em fixar valores desta propriedade para o fechamento opaco, uma vez que seu
desempenho definido pelas caractersticas da envoltria como um todo. Por fim, so
realizadas trs sries de simulaes paramtricas, variando-se a transmitncia trmica de
paredes e coberturas, a inrcia das paredes externas, as cores das superfcies expostas
radiao solar, o aproveitamento de ventilao natural e o uso de cargas internas
(ocupao, iluminao e equipamentos). De acordo com os resultados, verifica-se que os
melhores desempenhos trmicos esto associados a baixos valores de transmitncia da
envoltria opaca das habitaes. Contudo, percebe-se que as faixas de valores tornam-
se muito tnues quando analisa-se o desempenho conjunto dos parmetros da envoltria.
Conclui-se que h uma dificuldade no estabelecimento dos limites de transmitncia sem
considerar a totalidade de fatores que influem no comportamento trmico da habitao.
Isso implica em uma anlise conjunta dos materiais de paredes e coberturas e das cores
das superfcies exteriores (transmitncia, capacidade trmica e absortncia). Alm disso,
critrios que considerem perodos de vero e inverno de acordo com predominncia no
clima da cidade e ainda outras caractersticas, como porcentagem de rea envidraada
por orientao de fachada, devem ser considerados nas anlises.
Palavras-chave: Envolvente opaca de habitaes; Transmitncia trmica; Absortncia
trmica; Simulao de desempenho trmico; Paredes; Coberturas; NBR 15575; RTQ-R.
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ABSTRACT
MARQUES, Tssia Helena Teixeira. Influence of the thermal properties of the opaque
envelope in the thermal performance of social housing in So Carlos, SP. 2013. 143p. Master
thesis Architecture and Urban Planning Institute of So Carlos, University of So Paulo, So Carlos, 2013.
The main objective of this research is to analyze the influence of the thermal transmittance
of the opaque envelope (walls and roof) and other parameters (color of the exterior
surfaces, natural ventilation and thermal mass) that affect the thermal performance of
social housing in the city of So Carlos, SP. After a research in public and private agencies
related to housing construction, a single-family model was selected for the studies. First, it
was carried out a study on parameters of the simulation models, identifying which elements
are most relevant for the software. Defined the parameters of the models, it was made a
verification of maximum values of properties of the envelope prescribed in the standard NBR
15575 - Residential Buildings - Performance and in the regulation RTQ -R: Technical
Regulation for the quality level of energy efficiency in residential buildings. This analysis
provides evidence of the difficulty of setting values of this property (U-value) for the opaque
envelope, since its performance is defined by the thermal characteristics of the envelope as
a whole. Finally, it was made three series of parametric simulations varying the thermal
transmittance of walls and roofs, the thermal inertia of the external walls, the colors of the
surfaces exposed to solar radiation, the use of natural ventilation and the use of internal
loads (occupancy, lighting and equipment). The results indicate that the best performances
are associated with low thermal transmittance of the opaque envelope of housing.
However, it is clear that the ranges of transmittance values become very tenuous when we
analyze the performance of all parameters of the envelope. We conclude that to establish
limits of transmittance values results is an incomplete analysis of the thermal performance of
the building. It is necessary to consider all factors that influence the thermal behavior of
housing, which involves the analysis of the materials of walls and roofs and the colors of
exterior surfaces. It is also important to adopt different criteria to consider summer and
winter according to predominance in the climate of the city, and to consider in the analysis
the percentage of glass area of the exterior envelope.
Keywords: Housing opaque envelope; Thermal transmittance; Thermal absorptance;
Simulation of thermal performance; Walls; Roof; NBR 15575 ; RTQ -R.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Parmetros especificados pela norma NBR 15220............................................................................................... 36
Figura 2: Mapa das oito zonas bioclimticas brasileiras ........................................................................................................ 37
Figura 3: Procedimento de avaliao de desempenho trmico segundo a NBR 15575 ................................. 41
Figura 4: Exemplo de etiqueta para edificaes. ..................................................................................................................... 46
Figura 5: Vistas das tipologias modeladas para o EnergyPlus ........................................................................................... 64
Figura 6: Formato de apresentao do plug-in Open Studio ........................................................................................... 65
Figura 7: Anlise do arquivo climtico epw pelo diagrama de Givoni ....................................................................... 81
Figura 8: Formato de apresentao do IDF Editor .................................................................................................................... 85
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15220 ................................................. 39
Tabela 2: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15220 ............................................ 39
Tabela 3: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15220 ................................................................ 39
Tabela 4: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15575 ................................................. 42
Tabela 5: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15575 ............................................ 43
Tabela 6: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15575 ................................................................ 43
Tabela 7: Desempenho trmico mnimo, intermedirio e superior ................................................................................. 44
Tabela 8: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo o RTQ-R............................................................ 47
Tabela 9: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo o RTQ-R ...................................................... 48
Tabela 10: Tamanho de aberturas para ventilao segundo o RTQ-R........................................................................ 48
Tabela 11: Comparativo de valores para o desempenho trmico de paredes: NBR 15220, NBR 15575 e
RTQ-R ..................................................................................................................................................................................................................... 52
Tabela 12: Comparativo de valores para o desempenho trmico de coberturas: NBR 15220, NBR 15575
e RTQ-R ................................................................................................................................................................................................................. 53
Tabela 13: Comparativo de tamanhos de aberturas para ventilao: NBR 15220, NBR 15575 e RTQ-R 54
Tabela 14: Tipologias selecionadas .................................................................................................................................................... 64
Tabela 15: Dados gerais sobre as tipologias ................................................................................................................................. 65
Tabela 16: Orientaes das tipologias ............................................................................................................................................. 66
Tabela 17: Padro de ocupao RTQ-R ......................................................................................................................................... 69
Tabela 18: Atividades dos usurios RTQ-R ....................................................................................................................................... 69
Tabela 19: Padro de uso RTQ-R .......................................................................................................................................................... 70
Tabela 20: Padro de uso de iluminao RTQ-R ........................................................................................................................ 71
Tabela 21: Potncia de iluminao RTQ-R ..................................................................................................................................... 71
Tabela 22: Padro de equipamentos RTQ-R................................................................................................................................. 71
Tabela 23: Principais dados de entrada .......................................................................................................................................... 72
Tabela 24: Principais parmetros das simulaes ..................................................................................................................... 73
Tabela 25: Etapa 1 das simulaes paramtricas ..................................................................................................................... 74
Tabela 26: Etapa 2 das simulaes paramtricas ..................................................................................................................... 76
Tabela 27: Etapa 3 das simulaes paramtricas ..................................................................................................................... 78
Tabela 28: Dados de temperaturas e umidade para a cidade de So Carlos ..................................................... 80
Tabela 29: Graus-hora de desconforto anual para So Carlos ........................................................................................ 84
Tabela 30: Faixas de conforto mensais para a cidade de So Carlos ......................................................................... 84
Tabela 31: Desempenho trmico mnimo, intermedirio e superior para a Zona 4 ............................................. 87
Tabela 32: Roteiro de cada etapa das simulaes ................................................................................................................. 89
Tabela 33: Temperaturas finais do solo obtidas para cada situao ........................................................................... 91
Tabela 34: Temperaturas do solo a 0,50m de profundidade de acordo com arquivo climtico ............... 91
Tabela 35: Resultados para os testes de temperatura do solo ......................................................................................... 92
Tabela 36: GH de desconforto em cada orientao - TA ................................................................................................... 93
Tabela 37: Temperaturas mximas e mnimas em cada orientao TA ................................................................. 93
Tabela 38: GH de desconforto em cada orientao TB ................................................................................................... 94
Tabela 39: Temperaturas mximas e mnimas em cada orientao TB .................................................................. 95
Tabela 40: TA - Resultados para os testes: medidas da geometria, caixilhos, venezianas e beirais .......... 98
Tabela 41: TB - Resultados para os testes: medidas da geometria, caixilhos, venezianas e beirais ......... 100
Tabela 42: Propriedades trmicas de paredes e coberturas segundo a NBR 15575 e o RTQ-R ................. 102
Tabela 43: Atendimento aos mtodos simplificado e de simulao da NBR 15575 .......................................... 109
Tabela 44: Vistas e perspectiva TA .................................................................................................................................................... 134
Tabela 45: Dados das zonas TA ........................................................................................................................................................... 134
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Tabela 46: Dados das janelas TA........................................................................................................................................................ 134
Tabela 47: rea envidraada em relao s fachadas TA ............................................................................................. 135
Tabela 48: Vistas e perspectiva TB ..................................................................................................................................................... 135
Tabela 49: Dados das zonas TB, considerando um apartamento trreo .................................................................. 135
Tabela 50: Dados das janelas TB, considerando um apartamento trreo............................................................... 135
Tabela 51: rea envidraada em relao s fachadas TB, considerando um apartamento trreo .... 136
Tabela 52: Propriedades dos materiais para o modelo ....................................................................................................... 137
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1: Graus-hora de resfriamento e aquecimento em So Carlos, SP ................................................. 84
Grfico 2: Avaliao das paredes pelo dia tpico de vero ....................................................................... 104
Grfico 3: Avaliao das paredes pelos graus-hora anuais de calor ......................................................... 104
Grfico 4: Avaliao das paredes pelo dia tpico de inverno ...................................................................... 105
Grfico 5: Avaliao das paredes pelos graus-hora anuais de frio ............................................................. 105
Grfico 6: Avaliao das coberturas pelo dia tpico de vero .................................................................... 106
Grfico 7: Avaliao das coberturas pelos graus-hora anuais de calor .................................................... 107
Grfico 8: Avaliao das coberturas pelo dia tpico de inverno ................................................................. 107
Grfico 9: Avaliao das coberturas pelos graus-hora anuais de frio ........................................................ 108
Grfico 10: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas
Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 112
Grfico 11: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -
Desconforto relativo por frio
Grfico 12: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -
Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................ 113
Grfico 13: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -
Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 115
Grfico 14: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -
Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 117
Grfico 15: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -
Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 118
Grfico 16: Etapa 2 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -
Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 119
Grfico 17: Etapa 2 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -
Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 120
Grfico 18: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -
Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 121
Grfico 19: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -
Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 122
Grfico 20: Etapa 3 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -
Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 123
Grfico 21: Etapa 3 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -
Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 124
Grfico 22: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.60 associadas a diferentes coberturas - Desconforto
relativo por calor .................................................................................................................................................... 140
Grfico 23: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.60 associadas a diferentes coberturas - Desconforto
relativo por frio ........................................................................................................................................................ 141
Grfico 24: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.60 associadas a diferentes paredes - Desconforto
relativo por calor .................................................................................................................................................... 142
Grfico 25: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.60 associadas a diferentes paredes - Desconforto
relativo por frio ........................................................................................................................................................ 143
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Principais dados da NBR 15220 .............................................................................................................................. 35
Quadro 2: Principais dados da NBR 15575 .............................................................................................................................. 40
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LISTA DE EQUAES
Equao 1 ................................................................................................................................................................................................... 32
Equao 2 ................................................................................................................................................................................................... 32
Equao 3 ................................................................................................................................................................................................... 33
Equao 4 ................................................................................................................................................................................................... 33
Equao 5 ................................................................................................................................................................................................... 33
Equao 7 ................................................................................................................................................................................................... 33
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LISTA DE SIGLAS
= condutividade trmica
= absortncia radiao solar
Ch= graus-hora
A= abertura para ventilao
a= difusividade trmica
b= efusividade trmica
c= calor especfico
C= capacidade trmica
e= espessura
EP= EnergyPlus
FS= fator de calor solar
FT= fator de correo da transmitncia
FV= fator de ventilao
GH= graus-hora
R= resistncia trmica
Ren/h= renovao por hora
Rse= resistncia superficial externa
Rsi=resistncia superficial interna
Rt= resistncia trmica total
T= temperatura
TA= Tipologia A
TB= Tipologia B
U= transmitncia trmica
= densidade de massa aparente
= atraso trmico
-
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................................................... 16
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................................................... 17
LISTA DE GRFICOS ................................................................................................................................................................ 19
LISTA DE QUADROS ................................................................................................................................................................ 20
LISTA DE EQUAES .............................................................................................................................................................. 21
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................................................................................... 22
SUMRIO ................................................................................................................................................................................... 24
1. INTRODUO.................................................................................................................................................................. 28
1.2. OBJETIVOS .......................................................................................................................................................................... 29
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAO .................................................................................................................................. 30
2. REVISO BIBLIOGRFICA............................................................................................................................................ 31
2.1. A ENVOLTRIA E SUAS PROPRIEDADES TERMOFSICAS .......................................................................... 31
2.1.1. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS OPACOS ............................................................................................... 31
2.2. NORMAS E REGULAMENTO SOBRE DESEMPENHO TRMICO DE HABITAES NO BRASIL ..... 34
2.2.1. NBR 15220: DESEMPENHO TRMICO DE EDIFICAES ...................................................................... 34
2.2.1.1. ZONEAMENTO BIOCLIMTICO BRASILEIRO ............................................................................................ 37
2.2.1.2. DIRETRIZES CONSTRUTIVAS ........................................................................................................................... 38
2.2.2. NBR 15575: EDIFICAES HABITACIONAIS - DESEMPENHO ............................................................ 40
2.2.2.1. PROCEDIMENTO NORMATIVO SIMPLIFICADO ....................................................................................... 42
2.2.2.2. PROCEDIMENTO DE SIMULAO COMPUTACIONAL ......................................................................... 43
2.2.3. RTQ-R: REGULAMENTO TCNICO DA QUALIDADE PARA O NVEL DE EFICINCIA
ENERGTICA EM EDIFICAES RESIDENCIAIS ............................................................................................................. 46
2.2.3.1. PR-REQUISITOS .................................................................................................................................................. 47
2.2.3.2. MTODO PRESCRITIVO ..................................................................................................................................... 48
2.2.3.3. MTODO DE SIMULAO ................................................................................................................................ 49
2.2.4. COMPARAES ENTRE OS DOCUMENTOS: NBR 15220, NBR 15575 E RTQ-R ......................... 50
2.3. IMPACTO DAS PROPRIEDADES TERMOFSICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO
TRMICO DO EDIFCIO .......................................................................................................................................................... 55
2.3.1. INFLUNCIA DA TRANSMITNCIA E DA INRCIA NO DESEMPENHO TRMICO DAS
EDIFICAES.............................................................................................................................................................................. 56
3. METODOLOGIA .............................................................................................................................................................. 63
3.1. MODELOS ANALISADOS ......................................................................................................................................... 63
3.1.1. TIPOLOGIAS ........................................................................................................................................................... 63
-
3.1.2. ORIENTAO ........................................................................................................................................................ 65
3.2. PARMETROS ANALISADOS ................................................................................................................................. 66
3.2.1. ENVOLTRIA ......................................................................................................................................................... 66
3.2.1.1. PAREDES EXTERNAS ........................................................................................................................................... 66
3.2.1.2. COBERTURA ........................................................................................................................................................... 67
3.2.1.3. COR DAS SUPERFCIES EXTERIORES ............................................................................................................ 68
3.2.1.4. PAREDES INTERNAS ........................................................................................................................................... 68
3.2.2. VENTILAO MNIMA: CONDIES DE INFILTRAO DE AR ......................................................... 68
3.2.3. APROVEITAMENTO DA VENTILAO NATURAL .................................................................................... 69
3.2.4. GANHOS INTERNOS ........................................................................................................................................... 69
3.3. DADOS DE ENTRADA: TESTES DA INFLUNCIA DE PARMETROS DA MODELAGEM PARA A
SIMULAO .............................................................................................................................................................................. 72
3.4. DADOS DE ENTRADA: AVALIAO DOS VALORES-LIMITE DE TRANSMITNCIA
ESTABELECIDOS PELA NBR 15575 E PELO RTQ-R ..................................................................................................... 73
3.5. DADOS DE ENTRADA: ANLISES PARAMTRICAS DE DESEMPENHO TRMICO DA TIPOLOGIA
ESCOLHIDA EM FUNO DOS VALORES DE TRANSMITNCIA DA ENVOLTRIA OPACA ..................... 74
3.5.1. SRIE 1 ...................................................................................................................................................................... 74
3.5.2. SRIE 2 ...................................................................................................................................................................... 76
3.5.3. SRIE 3 ...................................................................................................................................................................... 77
3.6. DADOS CLIMTICOS ................................................................................................................................................ 79
3.6.1. ARQUIVO CLIMTICO TRY ............................................................................................................................... 79
3.6.2. CLIMA DA CIDADE DE SO CARLOS, SP .................................................................................................... 80
3.6.3. ANLISE DO CLIMA ATRAVS DE NDICES DE CONFORTO TRMICO .......................................... 82
3.6.3.1. NDICE DE CONFORTO DA ASHRAE-55 ..................................................................................................... 82
3.6.3.2. NDICE DE CONFORTO BASEADO EM GIVONI ........................................................................................ 83
3.6.3.3. NDICE DE CONFORTO BASEADO EM TEMPERATURAS FIXAS AO LONGO DE TODO ANO 83
3.6.3.4. RESULTADOS ......................................................................................................................................................... 83
3.7. SIMULAO COMPUTACIONAL .......................................................................................................................... 85
3.7.1. PROGRAMA DE SIMULAO .......................................................................................................................... 85
3.8. FORMAS DE ANLISES DOS RESULTADOS ..................................................................................................... 86
3.8.1. GRAUS-HORA DE DESCONFORTO ANUAL (GH) .................................................................................... 86
3.8.2. DESCONFORTO ANUAL RELATIVO............................................................................................................... 86
3.8.3. TEMPERATURAS PARA O DIA TPICO DE VERO E INVERNO DADAS PELA NBR 15575 ....... 87
4. RESULTADOS E DISCUSSO ...................................................................................................................................... 88
4.1. TESTES DA INFLUNCIA DE PARMETROS DA MODELAGEM PARA A SIMULAO ..................... 88
-
4.1.1. INTRODUO ....................................................................................................................................................... 88
4.1.2. MTODOS ............................................................................................................................................................... 88
4.1.3. IMPACTO DA TEMPERATURA DO SOLO NOS MODELOS ................................................................... 90
4.1.3.1. RESULTADOS ......................................................................................................................................................... 91
4.1.4. IMPACTO DOS PARMETROS: MEDIDAS INTERNAS, CAIXILHOS, VENEZIANAS E BEIRAIS . 92
4.1.4.1. DEFINIO DA ORIENTAO PARA ANLISE ......................................................................................... 92
4.1.4.2. HABITAO TRREA ........................................................................................................................................... 97
4.1.4.3. HABITAO MULTIFAMILIAR ......................................................................................................................... 99
4.2. AVALIAO DOS VALORES-LIMITE DE TRANSMITNCIA ESTABELECIDOS PELA NBR 15575 E
PELO RTQ-R .............................................................................................................................................................................. 102
4.2.1. INTRODUO ..................................................................................................................................................... 102
4.2.2. MTODOS ............................................................................................................................................................. 102
4.2.2.1. PAREDES COM DIFERENTES VALORES DE U E ABSORTNCIAS .................................................... 103
4.2.2.2. COBERTURAS COM DIFERENTES VALORES DE U E ABSORTNCIAS ........................................... 105
4.2.2.3. COMPARAO ENTRE OS PROCEDIMENTOS DE SIMULAO E SIMPLIFICADO DA NBR
15575 108
4.3. DESEMPENHO DA TIPOLOGIA ESCOLHIDA EM FUNO DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA
ENVOLTRIA OPACA TRANSMITNCIA, ABSORTNCIA E CAPACIDADE TRMICA .............................. 111
4.3.1. SRIE 1 .................................................................................................................................................................... 111
4.3.2. SRIE 2 .................................................................................................................................................................... 117
4.3.3. SRIE 3 .................................................................................................................................................................... 121
5. CONCLUSES ................................................................................................................................................................ 125
5.1. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................... 126
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................................................. 128
7. APNDICES ..................................................................................................................................................................... 134
APNDICE A Tipologias: vistas, perspectivas e dados gerais dos modelos ................................................ 134
APNDICE B Propriedades dos materiais utilizados nas simulaes ............................................................. 136
APNDICE C Grficos de resultados completos da Srie 1 ............................................................................... 140
-
28
1. INTRODUO
Projetistas da rea civil lidam com um grande nmero de variveis na realizao de
um projeto, dentre elas as relacionadas ao conforto trmico. Define-se conforto trmico
como o estado da mente que expressa a satisfao do homem com o ambiente trmico
(ASHRAE, 2010). Assim, o desconforto pode ser sentido quando h diferena no balano
entre a energia produzida e a energia perdida pelo corpo, tendo assim a sensao de
calor ou frio. O adequado desempenho trmico de edificaes garante o conforto dos
usurios e surge como uma ferramenta importante para o projeto de edifcios, contribuindo
ainda para a economia de energia e alinhando-se ao tema da eficincia energtica.
Em linhas gerais, o desempenho trmico de uma edificao depende da
orientao do edifcio como um todo (seus ambientes de maior permanncia e seu
entorno), das condies de ventilao, das caratersticas dos materiais opacos e
transparentes e das trocas de calor que ocorrem atravs deles. Em um projeto de
habitao social as caractersticas das superfcies opacas da envoltria (paredes e
cobertura) e as estratgias de ventilao natural so os principais elementos que
influenciam o conforto, uma vez que dificilmente esta tipologia apresenta sistema de ar
condicionado e as superfcies transparentes no representam uma rea significativa.
No Brasil, h duas normas e um regulamento que tratam do desempenho trmico
de habitaes: a NBR 15220 (ABNT, 2005), a NBR 15575 (ABNT, 2013) e o RTQ-R (INMETRO,
2010). A primeira refere-se especificamente a habitaes unifamiliares de interesse social.
Ela estabelece o zoneamento bioclimtico brasileiro, dividindo o territrio em oito zonas
para as quais apresenta estratgias de adequao ao conforto trmico de acordo com o
clima. A segunda norma, NBR 15575, trata de edificaes residenciais, independente da
rea do projeto, e abrange diversos outros itens alm do desempenho trmico, como
aspectos estruturais e acsticos, por exemplo. Essa norma apresenta mtodos para
verificao do desempenho trmico dessas habitaes, classificando-o em mnimo,
intermedirio ou superior. J o RTQ-R Regulamento Tcnico da Qualidade para o Nvel de
Eficincia Energtica de Edificaes Residenciais (INMETRO, 2010), especifica critrios de
conforto trmico em habitaes, apresentando um mtodo de classificao das mesmas,
que varia de A (melhor desempenho/eficincia energtica) a E. Todos estes documentos,
ao fornecerem indicaes sobre as propriedades dos materiais da envoltria, fixam valores
mximos para a transmitncia (U) dos fechamentos. Tais valores variam para cada uma
das oito zonas definidas no zoneamento bioclimtico prescritas na NBR 15220, e entram em
desacordo entre si (no caso, a NBR 15220 contra a NBR 15575 e o RTQ-R, que apresentam
as mesmas exigncias).
A limitao da transmitncia trmica da envoltria a valores mximos baseada
em normas internacionais europias ou norte-americanas, onde o clima frio exige um maior
-
29 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
isolamento da envolvente, isto , a fixao de um baixo valor de U. No presente trabalho,
procura-se verificar se esse modelo tambm seria adequado tambm para o caso
brasileiro. Em estudos anteriores (CHVATAL, 2007; CHVATAL; CORVACHO, 2009), verificou-se
o impacto do aumento do nvel de isolamento da envoltria no conforto trmico e no
consumo de energia em edifcios em Portugal e no Sul Europeu. A pesquisa demonstrou
que apesar do alto isolamento ser bom para o perodo de inverno, no vero uma
envolvente altamente isolada pode dificultar a dissipao do calor para o exterior,
aumentando a temperatura interior acima do limite de conforto. O estudo demonstra
ainda a necessidade de especificaes distintas quanto ao desempenho trmico para
edifcios habitacionais e comerciais, devido aos diferentes ganhos internos e diferente
participao do usurio no conforto trmico em cada caso.
1.2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a influncia conjugada da
transmitncia trmica da envolvente opaca (paredes e coberturas) e de outros
parmetros (cor das superfcies exteriores, inrcia das paredes externas, e insero ou no
de ventilao natural e ganhos internos) que interferem no desempenho trmico de
edifcios habitacionais de interesse social em So Carlos, SP. Os estudos so feitos para uma
geometria de edifcio unifamiliar trrea isolada, obtida atravs de pesquisa junto Caixa
Econmica Federal.
Tendo-se em conta o tipo de projeto e o clima considerados, so objetivos especficos
do trabalho:
verificar o impacto da transmitncia trmica das paredes e de coberturas
separadamente;
comparar os valores de transmitncia trmica estudados com os limites
mximos prescritos pela norma NBR 15575 e pelo regulamento RTQ-R,
verificando a adequabilidade da forma de indicao dessa propriedade
nesses documentos;
indicar recomendaes referentes a parmetros de desempenho trmico
das envoltrias de habitaes de interesse social para o clima de So
Carlos.
-
30
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAO
Aps a introduo e apresentao dos objetivos da pesquisa, inicia-se o Captulo 2:
Reviso Bibliogrfica, que trata das propriedades termofsicas da envoltria, das normas e
regulamento brasileiros referentes ao tema, e da influncia da transmitncia trmica e da
inrcia trmica no desempenho trmico de edificaes.
No captulo seguinte, Captulo 3: Metodologia, apresentam-se os parmetros principais
das simulaes (tipologias, dados de entrada dos modelos e suas variveis, o clima da
cidade de So Carlos) e as formas de anlise dos resultados.
O Captulo 4: Resultados e Discusso apresenta trs subitens. No item 4.1: Testes da
influncia de parmetros da modelagem para a simulao, realiza-se a etapa de
adequao da modelagem abrangendo dois modelos de habitaes. Nesta etapa foram
definidos quais parmetros de entrada so mais significativos para o modelo a ser
simulado. No item 4.2: Avaliao dos valores-limite de transmitncia estabelecidos pela
NBR 15575 e pelo RTQ-R, so apresentados os resultados das simulaes paramtricas
correspondentes ao modelo unifamiliar trreo, analisados a partir de dois mtodos: dias
tpicos de vero e inverno e graus-hora de resfriamento e aquecimento anuais. No item 4.3:
Desempenho da tipologia escolhida em funo das propriedades trmicas da envoltria
opaca transmitncia, absortncia e capacidade trmica, so apresentados os resultados
das simulaes paramtricas de sries de estudos para o modelo trreo, variando a
transmitncia e a absortncia (cor) das paredes e coberturas associadas a alteraes de
padro de ventilao, de ganhos internos e de inrcia trmica das paredes externas.
A seguir, o Captulo 5: Concluses, apresenta as concluses da pesquisa e tambm
algumas consideraes para futuros trabalhos na rea.
Por fim, os Captulos 6 e 7 contm as referncias bibliogrficas e os anexos.
-
31 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1. A ENVOLTRIA E SUAS PROPRIEDADES TERMOFSICAS
Segundo a definio do INMETRO (2010), a envoltria da edificao consiste nos
planos externos do edifcio, formados por fachadas, empenas, cobertura, brises, marquises,
aberturas, e quaisquer elementos que os compem. A envoltria constitui uma diviso
entre os ambientes interno e externo da edificao e, por esse motivo, tem uma grande
influncia em seu desempenho trmico. necessrio conhecer o papel que cada um de
seus elementos desempenha nas trocas de energia com o ambiente interno para que se
possa projetar uma edificao confortvel e eficiente energeticamente. fundamental
tambm diferenciar os elementos da envoltria da edificao em opacos e transparentes
(ou translcidos). Materiais opacos no possibilitam a transmisso direta da radiao solar
ao ambiente interno, j os transparentes transmitem uma grande parcela de radiao. A
intensidade das trocas de energia atravs desses fechamentos ser funo da:
radiao solar incidente;
condutividade, resistncia, transmitncia, difusividade, efusividade e
capacidade trmica dos materiais da envoltria;
absortncia e refletncia dos fechamentos opacos correspondente sua
cor;
temperaturas interna e externa da edificao.
A seguir so descritas as propriedades que atuam nas trocas de calor da envoltria
opaca.
2.1.1. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS OPACOS
Absortncia () e refletncia ()
Em um fechamento opaco, a transmisso de calor ocorre quando h diferena de
temperatura entre as superfcies internas e externas, sendo o sentido do fluxo da superfcie
mais quente para a superfcie mais fria. Em um primeiro momento, a superfcie externa do
fechamento recebe calor do meio por radiao e por conveco. Parte da radiao solar
incidente no fechamento opaco absorvida e a outra refletida, de acordo com a
absortncia () e a refletncia () do material. Portanto, a soma das duas variveis
sempre: +=1. Superfcies de cores escuras, muito comuns em materiais de construo,
possuem alta absortncia ou grande capacidade de absorver calor, enquanto que
superfcies claras apresentam uma maior refletncia, ou seja, grande capacidade de
refletir o calor. Quando o ar prximo a esta superfcie externa da parede se aquece,
formam-se movimentos convectivos, e o ar fluido trocar calor com a parede slido.
-
32
A radiao solar responsvel pela maior parte dos ganhos de calor de uma
edificao, de forma que a absortncia e a refletncia das superfcies externas exercem
grande influncia na carga trmica total da mesma. A aplicao de cor sobre as
superfcies externas funciona como um filtro das radiaes solares, influenciando, de
acordo com seu ndice de reflexo e absoro, as condies trmicas no interior do
edifcio.
Condutividade (), Resistncia (R) e Transmitncia trmica (U)
Conduo a segunda fase do processo de transferncia de calor em um
fechamento opaco. Aps os raios solares terem incidido no fechamento troca de calor
com o meio exterior, por radiao e conveco , ocorre um aumento da temperatura
superficial do mesmo. Pela diferena de temperatura gerada entre a superfcie externa e a
interna do fechamento, ocorrer uma troca de calor entre as elas denominada de
transferncia por conduo. A intensidade do fluxo trmico envolvido nesse processo
depende, alm da diferena de temperatura, da condutividade trmica () e da
espessura (e) do material. A condutividade trmica (), segundo a ABNT (2005),
corresponde propriedade fsica de um material homogneo e istropo, no qual se
verifica um fluxo de calor constante, com densidade de 1 W/m, quando submetido a um
gradiente de temperatura uniforme de 1 Kelvin por metro. expressa em W/(m.K). Os
materiais que apresentam altas ou baixas condutividades so classificados como
condutores ou isolantes trmicos, respectivamente.
Ao contrrio da condutividade, a resistncia trmica estabelece a resistncia do
fechamento passagem de calor. Sabendo-se a espessura (e) do material e sua
condutividade (), tem-se a possibilidade de calcular o valor de sua resistncia trmica (R)
pela expresso a seguir:
R =
(m K / W) (Equao 1)
Nos fechamentos com camadas heterogneas, isto , de materiais distintos, a
resistncia trmica total a soma da resistncia de cada camada homognea mais as
resistncias superficiais externa (Ser) e interna (Rsi) (ABNT, 2005).
O inverso da resistncia trmica (R) se denomina transmitncia trmica (U), definida
como o fluxo de calor que, na unidade de tempo e por unidade de rea, passa atravs do
componente (ABNT, 2005):
U=
W/(mK) (Equao 2)
Quanto menor a transmitncia de determinado material, maior o isolamento que
ele oferece.
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33 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
Difusividade (a), Efusividade (b) e Capacidade trmica (C) ou Inrcia
Em um regime varivel, o valor das temperaturas varia no interior e no exterior do
fechamento, e parte do calor que entra por uma das faces da parede serve para aquec-
la, de modo que a quantidade de calor que sai pela outra face menor: o fluxo trmico
varivel. Neste regime, chamado de regime trmico varivel, os dois pontos que trocam
calor alteram temperaturas durante essa troca. Este fenmeno depende da difusividade
trmica (a) do material, isto , da velocidade de difuso do calor atravs desse material, e
da efusividade trmica do material (b) capacidade de absorver ou restituir um fluxo de
calor ou uma potncia trmica, sendo:
a = / . c (m/s) (Equao 3)
b = . . (W/mK) (Equao 4)
Onde: a = difusividade trmica do material (m/s); b = efusividade trmica do
material ((W/mK)1/2); = condutividade trmica do material (W/m K); = densidade de
massa aparente do material (Kg/m); e c = calor especfico do material (J/Kg K).
A difusividade e a efusividade so aplicadas no clculo do atraso e do
amortecimento trmicos. O atraso indica o tempo necessrio para uma onda trmica
atravessar um componente construtivo. J o amortecimento () de um sistema construtivo
o quociente entre as amplitudes de variao das temperaturas interna e externa (Ai e
Ae):
= Ai / Ae (adimensional) (Equao 5)
Um valor alto de amortecimento significa grandes oscilaes da temperatura
interna.
O atraso e o amortecimento compem a inrcia trmica, que depende da
espessura (e), do calor especfico (c) e da densidade da parede (). A capacidade
trmica (C) da vedao, que corresponde sua inrcia, dada por:
C = e. c . (J/mK) (Equao 6)
Trata-se da capacidade de um componente construtivo de armazenar energia em
forma de calor e liber-lo aps certo tempo. Contando com uma inrcia trmica
adequada e elementos com adequado isolamento, pode-se assegurar conforto interior
durante as horas de maior temperatura e radiao solar no exterior. Quanto maior for a
inrcia da construo, maior ser seu atraso trmico e menor o amortecimento.
-
34
2.2. NORMAS E REGULAMENTO SOBRE DESEMPENHO TRMICO DE
HABITAES NO BRASIL
As propriedades termofsicas dos materiais opacos esto relacionadas com as
condies de conforto trmico proporcionadas pelo sistema construtivo de uma
edificao, e requisitos mnimos para algumas delas (transmitncia trmica, capacidade
trmica, atraso trmico, absortncia) esto presentes nas normas e regulamentos trmicos
nacionais. Segundo Dilkin e Schneider (1999), a especificao das caractersticas trmicas
do envelope de edificaes residenciais, reunidas em forma de norma, fundamental
para garantir condies adequadas de conforto aos ocupantes e proporcionar economia
de energia.
Em 2005 surge a primeira norma para avaliao de desempenho trmico de
habitaes no Brasil, intitulada NBR 15220 - Desempenho trmico de edificaes (ABNT,
2005). Em 2013, lanada a norma NBR 15575 - Edifcios habitacionais Desempenho
(ABNT, 2013), a qual apresenta uma seo exclusiva voltada para o desempenho trmico.
Alm delas, o governo brasileiro lanou em 2003 o programa Procel Edifica: Plano de Ao
para Eficincia Energtica em Edificaes, como meio de reduzir o consumo de energia
nas edificaes. Desta forma desenvolveu-se o terceiro documento nacional relacionado
ao desempenho trmico de habitaes: o Regulamento Tcnico da Qualidade para o
Nvel de Eficincia Energtica de Edificaes Residenciais / RTQ-R, publicado em
novembro de 2010. Apresenta-se na sequncia, em linhas gerais, cada um dos
documentos, destacando-se os itens mais relevantes relacionados a esta pesquisa. Aps a
apresentao das duas normas e do regulamento feita uma comparao entre eles, em
termos de propriedades da envoltria recomendadas para cada zona bioclimtica.
2.2.1. NBR 15220: DESEMPENHO TRMICO DE EDIFICAES
A seguir, tem-se um quadro-resumo (Quadro 1) referente norma NBR 15220
Desempenho Trmico de Edificaes (ABNT, 2005):
-
35 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
NORMA/ANO PARTES ABRANGNCIA APLICAO
Desempenho
trmico de
edificaes/ 2005
Parte 1: Definies, smbolos e unidades
Parte 2: Mtodos de clculo da transmitncia
trmica, da capacidade trmica, do atraso trmico
e do fator solar de elementos e componentes de
edificaes
Parte 3: Zoneamento bioclimtico brasileiro e
diretrizes construtivas para habitaes unifamiliares
de interesse social
Parte 4: Medio da resistncia trmica e da
condutividade trmica pelo princpio da placa
quente protegida
Parte 5: Medio da resistncia trmica e da
condutividade trmica pelo mtodo fluximtrico
Habitaes
unifamiliares de
interesse social
No
obrigatrio*
*Normas tcnicas no so leis, mas tm fora obrigatria, embasadas pelo Cdigo Civil: Art.615: Concluda a
obra de acordo com o ajuste, [...], o dono obrigado a receb-la. Poder, porm, rejeit-la, se o empreiteiro se
afastou [...] das regras tcnicas em trabalhos de tal natureza (BRASIL, 2004, Art.615).
Quadro 1: Principais dados da NBR 15220. Fonte: Adaptado de ABNT, 2005
Para a pesquisa, a anlise concentra-se principalmente na parte 3, onde feita a
diviso do pas em oito zonas bioclimticas, abrangendo um conjunto de estratgias
construtivas destinadas s habitaes unifamiliares de interesse social. Nesta parte, a NBR
15220 indica para cada zona bioclimtica os seguintes parmetros: aberturas para
ventilao, proteo das aberturas, vedaes externas e estratgias de condicionamento
trmico passivo. A seguir (Figura 1), tem-se um resumo geral dos parmetros e suas
especificaes:
-
36
Figura 1: Parmetros especificados pela norma NBR 15220
10 A 15% DA REA DO PISO
15 A 25% DA REA DO PISO
ACIMA DE 40% DA REA DO PISO
PEQUENA
MDIA
GRANDE
ABERTURAS PARA
VENTILAO
SOMBREAR
PERMITIR SOL NO INVERNO
PROTEO DAS
ABERTURAS
COBERTURAS
PAREDES
LEVE - U3,00 4,3 FS5,0
LEVE REFLETORA - U3,60 4,3 FS4,0
PESADA - U2,20 6,5 FS3,5
LEVE ISOLADA - U2,00 3,3 FS6,5
LEVE REFLETORA - U2,30 3,3 FS6,5
PESADA - U2,00 6,5 FS6,5
VEDAES
EXTERNAS
A: AQUECIMENTO ARTIFICIAL
B: AQUECIMENTO SOLAR
C: MASSA TRMICA PARA AQUECIMENTO
D: CONFORTO TRMICO/BAIXA UMIDADE
E: CONFORTO TRMICO
F: DESUMIDIFICAO
G+H: RESFRIAMENTO EVAPORATIVO
I+J: VENTILAO
L: UMIDIFICAO DO AR
H+I: MASSA TRMICA DE REFRIGERAO
K: REFRIGERAO
ESTRATGIAS DE
CONDICIONAMENTO
TRMICO PASSIVO
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37 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
2.2.1.1. ZONEAMENTO BIOCLIMTICO BRASILEIRO
Para realizar a diviso do Brasil
em zonas bioclimticas, estabelecida na
parte 3 da NBR 15220, foram usados
dados das normais climatolgicas de
1931-1960 e de 1961-1990, alm de
outras fontes de medies no perodo
de 1961 a 1990 (ABNT, 2005). Analisando-
se as mdias das temperaturas mximas
e mnimas e as mdias das umidades
relativas do ar mensais, bem como as
coordenadas geogrficas de cada
cidade, o Brasil foi dividido em 6500
clulas (cada clula de 36Kmx36Km),
agrupadas em oito zonas. As zonas
foram numeradas de 1 a 8, sendo 1 a
mais fria, com cidades localizadas no Sul
do Brasil, e 8 a mais quente, compreendendo partes das regies Norte e Nordeste (ver
Figura 2). So Carlos (SP), clima foco desta pesquisa, classificado na zona bioclimtica 4.
Para cada zona, foram criadas recomendaes tcnico-construtivas visando
otimizar o desempenho trmico das edificaes a partir de sua adequao climtica.
Entretanto, diversos estudos mostram deficincias no zoneamento bioclimtico
apresentado e nas diretrizes construtivas da NBR 15220. Bogo (2008) analisou as limitaes
da norma de desempenho trmico, constatando a ausncia de diretrizes construtivas
visando o controle solar no vero para a zona bioclimtica 3 e a ausncia de
recomendao de valores mximos de fator solar para elementos transparentes da
edificao. Sacht e Rossignolo (2009) tambm apontam disparidades no zoneamento, a
partir de resultados distintos de desempenho em cidades de mesma zona,
especificamente as cidades de So Paulo e Florianpolis de climas bastante
diferenciados , inseridas na zona bioclimtica 3, e So Carlos e Braslia, na zona
bioclimtica 4. Sorgato (2009), em estudo sobre a influncia da rea de superfcie exposta
ao exterior e do tamanho do ambiente no desempenho trmico de edificaes
residenciais ventiladas naturalmente, obteve resultados que contradizem os limites mximos
de atraso trmico estabelecidos pela NBR 15220-3 para a zona bioclimtica 3
(Florianpolis). Os casos simulados com paredes e coberturas com maior atraso trmico
que o da norma apresentaram melhor desempenho que os casos com componentes que
atendem os critrios da norma (SORGATO, 2009).
Figura 2: Mapa das oito zonas bioclimticas
brasileiras. Fonte: ABNT, 2005
-
38
Roriz (2012b; 2012c) afirma a necessidade de reviso da norma, e destaca os
seguintes motivos: para o zoneamento, a equipe de pesquisadores baseou-se apenas em
Normais Climatolgicas de pouco mais de 300 municpios, obtendo por interpolao os
demais dados climticos, o que agregou elevados nveis de incerteza ao mapa resultante;
o zoneamento foi proposto especificamente para habitaes unifamiliares de interesse
social, mas, por ser o nico disponvel nas normas tcnicas brasileiras, tem sido aplicado
para qualquer tipo de edificao, provocando anlises equivocadas; os limites
geogrficos de cada zona foram estabelecidos a partir de critrios baseados na Carta
Bioclimtica de Givoni1 e nas Planilhas de Mahoney2 foram definidas as estratgias
bioclimticas recomendveis para cada ponto do mapa e, posteriormente, foram
agrupados em uma mesma zona os pontos correspondentes a estratgias semelhantes ,
este procedimento resultou em zonas com baixa homogeneidade climtica e em um
nmero total de zonas insuficiente para refletir a diversidade climtica do Brasil. Assim,
espera-se em breve a reviso da norma e o lanamento de um novo zoneamento, mais
criterioso e adequado s caractersticas climticas de cada cidade.
2.2.1.2. DIRETRIZES CONSTRUTIVAS
As diretrizes apresentadas na parte 3 da NBR 15220 so diretrizes construtivas para
habitaes unifamiliares de interesse social e tm carter orientativo para projetos, visando
um adequado conforto trmico dos usurios.
De forma geral, a norma fornece recomendaes de limites para as propriedades
de transmitncia trmica, atraso trmico e fator de calor solar, alm de propor estratgias
bioclimticas de projeto conforme cada zona. Segundo Giglio e Barbosa (2006), trata-se
de um mtodo simplificado, pois depende apenas do clculo das propriedades trmicas
de um componente construtivo isoladamente.
A seguir (Tabela 1, Tabela 2, Tabela 3), so colocadas as indicaes relativas s
paredes externas, coberturas e aberturas para as zonas bioclimticas 1 a 8.
1 Givoni concebeu uma carta bioclimtica para edifcios no condicionados baseada nas temperaturas internas
dos ambientes. Segundo ele, os usurios desses edifcios aceitam melhor as oscilaes de temperatura e
velocidade do ar, devido sua adaptao. A carta bioclimtica relaciona a temperatura do ar e a umidade
relativa, identificando nove zonas de atuao que correspondem estratgias bioclimticas a serem adotadas
no edifcio (GIVONI, 1992). 2 Segundo o mtodo tradicional dos Quadros de Mahoney, ou Planilhas de Mahoney (UNITED NATIONS, 1971), a
anlise feita a partir de trs planilhas: a primeira preenchida com os dados climticos locais, a segunda
determina a frequncia dos indicadores do clima local a partir da anlise desses dados, e a terceira fornece as
recomendaes para o projeto arquitetnico. Trata-se de um mtodo de anlise climtica simplificada, que
indica diretrizes para projeto de edificaes.
-
39 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
Tabela 1: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15220
DESEMPENHO TRMICO DE PAREDES EXTERNAS
ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8
Transmitncia trmica (U)
(/. ) U 3,0 U 3,6 U 2,2 U 3,6 U 2,2 U 3,6
Fator solar (FS)
(%) FS 5,0 FS 4,0 FS 3,5 FS 4,0 FS 3,5 FS 4,0
Atraso trmico ()
(horas) 4,3 6,5 4,3 6,5 4,3
Notas
FS= Fator Solar, calculado como FS=4.U. , onde U=transmitncia trmica do elemento e =
absortncia radiao solar da superfcie do elemento.
= Atraso trmico, calculado como =0,7284 , onde Rt=resistncia trmica de superfcie a
superfcie do componente e Ct=capacidade trmica do componente.
Fonte: Adaptado de ABNT, 2005
Tabela 2: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15220
DESEMPENHO TRMICO DE COBERTURAS
ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8
Transmitncia trmica (U)
(/. ) U 2,0 U 2,3 FT*
Fator solar (FS)
(%) FS 6,5
Atraso trmico ()
(horas) 3,3 6,5 3,3
Notas
*FT: Na zona 8, tambm sero aceitas coberturas com transmitncias trmicas acima dos valores
tabelados, desde que atendam s seguintes exigncias: a) contenham aberturas para ventilao em
no mnimo dois beirais opostos; b) as aberturas para ventilao ocupem toda a extenso das
fachadas respectivas. Nesses casos, em funo da altura total para ventilao, os limites aceitveis da
transmitncia trmica podero ser multiplicados pelo fator FT, FT = 1,17 1,07h1,04, onde FT: fator de
correo da transmitncia aceitvel para as coberturas da Zona Bioclimtica 8; h: altura da abertura
em dois beirais opostos (cm). Para coberturas sem forro ou com ticos no ventilados, FT=1.
Fonte: Adaptado de ABNT, 2005
Tabela 3: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15220
ABERTURAS PARA VENTILAO
ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8
Aberturas para ventilao (A)
(% da rea do piso)
Mdias:
15 < A < 25
Pequenas:
10 < A < 15
Grandes:
A > 40
Sombreamento das aberturas
dos dormitrios
Permitir sol
durante o
inverno
Sombrear aberturas
Notas
A=nxAp, em %, onde A a abertura para ventilao, n o valor de porcentagem recomendado e Ap
a rea de piso do ambiente.
Fonte: Adaptado de ABNT, 2005
-
40
2.2.2. NBR 15575: EDIFICAES HABITACIONAIS - DESEMPENHO
A norma NBR 15575 - Edificaes habitacionais Desempenho (ABNT, 2013),
estabelece requisitos de desempenho de acordo com cada sistema das habitaes,
dividindo-as em sistemas estruturais, sistemas de pisos, sistemas de vedaes verticais
internas e externas, sistemas de coberturas e sistemas hidrossanitrios. Entre as exigncias a
serem cumpridas, uma refere-se especificamente ao desempenho trmico das
edificaes. Abaixo, os principais dados da NBR 15575 (Quadro 2):
NORMA/ANO PARTES ABRANGNCIA APLICAO
Edifcios habitacionais
Desempenho/2012
Parte 1: Requisitos gerais
Parte 2: Requisitos para os sistemas
estruturais
Parte 3: Requisitos para os sistemas de
piso
Parte 4: Requisitos para os sistemas de
vedaes verticais internas e externas
Parte 5: Requisitos para os sistemas de
coberturas
Parte 6: Requisitos para os sistemas
hidrossanitrios
Habitaes
unifamiliares ou
multifamiliares em
geral, alguns
requisitos so
especficos para
habitaes de
at cinco
pavimentos
No obrigatrio*
*Normas tcnicas no so leis, mas tm fora obrigatria, embasadas pelo Cdigo Civil: Art.615: Concluda a
obra de acordo com o ajuste, [...], o dono obrigado a receb-la. Poder, porm, rejeit-la, se o empreiteiro
se afastou [...] das regras tcnicas em trabalhos de tal natureza (BRASIL, 2004, Art.615).
Quadro 2: Principais dados da NBR 15575. Fonte: Adaptado de ABNT, 2013
O foco da NBR 15575 no est na prescrio de como os sistemas so construdos,
mas sim nas exigncias dos usurios para o edifcio habitacional e para o comportamento
em uso de seus subsistemas.
Quanto ao comportamento trmico da habitao, considera-se que o mesmo
depende do comportamento interativo entre fachada, cobertura e piso. A NBR 15575
permite que o desempenho trmico seja avaliado para um sistema, de forma
independente, ou para a edificao como um todo, definindo requisitos de conforto
trmico de acordo com a regio de implantao da obra e as caractersticas
bioclimticas dadas na NBR 15220 3.
A NBR 15575 tem sido bastante discutida no meio acadmico e da construo civil
em geral. Com sua validao espera-se um grande impacto no mercado construtivo,
porm ela apresenta ainda algumas lacunas sobre certos procedimentos, o que gerou seu
processo de reviso. Contudo, a verso revista, liberada para consulta pblica entre 16 de
julho e 13 de setembro de 2012, apresenta algumas falhas. Uma de suas deficincias
principais em relao ao desempenho trmico corresponde definio de dias tpicos de
projeto de vero e inverno nos quais a edificao deve ser avaliada. Brito et al (2012)
analisaram a caracterizao dos dias de projeto a serem utilizados no procedimento de
simulao da norma, constatando a importncia dos dados climticos referentes a estes
-
41 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
dias na avaliao da edificao. Pelos resultados de sua pesquisa, Brito et al (2012)
destacam que ao menos dois fatores devem ser obrigatoriamente considerados na
definio dos dias tpicos: a amplitude diria da temperatura do ar e a radiao solar total
global diria. Na verso revista, so apresentados dados de dias tpicos para capitais
apenas, permitindo que cidades que no possuem dados climticos disponveis utilizem
dados de cidades prximas dentro da mesma zona bioclimtica no informando,
contudo, critrios para definir a semelhana entre climas de cidades distintas e nem
mtodos para estabelecer os dias tpicos a partir dos dados disponveis.
Para avaliar as edificaes quanto adequao ao desempenho trmico, a
norma estabelece dois procedimentos: normativo simplificado que uma espcie de lista
de pr-requisitos a serem cumpridos , e informativo por medio para edificaes
existentes e/ou prottipos. O mtodo de avaliao por meio de simulao computacional
oferecido como uma alternativa caso o edifcio no cumpra os requisitos pelo mtodo
simplificado, sendo considerado tambm um mtodo informativo. Destes, os que
interessam pesquisa so o procedimento normativo simplificado, por apresentar as
recomendaes de valores de transmitncia da envoltria, e o mtodo da simulao
computacional. A Figura 3 a seguir esquematiza a avaliao de desempenho trmico
estipulada pela norma:
Figura 3: Procedimento de avaliao de desempenho trmico segundo a NBR 15575
A seguir, apresenta-se a descrio dos mtodos simplificado e de simulao.
-
42
2.2.2.1. PROCEDIMENTO NORMATIVO SIMPLIFICADO
No procedimento simplificado, verifica-se o atendimento aos requisitos e critrios
para fachadas (vedaes verticais externas) e coberturas, conforme descrito nas partes 4
e 5 da NBR 15575. De modo resumido, os procedimentos para a avaliao de desempenho
trmico por meio do procedimento simplificado seguem os seguintes passos:
- determinao de U e C da parede (transmitncia e capacidade trmica);
- se U e C estiverem dentro do limite recomendado, determina-se a rea das
aberturas para ventilao;
- se as aberturas estiverem dentro dos valores recomendados por Cdigos de
Obras, Cdigos Sanitrios Estaduais ou, em ltimo caso, pelos valores estabelecidos na
norma, considera-se que a edificao possui o nvel de desempenho mnimo
recomendado, M.
Caso algum destes itens no esteja dentro dos valores recomendados, o
desempenho ser considerado insatisfatrio.
Neste procedimento deve ser feita tambm a avaliao da cobertura:
- determina-se U da cobertura (transmitncia trmica);
- analisa-se em funo da cor, se o U encontrado for menor que o U limite, o
desempenho sobe para o nvel I, intermedirio;
- se o U calculado for maior que o U limite, o desempenho considerado
insatisfatrio.
Abaixo, so colocados os valores de transmitncia e capacidade trmica de
paredes recomendados para cada zona bioclimtica (Tabela 4).
Tabela 4: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15575
DESEMPENHO TRMICO DE VEDAES VERTICAIS (NVEL MNIMO OBRIGATRIO)
ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8
Transmitncia trmica (U)
(/. ) U 2,5
U 3,7 se 0,6
U 2,5 se > 0,6
Capacidade trmica (CT)
(/. ) CT 130
sem
exigncia
Fonte: Adaptado de ABNT, 2013
No caso de paredes que tenham na sua composio materiais isolantes trmicos
de 0,065 W/(m.K) e Rt>0,5 (m.K)/W, o clculo da capacidade trmica deve ser feito
desprezando-se todos os materiais voltados para o ambiente externo, posicionados a partir
do isolante ou espao de ar.
Para as coberturas, a norma indica apenas o valor de transmitncia trmica, sem
mencionar a capacidade trmica do sistema (Tabela 5).
-
43 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
Tabela 5: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15575
DESEMPENHO TRMICO DE COBERTURAS (NVEL MNIMO OBRIGATRIO)
ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8
Transmitncia trmica (U)
(/. ) U 2,3
U 2,3 se 0,6
U 1,5 se > 0,6
U 2,3 FV se 0,4
U 1,5 FV se > 0,4
Notas:
A norma indica que o Fator de Ventilao (FV) estabelecido na ABNT NBR 15220, porm esta ltima
no faz nenhuma referncia ao FV, mas sim ao FT (fator de correo da transmitncia). Valores de
transmitncia trmica considerando-se fluxo trmico descendente.
Fonte: Adaptado de ABNT, 2013
Quanto ao tamanho de aberturas para ventilao, a norma indica que os
ambientes de permanncia prolongada devem seguir as exigncias da legislao
especfica do local da obra, incluindo Cdigos de Obras, Cdigos Sanitrios e outros. Caso
no haja requisitos de ordem legal, devem ser adotados os seguintes valores (Tabela 6):
Tabela 6: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15575
ABERTURAS PARA VENTILAO (NVEL MNIMO OBRIGATRIO)
ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8
Aberturas para ventilao (A)
(% da rea do piso)
Aberturas Mdias:
A 7
Aberturas Grandes:
A 12 regio Norte
A 8 regies Nordeste e
Sudeste
Notas:
Para o tamanho de aberturas, deve-se seguir legislao especfica do local do obra (Cdigos de
obras, Cdigos Sanitrios, etc), e apenas na inexistncia destes aplica-se o disposto na Norma.
Usa-se a frmula A=100x(Aa/Ap), em %, onde A a abertura para ventilao, Aa a rea de
ventilao efetiva por janelas, e Ap a rea de piso do ambiente.
Nas zonas 1 a 6 as reas de ventilao devem ser passveis de serem vedadas no perodo frio.
Valores vlidos para ambientes de longa permanncia salas, cozinhas e dormitrios.
Fonte: Adaptado de ABNT, 2013
2.2.2.2. PROCEDIMENTO DE SIMULAO COMPUTACIONAL
No mtodo da simulao computacional, verifica-se o atendimento aos requisitos e
critrios por meio de simulao do desempenho trmico do edifcio como um todo. So
feitas comparaes entre a temperatura externa e a temperatura interna dos ambientes
de maior permanncia, para os dias tpicos de vero e inverno.
Os dados climticos para a definio dos dias tpicos devem ser baseados na
norma, que fornece dados climticos e de localizao geogrfica para as capitais. Caso a
cidade analisada no possua dados climticos disponveis, recomenda-se escolher uma
cidade da mesma zona bioclimtica que tenha clima semelhante como dito
anteriormente, a norma no especifica os critrios de semelhana a serem avaliados e
nem o mtodo para determinar o dia tpico a partir dos dados disponveis. Se a cidade em
questo no possuir semelhana climtica com nenhuma outra cidade que tenha dados
disponveis, a norma recomenda evitar o mtodo da simulao.
-
44
Quanto ao programa a ser utilizado, recomenda-se o uso do software EnergyPlus.
Podem ser usados tambm outros programas validados pela ASHRAE Standard 140
(ASHRAE, 2004), que determinem o comportamento trmico da construo em exposio
dinmica ao clima e que reproduzam os efeitos da inrcia trmica.
Para a modelagem, cada ambiente da edificao deve constituir uma zona
trmica.
Quanto s propriedades trmicas dos materiais e componentes construtivos, deve-
se usar, na seguinte ordem:
- dados obtidos por ensaios em laboratrio;
- dados obtidos junto aos fabricantes; e
- dados disponibilizados na NBR 15220-2.
Para o desempenho trmico no vero e no inverno, a habitao deve apresentar as
seguintes condies trmicas em seu interior, em relao s condies do ambiente
externo (Tabela 7):
Tabela 7: Desempenho trmico mnimo, intermedirio e superior
ZONAS BIOCLIMTICAS
VER
O
NVEL DE
DESEMPENHO 1 2 3 4 5 6 7 8
Mnimo , mx , mx
Intermedirio , mx (, mx 2 ) , mx (, max 1 )
Superior , mx (, mx 4 ) , mx , mx 2 ) e
, (, min + 1 )
INV
ER
NO
Mnimo , (, mn + 3 )
No necessita de verificao Intermedirio , (, mn + 5 )
Superior , (, mn + 7 )
Notas
, mx o valor mximo dirio da temperatura do ar no interior da edificao, em graus Celsius.
, mx o valor mximo dirio da temperatura do ar exterior edificao, em graus Celsius.
, o valor mnimo dirio da temperatura do ar no interior da edificao, em graus Celsius.
, o valor mnimo dirio da temperatura do ar exterior edificao, em graus Celsius.
Fonte: Adaptado de ABNT, 2013
Para o mtodo de avaliao por simulao de edifcios em fase de projeto, deve-
se simular todos os ambientes da unidade e analisar os resultados de dormitrios e salas,
considerando as seguintes condies:
1. Recintos adjacentes de outras unidades (geminadas ou multipavimentos) devem
ser considerados com a mesma condio trmica do ambiente simulado;
2. A edificao deve ser orientada conforme a implantao. Caso no esteja
definida, considerar a orientao mais crtica do ponto de vista trmico (que
receba maior insolao nos ambientes de longa permanncia), sendo
recomendado:
-
45 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
a) Vero: janela do dormitrio ou sala voltada para oeste e a outra parede
exposta voltada ao norte; caso no seja possvel, o ambiente deve ter ao
menos uma janela voltada ao oeste;
b) Inverno: janela do dormitrio ou sala voltada para sul e a outra parede exposta
voltada para leste; caso no seja possvel, o ambiente deve ter ao menos uma
janela voltada ao sul;
c) Obstruo no entorno: considerar paredes e janelas expostas desobstrudas
(sem a presena de edificaes ou vegetao nas proximidades que
modifiquem a incidncia de sol e/ou vento). Pode-se considerar edificaes de
um mesmo complexo, por exemplo um condomnio, desde que previstas para
habitao no mesmo perodo;
d) Obstruo por elementos construtivos previstos na edificao: dispositivos de
sombreamento devem ser considerados na simulao;
3. Adotar taxa de ventilao de 1 ren/hora, para o ambiente e para a cobertura;
4. Absortncia da cobertura: considerar em relao ao material especificado para o
telhado;
5. Absortncia da parede: considerar a cor definida no projeto. Se no houver, simular
para trs situaes:
a) Cor clara = 0,3;
b) Cor mdia = 0,5;
c) Cor escura = 0,7;
6. Desconsiderar fontes internas de calor - ocupantes, lmpadas, outros equipamentos
em geral;
7. Para unidades habitacionais isoladas, o procedimento ser feito para a unidade
como um todo. Para conjuntos habitacionais de edificaes trreas, deve-se
selecionar a unidade com maior nmero de paredes expostas para a anlise. Para
edifcios multipisos, deve-se analisar a unidade do ltimo andar, que apresente
cobertura exposta;
8. Caso o edifcio no atenda aos requisitos estabelecidos para o dia tpico de vero,
deve-se simular novamente considerando-se as seguintes alteraes:
a) Ventilao: considerar taxa de ventilao de 5 ren/h e janelas sem
sombreamento;
b) Sombreamento: insero de proteo solar externa ou interna com dispositivo
capaz de cortar no mnimo 50% da radiao solar direta, com taxa de
ventilao de 1 ren/h;
c) Ventilao e sombreamento: combinao das duas estratgias anteriores,
insero de dispositivo de proteo solar e taxa de ventilao de 5 ren/h.
Isto , pode-se optar por uma das trs opes para atingir o nvel de desempenho
mnimo no vero. Como a norma no considera o uso de estratgia de ventilao natural,
-
46
entende-se que a especificao da taxa de 5 renovaes por hora seria para suprir esta
lacuna. A questo do dispositivo de sombreamento entende-se como a considerao de
veneziana na metade da janela, o que comum na maioria das habitaes, de acordo
com os projetos levantados para esta pesquisa.
2.2.3. RTQ-R: REGULAMENTO TCNICO DA QUALIDADE PARA O NVEL DE EFICINCIA
ENERGTICA EM EDIFICAES RESIDENCIAIS
O RTQ-R tem como objetivo criar
condies para a etiquetagem do nvel de
eficincia energtica de edificaes residenciais
unifamiliares e multifamiliares. Dependendo do
consumo de energia verificado, os edifcios
residenciais recebem a Etiqueta Nacional de
Conservao de Energia (ENCE) do Programa
Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro em
um nvel de "A" a "E", sendo "A" o mais eficiente
(INMETRO, 2010) (Figura 4). O RTQ-R tambm fixa
valores de capacidade trmica e transmitncia
para paredes e coberturas segundo o
zoneamento bioclimtico da NBR 15220, e
apresenta um mtodo de simulao que se
baseia no clculo de graus-hora de resfriamento
e aquecimento para avaliar o desempenho do
edifcio.
O RTQ-R especifica requisitos tcnicos e
mtodos para classificao de edificaes residenciais quanto eficincia energtica,
destacando que as edificaes submetidas ao mtodo devem atender s demais normas
da ABNT vigentes e aplicveis. Ele adota, assim como a NBR 15575, a diviso bioclimtica
do Brasil dada pela NBR 15220-3.
Os procedimentos para avaliar o nvel de eficincia para edificaes residenciais so:
Unidades habitacionais autnomas: avaliam-se os requisitos relativos ao
desempenho trmico da envoltria, eficincia do sistema de aquecimento de
gua e a eventuais bonificaes;
Edificao unifamiliar: mesmo procedimento feito para a unidade habitacional
autnoma;
Edificaes multifamiliares: pondera-se o resultado da avaliao dos requisitos de
todas as unidades habitacionais autnomas da edificao;
Figura 4: Exemplo de etiqueta para
edificaes. Fonte: INMETRO, 2010.
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47 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP
reas de uso comum: avaliam-se os requis