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PATRCIA DA CUNHA MONTAO
UM ESTUDO DE CASO DE FOBIA SOCIAL LUZ DATERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL
UCDBUNIVERSIDADE CATLICA DOM BOSCO
MONOGRAFIA EM PSICOLOGACAMPO GRANDE MS
2005
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PATRCIA DA CUNHA MONTAO
UM ESTUDO DE CASO DE FOBIA SOCIAL LUZ DATERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL
Trabalho de Concluso de Curso apresentado comorequisito para obteno de Ttulo de Psiclogo, noCurso de Psicologia Formao de Psiclogo, daUniversidade Catlica Dom Bosco, sob orientao daProf. Dr. Marta Vieira Vilela.
UCDBUNIVERSIDADE CATLICA DOM BOSCO
MONOGRAFIA EM PSICOLOGACAMPO GRANDE MS2005
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FOLHA DE APROVAO
NOME: Patrcia da Cunha MontaoTTULO: Um estudo de caso de fobia social luz da Terapia Cognitiva Comportamental
___________________________________________Prof. Dr. Marta Vieira Vilela
___________________________________________Prof. Dr. Reinier Johannes Antonius Rozestraten
___________________________________________Cres Maria Mota Duarte CPCS/MS
Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental
Monografia defendida e aprovada em: ______/______/_________.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus e a toda Espiritualidade que me ajudaram com energias e intuies
sobre o caminho a ser percorrido.
A. P. M. C, que gentilmente aceitou compartilhar seu caso, por meio da divulgao
neste trabalho.
s funcionrias da Clnica-Escola de Psicologia, Eva e Adriana que com muito carinho e
pacincia, muito me ajudaram no que fosse possvel.
orientadora querida, Dr. Marta Vieira Vilela, por sua total dedicao.
minha amiga, me e companheira Ivete Albuquerque da Cunha.
minha amiga, Evelyn Denisse, que o Destino sempre nos uniu em uma grandiosa
harmonia.
Claro, a minha Psicloga Jussara Reinoso, que manteve a minha cabecinha em ordem para
que eu pudesse seguir em frente.
Enfim, a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram para a realizao
deste trabalho. Meus sinceros agradecimentos!
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MONTAO, Patrcia C. Um estudo de caso de fobia social luz da Terapia Cognitiva-Comportamental. Monografia, Campo Grande/MS: 2005, 70 p.
RESUMO
Este trabalho descreve o tratamento de uma pessoa com Transtorno de Ansiedade Socialmediante Terapia Cognitiva-Comportamental. A paciente, do sexo feminino, estudante de 24anos de idade, manifesta um severo problema para conseguir falar em pblico, especialmenteem reunies e seminrios, provocando-lhe um grande mal-estar e prejuzos pessoais, no seutrabalho e na sua vida acadmica. O tratamento consistiu em 32 sesses de uma hora cada,duas vezes na semana, com periodicidade semanal e, conforme ocorreu melhorara em seuquadro, o atendimento foi reduzido uma vez por semana. Foram utilizadas um conjunto detcnicas comportamentais e de reestruturao cognitiva-emocional. Aps 6 meses detratamento, a paciente apresentou reduo significativa no seu nvel de ansiedade e depresso,assim como desenvolveu um melhor manejo de habilidades sociais e assertividade. Tambmfoi observado uma diminuio da sua prpria exigncia ao perfeccionismo, a qual
possivelmente tenha sido a desencadeadora de sua ansiedade social nas situaes deavaliao. Ao finalizar o tratamento, a paciente no apresentava os critrios para o diagnsticode Fobia Social. Esse estudo de caso de relevncia para a investigao clnica e a prtica
profissional. vlido ressaltar que, consta no Apndice A, um resumo dos atendimentos detrs grupos de pessoas com Fobia Especfica de Dirigir (automveis e/ou motos),encaminhados pelo Departamento Estadual de Trnsito MS Clnica-Escola daUniversidade Catlica Dom Bosco para Psicoterapia de Grupo. Esses trabalhos em grupoforam realizados em dupla de teraputas-estagirias na referida Clnica-Escola, resultado da
parceria entre DETRAN/MS e UCDB.
Palavras-chave: Fobia social; Terapia Cognitiva-Comportamental; psicologia clnica.
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MONTAO, Patrcia C. A study of case of social phobia to the light of the Cognitiva-Comportamental Therapy. Monograph, Campo Grande/MS: 2005, 70 pages.
ABSTRACT
This work describes the treatment of a person with Upheaval of Social Anxiety by means ofCognitiva-Comportamental Therapy. The patient, of the feminine sex, student of 24 years ofage, manifest a severe problem to say in public, especially in meetings and seminaries,
provoking to it a great malaise and personal damages, in its work and its academic life. Thetreatment consisted of 32 sessions of one hour each, two times in the week, with weeklyregularity e, as it occurred improves in its picture, the attendance was reduced to the one time
per week. A set of mannering techniques and cognitiva-emotional reorganization had beenused. After 6 months of treatment, the patient presented significant reduction in its level ofanxiety and depression, as well as she developed one better handling of social abilities andassertividade. Also a reduction of its proper requirement to the perfeccionismo was observed,which has possibly been the desencadeadora of its social anxiety in the evaluation situations.
When finishing the treatment, the patient did not present the criteria for the diagnosis ofSocial Phobia. This study of case she is of relevance for the clinical inquiry and the practicalprofessional. It is valid to stand out that, in the Appendix - A it consists summary of theatendimentos of three groups of persons with Specific Phobia To direct (automobiles and/ormotions), directed for the State Department of Transit - MS to the Clinic-School of theUniversity Catholic Dom Bosco for Psycotherapy of Group. These works in group had beencarried through in pair of teraputas-trainees in the related Clinica-School, result of the
partnership between DETRAN/MS and UCDB.
Key-words: Social phobia; Cognitiva-Comportamental Therapy; clinical psychology.
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LISTA DE TABELAS
T1. - Tabela sobre ABC ..................................................................................................... 18
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APA Associao Americana de Psiquiatria;
BAI Inventrio Beck de Ansiedade;
BDI Inventrio Beck de Depresso;
CI Crena (s) Irracional (ais);
DETRAN Departamento Estadual de Trnsito;
DSM - IV Manual de Diagnstico e Estatstica das Perturbaes Mentais, 4a edio;
HAS Escala de Ansiedade de Hamilton;
ISSL Inventrio de Sintomas de Stress para Adulto de Lipp;
OMS Organizao Mundial de Sade;
SIC! Segundo Informaes Coletadas;
TCC Terapia Cognitiva Comportamental;
TCER Terapia do Comportamento Emotivo Racional;
TCS Treino de Controle de Stress;
THS Treino em Habilidades Sociais;
TOC Transtorno Obssessivo-Compulsivo;
TP Transtorno do Pnico;
TRE Terapia Racional-Emotiva;
UCDB Universidade Catlica Dom Bosco.
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LISTA DE APNDICES
APNDICE - A: Grupos de pessoas com Fobia Especfica de Dirigir:Uma parceira entre a UCDB e o DETRAN/MS.......................................... 65
APNDICE - B: Registro de ABC .................................................................................... 66
APNDICE - C: Carto de enfrentamento ....................................................................... 67
APNDICE - D: Metas de terapia ..................................................................................... 68
APNDICE - E: Hierarquia .............................................................................................. 69
APNDICE - F: Treino em habilidades sociais ................................................................ 70
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SUMRIO
1. INTRODUO ........................................................................................................... 04
2. FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................... 07
2 2.1. Algumas consideraes histricas da Terapia Comportamental .......................... 08
3 2.2. Algumas consideraes sobre a Terapia Cognitiva-Comportamental .................. 11
2.2.1.Terapia do Comportamento Emotivo-Racional ............................................ 16
4 2.3. Manejo da ansiedade e stress ................................................................................ 22
2.4. Fobia Social .......................................................................................................... 27
2.4.1. Algumas pesquisas realizadas na rea de TCC sobre a Fobia Social ........ 30
3. OBJETIVOS ................................................................................................................ 37
3.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 37
3.2. Objetivos especficos ............................................................................................ 37
4. METODOLOGIA ........................................................................................................ 38
4.1. Local de atendimento ............................................................................................ 38
4.2. Participante desse estudo ...................................................................................... 39
4.2.1. Critrio de incluso .................................................................................... 39
4.2.2. Aspectos ticos ...........................................................................................39
4.3. Materiais utilizados .............................................................................................. 40
4.4.Procedimentos ........................................................................................................ 44
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5. RESULTADOS ........................................................................................................... 49
6. DISCUSSO ............................................................................................................... 52
7. CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 56
REFERNCIAS ................................................................................................................ 58
ANEXO - A : Folha de registro de hierarquia .................................................................. 63
APNDICES ...................................................................................................................... 64
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1. INTRODUO
A atual sociedade, com seu ritmo acelerado de informao, somado ao ambiente de
competitividade e ao consumo desenfreado, por si mesma, potencializadora de stress e
ansiedade.
Desde os primrdios da humanidade, a ansiedade esteve presente, at mesmo pela questo
biolgica. Atualmente, a ansiedade considerada como uma condio do ser humano, comum
a todos indistintamente (BALLONE, 2002).
Em meio s inmeras enfermidades que vitimam a nossa sociedade, os Transtornos de
Ansiedade, apresentam-se disseminados, com um forte carter debilitante e acarretando
acentuado sofrimento psquico o que, por conseguinte, gera prejuzos na vida socioafetiva das
pessoas.
difcil diferenciar a ansiedade e o medo, pois ambos tm as mesmas reaes fisiolgicas,
como sudorese excessiva, taquicardia, tremor generalizado, sensao de sufocamento, dentre
outras. Em ambos os casos, so de extrema importncia para a sobrevivncia humana na
Terra, uma vez que faz com que o ser humano mantenha-se vigilante frente aos embates da
vida. ... Deve haver uma quantidade ideal de medo para haver
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A palavra stress est em sua grafia original, sem aspas ou itlico, em consonncia com a
orientao da Sociedade Brasileira de Stress.
um bom desempenho. Se for pequena, o cuidado ser menor, aumentando assim o risco. Se
for excessiva, a reao ser inibida (1987, MARKS apud BARROS NETO, 2000, p. 12).
Assim ocorre com a Fobia Social ou Transtorno de Ansiedade Social (F40.1 - 300.23), que
apresenta, conforme o Manual Diagnstico e Estatstico dos Distrbios Mentais (DSM-IV,
APA, 2003), significativa ansiedade e comportamento de esquiva. Segundo a Organizao
Mundial de Sade (1999 apud LOTUFO, 1999), os Transtornos de Ansiedade atingem, no
Brasil, cerca de dez milhes de pessoas. Estima-se que 20% da populao estaro sujeitos a
um dos Transtornos de Ansiedade ao longo da vida. O psiquiatra Barros Neto (2000) afirma
que a Fobia Social um dos transtornos mais comuns, com uma prevalncia de at 13% na
populao.
No mercado de trabalho e nas relaes interpessoais, faz-se necessria ao ser humano uma
capacidade suficiente de manejo social. A Fobia Social constitui um Transtorno de
Ansiedade, que dificulta ou impossibilita a interao social, trazendo prejuzos de
desempenho que acabam interferindo significativamente na rotina diria, no funcionamentoocupacional ou laboral e at mesmo na vida socioafetiva do indivduo.
Com a realizao do presente trabalho, pretendeu-se poder contribuir significativamente no
estudo da Fobia Social, compreender a problemtica e procurar alternativas para a amenizao
ou cura desse transtorno, como tambm aprofundar os modos de tratamento.
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O relato clnico deste trabalho teve como objetivo principal abrandar os sintomas da Fobia
Social, especialmente a de falar em pblico, de uma paciente da Clnica-Escola da
Universidade Catlica Dom Bosco, em Campo Grande, no Estado do Mato Grosso do Sul, e
como objetivos especficos fazer com que a paciente obtivesse um controle de sua ansiedade
antecipatria e diminuio da sua oscilao de humor e de seus pensamentos distorcidos.
O trabalho foi baseado na abordagem cognitivo-comportamental, sendo que na rea cognitiva
foi usado o modelo da Terapia do Comportamento Emotivo Racional, de Ellis (1962; 1974;
1976; 1978; 2004). Na rea comportamental, foram usados alguns modelos de Skinner (1991)
e intervenes baseadas no estudo de Barros Neto (2000) e de Savoia e Barros Neto (2001).
A apresentao deste estudo foi organizada em captulos. Aps a introduo, a fundamentao
terica. Em seguida, os objetivos deste estudo. O quarto captulo aborda a metodologia
desenvolvida. O quinto apresenta os resultados obtidos com a terapia. No sexto, a discusso
dos resultados, correlacionando-os com a fundamentao terica. No stimo, as consideraes
finais, em seguida, as referncias bibliogrficas e o apndice.
O segundo captulo, da fundamentao terica foi dividido em itens. O primeiro deles aborda
um breve histrico da Terapia Comportamental. O segundo, a Terapia CognitivaComportamental e Terapia do Comportamento Emotivo-Racional. O terceiro item da
fundamentao terica apresenta algumas consideraes sobre o manejo da ansiedade e do
stress e, em seguida, sobre a Fobia Social, seus prejuzos vida do sujeito e recentes
pesquisas cientficas realizadas nessa rea.
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2. FUNDAMENTAO TERICA
A fundamentao terica para este trabalho foi baseada no mbito da Terapia Cognitiva
Comportamental e defendida na rea de atuao clnica. Como foi direcionado a um
determinado caso clnico e, tendo a paciente relatado como motivo da consulta um quadro de
pnico, especialmente ligado ao medo de falar em pblico, a sua ansiedade antecipatria e
exacerbada frente s situaes sociais, sendo descartado qualquer problema orgnico e ciente
de que seus medos e preocupaes com relao interao social so irracionais, a terapeuta-
estagiria cerceou a anlise no diagnstico de Fobia Social.
No entanto, para delinear um parmetro de estudo e interveno ao referido caso, fez-se
necessrio pontuar algumas consideraes a respeito da Terapia Comportamental e da Terapia
Cognitiva Comportamental, os possveis tratamentos, tcnicas e preveno de ataques fbicos
e de ansiedade, como sero discorridas a seguir.
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2.1. ALGUMAS CONSIDERAES HISTRICAS DA TERAPIA COMPORTAMENTAL
A psicologia comeou a despontar como cincia na medida em que se foi libertando da
filosofia. Isso se deu em meados do sculo XIX, com os trabalhos de Wilhelm Wundt, na
Alemanha, que pesquisou na rea da psicologia da conscincia percepo, ateno,
imaginao, dentre outras, procurando sistematiz-la por meio de critrios cientficos
precisos, como a definio do seu objeto de estudo, formulao de mtodos para estudar esse
objeto e especialmente garantir a sua neutralidade como cincia (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 1997). Para Wundt, a experincia imediata, uma vez que para esse autor, ela
precede a interveno da reflexo. Desta forma, Wundt denomina a experincia como sendo a
totalidade das emoes, representaes e volies, independente desta ser interna ou externa.
Em seus estudos, utilizou-se do mtodo da introspeco controlada, no qual os sujeitos
experimentais, recorrendo introspeco, descreviam os seus estados subjetivos, resultantes
do estmulo (auditivos, visuais e tcteis) e da transmisso neural paralelo aos fenmenosmentais (GRAUMANN, 1990; PENNA, 1980).
Contudo, foi nos Estados Unidos da Amrica, que os trabalhos cientficos foram
aprofundados, especialmente com os estudos de William James, com a criao da sua Teoria
que denominou de Funcionalismo, em que considerava a conscincia no como dividida em
partes, como o estruturalismo; mas como uma corrente que flui continuamente, dos estados
mais simples aos mais complexos e concluiu que toda conduta do ser humano decorre da
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diferenciao do Sistema Nervoso Central (HEIDBREDER, 1933). Para esse terico,
importa responder o que fazem os homens e por que o fazem. (BOCK et al., 1997, p.
37). Assim, segundo Skinner (1991, p. 14), James j antecipava a cincia comportamental ao
preconizar que o que sentimos uma condio do nosso corpo. Alis, de James a famosa
frase: c (SKINNER, 1991, p. 103).
Outro estudioso que se destacou foi Eduard Thorndike que, por meio de sua
abordagem denominada de Associacionismo, afirmava que a aprendizagem ocorre pelo
processo de associao das idias, comeando pelas mais simples at s mais complexas.
Entretanto, foi a formulao da Lei do Efeito, que o despontou como um terico de grande
renome na histria do comportamentalismo, ao defender que o comportamento tende a se
repetir quando recompensado (BOCK et al, 1997). A esse processo, Skinner (1991, p. 87)
denominou de Condicionamento Operante, pois (...) Thorndike havia atribudo seu efeito a
sentimentos de satisfao e desgosto, certamente localizados dentro do organismo, mas eu
relacionei o efeito fortalecedor de um reforador operante ao seu valor de sobrevivncia para
seleo natural das espcies.
No entanto, o termo Behaviorismo somente foi usado em 1913, no trabalho de John B.
Watson, Psicologia como os behavioristas a vem. Assim, inicia-se uma nova diretriz emPsicologia, com o objeto de estudo voltado ao comportamento humano, contrria a toda
psicologia da conscincia. Essa abordagem voltada para a predio e controle do
comportamento e considera que as emoes so aprendidas e manifestadas nas reaes
corporais (HEIDBREDER, 1933). Para Watson, a Psicologia somente poderia ser uma cincia
se tivesse um objeto que fosse observvel, passveis de mensurao e que pudesse ser
amplamente reproduzido (BOCK et al., 1997). Watson defendia a personalidade em termos de
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comportamento e, sendo assim, determinada pelo meio, por fatores ambientais externos
pessoa. Dessa forma, pode-se influenciar ou at mesmo mudar uma pessoa por meio das
mudanas em seu meio social (CLONINGER, 2003).
O sucessor mais expoente de Watson foi Skinner, que formulou a Anlise
Experimental do Comportamento, que tem sua base no condicionamento operante, explanado
anteriormente. Em 1938, Skinner formulou o Behaviorismo Radical ao afirmar que a
organizao do comportamento no est no indivduo, mas nas suas relaes, denominando
assim, de Contingncia Trplice: estmulo resposta conseqncia reforadora
(CLONINGER, 2003). Dessa forma, a Terapia Comportamental interessa-se mais pelas
contingncias antecedentes ao evento do que pelo sentimento que dele advm (SKINNER,
1991).
Para Skinner os seres humanos so altamente adaptveis, acabando por se adaptarem
s mudanas do meio quando modelados. Essa capacidade de adaptao pode ser selecionada
pelas prprias experincias individuais, um dos legados da evoluo e seleo natural
(CLONINGER, 2003). Dessa forma, o comportamento produto de trs selees:
(...) a primeira das quais, a seleo natural, o campo da etologia. A segunda, ocondicionamento operante, o campo da anlise comportamental. A terceira, a evoluo das
contingncias sociais do comportamento, que chamamos de culturas, ... (SKINNER, 1991, p.
44).
De acordo com Skinner (1991), essa seleo do comportamento ocorre em funo das suas
conseqncias. Em laboratrio, fez pesquisas com animais e desenvolveu a Tcnica da
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Modelagem e, por meio de aproximaes sucessivas, pde-se obter um comportamento
desejado, que fosse mais adaptativo. Logo, observou que se pode treinar a pessoa para que
emita determinada resposta a uma dada situao e, a partir disso, ao perceber uma situao
semelhante, poder emitir a mesma resposta ou outra muito similar a isso, denominou de
Generalizao. Assim, verificou tambm que se poderia perceber situaes diferentes que
demandariam respostas diferentes intitulando, Discriminao.
A seguir, sero abordadas algumas consideraes a respeito da TCC.
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2.2. ALGUMAS CONSIDERAES SOBRE A TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL
Em 1967, Neisser (1967 apud COLINGER, 2003) publicou o texto clssico Psicologia
cognitiva em que a definiu como sendo todo o processo pelo qual o input sensorial
transformado, elaborado, reduzido, armazenado, recuperado e usado. No referido texto,
considerada a estimulao fsica como encadeada em eventos neuronais. Rang (2001) afirma
que no estudo da Terapia Cognitiva convergem questes como os processos sociais,
motivacionais e cognitivos-afetivos, que armazenam, elaboram, transformam e recuperam as
informaes. Sendo assim, o referido autor considera que, com essa terapia, pode-se
compreender a personalidade como um conjunto de sistemas complexos que so adaptados e
selecionados para a sobrevivncia do ser humano.
Os cognitivistas voltaram-se para os processos mentais, tendo o crebro como o centro
de tudo o que ocorre com o ser humano. No entanto, segundo Skinner (1991), por mais
complexa que seja, essa teoria no pode explicar as origens do comportamento, tendo como
premissa somente o que ocorre dentro do corpo humano. A Teoria Cognitiva pode at
descobrir outras contingncias que afetam o comportamento humano, entretanto, ter de se
voltar anlise comportamental para poder explicar de maneira mais clara e objetiva. Assim:
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A mente que a revoluo cognitiva colocou em evidncia igualmente a executora das coisas.
a executora dos processos cognitivos. Ela percebe o mundo, organiza os dados sensoriais
em todos significantes e processa a informao. (...) Os processos cognitivos so processos
comportamentais; so coisas que as pessoas fazem. (SKINNER, 1991, p. 39).
Por isso, Skinner (1991, p. 41) concluiu que o comportamento humano eventualmente ser
explicado, e s poder ser explicado atravs da ao conjunta da etologia da cincia do
crebro e da anlise do comportamento.
A Terapia Cognitiva surgiu na dcada de 1950, a partir do trabalho do psiquiatra e
psicanalista Aaron T. Beck, da Pensilvnia, Filadlfia (EUA). Beck estava estudando um
modo de rebater as crticas contra a psicanlise, tida como mtodo no cientfico no manejo
da depresso e ratificar o modelo psicanaltico usado para depresso. No conseguiu e, acabou
criando a Terapia Cognitiva da Depresso, o que se tornaria mais tarde a Terapia Cognitiva
(A. BECK; RUSH; SHAW, 1997). Nessa terapia, a capacidade humana de pensar o ponto
central e primordial para os fenmenos que constituem a personalidade. Bandura (1978 apud
CLONINGER, 2003) defende o conceito de liberdade de escolha dos seres humanos e
justamente essa liberdade de poder escolher que faz com que o homem no seja um simplesjoguete do determinismo ambiental, muito preconizado pelos behavioristas,
(...) Pelo fato de as concepes, o comportamento e os ambientes das pessoas serem
determinantes recprocos uns dos outros, os indivduos nem so objetos impotentes
controlados por foras ambientais nem agentes inteiramente livres que podem fazer o que bem
entenderem. (BANDURA, 1978 apud CLONINGER, 2003, p. 414).
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A Terapia Cognitiva tem por premissa bsica que a maneira como os indivduos interpretam
suas experincias determinar como eles se sentiro e se comportaro. Isso significa que o
modo como os indivduos interpretam o fato que causam os problemas emocionais e no o
fato em si (RANG, 1995).
Trata-se de uma terapia que se baseia na comprovao de sua eficcia, por meio de inmeras
pesquisas. Por essa razo, a mais indicada para os tratamentos dos Transtornos Nomeveis,
como Transtornos de Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pnico, Transtorno Depressivo,
Fobia Social, abusos de substncias, dentre outros. J teve sua eficcia comprovada para
pacientes de ambos os sexos, de diversos nveis socioeconmicos e de diferentes faixas
etrias. Em sua prtica clnica, constitui-se de uma terapia breve, que se utiliza de tcnicas
comportamentais, como: exposio, preveno da resposta, modelagem, role-playing e
relaxamento. estruturada e orientada no presente, sendo direcionada resoluo de
problemas atuais e na modificao de pensamentos e comportamentos disfuncionais. de
suma importncia, para sua prtica, que haja um bom estabelecimento de vnculo entre
terapeuta e paciente, com participao ativa deste ltimo, pois so muito trabalhadas as
tcnicas comportamentais e tarefas para o paciente fazer em casa (J. BECK, 2000). Assim
sendo, por mesclar os processos cognitivos aos comportamentais, em sua teoria e prtica, aTerapia Cognitiva denominada mais precisamente de Terapia Cognitiva Comportamental
O modelo cognitivo proposto por A. Beck (1964 apud J. BECK, 2000) parte do
mesmo pressuposto de Ellis (1962) de que as emoes e os comportamentos das pessoas so
influenciados pela percepo que estas fazem das situaes. Dessa forma, A. Beck et al.
(1997) verificaram em sua prtica clnica que desde a infncia as pessoas desenvolvem
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determinados pensamentos sobre si mesmas, sobre os outros e sobre seu mundo e tais
pensamentos podem se tornar uma constncia na vida dessas pessoas, gerando o que
denominou de crenas centrais, que so idias globais, rgidas e supergeneralizadas. A. Beck
et al. (1997) ainda constataram que essas crenas centrais corroboram no desenvolvimento de
outra classe de crenas, baseadas em regras, atitudes ou suposies, as chamadas crenas
intermedirias. Essas crenas geralmente so expressas de forma indireta nos pensamentos
automticos. J. Beck (2000) ressalta que as crenas centrais, por serem mais estanques, so
mais difceis de serem trabalhadas do que as crenas intermedirias. Seguindo esse modelo
cognitivo, em uma dada situao, as crenas intermedirias (vinda da central) so ativadas e
influenciam no pensamento automtico e este atua na emoo.
Com o decorrer dos anos da sua criao, foram desenvolvidas diversas formas de
TCC, por estudiosos de renome nos meios acadmico-cientficos, como Albert Ellis com a
Terapia Racional-Emotiva; Arnold Lazarus com a Terapia Multimodal; Walter Mischel e
Albert Bandura com a Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social, dentre outros (J. BECK,
2000).
Assim, Bandura, com a Teoria da Aprendizagem Social, afirma que a capacidade humana de
pensar justamente o que diferencia o comportamento das pessoas. Isso ocorre, segundo oreferido autor, devido aos processos cognitivos relacionados aprendizagem. Em sua teoria,
constatou que o ser humano aprende pela observao, o que contradiz a Teoria Skinneriana,
de que s ocorre a aprendizagem se houver o reforo (CLONINGER, 2003).
Bandura (apud CLONINGER, 2003) trabalhou sobretudo com as tcnicas de modelagem,
como uma importante estratgia para a mudana do comportamento. Assim, para uma
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modelagem efetiva, desenvolveu a auto-eficincia em sua teoria, em que trabalhada com o
paciente a sua capacidade de acreditar que poder desempenhar um determinado
comportamento. Apesar de trabalhar com a cognio, esse autor considera que as tcnicas
comportamentais so as mais eficazes em determinados tratamentos, como os de fobias, por
se trabalhar a eficincia das pessoas.
Como Bandura (apud D. SCHULTZ e S.SCHULTZ, 2002) considera que a modelao a
forma que originalmente se aprende um determinado comportamento, tambm pode ser um
modo eficaz para reaprender ou modificar um comportamento. Em inmeros trabalhos,
Bandura utilizou as tcnicas de modelao para eliminar medos e outras reaes emocionais
intensas.
A TCC destaca-se atualmente, na Psicologia por desenvolver inmeras pesquisas
cientficas nas mais diferentes reas. Este estudo, conforme mencionado anteriormente, foi
realizado tendo por base a teoria de Albert Ellis, que ser desenvolvida a seguir.
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2.2.1. Terapia do Comportamento Emotivo-Racional
Albert Ellis nasceu em Pittsburg (EUA), em 1913 e foi criado em Nova Iorque (EUA).
Formou-se em Psicologia na Universidade de Colmbia, fez Ph.D. na mesma Universidade,
dedicando-se Psicanlise (ELLIS, 1978). Sempre foi um profcuo estudioso da Filosofia,
antes mesmo de estudar Psicologia. Em sua prtica profissional como psicoterapeuta,
utilizava-se dos seus conhecimentos filosficos nos seus atendimentos, especialmente dos
filsofos Marco Aurlio e Spinoza. Somente em 1955 rompeu definitivamente com a
Psicanlise e passou a se dedicar ao estudo do comportamento e das emoes dos seus
pacientes, tendo como base seus conhecimentos filosficos, comecei a pensar em maneiras
de reduzir os transtornos emocionais das pessoas e aprimorar o sentido de satisfao na vida
(ELLIS, 2004, p. 24).
Surgia ento a Terapia do Comportamento Emotivo Racional, que no Brasil ficou mais
conhecida como Terapia Racional-Emotiva. Foi a primeira terapia de comportamentocognitivo a focalizar os modos de pensar, de sentir e de agir como as principais fontes dos
distrbios emocionais e a focar-se na mudana de atitudes para reduzir transtornos
emocionais e comportamentais (ELLIS, 2004, p.25).
De acordo com a TCER, os pensamentos, sentimentos e comportamentos esto interligados,
(...) Os trs andam juntos e se afetam, embora sejam diferentes e falemos deles como se
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fossem independentes (ELLIS, 2004, p. 124). Nesse ponto, A. Beck et al. (1997) est de
acordo com a TCER, em que as crenas esto ligadas aos pensamentos automticos e esses,
por sua vez, s emoes.
A TCER enfatiza a reestruturao cognitiva ou combate filosfico. Baseia-se em tcnicas
comportamentais, cognitivas e emocionais. Mas Ellis (2004), ressalta que essa terapia
somente funciona se o paciente quiser e realmente acreditar que poder obter melhora e
mudar. Rang (2001) considera que na TCER a pessoa vista como um organismo
biopsicossocial complexo, que tem uma forte tendncia em estabelecer e perseguir grande
variedade de metas e propsitos. Para Ellis (2004), no tem como separar a pessoa do meio
social, considera que, mesmo quando a pessoa faz uma escolha social, estar fazendo tambm
uma escolha pessoal e, nesse sentido, estar sendo individualista, ocorrendo pela prpria
sobrevivncia da humanidade.
Outra caracterstica dessa terapia preconiza o hedonismo responsvel, ou seja,
considera-se que todo ser humano hedonista por natureza, com forte tendncia em ficar vivo
e viver bem (ELLIS, 2004). Mas, Rang (2001, p. 36) ressalta que esse hedonismo
sobretudo, uma escolha, mais do que uma necessidade absoluta, pois a pessoa opta por
escolhas que sero determinantes para uma satisfao realmente efetiva. Para essa teoria,destaca Rang (2001), a racionalidade o ponto central, pois a pessoa estabelece metas e
escolhe o caminho que ser seguido, ou seja, um hedonismo responsvel.
Assim, Ellis (1979) considera que as causas dos problemas humanos esto nas idias ou
suposies irracionais, que levam os seres humanos a um estado de desadaptao com o meio.
Em sua teoria, o referido autor (1976, p. 53) considera que:
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O comportamento neurtico resulta de trs influncias principais: (1) nossas tendncias inatas
de pensar, sentir e agir; (2) as circunstncias ambientais e culturais nas quais nos criamos; e
(3) as maneiras de agir que escolhemos, ou como nos condicionamos s coisas que
experimentamos.
Ellis (1962, p. 140) alerta para os objetivos perfeccionistas e supergeneralizados, quer sejam
exigidos para si mesmo ou para os outros, pois esses geralmente causam a maior parte da
insegurana e hostilidades desnecessrias, quer sejam, os ideais enormemente perfeccionistas
de realizao, xito e execuo bem-sucedida que fazem com que nos sintamos indivduos
totalmente sem valor e incompetentes quando falhamos em qualquer participao.
No entanto, Ellis (2004) assevera que o prprio indivduo o responsvel por todo e qualquer
seu sofrimento, na medida em que se fixa s Crenas Irracionais, gerando sentimentos
negativos e doentios e, por conseguinte, comportando-se de modo derrotista. Para esse autor,
a maneira mais rpida, fcil e eficaz de mudar os sentimentos e comportamentos mudando a
maneira de pensar (CI), props, ento, a Teoria ABC da Personalidade. A tabela, a seguir,
costuma ser utilizada em resultados, mas somente para uma melhor visualizao da Teoria
ABC foi colocada na Fundamentao Terica:
A Acontecimento, fato, ou adversidade.B Sistema de crenas, especialmente as Crenas Irracionais.C Conseqncias emocionais.D Desafiando as crenas (ou B).E Nova Filosofia Eficaz.
T1. Tabela sobre ABC
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Tabela de autoria de Montao, P. C., 2005.
Em que (A)constitui o acontecimento, fato ou adversidade; (B) so as Crenas Irracionais que
a prpria pessoa constituiu ao longo de seu desenvolvimento; (C) so as conseqncias
emocionais resultantes do evento (A), no so causadas por (A), pois varia de
pessoa para pessoa, de cultura cultura (ELLIS, 1976).
Assim, nessa teoria, considera-se que no so os acontecimentos (A) que causam as
conseqncias emocionais (C), pois se assim fosse, um mesmo acontecimento (A) ocasionaria
uma mesma resposta emocional (C) em todas as pessoas. Logo, as conseqncias emocionais
(C) so causadas pelo prprio sistema de Crenas Irracionais da pessoa (B).
Esse conhecimento do ABC ocorre por partes, em que primeiro o paciente ensinado a
reconhecer em si mesmo cada etapa do (A), do (B) e do (C) e, somente, quando estiver bem
adaptado, passa-se a uma nova etapa da terapia, que a fase do (D-E). Em que (D) so os
questionamentos sobre as CI para poder avaliar sua validade e utilidade, em que o paciente ir
desafiar suas Crenas Irracionais (B), question-las, at conseguir modific-las ou desistirdelas. E, finalmente, o (E) que so as novas crenas, mais reais, adaptativas e eficazes
(ELLIS, 1976).
Ellis (1966, p. 179) preconiza que a pessoa deve reavaliar suas crenas ou idias
ilgicas, afirmando que:
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quando suas crenas bsicas, das quais no tm conscincia, no sentido de no saberem o
quanto so importantes para sua vida, so levadas a sua ateno, sem rodeios, reveladas e
analisadas implacavelmente para mostrar o quanto so ridculas, e consistentemente atacadas,
desencorajadas e arrancadas, seus problemas no desaparecem automaticamente, claro, mas
pelo menos ficam mais suscetveis a instrues especficas de reeducao.
Na TCER, Ellis (2004) reformulou algumas tcnicas, como o Role-Playing do
psicodramaturgo J. L. Moreno e popularizada por R. Corsini, propondo o Role-Playing ao
Contrrio,para a modificao das CI em que o terapeuta desafia as CI do paciente buscando
dissuadi-lo. Outra tcnica que Ellis (2004) reformulou foi a que Bandura (apud
CLONINGER, 2003) desenvolveu, o conceito de Auto-eficincia, que conceituou como uma
crena na prpria capacidade para desempenhar um comportamento. Ellis, em 1962,
transformou esse conceito deAuto-eficincia em Confiana no prprio taco, na qual a pessoa
pode perceber que tem possibilidade para realizar bem uma determinada tarefa e, a partir
disso, passa a sentir um alto grau de confiana em si mesma. No entanto, Ellis (2004) afirma
que a TCER prope uma teoria baseada na realidade, logo o paciente encorajado a avaliar os
prs e os contras de cada situao e a refletir sobre os possveis resultados.
Ellis (1962) considera que de todas as CI, h trs tipos que so as mais perigosas: acrena do no consigo, por ser sabotadora, pois com ela a pessoa nem tenta mudar, ou se
tenta, nem se empenha muito, uma vez que acredita que ir fracassar. A outra crena a do eu
preciso, que autoritria, uma vez que ningum precisa realmente de nada para viver, exceto
o ar, a alimentao e a gua, a pessoa pode querer ter tudo, mas no pode acreditar que precisa
de tudo para viver. A ltima crena, a do eu deveria, que considera como sendo um
pensamento mgico, ou ilusrio, pois depois que acontece um fato (A), a pessoa fica
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imaginando um outro desfecho a partir do que deveria ter feito, e por isso afirma que um
pensamento mgico ou ilusrio, porque o fato j aconteceu e no h como voltar atrs. Dessa
forma, ao trabalhar esses embates filosficos, Ellis (1962) considera que o paciente ao
perceber que pode querer tudo, mas que no necessita de tudo para viver; e, ao desejar tudo,
mas sem insistncia, o paciente acaba desenvolvendo a assertividade, a medida em que
consegue lidar melhor com as adversidades e responder a elas de modo mais adequado,
defendendo suas opinies e direitos pessoais sem ferir os outros.
Dessa forma, Ellis (2004, p. 97) assevera que se deve condenar o comportamento
inadequado, no as pessoas que o fazem, (...) avalie os comportamentos, as atitudes
reprovveis, mas no a pessoa que as comete e nisto inclui voc. Com isso, afirma que para
que a pessoa viva com menos stress e mais conscincia de si mesma, precisa aprender a
reconhecer seus sentimentos, sem ter por eles culpa ou vergonha, sejam eles negativos ou
positivos, mas no necessita agir segundo eles. Rang (2001) considera que a teoria de Ellis
procura desenvolver na pessoa pensamentos mais flexveis em vez de pensamentos rgidos ou
absolutistas, como uma forma de perceber a realidade de modo mais realista. Por isso, afirma
Ellis (2004), assim como outras Terapias Cognitivas Comportamentais, a TCER tem sido
amplamente usada em pacientes com severo grau de ansiedade e depresso, com eficcia
comprovada.
No prximo item da Fundamentao Terica sero abordados o stress e a ansiedade.
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2.3. MANEJO DA ANSIEDADE E STRESS
medida que o ser humano passa por mudanas, vai se utilizando de suas reservas de energia
adaptativa e, quando essas mudanas so duradouras ou ultrapassam a capacidade de
adaptao do indivduo pode enfraquecer sua resistncia fsica e mental, desencadeando o que
se denomina stress (CASTRO, 2004). Conforme Lipp (1997), o stress algo presente no
cotidiano das pessoas, urge a necessidade de se aprender tcnicas de relaxamento para
diminuir essa carga estressora. Isso ocorre, segundo essa autora, porque com o relaxamento h
uma reduo da resposta adrenergtica, da excitao neuromuscular e da hiperatividade
cognitiva.
Segundo Lipp (1984), o stress pode ser originado por fontes externas e internas. As internas
esto relacionadas com a maneira de ser do indivduo, suas cognies e dessas dependero a
forma de interpretao que o sujeito dar aos acontecimentos de sua vida. Os estressores
externos so as mudanas decorrentes do meio social. Dessa forma, um fato que tambm
colabora para a ocorrncia de stress e ansiedade a pessoa apresentar uma inadaptao nas
relaes interpessoais. Segundo Lipp (1984) afirmou, a tendncia de interpretar os
acontecimentos de modo disfuncional constitui uma importante fonte de stress. De acordocom Falcone (2005), essa tendncia muitas vezes manifestada nas interaes sociais, por
meio de uma interpretao errnea do comportamento do outro, expectativas irrealistas sobre
o prprio comportamento social, ausncia de auto-percepo ou de percepo do outro. Tais
concepes distorcidas e pensamentos disfuncionais acabam desencadeando comportamentos
hostis ou retrados que, obviamente, interferem na interao social. So crescentes as
pesquisas que buscam correlacionar a presena de stress com a ansiedade, por meio do Treino
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de Controle do Stress e do Treinamento em Habilidades Sociais, conforme sero mencionadas
a seguir.
Bezerra, Dias, Rodrigues, Monteiro e Malagris (2005) desenvolveram uma pesquisa,
buscando correlacionar o fumo e nveis de stress em termos sintomatolgicos e conhecer as
estratgias de enfrentamento entre fumantes e no-fumantes. Aps utilizao do Inventrio de
Sintoma de Stress para adulto de Lipp e um questionrio para determinar o enfrentamento ao
stress verificou-se que os tabagistas apresentam sintomatologia maiores que os no-fumantes
(p
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subclasses, pouco assertivo, mediamente assertivo e altamente assertivos); inassertivos
(altamente inassertivo, muito inassertivo e inassertivo). Entre os que foram classificados como
assertivos, 5,5% no tinham stress, 2,7% estavam na fase de alerta e 30,1% na de resistncia e
4,1% na de quase-exausto e 2,7% na fase de exausto. Nos pesquisados inassertivos, 1,4%
no tinham stress, 2,7% estavam na fase de alerta, 38,3% na fase de resistncia, 10,9% na de
quase-exausto e 1,4% na de exausto. Entre os participantes que no apresentaram stress os
assertivos foram os mais freqentes.
Cadori (2005), em um estudo para avaliar os sintomas de depresso, ansiedade e stress
organizacional em 34 funcionrios de ambos os sexos, da biblioteca central da UNIVALI,
verificou baixos ndices de sintomas de ansiedade e depresso, uma vez que 32,3%
apresentaram nveis leves, 5,9% nveis moderados e igualmente 5,9%, nveis graves de
ansiedade. Nos sintomas de depresso, o nmero foi ainda mais reduzido, 14,7% com nveis
leves e 3% nveis moderados de depresso.
Em um estudo para verificar o TCS e o THS, Periniotto e Calais (2005) pesquisaram 4
mulheres com idade entre 18 a 25 anos, sendo duas acadmicas de Instituio de Ensino
Superior pblica e duas clientes da Clnica-Escola que estavam inscritas, aguardando
atendimento psicoteraputico. Foram realizados 11 encontros semanais de 1 hora e 30minutos cada, em que foram trabalhados os conceitos e manejos do stress e THS,
especialmente o treinamento assertivo. Os resultados quantitativos dos pr e ps-testes (ISSL
e Inventrio Assertivo) e os relatos qualitativos das participantes evidenciaram uma notvel
reduo no nvel de stress, tanto fsico quanto psicolgico, bem como um aumento do nvel de
assertividade, indicando a efetividade das intervenes e a importncia do THS, como uma
forma de lidar com o controle e reduo do processo de stress. Como a pesquisa tinha uma
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pequena amostra, novos trabalhos com grupos maiores devem ser realizados para que os
resultados sejam efetivamente comprovados.
Malagris, Brunini e Ribeiro (2005) puderam constatar em outro estudo a eficcia do TCS na
recuperao do transporte de L-arginina por meio das clulas vermelhas e conseqentemente
a sntese do xido Ntrico relacionado vasodilatao das endoteliais dos vasos sangneos
diretamente relacionados Hipertenso Arterial Sistmica. Participaram do estudo 14
mulheres hipertensas e estressadas que foram submetidas avaliao mdica e anlise
laboratorial para determinao do transporte celular da L-arginina em eritrcito e avaliao
psicolgica do nvel de stress (ISSL) e entrevista. Aps 15 sesses em grupo, baseado no
TCS, as pacientes foram submetidas novamente a todas as avaliaes feitas no incio do
tratamento e verificou-se que das 14 hipertensas estressadas, 71,4% no apresentaram stress
aps o TCS e que por meio dos sistemas de transportes celulares em clulas vermelhas do
sangue, observado pelo do teste de Significncia estatstica que aumentou o transporte celular
da L-arginina, ficando com valores semelhantes aos obtidos em um grupo de hipertensas no
estressadas. Com esses resultados, os autores concluram que o TCS pode contribuir
significativamente no controle da presso arterial.
Para Lipp e Malagris (2001), os quatro pilares do controle do stress so o relaxamento, osexerccios fsicos, a alimentao e a mudana cognitiva-comportamental. Conforme Rosas
(2003), as tcnicas de relaxamento so instrumentos valiosos para o alvio das tenses e do
controle do stress, contribuindo tambm para que a pessoa desenvolva a capacidade de
usufruir uma vida com equilbrio e espontaneidade. Isso, de acordo com Lipp (1997), que
afirma ser o relaxamento usado para se alcanar um estado de equilbrio interior, de quietude,
e assim possibilitar a recuperao do funcionamento do organismo.
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Lipp (1997) ainda explica que o relaxamento pode ser desenvolvido de modo a atender a
demanda das pessoas, desde o relaxamento mental at o muscular, bem como para atender as
especificidades relacionadas a algumas emoes, a determinados tipos de profisses e
trabalhos, ou mesmo certas doenas, como gastrite e psorase, podendo ser conseguido de
diversas maneiras, como por uso da hipnose, da respirao profunda, do biofeedback, do
relaxamento muscular, da msica, da meditao ou de visualizaes.
O aprender a respirar algo de suma importncia ao relaxamento, pois existem dois tipos de
respirao: a respirao no peito que ativa o sistema parassimptico, prepara o corpo para uma
reao de luta ou fuga, uma vez que armazena oxignio extra no corpo, causando
excitao/medo, podendo at mesmo ocasionar uma hiper-ventilao. O outro a abdominal,
que atua no sistema parassimptico e promove o relaxamento. Assim, a respirao abdominal
semelhante a de um beb, que respira movimentando a barriga, ficando o seu peito imvel.
Ressalta ainda que essa respirao requer algum treino e at pode causar certo desconforto no
incio (ROSAS, 2003).
Na metodologia do presente trabalho sero descritas as tcnicas usadas para o manejo da
ansiedade e stress na paciente estudada. No prximo item sero abordados a Fobia Social eseus prejuzos vida da pessoa.
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2.4. FOBIA SOCIAL
A Fobia Social, segundo estimativas do Portal Macei Sade (2005), atinge
aproximadamente 13% dos brasileiros. Mas, esse portal afirma que os nmeros podem ser
bem maiores, pois em muitos casos as pessoas no procuram ajuda. Isso possivelmente
tambm ocorre porque a pessoa no costuma perceber o incio da Fobia Social. Barros Neto
(2000) considera que, para o fbico social, o fato de ser observado ou de supor que ser
observado, medo de ser humilhado, considerado ansioso, inapto, dbil, ou vai tornando
extremamente desconfortvel na execuo de suas atividades corriqueiras, como escrever,
falar, comer, beber em locais pblicos, urinar em banheiro pblico e, muito freqentemente,
de assinar cheques vista de pessoas estranhas.
A pessoa que sofre de fobia social reconhece que seu medo e ansiedade so exagerados, mas
no consegue control-los. Isso acaba criando um comportamento de esquiva ou evitao da
situao fbica. Existem muitas discusses sobre a possvel causa da Fobia Social, no entanto,
parece ser devido combinao de alteraes genticas e ambientais, portanto, a etiologia
parece ter padro gentico-familiar associado a um papel familiar como modelo de resposta s
situaes sociais. O ambiente influencia na medida em que os pacientes parecem copiar os
modelos de medos de seus pais ou familiares mais prximos de modo acentuado (KAPLAN,SADOCK e GREBB, 1995).
A Fobia Social caracteriza-se por um medo excessivo de ser visto se comportando de
um modo humilhante ou de forma embaraosa por meio de demonstrao de ansiedade ou
desempenho de modo inadequado - e de conseqente desaprovao/rejeio por parte dos
outros. Os fbicos sociais podem estar includos em um subtipo generalizado (medo da
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maioria das situaes de interao social e de desempenho) e em um subtipo mais circunscrito
(medo de uma situao pblica de desempenho e de algumas situaes de interao social)
(DSM-IV, 2003).
A Fobia Social (F40.1 - 300.23) est relacionada no DSM-IV (2003) dentro dos Transtornos
de Ansiedade. Sua caracterstica essencial (Critrio A) um medo exacerbado e persistente de
situaes sociais ou de desempenho nas quais o indivduo pode sentir embarao. Quando
ocorre a exposio a situao social ou de desempenho desencadeia, quase que
invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade acentuada (Critrio B). Isso pode ser to
acentuado que a ansiedade pode assumir a forma de um ataque de pnico.
Seguindo o DSM-IV, o indivduo, no sendo criana, reconhece que seu medo excessivo ou
irracional (Critrio C). Assim, esse indivduo com fobia comumente evitar situao social ou
de desempenho (Critrio D). O diagnstico somente apropriado se a esquiva, o medo ou a
ansiedade antecipatria de se deparar com a situao social ou de desempenho interferirem
significativamente na rotina diria, no funcionamento ocupacional ou na vida socioafetiva do
indivduo, ou se o indivduo apresentar acentuado sofrimento por ter a fobia (Critrio E).
Aos indivduos com menos de 18 anos, os sintomas devem ter persistido por no mnimo 6meses antes de se fazer o diagnstico de Fobia Social (Critrio F). Devem ser descartados
possveis problemas fisiolgicos ou outro transtorno mental (Critrio G). Ainda se observa
que, em presena de algum diagnstico mdico geral ou de algum Transtorno Mental, o medo
no pode estar relacionados a esse (Critrio H). somente generalizada se os temores
inclurem a maioria das interaes sociais, assim ter tambm o diagnstico de Transtorno de
Personalidade de Esquiva.
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Com a Fobia Social, vai ocorrendo um agravamento progressivo da qualidade de vida da
pessoa. Isso pode trazer tanto prejuzos pessoais, profissionais, quanto sociais, afetivos,
podendo tornar a sua vida incapacitante, com tendncia ao isolamento e solido. Alm disso,
o risco de comorbidade, como a associao da depresso e a dependncia de lcool nesses
casos, elevado (TOMMASO, 2002). Caballo (2003) tambm considera as fobias como algo
extremamente limitante vida da pessoa, dada as reaes acentuadas de ansiedade. A
princpio, uma pessoa com fobia duvida da sua auto-eficcia frente s situaes de medo. Por
isso, considera que aliviar esse medo, faz com que se expanda o ambiente da pessoa, elevando
sua auto-eficcia.
Por isso, faz-se necessria uma interveno com profissionais qualificados, a fim de que se
possa minimizar o problema ou mesmo obter a cura.
No prximo item sero relatadas algumas pesquisas recentes de Fobia Social na rea da TCC.
2.4.1. ALGUMAS PESQUISAS REALIZADAS NA REA DE TCC SOBRE A FOBIA
SOCIAL
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Apesar de a estimativa da OMS (1999 apud LOTUFO, 1999) afirmar que 20% da
populao estaro sujeitos a um dos Transtornos de Ansiedade ao longo da vida e, outros
dados estatsticos, como do Portal Macei Sade (2005), prev-se que a Fobia Social atinge
aproximadamente 13% dos brasileiros, mas ainda so poucas as pesquisas realizadas nessa
rea, caso se compare s de outros transtornos.
Um estudo realizado na Universidade da Califrnia, em San Diego (EUA), juntamente
com a Universidade de Manitoba, no Canad, procurou detectar a ocorrncia da Fobia Social
naquela populao. Uma amostra, com cerca de 2 mil pessoas, foi levantada, obtendo como
resultado: 15% dos entrevistados relataram que o medo mais comum era o de falar em
pblico. A fobia mais rara, apresentada por aproximadamente 4,2%, foi a de comer ou beber
em algum lugar onde algum pudesse ver. Seguindo as normas de classificao de
enfermidades mentais, esse estudo observou na amostra a prevalncia de 7,2% da fobia social.
Para o tratamento, Torgrud, um dos autores do estudo, da Universidade de Manitoba,
considera duas estratgias como principais: as com drogas antidepressivas e o trabalho da
terapia comportamental cognitiva. Afirma que aproximadamente 50% a 60% dos casos
tratados com esses medicamentos obtiveram significativa melhora nos sintomas. A TCC
apresenta quase a mesma taxa de sucesso para quem completa o tratamento (TORGRUD,2002).
Com relao a comorbidade da Fobia Social, os estudiosos Marques, Figueira,
Mendlowicz, Nardi, Andrade, Coscarelli, Camiso, Versiani (1995) realizaram uma pesquisa
na qual descreveram a freqncia de Transtorno de Pnico comrbido em uma amostra de 135
pacientes diagnosticados pelo DSM-III-R com Fobia Social. O TP foi o segundo diagnstico
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mais freqente, verificado em 18,5% dos pacientes com Fobia Social. A comorbidade mais
significativa presente foi a Depresso Maior, com 28,9%.
Ainda relacionando a comorbidade, esses autores pesquisaram a freqncia da comorbidade
do Transtorno Obsessivo-Compulsivo em uma amostra de 135 pacientes com Fobia Social
diagnosticados pelo DSM-III-R. O TOC acometeu 10,4% dos pacientes com Fobia Social,
sendo menos freqente que a Depresso Maior, TP, Distimia, Abuso/Dependncia de lcool e
Fobia Simples, respectivamente.
Conforme alguns estudos j haviam demonstrado, existe uma incidncia entre Fobia Social e
depresso, por isso Savoia, Stein, Fuetsch, Muller, Lib e Wittchen (2003) procuraram estudar
essa relao, com a hiptese de que o Transtorno de Ansiedade Social antecede os
Transtornos Depressivos. Participaram da pesquisa 3.021 pessoas entre 14 e 24 anos de idade
e foi possvel constatar que a ansiedade social um preditor importante no somente para a
depresso, mas tambm para o agravamento desta. Os referidos autores discutiram sobre o
papel da esquiva e da ansiedade na contribuio para o isolamento social e,
conseqentemente, depresso.
Um estudo realizado por Manfro, Isolan, Blaya, Maltzet, Heldt e Pollackal (2003)procurou verificar em pacientes adultos com Fobia Social a presena de traumas e de
Transtornos de Ansiedade na infncia e investigar sua influncia na apresentao do
transtorno. Participaram desse estudo 24 pacientes adultos com Fobia Social que foram
questionados sobre a presena de trauma antes dos 16 anos de idade. Em 50% da amostra,
relataram histria de trauma antes dos 16 anos. Contudo, a presena de trauma no
influenciou a apresentao da Fobia Social. Dos analisados, 75% apresentaram histria de
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Transtorno de Ansiedade na infncia. Ainda foi observado nessa pesquisa que os pacientes
com histria de dois ou mais Transtornos de Ansiedade na infncia tinham uma prevalncia
aumentada de Depresso Maior na vida (10 vs. 3; p=0.04) e de histria familiar de doena
psiquitrica (13 vs. 6; p=0.02).
Algumas pesquisas procuraram relacionar o quadro de Fobia Social com o uso de substncias
psicoativas, conforme relatadas nas pesquisas de Terra, Figueira e Barros (2005), que
buscaram detectar o impacto das fases de intoxicao e de abstinncia do uso de lcool
(intoxicao, abstinncia e intervalo lcido) no curso da fobia social e do transtorno de
pnico. Foram pesquisados 41 pacientes hospitalizados por dependncia de lcool. Em 2,4%
dos pacientes apresentaram transtorno de pnico ao longo da vida e 21,9% tiveram ataques de
pnico na intoxicao ou na sndrome de abstinncia. Em 39% foi verificada a Fobia Social,
que se manifestava antes de comear o uso de bebidas alcolicas. No entanto, com o tempo, o
lcool perdeu o efeito de aliviar os sintomas da Fobia Social ou at mesmo piorou esses
sintomas, conforme foi observado em 31,2% dos pacientes fbicos sociais. Enquanto os
pacientes com Fobia Social relataram uma melhora significativa dos sintomas psiquitricos na
fase de intoxicao, os pacientes com pnico pioraram significativamente nessa fase. J na
fase de abstinncia, os pacientes com Fobia Social tenderam a piorar com maior freqncia.
Terra, Figueira e Athayde (2003) tambm buscaram verificar a prevalncia de TP e de Fobia
Social em pacientes hospitalizados devido ao transtorno do uso de substncias psicoativas e
correlacionar o incio desses Transtornos de Ansiedade com comeo do uso de substncias
psicoativas. Somente 2% apresentaram TP, antecedendo o uso de substncias psicoativas. A
maioria dos pacientes com ataques de pnico preenchia critrios para o diagnstico de
Transtorno de Ansiedade induzido pelo uso de substncias: 22,9% dos pacientes tiveram
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ataques de pnico apenas durante a intoxicao ou na sndrome de abstinncia. Em relao
Fobia Social, 33,3% dos pacientes apresentavam esse transtorno, sendo que, em todos, a
Fobia Social manifestou-se antes de comear o uso de substncias psicoativas. Os resultados
confirmam a freqncia de Fobia Social em pacientes dependentes de substncias psicoativas
e reforam a hiptese da auto-medicao nessa comorbidade, j que a fobia precede o uso das
drogas. No pnico, este parece derivar de uma complicao do uso de substncias psicoativas.
Assim, cada vez mais, as pesquisam indicam a TCC como o principal tratamento
psicoteraputico para a Fobia Social, conforme Savoia e Barros Neto (2001) apontaram que a
abordagem comportamental cognitiva tem proposto e divulgado inmeras tcnicas para o
tratamento da Fobia Social, como a exposio ao vivo, o treino de habilidades sociais e a
reestruturao cognitiva. Afirmaram ainda que o THS propicia o amparo social adequado para
a exposio, por conseguinte, acarreta uma maior confiana no enfrentamento da tarefa e das
situaes sociais. Consideraram tambm que o tratamento pode ser realizado individualmente
ou em grupo, sendo que este apresenta maiores vantagens em relao ao individual.
Falcone (1995) afirma que para a Fobia Social somente o tratamento de exposio no
costuma ser efetivo, uma vez que os fbicos sociais processam a situao social de forma
distorcida. Assim, imprescindvel a modificao de crenas para potencializar os efeitos daexposio. Caballo (2003) considera que o fbico social teme ou evita as situaes sociais em
que estejam expostos observao dos outros, por isso, ressalta que os fatores cognitivos
podem estar envolvidos na manuteno ou no agravamento da Fobia Social, devendo, por
conseguinte, ser trabalhados. Finalmente, o referido autor conclui que, sendo uma
caracterstica bsica da Fobia Social o temor da avaliao negativa por parte dos outros, cujos
fatores cognitivos so mais importantes no desenvolvimento e na manuteno da mesma.
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Ento, as intervenes que abordam as percepes e os pensamentos distorcidos podem ser
importantes em seu tratamento.
Um estudo de caso realizado por Arana (2002) em Buenos Aires demonstrou a
eficcia do tratamento cognitivo-comportamental em Fobia Social circunscrita, de um
paciente de 22 anos de idade que apresentava graves problemas em avaliaes orais na escola.
O tratamento foi realizado em 12 sesses de periodicidade semanal, de 1 hora cada, utilizadas
as tcnicas de modelador encoberto e reestruturao cognitiva. Ao final de 16 meses, houve
reduo drstica em sua ansiedade e depresso. Tambm foi verificada uma melhora em sua
auto-estima, o que refora a idia de se considerar a Fobia Social circunscrita como um
problema de alto perfeccionismo, uma vez que so as crenas de perfeccionismo que
emergem a ansiedade social nas situaes de avaliao. Quando findou o tratamento, o
paciente j no apresentava sintomas de Fobia Social
Ainda, no que tange ao medo de falar em pblico, D'el Rey, Fonseca e Pacini (2005)
realizaram um estudo para verificar a prevalncia, o impacto no funcionamento pessoal e a
procura para um tratamento. Foram participantes dessa pesquisa 452 moradores da cidade de
So Paulo, Brasil. Assim, 32% dos participantes relataram ansiedade excessiva ao falar para
um grande grupo de pessoas. 13% afirmaram que o medo de falar em pblico j resultou emprejuzos ao seu trabalho, vida social e educao, ou que causou exacerbado sofrimento.
Com relao busca por tratamento para o medo de falar em pblico, 11% estavam tratando
com profissional e 89% no estavam recebendo nenhum tipo de tratamento.
Um outro trabalho sobre Fobia Social foi realizado por esses pesquisadores, no qual
foi apresentado um relato de caso de uma mulher de 26 anos com diagnstico de fobia social
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circunscrita, que a acometia h trs anos - medo severo de assinar seu nome em pblico, a
mesma foi tratada em oito semanas, com tcnica de exposio ao vivo e a reestruturao
cognitiva. O progresso do tratamento foi mantido em diversas reas de sua vida e realizado
um follow-up de seis meses.
Priuli (2004), em um estudo de caso de Fobia Social, tambm pde constatar a eficcia da
TCC. A paciente do sexo feminino, 36 anos de idade, nas 10 primeiras sesses aprendeu sobre
o transtorno, os padres evitativos de comportamentos e as tcnicas da Terapia Cognitiva.
Houve assim a diminuio do seu humor negativo e a ansiedade e, aps a reestruturao
cognitiva, observou-se uma interpretao mais realista.
J Silveira e Bicca (2001), em um trabalho com uma paciente fbica social atendida no
Ambulatrio do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, utilizaram-se apenas da Terapia
Cognitiva de Beck, apresentando bom resultado e por ser de baixo custo e breve, possibilita
atendimento a maior nmero de pacientes, alm de ser um treinamento no servio de
Residncia em Psiquiatria.
Como se pode observar, urge a necessidade de mais estudos nessa rea, para que se
possam delimitar medidas que possibilitem uma melhor qualidade de vida para a pessoa quesofre de Fobia Social. Esse o objetivo do presente estudo, que ser tratado no captulo
seguinte.
3. OBJETIVOS
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3.1. GERAL
Identificar por meio de um estudo de caso em Fobia Social a relao entre teoria e prtica na
rea Cognitivo-Comportamental.
3.2. ESPECFICOS
Contextualizar algumas pesquisas realizadas em Terapia Cognitiva Comportamental que
convergem ao estudo do tema em questo.
Apontar tcnicas para o manejo da Fobia Social e preveno de resposta.
Verificar a eficcia da Terapia do Comportamento Emotivo-Racional no tratamento da Fobia
Social.
4. METODOLOGIA
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Conforme discutido na Fundamentao Terica deste trabalho, foi realizado uma pesquisa
bibliogrfica acerca do histrico da Terapia Comportamental e Terapia Cognitiva
Comportamental, sobre a Fobia Social, como tambm uma pesquisa sobre formas de
interveno que pudessem atender proposta deste estudo de caso.
4.1. LOCAL DE ATENDIMENTO
O presente estudo de caso foi realizado na Clnica-Escola de Psicologia da Universidade
Catlica Dom Bosco, que se localiza na Av. Tamandar, 6000, no Bairro Jardim Seminrio,
na cidade de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul.
A Clnica-Escola da UCDB oferece servios gratuitos nas reas de Direito, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Nutrio, Terapia Ocupacional, Psicopedagogia, Psicologia e Atividades na
rea Esportiva. assistida por profissionais altamente capacitados e qualificados, contratados
pela prpria instituio, que acompanham, mediante superviso e orientao, os atendimentos
realizados pelos acadmicos.
O trabalho teraputico foi realizado no setor de Psicologia, composto por: 07 salas de
atendimento individual; 03 salas de pronto-atendimento; 02 salas de atendimento em grupo;
02 salas de ludoterapia; 01 sala de gestalt-infantil; 01 sala de arte-terapia; 01 sala de
psicopedagogia; 04 salas de superviso; 02 salas de administrao; 01 sala de arquivo; 01 sala
de coordenao; 01 sala de treinamento; 01 sala de brinquedoteca; 01 sala dos estagirios; 03
banheiros; 01 bebedouro e 01 recepo.
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O atendimento paciente foi realizado na sala C-28, que possui ar condicionado
central, 01 mesa, 02 cadeiras tipo escritrio de cor preta e 02 poltronas estofadas na cor azul.
Essa sala tm 04 janelas, com vidro liso e sem grades, que so revestidas por persiana
inteiria de tecido branco.
4.2 PARTICIPANTE DESTE ESTUDO
Participou deste estudo de caso uma paciente, A. P. C. M., do sexo feminino, de 24 anos de
idade, que veio com a queixa de no conseguir falar em pblico e quando exposta a essa
situao, apresentava sncope. Posteriormente, seu quadro foi diagnosticado como Fobia
Social.
4.2.1. Critrio de Incluso
A paciente foi convidada e aceitou voluntariamente participar desta monografia.
4.2.2. Aspectos ticos
Este estudo de caso est de acordo com o Comit de tica da UCDB e cumpre os
requisitos ticos e cientficos da Resoluo 196/1996 do Conselho Nacional de Sade.
A paciente participante deste estudo foi devidamente esclarecida quanto ao mesmo, bem
como assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sobre seus objetivos e
procedimentos.
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4.3. MATERIL UTILIZADO
Os instrumentos utilizados para este estudo de caso foram:
Roteiro de entrevista inicial adolescente/adulto:
Esse instrumento traz informaes sobre dados biogrficos e de identificao, como data de
nascimento, naturalidade, escolaridade, motivo da consulta, hiptese diagnstica, dentre
outras. Esse roteiro foi elaborado pela prpria UCDB, com o objetivo de coletar o maior
nmero de informao a respeito do paciente.
Caneta esferogrfica azul e folhas A4 para o Registo ABC de pensamento (ELLIS, 2004).
Sua estrutura consiste em uma tabela, na qual o paciente, ao observar uma mudana de
humor, ou algum pensamento inoportuno, descrever as seguintes informaes: data,
acontecimento (A), pensamento (B), emoo (C), desafiando pensamentos (D) e novos
pensamentos, mais efetivos (E).
Carto de Enfrentamento (J. BECK, 2000)
So cartes usados para encorajar o paciente ao enfrentamento de determinadas situaes ou
de pensamentos disfuncionais. O Carto de Enfrentamento que A. P. C. M. fez e usou durante
o tratamento, consta no Apndice B.
Exerccios Interoceptivos (BARROS NETTO, 2000)
Consiste em uma srie de cinco exerccios que devem ser feitos um seguido do outro, com o
objetivo de produzir os mesmos sintomas de um ataque de pnico. Aps fazer cada exerccio,
o paciente deve controlar as reaes apenas com a Tcnica de Respirao. O primeiro deles
para produzir tontura. O segundo, uma discreta vertigem. O terceiro induz respirao
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ofegante e palpitaes. No quarto, tontura giratria e, no ltimo, hiperventilao,
desencadeando sensao de tontura, falta de ar e formigamento nas mos.
Folha para Registro de Exerccios de Hierarquia
Nessa folha, a paciente anota cada dia e hora do exerccio comportamental, bem como a
ansiedade mxima sentida e a ansiedade final.
Treino de Habilidades Sociais
Caballo (2003) definiu habilidade social como um conjunto de comportamentos ou repertrio
social emitido por uma pessoa em seu meio social, em que expressar os seus sentimentos,
desejos, suas atitudes, opinies ou seus direitos de um modo mais adequado situao, de
maneira mais adaptativa e assertiva. O repertrio social utilizado no tratamento de A. P. C. M.
foi o descrito por (SAVOIA e BARROS NETO, 2001).
Crenas Irracionais (ELLIS, 1962)
Ellis (1962), em sua prtica clnica, observou que os problemas relatados por seus pacientes
eram provenientes de seu prprio sistema de crenas, geralmente irracionais, que os
acometem, deixando-os emocionalmente perturbados. Ento, reuniu essas principais crenas,
para que pudessem ser trabalhadas no paciente por ele mesmo ou pelo terapeuta.
Respirao leve e profunda (LIPP, 1997)
Tcnica utilizada para o controle da tenso e alvio dos sintomas fisiolgicos da ansiedade.
Consiste em respirar devagar e profundamente, mas dilatando o abdome, soltando o ar mais
devagar ainda.
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Relaxamento fsico (LANONI, 1997)
Tcnica de relaxamento muscular proposto por E. Jackobson (1929 apud LALONI, 1997) que
altera as funes autonmicas, como diminuio do ritmo cardaco, controle respiratrio,
intensidade da respirao, controle da presso arterial, podendo at mesmo aumentar a
temperatura das extremidades. Isso feito de modo gradativo, por meio do tensionamento de
diferentes feixes de msculos, iniciando-se com o direcionamento da tenso na mo esquerda,
depois na mo direita, seguido sucessivamente por braos, rosto, cabea, pescoo, abdome,
pernas, ps e dedos dos ps.
Inventrio de Sintomas de Stress para Adulto de Lipp (ISSL-2000)
O ISSL compe-se de 33 sintomas fsicos de stress e 18 psicolgicos. O sujeito assinala os
sintomas que teve nas ltimas 24 horas, na ltima semana e no ltimo ms. Com isso, pode-se
ter um perfil geral dos sintomas, bem como diagnosticar em que fase do stress o sujeito se
encontra: alerta, resistncia, quase exausto ou exausto.
Escala de Hamilton de Ansiedade (HAS)
Avalia a intensidade de ansiedade. Consta de 14 itens, com pontuao mnima de 0 e
mxima de 56, em que a maior pontuao corresponde ao grau mais elevado de ansiedade.
Inventrio Beck de Ansiedade (BAI-2001)
Avalia a intensidade da ansiedade clnica (auto-informada). Consta de 21 itens, sendo a
pontuao mnima 0 e a mxima 63, portanto, a uma maior pontuao corresponde a um grau
mais elevado de ansiedade. As indicaes para interpretar a ansiedade auto-informada, de
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acordo com a adaptao brasileira, so: 0 a 10 - dentro do limite mnimo; 11 a 19 - ansiedade
leve; 20 a 30 - ansiedade moderada; 31 a 63 - ansiedade severa.
Beck de Depresso (BDI-2001)
O Inventrio de Depresso de Beck (BDI): avalia a gravidade da depresso. Consta de 21
itens, sendo a pontuao mnima 0 e a mxima 63, sendo que a uma maior pontuao
corresponderia a um grau mais elevado de depresso. Os escores que oferecem indicaes
gerais para pacientes deprimidos, de acordo com a adaptao brasileira, so: 0 a 11 - dentro
do limite mnimo; 12 a 19 - depresso leve; 20 a 35 - depresso moderada; 36 a 63 - depresso
severa.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
um documento elaborado pela prpria UCDB, o qual o paciente l e, caso esteja de acordo,
assina a autorizao da publicao de seu caso pela terapeuta-estagiria.
4.4. PROCEDIMENTO
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A paciente-alvo deste estudo foi submetida sesso individual de TCC, com durao
de 1 hora e periodicidade de 2 vezes por semana. Aps quatro meses de tratamento, o
atendimento teraputico foi reduzido uma vez na semana, pois a referida paciente
apresentava significativa melhora do seu quadro. A seguir ser apresentada uma sntese sobre
o atendimento realizado.
A. P. C. M. do sexo feminino, tem 24 anos de idade, solteira, mora sozinha, trabalha
nos perodos matutino e vespertino e faz faculdade noite. Os pais esto vivos, seu
relacionamento familiar satisfatrio e prximo, segundo ela, visita-os freqentemente.
No mbito laboral, apresenta um bom desempenho, com cargo importante no setor em
que trabalha. Na sua vida acadmica, sempre foi boa aluna, no entanto, relatou que desde
pequena sofria com exacerbada ansiedade quando submetida a qualquer forma de avaliao.
Especialmente quando precisa fazer explanaes orais, seja na faculdade ou no seu trabalho.
A. P. C. M. foi encaminhada Clnica-Escola de Psicologia em outubro de 2004, por sua
coordenadora de curso de graduao, aps ter sofrido um ataque de pnico seguido de
sncope, durante uma tentativa de apresentar um trabalho em sala de aula. Ficou em terapia de
outubro a novembro do mesmo ano, quando ento se encerraram os atendimentos na Clnica-Escola. Nesse perodo, a estagiria que a atendia havia feito o diagnstico em Depresso e
solicitado continuidade do tratamento no ano seguinte.
Em abril de 2005, aps a terapeuta-estagiria verificar seu pronturio na Clnica-
Escola, sob orientao da supervisora de TCC, A. P. C. M. foi contatada por telefone para
saber se havia interesse de continuar a psicoterapia. A paciente aceitou prontamente e deu-se
incio a primeira sesso no dia 29 de abril de 2005. A principal queixa trazida pela paciente
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estava no seu desconforto generalizado ao ter que falar em pblico. Contudo, no decorrer do
tratamento, outras queixas emergiram, como a ansiedade antecipatria acentuada, a diminuda
habilidade social e tenso corporal. As queixas de carter psicolgico caracterizavam-se, em
sua maioria, com componentes depressivos, como irritabilidade, desnimo, insnia, choro sem
causa aparente e oscilao de humor.
Na primeira sesso, foram confirmados os seus dados da Entrevista Inicial contidos em seu
pronturio anterior. Logo aps, foi-lhe explicado que o seu tratamento seria baseado na
abordagem de psicologia em TCC. Foi relatado em que consiste a TCC, como trabalhada,
bem como a importncia da participao ativa do paciente para a efetivao do trabalho.
Dentro dessa abordagem, as causas do problema no so to importantes, mas o objetivo
diminu-lo ou cess-lo. Assim, ciente de como ocorreria o processo de terapia, a paciente
aceitou essa forma de interveno. Relatou que desde pequena fez terapia com psiclogo
particular por causa de sua gagueira e ansiedade, mas no obteve resultados e disse estar mais
confiante nessa abordagem psicolgica. Nessa sesso, foi solicitado a A. P. C. M. que
elaborasse as suas metas de terapia (APNDICE C) e foi-lhe explicado que essa abordagem
teraputica dirigida s metas e soluo de problemas. Essa sesso foi encerrada com a
apresentao das normas de atendimento da Clnica-Escola.
Na segunda sesso, trabalhou-se a relao existente entre acontecimentos,
pensamentos e emoes. Demonstrando-lhe que no so os fatos em si que causam as
emoes, mas o que se pensa a respeito dos fatos. Ou seja, que a maneira de pensar
cognio- interfere nos comportamentos sociais, assim, como por exemplo, pensar que est
sendo avaliada, ou sendo observada, que ser criticada ou ridicularizada, todos esses
pensamentos interferem no comportamento, gerando hostilidade ou retraimento e
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desencadeando emoes negativas. J entendendo e acreditando nessa ligao entre
pensamentos, comportamentos e emoes, iniciou-se a etapa de registro de crenas, do
modelo ABC, desenvolvido por Ellis (1976). Nessa sesso, A. P. C. M. foi encaminhada para
profissionais da Fonoaudiologia, para avaliao de seu problema de fala, para possvel
tratamento.
No decorrer das outras sesses, para uma maior preciso diagnstica, a referida
paciente foi submetida ao BDI, BAI, HAS e ao ISSL, alm do registro do ABC, tambm
foram trabalhadas tcnicas de relaxamento e respirao descritas respectivamente por Lanoni
(1997) e Lipp (1997). Foi lhe explicada a importncia da respirao para adquirir o controle
da resposta fisiolgica da ansiedade, para que assim que a paciente sentisse os primeiros
sinais de ansiedade, pudesse fazer o manejo de respirao e adquirir o controle das respostas
fisiolgicas. Aps A. P. C. M. estar habituada ao manejo do ABC, iniciou-se a segunda etapa
do processo tratamento cognitivo-emocional de Ellis (1976), o D-E. Nessa parte, realizada a
reestruturao cognitiva e emocional do paciente.
Com o modelo ABCDE, aplicado em A. P. C. M., pde-se chegar, por meio de suas
crenas irracionais, sua crena de perfeccionismo. Logo, A. P. C. M. sempre almejava
alcanar a perfeio. No entanto, como ser perfeito praticamente impossvel, ela fracassavae, ao fracassar, era invadida por outras crenas irracionais, de incapacidade e incompetncia.
Apesar de ser duas crenas aparentemente contraditrias, foi observado neste caso que essas
duas crenas estavam interligadas, porque ao buscar atingir a perfeio, a paciente nunca
conseguia e, por no conseguir chegar perfeio desejada, a crena de incompetncia lhe
invadia.
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O diagnstico de Fobia Social foi realizado aps a verificao de que os sintomas
apresentados pela paciente preenchiam os critrios de diagnstico, segundo o DSM-IV
(2003), em Fobia Social. Dessa forma, o tratamento foi direcionado para a Tcnica
Comportamental de Exposio (BARROS NETO, 2000), em que foi trabalhada juntamente
com a paciente a construo de uma hierarquia de exposio com 18situaes estressantes
que envolviam eventos comportamentais que lhe causassem desconforto, medo e ansiedade.
Assim, a hierarquia eliciava graus crescentes de ansiedade. A hierarquia construda encontra-
se na ntegra em Apndice D.
A paciente foi encorajada ao enfrentamento de cada item da hierarquia, um por vez,
at que esse no lhe causasse mais nenhum desconforto, medo ou ansiedade, passando assim
ao item seguinte. Para que entendesse a eficcia dessa tcnica, foi explanado sobre o que a
terapeuta-estagiria denominou de ciclo vicioso da fobia, em que ao se deparar com a
situao fbica, a pessoa evita tal situao, evita entrar em contato, mas depois vm
sentimentos de culpa, de incapacidade, de fracasso, por ter se esquivado, no entanto, a fobia
no melhora, ela persiste e ainda acompanhada por sentimentos j descritos anteriormente.
Cria-se, com isso, o ciclo vicioso da fobia.
Para sair desse ciclo, preciso enfrentar a situao fbica, mas de forma gradativa epersistente. No entanto, na medida em que A. P. C. M. praticava os comportamentos de
exposio, tambm expressava continuamente preocupaes acentuadas quanto ao olhar do
outro, ao medo e insegurana de estar sendo avaliada, ou era invadida por pensamentos,
como: no vou conseguir falar; vou travar, no vai sair nada e terei crise de ansiedade;
todos esto percebendo que estou nervosa e que estou falando com dificuldades (Segundo
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Informaes Coletadas). Tais pensamentos estavam ligados sua crena irracional de
perfeccionismo e foram trabalhados na reestruturao cognitiva-emocional de Ellis (1976).
Como a hierarquia de A. P. C. M. tinha um nmero expressivo de itens e, em seu
trabalho sempre era chamada a proferir fala, concomitantemente ao trabalho, a paciente foi
inserida Tcnica de Exposio Interoceptiva (BARROS NETO, 2000), simulando assim, os
sintomas de um ataque de pnico para que atravs da respirao ela pudesse control-los.
Outra tcnica utilizada foi o Treino de Habilidades Sociais (SAVOIA e BARROS NETO,
2001), que foi adaptado ao caso, para possibilitar paciente um maior repertrio social
adequado e adquirisse comportamentos mais assertivos.
No prximo captulo sero apresentados os resultados obtidos pelo trabalho em TCC
para a Fobia Social.
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5. RESULTADOS
Neste caso foi conseguido um rpido progresso. A paciente seguiu todas as instrues
teraputicas e manteve um registro completo do seu progresso, em que por meio de seu
registro, ela pde verificar sua melhora.
J na segunda semana de terapia, A. P. C. M., durante uma avaliao escrita do seu
curso de graduao, observou ligeira melhora em sua ansiedade por meio do controle da
respirao, mas que ainda era invadida por pensamentos negativos e distorcidos.
Nas sesses seguintes, para uma maior preciso diagnstica, a referida paciente foi
submetida ao BDI, BAI, HAS e ao ISSL, apresentando respectivamente, depresso moderada,
ansiedade severa e mxima em ambos materiais de avaliao de ansiedade e stress na fase de
resistncia, com prevalncia dos sintomas psicolgicos.
Na sexta semana de tratamento, treinou com trs colegas de sala para apresentar um trabalho
oral. Quando foi se aproximando o horrio de apresentar, a ansiedade comeou a aumentar,
tinha pensamentos como: eu no vou conseguir (sic!), ou pensamentos em forma deimagens, como vou sair correndo, vou embora, deixe que fique com zero (sic!). Ao se
deparar com a professora, lembrava-se da terapeuta-estagiria lhe dizendo que era melhor
falar pouco do que no dizer nada, isso a acalmava por alguns instantes, mas logo os
pensamentos vinham novamente. Tambm se lembrava da fala da terapeuta-estagiria, de que
no precisava ser perfeita, que teria dificuldade, mas que poderia tentar falar ao menos por
dois minutos. Assim, com muito nervosismo, ansiedade, com o corpo todo trmulo, pde falar
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um pouco. Dessa forma, foi sugerido a A. P. C. M. que, juntamente com a terapeuta-
estagiria, elaborasse um Carto de Enfrentamento (APNDICE B), para que pudesse l-lo
sempre que estivesse em dificuldade para falar.
Em nove semanas, durante uma avaliao escrita do seu curso, obteve controle efetivo
de sua ansiedade e no teve pensamentos distorcidos. Pela primeira vez relatou que se sentiu
confiante. Mencionou que distribuiu vrios Cartes de Enfrentamento, um para cada bolsa e
que esses a estavam ajudando, pois se sentia mais encorajada.
Na dcima segunda semana, em uma roda de colegas, pde controlar seus
pensamentos sobre o olhar do outro e sobre estar sendo avaliada. Com isso, sentiu-se
mais calma e tranqila. Na dcima terceira semana, alcanou uma mudana efetiva em suas
emoes, por meio da reestruturao cognitiva-emocional, do modelo ABCDE, a tal ponto
que, quando percebeu que seu emocional havia mudado com a tcnica, sentiu-se to
emocionada que chorou, por saber que estava melhorando.
Em meados da dcima quarta semana de terapia, conseguiu falar em uma reunio no
seu trabalho, com pouca ansiedade e pouco nervosismo. Relatou que pela primeira vez pde
raciocinar para falar, que no momento em que foi falar na reunio, pensava em falar ao menosum pouco, mas falar bem, mesmo tendo dificuldades: Falei pouco, mas falei bem. Soube ser
objetiva em minha fala e melhor falar pouco e bem do que travar e ficar com traumas.(sic!)
Ao final da dcima quinta semana de tratamento, A. P. C. M. conseguiu apresentar um
trabalho em sala de aula, com ligeira ansiedade, porm, com muito mais tranqilidade:
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Quando comecei a falar no queria mais parar. (sic!). Foi elogiada pelos colegas de turma,
at mesmo por aqueles com quem mal conversava e pelo professor.
Na dcima stima semana, durante o perodo de avaliao escrita na universidade,
relatou que no teve ansiedade antecipatria ou pensamentos disfuncionais a respeito de seu
desempenho, pela primeira vez estudei dois dias antes da prova, na casa de uns amigos, em
um clima de descontrao, enquanto assistamos a um filme e comamos pizza. Acho que
estou ficando relaxada, mas no acho que tenha ido mal na prova. (sic!)
Verificou-se