Primeiro Simpósio Internacional sobre o Manejo da Pesca Marinha do Brasil: Desafios e Oportunidades
Brasília, 6-8 de julho de 2015
Gestão da Pesca Demersal de Profundidade no Brasil
Jose Angel Perez
• Panorama geral da Pesca de Profundidade no Brasil
• Processo de Gestão
• Lições Aprendidas e o Futuro
Aprofundando o uso da margem continental brasileira
O Brasil tem uma extensa área de talude continental Desde a década de 1990 esta área tem entrado na agenda científica e econômica do País
• expansão da exploração petrolífera para bacias profundas (por ex. Bacia de Campos)
• Expansão pesqueira para áreas do
talude
1980-90 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Emalhe de Fundo
Armadilhas
Arrasto – Talude Superior
Espinhel de Fundo
Arrasto – Talude Inferior
Arrasto – Quebra de Plataforma
Período Arrendamento Período Pós-Arrendamento Período Pré-Arrendamento
CPG – Demersais de Profundidade
DESENVOLVIMENTO
Perez et al., 2009
S 9.2%
SE 74.0%
C 12.7%
NE 3.9%
N 0.2%
ATIVIDADE DA FROTA INTERNACIONAL
• 37 embarcações operaram entre 2000-2007
• 74% do esforço de pesca concentrado na região sudeste
• ~70% do esforço concentrado entre 500 – 1000m
• ~30% do esforço entre 250 -500 m • Talude Superior : Arrasto – emalhe • Talude inferior: Arrasto - Armadilhas
10 4 8 15
7
9
Arrasto – Talude Superior 2000-2003
Emalhe de Fundo 2000-2002
Armadilhas 1999-2008
Arrasto – Talude Inferior 2000-2003
ATIVIDADE DA FROTA INTERNACIONAL (footprint)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000To
ne
lad
as
Peixe Sapo
Merluza
Abrótea
Calamar Argentino
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
Ton
ela
das
Caranguejo vermelho
Cranguejo Real
Camarão Carabineiro
Camarão Moruno
Camarão Alistado
Pro
fun
did
ade
(m)
Anos
CAPTURAS
~40% do período
~85% do período
• Entre 2000- 2007 a pesca de talude no SE-S atingiu 202.000 toneladas.
• Frota internacional: picos de captura das espécies-alvo do talude.
• Período Pós-Arrendamento: Pesca de arrasto
nacional de talude – sustentação das capturas de peixes e do calamar
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
ton
ela
das
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Índ
ice
de
Ab
un
dâ
ncia
(G
LM
)
RMSG 2.500t/ano
RMSMDB 1962t/ano
SUSTENTABILIDADE – Peixe-sapo (Lophius gastrophysus)
Perez, 2007 - atualizado
• Picos de captura da frota internacional – queda drástica de abundância 2001 – 2002
• Queda acentuou-se em 2006 – capturas da frota de arrasto de talude superior
• Até 2008 sem sinais de recuperação
• RMS estimado entre 2500 – 2000 t/ano • Capturas estabilizadas em torno de 2500
t/ano
SUSTENTABILIDADE – Merluza (Merluccius hubbsi)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Índic
e d
e A
bun
dâ
ncia
(G
LM
)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
ton
ela
das
RMSG 2.215t/ano
RMSMDB 2.121t/ano
Perez, 2007 - atualizado
• Picos de captura da frota internacional – queda drástica de abundância 2003 – 2004
• 2004-2008 abundância estável ~60% dos níveis do período 2001-2003
• RMS estimado entre 2100 – 2200 t/ano • Capturas da frota de arrasto nacional
estabilizadas em torno de 1900-2000 t/ano
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
CP
UE
(t/
hora
) SUSTENTABILIDADE – Abrótea-de-profundidade (Urophycis mistacea)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
ton
ela
das
RMSG 1.182t/ano
RMSMDB -
Perez, 2007 - atualizado
• Picos de captura da frota internacional 2001-2002
• Queda gradual da abundância ~40% até 2008
• RMS estimado de 1182 t/ano • Capturas estabilizadas em torno de 5500
t/ano a partir de 2007 – pesca de arrasto nacional
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2001 2002 2003 2004 2005
Bt/
Brm
s
A
Bo = 17.117,8 t
RMS = 6% Bo
RMS = 1.027 t
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2001 2002 2003 2004 2005
Bt/
Brm
sB
Bo = 11.636,4 t
RMS = 5%Bo
RMS = 593,5 t
SUSTENTABILIDADE – Caranguejos-de-profundidade
Caranguejo-vermelho (Chaceon notialis)
Caranguejo-real (Chaceon ramosae)
Pezzuto et al., 2006
• Bo = 865.0 t
• BMSY = 432.6 t
• MSY = 7% Bo
• MSY = 60 t
Dallagnolo et al., 2007
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
ton
ela
das
SUSTENTABILIDADE – Camarão-carabineiro – Aristaeopsis edwardsiana
• Pesca de arrasto levou a reduções de biomassa até o limite de segurança biológica em 5 ANOS
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Áre
a V
arr
ida (
km
²)
Port et al., (submetido)
IMPACTOS ECOSSISTÊMICOS: ÁREA VARRIDA (Pesca de arrasto)
• Pesca de arrasto: expansão da área varrida no talude
• Perturbação de uma <50% da área disponível em 9 anos
MPA (2011)
Port (2015)
IMPACTOS ECOSSISTÊMICOS: MORTALIDADE (Pesca de arrasto)
• Atividade da pesca de arrasto de talude superior entre 2003 – 2011: impactos sobre espécies de maior nível trófico e maior vulnerabilidade (menor resiliência) biológica
Visintin & Perez (no prelo)
PESCA DE EMALHE Análise de Risco (APS) • 80% da mortalidade se dá
sobre espécies de vulnerabilidade “alta” (V>1,8)
IMPACTOS ECOSSISTÊMICOS: MORTALIDADE
Visintin (2015)
PESCA DE ARRASTO Análise de Risco (APS) • 70% da mortalidade se
dá sobre espécies de vulnerabilidade “alta” (V>1,8)
PESCA DEMERSAL DE PROFUNDIDADE – DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS
• Espécies-alvo sofreram importantes reduções de abundância pela atividade de uma frota internacional sobredimensionada
• Período Pós-Arrendamento – manutenção de intensa atividade de pesca de arrasto de talude (principalmente duplo)
• Estabilização das capturas de espécies (principalmente peixes de talude) – expansão da captura da abrótea-de-profundidade
• Impacto modesto porém crescente sobre o fundo de pesca disponível
• Mortalidade importante sobre espécies de baixa resiliência biológica (raias, congro-rosa)
• Panorama geral da Pesca de Profundidade no Brasil
• Processo de Gestão • Lições Aprendidas e o Futuro
PROCESSO DE GESTÃO – CPG/ DERMERSAIS DE PROFUNDIDADE
CPG/DERMERSAIS
SCC/CIENTÍFICO SCC/CUMPRIMENTO SECRETARIA EXECUTIVA
SEAP/PR
MMA
MRE
MD
IBAMA
MCTI
MDIC
CONEPE SINDICATOS SE-S
SINDICATOS N-NE
FNTTAA
CNP
SCC/CPG
Governo Setor Produtivo Cientistas Fontes de dados Convênios Gov/Inst.Pesq.
Programa REVIZEE PREPS (VMS) PROBORDO
Composição Pesquisadores (8 instituições)
Mandato Atendimento a
encaminhamentos do CPG (Planos de Manejo)
Conforme: IN SEAP/PR No.5 27 de Maio de 2004
?
INSTRUMENTOS DE GESTÃO – Ins : “aproximações” de Planos de Manejo
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
COMITÊ (consultivo) PERMANENTE DE GESTÃO GPG-Demersais de Profundidade
2007
DPA - MAPA
SEAP-PR
2009 ? MPA
2008
Biomassa do Estoque (t)
Ren
dim
en
to (
t)
RMS
BRMS 95%BRMS
RMS = BO.M.X
Bo
Zona
Não -Segura
Zona
Segura
Zona
de
Alerta
Avaliações Biomassa Área Varrida
Área Efetiva de Pesca VPA
Avaliações RMS -Limite Fórmula de Gulland
Fórmula de Kirkwood (%Brms)
Regras de Decisão
DIAGNÓSTICOS e MONITORAMENTO
FERRAMENTAS DE GESTÃO: Controles de “entrada” e “saída
Estimadores de Abundância
Método de Avaliação Pontos de Referência
(limites) Regra de Decisão
Controle de Entrada
Controle de Saída
Área Varrida, VPA, GLM
Fórmula de Gulland (RMS=%Bo)
C < RMS= 6% B2001, B>0,5B2001
Não 9 embarcações
1000 redes/barco TAC=1500t/ano
Área Varrida, GLM Fórmula Kirkwood
(RMS=%Bo) C < RMS=10% da
B2002
Não 17 embarcações Não
Área Varrida, GLM Fórmula Kirkwood
(RMS=%Bo) C< RMS= 10% da
B2003
Área Efetiva, GLM Gulland Fórmula
(RMS=%Bo) 110%Brms Sim 2 embarcações TAC=735t/ano
Área Efetiva, GLM Gulland Fórmula
(RMS=%Bo) 110%Brms Sim
2 embarcações 900covos/barco
TAC=420t/ano
Área Varrida, GLM Fórmula Kirkwood
(RMS=%Bo) 115%Brms Sim 2 embarcações
TAC=60t/ano IQ=7,5t/trim
FERRAMENTAS DE GESTÃO: Medidas Controle-Comando e ecossistêmicas
Métodos de pesca Limites bycatch Limites
“Pesca Fantasma”
Limites de Processamento a
bordo
Áreas de Exclusão
Limites Batimétricos
Rede de Emalhe Comp. 50m
Malha 280mm
<5% Peixe-batata <5% Caranguejo real
Redes identificados
Não 1 Sudeste
1 Sul >250m
Arrasto Simples Malha saco 90mm
<5% Peixe-sapo <5% Chaceon spp.
Não Não 1 Sudeste
1 Sul 250-500m
Covo Malha 120mm
Não Covos identificados Painéis de escape
Mutilação de quelas proibida
<600m (Ago-Dez)
>200m
Covo Malha 120mm
Não Covos identificados Painéis de escape
Mutilação de quelas proibida
<700m (Jan-Jun)
>500m
Arrasto Simples Malha saco 60mm
<15% Chaceon spp. <5% Peixe-sapo
Não Não
1 Sudeste Montanha sub. Fundos de coral
500-1000m
FERRAMENTAS DE GESTÃO: Monitoramento
IN SEAP/MMA No1 29 de setembro 2006
PROBORDO
Observadores de Bordo
Rastreamento (VMS)
IN SEAP/MMA No1 29 de setembro 2006
PREPS
FERRAMENTAS DE GESTÃO: Implementação
Frota Permissionada
Frota Atuante Controle de TAC Medidas Técnicas
Áreas de Exclusão
VMS Observadores
1 1 C > TAC
(pesca de arrasto) Sim Não Sim Não
4 >100 - Arrasto duplo Não Sim Não
1 1 C ~TAC ? Não Sim Não
0 0 ?
(bycatch) - - - -
0 0 ?
(bycatch) - - - -
Coleta de Dados
Descrição da Pescaria
&
Avaliação de estoques
Recomendações
“Planos de Manejo”
Impplementação
Cumprimento
• Colaboração da Indústria
• Contratos Governo –
Instituições de Pesquisa
• Comitê Científico SCC
CPG
• Governo
• SCC
• Stakeholders
Governo
• Atraso excessivo...
• Algumas vezes não ocorreu
• Quando implementados não
cumpridos
PROCESSO DE GESTÃO: Sucesso?
• Panorama geral da Pesca de Profundidade no Brasil
• Processo de Gestão
• Lições Aprendidas e o Futuro
LIÇÕES APRENDIDAS
• Programa de arrendamento – excedeu muito a demanda de informação sobre as pescarias profundas – impactos importantes sobre estoques-alvo
• Deixou heranças VALIOSAS – “know how” para implantação e manutenção de sistemas VMS (PREPS) e Observadores de Bordo (PROBORDO)
• Desenho e funcionamento de um Processo de tomada de decisão – CPG Demersais
YES, WE CAN!
• Objetivos Definidos
Elementos Necessários para o Processo de Manejo
• Pontos de Referência
• Indicadores de desempenho
• Regime de monitoramento
• Método de Avaliação
• Regras de Decisão
• Níveis aceitáveis de incerteza
O FUTURO: MANEJO ESPACIAL - Unidade Geográfica de Gestão
Recomendação: Manejo do talude do SE-S como uma Unidade Geográfica de Gestão (Modelo de Gestão Espacial)
Rosso, 2015 Visintin, 2015
UGG-Talude SE-S
O FUTURO: Unidade Geográfica de Gestão
Recomendação: Priorizar Abordagem Ecossistêmica (EAFM) Tomar como referência diretrizes para a pesca profunda em águas internacionais
O FUTURO: Unidade Geográfica de Gestão
OBRIGADO
Primeiro Simpósio Internacional sobre o Manejo da Pesca Marinha do Brasil: Desafios e Oportunidades
Brasília, 6-8 de julho de 2015