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Universidade Presbiteriana Mackenzie
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POSIÇÃO EM PÉ NO TRABALHO DOS AUXILIARES EDUCACIONAIS E AGENTES DE SEGURANÇA E SUAS PERCEPÇÕES QUANTO À ACESSIBILIDADE NA ÁREA EXTERNA DO CAMPUS ITAMBÉ DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE.
Fernando de Souza Carvalho (IC) e Raquel Cymrot (Orientadora)
Apoio: PIBIC Mackenzie
Resumo
O presente trabalho é baseado nos conceitos de ergonomia, desenho universal e saúde do trabalhador. O estudo busca estimar a incidência de desconforto/dor nos membros superiores, inferiores e coluna vertebral dos auxiliares educacionais e agentes de segurança que trabalham na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Itambé uma vez que estes profissionais devem permanecer na posição em pé por longos períodos. Outro objetivo é conhecer a percepção destes mesmos profissionais quanto à questão da acessibilidade na área de circulação externa entre os prédios do campus. Para tanto, foi realizada uma pesquisa anônima com tais profissionais, por meio de um instrumento de pesquisa em forma de formulário. O funcionário não era obrigado a participar da pesquisa, sendo cumpridos os procedimentos éticos necessários. Setenta e seis por cento dos funcionários participaram da pesquisa. Após coletados, os dados foram consolidados sendo então realizada uma análise descritiva destes. Foram realizados alguns testes estatísticos não-paramétricos tais como para independência de pares de variáveis aleatórias (teste Quiquadrado ou teste exato de Fisher) e teste para a comparação de vários níveis de um fator, originários de um mesmo elemento experimental (teste de Friedman). Os resultados obtidos foram interpretados e conclusões foram obtidas. Dentre alguns resultados relevantes destaca-se que quase 70% dos funcionários relataram sentir desconforto ou dor nos membros superiores, coluna ou membros inferiores.
Palavras-chave: saúde do trabalhador, acessibilidade, análise estatística.
Abstract
This work is based on the concepts of ergonomics, universal design and employees’ health. The study aims at estimating the incidence of discomfort / pain in upper and lower limbs and spine of educational assistants and security officers working at Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) at Itambé campus, once these professionals must remain standing for long periods. Another aim is to know the perception of such professionals on accessibility in the area of external circulation among buildings in the campus. For such purpose, an anonymous survey was made with these professionals, through a survey form. The employee was not compelled to participate in the survey, and the necessary ethical procedures were met. Seventy-six percent of the employees participated in the survey. Once collected, the data were consolidated and then a descriptive analysis of the same was made. Some statistics nonparametric tests were done such as independence test for pairs of random variables (Chi-Square test or Fisher's exact test) and test for comparison of various levels of a factor, originating from the same experimental element (Friedman test). The results obtained were interpreted and conclusions were drawn up. Among some relevant results, it should be highlighted that nearly 70% of the employees reported discomfort or pain in their upper limbs, spine or lower limbs.
Key-words: employees’ health, accessibility, statistics analysis
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1 INTRODUÇÃO
Na vida cotidiana, indivíduos podem assumir posturas que causem algum impacto em sua
saúde. Há, em especial, algumas classes de profissionais cuja atividade torna necessário à
manutenção de uma dada posição que pode não ser a ideal.
No Brasil, assim como em outros países com o mesmo grau de desenvolvimento, a
incidência de doenças ocupacionais, segundo as estatísticas oficiais, é muito baixa.
Possivelmente, isso se deve à falta de diagnostico e ao sub-registro (MENDES, 1988;
FORÇA SINDICAL, 2002).
A atividade profissional obriga muitos indivíduos a passar grande parte de seu expediente
em uma única posição, em pé. Entretanto, poucos dentre estes profissionais, têm
conhecimento das possíveis conseqüências de tal postura em sua saúde. A nota técnica
060 de 2001 do Ministério do Trabalho e Emprego ressalta que todo esforço de manutenção
postural leva a uma tensão muscular estática que pode ser nociva à saúde. Os efeitos
fisiológicos dos esforços estáticos se devem à compressão dos vasos sangüíneos, uma vez
que o sangue deixa de fluir, fazendo com que o músculo não receba oxigênio nem
nutrientes, acarretando a manutenção dos resíduos metabólicos que ao se acumular
provocam dor e fadiga muscular. As manutenções estáticas prolongadas podem também
induzir ao desgaste das articulações, discos intervertebrais e tendões. (BRASIL, 2001).
A Ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre
seres humanos e outros elementos de um sistema. Nela, aplica-se teoria, princípios, dados
e métodos, a fim de proporcionar o bem estar do ser humano e o desempenho global do
sistema de forma otimizada (INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION, 2008).
Embora a ergonomia tenha nascido durante a Segunda Guerra Mundial, somente a partir da
década de 90, os conhecimentos por ela proporcionados vêm sendo utilizados para fins de
segurança, conforto e eficiência no trabalho (IIDA, 2005; DUL; WEERDMEESTER, 2000).
Neste artigo, os profissionais em estudo serão os auxiliares educacionais e os agentes de
segurança cujas respectivas ocupações os levam a manter-se na posição em pé por um
tempo relativamente longo, devido ao fato desta função necessitar, entre outras atividades,
de deslocamentos contínuos.
Segundo Ramos [1998?], a partir da promulgação da Constituição de 1988, a Sociedade
Civil e o Estado no Brasil passaram a priorizar o homem como ser de direitos uma vez que
esta estabeleceu em seu texto que a cidadania e a dignidade da pessoa humana devem
nortear toda e qualquer conduta dos cidadãos e autoridades de modo a viabilizar “a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, capaz de promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
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discriminação” (BRASIL 1988 apud RAMOS [1998?], não paginado). Neste contexto, “o
direito de acesso aos espaços culturais e artísticos aos portadores de deficiência representa
a implementação, a efetivação dos princípios e objetivos traçados pela própria Constituição”
(RAMOS [1998?], não paginado) e o acesso à Universidade faz parte deste universo
cultural.
O Desenho Universal teve sua origem na década de 1970 visando a “[...] simplificar a vida
de todos, elaborando produtos, informações e ambientes construídos mais utilizáveis por
maior número possível de pessoas, a baixo custo ou sem nenhum custo extra.” (CENTER
FOR UNIVERSAL DESIGN, 1997 apud LOPES, 2005, p.11). O desenho universal deve
contemplar todos os cidadãos, inclusive os com deficiências físicas, sensoriais ou
intelectuais e os que se enquadram na categoria de mobilidade reduzida que incluindo
obesos e gestantes. Muitos locais, ainda hoje, não se mostram preparados para receber
todas as pessoas, dificultando as atividades cotidianas para parte da população. É
fundamental que a acessibilidade seja analisada sob o prisma do desenho universal.
Esta pesquisa realizou um levantamento de dados com os auxiliares educacionais e agentes
de segurança que trabalham no Campus Itambé da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
uma vez que eles permanecem grande parte de seu expediente de trabalho na área externa
dentro do Campus, observando a movimentação na área. O presente estudo abordou a
percepção destes funcionários com respeito à questão da acessibilidade, dentro do
Campus.
1.1 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é identificar o perfil e conhecer os problemas de saúde que afetam
os auxiliares educacionais e agentes de segurança da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, Campus Itambé, bem como pesquisar suas percepções a respeito da questão
da acessibilidade na área externa dentro do Campus. O trabalho considerou aspectos
relativos à segurança ocupacional, em especial a ergonomia.
1. 2 JUSTIFICATIVA
Tem-se como foco principal o levantamento das condições de trabalho e agravos à saúde
relatados pelos auxiliares educacionais e agentes de segurança da Universidade para que,
desta forma, medidas preventivas possam ser tomada a fim de lhes proporcionar melhor
qualidade de vida.
Tendo em vista que a Universidade Presbiteriana Mackenzie tem uma grande circulação de
pessoas, não só alunos, como também professores, funcionários e visitantes, a percepção
dos auxiliares educacionais e agentes de segurança quanto à acessibilidade na área
externa do Campus é suma importância, uma vez que no exercício de suas atividades
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profissionais estes funcionários entram em contato direto com quem circula pela área
externa do Campus. Estes funcionários testemunham diversas situações que, uma vez
conhecidas, podem sinalizar a necessidade de mudanças a fim de garantir, da forma mais
ampla possível, o acesso a todos os cidadãos ao Campus, levando em conta o desenho
universal.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para a realização desta pesquisa alguns tópicos foram especialmente estudados. Estes
estão apresentados a seguir:
2.1 SAÚDE DO TRABALHADOR
A Engenharia da Segurança do Trabalho, segundo a resolução 359 de 1991 do Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), deve voltar-se “precipuamente
para a proteção do trabalhador em todas as unidades laborais, no que se refere à questão
de segurança, inclusive higiene do trabalho”. (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E AGRONOMIA, 1991, p. 1).
Segundo a Norma Regulamentadora nº 4 do Ministério do Trabalho e Emprego, as
empresas privadas e públicas que possuam empregados regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) devem manter Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho, visando promover a saúde e proteger a integridade
do trabalhador no local de trabalho. Tais serviços devem ter em seus quadros de
funcionários pelo menos um Engenheiro de Segurança do Trabalho. (BRASIL, 2008). O
estudo da saúde e integridade do trabalhador deve ser, portanto, um tema relevante dentro
da Engenharia.
Segundo a nota técnica 60 de 2001 do Ministério do Trabalho e Emprego, a manutenção da
postura em pé imóvel apresenta as seguintes desvantagens: (BRASIL, 2001, p. 3).
• tendência à acumulação do sangue nas pernas o que predispõe ao aparecimento de insuficiência valvular venosa nos membros inferiores, resultando em varizes e sensação de peso nas pernas; • sensações dolorosas nas superfícies de contato articulares que suportam o peso do corpo (pés, joelhos, quadris); • a tensão muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilíbrio dificulta a execução de tarefas de precisão; • a penosidade da posição em pé pode ser reforçada se o trabalhador tiver ainda que manter posturas inadequadas dos braços (acima do ombro, por exemplo), inclinação ou torção de tronco etc.; • a tensão muscular desenvolvida em permanência para manutenção do equilíbrio traz mais dificuldades para a execução de trabalhos de precisão.
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2. 2 ERGONOMIA
O termo “ergonomia” deriva dos termos gregos “ergon” (trabalho) e nomos (leis naturais). A
ergonomia estuda as relações do homem com o seu ambiente de trabalho, levando em
conta a segurança e o conforto. O aperfeiçoamento de projetos de máquinas, ambientes e
produtos foi possível levando em conta a análise de dados obtidos em experiências de
laboratório que medem o desempenho do ser humano em diferentes atividades (IIDA, 2005).
Os conhecimentos ergonômicos são bastante amplos e sua aplicação pode gerar grandes
benefícios tanto no ambiente de trabalho, reduzindo o sofrimento dos trabalhadores e
melhorando sua produtividade, quanto na qualidade de vida da população em geral. Tais
benefícios são possíveis uma vez que a ergonomia engloba uma grande variedade de
temas, como antropometria, biomecânica, fisiologia, toxicologia, engenharia mecânica,
desenho industrial, eletrônica e informática entre outros, estudando a postura e os
movimentos corporais, os fatores ambientais, controles, cargos e tarefas. Uma vez que os
projetos são elaborados para atender a 95% da população, pessoas com medidas bem
diferentes da média acabam tendo dificuldade de adaptação a equipamentos, sistemas e
tarefas projetados para uso coletivo (IIDA, 2005; DUL; WEERDMEESTER, 2000).
Projetos que levam em conta a ergonomia devem respeitar, segundo Guérin et al. (1997,
apud ROCHA, 2002) quatro princípios, a saber: a diferenciação entre tarefa (prescrição do
trabalho a ser realizado) e atividade (trabalho efetivamente realizado), reconhecimento da
diversidade do interior das situações produtivas (variabilidade), carga de trabalho
envolvendo as diferentes dimensões humanas e o modo operatório, relacionado com
resposta individual de acordo com as situações de trabalho.
2.3 O DESENHO UNIVERSAL
A expressão de desenho universal foi utilizada pela primeira vez em 1985 nos Estados
Unidos, por Ron Mace o qual afirmou que o desenho universal deve criar ambientes ou
produtos de modo que possam ser utilizados pelo maior número de pessoas possível, com
baixo custo ou sem nenhum custo extra. O conceito de desenho universal surgiu das
exigências e necessidades de dois grupos sociais distintos: dos movimentos dos que tinham
alguma deficiência e sentiam suas necessidades postas de lado pelos profissionais da área
de construção e arquitetura, e da iniciativa de alguns arquitetos, urbanistas e designers que
buscavam uma maior igualdade dos valores e uma visão maior na criação dos projetos
(CAMBIAGHI, 2007).
O Desenho Universal propõe um uso democrático para o espaço, adaptando-se assim aos
mais variados perfis de usuários: apregoa que todas as pessoas, crianças ou idosos, ou
mesmo quem tenha alguma limitação física (temporária ou permanente), tenham condições
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igualitárias na qualidade de uso de um ambiente construído, seja este interno ou externo. De
acordo com os dados do XI Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) no ano 2000, 14,5% da população brasileira enfrenta alguma
barreira, dificultando o acesso a residências, ruas, meios de transporte, mobiliário urbano,
escolas entre outros. Ultrapassar estes obstáculos é uma meta proposta pelo Desenho
Universal, que pode ser associado aos conceitos de projetos arquitetônicos em que há a
remoção de barreiras (BERNARDI, 2007).
Campos ([2000-?]) destaca que o desenho universal é um novo paradigma que surgiu das
idéias de inexistência de barreiras, desenho acessível e tecnologia assistiva. O autor
associa os conceitos de Desenho Inclusivo e Desenho para todos. Tal desenho leva a um
enfoque diferenciado para produtos, serviços e ambientes de modo que possam ser usados
por todas as pessoas, independentemente da idade, habilidade ou condição de saúde. Esta
idéia está ligada diretamente ao conceito político de uma sociedade inclusiva e sua
importância vem sendo reconhecida por governos, indústria e comércio, devendo
necessariamente ser levada em conta também por arquitetos, engenheiros e designers.
Cambiaghi (2007), em acordo com a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) da
Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida (SEPED) do
Município de São Paulo, apresentou de forma mais detalhada os sete princípios básicos do
Desenho Universal, conforme desenvolvido nos Estados Unidos da América pelo Center for
Universal Design, a saber: equiparação nas possibilidades de uso; flexibilidade no uso; uso
simples e intuitivo; informação perceptível; tolerância ao erro; mínimo esforço físico e
dimensionamento de espaços para acesso de todos os usuários.
Lanverly (2010) destaca que apesar da criação dos sete princípios do desenho universal já
ter duas décadas, estes só começaram a ser praticados no Brasil a partir da publicação da
lei 10098/2000 de 2000 que tem por finalidade a eliminação de barreiras nas vias públicas.
Tal lei estabelece critérios básicos para a promoção da acessibilidade dos indivíduos com
deficiência e mobilidade reduzida. “O objetivo desta lei é a superação de barreiras e
obstáculos em vias públicas, espaços públicos, mobiliário urbano, construção e reforma de
edificações, nos meios de transporte e comunicação” (LANVERLY, 2010, p. 44). A autora
afirma ser o desconhecimento técnico do tema uma grande dificuldade para a aplicação dos
referidos princípios.
2.4 ALGUNS TESTES NÃO-PARAMÉTRICOS
A seguir serão apresentados os testes não-paramétricos utilizados neste trabalho.
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2.4.2 Teste Quiquadradro
O teste Quiquadrado é usado para testar se dois grupos diferem quanto a alguma
característica, quando “os dados consistem em freqüências em categorias discretas”
(SIEGEL; CASTELLAN, 2008, p. 134), isto é, serve para testar se duas variáveis aleatórias
são independentes.
Os dados são então dispostos em uma tabela de contingência com uma variável nas linhas
e a outra nas colunas. Neste caso tem-se uma tabela de dupla entrada (as duas variáveis).
Seja r o nº de níveis da primeira variável e c o nº de níveis da segunda variável. Tem-se que
o grau de liberdade será igual a (r-1) (c-1) e o valor do Quiquadrado observado será igual a:
( )
ne
o
e
eo
ij
ijc
j
r
iij
ijijc
j
r
i
−=−
= ∑∑∑∑====
2
11
2
11
2χ
(1)
Com eij igual ao produto das marginais da observação oij dividido pelo tamanho da amostra
n.
Quando a tabela de contingência não for 2 x 2, a prova que Quiquadrado pode ser aplicada
somente se o número de células com freqüência inferior a 5 for menor que 20% do total de
células e se nenhuma célula tiver freqüência esperada inferior a 1. Se essas condições não
forem satisfeitas pelos dados na forma em que foram coletados originalmente, o
pesquisador deve combinar categorias de modo a aumentar as freqüências esperadas nas
diversas células. Se em uma tabela 2 x 2, houver alguma freqüência esperada inferior a 5, o
teste Quiquadrado não poderá ser usado. Neste caso recomenda-se a utilização do teste
não-paramétrico exato de Fisher (COSTA NETO, 2002).
2.4.2 Teste exato de Fisher
O teste exato de Fisher é usado para testar independência entre pares de variáveis
aleatórias com dois níveis cada uma (tabela de contingência 2 x 2). Tal teste é utilizado
quando as suposições para o uso do teste Quiquadrado não se verificam.
O teste exato de Fisher é baseado na distribuição hipergeométrica. Calcula-se a
probabilidade do resultado ocorrido acrescida das probabilidades dos resultados ainda mais
extremos. Este será o nível descritivo do teste e a hipótese de independência das variáveis
aleatórias deverá ser rejeitada se seu valor for inferior ao nível de significância do teste
(SIEGEL; CASTELLAN, 2008).
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2.4.3 Teste de Friedman
O teste de Friedman deve ser usado quando se deseja saber se as classificações dos
diversos aspectos foram extraídas da mesma população ou de populações com mesma
mediana. Neste caso só devem ser utilizados os dados cuja totalidade de aspectos foi
classificada (SIEGEL; CASTELLAN, 2008). Os dados consistem k amostras
correspondentes (mesmo grupo com N indivíduos em k condições) e devem ter no mínimo
em escala ordinal. Para este teste, os dados são colocados em uma tabela de dupla entrada
com N linhas (cada linha corresponde a um indivíduo) e k colunas (cada coluna corresponde
a uma das condições).
Atribui-se postos dentro de cada linha (medidas de um mesmo elemento, isto é, para cada
indivíduo, atribuem-se postos para as k condições). O teste de Friedman determina se os
totais dos postos para condição j (indicados por Rj), com 1 ≤ j ≤ k diferem significativamente
dos valores que seriam esperados devido ao acaso. (SIEGEL; CASTELLAN, 2008). Deve-se
então calcular:
)1(3)()1(
12
1
22 +−+
= ∑=
kNRkNk
k
i
jrχ (2)
Se k = 3 e N ≥ 10 ou se k = 4 e N ≥ 5 ou se k ≥ 5, 2
rχ terá distribuição Quiquadrado com (k
– 1) graus de liberdade. Rejeita-se a hipótese de que as k amostras foram extraídas da
mesma população se 2
rχ for maior que o quiquadrado crítico observado com (k – 1) graus
de liberdade.
3 METODOLOGIA
Foi construído um instrumento de pesquisa anônimo. Para elaboração das questões
pertinentes, contou-se com a colaboração dos funcionários Instituto Presbiteriano
Mackenzie, entidade mantenedora da UPM: a Engenheira de Segurança Maria Yolanda
Trindade Pinheiro e o médico do trabalho Dr. Aldemir Natucci Rizzo. O instrumento foi
aplicado na forma de formulário, isto é, o aluno fazia as perguntas e anotava as respostas.
Por envolver pesquisa com seres humanos, o projeto desta pesquisa foi submetido e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
Os agentes de segurança e auxiliares educacionais foram avisados previamente por seus
superiores, da realização desta pesquisa. Foi então fornecida uma listagem de todos os
agentes educacionais e de segurança que trabalham no Campus Itambé. Em um segundo
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momento, Após a manifestação do aceite e autorização por escrito dos agentes de
segurança e auxiliares educacionais, foi realizada a coleta dos dados por meio da aplicação
do formulário de pesquisa anônimo e não obrigatório para os agentes de segurança e
auxiliares educacionais. Tal formulário foi composto por vinte e uma perguntas.
As questões de 1 a 3 caracterizam o respondente quanto ao gênero, faixa etária e função
(auxiliar educacional ou agente de segurança). As questões de 4 a 7 caracterizam o
respondente quanto ao tempo que exerce a função, qual a carga horária semanal no
Mackenzie, se há outra carga horária semanal resultante de outra ocupação e qual o
período em trabalha na função.
Na questão 8 pede-se ao pesquisado para assinalar quais os elementos que podem trazer
alguma insegurança, no espaço do Campus Itambé, bem como determinar a área próxima a
detecção destes problemas, caracterizando assim a percepção sobre a acessibilidade e
segurança dos mesmos. Desta forma, a questão 8 tratou dos problemas verificados pelos
respondentes no exterior e no contorno dos prédios. As alternativas foram definidas tendo
como base as normas técnicas e de segurança do trabalho NR 8 (BRASIL, 2001), NR 17
(BRASIL, 2007). As normas regulamentadoras (NR) são estabelecidas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego e se referem à saúde e segurança dos trabalhadores.
A NR 8, sobre edificações, considera as condições de circulação como pisos, escadas,
passagens, rampas, paredes e coberturas de edifícios. Esta NR “[...] estabelece requisitos
técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e
conforto aos que nelas trabalhem.” (BRASIL, 2001, p. 1).
A NR 17, norma regulamentadora que trata de ergonomia, estabelece no item 17.5 que “[...]
as condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características
psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.” (BRASIL,
2007, não paginado).
As questões 9 e 10 solicitam ao respondente que quantifiquem o número máximo de horas
que permanecem em pé fora do expediente e esclarecer qual o tipo de atividade que o
impede de se sentar neste tempo.
As questões 11, 12 e 13 pedem ao respondente para identificar se atualmente sente algum
desconforto nos membros superiores, coluna ou membros inferiores e no caso do
pesquisado não sentir nenhum desconforto solicita-se que o mesmo vá para a questão 19.
No caso afirmativo pede-se para que o respondente determine há quanto tempo sente estes
desconfortos, quais os desconfortos e suas intensidades. A questão 14 descreve as
situações em que há alguma melhora destes desconfortos. As questões 15 e 16
caracterizam a freqüência com que o entrevistado usa algum medicamento ou acessório
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para aliviar o desconforto. A questão 17 procura avaliar quantos destes que afirmam ter
algum desconforto procuraram algum profissional e qual o tipo de profissional procurado
(público, convênio etc.). Na questão 18 solicita-se ao respondente que diga se já teve algum
distúrbio nos membros inferiores, coluna ou inferiores e em caso afirmativo, é arguido qual o
distúrbio e qual o tratamento realizado.
A questão 19 pergunta ao funcionário se ele pratica alguma atividade física e em caso
afirmativo, solicita-se que determine a frequência desta atividade. As questões 20 e 21 são
dissertativas e respectivamente pergunta qual a sugestão do funcionário para minimizar o
desconforto e solicita um resumo das atividades diárias na função.
A pesquisa foi realizada nos meses de novembro e dezembro de 2010. Não foi possível
realizar a pesquisa com a totalidade dos auxiliares educacionais e agentes de segurança.
Alguns funcionários não foram localizados, pelo pesquisador, no período estabelecido para
a execução da pesquisa. Ressalta-se também, que coube ao funcionário aceitar ou não
participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido após
conhecimento da Carta de Informação ao Sujeito de Pesquisa. Durante o processo de coleta
de dados não houve recusas em responder o formulário, entretanto foi um processo um
pouco descontinuado. Algumas vezes o formulário estava sendo preenchido quando o
profissional em questão era solicitado para a execução de alguma tarefa, tornando-se
necessário continuar o preenchimento em outro horário.
Segundo Bolfarine e Bussab (2005, p. 14) “O propósito da amostra é o de fornecer
informações que permitam descrever os parâmetros do universo, da maneira mais
adequada possível. A boa amostra permite a generalização de seus resultados dentro de
limites aceitáveis de dúvidas”. A amostra foi, portanto não probabilística, mas por
independer do pesquisador poderá ser considerada uma amostragem criteriosa. O critério
de amostragem foi objetivo uma vez que seu protocolo descritivo foi inequívoco, produzindo
amostras com as mesmas propriedades, independente de quem as selecionou
(BOLFARINE; BUSSAB, 2005).
Depois de realizada a pesquisa, os dados foram tabulados, consolidados sendo então
realizada uma análise estatística dos dados por meio de análise descritiva e construção de
intervalos com 95% de confiança (I.C.) para as variáveis pertinentes.
Nível descritivo de um teste de hipótese é a probabilidade de se obter, à luz da hipótese
alternativa, estimativas mais desfavoráveis ou extremas do que a fornecida pela amostra
(MAGALHÃES; LIMA, 2010). Todos os testes de hipótese foram realizados utilizando-se um
nível de significância de 5%, sendo também calculados seus respectivos níveis descritivos
(valor-P). Desta forma foram rejeitadas as hipóteses cujos níveis descritivos apresentaram
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valores inferiores a 0,05. Para todos os testes de hipótese foram calculados seus
respectivos níveis descritivos, P.
A fim de testar se existe independência entre um par de variáveis aleatórias, foi utilizado o
teste Quiquadrado de independência, Quando este não pode ser usado em função dos
dados não satisfazerem as suposições necessárias, foi utilizado o teste Exato de Fisher. O
teste de Friedman foi usado para análise da questão 13 do instrumento de pesquisa.
Os dados foram analisados com a utilização do programa estatístico Minitab, disponível no
Laboratório de Simulação de Processos de Produção HSBC do prédio 4 da Escola de
Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra foi composta de 52 dentre os 68 auxiliares educacionais e agentes de segurança
o que representa 76,47% da população. A validação da amostra foi realizada baseando-se
na variável disponível, função exercida, havendo independência entre as variáveis participar
da pesquisa e função exercida (P = 0,355).
O gráfico 1 apresenta os gráficos de setor para as variáveis características do pesquisado,
tais como a idade, o gênero, a função e o período de trabalho.
de 20 a 29 anos
de 30 a 39 anos
de 40 a 49 anos
de 50 a 59 anos
Faixa Etária
masculino
feminino
Gênero
auxiliar educacional
agente de segurança
Função
matutino/vespertino
vespertino/noturno
Período
7 ,7%
15,4%
67,3%
9,6%
30,8%
69,2%
65,4%
34,6%44,2%
55,8%
Idade Gênero
Função Período
Gráfico 1 – Gráficos de setor para as variáveis: faixa etária, gênero, função exercida e período de trabalho
Verifica-se que a idade predominante está entre 30 e 39 anos, sendo quase 70% dos
funcionários do gênero masculino, aproximadamente dois terços exercendo a função de
agente de segurança e pouco mais da metade trabalhando no período matutino / vespertino.
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A Tabela 1 apresenta algumas estatísticas descritivas para as variáveis: tempo na função
(em anos), carga horária semanal na UPM, carga horária semanal em outras ocupações e
número de horas em pé fora do expediente.
Tabela 1 – Média, desvio padrão, coeficiente de variação mínimo e máximo para algumas variáveis de interesse
Variável média desvio padrão coeficiente de variação mínimo máximo
Tempo na função 4,37 2,84 64,92 0,2 17
Carga horária na UPM 46,36 1,68 3,62 42,25 48
Carga horária em outras ocupações 0,15 1,11 721,11 0 8
nº de horas em pé fora do expediente 2,91 1,98 67,95 1 12
Nota-se que o tempo médio na função foi de 4,37 anos (I.C. = [3,57; 5,17]) indicando que
não há muitos funcionários recém-contratados. A carga horária dentro da UPM pouco variou
(obteve o menor coeficiente de variação, igual a 3,62), uma vez que variou de 42,25 horas
até 48 horas, com I.C. = [45,89; 46,83]. A carga horária média em outras ocupações foi
muito pequena (igual a 0,15 horas) uma vez que um único funcionário possui outra
ocupação com carga horária semanal igual a 8 horas. Esta situação gerou o maior
coeficiente de variação (igual a 721,11), retratando a grande heterogeneidade ocorrida. O
número médio de horas que o funcionário fica em pé em um dia, fora do expediente da UPM
foi de 2,91 horas (I.C. = [2,36; 3,47]). É relevante apontar que houve funcionário que relatou
passar até 12 horas a mais em pé, além do expediente, valor este pouco provável de ser
usual, uma vez que o funcionário necessita dormir algumas horas diariamente.
Foi perguntado aos auxiliares educacionais e agentes de segurança, baseando-se em suas
percepções, se eles notavam algum elemento que dificultasse a movimentação ou que
pudesse trazer alguma insegurança no espaço do Campus Itambé. As respostas estão
apresentadas abaixo nos gráficos 2 e 3:
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Gráfico 2 – Gráficos de setor para problemas relatados
A ausência de piso tátil para deficientes visuais foi o problema mais indicado (98,1%),
seguido de problemas no piso (material escorregadio, trincas) e desnível no piso, ambos
relatados em 84,6% das respostas. Vale ressaltar que a pesquisa foi realizada no ano de
2010, antes das mudanças de piso realizadas no campus. Iluminação insuficiente e
sinalização deficiente também foram problemas bastante apontados (respectivamente em
40,4% e 34,6% das respostas).
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Gráfico 3 – Gráficos de setor para outros problemas relatados
Para cada um dos problemas observados, foi pedido que fossem assinalados os prédios
próximos às áreas de detecção dos mesmos e no caso deste problema se repetir por todo
campus, pedia-se que o espaço fosse preenchido com a palavra “campus”. Como resultado
os prédios mais mencionados foram os prédios 6, 11 e 24, bem como a entrada da Rua
Piauí. Durante as entrevistas algumas situações merecem ser mencionadas como, por
exemplo: um dos funcionários mencionou que existem áreas de embarque/desembarque no
campus, mas estas são destituídas de uma cobertura. Se estiver chovendo e um cadeirante
necessitar desembarcar, se sua cadeira for elétrica o funcionário que estiver auxiliando o
desembarque corre o risco de levar um choque. Outra menção importante é o fato de que
estes profissionais presenciaram várias quedas de alunos, professores, funcionários e
visitantes nas escadas externas, estando ou não chovendo. De acordo com alguns dos
auxiliares educacionais e agentes de segurança deveria haver antiderrapante nestas
escadas.
O formulário perguntou também qual atividade, fora do expediente, que o funcionário realiza
em pé. Foi permitido assinalar mais de uma resposta. Os resultados obtidos foram os
seguintes: 86,54% afirmaram ficar em pé no transporte, 57,69% em funções domésticas,
7,69% em atividades de esporte/lazer, 1,92% ficam em pé durante o exercício de outro
emprego/atividade e 1,92% durante a execução de outras atividades.
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Um dos tópicos principais abordados no instrumento de pesquisa foi no quesito se
atualmente o funcionário sente algum desconforto nos membros superiores, coluna ou
membros inferiores e qual a localização deste desconforto. Trinta e cinco funcionários dentre
os cinqüenta e dois pesquisados (67,31%) relataram sentir desconforto ou dor em algum
local (I.C.p= [0,5455; 0,8006]. O gráfico 4 apresenta a proporção de problemas relatados,
dentre aqueles que responderam afirmativamente sentir algum desconforto ou dor.
Gráfico 4 – Gráfico de setor para o relato de desconforto ou dor nas diversas localizações
Tornozelo e pés (55,8%) e pernas (53,8%) foram os locais mais apontados, seguidos por
coluna, ombros e pescoço (todos com 25%) e joelhos (17,3%). Quadril, braços e coxas
foram apontados por menos de 10% dos pesquisados que sentiam desconforto ou dor. Não
houve relatos de desconforto ou dor nos cotovelos, antebraços, punho e mãos. Os dados
indicam que os problemas estão relacionados com a posição em pé de trabalho. O número
médio de queixas foi igual a 2,12 (I.C. = [1,53; 2,89]), apontando que tal número deve
superar uma queixa. O valor máximo encontrado foi de dez locais diferentes nos quais o
funcionário sentia desconforto ou dor.
Com relação à variável tempo com desconfortos/dores, as respostas obtidas foram que
40,0% dos entrevistados não sabem dizer a quanto tempo tem estes desconfortos/dores,
14,29% relatam ter tais sintomas há no máximo um mês, 17,14% os tem de 1 a 3 meses,
20% entre 3 e 6 meses e 8,57% acima de 6 meses.
Ainda com relação aos desconfortos e dor, o gráfico 5 apresenta a intensidade sentida nos
vários tipos de desconforto ou dor e o gráfico 6 mostra os intervalos com 95% de confiança
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
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para a intensidade dos desconfortos e dor. Vale ressaltar que 0 corresponde a não sinto, 1
a muito leve, 2 a leve, 3 a moderado, 4 a forte e 5 a muito forte.
Gráfico 5 – Gráfico de setor para a intensidade dos vários desconfortos e dores relatadas
Gráfico 6 – intensidade desconforto/dor com usando intervalo com 95% de confiança
Nota-se que cansaço e dor alcançaram na escala um valor médio que quase corresponde à
intensidade moderada. Não houve desconforto ou dor que em média alcançasse a escala de
forte ou muito forte, porém individualmente, cansaço, estalos, dor, formigamento ou
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adormecimento, peso e limitação de movimento alcançaram as escalas de forte ou muito
forte.
Foi realizado o teste não paramétrico de Friedman a fim de testar se as intensidades médias
atribuídas aos vários desconfortos e dor foram iguais. Tal hipótese foi rejeitada (P = 0,000),
tendo cansaço e dor obtidos as maiores soma dos postos Rj, respectivamente iguais a 296,5
e 287,0, enquanto choques, limitação de movimento, perda de força e outros alcançaram as
menores somas de postos Rj, respectivamente iguais a 130,0, 128,5, 122,5 e 121,5.
Quando solicitados que respondessem quando havia melhora no desconforto ou dor como
resultado tem-se que 88,57% responderam que há melhora com repouso durante a noite,
45,71% responderam que a melhora é proveniente do repouso em fins de semana, 11,43%
com repouso nas férias e 8,57% com repouso durante o revezamento em outras tarefas. O
respondente podia escolher mais de uma alternativa. Salienta-se a importância do descanso
à noite e nos finais de semana.
Quanto ao uso de remédio, emplastros ou compressas, dentre os que sentem algum
desconforto e dor, 62,86% nunca os utilizam, 5,71% os utilizam raramente, 11,43% os
utilizam às vezes e 20% os utilizam quase sempre. Ressalta-se que a opção “sempre
utilizo” não foi escolhida por nenhum auxiliar educacional ou agente de segurança. Dos 13
funcionários (25%) que alegaram usar medicamento, a totalidade informou que este foi
prescrito por um médico.
Quanto ao uso de algum acessório (meia elástica, palmilha etc.) para tentar aliviar o
desconforto, 48,57% nunca o utiliza, 8,57% o utiliza raramente, 20,00% o utiliza às vezes,
8,57% o utiliza quase sempre e 14,29% sempre o utiliza, mostrando que praticamente a
metade dos que sentem desconforto ou dor não se utilizam de acessórios para melhora de
seu estado.
Quanto aos que procuraram algum serviço médico para resolver o desconforto 93,30%
utilizaram algum plano de saúde/convênio, 13,33% procuraram serviços particulares, 6,67%
procuraram o serviço público de saúde e 6,67% se dirigiram ao serviço médico do
Mackenzie. Outra vez era permitido marcar mais de uma alternativa.
Somente os 35 funcionários que sentem algum desconforto/dor responderam à questão se
fizeram algum tratamento devido a distúrbios nos membros superiores, inferiores ou coluna,
e destes, apenas quatro (11,43%) responderam afirmativamente a esta questão. Os
distúrbios citados foram: deslocamento do joelho, hérnia de disco, rompimento do tendão,
artrose e tendinite no joelho. Entre os quatro funcionários que relataram já ter tido tais
distúrbios, a totalidade utilizou medicamentos, fisioterapias e acupuntura, sendo que três
deles (75,00%) utilizaram outros recursos: dois procedimentos cirúrgicos e um RPG.
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Com relação a pratica de atividade física 61,54% dos entrevistados disseram não praticar
atividade física, 26,92% vão à academia e 11,54% jogam futebol. Entre os que têm alguma
atividade física, as frequências relatadas da referida atividade foram as seguintes: 30,00%
uma vez por semana, 20,00% duas vezes por semana, 40,00% três vezes por semana e
10,00% relataram fazer atividades físicas com outras frequências.
Com relação às sugestões para minimizar os desconfortos/dores, algumas das principais
respostas obtidas foram: redução da carga horária semanal, utilizar compressas de água,
óleo de massagem, descansar um pouco, manter os pés para cima durante um curto
intervalo de tempo, fazer alguns alongamentos, descansar durante a noite ou fins de
semana, permanecer algum tempo sentado e fazer revezamentos entre os setores.
O relato das atividades desempenhadas em um dia normal de trabalho pouco variou, tanto
para auxiliares educacionais quanto para agentes de segurança e pode ser resumido como:
atuação na segurança patrimonial, auxílio na locomoção de pessoas e veículos dentro do
campus e orientar, bem como zelar, pelo bem estar de alunos, visitantes, professores etc.
A seguir foram realizados alguns teste de hipótese com a finalidade de testar se havia
independência entre pares de variáveis aleatórias pertinentes. Por motivo de espaço, serão
relatados apenas os testes que resultaram em dependência estatística, utilizando-se um
nível de significância de 5%.
Para poder se realizar o teste de independência envolvendo a variável faixa etária, as
classes foram agrupadas em dois níveis, a saber: menos de 40 anos e 40 anos ou mais. Foi
então utilizado o teste exato de Fisher. Houve dependência entre percepção de problemas
relacionados a puxadores de portas inadequados (tipo/altura) (P = 0,010) e outros
problemas detectados (P = 0,034), sendo que nos dois casos os mais velhos detectaram
proporcionalmente mais os problemas mencionados. Cabe realçar que nenhum tipo de
desconforto ou dor foi dependente da variável faixa etária.
Quanto ao gênero, houve dependência entre esta variável e percepção de problemas com
respeito à iluminação insuficiente (P = 0,007) com funcionários do gênero masculino
detectando proporcionalmente mais tal problema. Esta dependência pode ser devido a uma
variável de confundimento que é o período de trabalho uma vez que há proporcionalmente
mais funcionários do gênero masculino no período vespertino / noturno (P = 0,017).
A variável gênero foi dependente de algumas variáveis utilizando-se um nível de
significância de 10% e não de 5%. Como a amostra é pequena, um aumento do tamanho
da amostra em trabalhos futuros pode levar a confirmação de dependência entre as
variáveis aleatórias gênero e outros problemas detectados no campus (P = 0,081), com
funcionárias do gênero feminino detectando proporcionalmente mais outros problemas, em
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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acordo com resultados do trabalho de Mackpesquisa “Acessibilidade e segurança
ocupacional nos edifícios da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie: estudo de caso e proposta de projeto piloto”, no qual alunas, professoras e
funcionárias também detectaram proporcionalmente mais vários problemas quando
comparado aos respondentes do gênero masculino. Também em relação a outro local para
desconforto ou dor, o gênero feminino assinalou esta opção proporcionalmente mais (P =
0,090).
Também somente ao nível de significância de 10% houve dependência entre gênero e sentir
peso (moderadamente ou mais), sendo o nível descritivo P igual a 0,061, com as
funcionárias relatando proporcionalmente mais tal desconforto.
A variável função exercida foi dependente de sentir estalos, moderadamente ou mais, (P =
0,044) e de sentir peso, moderadamente ou mais, (P = 0,014), com em ambos os casos,
auxiliares de ensino sentindo proporcionalmente mais o desconforto. Nem sempre
dependência estatística implica em causa e efeito, sendo neste caso, difícil a interpretação
dos resultados. Novas pesquisas poderão esclarecer se estas relações foram fortuitas ou
não.
Quanto à variável período (matutino/vespertino ou vespertino/noturno), esta não foi
independente das variáveis: ausência de instalações (outras) adaptadas aos deficientes
físicos (rampas, telefones etc.), com valor-P igual a 0,036; iluminação insuficiente (P =
0,000), sinalização deficiente (P = 0,000), Em todos os casos, funcionários do período
vespertino/noturno detectaram proporcionalmente mais tais problemas. Os problemas de
iluminação insuficiente e sinalização deficiente ficam mais evidentes quando escurece, fato
que deve ter contribuído para tal dependência estatística.
Somente ao nível de significância de 10%, houve dependência entre as variáveis corrimão
(falta ou inadequação) e puxadores de portas inadequados (tipo/altura), ambos com valor-P
igual a 0,080, tendo proporcionalmente mais detecção destes problemas entre os
funcionários do período vespertino/noturno. Novas pesquisas com maior tamanho de
amostra podem confirmar tais resultados.
Ainda analisando a variável período, esta não foi independente das variáveis: sentir
cansaço, moderadamente ou mais (P = 0,024) e sentir dor, moderadamente ou mais (P =
0,024). Em ambos os casos, funcionários do período vespertino/noturno relataram
proporcionalmente mais tais alternativas.
CONCLUSÕES
Os problemas no campus mais detectados pelos auxiliares de ensino e agentes de
segurança foram relativos ao piso como ausência de piso tátil para deficientes visuais,
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problemas no piso (material escorregadio, trincas) e desnível no piso, seguidos por
iluminação insuficiente e sinalização deficiente, estes últimos detectados proporcionalmente
mais por funcionários do período vespertino/noturno.
As atividades que exigem postura em pé, fora do expediente, mais relatadas foram no
transporte e nas funções domésticas.
Quanto a sentir desconforto ou dor nos membros superiores, coluna ou membros inferiores,
quase 70% dos funcionários responderam tal questão afirmativamente, sendo tal
porcentagem bastante expressiva. Os tornozelos, pés e pernas foram os locais mais
apontados, em acordo com a função exercida que sobrecarrega os membros inferiores.
Menos de 15% relatam sentir este desconforto/dor a menos de um mês, indicando que as
soluções não são encontradas rapidamente.
Cansaço e dor foram os sintomas de maiores intensidades, correspondendo
aproximadamente à intensidade moderada. Os desconfortos/dores melhoram em sua
maioria com repouso a noite, sendo o repouso de fim de semana também importante para
minimizar tais sintomas.
Quase 63% dos que sentem algum desconforto e dor alegaram nunca usar remédios,
emplastros ou compressas. Já acessórios como meia elástica e palmilha são usados por
pouco mais das metade dos funcionários que sentem algum desconforto/dor.
O plano de saúde ou convênio é o serviço procurado por quase a totalidade dos funcionários
que relatam sentir algum desconforto/dor sendo que menos de 7% dos funcionários se dirige
ao serviço médico do Mackenzie, o que dificulta o diagnóstico pela instituição, da existência
de funcionários com tais desconfortos.
Outro dado relevante é que aproximadamente 60% dos funcionários não fazem atividade
física.
Novas medidas já estão sendo tomadas para melhorar a qualidade de vida dos auxiliares de
ensino e agentes de segurança, como o uso de banquinhos. Espera-se que esta pesquisa
possa contribuir para tomadas de decisões que beneficiem tais funcionários.
Medidas de substituição do piso já foram tomadas. Espera-se que o conhecimento da
percepção a respeito da questão da acessibilidade na área externa dentro do Campus
também possa auxiliar às tomadas de decisão para melhoria de acessibilidade no Campus
Itambé.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a colaboração da engenheira de segurança Maria Yolanda Trindade
Pinheiro, do médico do trabalho Dr. Aldemir Natucci Rizzo, do gerente administrativo Sr.
Marco Antonio Cardoso do Nascimento, de Luís Veríssimo de Souza Neto, de Antonio de
Lima Alves e de Giane Alves, funcionários do Instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade
mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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