MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL
Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL/SP
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO, por intermédio do 9º Promotor de Justiça do Patrimônio Público e
Social da Capital, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição
Federal; na Lei n° 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública); no artigo 25, IV, alínea
"a", da Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); no
artigo 103, inciso VIII, da Lei Complementar nº 734/1993 (Lei Orgânica do
Ministério Público do Estado de São Paulo) e com base nos dados
probatórios coligidos nos autos do Procedimento nº 43.0722.006524/2017-
5, vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA com
obrigação de fazer contra a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO
PAULO, CNPJ nº 08.036.157/0001-89, com endereço na Rua Boa Vista, nº
200, 5º andar, Centro, CEP 01014-001, São Paulo/SP, pelos motivos de fato e
de direito a seguir expostos:
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I - DOS FATOS:
O Procedimento nº 43.0722.0006524/2017-5
iniciou-se nesta Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social em
razão de peças de informação encaminhadas pelo Ministério Público do
Trabalho que informam irregularidades praticadas pela Defensoria Pública
do Estado de São Paulo com relação a seus estagiários do curso de Direito.
Conforme consta, em junho/2013 foi ofertada
denúncia sigilosa por um ex-estagiário da instituição requerida ao órgão
ministerial do trabalho, relatando que, após estagiar na Unidade de Franca
com contrato de duração inferior a um ano, fez requerimento formal
solicitando a remuneração de suas férias proporcionais, o que lhe foi
negado, sob o fundamento de se aplicar em seu caso a Lei Complementar
Estadual nº 988/2006 (Lei Orgânica da Defensoria Pública do Estado de São
Paulo), a qual não prevê tal situação, contrariando, assim, o disposto na Lei
Federal nº 11.788/2008, que trata da atividade de estágio.
Em razão disso, entendendo ser devida a aplicação
da Lei Federal a todos os estagiários, ingressou o Ministério Público do
Trabalho com Ação Civil Pública a fim de regular a situação, todavia, em grau
recursal, entendeu o Tribunal Superior do Trabalho pela incompetência
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material da Justiça do Trabalho no caso, tratando-se de competência da
Justiça Comum.
Encaminharam-se os documentos então à
Promotoria de Justiça de Franca, que entendeu pela extensão do objeto a
todo o Estado de São Paulo, remetendo-os a esta Promotoria de Justiça, com
atribuição para o vertente caso.
Em sede de diligências, a requerida se manifestou,
esclarecendo que, com relação ao estagiário do curso de Direito, não devem
ser aplicadas as disposições da Lei Federal nº 11.788/2008, vez que há
regulamentação própria da instituição, a qual se impõe sobre a norma geral.
Assim, a requerida assevera que seus estagiários
que estão cursando Direito são, diferentemente dos demais, regidos por lei
própria (Lei Complementar Estadual nº 988/06), a qual não traz previsão
acerca do direito às férias proporcionais, restando inviável qualquer pedido
neste sentido, não reconhecendo, assim, a necessidade da aplicação dos
dispositivos previstos na lei própria da atividade de estágio.
Todavia, conforme será demonstrado, é evidente a
irregularidade praticada pela Defensoria Pública/SP no que tange aos
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estagiários do curso de Direito, não restando alternativa senão o
ajuizamento da presente ação, a fim de ser aplicada a Lei Federal nº
11.788/2008 a todos os estagiários da instituição requerida.
Saliente-se, ainda, que mesmo após todo o trâmite
do caso na área trabalhista, bem como ser instada a se manifestar no juízo
comum, a requerida, em momento algum, demonstrou a intenção de
regularizar a questão e aplicar a Lei devida ao caso. Ao contrário, os
argumentos apresentados foram sempre os mesmos, com o entendimento
de ser a Lei Orgânica da Defensoria Pública do Estado de São Paulo a única
aplicável à espécie.
II – DO DIREITO
a) Do Legitimidade Ativa e Do Direito Tutelado
Dispõe o artigo 129 da Constituição Federal:
A t. 9. São funções institucionais do Ministério
Público:
(...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do
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meio ambiente e de outros interesses difusos e
oletivos;
No mesmo sentido prevê a Lei nº 8.625/1993:
A t. 5. Al das fu ções p evistas as Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e
em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério
Público:
(...)
IV - promover o inquérito civil e a ação civil
pública, na forma da lei:
a) para a proteção, prevenção e reparação dos
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor,
aos bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico, e a outros
interesses difusos, coletivos e individuais
indisponíveis e homogêneos;
... .
Assim, vê-se que tem o Ministério Público
legitimidade para propor Ação Civil Público na tutela de direitos difusos,
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coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos, todos lesados no
presente caso.
Ora, da análise do caso, verifica-se que a aplicação
da Lei Complementar Estadual da Defensoria Pública/SP ofende a todos os
estagiários de Direito do órgão, atuais e futuros. Ademais, é evidente a
situação fática homogênea em que se encontram todos os titulares do
direito, vez que estão expostos a praticar a atividade de estágio sob o
amparo de lei ilegal, não sendo devidamente observados os seus direitos.
Ressalte-se, ainda, que não há como se determinar quais são todos os
sujeitos atingidos pela norma equivocadamente aplicada, tendo em vista que
ela pode ser oponível a qualquer estudante de Direito que opte realizar
estágio junto à requerida.
Não se pretende, com a presente, o pagamento de
reparações pecuniárias individuais em benefício de alguns estagiários, mas
sim o cumprimento da obrigação de fazer, no sentido de ser a Defensoria
Pública do Estado de São Paulo compelida a respeitar e aplicar as disposições
de lei federal vigente para tratar das relações de estágio.
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Deste modo, adequada se mostra esta Ação Civil
Pública para alcançar os fins buscados e a seguir expostos.
b) Da Competência Privativa da União
Inicialmente vale lembrar que este caso cuida de
relação de estágio profissional, tratando-se, conforme determina a própria
Lei Federal nº 11.788/2008, de ato educativo escola supe visio ado,
desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o
trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular
em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino
médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na
modalidade p ofissio al da educação de jove s e adultos . A mesma lei
dispõe ainda que o estágio faz pa te do p ojeto pedagógico do cu so , o
que demonstra se tratar de questão referente à educação.
Considerando o previsto no artigo 22, inciso XXIV,
da Constituição Federal, conclui-se que a previsão de diretrizes gerais para a
disciplina do estágio é de competência legislativa privativa da União.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre:
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(...)
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
... .
Com relação à competência concorrente entre
União, Estados e Distrito Federal prevista no artigo 24, IX, da Constituição
Federal, é importante ressaltar que cabe à União estabelecer as normas
gerais, devendo os demais entes, ao editar regras suplementares, guardar
observância às normas gerais dispostas por aquela.
Sendo competência da União a disposição acerca
das diretrizes e base da educação nacional, bem como dispor acerca das
normas gerais de educação, não pode a Defensoria Pública do Estado de São
Paulo, sob a justificativa de autonomia e regulamentação específica,
desrespeitar o que prevê a Carta Magna.
Além disso, no presente caso, a Lei Federal nº
11.788/2008 é posterior à Lei Complementar Estadual nº 988/2006,
estabelecendo normas gerais sobre o estágio profissional, regras estas que
devem ser aplicadas aos estudantes de todos os cursos profissionalizantes, e
acabou por revogar as legislações existentes e as disposições em sentido
contrário, conforme se retira da análise do previsto no § 4º do artigo 24 da
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Constituição Federal, que assim dispõe: a supe ve i ia de lei fede al
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
o t io .
Acrescente-se que, ainda que se entendesse que a
relação de estágio diz respeito apenas a uma relação de tra alho , vez que
se trata de meio direcionado à futura inserção do estudante no mercado de
trabalho, devem os artigos da suscitada Lei Complementar Estadual ser
afastados, pois cuida-se, também, de matéria legislativa privativa da União.
A t. . Co pete p ivativa e te U ião legisla sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho;
... .
Deste modo, qualquer legislação editada pelos
de ais e tes federativos a er a do te a tra alho ão e o tra a paro
na Constituição Federal.
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Assim, resta evidente que a Lei Federal nº
11.788/2008 deve ser aplicada em todos os níveis de ensino e modalidades
de cursos, inclusive aos estagiários de Direito da Defensoria Pública do
Estado de São Paulo.
c) Do Controle Difuso de Constitucionalidade
Analisando o presente, percebe-se ainda ser caso
de se declarar, através da via difusa, a inconstitucionalidade dos incisos I e II
do artigo 82 da Lei Complementar Estadual nº 988/2006. Vejamos.
Primeiramente cumpre ressaltar que em sendo
suprema a regra constitucional, diretamente decorrente é a necessidade do
controle de constitucionalidade sobre todo o ordenamento jurídico.
Disserta Alexandre de Moraes acerca do tema: O
controle de constitucionalidade difuso, conforme já estudado, caracteriza-
se, principalmente, pelo fato de ser exercitável somente perante um caso
concreto a ser decidido pelo Poder Judiciário. Assim, posto um litígio em
juízo, o Poder Judiciário deverá solucioná-lo e para tanto, incidentalmente,
poderá analisar a constitucionalidade ou não de lei ou do ato normativo –
seja ele municipal, estadual, distrital ou federal. Dessa forma, em tese,
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nada impedirá o exercício do controle difuso de constitucionalidade em
sede de ação civil pública, seja em relação às leis federais, seja em relação
às leis estaduais, distritais ou municipais em face da Constituição Federal
(por ex: o Ministério Público ajuíza uma ação civil pública, em defesa do
patrimônio, para anulação de uma licitação baseada em lei municipal
incompatível com o art. 37 da Constituição Federal. O juiz ou Tribunal – CF,
art. 97 – poderão declarar, no caso concreto, a inconstitucionalidade da
citada lei municipal, e anular a licitação objeto da ação civil pública,
sempre com efeitos somente para as partes e naquele caso concreto)1 .
Neste sentido também é o entendimento do
Supremo Tribunal Federal:
Re u so ext ao di io. Ação Civil Pública.
Ministério Público. Legitimidade. 2. Acórdão que
deu como inadequada a ação civil pública para
declarar a inconstitucionalidade de ato normativo
municipal. 3. Entendimento desta Corte no
sentido de que "nas ações coletivas, não se nega,
à evidência, também, a possibilidade de
declaração de inconstitucionalidade, incidenter
tantum, de lei ou ato normativo federal ou local."
4. Reconhecida a legitimidade do Ministério
1 Direito Constitucional, Atlas, 3ª edição, página 498.
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12
Público, em qualquer instância, de acordo com a
respectiva jurisdição, a propor ação civil pública
(CF, arts. 127 e 129, III). 5. Recurso extraordinário
conhecido e provido para que se prossiga na ação
ivil pú li a ovida pelo Mi ist io Pú li o. (STF
– RE 227.159/GO – Segunda Turma – Rel. Min. Néri
da Silveira – j. 12/03/2002 – DJ de 17/05/2002)
E o presente caso amolda-se com perfeição ao
ensinamento supra: um dos fundamentos do pedido é a
inconstitucionalidade de pontos da Lei Complementar Estadual nº 988/2006
em que há dispositivos acerca de temas privativos da União, ou seja,
matérias sobre as quais não podia o Estado legislar.
Ademais, bom repetir, a superveniência da Lei
Federal nº 11.788/2008 acabou por revogar as legislações existentes e as
disposições em sentido contrário ao nela previsto, situação expressamente
prevista no artigo 24, § 4º, da Constituição Federal.
A inconstitucionalidade aludida é causa de pedir,
motivo pelo qual deve ser declarada apenas para gerar efeitos neste caso
concreto, incidenter tantum.
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13
Trata-se de controle difuso, ue ão te co o
objeto mediato a constitucionalidade da lei em tese, mas, antes, o
julgamento de uma relação jurídica específica e concreta, que tem como
premissa a constitucionalidade da norma incidente, in casu, a ser aferida via
controle incidenter tantum (STJ - Recurso Especial nº 489.225-DF – Rel.
Ministro Luiz Fux, 24/junho/2003). Todo juiz, no caso concreto, pode realizar
a análise sobre a mencionada compatibilidade.
Assim, é possível o pedido de declaração incidental
de inconstitucionalidade de determinados dispositivos da Lei Complementar
Estadual nº 988/2006 nesta Ação Civil Pública.
Demonstrada a possibilidade do pedido da
declaração de inconstitucionalidade, necessário se faz demonstrar os
dispositivos ilegais.
Primeiramente é importante frisar que se trata de
inconstitucionalidade formal, vez que ao regular o estágio dos estudantes de
direito através da Lei Complementar referida, não foram observadas as
normas constitucionais do processo legislativo, desrespeitando-se, assim, as
regras de competência. Ora, é competência privativa da União legislar acerca
de diretrizes e bases da educação nacional, bem como sobre matéria afeta
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14
ao trabalho, de forma que a Lei Complementar em questão extrapolou a
competência do Estado-membro, regulando matéria reservada à União.
A Lei Complementar Estadual nº 988/2006 dispõe
em seu artigo 82, incisos I e II:
Artigo 82 - O estagiário terá direito:
I - a férias anuais de 30 (trinta) dias após o
primeiro ano de exercício, podendo gozá-las em
dois períodos iguais, sem prejuízo da bolsa mensal;
II - a licença de até 10 (dez) dias por ano, sem
prejuízo da bolsa mensal, para realização de
provas atinentes ao curso de graduação em
direito, com prévia autorização do Defensor
Público a que estiver subordinado, devendo ser
requerida com antecedência mínima de 10 (dez)
dias (...).
Uma vez disciplinadas as férias e as licenças
remuneradas de seus estagiários, os incisos supracitados invadiram a esfera
de competência da União, pois o mencionado dispositivo violou o artigo 22,
incisos I e XXIV, da Lei Maior.
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15
Com relação à atuação legislativa acerca de direito
do trabalho, não há o que se falar, já que qualquer legislação municipal,
estadual ou distrital que trate deste tema será considerada inconstitucional.
Ao se tratar da relação de estágio apenas como
atividade educacional, também se encontra referida Lei Complementar
desprovida de constitucionalidade, vez que a atividade de estágio está
inserida no conceito de diretrizes para educação nacional, tema este
reservado à legislação federal. Além disso, vale lembrar mais uma vez, a Lei
Federal nº 11.788/2008, que dispõe sobre o estágio dos estudantes, vigente
e posterior à norma rechaçada, suspendeu sua eficácia, não devendo ser
aplicada no que contrariar o novo regramento.
Assim, devem ser declarados inconstitucionais os
incisos I e II do artigo 82 da Lei Complementar Estadual nº 988/2006,
aplicando-se a todos os estagiários da Defensoria Pública do Estado de São
Paulo a Lei Federal nº 11.788/2008, a qual regula de forma completa o
estágio de estudantes.
d) Da Aplicação da Lei Federal nº 11.788/2008 no
Caso Concreto
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16
Conforme já mencionado, a Lei Federal nº
11.788/2008 dispõe acerca do estágio de estudantes, traçando diretrizes
gerais que devem ser aplicadas em todo o território nacional.
No caso concreto, ao analisar referida Lei, percebe-
se que os incisos I e II do artigo 82 da Lei Complementar Estadual nº
988/2006, os quais são indiscriminadamente aplicados aos estagiários de
Direito da instituição ora requerida, contrariam suas disposições, trazendo
normas divergentes e desfavoráveis aos por ela tutelados. Vejamos.
Com relação às férias, prevê a Lei Federal nº
11.788/2008:
A t. . É assegurado ao estagiário, sempre que o
estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um)
ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser
gozado preferencialmente durante suas férias
escolares.
§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser
remunerado quando o estagiário receber bolsa ou
outra forma de contraprestação.
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§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão
concedidos de maneira proporcional, nos casos de
o est gio te du ação i fe io a u a o.
Assim, uma vez declarada a inconstitucionalidade
da norma em sentido contrário (art. 82, inciso I, da Lei Complementar
Estadual nº 988/06), deve ser aplicada a Lei Federal supracitada, sendo
concedidas férias proporcionais remuneradas a todos os estagiários de
Direito da Defensoria Pública do Estado de São Paulo nos casos em que o
contrato seja inferior a um ano e garantindo o direito a férias de 30 (trinta)
dias em contratos com duração superior a um ano.
No que tange às licenças remuneradas dos
estagiários, dispõe a Lei Federal nº 11.788/2008:
A t. . A jornada de atividade em estágio será
definida de comum acordo entre a instituição de
ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou
seu representante legal, devendo constar do termo
de compromisso ser compatível com as atividades
escolares e não ultrapassar:
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18
§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações
de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos
de avaliação, a carga horária do estágio será
reduzida pelo menos à metade, segundo
estipulado no termo de compromisso, para
ga a ti o o dese pe ho do estuda te.
Mais uma vez resta demonstrada que a instituição
requerida tem aplicado norma em sentido diverso da supracitada. Em seu
inciso II, do artigo 82, da Lei Complementar Estadual nº 988/2006, a
Defensoria Pública/SP concede apenas 10 (dez) dias de licença por ano aos
estagiários de Direito para a realização de provas, dificultando, ainda, tal
concessão, pois exige prévia autorização do Defensor Público e antecedência
no pedido. Todavia, conforme dispõe o regramento vigente e constitucional
acima transcrito, a carga horária nessas situações deve ser reduzida ao
menos pela metade. Logo, sendo declarada a inconstitucionalidade da
norma hoje imposta (art. 82, inciso II, da Lei Complementar Estadual nº
988/06), deve ser aplicada a Lei Federal em questão, sendo concedidas
licenças remuneradas aos estagiários dentro dos ditames por ela trazidos.
Por todo o exposto, no presente caso, é evidente a
necessidade de condenação da requerida na OBRIGAÇÃO DE FAZER, no
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19
sentido de que passe a aplicar a TODOS os seus estagiários os dispositivos da
Lei Federal nº 11.788/2008, concedendo férias remuneradas, inclusive aos
que cursam a faculdade de Direito, nos casos em que o estágio tenha
duração superior a um ano e garantir o direito a férias proporcionais àqueles
com duração inferior a um ano. Além disse, deve também reduzir a carga
horária, pelo menos à metade, em todos os dias em que houver prova.
O artigo 3º da Lei nº 7.347/1985 traz disposição
neste sentido:
A t. º - A ação civil poderá ter por objeto a
condenação em dinheiro ou o cumprimento de
o igação de faze ou ão faze .
O artigo 11 da mesma lei prevê, ainda, a cominação
de multa diária em caso de descumprimento de obrigação de fazer:
A t. . Na ação ue te ha po o jeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz determinará o cumprimento da prestação da
atividade devida ou a cessação da atividade
nociva, sob pena de execução específica, ou de
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20
cominação de multa diária, se esta for suficiente
ou compatível, independentemente de
e ue i e to do auto .
Desta forma, é fundamental a devida aplicação da
Lei Federal nº 11.788/2008, a fim de regularizar a situação irregular que hoje
impera na Defensoria Pública do Estado de São Paulo, sob pena de
pagamento de multa diária em valor não inferior a R$ 500,00 em caso de
descumprimento, por relação contratual mantida em desacordo com a
aludida legislação.
III -DOS PEDIDOS
Diante do exposto, distribuída e autuada esta com o
Procedimento n° 43.0722.0006524/2017-5, na forma do artigo 320 do
Código de Processo Civil e artigo 109 da Lei Complementar Estadual n°
734/93, requer o Ministério Público:
1) a citação da requerida (com a faculdade do art. 212, parágrafo 2º, do
Novo Código de Processo Civil, Lei 13.105/2015), para resposta no prazo
legal, advertindo-os dos efeitos da revelia, se não contestada a ação;
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21
2) ao final, a PROCEDÊNCIA da ação, para, reconhecendo incidentalmente a
inconstitucionalidade dos incisos I e II do artigo 82 da Lei Complementar
Estadual nº 988/2006, condenar a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE
SÃO PAULO na OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente na aplicação da Lei
Federal nº 11.788/2008 aos seus estagiários do curso de Direito, devendo
conceder férias aos estagiários com contratos superiores a um ano e férias
proporcionais nos casos em que o estágio tenha duração inferior a um ano,
em conformidade com o artigo 13, § 2º, da referida lei, bem como reduzir a
carga horária de todos os seus estagiários de Direito, pelo menos à metade
nos dias em que houver prova, independentemente de prévia autorização de
um Defensor Público, em acordo com o artigo 10, § 2º, também da Lei
Federal nº 11.788/2008, sob pena de pagamento de multa diária em valor
não inferior a R$ 500,00 por relação contratual mantida em afronta à
referida Lei Federal e decisão judicial.
Requer-se mais:
1) a produção de todas as provas admitidas em direito, notadamente
documentos, perícias e inspeções judiciais;
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL
Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948
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2) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos (art.
18, da Lei 7.347/85 e art. 87, do CDC);
3) as intimações pessoais do Ministério Público, na pessoa do 9º Promotor
de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital.
Embora de valor inestimável, atribui-se à presente o
valor de R$ 5.000,00.
São Paulo, 19 de dezembro de 2018.
RICARDO MANUEL CASTRO
Promotor de Justiça
Gerusa Pires Holtz Santos Alvim
Analista Jurídica
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