ÁDSON DOS SANTOS OLIVEIRA
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PUPUNHEIR (Bactris gasipaes K.) ORIUNDAS DE MATRIZES SELECIONADAS NO SUL DA BAHIA
ILHÉUS-BAHIA2007
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ÁDSON DOS SANTOS OLIVEIRA
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PUPUNHEIR (Bactris gasipaes K.) ORIUNDAS DE MATRIZES SELECIONADAS NO SUL DA BAHIA
Orientador:Prof. Phd. Dário Ahnert
Área de Concentração: Melhoramento Genético Vegetal
ILHÉUS-BAHIA2007
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Monografia apresentada, à Universidade Estadual de Santa Cruz, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agronômica.
ÁDSON DOS SANTOS OLIVEIRA
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PUPUNHEIR (Bactris gasipaes K.) ORIUNDAS DE MATRIZES SELECIONADAS NO SUL DA BAHIA
Ilhéus –BA, 06 de julho de 2007
Orientador:Prof. Phd. Dário Ahnert
Área de Concentração: Melhoramento Genético Vegetal
Dario Ahnert - DS(Orientador)UESC/DCB
Alexandre Schiavetti – DS (Coordenador da Disciplina)
UESC/DCAA
Arlete Silveira - DS(Examinador)UESC/DCAA
Célio Kersul do Sacramento - DS(Examinador)UESC/DCAA
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Monografia apresentada, à Universidade Estadual de Santa Cruz, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agronômica.
DEDICATÓRIA
Ao Sr. Jesus Cristo, fiel amigo e companheiro em toda jornada de minha vida.
Não sei o que seria de mim não fosse sua amorosa presença até nos momentos em
que eu fui infiel ao seu amor. A minha mãe, D. Zezé, pelo amor incondicional,
chegando a ponto de abdicar de seus sonhos para que eu pudesse estudar, dedico
de coração.
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AGRADECIMENTOS
Ao verdadeiro e único Deus, pela vida, pela saúde, pela oportunidade. A meu
pai André Oliveira, patriarca de nossa família, que nos ensinou agricultura junto com
ética e dignidade. A meu irmão Adriano Santos, por ter-me permitido participar de
sua vida. A Selminha, única irmã, pelas orações ao nosso Senhor Jesus Cristo, pelo
carinho e cuidado. Ao grande amigo Severino Marques (Sibio), que me apoiou de
forma paternal e foi o primeiro a acreditar em mim. A todos os colegas que se
encontram ou que passaram pela República de Ituberá, pela convivência. Aos
colegas da turma 2003.1, inesquecíveis companheiros de jornada. A Adonias Filho,
brilhante Engenheiro Agrônomo, minha referência profissional. A Dário Ahnert,
orientador, pelo conhecimento partilhado. Ao povo de Ituberá, que através da
Prefeitura Municipal, custeou a República que contribuiu para a realização dos
sonhos de muitas famílias ituberaenses. Sou sinceramente grato.
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Buscais e achareis. Pede e recebereis. Bates e a porta será aberta. Pois
quem busca, acha. Todo aquele que pede, recebe. Todo aquele que bate, a porta
será aberta. (Cap/Vers)
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GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PUPUNHEIR (Bactris gasipaes K.) ORIUNDAS DE MATRIZES SELECIONADAS NO SUL DA BAHIA
RESUMO
O Cultivo da pupunheira para a produção de palmito esta em plena expansão no sul da Bahia, onde as condições edafo-climáticas são muito adequadas ao seu desenvolvimento. Contudo, a baixa disponibilidade de sementes de qualidade para a formação de mudas constitui um entrave para a expansão da lavoura. As sementes disponíveis apresentam baixo índice de germinação e mudas desuniformes. Os objetivos deste trabalho foram: i) avaliar o percentual de germinação médio de sementes de pupunha coletadas em 89 matrizes selecionadas no Sul da Bahia; ii) verificar a correlação entre o percentual de germinação e o peso das sementes, e entre o peso das sementes e o índice de mortalidade no viveiro aos 60 dias e; iii) comparar a germinação e o peso de sementes oriundas de frutos amarelos e vermelhos. As sementes avaliadas neste estudo originaram-se de plantas matrizes, selecionadas para alto perfilhamento, elevado vigor e ausência de espinhos, localizadas no campo de produção de sementes da INACERES, no município de Una - Ba e. A análise estatística dos dados evidenciou baixas correlações entre o peso e o percentual de germinação (r = 0,055) assim como entre o peso das sementes e o índice de mortalidade no viveiro aos 60 dias (r = -0,081), indicando independência entre estes pares de variáveis. Não foi observada diferença na germinação e no peso das sementes provenientes de frutos amarelos e vermelhos. Foram observadas plântulas com espinho no caulículo em 24,72 % das progênies avaliadas e albinismo em 0,048 % das plântulas.
Palavras-chave: mudas, custo de produção, melhoramento genético
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GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PUPUNHEIR (Bactris gasipaes K.) ORIUNDAS DE MATRIZES SELECIONADAS NO SUL DA BAHIA
ABSTRACT
Cultivation of peach palm for heart-of-palm is expanding in South of Bahia, where the edaphically-climatic conditions are very appropriate for the development of the plant. Currently, the limiting factor for crop development is the availability of high quality seeds. The available seeds have low percentage of germination and produce non uniform seedlings. The objectives of this study were: i) to characterize the seed germination from 89 selected progenitors; ii) to verify the correlation between the percentage of germination and the weight of the seeds as well as between the weight of the seeds and the mortality index of seedlings in greenhouse on the 60 th day; iii) to evaluate the differences in the germination of seeds derived from yellow and red fruits. The seeds evaluated in this study were harvested from progenitors selected for elevated tillering, high vigor and inexistence of spikes, grown in INACERES seed production field, localized in the municipality o Una-Ba. The data analysis revealed low correlations between the weight of seeds and the percentage of germination (r = 0,055) as well as between the weight of seeds and the mortality index of seedlings in greenhouse on the 60th day (r = -0,081), indicating independence among these pairs of variables. There was not a significant difference between the weight and germination of seeds derived from yellow and red fruits. A total of 24,72% of the progenies showed spikes on the stem and 0,048% showed albinism.
Key-words: seedlings, production cost, genetic improvement
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1. INTRODUÇÃO
De acordo com Bovi (2000), desde a década de 70 o cultivo da pupunheira
para extração de palmito atraiu a atenção dos agricultores. A alta lucratividade
proporcionada pela cultura e a demanda por palmitos de qualidade no mercado
internacional, contribuíram decisivamente para a expansão do cultivo dessa palmeira
entre os empresários do setor agrícola nacional (IEA, 2006).
Para a produção de palmito, a espécie destaca-se das demais palmáceas,
como açaí (Euterpe oleracea) e juçara (Euterpe edulis), por ser mais precoce e ter
alta capacidade de perfilhamento, o que garante um rápido retorno do investimento,
possibilitando produção regular e constantes receitas ao agricultor (BONACCINI,
1997).
A cultivo da pupunheira esta em plena expansão no Sul da Bahia, onde as
condições edafo-climáticas são muito adequadas ao seu desenvolvimento,
permitindo que os primeiros palmitos sejam colhidos aos 14 meses após o plantio
(SILVA, 2006). Atualmente, um dos empecilhos para o desenvolvimento da cultura é
a baixa disponibilidade de sementes melhoradas e de qualidade para a formação
dos plantios (BOVI, et al., 1993). As sementes disponíveis são caras e tem poder de
germinação variável aumentando o custo de produção de mudas(VIDA et al., 2006).
Portanto, a obtenção de sementes provenientes de matrizes selecionadas e
com alto poder de germinação é fundamental para diminuir os custos na produção
das mudas e aumentar a rentabilidade do negocio.
Os objetivos desse trabalho foram: i) avaliar o percentual de germinação médio
de sementes de pupunheira coletadas em 89 matrizes selecionadas no Sul da
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Bahia; ii) verificar a correlação entre o percentual de germinação e o peso das
sementes, e entre o peso das sementes e o índice de mortalidade no viveiro aos 60
dias e; iii) comparar a germinação de sementes oriundas de frutos amarelos e
vermelhos.
2.0 REVISÃO DE LITERATURA
2. 1 Origem e Distribuição
A pupunheira (Bactris gasipaes, Kunth) é uma palmeira perene, originária dos
trópicos úmidos do continente americano e encontrada, no estado silvestre, em
regiões com temperaturas acima de 24 °C e índice pluviométrico superior a 2.500
mm/ano (MORA-URPI ,1999).
A planta ocorre de forma espontânea entre os paralelos 16º N e 17º S,
abrangendo uma vasta área que vai desde Honduras, passando por Bolívia e
Equador, até a foz do rio Amazonas (MORA-URPI, 1984). No território Brasileiro, a
espécie silvestre é encontrada em toda a bacia Amazônica e nos estados do
Maranhão e norte de Mato Grosso (KULCHETSCKI et al., 2001).
De acordo com Bovi (1998) a pupunheira vem sendo utilizada desde o
período pré-colombiano para a produção de frutos. Mora-Urpí (1993) atribui a
domesticação da espécie a várias tribos de ameríndios, antigos habitantes do trópico
úmido americano, e caracteriza a pupunheira cultivada como o resultado de
múltiplas hibridações sofridas pelas espécies silvestres manejadas por esses povos.
1
O processo de domesticação originou uma grande variedade de raças, que de
acordo com o tamanho do fruto (Figura 1), foram agrupadas por Villachica (1996) em
três categorias: i) microcarpa, de frutos com menos de 20 g de peso; ii) mesocarpa,
com frutos entre 21 e 70 g, e; iii) macrocarpa, de frutos maiores do que 70 g de
peso.
Figura1- Diversidade de tamanhos dos frutos da pupunheira
2.2 Caracterização botânica
De acordo com Villachica (1996), a pupunheira pode alcançar até 20 m de
altura com diâmetro variando entre 15 e 30 cm. A espécie tem a capacidade de
emitir perfilhos (Figura 2d) e possui um sistema radicular fasciculado e superficial
(SILVA, 2006). Estudos realizados por Ferreira et al. (1995) mostraram que 80 % da
biomassa radicular da pupunheira encontra-se nos primeiros 20 cm do perfil do solo,
o que lhe confere baixa resistência à falta de água.
O estipe desta palmeira (Figura 2a,b) é cilíndrico e marcado por cicatrizes
foliares transversais, podendo ou não ser recoberto de espinhos (FONSECA et al.,
2004). As folhas medem de 2,5 a 4,0 m de comprimento e possuem de 200 a 300
1
folíolos cada. Em média uma planta 2001 adulta tem em torno de 20 folhas (TONET
et al., 1999).
A pupunheira é uma planta alógama, monóica e que possui elevado grau de
incompatibilidade. Sua inflorescência (Figura 2c) mede de 50 a 80 cm de
comprimento e possui 20 a 60 espigas, que produzem entre 50 e 1.000 flores
femininas e de 10.000 a 30.000 flores masculinas (TONET et al., 1999). De acordo
com Mora-Urpí e Solis (1980), a polinização da espécie é feita predominantemente
1
Figura 2- Aspectos botânicos da pupunheira: a) Estipe com espinhos. b) Estipe desprovida de espinhos. c) Inflorescência. d) Perfilhamento e) Sementes. f) Variedades de frutos
a b
c d
e f
por insetos, principalmente da ordem Coleóptera, havendo também participação do
vento e da gravidade.
Os frutos da pupunheira (Figura 2f) são drupas que, quando jovens,
apresentam coloração verde, e quando maduros, são amarelos, vermelhos ou
possuem alguns matizes dessas cores (FONSECA et al., 2004). Segundo Matos
Silva e Mora-Urpí (1996) as sementes tem cor escura, endosperma branco e
oleaginoso, medem de 1 a 4 cm de comprimento por 1 a 2 cm de diâmetro, pesam
de 2 a 10g e possuem três poros, sendo apenas um fértil (Figura 2d).
2.3 Importância Econômica
A pupunheira oferece diversas possibilidades de aproveitamento, conforme se
segue: i) os frutos podem ser consumidos cozidos, ou processados para a obtenção
de farinha, utilizada na confecção de diversos alimentos (CARVALHO et al., 2005);
ii) o estipe da planta adulta pode servir como madeira, enquanto que as folhas, a
polpa e as bainhas podem ser destinadas à alimentação animal (KULCHETSCKI et
al., 2001) e; iii) as bainhas do palmito, resíduo da indústria, constitui-se em um
volumoso de alta qualidade e o fruto apresenta potencial para substituir o milho na
alimentação de ruminantes (FERREIRA et al.,2005).
Apesar de tantas possibilidades, o uso comercial mais nobre da pupunheira é
a produção de palmito em conserva, bastante apreciado e consumido amplamente
no Brasil e no exterior. Bovi (1998) conceitua palmito, como o produto comestível,
constituído pelo meristema apical juntamente com várias folhas internas em
desenvolvimento e situado na extremidade superior de palmeiras como a
pupunheira. Segundo Tonet et al., (1999) a porção comestível da haste do palmito é
1
formada pela parte basal ou caulinar; pela parte apical e; pela parte central, sendo
que cada uma delas tem uma forma específica de consumo.
2.4 Condições Edafo-climáticas para Produção
De acordo com Morsbach et al. (1998), a pupunheira desenvolve-se melhor
em regiões onde as temperaturas médias anuais situam-se entre 25 e 28 ºC e
precipitação acima de 1.600 mm anuais, bem distribuídos.
Embora a pupunheira tenha se desenvolvido na floresta, em condições de
cultivo ela é uma planta heliófila e necessita de ampla luminosidade para estimular a
emissão de perfilhos, fator primordial para obtenção elevada produtividade (MORA-
URPI, 1999).
Os solos para cultivo da espécie devem ser de textura média a leve, bem
drenados, de topografia suave e que possuam alta fertilidade natural ou tenham
recebido calagem e fertilização (BERGO e LUNZ, 2000).
2.5 Propagação
De acordo com Villachica (1996), a pupunheira pode ser propagada por via
sexual e assexual. Mora-Urpí (1999) relata as seguintes possibilidades de
propagação assexual desta palmeira: i) retirada de perfilhos emitidos na base da
touceira para plantio em local definitivo; ii) retirada de brotos produzidos nas
cicatrizes foliares de plantas mutantes; iii) divisão de touceiras adultas em duas ou
1
três secções e; iv) micropropagação in vitro, usando como explante o ápice caulinar
da planta.
É importante ressaltar que todas essas possibilidades de propagação
assexuada resultam baixíssima eficiência de pegamento e não se constituem em
alternativa econômica para a propagação da pupunheira a nível comercial (Ahnert,
comunicação pessoal). Atualmente a propagação da pupunheira, a nível comercial,
é feita é via sexual (sementes) devido ao abundante volume de frutos produzidos
pela planta, que propicia atender às quantidades demandadas pelo produtor
(VARGAS CALVO, 2000).
2.7 Melhoramento Genético da Pupunheira
Para aproveitar ao máximo o potencial produtivo da pupunheira, torna-se
necessário obter informações acerca de parâmetros genéticos relativos ao alcance
de altas produtividades, pois se trata de um agronegócio muito recente e por isso as
informações disponíveis são escassas (Bovi et al., 1992) .
Visando isso, (Mora-Urpí 1997) desenvolveu o ideótipo da espécie para produção
de palmito que , se consiste num referencial para os trabalhos de melhoramento
genético da planta (Tabela 1).
Tabela 1. Ideótipo de pupunheira para a produção de palmito.
Estipe Inerme; suave; sem lignificação e; precoce.
Folhas Pecíolo inerme; bainha comprida; ráquis e lamina curta e ereta.
Palmito 1º corte aos12 meses c/diâmetro de 9 cm; produção de 4/touceira/ano após 24 meses; bor branca e; cremoso
Perfilhos Desenvolvimento precoce; numerosos e; de crescimento rápido.
Adaptação Agroecológica
Ampla
1
Resistência À competição intra-specífica
Baseado neste ideotipo, Bovi et al. (1992) e Bovi et al. (1993) encontraram
correlações positivas significativas entre características vegetativas, como diâmetro,
altura e número de folhas, e componentes diretos da produção, como diâmetro e
comprimento do palmito.
Farias Neto (1999) obteve as seguintes estimativas para a herdabilidade no
sentido restrito: 0,37; 0,30; 0,35; 0,21 e 0,30 para as características altura da planta,
diâmetro do colo, comprimento do palmito, diâmetro do palmito e peso do palmito
líquido, respectivamente, aos 15 meses de idade.
No Sul da Bahia, encontra-se em curso um programa de melhoramento
genético da pupunheira para produção de palmito. Foi iniciado com a seleção de
matrizes e a coleta de sementes, sendo que as mudas originárias dessas sementes
e encontram-se em fase de avaliação, principalmente das características formadoras
de produção como crescimento e perfilhamento (Ahnert, comunicação pessoal)
3.0 Material e Métodos
As sementes foram obtidas de 89 plantas matrizes inermes, com
características agronomicamente superiores, selecionadas na Fazenda São João,
de propriedade da Inaceres Agrícola. A fazenda situa-se no km 21 da rodovia Una
– São José da Vitória, município de Una - BA, coordenadas 15º 12’ 40” S e - 39º
10’ 53” W. Ao todo, existem na fazenda 9.800 plantas com 10 anos de idade,
originárias na sua maioria, de sementes trazidas da região de Yurimáguas, no
Peru.
1
A seleção das 89 matrizes baseou-se nos seguintes critérios: i) coroa vigorosa,
com um verde intenso, folíolos inteiros e sem queimaduras nas pontas; ii) estipe
reto, possibilitando uma sustentação adequada da planta; iii) número de perfilhos
acima de seis, indicados por tocos remanescentes, perfilhos desenvolvidos e pela
própria planta matriz; iv) cachos perfeitos, com o mínimo dois por árvore matriz e
60 frutos viáveis cada.
O trajeto de seleção dentro da área da fazenda foi feito de forma aleatória,
constituindo-se na entrada da equipe de seleção nas quadras, onde as plantas
matrizes existentes eram analisadas na coroa, cachos e estipe e por fim contado
o número de perfilhos existentes. As plantas selecionadas foram marcadas no
estipe com tinta a óleo na altura de 1,30 m do solo. A identificação constituiu-se
no número do bloco e quadra da fazenda, onde estava à planta matriz e de sua
posição dentro da quadra. Os frutos, após colhidos, foram separados na
quantidade de no mínimo 60 (sessenta) por planta, quebrados de forma
cuidadosa para a retirada das sementes, que posteriormente foram
acondicionadas em sacos plásticos identificados com o número da planta matriz e
a cor do fruto.
Antes da semeadura, as sementes foram tratadas com hipoclorito de sódio
1,5 ppm. Após isso, imersas durante três minutos em solução composta pela
mistura dos seguintes produtos: Fosetyl (0,8g/L), Monocrotofós (1 mL/L), Vetran
(200g/100 kg semente), visando evitar contaminação por fungos como Fusarium
spp e Phytophthora spp, além de ácaros (Protocolo de tratamento de sementes
INACERES Agrícola).
Após estes tratamentos, uma sub-amostra de 35 lotes, com 60 sementes
cada, foi separada ao acaso, de dentro dos 89 lotes de sementes existentes.
1
Cada lote de 60 sementes foi pesado com o uso de balança digital, com precisão
decimal, para efetuar a correlação entre o peso e percentagem de germinação.
A germinação dos 89 lotes de sementes foi realizada nos germinadores da
INACERES sede, localizada no município de Uruçuca-Ba, em leito de areia
lavada, previamente desinfetada com Cloridrato de Benzalcônio (0,2 g/l) na vazão
de 5 litros de calda/m2. Aos 90 dias, as plântulas foram retiradas do germinador e
contadas para o cálculo do percentual de germinação e numero de plântulas com
espinhos. Em seguida, foram tratadas com uma solução de Fosetyl (0,8g/L) por
dois minutos, e após uma solução de Kasumin (1g/L) por mais dois minutos. Na
seqüência, foram repicadas para saquinhos de polietileno 14 x 20 x 0,01 cm, que
continham substrato formado por 62 % de solo argiloso, 15 % de areia, 23 % de
matéria orgânica.
Para analisar o percentual de mortalidade de plântulas aos 60 dias, foi
instalado um experimento, em blocos casualizados com 89 tratamentos e duas
repetições, perfazendo 178 unidades experimentais com 25 plântulas cada,
totalizando 4.450 plântulas no experimento. Foram realizados os tratos de
irrigação e controle de doenças e a tomada de dados do numero de plantas
mortas.
Os dados foram analisados, com o auxílio dos programas R (R
DEVELOPMENT CORE TEAM, 2006) e Tinn-R (TINN-R DEVELOPMENT TEAM,
2006). Foram feitos correlações entre o percentual de germinação e o peso das
sementes (g) e entre o peso das sementes e o índice de mortalidade aos 60
(sessenta) dias de viveiro. Aplicou-se o teste de SNK (Student-Newman Keuls) a
10 % de probabilidade para avaliar as diferenças entre o peso e o percentual de
germinação de sementes advindas de frutos amarelos e vermelhos. O teste de
1
Lilifors foi aplicado visando verificar a normalidade da distribuição do percentual
de germinação e o peso médio das sementes.
4.0 Resultados e Discussão
O peso médio das sementes e a percentagem de germinação apresentaram
distribuição normal, segundo o teste de Lilifors (5 %), indicando que estas
características devem ser de natureza poligênica. As sementes apresentaram peso
médio de 2,12 g, com amplitude de variação de 0,28 a 3,67 g, portanto, com elevada
variabilidade (Tabela 2).
Nesta Tabela encontra-se também a percentagem de germinação, que foi em
média 56,2 %, com amplitude de variação de 4,6 a 96,0 %, mostrando que
determinadas plantas matrizes produzem sementes com elevada taxa de
germinação enquanto que outras a taxa é muito baixa.
Tabela 2 – Peso médio de sementes e, percentagens de germinação, de mortalidade de plântulas e de plântulas com espinhos, Una/Uruçuca, BA – 2005/2006.
Medidaestatística
Peso médio das 60
sementes (g)
Germinação(%)
Mortalidade de plântulas (60
dias) (%)
Plântulas com espinhos (%)
Mínimo 0,28 4,6 0,5 0Média 2,12 56,2 5,3 1,6
Máximo 3,67 96 20 16,0Desvio Padrão 0,88 23,2 3,7 3,5
cv % 41,62 41,3 70,4 220,7Número de
lotes de sementes
35,00 89,0 89,0 89,0
Cada um kg de semente de pupunha apresentou em média 470 unidades, o
que deve render cerca de 260 mil plântulas por tonelada de semente, considerando
56 % de germinação, conforme encontrado neste estudo. Por outro lado, se fossem
coletadas apenas sementes das matrizes com poder de germinação acima de 70 %,
cerca de 30 % das matrizes, o rendimento médio passaria para 329 mil plântulas por
1
tonelada, que é considerado excelente pelos viveiristas locais.
A grande amplitude de variação da germinação das sementes (4,6 a 96%)
(Tabela 3) observada neste trabalho obriga o produtor de mudas a aumentar a
quantidade de sementes no germinador, elevando o custo de produção. A coleta de
sementes apenas nas matrizes com as maiores percentagens de germinação
garantiria melhor rendimento de plântulas por tonelada de sementes germinadas.
Contudo, existe uma alta demanda de sementes, o que leva a coleta de todas
aquelas existentes nos campos a cada ano.
Tabela 3 - Distribuição de freqüência do percentual de germinação de sementes de pupunheira, Una/Uruçuca, BA –2005/2006.
Classes (%) Fr Fr (%) Fac Fac (%)0├10 3 3,37 3 3,3710├20 5 5,62 8 8,9920├30 3 3,37 11 12,3630├40 11 12,36 22 24,7240├50 12 13,48 34 38,2050├60 14 15,73 48 53,9360├70 15 16,85 63 70,7970├80 10 11,24 73 82,0280├90 11 12,36 84 94,38
90├100 5 5,62 89 100,00Nota: Fr: freqüência relativa; Fac: freqüência acumulada
Os percentuais médios de mortalidade de plântulas em viveiro e de plântulas
com espinhos foram: 5,3 %, com amplitude de variação de 0,5 a 20 % e; 1,6 %, com
amplitude de variação de 0 a 16 %, respectivamente (Tabela 2). Estes valores são
considerados aceitáveis por viveiristas da região Sul da Bahia.
A correlação entre o peso e o percentual de germinação das sementes foi
positiva, porém baixa (r = 0,054), sugerindo que a germinação não está associada
com as reservas nutricionais existentes nas sementes. A correlação entre o peso
das sementes e o índice de mortalidade das plântulas no viveiro, aos 60 dias, foi
2
Amarelos Vermelhos
2040
6080
Ger
min
ação
, %
negativa e baixa (r = -0,086), indicando que a sobrevivência também não foi
influenciada pela reservas nutricionais das sementes.
Existiam suspeitas entre os agricultores do Sul da Bahia que sementes
oriundas de frutos amarelos apresentavam poder germinativo menor do que aquelas
originárias de frutos vermelhos. Após realização deste teste verificou-se que
sementes de frutos amarelos apresentaram média de 58,47 % de germinação
enquanto que as de frutos vermelhos apresentaram 55,56 % (Figura 3). A pequena
diferença detectada (2,92 %) não foi significativa pelo teste de SNK (Student-
Newman Keuls) a 10 % de probabilidade. Assim, conclui-se que a germinação das
sementes independe da cor do fruto que lhes deu origem. Uma conseqüência prática
disso é que o produtor pode adquirir sementes sem se preocupar com a cor do fruto,
Figura 3 - Percentual de germinação de frutos amarelos e vermelhos, Una/Uruçuca, BA – 2005/2006
T
endo em vista que as sementes de ambos germinam igualmente. Quanto ao peso
das sementes de frutos amarelos e vermelhos, verificou-se que não existiram
diferenças estatísticas significativas pelo teste de SNK a 10 % de probabilidade
2
(Tabela 2).
Apesar de todas as plantas matrizes selecionadas serem inermes, verificou-se
que 22 das 89 progênies (24 %) apresentaram plântulas com espinhos no caulículo.
Estes resultados divergem daqueles encontrados por (YUYAMA e CHAVES
FLORES, 1996), que demonstrou a ocorrência do caráter espinho em 51 % das
progênies por ele testadas. Com relação às plântulas sem espinho, a ocorrência foi
de 76 %, também divergente dos 48,10 % verificados por (YUYAMA e CHAVES
FLORES, 1996). Plantas com espinhos no estipe dificultam a extração de palmito
devido à dificuldade de manejo e também aumentam os riscos de acidentes de
trabalho. Por outro lado, mudas que apresentem espinhos no limbo foliar/pecíolo
podem ser cultivadas e manejadas sem maiorescaulícu dificuldades. Em duas das
89 progênies foi observada a ocorrência de plântulas albinas, que representaram
0,048 % do total geral de plântulas germinadas. O albinismo em geral está
relacionado com genescaulícu recessivos e plantas com essa característica não
sobreviveram por muito tempo.
5.0 Conclusões
1 - A percentagem média de germinação das sementes foi de 56,2%.
2- O percentual de germinação e o peso das sementes apresentaram correlação
positiva, porém baixa.
3 – A mortalidade das plântulas aos 60 dias de viveiro não foi correlacionada com o
peso das sementes.
4 - O peso e a germinação das sementes, oriundas de frutos amarelos e vermelhos,
não apresentaram diferenças estatísticas significativas.
2
5 - Plântulas com espinhos no caulículo e plântulas albinas ocorreram nas progênies
avaliadas.
2
6.0 Referências
BERGO, C. L; LUNZ, A. M. P. Cultivo da pupuha para palmito no Acre. Rio Braço. Embrapa Acre 2000 Disponível em < http://www.cpafac.embrapa.br/pdf/cirtec31.pdf> Consultado em 02/06/2007
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