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ESTUDO CLIMÁTICO DE FORMAÇÃO DE GELO E NEVE A
PARTIR DE UM MODELO NUMÉRICO DE AQUECIMENTO
GLOBAL
Nágila Veiga Adrião Monteiro (a), Rafael Pereira Maciel (b), Caroline Maria Sá dos
Santos (c), Nisia Krusche(d)
(a) Pós graduação em Modelagem Computacional/ Universidade Federal de Rio Grande,
(b) Centro de Ciências Exatas e Tecnologicas/ Universidade Estadual Vale do Acaraú,
(c) Especialização em Engenharia Ambiental / Instituto Executivo de Formação,
(d) Centro de Ciências Computacionais/ Universidade Federal de Rio Grande, [email protected]
Eixo: 9. Geotecnologias e modelagem aplicada aos estudos ambientais
O estudo de mudanças climáticas globais implica na avaliação das concentrações de vários gases de
esfeito estufa presente na atmosfera, como o dióxido de carbono e o metano. A variação destas
concentrações tem origem em forçantes naturais, como vulcões, e em forçantes antropogências, como as
emissões da queima de combustíveis fósseis. O aumento registrado nas últimas décadas tem provocado
o aquecimento nos polos Ártico e Antártico, produzindo degelo e o aumento no nível do mar. Foi
proposto estudar a atual porcentagem de gelo e neve nos pólos utilizando duas simulações de um modelo
climático desenvolvido para a realização de atividades educacionais. A simulação controle utilizou dados
medidos de dióxido de carbono entre os anos de 1958 e 2018, enquanto a segunda simulação aplicou um
acréscimo linear de 0,5 ppm por ano, entre 1957 a 2000 e exponencial de 1% de 2001 a 2018. Os
resultados apresentaram dados semelhantes em todos os modelos analisados, reforçando dados e estudos
já existentes. Desta forma, as forçantes climáticas são responsáveis pelas alterações climáticas analisadas
e precisam de acompanhamento e soluções para minimizar o quadro dos próximos anos.
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Palavras chave: Modelo numerico climático, Educacional Global Climate Model,
porcentagem de gelo
1. Introdução
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apresentou no relatório
especial de 2018: “Global Warming of 1.5°C”, atualizações sobre os alertas quanto às
alterações climáticas globais. Esse documento estima que o aquecimento global
antropogênico esteja aumentando cerca de 0,2 °C (provavelmente entre 0,1 °C e 0,3 °C) por
década devido a emissões passadas e contínuas. Um aquecimento maior do que a média anual
global está sendo experimentado em muitas regiões e estações terrestres, incluindo valores
três vezes maiores no Ártico. Como consequência, há a exposição de pequenas ilhas, áreas
costeiras baixas e deltas aos riscos associados ao aumento do nível do mar para muitos
sistemas humanos e ecológicos, incluindo o aumento da intrusão de água salgada, inundações
e danos à infra-estrutura (IPCC, 2018).
Figura 1 – Forçantes climáticas estimadas entre 1850 e o presente. As barras pretas representam a
incerteza estimada associada ao forçamento climático da Terra. Fonte: Adaptado NASA, 2018.
As forçantes climáticas são os responsáveis por tais alterações (Figura 1), entre elas:
emissões antropogênicas dos gases do efeito de estufa, precursores de aerossóis e outras
substâncias, e as mudanças naturais na irradiação solar e erupções vulcânicas, que afetam a
quantidade de radiação que é refletida, transmitida e absorvida pela atmosfera. O excesso de
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emissão de antropogênico provoca o desequilíbrio do sistema, aumentando a radiação de
onda longa na superfície que leva a um aumento do fluxo de calor no sistema, porém a maior
parte é absorvida pelo oceano, o que leva a um aumento de temperaturas oceânicas.
(DOMINGUES, ET AL. 2008).
Sabendo disto, os cenários de forçamentos climáticos são essenciais para previsões
climáticas, podendo contribuir para a comunicação com o público em geral sobre mudanças
climáticas (SUPLEE E PINNEO; SHINDELL ET. AL., 1998). Lourius, et. al. (1990)
defendia que o propósito das simulações é permitir a consideração de opções para mudanças
menos drásticas, e, como há grande incerteza nas forças presentes e futuras, recomendar o uso
de múltiplos cenários. Isso ajudará na análise objetiva das mudanças climáticas que se
desenrolarão nos próximos anos. Portanto, o objetivo deste estudo é analisar a modelagem dos
múltiplos cenários executados pelo software Educational Global Climate Modeling Suite
(EdGCM).
1.1. Gases do efeito estufa
Segundo o estudo do IPCC (2014), as emissões antropogênicas de gases do efeito estufa
(GEE) são impulsionadas principalmente pelo tamanho da população, atividade econômica, estilo
de vida, uso de energia, padrões de uso da terra, tecnologia e política climática. Na maioria dos
países, o aumento das emissões de nos últimos anos está diretamente relacionada à
queima de combustíveis fósseis e aos processos industriais voltados principalmente para a
produção de cimentos. Nesse contexto, em 2014, foram liberados 35,7 bilhões de toneladas de
para a atmosfera. Os países que mais emitiram foram: China (29,6%), Estados
Unidos (15%), União Europeia (EU-28) (9,6%), Índia (6,5%), Rússia (5%), Japão (3,6%). Já
o Brasil destaca-se em 12° lugar, contribuindo com mais de 1% (EDGAR, 2015; EDGAR,
2015; OLIVIER ET AL., 2015).
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As emissões de GEEs no Brasil, são provenientes da agropecuária e da mudança do
uso da terra (GALZERANO ET AL., 2014; MELO; ROCHA, 2015), setores prioritários em
termos de mitigação de GEE. Assim para contribuir com a mitigação das emissões de GEE
nesses casos, se faz necessário medidas controle para o desmatamento, mudança de uso da
terra, a queima de biomassa e o manejo inadequado do solo, implementando ações que visem
a intensificação do sequestro de carbono pelo solo e pela vegetação (CARVALHO ET AL.,
2010; OLIVIER ET AL., 2015).
1.2. Forçantes antrópicas das mudanças de clima globais
Na figura 1, temos os aerossóis troposféricos, mudanças forçadas de nuvens e
vegetação e outras alterações superficiais, descritos como forçantes antrópicas. Os aerossóis
são partículas finas suspensas no ar. Existem muitas fontes e composições de aerossóis
(HOUGHTON, 1996; HENDERSON-SELLERS, 1995; CHARLSON, 1997). O aumento da
emissão de compostos nitrogenados para a atmosfera e especialmente a amônia favorece a
formação de aerossóis iônicos e higroscópicos. Em áreas continentais, estes aerossóis são
responsáveis pela nucleação de nuvens e também pela formação de chuvas. O ciclo
hidrológico está, desta forma, diretamente ligado ao ciclo do nitrogênio. Mudanças no ciclo
hidrológico de algumas regiões aparentemente estão sendo controladas por emissões de gases
e aerossóis iônicos contendo espécies como o nitrato e amônio (SILVA ET. AL. 2003).
As mudanças antropogênicas nas nuvens são uma força climática potencialmente
maior que os efeitos diretos de aerossóis, mas são ainda mais incertas (HANSEN, 1998). As
nuvens altas são eficazes para absorver a radiação infravermelha, em seguida, irradiando-a
novamente, aquecendo ainda mais a Terra. Por outro lado, as nuvens stratocumulus baixas
refletem alguma radiação de volta ao espaço. O derretimento de gelo diminui o albedo da
Terra, ou sua refletividade. Incidentalmente, na estratosfera, este arrefecimento contribui para
a formação aumentada de nuvens estratosféricas polares, levando a uma maior destruição do
ozônio. Os modelos sugerem que a duplicação de na atmosfera, como está previsto
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ocorrer no próximo século, irá resultar em quantidades significativas de arrefecimento na
atmosfera superior e, por sua vez, juntamente com a destruição do ozônio , desempenhará
um papel na formação de furos na camada de ozônio (RAGHEB, 2017).
Hansen (1998) afirma que a principal mudança imposta na superfície da Terra
durante a era industrial é provavelmente as mudanças no uso da terra, incluindo
desmatamento, desertificação e cultivo. Mudanças no uso da terra alteram o albedo da
superfície e modificam a evapotranspiração e a rugosidade superficial. Um grande efeito da
vegetação alterada ocorre através do impacto da neve no albedo. Medidas para conter a erosão
que inviabiliza o uso da terra para agricultura são fundamentais, como monitoramento e
exigência de boas práticas agrícolas evitando excessos no uso de fertilizantes e agrotóxicos. É
preciso reconhecer que a agricultura intensiva pode ser tão ou mais prejudicial ao ambiente
quanto indústrias poluidoras. A legislação e o controle de atividades industriais são regulados
e fiscalizados pelo poder público e de forma similar deveriam ser expandidas para a
agricultura (CARDOSO E SANTOS, 2013).
1.3. Forçantes naturais das mudanças de clima globais
O sol fornece, essencialmente, a energia que fomenta as atividades climáticas da
Terra, sendo as variações solares um contributo significativo às mudanças climáticas. As
variações solares são as mudanças na quantidade de radiação emitida pelo Sol e na sua
dimensão espectral. Durante décadas recentes, a variação solar foi medida por satélites,
percebeu-se que elas oscilam de forma periódica, fenômeno conhecido como ciclo solar ou
ciclo solar de Schwabe (REBOITA et al. 2015, OLIVEIRA et al. 2017).
Cada ciclo solar dura aproximadamente 11 anos (Figura 2), este é caracterizado pelo
surgimento ou desaparecimento de manchas solares: os períodos de atividades solares
elevadas são chamados de máxima solar e períodos com atividades reduzidas são
denominados de mínimo solar (SILVA, 2006). Segundo Franco et al. (2013), a variação da
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quantidade de manchas está ligada a inversão de polaridade do campo magnético global do
sol. Se em determinado período de mínima solar o polo magnético positivo do sol coincide
com o seu polo norte, 11 anos depois a orientação do campo será invertido, com o polo
magnético positivo coincidindo com o polo sul solar.
Figura 2: Reprodução bem sucedida de um século de observações de atividade de manchas
solares levando à previsão do ciclo de manchas solares da equipe IISER 25. Fonte: Adaptado CESSI,
2017.
Segundo Oliveira (2017), no período de 950 a 1.300, elevadas atividades solares
coincidiram com o período conhecido na história humana como o Período Medieval Quente.
Após este período uma sucessão de períodos frios ocorreu, conhecido como Pequena Era do
Gelo, coincidiu com períodos que apresentaram números drasticamente reduzidos de machas
solares. Desta forma, o padrão correspondente de manchas solares indica que as atividades
solares afetam diretamente o clima na terra, demonstrando a variabilidade no clima,
coincidindo diretamente com eventos conhecidos na história humana (MASUDA et al. 2009,
OLIVEIRA et al. 2017). Em um dos últimos estudos feitos por Bhowmik e Nandy (2018),
verificou-se que o comportamento do sol é muito incerto, podendo mostrar-se sem muitas
alterações na próxima década ou passar a produzir mais manchas solares.
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Outro fator natural, são as atividades vulcânicas. Esses fenômenos geram grandes
quantidades de partículas e gases na atmosfera, influenciando o mecanismo dos aerossóis
descrito anteriormente e, portanto, afetando também o clima. A principal contribuição dos
vulcões é decorrente de partículas estratosféricas de ácido sulfúrico ( ), que
rapidamente se condensam e formam aerossóis de sulfato (OLIVEIRA ET. AL, 2017). O
tempo de variação durante eras glaciais/interglaciais, o vulcanismo está associado aos ciclos
orbitais de Milankovitch, em especial com o período da obliquidade de 41 mil anos. Os
autores sugerem que o clima da era glacial induz atividades vulcânicas por meio de mudanças
de pressão na crosta associadas com as redistribuições de massas de gelo (KUTTEROLF ET
AL., 2013)
2. Materiais e Métodos
O software de modelagem numérica EdGCM 3.2, que possui sua interface gráfica
com base nos dados dos Modelos Climáticos Globais II (GCM) tridimensionais. A ferramenta
foi desenvolvida no Instituto Goddard de Estudos Espaciais da National Aeronautics and
Space Administration (NASA) e tem sido utilizada por centros de pesquisas, como CSIRO
(Austrália), DKRZ (Alemanha), CCCma (Canadá), GFDL (EUA), NCAR (EUA), CCSR e
NIES (Japão), HadCM3 (UK), para estudar a modelagem de climas do passado, presente e
futuro.
O material elaborado pelos pesquisadores Chandler, M. A. e Marti, A. da NASA
(2010), descreve os GCMs como modelos de processos onde as simulações são baseadas em
equações físicas fundamentais e, portanto, a saída do GCM é examinada não apenas para
estabelecer uma relação de causa e efeito, mas para explorar os muitos mecanismos de
feedback pelos quais o sistema climático da Terra atua. Desta forma, são utilizadas "equações
primitivas": Temperatura (T), Pressão (P), Ventos (U, V, W) e Umidade Específica (Q).
Utiliza-se também cinco equações físicas fundamentais (Tabela I), que são usadas para
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descrever o estado evolutivo da atmosfera: conservação da massa (1), conservação da energia
(2), conservação do momento (3), conservação da umidade (4) e a lei dos gases ideais (5).
Tabela I – Equações do Modelo Global Climático utilizadas pelo EdGCM
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
Foi simplificado que os cálculos de dinâmica ajudam a definir a circulação geral da
atmosfera, bem como circulações turbulentas em menor escala, como sistemas de tempestades
ciclônicas que controlam grande parte do clima nas latitudes médias. Os cálculos de radiação
determinam o balanço de energia da Terra, avaliando a reflexão e absorção da radiação solar
pela superfície e atmosfera, e pela remessa de energia térmica de volta ao espaço. Os cálculos
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de radiação em um GCM devem levar em conta espessura e distribuição de nuvens
(horizontal e vertical), condições de superfície (terra vs. oceano, topografia, tipos de
vegetação, cobertura de neve e gelo) e gases com efeito de estufa e aerossóis significativos
(CHANDLER, M. A. E MARTIN, A., 2011).
2.1. Simulação “Global Warming” no EdGCM
Para a maioria das simulações numéricas, as análises resultantes dos modelos são
consequência das configurações iniciais, que também é o caso do EdGCM 3.2. Para esta
modelagem, foram administradas duas simulações entre os anos de 1980 e 2018. No modelo
experimental (ME) foram utilizados dados de do NASA/GISSII e no modelo de controle
(MC) foram utilizados dados de disponíveis no site National Oceanic and Atmospheric
Administration of Earth System Research Laboratory (NOAA/ESRL). A data do início das
análises foi 1º de janeiro de 1958 e a data final 31 de dezembro de 2018. O ano para os
arquivos de entrada foi 1900. Os valores dos gases forçantes foram de acordo com o ano
1958, são de: igual a 315,4 ppm; igual a 0, 3081 ppm; igual a 1,666 ppm;
igual a 0,2549 ppt;e igual a 0,4629 ppt.
Figura 3 – Concetração de entre os anos de 1958 a 2018. Fonte: NASSA/GISSII e
NOAA/ESRL, 2018.
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Para o parâmetro “Solar”, o ano de valores de observação também foi de acordo com
1958, com: Luminosity: 1366,6693 W/m². E para a os efeitos orbitais: Excentricidade de
0,019m; Inclinação axial: 22,95714 N/m; OmegaT: -65,02399 rad/s. Os demais valores foram
mantidos como constantes. O ano 1958 foi o primeiro ano a possuir medidas diretas de gases
de efeito estufa. Em 1958, o nível do dióxido de carbono na atmosfera era 315 ppm (partes
por milhão), que já era um aumento de 10% sobre os valores pré-industriais. A concentração
de aumenta 0,5 ppm por ano linearmente até 2000 e, então, exponencialmente em mais
1,0% ao ano, de 2000 até 2100 (NASA, 2010). Para a modelagem controle, foram executados
os mesmos passos descritos, porém foram considerados os dados de entre os anos de
1980 a 2018, disponibilizados pela NOAA/ESRL. Na Figura 3, podemos observar os níveis
de dos MC e ME.
3. Resultados e Discussões
A análise de regressão linear feita para os dados de utilizados nos modelos (ME
e MC), apresentou , mostrando que a relação entre os anos
analisados (1958 e 2018) é forte. E, portanto, a diferença entre os modelos produzidos é
pequena (Tabela II). Nas Figuras 4a e 4b, é possível observar em ambos os modelos, MC e
ME, o aquecimento global (Cº) crescente de forma linear e a porcentagem (%) de cobertura de
gelo e neve no globo de forma decrescente e linear também.
As figuras 5a e 5b são referentes ao MC, as figuras 5c e 5d ao ME e as figuras 5e e
5f são a diferença entre os modelos (MC-ME). Elas também apresentam os mapas de
temperatura superficial no globo e projeção gráfica dos dois hemisfêrios (90,0 ºE e 90,0 ºN).
Os modelos MC e ME apresentaram semelhança nos dados, -43,8ºC e -42,4ºC em relação a
temperatura, com diferença entre os modelos de mínima de 0,5 ºC, máxima de 2,5 ºC e média
de 0,8, entre os modelos. Pode-se observar nos gráficos uma média de aumento de 25,65 ºC
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em relação ao hemisfério norte (90º); no hemisfério sul (-90º), como observamos na Tabela
III, a diferença entre os dois modelos propõe uma oscilação de temperatura na zona temperada
e uma estabilidade entre os modelos nas zonas tropicais.
Figura 4 –Temperatura superficial global para os anos de 1958 a 2018 (Cº), (Figura 4a) e
Cobertura de gelo e neve para os anos de 1958 a 2018 (%), (Figura 4b). Fonte: Autor, 2018.
Tabela II – Resultado das modelagens executadas no EdGCM.
ME MC ME-MC
Modelagens EDGCM Min. Máx. Méd. Min. Máx. Méd. Min. Máx. Mé Méd.
Temperatura do ar anual -45.1 28.2 14.1 -46 27.1 13.3 -2.5 0.2 0.8
Profundidade da neve anual 0 92.5 8.8 0 95.2 7.1 -7.6 24.7 0.5
Cobertura de neve anual 0 100 10.3 0 100 11.9 -35.4 0.1 -1
Cobertura de gelo no oceano anual 0 99.5 4.4 0 99.5 4.7 -20.6 0.15 -0.5
Cobertura de neve e gelo anual 0 100 11.2 0 100 11.9 59.84 32 -3.2
Cobertura de neve e gelo (DJF) 0 100 15.1 0 100 15.9 -3.6 27.73 0.8
Cobertura de neve e gelo (JJA) 0 100 10.8 0 100 11.6 -1.02 40.4 0.8
Cobertura de neve e gelo (MAM) 0 100 7.9 0 100 8.5 -0.4 32.73 0.8
Cobertura de neve e gelo (SON) 0 100 11.1 0 100 11.8 -1.6 48.36 0.8
4a 4b
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Figura 5–Temperatura superficial anual global (Cº) para os anos de 1958 a 2018 pelo modelo
controle, figura 5a e figura 5b; Temperatura superficial anual global (Cº) para os anos de 1958 a 2018
pelo modelo experimental , figura 5c e figura 5d; Temperatura superficial anual global (Cº) para os anos
de 1958 a 2018, diferença entre os modelos controle e experimental, figura 5e e figura 5f. Fonte: Autor,
2018.
Tabela III – Resultado das modelagens executadas no EdGCM para os hemisférios.
ME MC MC -ME
Modelagens
EDGCM
Global
-90 -45 0 45 90 -90 -45 0 45 90 -90 -45 0 45 90
5b 5c
5d 5c
5a
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Temperatura
do ar anual -16.8 12.6 25.2 2.6 -42 -18.4 8.6 24 0 -44.6 -0.6 0.4 0.6 1.2 3.7
Cobertura de
neve e gelo
anual 100 0 0 25 100 100 0 0 26 100 0 0 0 3.2 0
O derretimento das geleiras continentais pode afetar a circulação das correntes no
oceano Ártico, ao aportar grande volume de água doce. Água do descongelamento do
permafrost também flui para o oceano Ártico. As principais fontes de água doce são a chuva,
a neve e o derretimento das geleiras da Groenlândia. Estima-se que o oceano Ártico tenha
recebido 7.700 km3 de água doce nos últimos 10 anos, o que afeta a formação das correntes,
pois a água doce muda a salinidade, prejudicando a formação da AMOC (AMAP, 2011). O
AMOC, célula de revolvimento meridional da circulação global (Atlantic Meridional
Overturning Circulation), é uma corrente convectiva que afunda até profundidades de 1500–
2000 metros, renovando as águas de fundo; ao fazer o deslocamento vertical, ela sequestra
CO2 da atmosfera, limitando o aumento do nível desse gás na atmosfera (DAVIS, 2000).
As figuras a seguir representam a cobertura de neve nos períodos sazonais entre os
anos de 1958 e 2018. As figuras 6ac (DJF), 6bc (MAM), 6cc (JJA) e 6dc (SON) são
referentes ao MC; as figuras 6ae (DJF), 6be (MAM), 6ce (JJA) e 6de (SON), são referentes ao
ME. Os modelos tiveram pouca diferença nos resultados, onde foi possível observar o que os
autores Derksen e Brown (2012) e Dye (2002), acima descrevem.
Estas alterações sazonais são colocadas por alguns autores, assim como no relatório
do IPCC (2014), a extensão média anual do gelo do mar do Ártico diminuiu durante o período
de 1979 a 2012, com uma taxa que era muito provável na faixa de 3,5 a 4,1% por década. A
extensão do gelo marinho ártico diminuiu em todas as estações e em todas as décadas
sucessivas desde 1979, com o decréscimo mais rápido no verão. Já Dye (2002) afirma que
desde o início da década de 1920, e principalmente depois da década de 1970, a área coberta
por neve no Hemisfério Norte está diminuindo na primavera e verão, mas não
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substancialmente no inverno, apesar deste estar mais quente. Análises da extensão da área
coberta por neve na primavera (abril a junho), época em que a cobertura de neve está
principalmente sobre o Ártico, revela uma redução significativa nos meses de maio a junho. O
mês de junho tem apresentado sucessivos recordes de menor extensão na cobertura de neve, a
taxa de diminuição para o período 1979–2011 é de quase 18% por década (DERKSEN E
BROWN, 2012).
6ac
6bc
6ae 6be
6ec 6dc
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Figura 6–Cobertura de neve e gelo sazonal global (%) para os anos de 1958 a 2018 pelo modelo
controle, figura 6ac (DJF), figura 6bc (MAM), figura 6cc (JJA), figura 6dc (SON); Cobertura de neve e
gelo sazonal global (%) para os anos de 1958 a 2018 pelo modelo experimental, figura 6ae (DJF), figura
6be (MAM), figura 6ce (JJA), figura 6de (SON). Fonte: Autor, 2018.
4. Considerações finais
O gelo marinho, um indicador e também um ator de mudanças climáticas, atua
diretamente sobre a superfície reflexiva (albedo), cobertura de nuvens, umidade e troca de
calor entre superfície e a atmosfera. O gelo marinho tem importante papel ambiental,
econômico e também social (ACIA, 2004; Kwok, 2010). De acordo com a definição do
NSIDC (2015), o gelo marinho é altamente sensível às mudanças de temperatura do ar e do
oceano. Esse gelo tem um comportamento sazonal bem marcado; no inverno, ele ocupa uma
área maior e na primavera e verão, quando derrete parcialmente, congelando novamente no
outono e inverno.
Para Kwok e Untersteiner (2011); NSIDC (2015), o gelo marinho é importante para
o balanço de energia global. Grande parte da energia recebida pelo Ártico é refletida de volta
para espaço pelo gelo e neve. Este papel ambiental do gelo marinho é significativamente
importante para a manutenção do clima em nosso planeta. Por isso, a redução na extensão da
cobertura de gelo marinho nas regiões polares afeta fortemente o clima planetário, pois
permite que o oceano aberto absorva uma quantidade maior de energia. As modelagens
6de 6ee
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executadas MC e ME mostraram que as dicussões levantadas sobre a elevação do nível dos
mares, as altas temperaturas e o desgelo nos polos passaram por várias mudanças de 1958 a
2018, já que as forçantes podem ser incertas devido às dinâmicas naturais e antrópicas. Sendo
que os indices de temperatura apresentados pelos modelos MC e ME mostraram um
aquecimento significativo em todo o globo terrestre nos anos estudados, incluindo nos pólos
Artico e Antartico e que consequêntimente resultaram na redução de gelo e neve neles, na
baixa profundidade de gelo no oceano e de neve na superficie em ambos os hemisférios.
O IPCC (2014) levanta que a emissão continuada de gases de efeito estufa causará
mais aquecimento e mudanças de longo prazo em todos os componentes do sistema climático,
aumentando a probabilidade de impactos penetrantes e irreversíveis para pessoas e
ecossistemas. Limitar as alterações climáticas exige reduções substanciais e sustentadas das
emissões de gases com efeito de estufa que, com adaptação, pode limitar os riscos das
alterações climáticas. As emissões cumulativas de CO2 determinam, em grande parte, o
aquecimento global médio da superfície do Século 21 e além. As projeções de emissões de
gases de efeito estufa variam em uma ampla gama, dependendo do desenvolvimento
socioeconômico e da política climática.
5. Agradecimentos
O trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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