Download - Encontros poéticos_26_dezembro_2013
Encontrando o mar em triedro com Gui Oliva e Sylvia Cohin
Encontro poético seguindo Leda Mello a partir de “Desabro”
Num encontro poético sobre o “QUERER”
Encontro poético entre mágica, magias e magos....
Série Conciso Sem Siso XXIV – distribuindo o coração
Vida-Vitrine em triedro com Gui Oliva e Cleide Canton
Traduzindo Sylvia Cohin em “O traçado do destino”
Traduzindo Caio Amaral em “Acredite” (natal 2006/2007)
Na trilha do trem... encontrando Gui Oliva e Humberto – Poeta
Traduzindo Caio Amaral em “Que belo é”
Traduzindo Caio Amaral em “Chuva de paixão”
“Cantando a vida” em ciranda
Catando versos – Homenagem ao Dia da Poesia 2010
Na cadência dos trilhos – Triedro: Manuel Jorge Monteiro de Lima,
Joaquim Marques e Gui Oliva
Vento Sudeste – Encontro entre Odir (de passagem), Carmo Vasconcelos,
Eugênio de Sá e Antônio Barros (Tiago)
Encontro de poetas amigos numa tarde de domingo – Tema: VOAR:
Sylvia Cohin, Vera Mussi, E. Gonçalves, M. Milhazes, Lêda Mello,
A.Cordeiro, ELCarreon, Gui Oliva, Eneisa)
Vida: Sylvia Cohin com versão espanhol de Roseanna/Argentina e francês
de Michèle/Brasil
Fragmetos: Regina Coeli e Cleide Canton
“Encontro de natal”: Eugênio de Sá, Luiz Poeta, J.J.Oliveira Gonçalves,
Odir Milanez, Glória Marreiros, Antônio Barroso (Tiago) e Carolina
Ramos
PO–E-MAR
Sylvia Cohin
Porto, 04.11.2007
vi o desenho na espuma
do vulto de uma sereia
fazendo verso na areia
de um poema que se esfuma
na fúria da maré cheia.
vi o mar enfurecido
a fustigar o rochedo;
entre as fendas do penedo,
vi um búzio recolhido
na concha com seu segredo...
vi meu barco impetuoso
enfrentando com braveza
o açoite da correnteza,
oscilante, mas teimoso,
a vencer sua proeza...
vi prantos boiando n‘água
e o mar engolir sedento
os gemidos de um lamento
molhando a franja da anágua
que reveste o pensamento.
vi o sonho flutuante
no horizonte condensado.
um farol iluminado,
um apelo embriagante,
ao barqueiro extenuado.
vi também um pescador...
navegava alheio ao mar
entregue ao árduo labor
e a Netuno protetor,
ensimesmado, a remar
MEU-O-MAR
Gui Oliva
Santos,SP 13/11/07
meu o mar se apresenta
fugidio e arrogante
desatento e petulante
nem o sol mais o esquenta
insiste em maré vazante.
meu o mar só faz marola,
não explode mais na praia,
vai e vem só de tocaia
com onda a cantar parola,
paralisa minha catraia...
meu o mar secou luar
e a lua envergonhada
retirou-se acanhada
não podendo mergulhar
disse adeus encabulada
meu o mar espantou dunas
lágrimas que são chorosas
ventos de areias penosas
a espraiarem em brumas
suas águas dolorosas
meu o mar já desbotou
perdeu o verde, o azul anil
descoloriu tom pueril
toda sua cor naufragou
assim, de mim, partiu sutil.
TEU–O-MAR
Michèle Christine
BH, BR nov/2007
teu mar adormeceu
a cor dos delírios,
o cheiro dos lírios,
os brilhos...
teu mar amanheceu
farrapos de festa,
pegadas na areia,
conchas dispersas...
teu mar faz volteios,
permeios e candeios,
roda-onda-pião...
teu mar, um dia, sem alteios
quebra-se em ondas
no meu coração.
Início
(1) DESABRO
Lêda Mello
Largo
ao sabor do vento
o que não foi levado a sério...
Talvez,
numa volta da vida,
o encontrem
... e já passou.
Arapiraca (AL), BRASIL
(2) O AMOR QUE A DOR SORRI
Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto de Barros Às 18 h e 35 min do dia 4 de maio de 2007 do Rio de Janeiro
Especialmente para os versos de Lêda Mello
Tu fechas tuas malas... guardas nelas
As tuas solidões... e foram tantas
Tão expressivas, tristes... não revelas
A dores que sofreste... meu Deus... quantas...
Tu jogas tuas flores... secas... queres
Que o vento as dissolva nas estradas;
O amor é muito estranho, não esperes
A paz... nas dores mais desesperadas.
O vôo é iminente, o céu... é lindo;
A fantasia surge e a dor...sorrindo
Parece te dizer que essa magia
De transformar tristeza em sedução
Repousa dentro do teu coração
E acorda quando encontra... a fantasia.
(3) RETENHO
Michèle Christine
Guardo
à luz das estrelas
o amor que virou enfado...
Num clarão qualquer,
da imortalidade,
o encontrem
... não passou, é saudade.
Belo Horizonte (MG)
29/04/2007
(4) DESABRO
Bernardino Matos
Gosto de sentir o vento,
para receber de frente,
alguém que se faz presente,
na verdade do lamento.
Por não sabermos ouvir,
esquecemos de viver,
e jamais vamos saber,
quem acaba de partir.
Fortaleza,30/04/07
(5) SOU POEMA
® Roseli Busmair
Sou poema saindo d’uma aventura
Se vou ouvindo sons em seu regaço
De tanto calor, todinha me enlaço
E lá vagueio, aprisionada à cintura
Sou poema se ternas mãos me afagam
Ainda, estremecida ao calor do abraço,
Alço um vôo além por sobre todo espaço,
Planando aos ventos que me tragam
Sou poema muito triste se perdida
Entre as nuances indeléveis desta lida,
Sinto algo arredio ao nosso amor...
Sou poema de um alegre esplendor
Quando ao entrelaçar-me c’uma flor
Meu coração se lança e volta a vida!
PR_BR_Abril_2007
(6) DOR DE AMOR... Ciducha
Deitou-se no horizonte
num repouso ausente
quem um dia foi o meu querido;
seu sono de sombra
seu sono de luz
tão dolorido!
Seu sonho....talvez de amor!
No inverno,as forças tuas requeimam
Erguido e só no topo da vida
és a imagem do tempo que passou!
Os profundos e negros amargores
não tem luz,sol,sombras,
nem flores......
Apenas lágrimas e dores
Feliz de quem não sofre,nem as sente.
É tão triste a dor destes amores
E sinto que me inundam derepente
negros rancores.....
Carregando comigo,
a dor e a saudade desse amor antigo!
02/05/2007.
Início
Gui Oliva
eu quero pouco...muito pouco
além de um amor louco,
eu quero um sorriso
dado de coração aberto,
eu quero um sono
sonho sereno,
santificado...satisfeito,
então ele me desperta,
e faz-se verdadeiro,
eu quero a atenção
da palavra na hora certa,
eu quero a crítica
que me faça mais esperta
para erros não trilhar,
eu quero beijo de bom dia
para o meu dia clarear,
eu quero outro de boa noite
para espantar fantasma
que me açoite,
e para o sol dessa noite
fazer-me brilhar como estrela,
quero um bolero, uma valsa,
um tango dançar,
talvez eu queira
ser musa de um poema,
eu quero mãos deslizando
em carícias pelo meu corpo,
ai...acho que não quero
tão pouco...é muito o que desejo,
quero alguém que me ensine,
para que eu possa,
aprender a amar.
Santos/SP - 04/10/06
Michèle Christine
eu quero muito mais, quero o direito e o avesso dos desejos,
experimentar muitos erros, quero tempestades sem zelos,
atenções distraídas, amores desprotegidos
e o deleite do vinho sabor vermelho-vivo.
Quero esgotar forças nos tangos lascivos
e beijos, muitos beijos sufocativos.
Quero o pecado do afago mais ousado,
o inteiro da hora, e a fração milésima do tempo logrado.
Quero som, quero música, quero notas
quero girar um solo em tempo cambalhota,
quero dançar a dimensão do movimento
e encolher-me, medrosa, no mistério de uma sonata ao vento.
Quero o tremor que faz vibrar a sinfonia
e das serenatas quero apenas a nostalgia.
Quero despir-me de vestes, de véus e de preceitos
e poupar-me de todos os conceitos.
Quero banhar-me nas frias cachoeiras,
e aventurar-me nas trilhas forasteiras,
quero caminhos, quero rios, mares e rochedos
e quero porto para todos os meus enredos.
Quero paz, insensatez e agonia,
quero noite, quero dia
quero ser, estar, ficar ou ir embora
quero a folia do agora.
Quero atentar verbos, credos, desenredos e medos
quero a paixão e todos seus segredos,
quero enloucar-me nos ecos da solidão
e adormecer ofegante nos braços da emoção.
Belo Horizonte/MG - 14/01/08
Carmo Vasconcelos
Não quero um amor constante
quero instante e paixão!
Um instinto animal
na entrega ocasional
que anseia por união...
União não programada
por isso mais desejada
ansiada por não tida
proibida, censurada
vestida cor de emoção
de preconceito despida
Quero esse tremer de mão
esse sussurro ofegante
esse desejo vibrante
pendente de aquietação...
O pensamento ardente
ansiando teu corpo quente
se entregando quase a medo
perdido em meu enredo
qual Julieta e Romeu
Tudo volúpia e segredo
romance ainda não lido
verso ainda não rimado
calvário não percorrido
teu desejo extenuado
dentro em meu corpo vertido...
E nesse suor escorrido
pegajoso e molhado
correr meu corpo pelo teu
Quero chamar-te "querido"
em meu urgente chamado
por não ter-te sempre ao lado
como um móvel esquecido
e dizer-te "meu amor"
sussurrando ao teu ouvido...
Jamais ver-te arrefecido
por ser eu disco riscado
ou lareira sem calor
Quero este corpo que arde
pelo meu vício impune
enraivecer de ciúme
se não chegas ou vens tarde
para meus lábios beijar
com o teu beijo de lume...
Quero expiar meu castigo
na ânsia de estar contigo
ao ter de por ti esperar
Quero esse teu corpo-chão
alma-céu em poesia
macieza de colchão
doce cheiro a maresia...
Que importa a cama vazia
se nela ficas latente
na lembrança que não esquece
na memória viva e quente
no desejo que me aquece
Não quero rotas nem metas
quero esse amor vadio
chorado pelos fadistas
pintado pelos artistas
cantado pelos poetas
trazendo brilho de estrelas
entrando pelas janelas...
Vaticínio de profetas
acalento e arrepio
Não quero regras nem leis
amor firmado em papéis
em rabiscos abstractos
na frieza dos contratos...
Mas ler nesse amor um hino
que gritando o verbo amar
faça explodir, rebentar
numa ansiedade cantante
o meu louco coração
Não quero um amor constante
quero instante e paixão!
Lisboa/Portugal/2005
Humberto -Poeta
Nem o mais e nem o menos,
sem sins ou nãos de somenos,
deve usar quem pouco erra.
Para enganos evitar,
diz a frase lapidar
que não se dê tanto ao mar,
e nem se dê tanto à terra..
Também quero alguém assim,
sem pejo nenhum de mim
e que ao extremo me excite!
Que me ame sem preconceito
na intimidade do leito,
pois o amor pra ser bem feito
não tem norma nem limite.
Mas que me ame de verdade,
com toda a sinceridade
que um grande afeto requer.
sem laivos de vã parêmia,
sonho haurir dessa alma gêmea
nem tanto o ardor de uma fêmea,
mas o amor de uma mulher!
Eme Paiva
Não quero tanto seu beijo de boa noite
Quero essa sua mão atrevida
que me excita e convida
ao amor!
Quero o silêncio das teorias...
do conceito de certo e errado e destinto.
Quero ser laica... ser leiga...
Deixar levar-me o instinto...
Quero sua boca... sua língua...
o dialeto de seu gemido, saber!
Sim!
Não quero o som de seu salmo,
mas o rítmo de sua folia!...
Quero sua coreografia
em mim!
Quero sua manha... sua sanha
seu queixo...
sua barba que me arranha...
sua boca que em mim passeia
e me assanha
a mais não poder!
Quero seu tato em meus mapas
sem fronteiras,
meus montes, meus vales, minhas fontes,
descerrando as porteiras do meu recato,
seguindo destemido por minhas pontes,
meus rios, meus leitos...
deslizando do embalo de minhas corredeiras,
ao desatar de suas cascatas...
às radiâncias que, nos elevados mirantes,
se pode ver!!
Depois...
quero seu beijo de boa noite
e adormecer!
21.01.08
Rosenna
¿Que es lo que yo quiero?..
quiero noches interminables
bailando contigo un tango
y quiero en su compás
desatar mi loca pasión.
Quiero soñar sin dormir
disfrutar de este...
nuestro amor prohibido,
sentír alegría en mi corazón...
que mi sueño no sea fantasía
y saborear tus besos con satisfacción.
¿Que es lo que yo quiero?..
quiero en tus brazos desfallecer,
embrujada sin importarme nada ,
de esta vida sólo quiero ¡tu querer!..
Buenos Aires-Argentina - janeiro 2008
Que é o que eu quero?..
quero noites intermináveis
dançando contigo um tango
e quero no seu compasso
desatar minha louca paixão...
Quero sonhar sem dormir
desfrutar deste...
nosso amor proibido,
sentir alegria no meu coração...
que meu sonho não seja fantasia
e saborear teus beijos com satisfação.
Que é o que eu quero?..
quero nos teus braços desfalecer,
enfeitiçada sem me importar nada,
desta vida só quero teu querer!..
Buenos Aires-Argentina - janeiro 2008
Lilia Machado
Eu quero assumir a culpa do beijo
Quero a culpa do desejo
Quero, neste ensejo,
Seus làbios benfazejos.
Quero a culpa da noite de lasciva
E, além de suas mãos atrevidas,
Quero você, sem limite, em minha vida!
Quero a culpa do seu gozo
Quero assumir, sem engodo,
Seus gemidos de prazer...
Quero lençóis amassados
Travesseiros jogados
E você extasiado!
Quero assumir seu cansaço
Quero apertar nossos laços
Numa noite só de amor!
Anna Peralva
A sinceridade assumida,
sem armaduras mascarando
os sentimentos.
Perder-me na loucura da paixão...
Saborear adocicados beijos,
saciar os desejos reprimidos
e represados...
Encontrar-me na serenidade do prazer,
ser decifrada em prosa e verso,
revelar em meu reflexo
a pura emoção,
sem condições,
com rendições.
Ser livre e plena,
misteriosa e infinita.
Sem elos que me prendam
à opacidade da solidão.
Eu quero ser
uma semente intacta
a florescer no aconchego do abraço,
vivendo o amor sem barreiras
e sem limites.
Ser mulher de corpo e alma.
Tocar... Sentir...
Trocar de identidade
em momentos de rara intensidade.
Unir as metades,
sendo ao mesmo tempo:
ousada e tímida,
voraz e mansa
audaciosa e precavida
casta e pecadora.
Sussurrar palavras que
não sejam esquecidas,
pois que nelas estarei contida,
irracional e incontida,
lúcida e consciente,
segura e presente.
Eu quero a vida por inteiro,
deixar marcas da minha passagem...
Não ser só uma imagem passageira,
já que doarei meu rastro de luz
nas estradas do corpo
onde hei de aportar
e levarei desse mundo
o que nele eu deixar.
Início
MAGIA
Gui Oliva
Toda a magia da poesia se aconchega
na imensidão iluminada do Universo,
e sensíveis almas de poetas ali versejam
brilhando, estelares, os seus versos ...
MÁGICA
Michèle Christine
Nas noites mais prateadas
meu aconchego é ao céu aberto
onde tento encontrar
numa estrela iluminada,
os meus sonhos dispersos.
E os poetas, no seu alento amoroso
arrimam os sonhos da gente
que se encaixam em nossa alma ansiosa
em feitio de rimas, prosas e versos.
MAGOS
Sylvia Cohin
Faces ocultas, sérios, encapuzados pelo manto de mistérios,
dedilham rimas para os seus fonemas.
E dessa forma, com tal maestria,
criam poemas plenos de alquimia!
Porto, 16.12.2007
MAGIA
Anna Peralva
Na face encoberta,
um entrelace de emoções
em sutis disfarces...
Sonhos ocultos aprisionados
nos vultos das sensações...
O verbo se inquieta
e conjuga a magia
das palavras certas!
Alquimia?...
Ali nasce o poeta!
Em lavas de inspirações
numa alma sem embaraces,
um visionário desperta!
16/12/2007-RJ
MAGIA
Carmo Vasconcelos
Magia é extrair da tinta escura
duma pena esquecida e inerte
a mágica e alquímica mistura
das claras essências que a alma verte
É astros inventar na escuridão
Desenhar sóis em papiros sem cor
Vestir de letras-luz a inspiração
Com um poema nu fazer amor
17/12/2007
Lisboa, 1.55 horas, 6º de temperatura
MAGOS
Humberto - Poeta
Devotos dos Merlins e das Morganas,
edificando em sonho astrais nirvanas,
fazem da rima um rico florilégio.
Só aos poetas Deus doou a primazia
de extrair do vernáculo a magia
e da mente o poema que extasia,
qual se fosse bruxedo ou sortilégio!
MAGIA
Marise Ribeiro
Nas entrelinhas do devaneio
o poeta cria a vida e a morte,
pinta a coragem e o receio,
e nem se preocupa com a sorte...
É mágico, músico e amante,
fazendo de tudo um pouco...
E nesse sonho tão delirante
o poeta é sempre um louco...
Verseja, grita, esbraveja...
Vê estrelas até na escuridão,
e toda a magia que almeja
é a de enfeitiçar um coração ...
18/12/07
Início
SÉRIE CONCISO SEM SISO XXIV
-1-
RIFO O MEU
Gui Oliva
Rifa-se um coração aguado pois,
cercado de água, o danado,
parece verter contidas lágrimas
no interior, que se acumulam,
e assim resistem à exposição.
Chora então,
esse desalentado solitário,
chora por dentro,
no circundante pericárdio
mas, o choroso nessa situação
é mesmo sozinho o coração!
Santos/SP 04/06/07
-2-
RIFE NÃO!
Fala Syl
Rife não! Mesmo alagado
tens no peito um mar de amor
que desse jeito aluado
palpita tanto calor!
-3-
RIFE SIM!
Eliane Couto Triska
E a poesia a arrematar-lhe inteiro,
Num desfecho, para ele, inusitado.
Ó coração, devoto e soldadeiro,
Para sempre lhe será fiel escravo.
Canoas, junho, 2009/RS
-4-
DÊ!
Michèle Christine
Dê o teu coração aos teus amigos
Alagado ou escravo é abrigo,
pericárdio onde o amor está prescrito
e lugar onde cabe o infinito.
Belo Horizonte, junho/2009
-5-
RIFE SIM
Vera Mussi
Há na vida do "coração sozinho"
Muitas vidas e intensa emoção...
Resta pois,
Rifar tamanha ilusão!
A seguir, depois...
Resolver a situação
Escolher o melhor caminho...
Entre os dois :
O da velha razão
Em evidente exposição !
-6-
DOE!
Anna Peralva
Não rife a fascinação que lá existe,
a luz do sentimento lhe traz
inspiração,
o sonhar do amar sempre insiste
em outra alma afim encontrar!
Alagado ou não, é um nobre coração
que palpita e sopra versos de amor.
Doe! Tem sempre um alguém
solitário
que suas lágrimas haverá de secar!
RJ - 12/06/2009
-7-
CORAÇÃO RIFADO
Maria Luiza Bonini
-8-
REPARTA
Marly Caldas
Meu coração rifado
Teve como num sonho
Meu amor, premiado
Indulgente ganho
Meu coração agora te pertence
ainda que já a ti havia doado
No meu legado a vida
Lá deixei gravado
Quis a sorte ser amiga
Simplesmente outorgada
Pelo que foi escrito
É teu meu coração
Agora, por ato sacramentado
Por que rifar?
Ele é tão valioso
E tantos dele precisam
inclusive você
Então por que rifar?
Dê um pedacinho prá quem precisa
Tanta gente sem amor
E você com esse coração transbordando
Pense só quanta felicidade distribuirá
Então amiga mude de intenção
Reparta seu coração
E se verá envolvida de muita gratidão....
R.J.-12/06/09
-9-
SIM, RIFE!
Eme Paiva
Preciso é, que venha a poesia,
arrematar os seus dons alados...
Que o sol lírico do amor
Faça arco-íris, sobre esse peito,
assim magoado...
Verá, então, que não está sozinho,
pois vem o carinho,
morar ao seu lado!
E a Poesia, quando o arrebatar,
o declarará sempre ocupado!
-10-
EU COMPRO!
Marise Ribeiro
Se o seu coração vem com amor,
acessório essencial à vida
Se o seu coração é amigo
e não usa de enganosas artimanhas
Se o seu coração tem fé
e não teme o dia de amanhã
Se o seu coração se compadece
com um irmão que adoece...
Eu compro!
Há sempre um coração farsante
Precisando de um transplante!
13/06/09
Início
VIDA VITRINE
Gui Oliva
Por que será? quase um atavismo,
quando a melancolia inaugura espaço,
a fuga desenfreada do realismo da vida,
procura por um outro rol de fantasia.
Por que será? necessário cumprir ritual,
extenuar-se pelas escadarias da galeria
transpor alamedas de granito e alvenaria,
mais um dia a rolar um silêncio abissal.
Por que será? só com o olhar já se compraz,
mirar manequins de gesso vestidos, moda verão
virá ver o que entrou em liquidação no magazine.
Por que será? e como será que está sendo capaz
de esquecer, abandonar a abulia de tamanha ilusão,
como se a vida passasse, incólume, pela sua vitrine.
Santos/SP 24/10/07
PAINEL
Cleide Canton
Exposta a olhos puros, condensada,
evocando o passado no presente
descortina a lembrança mais ousada
que se mostra sempre viva, latente.
Sem reparos, desnuda inconseqüências,
erros muitos, acertos, tentativas,
buscas tantas perdidas em pendências
ocultas em respostas evasivas.
No painel cada passo é registrado,
cada cena, cada ato inacabado,
cada tempo a seu tempo respeitado.
Intensa, sem rodeios conta a vida
cada feito, cada fase esquecida
no momento final, de despedida.
SP, 26/10/2007
14:00 horas
VITRINE-PEREGRINE
Michèle Christine
Confesso a minha vida-vitrine
Imersa entre fugas e suedines,
para que a rotina não se amofine
e os avessos não me contaminem.
Descortino assim na fantasia
os meus mais cansados desalentos
nos melhores pensamentos
de magia, alegoria e calmaria.
Um ritual que cansa e faz trança
entre alívio e tapeação.
Pode ser abulia ou dissimulação,
mas constante aliviação.
Vida não pode ser vitrine toda vida,
mas vitrine pode até virar guarida
quando se está ferida.
Vida-vitrine.
Vitrine-peregrine.
Pelerine da minha solidão.
01/11/2007
(reedição 2008)
Início
La Trace du Destin
Sylvia Cohin le 19, février, 2007
Traduction: Michèle Christine
Pour Rogério, in memoriam
Pour João Hélio, in memoriam
Soudain,
Rien qu’en un instant,
la ville pleure en un sanglot
qui s'éparpille dans l'éther,
et contamine la nation...
Entre l'horreur et le désespoir
le peuple triste et terrassé
pleure et demande le clémence,
étourdi, inconsolable...
Soudain,
Rien qu’en un instant,
se forme un long cordon
hommes, femmes, passants,
dans un geste immense,
se rapprochent doucement
et leurs larmes vont arroser...
le sol où gît la semence...
Soudain,
Rien qu’en un instant,
Entièrement contenues dans la main
la ville,
la foule,
et la nation...
Le Temps a cessé d'avoir
la dimension attendue
par des causes qui ne se voient pas
et la vie s’est arrêtée,
et le Temps fou à courir...
Soudain,
Rien qu’en un instant,
il se dit ici et là,
qu'une lumière a brillé dans le ciel
à la Terre a descendu et est repartie,
aussi rapidement qu'elle est arrivé...
Mais c'est sur qu’elle a suivi
la Trace du Destin
en laissant pour ceux qui restent,
les empreintes de pas d'un garçon...
Ce poème, originalement offert au Garçon Rogério, qui est si
tôt parti, a été dédié aussi au Citoyen Brésilien João Hélio,
qui quelques jours ensuite nous a été arraché. Ce fait a déterminé
l'édition de ce poème et le changement de posture de la Poésie qui au
delà du cri d'amour et de douleur, est aussi une véhémente protestation
que nous laissons 'dans l'éther 'de la mémoire de la Vie.
Je transcris au-dessous les mots généreux de la "Tante Eme" :
« ...Je trouve que, si tu voulais, tu pourrait le consacrer, in
memoriam, aussi à João, puisque le poème, est totalement cohérent
et actuel, envers ce qui s’est passé... »
Avec les remerciements à l'amie Soninha Valle qui, affectueusement,
a offert le formatage du dessin.
L'auteur, Sylvia Cohin
dans le 19, février, 2007 (date de publication)
O Traçado do Destino
Sylvia Cohin
19.02.2007
Para Rogério, in memoriam
Para João Hélio, in memoriam
De repente,
não mais que num instante,
chora a cidade um pranto
que se espalha pelo éter,
e contamina a nação...
Entre o horror e o desespero
o povo triste e aterrado
chora e pede por clemência,
aturdido, inconformado...
De repente,
não mais que num instante,
forma-se um longo cordão
homens, mulheres, passantes,
num gesto de imensidão,
se aproximam docemente
e seu pranto vai regando
o chão daquela semente...
De repente,
não mais que num instante,
coube todinha na mão,
a cidade,
a multidão,
e a nação...
O Tempo deixou de ter
a dimensão esperada
por causas que não se vê
e a vida ficou parada,
e o Tempo louco a correr...
De repente,
não mais que num instante,
conta-se por aí,
que uma luz brilhou no céu
desceu à Terra e partiu,
tão veloz quanto chegou...
Mas é certo que seguiu
o Traçado do Destino
deixando pra quem ficou,
as pegadas de um menino...
Este poema, originalmente ofertado ao Menino Rogério, que tão cedo
partiu,
foi estendido também ao Cidadão Brasileiro João Hélio, que dias depois
foi arrancado de nós. Este fato determinou a edição deste poema e a
mudança de postura da Poesia que além de grito de amor e dor, é
também
de veemente protesto que deixamos 'no éter' da memória da Vida.
Transcrevo abaixo as palavras generosas da "Tia Eme":
"...Acho até que, se você quisesse, poderia dedicá-lo, in memoriam,
também ao João, que ele, o poema, está totalmente
coerente e atual, para com o ocorrido..."
Com os agradecimentos à amiga SoninhaValle que carinhosamente.
se prontificou a oferecer o formato.
A autora, Sylvia Cohin
em 19.02.2007 (data de publicação)
Início
Acredite na...
Paz da Terra
Natureza e no seu equilíbrio
Energia do Universo
Força da mente
Fé e na perseverança
Paixão e o seu poder
Maravilha do amor
Infinita bondade de DEUS
Que viverá mais e muito melhor!
Croyez...
Caio Amaral
(traduction: Michèle Christine)
À la paix sur la Terre
À la nature et son équilibre
À l'énergie de l'Univers
À la force de l'esprit
À la foi et à la persévérance
À la passion et son pouvoir
À la beauté de l'amour
À l'infinie bonté de DIEU
Ainsi vous allez vivre plus et beaucoup
mieux!
Crea!
Caio Amaral
(traducción by Betty)
Paz de la Tierra
En la naturaleza y su equilibrio
Energia del universo
Fuerza de la mente
Fe y la perseverancia
Pasion y su poder
Maravilla del amor
Infinita bondad de Dios
Que viverá mas y mucho mejor!
Início
Trilha Trem
Gui Oliva
Em cada compasso eu sentia um nó
que desatinava a me fazer sonhar,
cada minuto era um e não o queria só
sem você daí, no galanteio, a cortejar.
Nesta toada lágrima não deveria vir mas vem,
se, ao contrário, o riso é solto, a alma trilha
por aqueles trilhos de um certo trem,
trenzinho do caipira, dedilha mestre Villa.
E rodeio assim nesse volteio,
rodopio, cantarolando um estribilho
do vem não vai imaginei o desafio,
será que você chegaria de afogadilho?
mas... locomotiva Maria Fumaça apitou partida
e o anunciado, foi de voz doída,
partiu comboio da estação da vida,
devagarzinho,
meu olhar perdeu-se e lágrima escapou,
e foi o trem se afastando de mansinho,
nem reparou... entristeci...
porque você se atrasou!
Santos/SP 13/02/08
O Trem de Ferro
Humberto - Poeta
O trem na estação dá o berro
e os nossos bilhetes marco;
num ruidoso trem de ferro
com meu amor eu embarco.
Bem juntinhos eu e ela
começamos a viagem;
vira um cinema a janela
que vai filmando a paisagem!
E mais tarde, ao restaurante,
eu a levo pela mão
comer algo estimulante
para o corpo e o coração.
Até num trem bem simplório
há momentos de esplendor,
pois no vagão-dormitório
recrudesce o nosso amor!
Para o casal que se afina,
que se ama e se quer bem,
pro amor não virar rotina,
bom mesmo é viajar de trem!
Recado Poético
Michèle Christine
No trem de uma nova trilha
o amor não te fará armadilha.
Encontrarás o teu laço no espaço
aberto de uma janela.
Não esperes, não tenhas cautela.
Atrelas o laço ao teu abraço,
deixa-o entrar.
Por certo, confesso,
a felicidade na tua vida
fará guarida.
Início
Que belo é!
Caio Amaral
A aurora de um novo dia
O som do vento nas planícies
O renascer de uma esperança
Planar nas asas da paz interior
O encanto e a beleza do céu azul
A força da paixão e o poder do amor
A leveza de uma canção de Beethoven
O brilho da lua e a luz que irradia o sol
O silêncio de uma serena noite de verão
A calma da criança que dorme ao colo da mãe
O canto dos pássaros nas tardes de primavera
O suave embalo de uma onda na calma do mar
O tenro ato de flutuar em nuvens de carinho e amor
Ouvir a palavra: TE AMO!
Comment c'est beau !
Caio Amaral
(traduction par Michèle Christine)
L’aube d'un nouveau jour
Le bruit du vent dans les plaines
La renaissance d'un espoir
Glisser dans les ailes de la paix intérieure
La merveille d’un ciel bleu
La force d’une passion et le pouvoir de l'amour
La légère musique de Beethoven
La luminosité de la lune et la lumière qui rayonne le soleil
Le silence d'une rafraîchissante nuit d'été
La calme de l'enfant qui dort sur les bras de sa mère
Le chant des oiseaux aux après-midi du printemps
Le doux bercement d'une vague dans la mer
Le tendre acte de flotter dans les nuages de tendresse et de l´amour
Écouter le mot : JE T'AIME!
Início
CHUVA DE PAIXÃO
Caio Amaral
Saudade que morre no encanto de uma paixão
Desce como granizo em forma de carinho
É chuva de prata com raios de amor
Irrompe sob a beleza do arco-íris
Se eleva na beleza do sol em pleno verão
Resplandece em mares de uma doce ilusão
PLUIE DE PASSION
Caio Amaral
(Traduction par Michèle Christine)
Nostalgie qui meurt dans l'enchantement d'une passion
Tombe comme grêle dans une forme d'affection
C'est une pluie d'argent avec rayons d'amour
Éclate sous la beauté de l'arc-en-ciel
S'élève dans la beauté du soleil en plein été
Et brille dans les mers d’une douce illusion
Início
CANTANDO A VIDA em ciranda
*******
"A vida é uma sucessão de momentos,
Um contínuo ir e vir,
Uma estação de chegadas e partidas,
Um misto de tristezas e contentamentos."
Alceu Costa
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“A vida tem momentos de brisa calma e serena,
em outros apresenta-se como um dilúvio,
mas sei que só a vivo assim mais plena,
quando faço da Poesia meu refúgio.”
Gui Oliva
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“A vida é um tango choroso e delirante,
preciso, corajoso, serpenteante,
é conjunto, é ardência e suavidade,
também paixão, beleza, vinho e saudade.”
Michèle Christine
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“A vida é perfeita composição divina,
uma canção em suave melodia,
paz no gorjeio da ave que livre trina
e na leveza do ser em luz, pura estesia!”
Anna Peralva
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“A vida é a verdade e o grande ensinamento,
Que indica o caminho certo para união.
A direção exata para chegar ao Criador,
ponte de aprendizagem para nossa valorização.”
José Ernesto Ferraresso
*******
“A vida é um presente do criador,
é a ponte que liga nossos pensamentos,
mostrando o caminho da verdade e do amor.
Viver com sabedoria é um bálsamo tranquilizador.”
faffi/Silvia Giovatto
*******
Início
PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
(Mário Quintana)
Na cadência dos trilhos
Aniversariante
Manuel Jorge Monteiro de Lima
Há sessenta e nove anos, colocado
Num trem que correu vertiginoso,
E eu cada vez mais vagaroso
A olhar pelas janelas, o passado.
Lá fora, tudo passa sem parar,
quão velozes são minhas lembranças
a par das minhas tantas esperanças
que imagino, divagando a sonhar.
Sentado no vagão, as arvores passam
Elas que correm de volta ao passado,
Eu sigo em frente, um pouco confiado
Nas sortes do destino, que me cassam.
Do meu trem, vejo o caos se esvaindo
As intempéries abraçando a confusão
Eu, num fingimento de doce alienação
Sigo no trem, sentado, cantando e rindo.
TREM DA VIDA
© Joaquim Marques
Somos levados em alta velocidade...
P'lo trem da vida em que todos viajamos
Partimos da estação da mocidade...
E a esta, alguma vez, jamais voltamos.
O trem vai correndo a toda a brida
Os olhos se deliciam na paisagem
Não pára em estações; não há saída
Pois é direto o curso da viagem...
Enquanto viajamos podemos contar
As estações por onde o trem passa...
Em velocidade louca sem nunca parar.
Um túnel escuro, muda a paisagem!
Uma luz ao fundo, lentamente, grassa...
Estação de chegada... E fim de viagem!...
PORTUGAL
23-3-2010
Trem que vem e não volta
Gui Oliva
Embarquei nesse trem da vida
de início eram trajetos de trilhos calmos,
tudo era alegria, folia na trilha seguida
corria célere a fazer-me crescer a palmos.
Atravessou túneis que pareciam sem saída
e parou nas estações e seus percalços,
apitava cruel quando a partida era doída,
reagia minh´alma leve e de pés descalços.
Esse trem trilhou caminhos, enfrentou desvios
anda agora em batente de trilho mais cadenciado,
não deixa passageira sofrer quenturas ou calafrios,
trem que chega e não volta ao trilhado no passado.
Santos/Brasil
31/03/2010
Início
VENTO SUDESTE (Em décimas sujeitas a mote)
Odir, de passagem; Carmo Vasconcelos; Eugénio de Sá, António Barroso (Tiago)
O mote:
"Do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível."
VENTO SUDESTE Odir, de passagem
Escuto o vento enquanto a noite tenta fazer-se fria e me afastar do mundo
feito todo de mar, de um mar profundo que rasteia no raso, em vaga lenta. E o vento inventa sons, e me atenta
com uma voz de mulher, quase inaudível, provinda de além-mar, que faço crível
mesmo que saiba ser desordenado do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível..
Escuto o vento, enquanto a noite alerta
o lucilante das estrelas guias, enquanto o mar me embala fantasias,
enquanto a musa dentro em mim desperta. Noite sem lua, lúbrica, deserta
nos excertos do tempo irredutível, a me falar de amor quase impossível, muito embora eu já tenha descartado
do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.
Escuto a voz do vento, que apregoa d’outros mares cantigas amorosas
lembrando versos meus, antigas prosas que à minha musa dediquei à toa.
E escuto-lhe a voz, que ainda ecoa numa estória de adeus inconcebível
um adeus definito, irrecorrível, ainda que ouvir me seja dado
do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.
***
J.Pessoa – 18/Fev/2011
VENTO SUDESTE Carmo Vasconcelos
Enquanto em seus murmúrios canta a noite,
e, impudica, a lua despe prós amantes seus ternos raios de luz, acariciantes,
fustiga-me a tua ausência como açoite. Não há lua nem estrela que me acoite
esta dor da saudade inextinguível, este insano querer-te, irreprimível;
e espero, em desespero tresloucado, do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível.
Mas o vento que sopra vem do Norte,
dessas paragens, surdas à tua voz, e assim, o vento oposto deixa a sós quem triste desespera nesta sorte.
E nessa angústia negra, cor da morte, sabendo desse amor inacessível,
mas entregue à paixão irrestringível, ainda peço, num pranto derramado, do vento do sudeste algum recado,
perdido na distância inatingível.
Sons débeis que me alcançam, chegam vagos, ambíguos - que me iludem, promissores;
são versos encantando mil amores, mas que minh'alma toma por afagos.
Do cacho que desejo, escassos bagos, vinho breve pra sede inexaurível!
Mas... pese, embora, o longe intransponível, recorro a Deus pra não me ser negado
do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.
***
Lisboa/Portugal - 20/Fevº/2011
VENTOS E BRISAS Eugénio de Sá
Foi um lamento da brisa que passou O que se ouviu gemer pla ramaria
Contando de um amor que se extinguia Chorando nessa dor quem mais amou.
Que sempre o vento ouve quem chamou E os sentimentos de quem lhe é sensível Que ouviu as preces de um povo imbatível
Que rezava pra ver o pano enfunado Do vento do sudeste algum recado
Perdido na distância inatingível.
Se a tempestade a alma nos assola E o turbilhão d’Eolo é bravo e pavoroso
Mais sentimos no peito o êxtase amoroso E mais ao seu abrigo a gente se consola
Com um bom vinho e o som de uma vitrola Partilhados com um amor irreprimível
D'alguém que ora nos é imprescindível E espera connosco o sopro abençoado
Do vento do sudeste algum recado Perdido na distância inatingível.
É de bonança o dia, amaina o vento, Mas o amor que partilhámos não perdura
E um espanto nos enche d'amargura Num espírito apostado em cismar lento.
Pois quem nos soube amar, nos deu alento, Levou consigo esse sonho impossível E ficamos suspensos de dor indizível
Voltando a ouvir na voz do nosso fado, Do vento do sudeste algum recado
Perdido na distância inatingível.
*** Bogotá – 24/Fevº/2011
VENTO SUDESTE
António Barroso (Tiago)
O vento que me esfria o rosto quente e que faz ondular campos de flores,
transporta, no seu dorso, mais odores que aqueles que eu aspiro, livremente.
Minha alma, inebriada, logo sente quando chega, todo ufano e aprazível,
com um ar tão risonho e tão visível, que eu espero tenso, ansioso e apressado,
do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.
Se o vento se transforma em tempestade,
eu penso como é belo ser só brisa que faz uma carícia, se é precisa,
e afaga meu corpo, com suavidade. Mas, em toda a tormenta, a novidade
na voz do seu rugir indiscutível, é saber que, de longe, inda é possível
receber, por correio improvisado, do vento do sudeste algum recado
perdido na distância inatingível.
Se o vento sossegar os seus furores,
eu ficarei esperando ouvir cantar as musas, em sonatas de encantar,
que o vento, quando amaina, traz amores que se colam nos beijos, com sabores
ao mel colhido em colmeia invisível que, para amantes se torna acessível. E eu continuo esperando, enamorado,
do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.
***
Parede – Portugal (24-02-2011)
]
Início
Encontro de Poetas Amigos numa tarde de domingo.
Tema: Voar
"Papillons"
na liberdade das asas a vertigem do voo... na brisa... o rumo
no tempo... o semáforo na crisálida, a marca de largada...
no infinito a promessa de chegada?
no relógio... o recado dos ponteiros.
C’est la vie!...
Sylvia Cohin
Domingo de um tempo de voo Porto, 29.04.2007
C’est la vie
Meu coração se nega a voar ... Só deseja amar o voo livre !
Para onde voar? ... ainda não conheço a direção !!!
Ah! o tempo dos relógios ...
guardado em outro coração !!!
O tempo marca os minutos. Na madrugada perde o sono ...
Entra nos sonhos, minutos e segundos ... Todos os dias e longas noites !
Pensando no amor que não perdeu o espaço... Por que o eterno pernoite?
Por quê? Onde se escondeu o abraço?
Faltou a asa dupla da crisálida esquecida no infinito...
Abandonada... A grande liberdade! A grande largada...
A grande chegada !!!
C’est ma vie !!
Vera Mussi Num Domingo em São Paulo
29.04.2007
Metamorfose
Dentro do meu casulo Vivo a transformação Sem contemplar a luz
Aguardo... Sem pressa vou evoluindo
Crescendo e me esforçando Espero o fluído de Deus Um sinal de liberdade
Nesse esforço Me transformo Borboletando
Amando Busco a felicidade
Num voo de esperança Colorindo a vida
Enfeitando os sonhos Transformando
A dor Em amor!
Eliane Gonçalves
Metamorfose
Quem serei afinal, eu? Começar a andar sem mim
Coisa estranha adestrador mágico das normas
Cadê minhas formas? Nasci diferente
temente, cheia de pernas Cadê minhas antenas?
Nem sabia, apenas me escorria Pelas folhas, pelos galhos
desajeitada, até desrespeitada Lenta
Horizonte e ar pelas minhas preces
nem pensar em voar
Magia de casulo, mãos do criador
véu de seda, cores a amostra pêndulo fumegante
Final de espera, surpresa, quimera!!! Eu, alada?
Buliçosa, em água de orvalho nas manhãs frescas
da Primavera, flores e universo Em todos os lugares Eterno lepidóptero.
Marcos Milhazes
"Borboletas"
Há que se compreender a beleza e o mistério
da metamorfose. Não há o que se perguntar.
Há o que se ver e sentir, voo por voo,
até que se cumpra o tempo.
Lêda Mello Numa nostálgica tarde de domingo...
Arapiraca(AL) - Brasil, 29.04.2007
Devaneios sem pé nem cabeça.
E muito menos asas. Minha asa tá meio quebrada,
Meu coração agitado e minha barriga reclamando que já passa das 2 horas.
Meu time entra em campo daqui a pouco Esta canção me deixa triste e com vontade de voar Estou com vontade de escrever um conto erótico
e de comer peixe daqui a pouco no quilo da esquina. Tem uma montanha de livros pra organizar
e transformar em tijolos. Ontem, conversei com uma mulher extraordinária.
Mas perdi uma asa no caminho e a outra está quebrada. Perdi os caminhos das paixões em algum botequim no meio da estrada.
O que me ocorre são sonhos nas madrugadas sem fim e nos dias sem sol.
Alguém me lembra que sonho que se sonha junto é realidade. Mas, como sonhar juntos se meus sonhos não têm pé nem cabeça?
Ou apenas lembram cidades que não existem ou rios que não têm fim?
Não sei voar. Apenas caminho até o restaurante a quilo. O que eu quero dizer com isso?
Se eu soubesse, não escreveria. Estaria vivendo o voo. Voo não se escreve. Voo se vive.
Menino, larga esse livro do Fernando Pessoa, que a comida tá esfriando.
Eta, nós...
Vou até o restaurante, que o peixe está frito e aumentando minha fome.
Aldo Cordeiro Aldo, o faminto
Rio de Janeiro, 29. 04.2007
Voar
Voar, privilégio das almas... Então voe alma minha,
vá para o infinito, onde ficam as estrelas...
E deixe-as salpicarem com seu brilho a esperança e claridade,
para que eu alcance a felicidade, reencontrando meu amor...
Voe alma minha... Sem pressa de voltar...
quem sabe, junto às estrelas, poderá encontrar, entre as mais brilhantes,
a luz da minha vida, que em uma triste despedida,
o infinito foi buscar, pra de presente me dar... E resolveu por lá ficar...
E com sua luz brilhante e inconfundível... O céu ajuda clarear...
Mas o infinito tem milhares de estrelas... Diga que volte, ou que venha me buscar...
para juntos podermos voar...
Edna Liany Carreon 29.04. 2007
Ser borboleta para amar
quero voar já passei
fase de larva mas... mira
com a atenção dessa lupa do olhar
embora o tempo
passe rápido, ainda
vivo pupa... quero
polinizar amores, seco e estico
as asas porém crisálida,
ainda não aprendi voar...
fico, assim, impedida de amar
Gui Oliva
Numa segunda de sol em Santos 30/04/07
VOAR Eneisa
Quem me dera, sair... pode voar,
Como um pássaro gigante. Ir para os ares...Poder sonhar
ver de cima tudo, logo ali e tão distante Poder sonhar...com esse mundo vendo-o lindo e puro.
Ah, se eu pudesse!... Voaria...Sentiria, a tão sonhada felicidade!
Ter você, meu amor, para sempre... Ah, se eu pudesse voar...
Sentir-me leve, leve com pluma. Para alcançar você, no soprar da luz
Tal uma divindade tão distante que estás de mim,
Sensual e provocante, me rende e me seduz...
Nos amaríamos tão plenamente, Em nuvens de êxtase,
nos teríamos eternamente... Seriamos um só! Sonhar, voar, amar...juntos!
Quero você comigo, Vamos, meu amor, do voo ao sonho...
Venha para mim, eu te acolho neste passeio ao infinito Porque eu o amo muito.
Eternamente, completa que sou, tão e somente,
Voando com você, meu grande amor...
Vida... vida vida minha
Castelo de verdades, etérea fantasia
Vida, vida minha ardor e utopia,
crença permanente urgente fugidia
Vida a girar carrossel
Minha vida, tanto sentir, quanto amar...
Curso trepidante,
sereno,
áspero... intrigante pleno
estigmas, enigma
Vida que escorre e passa, água de rio
sinuoso turvo, caudaloso Vida apressada,
viagem... escalada
Fica!
Não ouses fugir. Fica.
Preciso de ti. Falta escrever o pedaço
da Vida que não vivi.
Sylvia Cohin (Brasil, 2003)
Portugal, 26.08.2007
Versão Espanhol: Rosenna/Argentina
Vida... vida mi vida
Castillo de verdades, etérea fantasía
Vida, mi vida
ardor y utopía, creencia permanente
urgente fugitiva
Vida girando
como carrusel Mi vida,
tanto sentír, cuanto amor...
Curso trepidante, sereno,
áspero... intrigante pleno
estigmas, enigma
Vida que escurre y pasa, agua de río
sinuoso turbio, caudaloso Vida apresurada, viaje... escalada
Quédate!
No oses huír.
Quédate. Preciso de tí.
Falta escribir el pedazo de la Vida que no viví.
Sylvia Cohin (Brasil, 2003)
Portugal, 26.08.2007
Versão Francês: Michèle/Brasil
La vie ... la vie ma vie
Château des vérités fantaisie éthérée
La vie, ma vie
ardeur et utopie croyance permanente
fugitive urgente
La vie qui se tourne comme un carrousel
Ma vie autant que sentir et aimer...
Le cours passionnant
serein, Rugueux ... intrigante
plein stigmates, énigme
La vie qui flux et se passe, eau d'une rivière
sinueux est trouble et se fait rage
Vie pressée, voyages... escalade
Reste là !
Ne t’avise pas de s'enfuir.
Reste là !. J'ai besoin de toi.
Donne la pièce manquante De ma vie que je n'ai pas vécu.
Sylvia Cohin (Brésil, 2003)
Portugal, 26.08.2007
Início
Amigos Pares
Amigos leitores
Amigos simplesmente
O prazer a que nos leva a escrita, a criação, não se confunde com o prazer da
leitura.
O primeiro, onde cada qual se esmera para produzir o melhor,
é um parto onde a espera provoca uma ansiedade maior,
uma preocupação com o resultado que compense
e que se possa dizer: Brotou!
O prazer da leitura é aquele que sentimos ao receber um presente
que pode ser grande, pequeno ou mesmo nenhum,
dependendo do gosto de cada leitor.
Agradar não é tarefa fácil e o criador de qualquer obra sabe muito bem disso,
apesar do seu esmero e da sua dedicação.
Regina Coeli e eu
encontramos muito prazer em escrever em parceria
e vibramos quando podemos dizer:
Brotou!
E brotou "Fragmentos",
uma troca de visões diferentes, mas convergentes.
Hoje estamos dando um laço
no presente que oferecemos a vocês
com muito carinho e sem pretensão alguma,
a não ser a "vontade" de agradá-los,
antecipadamente agradecendo a sua leitura.
Regina Coeli e Cleide Canton
Setembro de 2013
****
FRAGMENTOS
Regina Coeli
Não mais que de repente aconteceu
e aquele olhar brilhou intensamente
e o meu sonhou ainda reticente
ganhar pra compensar o que perdeu...
Se tantas emoções em apogeu,
o peito agora nega o qu'inda sente
e agarra-se à verdade do que mente
e diz ser claridade o que é um breu...
Tranquem-se as bocas tolas e vazias
e o pranto sequem, olhos sonhadores,
que os pés farejam ilusões baldias...
O que é amar, senão sorrir em dores,
acreditar são bênçãos agonias
que explodem em ilusórias lindas flores?
Rio, 19 de fevereiro de 2011
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
****
APOGEU
Cleide Canton
"Se tantas emoções em apogeu"
explodem nesse peito cristalino,
as lágrimas perdidas no citrino
salpicam de dourado um véu de breu.
Retalhos de um amor que se viveu
na clausura de um sol já vespertino,
se cosem sob o olhar quase divino
que sonha e ainda canta o que sofreu.
O que é o amor senão a fantasia
que endeusa e bem completa a alegoria
calando a voz e a tese de um ateu?
É a vida revestida de euforia,
é o sonho que navega na poesia,
na rima que no fim não se perdeu.
SP, 20/03/2011
15:15 horas
****
ESCORA
Regina Coeli
"Na rima que no fim não se perdeu"
eu teço a veste do que não vestia
e busco olhar sedenta o novo dia
à espera do que não me aconteceu...
Trazer de volta um sonho como o meu
e dar ao verso um tom em euforia
é nele achar da vida a simetria
no traço solitário do meu eu...
E a cruz que se carrega em solidão
é a mesma que reveste a tez do verso
e o escora pra enfrentar o furacão...
No verso forte, puro, controverso,
a rima então bafeja o coração
e traz à tona o amor, tão submerso!
Rio, 26 de março de 2011.
****
SIMETRIA
Cleide Canton
"Eu teço a veste do que não vestia"
e tranço as franjas soltas, rebuscadas,
abrindo os nós das telas malformadas
no entardecer de um sonho em agonia.
Na letra de uma triste sinfonia,
as pausas se definem em ciladas
que sondam, nos finais das madrugadas,
o muito que restou da simetria.
Um novo manto, embora inacabado,
por sobre os ombros deita, imaculado,
deixando em desespero a solidão.
É a vida a despertar com a fragrância
da garra que persiste e, na constância,
encontra o que energiza um coração.
SP, 27/03/2011
14:50 horas
****
VÉRTICE
Regina Coeli
"Encontra o que energiza um coração",
assim sacode o pó a nossa vida
tão sábia, tão bravia e destemida
e a não deixar um filho seu no chão...
Os pés tropeçam, bravos os passos vão
beber em doce aleia, a mais florida,
sumo de amor na paz ali sentida,
que afaga e faz sorrir o coração...
O que é uma flor? A flor é um mimo em cor,
mui caprichosamente trabalhada
ela nos vem amar no desamor...
As pétalas colorem a passada
num tempo de viver, seja o que for,
qual dia que renasce em madrugada...
Rio, 28 de março de 2011.
****
SINUOSAS
Cleide Canton
"Beber em doce aleia, a mais florida",
a cor de cada sonho que viceja
é dar luz ao olhar que lacrimeja
pela mágoa que outrora foi vivida.
E colhe-se uma flor, a mais luzida
do galho em ousadia que a corteja
sabendo que ali mesmo ela é sobeja
e do seu velho altar será banida.
A cor do sonho muda, relutante,
sem mesmo perceber s'inda é constante
o belo que brotou num arrebol.
Ao vento vão as pétalas caindo,
as cores e o perfume vão sumindo...
Sementes serão sempre ao mesmo sol.
SP,29/03/2011
11:30 horas
****
SONHAR
Regina Coeli
"A cor do sonho muda, relutante",
percorre estranhas vias, sinuosas,
agouros a jardins com belas rosas
que após brilharem morrem num instante.
Os sonhos são as rosas num distante;
eles tão lindos; elas, majestosas,
até que realidades dolorosas
aos sonhos cortem voos de ir adiante...
Os sonhos choram, tristes titubeiam,
guardam da rosa ainda o seu perfume;
felizes elas vivem... E eles anseiam...
E despertando o amor, que é seu lume,
os sonhos chispam raios que clareiam
a linha do infinito, que é seu cume!
Rio, 31 de março de 2011.
****
AGOUROS
Cleide Canton
"Agouros a jardins com belas rosas"
litigam entre si, sem compaixão,
enquanto o justiceiro coração
resguarda, do furor, as primorosas.
E voam sobre o cume das rochosas
distantes da esperteza do vilão
os sonhos que se deitam no perdão
tecendo suas vestes luminosas.
Das rosas o perfume é resguardado
das garras, da maldade do pecado
que trilha o mesmo rumo, em contramão.
Os sonhos são as rosas transformadas,
sem vícios de abordagens rebuscadas
e livres do temor da escuridão.
SP,31/03/2011
12:50 horas
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POESIA
Regina Coeli
"Das garras, da maldade do pecado"
que corta com sua língua de serpente,
a rosa se ergue e luze intensamente
do chão e da tristeza do seu fado,
pois não será um sonho malogrado
a condenar à sombra o que se sente:
uma vontade de seguir em frente,
amando o qu'inda não se fez amado.
Altiva a rosa, então recende em cor,
namora o sol num mar de fantasia,
vem perfumar a pedra e o mais que for,
sorrindo a pétala que não sorria.
E dos confins do sonho emerge o amor
e esculpe a rosa em rocha com poesia.
Rio, 04 de setembro de 2013.
****
ENCONTRO
Cleide Canton
"Pois não será um sonho malogrado"
se em frascos pequeninos, resistentes
a todos os tropeços dissidentes,
dessas rosas o olor for resguardado.
Mantém o seu frescor mui cobiçado
por tantos novos sonhos emergentes
em busca dos segredos insolventes
ocultos do domínio do pecado.
A essência é pura, basta-se por si.
Constrói a nova rosa e ela sorri
em versos esculpidos no rochedo.
No passo a passo dança em harmonia
o encontro de poema com poesia
traçando um novo rumo, um novo enredo.
São Carlos, 04 de setembro de 2013
14:00 horas
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ENLEVO
Regina Coeli
"A essência é pura, basta-se por si",
quem sabe é esta a chave do segredo,
ter sempre o coração num bom enredo
com rosa em flor, poesia em frenesi?
Mágoas e dores, podem ir daqui,
fechada foi minha estação do medo,
que ser feliz é bom, e o tempo é cedo
quando se acorda ao som de um bem-te-vi...
A Vida passa, passa de mansinho,
e rima sonhos, poemas e ilusões
numa lição que vem de um passarinho,
driblando ventos, brisas, furacões,
nada exigindo pra fazer o ninho
onde vicejam novos corações.
Rio, 04 de setembro de 2013.
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ETERNO
Cleide Canton
"Quando se acorda ao som de um bem-te-vi"
a flor do amor desponta num sorriso
reabrindo os portais do paraíso
onde o perfume mora... E chega aqui!
Os medos da estação eu já esqueci.
Dores de amor se esvaem sem prévio aviso
na magia do tempo, que é preciso,
e se esgota levando o que vivi.
O que resta é precioso e tem sabor
de manjares servidos com rigor
em banquetes que nunca tem finais,
pois eterno é o que vem após o fim,
é o que traz o meu eu de volta a mim
sem passado e sem ranços vesperais.
São Carlos, 05 de setembro de 2013
12:10 horas
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TODO
Regina Coeli
Pois eterno é o que vem após o fim,
quanta sabedoria vem e fala
ao coração e à alma, que se embala
vendo eclodir perfume em seu jardim!
Aquele pranto que morou em mim
saiu pra ver o sol e agora cala,
sentindo etéreo o tempo que ainda exala
o sonho de uma nuvem de onde eu vim...
Belo é sonhar, à Vida pôr seu manto
no trono que Ela tem em primazia
e do qual faço o meu maior encanto.
A rosa é o brilho meu de todo o dia
pra depurar o Amor, fazê-lo santo
quando se põe o sol, pra ser poesia.
Rio de Janeiro/RJ, 11 de setembro de 2013.
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Ilustração das próprias autoras
Início
“Tirai-me tudo, mas deixai-me o Êxtase” Emily Dickinson
É esse êxtase que adivinhamos nos olhos de Maria na "adoração
ao Seu filho, Jesus", que a mestria de Rembrandt tão bem
reproduziu.
É esse êxtase que procuramos na poesia que criamos, onde o que é
estéril queremos tornar fértil, onde os vazios queremos preencher
com a verdade, onde as acusações queremos que se extingam
na esperança da redenção das consciências, onde o nosso
coração queremos franquear num manifesto de amor pelo próximo.
É esse êxtase que constitui a essência do Ser poeta, assim somos
nós, meus irmãos; procurando sempre, na exiguidade física
dos nossos braços abertos ao mundo, abarcar a vastidão dos
horizontes onde se esparsa o sonho, quiçá na expectativa do
conhecimento da fonte da admirável utopia que o configura.
E. Sá
Feliz Natal
Poeta, meu irmão Eugénio de Sá
Sei que tu és, amigo, companheiro;
Um projecto de Deus feito de amor
Como um poema raro, alvissareiro,
Que a cada verso é mais amansador.
Porque és de Cristo a doce emanação
E d’Ele recolheste o que é penhor;
A humanidade, a terna mansidão
Com que almejas um mundo bem melhor.
Neste soneto aqui te trago, irmão
Com a fraternidade que te dou a mão
A evocação de um Cristo redentor.
E nela a minha fé que este Natal
O lembres como um Ser a ti igual;
Um justo paladino, um... sonhador.
( Dedicado aos seus Pares e Amigos )
Amigos de verdade Luiz Poeta
Luiz Gilberto de Barros – às 7 h e 40 minutos do dia 28 de abril de 2013 do Rio de Janeiro – Brasil
Amigos não se perdem, só se ausentam
E testam, sem nenhuma precaução,
As nossas solidões que se alimentam
Do que a lembrança traz... por distração.
Não partem os amigos de verdade...
Nosso abandono, sim, quer companhia
E quando a solidão sente saudade
Invade o coração, por rebeldia.
Amigos de verdade compreendem
Ausências... e a distância eventual
Desperta emoções que surpreendem
A essência do amor mais fraternal.
A amigo verdadeiro não nos cobra
Presenças nem nos torna exclusivos
Pois quando Deus constrói a sua obra
Modela o seu amor nos seres vivos.
E o modo mais sensato de lembrá-los ,
É tê-los no peito, no pensamento,
É muito mais que vê-los, é amá-los
Na dimensão maior de um sentimento.
Saudades nunca são meras lembranças,
Senti-las de verdade é resgatar
O dom de amar, tão próprio das crianças
Que brincam de viver e de sonhar.
E quando, a mais sublime emoção
Faz da saudade o verdadeiro abrigo,
Quem nos visita torna-se o irmão
Que um dia transformou-se em nosso amigo.
Ao Pé da Letra... J.J. Oliveira Gonçalves
Amigo - ao pé da letra - de verdade
É raro neste mundo de Ambição!
Eis que virou o Amor banalidade
Já uma mão não lava a outra mão!
Nuança desse Amor é a Amizade
Que nasce sem nos dar explicação!
Sinônimo de Fé e de Lealdade
Tem, sim, irmão do outro, o coração!
Amigo é para sempre! E qualquer hora
É hora de a Amizade celebrar
Em franciscano abraço de Igualdade!
Ah, amigo se conhece pelo olhar...
E dói quando um deles vai embora
Na Alma: Doces Rastros de Saudade!
Porto Alegre, 17 de Dezembro/2013. 15h40min
Feliz Natal Odir Milanez
Neste Natal, amigo, o que eu queria
era cobrir de azul todas as flores,
ver o choro chorando de alegria,
calar a dor que dói em nossas dores!
Da fome ver o fim! Que bom seria
sustasse o céu das secas os horrores.
Em um Natal assim eu me faria
feliz, festasse o chão verdosas cores!
Mas minh’alma me aduz a ser abraços,
a superar meus sensos de perdão,
de amizade acenando novos laços.
Com o princípio da vida em comunhão,
em um soneto estendo-te os meus braços:
Feliz Natal, poeta meu irmão!
JPessoa/PB
22.12.2013
oklima
Era Natal Glória Marreiros
As luzes brilhavam das grandes janelas,
Mostrando, nas mesas, os ricos manjares.
As frutas e os doces lembravam pomares
Pintados com arte, exibidos nas telas.
Dançavam nas montras céus densos de estrelas,
Encantos do tempo voando nos ares.
Presépios sorriam em grandes altares
E a cera pingava dos cotos das velas.
Bem junto das luzes estava a mulher
Que dera o seu corpo, vendera prazer,
Agora embrulhada em papel de jornal.
Olhava as janelas, do fundo da rua,
Pedia uma côdea, untada de lua,
P’ra dar ao seu filho, porque era Natal.
Aos meus amigos, Feliz Natal António Barroso (Tiago)
Há festa de Natal, amor profundo
Pelo Menino que inda irá nascer
Sabendo que, depois, irá morrer
Para haver salvação em todo o mundo.
Desde o familiar ao vagabundo,
Quem é honesto, com todo o prazer,
Abraça o seu irmão, p’ra lhe dizer
Que tudo o que quiser seja fecundo.
Dia de convidar: - Anda comigo,
Come deste meu pão, sê meu amigo,
Recebe o meu abraço fraternal.
A minha oração mando para os céus
P´ra que chegue depressa, e peça a Deus,
Que dê, aos meus amigos, Feliz Natal.
Parede - Portugal (19/12/2013)
A ti, caro Irmão Poeta, desejo, com emoção,
que o Natal te enfeite a meta
com Amor e Inspiração!
Carolina Ramos
Obs.: um repasse de Eugênio de Sá
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