HELENA FONTENELE LIMA
LUANA SANTANA ROCHA
MARIANA ISAURA DE LIMA
EXPERIÊNCIA DE PAIS NO CUIDAR DE RN NA UTI-NEONATAL:
PASSANDO O MEU AMOR, A MINHA FORÇA E MINHA ENERGIA,
ELE SE RECUPERA MAIS RÁPIDO
GOIÂNIA
2004
HELENA FONTENELE LIMA
LUANA SANTANA ROCHA
MARIANA ISAURA DE LIMA
EXPERIÊNCIA DE PAIS NO CUIDAR DE RN NA UTI-N:
PASSANDO O MEU AMOR, A MINHA FORÇA E MINHA ENERGIA,
ELE SE RECUPERA MAIS RÁPIDO
Monografia apresentada à disciplina orientação de monografia II, do curso de Enfermagem da Universidade Católica de Goiás, para obtenção parcial do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Ms. Lícia Mª Oliveira Pinho
GOIÂNIA
2004
DEDICATÓRIA
À nossa orientadora Lícia que esteve sempre do nosso lado. Ela foi
mais que uma professora, foi uma grande amiga. Agradecemos por ter
transformado nossos momentos de orientação e aprendizado em instantes
prazerosos.
Aos pais entrevistados, que com seus sentimentos e suas
experiências colaboraram de forma ímpar para a realização desta
pesquisa.
AGRADECIMENTOS
A Deus,
por sua fidelidade em todos os momentos, dando-nos força
para vencer cada obstáculo. Agradecemos pela proteção e por mais essa
vitória.
À nossa orientadora, Lícia Maria Oliveira Pinho,
nossa admiração e gratidão, pela paciência, disponibilidade e extrema
competência.
Às professoras Lecy e Terezinha,
que durante o projeto deixaram marcas dos seus conhecimentos, os
quais serão eternamente lembrados.
Aos nossos pais,
que nos incentivaram a prosseguir em mais uma jornada, e
sempre acreditaram e torceram pelo nosso sucesso.
Aos nossos amigos e parentes,
que sentiram nossa ausência quando o dever do estudo nos
chamava, apoiando e nos incentivando em mais uma de nossas
conquistas.
MENSAGEM
“Ando devagar porque já tive pressa e levo
este sorriso, porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe.
Eu só levo a certeza de que
muito pouco eu sei, que nada sei.
... É preciso amor pra poder pulsar,
é preciso paz pra poder sorrir, é preciso chuva para florir...
Penso que cumprir a vida seja
simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente...
...Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, num dia a gente
chega e no outro vai embora.
Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si carrega
o dom de ser capaz de ser feliz...”
(Renato Teixeira)
SUMÁRIO
Resumo
INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------01
REVISÃO DE LITERATURA-----------------------------------------------------------------03
TRAJETO METODOLÓGICO ----------------------------------------------------------------09
O MOMENTO DAS ENTREVISTAS ---------------------------------------------------------11
CONSTRUÇÃO DOS RESULTADOS--------------------------------------------------------14
O Envolvimento dos Pais no Cuidado
O Significado de Ter um Filho Internado em uma UTI-N
Avaliação da Participação no Cuidado
CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------------21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------22
ANEXOS
RESUMO
O objetivo deste estudo foi compreender os sentimentos dos pais que participam ativamente
do tratamento do seu filho recém-nascido (RN) gravemente enfermo internado em uma
unidade de terapia intensiva neonatal (UTI-N). Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo.
Participaram do estudo, de forma voluntária, sete pais que relataram sua vivência e
participação no tratamento do seu filho RN. Após análise dos discursos, surgiram três
categorias: O envolvimento dos pais no cuidado; o significado de ter um filho internado em
uma UTI-N e a avaliação da participação no cuidado. Verificamos a importância de uma UTI-
N aberta, com a participação ativa dos pais no cuidar do filho. Consideramos também que
apesar do atendimento prestado pela equipe de saúde da UTI-N, os pais ainda sentem
necessidade de mais informações, orientações e apoio.
INTRODUÇÃO
A unidade de terapia intensiva neonatal (UTI-N) é um local destinado a receber
recém-nascidos (RN) que necessitam de cuidados especiais. Para fornecer esses cuidados, a
UTI-N deve dispor de uma equipe capacitada, espaço físico adequado, materiais e
equipamentos sempre disponíveis e em funcionamento.
Dentro da UTI-N deve existir uma interação entre os profissionais da equipe de
saúde e destes com a família, propiciando assim, uma UTI-N humanizada, onde o RN
receberá toda atenção e carinho da equipe. O ideal seria que o atendimento multiprofissional
dispensado ao RN fosse estendido aos seus pais, pois estes experenciam sentimentos que
muitas vezes não conseguem superar sozinhos, levando-os freqüentemente à insegurança e à
angústia diante de uma situação delicada.
Sabe-se que o RN grave necessita de uma terapêutica que vai além de técnicas,
procedimentos e administração de medicamentos. Deve-se prestar atenção também para
fatores causadores de estresse, como a dor, a manipulação e os estímulos ambientais como o
ruído e a luminosidade. O ruído ou som é uma vibração cuja intensidade se mede em decibéis
(dB). Se o ruído ultrapassar 45dB, torna-se prejudicial para o RN. Existe uma concepção
errada de que a incubadora protege o neonato de todos os sons. Sabe-se que os ruídos gerados
pelos aparelhos que estão na UTI-N podem ser captados e ampliados pelo RN.
Segundo Anand (2001), o RN tem uma maior sensibilidade à dor. Uma dificuldade
em diagnosticá- la ou a repetição de procedimentos dolorosos gera acúmulo de substâncias
neurotransmissoras no SNC, que em altas quantidades tornam-se tóxicas, podendo levar
conseqüentemente, a seqüelas neurológicas. O excesso de luminosidade e de manipulação do
RN também são fatores estressantes e que devem ser evitados.
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Convivendo com RN graves durante o estágio curricular de neonatologia,
percebemos a importância da equipe de saúde e dos pais 1 para a recuperação destes RN.
Scochi e col (1999) afirmam que “A separação decorrente da internação do bebê gera nos pais
tristeza, medo, estresse e culpa, pois os mesmos encontram-se fragilizados e inseguros quanto
à vida de seus bebês. (...) todos esses sentimentos podem ser atenuados ou reforçados de
acordo com a oportunidade que essa mãe tem ou não de participar, de alguma forma, dos
cuidados de seu filho”. Sabe-se que mesmo conhecedores de tais sentimentos, existem
unidades de saúde que não assumem essa realidade e continuam com UTI-N restritas aos
profissionais que ali trabalham.
Todos estes fatos supracitados nos motivaram a pesquisar e aprofundar sobre a
relação entre pais e filhos, bem como os sentimentos envolvidos durante a permanência do
RN na UTI-N. O que sentem os pais ao entregarem seu RN aos cuidados de uma equipe de
saúde da UTI-N? Como eles enfrentam essa separação? Como é a interação dos pais com o
neonato após a separação? Será que os pais acreditam na sua importância diante da
recuperação do RN? Quais os sentimentos dos pais que participam ativamente do tratamento
do seu RN?
Com a intenção de buscar respostas para essas inquietações, optamos pela realização
deste estudo para aprofundarmos e compreendermos um pouco mais sobre o relacionamento
entre pais e filhos, desvelando quais seriam as sensações e os sentimentos envolvidos e a
intensidade dessa relação.
Esperamos que ao final desta pesquisa possamos ampliar a visão dos profissionais de
saúde no cuidado não apenas do RN mais também da família, despertando-os para uma
assistência humanizada. Desse modo, este estudo trará importantes contribuições para a
equipe de saúde, para a família e especialmente para o RN, que será atendido em suas
necessidades bio-psico-sociais.
Realizaremos essa pesquisa com o objetivo de compreender os sentimentos dos
pais que participam ativamente do tratamento do seu RN gravemente enfermo
internado em uma UTI-N.
1 Entendemos pais como: o pai, a mãe ou ambos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A relação entre pais e filhos por ser um tema de extrema importância, vem
despertando o interesse de pesquisadores, o que resultou na publicação de diversos artigos e
livros sobre o assunto.
O vínculo entre pais e filhos inicia-se desde o momento da concepção e se fortalece
após o nascimento. A gravidez é um momento desejado pela maioria das mulheres. O período
gestacional é acompanhado de transformações físicas, emocionais e fisiológicas. Nesse
período, iniciam-se as expectativas e ansiedades do casal em relação ao seu papel, podendo
despertar sentimentos como medo e insegurança.
Segundo o Ministério da Saúde (2002) “a experiência de ter um filho inaugura um
momento importantíssimo no ciclo vital da mulher e do homem, com grandes repercussões no
meio familiar”.
Scochi e cols (2002) afirmam que “a gestação e o nascimento são considerados um
processo social, uma vez que afeta a relação entre o marido e a mulher e o contexto em que
estão inseridos. Enquanto os pais aguardam a chegada do filho é comum idealizarem o
mesmo, passam meses sonhando e falando do filho, dando a ele características físicas
psicológicas que gostariam de ver realizadas.”
Segundo Oliveira (2001), “as funções maternas de proteção e cuidado são exercidas
principalmente a partir de um estado psicobiológico especial alcançado pela mãe no final da
gestação – denominado preocupação materna primária – que a torna capaz de sintonizar e de
suprir as necessidades de seu bebê”.
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Durante todo esse processo, o momento mais esperado é o do nascimento, quando
todas as incertezas em relação ao neonato devem ser sanadas e a interação fortalecida. Mas
quando isso não acontece, devido à necessidade de internação do bebê na UTI-N, ocorre uma
separação brusca entre os pais e o filho.
Ao nascimento, alguns bebês como os prematuros, os portadores de doenças ou que
sofreram durante o parto apresentam riscos de morte. Estes RN são encaminhados a UTI-N,
ficando sob cuidados intensivos 24h por dia. Ocorre então, neste momento, uma mudança
brusca para o RN, que poderá afetar seu desenvolvimento físico e psíquico, pois além do
trauma causado pelo nascimento, ocorre a separação com pais, únicas pessoas com quem
estabelecia vínculos durante a gestação.
O Ministério da Saúde (2002) afirma que “o bebê pré-termo, logo ao nascer devido a
suas condições, necessitará ser separado de seus pais e ser cuidado por um período mais ou
menos longo pela equipe de saúde”.
Para alguns autores, essa separação poderá causar danos tanto para o RN quanto para
os pais, afetando toda aquela relação iniciada durante a gestação. Santana (2003) diz que “o
contato inicial mãe-filho, prejudicado pelas circunstâncias, pode influenciar negativamente a
construção do vínculo e o ambiente familiar, podendo causar aumento do estresse na família e
prejuízo no estabelecimento do vínculo entre mãe/família e a criança”.
Whaley e Wong (1999) relatam que “o nascimento de um RN prematuro é
geralmente um acontecimento inesperado e estressante para o qual a família está
emocionalmente despreparada. Para completar a situação, a natureza precária das condições
da criança gera uma atmosfera de apreensão e incerteza”.
O fato de essa separação desencadear sentimentos e sensações prejudiciais ao
binômio mãe-filho despertou uma preocupação nos médicos neonatologistas, como nos
mostra Avery (1999) ao afirmar que “cada vez mais, os neonatologistas estão se preocupando
com os efeitos da separação da mãe de sua criança no período neonatal”.
Não só a separação causa angústia e ansiedade nos pais. Algumas inquietações como
o fato de não saberem como ajudar, se o bebê está sentindo dor, se vai sobreviver, se ficará
com alguma seqüela, como vai ser a sua relação com seu bebê agora que ele está internado,
tudo isso gera estresse e insegurança, dificultando a interação dos pais com seus filhos.
Whaley e Wong (1999) afirmam que “a maioria das mães se sente muito abalada e
insegura sobre como iniciar a interação com o RN”.
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Badinter acredita que “para a família de um bebê prematuro é muito difícil não só
estabelecer vínculo com o filho. As dúvidas acerca de sua sobrevivência são muitas e o
sentimento de culpa por ter tido um filho prematuro faz com que, muitas vezes, os pais se
afastem dele até mostrar sinais concretos de que está fora de perigo (...) a frustração de não
poder pegar o bebê no colo, aconchegá- lo e embalá-lo é bastante forte. Muitas mães têm medo
de tocar e acariciar o bebê dentro da incubadora ou de pegá- lo no colo, quando isso é possível.
(....) surge o medo de fazer mal ao bebê e a confiança na própria capacidade de criar o filho
fica seriamente abalada”. Citado por Scochi e cols (1999)
Algumas mães conseguem superar esse medo que sentem no primeiro contato com
seu bebê prematuro. Com o tempo, elas vão percebendo que do mesmo modo que foram
importantes para gerar aquela vida, agora mais do que nunca, são essenciais para mantê- la.
Percebem que mesmo não podendo pegar no colo e amamentarem, o simples fato de estarem
presentes, conversarem, acariciarem e tocarem significa muito para o RN, ajudando-o na sua
recuperação.
Ao escrever sua dissertação de mestrado sobre cuidar de recém-nascidos graves,
Santana (2003) descreve muita bem a importância do toque na relação mãe-filho ao afirmar
que “a comunicação mãe-filho se dá por meio de toque, que pode ser considerado terapêutico,
porque ajuda no restabelecimento da criança. Na ausência do colo, o toque possibilita a
interação mãe-filho e liga dois corpos, motivado pelo amor, pelo carinho, pelo aconchego e
pela esperança de viver. É no toque que a existência se expressa”.
Segundo Minde e cols, “quando as mães tocavam e afagavam muito os seus bebês no
berçário, eles abriam os olhos com mais freqüência (...) as mães que ficam mais envolvidas,
interessadas e ansiosas em relação ao filho no berçário de tratamento intensivo irão ter mais
tempo suaves quando ele for levado para casa.” Citado por Klaus e Fanaroff (1995).
Contudo, segundo alguns estudos previamente publicados, não é só a mãe que
estabelece vínculo com o bebê; o pai também é muito importante nessa fase, pois além de
oferecer apoio à mãe, pode dispensar cuidados ao RN, como afirma Avery (1999):
“recentemente foi dado uma importância maior ao papel do pai e da mãe no cuidado real da
criança (...) um pai envolvido emocionalmente com o bem estar da mãe e da criança, e que é
competente para auxiliar e cuidar deles, pode ser muito útil na situação de cuidado posterior
(...) a mesma análise psicológica do prazer que a mãe obtém por ser eficaz em desencadear
resposta do seu filho, aplica-se ao pai. Também são aplicáveis os prazeres da participação
com o bebê nos contatos pele-pele, olho-olho ou sorriso”.
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A maioria das UTI-N existentes é fechada, isto é, restrita aos funcionários que ali
trabalham, sendo que os pais dos RN internados têm horários de visitas que duram
aproximadamente 30 minutos. Isto é angustiante para os pais que esperam o dia todo para ver
seu filho. Os hospitais alegam que dessa forma reduz o risco de infecção, manuseio do bebê e
barulho dentro da UTI-N, ajudando na recuperação do neonato e atenuando o sofrimento dos
pais, pelo fato de não presenciarem os procedimentos realizados com seu filho.
Porém, de acordo com estudos realizados e relatos de funcionários que trabalham
com RN graves, a presença dos pais dentro da UTI-N é de extrema importância para a
recuperação do RN. Segundo eles, o bebê se acalma ao ser tocado pelos pais. Às vezes até
pára de chorar quando escuta a voz da mãe. Já foi comprovado que RN graves que convivem
com seus pais dentro da UTI-N se recuperam mais rápido do que aqueles que recebem a visita
dos pais por apenas 30 minutos diários. Santana (2003) em seu estudo sobre RN graves relata
que alguns funcionários não se importam com a presença dos pais e que eles além de ajudar
no tratamento do bebê, facilitam o trabalho dentro da UTI-N, realizando algumas tarefas,
quando a situação do bebê permite, como: banho, troca de fraldas e alimentação.
O ambiente da UTI-N, freqüentemente, assusta os pais, pelo fato de ser um local de
acesso restrito, onde se realizam alguns procedimentos invasivos, ficando o RN ligado a fios e
aparelhos e rodeado por pessoas desconhecidas que dispensam alguns cuidados específicos
que deveriam ser realizados pelos pais. Isso gera desconforto, ansiedade e insegurança nos
pais e no próprio bebê. Segundo Miura (1997), “a unidade de tratamento intensivo neonatal
(UTI-N) é para o recém-nascido (RN) um local de conservação e recuperação do seu bem-
estar de garantia de sobrevida, assim como um sítio gerador de desconforto, desgaste físico e
emocional intensos”.
A equipe de saúde da UTI-N também sofre, pois se apegam muito ao RN, sendo
difícil realizar procedimentos dolorosos ou enfrentar a morte de um neonato. Por isso, é
imprescindível dentro de uma unidade de cuidados intensivos, uma equipe bem treinada que
consiga cuidar do bebê e dar apoio aos pais. O trabalho de um Enfermeiro de uma UTI-N é
um desafio constante, pois exige habilidade, sensibilidade, atenção, flexibilidade e amor,
porque o bebê é extremamente vulnerável e dependente da equipe que lhe está prestando
assistência.
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Miura (1997) acredita que “manter e incentivar a continuidade do vínculo da criança
com seus pais e sua família ajudará a preservar o ambiente de afeto necessário ao seu
desenvolvimento harmônico”. Segundo Ministério da Saúde (2002), “o apoio recebido por
parte da equipe de saúde é fundamental para facilitar que os pais possam ver e tocar seu bebê
logo após o nascimento, caso as condições de saúde deste o permitam”.
Assim sendo, devemos pensar em uma UTI-N humanizada com o objetivo de ajudar
a família, o RN e a equipe de saúde. De acordo com Naganuma (1995), “humanizar a
assistência neonatal é atender, de maneira individualizada, as necessidades do recém-nascido
e de sua família, visando a ótima qualidade de assistência. Independentemente do resultado, a
sobrevida ou a morte do recém-nascido, a assistência humanizada deve ser capaz de transmitir
aos pais o sentimento de solidariedade e de respeito à sua dor”.
Descrevendo a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Estudo
A UTI neonatal (UTI-N) é composta de nove leitos e recebe apenas bebês que
nascem na própria unidade. Os pais têm livre acesso para ficar com o bebê na unidade,
recebendo além de apoio psicológico, orientações sobre os procedimentos, informações sobre
o estado da criança e alimentação. O tratamento dos RN na UTI-N é realizado de forma
humanizada. Os pais participam do tratamento, uma vez que nesta UTI-N se acredita que a
participação dos pais seja de extrema importância para a recuperação do bebê.
Os pais quando chegam a UTI-N recebem um rápido treinamento realizado por uma
secretária, em que aprendem por que e como lavar as mãos e o que podem fazer para ajudar a
equipe a cuidar de seu bebê. Dentro da UTI-N, as técnicas e auxiliares de Enfermagem são
chamadas de cuidadoras, são as primeiras a abordar os pais e explicar como está o bebê. O
hospital também oferece aos pais o apoio de enfermeiros, médicos e psicólogos.
Durante a visita, são repassadas informações sobre a evolução do bebê e o médico
conversa com a família sobre a evolução do mesmo. Esta conversa tem o intuito de esclarecer
o real estado de gravidade e o prognóstico do bebê.
Na visita dos pais, principalmente da mãe, pudemos observar que os batimentos
cardíacos dos bebês se aceleravam quando a mãe se aproximava, tocava e falava com seu
filho. A enfermeira tentava fazer uma aproximação maior com as mães que tinham receio de
tocar e conversar com seu filho.
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Observou-se que para a equipe de Enfermagem ainda é preferível que os pais saiam
durante alguns procedimentos. Contudo, a equipe relata que a participação dos pais traz bons
resultados.
O objetivo do hospital ao adotar uma UTI-N aberta, ou seja, acessível aos pais dos
RN, é proporcionar a eles um tempo maior de convivência com seu filho, dando oportunidade
para que eles possam participar do tratamento. Esta maior interação pais- filho acelera a
recuperação do RN, diminuindo assim o tempo de internação, uso de medicamentos e
conseqüentemente, redução do custo hospitalar.
TRAJETO METODOLÓGICO
Para desenvolver esta pesquisa, optamos pelo estudo descritivo com abordagem
qualitativa, a qual atendeu nossos objetivos. Segundo Silva (2000), “a abordagem qualitativa é
um método que busca a construção do pensamento científico enfocando a subjetividade como
integrante do fenômeno acreditando-se que a sua essência pode estar velada por traz do que é
percebido pelos sentidos”.
O estudo foi realizado na UTI-N de um Hospital público, referência no atendimento
a gestantes e recém-nascidos de alto risco, na cidade de Goiânia-GO.
Participaram da pesquisa pais de RN internados na referida UTI-N que se dispuseram
a colaborar voluntariamente.
Para a coleta das informações, utilizamos a entrevista semi-estruturada, gravadas em
fita-cassete, previamente marcadas em local e data de preferência dos pais. Foram garantidos
o sigilo e o anonimato dos participantes conforme resolução n° 196/96, do Conselho Nacional
de Saúde. Os sujeitos foram renomeados por chamamentos populares maternos ou paternos.
Após os esclarecimentos necessários, explicação detalhada da pesquisa e assinatura
do consentimento livre e esclarecimento (ANEXO I), os sujeitos relataram suas vivências a
partir das seguintes questões norteadoras:
• Você acredita na sua participação no tratamento do bebê?
• Você se sente preparado para participar do tratamento do seu bebê aqui na UTI-N?
• Você já notou algum resultado?
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A coleta das informações foi encerrada assim que percebermos a saturação das
informações, ou seja, quando não mais emergiram novos conceitos.
Após a transcrição literal das entrevistas, fundamentamos nos passos propostos por
Martins e Bicudo (1994), para proceder a análise.
• Primeiro: Leitura da descrição com a finalidade de apoderar-nos da experiência
vivida pelo sujeito. Aqui, o pesquisador deverá entrar no mundo vivido do
sujeito, com o objetivo de familiarizar-se com sua linguagem.
• Segundo: Colocar em evidência as unidades de significado, ou seja, delimitar as
respostas às interrogações.
• Terceiro: Transformar as falas dos sujeitos em linguagem científica. Essas
transformações têm o propósito de chegar a categorias, que por sua vez devem
surgir das descrições feitas pelos sujeitos.
• Quarto: Reagrupar as unidades de significados para descrição consciente de
estrutura do fenômeno.
O MOMENTO DAS ENTREVISTAS
O primeiro ato para procedermos as entrevistas foi dirigir-nos à unidade e estabelecer
contato com a enfermeira chefe da UTI-N, a fim de expor o que seria nosso trabalho e
solicitar autorização para entrevistarmos os pais. Com o parecer favorável, encaminhamos
nosso projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa da referida unidade de saúde. Obtida a aprovação
do Comitê (ANEXO II), passamos a conversar com os pais e expor o que seria a pesquisa,
buscando, assim, reconhecer os sujeitos que poderiam colaborar de forma voluntária com
nosso estudo.
Após agendar as entrevistas, fomos ao encontro dos participantes. As entrevistas
aconteceram na unidade de saúde, sempre após a visita dos pais aos bebês.
Iniciamos as entrevistas com uma conversa informal, procurando deixar o sujeito à
vontade, para em seguida expor nossos objetivos, a forma de registro e reafirmar o anonimato
dos entrevistados, bem como obter seu consentimento por escrito, conforme Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil 1996), que dispõe sobre os aspectos éticos-
legais dos estudos científicos que envolvem seres humanos. Todos os entrevistados aceitaram
colaborar com a pesquisa e permitiram a gravação.
Realizamos, então, sete entrevistas, sendo cinco mães e dois pais. Para garantir o
anonimato dos entrevistados, rebatizamos com chamamentos populares maternos e paternos.
Aqui passamos a descrever nossas experiências, vividas durante as entrevistas e o
acompanhamento que fizemos da visita dos pais aos seus bebês.
Cada uma das pesquisadoras entrevistou separadamente um pai ou uma mãe.
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Minha Mãe
Idade: 14 anos
‘Minha Mãe’ chegou a UTI-N antes do horário de visita acompanhada da tia.
Aparentemente preocupada e pouco comunicativa, parecia possuir poucos recursos
financeiros. Durante toda a entrevista ficou de cabeça baixa, expressando dificuldades em
manter um diálogo. Durante a visita, percebemos um certo desconforto em relação a UTI-N e
um certo despreparo em participar do tratamento, ficando receosa em tocar e conversar com o
bebê, o qual ainda não tinha nome.
Papai
Idade: aproximadamente 19 anos
‘Papai’ chegou no final do horário de visita acompanhado da esposa, alegando ser
difícil visitar o bebê todos os dias pelo fato de terem outro filho e não morarem em Goiânia,
mas afirmou que a sogra visita o filho internado todos os dias e liga dando notícias. Ele se
dispôs prontamente a participar da entrevista e demonstrou confiança na recuperação do bebê.
A entrevista foi realizada com o pai porque a mãe precisava ir ao banco de leite. A
visita foi realizada pelo dois e percebemos o carinho e a emoção deles ao tocar e conversar
com o bebê o qual chamavam pelo nome.
Painho
Idade: aproximadamente 25 anos
‘Painho’ chegou sozinho ao hospital pela manhã, alegando que não poderia fazer a
visita mais tarde porque precisava trabalhar. Contou que a mãe do bebê ainda estava internada
e por isso não tinha visitado a criança. Durante a entrevista chorou muito, mas ao final ergueu
o olhar e pareceu consolado com o próprio discur so.
Mamãe
Idade: aproximadamente 30 anos
Ao chegarmos ao hospital ‘Mamãe’ já se encontrava na UTI-N visitando o filho. Ela
estava internada no mesmo hospital e por isso passava a maior parte do tempo com o bebê na
UTI-N. No início da entrevista, demonstrava tranqüilidade em expor sua vivência, apesar de
aparentar timidez e vergonha.
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Mainha
Idade: 22 anos
‘Mainha’ chegou no início da visita acompanhada do marido que fez questão de estar
presente durante a entrevista, mas não quis falar nada. Ela não demonstrou muito interesse
pela pesquisa respondendo às perguntas de forma objetiva.
Durante a visita, ‘Mainha’ auxiliou na alimentação do bebê segurando a seringa
conectada à sonda, conversando com ele enquanto o alimentava. Antes de sair, escreveu o
nome do bebê numa placa e colou na incubadora dizendo que ele gostaria de ser chamado
pelo nome.
Mamy
Idade: aproximadamente 24 anos.
‘Mamy’ chegou sorridente ao hospital, conversando e brincando com toda a equipe.
Prontamente se dispôs a participar da entrevista, mostrando-se muito confiante na recuperação
do seu bebê. Contou-nos que deu à luz a gêmeos, um casal, e que a menina não havia
resistido, mas que tinha esperança que seu bebê iria sobreviver. Demonstrou ser bem
informada em relação a UTI-N. Durante a visita, foi realizada aspiração do bebê e ela não se
retirou, ficou observando mostrando-se interessada em saber o que iria acontecer.
Mãe
Idade: aproximadamente 19 anos
Ao chegarmos no hospital, ‘Mãe’ já se encontrava na UTI-N. Afirmou passar o dia
todo com o bebê. Comunicativa, dispôs-se a participar da entrevista, sentindo-se útil em
ajudar. Disse acreditar no tratamento, porém demonstrou um certo desapontamento pelo bebê
não ser como ela esperava. Durante a visita, chamou o bebê pelo nome, conversando baixinho
com ele como se não quisesse que ninguém ouvisse.
CONSTRUÇAO DOS RESULTADOS
O Envolvimento dos Pais no Cuidado
Os participantes deste estudo acreditam que suas ações auxiliam na recuperação do
bebê. Afirmam que o fato de estarem próximos, conversando, tocando e participando do
tratamento, reduz a ansiedade do RN, colaborando com sua melhora. Como podemos observar
nos discursos abaixo:
“A gente tem que tá vindo, olhando, conversando pra ele sentir que é a mãe ou o pai, né?
Que eles já conhece a voz da gente. Ele até ri quando eu converso com ele, ele fica melhor.”
(Minha Mãe)
”Com certeza ajuda muito, tá amparando, conversando com a criança, acho que ajuda mais
ainda a desenvolver ela.” (Papai)
O livre acesso dos pais dentro da UTI-N é um assunto novo, sendo adotado por
poucas maternidades. Acreditamos que tal fato deve-se ao equivocado pensamento de que os
pais, estando ali a maior parte do tempo, intimidam a equipe a realizar alguns procedimentos,
podendo também aumentar o risco de infecção hospitalar, o que poderia prejudicar os RN.
Porém, ao analisarmos as falas dos participantes deste estudo percebemos que a presença dos
pais é de extrema importância para o tratamento da criança, agilizando e facilitando a sua
recuperação.
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De acordo com o Ministério da Saúde (2002) “Um bebê em UTI neonatal interage
com seus pais quando estes colocam seu dedo junto à mãozinha ou ao pezinho do bebê,
mesmo que este aparentemente não responda, pode existir uma troca afetiva e o bebê nesse
momento é capaz de sentir o pulsar dos vasos sanguíneos localizados nos dedos dos pais; esta
é uma forma de interação que pode emocionar os pais e fortalecer os laços afetivos”. Fato
confirmado em nosso estudo, pois os pais acreditam que o simples fato de estarem presentes
pode favorecer um restabelecimento mais rápido do bebê.
“Porque é o meio que a gente possa estar perto. A gente tá dando o calor humano da gente
pra ele. Que a gente possa estar perto e que ele possa estar sentindo a gente... Por causa que
eu tô passando o meu amor pra ele, por causa que eu tô passando a minha vontade, assim, de
querer que ele se recupere, que ele vá pra frente. Assim, que ele seja feliz.” (Painho)
“Eu acho assim, a criança vai desenvolver mais se a mãe, o pai, a família estiver perto. Se o
pai e a mãe afastar da criança, ela sente, porque desde quando ela tá na barriga da mãe ela
já sente o carinho da mãe e do pai, né? dos irmãos... Então agora mais do que tudo ela
precisa e se a gente afastar com certeza o tratamento dele não vai ser igual.” (Mamãe)
“Eu acho que é porque a gente passa força, mais vontade pra ele, ele sente falta da presença
dos pais, então é importante a gente tá o máximo de tempo com ele... Com certeza auxilia e
muito não só a minha presença como a presença do pai dele também.” (Mainha)
“Acredito, porque assim, sempre quando eu fico algum dia sem vim, quando eu chego ele
piorou e sempre quando eu fico com ele o dia todo sempre ele tá melhor.” (Mamy)
“Acredito, porque primeiro a gente pensa assim, eu vindo aqui traz uma energia pra ele,
dando mais força pra ele, então eu acho que cada vez que eu venho aqui, mais eu acho que
ele melhora um pouquinho... Nossa eu gosto! Eu me sinto mais aliviada, porque eu não posso
fazer mais nada. A única coisa que eu posso fazer é isso, vim aqui dá carinho pra ele, dá um
pouquinho de atenção pra ele, porque outra coisa mesmo eu ainda não posso fazer, só
quando eu estiver na minha casa”.(Mãe)
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Mesmo considerando importante sua presença na UTI-N, alguns pais têm medo de
participar até mesmo pelo fato de não saberem até onde podem ir e até quando estarão
ajudando ou atrapalhando. Eles têm medo de tocar em algo e prejudicar o bebê, pois diante de
tantos fios, tubos, sondas e aparelhos, eles não se sentem à vontade para tocar o filho. Por fim,
têm receio do desconhecido, ou seja, não sabem ou, às vezes, temem em saber o que
realmente irá acontecer ao fim de todo aquele sofrimento. Todas estas incertezas podem
permear o pensamento dos pais que se sentem inseguros e freqüentemente despreparados para
participar do tratamento, necessitando assim, de auxílio da equipe de saúde.
“Preparada eu acho que ninguém está pra esta situação, mas a gente vai acostumando, tem o
auxílio também da psicóloga né? Tem reuniões aqui no hospital que são importantes e assim
vai melhorando, né? Cada dia que passa.” (Mainha)
Segundo Tamez e Silva (1999), “O trabalho integrado da equipe multiprofissional
envolvida no cuidado do recém-nascido enfermo deve incluir não somente a equipe médica e
de enfermagem, mas os serviços de profissionais, como assistentes sociais e psicólogos
especializados, fator importante para o sucesso da recuperação desta relação pais-filhos”.
Os pais sonham com a chegada do filho para poder curtir aquele momento em casa
junto com toda a família, por isso não suportam o fato de seu bebê ser prematuro, ter nascido
com baixo peso e não conseguir às vezes respirar sozinho, necessitando de internação em uma
UTI-N. Dizem não estarem preparados para enfrentar esta situação.
“Na mesma hora que sim, não! Porque é meu primeiro filho, né? Eu não tinha passado por
essa situação ainda, e foi assim totalmente diferente, eu não pensava que ia ser desse jeito,
sonhava de um jeito bem diferente.” (Mãe)
De acordo com Tamez e Silva (1999) “o nascimento de um recém-nascido enfermo,
com alguma deformidade ou defeito congênito, ou prematuros bem pequenos e frágeis, vem
desfazer esse sonho, trazendo desapontamento, sentimento de incapacidade, culpa e medo da
perda. Todos esses sentimentos criam estresse e muitas vezes levam ao distanciamento entre
os pais e o filho”.
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Para Santana (2003) “A mãe que acalentou durante a gravidez o sonho de ter um
filho perfeito, do qual cuidaria desde os primeiros instantes com amor e desvelo, tem agora
diante de si um bebê que não corresponde a sua idealização. O filho real se apresenta
pequeno, frágil, com poucos movimentos, e o choro é fraco. Sente-se por isso constrangida,
desconfortável, temerosa de tocar no filho”.
O Significado de Ter um Filho Internado em uma UTI-N
Um ambiente frio e silencioso, restrito aos funcionários, para onde pacientes graves
vão quando estão próximos da morte, conectados a tubos e aparelhos longe da família. Esta é
a imagem que a maioria das pessoas tem de uma UTI.
Segundo Lemos e Rossi (2002) “a falta de informação e de conhecimento prévio em
relação ao UTI, bem como qual tipo de cliente atendido e quais as suas principais finalidades
são aspectos que geram insegurança e medo... os familiares e clientes desconhecem o UTI e
suas rotinas considerando-o como ambiente assustador”.
Isso ocorre porque, na maioria das vezes, elas não são orientadas sobre o
funcionamento de uma UTI e suas indicações, ficando ansiosas, angustiadas e inseguras.
Ainda para os autores acima citados, “a internação em UTI é uma fonte geradora de estresse
para as pessoas que a vivenciam. Esses são ressaltados pelo ambiente e por suas
características físicas e estruturais que, na maioria das vezes, são desconhecidas dos clientes e
de seus familiares”.
”Ah, eu acho ruim vim até aqui, vê ele naquele lugar, só queria que ele estivesse comigo, não
ali porque a gente não sabe se piora se melhora mesmo, porque a gente não sabe o dia de
amanhã, hoje ele pode tá bom amanhã ele pode ter alguma coisa, assim, ficar mais grave,
porque é a UTI né? A gente não sabe...” (Minha Mãe).
“Pra mim, assim... pra mim está sendo muito difícil... é uma coisa nova pra mim, porque eu
tenho um outro filho, um filho perfeito, sadio. Agora se a criança já tem problema, eu acho
que pra qualquer pessoa, de começo, é difícil...” (Mamãe).
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Ainda segundo Lemos e Rossi (2002), “O paciente e seus familiares trazem consigo
o medo e o estigma construído culturalmente acerca da UTI. A movimentação intensa e
apressada das pessoas que ali trabalham, o ruído desagradável, monótono e intermitente dos
aparelhos e a necessidade de busca de informações sobre o parente internado podem provocar
nos familiares ansiedade e estresse...”.
Ao descrever o ambiente da UTI neonatal o Ministério da Saúde (2002) afirma que
“A família geralmente encontra um ambiente estranho e assustador. Embora existam
orientações no sentido de livre acesso aos pais, de incentivo ao contato destes com o bebê e a
preocupação de mantê- los informados, a família encontra uma equipe muito atarefada e um
bebê real diferente do bebê imaginário. A visão desse ambiente novo e assustador, somada às
vezes a sentimentos de culpa pelos problemas do filho, gera uma experiência de desamparo..”.
Santana (2003) afirma que “Às vezes, as mães se assustam ao ver seu filho conectado
a tubos e a aparelhos, imersos na estranheza do mundo da UTI-N”.
Alguns pais não aceitam que seu bebê tão frágil e pequeno possa sofrer tanto com tão
poucos dias de vida. Eles ficam assombrados com a realização de certos procedimentos como
a punção venosa e a entubação, não confiando ou ficando atento ao trabalho dos profissionais.
“Sempre que vai fazer algum procedimento eu tô perto”. (Mamy)
O fato de ter um filho internado em uma UTI faz com que os pais experimentem
sentimentos e reações desagradáveis como a incerteza, desilusão, ansiedade, desespero e
principalmente, o medo da morte. Acreditamos ser o ‘medo da morte’ o responsável por todos
os sentimentos supracitados. A morte é um fato temido por todos, em especial pelos pais que
geralmente não admitem que seus filhos morram antes deles, pois isto estaria alterando a
ordem natural do ciclo da vida.
De um modo geral, o termo UTI está intimamente ligado à dor da separação e ao
sentimento de morte. Concordamos com Centa, Moreira e Pinto (2004) quando dizem que “a
UTI-N é uma unidade de alta complexidade, onde o viver e o morrer estão mais presentes na
imaginação das famílias. Sendo assim os profissionais de enfermagem devem aliar técnica e
cuidado humanitário ao conhecimento, oferecendo cuidado integral a todos os seres humanos
inseridos nesse contexto”.
19
Avaliação da Participação no Cuidado
Os pais participantes deste estudo afirmam que sua presença ao lado da criança tem
resultados positivos. Dizem que quando estão junto ao filho, ele fica mais calmo. Através dos
relatos, observamos a importância e a necessidade da conversa e do toque, pois conversando e
tocando o bebê, os pais acreditam que estão transmitindo amor e proteção. Fato confirmado
pelos profissionais de saúde quando afirmam que os bebês que recebem constantemente a
visita dos pais ganham mais peso e respiram sozinhos com maior rapidez, tendo uma melhor
resposta ao tratamento. Relatam também que ao perceber a presença dos pais, os bebês
aceleram os batimentos cardíacos ao ouvir a voz da mãe. Segundo os pais, o filho os
reconhece demonstrando afeição e gratidão ao abrir os olhos e sorrir.
“É ele fica mais calmo quando eu venho aqui, porque às vezes ele tá assim chorando, ele fica
mais calmo quando eu tô com ele, conversando, passando a mão nele, ele fica mais calmo,
pára de chorar”.(Minha Mãe)
“Já, está desenvolvendo bem, graças a Deus, está se evoluindo cada vez mais.” (Papai)
“Já, já notei hoje mesmo quando eu cheguei lá ele abriu o olhinho, sorriu.” (Painho)
“Já, ele veio pra cá ele tava de baixo peso, respirando por aparelho, agora já diminuiu tudo
a saturação dele já tá bem, ele tá aqui mais pra pegar peso e respirar sozinho, quando ele
estiver respirando sozinho ele vai estar bem melhor.” (Mãe)
Reichert e Costa (2000) afirmam que “os prematuros são capazes de ver, ouvir,
cheirar e responder ao toque. Ao serem estimulados, respondem ao manuseio e mostram-se
tranqüilos quando alguém conversa com eles”.
Percebemos também que a presença dos pais, em especial da mãe, por ter gerado e
dado à luz ao RN estabelecendo uma relação afetiva mais forte, é de fundamental importância
para manutenção do equilíbrio do mesmo. Deste modo, cabe à equipe da UTI-N propiciar um
ambiente acolhedor e seguro aos pais, para que estes possam através do contato constante,
estabelecer um vínculo com seu filho, garantindo assim uma recuperação rápida e até mesmo
alta antecipada da unidade.
20
Tamez e Silva (1999) apud Anderson (1991) relatam as vantagens do contato pele a
pele gerando benefícios tanto para as mães que se apegam mais ao filho, podendo inclusive
produzir mais leite materno, quanto para o bebê que além de ganhar peso com maior
facilidade, pode receber alta hospitalar com antecipação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A UTI-N é um local destinado a receber bebês que por algum motivo, ao nascer,
necessitam de cuidados intensivos, sendo afastados dos pais e modificando a estrutura
familiar. A notícia da internação na UTI-N desperta nos pais sentimentos variados associados
com o medo da morte. Acreditamos que esse receio só poderá ser superado quando as pessoas
obtiverem mais informações sobre esta unidade, como seu funcionamento, suas indicações e
os procedimentos realizados.
Tudo que desvelamos nesta pesquisa pode não ter sido novo, mas foi de grande valor
para nossas vidas. Percebemos que os pais devem estar inseridos no tratamento global do RN,
não apenas com visitas constantes, mas com a participação ativa em alguns procedimentos
como o banho, a alimentação e a troca de fraldas. Esta participação diminuiria a insegurança e
o receio, e aumentaria o vínculo dos pais com o filho enfermo, motivando-os a transmitir
força, amor, proteção, carinho e segurança para ele. Estes pequenos gestos representam mais
que muitos potentes medicamentos.
Sugerimos que os enfermeiros participem mais da preparação dos pais, não deixando
a cargo apenas dos técnicos de Enfermagem e outros profissionais, pois observamos através
das entrevistas que o profissional enfermeiro não está na lembrança e no reconhecimento dos
pais quando relatam o tratamento do filho.
Esperamos ter provocado momentos de reflexão para que os profissionais de saúde
prestem acompanhamento não somente ao RN enfermo, mas também à sua família.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2- Centa ML, Moreira EC, Pinto RHGNM. A experiência vivida peles famílias de crianças
hospitalizadas em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Texto & Contexto -
Enfermagem 2004; 13(3): 444-51.
3- Klaus MH, Fanaroff AA. Alto risco em neonatologia. 4a ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 1995.
4- Lemos RCA, Rossi LA. O significado cultural atribuído ao centro de terapia intensiva por
clientes e seus familiares: um elo entre a beira do abismo e a liberdade. Rev Lat Am
Enferm 2002; 10 (3).
5- Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança. Atenção
humanizada ao recém-nascido de baixo peso. Método mãe-canguru: manual do curso.
Brasília (DF); 2002. (Série A: normas e manuais técnicos; n. 145).
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Médicas; 1997.
23
7- Naguma M, Kakehoshi TY, Barbosa VL, Fogliano RRF, Ikezawa MK, Reichert MCF.
Procedimentos técnicos de enfermagem em UTI neonatal. 4a ed. São Paulo: Atheneu;
1995.
8- Oliveira H, Minayo MCS. A auto-organização da vida como pressuposto para a
compreensão da morte infantil. Rev Ciências Saúde Coletiva - Rio de Janeiro 2001; 6 (1).
9- Reichert APS, Costa SFG. Refletindo a assistência de enfermagem ao binômio Mãe e
Recém-Nascido Prematuro na Unidade Neonatal. Nursing 2002; 4(38).
10- Santana LF. O cuidar de recém-nascidos graves: a percepção da equipe de enfermagem
que atua em uma unidade de terapia intensiva neonatal [dissertação]. Belo Horizonte
(MG): Escola de Enfermagem da UFMG; 2003.
11- Scochi CGS, Mello DF, Melo LL, Gaíva MAM. Assistência aos pais de recém-nascidos
pré-termo em unidades neonatais. Rev Bras Enferm Brasília 1999; 52 (4): 495-503.
12- Scochi CGS, Nogueira FS, Pereira FL, Brunherotti MR. Programa para pais de bebês de
risco: contribuição para formação do aluno de enfermagem. Rev Bras Enferm Brasília
2002; 55 (1): 36-43.
13- Silva IA. Desvelando as faces da amamentação através da pesquisa qualitativa. Rev Bras
Enferm Brasília 2000; 53 (2): 241-9.
14- Whaley LF, Wong DL. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção
efetiva. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.
15- Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de
alto risco. Rio de janeiro: Guanabara Koogan; 1999.
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.
Após ser esclarecido (a) sobre informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,
assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do
pesquisador responsável. Em caso de dúvida você poderá procurar o Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital Materno-Infantil pelos telefones 291- 4900.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA Título do Projeto: ‘O cuidar de recém-nascidos graves: uma percepção dos pais como
participantes do tratamento do seu bebê em uma unidade de terapia intensiva neonatal’. (titulo
provisório)
Pesquisadores Participantes: Helena Fontenele, Luana Santana e Mariana Isaura.
Telefones para contato: 297- 2769 ou 9626- 3820.
• Nossa pesquisa tem o objetivo de: compreender os sentimentos dos pais como
participantes do tratamento do bebê gravemente enfermo em uma UTI-N.
• Sua colaboração é voluntária e consiste em dizer, em entrevista gravada, como você se
sente participante do bebê gravemente enfermo em uma UTI-N.
• Serão garantidos o anonimato e o sigilo das informações, além da utilização dos
resultados exclusivamente para fins científicos.
• Sua colaboração é muito importante e necessária para o andamento da pesquisa, mas
sua participação é facultativa.
• Caso participe, em qualquer momento você poderá pedir informações ou
esclarecimentos sobre o andamento da mesma, bem como caso seja de sua vontade
retirar-se da pesquisa e não permitir a utilização de seus dados.
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu,..................................................................................................................................R
G nº..........................................................CPF nº...................................................................,
abaixo assinado, concordo em participar do estudo, O cuidar de recém-nascidos graves: uma
percepção dos pais como participantes do tratamento do seu bebê em uma unidade de terapia
intensiva neonatal. Fui devidamente informado e esclarecido pelas pesquisadoras Helena
Fontenele Lima, Luana Santana Rocha e Mariana Isaura de Lima sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de
minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer
momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou interrupção de meu
acompanhamento/assistência/tratamento.
Goiânia, ------/------/------
Nome do sujeito ou responsável...............................................................................................
Assinatura do sujeito ou responsável........................................................................................
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimento sobre a pesquisa e aceite do
sujeito em participar.
Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome..............................................................Assinatura..........................................................
Nome..............................................................Assinatura..........................................................
ENTREVISTAS
1ª ENTREVISTA:
1) Você acredita na sua participação no tratamento com seu bebê?
Ah! eu acredito, agente tem que ta vindo, olhando, conversando pra eles sentir que é a mãe ou
o pai né, que eles já conhecem a voz da gente, ele até ri quando eu converso com ele! (risos),
ele fica melhor.
2) Você se sente preparada para estar participando desse tratamento?
Ah! Eu sinto... (silêncio)
3) Você auxilia em algum procedimento?
Não, só a presença mesmo.
4) O que você sente quando você vem visitar?
Ah, eu acho ruim vim até aqui, vê ele naquele lugar, só queria que ele estivesse comigo, não
ali, porque agente não sabe se piora se melhora mesmo, porque agente não sabe o dia de
amanhã, hoje ele pode ta bom amanhã ele pode ter alguma coisa assim; ficar mais grave,
porque é a UTI né, agente não sabe...
5) Você já notou algum resultado com a sua participação?
Não... (silêncio). É ele fica mais calmo quando eu venho aqui, porque às vezes ele ta assim
chorando, ele fica mais calmo quando eu to com ele, conversando, passando a mão nele, ele
fica mais calmo, para de chorar.
2ª ENTREVISTA:
1) Você acredita na sua participação no tratamento do seu bebê?
Com certeza ajuda muito, ta amparando, conversando com a criança, acho que ajuda mais
ainda a desenvolver ela.
2) Você vem todos os dias?
Todos os dias, eu por ser de Goianésia, no caso não moro nem aqui, moro em Goianésia,
quase 200 Km daqui, mas estou todos os dias. Estou...
3) você se sente preparado para estar participando desse tratamento?
Com certeza! Tem que estar preparado pra tudo né? Acho que tudo, se não estiver preparado
já não da certo.
4) Você e sua esposa auxiliam em algum procedimento?Ela está amamentando?
Estamos auxiliando sim, ce fala assim questão de estar trazendo alguma coisa?Estamos. Bem
no caso, por agora ela não está amamentando né, Acho que depois de segunda-feira, parece
que ela começa a amamentar, mas estamos torcendo pra isso.
5) Como você se sente participando do tratamento?
Nossa! Muito emocionado, muito legal!!!
6) Você já notou algum resultado?
Já, está desenvolvendo bem, graças a Deus, está se evoluindo cada vez mais. No mais é por na
mão de Deus, que igual está o estado dela, ela tá bem, graças a Deus tá bem. Mas se não é à
vontade de Deus, não dá certo, mas acredito que sim, porque até os médicos muitas vezes
falou que era um aborto não tinha jeito mais, então acho que é a vontade de Deus, ela nasceu
viva, então acho que...(silencio).
7) Você acha importante sua presença na UTIN?
Uai ajuda muito né, até mesmo pra família, no caso, tá tendo notícias da criança e igual eu
falei que nós estamos juntos da criança também, apesar que vai pensar assim: ah, ela não
entende nada, mas acho que entende, porque a gente fala com ela e acho que ela sente
também, então eu acho que ajuda nesse sentido ter os pais mais junto da criança, acho que é
melhor ainda pra ela, mais ela acho que se desenvolve com isso.
3a_ENTREVISTA
1) Você acredita na sua participação no tratamento do seu bebê?
Acredito...Por que é o meio que a gente possa estar perto. A gente tá dando o calor humano da
gente pra ele.Que a gente possa estar perto, e que ele possa estar sentindo a gente.
2) Você se sente preparada para estar participando desse tratamento?
Sinto. Por Causa que eu to passando o meu amor pra ele. Por causa que eu to passando a
minha vontade, assim , de querer que ele se recupere (ergue o antebraço com o punho
fechado, com veemência), que ele vá pra frente.Assim que ele seja feliz.
3) Você já notou algum resultado?
Já, Já notei. Hoje mesmo Quando eu cheguei lá, ele abriu o olhinho, sorriu!(sorriso).
4º ENTREVISTA
1) Você acredita na sua participação no tratamento do seu bebê?
A minha participação?... Eu acho que sim. Eu creio que sim. Por que eu acho assim, a criança
vai desenvolver mais se a mãe, o pai, a família... assim, estiver perto. Se o pai e a mãe afastar
da criança ela sente. Por que desde quando ela tá na barriga da mãe, ela já sente o carinho da
mãe e do pai, né, dos Irmãos... Então agora, mais do que tudo: Ela precisar, e a gente afastar...
Com certeza o tratamento dele não vai ser igual.
2) Você se sente preparada para estar participando desse tratamento?
Pra mim, assim... Pra mim está sendo muito difícil. Mas eu to fazendo assim, o máximo,
sabe? E vou fazer muito ainda né... Por que assim, todos os probleminhas dele, é então assim,
eu ainda não to me sentido bem de saúde. E assim, é uma coisa nova pra mim, por que eu
tenho um outro filho, um filho perfeito, sadio. Agora se a criança já tem problema, eu acho
que pra qualquer pessoa, de começo, é difícil. Mas com certeza, tudo com o tempo vai sendo
resolvido.
3) Você já notou algum resultado?
Assim, ele tem sido muito quietinho. Mas eu converso com ele, eu vejo assim, que ele toma
naquela chuquinha. Eu pego na mãozinha dele, mexo com ele, converso com ele. Mas assim,
eu vejo ele muito quietinho ainda. Não to amamentando. Também não sei se é por que ele só
tem dois dias ainda, né?
5a ENTREVISTA
1) Você acredita na sua participação no tratamento do seu bebê?
Claro! Eu acho que é porque a gente passa força, mais vontade pra ele, ele sente falta da
presença dos pais, então é importante a gente tá o máximo de tempo com ele.
2) Você se sente preparada para estar participando desse tratamento?
Preparada eu acho que ninguém está pra essa situação, mais a gente vai acostumando, tem o
auxílio também da psicóloga né, tem reuniões aqui no hospital que são importantes e assim
vai melhorando né cada dia que passa.
3) Você já notou algum resultado?
Já! Dá pra notar, A gente nota todas as diferenças nele, tanto quando que ele está melhorando
e quando ele está piorando.
4) Você acha importante a sua presença aqui na UTIN?
Com certeza auxilia e muito, não só a minha presença como a presença do pai dele também.
6a ENTREVISTA
1) Você acredita na sua participação no tratamento do seu bebê?
Acredito, por que assim, sempre quando eu fico algum dia sem vim, quando eu chego ele
piorou e sempre quando eu fico com ele o dia todo sempre ele tá melhor.
2) Você se sente preparada para estar participando desse tratamento?
Sinto!
3) Você auxilia em algum procedimento?
Não, mas sempre que vai fazer algum procedimento eu to perto.
4) Você já notou algum resultado?
Já, eu acho que eu estando perto dele ele recupera melhor. Porque sempre quando eu
passo um dia sem vim, eu chego às vezes ele nem mexe, eu converso com ele e ele fica
quetinho, e sempre que eu to junto com ele eu converso, ele me nota que eu to perto dele,
ele ri, então eu sinto que eu tenho que ta do lado dele, por que eu tando do lado dele, ele
melhora.
7a ENTREVISTA
1) Você acredita na sua participação no tratamento do seu bebê?
Acredito, porque... Primeiro a gente pensa assim, eu vindo aqui traz uma energia pra ele,
dando mais força pra ele, então eu acho que cada vez que eu venho aqui, mais eu acho que ele
melhora um pouquinho.
2) Como você se sente participando do tratamento?
Nossa eu gosto! Eu me sinto mais aliviada, porque eu não posso fazer mais nada, a única
coisa que eu posso fazer é isso, vim aqui dá carinho pra ele, dá um pouquinho de atenção pra
ele. Porque outra coisa mesmo eu ainda não posso fazer, só quando eu estiver na minha casa.
3) Você se sente preparada para estar participando desse tratamento?
Na mesma hora que sim, não! Porque é meu primeiro filho né, eu não tinha passado por essa
situação ainda, e foi assim totalmente diferente, eu não pensava que ia ser desse jeito, sonhava
de um jeito bem diferente.
4) Você já notou algum resultado?
Já, ele veio pra ca ele tava de baixo peso, respirando por aparelho, agora já diminuiu tudo a
saturação dele já tá bem, ele ta aqui mais pra pegar peso e respirar sozinho, quando ele tiver
respirando sozinho ele vai esta bem melhor.
5) Você acha importante a sua presença na UTIN?
Acho, acho muito importante.