FLORBELAESPANCA
1894-1930
8 de Dezembro.
Vida & Sobrevida
• Flor Bela Lobo: 1894-1930• Abandono da mãe• Aos sete ano, faz seu primeiro poema A vida e a morte• Infidelidade do pai: oficial e extraconjugal• João Maria Espanca obteve permissão da esposa, Mariana
do Carmo Ingleza, para o adultério porque ela não podiagerar filhos
• A genitora de Flor Bela: Antónia da Conceição Lobo; comela, João teve ais um filho, Apeles
• Três casamentos frustrantes• 1928: primeira tentativa de suicídio• 1930: comete suicídio; embaixo da cama encontraram 2
frascos vazios de Veronal uma droga com poder hipnóticode ação prolongada, que a poeta tomava para dormir
Obra.Poesia• 1919, Livro de Mágoas. Lisboa: Tipografia Maurício.• 1923, Livro de Sóror Saudade. Lisboa: Tipografia A Americana.• 1931, Charneca em Flor. Coimbra: Livraria Gonçalves.• 1931, Juvenília: versos inéditos de Florbela Espanca• 1934, Sonetos Completos
Prosa• 1931, O Dominó Preto• 1931, As Máscaras do Destino. Porto: Editora Marânus.• 1981, Diário do Último Ano. Prefácio de Natália Correia. Lisboa:
Livraria Bertrand.
Epistolografia• 1931, Cartas de Florbela Espanca (A Dona Júlia Alves e a Guido
Battelli). Coimbra: Livraria Gonçalves.• 1949, Cartas de Florbela Espanca. Prefácio de Azinhal Abelho e
José Emídio Amaro. Lisboa: Edição dos Autores.
ESPANCA, Florbela. Poemas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Análise
De poema ...
Em poema
Elementos e Estética de sua poesia
A vida e a morte
0 que é a vida e a morteAquela infernal inimigaA vida é o sorrisoE a morte da vida a guarida
A morte tem os desgostosA vida tem os felizesA cova tem a tristezaE a vida tem as raízes
A vida e a morte sãoO sorriso lisonjeiroE o amor tem o navioE o navio o marinheiro
Em 11-11-1903
Erotismo: o sentir-se viva;
mas o eu feminino semodula e limita diante do eumasculino
Donjuanismo: procura incessante
pela conquista, satisfação, realização;uma vez que conquista, abandona,não consegue se apegar
Narcisismo: o preciosismo
é uma forma decompreensão dopessimismo e da apatia
Dispersão: reter o máximo de tudo
na vida, compreender-se e sentir-sede todas as formas e seres
• Sóror: castidade – sóror de saudade• Charneca: pântano – charneca em flor
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdidaMeus olhos andam cegos de te ver!Não és sequer a razão do meu viver,Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida ...Passo no mundo, meu Amor, a lerNo misterioso livro do teu serA mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."Quando me dizem isto, toda a graçaDuma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros :"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,Que tu és como Deus : Princípio e Fim! ..."
Fanatismo
• Enxergar-se no outro, porquem nutre desejo
• Dedicar-se a sentir o outro• A história repetida várias
vezes: amor- desejo - desilusão• O outro é tudo, o eu é nada• Devota sua existência ao outro
Horas profundas, lentas e caladasFeitas de beijos rubros e ardentes,De noites de volúpia, noites quentesOnde há risos de virgens desmaiadas...
Oiço olaias em flor às gargalhadas...Tombam astros em fogo, astros dementes,E do luar os beijos languescentesSão pedaços de prata p'las estradas...
Os meus lábios são brancos como lagos...Os meus braços são leves como afagos,Vestiu-os o luar de sedas puras...
Sou chama e neve e branca e mist'riosa...E sou, talvez, na noite voluptuosa,Ó meu Poeta, o beijo que procuras!
Horas Rubras
• Oico: que habita nos arredores; cultivo botânico• Languecente: lânguido, fraco
NARCISISMO
• A promessa de prazer do eu• O prazer que instaura a vida• Platonismo• Não há consumação amorosa
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,Eu sou a que na vida não tem norte,Sou a irmã do Sonho, e desta sorteSou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,E que o destino amargo, triste e forte,Impele brutalmente para a morte!Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...Sou a que chamam triste sem o ser ...Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,Alguém que veio ao mundo pra me verE que nunca na vida me encontrou!
Eu
Até agora eu não me conhecia,julgava que era Eu e eu não eraAquela que em meus versos descreveraTão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era Eu não o sabiamesmo que o soubesse, o não dissera...Olhos fitos em rútila quimeraAndava atrás de mim... e não me via!
Andava a procurar-me pobre louca! E achei o meu olhar no teu olhar,E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,E a chama da tua alma a esbrasearAs apagadas cinzas da minha alma!• Solidão radical não desejada
• Apelo à empatia
• Dispersão• despersonalização
A procura de si é o encontro do outro
Sonho que sou a Poetisa eleita,Aquela que diz tudo e tudo sabe,Que tem a inspiração pura e perfeita,Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridadePara encher o mundo! E que deleitaMesmo aqueles que morrem de saudade!Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...Aquela de saber vasto e profundo,Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,E quando mais no alto ando voando,Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
Vaidade DISPERSÃO
• Desejo de ser tudo, saber tudo• A vaidade é ser poeta e, por isso, achar que pode ser tudo• Contudo, o efeito é contrário: ter o desejo do que não se é• Pessimismo e impossibilidade• escrever por inspiração e que seja capaz de condensar
muitas coisas dentro de apenas um verso
Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras erasEm que ri e cantei, em que era q'rida,Parece-me que foi noutras esferas,Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca doloridaQue dantes tinha o rir das Primaveras,Esbate as linhas graves e severasE cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...Toma a brandura plácida dum lagoO meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,Ninguém as vê brotar dentro da alma!Ninguém as vê cair dentro de mim!
PESSIMISMO
• A realização da vida só é possível em sonho• Tristeza e solidão• Abandono• Invisibilidade• Rememora o passado em que era feliz
A minha Dor é um convento idealCheio de claustros, sombras, arcarias,Aonde a pedra em convulsões sombriasTem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agoniasAo gemer, comovidos, o seu mal ...E todos têm sons de funeralAo bater horas, no correr dos dias ...
A minha Dor é um convento. Há líriosDum roxo macerado de martírios,Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,Noites e dias rezo e grito e choro,E ninguém ouve ... ninguém vê ... ninguém ...
A minha dor SOLIDÃO
• Desejo de comunicação, ser ouvida• A intimidade do ser é um convento: lugar
fechado, moralidade• O eu lírico só se reconhece na dor• A dor é o fator de vida: local onde o eu habita
Suavidade
Poisa a tua cabeça doloridaTão cheia de quimeras, de idealSobre o regaço brando e maternalDa tua doce Irmã compadecida.
Hás de contar-me nessa voz tão q'ridaTua dor infantil e irreal,E eu, pra te consolar, direi o malQue à minha alma profunda fez à Vida.
E hás de adormecer nos meus joelhos...E os meus dedos enrugados, velhos,Hão de fazer-se leves e suaves...
Hão de poisar-se num fervor de crente,Rosas brancas tombando docementeSobre o teu rosto, como penas d'aves... • Poisa: pousa
DONJUANISMO
• O eu lírico se coloca como única promessa de alívio,conforto
• O ato da conquista• O simbolismo da cor branca e das penas
de aves• passagem do tempo contida nas mãos velhas que
acariciam
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,A essa hora dos mágicos cansaços,Quando a noite de manso se avizinha,E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinhaA tua boca... o eco dos teus passos...O teu riso de fonte... os teus abraços...Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,Traça as linhas dulcíssimas dum beijoE é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...Quando os olhos se me cerram de desejo...E os meus braços se estendem para ti...
Se tu viesses ver-me
EROTISMOvontade, desejo e memória
• Clamor dos desejos• Promessa de prazer• Promessa de exclusividade• “se” que inicia o primeiro verso abre para
diversas possibilidades se houvesse apresença do ser amado
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maiorDo que os homens! Morder como quem beija!É ser mendigo e dar como quem sejaRei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendorE não saber sequer que se deseja!É ter cá dentro um astro que flameja,É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...É seres alma, e sangue, e vida em mimE dizê-lo cantando a toda a gente!
NARCISISMO
• Na arte tudo é possível• Teoria do fingimento• Possibilidade de plenitude, completude
Teoria do Fingimento:
teoria da criação desenvolvida pelo
filósofo alemão Friedrich Nietzsche.
“somente o poeta que é capaz de
mentir conscientemente,
voluntariamente, pode dizer a
verdade.”Friedrich Nietzsche
1844-1900
Fumo
Longe de ti são ermos os caminhos. Longe de ti não há luar nem rosas, Longe de ti há noites silenciosas, Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos Perdidos pelas noites invernosas... Abertos, sonham mãos cariciosas, Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
Os dias são outonos: choram... choram... Há crisantemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, ó meu Amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!...
SOLIDÃO
• Dependência do amor• O não entender-se no mundo sozinha• Crisântemo: flor de cemitério, morte• Outono: folhas caem, flores murcham = vida• Sonho: é efêmero, ilusório como o fumo
Frêmito do me corpo
Frémito do meu corpo a procurar-te,Febre das minhas mãos na tua peleQue cheira a âmbar, a baunilha e a mel,Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,Sede de beijos, amargor de fel,Estonteante fome, áspera e cruel,Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto tua almaJunto da minha, uma lagoa calma,A dizer-me, a cantar que não me amas...
E o meu coração que tu não sentes,Vai boiando ao acaso das correntes,Esquife negro sobre um mar de chamas...
• Frêmito: respiração ofegante, ruidosa, agitada
EROTISMO
• O desejo solitário• Amor não correspondido• Platonismo irreversível• quem procura o outro é
o leve tremor que perpassa o corpo, são asmãos que querem a pele, os olhos queprocuram
• A saudade é palpável
Realidade
Em ti o meu olhar fez-se alvorada,E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,E a minha rubra boca apaixonadaTeve a frescura pálida do linho.
Embriagou-me o teu beijo como um vinhoFulvo de Espanha, em taça cinzelada,E a minha cabeleira desatadaPôs a teus pés a sombra dum caminho.
Minhas pálpebras são cor de verbena,Eu tenho os olhos garços, sou morena,E para te encontrar foi que eu nasci...
Tens sido vida fora o meu desejo,E agora, que te falo, que te vejo,Não sei se te encontrei, se te perdi...
NARCISISMO: Não consegue seapegar a alguém mesmo depois deconquistar • Garço: verde-azulado (olhos)
DONJUANISMO: A declaração deamor eterno
EROTISMO: O amorrealizado
Súplica II
Olha pra mim, amor, olha pra mim;Meus olhos andam doidos por te olhar!Cega-me com o brilho de teus olhosQue cega ando eu há muito por te amar.
O meu colo é arrminho imaculadoDuma brancura casta que entontece;Tua linda cabeça loira e belaDeita em meu colo, deita e adormece!
Tenho um manto real de negras trevasFeito de fios brilhantes d’astros belosPisa o manto real de negras trevasFaz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!
Os meus braços são brancos como o linhoQuando os cerro de leve, docemente...Oh! Deixa-me prender-te e enlear-teNessa cadeia assim eternamente! ...
Vem para mim, amor...Ai não desprezesA minha adoração de escrava louca!Só te peço que deixes exalarMeu último suspiro na tua boca!...
Erotismo
Eu amante feminino valoriza a suabeleza e suas potencialidades desedução• “Suplica” para que o outro perceba
essa mulher que lhe fala
Doce certeza
Por essa vida fora hás de adorarLindas mulheres, talvez; em ánsia louca,Em infinito anseio hás de beijarEstrelas d'oiro fulgindo em muita boca!
Hás de guardar em cofre perfumadoCabelos d'oiro e risos de mulher,Muito beijo d'amor apaixonado;E não te lembrarás de mim sequer!..
Hás de tecer uns sonhos delicados...Hão de por muitos olhos magoados,Os teus olhos de luz andar imersos!
Mas nunca encontrarás p' la vida fora,Amor assim como este amor que choraNeste beijo d'amor que são meus versos!
NARCISISMO
• Certeza e/ou desejo que o amado encontreoutras mulheres
• Entende-se como alguém que será esquecido• “doce certeza” é saber que nenhuma outra
mulher o amará como ela, lhe dedicandoversos
Quem sabe?!
Eu sigo-te e tu foges. É este o meu destino:Beber o fel amargo em luminosa taça,Chorar amargamente um beijo teu, divino,E rir olhando o vulto altivo da desgraça!
Tu foges-me, e eu sigo o teu olhar bendito;Por mais que fujas sempre, um sonho há de alcançar-teSe um sonho pode andar por todo o infinito,De que serve fugir se um sonho há de encontrar-te?!
Demais, nem eu talvez, perceba se o amorÉ este perseguir de raiva, de furor,Com que eu te sigo assim como os rafeiros leais.
Ou se é então a fuga eterna, misteriosa,Com que me foges sempre, ó noite tenebrosa!..........................................................................................Por me fugires, sim, talvez me queiras mais!
DISPERSÃO
• Eu lírico que prece perdido• Não sabe quem é• Anseio de eternidade: desejo de morte• Divino é um alívio para o sofrimento• Fuga da vida
A mulher I A mulher IIUm ente de paixão e sacrifício,De sofrimentos cheio, eis a mulher!Esmaga o coração dentro do peito,E nem te doas coração, sequer!
Sê forte, corajoso, não fraquejesNa luta; sê em Vénus sempre Marte;Sempre o mundo é vil e infame e os homensSe te sentem gemer hão de pisar-te!
Se às vezes tu fraquejas, pobrezinho,Essa brancura ideal de puro arminhoEles deixam pra sempre maculada;
E gritam então os vis: “Olhem, vejamÉ aquela a infame!” e apedrejamA probrezita, a triste, a desgraçada!
Ó mulher! Como és fraca e como és forte!Como sabes ser doce e desgraçada!Como sabes fingir quando em teu peitoA tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosas duma imagemAdorada que amaram doidamente!Quantas e quantas almas endoidecemEnquanto a boca ri alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têmSem nunca o confessarem a ninguémDoces almas de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidadeDum rei; amor de sonho e de saudade,Que se esvai e que foge num lamento!
• O eu lírico é uma mulher que sofre• Sacrifício por amor• Firmeza para não sofrer mais ainda
• A mulher é um ser ambíguo• Força vs fraqueza• Ainda que sofre, a mulher consegue
esconder o que carrega dentro de si
Amiga
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,A tua amiga só, já que não queresQue pelo teu amor seja a melhor,A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha mágoa e dorO que me importa a mim?! O que quiseresÉ sempre um sonho bom! Seja o que for,Bendito sejas tu por m’o dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho ...Como se os dois nascêssemos irmãos,Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho ...
Beija-mas bem! ... Que fantasia loucaGuardar assim, fechados, nestas mãosOs beijos que sonhei pra minha boca! ...
PLATONISMO
• Eu lírico aceita ser amiga para manter-se perto deseu amor
• O homem não quer o amor da mulher• Aceita tudo, mesmo ser tratada com indiferença,
desde que o outro perceba que ela existe
Ódio?
Ódio por Ele? Não... Se o amei tanto,Se tanto bem lhe quis no meu passado,Se o encontrei depois de o ter sonhado,Se à vida assim roubei todo o encanto,
Que importa se mentiu? E se hoje o prantoTurva o meu triste olhar, marmorizado,Olhar de monja, trágico, geladoCom um soturno e enorme Campo Santo!
Nunca mais o amar já é bastante!Quero senti-lo doutra, bem distante,Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,Mágoa de o ter perdido, amor ainda!Ódio por Ele? Não... não vale a pena...
NARCISISMO
• Ainda que o presente seja de sofrimento, oeu lírico oferece ao outro, em detrimento dopassado, mais amor
• Indiferença: não amar é uma forma de mudaro sentimento
• Sentir ódio seria ainda uma espécie devínculo com o amor
Amar
Eu quero amar, amar perdidamente!Amar só por amar: Aqui... além...Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...Prender ou desprender? É mal? É bem?Quem disser que se pode amar alguémDurante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:É preciso cantá-la assim florida,Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nadaQue seja a minha noite uma alvorada,Que me saiba perder... pra me encontrar...
DONJUANISMO
• O eu é uma personalidade que precisa seduzir otempo todo
• Aventura do eu em busca do absoluto• Privilégio do amor: o amor como um fim em si
mesmo• Amar é o que torna o eu lírico em sujeito• Ideia do amor eterno• Amor é uma forma de aproveitar a vida: mesmo
que provoque sofrimento
O maior bem
Este querer-te bem sem me quereres,Este sofrer por ti constantemente,Andar atrás de ti sem tu me veresFaria piedade a toda a gente.
Mesmo a beijar-me a tua boca mente...Quantos sangrentos beijos de mulheresPousa na minha a tua boca ardente,E quanto engano nos seus vãos dizeres!...
Mas que me importa a mim que me não queiras,Se esta pena, esta dor, estas canseiras,Este mísero pungir, árduo e profundo,
Do teu frio desamor, dos teus desdéns,É, na vida, o mais alto dos meus bens?É tudo quanto eu tenho neste mundo?
NARCISISMO
• Amor não correspondido• O eu lírico só recebe indiferença e traição• Mesmo que sofre, o eu lírico entende as
atitudes do ser amado com “maior bem”
Neurastemia
Sinto hoje a alma cheia de tristeza!Um sino dobra em mim Ave-Maria!Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,Faz na vidraça rendas de Veneza ...
O vento desgrenhado chora e rezaPor alma dos que estão nas agonias!E flocos de neve, aves brancas, frias,Batem as asas pela Natureza ...
Chuva ... tenho tristeza! Mas porquê?!Vento ... tenho saudades! Mas de quê?!Ó neve que destino triste o nosso!
Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!Gritem ao mundo inteiro esta amargura,Digam isto que sinto que eu não posso!! ...
Neurastenia: perda geral do interesse, estado de inatividade oufadiga extrema que atinge tanto a área física quanto aintelectual, associado esp. a quadros hipocondríacos ehistéricos; pessimismo, neura
NARCISISMO
• Tristeza• Elementos religiosos intensificam o sentimento de
tristeza• A natureza amplia o que acontece dentro da alma• O eu lírico emudece: só consegue falar por elementos
externos a si