Download - Espiral do Tempo 26
Director• Hubert de Haro • [email protected]
Editor • Paulo Costa Dias • [email protected]
Design gráfico • Paulo Pires • [email protected]
Jornalista • Marta S. Ferreira • [email protected]
Fotografia • Nuno Correia
Editor técnico • Miguel Seabra • [email protected]
Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Isabel Stilwell• Rui Cardoso Martins
Traduções • Maria Vieira • [email protected]• Letrário
Contabilidade • Elsa Filipe • [email protected]
Coordenação de publicidade e assinaturas • Patrícia Simas • [email protected]
Revisão • Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos [email protected] • www.letrario.com
03Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Editorial ]
ParceirosAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo
• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro
• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar
• Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo
Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de
Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo
• Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha
• Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien
Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas
• Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo
Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte
• Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts
• Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe
• TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference
& Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House
Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.
• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01
Das conversas cruzadas, surgiu, há muito pouco tempo, uma preocupação generalizada, que tem sido tema
recorrente dos nossos últimos editoriais: a indispensável procura de independência na industrialização e no
fabrico. Até agora, só demos conta da previsível «crise dos movimentos», marcada para o primeiro de Janeiro
de 2009, a data anunciada pelo grupo Swatch para o fim das entregas de movimentos.
Algumas históricas manufacturas e empresas criadas mais recentemente, que optaram, no início dos anos 90,
pela industrialização, pareciam imunes a esta ameaça.
No entanto, as dificuldades parecem estar agora relacionadas com dois aspectos em específico. O primeiro
aspecto diz respeito ao que é, aparentemente, mais simples de fabricar: as rodas e os parafusos. O cresci-
mento sustentado de toda a relojoaria suíça nos últimos anos levou ao aumento da pressão, que se tornou
insuportável, junto dos poucos fornecedores do sector. Confidencia-se, nos ‘corredores’ das marcas que não
possuem ateliês de estampagem, que os prazos de entrega podem chegar aos nove meses... Como resultado,
assistimos a novos investimentos. Salienta-se o caso do grupo Franck Muller, que construirá uma fábrica, na
aldeia de Les Bois, no Jura suíço, onde 160 empregados se dedicarão unicamente à estampagem. O investi-
mento está avaliado em 20 milhões de euros.
O segundo aspecto está relacionado com os mostradores, e é muito mais visível e delicado. Todos os analistas
da actualidade salientam a importância da estética e da legibilidade do mostrador. Por muito extraordinário
que seja o movimento ou o nível de acabamento do mecanismo, os apreciadores da bela relojoaria reconhe-
cem que o aspecto do mostrador influencia no momento da compra. Face aos desafios futuros, os grandes
grupos relojoeiros adquiriram, nos inícios dos anos 90, os mais notáveis fornecedores, como é o caso da
empresa Stern, pelo grupo Richemont, enquanto as marcas mais inovadores e sensíveis a estas mudanças
investiram neste sector (veja a nossa reportagem sobre a empresa Les Fils d’Arnold Linder). Outras apostaram
na colaboração, como as empresas Montres Journe e Harry Winston, no início desta década.
O resto da relojoaria lamenta amargamente não ter investido na altura certa. Hoje, e à semelhança do que
sucedeu na estampagem, os poucos fornecedores privilegiam, no que respeita aos prazos de entrega, as
marcas que pertencem ao mesmo grupo. As outras marcas são obrigadas a gerir prazos que podem chegar
aos 18 meses!
No entanto, a relojoaria fina não pára de nos espantar com apresentações de cortar a respiração (vejam o
excelente artigo de Miguel Seabra sobre o Extreme Lab da Jaeger-LeCoultre), fazendo eco, cerca de 400 anos
mais tarde, da famosa frase pronunciada por Galileu, em frente ao tribunal da Inquisição, em 1632: eppure
si muove...
Desejo-lhe uma excelente leitura!
Hubert de HaroDirector
Erratum: o preço do modelo TAP Pilot da Fortis é de € 6760 euros, e não € 2760, como lamentavelmente
publicámos na nossa precedente edição. Apresentamos, assim, as nossas sinceras desculpas a todos os
apreciadores da marca.
A vontade que temos de procurar a informação relojoeira fora dos limites do nosso país é visível
na quantidade (e, espero, na qualidade) das nossas reportagens. Permite-nos relatar, na primeira
pessoa, o crescente número de lançamentos, investigar novas tendências ou novos processos
de fabrico e, ainda, encontrar os actores do sector.
(* E no entanto move-se)
Onde fomos Edição 26 | Outono 2007
Para cumprir a nossa missão de trazermos até si a melhor informação, fomos até centro do país procurar sugestões para que possa
saborear o tempo da melhor maneira. Estivemos na Suíça para desvendar os segredos dos famosos mostradores dos relógios assinados pelo
“Mestre das Complicações”, Franck Muller, e ainda demos um salto à Turquia, para assistir ao lançamento do Nabucco, da Raymond Weil.
Marrazes
Saborear o Tempo Restaurante Casinha Velha
112
Leiria
Perfil Carlos Joalheiro
102
Ourém
Saborear o Tempo Pousada de Ourém
108
Lisboa
Entrevista Luís Filipe Vieira
18Baleal
Saborear o Tempo Praia d’El Rey Golf & Beach Resort
110
Azambuja
Saborear o Tempo Quinta Vale de Fornos
114
Genéve
Entrevista François-Paul Journe
46
Le Sentier
Reportagem Extreme LAB
62
Sumário
Les Bois
ReportagemMostradores Franck Muller
56
La-Chaux-des-Fonds
Reportagem Filipe Lima
72
Genéve
Reportagem F.P. Journe - Tourbillon Souverain
52
Istambul
Reportagem Raymond Weil - Nabucco
76
Grande Plano 12
Entrevista - Luís Filipe Vieira 18
Crónica Rui Cardoso Martins 22
Crónica Fernado Correia de Oliveira 24
Crónica ‘Contrafacção’ 26
Correio do Leitor 28
I-novação 30
Breves 32
Reportagens
Entrevista - François-Paul Journe 46
Reportagem - Tourbillon Souverain 52
Reportagem - Mostradores Franck Muller 56
Reportagem - Extreme LAB 62
Reportagem - Rolex Yacht Master II 68
Reportagem - Filipe Lima 72
Reportagem - Raymond Weil - Nabucco 76
Técnica
Em Foco
Audemars PiguetMillenary 82
Glashütte OriginalSenator Sixties 84
GrahamChronofighter Oversize Deep Seal 86
Jaeger-LeCoultreReverso Squadra World Chronograph 88
PaneraiLuminor 1950 8 Dias GMT 90
Porsche DesignPTC Limited Edition 2007 92
TAG HeuerAquaracer Calibre S 94
Laboratório Franck Muller - Master Banker Lune 96
Prazeres
PerfilCarlos Joalheiro 102
Saborear o Tempo
Pousada de Ourém 108
Praia d’El Rey Golf & Beach Resort 110
Restaurante Casinha Velha 112
Quinta de Vale de Fornos 114
Acontecimentos 116
Livros 126
Internet 128
Assinaturas 129
Crónica Fernando Campos Ferreira 130
11Espiral do Tempo 26 Outono
A. Lange & Söhne Precisão perpétuaFoi o primeiro relógio de pulso de corda automática
na história dos relógios mecânicos a integrar calen
dário perpétuo, data panorâmica e mecanismo
pa tenteado zero reseat, que permite que a data
e a indicação das fases da lua avancem tanto de
forma isolada como conjuntamente. Com esta peça
de tecnologia engenhosa, a Lange mostra que a
utilidade dos relógios mecânicos pode certamente
evoluir ainda mais mesmo depois de cem anos.
O calendário perpétuo só precisa de ser corrigido
a 28 de Fevereiro de 2100, a próxima data em que
o calendário de anos tem de ser resincronizado
com o ano solar. Nessa data, basta simplesmente
pressionar um botão recluso na caixa.
13Espiral do Tempo 26 Outono 2007
15Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Quem vê o rosto, vê o coraçãoComeçamos por lhe dizer que metade dos mostra
dores que saem das mãos desta artesã não irão
nunca ser montados na caixa de um relógio. Por
mais ínfimas que sejam as suas deficiências tais
são inaceitáveis e não poderão equipar um Franck
Muller. Afinal falamos da casa relojeira cujos mos
tradores são dos mais reconhecidos e admirados no
mundo da altarelojaria. Desenganese o leitor se
pensa que tal “fraco” aproveitamento da produção
se deve à falta de perícia dos intervenientes. Tal
como o mecanismo de um Franck Muller, também
os mostradores que os equipam são elaborados
tendo a participação humana o papel principal. To
dos são acabados à mão por artífices com muitos
anos de experiência e, como tal, cada um encerra
em si as características únicas e irrepetíveis do to
que humano. Mas estas pessoas são especiais e
nada menos que a perfeição servirá para equipar
algumas das mais cobiçadas peças da altarelo
joaria actual.
Energia suplementarA sucessiva apresentação de modelos avant-garde
que rompem com os dogmas da relojoaria tem
cimentado a reputação da TAG Heuer. O nome do
mais recente prodígio é bem revelador do novo
recorde por ele estabelecido: o seu balanço oscila
a 360 mil alternâncias por hora, permitindo uma
inédita cronometragem mecânica até ao centésimo
de segundo. Atingir uma tal precisão parecia impos
sível, já que o mecanismo cronográfico reque rido
dispenderia tanta energia que a reserva de marcha
se esgotaria num ápice. A TAG Heuer idealizou um
mecanismo composto por dois calibres distintos
ligados entre si mas de funcionamento indepen
dente! O Calibre 7, com reserva de marcha de 42
horas e frequência de balanço de 28.800 alternân
cias por hora, encarregase de alimentar automati
camente os ponteiros das horas, dos minutos e dos
segundos; o Calibre 360 alimenta exclusivamente a
função cronográfica.
17Espiral do Tempo 26 Outono 2007
18 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Entrevista ]
Isabel Stilwell: Guia-se mais pelo relógio ou pelo Sol?
Luís Filipe Vieira: Pelo relógio. Para já, tenho uma coisa boa: levanto-me todos os dias muito cedo, o que me dá tempo para muita coisa.
IS: Precisa de despertador para acordar?
LFV: Não, e isso é que é engraçado, porque, deite--me à hora que me deitar, acordo sempre entre as seis e meia e as sete da manhã. Mas o nosso organismo é uma coisa fantástica. Aos fins-de- -semana, consigo dormir até mais tarde, até perto das nove e meia, dez e um quarto.
IS: Mas, durante a semana, começa a trabalhar assim
tão cedo?
LFV: Àquela hora vou directamente para o Estádio Nacional. Faça chuva ou faça sol, lá estou eu, às sete e meia, para correr durante uma hora e meia. Agora não corro, só posso andar, porque estou com problemas na coluna, mas ainda hoje andei uma hora e vinte e cinco. Se não o fizesse, dava em doido!
IS: É um tempo só para si...
LFV: Até às dez da manhã, o tempo é só para mim – podem marcar as reuniões que quiserem que
O campo verde está só isso: verde e vazio. As cadeiras não têm ninguém. O Estádio da Luz é imponente no seu silêncio, mas a paz
é uma ilusão. Por detrás de janelas envidraçadas, Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, corre de um lado para o outro,
porque, como diz, gerir um ’bisonte’ como aquele não é fácil. Ainda assim, encontra um minuto para nos falar
da missão que assumiu e do prazer de a realizar, sem disfarçar que «há coisas que doem». Mas faça
como nós: venha conhecer melhor um madrugador que não esconde a dificuldade
em exteriorizar alegrias e tristezas.
entrevista Isabel Stilwell Directora do Jornal Destak | fotos Nuno Correia
“Este brinquedo que aqui temos - ou ‘bisonte’,como lhe costumo chamar – precisa é de ir mudando de mentalidade,
o que no mundo desportivo é muito difícil.”
Luís Filipe Vieira
não apareço! Ali, ao menos, varre-se-me tudo da cabeça; não me preocupo com nada. Quando pego no carro para vir para aqui (Estádio da Luz) ou para o escritório, então é que começo logo a pensar nas coisas.
IS: Apesar de sermos um país muito pequeno, há uma
rivalidade, às vezes doentia, entre o Norte e o Sul. A
culpa será (também) do futebol?
LFV: Penso – e não foi através do Benfica, mas de um outro clube – que se criou uma divisão entre o Norte e o Sul, entre os mouros e os andrades, e por aí fora. Infelizmente, ainda hoje, no futebol, esta divisão existe. No que respeita às empresas, já acabou, ou está em vias de acabar. Há uma ou ou-tra pessoa que se vai lastimando muito, mas para a grande maioria dos empresários não há Norte, nem há Sul. Investe-se onde é preciso investir.
IS: Anunciou que queria dar uma projecção interna-
cional ao Benfica. Queria libertá-lo destas querelas in-
ternas?
LFV: Anunciei e vou transformar o Benfica numa marca global. Queremos que o Benfica esteja no resto do mundo. Este brinquedo que aqui temos – ou ‘bisonte’, como lhe costumo chamar – pre-cisa é de ir mudando de mentalidade, o que no mundo desportivo é muito difícil. Isto é muito complicado num território onde a paixão tem de estar separada de um pensamento empresarial.
IS: Sendo um empresário de sucesso, não é frustrante
que este sucesso dependa de coisas como uma bola
que vai à trave?
LFV: A mim não me preocupa absolutamente nada, porque nunca tive a ambição de ser presi-dente do Benfica e ainda hoje não me vejo assim.
19Entrevista Luís Filipe Vieira
“O meu grande desafio é encontrara pessoa certa para me suceder, para que tenha tempo
de se preparar para me dar continuidade.»
Luís Filipe Vieira
TAG Heuer S.L. BENFICA
Movimento: Cronógrafo de quartzo.
Caixa: Aço, vidro em cristal de safira antiriscos e estanque a 200 metros.
Personalizada no verso com gravação do emblema do Sport Lisboa e Benfica.
Edição Limitada: Comemoração dos 50 anos de participações nas competições
europeias. Limitado a 492 peças, correspondentes aos 492 golos marcados.
Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo e data.
Bracelete: Aço com fecho duplo de segurança e oferta de correia em cauchu
vermelho especialmente criada para este modelo.
Preço: € 1.000
20 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Estou aqui com uma missão, a pedido de algu-mas pessoas, e a verdade é que a missão já dura há cinco ou seis anos. Ser presidente do Benfica também me tem dado muitos desgostos familia-res e empresariais.
IS: Qual foi o seu dia mais feliz neste clube?
LFV: Nestes anos todos, tive muitos dias de feli-cidade, como tive dias bastante infelizes, mas há mais dias felizes do que infelizes. Sinto orgulho no grupo de pessoas que trabalha comigo e no que temos feito. Não quero recompensa alguma, de nada, mas agora seria mau da minha parte se não reconhecesse que vou ficar na história do Benfica. Vou ficar na história do Benfica, mas não corro atrás disso.
IS: Qual é, agora, o seu grande desafio?
LFV: Neste momento, o meu grande desfio é en-contrar a pessoa certa para me suceder, para que tenha tempo para se preparar para me dar con-tinuidade. Essa pessoa vai ter de passar por um período de aprendizagem. Se assim não for, são muitos anos de trabalho que são postos em cau-sa. Porque o Benfica não se pode dar ao luxo de perder os principais quadros que tem. Quem me substituir deverá acrescentar valor ao clube, no-meadamente no que respeita a outros projectos, mas é essencial que se deixe os profissionais tra-balharem.
IS: O velho problema da sucessão...
LFV: Num clube destes, é muito complicado. Em três meses, pode abater-se o que se fez. Se eu pró-prio não resistir a pensar só em resultados, ou se
pensasse só em mim e quisesse para mim resulta-dos, era fácil consegui-los. Era fácil ganhar. Mas podia hipotecar muita coisa no Benfica. E isso era mais complicado.
IS: Qual foi a grande mudança que levou a cabo?
LFV: A grande revolução que fiz, e posso chamar- -lhe assim, foi implementar um modelo de gover-no que aqui não existia, levando a que os órgãos sociais aceitassem que o presidente da comissão executiva passaria a ser um profissional. A partir daí, tudo ficou mais fácil. E hoje não há dúvida de que tenho comigo um núcleo de profissionais, que além de pensarem muito bem, também me desafiam constantemente a pensar mais e melhor em termos estratégicos.
IS: Aqui, do gabinete, tem sempre o campo verde para
o inspirar...
LFV: Olho muitas vezes para o campo verde, que me recorda sempre que são eles ali que decidem muitas coisas. Mas isto não é incompatível com ter de mostrar às pessoas que o que estamos a fa-zer é um bem comum para todos os benfiquistas. Tenho sempre os sócios como o vértice mais fun-damental.
IS: O Benfica é só futebol?
LFV: Uma das suas virtudes é ter mantido sempre o seu ecletismo. Mantivemos as modalidades que tínhamos e apostámos nas novas, nomeadamente nas radicais, com o Benfica Aventura. Mas, logi-camente, o core business desta marca é o futebol. E aí já temos condições para pensar seriamente em investir, independentemente de sabermos que não
podemos chegar a determinado tipo de valores salariais e que não podemos prender cá ninguém. IS: Quando era pequeno, jogava futebol?
LFV: Era um miúdo como outro qualquer, gostava de dar um pontapé na bola, mais nada. Era um miúdo bairrista, morava em Lisboa no Bairro das Furnas – não esqueço as minhas origens! Nessa altura, todos os miúdos praticavam desporto na rua. Até hóquei de sarjeta!
IS: Como reage quando, durante um jogo, algum dos
‘seus’ comete um erro. Irrita-se, ralha, grita?
LFV: Tenho uma particularidade: tanto fora como dentro de casa, não exteriorizo nem a minha ale-gria, nem a minha tristeza. Cá dentro, interior-mente, é claro que é mais complicado, mas nin-guém ao pé de mim se apercebe disso. Confesso que me faz alguma aflição algumas pessoas que gritam «golo», e se põem de pé e fazem grande alarido. Sinto, logicamente, mas não deito para fora. Há jogos que quando me levanto da cadei-ra sinto-me como se tivesse levado uma sova, os músculos todos rígidos, nem me mexo.
IS: ‘Fechado’, dentro e fora de casa. A família não se
queixa da sua falta de ‘exteriorização’?
LFV: A minha mulher é sensacional. A mi nha mu lher, os meus filhos e as pessoas mais liga das a mim, senão nada disto era possível. Mas ago-ra que é difícil, dentro do seio familiar, lidar com certo tipo de notícias e comentários, é. Deixa sem-pre algumas marcas. E uma coisa é eu não ligar, mas, logicamente, a minha família liga, mudam de canal, zangados. Às vezes dói, às vezes dói. ET
Em conversa com a Espiral do Tempo, foi abordada a hipótese de
Luís Filipe Vieira já ter em mente o seu sucessor na cadeira da
pre sidência do Sport Lisboa e Benfica: o maestro, Rui Costa. Esta
possi bilidade foi aflorada, sem nunca o presidente benfiquista
ter sido peremptório na confirmação desse seu desejo. No entanto,
uns dias depois, no rescaldo do jogo BenficaNaval, no qual
Rui Costa foi decisivo para a vitória, Luís Filipe Vieira verbalizou
aqui lo que, durante a conversa com a Espiral do Tempo, já tinha
sido conjecturado. O eventual futuro presidente, ainda enquanto
jogador do A.C. Milan, chegou a ser embaixador da TAG Heuer tendo
tido, inclusivamente, uma edição especial de enorme sucesso a si
dedicada. Foi, à altura, capa da 4.ª edição da Espiral do Tempo e,
para memória futura, acabou assim a entrevista que lhe fizemos:
“O meu futuro vai ser sempre ligado ao futebol. Gosto demasiado
de futebol e quero contribuir e partilhar com os outros o que
aprendi”. Costa dixit.
Rui Costa para presidente: A Espiral do Tempo foi a primeira a saber
21Entrevista Luís Filipe Vieira
Temos de dar atenção aos mestres. Um dos programas
que mais aprecio na televisão passa em directo e, embora
não tenha dia nem hora certos, costuma transmitir duas
ve zes por ano. É a entrevista ao meteorologista Anthymio
de Azevedo, velha glória da TV a preto e branco («o
an ti ci clone dos Açores vai...», «a frente fria de noroeste
deve rá...»). Ainda há poucos anos, e já a cores, ele
explicava por que acontecia, nesse momento, em Portu-
gal, uma seca com fogos e, numa segunda vez, seis me-
ses de pois, a que se deviam agora as inundações.
Hoje, Anthymio aparece duas vezes por ano a ex pli-
car como é que há mortos por calor e incêndios, num
ponto do Globo, à hora exacta em que furacões e inun-
dações assassinas começam noutra área gigantesca,
arra sando paí ses ricos e pobres.
A melhor frase dele parece relativizar os aconteci-
men tos no tempo, mas Anthymio utiliza-a para mostrar
que o Homem está a acelerar a brutalidade própria da
Natureza, e dos ciclos solares, e do eixo de rotação da
Terra, e preparem-se que isto vai piorar...
– Não podemos esquecer que, há 25 mil anos, tínha-
mos icebergues a navegar à saída da barra do Tejo...
Também devemos ouvir Galopim de Carvalho, o
geó logo que não se rende e continua a escrever «dinos-
sáurios». Num texto sobre «O chão que Lisboa pisa»,
saído no Público, lembra que ninguém sabe que, há
95 milhões de anos, havia um mar raso muito mais
quen te do que o mar de hoje, mesmo no pino do Ve-
rão, com «populações imensas de moluscos», de que
restam estratos calcários debaixo do Aqueduto. Que
há 70 milhões de anos rebentaram vulcões, e é deles
o basalto das pe dras das calçadas. Que, nos séculos
que se seguiram «a este mar de fogo e cinzas», hou-
ve grandes secas e enxurradas, polindo os calhaus
arre dondados da Cal çada de Carriche. E depois o mar
regressou com mi nús culos invertebrados, mas o oceano
esvaziou de novo para o largo, e chegaram mas todontes
e grandes cro codilos a caçar na água rasa.
Lisboa, aprendi eu, esteve cheia de crocodilos e
an te passados de elefante gigantes, como está hoje de
carros e prédios abandonados... Claro que todos os ves-
tígios desta história geológica estão a ser destruídos a
camartelo. É o que melhor sabemos fazer.
Em pequeno, ofereceram-me uma colecção que ex-
pli ca va, entre outras coisas, A História dos Legumes,
que ainda tenho, com um chinês na capa, de trança,
a puxar um riquexó carregado de cebolas e cenouras.
Infe lizmente perdi A História dos Relógios, a epopeia
sim plificada da luta do homem para medir o tempo,
isto é, da luta para o dominar dentro do possível, pois
o tempo não pára.
Lembro-me da gravura de um grego barbudo,
er guen do uma barra ao Sol, com estrias desenhadas no
chão. Tem um ar confiante, sabendo quanto falta para o
almoço. Mas à noite, e em dias de chuva, este grego já
não sabia a quantas andava.
Lembro-me da questão das clepsidras, os famosos
relógios de água — de onde vieram as primeiras? —,
que recupero agora, com a ajuda da Internet (num ‘bra-
sileirês’ da Universidade de S. Paulo):
«Observou-se que um líquido em um reservatório,
ao vazar por um pequeno orifício, mantinha uma certa
re gularidade. A partir desta idéia, criou-se, então, o
Relógio de Água ou Clepsidra (do grego: kleptein –
roubar; hydor – água). Estes relógios constituíam-se
por dois recipientes, marcados com escalas uniformes
de tem po, dispostos de forma que a água pudesse
escoar, por gotejamento, de um para o outro. Um flu-
tuador (bóia) auxiliava as leituras temporais. Estes
re ló gios não eram muito precisos, devido à variação
da temperatura que alterava a viscosidade da água,
tornando o fluxo irregular.»
O sítio na Internet do Ministério da Tecnologia bra-
si leiro é mais concreto (e macarrónico). Mas dá atenção
aos mestres, como pedi no início deste texto.
«Há desencontros quanto a exata paternidade da
Clepsidra. Marco Vitrúvio Pólio, célebre arquiteto ro ma-
no do século I a.C., atribui sua invenção ao mecânico
Ctesibio ou Ctézibro. Existe uma corrente que atribui
a Platão, filósofo grego, esse privilégio; como foi um
emérito viajante, pode muito bem ter sido apenas o
por tador desse invento. Por outro lado, chineses e egíp -
cios também se arrogam essa prerrogativa. Fala ainda
de Arquimedes, inventor da alavanca e da roda dentada,
que faria nascer clepsidras mais evoluídas, com um úni-
co mostrador circular.
Há uma ‘Clepsydra’ famosa em Portugal, a de
Ca mi lo Pessanha, único livro que o poeta publicou
em vida (1920). Segundo a estudiosa Tereza Coelho
Lopes, sofreu a influência simbolista de Baudelaire e do
seu poema «L’horloge»: «le gouffre a toujours soif: la
clep sy dre se vide». Traduzo: «o turbilhão tem sempre
sede; a clepsidra esvazia-se». É uma boa imagem para
o «Clep sidra» que conheci em Coimbra, bar em que o
tem po dos estudantes não se media com reservatórios
de água, mas de cerveja.
Hoje há clepsidras modernas, com retortas e ser-
pen tinas em que corre um líquido azul, talvez álcool, de
uma precisão inédita. Mas continuamos sem saber onde
nasceu o primeiro relógio de água. Talvez no chão duma
gruta, habitada por homens primitivos, vendo pin gar
as estalactites. A hipótese é minha, lembrei-me agora.
Se não for, meti água.
Rui Cardoso Martins
Rui Cardoso Martins
Clepsidras
Não podemos esquecer que, há 25 mil anos,tínhamos icebergues a navegar à saída da barra do Tejo.
22 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Crónica ]
Fernando Correia de Oliveira*
Utopia mecânica
Rousseau, d’Alembert, Chamfort, Voltaire e a Relojoaria (1)
24 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Crónica ]
Desde o aparecimento da Relojoaria Mecânica,
em finais do século XIII, início do século XIV, muitos
autores, nomeadamente de textos religiosos, co-
meçaram a ceder à tentação de comparar o com-
portamento das engrenagens dos medidores do
tempo com o Universo.
Deus foi, então, chamado «supremo relojoei-
ro», «criador» e «guardião da Mecânica Celeste»,
tão perfeita na sua harmonia de esferas. Os corpos
celestes, com os seus ritmos exactos, eram, eles
próprios, inspiradores dessas mesmas engrena-
gens, que os representavam em miniatura, através
de relógios astronómicos.
Na Terra, os reis deveriam governar segundo
as regras do ‘relógio’ de Deus e ser, eles próprios,
‘mestres relojoeiros’ das sociedades que tinham
ao seu cuidado.
Os enciclopedistas, no Século das Luzes,
voltaram a fascinar-se pelo mundo da relojoaria.
Utopia Mecânica é o conjunto de uma série de
artigos onde se aborda essa relação entre Relo-
joaria e Filosofia, que se estendeu, nos séculos XIX
e XX, por exemplo, a anarquistas e comunistas.
O filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778), no seu insistente desejo de encontrar
um país ideal onde natureza e cultura chegassem
a uma síntese harmoniosa, pensava na Suíça en-
quanto a terra onde existia uma população que
se desenvolvia sem abandonar o contacto com a
natureza – tão caro às ideias rousseanas – e con-
seguia, ao mesmo tempo, um grau muito elevado
de perfeição técnica.
Numa carta ao filósofo francês Jean le Rond
d’Alembert, recorda o que viu nos arredores de
Neuchâtel. Aqui vivia uma população que tinha
o ideal da vida perfeita e que desenvolvia uma
criatividade produtora de inúmeros objectos, que
exportava, inclusivamente para Paris. «Entre ou-
tras coisas, exportam estes pequenos relógios de
madeira que há anos se vêem por aí. Fazem-nos
também de ferro, e produzem relógios de bolso.
Incrivelmente, cada um destes artesãos reúne em
si todos os ofícios em que se divide a relojoaria,
e, inclusivamente, são eles próprios que fabricam
as suas ferramentas». Rousseau admira a ilustra-
ção destes industriosos montanheses que, para o
autor do Contrato Social, constituem exemplares
perfeitos da Humanidade.
O próprio d’Alembert usou, recorrentemente,
a imagem do relógio para exprimir as suas ideias
filo sóficas: «Haverá mais crimes num mundo
onde não exista pena nem recompensa, como ha -
veria mais desacerto num relógio cujas rodas não
tivessem todos os seus dentes»; ou ainda: «Aque-
le que tivesse inventado rodas dentadas e pinhões
teria inventado os relógios num outro século».
Outro filósofo francês, Sébastien Roch Nicolas
de Chamfort, afirmava, pela mesma altura, que
«a felicidade é como os relógios. Os menos com-
plicados são aqueles que se desregulam menos».
Continua na próxima edição
Fernando Correia de Oliveira
* Investigador do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades
Algumas semanas antes da publicação
do relatório sobre a contrafacção da auto ria da Or-
ganização para a Cooperação e De sen volvimento
Económico (OCDE), e na sequên cia de algumas
inconfidências, a imprensa tinha já anunciado as
conclusões. Foram elas as seguintes: o mercado
internacional de produtos pirateados e contrafeitos
poderá ter atingido os 200 milhares de dólares,
em 2005.
Seria inútil dizer que um tal montante fez
ime diatamente reagir os interessados, segundo
os quais este comércio deve corresponder a
um múltiplo do valor estimado pela OCDE, que
é claramente inferior à realidade. Antes mesmo
da publicação do relatório, a OCDE reviu a sua
versão, e considerou valer a pena estabelecer
que, contando com os produtos contrafeitos ven-
didos no país de produção, o montante glo bal do
tráfego poderá ser mais elevado umas centenas
de milhar de dólares.
À parte esta guerra de números, é interessante
observar que o trabalho da OCDE sobre esta
questão terá durado dois anos, durante os quais
se alargou o âmbito de um projecto afim, que
da tava de 1998.
Há já dez anos, portanto, que a Organização se
preocupa com um assunto que hoje se considera
uma verdadeira epidemia da Era Moderna e cujas
repercussões atingem todas as economias do
Planeta, bem como as respectivas capacidades
de inovação.
Quando a OCDE apela às autoridades públicas
para agirem de maneira firme e concertada para
tentar pôr fim a um comércio que alimenta máfias
por todos os cantos do mundo e, hoje em dia,
até alguns pe quenos grupos terroristas, o pedido
não deve ser levado de ânimo leve.
O comércio da contrafacção é, na verdade,
uma fonte de receitas claramente mais lucrativa
que o tráfico de droga e muito menos perigosa,
considerando as sanções em que os infractores
incorrem e as dificuldades em detectar as fontes
de produção. A evolução desta actividade, nos
últimos anos, demonstra-o claramente.
Então, o que fazer? Para começar, a OCDE
in cen tiva as diferentes organizações a trabalhar
em conjunto na junção de informações e de da-
dos fiáveis sobre este mercado, a partilhar por
todos. É apenas este o preço a pagar para que as
diferentes iniciativas levadas a cabo nesta área
pos sam verdadeiramente atingir o objectivo.
E somos obrigados a constatar que, neste
do mínio, mesmo que a apreensão de objectos
contrafeitos se multiplique nas economias desen-
volvidas, a abrangência da tarefa torna o esforço
inútil.
Neste contexto, a China deve ser claramente
apontada: 86% dos produtos contrafeitos apre-
en didos nas fronteiras da UE, em 2006, eram
provenientes dum país que admite, de má vonta-
de, ter alguns problemas a este respeito.
Apenas com a ajuda dos principais países pro -
dutores de contrafacção, quase todos situados
no Continente Asiático, este combate fará verda-
deiramente sentido. E é um logro considerar que
a recuperação destas economias e o aumento
pro gressivo do nível de vida conduzirão a um
en fraquecimento das fontes de produção. É junto
das populações com um forte poder de compra
que as contrafacções têm um sucesso maior.
www.hautehorlogerie.org
26 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Exclusivo Fondation de la Haute Horlogerie - Christophe Roulet
A OCDE e a contrafacção
O comércio da contrafacção é, na verdade, uma fontede receitas claramente mais lucrativa que o tráfico de droga e muito menos perigosa, considerando as sanções em que
os infractores incorrem e as dificuldades em detectar as fontes de produção.
[ Crónica ]
28 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Correio do Leitor ]
Moínhos quixotescosTenho uma pequena colecção de relógios de pulso automáticos
(Jaeger-LeCoultre, Girard-Perregaux, Ulysse Nardin, Zenith e Omega).
Para os ter permanente carregados, e já que não os posso ter sempre
em uso, resolvi adquirir uma máquina eléctrica de dar corda, que tem
movimentos rotativos para a frente e para trás, paragens etc. Há dias,
quando visitava o Museu do Relógio em Serpa, recebi com grande es-
tupefacção a informação de que o uso continuado dessas máquinas de
dar corda não é aconselhado e que podem danificar os mecanismos.
Será que é mesmo assim? Ficaria muito grato por um esclarecimento.
Com os meus melhores cumprimentos.
MIGUEL AIRES - VIA EMAIL
A sua questão é interessante e oferece pano para muitas mangas! Rela-
tivamente à corda, há várias linhas de opinião. Há especialistas que
acham que as caixas com motor não são perniciosas para os mecan-
ismos, outros que dizem que não fazem assim tão bem – tal como há
quem diga que não se deve dar corda manual a relógios automáticos
e quem afirme precisamente o contrário. O Mestre Vítor Lopes, profes-
sor da Escola de Relojoaria da Casa Pia, afirma: «Não há problema
absolutamente nenhum. Os moinhos fazem bem ao mecanismo e é
sobretudo interessante para relógios com calendários perpétuos. Ac-
tualmente, um bom moinho tem temporizador e o efeito sobre um reló-
gio automático acaba por ser o de um utilizador que tem o relógio no
pulso durante o dia e que o usa mesmo à noite, na cama». No entanto,
Vítor Lopes refere que «dar corda manualmente, todos os dias, a um
relógio automático é desaconselhável porque força o mecanismo; só se
deve dar um pouco de corda manual quando o relógio está parado de
modo a pô-lo a funcionar e depois colocá-lo no pulso».
Mudança de dataTenho vários relógios mecânicos e, nalguns deles, a mudança da data
é instantânea, enquanto noutros demora algum tempo para mudar.
Existe alguma explicação especial para essa diferença? Estará directa-
mente ligada com a qualidade do relógio?
JORGE PINTO MELO - LISBOA - VIA EMAIL
Em vários casos, a diferença a que se refere está relacionada com
a idade do mecanismo (nos modelos mais antigos, o processo de
mudança de data era mais lento) e também à qualidade do mesmo.
Mas nem sempre. Há relógios com mudança de data instantânea, que
ocorre num piscar de olhos. Há outros que demoram um pouco mais e,
neste caso, a duração da mudança de data é normal se o tempo que
demora for de apenas alguns minutos; se for de mais de uma hora,
pode ser necessário proceder à sua regulação. Há modelos que mudam
a data impreterivelmente à meia-noite; outros com a mudança não
tão sincronizada. Há também modelos assentes em calibres mecânicos
menos recentes em que o processo de mudança de data se ‘arrasta’
lentamente durante quase duas horas – e, nesses casos, a mudança
não é instantânea.
Equação do TempoParabéns pela revista. (...) Tenho uma questão para vos colocar. Afinal de
contas, o que é uma equação do tempo?
Frederico Fernandes
MÁRIO CASTRO - LISBOA - VIA E-MAIL
Um relógio com equação do tempo é um relógio dotado de uma função su-
plementar que indica a diferença, em minutos, entre o tempo convencional
estipulado (tempo oficial) e o tempo solar real. Essa diferença até pode
ultra passar os 30 segundos de um dia para o outro, devido à trajectória
elíptica da órbita terrestre em torno do Sol. Durante quatro vezes por ano,
os dois tempos coincidem, mas no resto do ano podem ir desde menos 16
minutos e 23 segundos até mais 14 minutos e 22 segundos – uma variação
de quase 31 minutos. Um relógio dotado de equação do tempo (como o
mag nífico Jules Audemars Equation du Temps, da Audemars Piguet) é um
exemplar de alta-relojoaria e oferece este cálculo paralelamente à dispo-
sição tradicional do tempo. Os relógios normais não calculam as flutua ções
e dividem matematicamente o tempo em horas, minutos e segundos.
29Espiral do Tempo 26 Correio do Leitor
Manual ‘versus’ Automático
Tenho uma dúvida que gostava de ver finalmente resolvida: os meca-
nismos automáticos são melhores do que os mecanismos manuais?
JOÃO PEDRO CAIEIRO - VIA EMAIL
É uma dúvida frequente. Os mecanismos de corda automática são de
invenção posterior ao mecanismos de corda manual e só a partir do
meio do século XX, muito graças à Rolex, é que começaram a ganhar
prestígio no mercado dos relógios de pulso. Os primeiros cronógra-
fos automáticos só surgiram em 1969 (o El Primero e o Chronomatic).
Após um período inicial em que os primeiros mecanismos automáticos
procuravam a fiabilidade exigida, a partir do momento em que pas-
saram a ostentar os mesmos valores de precisão dos modelos de corda
manual, passaram a ser encarados como sendo melhores – devido
à comodidade de se ‘alimentarem’ com os movimentos do pulso do
utilizador, dispensando o ritual diário de dar corda através da coroa.
No entanto, não se pode dizer que os relógios automáticos sejam
melhores do que os manuais; são concepções diferentes. Actualmente,
essa ideia está erradicada. Uma coisa é certa: porque necessitam de
um rotor, os mecanismos automáticos são um pouco mais volumosos
e o facto de terem mais peças faz com que alguns especialistas os
consideram teoricamente mais frágeis do que os calibres manuais. Mas
os relógios desportivos são geralmente automáticos, como que a des-
mentir esta teoria. Entretanto, nos últimos tempos, tem-se assistido
um regresso à ribalta de mecanismos de corda manual graças a reser-
vas de marcha superiores a sete dias (como a mais recente geração
Reverso da Jaeger-LeCoultre). As disparidades no preço entre mecanis-
mos de funções semelhantes não são significativas, mas a maior parte
dos modelos com grandes complicações (logo, os mais caros) até são
dotados de calibres manuais. Para terminar: de corda automática ou
de corda manual, um relógio mecânico será sempre intrinsecamente
melhor do que um relógio de quartzo. Porque um relógio de quartzo dá
as horas... e um relógio mecânico mede o tempo, personificando uma
herança cultural de séculos!
Esclarecimentos ‘Profundos’Em primeiro lugar, felicito o vosso excelente trabalho. Gostaria de deixar
uma questão à rubrica correio do leitor: se possível, gostaria de saber
como funciona e qual a finalidade da válvula de hélio de duas peças que
tenho vocacionadas para mergulho – mais especificamente o Oris TT1 Titan
1000 ft e o Seamaster da Omega. Qual a finalidade deste dispositivo, visto
existirem peças sem este sistema, mas com vocação idêntica, como é o caso
do Rolex Submariner? Gostaria de saber o procedimento correcto para a sua
utilização. Sem mais de momento, o meu muito obrigado,
RUI P. SILVA - CASTELO BRANCO - VIA E-MAIL
A válvula de hélio é um dispositivo habitualmente utilizado em relógios
de mergulho de grande profundidade e destina-se a atenuar os efeitos da
descompressão dentro da caixa do relógio nos casos de subida súbita.
Existem válvulas de hélio que se abrem automaticamente e válvulas
de hélio que se abrem manualmente – mas, habitualmente, tal não é
necessário. No que respeita aos dois relógios mencionados, o respectivo
livro de instruções abordará as particularidades de cada modelo em circun-
stâncias de descompressão. Relativamente ao Rolex Submariner, é verdade
que não dispõe nem precisa de válvula de hélio porque é estanque apenas
até aos 300 metros; já não é o caso do Rolex Seadweller, que é estanque
até aos 1220 metros e foi precisamente o primeiro relógio com uma válvula
de hélio automática para casos de descompressão extrema no regresso de
tão acentuadas profundezas....
Coroa à esquerdaTenho uma dúvida que gostaria de ver esclarecida. Estou interessado num
relógio Breitling que tem os botões do cronógrafo à direita e a coroa à es-
querda. Reparei que existe também um relógio da TAG Heuer com o mesmo
alinhamento. Existe alguma razão especial para essa disposição? É que
ainda ninguém me soube explicar a razão para tão ‘estranho’ visual. É uma
solução estética ou técnica?
PEDRO LEMOS
Os relógios de que fala são o Breitling Navitimer Chrono-Matic e o TAG
Heuer Autavia, duas recentes reedições de modelos criados em 1969 e
que ficaram para a história da relojoaria por estarem equipados com o
revolucionário mecanismo cronográfico automático Chronomatic – também
apelidado de Calibre 11. O próprio Jack Heuer, que viveu intensamente
os tempos pioneiros do cronógrafo automático, recorda que a intenção
de colocar a coroa do lado oposto aos botões foi intencional e não uma
solução inerente à arquitectura do mecanismo: «Optámos por colocar a
coroa à esquerda para que fosse facilmente reconhecível e as pessoas se
apercebessem de imediato que se tratava de um cronógrafo automático».
As reedições actuais do Breitling Navitimer Chrono-Matic (de 2005) e o TAG
Heuer Autavia (2002) não são dotadas do calibre original de 1969 com
microrrotor descentrado; dispõem de um calibre cronográfico normal com
rotor ao centro mas alterado para que a coroa surja à direita da caixa.
Sempre na vanguarda da inovação, a Rolex decidiu consolidar a sua presença em Genebra com um novo programa
de construção industrial. Patrick Heiniger, CEO da Rolex, explica que o grupo avançou para este projecto
a fim de «assegurar a autonomia e manter o controlo dos componentes essenciais dos nossos
relógios. Integrámos os nossos fornecedores no grupo e consolidámos as nossas actividades
em Genebra, em três novos edifícios que são um exemplo de altatecnologia».
[ I-novação ]
30 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
texto Marta S. Ferreira
O novo programa de construcção industrial reflecte o objectivo primordial da Rolex:
manufacturar produtos de alta qualidade por pes
soal especializado num ambiente de adequado.
O desafio ficou a cargo da firma de arquitectura
genebrina Brodbeck & Roulet: aumentar os espa
ços de trabalho no quartelge ne ral com os novos
edifícios mantendo uma perfeita harmonia com os
edifícios já existentes.
Pioneira e inovadora, a abordagem arquitec
tónica baseouse em cinco aspectos: flexibilidade
e versatilidade; optimização da luz natural; pre
ferência por fabrico externo; fachadas distintas e
homogeneidade entre edifícios.
O PlanlesOuates é um dos novos edifícios
e o espelho do design arquitectónico inovador
em que a Rolex apostou. Agrupa todas as activi
dades relacionadas com o desenvolvimento, a ma
nu factura e o controlo de qualidade de caixas e
braceletes, e junta todos os actores envolvidos sob
o mesmo tecto.
O edifício, inteiramente coberto por uma
fachada de vidro Parsol, é composto por três alas
de 131,5 metros de comprimento, 30 metros de
largura e 31 metros de altura. Estas alas estão
ligadas por um corredor circular que funciona
como um eixo central, com elevadores para o
pes soal, elevadores de serviço e escadas, que,
por sua vez, servem também de ligação entre os
11 andares. Estes 11 andares estão, por sua vez,
subdivididos em seis andares de produção e cinco
andares subterrâneos. No topo da ala central, um
restaurante circular panorâmico oferece uma vista
espectacular da região.
O edifício é equipado com um sistema de ar
ma zenamento automático, localizado nos pisos
subterrâneos, com corredores compostos por filas
de prateleiras com 12 metros de altura. Cada um
dos corredores é servido por um transportador
automático, controlado por um sistema computo
rizado de alta performance. Este serviço aumenta a
eficácia e representa uma redução significativa no
tempo de circulação de materiais e componentes.
Tal como os outros edifícios do grupo, o com
plexo em PlanlesOuates oferece condições de
trabalho excepcionais. A gestão inovadora de es
pa ço como os restaurantes e as áreas de lazer
são factores que reforçam a cultura de grupo.
Os telhados foram transformados em jardins
que oferecem aos trabalhadores uma vasta gama
de sensações visuais e tácteis. ET
31I-novação Rolex
“Estes edifícios impressionantes fortalecema nossa presença em Genebra e na Suíça, e fazem parte de uma visão
ambiciosa a longo prazo: fortalecer a nível mundial e internacional
o estatuto da marca.”
Patrick Heiniger
O novo programa de construção in
dustrial da Rolex é composto por três
novos edifícios no quartelgeneral de
Genebra, que são um exemplo de
altatecnologia.
Os telhados transformados em jardins
e a fachada em vidro, que permite
a optimização da luz natural, são
exemplos do empenho da Rolex em
oferecer as melhores condições de
tra balho aos seus funcionários.
[ Breves ]
32 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Chronofighter Oversize CommanderO novo comandante da Graham
Com dimensão imponente e alavanca ultrafuncional,
que o torna facilmente reconhecível como uma das
‘granadas’ da Graham, o Chronofighter Oversize Com-
mander emana um fighting spirit tipicamente britâni-
co. Com 46 milímetros, apresenta uma caixa feita de
uma liga de titânio quase puro, chamada ‘Alpaha’,
mais resistente aos agentes corrosivos, e uma luneta
em fibra de carbono forjada a quente. O movimento
é conduzido pelo excepcional calibre G1732. Uma
só bria bracelete em cauchu preto com a assinatura
Graham vem reforçar o design profissional.
Preço: € 6.990
Master World GeographicTodas as horas do mundo
Mais uma vez, a Jaeger-LeCoultre conseguiu distinguir-se
num dos seus domínios preferidos: os fusos horários.
Da co lecção Master Control, o Master World Geogra phic
é o resultado do programa de investigação da marca e
permi te ver simultaneamente as horas locais e as de out-
ro qual quer ponto do mundo, graças ao seu mostrador
fora de série. O utilizador precisa ape nas de consultar
o anel do mostrador que, à semelhan ça da rotação da
Terra à volta do Sol, está em constante rotação. Inclui
horas universais e em 24 cidades, com opção de Verão e
Inverno e segundo fuso horário directo à escolha do uti li-
zador. Preço: € 9.950
Porsche DesignAcessórios para o homem do século XXI
A Porsche Design, sabe que a aposta no look dos
homens é uma aposta ganha. Os acessórios da
Porsche Design não são ape nas decorativos: são
fun cionais. Linhas puras e modernas com os va-
lores tradicionais: inovação técnica e autentici-
dade. Desde botões de punho a porta-chaves,
a Porsche Design tem os acessórios de que o
homem do século XXI precisa para se apresen-
tar sempre no seu melhor.
Preço: a partir de € 195
SIHH 2008 e 2009 já tem datasJá está marcado o próximo SIHH (Salão Inter-
nacional da Alta Relojoaria): vai realizar-se
de 7 a 12 de Abril de 2008, em cooperação
com o Baselworld. O número de marcas a
ex por as suas peças vai manter-se inalterado
(16 marcas), apesar dos diversos pedidos de
outras empresas relojoeiras. A organização
do evento argumentou questões de espaço
para recusar os pedidos. Em 2009, o evento
vai decorrer ainda no Inverno: de 19 a 24
de Janeiro.
Franck Muller investe 30 milhões no JuraFranck Muller vai criar um novo pólo de
fabrico de relógios na região do Jura. 160
empregos serão criados no sector de estam-
pagem do relojoeiro genebrino. Ambas as
partes já confirmaram a assinatura de um
contrato de aquisição definitiva de um imen-
so terreno em Les Bois, no Jura suíço. A ope-
ra ção, mediatizada desde há vários meses
e atrasada por diversos motivos, foi final-
mente oficializada no dia 9 de Julho. Trinta
milhões de francos serão investidos no pro-
jecto no período de três anos, 80 empregos
serão criados numa primeira fase e outros 80
numa segunda fase. O grupo Franck Muller
procedeu assim à aquisição de um terreno
de 23.000 m2.
Alta-relojaria em RomaA alta-relojoaria vai mostrar as suas peças
mais antigas e também as suas novidades
numa exposição em Roma, no Palazzo Incon-
tro, de 1 a 6 de Outubro. Pela primeira vez,
a Fundação da Alta-Relojoaria (Fondation de
la Haute Horlogerie - FHH), em colaboração
coma autarquia de Roma e a revista AD (Ar-
chitectural Digest), organiza uma exposição
de alta-relojoaria em Roma, com peças das
marcas mais influentes do sector.
“Somos uma empresa britânica no espírito, e suíça
na qualidade””
Max ImgrüthResponsável pelo Marketing e Vendas
da The British Masters
Datograph da A. Lange & SöhneUm relógio extraordinário «Made in Germany»
O Datograph Flyback da A. Lange & Söhne destaca-se
de entre todos os outros cronógrafos, mantendo um
look clássico. De corda manual com flyback, jump-
ing minute counter e data panorâmica, o Datograph
pode cronometrar eventos até 30 minutos com uma
margem de erro de, no máximo, um quinto de segun-
do. A função flyback permite que o cronógrafo volte
instantaneamente ao zero durante uma contagem
em processamento, bastando para tal pressionar o
botão na caixa. Assim que se pára de pressionar, um
novo ciclo de tempo começa. Esta função elimina a
necessidade de parar uma contagem e fazer reset
antes de começar uma nova contagem.
Preço sob consulta.
François-Paul JourneOcta Automatique Reserve
Seis anos após a sua criação, a linha Octa apresenta um novo rosto alimentado por um novo calibre. O Octa
Automatique Reserve oferece um sistema de corda automática desenhado especialmente para pessoas com
pouca mobilidade. François-Paul Journe apercebeu-se de que o antigo calibre Octa nunca estava totalmente
carregado quando usado por pessoas que passam grande parte do dia ao computador ou atrás de uma
secretária, e desenhou o Octa Automatique Reserve especialmente para eles. O relógio mantém as directrizes
estéticas da etiqueta F.P. Journe, mas apresenta os ponteiros principais (horas e minutos) num eixo central e
não excêntrico como nos primeiros modelos da colecção. O Automatique Reserve possui um rotor inovador que
gira num único sentido e um calendário de salto instantâneo com data panorâmica. Com reserva de corda de
160 horas, tem caixa de 30,80 milímetros em platina e bracelete em pele de jacaré. Preço: € 28.260
33Espiral do Tempo 26 Breves
Jaeger-LeCoultreRevero Squadra Augusta
O 75º aniversário do Reverso inspirou a Jaeger-LeCoultre a dotar o seu emblemático modelo reversível de
uma nova versão de geometria mais quadrada e look mais contemporâneo. Nasceu então a colecção Re-
verso Squadra, da qual faz parte o Reverso Squadra Augusta, que está disponível numa série limitada de
32 exemplares, personalizada com a gravação do Arco da Rua Augusta e indicação de série limitada. Este
modelo, que celebra o restauro do relógio do Arco da Rua Augusta (patrocinado pela Jaeger-LeCoultre,
em parceria com a Torres Distribuição), vem equipado com movimento mecânico de corda automática JLC
977, e possui as funções de horas, minutos, segundos, data, indicação a.m. / p.m. e segundo fuso horário.
Combina uma caixa em ouro rosa de 18 k, vidro em safira, estanque a 50 metros e coroa em PVD preto,
com uma bracelete em pele de jacaré e fecho de báscula. Preço: € 14.900
“A Manufactura orgulha-se do seu envolvimento na recuperação
do património relojoeiro português
através do restauro do relógio
do Arco da Rua Augusta.”
Jérôme LambertCEO Jaeger-LeCoultre
[ Breves ]
Royal Oak AutomaticA excelência da simplicidade
Uma prova de que não são necessárias funções varia-
das para se atingir a excelência na alta-relojoaria é o
Royal Oak Automatic. Possui apenas horas, minutos,
segundos e data, e é uma das peças mais apreciadas
pelos amantes da relojoaria. Decorado com o habitual
padrão ‘Grande Tapisserie’ possui um rotor personaliza-
do em ouro de 21 quilates, decorado à mão com os
bra sões das famílias Audemars e Piguet. A bracelete in-
tegrada envolve qualquer pulso com perfeição. No seu
coração está o calibre de corda automática AP 3120.
Preço: € 9.820
Porsche Design PTC Blue Edition 2007Edição limitada em tons de azul
Poucas marcas conseguem misturar tecnolo gia e desem-
penho como a Porsche Design. Exemplo disso é a série
limitada de 917 exem pla res do PTC Blue Edition 2007.
A caixa de 42 milímetros é de ti tâ nio, com vidro e fundo
em safira, e o movimento é conduzido pelo calibre ETA
2894-2, através do tradicional rotor Porsche Design espe-
cialmente decorado com o azul desta edição limitada. Tam-
bém as costuras da correia e a escala ta quimétrica são de
um azul forte que marca o contras te. O PTC Blue Edition
vem num estojo personalizado, que traz botões de punho
e um porta-chaves desenhados especialmente para esta
série limitada. Preço: € 5.300
“O que nos distingue é o nosso estado de espírito: a nossa
vontade de sermos sempre
inovadores e demonstrar isso
mesmo através das peças
que executamos.”
Georges-Henri MeylanCEO da Audemars Piguet
Master Date de Franck MullerCom mostradores de inegável beleza, com indicações a ver-
melho que ressaltam em contraste com o fundo, o Master
Date, concebido pelas mãos do “Mestre das Complicações”,
destaca-se pelo extraordinário calendário triplo apresentado
sob três formas distintas: digital para a data, que surge numa
janela panorâmica às 12 horas; retrógrado para o dia da se-
mana, com o ponteiro que salta para trás após chegar ao
Do mingo; e analógico para o mês, num submostrador às 6
horas, que é partilhado com os pequenos segundos. Disponí-
vel em ouro rosa, com mostrador branco, e em ouro branco,
com mos trador branco, preto ou azul. Preço: € 27.310
Lady Royal Oak Offshore ChronoA fusão entre borracha e diamantes
A colecção Lady Royal Oak Offshore continua a ex-
plorar os extremos: com um tamanho distinto, prova
como dois elementos tão diferentes como a borra cha
(cauchu) e os diamantes podem combinar na per-
fei ção. A colecção foi enriquecida com duas novas
cores, branco e ameixa, associadas com a famosa
cai xa em ouro rosa ou aço, onde se destaca a luneta
octogonal decorada com 32 brilhantes de 1,25k. O
modelo é completado por uma bracelete em cauchu
com a mesma cor da luneta, com fecho de báscula
em ouro cor-de-rosa 18 k ou aço polido.
Preço: € 17.980
Chopard Happy DiamondsConjunto de luxo
Presença habitual em grandes eventos, a Chopard
sabe ornamentar uma mulher e destacá-la de todas
as outras como ninguém. A nova colecção Happy
Dia monds mostra como a marca consegue manter a
elegância das jóias, conferindo-lhes um toque de mo-
dernidade. É composta por um pendente e um anel em
ouro bran co de 18k, constituídos por um entrelaçado
de três círculos polidos, com um design inovador.
O círculo central alberga um diamante móvel. Com
esta colecção, fica a promessa de brilhar em qualquer
festa. Preço: sob consulta.
Dashboard P’6612 PGCO prestígio Porsche no pulso
Da precisão do cronógrafo mecânico de corda auto má tica
ao extraordinário design desportivo e, ao mesmo tempo,
elegante, o Dashboard P’6612 PGC é a escolha ideal para
os homens que sabem aliar o profissionalismo ao gos-
to pela aventura. O rotor em forma de jante deixa bem
claro que este modelo é mais um exemplo de excelência
da Porsche Design. Com caixa em ouro rosa de 18 k, vidro
e fundo em safira, estanque a 100 metros, tem bracelete
em cauchu com fecho de báscula. Preço: € 9.690
Antiquorum perde fundadorA célebre casa de leilões Antiquorum, número
um a nível mundial no que toca a relógios de
colecção e que pertence ao grupo japonês
Artists House Holdings, perdeu um dos seus
mais caristáticos e célebres fundadores, Os-
valdo Patrizzi. De acordo com o diário suíço
‘Le Temps’, o co-fundador abandonou a
casa de leilões devido a «divergências es-
tratégicas muito sérias entre os accionistas
da Antiquorum».
PPR “de olho” na BulgariNuma recente entrevista ao semanário Paris-
-Match, François-Henri Pinault, proprietário
do grupo PPR, deu a entender que está in-
teressado no sector da bijuteria-joalharia, e
nomeadamente na marca Bulgari. Pinault fa-
la va do seu interesse pelo sector das jóias e
referiu: «Porque não a Bulgari?». Recorde-se
que, de momento, o grupo possui apenas as
marcas Boucheron et Bedat & Co. No entan-
to, a PPR detém ainda marcas como Gucci,
Yves Saint-Laurent e Stella McCartney.
Vendas da Richmont em franco crescimentoO poderoso grupo suíço de artigos de luxo,
Richemont, facturou 1,26 mil milhões de eu-
ros no primeiro trimestre do exercício (de
Abril a Junho), o que representa uma subida
de 9% em relação ao mesmo período do ano
anterior. Nos três primeiros meses do exercí-
cio 2007-2008, a divisão de relojoaria foi a
que registou o maior crescimento, já que a
sua facturação subiu 18%, para 367 milhões
de euros. Por regiões geográficas, a factura-
ção da Richemont registou um crescimento
na Ásia-Pacífico, com um aumen to de 20%,
seguida da Europa, com uma alta de 13%, e
das Américas, com um avanço de 3%.
“No domínio da relojoaria e da joalharia, somos a única empresa
familiar - e de certa dimensão -
a reunir todas as fases de fabrico
debaixo do mesmo tecto.”
Karl-Friedrich ScheufeleCEO da Chopard
[ Breves ]
36 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Chopard L.U.C.Quando menos é mais
Less is More – Menos é mais. Este lema é ilustrado
pelo design contemporâneo da L.U.C. da Chopard.
As linhas depuradas da caixa em ouro rosa de 39,50
milímetros, com vidro em safira anti-reflexo, e a so-
briedade do quadrante e dos ponteiros exprimem na
perfeição este conceito. Com um movimento L.U.C.
96HM de corda automática, garante uma reserva de
corda superior a 65 horas. O mostrador de design
sóbrio apresenta numeração árabe nos quatro qua-
drantes. A bracelete é em pele de crocodilo e está
disponível em castanho e preto, com costuras da
mes ma cor, e o fecho em ouro gravado com o nome
da marca. Preço: € 6.500
Glashütte Senator MeissenElegância clássica para o homem moderno
Aliar a elegância clássica de um relógio para homem
ao mais esmerado trabalho manual só pode resultar
num modelo Glashütte. O Senator Meissen adopta o
estilo clássico na sua forma mais pura e minimalista.
Os finos ponteiros que apontam as horas e os mi-
nu tos deslizam pelo fundo de porcelana Meissen. A
numeração romana é pintada à mão. Também os fa-
mosos logos da Glashütte e Meissen são inscritos
ma nualmente. O Senator Meissen é alimentado pelo
calibre 100-10, que é visível através da parte de trás
da caixa, de ouro rosa de 18 k, em vidro de safira. O
movimento automático deste modelo é o mais fino
de toda a colecção. Preço: € 15.200
Patek Philippe CalatravaUm sinónimo de elegância
O Calatrava é um dos mais emblemáticos modelos da Patek Philippe. Os
relojoeiros da manufactura conseguiram, com subtileza, evoluir do eterno
clássico, ao criar uma versão ligeiramente ampliada (36 milímetros em vez
de 33,5) que sublinha a sua silhueta ultrafina e o requinte do seu design.
A caixa é em ouro de 18 k, com detalhes requintados como o acabamento
acetinado. A fina numeração romana a negro contrasta com o fundo em puro
branco, A elegância do relógio, movido pelo calibre 215 PS de corda manual,
é finalizada por uma bracelete negra em pele de crocodilo.
Preço sob consulta.
La Doña de CartierMedo de répteis?
Um relógio único inspirado em Maria Félix, La Doña
de Cartier surpreende mais uma vez: forma e estilo
numa sensualidade palpável que envolve o pulso
numa original bracelete em aço com o padrão da
pele de crocodilo. O mostrador de forma trapezoidal,
a curva do vidro, os contornos aguçados e o design
marcante invocam o crocodilo, o réptil ‘fetiche’ de
Maria Félix, a actriz mexicana grande amiga da casa
Cartier. A juntar-se aos tons extremos e fervorosos
dos modelos já existentes na colecção, surge o novo
modelo em ouro branco, que mantém a sua original
relação com a bracelete. Preço: sob consulta.
[ Breves ]
35 das principais marcas de relógios doam para a caridadeA casa de leilões Antiquorum, juntamente
com o patrono Príncipe Alberto do Mónaco,
realizou o «Only Watch 2007», onde 35 das
principais marcas relojoeiras doaram um
relógio único ou o primeiro de uma sé rie,
para serem vendidos no Mónaco Yacht Show
no final de Setembro, em prol das pesquisas
sobre a Distrofia Muscular de Duchenne. Esta
foi a segunda vez que este evento de cari-
dade se realizou.
Andar com o Titanic no pulsoO joalheiro suíço Romain Jerome está a fabri-
car uma colecção de relógios para assinalar
o 100º aniversário do naufrágio do Titanic,
que se celebra em 2012. A colecção vai ser
feita, em parte, com metal do navio naufra-
gado. Os relógios vão ser vendidos com o
nome Titanic-DNA, numa série limitada de
2012 peças, e vão variar entre os cerca de
6600 euros e os 110 mil euros. Estarão dis-
poníveis em modelos de aço, prata e ouro
com diamantes.
TAG Heuer no grande ecrã Matt Damon regressa aos ecrãs das salas de
cinema como Jason Bourne, no mais recente
êxito mundial de bilheteiras “The Bourne Ul-
ti matum”. No mundo de incertezas, em que
o agente continua a perseguir o seu pas-
sado, a única constante é a confiança que
Bourne deposita no seu TAG Heuer Link
Chronograph, que ostenta no pulso desde o
primeiro filme desta odisseia. Além da perí-
cia única na mediação de tempo, o design
sofisticado do TAG Heuer Link Chronograph e
a sua robustez fazem dele o parceiro ideal.
Uma importante conquista da TAG Heuer na
sua estratégia de product placement.
“A Montblanc não pode ser apenas a marca de referência em termos
de instrumentos de escrita, queremos
tornar-nos numa marca de artigos
de luxo, na qual, obviamente, queremos
integrar os nossos relógios.”
Jean-Marc PontrouéDirector-geral da Montblanc Watches
Montblanc firma-se na relojoariaHoras marcadas a ouro rosa
Na busca de afirmação na relojoaria, a Montblanc apre sen tou
na SIHH 2007 diversas novidades. Nas colec ções masculinas,
o grande destaque foi para os novos modelos Time Walker.
Desta colecção, dis tingue-se o TimeWalker Chro no graph
Automa tic, um mode lo que conjuga a fun cionalidade com
um design do sé culo XXI. Este relógio tem caixa de 43 mm
em aço, movimen to automático com função de cronógrafo,
vidro e fundo em safira, e bracelete em pele de croco dilo.
A grande novidade do novo TimeWalker Chronograph Au-
tomatic são os números e ponteiros plaqueados a ouro
rosa. Preço: € 2.835
Fortis homenageia pilotos da TAPB-42 TAP Pilot Chronograph Alarm
Depois do sucesso na sua comercialização junto dos pilo-
tos da TAP Portugal, está agora disponível para o público
em ge ral o mais pujante modelo da Fortis. A marca suíça,
asso cia da à indústria aeroespacial russa, apresenta um
cronógra fo em ti tânio, com alarme, assente no mecanismo pa-
ten teado F2001. O mostrador é personalizado com as “asas
de piloto” às 6 horas e cada peça é numerada e entregue
num estojo rotativo gravado com os vários logótipos da TAP
ao longo dos anos. Preço: € 6.760
Sector Dive MasterDesafie os seus limites
Indicado para os audaciosos, o novo modelo da Sec-
tor tem caixa em aço, vidro em cristal mineral, lu-
neta giratória unidireccional, coroa e botões de ros-
ca, estanque até 100 metros. Tem como funções a
de cronógrafo analógico/digital, a função add-time,
split-time, data, função regata, calendário, alarme,
luz de fundo, profundímetro e termómetro. A brace-
lete é em cauchu impermeável. E se o comprar até
31 de Outubro, receberá um voucher no valor de 50
euros, que poderá usar em qualquer uma das ex-
pe riências da A Vida é Bela (www.avidaebela.com).
Preço: € 435
38 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Breves ]
Cleópatra da VersaceO mistério das pirâmides no pulso
A Versace foi buscar inspiração às pirâmides do Egipto para criar
a sua nova colecção de jóias e relógios. Para a linha Cleopatra,
a marca invocou a perfeição geométrica utilizada pelos antigos
egípcios, trazendo os mistérios e a precisão das pirâmides para
sua colecção de anéis, brincos, braceletes e relógios. Com um
design clássico, no relógio Cleopatra o plaqué ganha outra di-
mensão com o contraste das pirâmides em cerâmica branca que
adornam toda a bracelete. Preço: € 1.100
O pecado de Roberto CavalliA sensualidade do Eva Snake
Ousadia. Irreverência. A Roberto Cavalli sempre se
destacou pelo prazer de ousar e fazer-se notar pelo
estilo e originalidade. A mais recente colecção de
relógios da marca – Eva Snake – destina-se à mu-
lher sofisticada mas provocante. Mais uma vez, em
destaque está a cobra, um dos animais “fetiche” da
marca. Todo o relógio é o corpo de uma cobra, que
enlaça o pulso com uma sensualidade demarcada a
pedras e brilhantes. O mostrador ocupa o topo da
cabeça do animal. Disponível em aço e plaqué, é
enfeitado por esmalte e pedras. Preço: € 450
Chance of Love by MauboussinTalismã do amor
A colecção Chance of Love, da Mauboussin, é como
uma afirmação de um sentimento. Uma declaração
de amor. Uma colecção composta por jóias com um
toque romântico, tendo como elemento central um
trevo de quatro folhas, que poderá ser interpretado
como um talismã que trará à sua portadora sorte
no amor. Pendentes e anéis disponíveis em ouro
branco, rosa e amarelo, salpicados com diamantes
de variados carates.
Anéis Chance of Love a partir de: € 645
Pendentes a partir de: € 795
Just Cavalli ZebraA beleza da savana africana
As jóias da Just Cavalli destacam-se por serem cheias
de personalidade, respeitando os traços distintivos
da casa: criatividade, cor e fantasia. A colecção Just
Cavalli Zebra não é excepção: pendentes, anéis, co-
lares e pulseiras exibem listas da zebra de senha das
a esmalte que contrastam com o dourado do plaqué.
Jóias para as mulheres que gostam de ousar sem
abrir mão da elegância.
Pendente: € 88
Pulseira: € 175
Brincos: € 98
“Há trinta anos uma mulher usava uma jóia como forma de se igualar ao homem, hoje
em dia, a mulher escolhe uma jóia como testemunho
das suas emoções diárias.»
Alain NemarqDirector-geral da Mauboussin
40 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Chopard Happy Sport Mark II ChronoRobustez e feminilidade
Desde que foi lançado em 1993, o modelo Happy
Sport tem sido um vencedor nato. Apesar das suas
linhas avant-garde, este relógio elaborado continua-
va a ser uma peça de joalharia. A caixa de ouro rosa
de 18 k alberga cinco diamantes que se vão moven do
ao longo do mostrador. A bracelete, num rosa vivo,
é em pele de crocodilo. A luneta é rotativa e a coroa
está decorada com uma safira com corte de diaman-
te. O cronógrafo de quartzo, que garante precisão, é
a escolha certa para quem quer um modelo robusto,
mas feminino no pulso. Preço sob consulta.
CartierA reinterpretação de um símbolo religioso
Muitas cruzes foram desenvolvidas durante a história
da Cartier: as cruzes Gregas, as cruzes latinas, as
cru zes espanholas de Calatrava (com flores de Lis
nas pontas) e cruzes ortodoxas. Em 1935, a marca
criou para a Duquesa de Windsor uma bracelete com
diamantes e nove cruzes gravadas que simbolizavam
os momentos mais importantes da sua vida. Agora,
em 2007, a Cartier traz um novo significado a este
símbolo histórico através de vários modelos de ouro
amarelo, ouro branco, diamantes e pedras de cor.
Preço sob consulta.
Divine da VersaceDignas de uma Diva
A colecção Divine da Versace é composta por um par
de brincos de pendente, um fio e um anel. Comum
a todas as peças é o elemento central: o “V” de
Versace, que surge num encadear de ouro compacto
com ouro cravado a diamantes. O estilo clássico da
marca mantém-se presente no ouro e nos diamantes,
mas é actualizado para se enquadrar no século XXI
através do design revolucionário da letra da marca.
Disponível em ouro branco e amarelo.
Anel: € 645
Pendente: € 795
Just Cavalli abre loja em Nova IorqueO timing foi perfeito: durante a NY Fashion
Week Spring 2008 que a Just Cavalli inau-
gurou uma nova loja em Nova Iorque. Locali-
zada na 5ª Avenida, no 665, entre as ruas 52
e 53, a nova loja da Just Cavalli vai oferecer
uma colecção mais direccionada aos jovens
e com preços mais acessíveis do que os da
boutique Roberto Cavalli, da Madison Ave-
nue, em Nova Iorque, e das lojas de Roma,
Paris, Milão, Veneza, Moscovo, Lon dres, Ge-
ne bra e Valência.
Gulbenkian expõe preciosidadesO Museu Calouste Gulbenkian expõe na Por-
tojóia – 18.ª Feira Internacional de Joalharia,
Ourivesaria e Relojoaria - uma colecção de
peças de joalharia criadas por Cartier, René
Lalique e Van Cleef & Arpels, que fazem parte
do espólio da instituição. Da Cartier será
exi bidos um par de pendentes piriformes
(em platina, ouro, diamantes de talhe an-
tigo e rosa), de 1905-1907; de René Lalique
o alfinete «Oferenda» (trabalhado em ouro,
es maltes, marfim e diamantes), datado de
1900-1901, e a placa de gargantilha «Águias
em ramos de amoreira» (de ouro vido, es-
malte e águas-marinhas), com a data de
1902-1903; e de Van Cleef & Arpels estará
em evidência uma pulseira de ouro, platina,
rubis e pedras-de-lua, de 1938.
John Galliano aventura-se no mundo dos relógiosA Mrellato & Sector assinou um acordo ex-
clusivo com a Les Jardins d’Avron S.A. para
produzir e distribuir por todo o mundo uma
linha de relógios swiss-made com assinatura
de John Galliano. O estilista vai ser responsá-
vel por todas as decisões criativas e de de-
sign. O primeira apresentação de um relógio
com a assinatura John Galliano vai acontecer
na BaselWorld de 2008.
“Estamos concentrados no que sabemos fazer melhor. Não iremos
fazer nada que esteja fora do nosso
ADN apenas com o propósito
de aumentar as vendas.”
Bernard FornasCEO da Cartier
41Espiral do Tempo 26 Breves
[ Breves ]
“Criei com a TAG Heuer o relógio dos meus sonhos,
o primeiro que posso
usar quando jogo.”
Tiger Woods
Raymond Weil SportO equilíbrio entre estilo e técnica
Viver a vida à máxima velocidade é o lema da colecção Ray-
mond Weil Sport. Os modelos da colecção desportiva possuem
uma caixa redonda em aço, de um diâmetro generoso de 42
milímetros e 12 milímetros de espessura, com vidro em safira
e estanque a 200 metros. Esta nova colecção está disponível
com mostrador negro onde o contrate é feito pela numeração
brilhante e com mostrador onde o vermelho e o negro contras-
tam de forma marcante. A bracelete é em borracha vulcanizada
com fecho de báscula. Preço: a partir de € 990
TAG Heuer Professional Golf WatchForma e função
Fruto da estreita colaboração entre a TAG Heuer e o
campeão de golfe Tiger Woods este é o primeiro relógio
especialmente concebido para satisfazer as exigências
dos golfistas no que respeita a ergonomia e resistência.
Graças à utilização combinada do titânio e do aço, tem
um peso inferior a 53 gramas, permite não alterar a pre-
cisão do swing ou putting. O acerto preciso do compri-
mento da bracelete em elastómero extensível sem fecho
proporciona uma perfeita adaptação do relógio ao pulso
e a sua elasticidade permite-lhe moldar-se às variações
de diâmetro do pulso durante o esforço de um swing. A
configuração da coroa nas 9 horas permite-lhe, ainda, não
magoar o pulso durante o movimento. Preço: € 1.180
42 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
ReportagemTourbillon Souverain [52]
EntrevistaFrançois-Paul Journe [46]
ReportagemRolex Yacht Master II [68]
ReportagemExtreme LAB [62]
ReportagemMostradores Franck Muller [56]
ReportagemRaymond Weil - Nabucco [76]
ReportagemFilipe Lima [72]
45Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Espiral do Tempo: O François é conhecido como um pro-
vocador, porque fala com toda a franqueza. Há muito
tempo, durante a adolescência, a franqueza valeu-lhe
a expulsão da escola de relojoaria de Marselha, cidade
onde nasceu, em 1957. Acha que todas as verdades
são para dizer?
François-Paul Journe: Quando eu era pequeno, fui sobretudo posto de parte. Quanto à verdade, Montherlant dizia que aquele que diz a verdade é como uma criança que faz xixi na cama!
ET: O director da escola de relojoaria de Marselha disse-
lhe, quando o expulsou, que nunca haveria de ser um
bom relojoeiro.
FPJ: Não exactamente. Quando, na altura, o direc-tor da escola de relojoaria de Marselha chamou a minha mãe, pediu-lhe que me orientasse noutra direcção.
ET: Mas insistiu e entrou na escola de relojoaria de Pa-
ris, em 1975. Porquê?
FPJ: Eu na verdade não tinha escolha. Não podia se não ir para Paris, depois da minha expulsão de Marselha. Acabei por não conseguir que me expulsassem também de Paris.
Felizmente, o director, de origem córsica, era um amigo da família e adorava ser presen- teado com garrafas de vinho! Senti-me demasia-do longe de casa. Mas como todos me tomavam por um inútil, resolvi provar que se enganavam. Tive portanto a melhor nota da turma, no último ano do curso.
ET: Foi talvez a vontade de se vingar daqueles que nun-
ca acreditaram em si?
FPJ: Foi um pouco por orgulho: se posso, quero e se quero, posso.
ET: Seguem-se oito anos de aparente tranquilidade, em
Paris, onde aprende, como outros grandes relojoeiros
da sua geração, a reparar peças antigas no ateliê do
seu tio Michel. Considera esta passagem um momento
de formação obrigatório para um relojoeiro?
FPJ: O restauro ou o conhecimento. Ninguém imagina um músico, que pretenda criar música, a não querer ouvir Mozart ou Beethoven. Se al-guém se interessa por um determinado assunto, põe-se à procura das origens, das fontes. É ver-dade que, actualmente, na Suíça, já não se ensina a história relojoeira, mas a indústria ou a cultura empresarial.
ET: Por história, entende....
FPJ: Se me mostrar um relógio do século XVII, posso dizer-lhe se é alemão, francês, posso falar--lhe da tecnologia que tem... Se lhe faltar uma
46 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Entrevista ]
entrevista Hubert de Haro | fotos Nuno Correia | Genebra, Suíça
Agradecimentos a Natalia Signorini, Assessora de Imprensa Montres Journe S.A.
A franqueza com que fala teria sido suficiente para atrair os raios e coriscos dos bempensantes da relojoaria helvética.
Mas ele é também um dos mais talentosos jovens criadores de uma geração já de si extraordinária.
Retrospectiva sobre a personalidade de FrançoisPaul Journe, para quem a relojoaria,
a independência e a provocação são notas dominantes numa carreira já marcada
pelos maiores prémios internacionais.
47Entrevista François-Paul Journe
48 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
“Uma verdadeira complicaçãoé inventar uma peça que possa substituir três.”
François-Paul Journe
O primeiro relógio construído por FrançoisPaul Journe em 1982 e os primeiros esboços para
a colecção Octa, do início dos anos noventa. Estes esboços foram feitos numa tolha de papel
de um restaurante e guardados pelo mestre relojoeiro.
No Verão de 2005, em entrevista à Espiral do Tempo, FrançoisPaul Journe falounos dos seus
projectos e ambições. Volvidos 2 anos assistimos ao crescimento e ao reconhecimento cada
vez maior do relojoeiro genovês. O projecto FP Journe está sólido, bem dirigido e para durar.
peça, posso fazer uma igual, porque lhe conheço a forma, bem como a posição que ocupa.
No restauro, é também interessante com-preender as sínteses que alguns relojoeiros con-seguiram fazer. Quando decido produzir um novo calibre, a verdadeira complicação é inventar uma peça que possa substituir três.
ET: Um dos seus amigos sugeriu-lhe, em 1982, que
criasse o seu próprio turbilhão, uma complicação relo-
joeira que mais tarde se viria a tornar no seu primeiro
cartão de visita. Admitiu, na altura, que não domina-
va esta peça, mas lançou-se à aventura. Foi assim que
apareceu o seu primeiro relógio, cinco anos mais tarde.
Tinha vontade de se vingar de todos os que duvidavam
das suas capacidades?
FPJ: Não exactamente. Quando já estava a tra-balhar com o meu tio, em 1978, tínhamos um cliente – Cecil Clutton – que aparecia frequente-mente com relógios incríveis. Era um verdadeiro intelectual, coleccionava relógios e Bugatti, e ainda ia tocar órgão a Notre Dame. Além disto, eu vivia num mundo de antiquário onde os reló-gios de bolso turbilhão eram raros. Como estes relógios eram muito caros e eu sabia que não os podia comprar, decidi pôr-me a fazer um.
Mas é verdade que eu não fazia a mínima ideia de como funcionava um turbilhão. Pus-me portanto a estudar, a deduzir desenhos... Levei cinco anos a fazer o meu turbilhão num relógio de bolso.
Entretanto, alguns coleccionadores co-meçaram a pedir-me um relógio. Terminei em 1982 o turbilhão que ainda hoje conservo.
Trabalhava no ateliê do meu tio de segunda a quarta-feira e, de quinta a sábado, trabalhava para mim.
ET: De onde vem a ideia da corda de igualdade?
FPJ: O primeiro a utilizar este princípio foi Jopst Burgi, no século XVI. Ele criou um relógio de sala de corda, com três meses de reserva de mar-cha. Com as molas, não chegava a ter uma força constante durante três meses, daí o princípio da corda de igualdade, que permite regular esta força. Depois, no século XVIII, outros relojoeiros, como Robin, aplicaram este princípio em peque-nos relógios de molas, em formato de mesa.
Finalmente, este recurso foi utilizado no sécu-lo XIX pelos relojoeiros de torre. No caso, não
havia o problema da precisão, já que se tratava de pesos e não de molas. Tratava-se, naquela época, de isolar os ponteiros do mostrador que apanha-vam o ar do sistema regulador do movimento.
O princípio do meu turbilhão é, portanto, o usado do século XVIII, ou seja, o de nivelar a força da mola para que o escape receba a mesma energia.
ET: A apresentação do seu turbilhão, em 1991, na sala
dos relojoeiros independentes em Bâle, não interessou
muita gente.
FPJ: Gunter Blumlein chegou a interessar-se, pen sando nos 125 anos da IWC. Mas acabámos por não chegar a acordo porque eu não conse- guiria produzir uma tal quantidade. Mas bem se inspirou ali para a marca Lange & Söhne.
ET: Foi co-fundador, em 1989, da sociedade Techniques
Horlogères Appliquées em St. Croix. A lista de enco-
mendas de peças especiais faz referência a prestigiados
clientes: Chronographe Monopulsant pela GP, Pendules
Sympathiques pela Breguet, Pendules Mystérieuses
pela Cartier, Sonnerie pela Piaget. E, no entanto, sai da
sociedade em 1994.
FPJ: Surpreendi um associado em práticas que, para a minha ética de trabalho e de vida, são ina-ceitáveis. Saí e mantive a minha quota na socie-dade até hoje. Mas decidi sair para recriar uma estrutura pela qual me pudesse responsabilizar in teiramente e a qual pudesse controlar. ET: Admite que “depois de abandonar a THA, não sa-
bia o que fazer”. É então que recebe o prémio Gaia do
Museu do Homem e do Tempo. Que influência teve
este prémio em si?
FPJ: Naquela altura, estava eu em Paris a fazer umas peças únicas para a Piaget, quando um amigo me informa de que há um ateliê relojoeiro já equipado à venda em Genebra. A oportuni-dade interessou-me tanto mais quanto me aper-cebi de que as alfândegas não facilitavam o tra-balho entre Paris e as empresas suíças. E depois o TGV passou a ligar Paris e Genebra.
Na mesma altura, o turbilhão, que não agra-dou em 1991, começa a interessar os colecciona-dores. Decidi então fazer 20 peças em Genebra, que vendi por encomenda aos meus amigos e a coleccionadores. Ao mesmo tempo, volto a tra-balhar no protótipo da ressonância.
ET: Vinte e três anos depois da saída da escola de re-
lojoaria de Paris, a sua carreira vê-se relançada, em
1999, pela apresentação em Bâle do seu turbilhão com
corda de igualdade e com o rótulo FP Journe ‘Invenit
et Fecit’. O reconhecimento do público é imediato. O
que sentiu naquela época? Todos os esforços tinham
mesmo valido a pena...
FPJ: Foi um ano depois do crash asiático. Os co-merciantes andavam à procura de novidades. Naquela época em que ainda não tinha autono-mizado tanto a minha produção, não tive dificul-dades em encontrar fornecedores. Nos dias que correm, ser-me-ia impossível ter uma peça de um fornecedor.
A colecçãoET: Qual é a patente de que se orgulha mais?
FPJ: O princípio da corda de igualdade e o cro-nó metro de ressonância para um relógio de pulso continuam a ser exclusivos mundiais.
ET: Em 2005, decidiu utilizar o ouro para o conjunto dos
seus movimentos. Porquê?
FPJ: Sempre me pareceu bastante lógico para a alta-relojoaria, mesmo sendo o ouro mais difícil de trabalhar industrialmente do que o latão. Os utensílios partem-se mais facilmente, o que torna exorbitante o custo industrial. Escolhemos, no entanto, passar à frente sem aumentar de forma imprudente o preço dos relógios. Era pena ter-mos mecanismos exclusivos em latão enquanto nós só utilizamos metais preciosos nos nossos relógios (platina ou ouro) – à excepção do Son-nerie Souveraine.
ET: Apresentou um novo calibre, o OCTA 1300-3, que
possui um novo rotor que se monta numa só direcção.
Quais são as vantagens?
FPJ: Quis responder aos coleccionadores que têm actividades mais estáticas e que, portanto, não conseguem carregar suficiente aos seus relógios automáticos.
O princípio é o da sobreposição de dois rola-mentos de esferas. O primeiro é independente do segundo e não engrena com o barrilete. Conse- gue-se assim também que a massa oscilante tenha mais amplitude que num relógio normal. Quan-do a massa volta a baixar, ela engrena, através do segundo rolamento de esferas, directamente so bre o barrilete e carrega ao relógio.
49Entrevista François-Paul Journe
“Uma verdadeira complicaçãoé inventar uma peça que possa substituir três.”
François-Paul Journe
50 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
ET: Voltemos ao Grande et Petite Sonnerie, apresenta-
do em 2006, um relógio com dez patentes. Qual é a pa-
tente mais marcante? Estes princípios podem aplicar-se
ao resto da colecção? São todos importantes, pois todos
foram criados para que o relógio fosse fiável e usável!
FPJ: Foi apresentado em Abril de 2006, mas o pri-meiro relógio foi lançado em Portugal, em Março do mesmo ano! Não creio que muitas marcas es-tejam em condições de lançar tão depressa as suas novidades! A empresaET: Tem uma empresa financeiramente independente
de um grupo. Nunca teve a tentação de se integrar
num grupo relojoeiro?
FPJ: Nunca.
ET: Fale-nos sobre os seus ateliês actuais em Genebra e
sobre os seus projectos.
FPJ: Ambicionamos a autonomia da nossa pro du-ção, mas queremos manter limitado o número da produção total. Além disto, já devíamos ter au-mentado a nossa secção de décolletage (produção de parafuso), para podermos libertar-nos dos nossos fornecedores ainda mais depressa do que o previsto. Temos actualmente de esperar entre três e nove meses para receber parafusos! Pelo menos, acabámos de adquirir 50% do nosso fornecedor de caixas, depois de termos criado, em 2004, em parceria com uma outra marca de relógios, a nossa própria sociedade de produção de mostradores.
ET: Como avalia a formação actual dos relojoeiros e o
que faz, no dia-a-dia, para formar os seus próprios em-
pregados.
FPJ: Vamos instalar no nosso espaço próprio uma escola para aprendizes e para uma formação es-pecializada no serviço de pós-venda dos nossos relógios.
ET: Quantos relojoeiros trabalham hoje para os relógios
Journe? Acha que existe uma quantidade crítica que
não se deve ultrapassar?
FPJ: A sociedade conta actualmente com umas cinquenta pessoas. Gostava de poder continuar a autonomizar a produção, para me tornar com-pletamente independente.
51Entrevista François-Paul Journe
ET: Apresenta o seu trabalho como o de um explorador
e o de um construtor de protótipos. Como se desenrola
o trabalho de equipa depois com os construtores e os
relojoeiros?
FPJ: Quando me envolvo numa nova exploração, divido os problemas em várias pequenas dificul-dades. Trato-as separadamente, umas atrás das outras. Neste processo, consulto por vezes os meus relojoeiros. Quando chego à fase do pro-tótipo, transmito o trabalho aos construtores.
ET: Acha possível vir a fazer um dia, em parceria com
outras empresas, uma nova espiral e tornar-se assim
completamente independente do NIVAROX e do grupo
Swatch?
FPJ: Não estou empenhado em livrar-me da Ni-varox.
ET: Quais serão os impactes das novas normas do ‘Swiss
Made’, caso sejam aprovadas pela comissão europeia?
FPJ: Nenhum dos meus relógios tem o rótulo «Swiss Made». Nunca senti necessidade de o usar. A minha assinatura acompanhada do meu próprio rótulo «invenit et fecit» – (inventar e fa- zer) garante a minha ética e o meu respeito pelo meu trabalho e pelos meus clientes.
ET: Depois de Tóquio, em 2003, HK em 2006, HEN e
a Florida em 2007, considera que o futuro da marca
passa pelas lojas?
Perfil
Local e data de nascimento. Marselha, 22 de Março de 1957.
Irmãos e irmãs. Primogénito da família? Um irmão dois anos mais novo e um pequeno meioirmão.
Cor preferida? Tudo menos verde.
Aroma/perfume? O cheiro da cozinha.
Textura (madeira, veludo, cabedal...)? Detesto veludo.
Açúcar ou sal? Sal.
Prato preferido? Peixe e marisco.
Vinho branco ou vinho tinto? Vinho tinto.
Fato e gravata ou calças de ganga e camisa? Calças de ganga.
Personagem histórica? William Turner.
Local preferido? Tóquio.
Objecto preferido (excepto relógios)? Não sou materialista.
Livro ou Ipod? Livro.
Exposição de pintura ou BD? Pintura.
Televisão ou cinema? Cinema em casa.
Primeiro relógio de bolso? Tinha três anos e nunca mais o larguei!
Que relógio teria adorado inventar? A obraprima de Antide Janvier: as quatro faces planetárias.
FPJ: A nossa produção mantém-se limitada, mas, como os nossos produtos são muito especiais, é indispensável controlar o mais possível o serviço ao cliente no seu conjunto. Pensamos em abrir, no entanto, um máximo de três lojas na Europa e nos Estados Unidos.
ET: Quais são os seus objectivos, no que respeita a
quantidades de relógios para 2010?
FPJ: Produzimos, actualmente, 800 relógios. O aumento dos nossos ateliês e a nossa autonomi-zação progressiva deverão permitir-nos alcançar os 1200 relógios. Não gostaria de ultrapassar este número. Considero que as nossas lojas deveriam representar cerca de 800 relógios e que o resto deveria ser representado por uma rede limitada a 30 POS independentes. Vou, por isso, pôr fim aos contratos que tenho actualmente com cerca de 20 POS.
ET: Uma última pergunta: – Como define a alta-relo-
joaria?
FPJ: Não creio que existam marcas de alta-relojo-aria, mas modelos de alta-relojoaria. Estes mo-delos têm de ter um excelente acabamento e um mecanismo original, cuja patente seja proprieda-de da marca. Os calibres também devem ser des-providos de módulo, quer se trate de um relógio com três ponteiros quer se trate de uma grande complicação. ET
François-Paul Journe lançou a marca F. P. Journe com a sua assinatura a chancela em latim “Invenit et Fecit” estampada em dois relógios originais ‘inventados’ por uma
mente iluminada e ‘feitos’ com mão de mestre. Um deles é o Chronomètre à Résonance; o outro é o
Tourbillon Souverain – que agora entra na segunda geração aliando o sistema de corda de igualdade ao...
segundo morto.
[ Reportagem ]
Costumava gritar-se «O rei morreu, viva o rei» por alturas de sucessão dinástica. E François--Paul Journe pode anunciar «O soberano morreu, viva o soberano» na sequência da actualização de um emblemático modelo que ajudou a estabele-cer a sua marca como uma incontornável referên-cia da alta-relojoaria contemporânea.
O mestre francês surpreendeu o mundo com a apresentação de dois modelos espectaculares, na Feira de Basileia de 1999, integrados na linha Souverain: o Tourbillon (com um sistema de ‘cor-da de igualdade’, que fez dele o turbilhão mais preciso do mundo) e o Chronomètre à Résonance (que abriu novas fronteiras para a técnica de me-dir o tempo graças ao princípio da ressonância). Ambos os modelos são elaborados em caixas de ouro ou platina com fundos transparentes e me-canismos verdadeiramente únicos, sob mostrado-res personalizados em ouro com submostradores
“Montar e desmontar totalmente o mecanismoantes de chegar ao resultado desejado, é um exercício diário. Sendo o turbilhão composto
por mais de 60 partes cada gesto exige uma destreza extrema e uma incansável preserverança.”
François-Paul Journe
aparafusados em prata guilloché e ponteiros azula-dos. Foi o arranque perfeito para François-Paul Journe que, desde então, cimentou o seu prestígio na rarefeita estratosfera da altíssima-relojoaria – criando vários outros modelos de excepção que foram premiados consecutivamente no Grande Pré mio de Relojoaria de Genebra.
Há três anos, François-Paul Journe anunciou que todos os calibres mecânicos dos seus relógios passariam a ser concebidos em ouro e depois des-
velou a nova geração do Tourbillon Souverain: o Tourbillon Souverain à Remontoir d’Egalité avec Seconde Morte, transformando instantaneamen-te o Tourbillon Souverain original num modelo de colecção (ainda mais do que já era, devido ao prestígio e à escassez de produção!).
Soberano de ouroO Tourbillon Souverain original incluía, numa estreia em relógios de pulso, o chamado remontoir
52 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Genebra, Suíça
53Reportagem Tourbillon Souverain
No atelier de FrançoisPaul Journe na
Rue de L’Arquebuse em Genebra, en
contrase um verdadeiro ambiente de
manufactura no sentido mais puro.
As peças que saem sob o nome FP
Journe são tão escassas como fasci
nantes. Para lá da suprema qualidade
artesanal vivem mecanismos únicos
e reveladores dos profundos conheci
mentos de relojoaria do Mestre Relo
joeiro FrançoisPaul Journe.
54 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Tendo conquistado a admiração dos
conhecedores e o reconhecimento
dos seus pares FrançoisPaul Journe
mantém uma colecção excepcional
de modelos no seu portfólio.
O relojoeiro assume o controle total
na produção das suas peças, não
sendo invulgar assistir à entrega de
algum modelo especial por parte do
próprio FrançoisPaul Journe ao com
prador.
55Reportagem Tourbillon Souverain
O que é o sistema designado por seconde morte? A complicação, recuperada
por FrançoisPaul Journe e única num relógio de pulso contemporâneo, até
ser imitada por outras marcas, oferece uma leitura mais precisa do que os
ponteiros de segundo que se movem constantemente – a definição de segundo
morto tem que ver com o facto de o ponteiro dos segundos se manter imóvel
(morto...) até que o espaço de tempo do segundo passe e aí movese para a
posição seguinte.
Segundos mortos-vivos!
“Num mecanismo, hálatão que é necessário, mas também há
latão que não é necessário. Se estamos no
luxo, vamos até ao fim – mudar todos os
calibres F.P. Journe para ouro rosa de 18
quilates e laminado. Apesar da reputação
que o ouro tem de ser maleável, o ouro que
usamos tem 240 vickers de dureza.”
François-Paul Journe
d’égalité (corda de igualdade) – que proporciona uma força constante no escape, notável pelas suas prestações cronométricas de precisão.
Essa característica mantém-se, obviamente, no novo Tourbillon Souverain, embora com a companhia do peculiar sistema de segundo morto (seconde morte: o ponteiro dos segundos mantém--se imóvel até ao final do segundo e salta para o segundo seguinte, em vez de manter uma trajec-tória constantemente móvel). E, como em todos os mecanismos com a assinatura F. P. Journe, o calibre de corda manual FPJ 1403 é construído em peças de ouro rosa de 18 quilates – envolto também por uma caixa em platina ou ouro rosa com 40 milímetros de diâmetro.
Desde sempre, o homem tentou utilizar a ciência em seu benefício na histórica demanda pela pedra filosofal e pela milagrosa fórmula que lhe permitisse transformar qualquer coisa em ouro, mas o Toque de Midas de François-Paul Journe não tem a ver com qualquer poder sobre-natural – tem que ver com competência e genia-lidade. No caso do mestre marselhês, a alquimia que o ajudou a passar do latão para o mais famoso dos metais preciosos foi um processo cientifica-mente pensado e que exigiu inúmeras experiên-cias, já que o objectivo era também dotar os seus ateliês da Rue de L’Arquebuse, em Genebra, de uma estrutura própria para o fabrico em série. É que uma coisa é criar um único mecanismo em ouro – e François-Paul Journe já o havia feito, quando concebeu os seus primeiros exemplares de bolso pluricomplicados; nessas peças indivi-duais e nos protótipos, pode-se aplicar as gravu-ras, a decoração e a anglage em qualquer altura da produção. Outra coisa é passar para séries mais numerosas (embora sempre limitadas, porque a produção total da marca F. P. Journe não chega
aos mil relógios por ano), que exigem maquinaria específica para suportar o processo de fabrico...
O latão bem trabalhado, e pontualmente as-so ciado a outros metais através de ligas, sempre se revelou uma matéria adequada para os meca-nis mos relojoeiros; a qualidade do mesmo foi au mentando ao longo dos últimos séculos e tem sido utilizado na alta-relojoaria. Mas François- -Paul Journe quis mais e melhor, logrando dar um ca rácter ainda mais precioso aos seus preciosos calibres mecânicos.
Assinatura de prestígioO primeiro modelo a receber um calibre em ouro foi o Tourbillon Souverain – actualmente desig-nado Tourbillon Souverain à Remontoir d’Egalité avec Seconde Morte. A designação surge inscrita num mostrador em ouro que coloca simetrica-mente a gaiola do turbilhão ao lado do tradicional submostrador em prata com os característicos al-garismos árabes e os ponteiros azulados, sendo o conjunto embelezado com trabalho em guilloché e parafusos ornamentais. Em baixo, o contador dos pequenos segundos com o ponteiro do segundo morto; em cima, a escala indicadora da reserva de marcha (42 horas).
O novo Tourbillon Souverain, galardoado com o Grande Prémio de Relojoaria de Genebra, é uma prodigiosa peça que representa uma súmu-la da autenticidade e da criatividade das ciências relojoeiras, reflectindo aspectos das manufacturas tradicionais mas também pormenores inovadores e contemporâneos. Cada novo guardião do tem-po FP Journe é um produ to da mente criadora do mestre marselhês e é inteiramente original em termos de construção e estilo – a autenticidade de invenção e concepção é garantida pela já famosa inscrição Invenit et Fecit. ET
56 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Nivelamento do mostrador por polimento e amaciamento. Passagem por três bobinas: a primeira, abrasiva, com grãos mais
grossos e, depois, com dois discos em feltro para polir e tornar brilhante o mostrador. O petróleo – abrasivo – misturado com o
óleo permite lubrificar e limpar as impurezas.
[ Reportagem ]
texto Hubert de Haro | fotos Nuno Correia | Les Bois, Suiça
Quarta-feira, dia 5 de Setembro, 8 horas da manhã. Ao chegarmos a Les Bois, o termómetro do carro indica apenas um grau-zinho, enquanto observamos os campos ainda brancos pela geada matinal. Situada na Suiça, no Arco do Jura, esta pequena vila encontra-se a 15 qui-lómetros de La Chauds-de-Fonds, no meio da montanha, e tem aproxima-damente 1000 habitantes.
Um moderno sítio na Internet (www.lesbois.ch) surpreende pelo di-namismo e pela modernidade. Não é de estranhar, no entanto, tendo em conta tratar-se de um lugar que se orgulha dos seus três séculos de tradição relojoeira. A manufactura de Les Fils d’Arnold Linder S. A. é, actualmente e desde que em 2001 se instalou em Les Bois, uma das PME de sucesso da região.
Uma empresa histórica no Arco do JuraTendo constituído em 1946 uma empresa fami liar, os dois irmãos Linder, originários de Le Locle, rapidamente se afirmaram e desenvolveram uma notável carteira de clientes de marcas de prestígio, entre os quais se destaca especialmente a Piaget. A entrada nos anos 80 e a chegada do quartzo vieram pôr em causa quatro décadas de trabalho árduo.
A refinada estética dos mostradores assinados pelo célebre relojoeiro
genebrino participa do êxito internacional que a marca tem, tanto quanto o formato das caixas ou os
calibres com muitas complicações. Investigação sobre os segredos desta empresa, detida a 100% pelo
grupo Franck Muller: a manufactura dos mostradores “soignés” (requintados), Les Fils d’Arnold Linder.
58 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
As duas grandes prensas, de 400 toneladas de pressão cada, en
contramse no subsolo sobre um pavimento separado do resto do
solo. A estampagem dos mostradores ou das horas em relevo é a
primeira decoração comum a todos os mostradores Franck Muller.
Existem em stock uma centena de estampas.
“Vivemos em perfeitaautocracia: não subcontratamos nada.»
Jean-Paul Boillat
Por outro lado, os dois irmãos tinham am-bos largamente excedido a idade da reforma (em 1984, celebravam 72 e 86 anos).
Ao mesmo tempo, Jean-Paul Boillat, actual administrador-delegado da sociedade, demonstra o rigor da sua gestão na Singer, outro famoso for-necedor de mostradores da região de La Chauds--de-Fonds. Em 1984, o CEO do seu principal clien te, a marca Baume & Mercier, contacta-o para lhe propor um encontro com Valentin Piaget, poderoso industrial suíço, que presidia aos desti-nos das duas marcas: Piaget e Baume & Mercier. «Preciso de alguém que recupere a sociedade dos irmãos Linder», lança Valentin Piaget, à laia de desafio. Os acontecimentos precipitam-se e Jean-
-Paul Boillat torna-se, então, accionista e geren-te da manufactura de Les Fils d’Arnold Linder, S. A. Enquanto dedica tempo e investimentos à modernização dos instrumentos de produção, Valentin Piaget garante-lhe 100% das encomen-das para a marca Piaget. Este idílio relojoeiro en-tre os dois homens acabará por vacilar, aquando da aquisição da Piaget pelo grupo Richemont, no final dos anos 90, e, principalmente, aquando da aquisição pelo grupo da sociedade de mostra-dores Stern.
Enquanto isto, uma nova e imprevista reunião permite a Jean-Paul Boillat reorientar a socieda-de. De facto, o relojoeiro Franck Muller exprime a vontade de se associar a ele e assim garantir o
de senvolvimento da marca genebrina. A manu-factura Les Fils d’Arnold Linder, S. A. muda-se, no início de 2001, para o espaço de 15.000 m2 que actualmente ocupa e que se encontrava devo-luto desde 1995.
Entre o artesanato e a micromecânicaA visita exaustiva aos ateliês leva-nos a tomar cons ciência da complexidade que a produção do mostrador Franck Muller tem. «São necessárias perto de 120 operações para fabricar os nossos mos tradores», explica Jean-Paul Boillat. «Não nos contentamos com o fabrico e a cópia dos mos tra dores, produzimos nós próprios todas as necessárias aplicações (números, ponteiros, aros
Granulagem manual obtida por meio de três passagens suces
sivas de polimento nos mostradores com a ajuda de três escovas
diferentes: a primeira, com pelos de crinas; a segunda, com pelos
de latão; e a terceira, com madeira do Panamá e pelos de seda
fina. Os mostradores têm uma camada fina de prata, previamente
obtida por galvanoplastia. Esfregase uma mistura de pós de prata
e de rocha do Levante nos mostradores durante estas diferentes
escovagens.
Controlo visual da qualidade dos mostradores depois do decalque.
Galvanoplastia cuja parte superior é constituída por 14 coberturas.
As quatro primeiras são de limpeza, as seguintes de ouro, prata,
níquel e banho azul. Coberturas inferiores de lavagem. Os mostra
dores ou números de cunhagem em latão devem ser polidos pre
viamente para a escovagem ou para o jacto de água e pedra de
levante (pó abrasivo, do tipo talco).
59Reportagem A face oculta dos mostradores
60 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Técnica eléctrica de fixação das cha pas
do mostrador: colocação dos pés em
latão, sem necessidade de matéria,
por «atomização» e descarga eléctri
ca. Reacção molecular entre o latão
do mostrador e o dos dois pés.
Lacagem dos mostradores do Master
Banker Lua na “Câmara Branca”. De
acordo com o resultado desejado, o
pintor mistura previamente a laca
líquida com verniz opaco ou com ga
solina. Os testes podem demorar en
tre uma hora e meiodia de traba lho
até se atingir a cor exacta.
61Reportagem A face oculta dos mostradores
do contador), assim como todos os nossos uten-sílios». O resultado é um espantoso contraste entre a modernidade e o artesanato harmoniosa-mente enlaçados numa extraordinária realização. Desde a prensa, engenhosamente instalada na cave do edifício, a fim de evitar barulhos e tremo-res aos cerca de 100 empregados da empresa, à mecânica, passando pelos decalques e a colocação do luminova no interior dos números do mostra-dor. Trata-se de um mesmo ‘corpo’ que trabalha em complementaridade e com uma precisão que pode atingir os 2/100 milímetros. No desenrolar da visita, Jean-Paul Boillat lembra-nos que «saem diariamente dos ateliês 200 mostradores, em sé-ries que variam entre os dois e os 1000 mostrado-res. Não queremos produzir em massa, queremos apresentar à casa-mãe Franck Muller um produ-to artesanal».
Importa ter em mente, ainda, que o reverso dos mostradores pode apresentar ‘cavidades’: es-paço escavado no latão destinado à inserção de
um elemento externo ao movimento (roda den-tada...), tudo invisível ao olho nu do colecciona-dor. Algumas técnicas chamaram especialmente a nossa atenção.
O alquimista pintor da lacagemA lacagem é efectuada numa ‘câmara branca’, um ateliê hermeticamente isolado e conforme às normas internacionais GELAIR 100 (pre-sença no ar de menos de 100 partículas de 0,1 mícrones por pés cúbicos, aproximadamente 30 litros!). O responsável por este ateliê explica-nos como as misturas de laca líquida com vernizes de cores permite aproximar-se da cor final pretendi-da por Genthod. De facto, será necessário entre uma hora e meio-dia para que o olho experiente do pintor encontre a dosagem perfeita!
Química e o ambiente em galvanoplastiaA galvanoplastia, situada perto da ‘câmara bran-ca’, é toda ela de uma empolgante modernidade.
Este procedimento químico permite fixar dife-rentes tipos de metais (ouro, prata, níquel...) nos mostradores ou nas aplicações. Este ateliê tem o aspecto de uma secção de banhos, onde os des-perdícios são meticulosamente tratados.
Os gestos secularesA dois passos, mergulhamos no século passado. Um jovem aprendiz “mata-se” a escovar uma placa constituída por 20 mostradores. Durante três mi-nutos e três vezes consecutivas, uti lizará escovas diferentes (de madeira nacional e do Panamá e de crina de cavalo ou latão) para depositar um pó de prata sobre estes mostradores, que rece be ram pre-viamente num banho de prata. A reac ção molecu-lar que resulta do contacto entre o pó e o mostrador dá um admirável aspecto «areado».
A nossa visita durará cerca de duas horas, pontuadas pelas explicações concisas e não menos apaixonadas de Jean-Paul Boillat. É alta-costura relojoeira num guarda-jóias verdejante! ET
Nomenclatura de vernizes translúcidos e os diferentes mostra
dores que servem de protótipos.
Pormenor dos tubos de verniz de polivinil.
“Não ambicionamos a hiperprodução,o que significa critérios de exigência muito elevados
conducentes a 50% de refugo.»
Jean-Paul Boillat
62 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
A Jaeger-LeCoultre revela-se bem sucedida a fazer futurologia no presente: com um mecanismo turbilhão que não requer
qualquer tipo de óleo e uma estética vanguardista, o Master Compressor
Extreme LAB faz tábula rasa das convenções tradicionais. Um fascinante
cocktail tecnológico que promete ser o padrão a seguir na alta-relojoaria!
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Le Sentier, Suíça
[ Reportagem ]
Durante muito tempo a Jaeger-LeCoultre foi encarada como uma casa relojoeira que per-sonificava o que de melhor existia na relojoaria clássica. Mesmo que a sua extraordinária com-petência comprovada em múltiplos domínios da micromecânica permitisse à Manufactura sediada em Le Sentier desbravar novos caminhos na arte de medir o tempo, a tecnologia surgia invariavel-mente integrada num invólucro de linhas puras e elegantes...
A tendência mantém-se, mas no início da dé-cada foi aberta outra via com o advento da linha mais desportiva e radical Master Compressor. E as grandes novidades da Jaeger-LeCoultre em 2007 são bem reveladoras dessa abrangência que vai de
uma ponta à outra do espectro da alta-relojoaria: por um lado, a pureza clássica do Duomètre à Chronographe, um cronógrafo de alto rendi-mento; por outro, o vanguardismo desportivo do Master Compressor Extreme LAB, que passa por ser o primeiro relógio a funcionar com fiabilidade sem o recurso a qualquer tipo de óleo.
TecnolojoariaO Extreme LAB afigura-se esteticamente como o relógio mais radical jamais saído dos ateliês da Manufactura, num explosivo cocktail que combina novos materiais com soluções técnicas revolucio-nárias – para um saldo final de seis novas patentes embrulhadas numa tendência que se poderá bap-
tizar de ‘alta-tecnolojoaria’, onde a estética indus-trial está intimamente ligada à técnica de ponta e é realçada em mostradores estruturados que colo-cam em evidência as funções do mecanismo.
A nova criação da Jaeger-LeCoultre é si-multaneamente tecnológica e viril, combinando aquela que passa por ser a mais emblemática complicação da relojoaria clássica com um ro-busto mecanismo automático que bate à eleva-da frequência de 28.800 alternâncias/hora sem necessitar de óleo para funcionar em condições extremas, seja a 40.º negativos, seja a 60.º posi-tivos. As temperaturas gélidas congelam o óleo e fazem parar qualquer mecanismo relojoeiro, mas não o Extreme LAB; a dispensa de qualquer tipo
63Reportagem Extreme Lab
Como qualquer mecanismo, os calibres relojoeiros tradicionais sempre neces
sitaram de lubrificantes para atenuar o desgaste provocado pela fricção e
assegurar o funcionamento das diversas peças em movimento. Um mecanismo
relojoeiro necessita de lubrificantes de diversa índole e viscosidade para peças
envolvidas em actividade de altarotação ou interactividade. Mas já se sabe que
as propriedades dos óleos e das gorduras vãose deteriorando com o tempo e
a prestação dos mecanismos sofre em consequência, podendo mesmo sofrer
danos importantes se os lubrificantes não forem substituídos no seu devido
tempo. Ou seja, afecta o aspecto perpétuo de um mecanismo automático. Por
isso é que a concepção de um calibre sem necessidade de lubrificantes, que é
teoricamente perfeito, sempre constituiu um sonho para qualquer relojoeiro e
qualquer casa relojoeira.
Gordura sem formosura
64 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
E é precisamente o recurso a novosmateriais que está a lançar a relojoaria nos caminhos de futuro, daí o
investimento da Jaeger-LeCoultre na contratação de pessoal especializado
no sector sem que tenha obrigatoriamente um passado intimamente
ligado ao universo relojoeiro.
Independentemente da vanguarda tec
nológica a que o Extreme Lab eleva a
altarelojaria, os processos de Manufac
tura continuam a perpetuar a tradição
relojoeira a que a JaegerLeCoultre já
ha bituou os seus admiradores.
Stéphane Sogne especialista em ma
teriais experimentais e de vanguarda
e o rotor do Extreme Lab. É a tentativa
de adequação perfeita entre forma e
função.
65Reportagem Extreme Lab
de viscosidade é mesmo a primeira grande con-quista do calibre JLC 988C, graças a peças con-cebidas para não sofrerem erosão. A perfeição é alcançada também graças a uma nova geometria do balanço, para além da utilização de materiais mais leves e resistentes no sistema de escape e o inovador regulador do turbilhão.
Fica assim resolvida a eterna demanda relo-joeira em busca de um mecanismo perfeito que funcione sem óleo, o tal pequeno e fundamental detalhe que força os instrumentos do tempo a revisões mais ou menos periódicas. A substitui-ção do aço pela cerâmica (que não necessita de ser oleada) nos rolamentos de esferas dos rotores dos mecanismos automáticos de série a partir de 2002 já tinha permitido à Jaeger-LeCoultre es-paçar as revisões para dez anos; a utilização de novos materiais noutras peças veio dispensar o óleo nas outras partes do calibre.
MaterialistasE é precisamente o recurso a novos materiais que está a lançar a relojoaria nos caminhos de futu-ro, daí o investimento da Jaeger-LeCoultre na contratação de pessoal especializado no sector sem que tenha obrigatoriamente um passado in-timamente ligado ao universo relojoeiro. Como Stéphane Sogne, um jovem engenheiro mecâni-co especializado nos materiais chamados técnicos (experimentais e de vanguarda) que há dois anos e meio integra o departamento de pesquisa e de-senvolvimento da Manufactura. Juntamente com o prototipista Francis Crétin, já havia colaborado na concepção da carrosseria do AMVOX 2, o re-volucionário cronógrafo. O Extreme LAB surge na mesma linha, com a sua construção em carbo-no e titânio a afigurar-se extremamente original devido à eliminação de partes desnecessárias da estrutura. Os engenheiros químicos contribuem
para uma reflexão sobre cada peça e respectiva função no relógio. Na leve e rígida estrutura ex-terior do Extreme LAB, o carbono é protegido pelo titânio nas zonas mais vulneráveis aos riscos e impactos, mas é no coração do relógio que os novos materiais contribuem para a eliminação da necessidade de recurso ao óleo. Para além dos rolamentos de esfera em cerâmica, o ‘Easium’ – uma carbonitrura muito escorregadia e deslizan-te – faz a sua estreia na relojoaria e assume um protagonismo muito especial.
De uma dureza excepcional, o ‘Easium’ é do-tado de propriedades tribológicas (a tribologia é a ciência da fricção e do desgaste…) inauditas e afigura-se perfeito para substituir os tradicionais rubis lubrificados com óleo fino. Também o silí-cio e o diamante cristalino negro, material de sín-tese tão duro como o diamante natural mas com propriedades melhoradas, entram na composição.
66 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
67Reportagem Extreme Lab
O departamento de R&D(Pesquisa e Desenvolvimento) da Jaeger-LeCoultre juntou em laboratório 45 especialistas,
que reuniram diferentes ADN tecnológicos e trabalharam afincadamente
durante 17.520 horas ao longo de 2 anos e meio para tornar
o relógio do futuro numa realidade contemporânea.
«O Extreme LAB foi testado em situações extremas juntamente com outros calibres mecânicos e de quartzo,
revelandose claramente mais fiável. É um relógio revo lu cionário que não só é marcante para a relojoaria
mas também para a JaegerLeCoultre, porque projectos como o do Extreme LAB contemplam três vertentes: a
primeira tem a ver com ferramentas de comunicação, e o facto de divulgarmos que o Extreme LAB foi testado
numa escalada ao Evereste revela o facto de estarmos muito orgulhosos da sua fiabilidade; a segunda está
relacionada como facto de ajudarem a motivar as nossas equipas e de fornecerem um ímpeto catalizador na
concepção de diferentes modelos; a terceira implica a utilização de soluções técnicas integradas nos nossos
mecanismos relojoeiros – temos actualmente 40 calibres em produção que vão ser adaptados gra dualmente,
começando este ano com novos rotores e rodas de escape».
Jérôme Lambert, CEO da Jaeger-LeCoultre
Testado no topo do Evereste
E a superfície das peças recebe igualmente um tratamento especial que promove a longevidade do conjunto.
Noutro sector do mecanismo, a viscosidade desapareceu para dar lugar a pó de grafite que assegura o perfeito deslizar da mola no interior do tambor; contrariamente ao visco, a estrutura molecular do pó de grafite – que se apresenta sob a forma de um empilhamento de microplaque-tas – conserva as suas propriedades mecânicas ao longo do tempo, qualquer que seja a temperatura ou a higrometria. Os braços do rotor são realiza-dos em fibra de carbono, para que o suporte da massa seja mais leve e rígido; o próprio segmen-to da massa oscilante do rotor é composto por uma liga em platina iridium, o material físico não tóxico mais denso que é passível de ser trabalha-do. Mesmo o conjunto que permite a corda e o acerto das horas tem um tratamento em níquel / PTFE!
Para além de matérias inovadoras, a cons-trução revolucionária também está patente num balanço de geometria inédita (não tem a habi-
tual estrutura circular) em platina iridium com parafusos de regulação e que necessita de menos energia para oscilar (a uma cadência de 28 800 por hora), graças a uma optimização que lhe per-mite manter dimensões menores sem afectar os valores de inércia (11,5 mg por cm2). Tal como a aplicação da espiral está optimizada para um fun-cionamento perfeitamente concêntrico. A roda de escape é feita em silício e a caixa do turbilhão concebida numa liga de magnésio (que é duas ve-zes e meia mais leve do que o titânio!) que contri-bui para aumentar o rendimento excepcional.
Forma e funçõesMas a parte ‘materialista’ não é tudo. Também há um conjunto de funções, para além do turbilhão, a realçar. O Extreme LAB está também dotado de um segundo ponteiro para as horas e não es-quece a indicação a.m. / p. m. para a distinção entre o dia e a noite. A data, associada ao tempo de referência, é indicada analogicamente através de um ponteiro que salta entre o dia 15 e o 16 para não tapar a fascinante rotação do turbilhão
– um pormenor já patente no Master Tourbillon. O mostrador é dominado por uma ponte em ligas de alumínio, sendo a central em Ticalium (alumínio com carboneto de titânio). A estrutu-ra robusta e escurecida da caixa contribui para a personalidade moderna e sofisticada do relógio – para além de uma estanquicidade até aos 100 metros. Concebida em carbono e titânio, a cai-xa apresenta um diâmetro de 45 mm e, com três patentes por si só, complementa de modo ideal o mostrador estruturado, sendo acompanhada por uma luneta em carbonitrato de silício e um blo-co amortecedor em poliuretano vermelho. Até a bracelete é inovadora pela composição (pele, tela, tecido) e por um sistema de aperto patenteado.
O departamento de R&D (pesquisa e de-senvolvimento) da Jaeger-LeCoultre juntou 45 especialistas, que reuniram diferentes ADN tec-nológicos e trabalharam durante 17.520 horas ao longo de dois anos e meio para tornar o re-lógio do futuro numa realidade contemporânea. O Extreme Lab terá uma produção anual entre cinco e dez unidades. ET
Esteticamente, a Rolex sempre recusou sacrificar o seu código genético no altar das modas passageiras; a sua colecção baseia-se em modelos tradicionais que vão sendo melhorados quase im-perceptivelmente até à perfeição absoluta.
Claro que há três anos surgiu o Turn-o-Graph, mas não foi mais do que o reavivar de um modelo de outrora... tal como o Milgauss desvelado este ano. Na verdade, a última grande apresentação de um nome completamente novo na família Oyster remonta a 1992 e ao Yacht-Master. E é com o Oyster Perpetual Yacht-Master II, estreado em 2007, que a Rolex surpreende o mundo com uma nova carroçaria e uma nova complicação: numa caixa sobredimensionada, o mostrador revela-se original e deixa antever instantaneamente uma complexidade mecânica diferente...
A Rolex nunca embarcou na onda das ‘com-plicações’ porque o termo está associado a relógios pouco práticos e invariavelmente frágeis. As com-
[ Reportagem ]
68 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
A originalidade reside no facto de o calibre 4160do Yacht-Master II lhe permitir fornecer contagens decrescentes de o a 10 minutos,
para estabelecer o momento da largada de regatas com várias
sequências de partida.
texto de Miguel Seabra
A Rolex nunca enveredou pelos caminhos da relojoaria complicada
– a sua reputação intercontinental assenta sobretudo em relógios pragmáticos de extrema
fiabilidade e evidente funcionalidade. Por essa razão, o novo Yacht-Master II está a surpreender
os aficionados: apresenta uma complicação inovadora que inclui memória mecânica e surge
embrulhado numa inédita carroçaria na colecção da famosa marca genebrina.
plicações que têm figurado na colecção são básicas: a data (Datejust), eventualmente, também, o dia da semana (Day-Date) e o cronógrafo, num úni-co modelo, (Daytona). O novo Yacht-Master II não sai muito dessa órbita, mas é o primeiro cro-nógrafo munido de contagem decrescente com memória programável!
A originalidade reside no facto de o Calibre 4160 do Yacht-Master II lhe permitir fornecer contagens decrescentes de zero a dez minutos, para estabelecer o momento da largada de regatas, com várias sequências de partida. E o termo ‘pro-gramável’ – e não simplesmente ‘ajustável’ – deve-
-se ao facto de o relógio se ‘lembrar’: quando se faz um restart da contagem decrescente, o pon-teiro countdown retoma o lugar onde iniciou a última contagem. Um feito notável para um calibre mecânico.
A estrutura do Yacht-Master II, talhada num monobloco de ouro amarelo ou branco de 18 quilates, ostenta um diâmetro de 42,6 mm – o maior na colecção da Rolex. Com uma coroa protegida das infiltrações (pelo sistema Trip lock, que lhe garante estanquicidade a 100 metros) e dois botões, é acompanhada de uma luneta rotativa Ring Command que assegura a
Hans Wilsdorf, fundador da Rolex, registou duas patentes em La ChauxdeFonds, no ano de
1926, que lhe granjearam fama e fortuna. Essas patentes estão ambas ligadas ao conceito
Oyster e à obsessão então existente de tornar estanques os cada vez mais populares relógios
de pulso: uma tinha a ver com a construção da caixa a partir de um monobloco (uma junta
introduzida numa caixa com fundo e aro de rosca), que actualmente envolve 150 operações
diferentes; a outra estava relacionada com a forma de aparafusamento da coroa (através de
um tubo, sistema baptizado de Twinlock ou Trilock). Criados na segunda metade do século
XX, os modelos Submariner e SeaDweller estabeleceram novos padrões de estanquicidade
e passaram a reinar sob os mares. O YachtMaster domina sobre eles desde 1992 e o novo
YachtMaster II surge como fruto de uma íntima associação da marca aos desportos náuticos
e de toda a sua experiência alcançada no patrocínio de várias regatas de relevo – como a
regata SydneyHobart, a Maxi Yacht Cup ou a Middle Sea Race.
Histórica vocação marítima
69Reportagem Yacht Master II
70 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
71Reportagem Yacht Master II
Com uma coroa protegidadas infiltrações (pelo sistema Triplock, que
lhe garante estanquicidade a 100 metros)
e dois botões, é acompanhada de uma
luneta rotativa Ring Command que assegura
a interacção entre o mecanismo
e a caixa do relógio.
interacção entre o mecanismo e a caixa do reló-gio. Rodando a 90 graus, a luneta acede à função de programação da contagem decrescente e fecha essa programação. O mostrador, com pon teiros das horas e minutos ao centro e os peque nos segundos às 6 horas, apresenta a escala situada entre as 8 e as 4 horas para os minutos de cres-centes (ponteiro ao centro com triângulo) e tem ainda outro ponteiro (vermelho, ao centro) para os segundos decrescentes. A bracelete é Oyster com fecho Oysterlock e sistema Easylink.
FuncionamentoA cronometragem da partida de uma regata faz--se premindo o botão start/stop para accionar a
contagem decrescente – finda a qual o ponteiro pára no zero e o ponteiro dos segundos continua a sua marcha. Se necessária, a sincronização da contagem decrescente, no momento do sinal oficial (sonoro ou visual), é feita através de uma breve pressão a fundo sobre o botão reset; o ponteiro dos minutos da contagem decrescente reposiciona-se no minuto mais próximo, enquanto o ponteiro dos segundos volta ao zero; e quando se solta o botão reset, o minuto e o segundo partem automaticamente para a contagem decrescente. Para parar, basta premir o botão start/stop.
Para iniciar a contagem decrescente, pressio-na-se o botão reset e o ponteiro dos minutos reto-ma o minuto programado aquando da últi ma
pro gramação, enquanto o dos segundos vol ta para o zero. A programação da contagem decrescente é feita rodando a luneta 90 graus no sentido contrário aos ponteiros do relógio; depois pressiona-se o botão reset até se ouvir um clique, desenrosca-se a coroa para a colocar na posição 1 e posiciona-se o ponteiro dos minutos rodando a coroa no sentido em que se dá corda. Devolve-se a luneta à sua posição original, rodando-a 90 graus no sentido das agulhas do relógio até se ouvir um clique; trata-se de uma manobra que devolve o botão reset à posição inicial e desbloqueia o botão start/
/stop. Finalmente, empurra-se a coroa e enrosca-se, ficando o relógio pronto para a contagem de-cres cente consoante o tempo programado! ET
O Calibre 4160 exigiu mais de 35 mil horas de estudo e deriva do mecanismo cronográfico automático que
alimenta o Cosmograph Daytona. Composto por 360 peças, bate a 28.800 alternâncias/hora e apresenta uma
autonomia de corda na ordem das 72 horas; a função da contagem decrescente é possível graças a uma roda de
colunas e uma embraiagem vertical. O mecanismo é dotado de uma espiral Parachrom Blu (tem um milésimo
da espessura do cabelo humano, feito pela Rolex numa liga 85% Niobium e 15% Zirconium) com curva Breguet,
dez vezes mais resistente aos choques e insensível aos campos magnéticos. Como habitualmente, a precisão
do relógio valeulhe ser certificado pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros (COSC).
Embraiagem vertical e espiral Parachrom
72 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
«Chegate à boa árvore que a boa sombra te cobrirá»... Assim reza um ditado antigo de valor intemporal. Ninguém ousará
argumentar contra uma verdade tão autêntica e com um significado tão profundo. Bastante mais moderno, pelo menos
na apresentação e não no conceito, é o livro da australiana Rhonda Byrne, campeão de vendas em todo mundo.
Em Portugal, não é excepção. Falamos de The Secret (O Segredo). Elo de ligação entre os dois,
o golfista José Filipe Lima, o melhor jogador português da actualidade.
73Reportagem Filipe Lima
[ Reportagem ]
Estar na companhia de Tiger Woods, de Brad Pitt, entre outros, é estar em boa com-panhia, é sinal de reconhecimento e prestígio, com repercussão global.
Acreditar profundamente nos objectivos de vida que delineamos e lutar por eles com con-vicção e, acima de tudo, com muito trabalho é pôr em prática os conceitos do livro The Secret.
A marca TAG Heuer, umbrella, a boa sombra, associou à sua imagem, além de Tiger Woods, o golfista português José Filipe Lima. Em boa hora o fez, já que o jovem de 26 anos encontra-se no limiar de uma carreira que se deseja auspiciosa e pode mesmo vir a dar-nos, a nós, portugueses, gran des alegrias e prestígio, à semelhança de outros atletas nacionais. A nós e à prestigiada marca de relógios suíços. É já um sinal muito po sitivo da imagem de marca que Filipe carrega sobre os ombros.
A partir de agora, vamos ver no pulso esquerdo do jogador português o modelo GOLF, assinado por Tiger Woods. Este modelo, concebido para
“Vem esta prosa a propósito da recente visitaque fiz à casa TAG Heuer, perto de Neuchâtel, na Suíça, para assistir ao início
da relação promocional entre a marca e o nosso jogador.”
texto Nelson Ramalho | fotos Nuno Correia | La Chaux de Fonds, Suíça
74 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
“Após algumas medidas de tempo, neste casoquatro ou cinco segundos depois do impacte, Flipe está de volta ao mundo
dos mortais. Volta a ser um ser comunicante, afável e descontraído.”
ser usado durante os jogos, foi estudado até ao mais ínfimo pormenor. Foram obviados todos os pontos negativos que qualquer outro relógio apre senta ou possa apresentar antes, durante, ou depois do swing. Trabalho de mestres-relojoeiros em sintonia com o mestre do golfe.
Vem esta prosa a propósito da recente visita que fiz à casa TAG Heuer, perto de Neuchâtel, na Suíça, para assistir ao início da relação pro-mocional entre a marca e o nosso jogador. Este foi um momento alto para ambos e fazemos votos para que venha a ser de mútua retribuição.
Na altura, e após um jogo de golfe no Neu-châtel Golf et Country Club em que partici-param todos os convidados, foi-me pedida a opi nião sobre o futuro do Filipe no âmbito do golfe de alta competição. Fiquei envergonhado. Quem não ficaria com tamanha responsabilidade de antever o futuro de alguém? Depois, e conhe-cendo o jogador há já três anos, durante os quais já o entrevistei variadíssimas vezes, além de ter mos passado juntos muitas horas de conversa e lei turas, pensei que talvez não fosse tão difícil assim falar da carreira e do futuro de Filipe Lima.
Com efeito, tudo aquilo que normalmente um atleta necessita para voar alto, direi mesmo, ao mais alto nível, o Filipe tem.
É jovem, tem 26 anos (nasceu em 1981), 1,78 cm de altura, 78 kg, boa compleição física fruto de muitas horas de ginásio, raciocínio rá pi do, ambição, simpatia e simplicidade que trans bor-dam. Além disto, emana uma energia que trans-mite a quem estiver por perto. Tem vontade e querer quanto baste, uma verdadeira paixão pelo jogo, conhecimentos sobre a modalidade, pró-prios de quem a ela se dedica, e, acima de tudo, tem uma qualidade que, a meu ver, talvez venha a fazer a diferença: a capacidade de concentração quase absoluta no momento em que inicia, mental e fisicamente, a atitude de preparação do stance. É como se, de repente, o mundo parasse, como se não houvesse mais ninguém. Fica completamente focado no swing de modo a enviar a pequena bola para o ponto desejado e previamente escolhido. Após algumas medidas de tempo, neste caso quatro ou cinco segundos depois do impacte, Filipe está de volta ao mundo dos mortais. Volta a ser um ser comunicante, afável e descontraído.
É praticamente impossível estar em estado de concentração total durante as habituais quatro ou cinco horas de jogo. Seria extenuante, mesmo prejudicial para o desenrolar do jogo. Filipe sabe dosear a sua concentração. Mas ele também sabe que é preciso muito trabalho, muitas e muitas horas de driving range e muita energia para as deslocações semanais, um verdadeiro carrossel de aviões, campos e hotéis. Para tal, há que ter uma alimentação adequada, respeitar as horas de descanso e parar, quando necessário.
Vi tudo isto no nosso Filipe Lima, senhor ainda de um portentoso swing, mas muita delica-deza no green, provavelmente a sua melhor área.
Atrevo-me, portanto, a responder à questão que me foi colocada: sim, acho que sim. O Filipe tem tudo para ser um dos melhores. Queira a sorte, repito, a sorte, estar do seu lado. Sem ela é tudo mais complicado. Lembremo-nos da resposta daquele jogador à pergunta se tinha muita sorte, ao que respondeu «Quanto mais treino e trabalho, mais sorte tenho». Compreendido, Filipe? ET
Agradecimentos à direcção do
Golf & Country Club de Neuchâtel
75Reportagem Filipe Lima
A manufactura suíça Raymond Weil quer reforçar a sua imagem junto do consumidor masculino depois de,
nos últimos anos, ter dado mais atenção aos relógios de senhora. O modelo Nabucco, um cronógrafo
imponente, é o primeiro passo nesta nova estratégia.
[ Reportagem ]
76 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Olivier Bernheim explicou que o objectivoda empresa é reforçar, nos próximos anos, a imagem masculina
e ‘mecânica’ da marca, um tanto descurada
nos últimos tempos.
texto Fernando Correia de Oliveira | Istambul, Turquia
Istambul, a antiga Constantinopla, cidade de encruzilhadas mil, dividida entre a Eu ro pa e a Ásia, foi o cenário escolhido pela Raymond Weil para apresentar o seu novo modelo, Nabucco. Este é um relógio assumidamente masculino, de linhas modernas, que alia o aço à fibra de carbono.
Olivier Bernheim, presidente e CEO desta empresa familiar genebrina, foi o anfitrião de uma gala que começou com um cruzeiro no Bósforo e acabou numa noite inesquecível na ilha de Suada. Aqui comedores de fogo, dançarinas do ventre, mágicos e músicos actuaram sob uma decoração babilónica para cerca de 300 convidados, entre eles a Espiral do Tempo. Serdar Ortaç, um dos mais conhecidos cantores ligeiros turcos, foi a grande estrela da noite e passou a ser o embaixador oficial da Raymond Weil neste país.
Sob a presença do seu sogro e fundador, Raymond Weil, e da terceira geração a trabalhar na manufactura, os filhos Elie e Pierre, Olivier explicou que o objectivo da empresa é reforçar, nos próximos anos, a imagem masculina e ‘mecânica’ da marca, um tanto descurada nos últimos tem-pos, em que se deu mais atenção aos mode- los fe mininos e de quartzo. O modelo Nabucco, com caixa em aço de 46 mm, é a primeira peça lançada no âmbito desta nova estratégia, que
será acompanhada por publicidade institucional muito forte, fazendo passar a imagem da tradi- ção e modernidade, do luxo e da personalidade vin cada. «A independência é um estado de espí-rito», é a frase que acompanha o lançamento de Nabucco, e que ilustra bem os novos caminhos que a Raymond Weil quer trilhar.
«Faremos cada vez mais relógios masculinos, mecânicos» prometeu Olivier Bernheim, sa lien -tando que todo o design e conceito de comunicação do novo modelo foram feitos ‘in house’.
Seguindo a inspiração da ópera Nabucco, a Raymond Weil criou todo um enredo de escra-vidão/libertação à volta do novo modelo e até construiu no planeta virtual Second Life uma ilha dedicada às aventuras do lendário rei babilónico e do povo judeu.
A óperaNabucco é uma ópera em quatro actos, com música do compositor italiano Giuseppe Verdi
e libreto de Temistocle Solera. Baseia-se no Antigo Testamento e na obra Nabuccodonosor de Francis Cornue e Anicète Bourgeois.
Foi criada num período particularmente di-fícil da vida do compositor. A sua mulher e os dois pequenos filhos tinham falecido pouco tempo antes e Verdi tinha praticamente decidido não voltar a compor. O libreto de Nabucco chegou às suas mãos quase por acaso.
A composição nele inspirada deu como resul-tado uma obra que cativou, de imediato, toda a Itália. A ópera estreou a 9 de Março de 1842, no La Scala de Milão.
O enredo da ópera pode resumir-se da se-guinte forma: Nabucco (abreviatura de Nabucco-donosor), rei da Babilónia, avança sobre Jerusalém. Os judeus são forçados a esconder-se no Templo de Salomão. A filha de Nabucco, Fenena, é feita aí prisioneira, depois de ter sido raptada por Za carias, o Grande Sacerdote de Jerusalém, que a deixa ao cuidado de Ismael. Fenena e Is-
77Reportagem Nabucco Raymond Weil
Imagens da festa de apre sen tação
do Nabucco, um modelo que prome
te marcar um ponto de viragem da
Raymond Weil em relação aos reló
gios mecânicos masculinos.
Olivier Bernheim, CEO da Raymond
Weil e Serdar Ortaç o novo embaixa
dor oficial da marca exibindo o novís
simo cronógrafo Nabucco.
78 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
79Reportagem Nabucco Raymond Weil
mael apaixonam-se. A outra filha de Nabucco, Abigaille, oferece-se para poupar Jerusalém e os Judeus, se Ismael a escolher antes a si, mas ele rejeita-a. Nabucco chega ao Templo e Zacarias tenta matar Fenena, mas Ismael consegue salvá-la. O Templo de Salomão é destruído e os judeus condenam Ismael. Começa o cativeiro do povo judeu na Babilónia.
O êxito deveu-se, por um lado, às qualidades musicais da obra e, por outro lado, à associação que o público fazia entre a história do povo israe-lita e as ambições nacionalistas da época.
Um dos símbolos que Verdi utilizou para re for çar o ideal independentista foi o coro “Va pensiero”, do terceiro acto. Este coro de escravos hebreus é, sem dúvida, o trecho mais popular da ópera. Na sua época, os italianos assimilaram-no como um canto contra a opressão estrangeira em que viviam. No final, Nabucco liberta os judeus. A ópera continua a ser, ainda hoje, uma das mais representadas da obra de Verdi.
Na estreia, o papel de Abigaille foi interpre-tado por Giuseppina Strepponi, que se conver-teria na companheira sentimental de Verdi
e, posteriormente, na sua segunda mulher. Esta ópera foi o primeiro êxito importante do compositor e com ela iniciaram-se os chama- dos anos de criatividade máxima. Nestes anos, Verdi compôs a um ritmo frenético, produzindo dezassete óperas em doze anos.
A independência é um estado de espíritoOlivier Bernheim, Presidente da Raymond Weil, e segundo na geração familiar desta empresa inde-pendente – é casado com uma filha de Raymond Weil, ambos presentes no evento – não disfarçava o orgulho.
Diante do grupo de jornalistas convidados ao lançamento do Nabucco em Istambul, anunciou a passagem de um filme sobre a nova campanha publicitária, sublinhando: “Tudo o que vão ver foi feito in house, por uma equipa dirigida pelo meu filho Elie”. O terceiro na geração fundada por Raymond Weil, filho mais novo de Olivier, é o responsável pela área de marketing da com-panhia, enquanto o seu irmão Pierre tem a cargo as vendas e o RW Club, a presença on-line da mar ca relojoeira suíça.
A campanha de comunicação para o Nabucco, sempre com as novas cores corporativas, um cas-tanho forte, assenta no conceito “a inde pen -dência é um estado de espírito”. Fazendo refe-rência ao enredo da célebre ópera de Verdi com o mesmo nome, a campanha desenrola-se em quatro actos – Libertação, Instinto, Desa fio e Conquista. O “homem Nabucco”, uma rein ter-pretação moderna do herói verdiano, ultrapassa todas as dificuldades e passa a ser dono do seu pró prio destino. O monograma da marca, R e W fortemente gravados em pedra, é o epílogo de cenários onde o modelo escolhido – face an-gular, olhos felinos – se liberta das grilhetas, sai da escuridão e alcança a luz, “vê” pelos olhos de um leão, joga uma partida de xadrez decisi- va. O poder gráfico do novo monograma torna- -se num verdadeiro emblema, na assinatura de um herói moderno no universo do luxo.
“Com este conceito, vira-se uma página e abre- -se outra numa marca rejuvenescida”, explicou Olivier Bernheim. “Sen te-se aqui o impacto da ter ceira geração, con vocado por esta nova colecção masculina”. ET
Fazendo referência ao enredo da célebre óperade Verdi com o mesmo nome, a campanha desenrola-se em quatro actos
– Libertação, Instinto, Desafio e Conquista.
Taquímetro para Medições
O teor desportivo do Nabucco é salientado por uma escala
taquimétrica, que permite o cálculo de velocidades médias.
Para o cáculo, é necessário percorrerse uma distância padrão
de um quilómetro: activase a função cronográfica no início
e, um quilómetro depois, párase a contagem. Nessa altura,
o ponteiro do cronógrafo indicará a velocidade média (em
km/h) a que foi percorrida a distância.
Robustez Implementada
Para tornar o Nabucco à prova de qualquer teste mais radi
cal, o vidro (com tratamento antireflexo em ambos os lados)
ostenta uma reforçada espessura de 2,5 milímetros. O fundo
da caixa em aço inoxidável é aparafusado e devidamente
personalizado com o monograma RW em relevo. A coroa está
ladeada de protectores laterais.
GrahamChronofighter Deep Seal [86]
Glashütte OriginalSenator Sixties [84]
Audemars PiguetMillenary [82]
Porsche DesignLimited Edition 2007 [92]
PaneraiLuminor 8 Dias GMT [90]
jaeger-LeCoultreReverso Squadra World [88]
Laboratório - Franck MullerMaster Banker Lune [96]
TAG HeuerAquaracer Calibre S [94]
81
82 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Com a sua caixa ergonómica inspirada no mítico Coliseu de Roma e com os seusmostradores carismáticos realçados pela utilização excêntrica dos algarismos, a linha Millenary transmite uma nova dimensão
ao tempo – conjugando números árabes e romanos em linhas circulares e ovais. A Audemars Piguet reformulou por completo
a colecção Millenary e dotoua de um toque descentrado para além de aumentar o tamanho das caixas. Seja num tamanho
sobredimensionado para os homens ou de porte médio para as senhoras, em caixas de aço ou ouro, com ou sem diamantes, o
resultado afigurase excelente e sofisticadamente original: o efeito óptico alcançado é mágico, com o mostrador das horas dentro
do mostrador dos minutos e a janela da data a complementar de modo ideal o conjunto. Sem esquecer o precioso detalhe de os
pespontos da correia condizerem com a cor dos algarismos árabes e o ponteiro dos segundos! Os mecanismos que equipam todos
os modelos Millenary são manufacturados e decorados segundo os elevados padrões da manufactura Audemars Piguet.
Em Foco Millenary Audemars Piguet
Georges-Henri Meylan
[ CEO Audemars Piguet ]
A colecção Millenary tem conquistado
um espaço cada vez maior dentro do
por tfólio da Audemars Piguet?
Estamos muito satisfeitos com os nossos
resultado comerciais em 2007. Sabemos
no entanto que as colecções Royal Oak
continuam a ser a imagem de marca da
Audemars Piguet, mas ficámos muito
agradados com o sucesso dos Millenary,
quer junto dos clientes masculinos quer
das senhoras. Não sendo um relógio
clás sico tem um design bastante sóbrio
e não sendo muito arrojado tem por
me no res que o tornam distinto. A colec
ção Millenary vai ser uma das apostas
fortes da Audemars Piguet para 2008.
Mecanismo automático
O Millenary é alimentado pelo calibre 3120
de corda automática com 60 horas de reserva
de corda, 21.600 alternâncias/hora, 40 rubis,
balanço de inércia variável, espiral plano e
rotor personalizado em ouro de 22 quilates.
Todas as peças são decoradas à mão e podem
ser apreciadas através do fundo transparente:
perlage, diamantage, anglage e Côtes de
Genève.
Correia de luxo
A correia em pele de crocodilo é concebida
com rebordos arredondados para se acoplar
de forma perfeita à carroçaria do relógio.
Normalmente, a caixa em ouro rosa é
acom panhada de uma correia castanha e a
caixa em ouro branco de uma correia preta.
Detalhe sublime: os pespontos são em cor
contrastante num tom condizente com os
detalhes do mostrador. E o fecho de báscula
integra as iniciais AP.
Mostrador como arena
O mostrador do Millenary é uma obraprima
– digna do Coliseu que inspirou a colecção
e recentemente promovido a uma das no
vas Sete Maravilhas do Mundo. O mostrador
das horas descentrado em relação ao dos
minutos é pouco mais do que uma ilusão de
óptica, já que os ponteiros estão colocados
no centro.
Caixa original
Concebida em estilo neoclássico, a caixa oval
do Millenary é ergonómica para melhor se
ajustar ao pulso (apesar do seu generoso
ta manho de 45 milímetros) e fornece um
toque de grande personalidade ao relógio.
Está disponível em ouro rosa ou ouro branco,
com superfícies alternadamente polidas e
acetinadas para acentuar os efeitos de luz.
A caixa é estanque a 20 metros.
www.audemarspiguet.com
83Em Foco Audemars Piguet
Referência: 15320OR.00.D093CR.01 • Diâmetro: 45 mm x 40 mm • Espessura: 9 mm • Caixa: Ouro rosa 18K
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira com tratamento antireflexos • Movimento: Mecânico
de corda automática, calibre 3120 • Decoração do movimento: Massa oscilante em ouro rosa 22K, decorado à mão
com os brasões das familias Audemars e Piguet • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos e data
Estanquicidade: 20 metros • Bracelete: Pele de jacaré cosida à mão • Fecho: Fecho de báscula em ouro rosa 18K
Preço: 17.780 euros
Ficha técnica
Millenary
Audemars Piguet
Pormenores distintos
O mostrador das horas está adornado com
algarismos romanos em ouro, enquanto o
mostrador dos minutos inclui números ára
bes – numa variedade de cores, consoante
as versões. No modelo de ouro rosa, os al
ga rismos árabes são azulados, tal como o
ponteiro dos segundos e os pespontos da
correia. Os ponteiros das horas e dos minutos
são em ouro com pintura luminescente.
Para os saudosistas da década de 60 ou para os mais jovens que apreciam exercícios de estilo revivalistas, a Glashütte Original concebeu um sedutor relógio automático reminiscente dos inconfundíveis
valores estéticos da época. Paradoxalmente, apesar do impacte imediato da sua aparência clássica, o Senator Sixties carrega
também consigo evocações de uma década delirante que assistiu à eclosão dos Beatles e Rolling Stones, ao mítico festival de
Woodstock, à filosofia flower power da comunidade hippie, ao advento da minissaia, à popularização da televisão e ainda à
chegada do homem à Lua. E enquanto o mundo ocidental dançava ao som dos Swinging Sixties, na localidade de Glashütte – que,
após a Segunda Guerra Mundial, ficou do lado comunista do Muro de Berlim – preservavamse técnicas relojoeiras ancestrais que
seriam cruciais para a espectacular ressurreição da indústria relojoaria alemã, logo após a Reunificação. A marca Glashütte Original
é um dos dois expoentes máximos dessa relojoaria de qualidade superlativa.
Em Foco Senator Sixties Glashütte Original
84 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Frank Muller
[ CEO Glashütte Original ]
O design do Senator Sixties parece indi-
car uma mudança radical numa colecção
como a da Glashütte Original.
A linha Senator da Glashütte Original
representa a clássica e histórica interpre
tação de um relógio de pulso masculino.
Neste sentido, introduzir o Senator 60ies
na nossa colecção é o oposto daquilo
que se considera ser uma aposta radical.
O design desta peça baseiase num
mo delo que produzimos, de facto, nos
anos 60. Para homenagearmos o nosso
passado relojoeiro, empenhámonos nos
pormenores: vidros con vexos na frente
e no verso do relógio ponteiros e caixa
curva e muitos outros pormenores.
Motor à base de rotor
A década de 60 também foi importante para
o estabelecimento dos relógios automáticos
em detrimento dos de corda manual. Daí a
escolha de um mecanismo automático com
rotor personalizado em ouro de 21 quilates
que pode ser visto lateralmente através do
fundo transparente de formato convexo.
Um calibre fiável
O mecanismo que alimenta o Senator Sixties
é o calibre automático de manufactura 3952,
caracterizado por vários dos elementos tradi
cionais que são exclusivos da cidadeberço da
altarelojoaria alemã: platina de três quartos,
regulação fina através do galo de balanço e
decoração especial feita à mão.
Variantes à escolha
Mostradores disponíveis em negro ou pratea
do e caixas extraplanas em ouro rosa ou aço
inoxidável – as opções são várias, sendo que
todas elas apresentam um fundo transparente
em vidro de safira que permite apreciar as
particularidades do mecanismo automático.
Exercício de estilo
O Senator Sixties está dotado de um mostra
dor ligeiramente convexo, vidro de safira
bombeado, ponteiros ligeiramente curvos e
algarismos estilizados que se complementam
em perfeita harmonia para um resultado final
surpreendente: não existe actualmente outro
relógio que melhor celebre os anos 60!
www.glashuette-original.com
85Em Foco Glashütte Original
Ficha técnica
Senator Sixties
Glashütte Original
Referência: U3952040204 • Diâmetro: 39 mm • Espessura: 9.4 mm • Caixa: Aço com fundo em safira
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Bombeado em safira • Movimento: Mecânico de corda automática,
calibre 39 • Decoração do movimento: Decorado à mão com 25 rubis • Funções e indicadores: Horas, minutos e segundos
Estanquicidade: 30 metros • Bracelete: Pele de crocodilo cosida à mão • Fecho: Fivela em aço
Preço: 5.000 euros
O Chronofighter é um dos relógios mais inconfundíveis no universo relojoeiro da actualidade – graças à emblemática e protuberante alavanca destinada a espoletar as funções cronográficas. As suas origens
remontam aos instrumentos de precisão presos à perna dos navegadores dos aviões da Segunda Guerra Mundial que, através de
uma alavanca semelhante, accionavam o cronógrafo para medir o tempo entre a largada da bomba e a deflagração no solo. Se
a inspiração foi aeronáutica, o último modelo lançado pela Graham está vocacionado para as profundezas aquáticas. Integrado
na linha sobredimensionada Chronofighter Oversize (caixa maior e alavanca diferente), o Diver Deep Seal inclui também uma
luneta giratória unidireccional destinada a ajudar os mergulhadores a gerirem o tempo debaixo de água e a própria alavanca foi
redesenhada para ser accionada mesmo com luvas de mergulho. O tom escuro da caixa em PVD torna o conjunto, que já de si é
impressionante, ainda mais agressivo.
Em Foco Chronofighter Oversize Diver Deep Seal Graham
86 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Eric Loth
[ CEO The British Masters ]
Como surgiu a ideia de base para a nova
colecção Chronofighter Oversize?
Uma das coisas que me estavam sempre
a dizer é que o Chronofighter parecia
uma granada – eu teimava que não e, a
certa altura, disse que conseguiria fazer
algo que fosse realmente parecido com
uma granada e lancei então a ideia de
um modelo Chronofighter mas em ver
são Oversize. Passei o projecto ao depar
ta men to de design mas as ideias que
surgiram não eram ousadas o suficiente,
na minha cabeça estava um relógio ‘infer
nal’, imponente. Eu mesmo o desenhei
e a colecção Diver é um dos marcos da
imponência que eu pretendia.
Charme obscuro
Os tons negros proporcionados pelo revestimento da caixa em PVD fornecem ao relógio uma
personalidade ainda mais forte e masculina, ao mesmo tempo que favorecem a legibilidade dos
dados luminescentes no mostrador (algarismos, ponteiros) devido ao contraste com a carroçaria
negra e a bracelete preta em cauchu. O Chronofighter Oversize Diver está também disponível
numa versão em aço, denominada Orange Seal, para os espíritos menos “obscuros”.
Arma de defesa
Apelidado de ‘granada’, o Chronofighter Over
size Diver apresenta uma estrutura de peso:
um diâmetro de 46 milímetros para uma es
pessura de 16,5. A luneta giratória de sentido
unidireccional é estilizada e concebida em re
levo com algarismos e índices a facilitarem a
leitura de dados. O vidro de safira tem trata
mento antireflexo em ambos os lados.
Alavancando a diferença
Dotados de uma alavanca diferente da origi
nal, os modelos Chronofighter Oversize têm
no seu seio um modelo com uma alavanca
ainda mais particular – o sistema de acciona
mento dos modelos Diver está estudado para
ser utilizado mesmo com luvas de mergulho.
Motor poderoso
O mecanismo automático é o Calibre G1732,
com a base mecânica a ser modificada para
implementar o accionamento do cronógrafo
à esquerda e sobre a coroa. O ponteiro crono
gráfico dos segundos surge ao centro, com
um submostrador para os pequenos segun
dos contínuos às 3 horas e um totalizador de
30 minutos às 9 horas.
www.thebritishmasters.com
87Em Foco Graham
Ficha técnica
Chronofighter Deep Seal
Graham
Vocacionado para o fundo
O Chronofighter Oversize Diver integra uma
válvula de hélio para os mergulhos de longa
duração em atmosfera controlada (para evitar
os efeitos da pressão). Para mais, o relógio
foi preparado para resistir a quaisquer infiltra
ções em profundidades até aos 300 metros.
O fundo é acoplado à caixa através de oito
parafusos.
Referência: 2OVDIVAZ.B02A.K10B • Diâmetro: 46 mm • Espessura: 16.5 mm • Caixa: Aço com tratmento PVD em preto
e fundo em safira • Coroa: Coroa com sistema de protecção • Vidro: Safira • Movimento: Cronógrafo mecânico de corda
automática, calibre G1732 com 42 horas de reserva de corda • Decoração do movimento: Decorado à mão
Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos e cronógrafo • Estanquicidade: 300 metros • Bracelete: Cauchu
Fecho: Fivela em aço • Preço: 7.390 euros (6.150 euros para a versão Orange Seal)
Precisamente 75 anos após o lançamento do Reverso, a Jaeger-LeCoultre foi buscar um outro formato do célebre modelo reversível para lançar, em 2006, o Reverso Squadra – uma linha composta por relógios bem
mais volumosos e quadriláteros do que o original e que tem por vedeta o Reverso Squadra World Chronograph. O Reverso dito
original é claramente mais rectangular e as suas proporções foram escrupulosamente mantidas nos quatro diferentes tamanhos
surgidos desde o seu advento, em 1931. Curiosamente, um outro modelo de proporções distintas foi elaborado nessa mesma
altura… mas mantido na gaveta até que a JaegerLeCoultre o recuperou para inspirar um Reverso mais urbano e contemporâneo.
A nova linha é dotada de mecanismos automáticos de nova geração e todos os modelos apresentam múltiplos fusos horários.
O Reverso Squadra World Chronograph assenta numa caixa maior que os outros modelos e inclui a apresentação de todas as horas
do mundo no verso; o seu espírito moderno é exacerbado pelos tons escuros do titânio e pela paleta de cores utilizada.
Em Foco Reverso Squadra World Chorongraph Jaeger-LeCoultre
88 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Jérôme Lambert
[ CEO Jaeger-LeCoultre ]
O Reverso nasceu em 1931. 75 anos de-
pois a Jaeger-LeCoultre lança um outro
formato do modelo, o Reverso Squadra.
Foi um risco reintrepretar o grande ícone
na Manufactura?
Foi, mas um risco calculado. O que fize
mos foi interpretar a ideia do Reverso,
que nasceu em 1931, com uma visão
con temporânea. Dou várias vezes a ima
gem de uma árvore para caracterizar o
que é hoje a JaegerLeCoultre: é preciso
imaginar grandes raízes, com muitos
anos e muito profundas, mas com um
tronco com folhas que permitem captar o
sol e as influências novas, sentir o grande
eixo de evolução da relojoaria.
Volta ao Mundo
Um disco com o nome da principal cidade
de cada fuso horário é revelado na face
pos terior da caixa reversível: num piscar
de olhos, o utilizador apercebese do tempo
ime diato em qualquer zona do globo. Um
dis co transparente colocado sobre o nome
das cidades serve de indicador dia/noite.
Carácter Exclusivo
Relógio de excepção por si mesmo, o Rever
so Squadra World Chronograph tem a sua au
réola de exclusividade aumentada pelo facto
de ter sido editado numa edição de somente
1.500 exemplares. É, para já, o úni co modelo
Squadra com o tamanho Large e afigurase à
prova de água até 50 metros.
Duas Grandes Complicações
O Calibre 753 é feito, montado e decorado
à mão. Composto por 366 peças e 39 rubis,
apresenta 65 horas de reserva de corda e
bate a uma frequência de 28.800 alternâncias
por hora. Enquanto as funções cronográficas
lhe dão um espírito desportivo no mostrador
principal; o segundo mostrador evoca a uni
ver salidade do século XXI.
Conjugação Moderna
O Squadra World Chronograph é um instru
men to do tempo versátil com a sua data
gran de, funções de cronógrafo e possibilida
de de estabelecer a hora em qualquer ponto
do planeta. Apresenta também variedade de
escolha entre correias e braceletes: podese
optar por pele de crocodilo cosida à mão ou a
nova bracelete de elos em cauchú.
www.jaeger-lecoultre.com
89Em Foco Jaeger-LeCoultre
Ficha técnica
Reverso Squadra World Chrono.
Jaeger-LeCoultre
Referência: Q702T470 • Diâmetro: 53 mm x 36.5 mm • Espessura: 16.5 mm • Caixa: Reversivel em titânio
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Mecânico de corda automática, calibre JLC
753, com 65 horas de reserva de corda • Decoração do movimento: Decorado à mão com 44 rubis
Funções e indicadores: Frente: horas, minutos, pequenos segundos, data panorâmica, indicador dia/noite e cronógrafo.
Verso: horas universais • Estanquicidade: 50 metros • Bracelete: Pele de jacaré • Fecho: Fecho de báscula em titânio
Preço: 12.000 euros
Centralização de Energia
Uma audaciosa construção do mecanismo
au tomático permite a centralização da ener
gia gerada pelo rotor e a sua transmissão ao
segundo mostrador. Todos os modelos Squa
dra acolhem calibres de nova geração: rotor
sobre rolamento de esferas em cerâmica que
não necessitam de lubrificação, regulação à
base de quatro masselottes na orla exterior
do balanço, extremidades da espiral presos
ao pitão e à virola através de soldadura laser.
A Panerai ramifica a sua colecção bicéfala em duas linhas distintas: a Luminor e a Radiomir. A marca italiana tornouse célebre por equipar os mergulhadores transalpinos que, na Segunda Guerra Mundial, se
sentavam em cima de torpedos submarinos (baptizados de ‘maiale’) para colocar cargas explosivas nos cascos dos barcos aliados...
O conceito Panerai foi recuperado na década de 90 e rapidamente atingiu estatuto de culto. A linha Luminor, que recupera um
modelo militar criado por volta de 1950, é caracterizada por uma caixa em forma de almofada com um mostrador redondo – e
um dos modelos Luminor de maior destaque é, sem dúvida alguma, o 1950 8 Dias GMT, que inaugura a prestigiada ‘Colecção
Manufactura’. Exclusivamente equipado com um mecanismo idealizado e concebido na Panerai, o Luminor 1950 8 Dias GMT
apresenta uma reserva de corda superior a uma semana patente num indicador linear; um ponteiro suplementar para um segundo
fuso horário revelase útil para o viajante que gosta de se fazer acompanhar de um sofisticado instrumento do tempo.
Em Foco Luminor 1950 8 Dias GMT Panerai
90 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Angelo Bonati
[ CEO da Panerai ]
Uma história de sobrevivência
A história do renascimento da Panerai
tornouse um caso de estudo. A marca
foi fundada em 1860, em Florença,
por Giovanni Panerai e tornouse a
fornecedora oficial de relógios da marinha
italiana. Criou cerca de 300 relógios
exclusivos para a marinha entre 1938 e
1993, altura em que a parceria acabou.
A marca deixou de ter lucro e percebeu
que tinha de apostar no público civil . E a
aposta foi certeira. Hoje em dia têm um
calibre próprio, o P.2002, e aventuramse
a acrescentarlhe complicações como é o
caso do 8 Dias GMT. E com o vento a seu
favor, a Panerai promete voos mais altos.
Calibre multifunções
Fabricado a 100 por cento na Panerai, o mecanismo P.2002/1 que equipa
o Luminor 1950 8 Dias GMT é um calibre multifunções: para além das ho
ras, minutos, pequenos segundos e data, fornece também um segundo fuso
horário, um interessante indicador triangular de reserva de corda disposto
numa escala horizontal e indicação dia/noite.
Coroa com protecção patenteada
A coroa situada às 3 horas é protegida por
um dispositivo patenteado – uma espécie
de ponte associada à própria coroa e que
é accionada por uma alavanca. O original e
emblemático sistema, indelevelmente as
sociado à Panerai, ajuda a garantir uma
estanquicidade perfeita até aos 100 metros
de profundidade. O segundo fuso horário é
controlado através da coroa, tal como a data
e os ponteiros das horas e dos minutos.Três tambores
O calibre P.2002/1, de corda manual, apre
senta três tambores de corda que garantem
a excepcional autonomia de 8 dias – à se
melhança de modelos militares da marca
nos anos 40. É composto por 245 peças (in
cluindo 21 rubis, balanço Glucydur e disposi
tivo amortecedor Incabloc), bate a 28.800
alternâncias/hora e oferece a função zero
reset para maior precisão na hora de acertar
o relógio.
Almofada bem robusta
Popularizadas na década de 30, as caixas de
formato ‘almofada’ (cushion shape, ou ‘cous
sin’) consistem na colocação de um mostra
dor redondo sobre uma base geométrica.
A robusta e elegante caixa do Luminor 1950 8
Dias GMT, concebida em aço alternadamente
polido e escovado, apresenta uma abertura de
mostrador com 44 milímetros de diâmetro.
www.panerai.com
91Em Foco Penerai
Ficha técnica
Luminor 1950 8 Dias GMT
Panerai
Referência: PAM 00233 • Diâmetro: 44 mm • Espessura: 6.6 mm • Caixa: Aço • Coroa: modelo exclusivo Panerai
Vidro: Safira antirisco com tratamento antireflexo • Movimento: Mecânico de corda automática, calibre P.2002/1
Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, data, segundo fuso horário, indicador horizontal de reserva de corda e
reset de segundos • Estanquicidade: 100 metros • Bracelete: Pele de crocodilo • Fecho: Fivela em aço
Preço: 9.300 euros
Mostrador duplo
O mostrador dos relógios Panerai apresen
ta características únicas, assentando numa
cons trução em sanduíche tanto nos modelos
Luminor como Radiomir. A parte superior, ne
gra, apresenta algarismos e índices devida
mente recortados para deixar entrever uma
base em material altamente luminescente.
O desenho do original Porsche 911, que remonta ao início da década de 60, mantevese ao longo dos tempos e transformouse num clássico – mas também evoluiu de modo a alargar o seu conceito a uma
bem sucedida linha de produtos onde a função e a forma se casam de maneira ideal. Foi assim que, em 1972, nasceu o atelier
Porsche Design e rapidamente a afinidade mecânica fez com que a marca passasse de imediato a abranger instrumentos do
tempo particularmente sofisticados e inovadores. Actualmente, a Porsche Design abrange um alargado leque de acessórios de
luxo para o homem contemporâneo. E, numa iniciativa particularmente feliz, a marca apresenta um estojo em edição limitada
composto por uma versão especial do emblemático cronógrafo PTC, um portachaves e botões de punho – todos eles de visual
condizente (partilhando nuances laranja de inspiração racing) e fabricados em materiais idênticos, com as partes metálicas em
titânio acetinado e as componentes em couro de pele de borrego perfurada.
Em Foco PTC Limited Edition 2007 Porsche Design
92 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Ferdinand A. Porsche
[ Fundador da Porsche Design ]
O Professor F.A. Porsche fundou a Porsche
Design para desenvolver soluções de
ponta com a ajuda de desenhos van
guar distas. A sua filosofia consiste em
apli car um traçado que se desenvolve do
interior para o exterior como expressão
de um princípio funcional e assenta em
quatro bases: a redução dos objectos
à sua função essencial; a obtenção de
linhas puras e fluídas; a selecção judicio
sa dos materiais mais apropriados; e uma
execução que combina métodos ar te sa
nais e tecnologias modernas. A aqui sição
da histórica manufactura Eterna for nec eu
uma sólida base relojoeira para a apli
cação de tais princípios.
Vitamina C limitada
Tanto as costuras da pele (na correia e no portacha ves)
como alguns ponteiros e indicações do mostrador do reló
gio apresentam um tom laranja que contrasta brilhante
mente com a cor negra tão familiar ao universo Porsche.
O cronógrafo PTC inclui mesmo esse toque alaranjado no
inconfundível rotor raiado. O conjunto está disponível em
apenas 333 estojos.
Motorização
O cronógrafo PTC alberga o fiável calibre ETA
28942 – um mecanismo automático de con
strução modular com 42 horas de reserva de
corda, função cronográfica para medida de
tempos curtos (segundos, minutos, horas)
e indicação da data numa janela entre as 4
e as 5 horas.
Rotor em jante
O fundo é transparente, graças à utilização
de um vidro de safira que permite revelar o
mecanismo cronográfico por baixo de uma
peça que se tornou emblemática no seio da
colecção: um rotor de rendimento superior
estilizado em forma de jante e que, no PTC
Limited Edition 2007, recebe uma pintura la
ranja condizente com as inscrições no mostra
dor e demais adereços do conjunto.
www.porsche-design.com
93Em Foco Porsche Design
Ficha técnica
PTC Limited Edition 2007
Porsche Design
Cronógrafo de excepção
O PTC (sigla para Porsche Titanium Chrono
graph) apresenta uma carroçaria em titânio
com acabamentos de superfície contras tan
tes – polidos ou escovados. Com 42 milíme
tros de diâmetro e 14,8 de espessura, a cai
xa é encimada por uma luneta com escala
taquimétrica que circula o vidro de safira
antireflexo sobre o mostrador. Estanque a
100 metros.
Referência: 6612.1143.1179 • Diâmetro: 42 mm • Espessura: 14.8 mm • Caixa: Titânio • Coroa: Personalizada com o
logótipo da marca • Vidro: Safira antirisco com tratamento antireflexo • Movimento: Cronógrafo mecânico de corda
automática, calibre ETA 28942 • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo
Estanquicidade: 100 metros • Bracelete: Couro de pele de borrego perfurada • Fecho: Fivela em titânio
Edição limitada: 333 exemplares
Preço: 5.300 euros
A estreita ligação da TAG Heuer ao universo motorizado é sobejamente conhecida, mas a sua associação histórica aos desportos aquáticos não pode ser descurada. Em 1949, o Maréographe tornavase no primeiro
instrumento de pulso a indicar o tempo das marés e, mais recentemente, o Searacer tornouse numa referência com as suas
funções de contagem decrescente para a partida das regatas – enquanto a marca estabelecia várias parcerias náuticas, patrocinando
embarcações ou sendo cronometrista oficial da America’s Cup. Este ano, a TAG Heuer esteve associada ao Team China Challenge que
concorreu na prova de selecção para a America’s Cup de 2007 e colocou no mercado o Aquaracer Calibre S como nova vedeta da
linha Aquaracer. Tal como o seu antecessor Searacer, o Aquaracer Calibre S é um elegante cronógrafo de vocação náutica – surgindo
equipado com um sistema de totalizadores perfeitamente revolucionário, assente em ponteiros retrógrados bidireccionais. Mais um
relógio que a TAG Heuer coloca na vanguarda da cronometragem desportiva!
Em Foco Aquaracer Calibre S TAG Heuer
94 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Jean-Christophe Babin
[ CEO TAG Heuer ]
O quartzo volta a exercer algum fascínio
numa época em que o mecânico é rei e
senhor na relojoaria suíça?
Viemos da tradição do mecânico, fomos
para o quartzo, como o resto da indústria,
e no final dos anos 90 vendíamos 10 por
cento de relógios mecânicos e o resto
de quartzo. Actualmente estamos, em
ter mos de valor, nos 50 por cento para
cada lado. No entanto o nosso desejo
será tra balhar em inovações me cânicas
mas também de quartzo e, creio que será
seguro afirmar, somos ino va dores em
am bas as tecnologias representando o
ca libre S uma novidade acrescida que é a
integração do mecânico com o quartzo.
Calendário Perpétuo
O Aquaracer Calibre S apresenta um mostrador inédito com ponteiros bidireccionais em totali
zadores semicirculares situados às cinco e às sete horas. Se a função tempo está em uso, esses
dois ponteiros indicam a data: o da esquerda para as dezenas, o da direita para as unidades.
O calendário é perpétuo.
Cronógrafo original
Basta pressionar uma vez a coroa para que o
Aquaracer Calibre S passe da função tempo
para a função cronógrafo, com o ponteiro bi
direccional da direita a indicar os décimos de
segundo suplementares à indicação central
das horas, minutos e segundos passados.
Contagem decrescente
Com duas pressões da coroa, entra em acção
a função regatta countdown até ao tiro de
partida: os ponteiros centrais dos segundos e
dos minutos iniciam uma contagem decres
cente de 10 minutos seguindo a escala na
luneta de alumínio; chegados ao zero, entra
então em funcionamento o cronógrafo nor
mal para a cronometragem da regata.
Desportivo e elegante
Dotado de um sistema patenteado de totali
zadores em semicírculo para melhor legibili
dade e da função de contagem decrescente,
o Aquaracer Calibre S passa a ser o relógio
náutico de referência e o pontadelança da
nova linha Aquaracer. O design do mostrador
é inspirado nos instrumentos de bordo que
granjearam fama à marca desde o início do
século XX.
www.tagheuer.com
95Em Foco TAG Heuer
Ficha técnica
Aquaracer Calibre S
TAG Heuer
Caixa-forte
O sensacional Aquaracer Calibre S – que tem
uma caixa de 41 mm – está disponível em
mostradores azul ou antracite, com luneta
de alumínio a condizer. O vidro é de safira
e a bracelete tem fecho duplo de segurança
e sistema extensível para colocação sobre
o fato de mergulho. Estanque até aos 300
metros, passou testes de resistência e pre
cisão ao longo de 12.000 horas.
Referência: CAF7110.BA0803 • Diâmetro: 41 mm • Espessura: 12 mm • Caixa: Aço com decoração alusiva ao mergulho no
fundo • Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Calibre S, eletromecânico, desenvolvido
e patenteado pela TAG Heuer • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, calendário perpétuo até 2099,
cronógrafo e função regatta. • Estanquicidade: 300 metros • Bracelete: Aço • Fecho: Fecho duplo de segurança em aço,
com sistema extensível
Preço: 1.650
Não é para todas as bolsas, mas é pelo menos para três bolsas – o Master Banker
foi idealizado por Franck Muller para satisfazer um cliente que necessitava de
saber, num relance e em simultâneo, a hora nas bolsas de Londres (FTSE),
Nova Iorque (Dow Jones) e Tóquio (Nikkei), tornandose rapidamente
num dos mais emblemáticos modelos da sua colecção. Tudo
graças a uma pequena grande complicação mecânica...
O desafio foi colocado por um banqueiro britânico, realizado por um mestre suíço, e ga- nhou dimensão internacional – não só em termos de utilização prática como também em fama. O Master Banker é um conceito mecânico que permite fornecer três fusos horários em simultâ-neo e está actualmente desenvolvido numa mini -co lec ção dentro da colecção Franck Muller: o mo delo original, com três pares de ponteiros das horas e dos minutos (um par ao centro para a hora de referência, os outros em dois submostradores adi cionais), foi tão bem-sucedido que, não muito depois, passou a ser declinado com compli cações adicionais e noutros formatos de caixa (rectangu-lar, redondo, quadrado...).
Tal encomenda especial de um cliente par ti-cular resultou num relógio com três fusos horários de leitura imediata e fácil manuseamento. Devido ao instigador e aos fins para que era destinado,
recebeu o feliz nome de baptismo de Master Banker e rapidamente se tornou num ícone da relojoaria – sobretudo para clientes da alta fi-nança que desejavam um instrumento do tempo elegante e capaz de indicar simultaneamente as horas de vários pontos do mundo ou para o via-jante dos dias de hoje em constante movimento real e virtual. Uma marca contemporânea como a Franck Muller sempre teve em conta as neces-sidades do homem moderno com a inclusão de modelos dedicados a viajantes na sua colecção...
O mostrador do modelo Master Banker ini-cial assumia um pendor vertical, com os sub- -mos tradores dos dois fusos horários adicionais colocados em cima e em baixo no mostrador. Depois surgiram o cronógrafo Master Banker, o turbilhão Master Banker, o Master Banker com fases da lua... até que, a caminho da década de vida sobre o protótipo, a casa relojoeira suíça
[ Laboratório ]
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia
97Espiral do Tempo 26 Laboratório
«A ideia de criar o Master Banker surgiu no seguimento de um estudo sobre as recentes necessidades do ser humano
no século XXI. Efectivamente, os homens contemporâneos estão constantemente em viagem – pelo que precisam
de um instrumento do tempo que lhes permita estar a par de vários fusos horários em simultâneo. O Master Banker
é o resultado de vários anos de pesquisa e desenvolvimento; o desafio era montar três fusos horários que pudessem
ser activados por uma só coroa, de modo a apresentar uma leitura da informação deveras clara, orientandose sobre
o essencial».
Franck Muller sobre o conceito Master Banker
Claro que o essencial num relógio é que, por mais belo que seja ou complicações
adicionais que apresente, funcione bem e seja preciso nas mais diversas con
dições de utilização. Os testes de estanquicidade – numa Witschi ALC 2000 –
permitiram confirmar uma resistência à água até 30 metros, enquanto a análise ao
funcionamento na Witschi Wicometre Professional também revelou a fiabilidade
do mecanismo: avaliado em cinco posições (VB, coroa para baixo; VG, coroa à
esquerda; VH, coroa para cima; HB, horizontal com mostrador para baixo; HH,
horizontal com mostrador para cima), o Master Banker Fases da Lua apresentou
uma média entre as várias posições de apenas três segundos!
Os testes
98 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
efectuou uma remodelação técnica e estética que permitiu não só adicionar um calendário aos três fusos horários como também alterar a disposição dos submostradores para um plano horizontal. Antes, ficavam situados às 12 e às 6 horas; actual-mente, surgem nos dois lados (às 3 e às 9 horas) do eixo central.
A nova disposição permitiu abrir espaço no mostrador para outras complicações que pu-dessem satisfazer melhor os ímpetos criativos do Master of Complications. Como o Master Banker Lune, que ostenta às 6 horas um submostrador para a data analógica com uma abertura onde a lua dá um toque mais místico ao conjunto. Para melhor conhecer os segredos por trás de tão em-blemático modelo, fomos analisá-lo no estúdio de relojoaria da Torres Distribuição.
Do todo às parteO Master Banker Lune foi desmontado pelo re-lojoeiro Vítor Rosa e imediatamente se tornou pos sível constatar a grande qualidade dos compo-nentes – qualidade intrínseca de construção, mas também qualidade estética. A tão peculiar caixa de formato Cintrée Curvex em ouro de 18 qui-lates é soberba; o vidro em safira convexo neces-sitou de aturados estudos e incrementa o efeito de tridimensionalidade do conjunto; o mos trador é uma pequena maravilha, com as nuances em guil-
loché frappé soleil e os contrastes de cores a acom-panharem de modo ideal os ponteiros azulados ou luminescentes e os algarismos estilizados.
Mas o mostrador é apenas a tradução do co-ra ção mecânico do relógio. O mecanismo auto-mático, com rotor em platina 950 de grande den-sidade para optimizar a circulação, está equipado com uma roda dentada para as fases da lua (60 dentes para maior precisão) e apresenta o disposi-tivo que lhe granjeou fama: Franck Muller ideali-zou um sistema de acerto dos vários fusos horá- rios através de uma única coroa que posteriormen-te foi objecto de patente. A placa com o sistema Master Banker permite um acerto horizontal no complexo trem de rodagem do mecanismo.
Os dois fusos horários suplementares estão sincronizados com a hora central; outra particu-laridade é o facto de os ponteiros dos minutos desses fusos horários suplementares avançarem de meia em meia hora, porque existem bizarras décalages em algumas localizações no mundo: por exemplo, quando marca o meio-dia em Portugal e em Greenwich, são 15 h 30 m no Irão, 17 h 30 m na Índia e 17 h 45 m no Nepal! Uma novidade que a nova geração Master Banker regista é o fac-to de, por baixo de cada um dos dois submostra-dores, passarem a existir pequenos orifícios para indicação da altura do dia: se é dia (amarelo) ou noite (azul escuro) no respectivo fuso horário. ET
O Master Banker é um conceito mecânicoque permite fornecer três fusos horários em simultâneo e está
actualmente desenvolvido numa mini-colecção
dentro da colecção Franck Muller
Test result
MASTER BANKER LUNE
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática com rotor
em platina 950.
Funções: Horas, minutos, segundos, data, triplo fuso horário com
indicação dia/noite e fases da Lua.
Caixa: Ouro branco 18k, vidro em safira e estanque a 30 metros.
Bracelete: Pele de crocodilo.
Referência: 8880 MB L DT
Preço: € 28.500
99Laboratório Master Banker Lune
107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007
Saborear o TempoPousada de Ourém [108]
PerfilCarlos Joalheiro [102]
Saborear o TempoQuinta Vale de Fornos [114]
Saborear o TempoCasinha Velha [112]
Saborear o TempoPraia d’El Rey [110]
Livros [126]Acontecimentos [116]
101Espiral do Tempo 26 Outono
O clarim da alvorada tocava às seis da manhã. Tinham cinco minutos para estar no banho, cinco minutos
para se ensaboarem, cinco minutos para se pentearem e para fazerem a cama… o Tempo era
bem medido para os alunos da Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa, nos idos
de sessenta do século passado, quando Carlos Batista por lá andou.
A formaçãoÀ disciplina férrea juntava-se uma padronização que ia do vestir à distribuição dos bens dis-poníveis, num sistema social que, nas palavras do casapiano, «mais do que comunitário, era comunista»! A individualidade era anulada e «isso marcou-me e criou anticorpos em relação à uniformização, sobretudo quando é imposta», acrescenta.
Os psicotécnicos apontam-lhe o caminho da Escola de Relojoaria que, na altura, era considerada a melhor da Península Ibérica. Faz parte – juntamente com uma outra referên-cia da relojoaria nacional, o Mestre Américo Henriques – do primeiro curso inteiramente suíço aí ministrado; desde os técnicos às ferramentas, passando pelos equipamentos, tudo vinha da Suíça. O enquadramento dado pela formação helvética viria a temperar-lhe a re-beldia e a fortalecer-lhe o carácter e a ambição; ao aprender o peculiar ofício de relojoeiro, aprendeu a respeitar um mundo que passou a olhar como uma forma de arte. Do respeito à paixão foi um passo.
Ainda adolescente, vai trabalhar para Leiria onde regressa depois de três anos no Ultra-mar. Volta à mesma empresa, até que o inconformismo se impõe: «H á, em todos os casapia-nos, pela educação positiva que tivemos virada para a concretização de projectos e para a iniciativa, uma efervescência enorme dentro de nós, uma capacidade e uma vontade muito grandes. Se quiser, uma ambição para além do razoável. Não queria estar confinado a três metros quadrados, que era a dimensão da minha oficina!».
entrevista de Paulo Costa Dias | fotos de Nuno Correia
[ Perfil ]
103Perfil Carlos Joalheiro
texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia
104 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
105Perfil Carlos Joalheiro
Cinco geraçõesCarlos Joalheiro
Av. Heróis de Angola, 109 • 2400155 Leiria
tel: 24 481 45 46
www.carlosjoalheiro.com
geral@carlosjoalheiro.com
“Agrada-me pensar que o meu netovai usar com orgulho um relógio meu.”
A liberdadeAbriu o seu primeiro estabelecimento, uma ofici-na onde trabalhava para o antigo patrão, e «para quase tudo o que era ourivesaria e relojoaria do centro do país. Durante cerca de dez anos, fiz reparações de tudo o que se possa imaginar: relógios com complicações, sem complicações, relógios de parede e de sala, mecanismos de má-quinas de moldes, conta-quilómetros. Reparei tudo o que era aparelhos de precisão. Quando deixei de arranjar relógios de forma intensiva, já me havia passado pelas mãos, entre relógios e afins, cinquenta e tal mil peças. Tenho tudo registado» – remata, revelando a minúcia própria do ofício.
Entretanto nasce a Carlos Joalheiro com a per sonalidade que caracteriza o dono. Se a deco-ração da loja fez a diferença, a sua dimensão – cerca de 140 metros quadrados – esteve longe de consensual, contrariando tudo e todos: «Foi uma pedrada no charco. Há as pessoas que gostam da massificação e as que estão cansadas de andar de igual. Não copiámos nenhum conceito, nem produtos, e somos, provavelmente, a única relo-
joaria do mundo que não coloca os expositores das marcas».
A ligação à C.S. Torres Distribuição, apesar de arrufos próprios de velhos amantes, revelou- -se o apoio de que necessitava mas o grande pulo para a afirmação no comércio de alta-relojoaria dá-se um pouco mais tarde, no virar do século, fruto de um intenso trabalho local de marketing e comunicação.
A paixãoMas não é num comerciante de sucesso que Carlos Batista se revê. «Sou essencialmente um artífice», afirma. E um artífice apaixonado «pelo que é belo, pelo que é eterno. Não gosto do que é efémero, e as jóias, sobretudo as pedras, são de uma beleza fabulosa. Os diamantes são eternos, são carbono puro, é a matéria, a natureza na sua expressão máxima. Isso sensibiliza quem observa a essência destas coisas.». A conversa ad-quire foros filosóficos que a questão do Tempo não pode deixar de suscitar. Enquanto o Homem existir, o Tempo, o que quer que isto seja, será medido. Ora, a máquina mais fiável para o fazer
é o relógio mecânico, que o relojoeiro considera «a máquina mais perfeita que o Homem conse- guiu fazer. Fascina-me porque não polui, basta- -se a si própria, trabalha 24 horas seguidas durante gerações, e sem queixas! Transmite emoções e valores. Gosto especialmente da frase publicitária da Patek Phillippe: ‘não somos verdadeiramente donos de um relógio. Apenas o guardamos para a geração seguinte.’ Agrada-me o simbolismo da passagem de testemunho entre gerações. Agrada--me pensar que o meu neto vai usar com orgulho um relógio meu. Carregará com ele o meu tempo e o dele. Um relógio perpetua-nos, cria linhagem, ultrapassa o nosso tempo. Já vi pessoas desespe-radas venderem casas, terrenos, todo o tipo de coi sas, e o que lhes custa mais a vender são os relógios dos pais, dos avós…».
De facto, o que se vende nesta loja é bem mais do que ouro, diamantes ou relojoaria fina. Mais do que meros contadores do tempo ou grandes complicações, o que aqui se vende é o profundo conhecimento do que se expõe e a paixão de uma pessoa que assume a sua ambição, a sua irreverên-cia e, como bom português, a sua poesia. ET
106 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Saborear o Tempo ]
Posso-lhe jurar que não fazemos parte de nenhum grupo de pressão, seja de aeroportos ou do que for. Ainda assim, foi para oeste que nos dirigimos para saborear o tempo que
por ali se vive. Uma viagem reveladora do que vai mexendo nestas bandas, nas suas gentes, nos seus
costumes, no trabalho, no investimento. Começámos pelo resort da Praia d’El Rey, banqueteámo-nos
em Marrazes transpirando o Eça, surpreendemo-nos em Ourém e degustámos o passado na Quinta Vale de
Fornos à Azambuja.
texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia
A qualidadeEm Novembro passado, a Praia d’El Rey Golf & Beach
Resort ganhou o galardão de Golf Resort of The Year –
Europe 2007, pela primeira vez atribuído na Europa Con
tinental. Foi uma óptima prenda para os dez anos que
agora se comemoram de um dos mais prestigiados,
premiados e elegantes empreendimentos europeus. O
impulso foi de um inglês apaixonado pela região, que
percebeu o enorme potencial da mesma e teve a capaci
dade de o concretizar. A direcção do golfe cabe desde o
início a Eduardo Johnston da Silva, natural de Moçam
bique, onde deu as primeiras tacadas ainda miúdo. É a
globalização no seu melhor! A verdade é que, depois de
percorrer a região até – quase – ao Baleal, deparamo
nos com a entrada do resort a partir da qual damos um
salto brusco para um subúrbio de classe médiaalta de
qualquer um dos mais desenvolvidos países do hemis
fério ocidental!
Os prazeresDirigimonos a Leiria com o fantasma de Eça presente.
Sabemos que foi um eminente gastrónomo e foi nesta
cidade que escreveu e se desenrola a trama d’O Crime
do Padre Amaro. E como é de prazeres que falamos, mais
ou menos pecaminosos, fomos dar à Casinha Velha, em
Marrazes, que bem se poderia chamar ‘Casinha de Pra
zeres’. Começa pelo arranjo do espaço, pela hospitalidade
do Ricardo, pela qualidade do serviço, pela superior gar
rafeira, e acaba no exacerbamento da gula, pecado mor
tal como sabemos. A verdade é que a cozinha é fradesca.
E que bem ficaria o Ricardo na pele de frade queirosiano
a discorrer sobre outro dos seus prazeres, a relojoaria…
A surpresaPara quem, como este vosso escriba, tem a pretensão
de conhecer razoavelmente este país, o poiso seguinte
foi uma autêntica revelação. Numa região que inclui
quase metade das ‘7 maravilhas de Portugal’, mas que
vive abafada pela omnipresença de Fátima, foi com es
panto que conheci o pitoresco bur go medieval de Ourém.
Um espaço merecedor de uma forte aposta, que é quase
inexistente e que está a cabo, em exclusivo, das Pousa
das de Portugal que aí têm a sua Pousa da Conde de
Ourém. Desde a sua inauguração, em 2000, que Con
ceição Costa e Sousa está à frente desta unidade e foi
com a hospitalidade própria da alentejana que é, que
nos abriu os olhos para esta, relojoeiramente falando,
grande complicação!
As históriasParece que Cristóvão Colombo cirandou aqui por terras
da Azambuja a caminho da casa de D. João II, ali a Vale
Paraíso, ao cabo desta quinta. Estava o rei refugiado da
peste que assolava a capital quando o navegador lhe foi
dar a boa nova da descoberta da América. Outros tem
pos… Sabese que rezou missa numa capela da zona, mas
se foi na desta quinta não existem certezas. Já as pouco
napoleónicas tropas gaulesas, é certo que ocuparam a
casa aquando das suas inúteis e saqueadoras invasões.
A senhorial casa foi mais tarde pertença de D. Antónia
Ferreira – a Ferreirinha – que a doou à sua filha casada
com o 3.º Conde da Azambuja. Muitas são as histórias
desta casa centenária e muitas são as histórias que ouvi
mos com prazer de Graciete Monteiro, que dá hoje a cara,
com paixão, pela vinha e pelo surpreendente espaço que
é a Quinta Vale de Fornos.
Santarém
Coimbra
Porto
Castelo Branco
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Lisboa
Leiria
107Saborear o Tempo Viagem ao centro de Portugal
Para o lado do mar, para onde o riose arrasta nas terras baixas entre dois renques de salgueiros pálidos,
estende-se até aos primeiros areais o campo de Leiria, largo,
fecundo, com o aspecto de águas abundantes, cheio de luz.
O crime do Padre Amaro – Eça de Queiroz
Imagem de Ourém, uma pérola entre as vilas portuguesas,
que surpreende pela beleza e preservação. Vale a pena visitar
este “burgo medieval” e seguir o roteiro que lhe propomos.
108 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Pousada de Ourém - A surpresa
O Pousada foi buscar espaço à Igreja da Misericórdia, ao
hospital e a algum do casario nobre desta Ourém que foi
um dos primeiros concelhos do País, com foral atribuído
por D. Teresa, filha de Afonso Henriques, em 1180. É ele
vada à categoria de Condado por D. Pedro I e foi seu
terceiro Conde o Condestável D. Nuno Álvares Pereira. Um
neto deste e de D. João I, Mestre de Avis, de seu nome
Afonso, terá sido a mais influente personagem da terra,
deixando importantes marcas ainda hoje visíveis. O cas
telo é anterior a 1178 e dentro do burgo amuralhado
ainda persistem inúmeros pontos de interesse, sobrevi
ventes da imensa destruição causada pelo terramoto de
1755 e pelo saque das tropas francesas aquando das in
vasões: sob o pavimento da Colegiada está a cripta de D.
Afonso, sendo o seu rosto considerado o melhor retrato
em Portugal esculpido antes do Renascimento; os fantás
ticos torreões do castelo; o Paço do Conde; a Fonte Gótica,
obra única em Portugal da arquitectura deste período e
datada de 1434. Como aviso a incautos visitantes, reco
mendase que não se confunda esta Ourém com a outra
que se estende a seus pés. Siga as indicações de ‘Castelo’
ou ‘Pousada’ e prepare a alma para o passeio que se im
põe com a deliciosa ginja da ti Maria ou a kisch de ginja e
champanhe na Pousada. E deixese surpreender.
Pousada Conde Ourém
Largo João Mansos Castelos • 2490481 Ourém
Tel. + 351 249 54 09 20
www.pousadas.pt
“Nós lidamos com a parte boa da vida.Por isso temos que estar bem dispostos.”
Conceição Costa e Sousa
Audemars Piguet
Lady Millenary • € 10.590
109Saborear o Tempo Pousada de Ourém
Graham
Chronofighter RAC Black Fighter • € 5.990
Praia d’El Rey Golf & Beach Resort
Vale de Janelas – Amoreira • 2510451 Óbidos
www.praiadelrey.com
Praia d’El Rey - A qualidade
Aqui, a qualidade não é simplesmente apregoada. Atin
gese! Com esforço e dedicação, «vestindo a camisola»,
como frisa Eduardo Johnston da Silva, toda a equipa que
supervisiona – a melhor, sublinha – dá o máximo para
atingir o patamar da excelência que tinha como objec
tivo. Uma qualidade global que se entende como a soma
da qualidade ambiental, da jogabilidade, dos serviços
adjacentes e do apelo visual. «É muito importante que
todos os serviços prestados estejam em consonância com
a qualidade geral». Os serviços e, por exemplo, os inter
valos mínimos de 10 minutos entre as horas de saída
ou o facto de o jogador ter quatro horas e 40 minutos
para terminar os 18 buracos. «Conseguese outra rentabi
lidade se reduzirmos estes tempos. Tendo mais pessoas
no campo maximizamos a facturação mas ao fazer isto
“Vejo nos relógiosobras-de-arte que são também obras
tecnológicas e fascina-me a sua
complexidade mecânica. Admiro
especialmente as marcas que
fazem ‘benchmarking’.”
Eduardo Johnston da Silva
comprometemos a qualidade», remata o responsável. A
variedade do campo tornao um verdadeiro desafio e dá
lhe um cunho dificilmente igualável: tem quatro buracos
ao longo do mar em perfeita harmonia com os declives
naturais do terreno e, dos 18 buracos, 13 têm caracterís
ticas links como St. Andrews (ao longo do mar, com ve
getação rasteira de flora endémica, dunas de areia, bun-
kers, vento). Os outros cinco buracos são em parkland,
com vegetação e pinheiros altos. Para os amantes do
golfe de qualidade, este campo revelase imperdível.
110 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
111Saborear o Tempo Praia d’El Rey Golf & Beach Resort
112 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Franck Muller
Chronograph Automatic • € 14.140
Casinha Velha - Os prazeres
Ganhou a casa como presente de casamento, aos 24
anos. Passados dez anos, a formação hoteleira, a equipa
familiar que reuniu e as mãos de sonho da sogra fizeram
uma casa que se tornou numa referência na região. Aqui,
reúne os amigos clientes em famosos jantares temáticos
de vinho, e serve diariamente o que de melhor a gas
tronomia regional tem para oferecer: o Galo no Forno, a
Fritada com Açorda e Migas ou a Feijoada à Cadaixa são
disso exemplo. Mas são as entradas que nos levam à per
dição: o pimento recheado e trabalhado de uma forma
divinal, o folhado de queijo com mel e Vinho do Porto, o
souflé de camarão ou o camembert com doce de abób
ora, entre inúmeras outras. «Quem se atira às entradas
fica por aí», confidencianos o anfitrião, acrescentando,
com alguma pena, «e não é para todas as bolsas». «In
felizmente, nem todos podem dar 100 euros por uma
garrafa de vinho ou 50 euros por um charuto, como nem
todos podem dar 20 ou 30 mil euros por um relógio» –
uma outra paixão sua – «e às vezes os que podem não
lhes dão valor nem lhes extraem prazer», termina, pesa
roso, Ricardo Costa. Porque vêse que para este homem
as coi sas boas da vida deviam estar ao alcan ce e ser usu
fruídas por todos aqueles que realmente as apreciam.
Um hedonista solidário, portanto.
Restaurante Casinha Velha
Rua Prof. Portelas, 23 – Marrazes • 2415534 Leiria
www.casinhavelha.com
“É engraçado quandoas coisas se tornam mais complexas.
É a luta da vida. Quando atingimos
um determinado patamar, aprofundamos
os conhecimentos e renasce a ambição
de ir mais longe. É como a relojoaria.”
Ricardo Costa
113Saborear o Tempo Restaurante Casinha Velha
Quinta Vale de Fornos
2050365 Azambuja • Tel. + 351 263 40 21 05
www.quintavaledefornos.com
Quinta Vale de Fornos - As histórias
«Então eu não distingo uma couve de uma alface e
agora voume enfiar no campo?», disse Graciete Mon
teiro, quando a Quinta Vale de Fornos foi adquirida pela
família, em 1972. Hoje, é a sua paixão pela quinta, pelo
negócio e pelas vinhas que retém a família. Compreen
dese. Acedese aos 200 hectares desta propriedade
cheia de história por uma estrada de terra batida que
serpenteia entre sobreiros, até nos depararmos com um
surpreendente conjunto de edificações contrastantes
com o verde da paisagem. «A cor da casa é a de origem.
Não é pintada. É caiada com óxido de ferro.», explica a
anfitriã. Mas o mundo de Graciete Monteiro é o mundo
global. Viaja por ele há muito tempo, medelhe o pulso,
sente de que lado sopram os ventos e adaptase. Diz que
o futuro da vinha portuguesa passa pela exportação e
crê que mercados como a China, a Angola ou o Brasil
ofe recem oportunidades douradas. «Mas espero que to
dos entremos com vinhos de qualidade», frisa, sabendo
o que a casa gasta…
Foi este espírito e esta visão que a levaram a produ
zir o primeiro DOC e o primeiro Cabernet Sauvignon riba
tejanos. Graciete Monteiro estudou japonês, assistiu à
impressionante abertura do primeiro MacDonalds em
Moscovo e fica fascinada com os stands consecutivos
da Ferrari ou Rolls Royce em Pequim. Uma senhora em
todos os tempos e lugares que gosta «de relógios bons»
e que deixa a pergunta: «Porque é que os relógios de
certas marcas são agora arranjados em Espanha?».
114 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
115Saborear o Tempo Quinta Vale de Fornos
[ Acontecimentos ]
Um grande evento da sétima arte marcou o terceiro trimestre deste ano: a 64ª ediçãoda Mostra de Veneza. A relação entre as mais conhecidas marcas da alta-relojoaria e os grandes eventos cinematográficos já é tradição, e mais
uma vez a Chopard, a Jaeger-LeCoultre e a Audemars Piguet foram presenças notadas. Este trimestre foi ainda prolífero em inaugurações: Rolex, F.P.
Journe, Audemars Piguet e Lange abriram novos espaços. Ainda uma referência para a primeira colecção de jóias de autor da Gilles Fine Jewellery.
116 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Royal Oak Offshore Shaquille O’Neal ChronographShaquille O’Neal é, sem dúvida, um dos ícones
do basquetebol, e a Audemars Piguet decidiu
fazer um tributo à carreira deste «gigante» com
a criação do Royal Oak Offshore Shaquille O’Neal
Chronograph. Este modelo é composto por uma
grande caixa em aço, de 48mm de diâmetro, e
o mostrador e os pontos da bracelete em pele
ostentam o branco e vermelho da Miami Heat,
a equipa actual do jogador. A indicação de que
é um modelo de uma série limitada surge grava-
da no fundo da caixa, juntamente com a imagem que reproduz o mais conhecido passe de “Shaq”:
o “afundanço”. A apresentação do Royal Oak Offshore Shaquille O’Neal Chronograph realizou-se em
Pequim. Wolfgang Sickenberg, director da Audemars Piguet Hong Kong, aproveitou o evento para ap-
resentar o campeão de basquetebol como um dos mais recentes embaixadores da marca.
Jaeger-LeCoultre apoia equipa de póloA Jaeger-LeCoultre anunciou a sua parceria oficial
com a equipa La Dolfina no grande campeonato
Argen tina Pólo Open 2007 e apresentou o novo
equipamento que a equipa, que venceu as duas
edições anteriores da competição em Palermo,
Buenos Aires, vai envergar na competição deste
ano. Considerado um dos melhores jogadores
de pólo do mundo, o capitão da equipa, Adolfo
Cam biaso (à direita na foto), que deu a cara pela
última campanha publicitária do Reverso Squa-
dra, simboliza o laço cada dia mais forte que une
a Jaeger-LeCoultre ao mundo do pólo. Num dese-
jo de se aproximar ainda mais deste desporto, a
Jaeger-LeCoultre decidiu apoiar a equipa de Adol-
fo Cambiaso – La Dolfina – na ocasião da com-
petição de pólo mais prestigiante do mundo. A
decorrer de 17 de Novembro a 9 de Dezembro de
2007, o torneio vai reunir os melhores jogadores
de pólo do mundo, que enfrentarão La Dolfina, a
equipa que conquistou o título de campeões nas
duas últimas edições.
Original ou falso? A onda da contrafacção atingiu a indústria relojoeira: os
mais recentes dados apontam para o fabrico de entre 30
e 40 milhões de relógios contrafeitos por ano. Os con
trafactores aprenderam que estes produtos ilegais têm
de ser absolutamente fiéis nos detalhes aos produtos
originais de forma a conseguirem enganar o cliente fi
nal. É, portanto, essencial examinar ao pormenor. O FOR
TIS B42 Official Cosmonauts Chronograph Automatic é
uma das mais recentes vítimas da contrafacção. A caixa
é idêntica em tamanho e forma ao FORTIS original e al
ber ga um movimento de cronógrafo de quartzo. No seu
conjunto, a maioria das características do modelo fal
sificado é igual às do modelo original em tamanho e
forma. A falsificação é muito fiel ao mostrador do FORTIS
B42 Chronograph. Até o fundo da caixa e a coroa têm
grava do o logótipo da FORTIS, tal como o original. Apesar
de o exterior de um relógio contrafeito poder ser muito
semelhante ao de um original, é vital realçar que o que
está por dentro – o movimento – já não é alvo de tantas
preocupações por parte dos contrafactores e deixa muito
a desejar quando comparado com o original.
117Acontecimentos
Raymond Weil junta-se a Lemar A Raymond Weil juntouse ao cantor de soul britâni
co Lemar para apoiar o centro NordoffRobbins Mu
sic Therapy, o maior centro de terapia musical no
Reino Unido. No final de Junho, o famoso “Silver
Clef Lunch” realizouse no Hilton em Park Lane,
Londres, a favor do Nordoff Robbins Music Therapy.
Ao evento compareceram várias celebridades e per
sonalidades do mundo da música. Na ocasião, um
relógio exclusivo, especialmente desenhado pela
Raymond Weil para a estrela do soul britânico, Le
mar, foi leiloado. As receitas do leilão foram doadas
para a caridade. Fundado em 1974, o centro Nord
offRobbins Music Therapy baseiase na crença de
que a música é uma linguagem universal, à qual to
dos respondem, independentemente das doenças
ou deficiências de que possa padecer. Já antes a
Raymond Weil desenhou modelos exclusivos para
cantores excepcionais como Craig David e Jay Kay
que angariaram um total de cerca de 124 mil euros
ao leiloarem os seus modelos.
Auto-retratos de Fátima Mendonça na Galeria 111A pintora Fátima Mendonça (n. 1964) tem vindo a
construir, desde o início dos anos 90, um universo
figurativo e narrativo que conjura e subverte, com
humor, sarcasmo e violência expressiva, a imagem
tradicional da mulher. Nesta nova exposição, “Com
Dedicação e afecto, da Fátima”, que decorre na
Galeria 111, em Lisboa, de 15 a 27 de Outubro, a
artista aventurase noutra vertente, apostando nos
autoretratos. Fundada em 1964, a Galeria 111 é
a mais antiga galeria portuguesa sem interrupção
de funcionamento desde a sua abertura. Todas as
informações sobre esta e outras exposições em
www.galeria111.pt.
Rolex abre loja em ParisFoi no número 56 da rua de Rennes, perto de
Saint-Germain-des-Prés, que a Rolex abriu a
primeira boutique na Europa. A loja vai ser de
venda exclusiva de modelos da marca e vai ter
disponível em stock, no mínimo, um modelo de
cada relógio, além de uma grande variedade de
braceletes, mostradores e outros componentes.
A loja pode parecer pequena ao pensarmos na di-
mensão do sucesso da marca. Ladeada pelas lo-
jas Céline e Loft, tem duas montras no meio das
quais está a porta de entrada. O acolhimento é
atencioso, mas a loja, lançada por Jean Lachaus-
sois (proprietário das lojas Les Montres) não é
realmente grande - 78 m2. No rés-do-chão, tendo
uma decoração sóbria como cenário, dois fun-
cionários apresentam aos clientes uma selecção
das diferentes colecções Rolex que estão expos-
tas em vitrinas que ocupam as paredes. A loja
dispõe ainda de um salão e de um atelier com
relojoeiros Rolex.
A paixão pela engenharia de excelênciaA Audemars Piguet, uma marca conhecida pela sua afinidade ao mundo dos motores, decidiu associar
o seu nome a um rali de prestígio: o RAID Suisse-Paris. Parceira oficial da Maserati, e tendo como
em baixador Rubens Barrichello, a Audemars Piguet patrocinou também o Grande Prémio de Montreux
em 2006 e foi ainda parceira oficial do Tour Auto Lissac nas suas duas últimas edições. Com esta nova
parceria, a marca vem cimentar a sua imagem de aficionada pela engenharia de excelência. Em Agosto,
os participantes do RAID Suisse-Paris partiram de Basel para chegarem a Paris em três etapas. Os con-
correntes atravessaram paisagens magníficas, passando por Dijon e Orléans, até chegarem à meta, em
Château de Rambouillet. Houve também um espaço reservado no salão para celebrar a recente vitória
do Alinghi na America’s Cup.
Jaeger-LeCoultre festeja 64.ª Mostra de VenezaPara celebrar os três anos de parceria com um dos mais glamorosos festivais da sétima arte, a Mos-
tra de Veneza, que se realizou de no final de Agosto e início de Setembro, a célebre casa suíça de
alta-relojoaria protagonizou todos os grandes momentos do evento: da entrega do Leão de Ouro à
celebração do património cinematográfico, acompanhando as estrelas presentes. Como que em eco
do 75º aniversário da lendária colecção Reverso, também a Mostra apagou este ano as 64 velas. Para
comemorar o duplo aniversário, a Jaeger-LeCoultre criou uma colecção única de alta joalharia. Tendo
como público-alvo as grandes personalidades que participam no evento, estas peças excepcionais fo-
ram apresentadas em exclusivo no terraço «Jaeger-LeCoultre Nikki Beach». Em homenagem ao cinema,
a marca suíça decidiu recompensar os laureados deste ano com peças únicas da lendária colecção
Reverso, personalizadas com a efígie do leão de Veneza.
118 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Museu do Relógio “em alta”O Museu do Relógio teve, em Julho e Agosto, uma
média de 100 visitantes diários, nomeadamente
tu ris tas oriundos de todo o território nacional
mas também viajantes de todo o Mundo. Para o
Alentejo profundo é uma mais valia que existam
atracções turísticas/culturais como o Museu do
Relógio que anualmente atrai cerca de 30 mil tu
ristas a Serpa e consequentemente ao Alentejo.
A maioria dos visitantes do museu são crianças
acompanhadas pelos seus pais (que até aos 10
anos não pagam entrada). Em Outubro o museu
expõe “250 anos de Relógios Mecânicos Usados
no Norte” no Casino da Figueira – Figueira da Foz
– fruto do convite efectuado pelo Grupo Amorim
Turismo. O Museu do Relógio é o único Museu auto
sustentável em Portugal (sem qualquer ajuda go
vernamental, autárquica ou empresarial), vivendo
dos seus visitantes, da sua oficina de restauro e
da sua loja. (www.museudorelogio.com)
Porsche Design Edition 1:uma caixinha de surpresasPor ocasião do International Frankfurt Motor Show
(IAA), o grupo Porsche Design e a Dr. Ing. h.c. F.
Porsche AG apresentaram o Porsche Design Edition
1, uma edição limitada de 777 carros que consiste
num Porsche Cayman S preto com design especial,
que vem acompanhado de uma caixa especial que
contém uma selecção de produtos Porsche Design.
A caixa é composta por um cronógrafo de quartz
Porsche Design, um canivete, uma caneta, um par
de óculos de sol e um portachaves. Em homenagem
ao “Chronograph 1”, que Ferdinand Alexander
Porsche desenhou há 35 anos, todos os produtos são
pretos, até mesmo a lâmina do canivete. O nome de
Ferdinand Alexander Porsche tem sido um símbolo
de funcionalidade, intemporalidade e design clean.
Não só F. A. Porsche desenhou o primeiro Porsche
911, como também fundou o Porsche Design Studio
em Zell am See, Áustria. Tanto o carro desportivo
como a caixa especial que o acompanha vão estar
limitados a 777 unidades.
[ Acontecimentos ]
[ Acontecimentos ]
120 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
Lange & Söhne adopta novo conceito de vendaA manufactura alemã Lange & Söhne, herdeira da tradição relojoeira saxónica, acabou de abrir em
Dresden a sua primeira academia, que vai permitir aos retalhistas e apreciadores da marca descobrirem
o universo dos relógios da Lange e dos detalhes habituais. A marca desenvolveu recentemente um
conceito inovador de vendas, que passa pela criação de academias, onde qualquer amante da alta-
-relojoaria pode ver a precisão, mostrada pela primeira vez fora dos seus ateliês. O primeiro desses
universos exclusivos foi inaugurado no dia 25 de Julho no número 8 da Töpferstrasse, em Dresden –
um universo Lange numa escala mais pequena, mas onde a história e a filosofia da A. Lange & Söhne
se fazem sentir.
F.P.Journe: um espaçode conhecimentoAssim que chegou a Genebra, François-Paul
Journe apaixonou-se pelo edifício imponente lo-
calizado na esquina entre a Rue de la Synagogue
e a Rue de l’Arquebuse. Quando ainda estava nos
primeiros passos, com apenas duas pessoas a
trabalhar para ele, conseguiu alugar um pequeno
espaço no edifício do seu coração, que acabou
por tornar-se um reflexo do seu crescimento – ao
mesmo tempo que a marca F.P. Journe se con-
solidava o edifício foi-se reformando para acolher
na totalidade os trabalhadores que a transfor-
maram num dos mais reconhecidos nomes da
alta-relojoaria. Agora, a entrada principal do edi-
fício tornou-se a entrada para a nova área de
exposições da marca, equipada com a mobília,
suporte multimédia e expositores necessários
para fazer exposições públicas, reuniões privadas
e outros eventos. O espaço está aberto ao públi-
co mediante marcação de visita.
121Acontecimentos
Audemars Piguet inaugura loja em TóquioNo início de Julho, a Audemars Piguet inaugurou a sua nova loja nos primeiros dois andares de um
edifício de dez pisos em Tóquio, na zona de Ginza. A nova loja permite uma exposição excelente
dos relógios da marca, com os restantes pisos do edifício a albergar outros serviços da Audemars
Piguet, como apoio ao cliente, escritórios e uma suite VIP no último andar. O reconhecido arqui-
tecto e designer Yasumichi Morita criou uma fachada audaciosa para realçar a estrutura distinta do
edifício, que mistura a simplicidade das linhas com acabamentos requintados, inspirada no meca-
nismo dos relógios da AP. O designer incorporou também no espaço o conceito da lanterna Andon,
uma forma tradicional de iluminação japonesa. Jasmine Audemars, presidente da Audemars Piguet,
Georges-Henri Meylan, CEO da Audemars Piguet, e Go Mugino, director & CEO da Audemars Piguet
Japão, receberam amigos e parceiros numa festa de pré-inauguração exclusiva.
Rolex patrocina Semana Internacional de Vela A Rolex e o Yacht Clube de Ilhabela anunciaram a
parceria que terá início na próxima edição do maior
evento náutico do Brasil: a Rolex vai ser a patroci
nadora oficial da Semana Internacional de Vela de
Ilhabela, que a partir deste ano passa a ser cha
mada Rolex Ilhabela Sailing Week. A regata, que
há muito tempo é uma tradição na vela brasileira
e tem conquistado reconhecimento global, junta
se à lista de eventos internacionais da Rolex que
marcam a história da vela e contam com os mais
competitivos barcos e velejadores da actualidade.
Na América Latina, já faz parte deste grupo, o Circui
to Atlântico Sul Rolex Cup, que ocorre bienalmente
entre as cidades de Buenos Aires e Punta del Este.
A Rolex é reconhecida por estar presente nalguns
dos principais eventos desportivos do mundo e es
colheu a Rolex Ilhabela Sailing Week para ser o pri
meiro evento patrocinado pela empresa no Brasil.
Chopard em 2006: vendas em altaA marca relojoeirajoalheira genovesa Chopard con
seguiu no ano passado um volume de negócios de
«cerca de 720 milhões de francos, um crescimento
de cerca de 10%», anunciou o vicepresidente Karl
Friedrich Scheufele. A sociedade pretende criar 130
novos postos de trabalho este ano. Com esta vaga
de contratações, os efectivos da empresa deverão
somar 1650, em todo o mundo, no final do ano,
avança Scheufele, numa entrevista à «Le Temps».
O responsável acrescenta ainda que a Chopard
produz cerca de 75.000 relógios e 75.000 jóias por
ano. Cada um dos sectores gera 50% dos rendi
mentos totais da sociedade. O principal mercado da
Chopard é a Europa, bloco do Leste incluído, que
representa 45% das vendas, seguido do Extremo
Oriente (30%) e os Estados Unidos (18%). Scheufele
considera que a China é «o país que apresenta o
maior potencial».
Aposta em novos talentos musicaisCom reconhecida actividade de mecenas no mundo
da arte e da Cultura, a Raymond Weil, através do RW
Club, decidiu organizar um concurso que distinguirá
um jovem talento musical. Os membros do clube
vão votar qual entre os concorrentes levará para
casa um prémio de 5 mil dólares. A Raymond Weil
é uma casa relojoeira suíça que desde a sua criação
investe na descoberta de novos artistas. Este ano,
o Clube Raymond Weil decidiu oferecer aos jovens
talentosos a oportunidade de darem a conhecer as
suas criações musicais, dentro de todos os géneros
de música.
Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Acontecimentos ]
Jaeger-LeCoultre no lançamento da autobiografia de Alek WekA Jaeger-LeCoultre doou um modelo Reverso para ser leiloado durante o
lançamento da autobiografia de Alek Wek – «Alek: De Refugiada Sudanesa
a Supermodelo Internacional» – que decorreu no início de Setembro, em
Nova Iorque. As receitas do leilão foram inteiramente doadas à organização
Médicos sem Fronteiras. Alek Wek exibiu um Jaeger-LeCoultre Reverso no
pulso na noite do evento.
Embaixadora Audemars Piguet seduz VenezaA famosa actriz Michelle Yeoh, embaixadora da Au-
demars Piguet desde 2005, visitou a 64ª edição
da Mostra de Veneza, um dos mais importantes
eventos mundiais da sétima arte. A actriz esteve na
cidade italiana no final de Agosto, juntamente com
o restante elenco do filme “Far Borth (True North)”
do realizador Asif Kapadia, em que participa. Du-
rante o evento, Yeoh usou as mais recentes criações
relojoeiras da Audemars Piguet – na conferência de
imprensa, exibiu um Turbilhão e Cronógrafo Jules
Audemars no pulso e no tapete vermelho a actriz
escolheu usar um relógio Millenary Précieuse.
122
123AcontecimentosAcontecimentos
Nova colecção Panerai apresentada em pleno TejoUm dia de Verão e um passeio no Tejo a bordo de um veleiro histórico mostrou ser o cenário ideal para
o desvendar da nova colecção de relógios da mítica Panerai. No final de Julho, a Anselmo 1910, uma
referência no panorama da relojoaria e joalharia em Portugal, convidou os seus clientes para um final
de tarde descontraído; um passeio a bordo do Veleiro Leão Holandês com o intuito de dar a conhecer
a nova colecção de relógios da Panerai. Foi uma tarde agradável que conjugou a descontracção com o
requinte a que a Anselmo 1910 já habituou os seus clientes.
Exportações de relógios suíçosmelhores do que nuncaAs exportações de relógios e mecanismos helvéti
cos têm assistido a um grande crescimento. As ex
portações de relógios suíços atingiram em Julho um
crescimento histórico de 27% para 1,46 mil milhões
de francos suíços (890 milhões de euros). Esta foi a
maior taxa de progressão em dois anos. A China, e
em particular Hong Kong, que beneficia de um re
gime fiscal atractivo para estes produtos, importou
da Suiça 203 milhões de francos em mecanismos,
o que constituiu um aumento de 39% nas impor
tações deste país. Já os Estados Unidos, primeiro
mercado para os relógios suíços, recuou 1,9% nas
importações para 209 milhões de francos.
O valor de um sonhoA Gilles Fine Jewellery apresentou no início de Se
tembro a sua primeira colecção de jóias de autor,
num evento especialmente concorrido. A “The Love
Collections” é um tributo que José Gil presta à sua
mulher, Lurdes Gil – uma senhora especial que já
não se encontra entre nós mas que marcou todos os
que com ela privaram pela sua determinação, bom
gosto e paixão pela vida. Partindo destes valores, a
Gilles desafiou três designers a criarem peças exclu
sivas. As colecções de Maria João Costa, Gabriel
Ribeiro e Susana Martins têm como traço comum
a utilização de materiais nobres, como o ouro e os
diamantes, além da atenção dada aos detalhes,
como forma de expressão do percurso de uma vida.
Do empenho destes criadores resultou uma vasta
colecção de mais de 100 peças que vão de colares a
brincos, de anéis a pendentes, de peças com grande
simbolismo a outras de grande valor conceptual.
[ Acontecimentos ]
Bisontes voam com relógios FortisA esquadra de transportes da Força Aérea Portuguesa, 501 - Bisontes, comemorou em meados de Se-
tembro o seu trigésimo aniversário com uma série de iniciativas na Base Aérea n.º 6, no Montijo. Destas,
destacou-se como o ponto alto do evento, uma sui generis largada de carga aérea de um dos Hércules
C-130 que compõem a referida Esquadra. Tratou-se de uma palete contendo os 130 relógios Fortis da
série limitada “30 anos Esquadra 501 – Bisontes” que assinalaram tão importante data. Alguns dias
antes, o COFA Ten. General Alfredo Cruz, o Comandante da Esquadra Ten. Cor. Azevedo Santos e Francis-
co Amaro, representante da empresa importadora da marca, a Torres Distribuição, tinham-se deslocado
à fábrica, em Grenchen. Na Suíça, foram amavelmente recebidos pelo presidente da Fortis e mulher, que
os acompanharam numa inédita visita à fábrica, bem como num muito bem disposto jantar.
1 Colocação da carga com os 130 relógios Fortis de série limitada.
2 Abertura da carga onde estão os relógios Fortis para a Esq.501.
3 Comandante Azevedo Santos com a placa comemorativa desta acção.
4 O COFA Tenente General Alfredo Cruz, durante a visita à Fortis.
5 Peter Peter, CEO da Fortis recebe das mãos do COFA Tenente General Alfredo Cruz e do Comandante da Esquadra Tenente Coronel Azevedo Santos o quadro alusivo ao 30º aniversário da Esquadra 501 Bisontes.
6 Fotografia de grupo dos vários elementos envolvidos nesta acção.
7 O C130 que transporta a carga aérea com os 130 relógios Fortis, série limitada.
Espiral do Tempo 26 Outono 2007124
Numa final muito disputada, a equipa Labrador
arrebatou no fim-de-semana de 15 e 16 de Setem-
bro o IV Porsche Banif Polo Cup que teve lugar no
Monte dos Duques em Santo Estevão. O torneio
inaugurou o novo campo de Polo no Monte dos
Duques e contou com uma assistência de mais
de 1000 pessoas. Neste exclusivo evento, sobres-
saiu a emoção dos jogos dentro de um fantás-
tico ambiente desportivo e social. Os jogos das
eliminatórias decorreram no sábado opondo as
equipas Strategos - Labrador e Nespresso - Jason
Associates. À final foram a Labrador e a Jason As-
sociates, saindo a primeira vitoriosa. Ao mesmo
tempo, os convidados tiveram a oportunidade de
testar toda a gama Porsche num pequeno per-
curso montado para o efeito pela Escola de Con-
dução Porsche. Na tenda VIP, a Gaggenau montou
uma sofisticada cozinha onde o Chefe Chakkal
preparou deliciosas iguarias para os convidados
degustarem.
Porsche Banif Polo Cup com assistência recorde
TAG Heuer: montras inovadorasÉ a primeira vez, em Portugal, que uma mon-
tra de relógios une som, imagem e movimen-
to. O mérito é da TAG Heuer, que criou mon-
tras inovadoras para a sua exposição “Motor
Racing”. Em destaque nestas montras estão
os clássicos das colecções Carrera e Monaco,
que são acompanhados por alguns modelos
das colecções Formula 1,Aquaracer e ainda o
SLR. Quem foi apreciar a montra pode ouvir
o som constante de um carro de F1, ver um
vídeo do piloto da McLaren Fernando Alonso
e assistir a uma corrida numa pista de car-
ros em miniatura entre um SLR e um F1 da
McLaren. Faz ainda parte da montra uma
imagem em tamanho real do também piloto
da McLaren Lewis Hamilton, que tem feito
as delícias dos amantes das grandes veloci-
dades, que aproveitam para tirar fotografias
ao lado da estrela da F1. A exposição “Motor
Racing” teve o seu arranque na Jóia Pura, no
Montijo, em Junho e vai continuar a correr o
país até meados de Outubro.
125AcontecimentosAcontecimentos
[ Livros ]
Montres SportivesO livro convida o leitor a viajar ao longo dos anos
com que se faz a história da relojoaria de precisão. As
técnicas, os homens que as concretizam e as marcas
que ousam criá-las são o tema central deste livro que
se organiza em oito capítulos que vão desde o fun-
cionamento dos relógios desportivos, dos cronógrafos
e cronómetros até à apresentação dos modelos que
contam a evolução das peças de precisão.
• Por Constantin Parvulesco • Edições ETAI
• Texto em Francês • Formato 30 x 25 cm
• 178 páginas • Capa dura • € 65
A arte de medição do tempo, em geral, e a tradicional arte relojoeira, em particular, constituem um mundo fascinante e mesmo viciante. Como tal, a história da relojoaria, a complexidade das complicações micromecânicas,
a evolução do design, a respectiva inserção na conjuntura socioeconómica e as lendas da indústria relojoeira surgem bem documentadas em vários
livros que prometem ser uma leitura extremamente agradável para os aficionados. Alguns desses livros são mais técnicos, outros mais históricos,
outros são mais uma espécie de catálogo de marcas. Alguns são para principiantes, outros para coleccionadores experimentados. Mas todos eles
despertam o interesse de quem aprecia tudo sobre a relojoaria: factos históricos, curiosidades, anedotas, mitos.
Jaeger-LeCoultre - La Grande Maison
Este é o livro referência sobre a Jaeger-LeCoultre, a ‘Gran de Casa’ relojoeira fundada por Antoi-
ne LeCoultre. Ao longo das quase 400 páginas são apresentas dezenas de criações antigas e
alguns dos relógios com que a marca tem surpreendido o universo relojoeiro. As mais de 600
ilustrações, as fotografias e os textos tornam esta obra indispensável para um apaixonado
da bela relojoaria.
• Por Franco Cologni • Edições Flammarion
• Texto em Francês • Formato 25 x 29 cm
• 381 páginas • Capa dura • € 165
126 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
MontresO inventário do especialista
Organizada por décadas, esta obra propõe-nos uma
viagem de descoberta dos modelos e dos nomes da
indústria relojoeira que fizeram história ao longo de
todo o século XX. As fotografias dos relógios mais em-
blemáticos de cada época estão em destaque, bem
como os pormenores técnicos de cada peça e a fechar,
um glossário com termos técnicos.
• Por René Pannier • Edições Vilo Paris • 219 páginas
• Texto em francês • Formato 18 x 24 cm
• Capa semi-dura • € 45
Les montres et horloges de table du Musée du Louvre - Tome II
As mais de duas centenas de relógios de bolso e de
mesa, balizados entre os séculos XVI a XIX, analisados
pela conservadora Catherine Cardinal, compõem este
segundo volume. O catálogo com peças de diferentes
colecções, permite descobrir mais os objectos de arte
guardados no Musée du Louvre.
• Por Catherine Cardinal • Texto em francês
• Edição Réunion des Musées Nationaux
• Formato 26 x 27 cm • 239 páginas
• Capa dura • € 65
La folie des montres
Um pequeno livro quadrangular de leitura simples e rápida, com vários capítulos referentes a
diversos tipos de abordagem relojoeira e com a ilustração de um relógio por página. Apresenta
fotografias dos relógios de pulso mais marcantes do século XX e de alguns modelos de excepção
verdadeiramente raros.
• Por G.-A. Berner
• Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.
• Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas • Capa dura • € 30
Vrais & Fausses MontresUm dos grandes temas da actualidade em relação à
indústria do luxo é o fenó me no da contrafacção, sendo
um dos sec tores mais vulneráveis a este flagelo econó-
mico, justamente, o sector relojoeiro, nomeadamente
no ‘ataque’ que é feito às marcas mais prestigiadas. Daí
a pertinência deste livro que nos ajuda a destrinçar o
‘trigo do joio’ mostrando as diferenças, bem mais ób-
vias do que se pensa, entre o original e as cópias.
• Por Fabrice Guêroux • Edição ArgusValentines
• Texto em Francês • Formato 15 x 21,5 cm
• 320 páginas • Capa dura • € 65
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Fotocopie este questionário e preencha-o.
Junte um cheque endereçado à Company One no valor da encomenda e envie para:
Espiral do Tempo, Departamento de Livros e Catálogos > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 Lisboa > Portugal
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Pretendo encomendar os livros n.º Cheque n.º Banco:
La Cote de Montres Modernes et de Collection
Este livro ajuda-nos a aferir o valor de cerca de 650
modelos das principais marcas, pelo que se torna um
livro fundamental para quem faz colecção, para todos
os que o desejam vir a fazer ou para aqueles que têm
a sorte de herdar algum dos relógios de pulso encon-
trados no armário do sótão, na quinta do avô. Aqui en-
contra as principais características, o preço caso ainda
seja produzido e a cotação atribuída.
• Por MMC • Edição ArgusValentines
• Texto em Francês • Formato 21,5 x 30 cm
• 219 páginas • Capa dura • € 80
Dictionnaire professionel ilustré de l’horlogerie
Conhecido como Dicionário Berner, é uma verdadei-
ra enciclopédia consagrada à medição do tempo com
4800 termos técnicos em francês, alemão, inglês e es-
panhol. Um documento de referência único no mundo,
indispensável tanto para os entendidos como para os
amantes da melhor relojoaria.
• Por G.-A. Berner
• Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.
• Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas
• Capa dura • € 235
[ Internet ]
www.jaegerlecoultre.com
www.torresdistrib.com
www.fpjourne.com
www.raymondweil.com
www.chopard.com
www.porschedesign.com
www.thebritishmasters.com
www.audemarspiguet.com
128 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
www.hautehorlogerie.org/en/
Tudo sobre a alta-relojoaria: do passado ao presente
O site da Fondation de la Haute Horlogerie (FHH) é uma boa ferramenta para os profissionais da relojoaria e para
os aficionados. Actualizado diariamente, lá encontramse todas as novidades do mundo da altarelojoaria. Com um
design simples, que permite uma navegação fácil, o site está dividido em três secções: Jornal, Eventos e Cultura. Na
primeira secção, o leitor pode encontrar as novidades de todas as grandes marcas, as notícias mais recentes sobre
relojoaria e ligações para artigos publicados na imprensa. Na secção Eventos, pode saber tudo sobre o SIHH (Salão
Internacional da Alta Relojoaria) e eventos similares, e na Cultura pode aceder a uma Timeline que conta toda a his
tória da relojoaria desde os primórdios, um glossário dos mais importantes termos relacionados com relógios, uma
enciclopédia e a apresentação dos principais “jogadores” do mundo da altarelojoaria. Consagra ainda um espaço a
artigos sobre a contrafacção e a preservação da relojoaria. Um espaço a visitar.
[ Assinaturas ]
Nº 1 • € 5 Nº 2 • € 5 Nº 3 • € 5 Nº 4 • € 5 Nº 5 • € 5 Nº 6 • € 5 Nº 7 • € 5
Nº 8 • € 5 Nº 9 • € 5 Nº 10 • € 5 Nº 11 • € 5 Nº 12 • € 5 Nº 13 • € 5 Nº 14 • € 5
Nº 15 • € 5 Nº 16 • € 3,5 Nº 17 • € 3,5 Nº 18 • € 3,5 Nº 19 • € 3,5 Nº 20 • € 3,5 Nº 21 • € 3,5
Nº 22 • € 3,5 Nº 23 • € 3,5 Nº 24 • € 3,5 Nº 25 • € 3,5
Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo,
envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando
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Assinaturas
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Morada: C.Postal: –
Localidade: Profissão: Datadenascimento:
Cont.: Tel: Tm.: Email.:
Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive) Cheque n.º: Banco:
Como se vê no mundo dos relógios? Onde viu a Espiral do Tempo?
Coleccionador Apaixonado Curioso Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe
De que tipo de artigos mais gosta? E neste número de que mais gostou?
Junho, 15hA bordo de um barco fretado pela Audemars Piguet,
acom panhámos durante cerca de duas horas, ao lar-
go de Valência, como que sentados numa primeira
fila ima ginária de uma plateia flutuante, as peripécias
da quinta regata da «über» milionária America’s Cup
dispu tada entre o team Alinghi, do qual a AP é um dos
patrocinadores, e o team New Zealand, na posição de
Challenger.
Os «Kiwis» que na largada tinham logrado tomar a
dianteira, fruto (digo eu) de uma melhor interpretação
dos ventos dominantes nos minutos que antecederam
a partida (não estática) e de várias manobras bem-su-
cedidas de navegação, vieram a perder essa vantagem
no terço final da regata, quando o spinnaker cedeu,
ao ser desfraldado, aos ventos fortes que nessa tarde
sopravam naquelas partes do Mediterrâneo. A vitória
do Alinghi, que até essa regata estava empatado com
o Challenger a 2 – 2 e que, sem o sabermos, prenun-
ciava já a vitória final nesta edição da Cup, por uns
claros 5-2, foi ruidosamente festejada pelos muitos
suíços que estavam em Valência, agitando frenetica-
mente enormes badalos que nenhuma vaca daquelas
que tradicionalmente ornamentam a chocolataria e os
postais ilustrados helvéticos alguma vez aguentaria
ao pescoço. O Belzebu que escolha entre a chinfrineira
do badalo e a da corneta de ar comprimido que se
ouve no futebol.
A estadia em Valência, embora curta, também ser-
viu para constatar o desenvolvimento da cidade, a
que obviamente não será estranho tudo o que gravi-
ta à volta do maior evento náutico, mas que não se
fica por aí. O empreendedorismo e as vistas largas
do povo espanhol são a principal causa do fosso que
cada vez mais nos distancia. Ao contemplar as obras
do arquitecto Santiago Calatrava que compõem a no-
vel Cidade das Artes e das Ciências em Valência, por
alguma razão me veio à memória a polémica à volta
do Parque Mayer...
Julho, 10h 15mA learning curve gastronómica no rebaptizado
«Allgarve» estival é amarga ao palato e quase sem-
pre pesada para a bolsa, por mais viajada que esta
seja. Exemplos: no bar da bem arranjada concessão
de praia que dá pelo nome de Nikki Beach, uma de-
senxabida bica morna pode ser sua a troco de uns
imodestos € 3,5; e, se for jantar ao vizinho restauran-
te Búzios – não confundir com o Búzio de Quarteira –,
atraído pelo azul claro nórdico das madeiras pintadas
e pela esplanada em frente ao mar, prepare-se para o
preço do couvert. É que três pires de cenouras saloias
cortadas às rodelas com alho, mais umas azeitonas
medíocres e uns pacotinhos de manteiga para barrar
no papo-seco ultrapassam o preço de uns salmonetes
bem grelhados noutro lado.
Questionado o empregado sobre o engano da
máquina registadora, foi-me dito, enfática e enfadada-
mente, que era mesmo assim, que o preço do couvert
não era calculado em função do número de pires, mas
antes multiplicado pelo número de comensais! Nada
mal pensado não senhor, não fora a circunstância do
engenho sem arte me ter esportulado uns pornográ-
ficos € 37, que me pareceram ainda mais hard-core
depois do camarão tipo tigre miau-miau grelhado,
seco que nem uma alfarroba, acompanhado por uma
despropositada salada de alface com manga, kiwi e
abacaxi...
Mas valha ao veraneante mais avisado que tam-
bém há muitos casos de sinal contrário, como o res-
taurante do Lake Resort na Praia da Falésia, exemplo
de bom serviço a preço justo, ou o Veneza em Paderne
(a escolha de mesa na sala climatizada de garrafeira
é obrigatória). Também há o Willie’s na R. do Brasil,
em Vilamoura, ao lado do Hilton – arquitectura a fa-
zer lembrar um daqueles parques de escorregas de
água –, mas a estrela Michelin faz-se pagar e a relação
preço-qualidade fica a muitas estrelas de distancia,
por exemplo, da do Calima em Marbella.
Julho, 10h 25mEntão não é que vem aí uma reedição do Milgauss?!...
outrora o patinho feio da Rolex, que na sua versão ori-
ginal quase ninguém tentou, talvez pela sua aparente
simplicidade e rusticidade, mau grado a publicidade
da época garantir propriedades antimagnéticas e um
desvio mínimo se o utilizássemos no Pólo Norte, mas
que agora é cobiçado por coleccionadores. Quando
há três anos despertei para ele, o mesmo tinha entre-
tanto desaparecido do catálogo e nem o PT foi capaz
de me desencantar qualquer um, esquecido na poeira
de algum lojista.
Fernando Campos Ferreira
Fernando Campos Ferreira
Quotidianos
O empreendedorismo e as vistas largas do povo espanholsão a principal causa do fosso que cada vez mais nos distancia.
130 Espiral do Tempo 26 Outono 2007
[ Crónica ]