UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA
SUJEITOS E PRÁTICAS: REFLETINDO SOBRE O PAPEL DA AVALIAÇÃO E O FRACASSO ESCOLAR
Por: Paula Guerra Carvalho
Orientador: Profª Maria Esther de Araújo Co- Orientadora: Profª Gisele Boger Brand
Maricá 2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA
SUJEITOS E PRÁTICAS: REFLETINDO SOBRE O PAPEL DA AVALIAÇÃO E O FRACASSO ESCOLAR
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientação Educacional e Pedagógico
Por: Paula Guerra Carvalho
Agradeço a Deus meu grande mestre e guia em todos os momentos em minha vida. E a minha família que está comigo nessa grande trajetória.
Dedico esse trabalho a todos as pessoas que de maneira direta ou indireta me fazem diariamente crescer como ser
humano.
Resumo
O presente trabalho é fruto de uma reflexão sobre o fracasso escolar, avaliação e o papel
dos orientadores educacionais e pedagógicos. Sabemos que o fracasso escolar pode ser
justificado de diversas maneiras, para tanto buscamos elucidar a raiz do problema, onde
e como ele se inicia. Mais adiante usamos o recorte da avaliação como uma das
possibilidades explicativas para o fracasso, do seu uso para perpetuação da exclusão
social. A falta de entendimento do real significado da avaliação esvazia sua função
diagnóstica e maximiza sua função burocrática.
Falamos sobre a função do profissional orientador educacional e pedagógico ao longo
de sua constituição, como um profissional da educação, refletir sobre as diversas
“funções” e atribuições até os dias atuais.
Buscamos também entender como os orientadores da atualidade concebem a avaliação.
Para tanto procuramos analisar as representações que os sujeitos têm de avaliação
procurando identificar as múltiplas dimensões da avaliação que ocorrem no espaço
escolar.
Metodologia
O desenvolvimento desse trabalho será dividido em dois momentos: o primeiro
momento, composto por uma pesquisa bibliográfica sobre o fracasso escolar, avaliação
e o papel do orientador pedagógico, que será fundamentado pelos autores: Maria Helena
de Souza Patto, Jussara Hoffmann, Luckesi, Maria Tereza Estebam, Paulo Ferire,
Andressa Rocha e o segundo momento, por uma pesquisa de campo.
Utilizei nesse trabalho um questionário com perguntas fechadas e abertas,
dividida em três blocos: O primeiro levanta informações sobre o perfil dos pesquisados;
O segundo é dedicado ás percepções sobre o magistério: qual a percepção em relação ao
papel social da escola, o que é ser um bom professor e um bom aluno; O terceiro é
composto por questões abertas, sobre como o Orientador concebe a avaliação. Todos os
dados foram analisados a luz de fundamentos teóricos, marcados pela leitura de textos
de pesquisadores citados a cima.
Este estudo delimita-se a quatro Orientadores Educacionais e Pedagógicos: dois
da rede pública de ensino e dois da rede privada na cidade de Maricá no ano de 2012.
Essas Orientadoras foram selecionadas aleatoriamente, pela disponibilidade e
aceitação em participar desta pesquisa. Ressalta-se que a maioria não gosta de participar
desse tipo de pesquisa, na qual suas verdades são contestadas, além do que, muitos não
estão abertos para o novo ou diferente.
Sumário
Introdução ............................................................................................................7
Capítulo I – Novas Questões para um antigo tema: fracasso escolar .................. 9
Capítulo 1.1 – Raiz histórica................................................................................ 9
Capítulo 1.2 - Rumo a uma reconstrução do significado de avaliar....................12
Capítulo II – O papel do Orientador Educacional ao longo do tempo ...............17
Capítulo 2 1- Conceito....................................................................................... 22
Capítulo 2.2 Atividades da Função ..................................................................23
Capítulo 2.3 - Os Princípios Éticos do Orientador Educacional.........................24
Capítulo III - Análise de Dados comentada da entrevista ...............................26
Capítulo 3.1 – Orientadora A ............................................................................ 26
Capítulo 3.2 – Orientadora B ........................................................................... 28
Capítulo 3.3 – Orientadora C ............................................................................ 30
Capítulo 3.4 – Orientadora D ............................................................................ 32
Considerações Finais – ..................................................................................... 38
Bibliografia – .................................................................................................... 39
Anexos - .............................................................................................................. 41
Anexo 1 – Questionário ...................................................................................... 42
Anexo 2- Respostas dos Questionários .............................................................. 45
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA
SUJEITOS E PRÁTICAS: REFLETINDO SOBRE O PAPEL DA AVALIAÇÃO E O FRACASSO ESCOLAR
Por: Paula Guerra Carvalho
Orientador: Profª Maria Esther de Araújo Co- Orientadora: Profª Gisele Boger Brand
Maricá 2013
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA
SUJEITOS E PRÁTICAS: REFLETINDO SOBRE O PAPEL DA AVALIAÇÃO E O FRACASSO ESCOLAR
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientação Educacional e Pedagógico
Por: Paula Guerra Carvalho
Agradeço a Deus meu grande mestre e guia em todos os momentos em minha vida. E a minha família que está comigo nessa grande trajetória.
Dedico esse trabalho a todos as pessoas que de maneira direta ou indireta me fazem diariamente crescer como ser
humano.
Resumo
O presente trabalho é fruto de uma reflexão sobre o fracasso escolar, avaliação e
o papel dos orientadores educacionais e pedagógicos. Sabemos que o fracasso escolar
pode ser justificado de diversas maneiras, para tanto buscamos elucidar a raiz do
problema, onde e como ele se inicia. Mais adiante usamos o recorte da avaliação como
uma das possibilidades explicativas para o fracasso, do seu uso para perpetuação da
exclusão social. A falta de entendimento do real significado da avaliação esvazia sua
função diagnóstica e maximiza sua função burocrática.
Falamos sobre a função do profissional orientador educacional e pedagógico ao
longo de sua constituição, como um profissional da educação, refletir sobre as diversas
“funções” e atribuições até os dias atuais.
Buscamos também entender como os orientadores da atualidade concebem a
avaliação. Para tanto procuramos analisar as representações que os sujeitos têm de
avaliação procurando identificar as múltiplas dimensões da avaliação que ocorrem no
espaço escolar.
Metodologia
O desenvolvimento desse trabalho será dividido em dois momentos: o primeiro
momento, composto por uma pesquisa bibliográfica sobre o fracasso escolar, avaliação
e o papel do orientador pedagógico, que será fundamentado pelos autores: Maria Helena
de Souza Patto, Jussara Hoffmann, Luckesi, Maria Tereza Estebam, Paulo Ferire,
Andressa Rocha e o segundo momento, por uma pesquisa de campo.
Utilizei nesse trabalho um questionário com perguntas fechadas e abertas,
dividida em três blocos: O primeiro levanta informações sobre o perfil dos pesquisados;
O segundo é dedicado ás percepções sobre o magistério: qual a percepção em relação ao
papel social da escola, o que é ser um bom professor e um bom aluno; O terceiro é
composto por questões abertas, sobre como o Orientador concebe a avaliação. Todos os
dados foram analisados a luz de fundamentos teóricos, marcados pela leitura de textos
de pesquisadores citados a cima.
Este estudo delimita-se a quatro Orientadores Educacionais e Pedagógicos: dois
da rede pública de ensino e dois da rede privada na cidade de Maricá no ano de 2012.
Essas Orientadoras foram selecionadas aleatoriamente, pela disponibilidade e
aceitação em participar desta pesquisa. Ressalta-se que a maioria não gosta de participar
desse tipo de pesquisa, na qual suas verdades são contestadas, além do que, muitos não
estão abertos para o novo ou diferente.
Sumário
Introdução ............................................................................................................7
Capítulo I – Novas Questões para um antigo tema: fracasso escolar .................. 9
Capítulo 1.1 – Raiz histórica................................................................................ 9
Capítulo 1.2 - Rumo a uma reconstrução do significado de avaliar....................12
Capítulo II – O papel do Orientador Educacional ao longo do tempo ...............17
Capítulo 2 1- Conceito....................................................................................... 22
Capítulo 2.2 Atividades da Função ..................................................................23
Capítulo 2.3 - Os Princípios Éticos do Orientador Educacional.........................24
Capítulo III - Análise de Dados comentada da entrevista ...............................26
Capítulo 3.1 – Orientadora A ............................................................................ 26
Capítulo 3.2 – Orientadora B ........................................................................... 28
Capítulo 3.3 – Orientadora C ............................................................................ 30
Capítulo 3.4 – Orientadora D ............................................................................ 32
Considerações Finais – ..................................................................................... 38
Bibliografia – .................................................................................................... 39
Anexos - .............................................................................................................. 41
Anexo 1 – Questionário ...................................................................................... 42
Anexo 2- Respostas dos Questionários .............................................................. 45
Introdução
O fracasso escolar tem sido objeto de muitas pesquisas, trabalhos, reflexões, e
quase sempre têm a intenção de contribuir para construção de uma escola de melhor
qualidade. Esse tema hoje é considerado, por muitos autores, como uma espécie de
código secreto, que se justifica de diversas formas e possibilidades. Muito embora o
tema seja complexo, hoje contamos com inúmeras explicações, historicamente
construídas para justificar a produção e manutenção do fracasso escolar.
Uma das possibilidades explicativas para o fracasso escolar é o processo
avaliativo, e a polêmica em torno do assunto no campo educacional é grande. Embora
muito já se tenha discutido, o tema está longe de uma abordagem consensual. Apesar de
contarmos com profissionais que buscam um novo sentido para a prática avaliativa, essa
prática parece ainda ser constituída muito mais da aplicação de provas e exames, do que
de “avaliação”. A avaliação baseada em provas e exames, como são praticadas na
maioria das escolas, exclui parte dos alunos porque se baseia no julgamento, enquanto a
avaliação pode incluí-los com sua função diagnóstica, e assim possibilitar ao educando
uma aprendizagem efetiva e satisfatória.
Instigada a aprofundar a análise e reflexões sobre o tema Orientador, avaliação e
fracasso escolar busquei como objetivo compreender as representações que os
Orientadores Educacionais e Pedagógicos da atualidade possuem sobre a prática
avaliativa. Conhecer que fatores contribuem o fracasso escolar analisando o papel do
orientador, e perceber como a avaliação é desenvolvida na Unidade Escolar onde atua.
A hipótese que levanto é urgente à necessidade de reflexão sobre a ambiguidade
desse processo, a avaliação pode produzir tanto sucesso quanto o fracasso. Diante da
possibilidade de sucesso entra o Orientador Educacional. Entendendo sua função
problematizadora e articuladora pode ser um agente desvelador de uma das faces
produtoras de fracasso escola a avaliação.
Para dar conta dessas perguntas fizemos entrevistas com quatro orientadores.
Dois de rede pública de ensino e dois da rede privada.
No senso comum o termo avaliar tem sido constantemente associado a
expressões como: fazer prova fazer exame, atribuir notas, repetir ou passar de ano. Esta
associação, tão frequente em nossa escola, é resultante de uma concepção pedagógica
arcaica, porém tradicionalmente dominante na maioria das escolas. Nela a educação é
concebida como mera transmissão e memorização de informações prontas e o aluno é
visto como um ser passivo e receptivo. Uma vez que a avaliação é uma possibilidade
explicativa do fracasso escolar o orientador educacional a cada dia que passa vem
sentindo a necessidade de repensar as práticas avaliativas do processo ensino
aprendizagem.
A avaliação quantitativa e burocrática ainda é uma prática predominante em
nossas escolas e somente através da percepção correta do que significa avaliar e como
encaminhar o avaliado é que romperemos com essa prática fragmentadora do processo
de aprendizagem do educando rumo ao sucesso escolar.
O presente trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro — Novas
Questões para um antigo tema: Fracasso Escolar - trago algumas ideias que ajudam a
compreender o fracasso escolar e as práticas avaliativas, e repenso o significado de
avaliar.
No segundo capítulo – O papel do Orientador Educacional – percorro através da
história refletindo sobre a função desse profissional.
No terceiro capítulo- Análise de Dados - procuro analisar as representações que
os sujeitos têm de avaliação procurando identificar as múltiplas dimensões da avaliação
que ocorrem no espaço escolar.
Finalmente, teço algumas considerações finais sobre aquilo que me propus a
estudar — avaliação.
Capítulo I – Novas questões para um antigo tema: fracasso escolar
1.1 - Raiz histórica
Refletir hoje sobre a educação no Brasil nos leva a pensar sobre as dificuldades
da aprendizagem escolar, que é manifestada, predominantemente, entre os segmentos
mais empobrecidos da população. Segundo Luckesi (1999) a educação está a serviço de
uma pedagogia que serve a um modelo social dominante e, para tanto, o saber se
vincula ao tipo de produto que uma sociedade e seus administradores desejam fabricar:
o “bom cidadão e o homem de êxito”. O discurso da escola é o do desenvolvimento
harmônico e integral do educando. No entanto, as condições sócio-históricas fazem dela
um lugar no qual se exerce a dominação cultural, secundarizando o processo ensino-
aprendizagem.
Como consequência desse modelo de sociedade percebemos o fracasso em que a
educação vem amargando ao longo de sua história: altas taxas de analfabetismo,
deficiência do processo ensino-aprendizagem, evasão escolar, e a exclusão social que
contribui para manutenção de uma escola dualista: escola para ricos e outra para os
pobres. Para entendermos um pouco do subjetivismo onde o fracasso escolar se esconde
precisamos pensar no modo dominante de pensá-lo, que se instituiu no leste europeu e
na América do Norte durante o século XIX.
Segundo PATTO (2000), a raiz do fracasso escolar se encontra nas crises
periódicas que afetaram a vida econômica e o trabalho alienado, decorrentes da dupla
revolução Industrial e Francesa, que configuraram o modelo de produção capitalista que
começou a vigorar na Europa ocidental no séc.XVIII.
Desde então, o fracasso escolar sempre recaiu sobre o indivíduo. Ora
apoiado pela medicina, que estabeleceu uma visão organicista das aptidões humanas e
os fatores orgânicos. Ora baseado na psicologia e na pedagogia, onde são difundidas
como possíveis causas do fracasso escolar: as influências ambientais ou os fatores
sócio-econômico-culturais; os fatores intra-escolares e os fatores emocionais. Análises
que não levam em consideração que por de trás do sujeito que fracassa existe uma
sociedade que deseja que o aluno fracasse, dando-lhe todas as condições favoráveis para
que tal acontecimento suceda: estimula atitude de submissão e obediência no processo
de aprendizagem, recaindo sobre o aluno a culpa dos insucessos e as mazelas
decorrentes dessa imposição.
Enquanto escola para o povo, a avaliação já assumia uma forma de
organização que trazia embutida a lógica seletiva, a ideologia do dom, a serviço do
capitalismo. Retirou-se da escola a responsabilidade pelo desempenho escolar dos
alunos, fortalecendo o sistema a serviço da reprodução das desigualdades sociais. Só
que isto, obviamente, é camuflado ideologicamente. Camuflado porque sabemos que o
papel fundamental da educação muitas vezes é obscurecido, sem dar condições para a
efetiva aprendizagem e formação do cidadão. Se ela fosse concebida e organizada para
produzir aprendizagem, e não seleção, a história teria sido outra, teria outra
configuração. Podemos afirmar que há uma dívida histórica da escola para com os
cidadãos que precisa ser enfrentada, como nos lembra Luckesi (1999),
Nenhuma indústria capitalista sobreviveria minimamente com o
insucesso da repetência e da evasão escolar. Fecharia as portas nas primeiras semanas de vida. No entanto, dentro dessa mesma sociedade, que, permanentemente, busca a eficiência, deixa-se à escola numa ineficiência invejável! Essa é evidentemente uma ineficiência que se tornas eficiente, do ponto de vista de redução ou impedimento da elevação cultural das camadas populares da sociedade. Quanto mais ignorância e inconsciência, melhor para os segmentos dominantes da sociedade. Para eles, torna-se necessário controlar o montante de pessoas educadas atendendo às necessidades do modo de produção capitalista. Esse montante se ultrapassa os limites de controle, poderá gerar desequilíbrio e processos de transformação. A sociedade por diversos motivos procura diversos mecanismos de limitar o acesso e a permanência das crianças e jovens no processo de escolaridade (p.63).
É crescente o consenso sobre a necessidade de ampliar e aprofundar o debate
sobre a qualidade e a eficiência da produção e da distribuição do conhecimento pelo
sistema educacional. Nesse momento, refletir sobre o papel da avaliação se faz
necessário, uma vez que ela é usada como um dos mecanismos de perpetuação da
exclusão social. Segundo Esteban (2002), a avaliação, tal como hoje ela se revela,
dificulta a explicitação na sala de aula, da polissemia, da polifonia, que marcam a
linguagem dos alunos e da diversidade de seus processos e ritmos de aprendizagem.
Nessa lógica, a avaliação acaba excluindo os alunos do espaço escolar. Os resultados
alcançados, ano após ano, indicam que o rendimento escolar nem sempre reflete o real
conhecimento de que são portadores os alunos.
Dentro da perspectiva neoliberal, ainda segundo Esteban, a avaliação é
constituída como um problema administrativo e não da aprendizagem, na medida em
que reconhece a presença ou ausência de determinado conhecimento, mas não possui a
mesma capacidade para informar sobre o processo de aprendizagem dos estudantes. É
um instrumento que é usado para atender às exigências administrativas, o exame, onde o
professor enfatiza o erro e não o acerto. Numa dimensão técnica fundamentada na
concepção de homogeneidade, o aluno é considerado um indivíduo a ser moldado pela
ação pedagógica. Segundo Luckesi (1999) a prova passa a ser decisória nesse processo
e serão usadas para satisfação, punição, poder e manipulação dos envolvidos, deixando
de ser usada como auxiliadora do processo de aprendizagem.
Para Esteban, a avaliação escolar que mantém a lógica do exame pode ser
entendida como um dos métodos sociais mais suaves, corporalmente menos violentos e
visualmente menos perceptíveis de manter a disciplina; um dos instrumentos capazes de
atuar com intensidade e amplitude sobre o sujeito em sua totalidade; tem o sentido de
disciplinar, não só o corpo, mas o pensamento, à vontade, as disposições.
Para que a avaliação assuma o seu verdadeiro papel de instrumento dialético de
diagnóstico para o crescimento do aluno, ela terá que se preocupar com a transformação
social e não com a sua conservação. Se as aspirações da humanidade se traduzem num
modelo socializante e democrático, a pedagogia e a avaliação em si no seu interior
também se transformarão na perspectiva de encaminhamentos democráticos.
Depois de compreender essa necessidade pensar no papel da avaliação,
significa caminhar em direção a uma avaliação de vertente qualitativa, buscando
introduzir aspectos que levam a uma mudança na reflexão epistemológica. Embora a
prática pedagógica permaneça ainda delimitada pelo modelo positivista, os
profissionais deverão estar atentos para sua insuficiência e as consequências
desastrosas provocadas por ela.
Segundo PATTO (1999),
alguns espíritos da nova e da velha geração, ainda se arrastam sem convicções, pois se inserem em um labirinto de ideias vagas fora
de seu alcance, e certamente fora de sua experiência; e porque manejam palavras, com que já se familiarizaram imaginam muitos que possuem as ideias claras, o que lhes tira o desejo de adquiri-las (p.139).
A escola e os professores devem estar permanentemente se esforçando para
romper com o paradigma dominante da avaliação: classificatório. O processo é lento e
difícil, mas para que tal acontecimento suceda é necessária essa tomada de consciência,
de postura, diante das exigências do nosso sistema de ensino, acreditando que a
educação por si só não é capaz de resolver o problema das desigualdades sociais, das
exclusões de nossa sociedade, mas é a peça chave para que esse “motor” funcione.
Apesar de o fracasso escolar ser uma realidade bem presente em nossas escolas,
não podemos esquecer que a escola, independente de ideologias, sempre será um espaço
de possibilidades. Seus sujeitos se estão em movimento e diálogo constantes, a
multiplicidade de vozes se encontra com a pluralidade de experiências dos diversos
atores que a compõem.
Portanto, encontramos no avesso da escola, práticas e posturas que não se
deixaram influenciar por completo, com afirma PATTO (1999), “Na realidade, os
homens não são tão manipuláveis indefinidamente em qualquer direção, pois sempre
existe um ponto limite, um limite no qual deixam de ser objetos e se transformam em
sujeitos” (p.178). Concordo com PATTO (1999) quando ela revela que não existe
nenhuma relação inteiramente alienada, tampouco há comportamentos humanos que se
tenham cristalizado absolutamente em papéis, marcados pela submissão.
Para finalizar essa ideia, trago a pesquisadora ESTEBAN (1999) que diz: “Nas
situações cotidianas, às quais não damos maior relevância, podemos encontrar sinais de
rupturas com o discurso da classificação que vem dando sentido às práticas avaliativas”
(p.18). Certamente podemos encontrar essa resistência na escola, ainda que
timidamente, não podendo negar sua existência.
1.2 - Rumo a uma reconstrução do significado de avaliar
Apesar de contarmos com escolas que buscam um novo sentido para suas
práticas avaliativas, essa prática parece ainda ser constituída muito mais da aplicação de
provas e exames, do que de “avaliação”. A avaliação baseada em provas e exames, com
são praticadas na maioria das escolas, exclui parte dos alunos porque se baseia no
julgamento, enquanto a avaliação pode incluí-los com sua função diagnóstica, e assim
possibilitar ao educando uma aprendizagem efetiva e satisfatória.
A polêmica em torno do que realmente seja a avaliação no campo educacional é
bastante grande. Embora muito já se tenha discutido, o tema está longe de uma
abordagem consensual.
A avaliação deve ser vista como um processo contínuo e sistemático, que faz
parte do processo ensino-aprendizagem, processo esse que pode nortear alunos e
professores, diagnosticando as dificuldades, sendo um instrumento facilitador para que
o professor possa planejar novas atividades de forma a que todos alcancem os objetivos
propostos.
A avaliação auxilia no esclarecimento das metas e dos objetivos educacionais na
medida em que o desenvolvimento do aluno está se processando da maneira desejada,
sendo também um sistema de controle de qualidade, pelo qual se pode determinar, a
cada passo do processo de ensino-aprendizagem, se este está ou não sendo eficaz,
indicando mudanças a serem feitas para assegurar sua eficácia.
É necessário que nós educadores entendamos a necessidade de conceber a
avaliação como uma incessante busca de compreensão das dificuldades do educando e
na dinamização de novas oportunidades de conhecimento. Busca esta este que implica
em uma reconstrução do significado do ato de avaliar, que não acontecerá por
experiências isoladas ou fragmentadas, mas por uma ação conjunta e continuada que
ultrapasse os muros das instituições escolares e esteja pautada na vontade de mudar. É
nesse sentido que HOFFMANN (1991) afirma que “a construção do ressignificado da
avaliação pressupõe dos educadores um enfoque critico da educação e do seu papel
social” (p.112).
A avaliação da aprendizagem é definida por Luckesi (1997) como um ato
amoroso, no sentido de que a avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo,
inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir a avaliação do julgamento, sendo
este um ato de distinguir o certo do errado, incluindo o primeiro e excluindo o segundo.
Não podemos reduzir avaliação a um conjunto de momentos estanques que
costuram fragmentos do processo ensino/aprendizagem, perspectiva que limita (quando
não impede) a possibilidade de os sujeitos construírem conhecimentos num movimento
dialógico, especialmente quando atuamos na escola pública que é frequentada
prioritariamente pelas crianças das classes populares, que trazem conhecimentos,
vivências, lógicas e expectativas muito diferentes daqueles que articulam a prática
pedagógica hegemônica. Incorporar a heterogeneidade de saberes presente na vida
escolar exige que a lógica da avaliação se aproxime a um dinâmico caleidoscópio.
Segundo HOFFMANN (1991),
O sentido fundamental da ação avaliativa é o movimento, a transformação (...) o que implica num processo de interação entre educador e educando, num engajamento pessoas a que nenhum educador pode se furtar sob pena de ver completamente descaracterizada a avaliação em seu sentido dinâmico (p.110).
Sob esta perspectiva, avaliar deixa de significar fazer um julgamento sobre a
aprendizagem do aluno, para servir como o momento capaz de revelar o que o mesmo já
sabe os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento demonstrado, seu
processo de construção de conhecimento, podendo potencializar, revelar suas
possibilidades de avanço e as necessidades que precisa superar. A avaliação propicia um
momento de mudança, de avanço e de progresso, enfim, da aprendizagem. Ela é
processual, contínua, participativa, diagnóstica e investigativa, fazendo parte do ato
educativo, do processo de aprendizagem. Avalia-se para diagnosticar avanços e
entraves, para interferir, agir, problematizar e redefinir os rumos e caminhos a serem
percorridos. De acordo com HOFFMANN (1991),
(...) o processo avaliativo a que me refiro é um método investigativo que prescinde da correção tradicional, impositiva e coercitiva. Pressupõe isso sim, que o professor esteja cada vez mais alerta e se debruce compreensivamente sobre todas as manifestações do educando (p. 79).
A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96,
estabelece que a avaliação deva ser contínua e priorizar a qualidade e o processo de
aprendizagem, sendo que os aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os
quantitativos. Porém, para que a avaliação sirva à aprendizagem, é essencial que os
professores conheçam cada um de seus alunos e suas necessidades, pois, somente assim,
poderá pensar em diferentes alternativas para que todos os alunos alcancem os objetivos
a que se propõe. Nesta perspectiva, a avaliação parte de duas premissas básicas:
confiança na possibilidade dos educandos construírem suas próprias verdades e a
valorização de seus interesses e manifestações. Com isso, o principal agente da
mudança de concepção e reconstrução do processo avaliativo é o educador, através de
suas concepções e sua pratica educativa.
Assim, a reconstrução da prática avaliativa pressupõe a existência de professores
com formação crítica, capazes de ampliar seu horizonte de compreensão, assim como o
reconhecimento da necessidade de uma formação constante e a disposição para ser
sujeito da mudança e, com isso construir algo diferente.
O conceito de professor como mediador vem explicitar uma nova função
docente que nem sempre é aceita, pois pode representar ao professor um
enfraquecimento do que ele efetivamente sabe desempenhar – informar, propor
atividades, avaliar disciplinar - ou pode parecer-lhe que se exigem funções para as quais
ele não esteja preparado.
Para Hoffmann (1991), a contradição entre o discurso e a prática de alguns
educadores e, principalmente, a ação classificatória e autoritária exercida pela maioria,
encontra explicação na concepção de avaliação do educador, reflexo de sua história
como aluno e professor. Existe a vontade de fazer diferente, porém, não se sabe como
fazer. Assim, o primeiro passo seria tomar consciência destas influências, para que não
se venha a reproduzir o que se contesta no discurso: o autoritarismo e a arbitrariedade.
Segundo a autora, a questão da avaliação.
“configura-se gradativamente mais problemático na educação à medida que se amplia a contradição entre o discurso e a prática dos educadores. Embora os professores ainda relacionem estreitamente a ação avaliativa a uma prática de provas finais e atribuição de graus classificatórios, criticam eles mesmos o significado desta prática nos debates em torno do assunto” p.28).
Os educadores constroem seu jeito de ensinar no cotidiano da sala de aula, e é a
partir daí que deve se conduzir uma reflexão sobre sua prática e a reconstrução de uma
identidade profissional. Neste contexto, o educador deve assumir uma postura de
investigador, ou seja, procurar refletir sobre sua prática, fundamentando-a e iluminado-a
sob a luz da teoria.
Na percepção de Luckesi (1997) os professores precisam se comprometer com
uma concepção pedagógica que esteja preocupada com a perspectiva de que o educando
aproprie-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessários à sua realização
como sujeito critico dentro da atual sociedade neoliberalista, permeada pelos princípios
da competição e do individualismo, características do modo capitalista de produção.
Para esse autor,
“Se é importante aprender aquilo que se ensina na escola, a função “da avaliação será possibilitar ao educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra”, tendo em vista poder trabalhar com ele para que saia do estágio defasado em que se encontra e possa avançar em termos dos conhecimentos necessários” (p.80).
Assim sendo, o educador que estiver disposto a dar um novo encaminhamento
para a prática da avaliação escolar deverá estar preocupado em redefinir ou definir os
rumos de sua ação pedagógica, atentando para os princípios que norteiam esta nova
prática, sendo o diálogo uma das premissas básicas na busca de investigar,
problematizar, emancipar e ampliar perspectivas.
Luckesi (1997) afirma que para esta mudança acontecer é preciso que o
educador assuma um posicionamento pedagógico claro e explícito, tendo em vista que
quando avaliamos exercemos um ato político, mesmo quando não o pretendemos.
Também é preciso buscar novos rumos da prática educacional, pois “teoria e prática
formam uma unidade na ação para a transformação”, bem como é necessário resgatar a
avaliação em sua essência constitutiva, concebendo-a como um “instrumento dialético
do avanço”, sendo o identificador de novos rumos. Quanto a isso, HOFFMANN (1991)
afirma que
(...) se a ação avaliativa deve partir do fazer da criança e do jovem, essa ação intenciona, principalmente, a compreensão cada vez maior dos fenômenos e dos objetos. O que caberia, pois, observar é se o educador é consciente da provocação necessária ao processo de compreender” (p. 71).
Sob essa ótica, a necessidade de reconstruir a cultura escolar sobre o processo de
avaliação a fim de inverter seu sentido, de modo que de produtor de fracasso se torne
articulador do sucesso escolar das crianças, tem sido um desafio para todos os
professores. Ainda segundo HOFFMANN (1991),
“(...) o professor deve assumir a responsabilidade de refletir sobre toda a produção de conhecimento do aluno, promovendo o movimento, favorecendo a iniciativa e a curiosidade no perguntar e no responder e construindo novos saberes junto com os alunos” (p. 75).
Capítulo II – O Papel do Orientador Educacional ao longo do tempo
Historicamente a Orientação Educacional tem sido uma das funções exercidas
pelo profissional da educação denominado Pedagogo, sua conceituação e entendimento
são marcados ao longo do tempo por muitas modificações.
Nos diferentes períodos e redes escolares o Orientador Educacional recebe
denominações variadas e exerce atividades diversas, e tal diversidade dificultou e vem
dificultando ao longo de toda nossa história a efetivação da real identidade e dimensão
do fazer profissional, estabelecendo assim, um conflito entre os diversos papéis
desempenhados pelos profissionais da educação.
Assim, a existência e permanência do Orientador Educacional na rede escolar
são ainda bastante questionadas, pois o enfoque dado às atividades que desempenha
passa por modificações, de acordo com, os estados em suas regulamentações e
regimentos.
Segundo Rocha apud Gripun 1998, p.94 a conceituação da Orientação
Educacional está dividida em períodos:
O primeiro período, chamado de implementador, compreende os anos de 1920 a
1941, segundo o autor “a orientação está associada ao caráter profissional, com ênfase
nos trabalhos de seleção e escolha profissional”.
O segundo período, chamado institucional de 1942 a 1960, é subdividido em funcional e instrumental, ocorre toda a exigência legal da orientação nas escolas, o esforço do Ministério da Educação e Cultura para administrá-la e os cursos que cuidavam da formação dos orientadores educacionais (p.94).
Nessa época as Leis Orgânicas do Ensino fazem alusão à Orientação
Educacional.
Em 1958, o exercício da função e o registro de Orientador Educacional foram
regulamentados pelo MEC, pela Portaria nº105, em março de 1958, permanecendo
provisória até 1961, quando a LDB nº 4.024 veio regulamentar a formação do
profissional.
A primeira lei a falar sobre a Orientação Educacional foi a Lei nº 4.244 de 1942
e seu cargo era de encaminhar os alunos para escolher um a boa profissão e a última Lei
e mais importante que fala sobre isso, é o Decreto nº 72.826 de setembro de 1973.
Dentre os artigos que se destacam como aspectos legais mencionamos:
Art. 1º Constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas.
Art. 2º O exercício da profissão de Orientador Educacional é privativo: I - Dos licenciados em pedagogia, habilitados em orientação educacional, possuidores de diplomas expedidos por estabelecimentos de ensino superior oficiais ou reconhecidos. II - Dos portadores de diplomas ou certificados de orientador educacional obtidos em cursos de pós-graduação, ministrados por estabelecimentos oficiais ou reconhecidos, devidamente credenciados pelo Conselho Federal de Educação. III - Dos diplomados em orientação educacional por escolas estrangeiras, cujos títulos sejam revalidados na forma da legislação em vigor. (D.O.U. de 27-09-1973)
Dando continuidade aos períodos citados pela autora Rocha apud Grispun 1998, temos o próximo período chamado:
transformador de 1961 a 1970, traz uma orientação educacional caracterizada como educativa, na Lei nº 4024/68, até a profissionalização dos que atuam nessa área, através da Lei nº 5540/48. Começam a ganhar maior dimensão os eventos de classe, apresentados em seminários, encontros e congressos. Nos congressos brasileiros de Orientação Educacional ganham espaço, nesse período as questões psicológicas. “Na década de 60, em que floresceu o aspecto preventivo da Orientação Educacional, a escola vivia o seu momento de grande
importância, uma vez que a educação seria a responsável pelo desenvolvimento do país (p.94/95)”.
Correspondente a esse período temos também, a Lei nº 5.564 de 21 de dezembro
de 1968, que demonstrava preocupação com a formação integral do adolescente,
embora mencione orientações referentes ao ensino primário, como era naquela época
designado o atual ensino fundamental.
“O quarto período é chamado Disciplinador de 1971 a 1980.”
Nesse período temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de número 5.692
de 1971, a Orientação Educacional assume um papel fundamental, dando destaque à
área da Orientação Vocacional, mais privilegiada para atender aos objetivos de ensino
da própria lei.
Ainda segundo Rocha apud Gripun 1998,
temos também o Decreto 72846/73, que regulamenta a lei que trata do exercício da profissão de Orientador educacional, vai disciplinar os passos que deverão ser seguidos. A impressão que se tinha é de que a orientação estava buscando seu papel, mas a lei acenava com a disciplina que deveria ser seguida. (p.95).
O quinto período, chamado de Questionador que compreende a década de 80.
Na década de 1980, os Orientadores pensam e discutem a profissão e seu papel
na educação, porém, acabam se focando somente na teoria, pois a prática não muda e o
que se vê é o mesmo que ocorria nas décadas anteriores. Assim, o Orientador vai
deixando as funções e denominações de atender os alunos problemas, de psicólogo e de
facilitador de aprendizagem para ostentar, com o tempo, mais autoridade técnica no seu
compromisso político com e na escola.
Na área de Orientação a produção acadêmica vai se ampliando em dimensão
mais crítica e questionadora, assim como os Orientadores vão adotando uma função
política comprometida com as causas sociais. Por esses motivos, a Orientação
Educacional começa a ser questionada a partir de 1980. Os pressupostos teóricos
começam a ser repensados e rediscutidos e o Orientador começa a participar de todos os
momentos da escola, discutindo questões curriculares, como objetivos, procedimentos,
critérios de avaliação, metodologias de ensino, demonstrando sua preocupação com os
alunos e o processo de aprendizagem.
Para uma discussão mais ampla, envolvendo as práticas, os valores que a
norteavam, a realidade dos alunos, assim como o mundo do trabalho, foi oferecida aos
Orientadores cursos de reciclagem que muito contribuíram. Segundo alguns autores,
esse período referente à década de 1980, foi marcado por estudos, congressos, lutas
sindicais, que, articuladamente transformara-se em grandes conquistas para os
Orientadores Educacionais.
A partir daí surge a FENOE (Federação Nacional dos Orientadores
Educacionais), de grande importância na defesa aos Orientadores Educacionais, que foi
extinta na década de 1990, levando ao enfraquecimento da categoria profissional que
representava.
Dando continuidade aos períodos de Rocha apud Gripun 1998,
O sexto período, Chamado Orientador que fica estabelecido a partir da década de 1990. A orientação vai trabalhar com todos os parâmetros da escola, sua visão será mais ampla, pois não trabalhará mais o aluno “problema”, mas sim o processo educativo como um todo envolvendo todos os que participam dele (p.95).
A partir desse período para ser Orientador é necessário ter diploma, no entanto,
em nossa sociedade atual o que importa é a política gerada em torno de cargos e não a
competência. Assim, os artigos 8º e 9º falam das atribuições do Orientador Educacional
que são:
Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de: 1 - Escola; 2 - Comunidade. b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas. c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global. d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando. e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vista à orientação vocacional. f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando. g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial.
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar. i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino. j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. k) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.
Algumas vezes a atuação do Orientador Educacional é comprometida pela
imagem formada ao longo dos anos, tornando mais sério quando se sabe que a
consciência de si não é feita isoladamente, mas sim através de relações. Entretanto, o
Orientador deve ter o cuidado de não ser o doutrinador, no sentido de determinar a
consciência crítica dos alunos. Os papéis a ele atribuídos, a partir da posição de diversos
autores são:
Especialista - prioridade ao aconselhamento psicopedagógico.
Generalista - orientação de grupo, registro de alunos, sessões de aula, aplicação detestes, organização de classes,
fichas cumulativas, etc.
Monitor - orientação centrada no aluno.
Assessor - orientação centrada no contexto.
Consultor e assessor - assessoramento de pessoas e pequenos grupos, consultando professores, diretores, pais e
outros.
Agente de mudança - revisão crítica.
Profissional de ajuda - ajuda assessoramento.
Catalisador - o indivíduo realizando seu próprio papel.
Conselheiro e guia pessoal do aluno.
Agente de informações sobre oportunidades educacionais e ocupacionais.
Orientador da vocação do aluno.
Mediador entre comunidade escolar e familiar.
Membro do grupo profissional.
Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade; b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar; c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários; g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.
A identidade do Orientador Educacional como um profissional e o seu
posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam o desencadeamento do
processo de Orientação. Assim, supondo-se que toda identificação profissional
pressupõe reforço de valoração, supõe-se também que o Orientador Educacional
vivencie valores pessoais na sua atuação e, na medida em que houver maior coerência
entre os valores pessoais e expectativas sociais, a identidade profissional é mais
consciente.
O posicionamento do Orientador Educacional deve incluir uma ética
profissional, debatendo questões práticas, capazes de suscitar-lhe operações de
pensamento que o desafiam e levam à reflexão e à pesquisa em busca de uma identidade
autêntica apoiada em valores significativos.
A década de 1990 foi marcada por muitos questionamentos e incertezas, pois a
nova LDB era uma expectativa, Segundo Grispun (1994) pairava a dúvida se a lei traria
ou não menções ao Orientador Educacional em seu texto. Entretanto, tais incertezas
foram dizimadas quando da publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB – 9394/96) em seu artigo 64 menciona:
A formação de profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feito em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a base comum nacional (p.47).
Na LDB de 1996, a Orientação Educacional não aparece explicitamente, mas o
artigo 64 diz que a formação de profissionais de educação para orientação educacional
na educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, garantindo nessa forma a base comum nacional.
Dessa forma, podemos dizer que o orientador educacional é um profissional que
procura assistir o orientando, considerando o seu ajustamento pessoal e social e
relaciona-se com todos os envolvidos no processo educativo, como mediador.
2.1 – Conceito
Orientador Educacional ajuda o aluno, na escola, a tomar consciência de seus
valores e dificuldades, concretizando através do estudo sua realização em todas as
estruturas e planos de sua vida. Atua como um educador, investigando e colaborando
conforme as necessidades do grupo. Logo é um líder que reconhece e aceita as
diferenças entre as pessoas, conseguindo vê-las em sua totalidade, tentando oferecer um
ambiente confiável e estimulador.
Segundo Rocha apud Libâneo (2003) a definição do pedagogo é a seguinte:
profissional que atua em várias instâncias da prática
educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista objetiva de formação humana definidos em sua contextualização histórica. “Em outras palavras, o pedagogo é um profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à prática educativa em suas várias modalidades (p.97).
Sua função ainda é a de contribuir para o desenvolvimento pessoal do aluno,
ajuda a escola a organizar e realizar a proposta pedagógica, trabalhando em parceria
com o professor para compreender o comportamento dos alunos e agindo de maneira
adequada em relação a eles, ouvindo, dialogando e orientando. Segundo (Apostila pg.
99), o Orientador é um mediador, desvelador, apaziguador dos conflitos internos e
externos que afetam diretamente os processos educacionais, com sua função é
estratégica para criar situações de vivência de participação efetiva e continua no espaço
escolar.
O conceito de Orientação Educacional, segundo alguns autores, resume-se em
um processo social desencadeado dentro da escola que mobiliza todos os educadores
que nela atuam – especialmente os professores – para que na formação desse homem
coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha por que
passam os fatores socioeconômico-político-ideológicos e éticos que o permeiam e os
mecanismos por meio dos quais ele possa superar a alienação proveniente de nossa
organização social, tornando-se, assim, um elemento consciente e atuante dentro da
organização social, contribuindo, portanto, para sua formação.
2.2 - Atividades da Função
Quem é e o que faz o Orientador Educacional?
Embora seja um papel fundamental, muitas escolas não possuem esse na equipe,
o que não significa que não exista alguém desempenhando as mesmas funções.
Na instituição escolar o Orientador Educacional é um dos profissionais da
equipe de gestão, pois trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu
desenvolvimento pessoal, em parceria com os professores, para compreender o
comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles, com a
escola, em sua organização e realização da proposta pedagógica e com a comunidade,
orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis.
Torna-se necessário, hoje, que o Orientador Educacional tenha uma boa
formação político pedagógica, psicológica e cultural, pois, o sujeito/aluno hoje, não é o
mesmo de ontem.
Segundo Paulo Freire, o Orientador atua possibilitando conhecimentos
sistemáticos, levando o aluno a ter uma consciência crítica. Educar exige mais do que
nunca olhar o sujeito/aluno de forma ampla, um ser que constituído de história, crenças
e valores, obriga a escola ter um projeto político pedagógico, onde implícita ou
explicitamente deve refletir a questão da formação do sujeito.
O trabalho do Orientador Educacional deve ser o de propiciar a aproximação
entre a escola e a comunidade, revelando os papéis e a influência que as diversas
instituições, tais como clubes, comércios locais, indústrias e associações exercem na
comunidade. Preconiza a liberdade de extrapolar o espaço escolar, indo de encontro à
comunidade escolar. Seu campo de atuação não se limita à microestrutura escolar e
como corresponsável pela aprendizagem dos alunos deve questionar as práticas
docentes envolvendo os aspectos didático pedagógicos, tais como metodologia,
avaliação, relação professor/aluno, objetivos, conteúdos, mostrando a necessidade de
que os docentes conheçam e reflitam sobre o real significado da existência da escola e
sua função social.
Assim o Orientador Educacional deve buscar meios necessários para que a
escola cumpra seu papel de educar, mediante ao seu projeto político pedagógico,
mediando entre professor-aluno, aluno-professor, aluno-sociedade, sociedade-aluno e
responsabilizando-se por levar possibilidades de desenvolvimentos cognitivos, culturais
e emocionais para o espaço escolar, e transformações necessárias para uma sociedade
mais humana e justa.
Não há dúvida de que o Orientador Educacional seja necessário ao processo
educacional.
2.3 - Os Princípios Éticos do Orientador Educacional
Trabalho de um orientador educacional reveste-se de grande importância,
complexidade e responsabilidade e, para que seja realizado a contento, exige-se muito
desse profissional, não só em termos de formação, de atualização constante e de
características de personalidade como também de comportamento ético em relação às
informações sobre alunos, funcionários, e pessoas da comunidade, é um dos principais
aspectos a serem considerados.
A interação do Orientador Educacional com os orientados se caracteriza pelo seu
caráter de relação de ajuda, pois tanto o aluno pode expor, espontaneamente, fatos ou
situações de cunho pessoal ou familiar, como o Orientador pode necessitar fazer
indagações sobre a problemática em questão. Esses dados, por serem de fato sigiloso ou
confidencial, não devem ser alvo de comentários com outras pessoas, quaisquer que
sejam as circunstâncias. Esse cuidado é de vital importância porque a condição básica
para o estabelecimento de uma relação de ajuda eficiente é a confiança.
Assim, os questionários preenchidos com dados mais íntimos sobre o aluno e
seus familiares, bem como resultados de entrevistas e de testes e opiniões de professores
sobre determinado aluno devem ser mantidos fora do alcance de pessoas que,
propositada ou equidistante, neutro procurou acirrar os ânimos, mas, sempre que
possível, acalmar as partes, buscando o entendimento entre elas, negociando soluções
que, ao contentar a todos, restabeleçam um bom e necessário equilíbrio.
É importante, ainda, ressaltar, além do comportamento profissional, alguns
aspectos éticos de sua conduta pessoal, pois, devido à multiplicidade de interações que
estabelece com as pessoas, que queira, quer não, ela acaba por tornar uma figura muito
exposta, conhecida e visada, na escola e na comunidade. Ressalte-se, também que, ao
interagir com pessoas de diferentes faixas etárias, status e nível sócio econômico
cultural, seu comportamento estará sendo observado, podendo até vir a servir de modelo
para alguns, o que vem aumentar uma conduta ética irrepreensível, como diz Paulo
Freire pensar certo é fazer certo.
É extremamente válido lembrar que o trabalho do orientador educacional, assim
como o trabalho pedagógico de modo geral, precisa estar revestido pelo comportamento
ético, o sigilo e o cuidado na emissão de juízos de valor podem favorecer o trabalho do
orientador. A confiança na pessoa do orientador é fundamental para o êxito de seu
trabalho.
Assim, na atuação profissional do Orientado Educacional é imprescindível que
ele atue dentro de uma postura ética e sigilosa. Levando em estima à posição que sua
função lhes dá, a de um profissional que adentra a particularidade do aluno e de todo
seu grupo familiar. Logo é de obrigatoriedade uma ação pautada nos diversos princípios
contidos no código de ética.
Capítulo III - Análise de dados comentada
Para realização deste trabalho elaborei um questionário com perguntas fechadas
e abertas, que foi dividido em três blocos: O primeiro levanta informações sobre o perfil
dos Orientadores pesquisados; O segundo é dedicado ás percepções sobre o magistério:
qual a percepção do orientador em relação ao papel social da escola, o que é ser um bom
professor e um bom aluno; O terceiro é composto por questões abertas, sobre como o
orientador concebe a avaliação.
O questionário foi aplicado a quatro Orientadoras: uma de ambas as redes de
ensino público e privado, uma da rede pública de ensino, e duas da rede particular, uma
delas possui formação de nível superior e, as demais, de pós-graduação.
Essas Orientadoras foram selecionadas aleatoriamente, pela disponibilidade e
aceitação em participar desta pesquisa. Ressalta-se que a maioria não gosta de participar
desse tipo de pesquisa, na qual suas verdades são contestadas, além do que, muitos não
estão abertos para o novo ou diferente.
3.1 - Orientadora A
1 Perfil
A orientadora A- faz parte da Rede Particular de ensino; está no magistério há
mais de dez anos; possui nível pós-graduação e trabalha em duas escolas.
2 Percepções sobre o magistério da Orientadora A
Para a Orientadora A bom aluno é aquele que acrescenta ao conteúdo estudado
sua experiência pessoal, leva suas dúvidas ao professor; pesquisa em outras fontes além
do livro didático e possui independência para resolver suas próprias decisões em sala de
aula.
Quanto ao papel social da escola a orientadora indicou que seria: formar
indivíduos capazes de entender as relações de poder da sociedade em que vivem; fazer
com que os alunos aprendam regras sociais; ser uma mediadora no diálogo entre adultos
e as novas gerações; formar novas gerações capazes de contribuir para a mudança da
sociedade; e, formar cidadãos capazes de resolver os problemas e conflitos existentes na
sociedade.
Para ela, o bom professor é aquele: que não falta às aulas; que planeja suas aulas
diariamente, que dá atenção a cada aluno; que procura sempre novos métodos e técnicas
pedagógicas; que organiza as atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento
dos alunos; e que respeita o desenvolvimento individual e emocional de seus alunos. No
que se refere ao tema de estudo, é importante observar que esta orientadora não
assinalou a alternativa que indica que o bom professor é aquele usa os resultados das
provas para rever sua metodologia, o que contraria o feito de ter assinalado a alternativa
que indica que o bom professor é aquele que organiza as atividades pedagógicas de
acordo com o desenvolvimento de seus alunos.
3 Percepções sobre a prática profissional da Orientadora A
Para a Orientadora A: “avaliação é um sistema que permite avaliar; Isto é,
perceber o grau de desempenho que “cada aluno consegue alcançar”. Isso envolve os
aspectos de maturidade dos alunos”.
De acordo com as respostas dadas pela Orientadora A, nas questões do item III,
pode-se afirmar que, para essa profissional, a avaliação ainda continua sendo algo
“formal, burocrático”, embora ela tenha uma formação de pós-graduação, ou seja, já
tenha tido a oportunidade de refletir com profundidade sobre essa questão.
A Orientadora parece também não reconhecer o professor como participante do
processo ensino-aprendizagem, já que todas as respostas remetem para a avaliação do
professor- aluno. Em nenhum momento a Orientadora sinaliza a necessidades de
redefinir ou definir os rumos da ação pedagógica conforme os resultados das avaliações
realizadas. Essa percepção se confirma quando ela afirma que se deve avaliar para
“saber como o aluno está desempenhando o seu conhecimento junto com o saber
escolar; em seu cotidiano”.
Ainda que a Orientadora tenha uma noção de avaliação como um processo, já
que afirma que se deve “avaliar em todos os momentos” e “comparar com os
antecedentes, analisar os relatórios das características individuais”, o que se observa é
que nenhuma das respostas indica a necessidades da interferência do professor nesse
processo, principalmente quando o desempenho do aluno não foi bom.
O encaminhamento que ela julga necessário dar à avaliação se evidencia, em
várias respostas, a avaliação tem sido um momento administrativo e não um
instrumento de facilitação da aprendizagem. A orientadora prende-se aos resultados das
provas como critério para perceber a presença ou a ausência de determinado
conhecimento, ou seja, se o aluno aprendeu ou não aprendeu determinado conteúdo.
Entretanto, ela demonstra através de suas respostas saber utilizar adequadamente esta
informação, na medida em que explicita que a nota serve para “fazer estatística do
desempenho individual de cada aluno”.
3.2 - Orientadora B
1 Perfil.
A Orientadora B faz parte da rede particular de ensino e está no
magistério há mais de dez anos; possui uma formação de nível superior e trabalha em
apenas uma escola.
2 Percepções sobre o magistério da Orientadora B
Para a Orientadora B bom aluno é aquele que: acrescenta ao conteúdo estudado
sua experiência pessoal, leva suas dúvidas ao professor; e pesquisa em outras fontes
além do livro didático.
Para ela o papel social da escola é: formar indivíduos capazes de entender as
relações de poder da sociedade em que vivem; fazer com que os alunos aprendam regras
sociais; e formar novas gerações capazes de contribuir para a mudança da sociedade.
Observe-se que, embora tenha assinalado opções que a caracterizam uma visão
progressista do papel social da escola, essa orientadora não assinalou a alternativa que
aponta para a escola como espaço de mediação do diálogo entre os adultos e as novas
gerações, o que indica uma limitação na percepção da função social da escola.
Para a Orientadora B o bom professor é aquele: que planeja suas aulas
diariamente, que dá atenção a cada aluno; que usa os resultados das provas para rever
sua metodologia; que procura sempre novos métodos e técnicas pedagógicas; que
organiza as atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos alunos; e que
da aula de apoio para os alunos com dificuldades.
3- Percepções sobre a prática profissional da Orientadora B
Para Orientadora B avaliar é “uma forma de diagnóstico na prática do ensino-
aprendizagem. Avaliar é um processo infinito de reconstrução”.
A Orientadora diz que acredita na avaliação diagnóstica, processo contínuo, que
faz parte do processo ensino-aprendizagem, ela revela também, através de sua resposta,
que de deve avaliar para que “seja possível rever planos”.
Nas demais respostas ela deixa dúvidas quanto a sua concepção do processo, ou
ela não acredita na avaliação diagnóstica, ou não sabe o que realmente é uma avaliação
diagnóstica. Vejamos a seguir.
Quando indagada sobre como avaliar os alunos, ela diz: “através de análises de
suas produções, levando em consideração seu nível de conhecimento, tanto individual
quanto em grupo, registrando seu desenvolvimento em textos, cadernos, trabalhos de
pesquisas e principalmente utilizando auto-avaliação como recurso”. Todavia, quando
indagada sobre uma boa avaliação ela responde: “é aquela realizada periodicamente, em
forma de testes e provas, baseados no conteúdo programático alcançado pela turma”.
Através dessas respostas pode-se perceber que de um lado, a orientadora
considera a avaliação como um instrumento realmente de diversas possibilidades, sendo
um norteador dos trabalhos de alunos e professores, diagnosticando as dificuldades,
além de um instrumento facilitador para que possa rever sua metodologia, e por isso,
deve se dar em vários momentos. De outro lado ela considera a avaliação como um
momento isolado e fragmentado, que ocorre através de “teste e provas”. Com base na
homogeneidade de saberes, onde o aluno é moldado pela ação pedagógica, ela afirma
que a boa avaliação “‘é aquela que como ferramenta é possível considerar a aquisição
de conceitos, atitudes e procedimentos”.
Mais adiante quando indagada sobre o que fazer com a situação que os
resultados revelam, ela afirma que: “reestruturar a prática pedagógica considerando os
erros como parte do processo e respeitando estratégias cognitivas de cada um”,
sinalizando que concebe a avaliação como uma incessante busca de compreensão das
dificuldades do educando e de dinamização de novas oportunidades de conhecimento.
As suas respostas apontam ainda outro momento contraditório, quando a revela
sua opinião sobre o porquê os alunos não gostam de fazer provas. Segundo ela, a prova
“altera suas emoções e mexe com a autoestima, à medida que evidencia a competência
de uns e a incompetência de outros frente ao grupo”. Esta resposta indica que, apesar de
ter dado algumas respostas que pareciam indicar que ela tinha um conceito adequado da
avaliação escolar, na prática, ela ainda percebe as provas e exames como o momento de
identificar quem é “competente” e quem não é.
Volto novamente à questão ‘ser ou não ser’: como um orientador que afirma
avaliar seus alunos processualmente, através de trabalhos, pesquisas, produções,
individuais ou coletivas; que afirma buscar diagnosticar as dificuldades de seus alunos;
que fala sobre as necessidades de se rever a metodologia; pode conceber um aluno
incompetente? A Orientadora da mais atenção ao que o aluno não sabe ou no que o
aluno sabe? Será que realmente essa professora confere a avaliação uma função
diagnóstica?
3.3 - Orientadora C
1 Perfil
A Orientadora C é da Rede Municipal de ensino, está no magistério de 2
a 5 anos; possui formação em pós-graduação e trabalha em duas escolas.
2 - Percepções sobre o magistério da Orientadora C
Para a Orientadora C bom aluno é aquele que: acrescenta ao conteúdo estudado
sua experiência pessoal; que leva suas dúvidas ao professor e que pesquisa em outras
fontes além do livro didático.
Para ele o papel social da escola é: Formar novas gerações capazes de contribuir
para a mudança da sociedade.
Segundo a mesma Orientadora bom professor é aquele que usa os resultados das
provas para rever sua metodologia e procura sempre novos métodos e técnicas
pedagógicas.
3 Percepções sobre a prática profissional da Orientadora C
A Orientadora C entende que Avaliação é “um conjunto de ações dirigidas com
o propósito de coletar dados sobre o processo de ensino-aprendizagem, auxiliando o
educador a refletir sobre sua prática”.
Diante da resposta dada pela por ela, pode-se dizer que ela reconhece que a
avaliação é um instrumento auxiliador do processo ensino-aprendizagem.
Ela evidência também que não se deve limitar a avaliação às provas e testes,
quando relata que se deve avaliar “através de vários instrumentos como: atividades
individuais e em grupo, pesquisas, participação nas atividades dirigidas e livres,
observação do desempenho do aluno no dia-a-dia escolar”.
Percebendo a avaliação como uma incessante busca de compreensão das
dificuldades do educando, revela que “através da avaliação podemos acompanhar o
processo de crescimento dos alunos, fazendo os ajustes necessários de forma a
contribuir para facilitar esse processo”.
Mais uma vez a Orientadora C evidencia a avaliação como sendo um processo
contínuo e sistemático quando afirma que “a avaliação é um ato contínuo, acontecendo
em todos os momentos do cotidiano escolar”. Percebe-se também que ela entende a
avaliação como um instrumento que auxilia no controle da qualidade do processo,
quando afirma que a boa avaliação “é aquela que serve como instrumento revelador do
desenvolvimento do educando no processo ensino- aprendizagem, que aponta seus
avanços e suas dificuldades, permitindo ao professor, se necessário, mudar o rumo
(direção) a fim de propiciar ao aluno a construção do conhecimento”.
Quando indagada quanto ao uso que se deve fazer dos resultados das provas, a
Orientadora C afirma: “fazer uma análise do que o aluno já é capaz de realizar com
ajuda da professora, aquilo que ele realiza sozinho, aquilo que ele ainda não realiza,
buscando caminhos para que o aluno venha a realizar efetivamente aquilo que lhe é
proposto”.
Muito embora até aqui as respostas deste item evidenciem que a Orientadora C
conceba a avaliação como um processo, uma resposta me despertou uma dúvida. A
profissional relata que os alunos não gostam de fazer prova: “porque eles entendem a
prova como único meio de avaliação, que por ser quantitativa, serve mais como meio de
exclusão do que de avaliação e por esta ainda ser usada como ameaça pelos professores
(tipo: “vai cair na prova”) tornando-se um instrumento que gera medo”. Será que um
profissional com práticas descritas acima, pode dizer que os alunos não gostam de fazer
provas, porque os alunos percebem a prova como o único meio de avaliação, por ser
quantitativa, como ameaça? Ainda diz: “A nota é uma exigência formal do sistema
educacional, e em sua maioria serve para promover ou reter o aluno. É usada como
medida daquilo que o aluno aprendeu (conteúdo)”.
3.4 - Orientadora D
1 Perfil
A Orientadora D trabalha em ambas as redes; está no magistério há mais de dez
anos; possui formação de nível pós-graduação (está iniciando o mestrado); e trabalha
em duas escolas.
2 Percepções sobre o magistério da Orientadora D
Para a Orientadora D, o bom aluno é aquele: que acrescenta ao conteúdo
estudado sua experiência pessoal; que leva suas dúvidas ao professor; que pesquisa em
outras fontes além do livro didático; que questiona, que troca informações e colabora
para a união do grupo.
Para ela, o papel social da escola é: formar indivíduos capazes de entender as
relações de poder da sociedade em que vivem; formar novas gerações capazes de
contribuir para a mudança da sociedade; e, ainda, contribuir para a formação de sujeitos
conscientes e críticos, capazes de lutar por uma sociedade mais justa.
Segundo a Orientadora D o bom professor é aquele que: não se atrasa, não falta
às aulas, planeja suas aulas diariamente, dá atenção a cada aluno, usa os resultados das
provas para rever sua metodologia, procura sempre novos métodos e técnicas
pedagógicas, organiza as atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos
alunos, e é flexível e companheiro.
3 Percepções sobre a prática profissional da Orientadora D
Para a Orientadora D a avaliação é “é um meio que contribui bastante para um
bom processo ensino-aprendizagem. Devendo este ser compartilhado entre professores
e alunos, numa atitude de enriquecer o processo”.
Essa Orientadora parece também entender a avaliação como um processo de
possibilidades, não limitando as avaliações a momentos estanques que costuram
fragmentar o processo, pois relata que se deve avaliar “através do desenvolvimento no
dia-a-dia escolar, de acordo com o interesse do aluno, sua autonomia, suas atitudes e a
sua evolução durante o processo de ensino-aprendizagem. Tudo registrado num
relatório individual para cada aluno”.
Ela revela ainda que: “acredito que o processo da avaliação auxilia tanto aos
alunos, quanto aos professores a reverem suas atitudes e os entraves no processo de
ensino-aprendizagem, podendo, a partir desta reflexão, buscar caminhos facilitadores
para um processo mais pleno e consciente”. As respostas indicam que essa Orientadora
acredita na utilização da avaliação para nortear a prática pedagógica.
Quanto à boa avaliação, a resposta da Orientadora D não é muito clara: “As
avaliações não devem ser elaboradas em folhas, como mediadoras de capacidade. O que
foco é observar atentamente durante as aulas, os jogos, os exercícios propostos, enfim,
com o intuito de identificar as maiores dificuldades, na busca de um replanejamento
capaz de atender a todos”. Muito embora ela relate que se devam avaliar os alunos
através de seu desenvolvimento no dia-a-dia escolar, na evolução durante o processo de
ensino-aprendizagem, ficou a dúvida quanto às “folhas”. O que ela considera como
folhas? Serão as provas? Será que todas as provas são mediadoras de capacidades?
A Orientadora novamente não é muito clara quando diz que uma boa avaliação:
“é aquela que não tem a finalidade de derrotar os alunos. Pelo contrário, é um meio que
possibilita que os professores revejam suas práticas e que os alunos identifiquem o seu
maiores dificuldades, para um desenvolvimento efetivo”. Será que a Orientadora está se
referindo à prova como aquela que “tem a finalidade de derrotar os alunos”? Será que
um professor que utiliza uma prova, necessariamente define a avaliação como o
momento da “prova ou do teste”?
Anteriormente, a Orientadora afirmara que a finalidade das provas seria
identificar as dificuldades dos alunos para que o professor possa replanejar o seu
trabalho. Agora, revela que uma boa avaliação é aquela que entre outras características,
permite “os alunos identificarem suas dificuldades para um desenvolvimento efetivo”.
Ao que as respostas indicam que a orientadora fala de avaliação como instrumento para
o professor rever sua prática, ela remete para os alunos a identificação de suas próprias
dificuldades e a sua superação, sem explicitar que essa identificação de dificuldades é
de responsabilidade do professor e, ao mesmo tempo, a base para a mudança de suas
práticas.
È importante observar que, mesmo quando a Orientadora faz alguma relação
entre a identificação de dificuldades e o planejamento das ações pedagógicas,
novamente ela remete para a responsabilidade dos alunos na superação das dificuldades
identificadas: “A partir desses resultados, ou melhor, dessa identificação de
necessidades, deve-se fazer um novo planejamento buscando envolvimento e o
comprometimento dos alunos”.
A Orientadora faz uma análise coerente em relação ao medo que os alunos têm
das provas, quando entende que isso corre “pela antiga concepção de que é através dela
que se decide o destino dos alunos aquele papel cheio de questões que vão medir a
“inteligência” de cada um”. Mais uma vez aparece à prova como um julgamento, que
muitos usam para decidir o destino dos alunos, o que sabemos que é verdade.
A prova não necessariamente é um instrumento negativo dentro do processo
avaliativo; quanto a ela, o que se deve refletir é: que valor se dá à prova dentro do
processo? Ela é o único instrumento utilizado? Que critérios o professor utiliza na
correção e na atribuição de conceitos? O que o professor faz com os resultados das
provas?
Finalmente, cabe destacar a percepção dessa Orientadora quanto à finalidade das
notas. Para ela, as notas servem para que:“ de uma forma mais objetiva, se traduza o
desenvolvimento dos alunos”. É importante observar que implicitamente ela negou a
importância das provas em suas respostas. Entretanto, ela não deixou claro de que
maneira chega à nota, isto é, que critérios usar para avaliar. Acredito que muitos assim
também veem a prova. Depois da crucificação da prova, gostaria de saber como
poderemos fazer objetivamente desenvolvimento no processo ensino aprendizagem ser
transformado em nota?Como já mencionei anteriormente nesse trabalho, à polêmica em
torno do conceito e da finalidade da avaliação escolar está longe de alcançar uma
abordagem consensual. Isto se deve, segundo Hoffmann ao fato de que existe uma
contradição entre discurso e prática, o que se confirma nos dados coletados neste
estudo.
Analisando o perfil das Orientadoras entrevistadas, percebemos que a maioria
delas atua no magistério há mais de dez anos; possuem formação em nível pós-
graduação; e trabalham no máximo em duas escolas.
Quanto à percepção sobre o magistério percebe-se que, de modo geral, as
Orientadoras pensam da mesma maneira, já que algumas alternativas foram marcadas
pelas quatro entrevistadas: consideravam que o bom aluno é aquele que acrescenta ao
conteúdo estudado sua experiência pessoal; que leva suas dúvidas ao professor; e, que
pesquisa em outras fontes além do livro didático.
Nesse item do bloco não houve divergência nas opiniões, coerentemente todas
acreditam que um bom aluno é aquele que é: ativo, dinâmico, problematizador e crítico,
e que utiliza o espaço escolar como local adequado para se viver experiências
significativas que favoreçam o desenvolvimento do seu processo ensino-aprendizagem.
Para todas as entrevistadas o papel social da escola é formar indivíduos capazes
de entender as relações de poder na sociedade, além de formar novas gerações capazes
de contribuir para a mudança da sociedade. Entretanto, apenas duas acreditam que é
fazer com que os alunos aprendam regras sociais; e somente uma acredita na escola
como mediadora no diálogo entre os adultos e as novas gerações.
Nesse bloco algumas contradições importantes foram observadas:
A primeira é da Orientadora C, que entende que o papel social da escola, dentre
as opções oferecidas, é somente o de formar novas gerações capazes de contribuir para a
mudança da sociedade. A questão que se coloca, então, é de como um aluno que não
entende a sociedade em que vive, contribuirá para a mudança da mesma, já que a
referida Orientadora não assinalou a opção que se refere à compreensão das relações de
poder na sociedade.
A segunda diz respeito às Orientadoras A e B, que acreditam que a escola deve
transmitir regras sociais. Como a escola é capaz de ensinar seus alunos a entenderem as
relações de poder da sociedade em quer vivem se vão para escola aprender “regras”?
Essa visão do saber da escola pode estar relacionada ao fato de ambas atuarem na rede
particular de ensino, em escola que atende à classe social menos favorecida e que, de
modo geral, reduz o papel da educação ao disciplinamento das crianças e jovens.
Quanto ao item que fala sobre as qualidades do bom professor todas as
orientadoras entrevistadas acreditam que o bom professor é aquele que planeja suas
aulas diariamente; procura sempre novos métodos e técnicas pedagógicas; e organiza as
atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos alunos; outra acredita que
o bom professor não falta e nem se atrasa; uma terceira acredita que, para ser um bom
professor, não é preciso planejar as aulas diariamente e nem dar atenção individual a
cada aluno.
Nesse bloco algumas contradições também foram levantadas. A primeira se
refere à Orientadora C, que afirma que um bom professor, além de usar os resultados
das provas para rever sua metodologia, também organiza as atividades pedagógicas de
acordo com o desenvolvimento dos alunos. Apesar dessas afirmações, a Orientadora
acredita que o bom professor não precise dar atenção individual a cada aluno. Tal
postura traz dúvidas quanto à possibilidade desse professor de fato rever sua
metodologia, se esta revisão não está ligada à intervenção de dar o devido atendimento
aos alunos cujos resultados nas avaliações não sejam bons e de respeitar o
desenvolvimento dos alunos.
A segunda contradição diz respeito à Orientadora A, que não menciona a
utilização dos resultados das provas para uma possível mudança na metodologia. Sendo
assim, cabe perguntar quando que se é necessário mudar a metodologia e técnicas
pedagógicas? Além disso, trata-se de um contra senso, quanto ao fato de que essa
mesma orientadora afirmar que um bom professor deve respeitar o desenvolvimento
individual e emocional de seus alunos, o que depende de como se utiliza os resultados
da avaliação. Assim, embora ela aponte que se devam usar, além da prova outros,
instrumentos para avaliar os alunos, fica dúvida sobre como isso acontecerá na prática,
se não utilizar os resultados das provas que, identificando esse desenvolvimento,
fornece elementos para a revisão da metodologia. Que, identificando esse
desenvolvimento, fornece elementos para revisão da metodologia.
Nas contradições levantadas no bloco das percepções sobre o magistério, a
Orientadora B que tem formação nível superior, teve a mesma percepção da Orientadora
A que tem formação de nível pós-graduação, o que pode ser indicativo de que essa
concepção está muito mais ligada à cultura das escolas privadas do que a formação
recebida.
Outra observação importante é o fato de que as Orientadoras A e C, que
apresentam duas contradições relevantes, têm formação de nível pós-graduação e atuam
no magistério há mais de dez anos. Entretanto, a professora A atua na rede privada,
enquanto a professora C atua na rede municipal. Tais dados indicam que o problema da
avaliação não se restringe nem à formação de nível médio e nem a uma determinada
rede de ensino, assim como não é ligado ao tempo de magistério.
No bloco III – Percepções sobre a prática profissional, todos os professores
revelaram acreditar na avaliação com um processo que informa o processo ensino
aprendizagem.
Revelam também que se devem avaliar os alunos diariamente, utilizar diversos
instrumentos, que entendem que os alunos devem ser avaliados no dia a dia e através de
diversos instrumentos.
Quanto à razão de se avaliar, as respostas começaram apresentar diferenças: uma
das entrevistadas afirma que é para saber como o aluno está desempenhando seu
conhecimento; outra complementa essa ideia, e afirma que além de saber o
desempenho, vê a avaliação como um instrumento de ajustes necessários no processo; e
as outras duas entrevistadas revelam que avaliam para rever sua prática.
Quando perguntadas o que é uma boa avaliação: uma responde que através de
provas e teste, embora anteriormente tenha dito que o ideal é através de produções,
cadernos, trabalhos e etc; duas não conseguiram responder com clareza, relatam que se
deve avaliar através de que instrumentos, não como elaboram suas avaliações; e a outra
não respondeu essa questão.·.
Ainda sobre uma boa avaliação, duas orientadoras respondem que boa avaliação
é aquela que serve como instrumento revelador do processo ensino-aprendizagem; outra
responde que é um instrumento que possibilita considerar a aquisição de conceitos,
atitudes e procedimentos; e outra considera que a boa avaliação é aquela que caminha
junto com as características individuais de desempenho dos alunos, respeitando seu grau
de maturidade.
No que se refere ao que os professores devem fazer com os resultados das
provas, as respostas indicam que comparar e analisar; enquanto as outras afirmam que
refletir sobre os resultados e buscar caminhos para melhoria.
Na pergunta sobre por que os alunos não gostam de fazer prova, duas
Orientadoras respondem que é devido ao professore utilizar a prova com momento
fragmentado, momento de julgamento de quem aprendeu o conteúdo estudado, uma
Orientadora revelou “aquele papel cheio de questões”, a outra “é um momento de
tensão onde o conteúdo escolar deve ser produzido”; uma outra ainda vai além quanto
ao medo dos alunos, “a prova é temida por evidenciar a competência e a incompetência
dos alunos”.
Quando perguntados para que serve a nota a maioria diz que é para satisfazer
uma exigência burocrática.
Considerações Finais
Embora as Orientadoras tenham buscado se posicionar de maneira politicamente
correta, ficaram evidentes em diversos momentos, as contradições entre as respostas
dadas, que tanto evidenciaram a falta de percepção da avaliação como um processo
dinâmico, contínuo e sistemático, como falta de clareza quanto a como se dá esse
processo.
Considero necessário que nós educadores entendamos a necessidade de conceber
a avaliação como uma incessante busca de compreensão das dificuldades do educando e
na dinamização de novas oportunidades de conhecimento.
O principal agente da mudança de concepção, e reconstrução do processo
avaliativo, é orientador, envolvendo suas concepções e suas práticas educativas.
Portanto, a reconstrução da prática avaliativa supõe orientadores com
pensamento crítico, capazes de ampliar seu horizonte de compreensão e o
reconhecimento da necessidade de uma formação constante, bem como, disposição para
ser sujeito da mudança e construir algo diferente.
É necessária a compreensão de que a avaliação é um ato político, portanto
demanda um posicionamento claro e explícito, é preciso buscar novos rumos da prática
educacional, teoria e prática formam uma unidade na ação para a transformação.
Bibliografia
AQUINO, JULIO Groppa. Do Cotidiano Escolar – ensaio sobre a ética e seus avessos. São Paulo: Summus, 2000. BRASIL, BRASÍLIA. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. BRASIL, BRASÍLIA. Secretaria do Ensino Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. vols.I, II e III, Brasília: MEC-SEF,1998. ELIAS, Marisa Del Cioppo. De Emília a Emílio: trajetória da alfabetização. São Paulo: Scipione, 2000. ESTEBEN, Maria Teresa. O que sabe quem erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. ________________________________. (orgs). Avaliação: uma prática de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. GRINSPUN, Mirian Paura S. Z. (org.) Supervisão e Orientação Educacional – perspectivas de integração na escola. São Paulo: Cortez, 2003.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 1993. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar:estudos e proposições. São Paulo: Cortez,1999. LUCK, Heloisa. Ação integrada. Administração, supervisão e orientação educacional. Petrópolis: Vozes, 2005. MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2006. PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, Democracia e qualidade de ensino. São Paulo: Ática, 2007. OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil:fundamentos e métodos.São Paulo:Cortez,2002. PATTO, Mª Helena Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo:Casa do Psicólogo, 1999.
POZAS, Denise. A influência das Brincadeiras livres e dirigidas no desenvolvimento cognitivo da criança, Dissertação. Mestrado em Psicologia, Universidade Gama Filho,2002.
ROCHA, Andreza. Módulo??–Educação e Organização Escolar. Disciplina: Orientação Escolar. Curso de Pós Graduação em Orientação Educacional e Pedagógica a Distância. Rio de Janeiro: UCAM/AVM, ANO ??. 145p. SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
Índice de Anexos
Anexo 1 – Questionário
Anexo 2 - Respostas dadas ao questionário
Anexo 1 - Questionário I – Perfil do Orientador Educacional e Pedagógico.
A) Vinculação Profissional.
1. Rede Pública. 2. Rede Particular. 3. Ambos.
B) Tempo de Magistério.
1. até 2 anos. 2. de 2 a 5 anos. 3. de 5 a 10 anos. 4. mais de 10 anos.
C) Formação Escolar.
1. Nível Superior 2. Nível Pós- Graduação 3. Nível Mestrado
D) Trabalha em:
1. Uma Escola. 2. Duas Escolas. 3. Três Escolas.
II – Percepções sobre o Magistério.
A) Bom aluno é aquele que:
1. Não faz perguntas. 2. Não fala em sala de aula. 3. Acrescenta ao conteúdo estudado sua experiência pessoal. 4. Leva suas dúvidas ao professor. 5. Reproduz nas provas o conteúdo da mesma maneira que o
professor o apresentou. 6. Pesquisa em outras fontes além do livro didático. 7. Não discorda da opinião do professor.
8.Outros:
B) O papel social da escola é:
1. Formar indivíduos capazes de entender as relações de poder da sociedade em que vivem.
2. Fazer com que os alunos aprendam regras sociais. 3. Ser uma mediadora no diálogo entre os adultos e as novas
gerações. 4. Formar novas gerações capazes de contribuir para a mudança
da sociedade. 5. Transmitir conteúdos escolares. 6. Fazer com que os alunos aceitem e reproduzam os
mecanismos de funcionamento da sociedade. 7. Outros:
C) Bom professor é aquele que: 1. Não se atrasa. 2. Não falta às aulas. 3. Planeja suas aulas diariamente. 4. Dá atenção a cada aluno.
5. Usa os resultados das provas para rever sua metodologia. 6. Procura sempre novos métodos e técnicas pedagógicas. 7. Cumpre todas as determinações superiores. 8. Organiza as atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos
alunos. 9. Cumpre todo o programa mesmo que alguns alunos não acompanhem. 10. Outros : III – Percepções sobre a prática profissional:
A) O que você entende por Avaliação?
B) Como se deve avaliar um aluno?
C) Por que Avalia?
D) Quando Avaliar?
E) Em sua opinião, o que é uma boa avaliação?
F) O que você fazer com os resultados da avaliação?
G) Em sua opinião, por que os alunos não gostam de fazer prova?
H) Para que serve a nota?
Anexo 2 – Respostas dos questionários
Orientadora A
Perfil da Orientadora A: A orientadora A trabalha na rede particular; mais de dez
anos; tem formação em nível pós-graduação; e trabalha em duas escolas.
Percepções sobre o magistério: Para essa profissional um bom aluno acrescenta
ao conteúdo estudado sua experiência pessoal, leva suas dúvidas ao professor; pesquisa
em outras fontes além do livro didático e possui independência para resolver suas
próprias decisões em sala de aula.
O papel social da escola é formar cidadãos capazes de entender as relações de
poder da sociedade em que vivem; Fazer com que os alunos aprendam regras sociais;
ser uma mediadora no diálogo entre adultos e as novas gerações; formar novas gerações
capazes de contribuir para a mudança da sociedade; e formar cidadãos capazes de
resolver os problemas e conflitos existentes na sociedade.
O bom professor é não falta às aulas; é aquele que planeja suas aulas
diariamente, dá atenção a cada aluno; procura sempre novos métodos e técnicas
pedagógicas; organiza as atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos
alunos; e respeita o desenvolvimento individual e emocional de seus alunos.
Percepções sobre a prática profissional: Entende por avaliação “como um
sistema que permite avaliar; isto é, perceber o grau de desempenho que cada aluno
conseguir alcançar. Isto envolve todos os aspectos de maturidade dos alunos”.
Como se deve avaliar? “Todos os dias; em cada momento. Não é somente
durante as provas, mas em cada atitude em sala de aula. Através de conversas e diálogos
em classe”.
Por que avaliar? “para saber como o aluno está desempenhando o seu
conhecimento junto com o saber escolar; em seu cotidiano”.
Quando? “Avaliar em todos os momentos”.
A boa avaliação “é quando os trabalhos e provas caminham junto com as
características individuais de desempenho dos alunos, respeitando seu grau de
maturidade”. O ideal é através de trabalhos, jogos, conversas, provas, testes e pesquisas.
O que fazer com os resultados? “comparar com os antecedentes e analisar o
relatório das características individuais”.
Os alunos não gostam de fazer prova porque “é um momento de tensão onde o
conhecimento escolar deverá ser produzido”.
A nota serve para “fazer estatística do desempenho individual de cada aluno”.
Orientadora B
Perfil: Orientadora B - trabalha na rede particular; mais de dez anos; com nível
superior trabalha em uma escola.
Para essa Orientadora um bom aluno acrescenta ao conteúdo estudado sua
experiência pessoal, leva suas dúvidas ao professor e pesquisa em outras fontes além do
livro didático.
Percepções sobre o magistério: O papel social da escola é formar cidadãos
capazes de entender as relações de poder da sociedade em que vivem; Fazer com que os
alunos aprendam regras sociais; e formar novas gerações capazes de contribuir para a
mudança da sociedade.
O bom professor é aquele que planeja suas aulas diariamente, dá atenção a cada
aluno; usa os resultados das provas para rever sua metodologia; procura sempre novos
métodos e técnicas pedagógicas; organiza as atividades pedagógicas de acordo com o
desenvolvimento dos alunos; além de dar aulas de apoio para os alunos com
dificuldades.
Percepções sobre a prática profissional: Entende por avaliação “uma forma de
diagnóstico na prática do ensino-aprendizagem. Avaliar é um processo infinito de
reconstrução”.
Como se deve avaliar? “através de análises das produções dos alunos, levando
em consideração seu nível de conhecimento tanto individual quanto em grupo,
registrando seu desenvolvimento em textos, cadernos, trabalhos de pesquisas e
principalmente utilizando auto-avaliação como recurso”.
Por que avaliar? “para que seja possível rever planos e corrigir possíveis
desvios”. E acredita “que o processo de avaliação é constante”.
Quando avaliar? “como permeia todo o processo, a avaliação é constante”.
O que é uma boa avaliação? “aquela realizada periodicamente em forma de
testes e provas, baseados no conteúdo programático alcançado pela turma”.
A boa avaliação “é aquela que como ferramenta é possível considerar a
aquisição de conceitos, atitudes e procedimentos”.
Com os resultados das avaliações “reestruturar a prática pedagógica
considerando os erros como parte do processo e respeitando estratégias cognitivas de
cada um”.
Os alunos não gostam de fazer prova porque “altera suas emoções e mexe com a
autoestima, à medida que evidencia a competência de uns e a incompetência de outros
frente ao grupo”.
A nota serve para: “em algumas instituições a nota é um ‘critério’ na avaliação
diagnóstica na aquisição da aprendizagem”.
Orientadora C
Perfil: A Orientadora C é uma profissional da Rede Municipal de ensino; que
está no magistério há mais de dez anos; possui nível pós-graduação; e trabalha em duas
escolas.
Percepções sobre o magistério:
Bom aluno é aquele que: Acrescenta ao conteúdo estudado sua experiência
pessoal; leva suas dúvidas ao professor; e pesquisa em outras fontes além do livro
didático.
O papel social da escola é: Formar novas gerações capazes de contribuir para a
mudança da sociedade.
O bom professor é aquele que: Usa os resultados das provas para rever sua
metodologia; e procura sempre novos métodos e técnicas pedagógicas; e organiza suas
atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos alunos.
Percepções sobre a prática profissional: Entende por avaliação como: “um conjunto de
ações dirigidas com o propósito de coletar dados sobre o processo de ensino-
aprendizagem, auxiliando o educador a refletir sobre sua prática”.
Como se deve avaliar? “através de vários instrumentos como: atividades
individuais e em grupo, pesquisas, participação nas atividades dirigidas e livres,
observação do desempenho do aluno no dia-a-dia escolar”.
Por que avaliar? “porque através da avaliação é possível acompanhar o processo
de crescimento dos alunos, fazendo os ajustes necessários de forma a contribuir para
facilitar esse processo”.
Quando avaliar? “a avaliação é um ato contínuo, acontecendo em todos os
momentos do cotidiano escolar”.
O que é uma boa avaliação? “é aquela que serve como instrumento revelador do
desenvolvimento do educando no processo ensino- aprendizagem, que aponta seus
avanços e suas dificuldades, permitindo ao professor, se necessário, mudar o rumo
(direção) a fim de propiciar ao aluno a construção do conhecimento”.
Com os resultados das avaliações: “fazer uma análise do que o aluno já é capaz
de realizar com ajuda da professora, aquilo que ele realiza sozinho, aquilo que ele ainda
não realiza, buscando caminhos para que o aluno venha a realizar efetivamente aquilo
que lhe é proposto”.
Os alunos não gostam de fazer prova por que: “Porque eles entendem a prova
como único meio de avaliação, que por ser quantitativa, serve mais como meio de
exclusão do que de avaliação e por esta ainda ser usada como ameaça pelos professores
(tipo:“ vai cair na prova”) tornando-se um instrumento que gera medo”.
A nota serve para: “A nota é uma exigência formal do sistema educacional, e em
sua maioria serve para promover ou reter o aluno. É usada como medida daquilo que o
aluno aprendeu (conteúdo)”.
Orientadora D
Perfil: A orientadora D é uma profissional de ambas as redes particular e
municipal de ensino; que está no magistério há mais de dez anos; possui nível pós-
graduação.
Percepções sobre o magistério: Bom aluno é aquele que: Acrescenta ao conteúdo
estudado sua experiência pessoal; Leva suas dúvidas ao professor; Pesquisa em outras
fontes além do livro didático; e questionar, trocar informações, colaborar para a união
do grupo.
O papel social da escola é: Formar indivíduos capazes de entender as relações de
poder da sociedade em que vivem; Formar novas gerações capazes de contribuir para a
mudança da sociedade; e Contribuir para a formação de sujeitos conscientes e críticos,
capazes de lutar por uma sociedade mais justa.
O bom professor é aquele que: Não se atrasa. Não falta às aulas; Planeja suas
aulas diariamente; Dá atenção a cada aluno; Usa os resultados das provas para rever sua
metodologia; Procura sempre novos métodos e técnicas pedagógicas; Organiza as
atividades pedagógicas de acordo com o desenvolvimento dos alunos; e é flexível e
companheiro.
Percepções sobre a prática profissional: Para a Orientadora D Avaliação é
“como um meio que contribui bastante para um bom processo ensino-aprendizagem.
Devendo este ser compartilhado entre professores e alunos, numa atitude de enriquecer
o processo”.
Como se deve avaliar? “Através do desenvolvimento no dia-a-dia escolar, como
o interesse, a autonomia, suas atitudes e as sua evolução durante o processo de ensino-
aprendizagem. Tudo é registrado num relatório individual para cada aluno”.
Avaliar por que: “acredito que o processo da avaliação auxilia tanto aos alunos,
quanto aos professores a reverem suas atitudes e os entraves no processo de ensino-
aprendizagem. Podendo a partir desta reflexão, buscar caminhos facilitadores para um
processo mais pleno e consciente”.
Quando avaliar: “Em todos os momentos do dia-a-dia escolar.”.
O que é uma boa avaliação? “É aquela que não tem a finalidade, de derrotar os
alunos. Pelo contrário, é um meio que possibilita que os professores revejam suas
práticas e que os alunos identifiquem as suas maiores dificuldades, para um
desenvolvimento efetivo”. “As avaliações não são elaboradas em folhas, como
mediadoras de capacidade. O que foco é observar atentamente durante as aulas, os
jogos, os exercícios propostos, enfim com o intuito de identificar as maiores
dificuldades, na busca de um replanejamento capaz de atender a todos”.
O que fazer com os resultados: “A partir desses resultados, ou melhor, dessa
identificação de necessidades, fazer um novo planejamento buscando envolvimento e o
comprometimento dos alunos”.
Porque os alunos têm medo de fazer prova: “pela antiga concepção de que é
através dela que se decide o destino dos alunos. Aquele papel cheio de questões que vão
medir a “inteligência” de cada um”. Mais uma vez parece que a prova vai a
“julgamento”.
A nota serve: “Para que de uma forma mais objetiva, se traduza o desenvolvimento dos alunos”.