Celso Dal Ré CarneiroDepartamento de Geociências Aplicadas ao Ensino
Instituto de Geociências – Unicamp
Felipe Garcia Domingues da CostaGraduando em Geologia
Instituto de Geociências – Unicamp
Estruturas atectônicas da Bacia do Paranáem Campinas (SP): deformaçãosin-sedimentar no Subgrupo Itararé
RESUMO Entre 2000-2001, obras na Rodovia D. Pedro I expuseramdobras atectônicas no Subgrupo Itararé, Bacia do Paraná, no trevo da estrada que uneCampinas a Moji-Mirim e Moji-Guaçu. Ocorrem dobras convolutas decimétricas,fechadas a isoclinais, controladas por siltitos laminados. As obras também expuseram, edepois destruíram, ondulações com comprimento de onda da ordem de 20 m. Sintetizam-se critérios distintivos desse tipo de estrutura e descrevem-se feições similares, entre SP eSC. A origem das deformações pode ser associada diretamente à ação do gelo ou aodeslizamento subaqüoso de camadas inconsolidadas. As ocorrências de Campinas parecemresultar de ambos os processos. Localmente, camadas não-confinadas em ambientesubaqüoso sofreram deformações penecontemporâneas à sedimentação, ao passo que asondulações mais amplas e abertas devem-se à ação direta do gelo.
PALAVRAS-CHAVE Estruturas atectônicas, deformação penecontemporânea,dobras convolutas, Subgrupo Itararé, Bacia do Paraná
ABSTRACT Between 2000-2001, new outcrops of convolute folds havebeen discovered at the Highway D. Pedro I, in the interconnection with the Campinasto Moji-Mirim and Moji-Guaçu Highway. The features are typical atectonic folds. Alevel of weathered laminated siltites exhibits tight to isoclinal folds in rocks of the ItararéSubgroup (Tubarão Group). Open folds in sandstones and siltites have also beendisplayed, but soon later they were destroyed. This paper sinthezises distinctive criteriafor atectonic structures and describes similar features elsewhere. Two main alternativesfor the origin of the deformations are considered: direct action of ice movements orgravitational dislocations of unconfined inconsolidated layers. Data integration indicatesthat the two types of occurrences at Campinas result of both processes, but the latermechanism explains better the described convolute folds.
KEYWORDS Non-tectonic structures, penecontemporaneous deformation,convolute folds, Itararé Subgroup, Paraná Basin
TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006
ARTIGO
* Este documento deve serreferido como segue:
Carneiro C.D.R., Costa F.G.D.da.2006. Estruturas atectônicasda Bacia do Paraná emCampinas (SP): deformaçãosin-sedimentar no SubgrupoItararé. Terræ Didatica,
2(1):34-53. <http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/>
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pontos distintos. Para estudar em campo exposiçõesde estruturas similares na borda da Bacia do Paranáentre SP e SC, diversos afloramentos foram visita-dos (Costa e Carneiro 2006), para comparação comas feições típicas identificadas em Campinas.
As observações contidas em Carneiro e Costa(2006) precedem a revegetação artificial que hojedificulta a observação, pois datam da época da aber-tura dos cortes. Os dados disponíveis referem-se auma parte das ocorrências, porque outras feiçõesnotáveis foram expostas e em seguida destruídaspelas obras de duplicação da Rod. D. Pedro I. Du-rante as obras no trevo de Moji-Mirim / Moji-Guaçu, um dos autores (CDRC) visitou os cortesem vários momentos; foram observados anticlinaise sinclinais abertos de comprimentos de onda mé-tricos, arqueamentos suaves e interdigitações en-tre camadas de arenitos, siltitos e argilitos. À mar-gem da antiga pista simples da rodovia havia expo-sições de diamictitos que foram eliminadas. O ní-vel de camadas dobradas centimétricas, intercala-das em camadas indeformadas, do Subgrupo Itararé(Grupo Tubarão) ficou preservado em pequena ele-vação de formato aproximadamente triangular,entre as alças de acesso da Rod. D. Pedro I (SP-65,
Introdução
Obras de modernização da SP-65, Rodovia D.Pedro I, no trecho em que esta estrada estadualcontorna a cidade de Campinas, no Estado de SãoPaulo, expuseram, entre 2000-2001, rochas sedi-mentares dobradas pertencentes ao Subgrupo Ita-raré (Grupo Tubarão), da borda da Bacia Sedimen-tar do Paraná. As estruturas variam desde ondula-ções abertas até dobras bastante contorcidas. Carac-terizadas como típicas estruturas atectônicas, apre-sentam-se bem expostas no trevo da SP-340, Rod.Gov. Dr. Adhemar P. de Barros, que une Campi-nas às cidades de Moji-Mirim e Moji-Guaçu. Emparte, as exposições foram destruídas durante asobras de modificação do trevo, mas outras aindasão visíveis (Fig. 1).
As camadas dobradas da Figura 1, com espes-suras centimétricas a decimétricas, fazem parte deuma sucessão, na qual estas se intercalam com ca-madas indeformadas. Carneiro e Costa (2006) admi-tem duas hipóteses para a sua origem: deformaçõescausadas por movimentação dos gelos e deslizamen-to subaqüoso; assinalam que ambas se aplicam adados recolhidos no local aqui descrito, mas em dois
Figura 1 – Sucessão de estruturas dobradas no trevo da Rodovia Dom Pedro I
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pista Jacareí-Campinas), para a Rod. SP-340 (pistaCampinas-Moji-Mirim) (Fig. 2).
A presente nota visa a descrever e caracterizarestruturas atectônicas do tipo dobras convolutas e ou-tras, tendo como referência as feições presentes notrevo da Rod. D. Pedro I em Campinas. Um ban-co de dados construído a partir de levantamentobibliográfico possibilitou a visita e posterior des-crição de algumas feições similares, encontradas emoutros locais da bacia. A partir da apreciação desseconjunto de informações, pretende-se contribuirpara o entendimento da origem das estruturasatectônicas do Subgrupo Itararé. A nota destina-seainda a sintetizar conceitos sobre tal categoria deestruturas, além de apresentar e discutir resultadosde análise estrutural em campo.
Estruturas atectônicas: conceitos básicos
Estruturas atectônicas são arranjos que se desen-volvem nas rochas, especialmente as sedimentares,devido a movimentos causados fundamentalmen-te pela ação da força da gravidade sobre massas ro-chosas destituídas de suporte ou apoio; sua ocorrên-cia é localizada, sendo restritas as condições deidentificação e observação; normalmente essas fei-ções ocorrem em áreas pequenas. Afetam, princi-palmente, sedimentos na superfície do terreno ouem níveis próximos a ela, e manifestam-se, em
geral, por meio de dobras e pequenas falhas, ditasatectônicas. A origem dessas estruturas independede deformações dos níveis profundos da crosta;portanto, não requer propagação de forças internasatravés do substrato rochoso no qual se apóiam. Adesignação decorre do fato de serem formadas semparticipação de esforços de origem tectônica ou re-lacionados a diastrofismo (Loczy e Ladeira 1976).
Estruturas atectônicas formam-se durante aprópria deposição de sedimentos, antes de seremcobertos por camadas mais jovens, ou ainda, de-senvolvem-se nos sedimentos após sua formação,mas sem intervenção de tectonismo. Podem resul-tar, assim, de processos superficiais comumente re-lacionados a fenômenos de erosão e deposição.
Compactação e diagênese dos sedimentos por gra-vidade e compactação diferencial são algumas dasformas pelas quais as diferentes estruturas de rochaspodem ser formadas. Estruturas atectônicas dobra-das podem se formar por compactação diferencialou deslizamentos subaqüosos. A densidade dos se-dimentos é determinada não apenas pela compo-sição das partículas sólidas, mas também pelo seuconteúdo em água e gases (derivados da decom-posição de matéria orgânica, Hobbs et al. 1976).Quando a compactação por gravidade atua sobresedimentos homogêneos de considerável extensãolateral, depositados sobre uma superfície plana equase horizontal, podem ser notados efeitos como
Flanco S
Flanco N
Flanco S
Flanco N
N
Jacareí
Americana
Campinas
Moji-M
irim
80 km
Campinas
São Paulo
MINAS GERAIS
SÃO PAULORIODE
JANEIROPARANÁ
MATO GR
OSSO
Oceano Atlântico
52o
20o
22o
24o
50o 48o
46o
273214 288214 303214
273214
7453
063
288214
7468
063
303214
7483
063
74530637468063
7483063
Campinas
1
Figura 2 – Localização do afloramento descrito de estruturas atectônicas, flancos norte (N) e sul (S) dos cortes deestrada em Campinas, Estado de São Paulo. Imagem local obtida por meio do programa Google Earth
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redução em espessura e porosidade e aumento dadensidade dos materiais. O comportamento geraldas camadas não mudará, não se formando umaestrutura nova. Entretanto, se os sedimentos se acu-mularem em uma superfície que apresente algu-ma inclinação, ou até mesmo um relevo acentua-do, ou se houver mudança lateral no caráter dossedimentos, além de uma superfície de deposiçãoirregular e de material menos poroso, poderá ocor-rer compactação diferencial, originando estrutu-ras atectônicas como dobras (Loczy e Ladeira 1976).
Dobras convolutas são aquelas cuja superfície axialnão é planar (Twiss e Moores 1992). Também de-nominadas laminações convolutas, são comuns emritmitos formados por intercalações argilosas esiltosas (Hobbs et al. 1976, p. 156-157). Emboradobras de origem tectônica também possam exibirsuperfície axial não-planar, é comum que a origemde muitas dobras convolutas seja independente deesforços tectônicos; o movimento de correntes so-bre sedimentos depositados em superfícies suave-mente inclinadas pode produzir uma sucessão de
pequenas ondulações ou micro-dobras mais oumenos irregulares entre dois níveis mais plásticosda seqüência. A origem destas diferencia-se das do-bras de escorregamento (“slump-folds”) pois as mi-crodobras da laminação convoluta acham-se com-preeendidas entre camadas paralelas entre si (Popp1987) (ver Tab. 1).
Deslizamentos subaqüosos também podem formarestruturas. Sedimentos depositados em uma super-fície de inclinação maior que seu ângulo de repousotendem, nesta posição instável, a deslizar sobre asuperfície. A deformação associada a falhas com-plexas dos planos de acamamento, provocadas pordeslizamentos, denomina-se slip bedding (literal-mente: deslizamento de camadas).
Hobbs et al. (1976, p. 157-159) enumeram umasérie de critérios para distingüir as laminaçõesconvolutas de outras estruturas de origem tectônica(Tab. 1). Esses autores ponderam, contudo, que aseparação dos dois grupos possa ser artificial, já queé razoável assumir que dobras possam se formarem rochas representativas “de todos os estágios de
1 Existência, no material deformado, de tocas e cavidades indeformadas,abertas por animais em sedimento
2 Existência de flexão, ao redor das zonas de charneira, de foliaçõesmetamórficas, cristais metamórficos ou grãos minerais
3 Presença de fósseis deformados. Fósseis podem se deformar após o — Conclusivodobramento, mas se houver relações sistemáticas entre eles eas dobras, é um bom critério
4 Presença de estruturas normais e reversas em pequenas distâncias Indicativo Indicativo
5 Camadas dobradas truncadas por camada indeformada sobrejacente,atribuída à erosão do sedimento deformado, antes da nova deposição i
6 Aspecto e orientação não relacionados com outras estruturasde origem tectônica da área
7 Ausência de juntas que possam ser relacionadas com as dobras Indicativo —
8 Ausência de veios que possam ser relacionados com as dobras Raramente —
9 Presença de foliação plano-axial (raramente podem ser encontradasfoliações plano-axiais em dobras penecontemporâneas)
10 Dobras confinadas a uma camada ou a um grupo de camadas adjacentes Indicativo Indicativo
11 Dobras caóticas Indicativo desedimentonão- consolidado
Conclusivo —inconsolidado
— Conclusivo
Indicativo Raramentendicativo
Difícil aplicação Difícil aplicação
conclusivo
Indicativo Indicativo
Indicativo
No
Critério Origem Atectônica Origem TectônicaCritério Origem Atectônica Origem TectônicaNo
Tabela 1 – Critérios conclusivos, indicativos, ou pouco conclusivos, para distinção entre laminações convolutas eestruturas de origem tectônica (Hobbs et al. 1976, p. 157-159)
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litificação”. Assinala-se que os critérios devem serutilizados de modo combinado. Isoladamente,poucos deles são conclusivos. Neste trabalho, algunsexemplos são detalhadamente apresentados e ana-lisados, a partir de afloramentos identificados naregião de Campinas (SP). A Figura 3 ilustra estru-turas do flanco S (Fig. 2).
Materiais e métodos
Um levantamento bibliográfico inicial buscoulocalizar descrições de feições similares que possi-bilitassem interpretar os processos formadores dasestruturas atectônicas estudadas. Os dados de fei-ções associadas ao terceiro episódio de ingressõesmarinhas na Bacia do Paraná (Almeida e Carneiro2004) foram organizados em banco de dados, ten-do sido estabelecidas divisões hierárquicas segun-do o tema do artigo e sua relação com o enfoquedo presente trabalho.
Banco de dados sobre estruturasatectônicas da Bacia do Paraná
Com a finalidade de identificar na bibliografiaestudos detalhados sobre estruturas da borda daBacia Sedimentar do Paraná, realizou-se varredurade trabalhos publicados em periódicos brasileiros:no total, mais de 900 publicações foram analisadas.Dentre 1.297 volumes de periódicos, encontrou-se número razoável de trabalhos sobre “estruturasatectônicas da Bacia do Paraná”. A seleção dostrabalhos que possuíam conteúdo relevante sobreestruturas atectônicas possibilitou construir umaclassificação com seis níveis de interesse conformeo conteúdo, resumidos na Tabela 2.
As referências bibliográficas foram dispostas emplanilha contendo dados úteis para facilitar suarecuperação. O Banco de Dados reúne 121 artigosrelevantes para o tema da pesquisa classificados se-gundo o conteúdo e importância; esses dados ori-entaram a seleção de pontos para visitas de campo.
Descrições de Campo
A viagem abrangeu localidades dos Estados deSão Paulo, Paraná e Santa Catarina, na borda ori-ental da Bacia Sedimentar do Paraná. Dentre ospontos previamente catalogados no levantamentode artigos, alguns puderam ser localizados commais precisão, graças ao apoio de profissionais aquem os Autores manifestam sua gratidão, no itemAgradecimentos. Além desses, outros locais foramtambém incluídos nas visitas.
Realizou-se descrição pormenorizada das do-bras do corte da Rod. D. Pedro I, tendo sido con-feccionados diagramas estruturais e efetuada clas-sificação segundo o método das isógonas de mer-gulho (Ramsay 1967, 1987), técnica de uso cor-rente em Geologia Estrutural. Utilizando softwares
adequados, as fotografias obtidas do afloramentoestudado foram digitalizadas por meio de scanner esofreram ajustes e correções; posteriormente, asestruturas foram desenhadas de forma detalhada.
Estudos anteriores
A vasta bibliografia sobre evolução e caracteri-zação da Bacia do Paraná inclui estudos que fazemreferência específica a estruturas atectônicas nopacote permo-carbonífero. São bem menos nume-rosas as referências a estruturas penecontemporâ-neas, como deslizamento subaqüoso, laminaçãoconvoluta e deformação por carga; diversos arti-gos indicam precisamente a localização de pontosrepresentativos.
A origem glacial das camadas Itararé foi propostapor Derby (1878 apud Gama Jr. et al. 1992a); Pache-co utilizara a designação “Glacial” (1927 apud Mez-zalira et al. 1981) para rochas permo-carboníferas,reunidas por Washburne (1930) como Série Itararé.Mapeamentos e descrições revelam a existência derochas pertencentes à unidade em São Paulo (Bar-bosa e Almeida 1949, Almeida e Barbosa 1953),Mato Grosso (Almeida 1945), além de folhelhosvárvicos no sul do país (Oliveira 1929). Mendes(1962 apud Mezzalira et al. 1981) considerou a Sé-rie Itararé, juntamente com a unidade Guatá,
A Referências a Estruturas Atectônicas (fotose descrições) no Subgrupo Itararé
B Referências a Estruturas Atectônicas (fotose descrições) na Bacia do Paraná
C Alguma referência a Estruturas Atectônicas
D Relacionamento com o Subgrupo Itararé
E Relacionamento com a Bacia do Paraná
F Alguma referência à Bacia do Paraná
Nível Trabalho contémTrabalho contémNível
Tabela 2 – Classificação hierárquica da bibliografiarecuperada de estruturas atectônicas
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subgrupos do Gru-po Tubarão queidentificou. Desdeos primeiros estu-dos, feições de de-formação associadaao movimento dogelo vieram sendoregistradas em tra-balhos que analisama evolução e dinâ-mica do SubgrupoItararé, como p.ex.Washburne (1930), Almeida (1953), Mezzalira(1969), Rocha-Campos et al. (1969), Medeiros(1971), Fulfaro et al. (1971) e Trosdtorf et al. (2005).
Gama Jr. et al. (1992a), dentre outros, propõemhipóteses para a formação de estruturas atectônicas,apresentam descrições de estruturas relacionadas àação do gelo e destacam a abundância das fácies deressedimentação como componente dos ambien-tes peri-glaciais, onde a sedimentação é gerada porfluxos gravitacionais subaqüosos a partir de retra-balhamento de tilitos. As geleiras atuariam no su-primento de terrígenos, enquanto os verdadeirosagentes deposicionais seriam os fluxos gravitacionais.
Schneider et al. (1974) e Soares et al. (1977), den-tre outros, revisam propostas de subdivisão es-tratigráfica do Subgrupo Itararé; Soares et al. (1977)reconhecem a dificuldade de se estabelecer limitesclaros entre formações pela falta de continuidadelateral dos pacotes rochosos e ausência de camadas-guia, e identificam quatro associações litológicasnas quais são comuns as estruturas de laminaçãoconvoluta, camadas contorcidas e marcas de sobre-carga simétricas, em uma área geograficamente li-mitada. Vesely e Assine (2004) apresentam resulta-dos de análise estratigráfica do Subgrupo Itararé naregião norte do Paraná, tendo identificado cincoseqüências deposicionais, que denominaram 1, 2,3, 4 e 5. Dobras de escorregamento e planos deescorregamento são comuns em duas das associa-ções litológicas descritas por Soares et al. (1977).
Baseados na análise da geometria, natureza dosdepósitos associados, regime de deformação e es-truturas presentes em várias exposições do Sub-grupo Itararé, Vesely et al. (2005) definem quatroestilos deformacionais predominantes, dois de na-tureza distensiva e dois de caráter compressivo. Se-riam estruturas formadas sob regimes distensivos:(a) falhas normais e basculamento de camadas; (b)superfícies de deslizamento intraestratais e dobras.
Reconheceram, como estruturas formadas sob re-gimes compressivos: (c) sobrecarga, diapirismo edobras; (d) dobras e falhas de empurrão. Assina-lam que a interpretação de “uma origem glácio-tectônica para as feições compressivas” fica preju-dicada, nesses locais, pela inexistência de tilitosautênticos (depósitos glaciogênicos) e superfíciesde abrasão glacial associadas às estruturas. Ademais,faltam exposições contínuas que, segundo essesautores, facilitariam o estabelecimento de relaçõesespaciais entre os vários tipos.
Os cortes da rodovia D. Pedro I
No trevo de Moji Mirim, antes da duplicaçãoda rodovia, os cortes marginais à pista Campinas-Jacareí da Rod. Dom Pedro I expunham três ní-veis irregulares de rochas relacionadas ao Subgru-po Itararé, entre os viadutos até então existentes.
0
2
0
105 15 m10
m
S
S
S
S
S
1 32 S
Figura 3 – Duas visões em perspectiva do afloramento,lado sul: (a) esboço geral do corte no traçado SE-NW, com destaque para sucessão de anticlinal esinclinal. Símbolos: 1 – planos de estratificaçãodobrada, 2 – siltitos, 3 – solos; (b) aspecto doângulo suave de abertura de sinclinal, nomesmo corte, rumo ESE, na sucessão dasdobras observadas em (a)
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Um deles, no flanco sul da estrada, exibia dia-mictitos de identificação praticamente imediata; alimitada área exposta dificultava, porém, a dis-tinção de horizontes e/ou determinação de atitu-des. As obras de modernização expuseram níveissub-horizontais de arenitos recobertos por ca-madas bem estratificadas de siltitos argilosos, ondeforam identificadas ondulações amplas, suaves,com amplitudes da ordem de 5-10 m e compri-mentos de onda que podem atingir 20 m. Ne-nhuma dessas feições pode ser reconhecida hoje,porque a continuidade dos trabalhos destruiu osregistros (Fig. 3).
Na margem oposta (norte) da Rod. DomPedro I (marco quilométrico 134,5 km), contudo,ao longo de extensão horizontal da ordem de 10m, um maciço rochoso aproximadamente triangu-lar, situado entre alças de interligação rodoviária(Figs. 2, 4 e 5), exibe dobras desarmônicas emsiltitos em nível estreito, espesso de no máximo 2m. A localização em coordenadas UTM desse pon-to é 291044/7472333; em coordenadas geográficas,22° 50’ 37,6” S e 47° 02’ 10,8” W. A descrição quese segue das exposições em Campinas foi extraídade Carneiro e Costa (2006):
“No horizonte dobrado, as camadas de siltito maisespessas apresentam coloração cinza-claro, são tipica-mente empastilhadas e ocasionalmente contêm seixosarredondados, de tamanho pequeno, compostos dequartzo ou quartzito. A esfericidade dos seixos é bai-xa, sendo possível encontrar formas facetadas em for-mato de ‘ferro de engomar’. As camadas laminadas desiltito variam de cinza-escuro a cinza-amarelado epossuem espessuras milimétricas a submilimétricas.Em alguns pontos a rocha assemelha-se a um ritmitovárvico cinza-amarelo muito fino”.
À altura do km 132 da Rod. Dom Pedro I, ocor-rem conglomerados suportados por seixos, nosquais há muitos seixos facetados e estriados, irre-gulares e arrendondados, em corte defronte aoShopping Galleria. Há pelo menos três níveis deconglomerados no corte, intercalados com siltitosargilosos e arenitos róseos. Seixos arredondados deargilitos são igualmente numerosos, muitas vezesde forma aproximadamente discóide. Desinte-gram-se com facilidade, ao serem pressionados nasmãos, em virtude do grau de decomposição. Re-velam o predomínio, na época de deposição, decondições frias e secas, compatíveis com o ambienteperiglacial (Carneiro e Costa 2006).
Figura 4 – Visão geral em perspectiva do afloramento: (a) visão do corte no rumo NNE, com o respectivo traçadode contatos à direita; (b) visão do corte no rumo NNW, com destaque, à direita, para as formas sinuosasque pertencem a um horizonte muito bem definido
aa
bb
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Documentação fotográfica
As figuras 4 e 5 contêm as fotografias obtidasdo afloramento e correspondentes imagens edita-das. Nas fotos gerais (Fig. 4) observam-se efeitosiniciais das obras de revegetação do talude, que aca-baram por obliterar as estruturas, dificultando avisualização de detalhes. As linhas vermelhas, maisfortes nas imagens geradas, indicam cada camadaque compõe o pacote sedimentar; linhas mais cla-ras, alaranjadas, representam o acamamento, quecoincide com a atitude da camada; as linhas verdesindicam área coberta por revegetação. Escalas fo-ram determinadas com base no martelo geológicodas fotografias, redesenhado nas imagens. Convémassinalar, obviamente, que a escala é variável, noscasos em que a “visão” proporcionada pela foto estáem perspectiva.
Análise estrutural
Foram tomadas, aproximadamente, 60 medi-das sistemáticas de dados de orientação, correspon-dentes a pequeno número de dobras (Fig. 6a). Umconjunto de dobras representado por três sinclinaise três anticlinais foi objeto de medição sistemática.
Os pólos foram plotados em rede polar, em buscada identificação de círculos máximos nos quais ospólos se encaixassem. Verifica-se que a orientaçãodas dobras é aproximadamente coincidente. Foramigualmente plotados os pólos de eixos de dobra (Fig.6b) como elemento geométrico importante. A aná-lise estrutural dos dados de orientação obtidos nocampo revela congruência das atitudes de eixos, queestão orientados segundo N20E, com pequenasvariações de mergulho. Predominam atitudes sub-horizontais (Fig. 6b).
Para estruturas de origem tectônica, o métodode classificação segundo isógonas de mergulho(Ramsay 1967) divide as dobras em categorias bemdefinidas: 1 – isógonas convergentes, 2 – isógonasparalelas (dobras similares) e 3 – isógonas diver-gentes. As dobras tipo 1 são divididas em três sub-classes: A: ápice espessado e flanco adelgaçado; B:espessura constante tanto no ápice como nosflancos (dobras concêntricas); C: ápice adelgaçadoe flanco espessado.
Aplicando-se a técnica geométrica (Ramsay eHuber 1987) a uma imagem frontal das dobras, nãose obteve um padrão uniforme de tipos. Reconhe-ceram-se duas dobras tipo 1C, duas tipo 3, e duas
Figura 5 – Visão frontal do afloramento (a), com escala (martelo) e a representação das dobras desarmônicas àdireita; visão de um sinclinal e um anticlinal isoclinais (b), com destaque, à direita, para a espessura dascamadas, que se mantém quase constante, mas com leve espessamento de flancos
aa
bb
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outras que apresentaram comportamento distintoentre os dois flancos. Em uma delas, os flancos fo-ram classificados como 3 e 1C e, em outra, como1A e 1B. Justifica-se tal diversidade, já que os pa-drões observados referem-se a estruturas atectôni-cas, ou seja, não representam resposta a esforços deidêntica magnitude na escala de afloramento; alémdisso, admitindo-se origem por deslizamentosubaqüoso, a probabilidade de existir apenas do-bras de um tipo seria menor do que para tipos va-riados, em virtude de variações da quantidade dematerial deslocado e sua natureza. Finalmente, opiso da superfície de deslocamento pode conter ir-regularidades naturais que perturbariam o sistema,redistribuindo as forças geradoras das dobras demodo caótico e não-padronizado.
Estruturas atectônicas similares
O banco de dados baseado em pesquisa biblio-gráfica fundamentou a seleção de pontos de visitade campo. Foram organizadas tabelas contendo da-dos de localização, município onde o ponto estásituado, rodovia, detalhes de localização para facili-tar a busca do local descrito e descrição original doafloramento. O trabalho mais recente que sinteti-za dados de estruturas similares (Vesely et al. 2005)descreve pontos nas proximidades de Campinas(SP); Ponta Grossa e Telêmaco Borba (PR). Nestecaso, a localização exata dos pontos foi obtida jun-to a um dos autores (MLA) sendo possível, então,completar o banco de dados e o roteiro de campo.
A Figura 7 indica a localização de estruturasatectônicas na borda oriental da Bacia do Paraná.Assim como o local descrito neste artigo, a maioriados pontos que podem ser visitados em São Paulopertence “ao terço inferior aflorante do Itararé”(Gama Jr. et al. 1992b). O ponto 1 localiza-se emSalto (SP), em corte da SP-308 Rodovia do Açúcar,próximo ao km 101, a 300 m da ponte sobre o rioTietê, no cruzamento com a rodovia SP-79. O aflo-ramento exibe canal escavado em arenitos e pre-enchido por diamictitos de ressedimentação. Ossiltitos argilosos sobrepostos aos depósitos que pre-encheram o canal escavado possuem geometrialenticular, exibindo sutil gradação e deformaçõesplásticas causadas por diapirismo de lamitos (GamaJr. et al. 1992b, p. 238).
O ponto 2 localiza-se em Campinas (SP), àmargem da SP-348, Rod. dos Bandeirantes, km94,5, junto ao viaduto Dunlop. O afloramento, bemexposto nos dois lados da rodovia, expõe arenitosacamadados, com feições convolutas derivadas defluidização (Gama Jr. et al. 1992b, p. 241). As fei-ções não correspondem, precisamente, a estrutu-ras penecontemporâneas causadas por deformação;da mesma forma, em Itu (SP), em corte da SP-308Rodovia do Açúcar (ponto 3), à altura do km 93,5,à direita no sentido Sorocaba-Piracicaba, afloramritmitos gradados, nos quais o acamamento ondu-lado deriva da preservação, por decantação, das for-mas tracionais do leito arenoso. Na parte superior,por sobrecarga, são produzidas estruturas do tipoballs and pillows e lutocinese.
N=57
N
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Figura 6 – Diagramas estereográficos de Schmidt-Lambert, hemisfério inferior:(a) flancos de dobras, (b) eixos medidos de dobras
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TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006 C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa
Em Boituva (SP), junto ao km 0,5 da SP-129,Rodovia Vicente Palma, Gama Jr. et al. (1992b) des-crevem afloramento portador de notáveis deforma-ções plásticas. Uma superfície de deslizamento per-mitiu a movimentação e deformação de turbiditosdesconfinados, mais diluídos, sobre horizontes sub-jacentes nos quais predominam arenitos maciçoscom clastos de argilitos e, subordinadamente, lami-tos e/ou ritmitos intercalados. No vale do rio So-rocaba, em Cerquilho (SP), no km 98,3 da SP-127Rodovia Cerquilho-Tatuí, há diamictitos, com baixaproporção de seixos e grânulos quartzosos e líticos.A presença de dobras e feições convolutas desenha-das pela estratificação reliquiar sugere “certo graude organização dos diamictitos originais” (GamaJr. et al. 1992b, p. 246). Na localidade de Eng. Maia,entre Itapeva e Itararé, Caetano-Chang et al. (1990)descrevem a existência de pavimento estriado en-contrado em arenitos do próprio Subgrupo Itararé.
No km 138,3 da SP-330, Rodovia Anhangüe-ra, entre o trevo de acesso a Artur Nogueira e Li-meira, Fulfaro et al. (1971) descrevem arenito com
lâminas de argila em estruturas convolutas passan-do para o topo a diamictitos.
As estruturas atectônicas no estado do Paranáforam localizadas com base em Canuto et al. (2001),Medeiros (1971) e Vesely et al. (2005). O trecho deestrada referido por Canuto et al. (2001) como pon-tos 6 e 7, situados na BR-116, estende-se ao longode 60 km da rodovia, entre Quitandinha (PR) eItaiópolis (SC); no trecho, os cortes exibem diamic-titos e arenitos interestratificados e deformados earenitos com laminação convoluta. O corte sob aponte da Estrada de Ferro Rio Negro-São Francis-co situa-se entre Campo do Tenente (PR) e Mafra(SC), à altura do km 105,9 da BR-116. Afloramsedimentos rítmicos; no topo do afloramento ob-serva-se laminação ondulada assimétrica que ten-de a formar ondulação cuja abertura decresce parao topo e dobras convolutas (Medeiros 1971).
As estruturas atectônicas no Estado de SantaCatarina situam-se ao longo da BR-116 nas pro-ximidades de Mafra (Medeiros 1971). MarquesFilho et al. (1965) descrevem, em pormenores,
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Figura 7 – Exposições selecionadas de estruturas atectônicas na borda SE da Bacia do Paraná
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C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006
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Tabela 3 – Pontos visitados na Bacia do Paraná com dados de localização
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TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006 C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa
exemplos de deformações pene-contemporâneas à sedimentação,todas subaqüosas, em vários locaisda folha Rio Negro. Em pedreira si-tuada à altura do km 109,1, ocorrediamictito com matriz arenosa e es-trutura de escorregamento. Noponto do km 117,8, junto à saídapara Canoinhas, entre Mafra e Pa-panduva, ocorre intercalação dearenito muito fino-siltito e argilito.No km 128,5 da BR-116, camadascentimétricas intercaladas de areni-to muito fino e laminações paralelasde argilito exibem níveis com do-bras convolutas que passam lateral-mente a acamamento e laminaçãoparalela. No km 130,6 da BR-116,aflora arenito muito fino, local-mente fino a médio, nos quais di-versas estruturas acham-se presentes, com desta-que para as dobras convolutas e estruturas flaserno topo do intervalo.
Feições reconhecidas entre Limeira e Salto
No planejamento da viagem de campo, foramselecionados trabalhos que descrevem as estrutu-ras com mais precisão. Dentre esses, alguns aflo-ramentos antigos não foram localizados ou encon-travam-se totalmente obliterados.
Na região aproximadamente delimitada pelascidades paulistas de Campinas, Limeira e Pilar doSul, há ocorrências notáveis de arenitos afetadospor dobras convolutas. Na Rod. Anhangüera, km138 (ponto 4, Tab. 3), ocorre arenito arcosiano ama-relado-bege com estratificações cruzadas, em quese observa uma dobra aberta com flanco SE muitoinclinado e eixo N30E horizontal. Esse ponto foidescrito por Fúlfaro (1971) como:
“(...) arenitos e diamictitos do Grupo Tubarão emcontatos irregulares representando diastemas do tipoescavação e preenchimento. Os arenitos superioresapresentam grandes estratificações cruzadas ocupandouma calha cavada em arenito aparentemente maciço.Para o topo a seqüência é novamente truncada por umcorpo de diamictitos seguido por argilas com váriosníveis brechados. Zonas de limonitização são freqüen-tes no topo da seqüência.”.
À margem da Rod. Limeira-Iracemápolis (pon-to 6), uma cachoeira exibe níveis conglomeráticos
horizontais de cor marrom, intercalados em níveisde arenito grosso com estratificação cruzada. Osseixos angulosos são de sílex, polidos em superfí-cie. O nível rico em seixos é posterior ao arenitocom estratificação cruzada, assemelhando-se a umpavimento com cimento ferruginoso.
Os cortes amplos da Rodovia dos Bandeirantessão excelentes para observação de feições da for-mação Tatuí (ponto 7) e do Subgrupo Itararé, comono trevo de Limeira (ponto 8), onde ocorre arenitobranco fino, com manchas amarelo-ocre, forman-do camadas horizontais contínuas, porém sem evi-dências de deformação. Na mesma rodovia, km 147(ponto 9), há arenito muito fino branco, siltoso,laminado, com intercalações de siltito marromavermelhado e laminações cruzadas em vários pon-tos. Pequenas falhas e ondulações devidas à defor-mação penecontemporânea distribuem-se aleato-riamente no maciço. Na base da seqüência há umarenito branco, homogêneo, sem laminação, maisgrosso que o situado acima deste.
Na Rodovia Tatuí-Itapetininga, um aflora-mento bem exposto durante a duplicação da auto-estrada, observado em dezembro de 2003, exibe do-bras recumbentes isoclinais de ápices espessados,com flancos descontínuos por terem sido rompi-dos, conforme Figura 8. As dobras acham-se dis-postas em uma sucessão de camadas subparalelas.Em outro local, correspondente ao ponto 10 (Tab.3), aparecem camadas suavemente dobradas emsiltitos e argilitos laminados, de cores variegadas(amarelo, vermelho, branco).
Figura 8 – Visão no rumo NNW de corte na Rod. Tatuí-Itapetininga,observado durante obras de escavação em 2003.As dobras isoclinais correspondem à deformação de umhorizonte argilo-siltoso
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C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006
Na região a norte de Pilar do Sul, emcortes da SP-264, Rod. Salto de Pirapora-São Miguel Arcanjo, Stein (1984) descre-ve afloramento (ponto 11) formado porcamadas basais de conglomerado po-limítico de matriz arenosa, em contato gra-dacional para arenitos imaturos, capeadospor siltitos, argilitos e ritmitos. Camadas dearenitos, siltitos, conglomerado e diamic-titos apresentam-se arqueadas em formascontorcidas (Fig. 9).
A norte de Porto Feliz, Washburne(1930) reconhece dobras e falhas de caval-gamento em rochas argilosas da Série Ita-raré (Fig. 10). O autor observa que a notá-vel ausência de grandes depósitos de seixos,tão característicos em outras zonas conti-nentais adiante de geleiras, pode ser explicada pelahipótese de que as massas de gelo não se achavamsituadas em terra (Washburne 1930, p. 24-25), masteriam invadido um grande lago ou lagos, possibi-lidade reforçada pela “abundância de argilas entreos leitos de tilito”. As geleiras teriam sido suportadas“por rocha dura” na região a leste da unidade (Fig.11). A este esboço acrescentamos um box baseadoem Vesely e Assine (2004).
Almeida (1948) relata a descoberta da RochaMoutonnée de Salto (SP), cujas estrias, implanta-das na superfície de grande massa de Granito Itu,constituem prova definitiva dos movimentos deavanço e recuo que caracterizam a atividade glaci-al. Atualmente a área, bem como a ocorrência devarvito em Itu, constituem parques naturais degrande importância (Rocha-Campos 2002a, 2002b,Almeida e Carneiro 1995).
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Figura 9 – Amplas dobras descritas por Stein (1984) em horizontes de siltito e arenito fino no corte da SP-264,Rod. Salto de Pirapora-São Miguel Arcanjo: 1 – Estruturas hidroplásticas; 2 – Arenito de granulação média;3 – Conglomerado com seixos centimétricos, matriz arcosiana; 4 – Níveis lenticulares ricos em cimentocarbonático; 5 – Arenito de granulação fina e siltitos com seixos pingados; 6 – Solo de alteração
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Figura 10 – Dobras e falhas de cavalgamento em argilitos doSubgrupo Itararé, a norte de Porto Feliz (modif. deWashburne 1930): 1 – Estratificação; 2 – Arenitos; 3 –Superfícies dobradas; 4 – Falhas de cavalgamento
Feições reconhecidas no Paraná
Em corte na estrada a 4 km de Sengés (ponto13) há arenitos notavelmente estratificados, separa-dos por plano discreto de deslizamento subaqüosode material roxo-cinza siltoso, contendo seixos eaté calhaus. Muitas falhas cortam o material desliza-do, que apresenta camadas lenticulares descontí-nuas separadas pelo material conglomerático supor-tado pela matriz. Um sistema de falhas conjugadasforma arranjo em dominó com deslocamento daparte superior para N. Mesmo internamente, asgrandes massas de arenito bem preservadas mos-tram deformações que guardam relação com odeslizamento subaqüoso. No conjunto, parece terhavido muita movimentação das massas de rochasconglomeráticas (diamictitos) com participaçãopassiva das lentes de arenito.
47
TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006 C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa
Em corte a 300 m do trevo de Tomazina na es-trada para Siqueira Campos (ponto 14) ocorre are-nito fino bege rosado, com estratificação suavemen-te ondulada, sugestiva de deslizamento subaqüoso.Não aparecem seixos ou calhaus.
O corte do km 141 (ponto 18) da Rod. BR-153, sentido Ibaiti para Ventania, expõe dobra elás-tica em formato de laço, descrita por Vesely et al.
(2005, ponto 3) como feição diapírica (Fig. 12). Oápice do lado sul é espessado e isoclinal, enquantoa dobra do lado norte é fechada, com espessura maisuniforme. Predomina siltito bege róseo, com níveisde arenito grosso a médio, também bege, portadorde uma espécie de clivagem disjuntiva em planossub-horizontais. No ponto 19, situado na Rod. Ven-tania-Curiúva, descrito por Vesely et al. (2005, ponto2), há siltitos cinza-amarelados repletos de seixosarredondados de diferentes diâmetros. O siltito éarenoso, com aspecto empastilhado, sendo cortadopor falhas subverticais. Provavelmente, este eventoacontecera junto com os deslizamentos. Algumassuperfícies de falha são suavemente arqueadas.
Na Estrada Telêmaco Borba-Tibagi (corte des-crito por Vesely et al. 2005, ponto 1), bancos sub-horizontais lenticulares de arenitos médios exibemcoloração amarelo-avermelhada. Ocorrem zonasirregulares de diamictitos com seixos bem arredon-dados de quartzo e granito, até calhaus. Não foipossível observar evidências de deformação. Juntoà ponte do rio Conceição, 500 m adiante (ponto
22), ocorre intercalação de arenito médio a grossona base, com diamictitos e conglomerados para otopo do afloramento. O nível de arenito é ondula-do e o contato com o diamictito é brusco. O nívelde diamictito possui estratificação plano-paralela epassa abruptamente para o nível de conglomera-do, também com estratificação plano-paralela.
Feições reconhecidas em Mafra (SC)
Assine et al. (1998) atribuem à atividade eocar-bonífera da Falha de Lancinha-Cubatão o fato deas rochas sedimentares do Grupo Tubarão re-pousarem diretamente no embasamento cristali-no em Santa Catarina, sendo ausentes os sedimen-tos da Fm. Ponta Grossa. Esses autores admitemque, no bloco alto dessa falha (sudeste), as cama-das devonianas tenham sido completamente remo-vidas por erosão.
Estruturas que parecem ter sido formadasdevido à compactação diferencial de siltitos de corcinza ocorrem em Mafra (ponto 24), em incon-fundível corte de paredes verticais na BR-116, km03, situado próximo ao acesso para a rodovia queleva a Rio Negrinho e Florianópolis. Observaram-se marcas de onda nos arenitos e a ocorrência defalhas normais que cortam indistintamente os are-nitos e os siltitos, com caimento para W. Nospacotes superiores, de coloração marrom, predo-minam siltitos.
Figura 11 – Distribuição de geleiras carboníferas durante um verão hipotético (perfil baseado em Washburne 1930 ebox baseado em Vesely e Assine 2004): 1 - Embasamento; 2 - Arenito Furnas; 3 - Folhelho Ponta Grossa; 4 -Arenito glacial; 5 - Till; 6 - Pelitos; 7 - Seixos contidos no gelo
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mar)
m
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0 (N.
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m
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Icebergs
Camada não-erodida Camada erodida pela geleira
Local da
Cidade de
São Paulo
W ETopo da geleira
movendo-se para oeste
1 3 4 5 62 7
Sedimentosem suspensão
Fluxos por
gravidadeGeleira
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C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006
Nos trechos da BR-116, entre as saídasque levam a Canoinhas e Itaiópolis, ocor-rem arenitos muito finos intercalados comsiltitos fraturados, levemente amarelados.Em virtude do adiantado estágio de decom-posição das rochas, não se observam outrasestruturas além do acamamento. Registre-se contudo a detalhada descrição do ponto25 (Medeiros 1971): “intercalações dearenito muito fino-siltito e argilito em ca-madas centimétricas e lâminas. Ao longode certas camadas observam-se deforma-ções de carga bem desenvolvidas em for-mas de chevrão”. Do mesmo modo, noponto 26, Medeiros (1971) descreve:
“(...) afloramento do intervalo superior daFormação Itararé com intercalações de arenitomuito fino e argilito em camadas centimétricase laminações paralelas. São freqüentes asmarcas onduladas simétricas e a laminaçãoondulada da corrente desenvolvendo local-mente estruturas flaser. Alguns níveis mos-tram dobras convolutas que passam lateral-mente a acamamento e laminação paralela.Sobre esta seqüência ocorre arenito muito finocom estratificação cruzada”.
Na Pedreira municipal Pedra Branca,em Mafra (ponto 27), cujo acesso se faz pelarodovia de Rio Negrinho, tomando-se oramo que conduz às margens do rio Negro,ocorrem belas exposições de diamictitos dematriz siltosa, cor cinza médio, repletos de
Figura 13 – Exemplos de estruturas atectônicas napedreira municipal Vila Rutz, em Mafra (SC):(a) charneira de dobra de plano-axial sub-horizontal,(b) pequenas falhas escalonadas distensivas,encontradas próximas às dobras
bb
aa
Figura 12 – Visão do corte do km 141 da Rod. BR 153, sentido Ibaiti-Ventania, com dobra elástica em formatode laço, descrita por Vesely et al. (2005) como feição diapírica
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TERRÆ DIDATICA 2(1):34-53, 2006 C.D.R. Carneiro, F.G.D.da Costa
pequenos seixos de tamanhos variados e arredon-dados. A rocha tem sido britada para pavimenta-ção de estradas de terra, apresentando fraturasconchoidais que refletem sua consistência quandoinalterada. Os seixos dispersam-se na matriz semqualquer orientação ou padrão.
Na base do pacote de diamictitos cinza-escuroque constitui a variedade litológica dominante dapedreira municipal inativa Mazon, em Mafra(ponto 28, Tab. 3), ocorre ritmito laminado várvicosemelhante àqueles observados na cidade de Itu.As camadas, em alguns pontos, exibem atitude le-vemente basculada.
Em função dos dados coletados, o local maisnotável de estruturas atectônicas de Mafra é a pe-dreira municipal inativa Vila Rutz (ponto 29), ondeocorre um diamictito de matriz siltosa, intercala-do com bancos deformados de turbiditos. As ca-madas em alguns locais são contínuas, mas emoutros pontos exibem forte deformação, reveladapelas ondulações abertas a fechadas (Fig. 13a) epequenas falhas (Fig. 13b).
Origem das estruturas
Marques Filho et al. (1965) admitem que partedas dobras que descrevem na região de Rio Ne-gro-Mafra possa ser atribuída ao gelo flutuante queteria “arrastado sedimentos inconsolidados do fun-do”. A maioria das feições observadas, porém, seriade origem heterogênea, “sem relação direta com aação mecânica das geleiras”. Ponderam que váriasdelas estariam relacionadas a deslizamentos suba-qüáticos (slumps), enquanto outras estariam conec-tadas a “certos tipos de ‘deformação por recalque’(load casting)” (Marques Filho et al. 1965, p. 24).
Segundo Vesely et al. (2005), pelo menos qua-tro estilos deformacionais podem ser identificadosem rochas do Subgrupo Itararé, com base nas as-sembléias de feições dominantes: (a) falhas normaise basculamento de camadas; (b) superfícies dedeslizamento intraestratais e dobras; (c) sobrecar-ga, diapirismo e dobras e, finalmente, (d) dobras efalhas de empurrão. Esses autores analisaram ageometria, o regime das estruturas deformadas e anatureza dos depósitos associados, tendo classifi-cado as quatro assembléias em regimes distensivos,que incluem as duas primeiras classes, e compres-sivos, para as duas restantes.
Estilos deformacionais distensivos são carac-terizados por falhas lístricas com rejeito máximode poucos metros e superfícies de deslizamento in-
terestratais. As superfícies de deslizamento desen-volveram-se ao longo de descontinuidades pré-existentes capeadas por argila, o que facilitou o des-locamento entre as camadas arenosas e tambémcontribuiu para preservação de estrias de atrito emalgumas superfícies. O afloramento mais signifi-cativo com relação a este tipo de estilo deforma-cional é o ponto 13 (Tab. 3). Não houve dificulda-de de localizar os pontos indicados por Medeiros(1971) porém, depois de três décadas, os aflora-mentos se deterioraram, não permitindo levantardados novos. Nesses locais, o trabalho de campopermitiu apenas identificar o tipo de material pre-sente e suas características, não sendo possível acres-centar dados de caracterização das estruturas.
Os pontos 5, 18 e 19 representam estruturasdeformacionais em regime compressivo, sendo asfeições mais comuns representadas por dobras comeixos horizontais, desde abertas a isoclinais e re-cumbentes, com dimensões de até alguns metros.As dobras abertas envolvem camadas arenosas e as-sociam-se a movimentos de massa. Trata-se de do-bras isoclinais a fechadas, chegando mesmo a lem-brar uma dobra elástica1 , como observada no pon-to 18 (Fig. 10).
Almeida (1953), em seu trabalho clássico De-
formações causadas pelos gelos na Série Tubarão em São
Paulo, no qual acompanha idéias de Washburne(1930), formula hipótese para a origem das dobrasplásticas no Subgrupo Itararé:
“(...) desde seus primeiros cortes já se fazem notarcamadas alternadas de arenitos, folhelhos, siltitos evarvitos pronunciadamente perturbadas. (...)Constituem um sistema de deformações plásticas, compredomínio de sucessão de sinclinais e anticlinaisassimétricos, revirados ou localmente recumbentes,numa associação desarmônica. (...) A natureza dasdeformações, sua intercalação em camadas não dobra-das e a presença da cobertura de tilito, provam queelas foram causadas pelas pressões transmitidas quan-do do avanço de grande massa de gelo sobre depósitoslacustres.” (Almeida 1953).
Soares et al. (1977) apresentam esboço paleo-geográfico para a região de São Paulo (Fig. 14).Além de situar a área no Estado, incluímos dadosde ocorrências como a de Jundiaí, onde Neves(1999) descreve pequenas dobras convolutas.
1 Dobra elástica é um tipo de dobra contorcida cujo ângulo de
fechamento é superior a 180º.
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Discussão
Interpretação do afloramento da rodovia D. Pedro I
Não há tilitos no corte preservado da Rod. D.Pedro I e apenas um pacote de camadas do Subgru-po Itararé apresenta dobramento; acima e abaixodesta, as camadas estão indeformadas e o pacote apre-senta inclinação suave para NNW. Carneiro e Costa(2006) atribuem a deslizamento subaqüoso a ori-gem das estruturas, que teriam sido formadas sobregime distensivo envolvendo superfícies de desli-zamento intraestratais e conseqüente formação dodobramento, de acordo com a classificação de Veselyet al. (2005). Nessa época, o local localizava-se naborda da Bacia, fator necessário, embora não sufi-ciente, para que o avanço das massas de gelo, atuan-te sobre pilha relativamente espesssa de sedimentosinconsolidados, superasse a resistência de atrito emdeterminadas camadas e provocasse deslizamentos.
Dobras em pacotes espessos de até 1 m já de-positados e “que sofrem escorregamento, sem ha-ver regeneração de sedimentos” (Soares et al. 1977)constituem deformações posteriores, porém con-temporâneas à sedimentação, que indicam “depo-sição subaquática em uma superfície de deposiçãocom forte declive”. Para Gama Jr. et al. (1992a), ahipótese do deslizamento subaqüoso é mais plau-sível onde não se observam camadas de diamictitoe as formas possuem tamanho relativamente pe-queno. No Subgrupo Itararé os deslizamentossubaqüosos seriam fácies de ressedimentação de-rivadas de processos gravitacionais sob condiçõesabertas e não-confinadas:
“(...) um dos aspectos notáveis das fácies do trato não-confinado é a abundância de convoluções e deforma-ções (...) estas deformações são atribuídas a desliza-mentos em condições não-confinadas de depósitos aindanão completamente consolidados. Nos depósitos com
2
5
6
4
1
8
10
9
7
3
Oceano Atlântico
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
RIODE
JANEIRO
PARANÁ
20o
22o
24o
50o 48o
46o
São Paulo
Campinas
0 80 km
Figura 14 – Esboço paleogeográfico na região centro-leste de São Paulo (modificado de Soares et al. 1977):1. geleiras; 2. drumlins, eskers; 3. lagos: periglaciais, de planícies aluviais e de planícies deltaicas;4. outwash, 5. planície aluvial; 6. planície deltaica; 7. plataforma deltaica; 8. canais fluviais com areiae cascalho; 9.escorregamentos em frentes deltaicas; 10. fluxos de areia
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deslizamentos foi possível reconhecer as feições sinde-posicionais. Estes deslizamentos representam, em últi-ma análise, uma ressedimentação local de fácies de res-sedimentação, posto que processos gravitacionais sãoreconhecidos em ambas as fases.” (Gama Jr. et al.1992a).
O avanço de massas de gelo deve ter originadofeições que afetam grandes volumes de rocha, comoos diamictitos siltosos e bancos deformados deturbiditos da pedreira Vila Rutz, em Mafra (ponto28) e dos cortes em Pilar do Sul (Fig. 9), descritospor Stein (1984). Em Campinas, as grandes ondu-lações no trevo da Rod. D. Pedro I, cujos compri-mentos de onda excedem 20 m, podem ser explica-das por movimentação do gelo. A área é adjacenteà zona de outwash de grandes massas de gelo, con-forme esboço paleogeográfico da região (Fig. 14).Embora as exposições tenham sido mais tarde des-truídas pela continuidade da escavação, em outrospontos ainda é possível visualizar feições associáveisa grandes deslocamentos de rocha, como as falhasinversas (Fig. 15) identificadas em pacote dearenitos, siltitos, argilitos e conglomerados no bair-ro dos DICs, leste de Campinas. Ali, além do siste-ma de falhas, possivelmente ligadas a retro-cavalgamento, há evidências de retrabalhamento domaterial sedimentar durante a deposição.
ConclusõesA Bacia do Paraná possui numerosas ocorrên-
cias de estruturas atectônicas, sobretudo na bordaoriental, onde afloram rochas do Subgrupo Itararé.A compreensão da origem dessas feições requeranálises detalhadas e correlação entre feições simila-res observadas em diferentes pontos. Feições particu-lares como dobras convolutas e dobras abertas en-contradas em cortes do trevo de acesso da Rod. D.Pedro I à rodovia Campinas / Moji-Mirim / Moji-Guaçu, em Campinas (SP), foram descritas nessanota, tendo em vista preservar os registros por meiode descrições e fotografias. O processo de revegeta-ção artificial dos taludes e as condições efetivas deintemperismo prejudicam hoje a visualização dasestruturas. Por outro lado, alguns locais não podemmais ser visitados, e registros importantes foramapagados pelas escavações de 2000-2002 (Fig. 3).
Dentre as hipóteses de formação das estruturas,há duas principais, na literatura regional: deforma-ções causadas por movimentação do gelo ou pordeslizamento subaqüoso. Propomos que ambas se-jam aplicáveis a dois pontos distintos do local des-crito nesta nota. Feições relacionadas a grandes vo-lumes de rocha deformadas do Subgrupo Itararédevem ter sido formadas devido a avanço das mas-sas de gelo, mecanismo que explica as estruturas
Figura 15 – Falhas inversas em arenitos (tons claros na foto), lamitos (tons escuros) e conglomerados(aspecto pontilhado), bairro DICs, leste de Campinas
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compressivas encontradas em cortes de arenitos,diamictitos e siltitos no trevo estudado (Fig. 3) eoutros locais citados neste artigo. As feições referi-das em detalhe nas representações de dobras con-volutas (Figs. 4 e 5) devem-se à incidência local dedeslizamentos subaqüosos causados por processosgravitacionais sob condições abertas e não-confina-das. Esse mecanismo explica a bela sucessão de do-bras fechadas a isoclinais (Fig. 1), portadoras de pla-nos axiais empinados e notavelmente encurvados.
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio do FAEP/Uni-camp, cujos recursos possibilitaram a realização deviagem de campo, e do Programa PIBIC-CNPq,mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico – CNPq, que con-cedeu bolsa de iniciação científica, essencial para oamadurecimento acadêmico do aluno de gradua-ção em Geologia Felipe Garcia Domingues daCosta. Agradecem ao prof. dr. Mario L. Assine, doIGCE-UNESP, que fornecera a exata localizaçãode sete afloramentos que embasaram seu trabalhopublicado no Simpósio Nacional de EstudosTectônicos (2005), relatando estruturas semelhan-tes ao longo da Bacia do Paraná, e a gentil colabo-ração de Luiz Claudio Rodrigues, Secretário deObras e Luiz Carlos Weinschütz, geólogo da Pre-feitura de Mafra (SC), que acompanharam os au-tores durante visita a três pedreiras ativas e inativasda prefeitura que apresentam afloramentos comestruturas semelhantes. Agradecem a dois reviso-res da revista Terræ Didatica, cujas sugestões ajuda-ram a melhorar o texto.
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