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BRUNA VIEIRA GUIMARÃES
Deodoro da Fonseca: A propaganda
política do primeiro presidente do Brasil
Relatório de Qualificação apresentado para o
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Social, Mestrado, da Universidade Metodista
de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Adolpho C. F. Queiroz
Universidade Metodista de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
São Bernardo do Campo, março de 2006
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Sumário
I Parte – Apresentação
1.Autobiografia.....................................................................................................................04
2.Relatório de atividades
2.1. Disciplinas cursadas
2.1.1. Metodologia da Pesquisa em Comunicação I......................................07
2.1.2. Comunicação Empresarial – Políticas e Estratégias............................08
2.1.3. Marketing Político............................................................................10
2.1.4. Metodologia do Ensino da Comunicação............................................12
2.1.5. Políticas Públicas de Comunicação.....................................................14
2.1.6. Marketing Político Internacional.........................................................16
2.1.7. Metodologia da Pesquisa em Comunicação II....................................18
2.1.8. Redes de Comunicação, Regionalização e Globalização....................20
2.2. Disciplinas como aluna ouvinte
2.2.1. Comunicação e Comunidade...............................................................22
2.2.2. Interfaces Tecnológicas e Culturais na Com. de Mercado..................23
2.3. Estágio-docente
2.3.1. Jornalismo Comunitário......................................................................25
2.4. Produção científica.............................................................................................26
2.5. Participação em congressos
2.5.1. 3º Encontro da Rede Alfredo de Carvalho..........................................28
2.5.2. CELACOM 2005.................................................................................28
2.5.3. III ALAIC............................................................................................28
2.5.4. Encontros de Sociologia e Comunicação............................................29
2.5.5. Lattes 2 - Curso da ComTec................................................................29
2.5.6. UNESCOM 2005.................................................................................29
2.5.7. UNESCOM 2005 - Seminário de Marketing Político.........................29
2.5.8. REGIOCOM 2005...............................................................................30
2.5.9. 4º POLITICOM – Seminário Brasileiro de Marketing Político..........30
2.5.10. INTERCOM 2005.............................................................................30
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2.5.11. V Bienal Iberoamericana de la Comunicación..................................31
2.5.12. 8º Cong. Iniciação e Produção Científica Metodista.........................31
2.5.13. Encontro de Comunicação Comunitária e Cidadania........................31
2.5.14. Seminário WACC/Unesco/Metodista de Mídia Cidadã....................31
II Parte – Projeto de Pesquisa
1.Título..................................................................................................................................32
2. Resumo..............................................................................................................................32
3. Problema...........................................................................................................................32
4. Justificativa.......................................................................................................................33
5. Metodologia......................................................................................................................33
6. Hipóteses...........................................................................................................................39
7. Cronograma.......................................................................................................................40
III Parte – Projeto de dissertação
Capítulo 1. Propaganda Política e Partido Republicano
1.1. Definição de Propaganda Política......................................................................42
1.1.1.Definição de Propaganda Ideológica....................................................45
1.1.2.Definição de Marketing Político e Marketing Eleitoral.......................49
1.2.Os Manifestos Republicanos...............................................................................55
1.3.Partidos Políticos.................................................................................................59
1.3.1.O Partido Republicano..........................................................................64
1.5.Biografia político-militar de Deodoro da Fonseca..............................................70
1.4.1.Combates e Condecorações Militares...................................................71
Bibliografia...........................................................................................................................72
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I Parte – Apresentação
1. Autobiografia
BRUNA VIEIRA GUIMARÃES, 26 anos, jornalista, filha do engenheiro mecânico
Paulo César Guimarães (atual oficial de Promotoria) e da enfermeira Maria de Lourdes
Buono Vieira Guimarães (atual dona-de-casa), tem dois irmãos: o advogado, casado, mestre
Rodrigo César Vieira Guimarães e o estudante de Direito, casado, João Paulo Vieira
Guimarães Brasil.
Nasci em Guaratinguetá/SP, no dia 4 de fevereiro de 1980. Estudei 11 anos numa
mesma escola estadual, da pré-escola ao primeiro colegial, na E.E.P.S.G “Conselheiro
Rodrigues Alves”. Fiz um ano de CEFAM, curso de magistério integral, no qual recebi meu
primeiro salário mínimo. Sempre fui muito ativa, fiz capoeira por um ano, inglês durante
cinco anos, entre outros.
Devido à proposta de emprego de meu pai, minha família se mudou para
Caraguatatuba, Litoral Norte Paulista, quando eu tinha 16 anos. Terminei o segundo grau
na escola estadual “Colônia dos Pescadores”. Já sabia que queria fazer faculdade de
Jornalismo, contrariada do meu pai que queria que eu fosse juíza. Também queria estudar e
morar em outra cidade, por isso prestei e passei no vestibular na Universidade Metodista de
Piracicaba (1998-2001), onde morei por dois anos com meus tios Flávia e Anselmo, irmã
de meu pai.
Desde o primeiro ano de Faculdade comecei a trabalhar para pagar a mensalidade.
No segundo ano, meu pai ficou desempregado e não pode mais me auxiliar
financeiramente. Fui frentista de posto de gasolina, vendedora de loja de sapato, de
presentes, de cursos profissionalizantes do Microlins, até que no último ano do curso
consegui um emprego na área de jornalismo.
Fui até a Câmara de Vereadores da cidade e conversei um jornalista, explicando que
eu precisava trabalhar na área de comunicação para colocar em prática tudo que aprendi na
faculdade. Ele acabou me dando uma lista com endereços dos veículos de comunicação da
cidade. Telefonei para vários e consegui emprego na Gazeta Regional, um semanário feito
pelo idealista Benedito de Moura, que envolvia toda a família neste projeto que não lhe
garantia nem o sustento do dia-a-dia. Trabalhei na Gazeta, ‘a minha escola prática’, de
fevereiro de 2001 a maio de 2002.
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Fui a segunda colocada na Unimep da Semana Estado de Jornalismo. Por causa
deste prêmio consegui, um segundo emprego na área. De agosto de 2001 a abril de 2002,
fiz Assessoria de Imprensa para a AAO (Associação de Agricultura Orgânica) uma ONG
nacional com sede em São Paulo.
O último semestre da faculdade foi um período acadêmico muito produtivo. Decidi
sair do grupo de sala de aula que participei a faculdade toda, porque neste eu seria ‘mais
uma’ integrante. Acabei integrando um grupo disperso, ao qual tive à oportunidade de
demonstrar minha capacidade. O grupo de cinco pessoas produziu uma monografia, uma
programa de rádio, um documentário e uma reportagem impressa sobre o tema: “As
tendências do Jornalismo - Reality Show e Show Jornalístico”, empolgados com o primeiro
programa na televisão brasileira neste formato, o ‘No Limite’, além do ‘Linha Direta’.
Produzi o programa de rádio. Porém, restando duas semanas para a entrega da
monografia, uma companheira de grupo disse que não conseguiria escrever. Em mais de 20
anos da Faculdade de Jornalismo da Unimep, nunca um grupo deixou de entregar a
monografia. Assumi esta responsabilidade e em duas semanas, ‘sentada 24 horas em frente
ao computador’, consegui entregar a monografia com 72 páginas. Isto porque tinha
entrevistado os jornalistas e pesquisadores Bernardo Kucinski, Jair Borin, José Arbex, os
apresentadores Zeca Camargo e Marcelo Rezende e o dramaturgo Rubens Rewald.
Com a produção desta monografia, decidi fazer mestrado e seguir a carreira
acadêmica, porém queria trabalhar mais como jornalista. Durante a faculdade participei da
INTERCOM em 1999, no Rio de Janeiro, do ENECOM em 2000, Porto Alegre/RS e do II
Fórum Social Mundial, também em Porto Alegre. Formada, ainda em Piracicaba, trabalhei
dois meses como editora do jornal Piracicaba HOJE.
Com perspectivas melhores de trabalho, voltei a morar em Caraguatatuba com meus
pais em agosto de 2002. Trabalhei em jornais locais e regionais como os semanais
‘Expressão Caiçara’, ‘Noroeste News’, ‘Correio do Litoral’ e ‘Folha de Caraguá’, além de
ser repórter do único diário do Litoral Norte, Imprensa Livre. Produzi boletins para
sindicato e políticos. Fiz Assessoria de Imprensa do candidato a Prefeitura de
Caraguatatuba, Álvaro Alencar Trindade (PMDB), segundo colocado nas eleições de 2004.
Participei pela primeira vez do processo seletivo do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, em 2001. Não passei. Tentei
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novamente em 2002, com o mesmo projeto “A Agricultura Orgânica na mídia impressa
paulistana”, com a possível orientadora Drª Graça Caldas. Passei nas provas, mas não foi
aprovada na entrevista. Neste ano, cursei a disciplina ‘Ciência e Comunicação’ na ECA
(Escola de Comunicação e Artes) da Universidade de São Paulo. Fiz a prova do mestrado
na ECA, mas não passei.
Em 2003, mudei de projeto. Acabei aceitando o desafio proposto pelo meu
professor de graduação Dr. Adolpho Queiroz. Passei nas provas teóricas e de línguas.
Atualmente estudo a propaganda política do primeiro presidente do Brasil, Marechal
Deodoro da Fonseca. Tenho orgulho de fazer parte do grupo de São Bernardo e de ser
bolsista CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), sem a
qual, não seria possível realizar este sonho.
2. Relatório de atividades
2.1. Disciplinas cursadas
1º Semestre de 2005 Professor Nota
Metodologia da Pesquisa em Comunicação ME – I Drª Cicília Peruzzo B
Comunicação Empresarial – Políticas e estratégias Dr. Wilson Bueno A
Marketing Político Dr. Adolpho Queiroz A
Metodologia do Ensino da Comunicação Dr. Marques de Melo B
Políticas Públicas de Comunicação Drª Graça Caldas A
2º Semestre de 2005
Marketing Político Internacional Dr. Adolpho Queiroz A
Metodologia da Pesquisa em Comunicação II Dr. Antônio Ruótulo B
Redes de Com., Regionalização e Globalização Drª Anamaria Fadul A
Total - 24 créditos
Disciplinas como aluna ouvinte
Comunicação e Comunidade Drª Cicília Peruzzo
Interfaces Tecnológicas e Culturais na Com. de Mercado Dr. Daniel Galindo
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Estágio docente
Jornalismo Comunitário (4º Semestre Jornalismo/UMESP)Mst Margareth Pedro Vieira
2.1 Disciplinas cursadas
2.1.1. Metodologia da Pesquisa em Comunicação I– Prof. Cicília Peruzzo
Com a disciplina Metodologia de Pesquisa I, tive a oportunidade de ler textos e me
aprofundar nos princípios da pesquisa científica, as estratégias e processos de investigação.
No curso de graduação de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, na Unimep,
tive pouca base do que é um projeto científico.
Nas primeiras aulas da disciplina, considerei benéficos os exemplos e aplicações
dos conteúdos teóricos em sala de aula, assim como as discussões e dúvidas esclarecidas. A
entrega de relatórios de leituras foi de extrema importância, pois tratavam sobre a
conceituação de conhecimento científico e produção de uma dissertação.
Poderia ter sido incluído nas aulas, relatos de pesquisadores mais experientes, para
os mestrandos saberem como iniciar uma pesquisa acadêmica. Os seminários temáticos
mostraram um panorama rápido dos métodos e técnicas de comunicação. Foi muito
conteúdo para um breve período de tempo e pouca discussão sobre cada método.
Consegui ler parte dos textos dos seminários. Fiquei satisfeita com a paciência e a
didática da professora Cicília Peruzzo. Foram avaliados três relatórios de leitura
individuais, participação em sala de aula, um seminário em grupo de quatro pessoas com
entrega de relatório, três relatórios de leituras dos textos dos seminários, uma avaliação da
disciplina e por fim, o pré-projeto da dissertação refeito.
Conteúdo programático
Os temas abordados em sala de aula, versaram sobre os tipos de conhecimento:
científico, empírico, filosófico e teológico. O conceito de pesquisa científica; as etapas de
uma pesquisa: título, problema, hipóteses, objetivos (gerais e específicos), justificativa,
revisão de literatura , orçamento, cronograma e referências bibliográficas.
Os métodos de amostragem são divididos em amostra probabilística e não
probabilística. Entende-se amostra como qualquer fração de uma população. Há diversos
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modos de extrair as amostras, como o simples, estratificada, divisão de universo,
sistemática e por área. Há amostra por conveniência, por julgamento, por cota e acidental.
Quanto aos tipos de pesquisa, há pesquisa histórica, experimental e estudos
comparativos. Dentre os métodos, há estudo de caso, observação participante, pesquisa-
ação, etnografia, grupo de discussão, análise de conteúdo, estudos de recepção, audiência,
entre outros.
Bibliografia básica
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
GASKELL, George & BAUER, Martín W. Para uma prestação de contas públicas: além da
amostra, da fidedignidade e da validade. In: BAUER, Martin. GASKELL, George (Org.).
Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
p.470-490.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994.
HAGUETTE, Maria Teresa Frota. Metodologia qualitativas na sociologia. Petrópolis:
Vozes, 1990. p.69-92.
PERUZZO, Cicília M.K. Manual para elaboração e apresentação de relatório de
qualificação, dissertação de mestrado e tese de doutorado em comunicação social. São
Bernardo do Campo: PÓSCOM /UMESP, 2001 (mimeo.).
2.1.2. Comunicação Empresarial – Políticas e Estratégias Wilson Bueno
Esta disciplina fez um panorama da Comunicação Empresarial brasileira, focando
os campos administrativos e mercadológicos. O conceito de Comunicação Empresarial foi
definido, assim como suas inúmeras atividades e inserção no planejamento estratégico das
organizações modernas.
Foram realizados debates baseados em leituras dos veículos de comunicação em
geral, o impacto da prática comunicacional das empresas na sociedade, com especial
atenção as questões de relacionamento com os consumidores e clientes, em suas
perspectivas ética e mercadológica.
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Noções de políticas, ações e estratégias de Comunicação Empresarial. A experiência
de Wilson Bueno somada as contribuições dos alunos, enriqueceu o debate em sala de aula
com exemplos reais e atuais. Cerca de 80% das aulas foram expositivas com apresentação
em Power Point, o que considerei excesso. Os 20% restantes foram seminários individuais
sobre um conteúdo abordado na disciplina. Não houve leitura de texto obrigatória.
A avaliação da disciplina contou com uma pesquisa na internet de dez textos sobre
temas relacionados à Comunicação Empresarial. Escolhi o tema: responsabilidade social.
No final, cada aluno apresentou um seminário. Meu tema foi ‘Marketing Político’, o qual
utilizo na dissertação.
Conteúdo Programático
As organizações empresariais na sociedade da informação têm enfrentado desafios
como as alterações na geopolítica mundial e a globalização das relações comerciais;
revolução causada pelas novas tecnologias (convergência das mídias); conscientização
crescente do consumidor; exigência de uma nova inserção na sociedade (ética e
responsabilidade social); novo perfil dos canais de relacionamentos (comunicação on-line).
Discutimos que os blogs são meios de expressão alternativos, porque divulgam
distintas opiniões. Os sites tendem a melhorarem seus conteúdos por causa da concorrência
e se sustentarem financeiramente.
Um novo modelo de gestão e produção busca resultados na relação custo X
benefício; deve criar níveis de fidelização visando manter os melhores talentos; investe na
gestão do conhecimento no capital intelectual, emocional e outros; procura reduzir os níveis
hierárquicos, aumentar o comprometimento com a comunidade, valorizar a ética e
transparência; respeita à diversidade e planeja uma produção customizada sem ‘estoques’.
O termo responsabilidade social virou modismo, mas deveria ser utilizado como um
conceito de gestão, de filosofia do negócio.
A imprensa brasileira submetida a uma leitura contemporânea revela que: há uma
separação tênue entre informação e marketing, as redações estão sendo enxugadas e
rejuvenescidas, a cobertura está se burocratizando (jornalismo de gabinete), e a pauta social
tem crescido.
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Bibliografia básica
BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa. São Paulo:
Editora Manole, 2003.
BUENO, Wilson da Costa. Comunicação na era da qualidade. São Paulo:
Comtexto/Unimed Amparo, 1995.
DIZARD, Wilson P. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. Rio de
Janeiro: Zahar, 1998.
Bibliografia utilizada no seminário de Marketing Político:
MANHANELLI, Carlos Augusto. Eleição é guerra: marketing para campanhas eleitorais.
São Paulo: Summus, 1992.
FIGUEIREDO, Rubens. O que é marketing político. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Coleção primeiros passos.
KUNTZ, Ronald Amaral. Marketing político: a eficiência a serviço do candidato. São
Paulo: Global, 1982.
REGO, Francisco Guadêncio Torquato do. Marketing político e governamental: um
roteiro para campanhas políticas e estratégias e comunicação. 5ª ed. São Paulo: Summus,
1985.
FIGUEIREDO, Ney Lima. Jogando para ganhar. 2ª ed. São Paulo: Geração Editorial,
2002.
DIAS, Renato Costa. Marketing político: como ganhar uma campanha eleitoral, seguindo
os ensinamentos de Sun Tzu, Maquiavel, Clausewitz. Natal (RN): Ed. do autor. 2004.
2.1.3. Marketing Político Adolpho Queiroz
Resgate histórico da propaganda política no cenário da cultura contemporânea,
contextualizando sua aplicação no Brasil e possibilitando uma visão das realidades
regionais em épocas de eleição. O panorama brasileiro iniciou no Império com D. Pedro II,
passou pela República Velha, período getulista, ditadura militar e pluripartidárismo atual.
Aulas expositivas sobre ações de marketing político no mundo. Leituras conjuntas e
debates de capítulos do livro ‘Marketing político brasileiro, ensino, pesquisa e mídia’, de
Adolpho Queiroz (2005). Exemplos de santinhos impressos, spots de rádio e demais
materiais de campanha de candidatos estaduais e federais utilizados nas últimas décadas no
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Brasil, em CD que integra o livro de Renato Costa DIAS. Vídeos sobre a história política
do país também foram passados em sala. A disciplina utilizou diferentes recursos didáticos.
Os alunos escolheram o tema ‘marqueteiros do Brasil’ para produção de um artigo
coletivo, que foi uma mesa-redonda na INTERCOM/2005. Cada aluno contribuiu no artigo
final visando a excelência. A avaliação contou com participação em sala, leituras de textos
e produção de um artigo, o meu intitulei “Quintino Bocaiúva: o ‘propagandista’ do
movimento republicano”, enriquecendo minha pesquisa da dissertação.
Conteúdo Programático
Lidos e discutidos os textos: Um campo multidisciplinar - marketing político
brasileiro; a evolução do conceito de marketing político na bibliografia latino-americana;
polêmicas e perspectivas do marketing político e suas dimensões científicas; o marketing
político nas eleições presidenciais no Brasil e imagem pública, o slogan em campanhas
políticas; e, reflexos fascistas na propaganda política do Brasil. Definição de propaganda
ideológica segundo Nelson Jahr GARCIA. Apresentação de cases de Pittagate, Covas,
Roseana Sarney, e cases atuais do governo Lula.
Uma retrospectiva história do marketing político destaca o Rei Luiz XIV que
governou a França por 78 anos. Criou moedas com seu rosto em pleno século XVI e
contratou artesão para produzir peças que o lembrassem. Outros que souberam trabalhar a
comunicação foram Adolf Hitler (Alemanha), Mussolini (Itália), Stalin (União Soviética),
Perón (Argentina).
Prudente de Moraes, primeiro presidente civil, inovou ao realizar comícios,
introduziu seu retrato feito de bico de pena nos jornais, escrevia cartas pedindo voto, vestiu
jaquetões que o mostrava um homem culto, cético e bem vestido. Campos Sales, ministro
da Fazenda de Prudente, utilizou a maquina pública para se eleger. Criou fundos de
campanha ilegais que compravam jornais e ‘jornalistas’.
Getúlio Vargas colocou sua fotografia em todas repartições públicas, criou o DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda), entre outras ações. Juscelino Kubitscheck
adotou a sigla JK para simplificar seu nome. Foi o primeiro que utilizou avião na
campanha, seu slogan era ‘50 anos em 5’. Inaugurou Brasília.
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Jânio Quadros adotou o símbolo da vassoura no sentido de ‘varrer a corrupção’.
Passou por todos cargos políticos (vereador, prefeito, deputado e governador) para chegar a
presidência. Era um criador de fatos políticos, ‘fazia espetáculos’ e usou bem a imprensa.
A campanha eleitoral de Fernando Collor de Melo foi marcada pelo
profissionalismo na área. O marqueteiro Duda Mendonça conseguiu na última campanha
presidencial eleger Luís Inácio Lula da Silva, ressaltando a emoção nos programas
partidários televisivos. Por fim, o contexto político latino-americano foi discutido, assim
como o norte-americano tido como modelo.
Bibliografia básica
FIGUEIREDO, Rubens. Marketing político, mitos e verdades. Coleção Estudos da
Fundação Konrad Adenauer, nº 30, 1977.
GARCIA, Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. Coleção primeiros passos.
Brasiliense, 1988.
QUEIROZ, Adolpho. Marketing político brasileiro, ensino, pesquisa e mídia.
Intercom/Unesco, 2005.
Acesso aos seguintes sites: Politicom, Compós, Intercom, Rede Alcar, ABCOP e ALAIC.
2.1.4. Metodologia do Ensino da Comunicação José Marques de Melo
Esta foi à melhor disciplina, do ponto de vista metodológico, didático, de conteúdo,
avaliação diversificada e produção acadêmica. José Marques de Melo traçou o panorama do
Ensino de Comunicação tendo como base as matrizes forâneas e brasileiras. Discursou
sobre os eixos da vida universitária, o ensino e a formação profissional, a pesquisa e a
produção do saber, a extensão e prestação de serviço à comunidade.
Pesquisa empírica sobre os projetos inovadores da pedagogia da comunicação no
Brasil. Os temas analisados foram: a tradição profissionalizante do SENAC, à motivação
empresarial da FAENAC, a ruptura da ECA-USP no campo do audiovisual e a ousadia
midiológica da UNICAMP.
A avaliação foi baseada numa resenha crítica, um ensaio analítico, um seminário em
grupo do livro ‘Ideologia e poder no ensino da comunicação’(1979), outro seminário e
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artigo científico em grupo, intitulado ‘Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no
Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário SENAC-SP’. Este artigo foi aprovado
na Bienal Iberoamericana da Comunicação, apresentado em setembro no México
A resenha crítica e o ensaio analítico foram um desafio para mi, pois foi a primeira
vez que os produzi. Acredito que ‘só aprende a fazer, fazendo’. O livro sobre o ensino da
comunicação na década de 80, trouxe um panorama geral dos currículos e do contexto da
comunicação na época. As outras três obras apresentadas por grupos, formaram um
panorama do ensino da comunicação no Brasil. A pouca didática dos alunos tornou os
seminários cansativos e desinteressantes.
A produção mais prazerosa foi o artigo sobre o SENAC, no qual visitamos o
campus da universidade, entrevistamos professores, diretores e discentes, pesquisamos na
internet, e escrevemos o artigo científico. Os resultados da pesquisa foram animadores,
porque analisamos dois cursos inovadores na cadeira de Comunicação e Artes: Bacharelado
em Fotografia e Bacharelado e Tecnólogo em Design de Multimídia.
Conteúdo Programático
Os primeiros cursos universitários de jornalismo datam do início do século XX, nos
Estados Unidos, em 1869 no Washington College Virginia. Contudo, houve precedido
iniciativas européias, como em 1806 na Universidade de Breslau, na Alemanha. No Brasil,
os modelos forâneos de ensino de jornalismo relacionam-se com as lideranças da
Associação Brasileira de Imprensa em 1908, mas o projeto foi barrado pelo governo.
Finalmente o primeiro curso universitário de jornalismo aprovado pelo MEC (Ministério de
Educação e Cultura) foi o da Fundação Cásper Líbero em 1947.
O Brasil importou os modelos forâneos no campo comunicacional, dando importância ao
que acontecia nos outros países, transportando os padrões europeus –primeiramente vindos
de Portugal e hoje dos Estados Unidos. Dom João VI abre os Portos aos países amigos (no
caso a Inglaterra) e traz a imprensa para o Brasil em 1808. O Brasil republicano, no início
do século XX, levantou a necessidade de capacitar os jornalistas.
Os desafios que permanecem são a autonomia curricular relegada, a formação
cultural diversificada, a interação com o sistema produtivo, a qualificação do corpo
docente, e a sintonia da pós-graduação com a graduação.
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Bibliografia básica
MARQUES DE MELO, José. Comunicação e modernidade: o ensino e a pesquisa nas
escolas de comunicação. São Paulo: Loyola, 1991.
MARQUES DE MELO, José. Universidade, cultura e comunicação no Brasil: o dilema das
alternativas possíveis, In: Subdesenvolvimento, urbanização e comunicação. Petrópolis:
Vozes, 1976.
RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro: MEC, 1953, p.23.
TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. 2ª Ed., São Paulo: Nacional, 1976.
2.1.5. Políticas Públicas de Comunicação Graça Caldas
O diferencial da disciplina foi o amplo e atual repertório teórico. Os debates críticos
proporcionaram uma visão ampliada da qualidade, utilidade e desinformação dos meios de
comunicação. Lemos textos de CAPARELLI a IANNI e MARTÍN-BARBERO.
O sistema de avaliação consistiu em aulas expositivas, leituras semanais de textos
discutidos em sala, um seminário sobre um texto pré-determinado com fontes
complementares e um artigo final, o qual intitulei “TVs Legislativas: rumo ao canal
aberto”. Para este artigo, reuni textos sobre TV a Cabo e TV Legislativa, visitei a TV
Legislativa da Assembléia de São Paulo, onde entrevistei diretores, repórteres e produtores
dos programas.
Excesso de atividades e informações. Toda aula precedia uma leitura obrigatória.
No meu caso, os textos não condiziam com o tema da minha dissertação. Meu seminário foi
sobre o texto da Cicília PERUZZO, “Mídia regional e local: aspectos conceituais e
tendências”, o qual apliquei na minha área de atuação, jornal local e regional. A idéia da
professora Graça Caldas foi os artigos produzidos num livro. Idéia louvável.
Conteúdo Programático
Debates produtivos em sala de aula. As reflexões versaram sobre as políticas
públicas de radiodifusão no Brasil; legislação da área numa perspectiva histórica e crítica;
lei eletrônica de comunicação de massa; convergência das mídias e digitalização; relações
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de poder e grupos de pressão na formulação das políticas públicas de comunicação;
influência da mídia eletrônica, principalmente a televisão aberta na (de)formação da
opinião pública, construção da identidade cultural e memória coletiva; papel do emissor e
do receptor; educomídia; leitura crítica da mídia; política das brechas; comunicação
pública; formas alternativas de comunicação e suas perspectivas para a democratização da
produção e do acesso à informação: TVs educativas, comunitárias e universitárias;
emissoras do Poder Executivo (governo federal); Poder Legislativo (Senado, Assembléias e
Câmaras Municipais) e Poder Judiciário; qualidade da informação: censura X controle; e
informação, um bem público?
Bibliografia básica
CAPARELLI, Sérgio, LIMA, Venício de. As comunicações no Brasil. Pós-globalizado:
continuidade ou mudança? In CAPARELLI, Sérgio, LIMA, Venício de. Televisão.
Desafios da pós-globalização. SP:Hacker, 2004, p.11-59.
FERNANDES, Francisco de Assis. Mídia, cultura e cidadania. In ADAMI, Antônio,
HELLER, Bárbara, CARDOSO, Haydée Dourado (orgs). Mídia, Cultura, Comunicação2.
SP: Arte & Ciência, 2003, p.235-242.
FERRÉZ, Joan. A informação como sedução. IN FERRÈZ, Joan. Televisão Subliminar.
Socializando através de Comunicações Despercebidas. Porto Alegre:Artmed, 1998, p.157-
177.
FRADKIN. Alexandre. Histórico da TV Pública/Educativa no Brasil. In CARMONA. Beth
(org.). O desafio da TV pública: uma reflexão sobre sustentabilidade e qualidade. RJ:TVE
Rede Brasil, 2003, p.56-62.
GUARESCHI, Pedrinho A. (cord.). Comunicação & Controle Social. Petrópolis:Vozes,
2001, p.13-22.
IANNI, Octávio. A Aldeia Global. In Teorias da Globalização. Ed.Civilização Brasileira,
EJ, 1996, p.93-112.
KEERCHKOVE, Derrick de. Televisão, o imaginário coletivo. In A Pele da Cultura.
Lisboa: Ed. Relógio D’água, 1997, p.37-52.
16
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Globalização comunicacional e transformação cultural. In
MORAES, Denis de (org.). Por uma outra comunicação - mídia, mundialização cultural e
poder. RJ: Record, 2003, p.57-86.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Televisão pública, televisão cultural: entre a renovação e a
invenção. In RINCÒN, Omar (org.). Televisão pública: do consumidor ao cidadão.
Tradução: Dolores Montero e Maria Carbajal, Friedrich-Erbert-Stifutung. SP, 2002, p.41-
79.
MATUCK, Artur. A participação através do veículo TV. In MATUCK, Artur. O Potencial
Dialógico da Televisão – Comunicação e arte na perspectiva do receptor. Annablume:
ECA/SP, 1995, p.95-125.
PERUZZO, Cicília M. Kroling. Mídia regional e local: aspectos conceituais e tendências.
Comunicação e Sociedade: revista do Programa de Pós-Graduação Social. São Bernardo
do Campo: Umesp, n 43, 2005, p.67-84.
POPPER, Karl e COUNDRY, John. Televisão: um perigo para a democracia. Ed.
Gradiva: Lisboa, 1995.
RAMOS, Murilo César. Comunicação, Direitos Sociais e Políticas Públicas. In Direitos à
Comunicação na Sociedade da Informação. MARQUES DE MELO, José e SATHLER,
Luciano (orgs.). São Bernardo do Campo: Umesp, 2005, p.245-253.
WURMAN, Richard Saul. A explosão da não informação. In Ansiedade da Informação.
Ed.Associados: SP, 1991, p.35-55.
2.1.6. Marketing Político Internacional Dr. Adolpho Queiroz
A disciplina resgatou a história política da China, enfocando o marketing político.
Foi um re-descobrir deste país oriental -pouco estudado pelo ocidente-, comunista que abriu
o seu mercado para o capital estrangeiro e está conseguindo grandes avanços econômicos.
A dificuldade foi encontrar uma bibliografia específica de marketing político na
China, no entanto, o professor e os alunos optaram por lerem livros clássicos e
contemporâneos com enfoques históricos, culturais, econômicos, políticos, entre outros, a
fim de compreender o passado e o presente dos chineses.
17
Do ponto de vista avaliativo, cada aluno ministrou um seminário em sala de aula,
sobre um ou mais livros referente à China, seguido de debate. O panorama bibliográfico
englobou desde Marco Pólo, Mao Tse Tung até Zun Tzu. Por fim, os alunos produziram o
artigo ‘Propaganda política na China: História e Questões Contemporâneas’. Avalio esta
produção coletiva, positiva, porque cada aluno pode contribuir com suas leituras –focando a
área da comunicação-, para a elaboração de um artigo final.
Conteúdo Programático
A viagem do presidente Luis Inácio Lula da Silva para a China, com uma comitiva
de mais de 400 empresários, no primeiro semestre de 2005, foi a motivo impulsionador
para estudar este país em crescimento. São cinco mil anos de história chinesa com destaque
para a superioridade cultural, as férteis terras e as riquezas. Re-lembramos que foi este país
que criou o papel 200 a.C. e a imprensa. Marco Pólo foi um viajante que relatou com
fidedignidade a China dos anos 1.200 e 1.300. Esta parte histórica foi mostrada no
seminário que ministrei.
O comandante chinês Sun Tzu escreveu há 25 séculos A Arte da Guerra, mostrando
as estratégias para vencer as guerras, se tornando referência. A revolução cultural chinesa
desenvolvida nos anos 1950 e 60, sob o comando do ex-jornalista Mao Tse-Tung, foi um
dos passos que o país deu no sentido de construir uma propaganda política fortemente
ideologizada, onde vários métodos de comunicação foram utilizados.
Com a morte de Mao Tse-Tung, em 1976, iniciou à política de modernização do
país. As estratégias de propaganda políticas atuais são anunciar o desenvolvimento
econômico, atrair mais investimentos estrangeiros e diminuir a presença do Estado na vida
privada dos cidadãos, apesar das ações enérgicas do governo comunista quanto a temas
delicados, como livre fluxo da informação e direitos humanos.
Bibliografia básica
ALMOND, Mark. O livro de ouro das revoluções, movimentos políticos que mudaram o
mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
ANDRADE, Marília e FAVRE, Luis. A comuna de Pequim, a revolta dos estudantes
contra os mandarins vermelhos. São Paulo: Busca Vida, 1989.
18
BOEKHOFF, Hermann e WINZER, Fritz. Historia de la cultura oriental. Barcelona:
Labor, 1968.
BLOODWORTH, Dennis. A imagem da China. Rio de Janeiro: Bloch, 1969.
CONY, Carlos Heitor e ALCURE, Lenira. As viagens de Marco Pólo. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2001.
GARCIA. Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. 6.ed.São Paulo: Brasiliense,
1986.
GOEPPER, Roger. História de la cultura oriental – China, império del centro. Editorial
Labor: Barcelona, 1968.
GOMES, Flavio A. Um repórter na China. Porto Alegre: Garatuja, 1975.
HOBLER, Dorothy e Thomas. Os grandes líderes, Chu Em-Lai. São Paulo: Nova
Cultural, 1988.
BRIGE, E. Mao Tse-Tung, o imperador vermelho de Pequim. São Paulo: Otto Pierre, s/d.
LIU, Alan P.L. Comunicacion e intergacion nacional en la China Comunista.
Barcelona: Gustavo Gilli, 1978.
LULL, James. A China ligada: televisão, reforma e resistência. Tradução Fernando
Rebello e Maria Claudia Coelho. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.
McNELLY, Mark. Sun Tzu e a Arte da Guerra Moderna. São Paulo: Record, 2003.
PINSKY, Jaime & PINSKY, Carla Bassanezi (orgs). Faces do fanatismo. São Paulo:
Contexto, 2004.
POMAR, Wladimir. O enigma chinês. São Paulo: Alfa Omega, 1987.
SUN TZU. A Arte da Guerra. São Paulo: Martin Claret, 2005.
TSE-TUNG, Mao. O livro vermelho. Fac-simile da versão em Língua Portuguesa das
edições em Línguas Estrangeiras. Pequim, 1972.
ZEMIN, Jiang. Reforma e Construção da China. Tradução da Rádio Internacional da
China. Rio de Janeiro: Record, 2002.
2.1.7. Metodologia da Pesquisa em Comunicação II Antônio Ruótulo
Panorama mais aprofundado de técnicas –qualitativa e quantitativa- e métodos
científicos. As primeiras aulas foram expositivas com exemplos de aplicação de métodos
19
com bibliografia principal e complementar. Inclusive com novos artigos disponibilizados
em um endereço eletrônico. A clareza nas explicações e o conhecimento técnico do
professor foram os destaques da disciplina.
Aplicação de um teste com 37 questões, para que cada aluno avaliasse sua
compreensão dos conteúdos ministrados. Nos seminários individuais, cada aluno
apresentou um Pré-Projeto de Pesquisa contendo: título, problema, justificativa, propósito,
método, técnica, hipóteses, amostra, coleta e análise. O professor orientou e corrigiu em
sala de aula, equívocos nos pré-projetos.
Devido ao excesso de conteúdo, não foi possível ler toda a bibliografia indicada.
Alguns métodos poderiam ter sido mais aprofundados.
Conteúdo Programático
Os assuntos explicados versaram sobre: Fundamentação e usos da pesquisa em
Comunicação Social; O planejamento de projeto de pesquisa; A estratégia da pesquisa: o
problema do método; A lógica do método; A instrumentação em Pesquisa de Campo;
Teoria e prática de amostragem em pesquisa de campo; processamento de dados
quantitativos; Análise de conteúdos e métodos experimentais; Prática de pesquisa:
problemas e hipóteses; Preparação de projetos; Apresentação e crítica dos projetos.
Bibliografia básica
BEVERIDGE, W. Sementes da descoberta científica. São Paulo: Edusp, 1981.
BUNGE, Mario. La ciência, su método y su filosofia. Buenos Aires: Ediciones Siglo
Veinte, 1988.
CAMPBELL, Donald e STANLEY, Julian. Delineamentos experimentais de pesquisa.
São Paulo: EPU/Edusp, 1979.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.
GODOY, Arilda Schimidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades.
Revista de Administração de Empresas, Fundação Getúlio Vargas, v.35, n.2, p.57-63, 1995.
GODOY, Arilda Schimidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de
Administração de Empresas, Fundação Getúlio Vargas, v.35, n.3, p.20-29, 1995.
20
GOODE, William e HATT, Paul. Métodos em pesquisa social. São Paulo: Nacional,
1977.
HOHNSON, Homer e SOLSO, Robert. Uma introdução ao planejamento experimental
em psicologia: estudo de casos. São Paulo: Pedagógica e Universitária Ltda, 1975.
KRIPPENDORFF, Klaus. Metodologia de analisis de contenido. Ediciones Paidós, 1990
LEVIN, Jack. Estatística aplicada a ciências humanas. 2.ed. São Paulo: Harbra, 1987.
MANN, Peter. Métodos de investigação sociológica. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SELLTIZ, Claire et al. Métodos de pesquisa em relações sociais. São Paulo: EPU, 1974.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,
1986.
WHALEY, Donald e SHARON, Surratt. O espírito científico. São Paulo: EPU, 1975.
2.1.8. Redes de Comunicação, Regionalização e Globalização Anamaria Fadul
Leitura e interpretação de quatro textos que versavam sobre rede nos sentidos
etimológico da palavra, figurado e abstrato. Entrega de relatórios de leitura no seguinte
modelo: definição do texto, divisão do texto, principais problemas levantados pelo autor,
principais problemas levantados pelo aluno e avaliação do texto. Este relatório de leitura,
apesar de ser cansativo de elaborar, é muito eficiente. Os alunos dialogaram sobre os
diversos pontos de vista do autor e do texto.
Definição de rede regional de comunicação, com exemplos de redes de rádio, como
a Itatiaia Som Zoom Sat em Fortaleza, Rede Gaúcha Sat em Porto Alegre; de Televisão
como a Rede Amazônica, a Vanguarda no Vale do Paraíba Paulista, a Rede Mato-
Grossense, a Rede Mirante no Maranhão, a Rede Bahia de Comunicação; redes de jornais
como a Rede Anhanguera de Comunicação e a Rede Bom Dia, além de redes de internet:
portais, sites, provedores.
Informações de como pesquisar artigos e publicações científicas no site Google
Scholar e discussão de reportagens atuais sobre a Cúpula Mundial da Sociedade da
Informação. Estas atividades demandaram muito tempo de aula. Alguns alunos
participaram de seminários realizados pelo Jornal ‘O Estado de S.Paulo’, sobre a série de
reportagens ‘Novo Mapa do Brasil’, com informações de cada região do país.
21
Por fim, cada aluno foi incentivado a elaborar um artigo científico com análise
empírica (visita) de uma rede regional de mídia. A professora corrigiu o resumo do artigo
enviado ao Lusocom/2006. Meu artigo foi sobre a Rede Anhanguera de Comunicação. No
dia 24 de novembro de 2005, fui a sede da RAC em Campinas, entrevistei o diretor-
executivo Marcelo Pereira e reuni material impresso sobre a rede. Esta investigação
empírica, com o embasamento teórico passado em aula, foi o melhor da disciplina.
Conteúdo Programático
Primeira parte: pressupostos teóricos com conceitos de rede: transporte,
telecomunicações e mídia; comunicação internacional; globalização midiática e as redes de
comunicação e de mídia; suportes tecnológicos - telégrafos, telefone, microonda, satélite e
computador.
Segunda parte: perspectivas históricas e atuais das redes internacionais com
discussão de redes de notícias, agências internacionais; redes internacionais de rádio e de
TV.
Terceira parte: perspectivas atuais de redes nacionais: redes de jornais no Brasil;
redes de rádio, origem, desenvolvimento e perspectivas; redes nacionais de TV nos EUA,
União Européia e Brasil.
Quarta parte: análise empírica das redes regionais de mídia, redes de jornais
regionais e redes de rádios regionais - um novo modelo.
Quinta e última parte: rede local, regional, nacional e internacional; redes digitais –
origem e desenvolvimento; conclusão – perspectivas para as redes de comunicação e mídia.
Bibliografia
FAUSTO, Boris e DEVOTO, Fernando J. Introdução. In: Brasil e Argentina: um ensaio
de história comparada (1850-2002). São Paulo:Editora 34, 2004.
MARCON, Christian e MOINET, Nicolas. Prefacio e Introdução. In: Estratégia Rede.
Caxias do Sul: EDUCAS, 2001.
MATTELART, Armand. A emergência das redes técnicas de comunicação. In:
Comunicação Mundo: a história das idéias e das estratégias. Petrópolis: Vozes, 1994.
22
CASTELLS, Manuel. A cultura da virtualidade real: integração da comunicação eletrônica,
o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas. In: Sociedade em Rede.
São Paulo: Paz e Terra, 2003.
2.2. Disciplinas como aluna ouvinte
2.2.1. Comunicação e Comunidade Cicília Peruzzo
Não me inscrevi como aluna regular porque estava fazendo disciplinas além das sete
obrigatórias, porém o tema ‘comunidade e mídia alternativa’ me fascinou. Acabei
desenvolvendo todas as atividades como uma aluna regular.
A maioria das aulas foi de discussões de textos programados, proporcionando um
debate rico, agradável, que fluía. O tema comunidades, comunicação comunitária e
interatividade foram exemplificados e comentados de maneira envolvente. Reflexão da
contribuição do Fórum Social Mundial, de redes como a CrisBrasil.org.br;
ourmedianet.org; midiaindependente.org; e de tele-centros.
No dia 31 de outubro, foi realizado o Encontro de Comunicação Comunitária e
Cidadania, promovido pelo Núcleo de Estudos em Comunicação Comunitária e Local –
COMUNI e GT Médio Comunitários e Ciudadania – ALAIC. A palestrante mostrou como
a comunicação comunitária é praticada no Paraná. Momento rico de troca de informações
acadêmicas. Deveria se repetir.
Cada aluno entregou uma resenha de livro. Resenhei a obra Comunicação,
identidades, migrações e culturas no Lusofonia (2005), editado por PERUZZO, M. Cicília
K. e PINHO, José Benedito que será publicada na revista Comunicação & Sociedade, da
Editora Metodista.
Apresentação de seminário sobre o meu artigo: ‘O Movimento social ‘focolarino’
nas matérias de capa da revista Cidade Nova’. Parti de três definições de movimento social
e resgatei o histórico da participação popular no Movimento dos Focolares (MF) difundido
no Brasil desde 1959. Analisei as matérias de capa da revista mensal Cidade Nova, um
veículo do MF que visa suscitar um protagonismo social mais consciente em seus leitores.
Conteúdo Programático
23
Conceitos de comunidade; concepções latino-americanas de comunicação
horizontal; inter-relações entre comunicação, cultura e cidadania; as formas de
comunicação em nível comunitário; níveis de participação da população na comunicação
comunitária; a interatividade nos meios comunitários; rádio comunitária no Brasil e na
América Latina; televisão comunitária; território, participação na comunicação e Cidadania;
fundamentos e metodologias das práticas profissionais de relações públicas, jornalismo e
publicidade no contexto das comunidades.
Bibliografia básica
BUBER, M. Nova e antiga comunidade, p.33-61. In: Sobre comunidade. São
Paulo:perspectiva, 1987.
CASTELLS, M. Paraísos comunais. p. 21-87. Vol 2. In: Sociedade em Rede. São Paulo:
Paz e Terra, 2003.
FONTANELLA, F.; PRYSTON, A. Trocando figurinhas: sobre orkut, frivolidade,
neotribalismo e flânerie, p.1-16. In: Intecom 2004, Porto Alegre: PUC-RS.
CARNICEL, Amarildo. O jornal comunitário e a educação não-formal: experiências e
reflexões. In: FUSER, Bruno (org.). Comunicação alternativa - cenários e perspectivas.
Campinas:Centro de Memória – Unicamp, 2005.
GOHN, M. da Glória. Movimentos Sociais no Brasil na era da participação. p. 78-89
HALLS, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T. (orgs). Identidade e diferença. p.
103-133, Petrópolis:Vozes, 2000.
MELO, J. M. de. SATHLER (orgs.) Direitos na comunicação na sociedade da
informação. São Bernardo do Campo:Umesp, 2003
PAIVA, R. Leituras possíveis de comunidade. In: Espírito comum: comunidade, mídia e
globalismo. p. 65-79. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
VIEIRA, Lizt. Cidadania e globalização. p.15-41, 4.ed., Rio de Janeiro:Record, 2000.
RHEINGOLD, Howard. Comunidades virtuais, p.127-155. São Paulo:Futura, 2001.
2.2.2. Interfaces tecnológicas e culturais na comunicação de mercado Daniel Galindo
24
Minha participação nesta disciplina foi por meio de discussões em sala de aula. Não
elaborei um artigo final para esta disciplina porque priorizei produções que contribuiriam
com o tema da minha dissertação.
No entanto, os temas envolvendo marketing e tecnologia, as animações e
apresentações interativas mostradas pelo professor, envolveram os alunos. O conteúdo
versou sobre: o universo em rede e populações conectadas; as relações de troca no contexto
da sociedade digital; a era do acesso, a substituição do possuir pelo usar; o high-tec / high
touch e as empresas e-mocionais; o consumo do sonho e a descontinuidade do consumo
sem emoção; o marketing digital e as comunidades virtuais; convergência tecnológica e a
comunicação de mercado; marketing emocional e marketing cultural; festas e celebrações a
serviço da comunicação de mercado; o popular ou uma proposta high touch; e o
consumidor deste novo milênio.
Cada aula precedia a leitura de um texto que era debatido e exemplificado em sala.
A principal contribuição dessa disciplina foi à análise de fenômenos contemporâneos que
surgiram com a internet e influenciam a vida dos consumidores. Os alunos apresentaram
seminários sobre seus artigos.
Conteúdo Programático
Novas tecnologias e suas aplicações, a interatividade, a realidade virtual e as novas
opções de produção e distribuição de mensagens persuasivas; a cultura áudio visual no
contexto da sociedade da informação; o conhecimento e análise das novas configurações do
processo produção/consumo, da massificação a customização; a busca por uma nova
postura comunicacional e a construção simbólica das marcas; o reconhecimento do
crescente universo icônico e da apropriação das mais diversas manifestações culturais,
festas, celebrações, sejam elas populares ou suas implicações na espetacularização e
envolvimento de um consumidor em constante estado de mudança.
Bibliografia básica
A bibliografia da disciplina contempla cerca de 40 obras, porém cito as principais.
NAISBITT, John. High tech high touch a tecnologia e nossa busca por significado. São
Paulo: Ed.Cultrix, 1999.
25
RIFKIN, Jeremy. A era do acesso – a transição de mercados convencionais para networks
e o nascimento de uma nova economia. São Paulo: Makron Books, 2001.
WIND, Yoram. Marketing de convergência. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
2.3. Estágio docente
2.3.1. Jornalismo Comunitário Margareth Pedro Vieira
O estágio-docente deveria ser obrigatório por que é o momento que o
pesquisador/mestrando tem o primeiro contato com a prática da docência universitária. É
uma oportunidade única de aprender com os erros em sala de aula tendo a vantagem de ser
supervisionado pelo professor da disciplina.
Agradeço a oportunidade aberta pela doutoranda Margareth Vieira. Esta experiência
foi fundamental para seguir minha futura carreira acadêmica. Auxiliei a professora na
disciplina ‘Jornalismo Comunitário’, com cerca de 80 alunos do quarto semestre de
Jornalismo da UMESP. Preparei e ministrei aulas sobre TV comunitária, fomentei debates
em sala com informações complementares e auxiliei os grupos nos trabalhos práticos.
Os alunos universitários não sabiam, ou sabiam muito pouco sobre veículos de
comunicação comunitários. As aulas contemplaram debates de quatro textos, apresentação
de vídeos, atividades individual e em dupla. No trabalho final, seis grupos tiveram que
produzir e ensinar uma comunidade/associação, a elaborar um jornal ou programa de rádio
ou de TV. O resultado foi muito positivo. Alguns grupos continuarão desenvolvendo o
trabalho comunitário, mesmo com o término da disciplina.
Conteúdo Programático
Desenvolvimento de conceitos e funções de jornalismo popular e comunitário;
mobilização social e comunicação; comunicação e ideologia; tipos de movimentos sociais;
jornal impresso comunitário; rádio comunitária; televisão comunitária; jornalismo sindical.
Bibliografia básica
26
CARNICEL, Amarildo. O jornal comunitário e a educação não formal: experiências e
reflexões. In FUSER, Igor (org.). Comunicação alternativa – cenários e perspectives.
Campinas: PUC/Campinas/Centro de Memória da Unicamp, 2005.
DORNELLES, Beatriz. Jornalismo comunitário em cidade do interior. Porto Alegre:Ed.
Sagra-Luzzatto, 2004.
DOWNING, John D.H. Mídia radical – rebeldia nas comunicações e movimentos sociais.
São Paulo:Senac editora, 2002.
FESTA, Regina e SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Comunicação popular e alternativa
no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1986.
PERUZZO, Cicília M.K. Comunicação nos movimentos populares – a participação na
construção da cidadania. Rio de Janeiro:Vozes, 1998.
___________________. TV Comunitária no Brasil: Histórico e participação popular na
gestão e na programação. In PERUZZO, Cicília. M.K. Vozes cidadãs. São
Paulo:Angellara, 2004.
SANTIAGO, Claudia e GIANOTTI, Vito. Comunicação sindical- falando para milhões.
Rio de Janeiro:Vozes, 1997.
2.4. Produção científica
GUIMARÃES, Bruna Vieira. Floriano Peixoto, consolidador da República no Brasil. In:
QUEIROZ, Adolpho (org.). Propaganda, História e Modernidade. Piracicaba:
Degaspari, 2005. GT de Publicidade e Propaganda da Rede Alfredo de Carvalho.
GUIMARÃES, Bruna Vieira. Floriano Peixoto, consolidador da República no Brasil. In:
Anais do 3º Encontro da Rede Alfredo de Carvalho. Novo Hamburgo/RS, 2005. 1 CD-
ROM produzido pelo Centro Universitário Feevale.
GUIMARÃES, Bruna Vieira. A propaganda política na República Velha. In: Anais:
CELACOM 2005 - IX Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de
Comunicação. São Bernardo do Campo: UMESP, 2005. 1 CD-ROM produzido pela
27
Cátedra Unesco/Umesp de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. ISSN 1806-
3500.
FERNANDES, Backer Ribeiro; GUEDES, Sandra; GUIMARÃES, Bruna Vieira;
GUIMARÃES, Leninne Freitas; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Ensino da Comunicação,
Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. In:
Anais do REGIOCOM 2005 – X Colóquio Internacional de Comunicação para o
Desenvolvimento Regional. Chapecó/SC, 2005. 1 CD-ROM produzido pela Universidade
Comunitária Regional de Chapecó - UNOCHAPECÓ. GT de Educação e Cultura.
___________________. Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações
e desafios do Centro Universitário Senac-SP. In: Anais V Bienal Iberoamericana de la
Comunicación. Cidade do México, 2005. 1 CD-ROM produzido pelo Centro Tecnológico
de Monterrey, Campus Estado de México. Mesa Las tecnologías como factor de la
economias del conocimiento.
GUIMARÃES, Bruna Vieira. Quintino Bocaiúva, o ‘marqueteiro’ do Movimento
Republicano. In: Anais do 4º POLITICOM – Seminário Brasileiro de Marketing
Político. Rio Claro/SP, 2005. 1 CD-ROM produzido pelas Faculdades Claretianas de Rio
Claro.
BAREL, Moisés Stefano; CARMO NETO, Honório do; GUIMARÃES, Bruna Vieira;
GOMES, Ingrid; QUEIROZ, Adolpho C. F.; RODRIGUEZ, Maria Carolina; PAIXÃO,
Patrícia Sheila; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Marketing Político e eleitoral: de Bocaiyva
a Duda Mendonça. In: Anais INTERCOM 2005 – XXVIII Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Rio de Janeiro, 2005. 1 CD-ROM produzido pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Núcleo de Pesquisa de Publicidade,
Propaganda e Marketing.
28
GUIMARÃES, Bruna Vieira. Ausência de espírito comunitário na imprensa do Litoral
Norte de são Paulo. In: Anais do Seminário WACC/ Unesco/ Metodista de Mídia
Cidadã. São Bernardo do Campo/SP, 2005. Site:
http://www2.metodista.br/unesco/agora/mapa_animadores_ativistas_bruna.pdf. Acesso em:
26.dez.2005.
Publicações encaminhadas: Livro da Editora Umesp organizado por José MARQUES DE
MELO, contendo o artigo: Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil:
inovações e desafios do Centro Universitário Senac-SP. São Bernardo do Campo, 2006.
Resenha do Anuário Internacional de Comunicação lusófona 2005. Comunicação,
identidades, Migrações e Culturas na Lusofania. In: Revista Comunicação & Sociedade /
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social; Universidade Metodista de São
Paulo, ano 28, nº 45, 1º semestre de 2006. ISSN 0101-2657.
2.5. Participação em congressos
2.5.1. 3º Encontro da Rede Alfredo de Carvalho – Rede Alcar
Certificado de participação e palestrante no GT de Publicidade e Propaganda.
Artigo: Floriano Peixoto, consolidador da República no Brasil.
Local: Novo Hamburgo/RS, Centro Universitário Feevale.
Data: 14 a 16 de abril de 2005.
2.5.2. CELACOM 2005 – IX Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana
de Comunicação
Certificado de participação e palestrante no GT de Publicidade e Propaganda.
Artigo: A propaganda política na República Velha.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: 9 a 11 de maio de 2005.
2.5.3. III ALAIC - Seminário Internacional Latino-Americano de Pesquisa da
Comunicação Certificado de participação.
29
Local: Universidade de São Paulo, Escola de Comunicação e Artes - ECA/USP.
Data: 12 a 14 de maio de 2005
2.5.4. Encontros de Sociologia e Comunicação
Certificado de participação nas cinco aulas (2 horas e 30 minutos/aula), ministradas pela
professora Verônica. Válido como 1 crédito.
Promoção do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: abril e maio de 2005.
2.5.5. Lattes 2- Curso da ComTec - Grupo de Pesquisa Comunicação e Tecnologias
Digitais
Certificado de participação no curso de 1hora/aula.
Promoção da Faculdade de Comunicação Multimídia – Facom.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: 1º de junho de 2005.
2.5.6. UNESCOM 2005 - II Seminário de Divulgação do Grupo Comunicacional de
São Bernardo
Certificado de participação nos seminários Midiologia Comparada; Internacionalização
Midiática; Comunicação Integrada de Marketing; Mídia, Regional e Global no Brasil;
Comunicação, Mídia e Inteligência Empresarial; Comunicação Organizacional On-Line e
Marketing Político Empresarial. Válido como 1 crédito.
Promoção: Cátedra Unesco/Umesp.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: abril a novembro de 2005.
2.5.7. UNESCOM 2005 - Seminário de Marketing Político Empresarial
Certificado de palestrante.
Artigo: China – história e cultura. De Marco Pólo a Sun Tzu.
30
Autores: BAREL, Moisés Stefano; BERTUOLO, Claudemir; GOMES, Ingrid;
GONZALEZ, Daniel Bernal; GUIMARÃES, Bruna Vieira; LIMA, Aline F.; QUEIROZ,
Adolpho C.F.; RODRIGUEZ, Maria Carolina; PAIXÃO, Patrícia; PINHEIRO, Roseane
Arcanjo.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: 9 de novembro de 2005.
2.5.8. REGIOCOM 2005 – X Colóquio Internacional de Comunicação para o
Desenvolvimento Regional
Certificado de participação e apresentação de trabalho no GT de Educação e Cultura.
Artigo: Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do
Centro Universitário Senac-SP.
Autores: FERNANDES, Backer Ribeiro; GUEDES, Sandra; GUIMARÃES, Bruna Vieira;
GUIMARÃES, Leninne Freitas; PINHEIRO, Roseane Arcanjo.
Local: Universidade Comunitária Regional de Chapecó/SC -UNOCHAPECÓ.
Data: 10 a 12 de agosto de 2005.
2.5.9. 4º POLITICOM – Seminário Brasileiro de Marketing Político
Certificado de participação e apresentação de trabalho no GT de Propaganda Política em
Jornais e Revistas.
Artigo: Quintino Bocaiúva, o ‘marqueteiro’ do Movimento Republicano.
Local: Faculdades Claretianas de Rio Claro/SP.
Data: 25 a 26 de agosto de 2005.
2.5.10. INTERCOM 2005 – XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação
Certificado de congressista e expositora no Núcleo de Pesquisa de Publicidade, Propaganda
e Marketing.
Mesa-temática: Marketing Político e eleitoral: de Bocaiyva a Duda Mendonça.
31
Autores: BAREL, Moisés Stefano; CARMO NETO, Honório do; GUIMARÃES, Bruna
Vieira; GOMES, Ingrid; QUEIROZ, Adolpho C. F.; RODRIGUEZ, Maria Carolina;
PAIXÃO, Patrícia Sheila; PINHEIRO, Roseane Arcanjo.
Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
Data: 5 a 9 de setembro de 2005.
2.5.11. V Bienal Iberoamericana de la Comunicación
Certificado de participación e ponente na mesa: Las tecnologías como factor de la
economias del conocimiento.
Artigo: Ensino da Comunicação, Design e Fotografia no Brasil: inovações e desafios do
Centro Universitário Senac-SP.
Autores: FERNANDES, Backer Ribeiro; GUEDES, Sandra; GUIMARÃES, Bruna Vieira;
GUIMARÃES, Leninne Freitas; PINHEIRO, Roseane Arcanjo.
Local: Centro Tecnológico de Monterrey, Campus Estado de México, Cidade do México.
Data: 20 a 22 de setembro de 2005.
2.5.12. 8º Congresso de Iniciação e Produção Científica & 7º Seminário de Extensão
Metodista
Certificado de participação.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: 25 a 27 de outubro de 2005.
2.5.13. Encontro de Comunicação Comunitária e Cidadania
Certificado de participação.
Promoção: Núcleo de Estudos em Comunicação Comunitária e Local – COMUNI e GT
Médio Comunitários e Ciudadania – ALAIC.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: 31 de outubro de 2005.
2.5.14. Seminário WACC/Unesco/Metodista de Mídia Cidadã
Certificado de participação como ativista.
32
Relato: A falta de espírito comunitário na imprensa do Litoral Norte Paulista.
Promoção: Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional.
Local: São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo.
Data: 28 a 30 de novembro de 2005 / 30 horas.
II Parte – Projeto de Pesquisa
1.Título
Deodoro da Fonseca – A propaganda política do primeiro presidente do Brasil
2. Resumo
Resgate da história do primeiro presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca,
na ótica da propaganda política. Os objetivos são compreender a propaganda do movimento
republicano, que antecedeu a proclamação da República declarada por Deodoro em 15 de
novembro de 1889, e posteriormente o processo eleitoral no qual o Marechal foi escolhido
presidente pelo voto indireto no dia 25 de fevereiro de 1891. Metodologicamente utilizarei
a pesquisa histórica, enfatizando o trabalho bibliográfico-documental.
3. Problema
O período em que Deodoro da Fonseca chegou à Presidência possui historicamente
características muito diferentes do modelo de democracia atual. O momento conflituoso
que antecedeu a proclamação da República foi preenchido pelas Forças Armadas,
organização estruturada e coesa, que garantiu o êxito da mudança de governo. Deodoro foi
escolhido pelos conspiradores da monarquia para liderar o golpe da proclamação, sem
oposição de D. Pedro II, que partiu para Europa dois dias depois do 15 de novembro.
Este contexto histórico é retratado por folhetins, jornais e revistas, que defendiam a
causa republicana ou monarquista, e também por clubes republicanos que ajudaram a
propagar o novo regime de governo. Com a Proclamação, Deodoro se torna chefe do
Governo Provisório. Depois de um ano e três meses, ele assume definitivamente o cargo de
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presidente por meio de eleições indiretas. Estes dois momentos serão aprofundados neste
estudo que descobrirá qual a propaganda política que Deodoro da Fonseca utilizou para
tornar-se o primeiro presidente do Brasil, enfocando o contexto histórico-político e os
meios de comunicação no final do século XIX?
4. Justificativa
Após 117 anos, Deodoro é lembrado em todo país por meio de ruas, avenidas,
praças, estação de metrô, monumentos e até uma cidade em sua terra natal, o Estado da
Alagoas, recebeu seu nome.
Resgatarei um período específico das eleições presidenciais no Brasil, mais
precisamente os anos de 1889 quando Deodoro proclamou a República e 1891 quando
Deodoro foi eleito indiretamente ao cargo de presidente do Brasil. Resgatarei o material de
propaganda política que pode ter sido utilizada na época, como panfletos políticos,
manifestos, plano de governo, discursos elaborados para comícios e propaganda do
candidato Deodoro da Fonseca em jornais e revistas.
Enriquecerei o pensamento comunicacional brasileiro por meio do resgate da obra
do ex-presidente Deodoro da Fonseca, sob o ponto de vista da propaganda política,
estabelecendo novos conceitos e questionando os existentes. As publicações sobre a vida e
obra de Deodoro são escassas, restringindo-se ao trabalho biográfico de alguns historiados.
Este projeto avança, aperfeiçoa conceitos como o de marketing político/marketing
eleitoral, propaganda ideológica, propaganda eleitoral e imagem pública. Suas interfaces
com a história, sociologia, ciências políticas, antropologia, psicologia, filosofia, tem sido
feito a partir de autores clássicos e contemporâneos.
Estudos da década de 80 em diante no Brasil, se dedicam a discutir os conceitos de
propaganda política/marketing político e eleitoral. O interesse no assunto tem aumentado
em programas de pós-graduação como os da UFBA, UNB, USP, UMESP, PUC/RS, UFRJ,
entre outros.
5. Metodologia
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Método: Qualitativo
Técnica: Pesquisa histórica e análise documental
Farei uma pesquisa histórica com enfoque qualitativo. Segundo definição de
RODRIGUES (1982, p. 21), “a pesquisa histórica é a descoberta cuidadosa, exaustiva e
diligente de novos fatos históricos, a busca da documentação que prove a existência dos
mesmos, permita sua incorporação ao escrito histórico ou a revisão e interpretação nova da
História”. O autor complementa: “A descoberta dos fatos, da documentação, e o seu uso
correto constituem a pesquisa”.
O fato novo que pretendo descobrir é a propaganda que levou Deodoro a ser eleito o
primeiro presidente do Brasil. Será uma nova interpretação da história, com enfoque na
propaganda ideológica, baseada em documentos e jornais.
A origem da expressão ‘pesquisa histórica’ segundo RODRIGUES (1983, p.21), é
espanhola, “significando uma modalidade da atuação probatória no sistema processual
medieval, com o fim de obter provas verídicas sobre caso controvertido”.
Os resquícios da pesquisa históricos no Brasil vêm da criação do Instituto Histórico,
que segundo RODRIGUES (1983, p.22), não tinha o objetivo de investigar e pesquisar.
“Nas bases para a fundação do Instituto, nos seus Estatutos, se escreve coligir e metodizar
os documentos”.
Até hoje,
a pesquisa histórica depende muito do Estado e do cuidado que este dedica à
preservação documental, bem como, modernamente, nos países capitalistas, da
assistência e ajuda da iniciativa privada, quer diretamente, quer por meio de
fundações. No Brasil, não se conta com ajuda privada, tentada apenas, sem maiores
resultados, por Assis Chateaubriand, e o Estado, que conserva mal o patrimônio
histórico documental, não auxilia a investigação oficial ou privada (RODRIGUES,
1983, p.22).
Outro conceito, defendido por RICHARDSON (1989, p.199), diz que a pesquisa
histórica “ocupa-se do passado do homem, e a tarefa do historiador, definida por [Walter]
Borg, consiste em ‘localizar, avaliar e sintetizar sistemática e objetivamente as provas, para
estabelecer os fatos e obter conclusões referentes aos acontecimentos passados’”. Portanto,
com a vasta bibliografia disponível sobre a Proclamação da República, um acontecimento
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com 117 anos, descreverei a propaganda política de Deodoro da Fonseca, ainda pouco
descoberta.
Apesar de apresentar pontos em comum, a pesquisa histórica e o estudo de caso,
são distintos, segundo YIN (2001, p.27), o estudo de caso “reside em sua capacidade de
lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e
observações”. Estas duas fontes de evidências, a entrevista com o personagem da pesquisa
Deodoro da Fonseca e as observações do acontecimento da Proclamação da República não
são possíveis por se tratarem de um fato do passado.
Para DUARTE (2005), o estudo de caso,
deve ter preferência quando se pretende examinar eventos contemporâneos, em
situações onde não se podem manipular comportamentos relevantes e é possível
empregar duas fontes de evidências, em geral não utilizadas pelo historiador, que
são a observação direta e série sistemática de entrevistas (DUARTE, 2005, p.219).
Farei também uma análise documental dos meios de comunicação impressos,
manifestos, panfletos, leis, charges, entre outros documentos da época, que segundo a
definição de MOREIRA (2005, p.271), “compreende a identificação, a verificação e a
apreciação de documentos para determinado fim”.
Descobrirei como foi a cobertura da eleição e da propaganda política de Deodoro da
Fonseca nos principais jornais republicanos e monarquistas tais O Correio Paulistano
(1854), A Província e depois da República, O Estado de S. Paulo (1875), a Gazeta de
Notícias (1875), O País (1884), A Platéia (1888), entre outros que eu encontrar disponível
na Biblioteca Nacional e outros arquivos públicos que visitarei.
Pesquisarei qual a linguagem desses periódicos, os recursos visuais utilizados, como
as charges de Ângelo Agostini na Revista Ilustrada, dentre outras técnicas jornalísticas que
ajudaram a divulgar o nome de Deodoro da Fonseca para a presidência do Brasil.
Nesta análise documental que farei dos jornais impressos no final do século XIX,
visando encontrar resquícios da propaganda política de Deodoro, terei a precaução de
identificar as influências ocultas no órgão de informação, o papel da distribuição da
publicidade, a pressão exercida pelo governo, entre outras características que identificavam
a posição política do jornal.
36
MOREIRA (2005) afirma que a análise documental é um método e uma técnica ao
mesmo tempo. “Método porque pressupõe o ângulo escolhido como base de uma
investigação. Técnica porque é um recurso que complementa outras formas de obtenção de
dados, como a entrevista e o questionário”.
Ela explica que, na maioria das vezes, é um método qualitativo porque “verifica o
teor, o conteúdo do material selecionado para análise”. A autora considera a fonte de
análise documental mais utilizada nos estudos de comunicação, como sendo de origem
secundária,
ou seja, constituem conhecimento, dados ou informação já reunidos ou organizados.
São fontes secundárias a mídia impressa (jornais, revistas, boletins, almanaques,
catálogos) e a eletrônica (gravações magnéticas de som e vídeo, gravações digitais
de áudio e imagem) e relatórios técnicos (MOREIRA, 2005, p.272).
Na visão de GIL (1987), no âmbito da pesquisa social, este é um estudo
exploratório, considerado a melhor forma de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos
e idéias. As pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar uma visão geral sobre
determinada realidade, neste caso sobre o período que antecedeu as eleições do primeiro
presidente do Brasil.
Estipulei duas linhas de pesquisa: a bibliográfica e a documental. De acordo com
GIL (1987, p. 48) “boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisa
bibliográfica”, justamente por ela ser capaz de nos colocar em contato direto com tudo que
foi escrito. A pesquisa documental segundo GIL (1987, p.51), justifica-se por explorar
“materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser re-
elaborados de acordo com os objetos da pesquisa”.
Estou realizando a pesquisa bibliografia desde quando iniciei o mestrado, no início
de 2005. Na pesquisa documental, analisarei os materiais impressos jornalísticos –
manifestos, jornais e revistas- do final do século XIX, ressaltando as características de
propaganda política.
A análise dos dados coletados na pesquisa bibliográfica se baseia nas técnicas
explicadas por SEVERINO (2002), como: Análise textual – preparação do texto e seleção
do material relacionando ao objeto de pesquisa; Análise temática – compreensão do
material selecionado; Análise interpretativa – interpretação do material; Problematização –
discussão sobre o conhecimento obtido; e Síntese Pessoal – re-elaboração e
37
desenvolvimento das reflexões pessoais confirmadas ou discordando das hipóteses e
questões de pesquisa.
Tânia Refina DE LUCA (2005), remete a dimensão interdisciplinar das fontes
históricas, como mapas, jornais, fotografias, ilustrações, caricaturas, documentos de
ministérios, escrituras de estabelecimentos, filmes de propaganda política, programas de
festas públicas e particulares, homenagens, discursos, trajes especiais, discursos, entre
outros. Levantarei as fontes citadas acima, que remetam a propaganda política de Deodoro
da Fonseca.
O número de trabalhos que se valia de jornais e revistas como fonte para o
conhecimento da história no Brasil, segundo DE LUCA, era pequeno na década de 1970.
Porém, a difusão da imprensa no país e o itinerário de jornais e jornalistas contava com
bibliografia significativa. “Reconhecia-se, portanto, a importância de tais impressões e não
era nova a preocupação de se escrever a História ‘da’ imprensa, mas relutava-se em
mobiliza-los para a escrita da história ‘por meio da’ imprensa (2005, p. 111)”.
DE LUCA, alerta que desde a década de 30 havia uma crítica por aceitar os
impressos como fonte, pois “os jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do
passado, uma vez que essas ‘enciclopédias do cotidiano’ continham registros fragmentados
do presente, realizados sob o influxo de interesses, compromissos e paixões (2005, p.
112)”.
Complementarei o levantamento bibliográfico sobre Deodoro da Fonseca,
pesquisando em bibliotecas universitárias e museus, utilizando livros biográficos e de
História do Brasil, teses, dissertações e artigos em periódicos de assuntos correlacionados,
além da pesquisa na internet.
Procurarei livros e documentos sobre Deodoro da Fonseca no Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, no Acervo Histórico do Exército, na Biblioteca Nacional, todos no
Rio de Janeiro; no Museu Republicano em Itu/SP; no Museu da República no Rio de
Janeiro que foi à casa de Deodoro durante a presidência, no Congresso Nacional em
Brasília. Retornarei ao Museu Paulista e ao Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Outros arquivos que podem ser visitados são o CPDOC -Fundação Getúlio Vargas,
no Rio de Janeiro, o Instituto de Estudos Brasileiros na USP -Universidade de São Paulo, o
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Centro de Memória da Unicamp em Campinas e a Fundação Casa de Rui Barbosa no Rio
de Janeiro.
Nos arquivos do Poder Executivo pretendo encontrar correspondências como ofícios
e requerimentos enviados por Deodoro no exercício de sua função no Exército e na Política
e lista de qualificação de votantes. Nos arquivos do Poder Legislativo espero encontrar atas
e nos arquivos privados, verificar documentos particulares de Deodoro, seus familiares e
grupos de interesse.
Inicio a pesquisa de campo sabendo que os arquivos públicos no Brasil são
deficitários, segundo Carlos BACELLAR (2005, p. 24). “Cabe ao historiador desvendar
onde se encontram os papéis que podem lhe servir, muitas vezes ultrapassando obstáculos
burocráticos e a falta de informação organizada”. O autor continua
A paciência é arma básica do pesquisador em arquivos: paciência para descobrir os
documentos que deseja, e paciência para passar semanas, quando não meses ou
anos, trabalhando na tarefa de cuidadosa leitura e transcrição de informações
encontradas. Pesquisar em fontes, principalmente as manuscritas, requer, ainda, o
empenho de aprender as técnicas de leitura paleográfica, que permitem o ‘decifrar’
dos escritos (BACELLAR, 2005, p. 53).
Outra técnica que pode vir a ser utilizada é a entrevista semi-estrutura com
historiadores especialistas na Proclamação da República e comunicadores especializados na
imprensa no final do século XIX.
Gostaria de ressaltar que o objetivo desta dissertação não é fazer uma biografia de
Deodoro da Fonseca. Não tenho a pretensão de narrar os fatos particulares das várias fases
da vida do Marechal. Será um estudo biográfico enfocando a carreira militar e política de
Deodoro no período específico que a propaganda política foi utilizada para elege-lo
presidente do país.
Este é um trabalho descritivo, que procura compreender, a partir de revisão de
literatura, visitas a museus, centros de pesquisa, entrevistas, pesquisas sobre jornais da
época, filmes, material e rádio e televisão, de que forma foi realizada a campanha eleitoral
de Deodoro da Fonseca. Para isto, procurarei dialogar com as principais contribuições da
propaganda política no campo metodológico, através dos trabalhos de Serge
TCHAKHOTINE (1967), Jean Marie DOMENACH (1963) e Nelson Jahr GARCIA
39
(1986), que trabalham com o conceito de propaganda ideológica, contrapropaganda,
difusão e propaganda política.
Outros autores contemporâneos que trabalham com o conceito de marketing político
são Carlos MANHANELLI (1992), Rubens FIGUEIREDO (1994), Ronald KUNTZ
(1982), Gaudêncio Torquato do REGO (1985), Ney Lima FIGUEIREDO (2002), Renato
DIAS (2004), Adolpho QUEIROZ (2005), entre outros.
Adotei nesta dissertação, a biografia de Deodoro da Fonseca feita por
MAGALHÃES JÚNIOR (1957), que revela detalhes da vida do Marechal no período que
antecede a Proclamação da República, passando pela eleição de presidente até a sua morte.
Esta foi à biografia mais completa que encontrei.
6. Hipóteses
Os manifestos republicanos e seus ‘propagandistas’, as reuniões/comícios nos
clubes republicanos e a carreira militar com êxito, contribuíram para Deodoro da Fonseca
ter sido escolhido o proclamador da República e primeiro presidente do Brasil. Esta foi à
propaganda política do Marechal, segundo a definição de DOMENACH (1963).
A propaganda ideológica, segundo conceito de Nelson Jahr GARCIA (1986), do
movimento republicano, foi ‘defendida’ tardiamente pelo Marechal Deodoro, que fora
monarquista.
A crise política no final da monarquia, unida ao bom relacionamento do imperador
D. Pedro II com o Marechal do Exército Deodoro da Fonseca, propiciou a mudança de
regime de governo, que passou a ser o presidencialismo.
O título de generalíssimo foi dado a Deodoro devido a sua brilhante carreira militar.
Este foi o ‘slogan’ de sua campanha para presidente do Brasil.
O marketing político e eleitoral do Marechal ajudaram sua candidatura à
presidência.
A crise do Governo Provisório foi uma contra-propaganda utilizada pelos opositores
de Deodoro, segundo definição de GARCIA (1986).
O Conde Ouro Preto foi o principal opositor de Deodoro no período que antecedeu a
Proclamação da República. O almirante Custódio José de Melo e Prudente de Moraes
foram os opositores do Marechal no período que antecedeu a eleição de presidente do
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Brasil, mais do que os outros dois candidatos à presidência, o general José Simeão de
Oliveira e o almirante Eduardo Wandenkolk.
Observarei:
A imagem de Deodoro da Fonseca construída pelos meios de comunicação da
época. Qual foi a cobertura dos principais jornais republicanos e monarquistas na primeira
eleição a Presidência.
A influência do Partido Republicano e dos propagandistas da República, o jornalista
Quintino Bocayuva e o professor Benjamin Constant, na vida política do Marechal;
As articulações políticas que ajudaram a eleger Deodoro presidente e como os
‘deodoristas’ combateram os monarquistas e opositores do primeiro presidente do país;
7. Cronograma
Período: Fevereiro de 2006 a Fevereiro de 2007
Atividades Fev Mar Abr Ma Jun Jul Ag Set Out Nov Dez Jan Fev
Exame de qualificação X
Complemento da pesquisa
bibliográfica
X X X
Preparação dos
instrumentos
para a coleta de dados
(protocolo, questionário...)
X
Entrevistas com
historiadores ou familiares
X
Levantamento de dados
documentais (em museus,
arquivos, bibliotecas, etc.)
X X X
Continuação da coleta
dados secundários (visita a
casa de Deodoro no RJ)
X X
Transcrição de fitas (se
houver)
X X
Exa Exame dos dados X
Complementação de dados X
Análise e interpretação dos
dados
X X
41
Redação preliminar da
dissertação ou tese
X X
Redação final da
dissertação ou tese
X X X
Entrega da dissertação ou
tese
X
III Parte – Projeção da dissertação
Introdução................................................................................................................................
Capítulo 1. Propaganda Política e Partido Republicano
1.2. Definição de Propaganda Política......................................................................42
1.1.1.Definição de Propaganda Ideológica....................................................45
1.1.2.Definição de Marketing Político e Marketing Eleitoral.......................49
1.2.Os Manifestos Republicanos...............................................................................55
1.3.Partidos Políticos.................................................................................................61
1.3.1.O Partido Republicano..........................................................................64
1.4.Biografia político-militar de Deodoro da Fonseca..............................................70
1.4.1.Combates e Condecorações Militares...................................................71
Capítulo 2. Proclamação da República
2.1. Antecedentes da Proclamação da República........................................................
2.2. O 15 de Novembro...............................................................................................
2.3. Governo Provisório..............................................................................................
2.4. A Constituição de 1889 e as regras eleitorais......................................................
2.5. Os Discursos Políticos..........................................................................................
2.6. Crises prejudicam a imagem do candidato Deodoro............................................
2.6.1. Invasão do Jornal...................................................................................
2.6.2. Obra do Porto das Torres.......................................................................
2.6.3. Renúncia dos Ministros..........................................................................
Capítulo 3. Uso da propaganda política no período eleitoral
3.1. A Propaganda de Deodoro....................................................................................
42
3.1.1. Apoio de Militares...................................................................................
3.1.2. Reuniões em Clubes e Manifestos de Apoio...........................................
3.1.3. Alianças e Reuniões de Campos Salles...................................................
3.2. A Oposição.............................................................................................................
3.2.1. O Jornal ‘Bomba’....................................................................................
3.2.2. Atuação dos ‘Deodoristas’.......................................................................
Capítulo 4. A Cobertura das Eleições na Imprensa
4.1. Cenário da Imprensa...............................................................................................
4.1.1. Censura....................................................................................................
4.2. Cobertura da Eleição nos Jornais Republicanos.....................................................
4.3. Cobertura da Eleição nos Jornais Monarquistas.....................................................
4.4. A Revista Ilustrada e as Charges............................................................................
4.5. A Eleição................................................................................................................
4.5.1. A Posse....................................................................................................
4.5.2. A Dissolução do Congresso.....................................................................
4.6. Renúncia e Morte de Deodoro................................................................................
Conclusão.................................................................................................................................
Bibliografia...........................................................................................................................72
Anexos.......................................................................................................................................
Capítulo 1. Propaganda Política e Partido Republicano
1.1 Definição de Propaganda Política
Desde que existem competições políticas, isto é, desde o início do mundo, a
propaganda existe e desempenha seu papel (DOMENACH, 1963, p. 8).
Propaganda Política segundo definição de DOMENACH (1963, p.9) é “uma nova
técnica, que usa meios subministrados pela ciência, a fim de convencer e dirigir as massas
43
constituídas”. Ele explica que propaganda política é também “uma técnica de conjunto,
coerente e que pode ser, até certo ponto, sistematizada”, sendo sucedida “ao conjunto dos
meios empregados em todos os tempos pelos políticos para o triunfo de suas causas e
ligado à eloqüência, à poesia, à música, a escultura, ás formas tradicionais das belas-artes”.
DOMENACH defende que o intuito do propagandista é influir na atitude das
massas no tocante a pontos submetidos ao impacto da propaganda, objetos da opinião.
A propaganda do movimento republicano no século XIX era produzida e destinada
por uma pequena massa de letrados, e divulgados pelos jornais, principalmente os
republicanos. No entanto, a tocante da população, não era submetida ao impacto da causa
republicana.
È pertinente ressaltar que propaganda tem um significa diferente de publicidade. “A
publicidade procura criar, transformar certas opiniões, empregando, em parte, meios que
lhe pede emprestados (DOMENACH, 1963, p.10)”. A principal diferença segundo o autor é
que a propaganda não visa objetos comerciais, e sim, políticos.
A publicidade suscita necessidades ou preferências visando a determinado produto
particular, enquanto a propaganda sugere ou impõe crenças e reflexos que, amiúde,
modificam o comportamento, o psiquismo e mesmo as convicções religiosas ou
filosóficas. Por conseguinte, a propaganda influencia a atitude fundamental do ser
humano (DOMENACH, 1963, p.10).
Nesta dissertação, refiro à propaganda republicana que ajudou a eleger Deodoro da
Fonseca, o primeiro presidente do Brasil. Foi um movimento que mudou comportamentos e
impôs o pensamento de uma nova forma de governo.
As origens da propaganda política remetem ao século XX, acompanhando o
desenvolvimento das técnicas de informação e de comunicação (DOMENACH, 1963,
p.13).
Neste início, a propaganda utilizava a escrita, palavra e imagem, como seus
sustentáculos permanentes. Porém, a escrita, o mais possante veículo de propaganda, depois
da invenção da imprensa, era prejudicado por seu alto preço e pela morosidade de sua
distribuição; a palavra era limitada pelo alcance da voz humana; e a imagem não ia além
dos desenhos ou pinturas, reproduzidos mediante custosos processos. (DOMENACH, 1963,
p.15).
44
O cenário descrito acima foi o encontrado por Deodoro da Fonseca no final do
século XIX. Os instrumentos de propaganda se resumiam aos jornais republicanos (escrita),
vendidos ou distribuídos à elite, diagramados em seis à oito colunas, com pequeno tamanho
de letra, sem nenhum atrativo ilustrativo com figura ou fotografia, a não ser os anúncios
publicitários; os comícios (palavra falada) nos clubes republicanos e militares reuniam
somente algumas dezenas de pessoas, com o entrave do alcance da voz.
A propaganda que antecedeu o pleito eleitoral de Deodoro foi baseada no contato
pessoal e nas alianças entre os políticos (imagem), visto que era uma eleição indireta, sem
contar com o voto da população.
Este propaganda voltada somente aos políticos votantes da primeira eleição
presidencial do Brasil contraria as idéias de TCHACKOTINE (1967, p. 258), ao afirmar
que o sucesso de um movimento político consiste em angariar e conscientizar um grande
número de cidadãos:
É evidente que um movimento político só tem a possibilidade de sucesso se suas
idéias são adotadas por um número considerável de pessoas que delas se
apoderem por um processo de assimilação e, além disso, quando são
compreendidas e sustentadas, de maneira unânime, pela grande maioria dos
adeptos desse movimento. Se essas condições estão presentes ao espírito, logo se
compreende que um tal movimento político só pode obter rápido sucesso se tem
uma maneira – por assim dizer estenográfica – de exprimir suas idéias, um
simbolismo próprio; poderá, então ser aceito, de forma rápida e uniforme, por um
grande número de pessoas.
Desconsiderando a propaganda do pleito eleitoral de Deodoro da Fonseca, e
ressaltando a propaganda mais ampla do movimento republicano vigente na época, o
quadro do apoio popular se modifica. O Partido Republicano de São Paulo atuava como
uma poderosa força política, devido a sua vigorosa organização, sobretudo pelo prestígio
moral obtido com os sucessivos triunfos.
No período que antecedeu a Proclamação da República, os alicerces do governo
imperial estavam abalados. Os conservadores pregavam a falência do regime, os
fazendeiros, se rebelam contra a monarquia em razão da abolição da escravatura e os
militares também se ressentiam. A imprensa republicana aumentava consideravelmente,
sendo composta, então, por 74 jornais (MENEZES, 1974, p. 60).
45
O período da propaganda republicana não terminou com o som dos gritos populares:
“Viva a República!”, no dia 15 de novembro de 1889, mas teve ecos na primeira eleição
presidencial ocorrida em 25 de fevereiro de 1891, quando foram eleitos os militares
Deodoro da Fonseca, como presidente e Floriano Peixoto, como vice. Somente em 1º de
março de 1894, Prudente de Morais passaria a governar o país, como o primeiro presidente
civil eleito através do voto direto.
1.1.1.Definição de Propaganda Ideológica
Para Nelson Jahr GARCIA (1986, p.10-11), a função da propaganda ideológica é
“formar a maior parte das idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o
seu comportamento social”. Ele explica que “as mensagens apresentam uma versão da
realidade a partir da qual se propõe a necessidade de manter a sociedade nas condições em
que se encontra ou de transformá-la em sua estrutura econômica, regime político ou sistema
cultural”.
A propaganda republicana defendeu a ideologia do sistema de governo denominado
a República. Porém, poucos cidadãos se davam conta da influência desta propaganda. “Não
é mais tão fácil perceber que se trata de propaganda e que há pessoas tentando convencer
outras a se comportarem de determinada maneira (GARCIA, 1986, p.11)”.
Por toda parte e em todos os momentos são propagadas idéias que interferem nas
opiniões das pessoas sem que elas se apercebam disso. Desse modo, são levadas a
agir de uma ou outra forma que lhes é imposta, mas que parece por elas escolhida
livremente. Obrigada a conhecer a realidade somente naqueles aspectos que tenham
sido previamente permitidos e liberados, acaba tão envolvida que não têm outra
alternativa senão a de pensar e agir de acordo com o que pretendem dela (GARCIA,
1986, p.12).
GARCIA (1986, p.25) defende que uma ideologia é composta por rês tipos de
idéias: as representações, os valores e as normas. Representações “são idéias a respeito de
como é a realidade”. Valores “são idéias a respeito de como deve ser a realidade” e Normas
“são aquelas idéias a respeito do que deve ser feito para transformar a realidade ou mantê-la
nas condições em que se encontra”.
46
A ideologia republicana se baseava nos princípios democráticos como a liberdade
de ação e expressão, onde o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os
cidadãos, diretamente ou por meio de seus representantes livremente eleitos.
O autor diferencia propaganda comercial, eleitoral e ideológica. Ele explica que a
propaganda eleitoral é geralmente utilizada em vésperas de eleições. Mensagens são
veiculadas nos meios de comunicação e divulgam o discurso do candidato. “Apelos
pessoais, convidam a votar em determinado candidato, enaltecem suas qualidades positivas
e informam sobre as obras que realizou no passado e as que irá fazer no futuro (GARCIA,
1986, p.11)”.
A propaganda política exercida por Deodoro foi cautelosa. Ele chegou a fazer
discursos em clubes militares pedindo apoio, mas não pedia voto diretamente. Até o
momento presente desta pesquisa, não se tem registro de ‘santinhos’ com seu nome e
número, mas os ‘deodoristas’ –políticos que o apoiavam- fizeram campanha para legitimá-
lo no poder, obtendo êxito.
O autor confirma esta legitimação do regime. “A propaganda encarregou-se de
enaltecer os presidentes, apresentando-os como líderes os mais indicados para serem chefes
de governo”. Ele afirma que “com a construção de uma imagem positiva dos presidentes,
esperava-se conseguir despertar a confiança da população para suas decisões, explicações e
esclarecimentos (GARCIA, 1986, p.15)”.
GARCIA afirma que a propaganda ideológica pode ser exercida por meio da
codificação, controle ideológico, contra propaganda e difusão.
“A codificação é o processo pelo qual as idéias são transformadas em mensagens
passíveis de serem transmitidas e entendidas (GARCIA, 1986, p.45)”. Os manifestos
republicanos no final do período monárquico constituíam “formas de simplificação em que
se encontram selecionadas e destacadas as idéias centrais de uma determinada ideologia”.
O controle ideológico é exercido por:
grupos da classe economicamente mais forte. Eles os utilizam para a difusão das
idéias e opiniões que lhes são favoráveis, não permitindo que se propaguem
ideologias contrárias ou fatos que contestem seus interesses (GARCIA, 1986, p.51).
Os jornais, tanto republicanos como monarquistas, exerceram de maneira concreta o
controle ideológico em seus leitores. Cada jornal procurava evitar que “os receptores
47
possam perceber a realidade por outro prisma que não aquele que lhes é proposto. Fazem
isso tanto impedindo a formação de outras ideologias como neutralizando a difusão das já
existentes (GARCIA, 1986, p.51)”.
Outro modo de controle ideológico exercido durante o governo provisório de
Deodoro da Fonseca, foi à censura a jornais como, por exemplo, o periódico A Tribuna
Liberal que teve sua redação assaltada, e deixou de circular por breves períodos. “Através
dela [a censura] se definem os limites do que pode ou não ser divulgado, neutralizando-se
as possibilidades de manifestações contrárias aos valores defendidos pelos governos
(GARCIA, 1986, p.51)”.
A contrapropaganda foi utilizada pelos monarquistas e republicanos que não
conseguiram “obter o monopólio das informações através do controle ideológico, os grupos
procuram neutralizar as idéias contrárias através da contrapropaganda (GARCIA, 1986,
p.60)”.
Ela se caracteriza pelo emprego de algumas técnicas que visam a amenizar o
impacto das mensagens opostas, anulando seu efeito persuasivo. Procura colocar as
idéias dos adversários em contradição com a realidade dos fatos, com outras idéias
defendidas por eles próprios ou em desacordo com certos princípios e valores
aceitos e arraigados entre os receptores. Outras vezes, atua de forma indireta,
tentando desmoralizar as idéias, não pela indicação das contradições que envolvem,
mas pela crítica à personalidade ou ao comportamento daqueles que as sustentam
(GARCIA, 1986, p.60).
Os opositores de Deodoro utilizaram os desentendimentos dele com os ministros
durante o Governo Provisório -que chegaram a pedir demissão coletiva- para prejudicar a
imagem dele na primeira eleição presidencial do país. De personalidade forte e ditatorial,
Deodoro da Fonseca gerou polêmica nas ações que acreditava, como na construção do
Porto das Torres, defendido pelo militar e contrariado por Rui Barbosa e outros.
As principais características de Deodoro eram “temperamento rebelde, impulsos
incontrolados e revolta contra praxes anacrônicas”, segundo KOIFMAN (2002, p.20) apud
WINZ. “Deodoro era dono de humor ácido. Não são poucos os relatos de suas explosões
diante dos que lhe pediam favores políticos ou pessoais”.
Tais características do Marechal eram utilizadas pelos “veículos de comunicação
[que] constantemente, difundem charges, apelidos e sátiras que desmoralizam e desfiguram
dirigentes e líderes políticos, tornando-os engraçados ou mesmo ridículos (GARCIA, 1986,
p.64)”. “Quebram, assim, a imagem de respeito que estes pretendem impor e afetam o
48
conteúdo de suas afirmações”. A Revista Ilustrada foi o principal veículo no final do século
XIX, divulgador de charges, principalmente as de Ângelo Agustinho.
“Dentre as formas de difusão utilizadas pela propaganda ideológica, a oral, através
da palavra falada, ainda é uma das mais importantes. Empregada desde a antiguidade, foi a
forma preferida por inúmeros líderes (GARCIA, 1986, p.65)”. A principal ferramenta de
propaganda utilizada por Deodoro e os ‘deodoristas’ foi à difusão oral nos comícios, nos
discursos na Assembléia Constituinte e nas conversas informais. O discurso do Marechal
era eloqüente, forte e conciso.
Além disso, o discurso e a pregação constituem as únicas formas que permitem
reunir um grande número de pessoas, até mesmo em grandes praças públicas, de tal
forma que cada indivíduo sinta sua personalidade diluir-se na multidão,
percebendo-se como parte de um todo e tendendo a acompanhar as manifestações
da maioria. Tem-se aí a possibilidade de produzir uma impressão de unanimidade
tão persuasiva quanto os argumentos do orador (GARCIA, 1986, p.65).
Outra forma de difundir a propaganda ideológica é pela seleção de informações.
Algumas maneiras de manipular os fatos segundo GARCIA (1986, p.68) é a “fragmentação
da realidade, implícita na própria forma como são apresentadas as notícias”. Ele explica
“Outra forma de manipulação é realizada pelo maior ou menor destaque que se dá à notícia.
A página em que é colocada, a dimensão do texto, o título, o maior ou menor número de
pormenores contidos na descrição permite dar aos fatos um ou outro significado”.
Esta dimensão de texto, título e o discurso nos impressos, será analisada nos
principais jornais republicanos e monarquistas disponíveis na Biblioteca Nacional, nos dias
que antecederam o dia 25 de fevereiro de 1891, data da primeira eleição presidencial no
país.
GARCIA (1968, p.75) confirma outras maneiras de difundir a propaganda, por
meio de “cartazes, ilustrados ou não, em cores ou em branco e preto, são bastante utilizados
para afixação em muros e paredes visando transmitir algumas idéias fundamentais através
de um impacto rápido”.
Esta ferramenta de ‘fixar idéias’ foi apontada por SILVA (1962) quando ele explica
as causas que apressaram a Proclamação da República.
A questão religiosa, culminada pela prisão dos Bispos, pois a religião católica era
adotada pelo Estado, a abolição da escravatura, que sacudiu os alicerces
econômicos e sociais do Império, as questões militares e a propaganda republicana
espalhada por todo o país pelos clubes e jornais republicanos, apressaram a queda
do Império (...) (SILVA, 1962, p.28).
49
Mas a verdade histórica é que sem a espada de Deodoro, sem a ação firme, embora
discreta, de Benjamim Constant, sem a propaganda e a atividade política de
Bocayuva, a República não teria sido proclamada e radicada no Brasil, naquele ano
de 1889, tal como o foi, pacificamente (SILVA, 1962, p.32)
SILVA (1962, p.31) faz uma crítica aos historiadores Oliveira Vianna e Leôncio
Basbaum –este último citado neste projeto- de ‘apoucar’ a influência da propaganda
republicana para a proclamação da República. “Eles próprios referem-se ao grande número
de jornais e de clubes republicanos existentes que incitavam e agrupavam os
correligionários preparando a opinião pública para a aceitação do futuro regime”. O autor é
mais enfático, “á vista disso não é possível aceitar a tese da ineficiência ou da
insignificância da propaganda”.
Além deles, inúmeros outros impressos auxiliam a difundir mensagens. “Os
‘manifestos’ explicam e defendem uma determinada posição perante certos fatos
econômicos e políticos. Os ‘panfletos’ divulgam fatos, notícias ou crítica a determinadas
idéias e propostas”. Também há “os ‘volantes’ que servem para difundir nomes, frases,
slogans, palavras de ordem e símbolos ou para anunciar e convocar reuniões e movimentos
(GARCIA, 1986, p.75)”.
No final do século XIX, período analisado nesta dissertação, os manifestos
republicanos foram os meios de difusão mais utilizados. Os volantes informavam as
reuniões do Partido Republicano, nos clubes militares e os panfletos, eram os jornais que
chegaram a tirar edição extra, nas vésperas das eleições de fevereiro de 1891, como
comprova o texto abaixo:
A 10 de janeiro de 1891, o redator-chefe da A Tribuna, Antônio de Medeiros, fazia
circular extraordinariamente esse jornal, tirando uma edição especial, um número
único, inesperado, cujo objetivo parecia ser o de historiar o ataque levado a efeito
contra a sua redação a 29 de novembro do ano anterior, mas era, em verdade, um
violento manifesto contra a candidatura do marechal. O panfleto de Antônio de
Medeiros repercutiu no Congresso Constituinte, através de César Zama, que fez a
leitura integral da primeira página de A Tribuna, de modo que ficasse constando dos
anais do Congresso Constituinte o libelo de Antônio de Medeiros (MAGALHÃES
JUNIOR, 1957, P. 278).
Por fim, GARCIA confirma que “estátuas e bustos concretizam o prestígio daqueles
que devem ser considerados heróis”. Atualmente, o primeiro presidente do Brasil, Deodoro
50
da Fonseca é lembrado no país, por meio de nomes de ruas, avenidas, praças, metrô, bustos,
quadros e outros.
1.1.2.Definição de Marketing Político e Marketing Eleitoral
Se Jesus apenas com a palavra falada, tendo apenas o apóstolo Paulo, como
Assessor de Imprensa, e mais onze apóstolos para assessora-lo nas outras áreas,
conseguiu repercussão universal, imagine hoje, o que não conseguiria se tivesse a
sua disposição Jornal, Rádio e TV (DIAS, 2004, apud Roberto Dalpiac RECH).
Rubens FIGUEIREDO (1994) define marketing político como sendo,
um conjunto de técnicas e procedimentos que tem como objetivos adequar um
candidato ao seu eleitorado potencial, procurando faze-lo, num primeiro momento,
conhecido do maior numero de eleitores possível e, em seguida, mostrando-o
diferente de seus adversários, obviamente melhor do que eles.
Ele diferencia marketing político e marketing eleitoral. “O marketing político é algo
mais permanente, é quando o político no poder se preocupa em sintonizar sua
administração com os anseios dos cidadãos. Trata-se de um trabalho de longo prazo”,
expõe. “Já o marketing eleitoral aparece na hora do ‘vamos ver’, quando todos os
candidatos saem á procura de um mandato”.
No caso da eleição de Deodoro, ele utilizou algumas técnicas da propaganda política
e ideológica, como descrito acima, o que não pode ser chamado de marketing político. Ele
não procurou ser conhecido pelo maior número de eleitores possível. Foi escolhido pelos
deputados da Assembléia Constituinte. O único procedimentos que ele utilizou para mostrá-
lo melhor que seus adversários, foi a difusão oral. Na época, não existia, rádio e televisão,
principais veículos de comunicação usados nas atuais campanhas eleitorais.
Remetendo ao surgimento do marketing político, FIGUEIREDO (1994) afirma que
a primeira vez que um candidato contratou uma agência de publicidade para fazer sua
propaganda na televisão foi na campanha de 1952, nos EUA. “O candidato era o general
Eisenhower que, na ocasião, foi acusado pelos seus adversários de ‘tentar se vender como
se vende um sabonete’”. A profissionalização das campanhas políticas registrava reações
negativas desde o início.
51
Mas foi em 1960 que o marketing político começa a ganhar contornos
definitivamente modernos. “A televisão passa a desempenhar um papel preponderante nas
campanhas. Foi neste ano também que os americanos assistiram um debate de candidatos à
Presidência pela televisão (FIGUEIREDO, 1994)”. Naquele ano, John Kenedy, pelo Partido
Democrata, e Richard Nixon, pelo Partido Republicano.
No Brasil, o marketing político profissional é um fenômeno recente. “As
descontinuidades do regime democrático entre nós retardaram sua utilização no país
(FIGUEIREDO, 1994)”. Somente a partir das eleições presidenciais de 1982, o marketing
político passou a ser utilizado com mais rigor e regularidade nas campanhas eleitorais.
Apesar de ser um fenômeno recente, segundo QUEIROZ (2005, p.14), o Brasil “é
exportador de mão-de-obra especializada nas áreas de produção de vídeos e áudio para
campanhas eleitorais na América Latina e na Europa. Também exporta brindes. E, ao
mesmo tempo tem sido fortemente influenciado por consultores internacionais”.
FIGUEIREDO exemplifica que políticos como Getúlio Vargas e Jânio Quadros,
por exemplo, sempre tiveram uma ‘marca’, como garantia da sua identidade com o povo.
“A atuação de ambos, entretanto, pouco tinha a ver com o marketing político moderno.
Tratava-se da era da quase pré-comunicação de massa”. No caso do marechal Deodoro da
Fonseca o que predominou foi o seu ‘feeling pessoal’. Ele não adotou conselho de
especialistas ou seguiu indicações de pesquisas, pois estes recursos não existiam na época.
Adolpho QUEIROZ (2005, p.11) confirma que no final do século XIX, havia
evidências de ações de marketing político. “Prudente de Moraes mandava cartas aos seus
eleitores pedindo dinheiro para a campanha e votos, viajava em trens para fazer comícios e
fazia da imprensa um elemento de difusão do seu nome”.
O autor acima define marketing político como uma atividade multidisciplinar.
Ele [o marketing político] tem interfaces com a administração, quando procura
sistematizar e hierarquizar procedimentos a serem adotados por candidatos e/ou
partidos (como a definição de uma agenda política pessoal ou a arrecadação de
fundos para uma campanha eleitoral); com a psicologia, quando adota a persuasão
como estratégia de comunicação (transformando candidatos sisudos em sorridentes,
dogmáticos em populares, tristonhos em enfáticos); com a própria dimensão
política, quando alinha candidatos e partidos em determinadas dimensões
ideológicas (tendo que mostrar como candidatos socialistas, liberais ou social-
democratas resolverão os problemas de emprego, educação ou saúde); e, por fim,
com a publicidade eleitoral, que envolve a comunicação em diferentes veículos
(tendo que mostrar conteúdos simbólicos, ‘slogans’, ‘jingles’ e discursos que
funcionam como marcas registradas de uma candidatura), (QUEIROZ, 2005, p.10).
52
Na classificação dos cinco tipos de candidatos de FIGUEIREDO, Deodoro da
Fonseca se encaixa em dois tipos: “aquele que tem sólida base corporativa ou que fez
alguma coisa importante para alguma categoria”. Deodoro como militar galgou todas as
condecorações do Exército até chegar ao último posto, o de marechal; “aquele que ocupou
algum cargo público importante e obteve notoriedade ou oportunidade controlar a máquina
pública“. Deodoro foi presidente da província do Rio Grande do Sul, entre outras.
Carlos Augusto MANHANELLI (1992), diz que o marketing eleitoral surgiu
praticamente junto com o marketing. “Na fase mais antiga, os candidatos utilizavam-se de
princípios básicos de divulgação para implantar sua campanha, fazendo o que seus
conselheiros ou assessores, e eles próprios, achavam que seria melhor para os cidadãos”.
No caso de Deodoro, nas vésperas de sua eleição, Campos Sales foi quem negociou
com os demais candidatos e fechou as alianças a favor do Marechal. Outro conselheiro de
Deodoro foi o Barão de Lucena, seu ministro e amigo até a morte.
MANHANELLI (1992) retoma a idéia de que nas eleições na antiguidade, foram
encontrados, nos escritos deixados pelos espartanos, atenienses e romanos, documentos em
que se percebe, com pequenas variações, que as ações que se fazem presentes nas eleições
contemporâneas repetem-se na base da Antiguidade.
O autor explana sobre a diferença do marketing eleitoral e propaganda. “Na fase de
propaganda, os candidatos desenvolviam esforços para ‘vender’ e ‘difundir’ as ações
sociais que produziam, tentando persuadir a sociedade à ‘compra-las’ como sendo o melhor
que poderia ser feito”. Já, na fase de marketing eleitoral, “primeiro o candidato procura
obter informações sobre aquilo que a sociedade quer, para aí então produzir propostas
sociais adequadas a estes desejos”.
A definição de MANHANELLI (1992), diz que o marketing eleitoral
consiste em implantar técnica de marketing político e comunicação social
integrados, de forma a angariar a aprovação e simpatia da sociedade, construindo
uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir confiabilidade e
segurança à população elevando o seu conceito em nível de opinião pública.
Ele afirma que cabe a propaganda eleitoral criar e produzir os símbolos, músicas,
cores, tipo de material condizente com o público-alvo, estudos de mídia, formas de
53
propagação das atividades do marketing. É exercer em toda plenitude a criatividade
MANHANELLI (1992).
Ronald Amaral KUNTZ (1982, P.15), confirma que marketing político funciona
acoplado ao candidato na busca da satisfação dos votantes.
A partir desta união encara-se o problema de se atingir de maneira mais eficaz o
consumidor e fazer com que, da forma mais eficiente, se saibam quais suas
aspirações a fim de procurar satisfaze-las sem comprometer alianças e ideologias
formadas pelo candidato.
KUNTZ (1982, p.15-16) ressalta uma peculiaridade do povo brasileiro, de votar no
candidato e não em seu partido. “É imprescindível que o assessor procure ressalvar
qualidades ou circunstâncias que favoreçam o político sem indispô-lo com o seu partido”.
Na época de Deodoro, o Partido Republicano tinha forte atuação e importância na hora da
votação.
No Brasil há uma divisão entre publicitários e marqueteiros, segundo KUNTZ
(1982). “Na primeira delas, considera-se o partido como sendo a empresa e o candidato
como um produto a ser vendido. O preço é o voto”. A outra corrente considera as
características pessoais do candidato, eliminando ou retocando apenas os seus defeitos mais
aparentes, elaborando a campanha a partir de equilíbrio entre as aspirações populares e a
realidade individual do candidato.
Deodoro foi monarquista durante boa parte se sua carreira militar no Exército. Com
a ‘questão militar’ –desavenças do Império e militares-, ele foi perdendo a crença no
sistema monárquico, mas só assumiu que era republicano, nas vésperas de proclamar a
República.
Segundo KUNTZ, o marketing político não se preocupa apenas com o visual de
uma campanha, mas envolve-se em toda a planificação e coordenação da mesma,
ocupando-se de todos os detalhes que tomam tempo ao candidato.
A primeira função do marketing político é eminentemente social; visa elevar o nível
geral das campanhas, analisando sob todos os ângulos as necessidades da sociedade
e orientando o candidato sobre a melhor maneira de atende-las. A segunda função
visa aumentar a eficiência de uma campanha, estudando e elaborando métodos de
ampliar a penetração de um candidato junto ao eleitorado, analisando as alianças
mais viáveis, estudando símbolos, slogans, jingles, organizando roteiros e
calendários de atuação, adequando cada material, serviço ou brinde, procurando dar
personalidade distinta a uma campanha, para que ela aumente as suas possibilidades
de memorização por parte do público. Além disso, o marketing político organiza e
54
administra todos os recursos da campanha, racionalizando os gastos e reduzindo os
desperdícios, o que reflete automaticamente a redução dos custos (KUNTZ, 1982).
Esta profissionalização do marketing político não existia no final do século XIX.
Para Francisco Guadêncio Torquato do REGO (1985) a política tende a receber, no Brasil,
tratamento cada vez mais profissional. “Os tempos de mudança e as crescentes exigências
sociais não mais aceitam improvisações. O marketing político, portanto, está fadado a
instalar-se definitivamente no país”. Tal afirmação foi defendida acima quando QUEIROZ
confirma que o país exporta marqueteiros para a Europa e América Latina.
REGO distingue três alternativas estratégicas: o marketing não diferenciado, o
marketing diferenciado e o marketing concentrado. O primeiro, são estratégias para se
atacar o eleitorado de maneira massiva, globalizada. O marketing diferenciado utiliza
estratégia para se trabalhar determinados grupos de leitores com programas diferenciados.
E, o marketing concentrado usa estratégia de segmentação de mercado orientada para
determinado grupo de eleitores. Hoje, a escolha do tipo de marketing depende dos recursos
financeiros do candidato.
Na eleição de Deodoro à presidência, não encontrei nenhum registro de arrecadação
de dinheiro para o desenvolvimento da campanha política.
Na opinião de Ney Lima FIGUEIREDO (2002), o marketing político sempre foi
utilizado pelas grandes figuras da História. “Hitler, Stalin, Napoleão empregaram seu
marketing político pessoal na propagação das suas idéias e propósitos. No Brasil, ninguém
o fez melhor do que Getúlio Vargas, o ‘pai dos pobres’”.
Numa visão do marketing político das últimas décadas, o autor defende que “foi o
candidato eleito Fernando Collor que utilizou de maneira consistente, talentosa e
competente todas as estratégias do marketing político que os políticos tradicionais tiveram
tanta dificuldade para enfrenta-lo na campanha presidencial de 1989”. A vitória de
Fernando Collor fez com que o marketing político ganhasse um destaque fundamental
dentro da democracia brasileira.
Renato Costa DIAS (2004) alega que as eleições – através do marketing político –
saíram do cenário das disputas tradicionais para transformar-se em verdadeiros teatros de
guerra moderna, onde “vence não o melhor candidato, mas o estrategicamente melhor
55
posicionado, pois o marketing bem sucedido vai requerer o apoio em estratégias centradas
na competição”.
O conceito de marketing político de DIAS (2004) abrange “quando o político eleito
continua se dedicando ao marketing durante todo o exercício do mandato que conquistou,
preocupando-se em sintonizar sua ação parlamentar com os anseios dos eleitores”. Hoje
isso acontece por meio de pesquisas regulares, boa assessoria de comunicação, correção de
possíveis falhas, publicidade dirigida, etc, tratando-se de um trabalho em longo prazo.
DIAS (2004) explana alguns métodos convencionais de uma campanha eleitoral.
Nesse sentido, a campanha de Deodoro para a presidência do Brasil, utilizou: discurso
político; busca de espaço na imprensa escrita para noticiar a campanha, apresentar a pessoa
do candidato e expor suas idéias e propostas; divulgação pessoal de porta a porta na disputa
por cada voto; material impresso produzido na campanha; mobilização de voluntários a
cabos eleitorais –deodoristas- para trabalharem, gratuitamente ou através de salários,
durante o período da campanha.
Resta esclarecer que o marechal não pediu voto nem espaço na imprensa para
divulgar sua candidatura, todas as ações foram realizadas pelos políticos que o apoiavam.
Os cabos eleitorais não eram pagos, mas pessoas que acreditavam que Deodoro seria o
melhor presidente naquele ano conturbado que o país viveu.
Dos métodos convencionais citados por DIAS (2004), Deodoro não utilizou: mala
direta uso da imprensa escrita para divulgar matérias pagas; propaganda em pichação de
ruas e paredes, pontes e viadutos, panfletos, volantes, santinhos, cartazes e jornais de
campanha.
DIAS (2004) tem uma boa justificativa para o uso do marketing pessoal, utilizado
por Deodoro. Segundo ele, o marketing ‘boca-a-boca’ de uma pessoa em perfeito estado de
sanidade mental, tende a ser divulgado para no máximo cinco pessoas, e uma notícia
negativa tende a ser divulgada com sete pessoas, de acordo com pesquisa feita por uma
empresa sediada em Arlington, Virgínia (EUA).
1.2.Os Manifestos Republicanos
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O nosso passado responde pelo nosso futuro e o nosso futuro há de ser a justificativa do
nosso passado. Quintino Bocayuva, In SILVA (1962).
Uma das maneiras de compreender a propaganda política realizada pelo primeiro
presidente da República é analisar os manifestos republicanos que circularam no país de
1817 a 1888, buscando o novo sistema de governo.
Os manifestos republicanos foram à base fundamental para o estudo das idéias
republicanas no decorrer do século XIX. Os primeiros manifestos, distribuídos no país de
1817 até a proclamação da república em 1889, demonstraram a concepção política
republicana e o posicionamento no liberalismo moderado que inspirou as instituições
imperiais (RODRIGUES, 1994).
No Manifesto da Revolução Pernambucana de 1817, embora não explícito o termo
República, há elementos que indicam a reivindicação de movimentos declaradamente
republicanos, como a separação da Província de Pernambuco com relação à Corte, a crítica
ao despotismo do poder central, a defesa de uma vaga idéia democrática, bem como a
insistência na necessidade de um governo ilustrado.
O Manifesto do Levante Pernambucano de 1824, assinado pelo presidente
provincial Manuel de Carvalho Paes de Andrade se constitui numa profissão de fé liberal,
que é expressa nos seguintes termos:
é inato no coração do homem o desejo de ser feliz, e este desejo, como princípio de
toda a sociabilidade, é bebido na natureza e na razão, que são imutáveis. Para
preenchê-lo é indispensável um governo que, dando expansão e coordenando todos
os recursos, eleve os associados àquele grau de prosperidade e grandeza que lhe
estiver nos planos da Providência, sempre disposta em favor da humanidade.
Reconhecendo estas verdades eternas, adotamos o sistema de governo monárquico
representativo e começamos nossa regeneração política pela solicitude de uma
soberana assembléia da nossa escolha e confiança (RODRIGUES, 1994, p.10-11).
A profissão de fé liberal dos revolucionários pernambucanos de 1824 inspira-se em
parte, na literatura revolucionária americana e francesa.
Da revolução americana toma as idéias, expressadas por Jefferson (1743/1826) na
declaração da independência dos Estados Unidos, em 1776, dos direitos
inalienáveis do indivíduo á vida. Da literatura da Revolução Francesa são as idéias
de soberania da nação -uma soberana assembléia constituinte da nossa escolha e
confiança (RODRIGUES, 1994, p.11).
57
O Manifesto do Levante Baiano de 1837 ressalta duas idéias principais. A crítica ao
despotismo político e financeiro do Governo Imperial e a reafirmação da luta em prol da
liberdade do povo baiano, sem que se cheguem a determinar as instituições que garantiriam
o real exercício dessa liberdade.
No Manifesto da República de Piratini de 1838, assinado por Bento Gonçalves da
Silva, presidente da república rio-grandense e pelo ministro do Interior, Domingos José de
Almeida, demonstra a idéia separatista. Dentre as razões que motivaram a revolução
separatista farroupilha, segundo o manifesto:
a necessidade de preservar a honra rio-grandense ultrajada pelo Governo Imperial
(....). A convicção que o Rio Grande tem de ser igual aos Estados soberanos seus
irmãos e de que o povo rio-grandense não reconhece outro juiz sobre a terra além
do Autor da Natureza, nem outras leis além daquelas que constituem o Código das
Nações (RODRIGUES, 1994, p.14).
Publicado no jornal A República do Rio de Janeiro, o Manifesto Republicano de
1870, assinado por Joaquim Saldanha Marinho, ex-presidente de Minas Gerais e São Paulo
e por mais 57 republicanos, salientava que o autoritarismo e o regime de privilégios eram as
principais causas da decadência política do Império.
O manifesto afirmava que no Brasil imperial não havia representação por duas
razões: porque não havia eleições livres, devido ao controle exercido pela força pública, e
por causa da existência do poder moderador capaz de dissolver a Câmara e apoiado num
senado vitalício.
Os republicanos de 1870 afirmavam que enquanto houvesse Monarquia no Brasil,
seria impossível fazer representar os interesses dos cidadãos. A cultura jornalística dos
signatários desse manifesto revela-se pelas mãos de Firmino da Silva, Francisco Octaviano
e Sayão Lobato, todos do Correio Mercantil, Pinto Campos da Constitucional de
Pernambuco, Barão de Cotegipe do Diário do Rio de Janeiro, Joaquim Manoel de Macedo
do Diário do Povo e João Mendes de Almeida do Diário de S.Paulo (RODRIGUES, 1994,
p.20).
O manifesto acima marca a criação do Partido Republicano Federal, dirigido por
Saldanha Marinho até 1888. Enquanto José do Patrocínio foi o polemista lutador da
Abolição, a propaganda da República teve seu órgão jornalístico em Quintino Bocaiuva, o
polemista da República.
58
Quintino também foi poeta, dramaturgo, crítico literário e teatral, além da principal
vocação, o jornalismo político, iniciado com Antônio Ferreira Vianna, que foi Conselheiro
e Ministro do Império, “no jornalzinho efêmero de jovens estudantes da Faculdade de
Direito de São Paulo, A Hora, onde manifestou, desde então, ainda adolescente, suas
preferências pela forma republicana de governo, às quais ficou fiel até sua morte (SILVA,
1962, p.24)”.
Bocayuva serviu ao Partido Liberal durante o Império, cujas idéias democráticas
mais se assemelhavam aos seus ideais republicanos e em cujas fileiras se encontravam seus
melhores amigos (SILVA, 1962, p.25). Ele foi considerado o mais lúcido dos
propagandistas da República, tendo iniciado esta atividade com o manifesto de 1870.
Mas foi em O Paíz, financiado pelo Conde de S. Salvador de Matosinhos, que
Bocayuva teve o seu mais largo e brilhante período de propaganda contra a Monarquia. De
1884, ano em que surgiu O Paíz, até 1889, esforçou-se o jornalista e o político “em
‘evangelizar’, como se dizia na época, o princípio democrático e republicano, tornando-se
um dos elementos mais eficazes na capital do Império, na luta contra a Monarquia (SILVA,
1962, p.26-27)”.
O Manifesto de 1870 foi publicado no primeiro número do periódico A República
que seria o órgão oficial do novo Partido.
Circulava então três vezes por semana. A partir de 4 de outubro do ano seguinte
[1871], a folha republicana, já sob a responsabilidade de Luiz Barbosa da Silva,
passa a ser editada em oficinas próprias e a circular todos os dias, figurando como
seus redatores Quintino Bocayuva (...). Durante o seu curto período de existência, A
República sofreu várias modificações em sua direção administrativa até que 9 de
outubro de 1972 assume a direção pessoal do jornal Quintino, cujo ardor pelos
ideais que esposara se revigorava cada vez mais no combate a dinastia bragantina.
A República, cuja edição diária atingiu a doze mil exemplares, tornando-se ‘a folha
mais atraente do Rio de Janeiro’, durou até 28 de fevereiro de 1874 (SILVA, 1962,
p.61).
Quintino Bocayúva escreve então para O Cruzeiro e O Globo, sua missão
jornalística é assim descrita:
representante da causa social, patrono obrigado de todos os interesses legítimos,
cumpre-lhe ser, no sacerdócio da imprensa, o defensor de todos os direitos e o
respeitador de todas as crenças, porque, nesse alto pôsto, o seu olhar abrange toda
as opiniões, todas as nuanças políticas da sociedade brasileira (SILVA, 1962, p.62).
59
Bocayuva dirigiu O País. Ele insiste na tese de que ‘um bom jornal’ deve ser neutro
e por isso ele enfrenta críticas dos que o acusam de ter abandonado as idéias republicanas.
Em 1884, funda-se O País. O seu primeiro exemplar aparece no dia 1º de outubro
(...). Era o único jornal que dava lustre à imprensa brasileira, o único elogiável sem
reservas e restrições, o único capaz de exercer salutar influência sobre a vida
política desmoralizada do país. Independente, fundamentalmente livre de quaisquer
peias, tinha como programa os interesses gerais do país e o progresso material e
moral da Nação (SILVA, 1962, p.62).
Com a fundação do Clube Republicano Federal há um princípio de recrudescimento
da propaganda pela imprensa. Novos jornais começaram a surgir. O Brasil Americano, A
Lanterna, numa tentativa de despertar e reerguer o espírito do Manifesto de 70, sob a
direção agora de Aristides Lobo, considerado o chefe da ala radical do Partido.
Durante os anos que se seguem, há como que uma parada, uma pausa nas atividades
republicanas. Somente em 1886/87 começa o movimento a reerguer-se mercê de novos
nomes que vão surgindo na luta. Vários clubes e jornais são fundados, o partido participa
de várias eleições, embora sempre sem êxito (BASBAUM, 1967, p.208).
O cenário político após o Manifesto até a Proclamação da República consistia no
regresso de D. Pedro II ao Brasil em julho de 1888, não reassumindo efetivamente o poder.
Mostrou-se, ao contrário, cada vez menos assíduo nas atividades públicas e permaneceu
longo período em Petrópolis. O imperador repousava, mas a propaganda republicana não.
Ao contrário, fortalecia-se (CUNHA, 1999, p.558).
Excelente argumentador, Quintino Bocaiúva conseguiu forjar um ‘partido da
ordem’, ordem capitalista, desejada pelos setores agrários e, boa parte das elites urbanas e
da ordem como fundamento da autoridade e do progresso, desejada pelos militares,
positivistas ou não (CUNHA, 1999, p. 559).
No Congresso Republicano de maio de 1889 em São Paulo, Bocaiúva foi
encarregado da propaganda do movimento, realizando uma campanha de doutrinação pela
imprensa. Seu desejo mais ardente era a mudança do regime monárquico pelo republicano.
Ele poderia ser chamado hoje, o ‘marqueteiro’ do movimento republicano.
Quintino Bocaiúva foi eleito chefe do Partido Republicano Nacional, pois Saldanha
Marinho, velho e doente, não mais podia exercer essas funções. A eleição de Quintino
significava a vitória dos grupos moderados do partido em oposição aos grupos radicais dos
quais o mais importante era o de Silva (BASBAUM, 1967, p.219).
60
SODRÉ (1999, p.251-2) defende a idéia de que Quintino foi à figura mais eminente
da imprensa brasileira em sua época:
Autêntica vocação para o jornalismo permitiria a Quintino, desde os bancos
acadêmicos, impor-se nessa atividade, ainda quando ela parecia subalterna e até
negativa, entre nós. Escritor, homem culto, personalidade marcante em seu tempo,
optara finalmente pelo mister que o glorificaria, e que ele sempre honrou,
abandonando pouco a pouco as ilusões literárias, a crítica, o teatro, sempre acatado
como par, entretanto, no meio dos homens de letras. Republicano convicto, com os
maiores e mais antigos serviços à causa do novo regime, em cuja propaganda se
empenhara desde os tempos de estudante, e a cujos princípios ficou fiel ao longo de
toda a sua existência, como político e como jornalista, a entrada de Quintino
Bocaiúva para o primeiro ministério republicano era mais do que o reconhecimento
de seus serviços e de seus méritos pessoais, porque era o reconhecimento da
importância que a imprensa tivera no advento do novo regime. Ninguém a poderia
representar melhor, realmente.
No fim de 1871, o Clube paulista subscreve o Manifesto de 1870 embora
ressalvando o seu desejo de permanecer independente. (BASBAUM, 1967, p.211). No Rio
Grande do Sul, segundo José Maria dos Santos na obra A Política do Brasil, não houve
propriamente republicanos históricos, no sentido que adquirimos ao pensar em Quintino
Bocaiúva, Aristides Lobo e Prudente de Morais (BASBAUM, 1967, p.214).
Assinado por Antônio Augusto da Fonseca e mais quatro republicanos, o Manifesto
do Congresso do Partido Republicano Paulista de 1873, obedecia à finalidade prática de
divulgar as linhas mestras traçadas pelos republicanos no Congresso realizado em São
Paulo naquele ano, no aspecto relacionado com a orientação do Partido na Província.
O Manifesto do Clube Republicano do Pará de 1886 demonstrou pela primeira vez
“as idéias de fraternidade americana (geográfica e cronológica: une os países e as diferentes
gerações) e da dimensão mística dessa luta que tem seus próprios mártires (RODRIGUES
1994, p.22)”.
Assinado por J. Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva e Campos Salles, o
Manifesto do Congresso do Partido Republicano Federal de 1887, fez uma ampla crítica à
monarquia e ao sistema do governo do Império que eram os responsáveis diretos pela
situação de crise vivida pelo país.
Elaborado por Rangel Pestana, Américo de Campos e Silva Jardim, o Manifesto do
Congresso do Partido Republicano Paulista de 1888, assinado por Manoel Ferraz de
61
Campos Salles, presidente do Partido da Província de São Paulo, referia-se a Lei Áurea que
recém extinguia a escravatura.
O último manifesto antes da Proclamação da República, segundo RODRIGUES
(1994), o do Partido Republicano de Pernambuco de 1888, obra provável de Aníbal Falcão,
é uma unção de idéias positivistas que influenciou os jornais de Recife: A crença (1870), O
Americano, O Movimento (1872) e O trabalho (1873).
1.3.Partidos Políticos
“A era dos partidos está desaparecendo. Os partidos eram importantes na era da
ideologia. Hoje são irrelevantes e políticos não identificados com partidos tem obtido
vitórias importantes, como Collor no Brasil”, de Dick Morris, ex-assessor do presidente
americano Bill Clinton, In: QUEIROZ, 2005, p.19.
Quem ganha [o candidato], evidentemente, fica feliz e passa quatro anos administrando o
seu mandato. Quem perde continua em campanha a partir do dia seguinte ao anúncio do
resultado (QUEIROZ, 2005, p.15).
O manifesto de 1870 foi a ‘voz de um Partido que se alça para falar ao país’. O
documento atacava a monarquia hereditária, o Senado vitalício, o sistema eleitoral, a
centralização do poder, o excessivo poder de D. Pedro II e propõe um novo regime de
governo, a República Federativa.
“Se a organização dos Republicanos em um partido político era um fato novo, não
eram novas as idéias republicanas. Elas, tradicionalmente, estavam ligadas, desde antes da
Independência, a todos os movimentos contestadores (CASALECCHI, 1981, p.40)”.
No regime monárquico, os dois tradicionais partidos foram o Conservador e o
Liberal. “Tinham os seus programas e alternavam-se no poder de 1840 a 1889
(CASALECCHI, 1981, p.40)”. Os conservadores eram os defensores da monarquia, da
centralização do poder, da administração e instituições do Império. Os liberais pretendiam
reformas: extinção do Poder Moderador, do Senado vitalício, a descentralização do poder, o
fim do Conselho de Estado, reforma eleitoral. As idéias desses últimos estavam próximas
aos ideais defendidos pelos republicanos, mas não propuseram a mudança de regime.
Um terceiro partido existente na monarquia, foi o Partido Progressista criado em
1862, composto por liberais e conservadores moderados. “Conseguem o poder de 1862 e
62
1868. Pretendiam a moralização dos costumes políticos, a descentralização administrativa,
a reforma eleitoral, a defesa dos direitos dos indivíduos (CASALECCHI, 1981, p.42)”.
De acordo com a legislação imperial, era necessário estabelecer listagens de
eleitores e elegíveis em cada distrito eleitoral, conforme suas faixas de renda. Todo homem
livre que tivesse superior a 200$000 réis era qualificação como votante.
Mas foi em 1870 que os republicanos do Rio se julgaram suficientemente
numerosos para se reunirem e fundar um Partido. No dia 3 de novembro desse ano, 30
pessoas fundam o primeiro Clube Republicano ou Partido Republicano. Um mês depois,
precisamente a três de dezembro, é publicado o célebre Manifesto que, sintetizando a média
do pensamento republicano, iria servir de base e ponto de aglutinação para os clubes
republicanos que a partir daí se foram fundando em várias cidades do país (BASBAUM,
1967, p. 207).
Com o lançamento do Manifesto Republicano de 1870 todos os Clubes Radicais do
país foram convertidos em Republicanos, sendo inclusive criados novos em algumas
localidades. Logo, devido ao seu grande engajamento, os clubes paulistas obtiveram maior
evidência.
Nesta época, o sentimento republicano era ainda uma idéia vaga, esparsa,
distribuída por alguns elementos mais ou menos intelectualizados das cidades maiores,
principalmente no Rio de Janeiro (BASBAUM, 1967, p.206).
BASBAUM (1967, p.214), opina, “nunca houve em nosso país, em todo o período
da propaganda, e nem mesmo depois da instauração da República, um Partido Republicano
Nacional, que congregasse realmente numa unidade todos os republicanos do país”. Os dois
maiores Partidos Republicanos do Rio e São Paulo era independentes entre si e suas
relações eram antes formais. Sempre se mantinham, senão isolados, seguramente
independentes. O partido só era nacional no nome.
Ao estabelecer um partido organizado, os republicanos definiam uma direção
central para garantir o sucesso de suas estratégias de comunicação. Na opinião de
TCHAKHOTINE (1967, p. 292), “uma condição importante a preencher para o sucesso de
uma propaganda maciça é a uniformidade e a simultaneidade da ação de propaganda em
muitos lugares do país, de que resulta a necessidade de uma direção central para cada ação
de grande envergadura”.
63
Em janeiro de 1872, Américo Brasiliense reúne em sua casa, na cidade de São
Paulo, alguns republicanos para impulsionar o movimento neste estado. É constituída uma
comissão formada por ele próprio, Campos Salles e Américo de Campos. Algumas
conclusões são feitas, entre elas: a realização de uma Convenção em 1873, para estabelecer
as bases de atuação do Partido no estado. Fica definida a cidade de Itu, devido a sua
conveniente localização, aproveitando ainda a data prevista da festa inaugural da linha
férrea da Companhia Ituana; promover, “por todos os meios a seu alcance larga e eficaz
proteção à imprensa republicana, principalmente aos jornais que sustentam aquela idéia na
Corte e nesta Província (DEBES, 1975, p. 94)”.
A imprensa partidária tornou-se o principal instrumento de comunicação entre os
membros do Partido Republicano, sendo considerada mais eficiente que circulares,
justamente por levar rapidamente as notícias a todos os pontos do estado. Mais do que
simplesmente facilitar o contato, os informes e notícias publicados nos jornais serviam
como um forte instrumento de propaganda.
A Convenção de Itu realizou-se no dia 18 de abril de 1873, ficando definido a
formação do Partido Republicano Paulista e suas normas de funcionamento, transformando
os clubes e núcleos dispersos, num partido político provincial organizado.
Um partido político criado durante o Governo Provisório, em 28 de maio 1890, foi o
Partido Católico, indicando D. Antonio Macedo da Costa (bispo do Pará) para sua
presidência, mas o cargo não foi aceito. O partido propunha combater o ateísmo e
anticlericalismo e à defesa das ‘crenças da igreja’, usando assim a resistência aos meios
legais e pacíficos, sem nunca usar as armas revolucionárias (CASALECCHI, 1987, p.66).
Em 1909, sob a chefia de Bocauyva e de Pinheiro Machado se fundou o Partido
Republicano Conservador, para cooperar na execução do programa governamental do
candidato, marechal Hermes da Fonseca (sobrinho de Deodoro) como “constituir-se em
agremiação permanente e de ação política para o efeito de assegurar ao país um núcleo de
elementos conservadores capazes de manter os princípios cardiais do nosso regime, acudir
às nossas necessidades e fomentar o nosso progresso (SILVA, 1962, p.39)”.
64
1.3.1.O Partido Republicano
Realizando uma propaganda serena, sem divisar pessoas, sustentando tão-somente idéias,
através de conferências e de publicações, puderam os catequistas da república reunir
dentro em pouco os rincões da Pátria, por intermédio de sociedades republicanas (SILVA,
1962, p.67).
Apesar da enorme extensão do território nacional e das deficientes via de
comunicações então existentes, o Manifesto de 1870 obteve enorme repercussão em todo o
país e ativou o entusiasmo pela doutrina democrática, contribuindo poderosamente para a
formação de novos clubes republicanos e o agrupamento desses em partidos regionais,
como o de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul (SILVA, 1962, p.68). “No
dia 17 de janeiro de 1872, formava-se em São Paulo a comissão organizadora do Partido
Republicano Paulista, que congregaria os antigos clubes radicais e os centros republicanos,
para elaborar o programa da ‘Convenção de Itu’”.
Segundo SILVA (1962, p.68) apud Affonso Taunay “era o primeiro ponto do
território brasileiro de onde partiu vigoroso brado de adesão ao movimento republicano
iniciado em 1870”. Para CASALECCHI (1987, p.47), “não foi mero acaso encontrar-se em
São Paulo o mais forte Partido de oposição a Monarquia: o republicano. O
desenvolvimento material pedia na década de 1860, dentre elas o espírito associativo dos
paulistas”.
O Partido Republicano de São Paulo tinha como base o fortalecimento dos núcleos
municipais, os quais deveriam definir representantes para participar dos congressos anuais
realizados pelo Partido. Após a convenção e o manifesto de 1870, coube aos republicanos
organizar o Partido, fazê-lo representativo nas províncias, lutar pela maior e mais ativa
participação na vida política imperial.
Seria de bom procedimento fortalecer a unidade do partido através de um sólido
Partido Nacional. Porém, esta tarefa, foi dificultada pelo “peso que os próprios
republicanos davam ao federalismo o que acabou por estimular a autonomia partidária nas
províncias (CASALECCHI, 1987, p.43)”. Apesar das tentativas dos republicanos do Rio de
Janeiro para fortalecimento do Partido Nacional, o Congresso Republicano só aconteceu em
junho de 1887 tendo como resultado: a constituição do Partido.
No dia 1 de julho de 1873, instala-se solenemente na capital Paulista, o I Congresso
Republicano Paulista e eleita a respectiva Comissão Diretora Permanente. No II Congresso
65
do Partido, em abril de 1874, foram aprovadas as Bases para a Constituição do Estado de
São Paulo. “Em São Paulo, onde a propaganda escrita chegou a contar em toda a Província
com vinte e um jornais, o órgão oficial do Partido surgiu a 4 de janeiro de 1875, com o
nome A Província de São Paulo, tendo como redatores Rangel Pestana e Américo Campos
(SILVA, 1962, p.69)”.
O fato significativo da proposta do jornal foi discutido no Congresso de 1874.
O Correio Paulistano (fundado em 1854) que fora ‘conciliador’, ‘conservador’ e
‘liberal’, passou a partir de 1872, a propagar o republicanismo, a Convenção de Itu,
os atos oficiais do partido e o Congresso de 1874, datas em que voltou a ser liberal.
Tal lacuna foi preenchida com A Província de S. Paulo que, apesar de ‘não ser
órgão de Partido algum, nem advogar interesse deles’, conforme dispunha, era
dirigido por José Maria Lisboa e contava com notórios republicanos entre seus
organizadores: Rangel Pestana, Campos Salles, Francisco Glicério, etc. Em 1884
surgia, a partir de dissidência neste periódico, o Diário Popular, sob a direção de
José Maria Lisboa, também republicano. Ao lado de A Propaganda (1871) e O
Debate (1874), de curta duração, nascia com mais fôlego A República (do Clube
Republicano da Faculdade de Direito), completando o rol da imprensa nesse
acanhado número de periódicos (CASALECCHI, 1987, p.52).
No Rio Grande do Sul, onde era grande o número de clubes republicanos, Pinheiro
Machado e outros organizaram as bases do Partido Republicano Riograndense, dirigiram na
Província a propaganda do credo democrático. Do Clube Republicano de Porto Alegre
partiria a 12 de dezembro de 1881 a circular convocativa para a Convenção Republicana a
se reunir em fevereiro de 1882 (SILVA, 1962, p.69).
No dia 1º de janeiro de 1884, começou a circular A Federação, folha oficial do
Partido Republicano Riograndense, dirigido por Venâncio Ayres. O órgão oficial do
Partido alcançou desde logo inexcedível fulgor na propaganda das idéias da novel
agremiação, opondo-se triunfalmente ao ‘gasparismo’ então dominante. “Deve-se, no
entanto, a Júlio de Castilho, o brilho com que se manteve posteriormente A Federação
nessa memorável campanha de evangelização republicana no Rio Grande (SILVA, 1962,
p.70)”.
O Partido Republicano Mineiro foi fundado a 4 de junho de 1888, em reunião
realizada em Ouro Preto, onde estiveram presentes 34 correligionários. No primeiro
Congresso, no dia 15 de novembro do mesmo ano, compareceram delegados de 47
municípios, no qual discutiram e votaram o estatuto partidário, determinaram a fundação de
um jornal e nomearam a comissão para redigi-lo. “Além dos clubes espalhados em todo o
66
país, constavam ainda os republicanos com vários jornais de disseminação doutrinária, cujo
número se elevaria, em 1889, a 74 órgãos, segundo Oliveira Vianna (SILVA, 1962, p.71)”.
Dentro da Academia de Direito de São Paulo, surgiram as primeiras manifestações
democráticas. Em julho de 1874, Pinheiro Machado, fundou o Clube Republicano
Acadêmico, em cuja presidência honorária estava Américo de Campos, do jornal A
República. Posteriormente, surgiria o Clube 20 de Setembro e o seu órgão Evolução,
periódico redigido por Júlio de Castilhos, cujo primeiro número circulou em 15 de abril de
1879 (SILVA, 1962, p.72).
Em 1878, na Corte, alunos da Escola Militar, fiéis aos ideais contidos no Manifesto
Republicano de 1870, fundaram o Clube Republicano da Escola Militar, cujas reuniões
eram secretas (SILVA, 1962, p.72).
O movimento republicano fluminense que tinha majoritária concentração na capital,
o centro mais populoso e palco de todos os importantes acontecimentos políticos do
Império eram dificultados pela presença do governo e de suas forças de repressão e
cooptação (CASALECCHI, 1987, p.46).
As convenções paulistas não foram realizadas anualmente. Os manifestos foram
lançados em 1872, 1874, 1878, 1880 e 1888 (CASALECCHI, 1987, p.50). Apesar disso,
uma doutrina republicana foi sendo esboçada e o Império sentia sua presença.
A Partido Paulista se mobilizou para produzir o ‘Programa dos Candidatos’. Um
trabalho coletivo dividido em doze capítulos, assinado em 18 de agosto de 1881, pelos nove
republicanos que disputariam as próximas eleições gerais e provinciais. O Programa
unificava a plataforma política dos candidatos e servia com um guia para as campanhas
eleitorais. Surgiu como uma grande inovação por ter sido divulgado publicamente pela
imprensa. Para garantir a visibilidade, foi sendo apresentado aos poucos, durante vários
dias nos jornais partidários.
Cada um dos candidatos empreendeu excursão eleitoral pelas localidades de seus
respectivos distritos. Promovendo comícios, também chamados de meetings, para
apresentar os princípios democráticos defendidos pelo Partido. Eles tinham consciência da
eficácia da propaganda desenvolvida com dedicação individual, seguindo, ainda que
intuitivamente, o conceito defendido por DOMENACH (1963, p. 50):
67
O verdadeiro propagandista, aquele que quer convencer aplica toda espécie de
receita, segundo a natureza da idéia e dos ouvintes, agindo, de início, pelo
contágio de sua fé pessoal, por suas próprias virtudes de simpatia e eloquência.
Não são elementos facilmente mensuráveis; contudo, a propaganda de massa teria
resultados insignificantes se não fosse sustentada por tenaz e múltiplo esforço de
propaganda individual.
Mas apesar de todo empenho, nenhum republicano foi eleito para deputado da
Assembléia Geral, em 31 de outubro de 1881. “Cinco dias depois, a 4 de novembro,
realizam-se novas eleições, dessa vez para a renovação da legislatura provincial”
(MENEZES, 1974 p. 43). Dessa vez, seis candidatos saem vitoriosos, pela primeira vez o
Partido Republicano elege Deputados Estaduais, justamente no estado de São Paulo,
comprovando a força do movimento paulista.
Somente nas eleições de 1884, segundo pesquisa realizada por MENEZES (1974, p.
46), Campos Salles e Prudente de Morais, por São Paulo, e Álvaro Botelho, por Minas
Gerais, seriam os primeiros deputados republicanos eleitos à Assembléia Geral. Os
republicanos indicaram candidatos para oito dos nove distritos, utilizaram basicamente as
mesmas estratégias de propaganda política de 1881, acrescentado uma inovação visual que
merece destaque: “alguns dias antes do pleito, A Província (de São Paulo) dedica sua
primeira página à propaganda de cada qual deles, em que a biografia do postulante é
acompanhada de seu retrato em tamanho avantajado (DEBES, 1975, p. 107)”.
Os republicanos agregaram valor estético inovador à propaganda escrita, rompendo
as formas tradicionais e o pensamento vigente da época. Na visão de TCHAKHOTINE
(1967, p.287):
As possibilidades de ação de que tratamos podem ser secundadas por imagens
que transmitem idéias e sentimentos com extrema rapidez e que são muito úteis
como meios de evocação dos estados d’alma desejados. Uma organização
racional da redação de um jornal visa criar, junto a ele, arquivos de informações e
de imagens e classificá-los de modo que os elementos indispensáveis possam ser
consultados em pouco tempo, o que contribui, naturalmente, para as necessidades
do combate político por meio da imprensa.
A partir de 1886, no intuito de arregimentar novos adeptos, o Partido Republicano
passa para uma nova fase de expansão propagandista. Reconheciam a insuficiência da
imprensa, na campanha de proselitismo, mesmo contanto com sua intensa participação. Era
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necessário pensar em estratégias de comunicação mais amplas e agressivas, precisavam agir
e utilizar outros meios. Passariam a trabalhar a relação entre ideologia e política com maior
vigor, na tentativa de transformar conceitos particulares em universais, seguindo a idéia de
DOMENACH (1963, p.20):
Outro tipo de propaganda, de tendência totalitária, decorre da fusão da ideologia
com a política, intimamente ligada à progressão tática, joga com todas as “molas”
humanas. Não se trata mais de uma atividade parcial passageira, mas de expressão
concreta da política em movimento, como vontade de conversão de conquista e de
exploração.
Assim, deram início às conferências doutrinárias, agindo mais uma vez de maneira
inovadora, promovendo pela primeira vez no país, cursos de “Ciências Políticas”. A idéia
teve origem e foi aplicada inicialmente pelo Clube Republicano de Campinas.
O Movimento Republicano atinge seu momento de mais forte atuação com as
decisões tomadas no Congresso Provincial do Partido em 1888. A proposta evolucionista
defendida na Convenção de Itu é trocada, por muitos membros do partido, pela idéia de
revolução. Esta idéia era encabeçada por Silva Jardim, como confirma SILVA:
E fora de dúvida que os grandes agitadores republicanos dessa época foram Lopes
Trovão, ardente e imaginoso orador de comícios, e Silva Jardim, cuja palavra
inflamada empolgava o povo nas ruas. Ambos, segundo observa com oportunidade
Evaristo de Moraes, agiram sem determinação nem delegação do Partido
Republicano, o qual, numa e noutra fase, se os não repudiou, pelo menos não lhes
deu aprovação (SILVA, 1962, p.84).
A propaganda de Silva Jardim tomou, entretanto, tamanhas proporções, era tão
evidente a sua eficácia, os seus resultados eram tão imediatos, que a monarquia
tomou a deliberação de resistir-lhe. Cada vez que o orador republicano assomava à
tribuna, corria iminente perigo de vida; pedradas, tiros de revólver, tumultos, lutas à
mão armada interrompiam-lhe o discurso e ele, de pé na tribuna , com os braços
cruzados, o sorriso nos lábios, esperava que a tormenta passasse e continuava
(SILVA, 1962, p.85).
Portanto, Silva Jardim e Lopes Trovão agitavam o povo em comícios que muitas
vezes eram dissolvidos, em meio de conflitos sangrentos, pela polícia ou pela guarda-negra,
cuja missão consistia em perturbar as manifestações públicas dos republicanos e coagir os
adeptos do novo credo (SILVA, 1962, p.87).
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O congresso republicano de maio de 1889, em São Paulo iniciou-se com a demissão
do Conselho Federal. Eleito Quintino Bocayuva, Silva Jardim –que propunha a revolução
como forma de atingir o republicanismo- não aceitou a nova liderança e acabou por
denunciar a debilidade do movimento republicano nacional. Em junho de 1889 realiza-se
em Juiz de Fora, o último congresso até a proclamação da república. (CASALECCHI,
1987, p.44).
Dias antes da proclamação, a Comissão Central do Partido se reúne no escritório de
advocacia de Campos Salles e Bernardino de Campos, deliberando “desde logo prestigiar o
movimento do Rio, proclamando aqui a nova forma de governo”. Também foi deliberado
“fazer um grande comício popular e a ele submeter à escolha dos nomes de três cidadãos
para constituírem o governo provisório (CASALECCHI, 1987, p.58)”.
Eis aqui a confirmação da utilização de mais uma técnica da propaganda política, a
realização de comícios.
Após a Proclamação da República, durante o Governo Provisório, já na Assembléia
Constituinte, articulava-se o nome de Prudente de Moraes para a candidatura a presidência.
Embora contasse com a oposição inicial de Campos Salles e Bernardino de
Campos, tal candidatura acabou tendo o apoio do Partido Republicano Paulista e da
dissidência do Exército que, por não conseguir impor o nome de Floriano Peixoto,
apoiou Prudente, cabendo a este militar a vice-presidência (CASALECCHI, 1987,
p.60).
Instalada a Assembléia Constituinte em 15 de novembro de 1890, abre-se uma série
de incidentes em termo da luta por cargos-chave, dos projetos sobre a soberania do poder
legislativo e das limitações de poder do executivo, que culminaram com o a escolha do
futuro presidente (CASALECCHI, 1987, p.61). O cenário mostrava a candidatura de
Deodoro muito forte, especialmente entre os militares. O Partido Republicano Paulista
divide os apoios:
A partir de fevereiro de 1981, crescia a consciência do excessivo poder de Deodoro,
especialmente depois da queda do primeiro ministério (21.1.1891) e da indicação
do Barão de Lucena para o ministério (nome não aceito até por ferrenhos
deodoristas) e com muita influência sobre o presidente. Por isso, a oposição civil e
militar, busca o seu candidato. A indicação de Prudente de Moraes não tem o apoio
de Campos Salles e Bernardino de Campos. Os deodoristas ameaçam com a
ditadura militar, em caso de derrota pretendem dissolver a força a Constituinte. Os
seus opositores procuram organizar a resistência, em caso de vitória: Bernardino de
Campos articula-se com Jorge Tibiriçá (presidente do Estado de São Paulo),
enquanto Campos Salles, no Rio de Janeiro, toma providências para resistir à
ameaça deodorista (CASALECCHI, 1987, p.61).
70
O Partido Republicano Paulista organiza uma comissão revolucionária e articula-se
com o movimento de resistência no Rio organizado em torno de Floriano Peixoto. O vice
assume a presidência após renúncia de Deodoro. Passam-se décadas até que em 1926, é
fundado o Partido Democrático, marcando o início do processo de decadência da oligarquia
perrepista.
1.5.Biografia político-militar de Deodoro da Fonseca
Manuel Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827 em Alagoas, então
capital da Província de Alagoas, hoje Marechal Deodoro, a 20 km de Maceió. Filho de
Manuel Mendes da Fonseca, militar que se insurgiu contra o Império e foi vereador da
cidade de Alagoas, e de Rosa Maria Paulina da Fonseca, que teve dez filhos, sendo oito
homens que seguiram a carreira militar e duas mulheres (KOIFMAN, 2002. p.21-23).
Deodoro, terceiro filho, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família e aos 16
anos, matriculou-se na Escola Militar, terminando o curso de Artilharia em 1847. Um ano
depois de formar-se, estava no Recife participando de sua primeira ação militar: conter a
Revolta Praieira 1848-1850 (KOIFMAN, 2002. p.24).
Casou-se aos 33 anos, no dia 16 de abril de 1860, com Mariana Cecília de Souza
Meireles. Não tiveram filhos, mas adoravam os sobrinhos como Hermes da Fonseca, que
também chegou a presidência, e João Severino da Fonseca Hermes, secretário Geral de seu
governo.
A herança política vem do pai de Deodoro, Manuel Mendes da Fonseca que tinha
como objetivo de vida o alto comando. Mas a política atravessou sua vida. Quando
vereador na cidade de Alagoas, então capital provincial, insurgiu-se contra o Império, que
tencionava elevar a vila de Maceió a capital.
Pegou na espada em 1839 em defesa dos interesses locais, mas o movimento foi
derrotado. Assim, Manuel foi preso e deixou para trás a cidade, a mulher e os filhos –
coincidentemente em 15 de novembro, meio século exato antes do famoso 15 de novembro
que seu filho lideraria a Proclamação da República (KOIFMAN, 2002, p.21).
71
1.5.1. Combates e Condecorações Militares
Dentre as combates e condecorações recebidas por Deodoro da Fonseca em sua carreira
militar, consta (D’AMARAL, 1974, p.9-11):
1852- torna-se primeiro-tenente;
1856- torna-se capitão;
1859- viajou para o Mato Grosso; parte para o Uruguai onde participou do cerco de
Montevidéu em 1865, ano em que seguiu com o Exército brasileiro para o Paraguai;
participa do combate de Itapiru, é comissionado como major, comandante do 2º Batalhão
de Voluntários da Pátria, recebe menção especial por desempenho no combate do Banhado;
1866- combate em Estero Bellaco, participa da batalha de Tuiuti, recebe condecoração com
grau de cavaleiro da Ordem do Cruzeiro, efetivado como major;
1867- condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem do Cruzeiro e citado com louvor nas
ordens;
1868- promovido a tenente-coronel por bravura, combate em Angostura e em Itororó,
promovido a coronel por atos de bravura;
1869- recebe a medalha do mérito militar, participa da Campanha da Cordilheira e do
combate de Peribebuí;
1870- embarca para a corte, nomeado dignatário da Ordem Imperial do Cruzeiro;
1874- promovido a brigadeiro (general de brigada);
1880- comendador da Ordem de São bento de Aviz;
1884- marechal de campo (general de divisão, comandante das armas da Bahia e do Rio
Grande do Sul;
1885- quartel-mestre general (chefe da intendência e diretor do material bélico), cumula o
cargo de vice-presidente da Província do Rio Grande do Sul, início da Questão Militar;
1887- pede dispensa do comando das armas e da vice-presidência da Província, presidente
do Clube Militar;
1888- demitido do cargo de quartel-mestre general, candidato a senador pela corte e
derrotado, manifesta-se contra o emprego do Exército na caça a escravos fugidos, nomeado
comandante das forças de terra e mar em observação em Mato Grosso;
72
1889- volta à corte, enfermo e irritado com o governo. Recebe grande manifestação popular
e começa o cerco dos republicanos. Proclama a República em 15 de novembro, e assume a
chefia do Governo Provisório;
1889- Aclamado Generalíssimo de terra e mar, primeira crise do Ministério;
1891- demissão coletiva do Ministério, aprovação da constituição no Congresso. Deodoro
eleito no dia 25 de fevereiro, presidente do Brasil, tendo Floriano Peixoto como vice.
Dissolução do Congresso e renúncia de Deodoro.
1892- morre as 12h20 do dia 23 de agosto.
Capítulo 2. Proclamação da República
2.1. Antecedentes da Proclamação
O visconde de Ouro Preto foi um grande opositor de Deodoro da Fonseca.
Administrador de capacidade comprovada, homem público de intocável honradez, Ouro
Preto se perdia pela intransigência, pela inflexibilidade e pelo espírito rigorista. Um
exemplo de sua atitude áspera foi à escolha de Cunha Matos para exercer a presidência da
Província de Mato Grosso, a quem Deodoro ficaria subordinado. “A intenção de Ouro
Preto, ele o confessaria, mais tarde, em seu manifesto, era chamar Deodoro de seu desterro,
fazendo-o regressar, prestigiado, à corte (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 10)”.
A reação de Deodoro foi abandonar Mato Grosso. “Sua irritação era grande, não só
pelos melindres que lhe causara a tentativa de impor-lhe uma subordinação ao coronel
Cunha Matos, em que via um propósito de humilha-lo, como ainda por verificar,
claramente, que servira de joguete à política imperial (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.
12)”.
Para aumentar o desgosto de Deodoro, ele toma conhecimento de que seu ferrenho
inimigo, o senador Gaspar da Silveira Martins, beneficiando-se com a ascensão dos liberais
ao poder, fora nomeado por Ouro Preto para a presidência do Rio Grande do Sul, cargo que
Deodoro tinha ocupado. Ele ainda desliga dois professores da Escola Militar de Porto
Alegre, dois amigos leais e dedicados de Deodoro.
A missão dos novos presidentes de Províncias foi “preparar as eleições de sorte e
assegurar o predomínio absoluto dos liberais na Câmara. Sentindo o perigo representado
73
pela compressão governamental, aliaram-se conservadores e republicanos, para
concorrerem ao pleito (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 13)”.
No entanto, o gabinete manipulava as eleições de tal forma que permitia apenas uma
representação simbólica dos dois partidos que lhe eram adversos: sete conservadores e dois
republicanos. No total de 139 representantes, apenas 9 seriam as vozes da oposição. Era
uma “Câmaras criada artificialmente pelos ministros, à custa da moeda múltipla dos favores
do poder e das pressões (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 14)”.
Deodoro se pronunciou sobre a falsificação das eleições. “As eleições me
surpreenderam. Eu sempre contei que o governo fizesse dois terços da Câmara e que os
conservadores e republicanos fizessem o outro terço... (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.
15)”.
A simpatia de Deodoro para com os republicanos começa a aflorar. Em entrevista de
Santos, ele dizia ser conservador, mas na realidade não obedecia a injunções, não respeitava
os vínculos partidários, desprezava os candidatos do partido para votar em candidatos
liberais, quando se tratava de colegas de farda. Acrescentava que não tinha aspirações
políticas. “Em dois outros anos de vida terei chegado ao mais alto posto do Exercito e
cantarei no Império como galo na torre (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 16)”.
Suas falas se contradiziam, pois tinha aspiração e a anunciava sem rebuços, seria,
tenente-general e por fim, marechal do Exército, o posto máximo da carreira.
2.1.1.Questão Militar
A chegada de Deodoro na Corte, no Rio de Janeiro, foi concorrida. A questão
militar inclinava manifestações coletivas, mesmo com episódios de caráter meramente
pessoal. Por outro lado, na Câmara Deodoro era atacado desabridamente.
O capitão Mena Barreto, vindo da Província do Rio Grande do Sul, começa a fazer
articulações descrevendo a situação do Exército que estava sendo atingido pelas piores
humilhações por parte do gabinete de Ouro Preto. Conversou com camaradas, promoveu
reuniões, agitou-se com um agudo senso de oportunidade e um dinamismo raro. Procurou
Deodoro, mas este estava de cama, enfermo, consumindo-se em dispnéias terríveis. Dona
Marianinha, a esposa e enfermeira dedicada, obriga-o a guardar o leito.
74
Mena Barreto se entende então com os sobrinhos de Deodoro, Clodoaldo e Hermes
Rodrigues da Fonseca. Como Deodoro não teve filhos, os sobrinhos exerciam sobre ele
adoração e por meio deles, Mena conseguiu uma visita á casa de Deodoro. Tudo aquilo, ia
inflamando Deodoro. Fazia-lhe mal, agravava o seu estado de saúde. Não se contendo ele
diz. “Não consentirei nisso! Irei ao Parlamento responsabilizar o gabinete pela sua falta de
patriotismo. Assestarei a artilharia. Levarei os sete ministros à praça pública e me
entregarei depois ao povo para ser julgado! (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 22-23)”.
Então Mena Barreto declara: “não nesse caso, vencedor o movimento, será V. Ex. o
ditador da República! (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 23)”.
Benjamin Constant, de melhor saúde, faz sua primeira visita a Deodoro, após um
ano. O presidente e o vice-presidente do Clube Militar analisam a situação. As
idéias de Benjamin são as mesmas de Mena Barreto e Sebastião Bandeira. Também
entendia que tal estado de coisas não podia continuar. E o caminho a seguir seria
um só: o da instituição de um novo regime. Teriam de marchar decididamente para
a implantação da República. Deodoro sentia-se tolhido, ainda. Recuava, por
motivos de rodem puramente pessoal. Era amigo do imperador. Estimava-o e
respeitava-o. Que ficasse no poder até morrer. Sua revolta era conta o ministério.
(...) Contudo, continua o estado de indecisão de Deodoro. Benjamin Constant,
porém, não desanima. Sente que é necessário aproximar-se do velho soldado os
elementos civis, ligados de longa data à propaganda republicana, e que poderiam
ajudar a convence-lo e dar-lhe a segurança de que o prestigiariam em sua ação
(MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 27)”.
2.1.2. A escolha de Deodoro
Porque a figura de Deodoro parecia tão indispensável? Por que o movimento não
marchou independente de sua participação, isolando-o à margem? Por que Benjamin
Constant, por tantos chamado ‘o fundador da República’, - título oficializado pelo
Congresso, - foi tão repetidamente à casa do marechal, insistindo em entregar-lhe a chefia
do movimento?
Tobias Monteiro (apud MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 28), responde as
perguntas acima, dizendo que por maior que fosse a confiança nos elementos agremiados,
Benjamin sentia que o golpe era incerto. “Era preciso uma grande audácia e sobretudo um
grande prestígio diante da tropa”, acrescenta, “para arcar contra sessenta e sete anos de
tradições monárquicas e quase cinqüenta de reinado”.
75
Para MAGALHÃES JUNIOR (1957, p. 28), a conquista de Deodoro representava,
assim, mais do que uma simples adesão pessoal: era uma cabeça de ponte nos altos
comandos do Exército. Através dele, poderiam ser arrebanhados outros oficiais generais,
que não se sentiriam tentados a confabular com simples alferes e tenentes. Benjamin
Constant e Quintino Bocaiúva, o chefe civil do movimento republicano, tiveram um virtude
rara: a de reconhecerem o limite de sua prestabilidade, de sua capacidade e de sua
eficiência. Fizeram um exame de consciência e viram que não teriam possibilidades de
êxito seguro senão transferindo a responsabilidade da deflagração do golpe contra a
monarquia a alguém mais altamente colocado, com maiores qualidades de mando e com
maior energia.
A Deodoro, doente, sujeito a crises alternadas de exaltação e de depressão, não
podia deixar de agradar aquele espetáculo, que não era de simples solidariedade,
mas de verdadeira adulação, pois que ele, enfermo, alquebrado, preso ao leito, a
todo o instante era proclamado a figura imprescindível, o homem predestinado, a
espada providencial. Diante dele curvavam-se todos, passando-lhe o bastão do
mando, aceitando-lhe as ordens, submetendo-se ao seu arbítrio. (...) Agora, esse
movimento já não lhe parecia tão desdenhável e a idéia de uma república feita por
ele próprio começava a seduzi-lo. (...) Deodoro, -esta é a verdade,- foi utilizado
como um instrumento dos republicanos, graças à fina argúcia psicológica de alguns
conspiradores (...) Numa certa medida, porém, Deodoro também os utilizava e aos
demais, que em torno deles se reuniam, como instrumentos de sua ambição de
poder (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.29).
2.1.3. Apoio do Diário de Notícias
A aproximadamente entre Deodoro e Rui Barbosa era natural e fácil de ser
promovida, dada a maneira pela qual o grande jornalista, nas colunas do Diário de Notícias,
vinha defendendo, em todas as oportunidades, os melindres dos militares, espezinhados,
antes, pela política conservadora e, agora, pela política liberal.
A 14 de outubro de 1889, o Diário de Notícias estampava o editorial “Assuntos
Militares (Expedição de Mato Grosso) –II”, inteiramente consagrado a Deodoro
O general Deodoro só discutiu, só exigiu os elementos que a responsabilidade do
seu cargo requeriam para o bom desempenho da comissão que se confiara; porém
nunca desceu, nem desceria, a tratar de questões dessa ordem. (...) Sem prévias
comunicações, sem a menor atenção, sem a mais rudimentar cortesia, mandou-se
um coronel substituir o general Deodoro, só porque esse coronel possui a rara
virtude das manivelas: obedecer passivamente à mão dirigente em qualquer sentido
(...) (Jornal Diário de Notícias, In MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.32.
76
A 25 de outubro de 1889, Quintino Bocayuva escreveu uma carta a Benjamin
pedindo-lhe uma entrevista, realizada a 26. Ao fim da conversa, ficou combinado que
outros encontros se processariam, de modo que, com a continuação dos entendimentos,
novos elemento republicanos fossem neles admitidos. No dia 30, Benjamin se encontra com
Aristides Lobo. Na noite de 4 de novembro, novamente vão a casa de Deodoro alguns
oficiais e lhe fazem ver a realidade. Deodoro continuava de cama por motivos de saúde. O
momento era de grande tensão. Impunha-se uma articulação rápida e a execução imediata
de um plano de ação eficaz. (...) corria até a notícia de que o Exército seria privado de seu
armamento moderno, o qual seria substituído pro armas obsoletas e descalibradas, as velhas
espingardas, tidas como imprestáveis (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 38).
Deodoro declara: Só mesmo se mudando a forma de governo. Da monarquia, nada
mais se pode esperar em benefício da pátria e do levantamento do Exército. Ordene V.Ex. a
manobra, que será executada. Ele autoriza os jovens oficiais a congregar mais soldados.
A idéia era fazer deflagrar o movimento no dia 10 de novembro, sustando o
embarque do 22º Batalhão de Infantaria para o Norte. Entretanto, o tempo foi julgado
insuficiente para a articulação dos elementos que lhe garantiriam o êxito.
A 31 de outubro, novo encontro se realiza, no escritório de Aristides Lobo. A esse
encontro comparecem o major Sólon Ribeiro e o capitão Mena Barreto, os quais pedem que
os jornalistas republicanos façam artigos, os mais incendiários possíveis, contra a
monarquia tanto para ir preparando a opinião pública, como para auxiliar a própria
articulação do movimento nos meios militares.
O trabalho de aliciamento continua, dentro e fora dos quartéis, enquanto o
ministério de Ouro Preto recebe fogo cerrado das baterias jornalísticas do Diário de
Notícias, de O País e do Correio do Povo. Aristides Lobo também se incumbe de coordenar
os elementos republicanos de São Paulo (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 40).
No dia 9 de novembro, o Rio de Janeiro, assistia uma das suas festas mais pomposas
e mais caras, o Baile da Ilha Fiscal, com presença do imperador, da família imperial e da
alta nobreza, do mundo oficial e do corpo diplomático. Benjamin convocara para a mesma
hora em que começara tal festa uma sessão do Clube Militar, que seria a última realizada
nos dias tumultuosos que marcaram o ocaso do Império. Presidindo os trabalhos, na
77
ausência de Deodoro, doente demais para deles participar, Benjamin alude os últimos
acontecimentos, criticando a conduta do governo e verberando os intuitos de hostilidade
para com o Exército. Ele queria naquele momento, que lhe fosse dada carta branca para agir
em nome dos seus companheiros, e isto lhe foi concedido. Compromete-se que em oito dias
encontraria uma solução honrosa para o Exército e Pátria (MAGALHÃES JUNIOR, 1957,
p. 43).
Rui Barbosa, ataca o Conde d’Eu e seus discípulos, a 10 de novembro, e a 11, sob o
título de “O Exército Banido da Lei” no Diário de Notícias, produz violento libelo contra o
governo.
Na noite que foi publicado o artigo, reúnem-se na casa do marechal Deodoro,
algumas figuras de maior destaque na conspiração, civis e militares. Deodoro ouve
Benjamin para que assuma a direção do movimento e apresse a proclamação da
República. Quintino entende que não se deve perder a oportunidade: ou será agora
ou talvez nunca. Participam todos do mesmo ponto de vista: o de que é necessária a
ação imediata. Deodoro ouve-os, sem interrompe-los, sentado em sua cadeira de
espaldar alto, com as mãos cruzadas por traz da nuca, numa atitude muito sua. Por
fim, declara: Eu queria acompanhar o caixão do imperador, que está idoso e a quem
respeito muito. Mas o velho já não regula. Se ele regulasse não havia esta
perseguição contra o Exército. Se não há outro remédio e se ele mesmo assim o
esperar dela... Façamos a República. Benjamin e eu cuidaremos da ação militar. O
Senhor Quintino e seus amigos organizam o resto... Ele cede, por fim, diante de
considerações superiores aos argumentos que invocara (MAGALHÃES JUNIOR,
1957, p.45-46).
Benjamin manifesta receios de que o movimento encontre resistência, do marechal
Floriano Peixoto, que ocupava uma da mais importantes posições do Ministério da Guerra,
o cargo de ajudante-general. Deodoro manda chamá-lo e ele tenta convence-lo a recente fé
republicana.
Eu também sempre fui monarquista, ainda que muito desgostoso e descontente
nestes últimos tempos. Agora, é forçoso nos convencermos de que com a
monarquia não há salvação possível para a Pátria e para o Exército. Já temos provas
de que, depois de tudo o que fizemos, eles seguiram a mesma senda e estão tratando
de aniquilar o Exército. E, demais, a República virá com sangue, se não formos ao
seu encontro sem derramá-los (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.49).
Faltava fixar a data em que teria lugar o movimento. Em nova reunião, na casa de
Deodoro, ficou estabelecido que seria a 20 de novembro, porque, nesse dia, deviam
inaugurar os trabalhos da nova Câmara, no edifício do Senado, com a presença dos
78
imperadores e de todo Ministério. Os conspiradores fariam cercar o edifício do Senado e ali
prederiam o soberano e todos os membros do governo.
Quintino já tinha organizado o Ministério. O ministro da Fazenda seria Rui Barbosa.
O do Interiro, Aristides Lobo. O da Marinha, o almirante Eduardo Wandenkolk. Benjamin
assumiria a pasta da Guerra. Para a Agricultura, Viação e Obras Públicas, convidara
Francisco Glicério, mas este recusa e indica o republicano do Rio Grande do Sul, Demétrio
Ribeiro.
Quando todos planos estavam assentados, quando quase nada mais faltava senão
Deodoro dar a voz do comando, fazendo deflagar o movimento, subitamente se agrava o
estado de saúde do ilustre soldado. Benjamin vai visitá-lo e sua impressão é de que está
diante de um moribundo, aquém não restam senão algumas horas. Benjamin vai ao
encontro de Aristides e Francisco Glicédio dizendo que o marechal não amanheceria e se
ele morresse, a revolução estava gorada. Foram dias de agonia não só para Deodoro, mas
para todos os que o cercavam (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.51).
Ouro Preto estava profundamente iludido, pois supunha que a situação estava sob
controle, com a Câmara liberal, graças à máquina destramente montada e aos processos
eleitorais da época, notoriamente fraudulentos. Sabendo que realmente se tramava alguma
coisa, Floriano escreve ao ministro da Justiça –e não a Ouro Preto-, minimizando a
conspiração, amesquinhando-a, diminuindo-lhe a importância.
Ouro Preto, no entanto, diz ao Ministro Visconde de Maracaju que é preciso tomar
providências contra Deodoro, reformando-o, se necessário for. O corôo Policial e a Guarda
Civil receberam ordem de ficar de prontidão. Tudo isso aconteceu dia 13 de novembro. A
Proclamação seria feita dois dias seguintes.
E Deodoro lutava contra a morte, sentado numa cadeira, arquejante, mal podendo
respirar, na prolongada agonia de sucessivas dispnéias.
O dia 14 de novembro de 1889 foi um dia tranqüilo, sem maior significação. No
jornal Cidade do Rio, o novo jornal de José do Patrocínio, lia-se na primeira página, a seção
“Semana Fluminense”, uma matéria em que se especulava com a abdicação de D. Pedro II,
nos seguintes termos: O imperador vai abdicar no dia 2 de dezembro, dizem todos. Por
quê? Que fundamento tem esse boato? Patrocínio respondeu na nota: “Posso assegurar que
o boato é falso (...) Virá a República? Mais uma vez patrocínio responde “Não”.
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O jornal republicano O País, no editorial “No Capitólio”, escrito por Quintino, dava
um aviso prévio ao ministro que vai ser despedido.
A hora presente é a do triunfo: a hora sucessiva há de ser a da sua derrota. Hoje o
Capitólio, mas amanhã na rocha Tarpéia, o Sr. Visconde de Ouro Preto não pe e não
será mais do que a sinistra reprodução de outros tipos idênticos – dos quais guarda a
história a mais execrável memória (AGALHÃES JUNIOR, 1957, p.58).
Para o imperador, o dia 14 de novembro era como qualquer outro. No momento em
que o imperador subia para Petrópolis, realizavam os líderes militares republicanos uma
conferência presidida por Benjamin Constant, a fim de dar balanço aos meios de que
dispunham. O major Frederico Sólon Ribeiro, declarou que o seu regimento tivera ordem
para aquartelar, no dia 15, na Escola Militar da Praia Vermelha, ficando assim isolado dos
outros corpos da Segunda Brigada. Benjamin alarmou-se: É indispensável adiar, sob um
pretexto qualquer, a execução dessa ordem, ainda que seja por espaço de 24 horas!
Espalhou-se, na Rua do Ouvidor, lugar mais próprio para a difusão dos boatos. Em poucos
instantes, chegava a notícia às redações dos jornais, era comentado por todas as bocas.
Convenciam-se os conspiradores civis e militares de que era indispensável agir, sem perda
de tempo.
Ouro Preto ficou sabendo do boato pelo jornalista Souza Ferreira, redator principal
do Jornal do Comércio. O Visconde afirmava: “Repito que não se lembrou o ministério de
mandar prender o marechal Deodoro, nem de fazer sair da Corte nenhum dos corpos da
guarnição. Mas, se as conveniências do serviço público o exigirem, não hesitarei em dar as
ordens necessárias (...)”. Ouro Preto comenta que se a ordem pública fosse perturbada não
seria sua culpa, “porém dos que promovem a propaganda subversiva e também dos órgãos
de publicidade que, devendo combatê-la, não o fazem, deixando-a sem contestação...
(MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 62)”.
2.2. O 15 de Novembro
Ás 3 e 30 da manhã, atendidas as providências de maior urgência, Ouro Preto
expede o primeiro telegrama a D. Pedro II, dando conta do que ocorria:
80
Urgente – A Sua Majestade, o Imperador. Senhor, esta noite o 1º e 9º Regimento de
Cavalaria e o 2º Batalhão, a pretexto de que iam ser atacados pela Guarda Negra e
ter sido preso o Marechal Deodoro, armaram-se e mandaram prevenir o chefe do
Quartel-General de que viriam desagravar aquele general. O Governo toma as
providências necessárias para conter os insubordinados e faze respeitar a li. Acho-
me no Arsenal de Marinha com meus colegas da Justiça e da Marinha. Outras
providências são tomadas, enquanto não chegam os demais ministros
(MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.64).
Ao chegar ao Quartel General da Guerra, ao romper o dia, Ouro Preto não previa o
desenvolvimento do episódio e, na melhor das intenções, passara um segundo telegrama ao
imperador, mais breve e imperativo: “Senhor - Dois batalhões revoltados. Venha. – Ouro
Preto”.
Os conspiradores se tinham adiantado. Deodoro, de primeiro momento, não
acreditou na informação do tenente Augusto Cincinato de Araújo, de que a Segunda
Brigada estava em armas, esperando que ele fosse comandá-la. “É mentira! Isso não é
senão uma cilada do governo!”, disse Deodoro. O tenente contesta: “Não, marechal. Quem
trouxe a notícia foi uma pessoa da maior confiança. O próprio cunhado do Dr. Benjamin...”,
Deodoro compreendeu: “Ah, foi ele? Nesse caso, é verdade. Tratemos de nos aprontar e
partamos! (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.66)”.
Nesse instante, Deodoro parecia esquecido da sua doença. Era como se os
padecimentos tivessem cessado de súbito. O homem que passara a noite arquejando, numa
cadeira, com o peito coberto de sinapismos, levantava-se, vestia-se, metia os arreios de usa
montaria num saco, punha um revólver no bolso e saía, com o tenente Cincinato, num carro
que mandara buscar. O carro roda rumo ao Quartel de São Cristóvão Demorando a sua
chegada, já havia saído a tropa, a caminho da cidade, sob o comando de Benjamin, que não
pudera conter a impaciência geral. O major Sólon Ribeiro vem a frente do 1º Regimento de
Cavalaria. O capitão Vespasiano de Alburquerque comanda o destacamento dos alunos da
Escola Superior de Guerra. O 2º Regimento de Artilharia, que conduz dezesseis bocas-de-
fogo, é comandado pelo major Lobo Botelho.
Perto do Gasômetro, vem marchando a tropa, em perfeita ordem, trazendo à frente
Benjamin Constant, montado a cavalo. Ao seu lado, também a cavalo, o tenente
Pedro Paulino da Fonseca, irmão de Deodoro, como que representando este e dando
aos seus camaradas um testemunho público da solidariedade do marechal. O carro
pára. Deodoro estava cumprindo a sua palavra, apesar dos sofrimentos físicos que o
afligiam. Está fardado, mas não traz a espada. Tinha o ventre tão dolorido que não
81
lhe ra possível suportar o cinto, de que deveria pender, e menos ainda o seu peso.
No momento em que o avistaram, alegram-se oficiais e soldados. Alguns se
excedem em vivas ruidosas, logo reprimidos com advertências dos superiores, que
pedem calma, silêncio e ordem nas fileiras. Deodoro relanceia a vista sobre a
formação militar já agora sob o seu comando. Quer saber das disposições dos
oficiais, se vieram todos. As respostas são tranqüilizadoras. Estão ali todos os que
estavam no quartel. Não falta um só (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.67).
Na rua Visconde de Itaúna, Deodoro desce do caro, sem qualquer auxílio, para
montar a cavalo. Fraquejam-lhe, porém, as forças, nesse momento, só conseguindo faze-lo
com a ajuda do irmão, tenente Pedro Paulino. Deodoro avança, com seus homens rumo ao
Quartel General. Manda Deodoro que Silva Tels vá intimar o ministério a render-se. O
Quartel-General está praticamente sitiado, sob a mira das peças de artilharia, trazidas de
São Cristóvão. Surge neste instante, um carro ministerial. Era o Barão de Ladário, titular da
Marinha, que se ia reunir aos seus colegas. Deodoro manda prende-lo. Sem se intimidar, o
ministro tira do bolso uma pistola, disposto a reagir. Atira no tenente Adolfo de la Peña,
sem acertar o alvo. Responde ao fogo o tenente. Deodoro se encaminha para o local e
soldados de seu piquete, temendo pela vida do marechal, fazem fogo contra o ministro.
Atingido por bala, em três lugares, e ainda, por uma coronhada na cabeça, tomba o Barão
de Ladário desfalecido, enquanto Deodoro intervém: “Não façam fogo! Não metem este
homem!”.
Silva Teles é admitido na sala em que estavam os ministros e o ajudante-general do
Exército. O Visconde de Ouro Preto lhe pergunta? “Os senhores, o que querem?”,
responde. “A Brigada quer a retirada do Ministério”. Floriano Peixoto recebe ordem e
hesita, passava aos poucos a atitude de hostilidade ao ministério. A autoridade de Ouro
Preto era simplesmente nominal. Ninguém obedecia ao velho homem de Estado.
O 10º Batalhão de Infantaria, com que contava o governo, ao vir para o Quartel
General, é praticamente envolvido pelo corpo de alunos da Escola Militar. Este envia um
ultimatum: ou adere ao movimento ou terá de enfrentar a luta ali mesmo, no Largo da Lapa.
Jacques Ourique, o comandante do 10º, opta pela adesão.
A longa espera convencera Deodoro que não haveria resistência. Do próprio
Floriano, recebe ele garantias no mesmo sentido, então manda abrir o portão do Quartel.
Deodoro saúda o ministro da Guerra, com a intimidade de parente próximo: “Adeus, primo
Rufino”. E logo se dirige a Ouro Preto com a arrogância dos vitoriosos, mas sem
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desrespeito: “Vossa Excelência e seus colegas estão demitidos por haverem perseguido
oficiais e revelarem o firme propósito em que estavam de abafar ou mesmo dissolver o
Exército. Os senhoras não têm, nem nunca tiveram patriotismo...”. Ouro Preto mantém a
dignidade no momento da queda: “A vida política, senhor marechal, tem também os seus
dissabores. E a prova disso eu a tenho agora mesmo. Vossa Excelência me fará justiça
algum dia”. Deodoro deixa extravasar suas mágoas. Renova as críticas ao gabinete e, em
particular, ao conselheiro Cândido de Oliveira, que, como ministro interino da Guerra,
baixara aviso proibindo discussões de oficiais pela imprensa. E acrescenta, dirigindo a Ouro
Preto: “Os demais estão livres, mas os senhores dois estão presos e serão deportados para a
Europa... Vossa Excelência, senhor visconde, é homem teimosíssimo, mas não tanto como
eu...”. Ouro Preto rebate dizendo: “... É o vencedor. Pode fazer o que lhe aprouver.
Submeto-me á força”. Deodoro já havia assumido a essa hora, antes mesmo de proclamada
a República, os poderes do imperador: 1º, para dar a demissão dos ministros, 2º, para
ordenar prisões, 3º, para decidir sobre deportações (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p 73).
Deodoro desce a escada, monta outra vez no cavalo e coloca-se à frente da tropa, já
engrossada pelo 10º Batalhão de Infantaria. Quando surge, a cavalo, recebe
aclamações delirantes, vivas, aplausos. Os chefes republicanos estabelecem contato
com a tropa. Quintino e Aristides ponderam ao major Sólon que, o imperador
ausente, o governo acéfalo, não se deve perder tempo. É preciso proclamar a
República já e já. Sólon se adianta pelo meio da tropa, e vai a Deodoro. Expõe-lhe
as razões de Bocaiúva e Lobo: “O Exército não deve sair daqui sem que, perante ele
o marechal declare proclamada a República”. Deodoro leva a mão ao quépi,
arranca-o da cabeça agita-o no ar e grita: “Viva a República Brasileira!”. Um oficial
oferece o seu cavalo a Quintino Bocayuva. Este vai formar ao lado de Deodoro e
Benjamin Constant. À frente da tropa, desfilam triunfalmente pelas ruas da cidade.
Aristides Lobo permanece a pé, no meio do povo. É uma testemunha dos
acontecimentos, de que era também um autor. E ficará célebre o seu depoimento,
em era também um autor. E ficará célebre o seu depoimento, em que dirá que o
povo assistiu, ‘bestializado’, á imprevista mutação do cenário político do país...
(MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p. 74-75).
O imperador recebeu o primeiro telegrama as 5 horas da manhã. D. Pedro II leu e
releu o telegrama, perplexo, sem compreender exatamente o que significava aquilo. Depois
de esperar cinco longas horas, ele recebe os dois últimos despachos de Ouro Preto, o
primeiro com os quais termina com a palavra: “Venha”. Diante disso, parte o imperador
rumo a Corte, antes, telegrafa à princesa Izabel, dando-lhe o aviso.
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Na ignorância de que, aquela hora, já os símbolos imperiais haviam sido retirados
da Câmara Municipal, invadida por um grupo de republicanos que tinha à frente o vereador
José do Patrocínio, além de alguns moços vibrantes como Olavo Bilac, pardal Mallet,
Lopes Trovão, Guimarães Passos, etc, e que da sacada dos jornais os republicanos faziam
arengas ao povo, em comícios improvisados (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.79).
As 3 horas da manhã. A porta da casa de Deodoro estava aberta, a sala iluminada. O
capitão Trompowski entregou a Deodoro, uma carta emitida pelo imperador, convidava-o
para organizar novo gabinete. Deodoro respondeu: “Não haverá novo gabinete... O capitão
explica: “Saiba senhor marechal que a família imperial não está perfeitamente
informada....Deodoro rebate: “Pois o senhor capitão poderá ir adiantando as informações...
Está proclamada a República Federal Brasileira. Já organizei o meu ministério. Como vê, a
República está feita... Foi feita ontem, sem derramamento de sangue e sem desacato à
família imperial. Ainda bem que assim foi, evitando que viesse tarde com derramamento de
sangue...”. Só ao acordar, a 16 de novembro, o imperador ficou sabendo que estava
deposto. (MAGALHÃES JUNIOR, 1957, p.81-82). Recebeu no mesmo dia, das mãos do
major Sólon Ribeiro, a intimação de Deodoro, Chefe do Governo Provisório, estipulando o
prazo de 24 horas para a família imperial deixar o Brasil. O transporte seria pago pelo
governo. Mais tarde, D. Pedro II comunicava que não aceitara tal ajuda.
2.3. Governo Provisório
O primeiro documento, em que os membros do novo governo, chefiado por
Deodoro, aparecem ligados, solidariamente, é a proclamação datada de 15 de novembro,
que não é um decreto, mas dissolve, desde logo, os órgãos legislativos e de consulta do
governo imperial.
No dia 16, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, realizou uma reunião solene, com
o propósito de receber o juramento dos membros do Governo Provisório.
O decreto nº 6 é o primeiro, oriundo do Governo Provisório, que trata de matéria
eleitoral: declara que são considerados eleitores para as câmaras gerais, provinciais e
municipais todos os cidadãos brasileiros no gozo de seu direitos. Deodoro teve de valer-se,
em muitos casos, para os governos dos Estados, de velhos companheiros de armas, ou
84
mesmo de jovens oficiais, que dele se haviam acercado no período agudo da ‘questão
militar’ ou no da conspiração republicana.
As primeiras semanas do Governo Provisório foram de intensa atividade legislativa.
Cada ministério era uma fábrica de leis. Cada ministro valia por um Congresso. A 27 de
dezembro, era assinado o decreto que convocara para o dia 15 de setembro de 1890 as
eleições para Constituinte, estabelecendo que os eleitos deviam estar presentes no Rio de
Janeiro.
2.4. A Constituição de 1889 e as regras eleitorais
2.5. Os Discursos Políticos
2.6. Crises prejudicam a imagem do candidato Deodoro............................................
2.6.1. Invasão do Jornal...................................................................................
2.6.2. Obra do Porto das Torres.......................................................................
2.6.3. Renúncia dos Ministros..........................................................................
Capítulo 3. Uso da propaganda política no período eleitoral
3.1. A Propaganda de Deodoro....................................................................................
3.1.1. Apoio de Militares...................................................................................
3.1.2. Reuniões em Clubes e Manifestos de Apoio...........................................
Foram três frentes de atuação que imprimiram tenacidade ao embate político
durante o período revolucionário: os jornais; os clubes e as festas. Foi através dos jornais de
opinião que o povo foi incitado a fazer a revolução; por sua vez, os clubes de caráter
político deram o tom agitador por meio de discursos inflamados, baseados na razão e na
persuasão; e por fim, as festas públicas foram muito importantes, pois o povo participava
ativamente da sua preparação, para depois comemorar de forma ufanista os ideais
comumente conjugados por todos.
Esses clubes são os comitês eleitorais de hoje, que centralizavam as diretrizes
políticas, de propaganda e organizavam a base política regional, importantíssima para os
candidatos, embora sem autonomia para tomar decisões fundamentais, que ficavam a cargo
85
da Comissão Executiva do partido. Os clubes eram ponto de encontro para candidatos e
correligionários. Durante o Império existiram 237 clubes espalhados pelo Brasil.
Foi nos quatro grandes centros – São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Minas Gerais, que os clubes republicanos formaram uma base sólida desde o Manifesto de
1870 até 1888, antes da abolição da escravatura, principalmente na província paulistana.
Logo após a promulgação da Lei Áurea, os clubes espalharam-se pelo Brasil.
Os clubes republicanos constituíram-se predominantemente na região Sul, onde as quatro
províncias mais desenvolvidas do país abarcavam 70% das agremiações ficando o Norte
com 30%.
Como comprova Suely QUEIROZ (1986, p. 81), “o Parlamento e a Imprensa foram
veículos essenciais, e bem assim os comícios que deram a tônica ao movimento”. A autora
inclui a presença dos clubes republicanos que “também representaram forma de
arregimentação bastante difundida, numa prática advinda do período imediatamente
anterior ao 15 de novembro, quando se criaram inúmeras dessas associações com o intuito
de propagar o ideal republicano”.
Alianças e Reuniões de Campos Salles
A Oposição
3.2.1. O Jornal ‘Bomba’....................................................................................
3.2.2. Atuação dos ‘Deodoristas’.......................................................................
Capítulo 4. A Cobertura das Eleições na Imprensa
4.1. Cenário da Imprensa...............................................................................................
4.1.1. Censura....................................................................................................
4.2. Cobertura da Eleição nos Jornais Republicanos.....................................................
4.3. Cobertura da Eleição nos Jornais Monarquistas.....................................................
4.4. A Revista Ilustrada e as Charges............................................................................
4.5. A Eleição................................................................................................................
4.5.1. A Posse....................................................................................................
86
4.5.2. A Dissolução do Congresso.....................................................................
4.6. Renúncia e Morte de Deodoro................................................................................
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