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ESCOLA COMO ESPAÇO DE EMANCIPAÇÃO SOCIAL: UMA LEITURA A PARTIR DE PAULO FREIRE
PROFª MESTRANDA MARICLEI PRZYLEPA
PROBLEMATIZAÇÃO
A ESCOLA
DE HOJE?
A EDUCAÇÃO DE HOJE?
"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo,
torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor.
Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."
Romper com a concepção “bancária” de educação presente hoje no sistema
educacional.
Essa educação não contribui para a compreensão e, nem tampouco, para a
superação das contradições do real que oprime e marginaliza a maioria dos
indivíduos.
A educação “bancaria” não compreende o conhecimento como um
processo em construção, mas sim, como uma “mera” transmissão de
saberes, referendando valores e conhecimentos “úteis” para a manutenção
das contradições existentes na sociedade.
Na concepção “bancária” a educação é o ato de depositar, de transferir, de
transmitir valores e conhecimentos, não se verifica nem pode verificar-se a
superação dos problemas, conflitos e das contradições sociais. Pelo
contrário, refletindo a sociedade opressora, sendo dimensão da “cultura do
silêncio”, a “educação” “bancária” mantém e estimula a contradição.
(FREIRE, (2005, p. 67)
Freire (1996) ressalta a necessidade de romper com os padrões formais da educação,
buscando uma prática crítico-educativa.
Essa desacomodação na estrutura organizacional da escola requer uma prática
pedagógica diferente, concebida na ação-reflexão-ação, nutrida de atitudes críticas e
transformadoras por parte dos envolvidos.
Apesar de não ser essa uma tarefa fácil, acredita-se que o “verdadeiro” educador deva
estar “tomado” por essa busca/luta, não como expectador, mas, sim, como sujeito e
protagonista, acreditando que um mundo mais humano, justo, igual se faz necessário
é possível e a educação, se não é a única, é a maior e melhor “arma” para essa luta.
Freire (2005) “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela,
tampouco, a sociedade muda”. (p. 29)
Salienta que a luta contra-hegemônica é tarefa de homens que ousam
pronunciar verdadeiramente a palavra:
A existência humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode
nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens
transformam o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é
modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos
sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar. Não é no silêncio que os
homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. (FREIRE
2005, p. 78)
Freire (1967) concebe a educação como prática da liberdade.
A relação do homem com o mundo concerto não é só uma questão de existir .
Agir nele e essa ação humana contribui para a dominação e a humanização da realidade
e para a produção da cultura:
A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar
nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizando o seu mundo. Vai
dominando a realidade. Vai humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele
mesmo é o fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura. (FREIRE,
1967, p. 43)
Freire (1967), ressalta a necessidade de uma permanente atitude crítica com sendo o
“único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se no mundo,
superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas
de sua época”. (p.44)
A consciência crítica do homem torna-o não um mero espectador do processo histórico,
pelo contrário, torna-o cada vez mais sujeito, na medida em que, crítico capta as
contradições sociais do real e, desta forma, poderá ter uma atitude crítica que levará a
superação dessas contradições e a sua libertação.
A educação: homem construirá a sua consciência crítica que o libertará do estado de
opressão social, porém, essa libertação não virá de uma educação “bancária”, muito
pelo contrário, só a educação problematizadora será capaz de formar essa consciência
no homem.
A educação “bancária” serve à dominação, mantendo a contradição educador-educandos,
nega a dialogicidade. Implica uma espécie de anestesia, inibindo o poder criador dos
educandos.
A educação problematizadora serve a libertação e a superação dessa contradição, afirma
a dialogicidade. Caráter autenticamente reflexivo, implica um constante ato de
desvelamento da realidade”. (FREIRE, 2005, p.80)
[...] a prática “bancária”, implicando o imobilismo [...] faz reacionária, enquanto a
concepção problematizadora, que, não aceitando um presente “bem comportado”, não
aceita igualmente um futuro pré-dado, enraizando-se no presente dinâmico, se faz
revolucionária. (FREIRE, 2005, p. 84)
Na concepção de educação como prática da liberdade o diálogo problematizador
começa quando educador-educando encontram-se em uma situação pedagógica, ou
seja, o conteúdo programático da educação é dialogado e não imposto aos sujeitos.
“[...] diálogo, problematizador, o conteúdo programático [...] não é uma doação ou
uma imposição [...], mas a devolução [...], sistematizada e acrescentada ao povo
daqueles elementos que lhe entregou de forma desestruturada” (FREIRE, 2005, p. 96-
97) .
“É na realidade mediatizada, na consciência que dela tenhamos educadores e povo, que
iremos buscar o conteúdo programático da educação” (p. 101).
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1996.
____________. Educação como Prática da Liberdade. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1967.
____________. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2005.