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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCOCurso de Enfermagem
FLÁVIA CESILLA BUENOKELLI CRISTINA DA SILVA XAVIER
GESTÃO EM ENFERMAGEM: Dimensionamento dePessoal na Clínica Cirúrgica de um Hospital Universitário
Bragança Paulista2015
FLÁVIA CESILLA BUENO – RA: 001201101150KELLI CRISTINA DA SILVA XAVIER - RA: 001201101656
GESTÃO EM ENFERMAGEM: Dimensionamento dePessoal na Clínica Cirúrgica de um Hospital Universitário
Projeto de Pesquisaapresentado à Disciplina de ProjetoTécnico Científico Interdisciplinar, doCurso de Enfermagem, do Centro deCiências Biológicas e da Saúde, daUniversidade São Francisco, soborientação da Profa. Gisleide CarvalhoGóes Fernandes, como exigênciapara aprovação na disciplina.
Bragança Paulista2015
À Deus, que é meu guiaem todas as horas. Aos meus paise irmão, e especialmente ao meuNoivo.
À Deus que se faz presenteem todos os momentos na minhavida. Aos meus pais, irmãos emeu Marido, pessoas queestiveram sempre ao meu ladodurante esta caminhada.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse ао longo dе minha
vid, não somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos é o maior
mestre qυе alguém pode conhecer. Agradeço também esta Instituição que me proporcionou
toda a estrutura necessária para a realização deste trabalho. À orientadora desta pesquisa
Ms. Gisleide Carvalho Goes, que não poupou esforços, mantendo-se presente em todos os
momentos, nos aconselhando e apoiando. Aos meus pais, José Roberto Bueno e Maria
Edna Cesilla Bueno pela confiança. Ao meu noivo Felipe Andrade da Costa Faria que me
proporcionou apoio,compreensão e ajuda em todos os momentos. E à minha companheira
Kelli Cristina da Silva, pelo empenho, amizade e apoio ao realizar este trabalho, sempre
acreditando em nossa capacidade.
Agradeço à Deus por tornar tudo isso possível, a esta Universidade e seu corpo
docente, à prof. Ms. Gisleide Carvalho Goes, pela orientação, apoio e paciência. Aos meus
pais, José Geraldo da Silva e Maria Fátima Muciacito da Silva, pelo amor e incentivo. Ao
meu querido marido Maximillian José Xavier, por diversas contribuições e críticas a este
trabalho, por sempre confiar em minha capacidade e me fortalecer nas dificuldades, pela
paciência e incentivo, o que foi muito importante para a realização deste trabalho. E à minha
companheira Flavia Cesilla Bueno, pelo empenho, amizade e apoio ao realizar este
trabalho, sempre acreditando em nossa capacidade.
¨O Valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que
acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
(Fernando Pessoa)
RESUMO
GESTÃO EM ENFERMAGEM: Dimensionamento de pessoal na clínicacirúrgica de um Hospital Universitário
Bueno Flavia C; Xavier Kelli CS; Fernandes Gisleide CG;
Para prestar um serviço de qualidade, além de uma estrutura física adequada e materiais dequalidade, é fundamental que os recursos humanos sejam adequados em relação aonúmero de funcionários, conhecimento técnico cientifico do profissional e a carga horáriaexercida pelo mesmo, visto que a mão de obra nos serviços de saúde é insubstituível pelatecnologia. Para isso é essencial um investimento da instituição em recursos físicos eprincipalmente em educação continuada e dimensionamento de pessoal. Este estudo tevecomo objetivo avaliar o grau de dependência dos pacientes segundo o Sistema deClassificação de Pacientes e com este dado realizar o Cálculo de Dimensionamento dePessoal. Tratou-se de um estudo descritivo exploratório de campo, com abordagemquantiqualitativa. Para a coleta dos dados foi utilizado o Score de Schein/Rensis Likertembasados nos relatórios de enfermagem que constam nos prontuários dos pacientes.Foram avaliados 984 pacientes em um período de 30 dias (média de 32,79 pacientes pordia), onde 485 (49,30%), foram classificados em cuidados mínimos, 240 (24,39%) emcuidados intermediários, 225 (22,86%) em cuidados semi intensivos e 34 (3,45%) emcuidados intensivos. Logo após foi realizado a avaliação da escala de funcionários e ocálculo de dimensionamento de pessoal com a fórmula de Fugulin, conforme a Resoluçãodo COFEN 293/04. Os resultados obtidos no estudo revelam que seria necessário umquadro de pessoal com um número maior de enfermeiros. Quanto à equipe de técnicos deenfermagem encontra-se em número adequado de acordo com o calculo dedimensionamento. De acordo com o estudo espera-se que o setor de recursos humanosreformule o quadro de pessoal, visto que isto só tem a contribuir com a instituição no que dizrespeito à melhora da qualidade da assistência.
Descritores: Gestão em enfermagem, dimensionamento de pessoal, administração em
enfermagem e sistema de classificação de pacientes.
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ABSTRACT
MANAGEMENT IN NURSING: Personnel Scaling in the surgical clinic of auniversity hospital
Bueno Flavia C; Xavier Kelli CS; Fernandes Gisleide CG;
To provide a quality service, as well as adequate physical structure and quality materials, it iscritical that human resources are adequate in relation to the number of employees, scientificexpertise of professional and hourly load exerted by the same, as your hand of work in healthservices is irreplaceable by technology. For this it is essential to an investment in physicalresources of the institution and especially in continuing education and staff dimensioning.This study aimed to evaluate the degree of dependence of patients according to the PatientClassification System and this data carry the Personal sizing calculation. This was adescriptive and exploratory field study, with quantitative and qualitative approach. To collectthe data we used the Score Schein / Rensis Likert grounded in nursing reports contained inthe medical records of patients. 984 patients were evaluated in a period of 30 days (mean32.79 patient per day), where 485 (49.30%) were classified as minimal care, 240 (24.39%) ofintermediate care, 225 (22 , 86%) in a semi intensive care and 34 (3.45%) in intensive care.Soon after it was conducted assessing the scale of staff and the staff dimensioningcalculation with Fugulin formula, according to COFEN resolution 293/04. The resultsobtained in this study show that a staff with a larger number of nurses would be required. Asfor the team of nursing technicians is in adequate numbers according to the sizingcalculation. According to the study it is expected that the sector of human resourcesreformulate the personnel, as this only has to contribute to the institution with regard toimproved quality of care.
Key words: management in nursing staff dimensioning, nursing administration and patientclassification system.
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Distribuição dos pacientes da Unidade da Clínica Cirúrgica, segundo
a categoria de cuidados. Bragança Paulista, 2015. ................................................. 39
GRÁFICO 2 – Quadro de Pessoal de Enfermagem, segundo a categoria profissional
de acordo com o dimensionamento de pessoal realizado no mês de janeiro\fevereiro,
e o número existente no quadro de pessoal durante o mesmo período – Bragança
Paulista, 2015........................................................................................................... 46
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distribuição dos leitos observados, leitos vagos e leitos interditados
durante o processo de classificação de pacientes, da unidade de internação da
clínica cirúrgica. Bragança Paulista, 2015................................................................ 37
TABELA 2 - Distribuição dos pacientes da Unidade da Clínica Cirúrgica, segundo a
categoria de cuidados. Bragança Paulista, 2015. .................................................... 38
TABELA 3 - Distribuição do número de funcionários de enfermagem, segundo a
escala de serviço e categoria profissional existente na Unidade de Clínica Cirúrgica
durante o mês de janeiro, sendo quatro plantões de 12/36 horas – Bragança
Paulista, 2015........................................................................................................... 40
TABELA 4 - Distribuição do quantitativo médio diário de pacientes internados na
Clínica Cirúrgica segundo SCP. Bragança Paulista, 2015. ...................................... 41
TABELA 5 - Distribuição do número de pessoal de enfermagem, segundo a
categoria profissional de acordo com o calculo de dimensionamento de pessoal
realizado, sendo quatro plantões de 12/36 horas – Bragança Paulista, 2015.......... 45
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Escore de Schein/Rensis Likert .................................................... 23
QUADRO 2 – Sistema de Classificação de Pacientes ........................................ 24
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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
CEP – Comitê de Ética ProfissionalCOFEN – Conselho Federal de EnfermagemCOREN – Conselho Regional de EnfermagemDS – Dias da SemanaHS ENF – Horas de EnfermagemIST – Índice de Segurança TécnicaJST – Jornada Semanal de TrabalhoNL – Número de LeitosPCIt – Pacientes Cuidados IntensivosPCI – Pacientes Cuidados IntermediáriosPCM – Pacientes Cuidados MínimosPCSI – Pacientes Cuidados Semi IntensivosPT – Período de TrabalhoQP – Quadro de PessoalSCP – Sistema de Classificação de PacientesTA – Taxa de absenteísmoTB – Taxa de ausência por benefícioTHE – Total de Horas de EnfermagemTO – Taxa de Ocupação
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................152 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................17
2.1 ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM...............................................................172.2 DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM ..................................182.3 DECRETO Nº 94.406, DE 8 DE JUNHO DE 1987................................................202.4 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES ...............................................202.5 RESOLUÇÃO COFEN 293/04..............................................................................252.6.CÁLCULO DE FUGULIN......................................................................................25
2.6.1 Autora do Cálculo de Fugulin ................................................................252.6.2 Índices de Segurança Técnica...............................................................262.6.3 Jornada Semanal de Trabalho ...............................................................272.6.4 Período de Tempo...................................................................................272.6.5 Quadro de Pessoal .................................................................................282.6.6 Dias da Semana ......................................................................................282.6.7 Número e Leitos......................................................................................282.6.8 Total de Horas de Enfermagem(THE) ....................................................28
3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................304 HIPÓTESE .......................................................................................................................315 OBJETIVOS .....................................................................................................................32
5.1 OBJETIVO GERAL ..............................................................................................325.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .....................................................................................32
6 METODOLOGIA...............................................................................................................336.1 TIPO DE ESTUDO................................................................................................336.2 LOCAL .................................................................................................................336.3 OBJETO DO ESTUDO.........................................................................................336.4 CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO E EXCLUSÃO ....................................................336.5 FONTE DE DADOS..............................................................................................336.6 PROCEDIMENTOS ..............................................................................................34
6.6.1 Procedimento Ético Legal ......................................................................346.6.2 Procedimento de Coleta de Dados ........................................................346.6.3 Procedimento de Análise de Dados ......................................................34
7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ....................................................357.1 Características do Hospital.......................................................................357.2 Sistema de Classificação de Pacientes....................................................367.3 Dimensionamento de Pessoal na Clínica Cirúrgica de um Hospital
Universitário.......................................................................................................................407.4 Cálculo de Dimensionamento de Pessoal na Clínica Cirúrgica de um
Hospital Universitário........................................................................................................428 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................48
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................50ANEXOS .............................................................................................................................54
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o hospital é considerado a mais complexa das organizações de saúde,
face à diversidade de profissionais, usuários, tecnologias, relações interpessoais, processos
de trabalho, formas de organização e espaços que alberga (GAIDZINSKI, 1998).
Acompanhando a evolução dos hospitais o gerenciamento tem sido de suma importância,
segundo Holanda, (1977) apud Gardner, (1990) “gerenciar é a ação de gerir, dirigir ou
administrar, conceito semelhante aos termos gestão e management”.
Realizar uma boa gerência requer atenção às transformações em âmbitoseconômicos, políticos e tecnológicos que vem influenciando asorganizações em geral. Seguindo ensinamentos de Taylor e Fayol aenfermagem caminha baseando-se em uma forma distributiva de trabalho,dividindo tarefas, realizando o planejamento de toda e qualquer ação a serrealizada, seguindo protocolos e manuais de trabalho, o que nos mostra aimportância de uma boa gestão, capaz de unir todas essas atividades ealgumas mais com apenas um objetivo: assistência de excelência (GRECO,2004).
A administração em enfermagem teve inicio no século XIX, com FlorenceNightingale, considerada a precursora da enfermagem, que teve seuapogeu na profissão ao desempenhar um incrível papel durante a Guerra daCriméia. Ela já realizava medidas administrativas no seu cuidado diretoatravés das nurses e do cuidado indireto através das ladies nurses,realizando a divisão de tarefas, a organização do processo terapêutico esistematização das técnicas e procedimentos realizados na enfermagem.(NIGHTINGALE, 1858).
O enfermeiro com o papel de gerente da unidade onde atua, tem comofunção realizar a previsão, provisão, manutenção, controle de recursosmateriais e humanos para a realização do serviço, gerência do cuidado, queconsiste no diagnóstico, planejamento, execução e avaliação daassistência, passando pela delegação das atividades, supervisão eorientação da equipe (GRECO, 2004).
Quanto à gestão com pessoas, o enfermeiro buscará trabalhar com estratégias para
conhecer quais são as necessidades que devem ser atendidas no cliente, que procura seu
serviço, o qual deve ter suas expectativas superadas para retornar em outras ocasiões
(BALSANELLI, 2008).
Para prestar um serviço de qualidade além de uma estrutura física adequada e
materiais de qualidade, é fundamental que os recursos humanos sejam adequados em
relação à número de funcionários, conhecimento técnico cientifica do profissional e a carga
horária exercida pelo mesmo, visto que a mão de obra nos serviços de saúde é
insubstituível pela tecnologia.Para isso é essencial um investimento da instituição em
recursos físicos e principalmente em educação continuada e dimensionamento de pessoal.
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O dimensionamento de pessoal de enfermagem é um tema que atualmente, está
sendo muito discutido e abordado nos fóruns e na literatura de enfermagem (ANTUNES e
COSTA, 2003). Segundo Ribeiro (2002) “o Sistema de Classificação de Pacientes, SCP foi
estudado inicialmente e apresentado como proposta a ser utilizada no calculo de pessoal de
enfermagem”.
Visando esta necessidade, em 1960 foi criado o SCP que é definido como um
sistema que permite a identificação e classificação de pacientes em grupos de cuidados ou
categorias e a quantificação dessas categorias como medida dos esforços de enfermagem
requeridos (GIOVANNETTI, 1979).
O interesse em desenvolver essa pesquisa veio através de nossa experiência como
profissionais na área de enfermagem, vivenciando as dificuldades em relação aos recursos
humanos para o serviço de enfermagem. Sendo assim, surgiu-nos a oportunidade em
aprofundarmos nesse tema, buscar na literatura científica e subsidiá-la com a coleta de
dados em campo a real necessidade de profissionais de enfermagem, estabelecendo assim,
parâmetros mínimos para uma assistência qualificada.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Administração em Enfermagem
A enfermagem é uma profissão que tem evoluído consideravelmente nosúltimos anos, em função do desenvolvimento técnico-científico e de suaprática profissional. Estudada e explicada sob diferentes enfoques, a práxisda enfermagem tem contribuído muito para o desenvolvimento pessoal eprofissional da categoria, o que faz com que ela necessite do apoio deoutras ciências, como a administração, para a expansão do conhecimento.(SOUZA e SOARES, 2006)
A prática gerencial do enfermeiro envolve múltiplas ações de gerenciar,cuidando e educando, de cuidar gerenciando e educando, de educarcuidando e gerenciando, construindo conhecimentos e articulando osdiversos serviços hospitalares e para-hospitalares, em busca da melhorqualidade do cuidado, como direito do cidadão. (SANTOS, 2013)
A palavra administrar em enfermagem abrange vários aspectos dessa profissão tão
eclética, tanto que é necessário uma disciplina específica no curso para desvendar esses
aspectos tão diferentes e por outro lado tão interligados. Ao citar o presente assunto torna-
se imprescindível apresentar toda a trajetória percorrida até os dias atuais, iniciando com um
nome, Florence Nigthingale.
A administração de hospitais, a formação de enfermeiros e a educação emserviço foram, para Florence, a preocupação primordial de todo o seuempreendimento na Enfermagem, de acordo com a sua mais difundidaobra, o livro "Notas Sobre Enfermagem: o que é e o que não é", escrita em1859 e só traduzida para o português em 1989. (FORMIGA e GERMANO,2005).
O primeiro método de planejamento de recursos humanos em enfermagemsurgiu em torno do século XVII, com Florence Nightingale, pioneira daadministração hospitalar e precursora da profissão de enfermagem.Denominado intuitivo, baseava-se na subjetividade e na relaçãoproporcional entre trabalhadores e tarefas, considerando a gravidade dospacientes. (MAGALHÃES, RIBOLDI e AGNOL, 2009).
O saber de administração, presente na formação do enfermeiro, sempre procurava
conciliar princípios de Administração Científica (Taylor) e da Teoria Clássica da
Administração (Fayol), haja vista que esta última apresentava-se como necessária à
organização hospitalar no Brasil. ( TREVISAN,1988).
Nas décadas de 50 e 60, observa-se a incorporação dos estudos de Taylorno ensino e no trabalho de Enfermagem, onde predominavam a descriçãode técnicas, a economia de materiais, tempo e movimento. Nessaperspectiva, o ensino e a prática de administração preocupam-se com adistribuição de escalas de serviço, levando em consideração os tipos deprocedimentos, a utilização de mão-de-obra do aluno nos hospitais, além da
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preocupação com as técnicas e procedimentos. (FORMIGA e GERMANO,2005)
A partir da década de 1990, com as novas demandas exigidas peloexercício de cuidar do ser humano, o advento do Sistema Único de Saúde eas transformações no mundo do trabalho, intensifica-se o debate acerca dasmudanças necessárias na gestão/gerência e organização do trabalho emsaúde. Nesse contexto, emerge a necessidade da construção de formasinovadoras e interativas de gerenciar em enfermagem que busquemtranspor os limites institucionalizados do cuidado tradicional, geralmentepautado em processos administrativos fundados no pensamento positivistae determinista (SANTOS, 2010).
A função administrativa do enfermeiro está prevista na Lei nº 7.498/1986,que regulamenta o seu exercício profissional. O artigo 11 define que cabeprivativamente ao enfermeiro o planejamento, organização, coordenação,execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem(MAZUELA, 2014).
O enfermeiro como gestor necessita aprofundar seus conhecimentos sobre o tema
para prover adequadamente a equipe de enfermagem qualitativa e quantitativamente para
garantir a continuidade da assistência segura, nas 24 horas (COFEN, 2014).
Ao abordar os aspectos relativos aos processos gerenciais do enfermeirosão oportunas algumas considerações relativas ao trabalho em saúde,analisando espaços do cotidiano nos quais ocorrem as relações doenfermeiro com o usuário e com os profissionais da equipe de saúde.(ROSSI e SILVA, 2005).
2.2 Dimensionamento de Pessoal de Enfermagem
“O dimensionamento constitui a adequação do pessoal em termos quantitativos e
qualitativos” (MAGALHÃES, DUARTE E MOURA, 1995). Gaidzinski (1991) afirma que “o
dimensionamento de pessoal tem sido considerado um desafio, haja vista que estes
recursos são os mais complexos da organização, e os demais recursos exigem a sua
presença, para que possam ser utilizados”.
Segundo Amorim, Façanha e Barros (1996) o dimensionamento “é a previsão da
quantidade de funcionários por categoria, requerida para atender direta ou indiretamente, as
necessidades de assistência de enfermagem aos pacientes”.
Segundo Echer et al (1999) “No hospital o processo de cuidar, como eixo central do
trabalho em enfermagem, se constitui num processo complexo contínuo e que não pode ser
adiado ou interrompido em várias circunstâncias”.
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Segundo Campos e Melo (2007).
Para o desenvolvimento das atividades de enfermagem, os recursoshumanos com sua divisão técnica e social do trabalho, constituído porauxiliares e técnicos de enfermagem e enfermeiros, devem estarcapacitados e ter competência para desenvolvê-las, além de númerosuficiente desses profissionais para tal.
De acordo com Magalhães, Riboldi e Agnol (2009).
A prestação de serviços de saúde, diferente de outros setores produtivos,ainda não conseguiu substituir os recursos humanos por máquinas ou robôsque possam assegurar o atendimento ao paciente. O advento de váriastecnologias tem auxiliado no monitoramento mais rigoroso das condiçõesclínicas do paciente, assim como na precisão das intervenções terapêuticas,gerando a necessidade de maior qualificação dos profissionais para suaincorporação sem causar impacto na diminuição de trabalhadoresnecessários para operá-las.
“Apesar de ter havido algumas iniciativas de classificar os pacientes quanto ao grau
de dependência e o estabelecimento de horas de enfermagem nas décadas de 70-80”
(CAMPEDELLI, 1987 apud MAGALHÃES, RIBOLDI e AGNOL, 2009). Apenas em 2004 foi
estabelecidos parâmetros para o dimensionamento do quadro de profissionais de
Enfermagem nas Unidades Assistenciais das Instituições de saúde, pela Resolução COFEN
293/2004.
“Atualmente, devido à complexidade dos cuidados e do processo de trabalho em
saúde, tem se buscado desenvolver modelos de adequação de pessoal de enfermagem de
acordo com as características dos pacientes e grau de dependência dos cuidados de
enfermagem” (GAIDZINSKI,1991).
A previsão do quantitativo de pessoal é um processo que depende do conhecimento
da carga de trabalho existente nas unidades de internação e isso depende, por sua vez, das
necessidades de assistência dos pacientes e do padrão de cuidado pretendido
(GAIDZINSKI, 1998).
Assim, a Resolução Cofen nº 293/2001 traz em seu bojo umainstrumentalização legal para possibilitar ao gestor de enfermagem umplanejamento adequado às necessidades reais e, assim, defender junto àadministração a provisão de profissionais de enfermagem para odesempenho das atividades legalmente previstas.(MAZUELA, 2014)
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2.3 Decreto No 94.406, de 8 de junho de 1987
Este decreto regulamenta a Lei 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o
exercício da enfermagem, definindo quais profissionais são considerados enfermeiros e cita
quais são algumas das atribuições do enfermeiro, como por exemplo a elaboração da
prescrição de enfermagem.(COFEN, 1987)
Art. 1º O exercício da atividade de enfermagem, observadas as disposiçõesda Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus dehabilitação, é privativo de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar deEnfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional inscrito noConselho Regional de Enfermagem da respectiva Região.
Art. 2º As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade deenfermagem no seu planejamento e programação.
Art. 3º A prescrição da assistência de enfermagem é parte integrante doprograma de enfermagem.
Art. 4º São Enfermeiros:
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nostermos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de EnfermeiraObstétrica, conferido nos termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma oucertificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente,conferido por escola estrangeira segundo as respectivas leis, registrado emvirtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil comodiploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos itens anteriores, obtiveram título deEnfermeiro conforme o disposto na letra d do art. 3º do Decreto nº 50.387,de 28 de março de 1961. […]
2.4 Sistema de Classificação de Pacientes
O SCP é um processo no qual se procura categorizar pacientes de acordo com a
quantidade de cuidado de enfermagem requerida, ou seja, baseada no grau de
complexidade da assistência de enfermagem (PERROCA e GAIDZINSKI, 2002).
As primeiras experiências de classificação de pacientes em relação aoscuidados de enfermagem foram desenvolvidas por Florence Nightingale, queorganizava as enfermarias de modo que os mais graves fossem alocados nasproximidades das mesas das enfermeiras. Na década de 1930, o SCPcomeçou a ser desenvolvido nos Estados Unidos e passou a ser utilizado noshospitais. A principal finalidade era de analisar a dependência do paciente
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internado, estimar o tipo e a quantidade de recursos necessários para ocuidado (LAUS e ANSELMI, 2004).
No Brasil, uma das primeiras autoras a tratar do assunto foi Ribeiro que, em1972, utilizou a denominação Cuidado Progressivo dos Pacientes (CPP).Subsidiou o dimensionamento de recursos humanos em enfermagem, com opropósito de garantir uma distribuição igualitária da assistência, aumentandoa produtividade e a eficiência hospitalar (PERROCA e GAIDZINSKI, 1998).
A recomendação para o uso da classificação de pacientes e a determinaçãoda competência do enfermeiro veio somente em 1996 (COFEN 189/1996) eatualizada em 2004 (COFEN 293/2004). Foi estabelecido que o cálculo depessoal de enfermagem deveria ter como base a aplicação de SCP como umdos indicadores para estabelecer o perfil de cada paciente nas unidadeshospitalares, as horas mínimas de ausência e a distribuição dos profissionaispara cada tipo de cuidado (PERROCA, 2008).
O Sistema de classificação de pacientes leva em conta as seguintes características
da instituição: missão; porte; estrutura organizacional; estrutura física; tipos de serviços e/ou
programas; tecnologia e complexidade dos serviços e/ou programas; política de pessoal;
política do RH; política financeira; atribuições e competências dos integrantes dos diferentes
serviços e/ou programas.
O serviço de enfermagem deve ser também considerado, quanto à fundamentação
legal do exercício profissional (Lei nº 7.498/86 e Decreto nº 94.406/87), o Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem, Resoluções COFEN e Decisões dos CORENs, além dos
aspectos técnico-administrativos citados abaixo:
1. Modelo gerencial;2. Modelo assistencial;3. Métodos de trabalho;4. Jornada de trabalho;5. Carga horária semanal;6. Padrões de desempenho dos profissionais;7. Índice de segurança técnica (IST);8. Taxa de absenteísmo (TA);9. Taxa de ausência de benefícios (TB);10. Proporção de profissionais de enfermagem de nível superior e médio;11. Indicadores de avaliação de qualidade de assistência.
Os Indicadores conhecidos são: quedas de paciente; contenção mecânica no leito;
úlceras por pressão; soromas; flebite; manutenção da integridade da pele; taxa de
ocupação; tempo médio de permanência; índice de infecção; índice de mortalidade; outros.
Outra particularidade a ser observada durante a classificação de pacientes é a
clientela a ser atendida, devendo-se avaliar sua realidade sócio cultural e econômico.
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Existe uma classificação de pacientes baseada nas teorias administrativas de Edgar
Henry Schein e do sociólogo e psicólogo Rensis Likert, chamada de Escore de
Schein/Rensis Likert (QUADRO 1), onde os mesmos são avaliados segundo o estado
mental, sinais vitais, deambulação, motilidade, oxigenação, eliminação, terapêutica e
integridade cutâneo mucosa.
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QUADRO 1 – Escore de Schein/Rensis Likert
ESCORE DE SCHEIN/RENSIS LIKERT
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Pontuação
1- Estado Mental
2- Sinais VitaisControle de 6 em 6 horas Controle de 4 em 4 horas
3- Deambulação
4- Motilidade
5- Oxigenação
6- Eliminação
7- Alimentação
8- Terapêutica
Aplicação de pe-sos pelo grau dedificuldade
Cuidados Mínimos: até17 pontos
Cuidados Intermediários:18 a 28 pontos
Cuidados Semi Intensivos:29 a 39 pontos
Cuidados Intensivos: 40a 50 pontos
Lúcido/Orientado notempo e no espaço( OTE)
OTE, dificuldade de seguirinstruções
Período de desorientaçãono tempo e no espaço
Desorientado no tempoe no espaço
Inconsciente sem resposta ver-bal
Conforme rotina, 1 a 2vezes ao dia e/ou nãonecessita de controle
Controle de 2 em 2 ho-ras
Controle de 1 em 1 hora ou maisfrequente ainda controle de horá-rio de PVC, PAM, etc.
Deambula semajuda/Autossuficiente
Encorajamentos e supervi-são para deambular
Uso de cadeiras de rodas,muletas e outros artefatoscom orientação e supervi-são
Uso de cadeira de ro-das, muletas e outros ar-tefatos com ajuda efetivada enfermagem
Ausência de movimentos corpo-rais, total dependência para serremovido do leito.
Movimenta os segmen-tos corporais (MS e MI)sem ajuda/ Autossufi-ciente
Estímulos, encorajamen-tos ou supervisão paramovimentar os segmentoscorporais
Ajuda para movimentar ossegmentos corporais
Movimentação passiva,programada e realizadapela enfermagem
Mudança de decúbito e movi-mentação passiva, programadae realizada pela enfermagem.
Não depende de oxi-genoterapia
Uso intermitente de O2 porcateter ou máscara
Uso intermitente de O2 porcateter ou máscara e outroscuidados simples
Com traqueostomia outubo orotraqueal comcuidados respiratóriossimples
Com ventilação mecânica contí-nua ou intermitente, ou vigilân-cia e cuidados respiratóriosconstantes
Não necessita de aju-da/Autossuficiente
Autossuficiente com contro-le de ingesta e elimina-ções
Orientação e supervisãopara ingesta e eliminações
Ingesta, eliminações econtroles realizadoscom ajuda da enferma-gem
Assistência constante da enfer-magem, evacuação no leito e/ouuso de SV. Necessidade decontrole das eliminações
Alimenta-se sozinho/Autossuficiente
Estímulo, encorajamento esupervisão para se alimen-tar ou tomar líquidos
Não se alimentasozinho, precisa daajuda da enfermagem
Alimentação através deSNG, SNE, realizadapela enfermagem
Assistência efetiva da enferma-gem, presença de estomas,SNG ou SNE, com controle rigo-roso
Medicamentos via oral(uma a várias vezesao dia) ou de rotina
Medicamentos VO, IM, IDou SC intermitente
Medicamentos através deSNG, endovenosos contí-nuos
Endovenoso contínuo,mais sangue ou deriva-dos, NPP ou citostáticos
Uso de drogas vasoativas paramanutenção da pressão arterial
9-IntegridadeCutâneo – Mucosa
Sem lesão/solução decontinuidade
Uma ou duas lesões compequenos curativos sim-ples(troca uma vez ao dia)
Uma ou mais lesões comcurativos grandes (trocaumavez ao dia)
Duas ou mais lesões(escaras, ostomas),com curativos grandes(troca duas vezes ao dia)
Duas ou mais lesões infectadascom grandes curativos (trocaduas ou mais vezes ao dia)
10- Cuidado Cor-poral
Cuida-se sozinho/Autossuficiente
Encorajamento para banhode chuveiro e higiene oral
Banho de chuveiro e higieneoral com auxílio da enfer-magem
Banho de chuveiro emcadeira de rodas e higi-ene oral realizada pelaenfermagem
Banho de leito e higiene oralrealizados pela enfermagem
24
Após ser realizada a classificação, segundo o Score de Rensis/Linkert, somam-se
todos pontos de acordo com grau de dependência e assim será possível classificar os
pacientes de acordo com o nível de cuidados por eles requeridos, podendo ser observado
no QUADRO 2.
QUADRO 2 – Sistema de Classificação de Pacientes
Segundo a resolução Cofen 293/2004 definem-se:
Pacientes de cuidados mínimos (PCM)/autocuidadoPaciente estável, sob o ponto de vista clínico e de enfermagem e fisicamente auto-
suficiente quanto ao atendimento das necessidades humanas básicas.
Pacientes de cuidados intermediários (PCI)Paciente estável, sob o ponto de vista clínico e de enfermagem, requerendo
avaliações médicas e de enfermagem, com parcial dependência dos profissionais de
enfermagem para o atendimento das necessidades humanas básicas.
Pacientes de cuidados semi-intensivos (PCSI)Paciente grave e recuperável, com risco iminente de morte, sujeito à instabilidade
das funções vitais, requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e
especializada.
Pacientes de cuidados intensivos (PCIt)Paciente recuperável, sem risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das
funções vitais, requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e
especializada.
Sistema de Classificação de PacientesCuidados Mínimos Até 17 pontosCuidados Intermediários De 18 a 28 pontosCuidados Semi-Intensivos De 29 a 39 pontosCuidados Intensivos De 40 a 50 pontos
25
2.5 Resolução COFEN 293\2004
Fixa e estabelece parâmetros para o Dimensionamento de Profissionais de
Enfermagem nas Unidades Assistenciais das Instituições de Saúde e Assemelhados
Normatiza em âmbito Nacional a obrigatoriedade de haver Enfermeiro emtodas as unidades de serviço onde são desenvolvidas ações deEnfermagem durante todo o período de funcionamento da instituição desaúde. […][…] O referencial mínimo para o quadro de profissionais de Enfermagem,incluindo todos os Elementos que compõe a equipe, referido no Art. 2º daLei 7948/86, para as 24 horas de cada Unidade de Serviço, considerou osistema de classificação de pacientes (SPC), as horas de assistência deEnfermagem, os turnos e a proporção funcionário/leito.
2.6 Cálculo de Fugulin
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da Resolução no 293/04,
que estabelece parâmetros oficiais para o dimensionamento de pessoal de enfermagem,
referendou o SCP de Fugulin.
O cálculo de Fugulin determina a quantidade de Profissionais de enfermagem para a
unidade de internação conforme Resolução Cofen 293/2004, que considera: Índice de
Segurança Técnica (IST), Jornada Semanal de Trabalho (JST), Período de Tempo (PT),
Quadro de Pessoal ( QP), Dias da Semana (DS), Número de Leitos (NL).
2.6.1 Autora do Cálculo de Fugulin.
Este cálculo foi desenvolvido por Maria Fernanda Togeiro Fugulin, afim de
regulamentar o processo de dimensionamento de pessoal de enfermagem.
A aproximação com o tema ocorreu quando exercia o cargo de enfermeirada unidade de internação de clinica médica [...]. Naquela ocasião,acompanhei, vivenciei e compartilhei, as dificuldades assistenciais egerenciais decorrentes da adoção de medidas administrativas dauniversidade que afetam, diretamente, o quantitativo e qualitativo depessoal de enfermagem interferindo no planejamento e consecução daspropostas e programas assistenciais implantados, comprometendo,consequentemente, a qualidade da assistência prestada. (FUGULIN,2004)
Conforme citado por Marinho e Silva (2011)
Esse sistema foi referendado pelo Conselho Federal Enfermagem(COFEN), na Resolução nº 189/96, porém sem contemplar o nível de altadependência. Em 2004, o COFEN alterou a Resolução 189/96, que tratavado dimensionamento de pessoal e publicou a Resolução nº 293/2004, ondeacrescentou algumas variáveis qualitativas.
26
2.6.2 Índice de segurança técnica
A expressão Índice de Segurança Técnica (IST) refere-se a um acréscimo percentual
no quantitativo de pessoal de enfermagem, por categoria profissional, para a cobertura de
todos esses tipos de ausências. (ROGENSKI; FUGULIN, 2007).
Conforme estabelecido na lei 293/2004:
O IST é um valor percentual que se destina a cobertura das taxas de
absenteísmo e de ausência de benefícios. Ela destina-se à cobertura das
ausências de trabalho, previstas ou não, estabelecidas ou não em lei.
Admiti-se o coeficiente empírico de 1,15 (15%), que considera 8,33% para
cobertura de férias e 6,67% para cobertura da taxa de Absenteísmo.
Taxa de Absenteísmo (TA)
A TA é obtida com o calculo das faltas, não planejadas, por vários motivos.
Taxa de ausência por benefício (TB)
A TB é obtida com o cálculo do total de dias úteis de ausência no período,
decorrentes de benefícios como férias, licença especial, etc.
Sendo assim o cálculo de Índice de Segurança Técnica é:
IST = TA + TB
De acordo com Fugulin, Gaidzinski e Kurcgant,(2005).
Dentre as principais variáveis intervenientes nos métodos dedimensionamento de pessoal de enfermagem, a determinação de um índicepara a cobertura das ausências dos trabalhadores ao serviço constitui-seum aspecto extremamente importante, em decorrência das implicações quea redução da equipe de enfermagem acarreta na quantidade e na qualidadeda assistência prestada ao paciente, especialmente nas unidades quefuncionam ininterruptamente.
Entendem-se como ausências previstas os dias relativos às folgas (descanso
semanal remunerado e feriado não coincidente com o domingo) e às férias; como ausências
não previstas os dias relativos às faltas, às licenças e às suspensões.( GAIDZINSK, 1998).
A Resolução n° 293/04(9) do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),estabelece que o IST não deve ser inferior a 15%, dos quais 8,33% referem-se à cobertura das ausências por férias e 6,67% à cobertura das ausências
27
não previstas (valor empírico), uma vez que as ausências relativas às folgasjá estão consideradas na metodologia utilizada para o dimensionamento depessoal de enfermagem. Preconiza, ainda, que nas unidades de internação,onde o quadro de profissionais de enfermagem possui 60% ou mais depessoas com idade superior a 50 anos, deverá ser acrescido 10% ao IST.As unidades deverão dispor, também, de 3 a 5% do quadro geral deprofissionais de enfermagem para cobertura de situações relacionadas àrotatividade de pessoal e participação em programas de EducaçãoContinuada. (ROGENSKI; FUGULIN, 2007).
No entanto é necessária uma coleta de dados, para determinar o índice de
segurança técnica da unidade, para um resultado fidedigno da pesquisa.
2.6.3 Jornada semanal de trabalho
Jornada semanal de trabalho (JST) é o tempo em que o empregado permanece à
disposição do empregador (RIBEIRO, 2002). A carga horária permitida para o Profissional
de Enfermagem [...] deve seguir as normas sindicais resguardadas nas convenções
coletivas de trabalho de cada categoria da enfermagem, assim como cumprir com as leis
trabalhistas CLT. (COREN, 2011)
De acordo com Freitas, Fugulin e Fernandes (2006)
A enfermagem, praticada por profissionais com diferentes tipos de formação(enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem), coordenados peloenfermeiro, caracteriza-se pelo desenvolvimento de processos de trabalhosingulares e pela necessidade de assistência contínua ao paciente, queexige a realização de turnos ininterruptos de revezamento, plantões de finalde semana, noturnos e feriados.
Nas jornadas de doze horas o intervalo para repouso ou alimentação deve ser de
uma hora, computada dentro do período de trabalho, uma vez que a jornada diária não pode
exceder a esse limite de tempo (FREITAS, FUGULIN e FERNANDES, 2006).
A CLT, por meio do artigo 66, estabelece ainda, que entre duas jornadas de trabalho
é obrigatório um intervalo de, pelo menos, onze horas consecutivas para o descanso
(NELSON, 2001).
A jornada Semanal de Trabalho da instituição que será estudada é de 36 horas
semanais, onde o sistema com de plantão será um dado que iremos colher.
2.6.4 Período de trabalho
PT é diferente e varia nas diversas Instituições e Unidades assistenciais, com os
valores típicos de 4h, 5h, 6h, decorrentes de jornadas diárias de 8, 10 e 12 horas.
28
Segundo Gonçalves (2007), define-se como o tempo diário de trabalho de cada
profissional da categoria, dependendo acordo sindical realizado, podendo ser: 4, 5, 6, 8 ou
12 horas diárias.
2.6.5 Quadro de Pessoal
O quadro de pessoal (QP) vai ser o resultado final do calculo de dimensionamento,
sendo este a resposta da equação. É o número de profissionais de enfermagem necessários
na unidade de internação, com base no Sistema de Classificação de Pacientes e na taxa de
ocupação.
2.6.6 Dias da Semana
A equipe de Enfermagem trabalha sete dias por semana (DS), em um sistema de
trabalho contínuo e interrupto, devido as necessidades da instituição hospitalar, ou seja, 7
dias completos ou 168 horas redondas.
2.6.7 Número e Leitos
O Número de leitos (NL) é inserido no calculo como taxa de ocupação (TO) da
unidade de internação, visto que não necessariamente todos os setores de internação
apresentam uma taxa de ocupação de 100%. Este cálculo é determinado com a média de
internação de um período. A TO expressa a razão entre a média do número de leitos
ocupados por clientes e o numero de leitos disponíveis em um determinado período.
2.6.8 Total de Horas de Enfermagem (THE)
THE é o somatório das horas necessárias para assistir os clientes com demanda de
cuidados mínimos, intermediários, semi intensivos e intensivos.
O referencial mínimo para o quadro de profissionais de enfermagem, incluindo todos
os elementos que compõe a equipe, referido no Art. 2° da lei n° 7.498/86 para as 24 horas
de cada Unidade de Internação, considera o SCP as horas de assistência de Enfermagem,
os turnos e a proporção funcionário/leito.
Conforme Art. 4° Para efeito de cálculo deve ser consideradas como horas de
enfermagem, por leito, nas 24 horas:
- 3,8 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência mínima ou
autocuidado;
29
- 5,6 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intermediária;
- 9,4 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência semi – intensiva;
- 17,9 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intensiva.
Equação Preconizada pelo COFEN conforme Resolução 293\04
De acordo com Fugulin (2004), “A partir do conhecimento do comportamento dessas
variáveis aplica-se uma equação que possibilita estimar o quantitativo e qualitativo de
pessoal de enfermagem”.
QP = Nº LEITOS (TO%) X HS ENF X DS + ISTJST
30
3 JUSTIFICATIVA
A inexistência de comprovação da real necessidade de recursos humanos para o
serviço de enfermagem está relacionada com a prática [...] onde todos os pacientes são
assistidos como se demandassem indistintamente a mesma quantidade de cuidados
(NICOLA, 2005).
De acordo com Gaidzinski (1998)
Implementar uma metodologia de dimensionamento constitui-se em uminstrumento gerencial valioso na medida em que disponibiliza dados dascondições do paciente os quais auxiliarão no processo decisório relacionadoà alocação de recursos humanos, qualidade da assistência, monitoramentoda produtividade e processo orçamentário, estabelecendo assim,parâmetros mínimos para o estabelecimento de um quadro adequado deprofissionais de enfermagem.
A aplicação de uma metodologia de dimensionamento de pessoal de enfermagem
contribuirá para minimizar as dificuldades encontradas pelos enfermeiros no gerenciamento
dos recursos humanos de enfermagem (NICOLA, 2005).
Diante do exposto, justifica-se a importância da realização do dimensionamento de
pessoal a fim de investigar se o numero de recursos humanos encontra-se adequado para a
promoção da gestão em enfermagem de melhor qualidade.
31
4 HIPÓTESE
Quais as características dos usuários atendidos na unidade de internação da
Clínica Cirúrgica, segundo o grau de dependência em relação aos cuidados de
enfermagem?
Qual o quadro de profissionais de enfermagem necessário para assistir os
pacientes internados, nas diferentes categorias de cuidado?
32
5 OBJETIVOS
5.1 Objetivo Geral
Analisar o processo de trabalho na unidade de internação da clínica cirúrgica.
5.2 Objetivo Específico
Avaliar o grau de dependência dos pacientes segundo o Sistema de Classificação
de Pacientes;
Realizar o cálculo de dimensionamento de pessoal.
33
6 METODOLOGIA
6.1 Tipo de EstudoTratou-se de um estudo descritivo exploratório de campo, com abordagem
quantiqualitativa.
6.2 LocalA pesquisa foi realizada na clínica cirúrgica de um hospital universitário na cidade de
Bragança Paulista no interior de São Paulo.
6.3 Objeto de Estudo
Foram analisados os prontuários de todos os usuários que estiveram internados na
unidade no período da realização da pesquisa.
6.4 Critérios para inclusão / exclusãoForam incluídos todos os prontuários dos pacientes que estiverem internados na
unidade durante o período da pesquisa e excluídos todos os prontuários dos pacientes que
estiveram internados em outro setor.
6.5 Fonte dos Dados
Para a coleta dos dados foi utilizado o Score de Schein/Rensis Likert embasados nos
relatórios de enfermagem que constam nos prontuários dos pacientes. Após foi realizada a
avaliação da escala de funcionários e o Cálculo de Dimensionamento de Pessoal com a
fórmula de Fugullin, conforme a Resolução do COFEN 293/04.
A seleção dos artigos foi realizada pela leitura do título e do resumo dos mesmos
através da busca eletrônica por publicações nacionais indexadas nas bases de dados
Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) usando as seguintes
palavras chave: gestão em enfermagem, dimensionamento de pessoal, administração em
enfermagem e sistema de classificação de pacientes. Foram excluídos aqueles que não
demonstraram relação com o tema escolhido.
A análise dos artigos se constituiu pela leitura dos mesmos, na íntegra e análise dos
dados obtidos pelo método descritivo.
34
6.6 Procedimentos
6.6.1 Procedimento ético legal
Com Base na resolução 196\06 de 14 de janeiro de 1987, onde constam as diretrizes
e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, o projeto de
pesquisa foi submetido:
À aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
São Francisco (USF);
Foi enviada uma carta para o responsável da Instituição de estudo
(apêndice B) solicitando autorização para coleta de dados;
O estudo somente teve início após o envio de carta de aprovação do
CEP (apêndice A).
6.6.2 Procedimento de Coleta de dadosApós a aprovação e autorização do Comitê de Ética em Pesquisa e do responsável
pela Instituição do estudo, os dados foram coletados dos prontuários dos pacientes
internados no período entre Janeiro e Fevereiro de 2015. Foi realizada a coleta de dados
pelas pesquisadoras durante trinta dias, no período da manhã.
6.6.3 Procedimento de Análise dos dados
Os dados foram analisados segundo as variáveis do estudo e apresentados sob a
forma de tabelas e gráficos e comparados à literatura.
35
7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os dados coletados foram armazenados em banco de dados construídos para a
pesquisa.
Os cálculos referentes ao quantitativo de pessoal de enfermagem e o Sistema de
Classificação de Pacientes, de acordo com os parâmetros preconizados pela Resolução
COFEN 293\2004 na unidade de internação estudada, foram realizadas com o auxilio de
planilhas eletrônicas.
Os resultados foram apresentados por meio de gráficos e tabelas para comparar a
média do quantitativo de profissionais projetado segundo parâmetros da resolução
COFEN293\2004, com a média do quantitativo existente na unidade de internação
estudada.
7.1 Características do Hospital
O Hospital do estudo está localizado em Bragança Paulista, no interior de São Paulo,
e é um Hospital Geral de Ensino onde são realizados procedimentos de Média e Alta
Complexidade.
Com 41 anos de vida, é referência regional para uma população deaproximadamente meio milhão de habitantes em urgência e emergência,cirurgia cardíaca, hemodinâmica, partos de alto risco, oncologia, ortopedia etraumatologia, neonatologia, cirurgia pediátrica e neonatal, terapia renalsubstitutiva, além de atendimentos ambulatoriais especializados e outros.
Oferece 186 leitos para internações com apoio dos serviços de Psicologia,Fisioterapia, Fonoaudiologia e Assistência Social, responsáveis por mais de3.000 atendimentos e ações de apoio por mês. O Pronto-socorro estápreparado para receber os casos mais graves e complexos da região,realizando mais de 7.000 atendimentos por mês.
Os pacientes atendidos na urgência e emergência contam com ainfraestrutura completa de um hospital de grande porte. No atendimentoambulatorial, são mais de 5.000 atendimentos por mês, em diversasespecialidades. Em medicina diagnóstica, realiza mensalmente cerca de53.700 exames e procedimentos, alguns com exclusividade na região, comoMedicina Nuclear e Litotripsia. Hospital Universitário São Francisco naProvidência de Deus – HUSF, 2015.
A coleta de dados foi realizada na enfermaria da Clínica Cirúrgica, com quarenta
leitos de diversas especialidades cirúrgicas, entre elas: gastrologia e bariátrica;
cabeça/pescoço; cardiologia; dermatologia; geral; neurologia; oftalmologia;
ortopedia/traumatologia; transplante; vascular.
36
Devido à necessidade também são internados nesta clínica pacientes da clinica
médica, como renal crônico, fase terminal de câncer, tratamento de erisipela, angina
instável, infarto agudo do miocárdio, derrame pleural, embolia pulmonar, entre outras.
7.2 Sistema de Classificação de Pacientes
A primeira etapa do processo de dimensionamento de pessoal diz respeito à
classificação da clientela internada sob o ponto de vista de necessidades de cuidado de
enfermagem. (NICOLA; ANSELMI, 2005).
Kurgant, Cunha e Gaidzinski (1989) definem o dimensionamento de recursos de
enfermagem como a etapa inicial do processo de provimento de pessoa, que tem como
finalidade a previsão da quantidade de funcionários por categoria necessária para suprir a
assistência de enfermagem, direta ou indiretamente prestada à clientela.
Para Giovannetti (1989), dimensionar recursos humanos para a assistência de
enfermagem pode se tornar mais racional e efetivo quando se procura agrupar pacientes em
categorias que reflitam a magnitude do processo de cuidar.
Para a classificação do grau de dependência dos pacientes da assistência de
enfermagem foi utilizado um Escore de Schein/Rensis Likert, baseado nas teorias
administrativas de Edgar Henry Schein e do sociólogo e psicólogo Rensis Likert, onde são
avaliados segundo o estado mental, sinais vitais, deambulação, motilidade, oxigenação,
terapêutica e integridade cutânea mucosa.
Segundo Gaidzinski, 1998, a classificação de pacientes deve ser realizada por um
período mínimo de três meses, diariamente e sempre no mesmo horário. No entanto isso
não foi possível devido ao tempo previsto do término da pesquisa.
A classificação diária dos pacientes foi realizada por um período de trinta dias
(cinco de janeiro a quatro de fevereiro), através de visitas baseadas na análise de relatórios
de enfermagem e evoluções médicas do dia contidas no prontuário do paciente, onde foram
avaliados 984 pacientes internados na clínica cirúrgica, o que possibilitou a identificação do
número dos pacientes por categoria de cuidados.
A Tabela a seguir mostra o número mensal de pacientes internados na unidade da
clinica cirúrgica e a distribuição dos leitos.
37
Tabela 1 Distribuição dos leitos observados, leitos vagos e leitos interditados durante oprocesso de classificação de pacientes, da unidade de internação da clínica cirúrgica. BragançaPaulista, 2015.
Leitos Número (N) Porcentagem (%)Leitos avaliados 984 79,35Leitos vagos 210 16,94Leitos interditados 46 3,71Total 1240 100
Conforme exposto na tabela 1 durante o mês de janeiro\fevereiro foram avaliados
984 (79,35%) pacientes se encontravam na enfermaria durante o período de coleta de
dados, 210 (16,94%) leitos se encontravam vagos ou reservados para pacientes que iriam
internar ou receber alta da UTI, 46 (3,71%) leitos interditados por diversos motivos, mas na
sua maioria devido a isolamento de contato multirresistente ao lado.
O dimensionamento de Enfermagem deve embasar-se em um Sistema de
Classificação de Pacientes (SCP), agrupando-os de acordo com sua complexidade
assistencial (LAUS; ANSELMI, 2004).
O SCP pode ser entendido como uma forma de determinar o grau dedependência de um paciente em relação à equipe de enfermagem,objetivando estabelecer o tempo despendido no cuidado direto e indireto,bem como o qualitativo de pessoal para atender às necessidades bio-psico-sócio-espirituais do paciente.(GAIDZINSKI, 1998)
Esse instrumento torna-se valioso, pois disponibiliza dados das condições dos
pacientes, os quais possibilitam projeções racionais e efetivas do pessoal de Enfermagem
necessárias para o atendimento das necessidades dos pacientes (PERROCA, 2000).
O SCP de Fugullin et al (2002), define cinco categorias de cuidados de acordo com
a complexidade assistencial dos pacientes:
Cuidados Intensivos: Pacientes graves e recuperáveis, com risco iminentede vida, sujeitos à instabilidade de funções vitais que requeiram assistênciade enfermagem e médica permanente e especializada;Cuidados Semi-Intensivos: Pacientes recuperáveis sem risco iminente devida, sujeitos à instabilidade de funções vitais que requeiram assistência deenfermagem e médica permanente e especializada;Cuidados Alta Dependência: Pacientes crônicos que requeiram avaliaçõesmédicas e de enfermagem, estável sob o ponto de vista clínico, porém comtotal dependência das ações de enfermagem quanto ao atendimento dasnecessidades humanas básicas;Cuidados Intermediários: Pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico ede enfermagem que requeiram avaliações médicas e de enfermagem, com
38
parcial dependência de enfermagem para o atendimento das necessidadeshumanas básicas;Cuidados Mínimos: Pacientes estáveis sob o ponto de vista clínico e deenfermagem que requeiram avaliações médicas e de enfermagem, masfisicamente auto-suficiente quanto ao atendimento das necessidadeshumanas básicas.
De acordo com Fugulin (2010)
A resolução COFEN 293\2004, embora tenha referendado o SCP deFugulin, não considerou a categoria alta dependência de enfermagem quefoi indicada para atender a demanda de pacientes crônicos que apresentamtotal dependência de enfermagem para o atendimento das necessidadeshumanas básicas. Dessa forma, a referida resolução desconsiderou esseperfil de pacientes, frequentemente encontrado na maioria das instituiçõeshospitalares brasileiras.
Tabela 2. Distribuição dos pacientes da Unidade da Clínica Cirúrgica, segundo a categoria decuidados. Bragança Paulista, 2015.
Categoria de cuidado Número (N) Porcentagem (%)Cuidados mínimos 485 49,30
Cuidados Intermediários 240 24,39Cuidados Semi-Intensivos 225 22,86
Cuidados Intensivos 34 3,45Total 984 100
Conforme a tabela 2 observa-se que a maioria dos pacientes internados na unidade
de clínica cirúrgica corresponde à categoria de cuidados mínimos 485 (49,30%) seguido dos
pacientes com demanda assistencial de cuidados intermediários 240 (24,39%), depois dos
pacientes com cuidados semi-intensivos 225 (22,86%) e por último pacientes com cuidados
intensivos 34 (3,45%).
Após realizada a classificação dos pacientes, segundo o grau de dependência da
enfermagem, foi observado que o maior número (49,28%) são de cuidados mínimos. Dentro
desta categoria de cuidado podemos observar que são pacientes pré operatórios e pós
operatórios de cirurgias de pequeno e médio porte. Esses dados podem ser observados na
gráfico 1.
Por ser uma unidade de internação simples, esperavamos encontrar apenas
pacientes classificados como cuidados minimos e cuidados intermediarios. Np entanto vimos
que isso não ocorreu, pois 259 (26,32%), foram classificados como semi intensivos ou
intensivos, o que demonstra a importancia da classificação de pacientes por categoria de
cuidados.
39
Conforme Fugulin et al (2002):
A implantação do Sistema de Classificação de Pacientes: favorece aracionalização de recursos materiais e equipamentos; eleva a satisfação daequipe para o desenvolvimento do trabalho; melhora a competência daequipe para o atendimento; a equipe apresenta-se mais envolvida noalcance dos objetivos assistenciais; enriquece as ações educativas aopaciente; aumenta a satisfação de pacientes e familiares. Também contribuipara o ensino de graduação, uma vez que favorece o desenvolvimento dasatividades do processo de ensino e aprendizagem, no contexto dasexperiências vivenciadas pelo estudante.
Gráfico 1- Distribuição dos pacientes da Unidade da Clínica Cirúrgica, segundo a categoriade cuidados. Bragança Paulista, 2015.
Conforme o Art. 4 da Resolução COFEN 293/2004, esclarece em parágrafo 9, ao
cliente crônico com idade superior a 60 anos, sem acompanhante, classificado pelo SCP
com demanda de assistência intermediaria ou semi - intensiva deverá ser acrescido de 0,5
às horas de Enfermagem.
Durante todo o período da coleta de dados observou-se que havia somente um
paciente com idade superior a 60 anos sem acompanhante, classificado inicialmente na
categoria de cuidados semi-intensivos evoluindo para cuidados intensivos.
Sendo assim o total de horas de enfermagem de cuidados semi-intensivos mudou de
9,4 horas para 9,9 horas.
9,4 + 0,5 = 9,9
40
7.3 Dimensionamento de Pessoal da Clínica Cirúrgica de um hospitaluniversitário.
Para Gaidzinski, Fugullin e Castilho (2005), o dimensionamento de pessoal de
enfermagem é um instrumento gerencial para cuidar com segurança de forma a produzir
resultados que possibilitam um quadro de profissionais adequado às necessidades dos
pacientes e da instituição.
Nesse caso, o adequado dimensionamento de pessoal é fundamental para uma
assistência de enfermagem de qualidade. A Tabela 3 mostra o quadro de pessoal existente
na clínica cirúrgica durante a coleta de dados.
Tabela 3 Distribuição do número de funcionários de enfermagem, segundo a escala deserviço e categoria profissional existente na Unidade de Clínica Cirúrgica durante o mês dejaneiro\fevereiro. Bragança Paulista, 2015.
Clínica Cirúrgica
Categoria PDp* PDi* PNp* PNi* ADM* Total(N)
Total(%)
Enfermeiros 1 1 1 1 1 5 17,2Técnicos de Enfermagem 6 6 6 6 - 24 82,8
*PDp, plantão diurno par; PDi, plantão diurno impar; PNp, plantão noturno par; PNi, plantão noturnoimpar. Uma enfermeira ocupa o cargo administrativo com carga horária de 36 horas semanais, desegunda-feira a sexta-feira.
De acordo com a tabela 3 a unidade da clinica cirúrgica possui um enfermeiro
assistencial para cada plantão de 12 horas e um enfermeiro administrativo, totalizando 5
(17.2%) enfermeiros e 24 (82.8%) técnicos de enfermagem do quadro de pessoal.
Conforme Cucolo e Perroca, 2010,
Encontrou percentuais entre 6,4 e 7,1% de efeitos adversos, mesmoquando o quantitativo de pessoal de enfermagem se mostrava adequadopara atender às necessidades dos pacientes. No entanto, é importanteressaltar que percentuais mais elevados de situações de não conformidadeforam evidenciados quando a equipe de enfermagem encontrava-sesubdimensionada e a ocorrência de eventos adversos.
Para Queijo (2002),A avaliação da carga de trabalho de enfermagem é um tema de fundamentalimportância, visto que uma equipe superdimensionada implica em altocusto. Por outro lado, sabe-se que uma equipe reduzida tende a determinara queda da eficácia e da qualidade da assistência, prolongando ainternação e gerando maior custo no tratamento dos pacientes.
41
Laus (2003) ressalta que a assistência de enfermagem, desenvolvidas através de
inúmeros processos técnico-assistenciais fundamentados no conhecimento, competência e
habilidades específicas, somente ocorrerá se existirem recursos humanos qualitativos e
quantitativos compatíveis à sua execução.
A falta de parâmetros bem definidos, destinados à operacionalização dodimensionamento de pessoal de enfermagem faz com que este assunto setorne polêmico, causando falta de argumentação para as chefias deenfermagem diante da administração do hospital. Isso possibilita ainterferência de profissionais de outras áreas na determinação daquantidade e qualidade do pessoal de enfermagem quando a competênciapara o dimensionamento de recursos humanos em enfermagem deve serdos enfermeiros que atuam diretamente na assistência (CAMPEDELLI et al.e GAIDZINSKI , 1995).
Após a identificação dos pacientes segundo o SCP (Escore de Schein/Rensis Likert),
calcula-se o quantitativo diário de pessoal de enfermagem necessário para a assistência de
paciente na unidade de clinica cirúrgica, conforme a Resolução COFEN 293\04. A tabela 4
demonstra o quantitativo médio diário durante o período de coleta.
Tabela 4. Distribuição do quantitativo médio diário de pacientes internados na ClínicaCirúrgica segundo SCP. Bragança Paulista, 2015.
Categoria de Cuidado PCM PCInt PCSI PCI TotalTotal Mês 485 240 225 34 984
Média Diária 16.16 8 7,5 1,13 32,79
Utilizou-se o resultado da classificação do SCP para calcular a média de pacientes
por dia para cada tipo de cuidados: Cuidados Mínimos – PCM; Cuidados Intermediários –
PCInt; Cuidados Semi Intensivos; PCSI; Cuidados Intensivos PCI. Utilizou-se o cálculo de
divisão simples que divide o número total de pacientes avaliados por 30 (período de coleta
de dados).
Ao realizar um estudo abordando o dimensionamento de pessoal em 2010, Cucolo e
Perroca ressaltam:
A permanência de pacientes nas categorias semi intensivo e intensivo, nasunidades de clínica médica-cirúrgica investigadas, possibilitou refletir sobrea razão de esses pacientes estarem alocados nessas unidades, uma vezque exigem da equipe de enfermagem atenção permanente, intervençõesde maior complexidade e maior carga de trabalho. As causas poderiamestar relacionadas, principalmente à insuficiência de leitos na unidade deterapia intensiva (UTI) para atender a demanda ou mesmo à avaliaçãoinadequada da complexidade assistencial.
42
7.4 Calculo de Dimensionamento de Pessoal de enfermagem da ClinicaCirúrgica de um hospital universitário.
Para o cálculo utilizado para o dimensionamento de pessoal (Cálculo de Fugulin) foi
usado a seguinte fórmula:
QP = Nº LEITOS (TO%) X HS ENF X DS + ISTJST
Onde:
Quantidade de Pessoal (QP) – É o número de profissionais de enfermagem
necessários na Unidade de Internação, com base no SCP e na taxa de Ocupação.
Nº de Leitos – Total de leitos na unidade.
Taxa de Ocupação (TO) – Expressa a razão entre a média do número de leitos
ocupados por clientes e o número de leitos disponíveis, em um determinado período.
Horas de Enfermagem (HS ENF) – É o somatório das horas necessárias para
assistir os clientes com demanda de cuidados mínimos, intermediários, semi-intensivos e
intensivos.
Dias da Semana (DS) – 7 dias completos ou 168 horas redondas.
IST – É um valor percentual que se destina a cobertura das taxas de absenteísmo e
de ausências de benefícios. Ela destina-se à cobertura das ausências do trabalho, previstas
ou não, estabelecidas ou não em Lei.
Jornada Semanal de Trabalho (JST) – Assume os valores de 20h.; 24h.; 30h.; 36
ou 40hs semanais.
Primeiro calcula-se a TO conforme seguinte fórmula :
TO = Nº pacientes dia x 100
Nº leitos dia
Nº pacientes dia = 32,79
Nº leitos dia = 40
TO = 32,79 x 100
40
TO = 0,82 ou 82%
43
Em seguida, calcula-se nº de pacientes por tipo de cuidado, multiplicando-se a média
diária pela Taxa de Ocupação. Para melhor compreensão dessa etapa do processo foi
utilizado a seguinte fórmula:
Nº LEITOS x (TO%) = Média de pacientes por tipo de cuidado x TO conforme
exposto na tabela 4.
Pacientes cuidados mínimos = 16,16 x 0,82 = 13,25
Pacientes cuidados intensivos = 8 x 0,82 = 6,56
Pacientes cuidados semi-intensivos = 7,5 x 0,82 = 6,15
Pacientes Intensivos = 1,13 x 0,82 = 0,93
O próximo passo é calcular o total de horas diárias multiplicando-se os valores
obtidos acima pelas horas necessárias para cada tipo de cuidado, conforme consta no artigo
4º da Resolução 293/04, que diz que para efeito de cálculo deve ser consideradas como
horas de enfermagem, por leito, nas 24 horas:
- 3,8 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência mínima ou autocuidado;
- 5,6 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intermediária;
- 9,4 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência semi – intensiva (neste
cálculo foi utilizado o valor 9,9, pois conforme consta no parágrafo 9 do referido artigo, ao
cliente crônico com idade superior a 60 anos, sem acompanhante, classificado pelo SCP
com demanda de assistência intermediaria ou semi - intensiva deverá ser acrescido de 0,5
às horas de Enfermagem);
- 17,9 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intensiva.
HS ENF = (13,25 x 3,8) + (6,56 x 5,6) + (6,15 x 9,9) + (0,93 x 17,9)
HS ENF = 50,35 + 36,74 + 60,88 + 16,65
HS ENF = 164,62
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Substituindo-se os termos da equação têm-se:
QP = Nº LEITOS (TO%) X HS ENF X DS + ISTJST
Nº LEITOS (TO%) X HS ENF = 164,62
QP = 164,62 x 7 + 15%36
QP = 32,01 + 15%
QP = 36,81 ou 37 profissionais
Conforme Resolução COFEN Nº293/2004:
Art. 5 – A distribuição percentual do total de profissionais de enfermagemdeve observar as seguintes proporções e o SCP.Para assistência mínima e intermediária: de 33% a 37% são Enfermeiros(Mínimo de seis) e os demais, Auxiliares e/ou Técnicos de Enfermagem;Para assistência semi-intensiva: de 42% a 46% são Enfermeiros e osdemais, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem;Para assistência intensiva: de 52% a 56% são Enfermeiros e os demaisTécnicos de Enfermagem.Parágrafo único – A distribuição de profissionais por categoria deverá seguiro grupo de pacientes de maior prevalência.
Visto que a maior prevalência de pacientes se enquadra nos cuidados mínimos, a
distribuição de profissionais se dará pelo grupo de pacientes de maior prevalência. Portanto
foi utilizado o valor de 35%, ficando entre 33 e 37%, valores estes referentes ao tipo de
cuidados mínimos.
Para o cálculo do total de enfermeiros necessários, utiliza-se uma regra de três
simples:
Total de profissionais necessários = 37
37 – 100%
x – 35%
Total de enfermeiros = 12,95 ou 13 enfermeiros
Desta forma é possível concluir que a unidade estudada não confirma a proporção
de profissionais indicadas pelo COFEN para a composição da equipe de enfermagem da
unidade de internação da clínica cirúrgica. O resultado da presente pesquisa aponta para a
45
necessidade de um quadro de pessoal de enfermagem com 13 Enfermeiros e 24 Técnicos
de Enfermagem.
A previsão do quantitativo de profissionais de enfermagem é um processo que
depende do conhecimento da carga de trabalho existente nas unidades de internação. Esta
carga de trabalho depende das necessidades de assistência dos pacientes e do padrão de
cuidado pretendido (GAIDZINSKI, 1998).
O dimensionamento de pessoal de enfermagem é um instrumento gerencial para a
busca da qualidade da assistência, na medida em que procura adequar o quadro de pessoal
disponível às necessidades da clientela e da instituição (GAIDZINSKI e KURCGANT, 1998)
Tabela 5 Distribuição do número de pessoal de enfermagem, segundo a categoriaprofissional de acordo com o calculo de dimensionamento de pessoal realizado – Bragança Paulista,2015.
Clínica Cirúrgica
Categoria PDp PDi PNp PNi ADM Total(N)
Total(%)
Enfermeiro 3 3 3 3 1 13 35Técnico de Enfermagem 6 6 6 6 - 24 65
A tabela 5 distribui o número de recursos humanos encontrado no cálculo de
dimensionamento nos quatro turnos da unidade de internação da clínica cirúrgica, sendo
três enfermeiros assistenciais para cada plantão de 12 horas e 1 enfermeiro administrativo,
totalizando um percentual de 35% do quadro de pessoal de acordo com a resolução
293\2004. Sendo que o restante são 24 técnicos de enfermagem totalizando 65% do quadro
de pessoal.
Segundo a Resolução 293/2004 Art. 7º deve ser garantida a autonomia do
enfermeiro nas unidades assistenciais, para dimensionar e gerenciar o quadro de
profissionais de enfermagem.
A avaliação quantiqualitativa do pessoal de enfermagem pode ser considerada
indicador essencial no gerenciamento por interferir diretamente na humanização da
assistência, na eficácia e nos custos da atenção à saúde ( CUCOLO E PERROCA, 2010).
46
Gráfico 2 Quadro de Pessoal de Enfermagem, segundo a categoria profissional de acordocom o dimensionamento de pessoal realizado no mês de janeiro\fevereiro e o número existente noquadro de pessoal durante o mesmo período – Bragança Paulista, 2015.
O Gráfico 2 representa graficamente o quadro de pessoal existente e o quadro de
pessoal exigido, segundo parâmetros da Resolução COFEN 293\2004, onde evidencia a
necessidade da adequação do quadro de pessoal na categorias de profissionais
enfermeiros, sendo que o quantitativo existente foi estatisticamente menor ao quantitativo
calculado.
Segundo Art. 2º - O dimensionamento e a adequação quantiqualitativa doquadro de profissionais de Enfermagem devem basear-se emcaracterísticas relativas:Aspectos técnico- administrativos: dinâmica de funcionamento das unidadesnos diferentes turnos; modelo gerencial; modelo assistencial; métodos detrabalho; jornada de trabalho; carga horária semanal; padrões dedesempenho dos profissionais; índice de segurança técnica (IST); taxa deabsenteísmo (TA) e taxa ausência de benefícios (TB) da unidadeassistencial; proporção de profissionais de Enfermagem de nível superior ede nível médio e indicadores de avaliação da qualidade da assistência.
Segundo Mello (2002) a inadequação dos recursos humanos de enfermagem leva o
usuário a situações de risco, além de expor a equipe de enfermagem e a instituição de
saúde a comprometimento ético e legal, pois favorece a ocorrência de falhas devido à
sobrecarga de trabalho e à deficiência da qualidade de assistência prestada.
A inadequação quantitativa e qualitativa do pessoal de enfermagem reflete-se
diretamente na qualidade da assistência prestada ao paciente, ferindo o direito dos
pacientes a uma assistência à saúde livre de riscos. (SOARES, 2009).
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A Resolução COFEN 358/2009 dispõe sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou
privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem e dá outras providências.
CONSIDERANDO a evolução dos conceitos de Consulta de Enfermagem ede Sistematização da Assistência de Enfermagem; CONSIDERANDO que aSistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalhoprofissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível aoperacionalização do processo de Enfermagem;CONSIDERANDO que o processo de Enfermagem é um instrumentometodológico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e adocumentação da prática profissional;CONSIDERANDO que a operacionalização e documentação do Processode Enfermagem evidencia a contribuição da Enfermagem na atenção àsaúde da população, aumentando a visibilidade e o reconhecimentoprofissional.
Conforme resolução citada acima, para uma assistência de enfermagem com melhor
qualidade é importante um número adequado de enfermeiros, pois no período de coleta de
dados foi possível vivenciar a rotina do setor e observar que uma adequação do quantitativo
deste profissional possibilitará um processo de trabalho mais operacionalizado, onde a
Sistematização da Assistência de Enfermagem irá contribuir para a organização do trabalho
de enfermagem.
De acordo com o resultado da pesquisa encontramos pacientes classificados nas
quatro categorias de cuidados, o que justifica a necessidade do SCP para um quadro de
pessoal de enfermagem com maior número de enfermeiros, para melhor suprir as
necessidades de cuidados diversificadas do setor e garantindo a qualidade da assistência
prestada.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou avaliar os diferentes graus de dependência dos pacientes
internados na clínica cirúrgica segundo o SCP e calcular o dimensionamento de
enfermagem para identificar o quadro de profissionais de enfermagem necessário para
assistir os pacientes internados nas diferentes categorias de cuidado.
Durante a coleta de dados foi possível observar e compreender a dinâmica da
unidade de internação estudada e embora seja estabelecido pelo COFEN a necessidade do
cálculo de dimensionamento de enfermagem para a formação do quadro de pessoal, sendo
esta metodologia um valioso instrumento gerencial, observou-se a necessidade de prolongar
a coleta de dados para quatro meses, como é estabelecido pela resolução 293\2004, para
um resultado mais fidedigno.
O método aplicado na íntegra permitiria uma taxa de ocupação de acordo com o
SCP, visto que a instituição nos forneceu uma taxa de ocupação de três meses, porém sem
o SCP, o que leva a instituição a classificar todos os pacientes como cuidados mínimos, o
que não é a realidade do setor.
O quadro de pessoal de enfermagem da unidade de internação durante o mês de
janeiro\fevereiro apresentou déficit no quantitativo da equipe de enfermeiros em relação ao
cálculo de dimensionamento de enfermagem efetuado durante o estudo. Com base na
Resolução 293\2004, o percentual existente na enfermaria é 17,8% menor que o número
encontrado pelo cálculo de dimensionamento.
Levando em consideração que os pacientes de maior prevalência são de cuidados
mínimos, conforme exposto na tabela 3, seria necessário um quadro de pessoal com 35%
de enfermeiros e o restante de técnicos e auxiliares de enfermagem. No entanto o quadro de
pessoal existente equivale a 5 (17,2%) enfermeiros e o restante técnicos de enfermagem. O
correto seria 13 (35%) o total de enfermeiros. Quanto à equipe de técnicos, encontra-se em
número adequado de acordo com o cálculo de dimensionamento.
Espera-se ao realizar este estudo que os resultados encontrados contribuam para
uma negociação com o setor de Recursos Humanos para a reformulação do quadro de
pessoal, visto que isto só tem a contribuir com a instituição. Estudos revelam que um quadro
de pessoal adequado melhora a qualidade da assistência, diminui consideravelmente o
49
número de riscos ao cliente e o comprometimento legal a instituição pelas falhas ocorridas,
diminui a taxa de mortalidade e o tempo de permanência da internação.
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