Download - DISURBIOS DA APRENDIZAGEM RESUMO.doc
MORAIS, A. M. P. DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM: UMA ABORDAGEM
PSICO-PEDAGÓGICA. S.P.: EDICON 1988. P.130.
“A especialização e o aprofundamento das ciências em torno do
universo humano, deram lugar de destaque às atividades gráficas já que se tornou
impossível transmitir todos os conhecimentos através da fala. Aprender a ler e
a escrever, deixou de ser privilégio dos mais abastados para se tornar
uma preocupação de todos os governos, pois se transformou num
termômetro de desenvolvimento social.” (p.15).
“Mas, se a linguagem oral (fala) é uma característica biologicamente
determinada que se envolva de forma natural e espontânea se existir um ambiente
estimulante (Condemarín,1980), e se a criança não apresenta nenhum distúrbio a
nível fonoarticulátório, o mesmo não acontece com a leitura e a escrita. Basta
salientar que dois terços da população humana não lê e nem escreve, enquanto
toda a população mundial fala (Ibidem, 1980). Neste sentido fica claro que a leitura e
a escrita não são características genéticas da espécie humana e, portanto sua
aquisição requer esforço e a existência de um ambiente estimulante”. (p. 15).
“No entanto, a leitura e a escrita não podem ser consideradas atividades
isoladas no processo de desenvolvimento da criança. Estes dois processos gráficos
fazem parte da evolução da linguagem que se inicia logo nos primeiros anos de vida
da criança.” (p.16).
“De acordo com Condemarím e Blonquist (1970), o desenvolvimento da
linguagem pode ser dividido em cinco etapas inter-dependentes e seqüêncializadas.
Inter-dependentes porque cada uma dessas etapas depende da anterior para se
desenvolve e, seqüencializadas, pois obedecem a uma seqüência de
desenvolvimento. Nesse sentido qualquer deficiência em uma dessas etapas poderá
implicar em distúrbios nas etapas posteriores.” (p. 16)
“A primeira etapa do funcionamento verbal é a aquisição do significado. Nesta
etapa, a criança adquire a noção e a função dos objetos que a rodeiam atribuindo-
lhes um significado social. É através da observação e da experimentação que a
criança relaciona os objetos aos seus respectivos significados. È através da
observação e da experimentação que a criança relaciona os objetos e seus
significados. Ao observar constantemente que a mamadeira é usada para tomar leite
(experimentação), este objeto adquire uma função e uma noção dentro do universo.
(...)” (p.16).
“A segunda etapa é a compreensão da palavra falada. Os objetos que
adquiriram significado para a criança são associados aos seus nomes. O nome
mamadeira ao ser repetido freqüentemente pela mãe, frente ao objeto mamadeira,
torna-se por si só , um estimulo que evoca o objeto. Neste caso ,sempre que o nome
mamadeira for dito evocará a imagem do objeto que se encontra armazenado na
memória da criança.” (p. 16).
“A terceira etapa é a expressão da palavra falada.[...] É a partir desta fase, que
o comportamento vocal (fala) da criança começa a se assemelhar à fala do adulto,
pois a criança compara os sons que emite aos sons falados pelos adultos e imita-os.
Vemos, portanto, que a fala se desenvolve por imitação e, é neste sentido, que uma
criança surda, geralmente não passa da etapa do balbucio porque não consegue
comparar nem imitar os sons emitidos por ela, com as palavras faladas pelos
adultos.” (p. 16).
“A quarta e quinta etapas são respectivamente, a compreensão da palavra
impressa (leitura) e a expressão da palavra impressa (escrita). Estes seriam,
portanto, os estágios superiores do desenvolvimento da linguagem.” (p. 16).
“No início do processo de aprendizagem da leitura, a criança tem de diferenciar
visualmente cada letra impressa e, perceber que cada símbolo gráfico tem um
correspondente sonoro. (...)” (p. 17).
“Ao entrar em contato com as palavras, a criança deverá discriminar
visualmente cada letra que forma a palavra, a forma global da palavra e, associa-la
ao seu respectivo som, formando uma unidade lingüística significativa. Se a
associação entre a palavra impressa e som não for realizada, a criança não poderá
ler, pois as letras e as palavras não terão correspondentes sonoros. (...)” (p. 17).
“Este processo inicial de leitura, que envolve discriminação visual dos símbolos
impressos e a associação entre PALAVRA IMPRESSA e SOM, é chamado de
decodificação e é essencial para que a criança aprenda a ler.” (p. 17).
“Mas, para ler, não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos
impressos, é necessária que exista também, a compreensão e a analise crítica do
material lido.” (p. 17).
“A compreensão não é nada mais do que relacionar as palavras que são
decodificadas aos seus respectivos significados (objetos).[...] Sem a compreensão ,
a leitura deixa de ter interesse e de sr uma atividade motivadora, pois nada tem a
dizer ao leitor. Na verdade, só se pode considerar realmente que uma criança lê
quando existe a compreensão. Quando a criança decodifica e não compreende, não
se pode que ela está lendo.” (p. 17).
“A última fase do processo da leitura é a analise crítica acerca do material
impresso que é decodificado e compreendido. Ao ler uma frase ou um texto, o leitor
deverá reagir às idéias impressas.As reações podem ser emocionais ou intelectuais.
A crítica emocional caracteriza-se pelas reações do tipo: gostei, não gostei, simpatia
por algum personagem, antipatias por´alguma ação prática etc. Já as reações
intelectuais, caracterizam-se pela avaliação teórica dos fatos – sua exatidão ou
inexatidão; pela análise do contexto social que enquadra os fatos que estão sendo
apresentados etc.” (p. 18).
“Independente do tipo de reação, se é emocional, intelectual ou as duas, a
análise do conteúdo lido é sempre feita partindo de referenciais internos do próprio
leitor.” Cada indivíduo vai construindo, de acordo com sua experiência, um
referencial de idéias e pensamentos que servem de base para a realização da
análise crítica” (p. 18).
“No que se refere à escrita, pode-se afirmar que este ato é o inverso da leitura.
Se na leitura se estabelece uma relação entre PALAVRAS IMPRESSAS – SOM –
SIGNIFICADO, na escrita a relação estabelecida é entre SOM – SIGNIFICADO –
PALAVRA IMPRESSA (que é o que se escreve)”. (p.18).
“Ao copiar, iniciamos por fazer uma discriminação visual de todos os detalhes
das letras e do formato da palavra que está servindo como modelo. Depois
relacionamos os símbolos impressos – as letras e a palavra – aos respectivos sons,
aos movimentos articulatórios (mesmo que a criança não pronuncie em voz alta a
palavra), aos movimentos gráficos (traçado gráfico a ser executado), aos
significados (conceitos) e, só então, reproduzimos graficamente a palavra modelo.”
(p. 18).
“No ditado, as palavras ditadas oralmente pela professora devem ser
discriminadas e diferenciadas auditivamente pelo aluno, depois, são associadas aos
significados à sua forma gráfica (letras e sílabas que compõem a palavra ouvida e
seus respectivos traçados) e, são escritas, devendo-se respeitar a orientação
têmpora-espacial.” (p. 18).
“Na redação, as palavras são elaboradas mentalmente, associadas aos
respectivos sons, aos significados, à forma gráfica e escritos.” (p. 18).
“(...). Sê a criança lê com dificuldade ou ainda não aprendeu a ler, de pouco lhe
adiantam os exercícios escritos já que, as palavras que ela escreveu não tem
correspondente sonoro e, não são compreendidas.” (p. 19).
“Quando se fala em Distúrbios de Aprendizagem envolvendo a leitura e a
escrita, é indispensável que se análise a leitura oral e silenciosa antes de se avaliar
a escrita (cópia, ditado, redação), visto serem as dificuldades de escrita, na maioria
das vezes, decorrentes de uma leitura lenta, analítica, impregnada de trocas de
sílabas ou palavras,, sem pontuação nem e, incompreensível.” (p. e 19).
“As questões educacionais que mais tem preocupado os profissionais ligados
ao ensino, referem-se aos altos índices de evasão e reprovação escolar que têm
sido registradas nas Escolas Municipais e Estaduais e, o grande número de crianças
que tem recorrido a tratamento psicopedagógico com dificuldades de a
aprendizagem.“ (p. 23).
“(...) Todas as crianças tem possibilidades para aprender e gostam de o fazer
e, quando isto não ocorre é porque alguma coisa não está indo bem. Neste
momento, é necessário que tanto os professores como os demais profissionais
responsáveis pelo processo de aprendizagem, se questionem acerca dos fatores
que podem estar contribuindo para que o aluno não consiga aprender.” (p. 24).
“Com base em diversas pesquisas realizadas, pode-se apontar várias causas
responsáveis pelas dificuldades escolares e pelos altos índices de evasão e
reprovação escolar, tais como”:
- falta de estimulação adequada nos pré-requisitos necessários à
alfabetização;
- métodos de ensino inadequados;
- problemas emocionais ;
- falta de maturidade para iniciar o processo de alfabetização; e
- dislexia. (p. 24).
“(...) O diagnóstico precoce do distúrbio de aprendizagem é um ponto
fundamental para a superação das dificuldades escolares. Além de orientar os
educadores e pais sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a
elaboração de programas de reforma escolar e a adoção de estratégias clínicas e/ou
educacionais que auxiliem a criança no desenvolvimento escolar. Neste processo de
diagnóstico o professor é um elemento que possui um papel de destaque. A ele
cabe o reconhecimento inicial, das crianças com dificuldades de aprendizagem, já
que é o primeiro elo no processo ensino-aprendizagem. Feito este reconhecimento
inicial, a criança deve ser encaminhada a um profissional especializado com o
objetivo de se determinar à causa real do não aprender.”
(p. 24).
“(...) Na verdade, os distúrbios de aprendizagens dependem de causas
múltiplas, cabendo ao profissional que realize o diagnóstico, o evidenciamento da
área mais comprometida e, conseqüentemente, a recomendação da abordagem
terapêutica mais indicada para a superação das dificuldades.” (p. 25).
“As análises feitas sobre os comportamentos envolvidos nos processos da
leitura e da escrita, permitiram a classificação das várias habilidades básicas ou pré-
requisitos necessários à alfabetização.” (p. 25).
“(...) A aquisição destas habilidades não se dá de forma espontânea
com o decorrer do tempo. É necessário que a criança seja submetida a um
treinamento programado e específico, de acordo com a fase de desenvolvimento
que se encontra.” (p. 25).
“IMAGEM CORPORAL: Esta habilidade, implica no reconhecimento adequado
do corpo.(...)” (p. 25).
“É através do corpo que a criança interage com o mundo. [...] É o seu corpo,
enquanto ponto de referência, que servirá como base para a aprendizagem de todos
os conceitos indispensáveis à alfabetização, tais como em cima, em baixo; na frente,
atrás; esquerdo, direito; alto, baixo; assim como permitirá o desenvolvimento do
equilíbrio corporal e do freio inibiótico, ou seja, a capacidade da criança dominar
seus atos motores de acordo com as delimitações impostas pela folha de papel,
pelos contornos de um desenho, ou pelo ambiente.” (p. 25).
“LATERALIDADE: é o uso preferencial de um lado do corpo para a realização
das atividades.[...] Assim, existem indivíduos destros que são aqueles que utilizam a
parte direita do corpo (olho, ouvido, mão, pé) para desenvolver e realizar as
diferentes atividades. E, existem indivíduos canhotos, que são aqueles que utilizam
a parte esquerda do corpo.” (p. 26).
“Fala-se em lateralidade cruzada quando o indivíduo tem preferência pala mão
de um lado do corpo e pelo olho e pé do lado oposto (...)” (p. 26).
“Lateralidade indefinida, é um termo usado para caracterizar as crianças que
ainda não se decidiram pelo uso preferencial de um lado do corpo. A criança usa
indiferentemente um ou outro lado do corpo para a realização das atividades.”
(p. 26).
“O termo ambidestria implica no uso de ambos os lados do corpo com a
mesma habilidade e destreza.” (p. 26).
“Durante muitos anos, pensou-se que a lateralidade cruzada, a ambidestria ou
a lateralidade indefinida, pudesse causar distúrbios de leitura, de matemática, ou de
fala, mais precisamente gagueira. Hoje em dia, sabe-se que a lateralidade cruzada,
a ambidestria ou a lateralidade indefinida; podem ser encontradas em crianças com
distúrbios de aprendizagem, ou de fala, mas nunca causa-los.” (p. 26).
“Da mesma forma, não se pode pensar que uma criança canhota venha a ter
problemas de aprendizagem por possuir a parte esquerda do corpo como
dominante. A criança canhota é tão normal como a criança destra, e a dominância
lateral esquerda não é a causa de qualquer distúrbio de aprendizagem. (...)”
(p. 26).
“Em termos de aprendizagem consta-se que, as dificuldades que surgem nas
crianças com lateralidade indefinida e contrariada (crianças canhotas que são
obrigadas a escrever com a mão direita), refere-se ao tipo de grafia (geralmente
estas crianças apresentam uma grande disgrafia), - letra ilegível; dificuldades de
orientação espacial no uso da folha de papel; e posturas inadequadas para escrever.
(...)“ (p. 27).
“CONHECIMENTO DE DIREITA E ESQUERDA: O conceito de direita e
esquerda é de muita importância para o processo de alfabetização. Este conceito,
intrinsecamente ligado ao conceito de imagem corporal e de lateralidade, permite à
criança distinguir o lado direito e o lado esquerdo em si, nas outras pessoas e nos
objetos.” (p. 27).
“Segundo Ajuriaguerra, é esperado que por volta dos 6 ou 7 a criança consiga
reconhecer em si mesma estas noções. Piaget (in Queirós e Della Cella, 1965),
afirma que, a aquisição destas noções passa por três estágios progressivos. No
primeiro estágio, entre os 5 e 8 anos de idade, a criança consegue distinguir direito e
esquerdo nela. O segundo estágio, entre 8 e 11 anos de idade, esta noções passam
a ser percebidas do ponto de vista do outro. A criança consegue distinguir qual o
lado esquerdo e direito em pessoas situadas na frente dela. O terceiro estágio, que
compreende o período entre os 11 e 12 anos, a criança diferencia o lado esquerdo e
direito nos objetos.” (p. 27).
“(...) Em nossa sociedade, a leitura e a escrita, realizam-se no sentido
esquerdo para direita. A criança que não possui estas noções, tende a não respeitar
esse sentido por não precisar corretamente, o lado esquerdo e direito.” (p. 27).
“É comum, também, que a ausência desta habilidade, contribua para a escrita
em espelho.[...] Este espelhamento, de acordo com as etapas de desenvolvimento
das noções de esquerda e direita mencionada anteriormente, é esperado que
aconteça durante o período pré-escolar ou mesmo até aos 8 anos de idade. No
entanto, essas dificuldades deverão ser motivas de preocupação, caso estejam
presentes no momento em que se inicia a alfabetização, pois interferirão de forma
negativa na associação entre letras e sons.” (p. 27).
“ORIENTAÇAÕ ESPACIAL: Quando se fala em orientação espacial, é
necessário fazer a diferenciação entre posição no espaço e ralações espaciais.” (p.
27).
“(...) A criança com uma boa imagem corporal pode perceber a posição que os
objetos ocupam, usando como ponto de referência o seu próprio corpo.(...)” (p.
27).
“As crianças que iniciam o processo de alfabetização sem possuírem as
noções de posição e orientação espacial, confundem letras que diferem quanto à
orientação espacial e têm dificuldades em respeitar a ordem de sucessão das letras
nas palavras e das palavras nas frases.” (p. 28).
“Outras dificuldades que podem ocorrer devido à ausência desses pré-
requisitos são: incapacidade de locomover os olhos durante a leitura, obedecendo
ao sentido esquerdo-direito e salto de uma ou mais linhas. Na escrita, não respeitar
a direção horizontal do traçado, ocorrendo movimentos descendentes ou
ascendentes; não respeitar os limites da folha, acumulando as palavras ao sentir
que a folha vai terminar ou, continuando a escrever na folha contígua. Já com
relação ao meio ambiente, a criança pode apresentar sérias dificuldades para se
organizar, espalhando, espalhando seus utensílios escolares ou roupas, de forma
desordenada, esbarrando nos objetos ou nas pessoas quando se locomove e,
indecisões quando tem de se desviar num obstáculo não sabendo para que lado ir,
etc.” (p. 28).
“ORIENTAÇÃO TEMPORAL: Enquanto a orientação espacial está sempre
relacionada às atividades visuais, a orientação temporal relaciona-se à audição.(...)
Todos os fatos que ocorrem no tempo, apresentam uma certa duração (curta – longa
- média) e uma determinada sucessão, ou seja, uns acontecem antes outros
acontecem depois.” (p. 28).
“Além de a criança precisar captar e discriminar a duração e a sucessão dos
sons, ela precisa, também, dominar determinados conceitos temporais, tais como:
ontem, hoje, amanhã, dias de semana, meses, anos, horas, estações do ano, etc. A
consciência destes conceitos vai permitir que a criança se oriente no tempo durante
a realização das atividades.” (p. 28).
“A ausência do pré-requisito orientação temporal,pode causar dificuldades na
pronúncia e na escrita de palavras, trocando a ordem das letras ou invertendo-as
(incapacidade de respeitar a duração e a sucessão das letras dentro da palavra
falada); dificuldades na retenção de uma série de palavras dentro da sentença e, de
uma série de idéias dentro de uma estória; má utilização dos tempos verbais; r
problemas na correspondência dos sons com as respectivas letras que os
representam, especialmente quando se trata de realizar ditado.” (p. 29).
“RITMO: Esta habilidade está muito relacionada com o fator tempo, pois o
tempo consiste numa sucessão de elementos sonoros no tempo e que obedecem a
uma determinada duração. (...)” (p. 29).
“A falta da habilidade rítmica, pode ser a causa de uma leitura lenta e silábica,
já que a leitura é constituída por uma sucessão de elementos gráficos que são
traduzidos em elementos sonoros.(...)” (p. 29).
“Em relação à escrita, as dificuldades de ritmo, podem contribuir para o fato de
a criança não respeitar os espaços em branco entre as palavras, escrevendo duas
ou mais palavras unidas; dificuldade no ordenamento das letras dentro das palavras,
ocasionando omissões,ou adições de sílabas; e falhas na acentuação das palavras,
especialmente durante a leitura.” (p. 29).
“ANÁLISE-SÍNTESE VISUAL E AUDITIVA: Este é um dos pré-requisitos mais
importantes para a aprendizagem da língua escrita. [...] A criança, ao ver uma
palavra, deve decompô-la em suas partes constituintes (análise) e recompô-la,
unindo as partes ao todo (síntese).” (p. 29).
“As crianças que apresentam dificuldades no processo analítico-sintético,
poderão ter problemas em conseguir dominar o arranjo das letras ou sílabas para
formar outras palavras, ou seja, reconhecer as sílabas que se repetem em várias
palavras diferentes e conseqüentemente, formar novas palavras.” (p. 29).
“HABILIDADES VISUAIS ESPECÍFICAS: O perfeito funcionamento dos olhos,
já é, por si só, um pré-requisito muito importante para ao aprendizado da leitura e da
escrita.(...)” (p. 30).
“A- PERCEPÇÃO E DISCRIMINAÇÃO DE SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS:
A finalidade última do treino deste pré-requisito é desenvolver as habilidades de
perceber as semelhanças e diferenças de tamanho, forma, cor, posição e detalhes
internos, entre estímulos apresentados.” (p. 30).
“Ao aprender a ler, a criança tem de prestar atenção e assimilar tanto os
detalhes internos das palavras (letras), como a configuração geral da palavra bem
como a ralação da parte com o todo – relação das letras e sílabas com as palavras.
(...).”
(p. 30).
“B – CONSTÃNCIA DE PERCEPÇÃO DE FORMA E TAMANHO: é a
capacidade que de se perceber que um determinado objeto permanece inalterado
apesar da posição que ocupa no espaço – se está perto, longe – ou independente
do ângulo que é percebido.” (p. 30).
“Crianças com dificuldades em perceber a constância de tamanho e de forma,
poderão apresentar dificuldades no reconhecimento de figuras geométricas, e no
reconhecimento de palavras ou letras aprendidas, mas inseridas em contextos
diferentes e desconhecidas, ou quando escritas em tipos diferentes de grafia –
manuscrita e, impressa.” (p. 31).
“C -- PERCEPÇÃO DE FIGURA - FUNDO: Na iteração com o meio ambiente
somos bombardeados por uma grande quantidade de estímulos tanto a nível visual,
como a nível auditivo, ou tátil. Mas, nem todos esses estímulos são percebidos
significativamente, pois o nosso cérebro faz uma seleção do que deverá ser
percebido e assimilado e aquilo deve ser descartado. Esta seleção é feita de acordo
com o interesse do momento.” (p. 31).
“Ao assistirmos um filme na televisão, além do filme que visualizamos existem
outros estímulos ambientais que estão presentes, como a estante onde fica a
televisão, as cadeiras, as mesas, outras pessoas, barulhos etc. Neste caso, o filme é
o estimulo que centraliza nossos interesses e é para ele que nossa atenção está
convergindo. O filme é a figura. Os demais estímulos ambientais, por não chamarem
nossa atenção , fazem parte do fundo. Se, neste ambiente, entrar um animal que
chama nossa atenção, então, então, este passa a ser a figura. O filme e os demais
detalhes do ambiente passa a ser o fundo. Quando não se consegue fazer esta
seleção, os objetos são percebidos confusamente, pois nossa atenção torna-se
dispersa.” (p. 31).
“Especificamente, em relação à escrita, a criança poderá ter dificuldades em
dirigir sua atenção para uma palavra ou grupo de palavras dentro de um texto ou
para letras dentro das palavras.(...)” (p. 31).
“D – MEMÓRIA VISUAL: é a capacidade do indivíduo reter com exatidão, a
longo
ou a curto prazo, uma série de estímulos apresentados visualmente. A
memória visual está em íntima relação com a atenção e com a figura - fundo. Se
existem falhas na discriminação de figura - fundo e a atenção é dispersa, pouco ou
nada conseguirá memorizar.” (p. 31).
“Em termos de aprendizagem, a memória visual desempenha um papel muito
importante, pois permite que a criança forme uma imagem visual das palavras o que
facilita o reconhecimento rápido e instantâneo dos símbolos impressos durante a
leitura. Na escrita, permite a utilização correta da grafia ao escrever palavras
formadas por letras, cujos sons podem ser representados por duas ou mais letras
diferentes: [...]. A escolha correta de uma ou outra grafia depende do fato da palavra
ser escrita, estar ou não retida em nossa memória visual.” (p.31).
“ACOMPANHAMENTO VISUAL; Esta habilidade refere-se ao deslocamento
dos olhos ao longo da linha, tanto no ato de ler como no ato de escrever.” (p.32)
“Se por qualquer motivo, houver um desvio ocular – os dois olhos não
conseguem convergir para o mesmo ponto – então, a criança enfrentará sérios
problemas para ler e escrever, pois as palavras serão vistas de forma confusa e
tremida.” (p. 32)
“No nosso sistema de leitura e escrita, os olhos devem deslocar-se no sentido
da esquerda para direita. Nesse movimento, ocorrem saltos mais ou menos longos,
dependendo da habilidade de ler de cada leitor. Entre um salto e outro e outro, os
olhos dão uma parada de curta duração. Estas paradas são chamadas de ponto de
fixação e é neste momento que realmente se faz à leitura.” (p. 33).
“No início da alfabetização, os pontos de fixação, ao longo da linha ocorrem em
número bastante elevado, mas a medida que o leitor vai dominando o processo de
ler, o número de pontos de fixação vai diminuindo consideravelmente.(...) (p. 33).
“Além do número de pontos de fixação, que são observados nos leitores
principiantes, também se pode perceber com certa freqüência várias regressões. As
regressões, implica no retrocesso dos olhos ao longo da linha e estão relacionadas
com as dificuldades em identificar palavras ou com a não familiarização com o texto
escrito.” (p. 33).
“Estas dificuldades relacionadas ao movimento ocular, são as causadoras de
uma leitura lenta e silabada caracterizada por inversões omissões, e adições de
letras, sílabas ou palavras.(...).” (p. 33).
“Na escrita, os problemas de movimento ocular incidem diretamente na
realização motoras das letras, palavras ou figuras, devido à falta de coordenação
entre os movimentos da mão.” (p.33).
“COODENAÇÃO VISO - MOTORA; Este pré-requisito na completa integração
entre a visão e os movimentos do corpo.” (p.33).
“As crianças que não conseguem coordenar os movimentos da mão com o
movimento ocular, terão dificuldades em todas as atividades que envolvem a
coordenação viso-motora, olho-mão. Na escrita, a reprodução ou elaboração de
letras, palavras ou figuras, torna-se algo impossível de ser realizado, pois os
movimentos motores da mão, são guiados pela visão, As crianças que apresentam
estas dificuldades, quando têm que realizar qualquer tipo de traçado, ficam sem
saber por onde iniciar a execução gráfica para obterem o símbolo gráfico
visualizado” (p.33).
“MEMÓRIA CINESTÉSICA; É a capacidade da criança reter os movimentos
motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança entra em contato
com o universo simbólico (leitura e escrita)., vão ficando retidos em sua memória, os
diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras.[...] No início da
aprendizagem da escrita, a criança esquece constantemente o traçado que deve ser
realizado para executar uma letra. Neste período, é comum o uso de apoios visuais
que indicam por onde iniciar o traçado do grafema e que movimentos devem ser
feitos.(...)” (p.33).
“A criança que apresenta dificuldades em reter os movimentos necessários à
realização das letras, enfrentará severos problemas na reprodução dos movimentos
gráficos para a execução das letras e das palavras. Não conseguindo reter o padrão
motor, que vai permitir a automatização da escrita, dificilmente se lembrará do
traçado a ser executado para escrever as letras, quer no ditado ou na escrita
espontânea. (...)” (p.33).
“HABILIDADES AUDITIVAS ESPECÍFICAS: Tal como na visão, o perfeito
funcionamento do sistema auditivo é de suma importância no processo de
aprendizagem. È através destes dois sistemas (visual e auditivo), que as
informações gráficas são recebidas e conduzidas ao cérebro para serem analisadas,
comparadas com outras informações e armazenadas na memória.” (p.35).
“Especificamente em relação à audição, além do bom funcionamento deste
sistema, existe a necessidade que haja uma estimulação a nível de discriminação de
sons, de figura - fundo e memória auditiva, pra que o processo de aprendizagem
ocorra com facilidade.” (p. 36).
“A – DISCRIMINAÇÃO DE SONS: Consiste na capacidade de se perceber e
discriminar auditivamente e, sem ambigüidade, todo a os sons existentes na língua
falada. [...]. A discriminação auditiva, deve ser uma habilidade que demande uma
preocupação especial durante o período pré-escolar e, que seja objeto de um
treinamento específico de acordo com os níveis de dificuldade da linguagem oral.”
(p. 36).
“B – DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA FIGURA FUNDO: (...). Neste caso, a
criança precisa selecionar auditivamente, os estímulos ambientais que necessitam
de uma atenção dirigida e, ignorar os demais.(...)” (p. 36).
“A discriminação correta de figura - fundo, permite que a criança, durante um
ditado, ou durante uma explicação de um assunto, focalize a sua atenção nas
palavras ou frases que estão sendo emitidas pela professora e, ignore os restantes
sons ambientais. Se a criança não consegue fazer corretamente esta discriminação,
dificilmente vai conseguir escrever as palavras ditadas, ou ouvir as explicações
dadas, pois os barulhos que ocorrem no ambiente a distrairão.” (p. 36).
“C – MEMÓRIA AUDITIVA: Segundo Vallett (1977), a memória auditiva faz com
que a criança seja capaz de fixar e reproduzir, oralmente ou por escrito, as
informações recebidas auditivamente e lembrar o som correspondente a um símbolo
gráfico visualizado.” (p. 36).
“As dificuldades mais comuns, ligadas a esta habilidade, são as falhas na
retenção de palavras ou séries de palavras percebidas auditivamente, e as falhas
em associar os símbolos gráficos discriminados visualmente aos correspondentes
sonoros.(...)” (p. 37).
“LINGUAGEM ORAL: Se partirmos do princípio de que, a leitura e a escrita são
os últimos estágios de desenvolvimento da linguagem e que, a linguagem oral,
constitui um pré-requisito que serve de alicerce à aprendizagem gráfica.” (p. 37).
“Quando se fala em linguagem oral, é preciso distinguir e a prolação ou
pronúncia; o vocabulário; e a habilidade de formular frases (sintase oral). (...)” (p.37).
“A - PROLAÇÃO OU PRONÚNCIA: a prolação correta de palavras ou frases, é
um pré-requisito muito importante para a aprendizagem da linguagem escrita, e deve
ser avaliada de acordo com a idade cronológica da criança e de seu estágio de
desenvolvimento.” (p.37).
“A leitura é antes de tudo, a correspondência entre o símbolo impresso e o
respectivo som, e a escrita é a tradução dos elementos sonoros para os gráficos, a
criança que apresenta dificuldades em pronunciar corretamente as palavras, poderá
vir a encontrar sérios obstáculos no aprendizado da leitura e da escrita. Por outro
lado, se a criança apresenta problemas em associar sons que ouve, com os
movimentos articulatórios necessários à sua reprodução oral, pode-se esperar, que
também apresente dificuldades em associar os sons falados e ouvidos aos
movimentos gráficos que os representa na linguagem escrita.” (p. 37).
“B – VOCABULÁRIO: é a capacidade de falar palavras conhecendo seu
significado com base na própria experiência. [...] Crianças que apresentam um
reduzido vocabulário oral, poderão apresentar problemas na compreensão dos
materiais lidos, porque nem tudo o que a criança vai conseguir decodificar terá
correspondência com a sua experiência vivida.(...)” (p. 37).
“C – SINTASE ORAL: (...) Ao elaborar mentalmente a frase e ao articulá-la, a
criança deve respeitar a ordem de apresentação dos vocabulários, os tempos
verbais, a concordância nominal e os demais complementos.” (p. 37).
“Geralmente, quando a criança apresenta erros de sintaxe oral, estes
repercutem também na sintaxe escrita.” (p. 37).
“A escolha e a elaboração dos métodos de ensino, tem como objetivo principal
permitir e facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita. Esse objetivo, porém, nem
sempre foi alcançado e, como conseqüência, encontramos uma grande variedade
de métodos de ensino e fervorosos defensores de cada um.” (p. 38).
“Os métodos de ensino podem ser diferenciados em três grandes grupos: os
métodos sintéticos, os métodos analíticos e os métodos analíticos – sintéticos.” (p.
38).
“Numerosas pesquisas têm sido realizadas para determinar qual o método
mais eficaz para o ensino da leitura e da escrita.” (p. 44).
“As crianças alfabetizadas pelo método fonético têm apresentado mais
facilidade para identificar palavras do que crianças que são ensinadas por um
método do tipo global. Em contrapartida, as primeiras, apresentam uma leitura lenta
e bastante silabada e pouco se preocupam em compreender o que estão
decodificando. As crianças alfabetizadas por um método global, parecem ter mais
facilidade para compreender o significado das palavras ou mesmo dos textos, mas
têm mais dificuldade em identificar palavras especialmente as conhecidas. Estas
dificuldades em reconhecer e decodificar as palavras, têm como conseqüência a
substituição das palavras do texto por outras que a criança vai inventando.” (p. 44).
“Mas, os melhores resultados obtidos mas pesquisas realizadas, têm sido a
favor dos métodos analíticos - sintéticos, os quais desenvolvem ao mesmo tempo, a
identificação das palavras e a compreensão. Baseados nestes resultados, vários
estudiosos têm defendido a idéia de que a ênfase na alfabetização deve-se tanto à
nível da decodificação de palavras como na sua compreensão utilizando-se, para
isso, de métodos de orientação analítico – sintéticos.” (p.44).
“Por outro lado, os métodos que mais têm recebido críticas, tanto por sua
utilização no processo de alfabetização, como pelo seu uso com crianças que
apresentam dificuldades de aprendizagem, são os métodos analíticos (globais).” (p.
44).
“Lampreia (1978), ao se referir aos distúrbios de aprendizagem e sua
prevenção, afirma que o método global pode ocasionar grandes confusões em
crianças que são iniciadas no processo de leitura pelo referido método, e que, ainda
não adquiriram os conceitos (alto - baixo; esquerda - direita), os quais permitem
fazer as distinções entre as diferentes palavras que lhes são apresentadas. Estas
crianças, podem confundir palavras cuja configuração geral se assemelha como no
caso de morte e norte; ou taça e faça.” (p. 45).
“Johnson e Myklebust (1983), defendem uma escolha de metodologia baseada
nas diferentes dificuldades que as crianças apresentam.(...)” (p. 46).
“Atualmente, tem-se seguido a orientação proposta por Johnson e Myklebust e,
quando se percebe que as dificuldades de aprendizagem que a criança apresenta
são oriundas ou aumentadas por um método de ensino que não está adaptado a
criança, propõem uma mudança metodológica para facilitar o processo de
aprendizagem.” (p. 46).
“(...). Entende-se por maturidade para leitura e escrita, o momento ideal do
desenvolvimento em que cada criança individualmente, pode aprender a ler e a
escrever com facilidade e proveito (Downing e Thackaray).” (p. 46).
“Se, a maturação para aprender, depende de fatores; fisiológicos, ambientais,
emocionais, intelectuais, não se pode esperar que todas as crianças amadureçam
ao chegarem a determinada idade cronológica. É neste sentido que, usa-se apenas
o critério cronológico (fator idade) para introduzir a criança no processo de ensino, é
incorrer num sério problema, pois, a variável idade, não garante o sucesso do aluno
em ralação às metas visadas pelos programas escolares. Segundo Poppovic (1971),
o critério de idade cronológica não deve ser aceitável por si só, devendo-se adotar o
critério idade mental ao se falar em idade de início de alfabetização. A idade mental
engloba a potencialidade de cada criança; a motivação para aprender. O grau de
estimulação das habilidades básicas necessárias à alfabetização; as experiências
adquiridas pela criança na interação com seu meio ambiente.” (p. 46).
“Iniciar a alfabetização sem dados concretos sobre a maturação ou antes que a
criança esteja pronta e preparada para tal, é incorrer num grande risco, pois poderá
acarretar dificuldades intransponíveis logo no início do processo de aprendizagem.”
(p. 48).
“Outra variável importante no processo de maturação é o desenvolvimento
cognitivo. Para que a criança aprenda a ler e a escrever, deve-se ter atingido um
estágio cognitivo tal que lhe permita, compreender a relação entre palavra falada e
escrita, ou, seja deve ter ultrapassado a fase do realismo lógico.” (p. 48).
“A língua portuguesa caracteriza-se por ter um sistema de escrita alfabético –
cada som emitido é representado por uma determinada letra. Desta forma, a palavra
falada, que é uma seqüência de sons, é representada graficamente por uma
seqüência de letras, na qual, cada forma gráfica corresponde a uma forma sonora.
Mas, para que se compreenda esta relação, entre palavra falada e palavra escrita, é
necessário que a criança tenha ultrapassado uma certa fase do desenvolvimento
cognitivo, que é chamada de realismo nominal lógico. (...)”
(p. 48).
“(..) No entanto, em determinada fase do desenvolvimento cognitivo, a criança
elabora a hipótese de que se a palavra é grande, enquanto seqüência de sons,
deverá representar uma coisa grande. Se a palavra é pequena, deverá representar
uma coisa pequena. Nesse caso, afirma-se que existe uma confusão entre a palavra
falada e o objeto ou significado que ela representa. Dentro de uma confusão mental,
a criança também acredita que objetos semelhantes devem ter nomes semelhantes
e que objetos diferentes devem ter nomes distintos.” (p. 48).
“Algumas linhas teóricas defendem a idéia de que, determinados transtornos
emocionais que as crianças com distúrbios de aprendizagem apresentam, são as
causas do fracasso escolar, enquanto que outras linhas defendem que, a
problemática emocional é conseqüência do fracasso escolar.” (p. 52).
“Está demonstrado também, que tanto a angustia como a depressão, diminuem
a eficiência da aprendizagem (Condemarin e blomquist, 1970)” (p. 53).
“A perda de um ente-querido ou mesmo um animal de estimação, podem
ocasionar estados depressivos que impedem a criança de se envolver no sistema
educacional. Da mesma forma, crianças com um nível muito alto de ansiedade em
relação ao processo de ensino, podem apresentar dificuldades para aprender, pois
seu estado permanente de tensão não lhes permite prestar atenção e participar das
aulas” (p. 53).
“A oposição entre escola e atividade lúdica, em nosso sistema educacional,
pode ser outro fator que impede que a criança se desenvolva educacionalmente. A
diminuição da liberdade e da atividade lúdica, no momento em que a criança
ingressa na escola (mais precisamente na 1ª série) pode ser sentida como uma
forma de repressão e, ter como conseqüência a oposição da criança para se integrar
ao ambiente escolar.” ( p. 53).
“Schonell coloca a criança inserida no contexto familiar e escolar em termos de
auto-imagem. A criança que não consegue aprender a ler e a escrever, ou faz com
dificuldade, sofre forte pressões sociais dos pais, professores, e companheiros que
contribuem para formação de auto-imagem negativa. Geralmente, as dificuldades
que a criança encontra no processo educacional não são entendidas como tal, mas
como falta de interesse, desmotivação para estudar, preguiça e distração. Estas
idéias fazem com que pais e professores, não respeitem os obstáculos educacionais
que as crianças encontram e, estas, acabam sendo rotuladas , sofrendo punições
devido aos seus fracassos constantes. A experimentação do insucesso, aliada à
comparações feita pelos pais e professores com irmãos e colegas que não
apresentam dificuldades para aprender, terminam transformando as crianças com
distúrbios de aprendizagem em sujeitos inseguros, tímidos e sem motivação para
qualquer atividade escolar, culminando, muitas vezes, com a recusa da criança
voltar à escola.” (p. 53).
“É importante ressaltar neste item, a relação íntima entre qualquer tipo de
aprendizagem e as emoções positivas ou negativas que daí surgem, dependendo do
sucesso e as emoções positivas ou negativas que daí surgem, dependendo do
sucesso ou do fracasso na tarefa de aprender. Na verdade, torna-se muito difícil
estabelecer rapidamente e com precisão, salvo em determinados casos clínicos bem
delimitados, quando os transtornos emocionais precedem ou causam distúrbios de
aprendizagem.” (p. 53).
“De acordo com as experiências e bases teóricas de vários autores, foram
propostas várias designações que pudessem identificar e descrever as crianças
portadoras de distúrbios de leitura e explicar o seu fracasso.” (p. 54).
“Se na vasta bibliografia encontramos opiniões tão diferentes, num tópico todos
os estudiosos concordam, ou seja, que a dislexia é um termo que se refere às
crianças que apresentam sérias dificuldades de leitura e, conseqüentemente de
escrita, apesar de seu nível de inteligência ser normal ou estar acima da media. Por
outro lado, a criança disléxica não apresenta distúrbio a nível sensorial ou físico, a
nível emocional, ou desvantagens sócio-econômicas, culturais ou instrucionais, que
possam ser consideradas causas das dificuldades para aprender a ler. [...] Fica claro
que, o diagnóstico da criança disléxica é algo muito complexo, que envolve várias
áreas e, na maioria das vezes, é necessária a opinião de diferentes profissionais
para se conseguir um diagnóstico perfeito.”
(p. 58).
“Segundo Johnson e Myklebgust (1983), a dislexia raramente é encontrada de
forma isolada. As dificuldades severas para ler e escrever corretamente, a língua
falada, encontram-se associadas a outros distúrbios.” (p. 59).
“Na maioria das vezes, através de uma reeducação psicopedagógica, o
disléxico consegue diminuir as habilidades e destrezas para ler e escrever. Mas,
sem uma atenção especializada, raramente a criança disléxica consegue por si só,
superar suas dificuldades e, quase sempre, acaba se excluindo das atividades
escolares ou de profissões que exijam a realização de processos gráficos. Já nos
casos de dislexia mais severa, os resultados são pouco animadores e, mesmo tendo
a ajuda de um ótimo especialista, dificilmente o disléxico, conseguirá superar
totalmente, as dificuldades escolares (Santos, 1975).” (p. 62).
“(...) Comumente, a escola, torna-se um ambiente aversivo e gerador de
ansiedade, pois é nesse local que a criança se depara frente a frente com seus
problemas e com as exigências de ter uma boa produção para passar de ano. As
dificuldades acumuladas a cada etapa de aprendizagem, as cobranças dos pais e
professores e os risos dos colegas, contribuem para o desenvolvimento de
comportamentos agressivos, frente ao ambiente escolar, inibições, timidez e
ansiedades que podem culminar com a evasão escolar.” (p. 63).
“É decorrente desta situação que, tanto a dislexia como as demais dificuldades
escolares, (independente da causa), devem ser motivos de preocupação de
professores e pais na tentativa de se fazer um diagnóstico precoce com a finalidade
de se desenvolver uma estratégia de ajuda, que auxilia a criança a superar os
obstáculos que vão tornando impossível o ato de aprender a ler e a escrever.” (p.
63).
“A percepção das palavras envolve, necessariamente e, no mínimo, dois
sistemas: o visual e o auditivo. As informações simbólicas que vêm do meio
ambiente, são recebidas ou através da via auditiva, ou pelos dois sistemas de
percepção simultaneamente. No caso da leitura silenciosa (sem articulação), as
informações chegam ao cérebro através das vias visuais. Na leitura oral, as
informações são recebidas tanto pelos órgãos de audição como pelos órgãos visuais
já que, à medida que os olhos visualizam as palavras impressas, estas são
articuladas e o som é captado pelas vias auditivas. No caso do ditado, a criança
recebe as informações através da audição.” (p. 67).
“Na leitura, as trocas que ocorrem devido às dificuldades de discriminação
auditiva envolvem sons acusticamente próximos. A confusão entre estes sons está,
intrinsecamente relacionada com o ponto de articulação de cada um, no momento
da emissão sonora. Ao se pronunciar um determinado fonema, os diferentes órgãos
de articulação [...] posicionam-se num determinado ponto que para que haja a
emissão correta desse som. Este posicionamento dos órgãos de articulação no
momento da pronúncia, chama-se ponto de articulação. Como a linguagem oral é
constituída por uma grande variedade de sons, é óbvio que cada som, so ser
emitido, tenha um determinado ponto de articulação.” (p. 68).
“No caso dos sons acusticamente próximos, os pontos de articulação são
praticamente iguais o que leva a criança a confundir esses fonemas.” (p. 68).
“Na leitura, as trocas mais freqüentes de serem constatadas são entre:
CONSOANTES SURDAS E SONORAS”
“Ao se abordar especificamente a leitura e a escrita, quatro conceitos (no
mínimo) emergem como fundamentais para que se discriminem satisfatoriamente as
letras, as palavras e os números. São eles: em cima e em embaixo: esquerda e
direita.” (p. 70).
“Em relação à leitura e à escrita, estes conceitos são importantes na medida
em que a aquisição, permite a distinção adequada de letras, tais como: u e n”. (p.
70).
“No que se refere aos conceitos esquerdo e direito, pode-se afirmar que sua
aquisição é bem mais difícil e complicada de sr adquirida. Isto ocorre porque ao se
tomar o corpo como ponto de referência, nota-se que estes conceitos são simétricos
e relativos.(...)“ (p. 70).
“Em relação aos problemas de aprendizagem, a não aquisição destes
conceitos podem ocasionar trocas entre letras que apenas diferem quanto à
orientação espacial – b e d, p e q”. (p. 70).
“Segundo Silvestre, Azzi e Ferraz (1981), a leitura silenciosa é uma atividade
pedagógica em que a criança, tendo à sua frente uma lição, deve te-la
permanecendo sentada, quieta, usada apenas os olhos, sem movimentar os lábios
ou apontar os lábios ou apontar o dedo.” (p. 74).
“Neste sentido, espera-se que a leitura silenciosa seja uma atividade muito
mais rápida do que a leitura oral, pois não envolve a articulação das palavras. Na
verdade durante os primeiros anos de aprendizagem do processo de ler, as
velocidades das duas leituras são iguais.” (p.74).
“Em relação aos distúrbios de aprendizagem, o aluno com dificuldades para ler,
caracteriza-se por apresentar uma leitura silenciosa lenta, devido aos problemas em
reconhecer rapidamente as palavras impressas (as trocas auditivas, visuais e
miscues que ocorrem na leitura oral, também ocorrem na leitura silenciosa). Exata
lentidão pode estar acompanhada de uma grande dispersão, que é ocasionada
pelas dificuldades no reconhecimento das palavras, tornando a leitura
incompreensível, extremamente cansativa e desmotivadora.” (p. 75).
“A compreensão da leitura pode ser dividida em três níveis: compreensão
literal, que engloba a compreensão das idéias propostas no texto; a compreensão
inferencial, que pressupõe a analise das idéias que não estão contidas no texto e,
baseia-se na intuição ou na exatidão do leitor.[...] E, o último nível é a compreensão
crítica, que é o posicionamento do leitor frente ao que é lido. A compreensão crítica
implica na comparação das idéias apresentadas pelo autor com os referenciais
internos (juízos, idéias) de cada leitor.” (p. 75).
“Geralmente, a criança com distúrbios em reconhecer palavras [...] possui
grandes déficits na área de compreensão. O material gráfico que, na maioria das
vezes, é decodificado com muito esforço e lentidão, acaba se transformando
totalmente já que, a estrutura semântica do texto vai sendo modificada. Desta
forma ,as dificuldades em decodificar e compreender adequadamente o texto,
produz tensão e ansiedade, ocasionando freqüentemente, a recusa para ler.(...)” (p.
77).
“(...) a escrita é a última etapa do desenvolvimento do comportamento verbal a
ser adquirida. Seu objetivo é o de transmitir idéias, sentimentos e registrar a história
do homem.” (p. 83).
“Antes que a escrita possa ser usada como instrumento para representar a
linguagem oral, passa por estágios que coincidem com o desenvolvimento geral da
criança. Estes estágios marcam fases do desenvolvimento, cuja evolução depende
também da exercitação da atividade gráfica.” (p. 83).
“(...) Nessa estimulação, além dos exercícios gráficos, devem estar incluídas
orientações sobre postura corporal correta para escrever, a pressão do instrumento
de escrita (lápis, caneta) e a posição da folha de papel.” (p.85).
“Ajuriaguerra (1977), cita quatro fatores que interferem decisivamente no
processo gráfico.” (p. 93).
“1 - DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE: a escrita das letras e das
palavras, exige uma certa habilidade manual e um domínio perfeito do gesto.Além
da preensão do lápis, que implica na capacidade motora de colocar os dedos em
pinça, para que se tracem os símbolos gráficos com precisão e rapidez,é necessário
que a possibilidade de coordenar e frear os movimentos esteja suficientemente
desenvolvida.” (p. 93).
“2 - DESENVOLVIMENTO MENTAL EM SEU ASPECTO GLOBAL E
ESPECÍFICO: o desenvolvimento mental é uma variável dentro desenvolvimento
gráfico, pois ao escrever, é imprescindível que se compreenda o significado dos
signos gráficos traçados. Por outro lado, a escrita é uma atividade gnósico-prático
complexa, na qual intervém as habilidades de orientação e de estruturação espacial,
assim como, as leis de sucessão e de ordenação temporal – ao escrever, além de
se obedecer a uma determinada orientação e seqüência espacial, deve-se respeitar
a seqüência de ocorrência dos sons (uns ocorrem antes e outros depois), ao
transcrevê-los para o papel.” (p. 93)
“3 - DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUAGEM: se o objetivo da escrita é a
transmissão da linguagem oral, fica claro que um bom domínio da mesma, facilita a
rapidez da escrita. Se a criança ao falar, troca letras, inverte a seqüência dos sons,
tem um vocabulário pobre, terá mais dificuldade para escrever do o que outra que
não apresente essas dificuldades mencionadas. O mesmo se pode afirmar em
relação a ortografia A criança que apresente dúvida em relação a grafia correta para
traduzir determinado som, apresenta em sua escrita retoques e mal formações de
letras e palavras.” (p. 93).
“4 - DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AFETIVO: a escrita depende de uma
aprendizagem escolar e, para que se conclua essa aprendizagem é necessário que
haja motivação para estudar e aprender e, bom relacionamento das crianças com os
pais, professores e colegas. Uma criança com problemas familiares ou que não se
interessa em aprender a ler e a escrever, poderá a vir a apresentar distúrbios de
aprendizagem.” (p. 93).
“Uma deficiência em qualquer destes aspectos, pode ocasionar, dificuldades na
aprendizagem da escrita. Estas dificuldades podem traduzir-se numa disgrafia –
quando a qualidade da escrita é deficitária (escrita ilegível, lenta), não havendo
nenhum défict neurológico ou intelectual que explique esse distúrbio ou por uma
disortografia – incapacidade de escrever corretamente a linguagem falada.” (p. 93)
“Ao se falar em disortografia, três critérios devem ser levados em
consideração : o nível de escolaridade, a freqüência e os tipos de erros (Kiquel,
1985). Estes critérios permitem a realização do diagnóstico de uma criança
disortográfica de forma objetiva e concreta, pois nem todas as crianças que
apresentam dificuldades para escrever corretamente a língua falada, podem ser
chamadas de disortográficas.” (p. 94).
“No processo de escolaridade, a ocorrência de trocas ortográficas é esperada
dependendo da série em que a criança se encontra. Assim, numa 1ª série,é
esperado que a criança apresente uma grande quantidade e variedade de trocas
entre letras porque a relação entre Palavra impressa e Som, ainda não estão
totalmente automatizada. Da mesma forma, numa 2ª série é aceitável que uma
criança cometa erros quando escreve palavras como: necessidade, sucesso,
excelência (Ibidem, 1985)“ (p. 94).
“O outro critério que deve merecer atenção para o diagnóstico da disortografia
é a freqüência das palavras no vocabulário oral e visual da criança. De acordo com
Gompone (in Kiquel, 1985), os erros aumentam à medida que as palavras têm
menos uso. Fica claro, portanto, que avaliar a ortografia de uma criança usando-se
palavras que não estão inseridas em seu vocabulário ambiental, é incorrer num
erro, pois não se pode esperar que a criança escreva corretamente uma palavra que
não conhece graficamente, nem compreende seu significado. Neste sentido, um
ditado elaborado para uma população da região metropolitana de São Paulo, perde
seu valor avaliativo quando aplicado à população da região metropolitana de
Salvador.” (p. 94).
“Já a variável, tipo de erros, vai permitir que se realize a classificação das
trocas ortográficas em níveis que obedecem às dificuldades ortográficas existentes
na linguagem escrita. Neste sentido, um determinado erro pode ter um valor maior e
merecer mais atenção do que outro erro.“ (p. 94).
“Normalmente, para verificar se houve ou não, a aquisição das dificuldades
ortográficas presentes na linguagem escrita, o professor utiliza-se de um ditado (de
texto de palavras isoladas), o qual é avaliado somando-se o número de palavras mal
escritas.(...)” (p. 94).
“(...) Se a palavra não faz parte do universo simbólico da criança, esta realizará
uma hipótese provável acerca da provável grafia correta e, então escreverá a
palavra. No entanto, esta hipótese poderá estar errada e, o aluno, sofrerá as
conseqüências de seu erro.” (p. 95).
“Outra falha que pode ser registrada nesta forma de avaliar a produção gráfica
é a de que todos os erros são computados com o mesmo valor.(...)” (p. 95).
“A terceira falha decorrente dessa avaliação é a de não se levar em
consideração, durante a correção de um ditado, as palavras escritas corretamente.
Como o objetivo é registrar os erros e a preocupação é mandar escrever cinco vezes
cada palavra escrita de forma incorreta, acaba passando desapercebido o que a
criança já escreve de maneira. Não se pode ter, portanto, uma real noção do
conhecimento global já adquirido pelo aluno.Nestes moldes, fica difícil, até
proporcionar qualquer tipo de ajuda à criança com o objetivo de que esta supere as
dificuldades ortográfica. Se, não existe nenhum conhecimento sobre as aquisições
gráficas já adquiridas, não se pode elaborar um plano reeducativo ou um plano de
reforço escolar já que este tipo de ajuda deve partir dos conhecimentos gráficos já
aprendidos.” (p. 96).
“A disgrafia , também chamada de letra feia, não está necessariamente
associada à disortografia. No entanto, a criança que tem dificuldades para escrever
corretamente a língua falada, apresenta geralmente, uma disgrafia. Na maioria
destes casos, a “ letra feia” é conseqüência das dificuldades para recordar a grafia
correta para representar um determinado som ouvido ou elaborado mentalmente.
Neste sentido, a criança escreve devagar, retocando cada letra realizando de forma
inadequada as uniões entre as letras ou amontoado-as com o objetivo de esconder
os erros ortográficos. É possível porém, encontrar crianças disgráficas que não
apresentam qualquer tipo de disortografia.” (p. 107).
“Havia-se analisado que, a boa produção gráfica, dependia de vários fatores,
entre eles: a postura adequada para se sentar e pegar o instrumento de escrita, a
posição da folha, a perfeita coordenação motora fina,a capacidade de organização
do traçado gráfico na folha de papel. Um déficit em qualquer um destes aspctos, se
dúvida alguma, afeta o ritmo gráfico, a legibilidade do traçado e sua organização.”
(p. 108).
“Um desenvolvimento motor adequado é um dos requisitos importantes na
qualidade gráfica, basta dizer que a escrita, antes de mais nada, é uma atividade
motora. O ato de escrever, é um ato bastante complexo que mobiliza uma série de
segmentos do corpo. Além disso, antes de se atingir o nível ideal de
desenvolvimento motor, que permite a realização da escrita de forma rápida,
precisa, legível e sem cansaço, a coordenação motora passa por diversos estágios.
E cada estágio de desenvolvimento, cada segmento corporal desempenha uma
determinada função até culminar com o controle total do ato gráfico que é obtido
pala fixação do cotovelo na mesa e pala movimentação ligeira dos dedos e mão
durante a escrita.” (p. 108).
“Não é novidade para ninguém que uma criança que é obrigada a escrever
com a mão não dominante apresenta sérias dificuldades gráficas (geralmente, este
fato ocorre com crianças canhotas que são obrigadas a utilizarem a mão direita por
pressão dos pais e professores). A escrita destas crianças, caracteriza-se por
tremores, falta de precisão gráfica, dificuldade de organização espacial e cansaço
freqüente.” (p. 109).
“Por outro lado, uma criança que vai iniciar o treinamento gráfico e que ainda
não apresente uma dominância lateral claramente estabelecida, também pode
encontrar uma série de dificuldades para registrar de forma adequada os símbolos
gráficos.” (p. 109).
“Em relação ao canhoto e ao destro, pode-se afirmar que ambos estão sujeitos
a apresentarem uma disgrafia se não forem convenientemente orientados sobre a
postura corporal a adotar durante a escrita, sobre a posição da folha de papel e a
pressão do lápis. Nesse aspecto, o canhoto tem mais probabilidade de desenvolver
uma disgrafia do que o destro.” (p. 109).
“A escrita é uma atividade motora que obedece aos requisitos de orientação e
organização espacial. Para escrever, a criança tem de o fazer seguindo a direção
esquerda-direita e o sentido de cima para baixo. As letras devem ser unidas de
acordo com determinada seqüência, o mesmo acontecendo com a colocação das
palavras nas frases. Não é possível, portanto, escrever uma palavra alterando uma
seqüência visual ou auditiva da mesma.” (p.110).
“O estado emocional de uma criança parece ter uma relação muito estreita com
o desenvolvimento da disgrafia. Crianças que não entendem qual o objetivo da
escrita e, conseqüentemente a encaram como uma atividade bastante penosa,
sentem pouca motivação para escrever e, quando o fazem apresentam uma letra
descuidada, uniões de letras mal feitas, palavras escritas erradamente etc.”
“O nível de ansiedade é outro fator que tem relação direta com a qualidade
gráfica. Pode-se observar que crianças muito ansiôgeneas, apresentam uma escrita
muito tremida que é ocasionada pela incapacidade de controlar o movimento da
mão. Da mesma forma, o tamanho da letra parece estar relacionado com as
características da personalidade da criança. Uma criança tímida, com dificuldades
para se relacionar com o ambiente e de tomar iniciativas, costuma apresentar uma
escrita demasiadamente pequena.” (p. 110).
“Em relação às pressões e expectativas ambientais, é necessário que,
professores e pais estejam cientes das capacidades motoras da criança e, não
exijam resultados além daqueles que a criança pode oferecer no momento. No
entanto, não se deve apenas respeitar o estágio do desenvolvimento motor e
esperar que a criança evolua para neveis superiores, mas estimular esse
desebvolvimento através de práticas motoras e viso-motoras, baseadas em
gradações que exijam cada vez mais rapidez, precisão e controle do ato motor.” (p.
113).
“O que não se pode esquecer, no entanto, é que o traçado gráfico é pessoal e,
portanto vai adotando características individuais ao longo do desenvolvimento.
Neste sentido, o professor não deve impor nenhum modelo caligráfico ao aluno, mas
respeitar o seu grafismo desde que este seja claro, legível e fácil já que, o objetivo
principal da escrita é a transmissão da linguagem oral, o máximo de eficiência e o
mínimo de esforço (Ajuriaguerra).” (p.113).
“Tem-se comprovado que crianças que provêm de ambientes letrados têm
mais facilidade em aprender a ler e a escrever de que crianças provenientes de
ambientes não-letrados. Esta relação está correlacionada ao modelo e à motivação
para ler que os pais conseguem transmitir a seus filhos> Se, no ambiente familiar
existem revistas e livros, adultos que os lêem e discutem o conteúdo com crianças e
lêem para eles ouvirem, então pode-se afirmar que há mais probabilidades de que
estas crianças desenvolvam precocemente o interesse pela leitura. Por outro lado,
num ambiente onde não existem revistas nem livros e, as crianças não têm modelos
de leitura, o interesse e a motivação por essa atividade não é despertado. Neste
caso, é mais provável que surjam dificuldades de aprendizagem no último grupo de
crianças do que no primeiro grupo.” (p. 120).
“As crianças que apresentam dificuldade para ler não apresentam,
necessariamente, problemas na área de matemática. Sem dúvida alguma, a leitura e
a escrita são duas atividades que, quando não dominadas, afetam as demais
disciplinas escolares, mas podem-se encontrar crianças que, apesar dos severos
distúrbios para ler e compreender, não têm dificuldades para realizar as operações
matemáticas que lhes são exigidas.Quando as dificuldades em matemática se
apresentam associadas aos problemas de leitura, pode-se afirmar que os últimos
são os causadores dos primeiros. Os alunos que possuem uma leitura hiperanalítica
e não conseguem compreender as instruções e os enunciados matemáticos,
dificilmente conseguirão realizar as operações aritiméticas exigidas para a resolução
dos problemas. Neste sentido, é necessário que a criança consiga superar as
dificuldades de leitura para poder resolver as questões matemáticas que lhe sã
propostas.” (p. 121).
“(...) Crianças com dificuldades para ler e/ou escrever, tem geralmente,
habilidades indiscutíveis para a música, pintura, matemática, ciências cabendo ao
professor, reforçar estas ares e, auxiliar o aluno a utiliza-las como um meio de
compensar suas limitações Além disso o educado também deve reforçar todo e
qualquer desempenho escolar adequado pó mínimo que ele seja. Esta valorização
da auto-imagem, implica no desenvolvimento da auto-confiança necessária para que
a criança se engaje, novamente no processo de ensino e sinta prazer em aprender.”
(p.123).
“No entanto, não se espera que o professor resolva sozinho todas as
dificuldades pedagógicas e emocionais da criança. Na verdade, raramente o aluno
consegue supera-las sem ajuda de um psicopedagogo. É papel deste profissional,
detectar as causas e as ares que se encontram deficitárias e estimulá-las. {...} A
medida que a criança vai progredindo no tratamento clínico, o educador poderá ir
solicitando determinadas atividades que o aluno já domina.(...)” (p. 124).
“Esta forma de trabalho conjunta, envolvendo o professor e o psicopedagogo,
trará ao aluno, a sensação e a certeza de que conseguirá superar os obstáculos já
que, está sendo apoiado por pessoas nas quais ele confie e que, em contrapartida
confiam nele.” (p. 124).