FOBIA SOCIAL estudo de caso
FOBIA SOCIAL Resposta de ansiedade intensa a estímulos
sociais percebidos como aversivos. Os estímulos, na grande maioria das vezes,
eliciam ansiedade social na maior parte das pessoas, como por exemplo, falar em público. A ansiedade social, decorrente desses estímulos passa a ser patológica devido a ocorrência de comportamentos de fuga e esquiva, que impedem a pessoa de desempenhar os seus papéis sociais a contento.
FOBIA SOCIAL Pode ocorrer em uma grande variedade de
situações de contato interpessoal ou de desempenho, ou mesmo ambas, acarretando sofrimento excessivo ou interferindo de forma acentuada no dia-a-dia da pessoa.
O medo que a pessoa tem, na verdade, é de ser avaliada, de se comportar de um modo humilhante ou embaraçoso e persistem sentimentos de incapacidade, de desaprovação e de rejeição por parte dos outros.
FOBIA SOCIALDSM IV
Os critérios diagnósticos do DSM IV (APA, 1994) para a fobia social incluem os seguintes exemplos: incapaz de falar ao se apresentar em público, engasgar com o alimento quando comendo na frente dos outros, ser incapaz de urinar em banheiro público, tremer as mãos quando escrevendo em presença dos outros, e dizer coisas tolas ou não ser capaz de responder a questões em situações sociais.
Descrição do caso M, sexo masculino, 33 anos, analista de
sistemas. Relatou como queixa ser tímido, desde criança, sempre reservado, preferindo o trabalho com máquinas ao invés de trabalhar com pessoas.
O início do quadro ocorre na maioria das vezes na puberdade e a ocorrência por gênero na população em geral é maior de mulheres e na população clínica, de homens.
Descrição do caso M é o filho mais velho de uma família de 4
irmãos. Relata problemas de relacionamento com os pais no que diz respeito a demonstrar afeto e conversar. Manifestações de carinho e apreço não eram comuns na sua casa na sua infância e adolescência.
Fatores predisponentes As crianças propensas à timidez são aquelas
temperamentalmente medrosas e inibidas em novas situações, cujos pais fortalecem essas reações pelo modo como educam os seus filhos. Esses pais são percebidos como não disponíveis e não responsáveis, gerando sentimentos de insegurança que se generalizam para outros relacionamentos e podem produzir crença complementar de pouca auto-confiança e de incompetência. MILLS & RUBIN (1993) apud Falcone 2000
Análise funcional Em situações de relacionamento interpessoal
apresentava sintomas físicos de ansiedade social tais como ficar vermelho, palpitação, e tinha vergonha de mostrar ansiedade.
Em situações nas quais deveria falar em público, como reuniões da empresa , relatava ter branco e não se lembrar do que deveria apresentar
Em situações sociais não sabia o que conversar com as pessoas.
Análise funcional O paciente apresentava deficit de habilidades
sociais. Exemplos de situações: vivia assoberbado de trabalho por não ter coragem de dizer não ao chefe. Tinha dificuldades de manter um relacionamento amoroso com uma mulher. Tinha poucos amigos, saía com um grupo do trabalho (3 pessoas) para um happy hour uma vez por semana. Visitava seus pais que moravam na praia no final de semana e dormia o tempo todo, não conversava com ninguém.
Análise funcional Baixa auto estima - M relatava não ser capaz
de fazer uma palestra na sua empresa, pois os diretores estariam presentes e ele temia que o avaliassem incompetente. Diálogo interno de autoverbalizações negativas; atenção seletiva para os sinais socialmente ameaçadores; sensação de ser inferior ou menos capaz que os demais
Avaliação corporal distorcida - Muito alto, avaliava suas pernas como muito finas e brancas, não usava shorts, nem bermudas. Míope, usava óculos, achando-se muito feio
Organismo - Altura Miopia
Meio ambiente externo - história de vida pessoal história de vida cultural
Meio ambiente interno - sensações fisiológicas de ansiedade cognições disfuncionais
Ansiedade social
condição y fator bfator c
condição xfator a
EVENTO COMPORTAMENTAL
Técnicas utilizadas com M. Exposição gradual ao vivo
Treino de habilidades sociais
Reestruturação cognitiva
Foram utilizadas concomitantemente
Exposição ao vivo Lista de situações eliciadoras de ansiedade fóbica elaborada
em colaboração do terapeuta com o paciente Hierarquização dessa lista. O paciente faz uma confrontação progressiva, sistemática e
por tempo prolongado das situações temidas, trabalhando da situação que elicia menor ansiedade para a mais ansiogênica.
Deve provocar sintomas de ansiedade e necessita do engajamento do paciente.
Espera-se que, ao longo do tratamento, haja uma habituação e o paciente não tenha respostas de ansiedade frente a estes estímulos sociais, .e consequentemente as respostas de fuga e/ou esquiva a estas situações também se extingam.
HIERARQUIA - medo de falar com pessoas
-Pedir informações ( na rua de localização ou de que horas eram, por ex.)
-Pedir favores -Falar em reuniões de trabalho -Falar com pessoas estranhas em lugares
públicos ( fila do banco por ex.) -Falar em reuniões sociais ( com poucas
pessoas) -Falar em público
HIERARQUIA pedir informações Hora /Local Descrição da situação Nível de ansiedade Última Perguntei a secretária consulta como estavam as nossas
contas 2 Almoço no Perguntei ao garçon dia seguinte como era
determinado prato 4 Dia 11 Perguntei ao agente de viagens
se as reservas estavam OK 2 Dia 14 Perguntei ao motorista de aeroporto onibus se ele ia para o meu hotel
0 Dia 14 Perguntei ao recepcionista se havia no hotel ponto turístico nas
proximidades 3 Dia 14 Perguntei ao recepcionista se havia no hotel uma locadora nas
proximidades 2 Dia 14 Perguntei ao frentista como posto poderia chegar ao
aeroporto 1 Dia 14 Perguntei ao encarregado qual era Estacionamento o horário de fechamento 1
Dia 15 Perguntei ao recepcionista se havia hotel algum restaurante aberto 1
Hierarquia com tema comum
Foi solicitado a M., por exemplo, pedir favores ( independentemente da situação).
Pedir uma explicação a um colega de trabalho Pedir a um irmão que o ajude na decoração do
apartamento. Pedir ao chefe para marcar suas férias Pedir uma revista emprestada à secretária do
consultório Procura-se assim fazer com que o paciente comece a
se expor com as pessoas com quem tem menos dificuldade e gradualmente avance em direção às pessoas que tem maior dificuldade
EXPOSIÇÃO ASSISTIDA – teste de hipóteses
M apresentava dificuldades de almoçar com colegas de trabalho, porque tinha uma amiga que falava alto demais e chamava a atenção de todos no restaurante e ele morria de vergonha. A terapeuta saiu com ele em duas ocasiões onde foi testada esta dificuldade. Em nenhuma das situações eles foram punidos, ao contrário, no último caso, o dono do café disse que ele também era um pouco desastrado. O paciente pode verificar que o medo dele era infundado, que acidentes acontecem, que solicitar a troca de um pedido, mesmo que este tenha vindo de acordo com o solicitado, não era o fim do mundo.
EXPOSIÇÃO ASSISTIDA
M verificou também, que a vergonha que sentiu era menor do que a que na verdade imaginava que iria sentir, segundo ele num nível próximo de 1. A partir de então as tarefas dele eram almoçar com uma amiga espalhafatosa, que se mostrou divertido. Foi solicitado que procurasse mesas mais centrais do que as escondidas no fundo do restaurante, para ser foco de atenção.
Em alguns casos o acompanhante terapêutico tem se mostrado útil para a exposição assistida.
Treino de habilidades sociais Habilidade social foi definida por CABALLO (1993) como o
conjunto de comportamentos emitidos por uma pessoa em um contexto interpessoal que expressa sentimentos, atitudes desejos, opiniões ou direitos de um modo adequado à situação, com respeito aos demais.
O treino de habilidades sociais tem sido indicado para tratamento da fobia social porque, em geral, os fóbicos sociais apresentam déficits de habilidades sociais que dificultam as situações de exposição. Um repertório de habilidades sociais pode facilitar não só a exposição, como também auxiliar na modificação das crenças disfuncionais devido a redução de ansiedade no contato interpessoal
Treino de habilidades sociais No caso de M. o treino de habilidades sociais
envolveu fazer elogios, pedir informações, fazer valer os seus direitos. Com relação ao comportamento amoroso, o treino incluiu comportamento não verbal, treino de paquera e abordagem. Com relação aos pais, treino de manifestar afetividade e programações de lazer. Um dos aspectos da habilidade social que M não sabia expressar era afetividade. Dizer o que sentia e mesmo expressa-lo fisicamente como dar um abraço nos pais, nos amigos, nas pessoas em geral
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA
A proposta da reestruturação cognitiva é identificar as cognições ansiogênicas disfuncionais que o paciente apresenta, permitindo ao terapeuta identificar as crenças centrais.
No caso de M, temor da avaliação negativa; diálogo interno de autoverbalizações negativas; atenção seletiva para os sinais socialmente ameaçadores; sensação de ser inferior ou menos capaz que os demais; tendência a perceber críticas e desaprovações que não estão realmente presentes; tendência a rebaixar a eficácia do próprio comportamento; padrões excessivamente elevados para o próprio desempenho; atenção seletiva para os aspectos negativos da atuação; dificuldade em integrar partes da informação sobre a própria atuação
;
Reestruturação cognitiva Por exemplo, M relatava não ser capaz de fazer uma
palestra na sua empresa, pois os diretores estariam presentes e ele temia que o avaliassem incompetente. Trabalhou-se com M. a técnica de análise da lógica inadequada para que essas cognições viessem a ser modificadas Levantou-se quais os argumentos lógicos que tem para este pensamento através de experiências passadas similares. Pode-se verificar que foi capaz de apresentar seminários na faculdade e mesmo apresentar relatórios em reuniões da empresa, nos quais teve um bom desempenho. A partir deste trabalho, o paciente que relatava 90% de certeza de que não seria bem sucedido, modificou esta medida para 50%, diminuindo em muito a sua ansiedade, proporcionando enfrentar a situação mais tranquilo e obter reforçamentos pela sua performance
Reestruturação cognitiva Aliado a este procedimento foi elaborado um cartão
de enfrentamento ( coping card) onde as qualidades que apresentou nos seminários e reuniões anteriores foram anotadas e guardadas na sua carteira e pudesse lê-lo, antes da reunião.
Outras possibilidades de cognições disfuncionais são fantasias negativas que produzem ansiedade antecipada; conceitos rígidos sobre a conduta social apropriada; sensibilidade excessiva de desaprovação e crítica; superestimação da probabilidade de ocorrência de sucessos sociais desagradáveis.
Reestruturação cognitiva M. antecipava a probabilidade de ocorrência de
sucessos sociais desagradáveis, em uma festa por exemplo. Imaginava cenas em que ficava constrangido. Consequentemente se esquivava de todas a que era convidado. Solicitou-se a que ele enfrentasse uma situação e observasse o que realmente acontecia, o que chamamos de teste de realidade.
Reestruturação cognitiva Um amigo o convidou para uma danceteria, iriam
os dois a namorada do amigo e uma amiga que ela iria apresentar para M. Habitualmente ele recusaria este tipo de convite, mas se mostrou como situação ideal na qual vínhamos trabalhando. M estava frequentando aulas de dança de salão pois imaginava que saber dançar era um requisito importante para relacionar-se com o sexo oposto. Aceitou o convite, ficou ansioso é verdade, mas foi menos ansiogênico do que ele imaginava.
Auto Regras Identificação de crenças centrais ( perdedor,
rejeitado, solitário, inferior) Identificação de distorções cognitivas (personalização,
tudo ou nada, catastrofização, entre outras). A partir desta identificação, pode-se partir para os
procedimentos terapêuticos. Em alguns outros momentos precisamos modificar as idéias de ansiedade dos nossos pacientes.
M acreditava que conversar tem por objetivo uma razão de troca, deve ter conteúdo, “não pode ser papo furado”. Para ser aceito devo parecer sempre inteligente.
Auto Regras Com isto não aumentava o seu círculo de amizades e
não conhecia pessoas novas. A sua ansiedade quando tinha de iniciar ou manter conversação, era exacerbada, pois tinha que falar coisas consistentes e profundas. – Levantou-se com ele o quanto estas idéias eram irracionais, e chegou-se as seguintes constatações:
Fala-se um monte de bobagens com amigos (no happy hour, por exemplo)
Posso perder chances de conhecer pessoas Coisas “não práticas” fazem parte da vida Jogar conversa fora traz descontração
Auto Regras Outros pensamentos automáticos que ele
apresentava eram: “eu não posso fazer nada errado, se o fizer é uma catastrófe”. “Todos estão me observando, me julgando”. Segundo M a sensação que tinha era: “O mundo é um tribunal”.
Papel das cognições As cognições podem ser comportamentos
encobertos e/ou estímulos antecedentes a comportamentos desadaptados, ou funcionar como auto regras.
As cognições apresentadas pelo paciente foram modificadas por meio das técnicas cognitivas com uma visão behaviorista radical.
Terapia em grupo para fobia social
Mariangela Gentil Savoia Ambulatório de Ansiedade
(AMBAN)www.amban.org.br
TERAPIA EM GRUPO -vantagens
A principal vantagem da terapia em grupo em relação à individual para o fóbico social é que o grupo funciona como uma situação social, vivida pelo paciente e observada pelo terapeuta.
O grupo também é uma boa maneira do terapeuta monitorar se o paciente está assimilando o tratamento de forma adequada.
TERAPIA EM GRUPO - vantagens
É muito mais difícil para o terapeuta perceber se o paciente em terapia individual aprendeu adequadamente a aplicar suas tarefas em situações de vida real, já que não poderá acompanhar a sua prática comportamental no dia a dia.
TERAPIA EM GRUPO - vantagens
O grupo, por ser uma forma de exposição contínua a uma situação social - o próprio grupo - torna mais fácil a execução de situações práticas propostas, e o aspecto da supervisão pelo terapeuta em "tempo real".
TERAPIA EM GRUPO - vantagens
Essas situações presenciadas pelo terapeuta têm maior valor do que aquelas desempenhadas pelo paciente fora das sessões e apenas relatadas ao terapeuta , no caso da terapia individual Dyck (1966)
TERAPIA EM GRUPO vantagens
Terapia em grupo facilita o trabalho de exposição, já que as tarefas podem ser ensaiadas no grupo, com os membros desempenhando um papel ou servindo de audiência. As situações temidas e evitadas são recriadas no grupo.
TERAPIA EM GRUPO vantagens
O terapeuta coloca-se no papel de espectador, enquanto os pacientes ensaiam as situações sociais ansiogênicas e põem em prática os novos comportamentos sociais aprendidos. Heimberg (1993)
O procedimento em grupo tem sido relatado como o melhor método de integrar as técnicas cognitivas e comportamentais (Heimberg et al, 1998).
TERAPIA EM GRUPO vantagens
Maior variedade de ensaio comportamental (número maior de pessoas)
Generalização mais rápida dos ganhos terapêuticos
Maior quantidade de feedback efetivo do desempenho (reforço social)
Maior experiência com um número maior de situações-problema e suporte para solucioná-las Falcone (1995).
TERAPIA EM GRUPO vantagens
Maior disponibilidade de modelos múltiplos Intensificação da aprendizagem de
discriminação Maior generalização de novos
comportamentos de enfrentamento para uma faixa mais ampla de situações (Falcone (1995)
TERAPIA EM GRUPO vantagens
O ensaio comportamental realizado pelo grupo apresenta grande eficácia no treino de habilidades sociais - propicia ao paciente a possibilidade de observar modelos adequados à situação, os outros membros do grupo.
TERAPIA EM GRUPO vantagens
Embora as pessoas de um mesmo grupo tenham, em geral, déficits de habilidades sociais, as situações em que as apresentam podem ser diferentes; desta forma, pacientes com déficits de habilidades sociais em uma situação podem ser modelos em outras situações. Savoia e Barros Neto (2000)
TERAPIA EM GRUPO vantagens
Esse formato de tratamento, em grupo, apresenta uma relação custo-benefício melhor que o individual. Dyck (1996)
Alguns autores também apontam melhores resultados na combinação de procedimentos cognitivos com treinamento em habilidades sociais.
TERAPIA EM GRUPO - vantagens
Pacientes fóbicos sociais, especificamente aqueles cujo déficit mais importante era em habilidades sociais, apresentaram sua melhor resposta ao tratamento quando foram alocados em grupos em que era realizada exposição a situações sociais provocadoras de ansiedade. Wlazlo et al, apud Heimberg (1993)
TERAPIA EM GRUPO - vantagens
Na presença do terapeuta, o paciente pode refutar cognições problemáticas, perceber a relevância dessas cognições em relação à ansiedade e esquiva em uma situação "controlada", mas que serve de treino para a vida real. Pode, ainda, enfatizar o impacto da mudança dessas cognições ou até mesmo a extinção delas para possibilitar respostas comportamentais mais adaptativas.
TERAPIA EM GRUPO - propostas
Alguns recursos terapêuticos no manejo da fobia social só são possíveis nas terapias em grupo.
Pausas ao longo da sessão foram introduzidas, nas quais, itens do tratamento foram revistos informalmente através de exercícios de mini-exposição que tinham como alvo déficits sociais específicos de cada membro do grupo, mas compartilhados com todo o grupo. Albano et al. (1995)
Leung & Heimberg Sessões de psicoterapia em grupo - de 6 a
12 sessões semanais com duas horas e meia de duração.
2 terapeutas Explanação sobre fobia social Treino de habilidades de identificar
cognições problemáticas e desenvolvimento de respostas racionais alternativas por meio de exercícios estruturados
Leung & Heimberg Exposição a simulações de situações
provocadoras de ansiedade durante as sessões de terapia
Uso de reestruturação cognitiva para ensinar aos pacientes a controlar o seu pensamento não adaptado antes, durante e depois da simulação de exposição
Leung & Heimberg Tarefas de casa para exposição ao
vivo para situações previamente levantadas nas sessões
Ensinar os pacientes a estabelecer uma rotina de aplicar a reestruturação cognitiva nos exercícios de exposição, antes e depois.
Heimberg & Liebowitz 12 sessões de 2 horas e meia Grupo composto de 5 a 7 pacientes sessões 1 e 2 - identificação dos
pensamentos automáticos (PA) negativos sessões seguintes identificar erros lógicos
nos PAs Formulação de respostas racionais
alternativas
Heimberg & Liebowitz Estabelecimento de metas
comportamentais Experimentos comportamentais usados nas
situações de exposição Tarefas de casa - exposição as situações
reais nas quais eram instruídos a realizar os exercícios de reestruturação cognitiva antes e depois da exposição
Gelernter & Udhe 2 terapeutas 10 pacientes por grupo Sessões de 2 horas semanais - 12
semanas Técnicas de reestruturação cognitiva Simulação, nas sessões, de exposição
a situações sociais
Gelernter & Udhe Tarefas de casa personalizadas -
exposições a situações reais nas quais o paciente se esquivava anteriormente com o uso concomitante de técnicas de reestruturação cognitiva
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto 20 sessões de Psicoterapia de 90 minutos
cada, 1 vez por semana. 2 Terapeutas - gêneros diferentes
5 a 9 pacientes por grupo Tarefas de casa Ensaio comportamental Treino de habilidades sociais Exposição ao vivo
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto 1ª semana: Apresentação do grupo – técnica entrevista
2 a 2 Contrato terapêutico – racional do
tratamento Psicoeducação de Fobia Social- O que o paciente deseja alcançar em
termos de objetivos de enfrentamento dessas situações.
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto Semanas 2 a 8 - treino de habilidades sociais – Semana 10 a 20 - exposição ao vivo - hierarquias
de cada paciente Semanas 2 e 3 Assertividade Ensaio comportamental das situações levantadas
com o grupo para treino de assertividade, diferenciar das situações de agressividade, não assertividade
Tarefa de casa - Observação do padrão de comportamento e registrar a emissão de comportamento assertivo
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto Semana 4 e 5 A importancia da linguagem não verbal no
comportamento social - Como as expressões corporais podem auxiliar ou atrapalhar no desempenho social
Ensaio comportamental de expressões corporais
Tarefa de casa - observação do comportamento não verbal.
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto Semana 6 e 7 A importancia de se expressar afeto e
como faze-lo em situações sociais Ensaio comportamental de situações
de expressão de afeto Tarefa de casa – observação e treino
do comportamento de expressão de afeto
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto 8ª semana Levantamento das situações fóbicas - quais as
situações que o paciente evita ou enfrenta com grande sofrimento
Proposta de hierarquização das situações fóbicas
Ensaio comportamental das habilidades sociais treinadas
Tarefa de casa – Hierarquia e observação do comportamento de esquiva a situações fóbicas
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto Semana 9 a 19 Quais as situações a que o paciente se
expôs e com quais resultados Ensaio comportamental realizado pelo
grupo das situações hierárquicas dos pacientes
Tarefa de casa - Exposição as situações da hierarquia em ordem crescente
AMBAN - Savoia, Barros Neto, Bernik & Lotufo
Neto 20ª semana Análise e discussão das tarefas de casa Avaliação do programa - Quanto o paciente
sente, percebe a sua melhora em termos de desempenho social devido ao programa Qual a avaliação do terapeuta e sugestões deste para que as habilidades sociais ainda não bem desenvolvidas pelo paciente possam vir a ser aperfeiçoadas. A importância da continuidade de exposição.
Considerações finais O procedimento em grupo tem
vantagens sobre a terapia individual para o tratamento da Fobia social.
O treino de habilidades sociais propicia repertório adequado à exposição, trazendo ao paciente maior confiança para enfrentar as situações sociais.
DETERMINANTES PSICOSSOCIAIS DOS
TRANSTORNOS ANSIOSOS
Mariangela Gentil Savoia AMBAN
•Transtornos ansiosos são uma condição na qual a ansiedade,como sintoma diretamente relatado ou observado, está anormalmente elevada ou é desproporcional ao contextoambiental. São os transtornos mentais mais freqüentes na população Levam a comprometimentos funcionais duradouros (profissional, pessoal)
Transtornos ansiosos Presença de estados emocionais persistentes nos quais a ansiedade patológica
desempenha papel fundamental Estados ansiosos repetitivos causando
sofrimento e/ou prejuízo no funcionamento cotidiano do
indivíduo, e que não se devem à presença de outros quadros clínicos.
Sintomas incluem componentes cognitivos, comportamentais e autonômicos
Transtornos caracterizados como transtornos biopsicossociais
Fatores psicológicos mediadores importantes nas mudanças fisiológicas e vice-versa
Relevância do estudo dos aspectos psicossociais dos transtornos
ansiosos
Tratamento Remissão dos sintomas e a
manutenção desta. As diferenças podem não ser
aparentes ao final do período de tratamento mas o tratamento psicológico apresenta vantagens no follow-up. Lader & Bond (1998)
FOBIA SOCIAL –Fatores predisponentes
Condicionamento Modelação Estilos parentais Socialização dos papéis sexuais Relacionamento com colegas Déficit de habilidades sociais Traços de personalidade
FOBIA SOCIAL - Fatores predisponentes
A fobia social pode se desenvolver como conseqüência de uma ou mais experiências de condicionamento traumático. Barlow, 1988; Öst & Hugdahl, 1981; Hudson e Rapee, 2000
Paciente chamado na frente da sala de aula sofreu constrangimento por parte do professor e passou a partir de então a fugir de situações em que houvesse a necessidade de se expor em público.
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
O condicionamento vicário também constitui uma forma de aquisição de medos sociais (Caballo, 1995).
Os pais de sujeitos com fobia social costumavam evitar situações sociais. Bruch et al. (1988, in Caballo, 1997)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
A relação entre os temores dos pais e dos filhos pode também ser resultante de processos de informação, influências genéticas ou de experiências traumáticas semelhantes (Caballo, 1995).
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
Os estilos de rejeição e de superproteção dos familiares são mais fortemente associados com a inibição social. Bruch (1989)
As crianças com elevada necessidade de aprovação percebiam os pais como rejeitadores. Bruch (1989)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
O encorajamento dos pais na sociabilidade dos filhos gera oportunidades para aquisição de habilidades sociais, expõe a criança a novas situações sociais, promovendo a extinção de medos sociais (Bruch, 1989).
A responsividade maternal à comunicação na infância durante os primeiros dois anos e meio estavam inversamente relacionadas a níveis de timidez Engfer (1993)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
A personalidade materna caracterizada por nervosismo, disforia, irritabilidade e inibição tímida foram correlacionadas a níveis de timidez em garotas de 4 a 18 meses. Engfer (1993)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
As crianças propensas à timidez são aquelas temperamentalmente medrosas e inibidas em novas situações, cujos pais fortalecem essas reações pelo modo como educam os seus filhos. Esses pais são percebidos como não disponíveis e não responsáveis, gerando sentimentos de insegurança. Tais sentimentos se generalizam para outros relacionamentos e podem produzir crença complementar de pouca auto-confiança e de incompetência. Mills & Rubin (1993) e Rubin Le Mare & Lollis (1990)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
As mães de crianças tímidas são mais propensas do que as mães de crianças não tímidas a acreditar que as habilidades sociais são melhor ensinadas de uma maneira diretiva (dizendo exatamente como agir) em vez de outra maneira (experiência pessoal); (b) acreditavam mais fortemente que comportamentos inábeis deveriam ser respondidos de uma maneira diretiva ou corretiva; ( c) eram também mais propensas a sentir raiva, desapontamento, culpa e embaraço pelos comportamentos inábeis de seus filhos e eram mais propensas a atribuir esses comportamentos inábeis a traços de seus filhos do que a humor ou fatores relacionados à idade. Mills e Rubin (1993)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
A socialização dos papéis sexuais também pode estar associada à timidez. É mais apropriado para as garotas do que para os garotos ser visto como tímido. Bronson (1966)
Os pais são mais propensos a advertir seus filhos do que suas filhas por comportamento tímido e inibido. Bacon e Ashmore (1985) e de Mills e Rubin (1993)
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
Crianças e adolescentes tímidos parecem estar mais propensos a experimentar relações negativas com os seus colegas, possivelmente porque a inibição e o retraimento da criança tímida é percebido como desviante do comportamento social apropriado à idade, pelo grupo de colegas, sendo respondido com negligência, rejeição ou maltrato (Bruch & Cheek, 1995) Hudson e Rapee, 2000
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
Em geral, os fóbicos sociais apresentam déficits de habilidades sociais Um repertório de habilidades sociais pode facilitar não só o tratamento, como também auxiliar na modificação das crenças disfuncionais devido a redução de ansiedade no confronto interpessoal.
FOBIA SOCIAL Fatores predisponentes
O treino de habilidades sociais propiciou aos pacientes repertório adequado para a exposição e aumentou a confiança dos pacientes para enfrentar as situações sociais.
Savoia et al. (em fase de publicação).
FOBIA SOCIAL E PERSONALIDADE
Fobia Social é comumente associada com traços de personalidade, tais como timidez excessiva
Edelman e Chambless, 1995, compararam os resultados apresentados por pacientes com diagnóstico de fobia social, após terem se submetido a terapia de grupo comportamental cognitiva com ênfase no treino autoinstrucional.
Não encontraram diferenças entre pacientes no que diz respeito a gravidade do transtorno e sim quanto a fatores de personalidade.
Os pacientes com maior grau de esquiva nos traços de personalidade, participavam menos do processo terapêutico
Quanto mais dependentes, mais se esforçavam nas tarefas de casa, quanto mais paranóicos tendiam a não completar as exposições.
Em um estudo com objetivo de avaliar traços de personalidade de sujeitos com diagnóstico de fobia social antes do tratamento, utilizando o modelo psicobiológico de Cloninger et al., 1993 onde os traços de personalidade são divididos em temperamento e caráter, verificou-se que os traços de personalidade relacionados a Fobia Social, pressupõem comportamentos que descrevem este transtorno.
FOBIA SOCIAL Fatores de personalidade
Os traços de temperamento e caráter de pacientes fóbicos sociais avaliados segundo o TCI apresentaram diferenças significativas comparados com a população geral em todos os itens. Demonstrando características de personalidade do Fóbico social, que estão intrinsicamente relacionadas ao medo da avaliação negativa. Savoia et al. ( não publicado)
Estas características são sobreposições às descrições clínicas de fobia social, pessoas que se esquivam de situações em que são foco, possuem regras rígidas atuando com regras auto impostas. São inassertivos, usualmente seguem os objetivos dos outros pois não tem metas claras.
Sua qualidade de vida é também restrita por ansiedade antecipatória, medo do desconhecido e timidez. Savoia et al. (no prelo)
Ao avaliar os escores dos respondedores após o tratamento encontrou-se que os pacientes respondedores apresentaram modificações em seus traços de personalidade, os pacientes que tiveram tratamento com droga ativa modificaram temperamento e os de terapia caráter. Savoia et al. (no prelo)
FATORES COGNITIVOS - FOBIA SOCIAL
Preocupação que os outros percebam a sua ansiedade
Preocupação com a atividade autônomica Temor da avaliação negativa Diálogo interno de autoverbalizações
negativas Atenção seletiva para os sinais socialmente
ameaçadores
FATORES COGNITIVOS - FOBIA SOCIAL
Sensação de ser inferior ou menos capaz que os demais
Tendência a perceber críticas e desaprovações que não estão realmente presentes
Tendência a rebaixar a eficácia do próprio comportamento
Padrões excessivamente elevados para o próprio desempenho
Atenção seletiva para os aspectos negativos da atuação
FATORES COGNITIVOS - FOBIA SOCIAL
Dificuldade em integrar partes da informação sobre a própria atuação
Percepção de falta de controle sobre o próprio comportamento
Memória seletiva da informação negativa sobre si mesmo e da própria atuação
Fracasso em prestar atenção as informações objetivas sobre a própria atuação
FATORES COGNITIVOS - FOBIA SOCIAL
Fantasias negativas que produzem ansiedade antecipada
Conceitos rígidos sobre a conduta social apropriada
Sensibilidade excessiva da desaprovação e da crítica
Superestimação da probabilidade de ocorrência de sucessos sociais desagradáveis
FATORES COGNITIVOS - FOBIA SOCIAL
Identificar os pensamento automáticos Identificar crenças centrais ( perdedor,
rejeitado, solitário, inferior, entre outras)
Identificar distorções cognitivas - (personalização, tudo ou nada, catastrofização, entre outras)
FATORES COGNITIVOS - FOBIA SOCIAL
Modificar as cognições através das técnicas cognitivas (questionamento, atuar como, análise de vantagens/ desvantagens, experimentos comportamentais, coping cards, entre outras)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As técnicas podem ser aplicadas isoladamente ou em conjunto
A avaliação funcional deve preceder qualquer intervenção
A automonitoria e tarefas de casa são imprescindíveis na TCC
Número fixo de sessões é importante para pesquisa, na clínica há mais flexibilidade
FOBIA SOCIAL Fatores de personalidade
Há sobreposição de critérios diagnósticos entre transtornos de personalidade e fobia social principalmente no que diz respeito a Transtorno Evitativo e de Dependência Barros Neto ( 1996); Savoia et al. ( não publicado)
FOBIA SOCIAL - Fatores intervenientes
Problemas com álcool são citados em alguns estudos que abordam a fobia social. Na maioria deles, o início dos sintomas fóbicos precedeu o início dos problemas com álcool Mullaney e Trippett, 1979; Schneier et al, 1992) Amies et al, 1983; Lotufo-Neto e Gentil, 1994).
Relevância do estudo dos aspectos psicossociais dos transtornos
ansiosos
A compreensão dos aspectos que contribuem para o desenvolvimento destes transtornos pode ser o primeiro passo para possíveis intervenções preventivas.
A compreensão dos aspectos que mantêm estes transtornos possibilita melhores formas de intervenções terapêuticas.