CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA
DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCO PESSOA
DESLIGAMENTO DAS PRAÇAS SEM ESTABILIDADE A PEDIDO DO CBMPB
HÉLDER LIMA NEVES
-
JOÃO PESSOA –PB
2018
DESLIGAMENTO DAS PRAÇAS SEM ESTABILIDADE A PEDIDO DO CBMPB
ARTIGO CIENTÍFICO APRESENTADO À
BANCA EXAMINADORA, COMO
REQUISITO FINAL PARA A APROVAÇÃO
NA DISCIPLINA DE TRABALHO DE
CONCLUSÃO DO CURSO DE
HABILITAÇÃO DE OFICIAIS DA ACADEMIA
DE BOMBEIRO MILITAR ARISTHARCO
PESSOA, DO CORPO DE BOMBEIROS
MILITAR DA PARAÍBA.
Data da aprovação: _____/_____/2018.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Carlos Jean Vieira Araújo Benício de Sá – TC QOBM
(Avaliador Externo – Professor Especialista)
__________________________________________________
Everson Caldas da Cruz – CAP QOBM
(Orientador – Professor Especialista)
__________________________________________________________
Susana Thaís Pedroza Rodrigues da Cunha – 1º TEN QOBM
(Avaliadora Interna – Professora Mestre)
DESLIGAMENTO DAS PRAÇAS SEM ESTABILIDADE A PEDIDO DO CBMPB
Everson Caldas da Cruz¹
Susana Thaís Pedroza Rodrigues da Cunha²
Hélder Lima Neves³
RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade identificar os principais motivos porque acontecem o desligamento de
bombeiros militares antes do período de estabilidade. Utilizando como base as informações adquiridas por
meio de uma pesquisa amostral com esse público-alvo, apresentou um estudo bibliográfico e estatístico
sobre a legalidade desse ato administrativo, e a motivação que levam esses jovens bombeiros a saírem da
corporação em pouco tempo de efetivo serviço. Com a evolução acadêmica constatada destes, a
perspectiva de ter seu conhecimento academista abarcado em outra instituição do serviço público, inclusive
em outros patamares do poder executivo ou de outros poderes a exemplo do judiciário, é clara a busca de
outras opções de carreira. E, corroborado com o regime da relação de trabalho, a subordinação ao sistema
militar, e a dificuldade de ascensão profissional internamente, o licenciamento a pedido afeta o crescimento
vegetativo do efetivo do CBMPB. Podendo esse trabalho, futuramente, a desejo das diretrizes
organizacionais, subsidiar estratégias que combatam a evasão desses talentos para outras instituições.
Palavras-chave: Legalidade, Motivação, Licenciamento.
________________________
1 Professor Orientador. Capitão do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Pós-Graduado em Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais pelo CBMRO, Bacharel em segurança pública pela Academia de Polícia Militar
do Cabo Branco. E-mail: [email protected].
2 Professora Orientadora. 1° Tenente do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Pós-Graduada em Língua
Portuguesa (2010) pela Universidade Federal da Paraíba. Instrutora da disciplina de Metodologia Científica
do Curso de Formação de Oficiais Bombeiro Militar da Paraíba E-mail: [email protected]
3 Aluno do Curso de Habilitação de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. E-mail:
1. INTRODUÇÃO
O cenário atual demonstra a possibilidade ou impossibilidade a luz do direito sobre
a legalidade de pedido formal de desligamento da praça sem estabilidade, ou seja, sem
ter atingido o tempo necessário para seu engajamento.
Com o avanço das perspectivas externas de melhores oportunidades de carreira
diversas e a manutenção da tradicional organização militar que exige dedicação exclusiva
do bombeiro, motivam dúvidas do interesse de permanência na corporação.
A corporação após um dedicado curso de formação para o ingresso da praça no
seu corpo, conta com aquele indivíduo para seu efetivo e o desligamento do indivíduo
bombeiro traz prejuízo aos recursos humanos da instituição.
Esse artigo teve como objetivo principal identificar os principais motivos que levam
as praças sem estabilidade a pedirem desligamento da instituição e apresentar os
aspectos legais do licenciamento a pedido.
Para tanto, como objetivos específicos deste trabalho, foi realizado um
levantamento bibliográfico quanto a questão jurídica, especificamente o Estatuto dos
policiais militares (Lei Nº. 3.909 De 14 Julho 1977) e a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, e a questão motivacional nos aspectos de comportamento e
necessidades, apurados via consulta aos indivíduos do público-alvo.
Foi realizada a aplicação de um questionário semiestruturado para verificar os
aspectos motivacionais dos bombeiros militares que solicitaram desligamento. Com base
em levantamento de dados da intranet, foi possível selecionar 22 (vinte e dois) militares
que se licenciaram da instituição com menos de 10 (dez) anos de serviço.
A priori foi mantido contato com esses militares, e solicitado sua participação a fim
de responder o questionário que foi enviado eletronicamente.
Para análise dos dados foram utilizados o método hipotético-dedutivo que busca a
eliminação dos erros de uma hipótese estabelecendo situações ou resultados
experimentais que neguem essa hipótese (GALLIANO, 1979). Também foi utilizado o
método estatístico que se fundamenta na teoria da amostragem e assim é indispensável
no estudo de certos aspectos da realidade social em que se pretenda medir o grau de
correlação entre dois ou mais fenômenos. (GIL, 2006; LAKATOS; MARCONI, 2003).
A seção seguinte, visa tratar da legalidade do licenciamento a pedido da praça
sem estabilidade e da motivação para sucumbir nesse pedido.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Essa seção se propôs a discorrer sobre a legalidade do referenciado pedido de
desligamento de praça que não atingiu a estabilidade, através de um estudo bibliográfico
sobre a legislação pertinente ao tema proposto.
2.1. LEGALIDADE
O licenciamento, a exemplo de qualquer ato administrativo é previsto em legislação
própria dos policiais militares, o Estatuto dos Policiais Militares do Estado. Nele, antes de
entendermos o licenciamento como opção do militar, precisamos saber onde está inserido
o direito a estabilidade.
O Art. 49 do Estatuto dos Policiais Militares do Estado (Lei Nº. 3.909 de 14 Julho
1977) preconiza que a estabilidade da praça se dá quando esta atingir 10 (dez) anos de
efetivo serviço, como veremos adiante:
Art. 49 – São direitos dos policiais militares:I – O Garantia da patente, em toda sua plenitude, com as vantagens, prerrogativase deveres a ela inerentes, quando oficial;II – Nas condições ou nas limitações impostas na legislação e regulamentaçãopeculiar;a) a estabilidade, quando a praça contar com mais de 10 (dez) anos de efetivoserviço;[…]j) A demissão e o licenciamento voluntário; […]
O licenciamento voluntário ou a pedido, converte-se em desligamento e exclusão
dos quadros, processado por expedição de ato do governador do estado o seu
desligamento e tendo a exclusão realizada por ato do comandante-geral.
A priori, apenas teria este direito de solicitar o licenciamento do serviço ativo, as
praças com estabilidade e possuidores de certo tempo de serviço ativo do militar,
calculados de acordo com o estabelecido no Art. 109 do Estatuto ora mencionado (Lei Nº.
3.909 De 14 Julho 1977):
Art. 109 – O licenciamento do serviço ativo, aplicado às praças se efetua: I – a pedida; e II - “ex-ofício”. Parágrafo 1º – O licenciamento a pedido poderá ser concedido desde que nãohaja prejuízo para o serviço, à praça engajada ou reengajada, que conte, nomínima, a metade do tempo do serviço a que se obrigou.
Esses dispositivos previstos no Estatuto dos policiais militares do Estado,
garantem a manutenção de efetivo para a missão da corporação, evitando uma possível
desmobilização rápida e prejudicial, que possa levar a uma grande falta de contingente.
A liberdade de exercer seus direitos, preconizados na Constituição Federal, no
tocante a liberdade de trabalho, estabelecido no ART 5º Inciso XIII que “é livre o exercício
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;” corrobora com o princípio da autonomia da vontade estabelecido por Diniz
(2011, p. 40) que “o poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante
acordo de vontade, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela
ordem jurídica.”
2.2. MOTIVAÇÃO
Nesse quesito, esse trabalho pretende identificar os principais motivos que fazem
com que o bombeiro militar peça seu desligamento da instituição antes de completar o
tempo de sua estabilidade, ou seja, antes dos 10 (dez) anos de serviço. Nesse sentido,
faz necessário algumas considerações sobre o conceito de motivação, motivação nas
organizações e algumas teorias de motivação desenvolvidas por teóricos das ciências
humanas.
Com efeito, de forma geral, pode-se dizer que a motivação é geralmente descrita
como estado interior que causa (motiva) determinados tipos de comportamento (ações).
Pode-se dizer, ainda, que a motivação é processo que relaciona necessidade, ambiente e
objeto, que predispõe o organismo (indivíduo) à ação em busca do objeto fonte de
satisfação (objetivo).
De outra forma, podemos pensar a motivação como:
Derivada do latim “motivus”, que significa mover, a palavra motivação assumiu osignificado de “tudo aquilo que pode fazer mover”, “tudo aquilo que causa ou determinaalguma coisa” ou até mesmo “o fim ou razão de uma ação”. Desse modo, faz sentidodizer que uma teoria da motivação é uma teoria da ação. E como se admite cada vezmais a ação humana é multicausal e contextual, envolvendo aspectos biológicos,psicológicos, históricos, sociológicos e culturais, as pesquisas sobre motivação passarama utilizar múltiplos critérios de mensuração, procurando relacionar esse conceito comtantos outros que poderiam dar conta de tal complexidade e que permitissem a ampliaçãoda compreensão da conduta humana (GONDIM, SILVA, 2009, p. 145).
Quando se pensa a motivação no ambiente de trabalho é salutar observar os
componentes básicos da motivação, como bem pontua Chiavenato (2009): a motivação
das pessoas depende basicamente de três premissas:
• O comportamento é causado por estímulos internos e externos.
• O comportamento é motivado, isto é, há uma finalidade em todo comportamento
humano.
• O comportamento é orientado para objetivos: em todo comportamento existe
impulso, desejo, tendência, expressões que servem para designar os motivos do
comportamento.
Outrossim, ao longo da história muitos estudos sobre motivação nas organizações
e algumas teorias foram construídos e aperfeiçoados. Assim, De acordo com Robbins
(2009), as antigas teorias sobre motivação são: Teoria da hierarquia das necessidades, de
Abraham Maslow. Teorias X e Y, de Douglas McGregor e Teoria de dois fatores, de
Frederick Herzberg.
Ainda segundo Robbins (2009) aponta como teorias contemporâneas sobre a
motivação: Teoria ERG, de Clayton Alderfer; Teoria das necessidades, de McClelland;
Teoria da avaliação cognitiva; Teoria da fixação de objetivos (abordagem cognitiva); Teoria
do reforço (abordagem comportamentalista); Teoria do planejamento do trabalho; Teoria
da equidade e Teoria da expectativa.
Nesse trabalho daremos destaque a duas dessas teorias: Teoria da hierarquia das
necessidades, de Abraham Maslow e Teoria da autorregulação – Kanfer.
2.2.1. Teoria da hierarquia das necessidades – Maslow
Um importante teórico, o psicólogo Abraham Harold Maslow, desenvolveu teoria
motivacional bastante conhecida, denominada hierarquia das necessidades. Segundo
Maslow, as necessidades humanas estão arranjadas em uma pirâmide de importância no
comportamento humano. Na base da pirâmide estão as necessidades mais básicas e
recorrentes (necessidades primárias), e no topo estão as mais sofisticadas (necessidades
secundárias), como proposto no seguinte gráfico:
1. Necessidades fisiológicas (base da pirâmide): também denominadas
necessidades biológicas ou básicas, exigem satisfação cíclica e reiterada, a fim de
garantir a sobrevivência do indivíduo. As necessidades fisiológicas se referem à fome,
sede, ao sono, sexo etc.
2. Necessidade de segurança: envolvem estabilidade, proteção, ausência de
medos, ameaças e ansiedade. Necessidades secundárias ou superiores
3. Necessidades sociais: também denominadas necessidades de filiação e amor,
são as necessidades de relacionamentos, pertença, intimidade, amor e afeição.
4. Necessidade de estima: inclui fatores de estima internos (p. ex., respeito
próprio, realização e autonomia) e externos (p. ex., status, reconhecimento e atenção).
5. Necessidade de autorrealização (topo da pirâmide): refere-se ao desejo que as
pessoas têm de desenvolver seu potencial. As necessidades de autorrealização estão
relacionadas com autonomia, independência, autocontrole, competência e plena
realização.
Embora ele proponha uma hierarquia de necessidades, na qual as necessidades
superiores emergem à medida que as inferiores são satisfeitas, Maslow não supõe que as
necessidades básicas sejam totalmente satisfeitas de modo a permitir a emergência das
necessidades superiores. O que existe é uma relativa satisfação das necessidades
básicas.
Essa teoria da hierarquia das necessidades provocou grande impacto na área de
gestão. Abriu-se espaço para novas práticas e condições de crescimento pessoal que, ao
mesmo tempo, contribuíram para que os objetivos organizacionais fossem atingidos. Por
isso a importância dessa teoria para o estudo em questão, no qual se busca identificar
aspectos motivacionais para se deixar a instituição.
2.2.2. Teoria da autorregulação – Kanfer
Essa teoria da autorregulação é parecida com a teoria da aprendizagem, de
Bandura. Descreve o fluxo de obtenção de informação do ambiente e como as
informações são processadas, finalizando com ações controladas. O processo de
autorregulação envolve três componentes:
Auto-observação: atenção dirigida para a própria pessoa (perceber).
Autoavaliação: comparação entre os objetivos pretendidos e as condições
pessoais para atingi-los (comparar).
Autorreação: resposta afetiva à autoavaliação positiva ou negativa e à crença na
capacidade de realização (agir).
Godim e Silva (2009, p. 158) apresentam o seguinte exemplo para ilustrar a teoria:
Um psicólogo recém-formado foi contratado por uma empresa de vigilância patrimonial
para desenvolver um trabalho de ajustamento ao sistema de turnos noturnos, visto que
nas últimas semanas haviam sido demitidos três vigilantes, que foram flagrados dormindo
em serviço. Embora o psicólogo estivesse motivado para o seu primeiro emprego
remunerado (seu objetivo era ter sucesso no primeiro emprego), não dispunha de
experiência necessária para agir com segurança nessa situação (auto-observação e
autoavaliação). Seu bom desempenho dependeria de sua capacidade de reunir
informações relevantes sobre o assunto (turno noturno, ritmos biológicos, serviço de
segurança, por exemplo), processar as que são relevantes e integrá-las em um programa
que permitisse o ajustamento dos vigilantes ao trabalho noturno (autorreação). O
feedback positivo ou negativo permitiria avaliar se o objetivo foi atingido ou não (...). A
motivação do psicólogo aumentaria na proporção que avaliasse como vitoriosa a sua
atuação (autorregulação).
Com essa breve apresentação teórica sobre a motivação no ambiente
organizacional passamos a apresentar os dados da pesquisa buscando correlacionar com
elementos da teoria aqui apresentada.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Limitando o público-alvo as praças sem estabilidade, a pesquisa foi aplicada numa
população de 22 voluntários que integravam as fileiras da corporação. Diante dos dados
coletados foi constatado que, 81,8 % eram do sexo masculino e 18,2 % do sexo feminino.
Em relação as idades que os bombeiros apresentaram quando se desligaram, o mais
jovem possuía 20 anos, estatisticamente 13,64% tinham até 25 anos, 50% com mais de
25 anos e menos de 30 anos, e 36,36% com mais de 30 anos, sendo o mais velho a se
desligar com 38 anos a época. A média de idade do licenciado a pedido foi de 29 anos.
Na sequência, a análise do nível de escolaridade desse grupo ao ingressar na
corporação, demonstrada assim:
Diante dos dados apresentados, e apesar do que é exigido em edital para
recrutamento de praças é o nível de ensino médio, verificamos que mais da metade
(59,1%) do publico-alvo apresentam escolaridade acima desse índice, desde de
acadêmicos de curso superior, formados e inclusive pós-graduados.
No próximo gráfico, verificamos novamente o nível de escolaridade das praças
sem estabilidade licenciadas a pedido, agora no momento do seu efetivo desligamento.
Agora, notamos que há uma nova configuração dos níveis de escolaridade desse
público-alvo, onde quase toda totalidade são detentoras de no mínimo, nível superior
completo (90,9%).
Nota-se, portanto, que há uma busca desse público pela vida acadêmica, onde o
público que possuía a escolaridade do ensino médio ou superior interrompido quando
ingressou na corporação era de 18,2% e evoluiu para 9,1%. Outros 36,4% cursavam
algum curso superior quando ingressaram no CBMPB e se formaram antes do
desligamento. Já o índice daqueles que possuíam nível superior completo, evoluiu de
40,9% para 68,2% do público. E, por fim, o índice de pós-graduados saiu de 4,5% e
atingiu a marca de 22,7%.
Diante dos dados que motivaram o pedido de licenciamento, em uma questão de
múltipla escolha onde os entrevistados poderiam escolher mais de uma alternativa, os
aspectos principais selecionados foram a Remuneração (citada por 77,27%), o Regime
Militar (54,55%) e o Plano de Cargos e Carreiras (54,55%). Em sequência, temos a
Distância da residência para o local de trabalho (13,64%), Não se adaptou a profissão
(9,09%), Algum tipo de assédio (9,09%) e Carga Horária de trabalho (4,55%), entre outros
espontaneamente citados, como exemplificado abaixo:
Constata-se que apenas três motivos: Remuneração, militarismo e ascensão
funcional, dominam o desalento dos ex-militares que são alvo dessa pesquisa em relação
a carreira.
Remuneração
Regime militar
Plano de cargos e carreiras
Distância da residência para o local de trabalho
Não se adaptou a profissão
Algum tipo de assédio
Carga Horária de trabalho
0,00
%
10,0
0%
20,0
0%
30,0
0%
40,0
0%
50,0
0%
60,0
0%
70,0
0%
80,0
0%
Quais aspectos motivaram sua saída do CBMPB?
Com uma média de 5,4 anos de serviço prestado, e quando perguntados se
tiveram dificuldade na concessão do seu desligamento, 90,91% afirmaram que não e
9,09% disseram que sim.
As regiões onde trabalhavam, são as três regionais existentes, onde na 1 a CRBM
(com sede na capital) 36,4% participaram da pesquisa, enquanto na 2a CRBM (sediada
em Campina Grande) chegamos a 9,1%, e por fim, a 3a CRBM (região do sertão)
representada na pesquisa por 54,5% dos partícipes do levantamento. Porém, não há
como precisar se essa proporção de fato representa o fatiamento do total de licenciados
da corporação.
O destino desses egressos da corporação é variado. Verificamos no formulário em
apêndice, onde se alojaram profissionalmente esses indivíduos, como consta os dados do
gráfico abaixo:
O público-alvo seguiu no serviço público, demonstrado em 86,36% dos casos,
possivelmente atraídos por melhores remunerações e outros aspectos. E 59,09% do total,
seguiram a carreira da segurança pública em outras instituições, estaduais ou federais
(PRF 27,27%, PC 13,64%, PF 9,09%, PMPB e Polícia Científica com 4,55% cada), e que
predominantemente não seguem o regime militar, configurando 92,31% dentro do
universo dos egresso que seguiram carreira na segurança pública.
Diante dos resultados, é vislumbrado a opção do egresso em permanecer no
serviço público, qualquer que seja a esfera ou nível, especialmente na carreira de
59,09%
9,09%
9,09%
9,09%
9,09%
4,55%
Carreira policialTribunal de JustiçaMinistério Público Serviço público federal Iniciativa privadaDoutorado
segurança pública, e abstendo-se de regressar ao regime de administração militar.
Pertinente também afirmar, que os dados demonstram a correlação entre a evolução do
nível acadêmico do egresso e a perspectiva de buscar novas oportunidades fora do
militarismo, e com melhores salários e benefícios.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema motivação, tão importante nas instituições públicas ou privadas, que vai da
necessidade a autorrealização, baseados em pensadores focados no tema, demonstra a
conveniência para o CBMPB, de buscar métodos que identifiquem os motivos que as
praças sem estabilidade optam em deixar a corporação.
As causas dessa desmobilização relatadas, principalmente pela falta de
perspectiva de crescimento na carreira, remuneração e manutenção do regime militar,
podem de certa forma, representar pontos negativos que ensejem nesses indivíduos a
sensação de autorrealização incompleta.
Mesmo a corporação exigindo escolaridade de nível médio para a carreira inicial de
praça, notamos que a maioria do público estudado ingressaram na corporação com nível
superior cursando ou concluído e, nessa linha do tempo até o licenciamento, os números
demonstram a tendência crescente na evolução academista do grupo. Constatou-se que,
quanto mais essa evolução é pujante, maiores são as perceptivas de novas carreiras em
outra instituição do serviço público, predominantemente estas, são carreiras de segurança
pública como também é nossa atividade de bombeiro. Porém, a maioria buscou servir em
uma instituição que não adotasse o regime militar.
A atividade militar estadual limita o bombeiro de exercer diverso emprego
concomitante com sua condição de militar, gerando um entrave para aqueles que
inclusive embrearam-se na vida acadêmica e assim adquiriram qualificação não acolhida
por algum quadro da corporação.
Apesar da discricionariedade do CBMPB de conceder o licenciamento da praça,
seja ela engajada ou não, prevista no Estatuto dos policiais militares do Estado, notamos
que esta instituição não estabelece barreiras em conceder o desligamento. Garantindo ao
indivíduo bombeiro militar, a liberdade de autonomia da vontade, permitido este escolher
suas opções legais de trabalho e emprego, esculpida na Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988.
4. REFERÊNCIAS
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APÊNDICE