Download - éTica de kant e de stuart mill
Duas teorias éticas:
Kant e Stuart-Mill
A necessidade de fundamentação da moral
PROBLEMA
O que é que torna boas/más
(correctas/incorrectas) as nossas
acções?
A intenção das mesmas
As suas consequências
Ética Kantiana Utilitarismo
• Kant nasceu em Konigsberg, no ano de 1724 e morreu em 1804 sem nunca ter saído da sua cidade natal.
• Foi um dos últimos europeus a dominar toda a ciência do seu tempo, incluindo a física, a geografia, a filosofia e a matemática.
• Leccionou na universidade de Konigsberg.
• É autor de uma das mais influentes teorias éticas.
Sobre Kant
1. A ética é um sistema de regras absolutas;
2. O valor moral das acções provém das intenções com que são praticadas;
3. As regras morais devem ser respeitadas independentemente das consequências;
4. As regras morais são leis que a razão estabelece para todos os seres racionais.
A Ética de Kant
1. As obrigações morais são absolutas porque não estão sujeitas a excepções, mesmo se aplicá-las tem consequências negativas.
2. Esta é uma característica das morais deontológicas: agir moralmente consiste em respeitar direitos. Agir de forma a promover as melhores consequências não é permitido se implicar a violação de um direito.
3. A obrigação de não mentir não varia consoante as circunstâncias, devendo nuns casos ser respeitada e não o ser noutros.
Regras Absolutas
1. Nem sempre a acção que tem as melhores consequências previsíveis deve ser praticada.
2. O lançamento da bomba atómica em Hiroxima tinha previsivelmente melhores consequências do que não o fazer: evitava um número de mortos muito superior caso não houvesse a rendição do Japão.
3. Segundo Kant, e os deontologistas em geral, matar pessoas inocentes é sempre moralmente errado, sejam quais forem as consequências de não o fazermos.
Deontologia
1. A mesma acção pode ser praticada com diferentes intenções: posso ajudar um amigo por compaixão, para obter um benefício (por exemplo, para ficar bem visto) ou por sentir que tenho esse dever.
2. Para determinar o valor moral de uma acção é preciso saber a intenção com que foi praticada.
3. Segundo Kant, ajudar um amigo só tem valor moral se isso tiver sido feito em nome do dever.
Acções e Intenções
1. As obrigações morais não são impostas por Deus nem resultam dos nossos sentimentos.
2. Os deveres morais são leis que a razão estabelece de modo idêntico para todos os seres racionais.
3. Kant pensava que só somos realmente livres se formos nós próprios a definir as leis a que o nosso comportamento deverá obedecer.
4. A moral baseia-se na razão e, nessa medida, pode ser conhecida a priori, sem qualquer contributo da experiência.
Moral e Razão
• Uma obrigação (ou imperativo) é hipotética quando existe apenas em certas condições, mas não noutras.
• Tenho a obrigação de estudar para os exames de acesso a Medicina apenas na condição de querer ser médico.
• Esta obrigação apenas existe em função de o agente ter um certo desejo.
• Se o agente abandonar o desejo relevante, a obrigação desaparece também.
Imperativos hipotéticos
Obrigações morais
• Serão as nossas obrigações morais apenas hipotéticas?
• Se a moral fosse seguir regras hipotéticas, só teríamos, por exemplo, a obrigação de ajudar os outros em certas condições, não em todas.
• Mas temos o dever de ajudar quem precisa em todas as circunstâncias, quaisquer que sejam os nossos desejos.
• A obrigação de ajudar os outros não deixa de existir porque deixámos, por exemplo, de querer agradar. Continua a existir mesmo nesse caso.
• Kant conclui que a obrigação de não mentir (como todas as outras obrigações morais), não são hipotéticas.
• As obrigações morais não dependem de condições; logo, apenas têm valor moral as acções praticadas em nome do dever.
• Uma acção praticada por compaixão, por exemplo, não tem valor moral porque a sua máxima seria apenas hipotética: as máximas morais são absolutas.
• Ajudar uma pessoa só por compaixão significa que estamos a seguir a máxima “Ajuda o próximo na condição de sentires compaixão”.
• Se esta condição deixasse de se verificar, a obrigação desaparecia. Mas o dever de ajudar o próximo existe mesmo se já não sentimos compaixão alguma.
Moral e sentimentos
Universalidade
• Agir moralmente significa seguir várias obrigações particulares como dizer a verdade, cumprir a palavra dada, não matar pessoas inocentes, não roubar, etc.
• Agir segundo estas regras é agir com base em máximas universalizáveis, ou seja, máximas que qualquer pessoa nas nossas circunstâncias poderia também seguir.
• Pelo contrário, mentir, roubar ou matar pessoas inocentes, não é permissível pois as máximas destas acções não são universalizáveis: não queremos um mundo onde todos mintam, onde todos roubem, etc.
Obrigações particulares e lei moral
• Obrigações morais particulares como não mentir, não roubar ou não matar pessoas inocentes, têm em comum o facto de as suas máximas serem universalizáveis.
• Esta característica comum reflecte a nossa obrigação moral básica: agir segundo máximas que todos possam também seguir.
• Esta obrigação moral é o fundamento de todas as nossas obrigações morais particulares.
• Trata-se do IMPERATIVO CATEGÓRICO ou lei moral.
• O imperativo categórico diz-nos apenas que característica deve ter a máxima em nome da qual praticamos uma acção (seja ela qual for) para que essa acção seja moralmente admissível: ser universalizável.
• Este princípio é completamente geral e, por isso, aplica-se a todas as acções.
• É ele que permite determinar se uma acção é ou não permissível.
Imperativo Categórico
Age apenas segundo máximas que queiras ver transformadas em
leis universais
1. A ética é um sistema de regras absolutas;
2. O valor moral das acções provém das intenções com que são praticadas;
3. As regras morais devem ser respeitadas independentemente das consequências;
4. As regras morais são leis que a razão estabelece para todos os seres racionais.
• A ética de Kant tem sido bastante discutida e criticada.
• A obrigação de não mentir, segundo Kant absoluta, é um desses casos.
• Kant pensava que a exigência de praticar apenas acções cujas máximas pudessem ser universalizadas garantia que as regras morais são absolutas.
• Elisabeth Anscombe, uma filósofa inglesa do século XX mostrou que Kant está enganado neste ponto.
• O respeito pelo imperativo categórico não implica a obrigação de não mentir em todas as situações.
Objecções
O Utilitarismo
• Doutrina moral e política cujos principais representantes foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1842) e John Stuart Mill (1806-1873)
• O utilitarismo é antes do mais uma teoria dos fins da acção humana. Como o precisa Mill, a única coisa desejável como fim é a felicidade
• O ideal do utilitarismo, no entanto, é a felicidade geral e não a felicidade individual
Utilitarismo
Princípios do Utilitarismo
• O utilitarismo é uma variante do consequencialismo que consiste em avaliar uma acção pelo seu resultado e não, à maneira de Kant, pela intenção que preside à sua realização
• O princípio objectivo da moralidade é o seguinte: “a máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas é a medida do bem e do mal”
• As acções humanas são julgadas boas na medida em que proporcionam a maior felicidade ao maior número
• Neste sentido, o importante não é aquilo que nos é mais útil enquanto indivíduos (o que não seria mais do que egoísmo), mas aquilo que proporcionará a felicidade máxima consoante as circunstâncias
Os fins justificam os meios?• Os utilitaristas foram acusados, frequentemente, de defenderem
que os fins a alcançar justificam meios que, habitualmente, consideramos menos próprios (mentir, roubar,…)
• Contudo, os utilitaristas não aceitam sem restrições segundo o qual os princípios justificam os meios. Assim, será necessário:
a) que o fim seja bom
b) que os meios sejam bons ou que os seus inconvenientes sejam menores do que o bem esperado do fim
c) que seja como for os meios implicados comportem mais bem (ou menos mal) do que todos os outros que permitiriam alcançar o mesmo fim
O fim da moral: a busca do prazer ou da felicidade
• Como já vimos, a felicidade ou prazer preconizado pelos utilitaristas é relativa a todos quantos são envolvidos na acção
• Stuart Mill, põe acima dos prazeres sensíveis os prazeres intelectuais: como ele diz, mais vale ser Sócrates insatisfeito do que um porco satisfeito.
O Utilitarismo na prática
• O utilitarista pensa que fazer o que está certo é promover imparcialmente o bem-estar.
• O utilitarista pensa que, para promovermos o bem-estar, na maior parte das vezes permanecemos a um nível intuitivo: devemos tomar as nossas decisões segundo as regras simples da moral
• O princípio utilitarista para tomar decisões, o nível crítico, aplica-se quando as regras morais comuns entram em conflito ou não nos permitem saber, de forma simples, o que fazer.
• O valor moral das acções provém das consequências da acção;
• O princípio da felicidade geral deve guiar as nossas acções morais;
• As escolhas a fazer dizem respeito às circunstâncias, não há regras morais indiscutíveis
Críticas à ética Kantiana
• A ética kantiana é considerada por muitos demasiado formal e inflexível, não nos permitindo ajuizar, por exemplo, numa situação onde tenhamos deveres conflituantes
Por exemplo, perante o dever de não mentir e o dever de proteger a vida humana, qual prevalece?
Críticas ao Utilitarismo
• O Utilitarismo é acusado, por vezes, de poder justificar acções que habitualmente consideramos imorais
Por exemplo, se estou em dívida para com alguém, mas sei que o dinheiro será utilizado por essa pessoa para comprar droga, que devo fazer?
PROBLEMAS1. Imagine a seguinte situação:
Um grupo de terroristas viaja num barco com dezenas de pessoas inocentes. Os terroristas levam consigo uma arma biológica que poderá provocar a morte de muitos milhões de pessoas. Infelizmente, a única maneira segura de impedir que os terroristas venham a usar essa arma é afundar o barco antes que chegue ao seu destino. Mas será eticamente aceitável afundá-lo?
a) Como responderia um utilitarista a esta questão.Porquê?
b) E um deontologista?
1. Imagine a seguinte situação:
Não se sabe em que barco viajam os terroristas que levam consigo a arma biológica. Um dos elementos desse grupo de terroristas foi capturado, mas recusa-se a falar. Será eticamente aceitável recorrer à tortura para fazer o terrorista capturado indicar o barco que trasnporta a arma biológica?
a) Como responderia um utilitarista a esta questão.Porquê?
b) E um deontologista?