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EDUCAÇÃO FÍSICA
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SUMÁRIO
A ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE COM DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NUMA COMPARATIVA COM ADULTOS: Uma Análise sobre a Ótica de Mortalidades Associadas ...................................................................................................... 5
Lucineio Gonçalves dos Santos; Renan Augusto Almeida de Oliveira; Vinícius Gomes da Silva; Dagnou Pessoa de Moura
A IMPORTÂNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NOS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS ................................................................................................................................ 14
Matheus Luan Conti da Silva; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes; Osvaldo Tadeu da Silva Junior; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme;
João Rufino da Silva Jr. A IMPORTÂNCIA DE UM TREINAMENTO PREVENTIVO, INDIVIDUAL E ESPECÍFICO PARA ATLETAS DE BASE NO BASQUETEBOL .................................................................... 24
Daikiti Eduardo Tanimoto; Phamela Afonso de Oliveira; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes
A INFLUÊNCIA DO FATOR SOCIOECONÔMICO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MOTOR NO PROCESSO DIDÁTICO DA NATAÇÃO .............................................................................. 34
Cristiano Pereira de Magalhães Junior; Gabrieli Paulos Pimentel Freire; Osvaldo Tadeu Silva Junior
A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO NO CONTROLE DA CARGA INTERNA NO EXERCÍCIO ................................................................................................................................. 46
André Zanolo Cardoso; Christian da Silva Euzébio; Fernanda Mattos Cavalcante Castilho; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme
ATIVIDADE FÍSICA PARA MULHER PORTADORA DE VASCULITE CHURG STRAUSS: Estudo de Caso ......................................................................................................................... 56
Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos CAPACIDADES FÍSICAS DE IDOSOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E HIDROGINÁSTICA: Uma Revisão de Literatura ..................................................................... 68
Carlos Eduardo Gonçalves Zerbini; Vanessa de Aquino Sales; Giseli de Barros Silva CAPACIDADES FÍSICAS NO BASQUETEBOL ........................................................................ 78
Elison Antônio Cavalcanti Rosa; Gledman Ferreira Lima; Maria Fernanda Mathias Gonçalves; Giseli de Barros Silva
COMPARAÇÃO DAS CAPACIDADES FÍSICAS EM ATLETAS DE DIFERENTES MODALIDADES NO PERÍODO PRÉ E PÓSTREINAMENTO COMPETITIVO......................... 86
Izabella de Mello Ferreira Carrareto; Matheus Schiavon Modesto Ferreira; Giseli de Barros Silva
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE EXTENSÃO CRIANÇA ATIVA, NA FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA............................................................... 95
Luana Neves da Silva; Cláudia Diniz de Moraes EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Uma Experiência de Estágio ................ 110
Ivo Manuel Justino Vicente; Luciana Gonçalves Monteiro; Michely Rita De Cássia Cavalari Prado; Cláudia Diniz De Moraes
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: Relato de Estágio .............................................. 119
Augusto Candido da Silva Junior; Bruna Pelk Moraes; Yan Richel de Araujo Penha; Cláudia Diniz de Moraes
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EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS .............. 126 Edson Pereira Moraes Junior; Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos
EFEITOS DO PROGRAMA DE TREINAMENTO FUNCIONAL NAS CAPACIDADES FISICAS DO FUTSAL .............................................................................................................................. 139
Simone Januário Sant´ana Marcon; Tiago Aparecido Oliveira da Silva; Vinicius Brancaglion Garcia; Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos
EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS CAPACIDADES FÍSICAS DAS MULHERES ................................................................................................................................................... 149
Beatriz da Silva Ribeiro; Eliane de Almeida Travalon; Natali Anastácio Ribeiro; Dagnou Pessoa de Moura
EFEITOS DO TREINAMENTO SENSÓRIO MOTOR E DO SISTEMA VESTIBULAR SOBRE A FUNCIONALIDADE E EQUILÍBRIO DE IDOSOS ................................................................... 161
Leandro Luiz Barbosa; Matheus Rodrigues de Paula; Rafael Gallinari Tolentino; Jonathan Daniel Telles
EXERCÍCIO FÍSICO E OBESIDADE: Papel do Exercício na Melhora da Ação da Insulina ................................................................................................................................................... 172
Alessandro Leopoldino Martins; Gustavo Marinho do Nascimento; Pedro Henrique; Silvia Cristina Beozzo Junqueira; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme
EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS ............................................................................................................................. 185
Kalebe Augusto de Albuquerque Souza; Talys Barreto de Souza; Cláudia Diniz de Moraes GINÁSTICA RÍTMICA E AS ARTES CIRCENSES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 190
Ana Salene Santos Silva; André Silveira Insfran; Melvinda Honorina da Silva; Cláudia Diniz De Moraes
IMPORTÂNCIA DE JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS PARA IDOSOS: Enfoque nas Inteligências Múltiplas ............................................................................................................ 196
Gabriel Hiibner Nunes; Juliane de Oliveira; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes; João Rufino da Silva Jr.
INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO EM JOGADORES AMADORES DE FUTSAL DURANTE O SPRINT: Uma Revisão de Literatura ................................................ 206
José Guilherme Camargo; Vanessa de Aquino Sales; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes
O CONHECIMENTO E USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES POR ACADÊMICOS DO CURSO DE BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICIA DE UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR PAULISTA ................................................................................................................................. 215
Alessandro Leopoldino Martins; Raíssa Bueno de Almeida; Luciana Marcatto Fernandes Lhamas
OBESIDADE INFANTIL E ATIVIDADE FÍSICA: Artigo de Revisão ...................................... 220
Helder Luis de Freitas; Simone Januário Sant'Ana Marcon; Liana Paula Garcia Scrocchio; José Maria de Omena; Osvaldo Tadeu Silva Junior
OBESIDADE, EXERCÍCIO FÍSICO, ALIMENTAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA .................... 234
Michelle Saucedo Tessarolli; Gabriela da Silva Ferraz; Danilo Rodrigo Dezotti; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes
RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA E SISTEMA RESPIRATÓRIO ............. 247
Anderson Júnior Monteiro; Michele Lousado da Silva; Ana Cláudia de Souza Costa
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RELATO DAS VIVÊNCIAS OBTIDAS DENTRO DO CAMPO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II ............................................................................................................... 256
Gianluca Nascimento Frison; Ismael Albino; Samira Campos Jordão; Cláudia Diniz de Moraes RELATOS SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: Educação Física Escolar ................ 262
Alex Nogueira Rodrigues; Pamella Strogueia da Costa de Souza; João Victor Boiarenco Jordão; Cláudia Diniz De Moraes
TREINAMENTO DE FORÇA E SUAS APLICABILIDADES ................................................... 269
César Augusto Lima dos Santos; Weslley Henrique Bronzoli; Dagnou Pessoa de Moura TREINAMENTO DE FORÇA VERSUS FLEXIBILIDADE ........................................................ 277
Natália Spin; Lucas Gouvea de Oliveira; Paulo Rodrigo dos Santos Tejo; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes
TREINAMENTO FUNCIONAL PARA ATLETAS DE FUTSAL ENTRE 14 E 16 ANOS ......... 291
Bruno Teles Ricci; Lucas Vaz Bezerra; Raul Lucas Correia Stancia; Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos
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A ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE COM DOENÇAS CARDIOVASCULARES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NUMA COMPARATIVA COM
ADULTOS: Uma Análise sobre a Ótica de Mortalidades Associadas
Lucineio Gonçalves dos Santos – [email protected]
Renan Augusto Almeida de Oliveira – [email protected] Vinícius Gomes da Silva – [email protected]
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura – [email protected]
Docente – UniSALESIANO Lins
RESUMO
O objetivo deste estudo foi descrever a associação e relação da obesidade com os fatores de risco que acometem as doenças cardiovasculares em crianças, adolescentes e adultos. Através de uma visão analítica sobre a fisiologia patológica, foram abordadas as principais diferenças funcionais e organizacionais desencadeadoras de mortalidades decorrentes, nestas populações. O método utilizado foi uma revisão sistemática da literatura pertinente ao tema. Os resultados mostraram que crianças e adolescentes, por questões ligadas à idade e melhor resposta físico-neurais, estão menos vulneráveis às doenças cardiovasculares, quando inseridos programas dietéticos associados ao exercício.
Palavras-chave: Obesidade. Doenças Cardiovasculares. Mortalidade.
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma doença crônica multifatorial consequente da
correlação entre acumular e depletar energia, ou seja, o organismo necessita
constantemente em obter e gastar energia, pela lógica deste processo
contínuo, o ganho calórico (mesmo que de forma não excessiva) e a não perda
deste ganho gera o acúmulo no tecido adiposo tornando o indivíduo em obeso,
ou seja, a ingestão de alimentos é maior do que a capacidade do organismo
realizar o metabolismo da queima do excedente ingerido, culminando com a
transformação em gorduras e posterior acúmulo no organismo. Assim, o
metabolismo perde a homeostase energética culminando em um processo
inflamatório do tecido adiposo. (HALL; GUYTON, 2011).
Para avaliar o estado nutricional de um indivíduo e determinar se ele
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apresenta obesidade, usa-se a tabela que mede o índice de massa corporal
(IMC), onde se divide o peso (kg) pela altura ao quadrado (alt²). Os valores
para tanto, são acima de 20% do peso corporal em homens e 30% em
mulheres. (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Em crianças e adolescentes a Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda as Curvas de Crescimento atualizada do National Center for Health
Statistics (NCHS) de 1977, com valores de percentuais acima de 95% para
obesidade. (OMS, 2007).
Quanto à distribuição e localização, o excesso de gordura pode ser
depositado na região abdominal, também denominada como gordura visceral
com incidência maior entre os homens, global (generalizada), ou na região do
quadril, comum entre as mulheres. Dependendo do grau e distribuição da
gordura no organismo, há uma predisposição muito íntima com o surgimento
de comorbidades (patologias) associadas à obesidade. (NEGRÃO; BARETTO,
2010).
A obesidade abdominal ou visceral, por se localizar em meio a tecidos e
órgãos com alto grau de complexidade metabólica, está associada ao risco de
doenças cardiovasculares (DCV), causadas por resistência à insulina, diabetes,
hipertrigliceridemia, desequilíbrio do colesterol (principalmente redução do
HDL) e hipertensão arterial. (SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em um informativo sobre a
situação global para mortes relacionadas às doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) destacando a obesidade, diabetes, hipertensão arterial,
DCV, registrou que em 2012 38 milhões de pessoas morreram em decorrência
das DCNT e que destes, 16 milhões das mortes ocorreram antes dos 70 anos.
Mesmo com um declínio, as mortes por DCV representam a maior taxa de
mortandade em todo o mundo. (MENDIS et al., 2014).
No Brasil, as mortes por DCNT representam 70% antes dos 70 anos. A
obesidade é o fator de risco às relacionadas ao sistema cardiovascular. A
hipertensão arterial atingiu 31,3 milhões de brasileiros acima dos 18 anos em
2013, enquanto que o colesterol, que também é fator de risco para DCV foi de
18,4 milhões na mesma faixa etária. As DCV acometeram 6,1 milhões de
brasileiros acima de 18 anos e o acidente vascular cerebral (AVC) foi de 2,2
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milhões. (PEREIRA et al., 2014).
Segundo o sistema de informações sobre mortalidades (SIM), em 2016
morreram 2.528 crianças e adolescentes na faixa etária entre dez á dezenove
anos no Brasil, vítimas de DCNT. (CGIAE/SVS/MS, 2016).
Crianças e adolescentes não possuem a mesma capacidade física que
os adultos. Porém, os estágios metabólicos da obesidade, causas e os riscos
decorrentes são os mesmos (NEGRÃO; BARRETO, 2010).
Assim, este estudo tem por objetivo fazer uma revisão da literatura para
desvelar a diferença de mortalidades por DCV em crianças e adolescentes
obesos com adultos obesos, sendo estes últimos mais afetados.
1 CARACTERÍSTICAS QUE DIFERENCIAM MORTALIDADES POR
CARDIOPATIAS ENTRE CRIANÇAS/ADOLESCENTES E ADULTOS
OBESOS
Fisiologicamente, o ganho de peso durante a infância e adolescência é
similar ao do adulto, a diferença está na constante alteração morfológica de
estatura e hormonal principalmente na adolescência, fazendo com que o
metabolismo desvie parte da ingestão calórica para estas necessidades.
(SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
Para que haja o aparecimento de cardiopatias, deve existir a associação
de ao menos duas condições clínicas, caracterizando uma síndrome
metabólica (SM); o acúmulo de gordura na região abdominal e a resistência à
insulina. Somente esta associação é responsável por aumentar em duas vezes
a mortalidade em cardiopatas, e uma vez e meia fatores diversos.
(VALMORBIDA et al., 2013).
Para Negrão e Barretto (2010), há a necessidade de mais um fator para
a caracterização da SM, como exemplo a hipertensão arterial.
O acúmulo de gordura provoca o desequilíbrio dos níveis de glicose na
corrente sanguínea (hiperinsulinemia), gerando uma reação metabólica ao
nível endócrino no que tange a produção do hormônio insulina pelo pâncreas,
que injeta maiores doses de insulina no sangue na tentativa de conter o
excesso de glicose. Isso não ocorre, pois em indivíduos obesos a quebra,
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transformação em glicogênio e utilização energética se encontra ineficiente,
com isso a insulina aumentada passa a compor a estrutura do organismo
atuando de forma prejudicial, com o surgimento do diabetes mellitus. Talvez o
mais sério problema relacionado à resistência à insulina seja a vasoconstrição
periférica cardíaca, induzindo o surgimento de DCV. (GUTTIERRES; MARINS,
2008).
A ação da insulina atua no controle cardiovascular, agindo no sistema
nervoso simpático com a produção de L-arginina-óxidonítrico em indivíduos
normais, o que não acontece em obesos porque o excesso de gordura inibe a
vasodilatação, justamente por haver resistência à insulina, alterando o sistema
nervoso simpático, assim o fluxo sanguíneo quando aumentado tenciona as
vias de passagens, com maiores efeitos próximos ao coração. (NEGRÃO;
BARRETTO, 2010).
A partir do momento em que os triglicerídeos causam grandes inchaços
em todo o corpo, o pâncreas aumenta a quantidade de insulina na corrente
sanguínea, assim não ocorre a quebra das gorduras (lipólise) que se dá
através da adiponectina, portanto, a insulina perde sua ação no combate ao
excesso de gorduras. Os triglicerídeos são a gordura adiposa que acarreta a
obesidade, propriamente dito. (HALL; GUYTON, 2011).
Com a vasodilatação diminuída, os obesos desenvolvem as chamadas
cardiopatias acionogênicas obstrutivas, que são o tamponamento de artérias e
válvulas cardíacas pelo processo de formação de placas de gorduras
(aterosclerose) no interior das mesmas. Consequentemente, provoca a
hipertrofia miocárdica e em associação com a isquemia e também fibrose
miocárdica, aumenta a pressão sistólica. Esses eventos são traduzidos em
insuficiência cardíaca, elevando a capacidade de trabalho do coração, levando
o indivíduo à óbito. Porém, mesmo com tais fatores (isquemia e fibrose), e que
o fluxo sanguíneo se mantenha ativo, o risco de falência cardíaca é diminuído.
(SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
A insuficiência cardíaca pode ter seu agravamento com a perda da
contração cardíaca. A ação da actina e miosina diminuem com o aumento da
massa muscular do coração (hipertrofia cardíaca), este é processo acelerado
em obesos e conforme avanço da idade. Por isso as crianças obesas estão
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menos propensas aos distúrbios contráteis do miocárdio, consequentemente, o
fluxo sanguíneo é mais eficaz. (SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
Todas as disfunções cardiovasculares justificadas com as alterações
metabólicas associadas á obesidade, elevam a pressão arterial que ocorre por
compressão dos tecidos adjacentes ou por diminuição do calibre interior dos
vasos e artérias cardiopulmonares, devido ao acúmulo de placas de gorduras
(aterosclerose). Valores acima de 140mmhg (sístole) e 90mmhg (diástole) já
diagnosticam a hipertensão arterial. Para cada aumento de um quilograma de
gordura, eleva a pressão, em um (1) mmhg. Da mesma forma, a
hiperinsulinemia também aumenta a pressão arterial por atuar no hipotálamo
na ação vasoconstritora muscular e reabsorção sódica dos rins.
O Bogalusa Heart Study (1999 apud NEGRÃO; BARRETTO, 2010),
provou a existência de relação entre o excesso de peso com as DCVs em um
estudo com crianças e adolescentes entre cinco á dezessete anos.
Já McMahan (2006), revelou que as mortes de adolescentes com fatores
de risco para as DCVs, têm relação com a aterosclerose assintomática
coronariana precoce. (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Estes mecanismos atuam de forma conjunta na hipertensão arterial
contribuindo para a ruptura isquêmica, ou seja, há o deslocamento da placa
aterosclerótica ocasionando uma hemorragia interna, fazendo com que o
sistema imunológico faça o tamponamento total do local, induzindo ao infarto
agudo do miocárdio e falência cardíaca (CLAUDINO; ZANELLA, 2005;
NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
A hipertensão arterial (em obesos) geralmente é precedida na infância e
adolescência e está associada á fatores genéticos e ambientais, assim como a
determinação dos locais que deverão ser acometidos, como a hipertrofia
ventricular esquerda, aumento da pressão arterial que se resumirá em riscos
cardiovasculares, tendo consequências somente na fase adulta. (SOUZA et al.,
2009).
Alterações neurológicas também provocam eventos destruidores nos
tratos cardiovasculares e cerebrais. A obesidade por desencadear e alterar
importantes reações neurológicas, principalmente ás que tem relação direta
com o hipotálamo, aumenta o risco de morbidades e mortalidades destes
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indivíduos. A resposta mais provável para os distúrbios neurológicos
associados á obesidade, é a hiperatividade do sistema nervoso simpático,
aumentando a frequência cardíaca. (SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI,
2009).
O hipotálamo é um importante ativador para as necessidades neurais,
constituindo o sítio de ação de hormônios ligados ao balanço energético
(insulina e leptina), além de regular a demanda destes hormônios de acordo
com a quantidade calórica ingerida. Quando há uma alteração de ordem
excessiva de calorias, há também uma mudança funcional hipotalâmica,
acelerando o sistema nervoso simpático. Se o indivíduo já apresenta um
quadro clínico obeso, e aumentada a atividade simpática, ao mesmo tempo
culminando com possíveis coágulos no cérebro e isquemia ou fibrose
cardíacas, tem-se, respectivamente, risco de mortalidades por AVC e lesões
cardíacas (parada cardíaca por fibrilação, miocitólise, necrose e edema)
(SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009; NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Outro fator importante do bom funcionamento contrátil cardíaco é a
perfusão coronariana, que, para tal, depende da fosforilação oxidativa oriunda
do suplemento adequado do aporte de oxigênio, o que ocorre com a atividade
física. Assim, o exercício além de aumentar o aporte de oxigênio, aumenta
também o diâmetro das artérias diminuindo a resistência ao fluxo fazendo com
que ocorra uma “renovação gasosa” (por oxigênio) nos miócitos. Ao mesmo
tempo, o endotélio ao liberar a prostaciclina (vasoativa) assume a homeostase
das várias substâncias circulantes e regula tanto o fluxo sanguíneo como a
perfusão coronária do oxigênio, dando maior funcionalidade às funções
vasodilatadoras das artérias e contráteis do miocárdio (NEGRÃO; BARRETTO,
2010).
O exercício físico, diante da alta prevalência de mortalidade em casos
de indivíduos cardiopatas, passou a ser um meio de controle para os indivíduos
obesos em ambas as idades, principalmente por reduzir a sensibilidade á
insulina, aumentar a capacidade cardiorrespiratória, elevação da taxa de HDL,
menor pressão arterial e dar melhores repostas neurológicas do sistema
simpático e vasocirculatórias. (VALMORBIDA, 2013).
O consumo de alimentos entre os adolescentes brasileiros acontece
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com a interação do tradicional (arroz, feijão), acompanhados da ingestão de
alimentos que são tidos como precursores da obesidade, como exemplo
bebidas açucaradas e sólidos com alto teor calórico.
Ainda, em relação a quantidade de alguns alimentos, o consumo de
frutas na faixa etária entre 12 á 13 anos foi baixo, mesmo estando entre os
vinte mais consumidos entre os meninos. Enquanto que o café está entre os
cinco mais consumidos no Norte, no Centro-oeste, Sudeste e Nordeste o feijão
é o segundo, o Sul foi a região que mais se consumiu refrigerantes entre os
adolescentes e no Centro-oeste o consumo de hortaliças estava entre os cinco
mais consumidos. Conclui-se que os adolescentes não têm informação sobre
quais alimentos são saudáveis ou não consumindo ambos de forma
desmedida. (PENIDO, 2017).
As crianças e adolescentes obesos possuem menor capacidade para a
prática de exercícios físicos se comparadas com adultos obesos, quando
observadas questões estruturais e maturacionais, menor capacidade
anaeróbica (com formação precoce do ácido lático e fadiga rápida), e menor
eficiência cardiovascular.
A avaliação e métodos para demonstrar a capacidade física das
crianças obesas ou não ainda são discutidos. Porém, Ribeiro et al. (2005), em
um estudo, revelaram que intervenções com dieta hipocalórica associadas á
exercício físico isométrico, num período de apenas quatro meses com crianças
obesas, reduziram a resposta pressórica e estresse mental com melhora
vasodilatadora e perda de peso (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Em relação a atividade simpática das crianças obesas, se estimulada
alterando o receptor B2-adrenergético, substituindo a glutamina pelo ácido
glutâmico, há melhores respostas vasodilatadoras por conta de alterações
morfológicas comum em crianças e adolescentes favorecendo a perda de
peso, deixando-as menos vulneráveis aos males cardiovasculares.
De resumo, o exercício físico ativa os receptores B2-adrenergéticos
modulando a atividade simpática aumentando a atuação da enzima lipase,
fazendo a quebra (lipólise) da gordura obtendo maior gasto calórico.
(NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
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CONCLUSÃO
A origem das DCVs está associada, de modo geral, com o excesso de
peso e acometem todas as faixas etárias, porém o risco de mortalidade e óbito
é quase que exclusividade de indivíduos adultos. Os fatores que explicam tal
diferença são variados; a idade e melhores capacidades físico-neurais em
resposta á obesidade, beneficiam as crianças e adolescentes.
Crianças e jovens (obesos ou não) estão em fase de constante alteração
morfológica e metabólica (crescimento e liberação hormonal),
consequentemente, há menor ação de agentes promotores de DCVs e, de
certa forma, retarda possíveis eventos de falência do sistema cardíaco.
A melhor resposta ao exercício quando incorporado á dieta hipocalórica
promovem vasodilatação do miocárdio e artérias, fazendo com que as crianças
e adolescentes tenham mais eficiência cardiopulmonar, enfatizando a perfusão
de oxigênio nas coronárias e pulmões, resultando em respostas neurológicas
positivas. Assim, as crianças e adolescentes levam vantagem durante a prática
de exercício físico em relação aos adultos, deixando-as menos vulneráveis á
mortalidades por DCVs.
REFERÊNCIAS
CGIAE/SVS/MS. Monitoramento de indicadores de DCNTCGIAE Dashboard. Sistema de Informações sobre Mortalidade. Brasília, dez 2016. Disponível em:< http://svs.aids.gov.br/dashboard2/mortalidade/dcnt/>. Acesso em: 15 abr de 2017. CLAUDINO, A.M.; ZANELLA, M.T. Guia de transtornos alimentares e obesidade/coordenação. Barueri: Manole, 2005, p.222-223. FREEDMAN, D.S. et al.”The relation of overweight to cardiovascular risk factors among children and adolescents: the Bogalusa Heart Study”. Pediatrics 103:1175-82, 1999. GUTTIERRES, A.P.M.; MARINS, J.C.B. Só efeitos do treinamento de força sobre os fatores de risco da síndrome metabólica. Revista Brasileira de Epidemiologia. Universidade federal de Viçosa-MG, Juiz de Fora, 11(1): 147-58, 2008.
http://svs.aids.gov.br/dashboard2/;jsessionid=DC5C99DFAA8ACCF6781D1AD32384CCA7http://svs.aids.gov.br/dashboard2/mortalidade/dcnt/
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13
HALL, J.E.; GUYTON, A.C. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. MENDIS, S. et al. Informe sobre la situación mundial de las enfermedades no transmisibles 2014. Organização Mundial da Saúde. Genebra, Suíça, 2014. Disponível em:. Acesso em: 15 abr de 2017. McMAHAN, C.A. et al. “Pathobiological Determinants of Atherosclerosis in Yoth Research Group. Pathobiological determinants of atherosclerosis in youth risk scores are associated with early and advanced atherosclerosis”. Pediatrics 118(4):1447-55, 2006. NEGRÃO, C.E.; BARRETTO, A.C.P. Cardiologia do exercício: Do atleta ao cardiopata. 3. ed. Barueri-SP, Manole, 2010. OMS. Organização Mundial da Saúde. reference 2007: stata macro package. Genebra, Suiça, 2007. Disponível em . Acesso em: 15 abr 2017. PENIDO, A. Portal da Saúde. Ministério da Saúde. Brasil, 2017. Disponível em: www.saude.gov.br. Acesso em: 15 abr 2017. PEREIRA, C.A. et al. Pesquisa Nacional de Saúde 2013; Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, 2014. RIBEIRO, M.M. et al. “Diet and exercise training restore blood pressure and vasodilatory responses during physiological maneuvers in obese children”. Circulation111(15):1915-23, 2005. SERRANO, Jr. C.V.; TIMERMAN, A.; STEFANINI, E. Tratado de cardiologia: SOCESP. 2 ed. Barueri-SP, Manole, 2009. SOUZA, M.G.B. et al. Relação da obesidade com a pressão arterial elevada em crianças e adolescentes. UFAL-FM, Maceió; UFSP-EPM, São Paulo, 2009. VALMORBIDA, L.A. et al. Benefícios da modificação do estilo de vida na síndrome metabólica-Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n. 4, p. página 835-843, set./dez, 2013.
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A IMPORTÂNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NOS JOGOS
ESPORTIVOS COLETIVOS
Matheus Luan Conti da Silva - [email protected]
Graduando em Educação Física - UniSALESIANO Lins Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - [email protected]
Prof. Esp.Osvaldo Tadeu da Silva Junior - [email protected] Prof. Dr. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme - [email protected]
Prof. Me. João Rufino da Silva Jr. - [email protected] Docentes - UniSALESIANO Lins
RESUMO
O objetivo deste artigo é refletir sobre a importância do desenvolvimento de inteligências, para uma prática de excelência em jogos esportivos coletivos (JEC), utilizando como estrutura a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner. Pois, são evidentes as evoluções constantes ao longo do tempo nos JEC, em relação às regras, aspectos técnicos, táticos e físicos, além de toda a imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade que o jogo proporciona, o tornando cada vez mais complexo, neste sentido torna-se importante a adaptação dos atletas a esta evolução, sendo necessário o desenvolvimento de inteligências que facilitem este processo e possibilite uma integração dos elementos técnicos, táticos, físicos e cognitivos, buscando o alto rendimento dentro do jogo.
Palavras-chave: Inteligências Múltiplas. Jogos Esportivos Coletivos. Pedagogia do Esporte
INTRODUÇÃO
Nas modalidades esportivas coletivas que exigem estratégia refinada
como o futebol, voleibol, basquetebol, handebol e futsal o componente
cognitivo (inteligência) é essencial para os processos de seleção de resposta
para a “leitura de jogo” e tomada de decisão. (GRECO, 2010). Este elemento
torna-se extremamente importante diante da imprevisibilidade, aleatoriedade e
variabilidade que o jogo proporciona, desta forma conseguirão as melhores
respostas diante das problematizações encontradas no ambiente de jogo,
aqueles atletas que tiverem boas opções para tomada de decisão, sendo estas
construídas pela inteligência (cognição) do atleta.
Um exemplo é o armador do basquetebol em uma situação ofensiva,
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que ao realizar a “leitura de jogo” deve analisar e avaliar as possibilidades de
um passe, drible ou arremesso, movimentação de seus companheiros,
posicionamento da equipe adversária e então tomar a melhor decisão que se
tem no contexto de jogo, no entanto este armador apenas conseguirá
responder positivamente a este problema e imprevisibilidade apresentado nas
situações de jogo, caso tenha condições cognitivas de aliar ação tática com
movimento técnico.
Portanto é válido destacar que a inteligência é um conceito comum para
designar os diversos processos se relacionam com a consciência e o
conhecimento, gerado em estruturas encefálicas. Segundo Balbino (2007), este
conhecimento dado como inteligência é um elemento que acompanham todos
desde seu nascimento, juntamente com suas diversas facetas, porém é
importante ressaltar que essa inteligência precisa ser ativada e estimulada ao
longo da vida, através do ambiente em que essa pessoa vive.
O potencial de inteligência ativado conseguirá proporcionar ao indivíduo
inúmeras possibilidades de ações responsáveis por resolver problemas a
diversas competências humanas, indicar a satisfação de necessidades
prementes ou acionar os mecanismos de criatividade. No entanto, a ativação
deste potencial, deve acontecer através de ambientes próprios que consigam
de forma direta ou indireta estimular inteligências.
Balbino (2007) afirma que essa construção de ambiente inteligente
passa por dois eixos fundamentais: organizar tarefas e oferecer intervenções
que promovam a solução de problemas, diante disto, esta proposição pode ser
dimensionada pela composição de tarefas organizadas como possibilidade
comportamental da manifestação de habilidades ou competências do aprendiz
através de perguntas, metáforas, diálogos, analogias, ou elaboração de outros
procedimentos pedagógicos que consigam atender as intenções das
proposições de ensino, vivência e aprendizagem no esporte através da
abordagem referente à inteligência.
Desta forma é importante que haja um planejamento adequado de
métodos de ensino-vivência-aprendizagem que consigam desenvolver nos
atletas a capacidade de serem inteligentes para o jogo. Pois, de que adianta
um atleta obter recursos físicos, técnicos e táticos para jogar, se não possuir
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inteligências para usar estes recursos na resolução de problemas advindos dos
jogos, através de ótimas tomadas de decisões.
Sendo assim, destaca-se a possibilidade do desenvolvimento global
para prática em excelência de Jogos Esportivos Coletivos, através de uma
relação, entre o ensino de elementos físicos, técnicos e táticos integrados aos
estímulos das inteligências, obtendo como base a teoria das inteligências
múltiplas de Howard Gardner.
1 JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS (JEC)
Em uma definição de JEC, Teodorescu (1984), conceitua-o como uma
atividade social organizada, na qual os participantes estão agrupados em duas
equipes numa relação de adversidade típica não hostil (rivalidade esportiva)
sendo determinada pela disputa através de luta visando à obtenção da vitória;
com a ajuda da bola (ou outro implemento do jogo).
Os JEC são constituídos por várias modalidades esportivas: voleibol,
futsal, futebol, handebol, polo aquático, basquetebol - entre outros (OLIVEIRA;
1998). São modalidades que apresentam elementos comuns em sua forma de
jogar: um objeto, geralmente uma bola, movimentada com as mãos, pés ou
bastões/raquetes; um terreno, onde acontece o jogo; uma meta, a ser atacada
ou defendida; companheiros de equipe, que juntos cooperam buscando
alcançar os objetivos do jogo, adversários a serem superados e regras a se
respeitar.
Os JEC são confrontos entre duas formações, duas equipes,
condicionadas pelo cumprimento do regulamento, que se dispõe de forma
particular no terreno de jogo e se movimentam, com o objetivo de vencer
(BAYER, 1994).
Dentre as características dos JEC pode-se afirmar que a relação de
oposição entre os jogadores das duas equipes em confronto e a relação de
cooperação entre os elementos da mesma equipe, ocorridas em ambiente
aleatório, complexo e imprevisível, traduz a essência dessas modalidades
(SANTANA, 2015).
É válido destacar que os JEC ocupam um lugar no quadro cultural
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desportivo contemporâneo, dado que, na sua expressão multitudinária, não são
apenas espetáculos, mais um meio de Educação Física desportiva e campo de
aplicação da ciência (GARGANTA, 1998).
Pela relevância dos JEC no cenário cultural, Paes (2002), afirma que, é
possível verificar um aumento crescente no diálogo acadêmico sobre estas
modalidades.
Dentre os inúmeros assuntos que rodeiam os JEC, pode-se afirmar que
dialogar sobre sua essência, que é a imprevisibilidade, aleatoriedade e
variabilidade tornou-se primordial, pois assim os processos de ensino-vivência-
aprendizagem são facilitados. Entender o imprevisível claramente é impossível,
no entanto desta forma, os caminhos para compreender quais elementos
devem ser desenvolvidos para uma melhor atuação dentro do jogo é plausível.
Em relação a estes elementos, fundamentais para o jogo (técnica, tática,
física e cognitiva), destaca-se a importância do aspecto cognitivo, pois diante
de toda imprevisibilidade no contexto de jogo é a inteligência que conseguirá
responder da melhor forma ás problematizações. Portanto as inteligências
destacam-se como um dos fatores primordiais para que se jogue com
qualidade.
Assim, as ações técnicas e as ações táticas são conexas, pois, a técnica
bem executada dependerá de uma ação tática com qualidade, esta
dependente de aspectos cognitivos, as inteligências. O quadro exemplifica a
relação existente entre as ações técnicas (relacionadas à capacidade motora,
fundamentos) e as ações táticas (relacionada à capacidade cognitiva,
inteligências) de modo que contribuam para o desenvolvimento da capacidade
de jogo (SAAD, 2002).
Figura 1: Relações Existentes entre Técnica e Tática
Fonte: SAAD, 2002
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Sendo assim, o mais importante, sobretudo, é desenvolver nos atletas
uma disponibilidade motora e mental. Portanto, pode-se afirmar que o processo
de ensino-vivência-aprendizagem nos JEC deve ser respeitado de acordo com
as características de imprevisibilidade, complexidade e aleatoriedade e que
exigem uma leitura rápida e inteligente para as constantes tomadas de
decisões no jogo. (SANTANA, 2015).
2 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Gardner (1994 apud BALBINO, 2007) dimensionou em sua teoria das
inteligências múltiplas a existência de oito inteligências, na qual trataria de
resoluções dos problemas inerentes ás pessoas, podendo obviamente
relacionar-se com as problematizações encontradas na imprevisibilidade dos
JEC. Sendo: Inteligência cinestésico corporal, a Inteligência verbal linguística, a
Inteligência lógico-matemática, a Inteligência musical, a Inteligência espacial, a
Inteligência naturalista, a Inteligência interpessoal e a Inteligência intrapessoal.
Abaixo serão definidas as inteligências citadas, fazendo uma relação com os
JEC.
Inteligência Cinestésico Corporal: é definida por usar o corpo ou parte
dele, para resolver os problemas, tendo a capacidade de trabalhar com objetos
de forma hábil, tanto para os movimentos que envolvem habilidade motora fina
ou grosseira do corpo. Portanto é nítido que atletas usam dessa inteligência
para resoluções dos problemas encontrados nos jogos (GARDNER, 1994 apud
BALBINO, 2007).
Inteligência Verbal Linguística: habilidade para aprender línguas bem
como a capacidade de se utilizar a linguagem para atingir certos objetivos. Esta
inteligência se mostra diretamente envolvida nos jogos, pois receber por meio
de transmissões de ordens verbais, instruções de aprendizagem técnica ou de
estratégias táticas e interpretá-las com eficiência, falar com os companheiros
em momentos adequados são inteligências essenciais para o jogo.
(GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Lógico-Matemática: é a capacidade de analisar os
problemas com lógica, também definido como resoluções de problemas
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significativamente rápidos. No contexto dos jogos refere-se á compreensão de
diagramas, símbolos e códigos utilizados pelo técnico ou professor na
orientação das táticas e estratégias; também pela interpretação e compreensão
de estatísticas e gráficos do jogo; familiaridade com os conceitos de tempo de
jogo, aspectos de causa e efeitos relacionados a regras e regulamentos do
jogo e da competição. (GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Musical: habilidade na atuação, composição e na apreciação
de padrões musicais. Nos JEC esta inteligência refere-se às respostas variadas
aos sons dirigidos do ambiente, como exemplo, os provocados pela plateia, em
manifestações favoráveis ou contrárias ao indivíduo ou equipe (GARDNER,
1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Espacial: reconhecer e manipular os padrões do espaço,
desta maneira um atleta com uma inteligência espacial eficiente, pode
apresentar as seguintes características para os JEC: utilização das imagens
aprendidas nos treinos para recordações no momento do jogo, interpretação de
esquemas táticos, tomadas de decisões ao visualizar movimentos táticos
(GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Interpessoal: capacidade de entender as intenções,
motivações e os desejos do próximo. Nos JEC essa inteligência apresenta-se
da seguinte forma: interação com os companheiros de equipe, participação das
ações coletivas da equipe, influência nas ações dos companheiros de equipe,
de forma construtiva, habilidade na mediação de conflitos entre os
companheiros de equipe, o indivíduo com esta inteligência tem a capacidade
de liderança. (GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Intrapessoal: capacidade da pessoa se conhecer, ter um
modelo individual de trabalho eficiente incluindo os próprios desejos, medos e
capacidades, é o conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa, ou o
acesso ao sentimento da própria vida. Tal inteligência encontra-se nas
seguintes ocasiões dos JEC: demonstração de motivação em realizar tarefas
em treinos e jogos, consciência e controle das emoções presentes durante o
jogo ou em competições, equilíbrio de emoções em momentos de pressões,
como em jogos decisivos ou momentos de aprendizados complexos.
(GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
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Inteligência Naturalista: refere-se ao conhecimento ao mundo vivo,
identificando e reconhecendo a existência de outros seres vivos, também é
definida como a capacidade de observar, classificar e categorizar objetos. Nos
JEC encontra-se da seguinte forma: observação ao ambiente com interesse e
curiosidade, capacidade de compreender os diferentes tipos de complexidades
das atividades propostas, busca pelo entendimento de sua participação nos
treinos e jogos. (GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Garganta (2006) cita o quanto elementos cognitivos são importantes
para o jogo, pois este apresenta inúmeras problematizações, isto por ser um
jogo de extrema variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade. Diante de
todos estes aspectos vulneráveis que o jogo proporciona, fica evidente o uso
das inteligências para elaboração de estratégias responsáveis pela solução de
problemas.
Desta maneira, a ação de solucionar os problemas ocorridos nos JEC
envolve diferentes processos cognitivos, que incluem a atenção e a percepção,
a antecipação, a memória para evocar situações similares vivenciadas no
passado, pensamentos, todas estas tarefas cognitivas associadas entre si e
apoiadas em estruturas de conhecimento declarativo e processual (PAULA et
al., 1999), a utilização destes conhecimentos em situações de jogo permitirá ao
praticante a execução de operações que resultará em ações positivas para
aquela situação-problema.
Por conseguinte, pode-se dizer que o sucesso da ação escolhida
depende da capacidade que o jogador tiver para se adaptar aos contextos que
o jogo propõe e os momentos do jogo. Este processo poderá resultar na
construção e obtenção do ponto ou gol, mas também para evitar a conquiste o
mesmo pelos oponentes (GARGANTA, 2002).
Desta forma, é possível afirmar que são características dos jogadores
que possuem boa capacidade de leitura das situações de jogo: adaptam-se ao
jogo e se “impõem” durante a partida, realizam ações são de fácil execução e
sem esforço aparente; as decisões frequentemente resultam em sucesso para
a equipe (ARAÚJO; VOLOSSOVITCH, 2005).
Atletas com competência cognitiva em suas ações de jogo realmente
são considerados peritos (expert), pois possuem a compreensão de “o que
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fazer” (tempo), “como fazer” (espaço) e “quando fazer” (situação) uso das
técnicas inerentes a performance de um jogo esportivo coletivo (GRECO, 2001;
OLIVEIRA et al., 2003). Ou seja, são aqueles que conseguem dar respostas
coerentes a todas as problematizações que o jogo proporciona, devido ao seu
alto poder de realizar todos os aspectos cognitivos.
Desta forma, é importante introduzir um método pedagógico que consiga
proporcionar ao praticante o desenvolvimento das inteligências, enriquecendo
as possibilidades em solucionar os problemas com as melhores tomadas de
decisões, posto isto, Balbino (2007) afirma que a ação pedagógica transcende
o método, um ambiente rígido reducionista que fragmentam para poder
construir gestos pode indicar para a ausência da flexibilidade na ação
pedagógica, podendo restringir o processo de aprendizagem e compreensão,
fatores estes essenciais para o desenvolvimento do jogo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro do amplo e diversificado universo que o esporte oferece, é
naturalmente exigido dos atletas atributos além do desempenho físico, ou seja,
a complexidade pede entendimento, compreensão, que supera apenas gesto
técnico ou capacidades físicas, sendo o desenvolvimento de inteligências o
suporte necessário para alcançar o êxito global referente a modalidade
esportiva coletiva.
As inteligências possuem um papel fundamental para o jogo em
modalidades coletivas, pois todo instante existem problemas a serem
solucionados objetivando o sucesso individual e coletivo da equipe.
Desta forma as ações técnicas devem estar conexas com as ações
táticas, pois tomadas de decisões defronte a imprevisibilidade, aleatoriedade e
variabilidade que constituem a complexidade dos jogos esportivos coletivos
necessitam de uma ação motora adequada após uma “leitura de jogo”
competente. Sendo assim a proficiência cognitiva é assinalada como requisito
nuclear para se alcançar uma performance de excelência nos JEC. É
importante ressaltar que a capacidade do jogador de responder às situações
do jogo é o que define suas inteligências.
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Desta maneira, este estudo tem a intenção de oferecer reflexões sobre a
importância da integração de elementos técnicos, físicos, táticos e cognitivos
em modalidades coletivas, a fim de proporcionar ao atleta maiores recursos
para resolver os problemas advindos dos jogos. É importante a realização de
mais estudos relacionados à temática desenvolvida.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, D.; VOLOSSOVITCH, A. Fundamentos para o treino da tomada de decisão: uma aplicação ao handebol. In: ARAÚJO, D. O Contexto da Decisão, A Ação Táctica no Desporto. Lisboa: Visão e Contextos, 2005, p. 75-98. BALBINO, H.F. Jogos desportivos coletivos e as inteligências múltiplas: bases para uma proposta em pedagogia do esporte. Hortolândia: UNASP, 2007. BAYER, C. O Ensino dos desportos coletivos. Paris: Vigot, 1994. GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3. ed. Lisboa: Universidade do Porto, 1998. GARGANTA, J. O treinamento da tática e da técnica nos jogos desportivos á luz do compromisso cognição-ação. In: BARBANT, V.J. et al. Esporte e atividade física. São Paulo: Manole, 2002. ______. Fundar os Conceitos de Estratégia e Táctica nos Jogos Desportivos Coletivos, para promover uma eficácia superior. Rev. Bras. Ed. Fís. Esporte, 2006 GRECO, P.J. Métodos de ensino-aprendizagem-treinamento nos jogos esportivos coletivos. In: GARCIA, E.S; LEMOS, K.L.M. Temas atuais VI Educação física e esportes. Belo Horizonte: Health, cap.3, p. 48-72, 2001. GRECO, P.J. Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências & Cognição. v. 15, 2010. OLIVEIRA, M. Desporto de base. São Paulo, 1998. PAULA, A.F.P.; GRECO, P.J.; SOUZA, C.R.P. Tática e processos cognitivos subjacentes à tomada de decisão nos jogos esportivos coletivos. In: SILAMI, G.E.; LEMOS, M.L.K.(Eds.). Temas Atuais V - Educação Física e Esportes, Belo Horizonte. Healt, 1999. SAAD, M.A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos escalões de formação do Futsal. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação
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23
Física) – Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. SANTANA, W.C. Pedagogia do esporte: Jogos esportivos coletivos. Phorte, 2015. TEODORESCU, L. Problemas de teoria e metodologia nos jogos desportivos coletivos. Lisboa: Livros Horizontes, 1984.
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A IMPORTÂNCIA DE UM TREINAMENTO PREVENTIVO, INDIVIDUAL E
ESPECÍFICO PARA ATLETAS DE BASE NO BASQUETEBOL
Daikiti Eduardo Tanimoto - [email protected] Phamela Afonso de Oliveira - [email protected]
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - [email protected]
Docente - UniSALESIANO Lins
RESUMO
O objetivo deste estudo é mostrar a importância de um treinamento preventivo, específico e individual nos atletas de base que almejam vida profissional no basquetebol (alto rendimento) ou, simplesmente, compreender as variantes nesse esporte e a complexidade de prevenir lesões em jogos de impacto, saltos e arranques. Para tanto, vale ressaltar que a individualidade biológica na prescrição de um treinamento preventivo, objetivando resultados positivos na prevenção de lesões comuns ao basquetebol, se torna imprescindível ao sujeito. Uma minuciosa anamnese ao atleta de base é capaz de destacar suas fragilidades e limitações (principalmente nos membros inferiores) em que o Profissional de Educação Física, amparado por uma equipe multidisciplinar é dotado cientificamente para melhorar, prevenir e tornar mais saudável a vida no basquetebol. Para o estudo foram pesquisadas várias referências, entre livros e artigos científicos, visando entendimento do basquetebol na prática, o treinamento da modalidade e o índice de lesões.
Palavras-chave: Basquetebol. Atletas de base. Lesões.
INTRODUÇÃO
O basquetebol é uma modalidade esportiva que teve origem nos
Estados Unidos, em 1891, no Instituto de Springfield, Massachusetts. No Brasil,
o esporte se difundiu por volta de 1896 com o missionário americano Augusto
F. Shaw, porém somente em 1912 foi praticado como esporte na Associação
Cristã de Moços do Rio de Janeiro.
Alguns anos depois, em 1933, foi fundada a Confederação Brasileira de
Basquetebol (CBB) mediante a popularidade da modalidade esportiva e a
necessidade de um órgão que controlasse as entidades pertencentes. Por fim,
no ano de 1993, foi fundada a Federação Internacional de Basquetebol Amador
(FIBA). (COHEN; ABDALLA, 2003).
Atualmente o basquetebol vem crescendo na aceitação popular de
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crianças e adolescentes justamente por ser um esporte de fácil acesso e baixo
custo, principalmente nas escolas e clubes.
Lima (2008) destaca os benefícios físicos, tais como o estímulo no
desenvolvimento e massa óssea em maturação, prevenção da obesidade e
aumento da sensibilidade à insulina, além dos aspectos psicológicos de
sociabilidade e trabalho em equipe. No entanto, como em qualquer outro
esporte, suas características específicas implicam em possíveis complicações
e riscos ao corpo humano, como as indesejáveis lesões traumáticas. Estas
podem influenciar diretamente na execução e vida dos atletas de base
praticantes do basquetebol.
Segundo Gantus e Asssumpção (2002), a necessidade de vitórias e
super-resultados nos esportes de alta competitividade e as consequências do
excesso de treinamentos e competições, condições indispensáveis para se
atingir o ápice esportivo, reflete um número crescente de lesões do aparelho
locomotor nos atletas, cujas causas supostamente podem ser atribuídas à
ausência de medidas preventivas, exaustão competitiva, volúpia atlética e
psicossomatismos.
Este artigo tem o objetivo de analisar e explanar por meio de uma
revisão bibliográfica a interferência positiva de um treinamento preventivo
individual e específico na vida esportiva de jovens atletas.
1 BASQUETEBOL
De acordo com Cohen e Abdalla (2003), os movimentos básicos do
basquetebol são: o arremesso, o drible, o passe, a bandeja, o rebote e a
posição de defesa. É um jogo com variantes na direção e principalmente de
contato físico, acarretando o aparecimento de determinadas patologias,
tornando o atleta suscetível às lesões traumáticas e por sobrecarga
biomecânica.
De Rose, Tadiello e De Rose Jr. (2006) apontam que o basquetebol
exige muito contato entre seus jogadores (defesa e ataque), uma vez que os
dez atletas devem atuar concomitantemente de maneira dinâmica dentro de
um espaço total de 420m². Destaca ainda que a maior carga corporal é
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vinculada aos membros inferiores (MMII) provocando inúmeras lesões em
função dos deslocamentos, bruscas mudanças de direção e saltos sem
aterrisagens operacionais. Essas características geram situações coletivas que
exigem organização e sincronização, destacando o domínio motor, técnico e
tático para melhor execução do contexto global do jogo.
Além dessas características, outros pontos devem ser ressaltados, tais
como a interferência de fatores extrínsecos (ambiente, condição climática) e
intrínsecos (especificidade funcional de cada jogador) que permeiam o
basquetebol, envolvendo as capacidades motoras condicionantes e
coordenativas.
Os estudos de Lozana e Pereira (2003) comprovam que o tornozelo é o
local de maior acometimento de lesões em atletas de basquetebol,
apresentando percentuais de 37,15% do total de lesões. Com relação ao
tempo de inatividade física, o estudo demonstrou que a articulação do joelho
gerou maior período de afastamento, 28,81% do tempo total.
Esses dados permitem compreender que o basquetebol é uma atividade
física de alto rendimento, seja para jovens ou adultos, caracterizado por
arremessos, ataque, defesa, saltos, tendo como objetivo principal acertar a
bola na cesta para pontuação. Os atletas se destacam pela altura, rapidez,
desenvolvimento tático e técnico. Por esse motivo, é de suma importância que
o atleta de base seja bem treinado e preparado desde cedo para esse tipo de
desgaste físico, realizando os devidos fortalecimentos musculares e articulares.
Segundo uma pesquisa feita por Almeida et. al. (2013) onde produziram
um estudo avaliativo em um grupo de atletas de dois gêneros diferentes,
descobriram que o pico de lesão no grupo masculino foi durante a
aterrissagem, já no grupo feminino foi no salto vertical, ambos aconteceram
durante os treinos. Em muitas pesquisas feitas para descobrir o índice lesivo
foram feitos relatos escritos após a lesão acontecer. Relatos de médicos e
fisioterapeutas indicando o foco e o tipo de lesão ocorrida.
Em seu coletivo, os esportistas estão sujeitos a diversas formas
constantes de contato físico. Assim, o profissional de Educação Física,
juntamente com o técnico, está apto na prevenção e deve avaliar
cuidadosamente os indivíduos, para destacar as limitações corporais e de
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acordo com a especificidade do jogo compor um treinamento preventivo,
individual e específico.
2 TREINAMENTO PREVENTIVO E ESPECÍFICO
Dentro do estudo realizado por Beneli; Rodrigues; Montagner (2006),
foram realizados 5 (cinco) testes para avaliar uma evolução após uma
periodização de um treinamento. Os testes foram:
a) Impulsão Vertical – primeiramente o atleta esticou o braço para
marcar o ponto de alcance máximo, em seguida realizou o salto a
partir da posição ereta, flexionando os joelhos, com os braços semi-
flexionados e os pés totalmente apoiados no solo. Marcou-se a altura
do salto, expressa em centímetros (cm), com um toque das pontas
dos dedos marcadas com giz na régua, e subtraiu-se do ponto de
alcance máximo. Objetivo: verificar a impulsão e a força explosiva de
membros inferiores.
b) Salto Sêxtuplo - o atleta realizou seis saltos consecutivos com as
pernas alternadas a partir de uma marca determinada. Mediram-se à
distância do início (marca determinada) até a última passada
expresso em centímetros (cm). Objetivo: medir a componente de
força rápida nos membros inferiores.
c) Força de Lançamento - o atleta realizou um lançamento com uma
medicine Ball de 3 Kg a partir da posição sentada com o dorso, a
cabeça e o glúteo encostados em uma parede e as pernas esticadas.
O atleta foi orientado para iniciar o movimento com a medicine Ball
encostada ao peito, e a medida foi expressa em centímetros (cm).
Objetivo: avaliar a força explosiva de membros superiores.
d) Passe na Parede - esse teste consistiu em o atleta ficar de frente
para uma parede lisa, a 2 metros de distância da mesma, e fazer o
maior número de passes (n) durante 20 segundos. Objetivo: medir a
componente de força rápida de membros superiores.
e) Corrida Sinuosa com condução de bola - percorrer uma distância de
15 metros (ida e volta), no menor tempo possível, expressa em
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segundos (s), driblando com uma bola de basquete. Alternar as
mãos, e contornar 5 cones dispostos em linha reta distantes 1,5 m
entre si. Objetivo: verificar a agilidade, velocidade, coordenação e
técnicas específicas do basquetebol.
Mediante aos testes realizados conseguiu-se ter uma percepção melhor
do que cada atleta necessita dentro de um treinamento especifico e com isso
pode se fazer treinamento preventivo.
Segundo o Pedrinelli (1997), o aspecto preventivo no tratamento das
lesões esportistas reveste-se de muita importância quer se discuta atividade
física de alto desempenho quer como mero coadjuvante de tratamentos
médicos. Vale ressaltar que a relevância dessas lesões se encontra em atletas
de alto rendimento que não conhecem/compreendem ou não usufruem de
treinamentos preventivos.
Sabendo disso, o desenvolvimento de cada indivíduo se demonstra
através de aspectos cognitivos, capacidades físicas e psicológicas, resultando
na aptidão física. Pedrinelli (1997), ainda define que a sobrecarga acerca do
aparelho locomotor pode influenciar na recuperação do organismo e, portanto,
resultar em instalação de um processo patológico.
As capacidades físicas: resistência, força, velocidade, agilidade,
equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora (destreza) constituem a parte
corporal passíveis de treinamentos (CAPACIDADES físicas, 2009). Diante
disso, é necessário que haja um treinamento preventivo e específico nos
atletas, principalmente os de base por estarem iniciando a vida esportista e em
formação corporal (puberdade), para que suas musculaturas gestos e motores
estejam melhores treinados.
Compreendendo esses fatores, Santos (2009) destaca que a força
muscular é uma capacidade fundamental para o jogador de basquetebol, tendo
em vista que na maioria dos gestos específicos há exigência da mesma e o
atleta necessita de treinamentos resistidos para auxiliar nesse ganho.
Entretanto, um treinamento específico com os movimentos executados no dia a
dia do atleta é indispensável.
A partir disso, Carvalho (2010) acredita que a associação de estratégias
tanto neuromusculares, quanto proprioceptivas deva ser contemplada na
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periodização esportiva. Promovendo, portanto, níveis de dificuldade que sejam
aumentadas com os treinos específicos, auxiliando na biomecânica e
facilitando na automatização do gesto esportivo, bem como potencializar a
estabilidade do central (core).
As forças citadas acima se classificam em três tipos: força máxima, força
de resistência e a força de explosão. Dentro da ação propriamente dita, a força
de explosão tem certa predominância e, porventura, se não for bem executada
e treinada pode gerar lesões. (SANTOS, 2009).
Porém a tendência à lesão é inevitável ao esportista. Ela é comum e faz
parte da vida profissional de qualquer atleta, seja amador ou profissional, seja
de base ou mais avançado. Cohen e Abdalla (2003) apontam que o número de
anos de prática do basquetebol e os microtraumas acumulados tem relação
direta com as lesões. No entanto, apesar do pouco embasamento científico e
estudos com o tema, relatam que tecidos mais fortes podem evitar as lesões.
De acordo com Santos (2009), Kevin Johnson, ex-jogador dos Phenix
Suns, considera que o treino de força lhe concebeu maior potência e
durabilidade para enfrentar, ao longo de diferentes épocas desportivas, os
melhores jogadores da NBA. Sendo assim, é de suma importância um
treinamento preventivo e específico, que se atente primordialmente para os
membros inferiores (quadríceps, isquiotibiais e gastrocnêmio) já apontados
com maior suscetibilidade às lesões por sobrecarga ou trauma.
Uma minuciosa anamnese ao atleta de base é capaz de destacar suas
fragilidades e limitações em que o profissional de Educação Física, amparado
por uma equipe multidisciplinar é dotado cientificamente para melhorar,
prevenir e tornar mais saudável a vida no basquetebol.
2 INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA
A individualidade biológica é definida por Langeani (2014), como as
diferenças do ser humano os tornando únicos, ou seja, não há dois indivíduos
exatamente iguais. Entendendo isso, a educação física tem objetivo de auxiliar
no desenvolvimento humano, trabalhando seus aspectos biológicos,
psicológicos e sociais. Para Nascimento (2007), essas diferenças existentes
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devem ser respeitadas, considerando a particularidade de cada sujeito,
exaltando as potencialidades individuais e em meio comum.
A partir das características da Educação Física todo professor/instrutor é
orientado a respeitar a individualidade biológica de qualquer indivíduo em
qualquer tipo de treinamento esportivo ou desportivo. Por esse motivo, a
prescrição de um treinamento preventivo e específico, também é mais
vantajoso e eficaz se realizado de maneira individual, observando todas as
variantes do atleta em questão.
Segundo Carvalho (2009), cada organismo reage de uma forma
diferente ao mesmo estímulo dado, sabendo que o mesmo é formado por uma
somatória de características genéticas que o chamamos de genótipo e,
somado ao o fenótipo (característica adquirida extrinsecamente), faz com que
cada indivíduo/atleta seja único.
Levando em consideração as características individuais de cada um
para a prescrição adequada de treinamento, devemos seguir algumas regras
básicas, mas que fazem muita diferença na individualização do treinamento,
tais como:
a) fazer uma anamnese com seu aluno no momento em que se inicia
um novo trabalho;
b) após as primeiras identificações através do questionário de
anamnese, deve-se solicitar uma avaliação médica para identificação
de possíveis patologias;
c) liberado pelo médico, faz-se alguns testes físicos, tais como a
ergoespirometria, utilizada para determinação do VO²máx e limiares
anaeróbicos, percentual de gordura, podendo incluir também testes
de pisada (para determinar se a pisada é pronada, supinada ou
normal) e avaliação de corrida;
d) com base nesses dados pode-se confeccionar a planilha de treino,
de acordo com os objetivos traçados em conjunto com o aluno.
(CARVALHO, 2009).
Portanto, fica evidenciada a importância da individualidade biológica na
prescrição de um treinamento preventivo, objetivando a qualidade dos
resultados desejados. Externando as variantes de cada sujeito, pontos
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específicos podem ser trabalhados, melhorados e eventuais problemas
prevenidos. Porém, pouco se vê nos times de basquetebol, principalmente os
de base, um acompanhamento individual no treinamento preventivo. Não há
espaço para a prevenção correta e detalhada, aumentando a suscetibilidade de
lesões.
CONCLUSÃO
O presente estudo conclui que os atletas de base devem ter a
oportunidade e o direito a um treinamento preventivo, específico e individual,
denotando suas características próprias, tanto as intrínsecas quanto as que se
adquirem ao longo da vida profissional no basquetebol. Acima de tudo, os
testes prévios (anamnese) devem ser realizados como um conjunto de ações
voltadas ao bem-estar e saúde do esportista, possibilitando que o
planejamento do tipo de treinamento seja realmente eficaz e amenize as lesões
do atleta.
Enfim, o atleta de base conduzido por uma equipe multidisciplinar
competente é capaz de alavancar suas probabilidades profissionais no
basquetebol, além de acentuar suas significativas melhoras no quesito saúde.
Evitar e prevenir microtraumas e lesões mais graves é garantia de
desenvolvimento físico e psicossocial, além de estimular mais estudos para o
complexo entendimento do corpo humano e suas ondulações na prevenção do
esporte de alto rendimento.
REFERÊNCIAS ALVES, C.; LIMA, R. V. B. Impacto da atividade física e esportes sobre o crescimento e puberdade de crianças e adolescentes. Rev. Paul. Pediatr. São Paulo, n. 26, 18 de jun, p. 383-391, 2008. ALMEIDA, A. F. NETO.; TONIN, J. P.; NAVEGA, M.T.; Caracterização de lesões desportivas no basquetebol. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n. 2, p. 361-368, abr./jun. 2013. CAPACIDADES FÍSICAS. Educação Física. 30 mar. 2009. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2017.
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A INFLUÊNCIA DO FATOR SOCIOECONÔMICO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO MOTOR NO PROCESSO DIDÁTICO DA NATAÇÃO
Cristiano Pereira de Magalhães Junior - [email protected]
Gabrieli Paulos Pimentel Freire - [email protected]
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Osvaldo Tadeu Silva Junior - [email protected]
Docente – UniSALESIANO Lins
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar na literatura a influencia do nível socioeconômico perante o desenvolvimento motor infantil e sua relação no processo ensino-aprendizagem da natação. Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, utilizando-se descritores relacionados ao desenvolvimento motor, fator socioeconômico e natação totalizando 33 artigos. As bases eletrônicas pesquisadas foram: Portal Caps, Pubmed, Scielo, Bireme, Cochrane e Lilacs, entre os anos de 1992 a 2016. Esta revisão encontrou uma série de estudos conclusivos sobre as repercussões do fator socioeconômico e seu impacto no desenvolvimento motor. Conclui-se que o nível socioeconômico influencia o desenvolvimento motor e que a didática da natação deve considerar esta informação em seu processo de intervenção para melhoria das habilidades motoras de crianças, otimizando assim o processo de ensino-aprendizagem na natação.
Palavras-chave: Desenvolvimento Motor. Fator Socioeconômico. Natação.
INTRODUÇÃO
O início de vida de uma criança é caracterizado por constantes
mudanças biológicas e psicossociais, que tem contribuições importantes nos
domínios motor, social, afetivo e cognitivo. (CORSI et al., 2016)
Para Silva (2011), o desenvolvimento motor é um processo contínuo que
afeta o comportamento motor durante a toda vida, proporcionada pela junção
das necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do
ambiente, que estabelecem relações favorecendo o surgimento de novas
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formas de execuções motoras. Entretanto, em casos de modificações em
alguns deles, o processo de motricidade pode ser colocado em risco.
O desenvolvimento motor infantil é um processo que se inicia desde a
vida intrauterina, envolvendo vários aspectos, como crescimento físico,
maturação neurológica e construção de habilidades ligadas ao comportamento,
ás partes cognitivas, social e afetiva, transformando a criança capaz de realizar
as suas necessidades e às do seu meio, de concordância com o seu tempo de
vida (FERNANI et al., 2011 ).
Segundo Mancini et al. (2004), diferentes fatores como característicos
do ambiente físico, escolaridade dos pais, dinâmica familiar, poder aquisitivo da
família e relações familiares podem intervir no desenvolvimento motor.
Entre os fatores que têm apresentado maior risco para o déficit do
desenvolvimento motor, destacam-se a prematuridade, as dificuldades
socioeconômicas e o baixo nível intelectual dos pais. (LEITES et al., 2011).
A posição socioeconômica dos pais pode intervir no crescimento e na
motricidade das crianças, seu comportamento em geral e seu envolvimento em
atividades físicas. (BALA et al., 2010).
Entende-se que a presença de um agente mediador é mais importante
tanto quanto à organização estrutural do ambiente físico. Agente mediador é
todo aquele indivíduo - criança ou adulto, embasado de conhecimento ou
experiência em certa tarefa que ira demonstrar uma relação capaz de promover
o desenvolvimento. Com isto a qualidade dos estímulos depende de diversos
fatores como - o grau de escolaridade dos pais ou responsável, a presença de
outros adultos além dos pais; a interação com outras crianças e a condição
estável de vida da família. (NOBRE et al., 2014).
De acordo com estudos sobre desenvolvimento motor, as habilidades
motoras fundamentais são pré-requisitos para que a criança se envolva
posteriormente em habilidades motoras específicas do esporte, danças e lutas.
(COSTA et al., 2016).
Particularmente no desporto da natação, notam-se moldagens no
aparelho locomotor. Os membros superiores, que exercem função de
estabilidade no meio terrestre, passam a gerar a propulsão no meio líquido. Já
os membros inferiores exercem a propulsão no solo e no meio líquido
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fornecendo equilíbrio. (GAMA et al., 2009).
Ernani e Edison (2002) destacam que a habilidade nadar é
proporcionado a partir de um procedimento do domínio da estabilidade
corporal. Esse desenvolvimento é alcançado com a junção de habilidades
motoras como controle respiratório, flutuação, pernadas e braçadas e
movimentos de cabeça.
Quando o ensino-aprendizagem é focado no rendimento os aspectos
como a etapa de desenvolvimento da habilidade do nadar em que o aluno se
encontra, sua faixa etária, seus interesses e possibilidades físicas particulares
não são considerados, tornando a pratica da natação um processo rotineiro e
sem significado para quem aprende e sendo monótono e desestimulante para
quem aplica esse processo de ensino. (FERNANDES; COSTA, 2016).
O objetivo do estudo foi elaborar uma revisão narrativa a respeito do
desenvolvimento motor na infância e a relação com o fator socioeconômico e
sua influência na sequencia típica do desenvolvimento, bem como ressaltar a
importância de conhecer o nível de desenvolvimento motor de crianças dentro
do processo pedagógico para uma intervenção de ensino-aprendizagem da
natação de forma adequada otimizando o processo de ensino.
1 METODOLOGIA
Este é um estudo de revisão narrativa da literatura. A revisão narrativa
tem um papel relevante para a educação, fornecendo ao leitor informações
sobre a temática de forma específica em um curto período de tempo, que
permitam a reprodução dos dados de forma qualitativa. A pergunta da
pesquisa foi: Qual a influência do fator socioeconômico sobre o
desenvolvimento motor e sua relação com o processo didático na natação?
A busca de artigos foi desenvolvida com produção científica indexada
nas seguintes bases eletrônicas de dados: Portal Caps, Pubmed, Scielo,
Bireme, Cochrane e Lilacs, utilizando os descritores: Desenvolvimento motor,
fator socioeconômico com enfoque principal e a natação como complementar.
O recorte de abrangência temporal compreende ao período entre os
anos 1992 a 2016. Os critérios de inclusão foram focados em: revisões
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sistemáticas, artigos de pesquisa e estudos de caso em periódicos
relacionados à educação física. Inicialmente foram encontrados 2889 artigos
científicos em língua portuguesa, inglesa e espanhola relacionados ao tema,
sendo selecionados 33 artigos com publicações entre os anos de 1992 a 2016.
Os artigos foram analisados com o objetivo de se obter uma melhor
compreensão sobre o tema de forma cientifica.
2 DESENVOLVIMENTO MOTOR
O conjunto de funções nervosas e musculares que permite os
movimentos voluntários ou automáticos do corpo é forjado por uma série de
mudanças constante que ocorrem no comportamento motor de um indivíduo, a
relação entre fatores ambientais e hereditários são necessário no processo.
Especialmente na primeira infância, os fatores ambientais desempenham um
papel crucial no alcance de padrões de comportamento motor e, portanto,
evitam o acontecimento de atrasos motores neste período da vida, tendo-o um
efeito negativo sobre a motricidade na infância e adolescência. Já fatores
socioeconômicos, como renda familiar, número de adultos e crianças no
domicílio, escolaridade dos pais, gênero da criança, inclusive a estrutura da
casa, foram levados em consideração na verificação de atrasos motores na
primeira infância. (DUARTE et al., 2016).
Segundo Giordani et al. (2013), o desenvolvimento motor é composta
por um conjunto de alteração que prepara o indivíduo a interagir com os meios
sociais e físicos, não sendo realizadas apenas mudanças nos movimentos,
mas nas relações e objetivos relacionados com o ambiente também.
Exclusivamente, existe um padrão na obtenção das habilidades motoras. Um
bebê normal, por exemplo, consegue engatinhar, caminhar e depois correr em
uma etapa do desenvolvimento. O atavismo estabelece as bases para o
desenvolvimento, porém, o ambiente/experiência é quem ira influenciar a
aprendizagem e o ritmo das habilidades motoras. E também o ambiente
executa um importante papel no desenvolvimento da linguagem, à medida que
a cognição e a personalidade sofrem influenciadas por variações de
experiência. Existe uma constante ligação entre o desenvolvimento das
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crianças e a qualidade do ambiente. Fatores de risco como baixo peso ao
nascer, desnutrição, baixa renda familiar, baixa escolaridade dos pais e
famílias muito numerosas exercem significância no valor do ambiente e
desenvolvimento infantil.
3 FATOR SOCIOECONÔMICO
O alto nível socioeconômico das famílias é relativo a certas situações
favoráveis, como maior escolaridade dos pais, maior acesso à informação e
maior poder de compra. Tendo a renda familiar como um aspecto importante
para o desenvolvimento de uma criança, outros fatores, como a educação dos
pais ou a estrutura do ambiente doméstico, podem interferir no processo de
desenvolvimento da criança. A renda familiar, escolaridade e o número de
adultos no ambiente familiar são fatores associados negativamente com baixa
estimulação a motricidade e estão associados ao atraso da motricidade nas
crianças. (DUARTE et al., 2016).
O contexto sociocultural pode minimizar e/ou neutralizar prejuízos na
motricidade, decorrentes da prematuridade, para compensar os efeitos do risco
biológico. De acordo com Mancini et al. (2004), conforme o aumento dos
recursos familiares, os pais se tornam mais hábil a cuidar e a investir em seus
filhos. Com isto, as crianças de alto risco biológico e baixo risco social tem
maior oportunidade de realizar atividades esportivas e de lazer, que auxiliam
na conquista de habilidades motoras e, por isso, estimulam um desempenho
similar ao de crianças de baixo risco biológico.
Estudos relatam que mães com níveis mais altos de educação escolhem
ambientes escolares com estímulos favoráveis para o desenvolvimento infantil,
pois tem ciência de que a creche ira contribuir para o desenvolvimento e não
apenas ser um lugar passageiro para a criança durante a sua jornada de
trabalho. Já o fator socioeconômico, não houve ligação com o comportamento
da criança, embora seja um fator de risco bem descrito na literatura. (CORSI et
al., 2016).
A literatura nos mostra que os fatores sociais referentes ao ambiente
familiar podem exercer um efeito significativo (positivo ou negativo) em
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questões do bem-estar da criança, incluindo a motricidade. (FREITAS et al.,
2013).
O maior índice de atraso de motricidade em crianças está
correlacionado em famílias desfavorecidas socioeconomicamente, por estarem
mais expostas e serem afetadas por fatores de risco pré-estabelecidos como
menor disponibilidade de espaço físico, brinquedos e tempo de interação com
os bebês, são os possíveis fatores que explicam os atrasos em crianças.
(PEREIRA et al., 2016).
Para Defilipo et al. (2012), a renda familiar é determinante para a
qualidade de vida das famílias no que se refere ao acesso à saúde, educação,
alimentação e habitação. O nível socioeconômico dos pais esta relacionado à
maior aquisição de informações e, assim sendo o maior conhecimento a
respeito dos mecanismos que podem influenciar a motricidade mais adequada
e ambientes com melhores estímulos aos filhos, independente de sua idade.
4 NATAÇÃO
O ambiente aquático oferece muitos benefícios para as crianças, mas
não se pode afirmar que o estímulo precoce nesse meio influenciará o
desenvolvimento infantil em seus diversos fatores. O meio líquido é um
ambiente que exerce possibilidades de movimentos e ações. A água é mais
que uma superfície de apoio e uma dimensão, é um local para emoções,
aprendizados e relacionamentos com o próximo, com a natureza e consigo
mesmo. Esse meio favorece ao indivíduo experiências e vivências diversas,
fornecendo a percepção sensorial e a ação motora. (SILVA et al., 2009) .
No geral, atendendo às individualidades das crianças e jovens, a
natação é um desporto de nível de exigência técnica alta, onde algumas vezes
se torna difícil sair de certos padrões de movimentos, de maneira que os
profissionais ligados às atividades aquáticas terão que realizar um ensino-
aprendizagem mais rico e variado, começando na adaptação ao meio aquático.
É este o ensino que terá um melhor ganho de competências aquáticas
alargadas e o desenvolvimento multilateral e harmonioso dos indivíduos.
(CANOSSA et al., 2007).
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5 FATOR SOCIOECONÔMICO x DESENVOLVIMENTO MOTOR, E A
RELAÇÃO COM A DIDÁTICA DA NATAÇÃO
Segundo Fernani et al. ( 2012), alguns fatores podem colocar em risco o
desenvolvimento normal de uma criança, sendo definidos como uma série de
condições biológicas ou ambientais que aumentam as chances de déficits no
desenvolvimento motor de crianças. Entre as diversas causas de atraso motor
encontram-se: baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios
e neurológicos, infecções neonatais, níveis socioeconômicos baixos, nível
educacional precário dos pais ou prematuridade. Quanto maior o número de
fatores de risco presentes, maior será a hipótese de alteração do
desenvolvimento motor.
As mães com o nível maior escolaridade têm mais acesso a informações
sobre desenvolvimento infantil e diante disso interagem melhor com seus filhos,
respondendo adequadamente aos seus pedidos, podendo então promover
melhores condições físicas e emocionais para seu desenvolvimento. O
desempenho motor guarda relação com a idade do indivíduo, normalmente
associada à maturação do sistema nervoso central, mas teorias
contemporâneas afirmam que outros fatores, como os sistemas
musculoesquelético, cardiorrespiratório e o ambiente também estejam
envolvidos no desempenho das habilidades motoras. Esses fatores estão
relacionados de uma forma conjunta ao longo da vida, possibilitando as várias
mudanças no organismo humano. (SILVA et al., 2009).
Entende-se que o nível adequado do desenvolvimento motor esta
associada às oportunidades concedidas às crianças em um ambiente familiar
cheio de estímulos e que as características socioeconômicas desses
ambientes tem grande influencia nesse processo. (DUARTE et al., 2016).
O contexto de ensino-aprendizagem da natação parece contribuir
significativamente para um desempenho motor aprimorado em varias
habilidades na área motora global. Numa etapa de enorme importância do
desenvolvimento global da criança, o desporto, constitui-se como um meio de
valorização da formação corporal pelo acesso a uma variação de experiências
motoras, sobretudo quando correlacionada a uma perspectiva de ensino-
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aprendizagem. (MARTINS et al., 2015).
Um estudo estabeleceu que a disponibilidade de brinquedos que
estimulem o componente motor fino e grosso no ambiente doméstico, é capaz
de mostra as oportunidades reais de desenvolvimento da criança. Além disso,
todas as dimensões do AHEMD-IS (Ambiente Domiciliar para Desenvolvimento
Motor - Escala Infantil) uma ferramenta de avaliação para detecção do nível de
desenvolvimento motor em crianças, são altamente influenciadas pelo nível
socioeconômico. (FREITAS et al., 2013).
Os indicadores de nível socioeconômico são de grande importância nos
estudos de desenvolvimento infantil. Alguns