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7/24/2019 GUEI: NEM COMDIA NEM DRAMA, UM PROGRAMA DE TV CONTRA O PRECONCEITO - Jorge Luiz da Silva Jnior
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GUEI: NEM COMDIA NEM DRAMA,
UM PROGRAMA DE TV CONTRA O PRECONCEITO
por
Jorge Luiz da Silva Jnior
(Aluno do Curso de Comunicao Social)
Monografia apresentada anca!"aminadora na disciplina #ro$etos!"perimentais %% como re&uisito para agraduao em Comunicao Social'ailitao Jornalismo*+rientadora acad,mica- #rof.* /r.* MariaCristina rando
01J1 1AC+M 2* sem* 2334
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S%L5A J67%+8' Jorge Luiz da* GUEI- nem com9dia nem drama' um programa de :5contra o preconceito* Juiz de 1ora- 01J1; 1acom' 2* sem* 2334'
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DEDICATRIA
A meus pais' Jorge e 5ilma' por seremcomo so; por terem torcido por estetraalo; pelo amor; por tudo*
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AGRADECIMENTOS
D mina avE AracF' &ue sempre incentivoumina futura carreira de $ornalista*
D mina irm Lidiane' pelo carino e pelo
a$uda na leitura das oras em lGnguainglesa*
A Mar&uino e +sHaldo' &ue muitoinfluenciaram mina maneira de pensar aomosse"ualidade como uma &uesto decidadania* Agradeo tam9m peloempr9stimo de livros e revistas sem os&uais este traalo seria impossGvel*
A Ale"andre e 1lavino por serem meus&uaseIimos*
D mina orientadora' professora Cristinarando' pelos valiosos ateIpapos acercada televiso rasileira e pela paci,ncia emsuportar meus atrasos*
A 0merto' 8onaldo' Marco' Joo #aulo e!duardo por me fazerem sentir o &uo $usto9 o dese$o omosse"ual*
0m profundo agradecimento comunidadedo Movimento aF de Minas' pelasdiscussKes' crGticas e sugestKes de id9ias&ue fizeram nascer este traalo*
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RESUMO
!ste 9 o pro$eto de criao de um programade :5 &ue aorda especificamenteassuntos relacionados omosse"ualidade*+ programa nasce a partir da constataode &ue a tev, rasileira renuncia o seupapel na formao de identidades gaFspositivas ao repetir estereEtipos como o do
omosse"ual efeminado* /esse modo' ateleviso a$uda a criar argumentos &uelegitimam atitudes preconceituosas contra aomosse"ualidade* atizado GUEI' oprograma ora proposto usca inserirIse naconstruo de novas imagens daomosse"ualidade' luta engendradatam9m pelo movimento omosse"ualorganizado* #ara isso' este traalo fazuma an@lise dos caminos percorridos pelopreconceito se"ual desde o s9culo >5%%% aosdias de o$e* 8elata os mecanismos sociais&ue geram os estereEtipos e' ainda' asconse&,ncias negativas &ue essesestereEtipos trazem para a vida deinmeras l9sicas e gaFs* +utro o$etivo 9formar um repertErio @sico de programastelevisivos &ue de alguma forma retratam aomosse"ualidade* #or fim' reneapontamentos e sugestKes acerca de umprograma de :5 contra o preconceitose"ual e a favor da cidadania*
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S U M R I O
1.INTRODUO * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
2.FAZENDO GNERO: HOMEM, MULHER, INVERTIDO E OUTRAS CATEGORIAS * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *BN
2*B* A inveno dos se"os * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *B
2*2* A inverso dos se"os * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * B= 2*N* + rasileiro OentendidoP * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * 23
2*4* A &uesto das identidades * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 22
.O PRECONCEITO SE!UAL: TEORIA E PRTICA * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 2
N*B* !stereEtipos' preconceito e discriminao * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 2Q
N*2* Romosse"ualidade e estigma * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * ** * * * * * 2
N*N* #reconceito se"ual no rasil- assassinatos de omosse"uais e outras violaKes
de direitos umanos * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * NB
N*4* 5iol,ncia antiIomosse"ual- uma &uesto de g,nero * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * N
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".MEIOS DE COMUNICAO, HOMOSSE!UALIDADE E ESTERETIPOS* * * * * * N5%%%' &uando a ci,ncia funda o
conceito de omosse"ualidade* A partir daG' surgem istErias' e"plicaKes' crenas &ue'
at9 o$e' influenciam nossas formas de ver a pr@tica de amor e se"o omem com
omem' muler com muler* 1ormas &ue sE comearam a ser duramente criticadas
com o surgimento da noo de idenidade gay' na d9cada de B
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eterosse"ual) 9 polivalente' talvez se$a mais correto falar em omosse"ualidades' isto
9' em v@rias identidades omosse"uais* So essas discussKes &ue apresentamos no
primeiro capGtulo deste traalo*+ capGtulo dois faz uma an@lise da discriminao por orientao se"ual* Avalia
tam9m preconceitos &ue legitimam a perseguio' punio' mutilao e at9 mesmo o
assassinato de gaFs' l9sicas e transg,neros* 7o capGtulo seguinte' 9 estudado como a
mGdia em geral e a televiso em particular reflete estereEtipos se"uais e' no camino de
volta' confirmam e a$udam a disseminar esses mesmos estereEtipos* #osteriormente'
so e"aminados alguns programas televisuais &ue aordam o tema omosse"ualidade*
!ssas refle"Kes servem de ase para &ue' no &uarto capGtulo' se$a e"posto o
principal o$etivo da nossa pes&uisa- reunir apontamentos' id9ias' sugestKes para o
plane$amento de um programa de :5 sore assuntos relacionados aos omosse"uais*
#artindo da premissa de &ue Oa tolerYncia para com a omosse"ualidade seria
proveniente de uma mudana de representao dos se"os' no apenas de suas
funKes' de seus pap9is' a nGvel profissional e familiar' mas de suas imagens
simElicasP (A8%ZS' B
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Al9m disso' privilegiaremos o uso dos termos Oomosse"ualidadeP'
Oomosse"ualP e OgaFP' esses dois ltimos sendo considerados sinWnimos* A e"presso
Oomosse"ualismoP no ser@ utilizada por&ue o sufi"o OismoP nos remete'fre&entemente' categoria de doena*
/estacamos tam9m &ue iremos nos referir preferencialmente a omosse"uais
do se"o masculino* ! isso' devido a tr,s fatos principais- o universo das l9sicas (e a
compreenso do preconceito destinado a elas)' merece um estudo separado; a pr@tica
e o dese$o omosse"ual de muleres e omens perpassam situaKes distintas; as
fontes iliogr@ficas sore a omosse"ualidade masculina so relativamente escassas'
sore l9sicas' ento' so ainda mais raras* Contudo' em alguns momentos do te"to'
fizemos &uesto de citar a figura feminina para evitarmos o uso de linguagem se"ista*
#ara isso' seguimos os pressupostos defendidos por Assumpo e occini (2332)*
#or motivos similares no aordaremos neste traalo as viv,ncias especGficas
de isse"uais e transg,neros' emora iremos nos referir a eles sempre &ue $ulgarmos
necess@rio*
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PRIMEIRO CAP(TULO
SE o espGrito umano inventa categorias ese esfora por fazer corresponder os fatos aescaninos separados* (***) Xuanto maiscedo compreendermos &ue esse princGpiorege o comportamento se"ual do omem'mais cedo cegaremos a umacompreenso sadia das realidadesdo se"o*
AL18!/ [%7S!\'%omporameno &e#ual do 'omem' B
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2* FAZENDO GNERO: HOMEM, MULHER, INVERTIDO E OUTRAS CATEGORIAS
OCada sociedade' classe e regio tem a muler e o omem &ue mereceP (18\ e
MAC8A!' B
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Assim' istEria e psicologia se unem para levantarmos algumas consideraKes
sore &ue se"ualidade 9 essa da &ual estamos falando*
2*B* A )*+*-/ 0/ /
7o ocidente' at9 o s9culo >5%%%' a ci,ncia e"plicava a se"ualidade de acordo com o
modelo unisse"ual (one(se# model)* Assim' a muler era entendida como sendo um
omem invertido e inferior* O%nvertidoP por&ue possuGa os mesmo Ergos genitais
masculinos' sE &ue dentro e no fora do corpo; e OinferiorP por&ue o grau m@"imo de
perfeio do corpo umano sE poderia ser alcanado pelo omem* /essa forma' do
ponto de vista cientGfico' sE avia um se"o' cu$a realizao m@"ima se traduzia no corpo
masculino (LAX0!08' 233B)*
!ntretanto' isso no significava &ue omens e muleres fossem confundidos*
!les e elas se diferenciavam por outros crit9rios &ue no o se"ual* J@ &ue omens e
muleres ocupavam posiKes sociais diferentes' a distino entre eles e elas era
perceida' sE no era e"plicada pela oposio origin@ria entre os se"os* + &ue
atualmente camamos de se#oera a palavra usada para nomear apenas os Ergos
reprodutores*
7o final do s9culo >5%%% e inGcio do s9culo >%>' o %luminismo e a 8evoluo
urguesa mudaram a realidade social* AlterouIse tam9m a forma como ci,ncia e
medicina perceiam a anatomia da muler* A partir do surgimento de uma nova ordem
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polGtica' econWmica e social' as diferenas entre omens e muleres comearam a ser
pensadas em termos de oposio* Surgia' assim' o modelo isse"ual ( )o(se# model)*
Agora' parteIse do princGpio de &ue e"iste um dimorfismo original e radical dase"ualidade* +s se"os so diferentes em todos os aspectos- corpo' alma' fGsico e
moral* Contudo' essas novas formas de interpretar o corpo no foram conse&,ncia de
um maior conecimento cientGfico especGfico* !las foram pensadas primeiro por
filEsofos e moralistas' antes de &ual&uer prova empGrica de sua e"ist,ncia* OSE ouve
interesse em uscar evid,ncia de dois se"os distintos' diferenas anatWmicas e
fisiolEgicas concretas entre o omem e a muler' &uando essas diferenas se tornaram
politicamente importantesP (LAX0!08' 233B' p* 2B)*
Ao &ue parece' a reinterpretao dos corpos umanos segundo a teoria da
isse"ualidade original foi uma soluo e"igida pelos prolemas polGticos e ideolEgicos
postos pela revoluo urguesa* 7o Antigo 8egime' as muleres eram consideradas
desiguais e inferiores aos omens* Com o %luminismo' a muler tornouIse' em princGpio'
igual ao omem perante a lei' pois todos eram seres racionais*
+ prolema dessa teoria (do contrato social) era como legitimar como]natural^ o mundo real de domGnio do omem sore a muler' depai"o se"ual e cimes' de diviso se"ual no traalo e de pr@ticasculturais geralmente advindas de um estado original de aus,ncia deg,nero* (%idem' p* 244)
+ dilema foi resolvido construindoIse a diferena social e cultural dos se"os*
0ma nova interpretao da natureza passa a $ustificar o &ue de outra forma seriam
pr@ticas sociais indefens@veis* !m outras palavras- devido a uma incWmoda igualdade
$urGdica e polGtica entre omens e muleres' optouIse por marcar os corpos com a
diferena entre os se"os* A teoria cientGfica da isse"ualidade nascia do interesse de
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filEsofos' moralistas e polGticos em encontrar um crit9rio natural para legitimar a
inferioridade polGtica e moral da muler*
2*2* A )*+3/ 0/ /
A distino entre omens e muleres criou a oposio radical dos g,neros
masculino e feminino* A classificao passou a depender do se"o iolEgico portado
pela pessoa e definido a partir dos Ergos se"uais* ApEs essa isse"ualizao dos
corpos' veio a isse"ualizao do psi&uismo* 7o one(se# model' a muler era um
omem invertido e inferior' no entanto' importante para a reproduo da esp9cie
umana* 7o )o(se# model' a muler se tornou o oposto complementar do omem*
Assim' a categoria inverso passou a designar o omosse"ual*
Sua inverso ser@ perverso por&ue seu corpo de omem ser@portador da se"ualidade feminina &ue acaara de ser criada* +invertido apresentava um duplo desvio- sua sensiilidade nervosa eseu prazer sensual eram femininos* Seu se"o foi' por isso mesmo'definido como contr@rio aos interesses da reproduo iolEgica*(C+S:A' B
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#ortanto'
o omosse"ual ser@ alinado aos velos liidinosos' celiat@rios'sifGlicos e liertinos' como a antinorma paro"Gstica da figura doomemIpai* /esde ento' a feminilidade do omosse"ual vai serafirmada' a despeito de &ual&uer contraIe"emplo empGrico ou de&ual&uer incongru,ncia conceitual* !le tina &ue ]ser feminino^' pois'no sendo feminino' no tina como ser ]invertido^* + omosse"ualtornouIse a prova teErica do )o(se# modelpolGticoImoral* Sem ele' ademonstrao de &ue e"iste um se"o' diferente de sua divisoanatWmica em dois se"os' ficaria mais difGcil de ser mostrada* 7ele'estava a prova de &ue ]o se"o^ da muler pode aitar o corpo doomem* :odos os invertidos mostravam isso; todos os invertidoseram a prova disso* (C+S:A' B
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ao desvio do instintivo se"ual* !ra tam9m sentimental e psicologicamente invertido
por&ue se comportava de maneira feminina* + omosse"ual passou a ser e"plicado
como tendo uma suposta Opersonalidade tGpica de mulerP- amos seriamimpression@veis e gostariam de coisas fteis' de acordo com o pensamento da 9poca*
+ prEprio vocaul@rio da 9poca confirmava esse raciocGnio* /urante o s9culo
>5%%% e at9 meados do s9culo >%>' o termo corrente para designar pessoas
omosse"uais era a palavra OinvertidoP* !ssa e"presso sugeria &ue todo omosse"ual
era portador de uma inverso se"ual*
Segundo :revisan (2332)' a e"presso Oomosse"ualismoP sE teria sido criada
em BQ< pelo m9dico austroIngaro [arl M* [ertenF* + termo alterou a id9ia &ue se
tina acerca das pessoas omosse"uais' instaurando um conceito sore elas* OA
criao de uma palavra corresponde' nesse caso' criao de uma ess,ncia' de uma
doena psG&uica e de um mal socialP (A/%7:!8' B
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elementos polGtico e socialmente relevantes* Surgiam' ento' nossas crenas
OcivilizadasP sore o &ue seria a omosse"ualidade e' com elas' fundamentos para a
manifestao de preconceito se"ual' do modo como vemos o$e*
2*N* O 435)6)3/ 7*8*0)0/9
/e acordo com reen (B
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OcurarP) a omosse"ualidade* Assim' &uando no eram presos' os omosse"uais eram
confinados em ospitais psi&ui@tricos' onde sofriam Otratamentos m9dicoIpedagEgicosP*
Contudo' no final da d9cada de B
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dGade ica_omem verdadeiro predomina nas classes populares e a identidade gaF
passa a ser cada vez mais adotada pela classe m9dica urana*
2*4* A ;8/ 05 )0*8)050
!ntre os anos de B
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predominantes=* 7a impossiilidade de se identificarem com o grupo eterosse"ual'
muitos gaFs e l9sicas acaam lutando por uma identidade prEpria' cu$o um dos
componentes 9 o dese$o omosse"ual (S+0`A' B
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SEGUNDO CAP(TULO
*** en&uanto crianas e adolescentes'negros' $udeus' deficientes fGsicos soensinados por seus pais e familiares aenfrentar o preconceito e ostilidade dasociedade gloal' desenvolvendo seuorgulo 9tnico ou racial e sua autoIestima'para os $ovens omosse"uais ocorree"atamente o contr@rio- 9 dentro de casa epor parte dos parentes mais prE"imos &ueprimeiro' e de forma mais cruel' semanifesta crueldade da discriminao*
L0%` M+:: e MA8C!L+ C!X0!%8A'233B
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N* O PRECONCEITO SE!UAL: TEORIA E PRTICA
/esde a d9cada de B
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/e acordo com Aronson (B
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#redispKeInos a encontrar comportamentos &ue se$am compatGveis com o rEtulo'
mesmo diante de fatos &ue o contradigam*
Segundo 8odrigues et al* (B
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Assim' $untos' estereEtipos e preconceito geram discriminao* A palavra
designa comportamentos negativos em relao a um determinado grupo* #ode ir desde
um tratamento diferenciado' passando por e"pressKes verais ostis e de desprezo' ecegando ou no a atos manifestos de agressividade*
N*2* H/?/;56)050 8)@?5
Segundo offman (B
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e desfiguraKes) e culpas no car@ter individual (relacionadas com a personalidade ou
comportamento do indivGduo' incluindo doenas mentais' vGcios' crimes e
omosse"ualidade)*Concluindo essa id9ia' o autor enumera seis planos nos &uais as condiKes
estigmatizantes podem variar* 7o caso da omosse"ualidade' as duas mais
importantes so o oculameno (se o estigma pode ser ocultado ou no) e a origem
(como o estigma foi ad&uirido e &uem 9 o respons@vel por ele)*
8eferindoIse ao ocultamento' offman (B
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Comumente' gaFs e l9sicas levam uma Ovida duplaP' prevenindoIse de todas as
formas possGveis de serem Opegas em flagranteP* /essa forma' podem passar o resto
da vida sofrendo de uma presso crescente para elaorar mentiras' uma atr@s da outra*+ indivGduo &ue encore sua ]verdadeira^ identidade tam9m pagaum alto preo psicolEgico por esta atitude' apresentando comfre&,ncia um elevado nGvel de ansiedade' por viver uma vida &uepode entrar em colapso a &ual&uer momento* #ara no revelar seuestigma inadvertidamente' esses indivGduos precisam estarconstantemente atentos para aspectos da situao social &ue outraspessoas no perceem ou s &uais no do muita importYncia*
A&uilo &ue para as pessoas noIestigmatizadas 9 um ato rotineiropode tornarIse um grave prolema de manipulao para osestigmatizados &ue' por este motivo' dei"am muitas vezes de
aproveitar as coisas simples da vida* (707A7' 233N' p* =)
Assim' com a inteno de evitar desgastes psG&uicos' muitas pessoas optam
voluntariamente por revelaremIse* !' dessa forma' dei"am de ser indivGduos
desacreditados (&ue precisam manipular informaKes) para transformaremIse em
desacredit@veis (&ue precisam manipular situaKes sociais difGceis)* 7o caso dos
omosse"uais esse processo 9 denominado OsaGda do arm@rioP' ou assumirIse*
A maioria dos pes&uisadores defende a id9ia de &ue o estigma pode trazer uma
s9rie de conse&,ncias negativas para &uem o possui*
7o conte"to de seu status de minoria se"ual' l9sicas' gaFs eisse"uais e"perienciam omofoia e estigmatizao' o &ue oscoloca em risco para sofrer eventos de vida negativos'especificamente eventos relevantes para a omosse"ualidade (e"*perda de emprego' moradia ou custEdia dos filos; viol,ncia ediscriminao decorrente de sua orientao se"ual)' assim como
prolemas di@rios mais crWnicos (e"* escutar piadas preconceituosas'estar sempre na defensiva)* (/%#LAC%/+' B
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se"ual internalizado pode ir desde &uestionamentos sore seu prEprio valor como
indivGduo at9 o Edio por si mesmo'
*** provocando' entre outros' depresso' sentimentos de culpa' medo'desconfiana' confuso' insegurana' ansiedade' vergona'isolamento social' dificuldade de estaelecer e manterrelacionamentos amorosos' viol,ncia dom9stica' disfunKes se"uais'ostilidade' auso de @lcool ou drogas' distrios alimentares ouideao suicida e comportamento ou ideao suicida* /ificulta'igualmente' a adoo de uma identidade gaF positiva *** (707A7'233N' p* QI=)
Al9m do mais' no caso de sofrerem algum tipo de discriminao ou viol,ncia' os
indivGduos estigmatizados tendem a colocar a culpa em sim mesmo (pois acreditam &ue
mereceram o castigo)' o &ue diminui ainda mais sua autoIestima $@ &ue
*** os padrKes &ue ele (o indivGduo estigmatizado) incorporou dasociedade maior tornaramIno intimamente suscetGvel ao &ue osoutros v,em como seu defeito' levandoIo inevitavelmente' mesmo&ue em alguns poucos momentos' a concordar &ue' na verdade' eleficou aai"o do &ue realmente deveria ser* A vergona se tornou umapossiilidade central' &ue surge &uando o indivGduo percee &ue umde seus prEprios atriutos 9 impuro* (+11MA7' B
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7o entanto' acreditamos &ue o estudo do preconceito contra l9sicas e gaFs no
deve considerar apenas motivaKes pessoais (ao cam@Ilo de omofoia)' e nem
somente $ulgamentos morais sore a omosse"ualidade (como fazem estudos acercado eterosse"ismo)* #or isso' neste traalo' optamos por usar o termo preconceio
se#ual* A e"presso 9 a&ui definida como con$unto de atitudes negativas direcionadas a
uma determinada pessoa ou grupo por causa de sua orientao se"ual*
!stimaIse &ue' no rasil' a grande maioria dos eterosse"uais apresente algum
grau de preconceito contra a populao L:* #ara a&uelas pessoas' o dese$o
omosse"ual seria errado e inaceit@vel (/A MA::A apudMA``A8+' B
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efetivamente' e muitas vezes sem pensar' reduzimos suas cances de vidaP (%idem' p*
B)*
0m estudo realizado pelo %nstituto Mori rasil' em B
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#or sua vez' os dados sore a viol,ncia fGsica contra gaFs' l9sicas e
transg,neros tam9m destacam a intolerYncia rasileira*
0m relatErio acerca do /is&ue /efesa Romosse"ual (//R)' da Secretaria deSegurana do !stado do 8io de Janeiro' contailiza o receimento de 33 ligaKes nos
primeiros dezoito meses de funcionamento do servio ($uno de B
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os anos de B
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g,nero tradicionais poderiam ser compreendidos como uma forma socialmente
aprendida de controlar esse desvio* /esse modo' a sociedade manteria uma rGgida
distino entre os se"os*!m outras palavras' os omosse"uais se tornam uma ameaa no por violar
taus se"uais' mas por ir contra normas de g,nero* /e acordo com diversos autores' 9
tam9m por isso &ue omens eterosse"uais tendem a ser mais preconceituosos
contra gaFs do &ue muleres eterosse"uais*
7a cultura ocidental e"iste uma forte correlao entre masculinidade e
eterosse"ualidade* !ssa analogia faz com &ue os omens sintamIse o tempo todo
pressionados a afirmar sua masculinidade* !' assim' re$eitam elementos &ue no se$am
culturalmente definidos como masculinos (ser gaF' por e"emplo) ou &ue parecem negar
a importYncia desses (as l9sicas' por e"emplo)* #or outro lado' a constituio da
identidade de g,nero em muleres eterosse"uais no tem como fator fundamental a
negao da omosse"ualidade* #or isso' elas no se sentem pressionadas a agirem
preconceituosamente* Logo' acaam tendo mais contato com omosse"uais' o &ue'
como veremos adiante' tende a reduzir o preconceito*
/ito de outra forma' o preconceito contra gaFs e l9sicas desempena uma
importante funo no sentimento da identidade masculina* %sso por&ue' nossa
sociedade define o g,nero pelo comportamento se"ual e a masculinidade por oposio
feminilidade* + preconceito contra gaFs e l9sicas cumpre' ento' o papel psicolEgico
essencial de dei"ar claro &uem 9 eterosse"ual e &uem 9 omosse"ual*
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Sendo assim' Over um omem efeminado desperta enorme angstia em muitos
omens' pois desencadeia neles uma tomada de consci,ncia de suas prEprias
caracterGsticas femininas' como a passividade e a sensiilidade' &ue eles consideramum sinal de fra&uezaP (A/%7:!8' B
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TERCEIRO CAP(TULO
I +nde foi &ue eu erreiT
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4* MEIOS DE COMUNICAO, HOMOSSE!UALIDADE E ESTERETIPOS'
7o 9 difGcil constatar* A visiilidade dos omosse"uais 9 maior o$e do &ue em&ual&uer outro perGodo da istEria moderna* /esde o aparecimento da AidsBB' na
d9cada de 3' 9 cada vez maior a presena de gaFs' l9sicas e transg,neros na mGdia'
se$a :5' cinema' r@dio' $ornais impressos ou internet* 7o entanto' isso no &uer dizer
&ue as imagens e fatos apresentados este$am livres de estereEtipos negativos*
7o apenas eles &uase sempre nos mostram como fracos e oos'ou maus e corruptos' mas eles e"cluem e negam a e"ist,ncia degaFs e l9sicas normais' noIe"traordin@rios* aFs comuns' empap9is &ue no este$am centrados no seu desvio como uma ameaa ordem moral &ue deve ser contrarrestada atrav9s do ridGculo ou daviol,ncia fGsica' raramente so apresentados na mGdia* (***) Arepresentao estereotipada de gaFs e l9sicas como anormais e asupresso de imagens positivas OnoIe"traordin@riasP serve paramanter e policiar as fronteiras da ordem moral* (8+SS' B
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A representao estereotipada de gaFs e l9sicas na mGdia tem outras s9rias
implicaKes* !la afeta no sE a sociedade eterosse"ual como tam9m as imagens &ue
omosse"uais t,m deles mesmos* #or outro lado' uma representao positiva pode serum camino para a legitimidade de minorias se"uais' $@ &ue os meios de comunicao
t,m um enorme poder de alterar crenas arraigadas* !' dessa forma' estimula o deate
e o di@logo mais franco sore a se"ualidade*
5eGculo de massa por e"cel,ncia' a televiso 9 a mGdia de maior impacto na
sociedade rasileira* Sendo assim' o modo como ela aorda a omosse"ualidade t,m
influenciado enormemente as discussKes sore esse tema no paGs (#A8[!8' B
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4*B* A +))4)6)050 /?/;56 *5 ?0)5
+s meios de comunicao de massa podem ser vistos como instrumentos de
poder* :oda informao por eles veiculada representa interesses de indivGduos e
grupos em afirmar pulicamente suas opiniKes pessoais' de classe' de ideologia*
OAssim a mGdia reproduz parcialmente a realidade $@ &ue' antes de divulgar &ual&uer
assunto' ela seleciona' e"clui e determina como e com &ue desta&ue o tema ser@
apresentadoP (1!87A7/!S' 2332' p*B)*
/iariamente' os meios de comunicao constroem o imagin@rio coletivo* ! fazem
isso utilizando' inclusive' imagens' caricaturas e estereEtipos' por meio dos &uais podeI
se identificar o con$unto das oservaKes pessoais' crGticas e preconceitos de seus
produtores e da sociedade em geral*
7esse mesmo sentido' os produtos da mGdia so realizados por su$eitos ou
grupos de pessoas inseridas num determinado conte"to sEcioIcultural* Assim' trazem
um somatErio de $ulgamentos emitidos pela sociedade' &ue' neste momento' ter@ voz
atrav9s dos meios de comunicao (M+8!7+' 233B)* +s artefatos midi@ticos refletem
a sociedade em &ue foram produzidos ou' no oposto' recusam os valores culturais
defendidos por ela* Logo' a mGdia no 9 neutra e' em longo prazo' colaora com a
formao de opiniKes e comportamentos &ue podem causar mudanas sociais ou
reforar a ideologia egemWnica*
7a esteira desse raciocGnio' 9 preciso reconecer o Evio* +s grandes grupos
econWmicos t,m mais fora para influir sore a formao das id9ias e costumes sociais*
%sso por&ue apenas esses grupos so eneficiados com as concessKes plicas de
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emissores de r@dio e :5* #ortanto' minorias' inclusive as se"uais' e outras
organizaKes da sociedade esto margem desse processo*
:endo como refer,ncia os conceitos sore poder' definidos pelo filEsofoMicel 1oucault' os pes&uisadores Rardt e 7egri (233B) constatam &ueesses grandes grupos de comunicao monopolizam atualmente odesenvolvimento do imagin@rio umano* ! assim contriuem para aformao de Omecanismos de controleP e de alienao* + &ue' naverdade' d@Iles poder para controlar e manipular as su$etividades dosindivGduos e criar $ustificativas legitimadoras de formas de opresso*
A partir dessas perspectivas' podeIse afirmar &ue Oa ideologia' como viso da
realidade especGfica de um grupo' como con$unto de id9ias e valores institucionais'
religiosos' polGticos' morais' artGsticos popularizaIse e cega a transformarIse em
sentimento comum- &uer dizer' passa a ser considerada como verdade por toda a
sociedade* assim &ue valores e id9ias &ue caracterizam a classe dominante so
preservadosP (C+M#A8A:+' 2332' p*44)*
A mGdia' como empreendedora de modelos' repete supostas prefer,ncias e
caracterGsticas nacionais de uma sociedade faloc3nrica* 8efora estereEtipos e
imagens cristalizadas a cerca de grupos tidos como OdiferentesP (entre eles' os
omosse"uais)*
/ito isso' 9 plico e notErio &ue o tratamento dado a omosse"uais pelos meios
de comunicao tem ocorrido de maneira a mais estereotipada* OXuase sempre' a
omosse"ualidade aparece de forma caricata' $ocosa' pe$orativa' associada
feminilidade' ]desmunecao^' servindo de cacota' piada e gozao por parte dos
]omens^P (1!88A8%' 233N' p*B2=)*
Completando essa id9ia' Mott e Cer&ueira (233B) afirmam &ue as condenaKes
em relao omosse"ualidade divulgadas na grande imprensa' nos programas de
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televiso e na internet' invadem e povoam o imagin@rio dos &ue as receem* !' assim'
moldam e fornecem opiniKes legitimadoras da ideologia antiIomosse"ual*
1oi desse modo &ue' ao longo dos anos' os meios de comunicao contriuGrampara interiorizar' na grande massa' a representao de uma suposta inferioridade dos
omosse"uais* #rimeiramente apresentandoIos como pecadores' doentes' viciosos'
pervertidos* ! isso' como se estivesse mostrando gaFs e l9sicas da vida real' a&ueles
&ue convivem com o plico* +utros autores concordam com esse raciocGnio' afirmando
&ue' at9 o final dos anos 3' &uase no e"istiam imagens de omosse"uais emI
sucedidos' felizes ou levando uma vida familiar OcomumP*
#or9m' a representao de omosse"uais nos meios de comunicao passa por
uma sensGvel mudana nos ltimos anos* 7o rasil' na d9cada de
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4) a visiilidade alcanada pela #arada do +rgulo aF de So #aulo' &ue' em
sua oitava edio' em 2334' levou cerca de B milo e 33 mil pessoas s ruas da
capital paulista
BN
;/essa forma' aos poucos' t,m surgido filmes' s9ries de :5' novelas e programas
de entrevistas &ue apresentam o omosse"ual como uma pessoa comum' ou se$a'
Ouma pessoa onita' com famGlia' sucesso profissional' dineiro' dignidade e autoI
estimaP (+7AL5!S' 2333' p* 4
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4*2* A 3=3*85-/ 05 /?/;56)050 *5 86+)/ 435)6)35
Segundo a $ornalista 8osa Maria ueno 1iscer (233N)' a tev,' na condio de
meio de comunicao de massa' tem uma participao decisiva na formao das
pessoas* #ara a autora' a televiso est@ presente' at9 mesmo' na prEpria constituio
do su$eito contemporYneo*
#odeIse dizer &ue a :5 9 parte integrante e fundamental deprocessos de produo e circulao de significaKes e sentidos' os&uais por sua vez esto relacionados a modos de ser' a modos depensar' a modos de conecer o mundo' de ser relacionar com a vida*(%idem' p*B)
Sendo assim' no @ dvidas de &ue a televiso 9 um lugar privilegiado de
aprendizagens diversas* Com ela' aprendeIse desde formas de olar e tratar nosso
prEprio corpo at9 modos de estaelecer e compreender diferenas de g,nero'
diferenas polGticas' econWmicas' 9tnicas' sociais*
/e acordo com a mesma pes&uisadora' a :5 narra certos modos de e"ist,ncia
&ue t,m uma participao significativa na vida das pessoas* #autam' orientam'
interpelam o cotidiano de milKes de rasileiros* #articipam da construo de sua
identidade pessoal e cultural' operando sore o desenvolvimento da su$etividade dos
espectadores' seus comportamentos' crenas' valores' preconceitos*
tam9m por meio da televiso &ue se pode receer entretenimento e
informaKes as mais diversas* Atrav9s dela' as reivindicaKes de diversos grupos
sociais' inclusive os gaFs' ganam visiilidade plica* OAs lutas em torno da afirmao
das diferenas (***) esto nela (na :5) e nesse espao aparecem segundo a lEgica do
meio' replicando o &ue circula na sociedade mais amplaP (1%SCR!8' 233N' p* 4B)*
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/aG' surge a &uesto- em &ue medida as diferentes minorias so tratadas na tev,
como diferena a ser e"cluGda ou normalizada; ou ento' em &ue medida esses OoutrosP
ganam visiilidade como diferena a ser reconecida socialmenteTConsiderando esses &uestionamentos' os meios de comunicao'
particularmente a tev,' possuem uma imensa responsailidade no &ue se refere aos
modos de nomear os diferentes* OAs imagens da :5 tendem a fi"ar determinadas
]verdades^' determinados conceitos universais como' por e"emplo' os de prostituta' de
adolesc,ncia' de se"ualidade $ovem' de eleza feminina' de virilidade' de classe
traaladora e assim por dianteP (%idem' p*42)*
#ara 1iscer' a repetio dessas OverdadesP tornaria natural a&uilo &ue $@ se
tornou corri&ueiro' senso comum* !' assim' a mGdia tornaIse poderoso agente
disseminador de opinio' ad&uirindo um papel fundamental na (des)construo e
perpetuao de estereEtipos e preconceitos*
Seguindo esse pensamento' muitos autores acreditam &ue a conformidade com
uma norma preconceituosa se$a resultado da ine"ist,ncia de informao correta* +u
ainda' conse&,ncia da predominao de estereEtipos negativos transmitidos atrav9s
dos meios de comunicao' por e"emplo*
/ada nossa tend,ncia de aceitar a&uilo &ue vemos representadocom maior fre&,ncia (a no ser &ue e"istam razKes poderosas para&ue isto no ocorra)' tornaIse e"tremamente difGcil levar emconsiderao informaKes mais corretas se essas no so
apresentadas* (707A7' 233N' p*Q
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(M\!8S' 2333)* O7ossa reputao' independente de ser verdadeira ou falsa' no pode
ser martelada' martelada' martelada na nossa caea sem modificar de alguma forma o
nosso car@terP (ALL#+8:' B
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#ara um melor estudo desses produtos' eles foram divididos em- programas de
informao (tele$ornais e programas &ue' mesmo pertencendo a outros g,neros
televisuais' veiculam reportagens $ornalGsticas);programas de audi!rio e humorsicos;eprogramas de fico*
ConcluGmos &ue' na maior parte dos atuais programas da :5 rasileira' a
omosse"ualidade masculina 9 aordada segundo duas formas @sicas de
representao- a do omosse"ual violento e a do omosse"ual efeminado* Amas as
visKes' apesar de opostas' so igualmente preconceituosas* Mostram a
omosse"ualidade como algo e"Etico' izarro' diferente e anormal' procurando &uase
sempre elevar Gndices de audi,ncia*
A omosse"ualidade feminina 9 menos fre&ente* Apesar disso' a partir de 2333'
tem crescido o nmero de l9sicas na televiso nacional' principalmente em programas
de fico como novelas e seriados*
4*2*B* Gays e lsbicas em programas de informao
!m programas de informao (tele$ornais e outro tipos de programas &ue
apresentam reportagens informativas) a aordagem mais presente 9 a do omosse"ual
violento* Assim' principalmente gaFs aparecem em mat9rias sensacionalistas como
agentes ou vGtimas da viol,ncia (situaKes ligadas' por e"emplo' a crimes se"uais) ou
como su$eitos marginais (&uando se mostra a vida de travestis de rua ou garotos de
programa)*
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!"emplos desse tipo de aordagem foram veiculados pelo rograma do 6ainho'
do S:' nos dias B4 e B de setemro de 2334* !m duas reportagens sore
prostituio nas ruas de So #aulo' as fontes entrevistadas incluGam apenas travestis'garotos de programas e seus respectivos clientes omens* + enfo&ue da mat9ria recaiu
sore as situaKes de viol,ncia a &ue essas pessoas esto su$eitas* :udo
acompanado por coment@rios preconceituosos e deocados do apresentador e do
repErter*
A esses e"emplos' alinamIse outros como reportagens e"iidas nos principais
tele$ornais do paGs sore crimes de pedofilia envolvendo padres e crianas do se"o
masculino* :ais assuntos ganam mais espao na :5 nacional &ue acontecimentos
positivos para omosse"uais como' por e"emplo' as paradas do orgulo gaF*
#ara MFers (2333) esse tipo de apresentao da omosse"ualidade na mGdia
tem efeitos particularmente negativos* #rincipalmente se levarmos em conta &ue &uanto
menos informaKes o plico tem sore omosse"uais mais ele ser@ influenciado por
um outro caso &ue came a ateno* +utro prolema est@ no fato de &ue Oa ocorr,ncia
de dois eventos distintos (por e"emplo' a notGcia de &ue um /?/;56cometeu um
>3)? e"cepcional) a$uda a criar uma correlao ilusEria entre pessoas e
comportamento' isto 9' ]todo omosse"ual 9 um criminoso^P (707A7' 233N' p*B33)*
Ainda em relao aos programas de informao' fazIse importante um reve
coment@rio acerca das reportagens veiculadas pelos tele$ornais rasileiros sore as
paradas do orgulo gaF citadas anteriormente*
#rincipal manifestao polGtica e cultural L:' a parada 9 o e"emplo mais
surpreendente da visiilidade alcanada por omosse"uais no decorrer da istEria de
seu movimento organizado* !m 2334' foram realizados mais de N eventos desse
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g,nero em todas as regiKes do paGs* Somente as seis maiores paradas rasileiras
atraGram cerca de 2 milKes e 433 mil pessoas (A\ *** ' 2334)* !ntretanto' o espao
&ue esses eventos ganaram na televiso rasileira ficou em aai"o do &ue esperado*#or e"emplo' no programa -an,sicoe"iido pela 8ede loo em BN*3Q*34' dia
da #arada de So #aulo' a coertura dada ao evento gerou apenas uma pe&uena nota*
Apesar de ser uma festa grandiosa' a parada ocupou apenas um minuto e meio da
ateno dos espectadores do programa* #ara efeito de comparao' no -an,sico do
domingo seguinte (23*3Q*34) um evento musical realizado em 8ecife gerou mat9ria de
tr,s minutos' incluindo flashao vivo*
Contudo' se em programas de veiculao nacional a maior parada gaF do paGs
receeu pouca coertura' tele$ornais locais parecem estar mais aertos pauta
Oomosse"ualidadeP*
#or e"emplo' em Juiz de 1ora (M)' a 2. #arada da Cidadania e do +rgulo L:'
realizada em 2B*3*34' receeu ampla coertura dos tele$ornais da cidade* :anto o M
:5' da :5 #anorama' afiliada 8ede loo' &uanto o Jornal da Alterosa' da :5
Alterosa' afiliada ao S:' pautaram diversos aspectos da omosse"ualidade durante a
semana &ue antecedeu o evento*
A an@lise da coertura dada pelos tele$ornais ilustra em outros pontos de vista
so o &uais o tele$ornalismo atual aorda a &uesto da omosse"ualidade*
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#or um lado' a visiilidade &ue a #arada oferece refora a id9ia do controle
social e"ercido pelo eterocentrismo' $@ &ue'
como as diversas se"ualidades se fazem visGveis em uma festa &ueprivilegia' de certa forma' seus estereEtipos e"acerados' ganavisiilidade a cultura festiva e gloalizada' com suas drags17' travestismontadas' go(go boys18e barbies19cada vez mais musculosos' al9mde celeridades do mundo artGstico e polGtico* + &ue 9 aceito etelevisionado 9 o Oe"aceradoP' &ue se destaca na cena festiva' masa ela se restringe' sem ameaar o cotidiano eteronormativo* +somosse"uais OcomunsP' principalmente se de ai"a renda eefeminados' mesmo estando ali presentes' permanecempraticamente OinvisGveisP* (7A0SSA0M!8' 2333' p*B3)
#or outro lado' 9 preciso reconecer os refle"os positivos da visiilidade
alcanada por gaFs' l9sicas e todas as outras possiilidades se"uais presentes na
#arada* + evento tornouIse palco de reivindicaKes e um espao concreto para o
desenvolvimento de estrat9gias polGticas em defesa da cultura e da identidade gaF* !
tal perspectiva acaa sendo aordada pelos tele$ornais' mesmo &ue se$a dada mais
ateno ao aspecto festivo do acontecimento*
15+ termo drag +ueenrefereIse a omem &ue se veste com roupas femininas de forma satGrica e e"travagante* Adrag +ueen9 um tipo de transformista* + uso das roupas est@ ligado a &uestKes artGsticas e' at9 mesmo'profissionais*16A e"presso go(go boysdesigna omens &ue fazem soHs de srip(easeem oates' festas e eventos destinadosao plico omosse"ual*177a gGria usada por omosse"uais' o termo barbies refereIse a gaFs musculosos &ue' ao se preocupareme"cessivamente com sua apar,ncia fGsica' tentam OfugirP do estereEtipo do omosse"ual efeminado' fraco e OfeioP*
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4*2*2* Gays e lsbicas em programas de audi!rio e humorsicos
A aordagem tGpica da televiso rasileira' &ue utiliza imagem de omosse"ual
efeminado' 9 mais comum em programas umorGsticos* 7eles so apresentados
personagens cWmicos' tais como a&ueles criados por JW Soares e Cico AnGsio desde
os anos =3* 7esses programas Os personagens omosse"uais so reservadas as
piadas mais picantes; sustos escandalosos e meiasIvoltas afetadas em diversas
situaKes; gritinos; gestual espalafatoso* :udo em funo do riso da plat9ia' dandoI
les o aspecto depalhaoP (M+8!7+' 233B' p* 2< Ugrifo nossoV)*
At9 mesmo o programa *s rapalh:es' sucesso $unto ao plico infantil durante
as d9cadas de =3 e 3' e"plorava essa caricatura* 0m dos integrantes do grupo era
especialista em aparecer na televiso com roupa de muler e ceio de afetaKes na
voz' nos gestos e postura (+7AL5!S' 2333)*
!ntre outros personagens famosos por fazerem uso do estereEtipo do
omosse"ual efeminado' citamos- D)*/(o rapaz cu$o pai fala o ordo O+nde foi &ue
eu erreiPT' &ue are este capGtulo do nosso traalo* + personagem fazia parte do
elenco do programa orra oal); P)84)>5 (vivido pelo umorista :om Cavalcanti' no
e"tinto ;egaom); S; P3;(personagem &ue OnasceuP no tam9m e"tinto Escolinha
do professor 6aimundo e o$e faz suas apariKes no orra oal); e os inmeros
personagens gaFs e l9sicas &ue so motivos de piadas no programa %assea e
planea< urgene=1>*
18:odos os programas mencionados foram veiculados pela 8ede loo* A maior parte deles' e"iidos em or@rionore' alcanando elevados Gndices de audi,ncia*
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7essa galeria de personagens risGveis' esto ainda a V35 V3/ (interpretado
pelo falecido ator Jorge Lafond' na raa nossa' do S:) e a C536/88 P)* (drag
+ueeninterpretada pelo apresentador Joo [l9er no programa Eu $i na ?0' da 8ede:5)*
Xuando o o$eto de an@lise passa a ser os programas de auditErio' a presena
do tema omosse"ualidade est@ cercada de uma dose ainda maior de estereEtipos e
total desrespeito aos direitos umanos de gaFs e l9sicas*
5e$amos um e"emplo* Semanalmente' o &uadro ?ese de fidelidade' do
programa Eu $i na ?0' convida uma pessoa a OdesmascararP a fidelidade de seu
parceiro ou parceira* A produo do programa arma uma cena' gravada por meio de
cYmera escondida' em &ue a seduo 9 o principal meio para provar se o parceiro em
&uesto 9 realmente fiel*
+ programa veiculado no dia 2
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relao aos termos usados pela garota* Assim' por meio da fala de Amanda' foi dito &ue
todo gaF 9- UsicV OporcoP' Ono$entoP' OviadinoP' OefeminadoP' OanormalP e Odigno de penaP*
Amanda termina o programa com uma frase &ue conclui tudo- Oeu no tenonada contra omosse"ual' mas' pW' tina &ue ser logo com meu namoradoP*
Al9m de uma corri&ueira riga de namorados' o programa Eu $i na ?0 passou
mais de uma ora veiculando conceitos e id9ias preconceituosas sore a
omosse"ualidade* Seguindo a lEgica das ediKes anteriores do programa e levando
em considerao o nome do &uadro' o &ue deveria estar em &uesto era o fato de
8odrigo levar uma vida dupla e no sua se"ualidade* /urante todo o ?ese de
fidelidade' o rapaz foi OcrucificadoP no pela traio a sua namorada' mas por
manifestar dese$o isse"ual*
!"posto isso' no podemos dei"ar de citar tam9m programas como o do
apresentador S9rgio Mallandro' na :5 azeta' &ue incluem entre seus &uadros as
famosas OpegadinasP* 7elas' omosse"uais so fre&entemente motivos de esc@rnio e
agressKes* /o mesmo modo' o rograma do 6ainho' do S:' possui um &uadro em
&ue umoristas contam piadas populares &ue' volta e meia' relatam casos envolvendo
OicinasP e OsapatKesP' sempre representados com afetao na voz e nos gestos*
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4*2*N* Gays e lsbicas em programas de fico
Com relao teledramaturgia' personagens omosse"uais figuram nas novelas
e seriados nacionais desde a d9cada de =3B
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A maior parte desses personagens tende a ser caracterizado sore modelos &ue
representaria todos as figuras desse g,nero* #or um lado' o modelo do personagem
cWmico* Sua composio aponta para o ridGculo da possiilidade de uma pessoa dose"o masculino se comportar como se pertencesse ao se"o feminino e viceIversa* #or
outro' o modelo do personagem dram@tico' a &uem 9 negada a felicidade' como se
fosse uma punio OousadiaP de se &uerer viver um dese$o omosse"ual (M+8!7+'
233B)*
Como e"emplo do primeiro caso' citamos a novela &ua$e $eneno' de Agnaldo
Silva' veiculada em B
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7o entanto' para al9m dessa dicotomia com9dia e drama' perceeIse &ue alguns
programas de fico mais recente deram ao tema omosse"ualidade um tratamento
mais criterioso' provocativo' umanGstico* !m @ pr!#ima $ima' escrita por SGlvio deAreu em B
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as duas muleres' no capGtulo do dia 2*BB*2334' e ao discutir temas pol,micos como a
adoo de criana por um casal de pessoas do mesmo se"o*
#ara :revisan (2332)' 9 difGcil avaliar com e"atido o &uanto as telenovelaspre$udicaram ou' na verdade' difundiram a visiilidade omosse"ual* #rincipalmente se
levarmos em considerao a ampla difuso &ue as telenovelas possuem na sociedade
rasileira*
7o entanto' independe do modelo mais estereotipado ou mais OrealistaP adotado
por uma novela ou s9rie' a an@lise desses programas dei"a claro &ue a teledramaturgia
continua perpertuando certa aordagem e"Etica da omosse"ualidade* 7uma clara
inteno de &ue a OestranezaP desses amores povoem' sem &ual&uer risco' o
imagin@rio rasileiro* Mesmo por&ue todas as telenovelas descritas acima padecem de
um recato espantoso ao mostrar cenas de amor omosse"ual' especialmente &uando
comparadas ao atrevimento das cenas de se"o entre omem e muler*
Ainda de acordo com Joo Silv9rio :revisan (2332) a presena de um casal de
l9sicas como o da novela &enhora do desino trataIse de um resgate t@cito da
omosse"ualidade' Oum ato de condescend,ncia &ue tolera apenas so rigorosas
circunstYncias' aceitando uma omosse"ualidade clean' da &ual este$a depurado todo e
&ual&uer res&uGcio de ]reeldia^P (%idem' p* 22)2B*
A fragilidade dessa OaceitaoP' continua o autor' fica evidente &uando se avalia
&ue a maior ou menor presena de omosse"uais na tev, responde s regras e
necessidades do mercado* :am9m na televiso' o &ue importa mais do &ue nunca 9 o
21Apesar disso' no dei"a de ser uma certa OreeldiaP a presena do amor entre duas muleres' em uma novela
veiculada para espectadores imuGdos da ideologia de uma sociedade faloc,ntrica*
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consumo' de modo &ue a prEpria moral passou' em certa medida' a depender do
mercado*
#ara :revisan (2332)' o casal gaF da novela @ pr!#ima $ima' citadaanteriormente' tornouIse possGvel por&ue pes&uisas indicaram &ue o filo omosse"ual
apresenta enorme potencial de consumo* ! tam9m ao crescimento da audi,ncia
sempre &ue uma Ocoisa proiidaP vai ao ar* Segundo o pes&uisador' tudo acontece de
acordo com um raciocGnio simples- o assunto omosse"ualidade ainda gera pol,mica'
&ue gera %ope' &ue aumenta o faturamento* /essa forma'
Oa verdade 9 &ue personagens omosse"uais tendem a fazer tantomais sucesso &uanto maior for a curiosidade do plico- a lEgicaperversa do mercado passa pela conveniente institucionalizao doolar $oyeur' amplamente e"plorada pela mGdia eletrWnica' emespecial* Assim' reforada por mais essa proiio' resguardaIse anecessidade de consumo mErido da omosse"ualidade' comamplas conveni,ncias comerciais* ! d@Ile gueis' l9sicas e travestispalat@veis na telina* (%idem' p*N3=)*
4*N* A TV /35 0/ 53?3)/: /?/;5) >/?/ =3/85@/*)85
7osso levantamento de um repertErio @sico de produtos televisuais &ue tratam da
omosse"ualidade passa agora a avaliar programas em &ue gaFs' l9sicas e
transg,neros so protagonistas* Se$a como personagens centrais de um seriado' ou
como plico principal ao &ual se endeream esses produtos*
7o rasil' a e"peri,ncia pioneira com um programa de televiso &ue trate de
assuntos relacionados omosse"ualidade aconteceu com o %omando G' veiculado
pela :5 azeta' em 2333* Apresentado semanalmente pelo ator Mateus Carrieri' o
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programa trazia- entrevistas; ensaios erEticos com srippersmasculinos; e dicas de
cinema' livros e discos sore temas relacionados diversidade se"ual* #or falta de
patrocinadores' o %omando G foi cancelado apEs algumas poucas ediKes(A`0LA8A\' 2333)*
0ma outra e"peri,ncia do g,nero foi surgir na :5 rasileira apenas em 2334*
Atualmente' o programa lanea G 9 o nico a tratar especificamente da
omosse"ualidade* !"iido uma vez por semana pelo canal comunit@rio da operadora
de :5 a cao 7et' em So #aulo (S#)' o programa 9 um alA(sho)' apresentado pela
drag +ueenpaulistana SilvettF Montilla* /esde sua estr9ia' o lane Gvem enfrentando
prolemas com falta de patrocGnio' pe&uena divulgao e ai"o nmero de
telespectadores (A7/8A/!' 2334)*
Algumas e"peri,ncias de :5 pela internet t,m alcanado relativo sucesso no
rasil* 7o ar desde 32N' apresenta' a
cada m,s' um programa de entrevistas com personalidades e militantes do movimento
omosse"ual rasileiro* J@ na homepage do Gonline verso em ipermGdia da revista G
;agaBine' o alA(sho)@ dona do barraco24apresenta entrevistas sore temas como
OfamGlia e omosse"ualidadeP; Otravestis e preconceitoP e Ofidelidade gaFP2*
Apesar de serem veiculadas pela )eb' essas e"peri,ncias seguem o formato de
programas e"iidos pelos canais de televiso OcomunsP* !ndereados especificamente
ao plico omosse"ual' tanto o ?0 udo &uanto o @ dona do barraco apresentam
informaKes corretas e esclarecedores sore o &ue 9 a omosse"ualidade e como
vivem indivGduos &ue possuem essa orientao se"ual*
225er http-__osting*pop*com*r_gl"_tvtudo_*235er http-__HHH*gl"*com*r*245er h ttp-__gonline*uol*com*r_livre_gtivi_inde"*stml*25!sses so os tGtulos de alguns programas &ue $@ foram ao ar pela :i5i*
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1ora do rasil' as e"peri,ncias com programas de :5 centrados na
omosse"ualidade so em maiores (e melores)* !m 2333' a televiso americana
estava povoada por mais de B= personagens omosse"uais em programas de fico(A7/8A/!' 2333)* /e l@ para c@' esse nmero vem se tornando maior a cada nova
temporada* Assim'
podeIse afirmar &ue' se$a por correo polGtica ou por respostamercadolEgica' a :5 americana ariuIse de forma sensGvel para apresena omosse"ual' em especial nos seriados* (***) Como oaparte dessas s9ries 9 e"iida tam9m em canais pagos' o &ue supKeum espectador com poder a&uisitivo ao menos um pouco superior'como $@ foi provado &ue o omosse"ual 9 um consumidor pore"cel,ncia' @' claro' interesse comercial na insero depersonagens gaFs nas tramas (#!:!8MA77' 2333' p* =I)*
!ntre as s9ries americanas cu$os protagonistas so omosse"uais citamos-
Cueer as folA2Q; Dill Grace2=; Cueer eye for a sraigh guy2>' Ellene ?he Ellen sho)2
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economia' seriados e filmes de com9dia' drama e pornogr@ficos* :udo com tem@tica
omosse"ual*
!m 2332' estreou na %nglaterra' a 8ainoH 7etHor :5
NB
* Com programaoapenas no or@rio noturno' o canal apresenta programas de comportamento' msica e
filmes erEticos* :am9m em 2332' foi lanado na %t@lia o canal aF*:5N2' voltado para
omosse"uais masculinos com idade entre 2 e 44 anos (/0A8:!I#L+7' 2334;
+0LA8: 233B; J%M!7!`' 233N)*
+ mais recente canal fecado de televiso a se dedicar audi,ncia omosse"ual
estreou em outuro de 2334' na 1rana* A programao da #in :5 NN apresenta
document@rios sore celeridades' seriados de comedia' e filmes pornWs gaFs
transmitidos em &uatro noites por semana* + novo canal espera atender a pelo menos
B3 mil assinantes em dois anos (j\::' 2334)*
7o rasil' o mercado de :5 por assinatura comea a despertar para contedos
dirigidos ao plico omosse"ual* Atualmente' e"istem dois canais desse g,nero no
paGs* A operadora :ecsat distriui a LS :5 desde 233B' en&uanto a /irec:5 lanou'
em meados de 2334' o Cannel* Amos so oferecidos em sistema pay(per($ie)
(pague para ver) e oferecem filmes pornogr@ficos produzidos no Leste !uropeu e nos
!stados 0nidos* #agaIse at9 8k 2
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mensalidade da assinatura com produtos e"tras' como os canais de filmes erEticos
omosse"uais*
#or en&uanto' tudo o &ue as empresas de :5 paga rasileira v,em nosomosse"uais so @vidos consumidores de se"o e"plGcito* 7os !stados 0nidos' isso
est@ mudando* A empresa de comunicao 5iacom' &ue det9m a M:5' preparaIse para
lanar em fevereiro de 233 o Logo' canal &ue ser@ aseado em entretenimento para
gaFs' no em se"o ou se"ualidade' como afirma um dos diretores da empresa
(#8%M!%8+ *** ' 2334)*
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UARTO CAP(TULO
A televiso 9 e sempre ser@ a&uilo &ue nEsfizermos dela*
A8L%7/+ MACRA/+' 233B*
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* GUEI: UM PROGRAMA DE TV CONTRA O PRECONCEITO'
7o livro sicologia &ocial' o pes&uisador Aroldo 8odrigues se pergunta- 9 possGvel
a criao de mecanismos eficazes para diminuir o preconceitoT Segundo o prEprio
autor' a resposta 9 sim* O+u' pelo menos' sim' devemos continuar tentandoP
(8+/8%0!S et al*' B
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contato aumenta a proailidade de eterosse"uais se tornarem a favor da igualdade
de direitos para os omosse"uaisP (%idem' p* /?;*)>5-/ =535 5 >)0505*)5
Atualmente' o termo OcidadaniaP 9 empregado com diversas acepKes* #ara a
autora Maria de Lourdes ManziniICovre (233B) em linas gerais' cidado 9 a&uele &ue
det9m direitos e deveres; 9' ao mesmo tempo' sdito e soerano*
/entro da esfera da OcidadaniaP' incluemIse direitos e deveres civis e de
participao no e"ercGcio do poder polGtico* !' ainda' direitos sociais como a garantia de
acesso educao' sade e moradia* A &uesto da cidadania passa tam9m por
garantias relacionadas coletividade' como os direitos umanos' direito das muleres'
direito ao meio amiente e' at9 mesmo' direitos se"uaisN4(#!80``+' 2332)*
/e acordo com onti$o (2334)' a cidadania no 9 algo fi"o' mas uma construo
social* #ara esse autor' o termo OcidadaniaP diz respeito incorporao' por pessoas ou
34#ara um aprofundamento da discusso sore cidadania e direitos se"uais' ver 8ios et al* (2334)*
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grupos' de mecanismos &ue visem a formular (ou reformular) legalidades vigentes num
determinado campo social* Se$am elas legGtimas ou no* no confronto dessas
garantias com a legitimidade egemWnica &ue se d@ a construo da cidadania* Sendoassim'
a luta por cidadania 9 um pro$eto de o$etivao de su$etividade'&ue se transforma numa tra$etEria (***) de entendimento de diferenassociais e da mina posio dentro delas' para construir' ento' orespeito a essas diferenas* roeo< rae!ria e processo deconscientizao das posiKes &ue eu ocupo nos diversos camposdos &uais eu fao parte ao longo do meu cotidiano e das minasinteraKes cotidiana (%idem' p* Q)*
/essa forma' cidadania significa no apenas a garantia de direitos' mas tam9m
a participao efetiva do cidado e da cidad na defesa dos interesses plicos* ! isso
se d@ atrav9s da reivindicao e da apropriao dos espaos e do conecimento*
Sendo assim' a mGdia e a informao so peas fundamentais nesse processo*
+ acesso de minorias discriminadas' e outro grupos sociais' aos meios de
comunicao contriui para o e"ercGcio da cidadania e para o desenvolvimento de uma
nova consci,ncia democr@tica* /e maneira geral' isso significa possiilitar uma nova
troca de conecimentos' o fortalecimento do deate plico e a criao de mais
espaos de discusso* SituaKes essas capazes de contriuGrem para a moilizao
social e a construo de mudanas na sociedade*
7o terceiro capGtulo deste traalo' oservamos &ue a mGdia e"erce uma grande
influ,ncia sore a formao do conecimento das pessoas e de sua compreenso do
mundo* :am9m foi dito &ue a mGdia contriui para semear e perpetuar estereEtipos' ao
apresentar ar&u9tipos sore o &ue so ou devem ser grupos sociais OdiferentesP (entre
eles' os omosse"uais)* #or sua vez' esses estereEtipos no dei"am de ser formas de
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controle e manipulao do imagin@rio coletivo e da imagem &ue o grupo estereotipado
faz dele mesmo*
7esse sentindo' a e"peri,ncia do movimento omosse"ual no rasil mostra &uea ativa participao polGtica da comunidade gaF 9 importante e essencial para a
transformao da sociedade*
#or isso tornaIse necess@rio pensar a construo' na mGdia em geral e na
televiso em particular' de uma nova imagem da omosse"ualidade* #ropor uma
representao &ue colo&ue em dvida o teor das imagens e"istentes' sugerindo novos
paradigmas* %dentificar os mecanismos de controle e manipulao da imagem
omoerEtica a fim de &ue $ornalistas e comunicadores contriuam para o
estaelecimento da livre manifestao da diversidade se"ual*
/essa forma' assumimos os compromissos descritos acima' so a perspectiva
de uma comunicao comunit@ria' a favor da cidadania*
Segundo Caetano e Costa (2332) a comunicao comunit@ria est@ relacionada a
movimentos e pr@ticas sociais do coletivo* 8epresenta a fala dos &ue' muitas vezes'
vivem margem' sufocados e ansiosos por mudanas* !ssa forma de comunicao'
en&uanto modelo de interao social' possiilita' entre outros- o desenvolvimento de
conecimento e saer compartilados; a organizao para resolver prolemas comuns;
e a oteno de poder coletivo*
A comunicao comunit@ria diz respeito' ento' a uma alternativa ao monopElio
dos grandes meios sore a informao* 0m instrumento de luta por con&uistas de
direitos importantes cidadania* %sso por&ue a comunidade em &uesto se v,
representada e pode influenciar na notGcia veiculada*
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Saemos &ue a comunicao popular (ou comunit@ria) pode terv@rias formas v@lidas' na medida em &ue tentam ultrapassar adominao das classes egemWnicas sore os meios decomunicao de massa* !ntretanto' 9 preciso uscar novos espaose novas formas de atuao' ousar na criao de territErios &uefavoream oproagonismopopular* Mais do &ue somente dar voz evez' 9 importante contriuir para a ampliao da participao dasclasses sualternas de maneira criativa e produtiva (%idem' p* Ugrifos nossosV)*
trazendo essas discussKes para o campo da omosse"ualidade &ue iremos
propor um programa de :5 contra o preconceito se"ual* Com esse produto' nossos
o$etivos so-
B) propor uma mudana de postura da mGdia em relao omosse"ualidade'
partindo de uma Ocultura de sil,ncioP sore o assunto para dar voz s lutas e
reivindicaKes dessa comunidade;
2) dar maior e melor visiilidade Osucultura omosse"ualP' informando e
esclarecendo sore como vivem e com o &ue sonam l9sicas' gaFs e transg,neros;
N) contriuir para a produo de uma nova imagem mais positiva' $usta e
igualit@ria da omosse"ualidade na televiso rasileira;
4) denunciar a violao de direitos umanos de omosse"uais;
) concorrer' em sintonia com a luta do movimento omosse"ual' para a
construo de uma imagem plica da omosse"ualidade &ue sirva de modelo positivo
para pessoas &ue manifestam essa orientao se"ual*
! isso' tendo em vista &ue uma mudana no comportamento (em nosso caso' as
concepKes mantidas por indivGduos preconceituosos) pode mudar as atitudes (neste
caso' atos de discriminao aos &uais esses indivGduos podem cegar)*
*2* A =3/=/85
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7ossa an@lise da presena de omosse"uais em programas e canais de televiso'
aliadas ao cumprimento dos o$etivos descritos na p@gina anterior' possiilitou &ueceg@ssemos ao formato do produto televisual proposto neste traalo*
Assim' plane$amos um programa $ornalGstico e de variedades intitulado GUEI*
!scolemos a televiso por&ue esse 9 o veGculo mais popular' de maior
crediilidade e &ue est@ na prefer,ncia dos rasileiros como fonte de informao'
entretenimento' cultura e lazer (SX0%88A' B
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!m nosso compromisso $ornalGstico' temos como princGpio uma 9tica profissional
construGda sore uma comunicao independente e autWnoma* 0m $ornalismo &ue d,
voz aos &ue no a t,m*7o programa GUEI' uscaremos oferecer ao plico' informao alternativa e
crGtica de &ualidade' capaz de contriuir para uma sociedade mais livre' igualit@ria e
respeitosa para com a diversidade umana* o &ue propomos*
*N* O =J46)>/ 56+/
+ programa GUEI9 endereado' principalmente' a espectadores e espectadoras
omosse"uais* 7osso produto possui intenKes claras com essa audi,ncia- possiilitar
a ela uma maior tomada de auoconscieniBaocomunit@ria' O$@ &ue os meios (de
comunicao) podem funcionar como um espelo em &ue a comunidade se en"ergaria
so uma nova luzP (CA!:A7+ e C+S:A' 2332' p* 4B)*
Como foi dito' um dos nossos o$etivos' 9 a representao de uma nova imagem
de omosse"uais na :5* Com isso' intencionamos fazer com gaFs e l9sicas sintamIse
mais vontade com sua orientao se"ual* !' no camino (voltamos a ressaltar)'
facilitarmos a adoo de identidades gaFs positivas' na medida em &ue nosso plico
poder@ se reconecer nessa nova imagem*
#ara muitas l9sicas e gaFs discutir sua orientao se"ual com pais' m9dicos'
professores e amigos parece ser uma opo invi@vel* Assim' a alternativa &ue les
resta 9 oter informao por conta prEpria' atrav9s dos meios de comunicao ou no
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contato com outros gaFs e l9sicas* 7osso programa tam9m est@ inserido nessa
perspectiva* A id9ia a&ui 9 mostrar para essas pessoas o &uo natural pode ser a
omosse"ualidade*Xuanto fai"a et@ria do nosso plico' pretendemos atingir pessoas com idade
acima dos BN anos' principalmente a&uelas &ue se encontram na adolesc,ncia*
nessa fase da vida &ue o indivGduo mais enfrenta inseguranas relacionadas
aceitao de sua se"ualidade (:8!5%SA7' 2333)*
:am9m 9 na fai"a de idade entre os BN e os B anos &ue se forma parte das
concepKes &ue nos acompanam por toda vida* :am9m parece ser durante a
infYncia e adolesc,ncia &ue a mGdia mais e"erce influ,ncia* 7essa fase da vida' a
televiso principalmente pode surgir como uma OautoridadeP' cu$as e"peri,ncias
individuais de personagens fictGcios e pessoas famosas relatadas ou reproduzidas
podem a$udar a formar modelos &ue inspiram a imitao adolescenteN ([L%7!8'
2332; #!8!%8A' 233N)*
Sendo assim' a :5 rasileira tem sido negligente por &uase nunca refletir sore
como ela pode a$udar a construir a identidade se"ual dos adolescentes gaFs e l9sicas*
+ autor JeanIClaude ernardet faz uma interessante an@lise dessa falta de
modelos positivos em &ue $ovens omosse"uais possam se espelar-
35!m visita ao rasil' o ator [eer Smit' &ue interpretou um adolescente gaF na s9rie americana Fa)sons creeA'relatou um interessante fato* Logo apEs ter ido ao ar o capGtulo em &ue seu personagem revela famGlia suaorientao se"ual' o ator receeu diversas cartas de $ovens gaFs contando &ue aviam tomado coragem para fazer omesmo em suas casas' apEs assistirem ao capGtulo do seriado (A7/8A/!' 2333)*
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(***) a sociedade le oferece (ao adolescente) modelos decomportamento* +s meninos namoram as meninas' e as meninas osmeninos' os pais fizeram assim' os avWs fizeram assim* +casamento' passando ou no pelas leis e pela igre$a' est@ aG- 9 sEfazer como os outros* + casamento monogYmico e o adult9rio' osord9is e as prostitutas- o camino $@ est@ traado* +s romances' osfilmes' a pulicidade nos muros da cidade e na televiso' astelenovelas' tudo nos diz como devemos proceder* o reino daeterosse"ualidade* Ao adolescente com tend,ncias omosse"uaisno se oferecem trilas prontas' ele tem &ue encontrar as suas'adivinar' procurar' inventar* a luta*(!87A8/!:' B
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*4* A 5;0)*>)5 / =583/>*)/
As discussKes sore o plico alvo de nosso programa nos levaram a pensar em
modos de financiamento desse produto por meio de anncios pulicit@rios nos
intervalos comerciais* Como as empresas ad&uirem cotas de pulicidade nos
programas de televiso de acordo com o perfil dos espectadores' tornaIse necess@rio
uma reve discusso sore as caracterGsticas do consumidor omosse"ual*
Muitos produtores envolvidos com a camada OmGdia gaFP reclamam da falta de
pes&uisas confi@veis sore o comportamento de consumo omosse"ual no rasil*
0ma das maiores dificuldades &ue enfrentamos &uandoconversamos com um patrocinador em potencial 9 odesconecimento do plico &ue pretendemos atingir (***)* A falta depes&uisas nessa @rea faz com &ue o traalo se$a desenvolvido&uase &ue por intuio* 7o saemos e"atamente &uantas pessoasconsomem um produto gaF e isso dificulta muita a negociao comanunciantes e patrocinadores* (1%SCR!8' 2334' p* BN)
Ainda &ue incipiente' o material disponGvel sore o movimento mercadolEgico do
grupo camado LSNQ revela dados significantes* #es&uisas realizadas pelo site Mi"
rasil (#!SX0%SA' 2334) e pela empresa L2 #es&uisas e Comunicao (+8!S e
L%MA' B
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esses estudos' os elevados sal@rios dessa parcela da populao se $ustificaria
asicamente por duas razKes- a maioria no teria filos e' ao &ue parece'
omosse"uais seriam mais escolarizados do &ue a populao geral*raas a dados como esses' gaFs e l9sicas passaram a ser camados' por
profissionais da @rea de mareting' como dinAs(double income< no Aids)* A e"presso
refereIse a casais de profissionais sem filos &ue' por esse motivo' podem gastar
consider@vel parte de sua renda em artigos sup9rfluos ou de lu"o*
As pes&uisas rasileiros citadas na p@gina anterior &ualificam os omosse"uais
como pessoas mais e"igentes' com um comportamento de consumo prEprio' muito
voltado para o lazer' entretenimento' cultura' moda e informao* Sendo assim' gaFs e
l9sicas gastariam maiores &uantias do &ue eterosse"uais em- viagens' carros'
cartKes de cr9dito' livros' msicas' eidas' restaurantes' cinema' teatro' roupas'
perfumes' academia de gin@stica e o$etos de lu"o em geral* !sses consumidores
tam9m seriam preocupados com moda' fi9is a determinadas marcas e $ovens* !ntre
os omosse"uais entrevistados nessas pes&uisas' b t,m idade entre B e N3 anos; e
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/essa forma' a escassez de dados demogr@ficos sore os omosse"uais tem
feito com &ue informaKes colidas a partir de um segmento muito especGfico desse
plico se$am utilizadas como sendo representativas da populao omosse"ual comoum todoN=*
%sto faz com &ue se desenvolva um nmero ainda maior de mitoscom relao aos omosse"uais' e acaaIse por ter a impresso de&ue os gaFs so omens ricos e sem filos &ue podem gastar seuselevados sal@rios em artigos de lu"o e viagens pelo mundo* (***)+utros autores afirmam ainda &ue omosse"uais com rendaselevadas e maior escolaridade so mais propensos a ler $ornais erevistas' utilizar a internet e assumir sua orientao se"ual' e'portanto' participar de pes&uisas* (707A7' 233N' p* BQ2IBQN)*
Controv9rsias parte' acreditamos na importYncia de nossa proposta antes
mesmo de avaliarmos o sucesso comercial de um produto direcionado para gaFs'
l9sicas e transe"uais* /efendemos a id9ia de &ue' antes de ser vi@vel
economicamente' a produo de um programa de :5' nos moldes em &ue plane$amos'
9 $usta e necess@ria*
** A =/68)>5 0)8/3)56 5 =5;85
37A pes&uisa realizada pelo site Mi" rasil' em 2334' envolveu apenas usu@rios de internet &ue acessam o portal* J@o estudo feito pela empresa L2 #es&uisas e Comunicao entrevistou apenas B3 omens gaFs assumidos' adultos'&ue residem em So #aulo (S#) e fre&entam lugares como saunas' livrarias' oates e restaurantes direcionados aao plico LS*
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reed (B
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) omosse"ualidade no 9 motivo para discriminao no traalo' na famGlia' na
escola' na mGdia' nos servios e locais plicos ou em &ual&uer outro amiente;
Q) governos devem tomar a frente no sentido de desenvolver aKes &ue visem diminuio dos preconceitos e da discriminao contra os omosse"uais;
=) omosse"uais no devem receer tratamento diferenciado em relao aos
eterosse"uais;
) omosse"uais devem ser livres para- amarem' organizaremIse e lutarem pela
promoo de seus direitos;
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+ programa GUEI tam9m apresentar@ notGcias sore lutas e con&uistas do
movimento omosse"ual e' ainda' mat9rias envolvendo aspectos da Osucultura
omosse"ualP' incluindo preconceito' cidadania' direitos umanos' consumo' turismo'sade e se"ualidade*
*Q* O 88/
#ara uma melor orientao da atividade de redao dos te"tos apresentados no
programa' sero usados os manuais de estilo propostos por areiro e Lima (2332) e
#arternostro (2332)* Amos os manuais consideram &ue' em tele$ornalismo' o te"to 9
escrito para ser falado pelo locutor e ouvido pelo telespectador* + plico &ue assiste
ao tele$ornal sE tem uma cance para entender o &ue est@ sendo dito' $@ &ue no e"iste
um meio de se repetir a informao no compreendida* Atendo a isso' o te"to em :5
deve ser claro' conciso' direto' preciso' simples' o$etivo e armWnico*
+ $ornalista precisa ter em mente &ue est@ contando uma istEria para algu9m'
mas sem apelos linguagem vulgar' e' acima de tudo' respeitando as regras do idioma*
#ara &ue esse tipo de te"to se$a atingido' os manuais recomendam' por e"emplo- o uso
de frases curtas e na ordem direta; escola de vocaul@rio acessGvel a &ual&uer tipo de
espectador; e opo pela palavra mais simples para definir uma coisa ou situao*
Al9m de seguir essas recomendaKes' a redao do programa GUEI estar@
atenta a outros aspectos da linguagem* 5isto &ue o uso de determinadas palavras pode
resultar em preconceito e difamao contra grupos istoricamente discriminados'
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adotaremos uma postura de correta escrita de e"pressKes relacionadas ao universo da
omosse"ualidade*
#ara tal' seguiremos as recomendaKes do Guia para ornalisas e redaores
editado pela Associao #rEIconceito de aFs e L9sicas (2332)* + manual deate o
uso de termos controversos como Ocasamento gaFP; Oopo e desvio se"ualP e
Oomosse"ualismoP' propondo' em seu lugar' as e"pressKes Ounio civilP' Oorientao
se"ualP e Oomosse"ualidadeP' respectivamente*
#ara &ue o te"to do programa se$a compreensGvel a um maior nmero de
pessoas iremos evitar o uso de termos e gGrias comuns ao vocaul@rio usado por
omosse"uais em seu diaIaIdia*
*=* A 6)*@;5@? 0/ =3/@35?5
#or meio de imagens e sons' o tele$ornalismo tem uma forma em especGfica de
noticiar fatos* 7ele' o evento 9 reportado atrav9s das falas de seus protagonistas e dos
repErteres encarregados de coriIlo* 7essa estrutura' a funo do apresentador de um
programa informativo veiculado pela :5 consiste asicamente em ler as notGcias e
amarrar os v@rios enunciados' dando voz s pessoas envolvidas no fato*
Assim'
o tele$ornal (entendido a&ui en&uanto g,nero televisual) no pode serencarado como um simples dispositivo de refle"o dos eventos' denatureza especular' ou como um mero recurso de apro"imao
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da&uilo &ue acontece alures' mas antes como um efeito demediao* A menos &ue nEs prEprios se$amos os protagonistas' oseventos surgem para nEs' espectadores' mediados atrav9s derepErteres' portaIvozes' testemunas oculares e toda uma multidode su$eitos falantes considerados competentes para construirOversKesP do &ue acontece (MACRA/+' 233B' p* B32)*
7essa tarefa de mediar acontecimentos' o traalo $ornalGstico para :5 deve
construir a informao costurando' $unto com te"to- vozes' registros visuais' msica e
arte gr@fica gerada por computador* 7essa perspectiva' a escrita da reportagem para
televiso deve complementar as informaKes visuais' remeterIse a elas' e no
simplesmente repetiIlas* :odo esforo deve ser realizado no sentido de se evitar &ue o
te"to soe redundante* A notGcia tem &ue cegar ao telespectador de forma clara'
precisa e interessante*
Como a linguagem apresentada por um programa deve estar em sintonia com o
perfil de sua audi,ncia' propomos para o programa GUEI uma edio inovadora' @gil e
dinYmica' &ue fu$a dos cYnones OsisudosP apresentados pelos tele$ornais atuais*
** O /3?58/
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+ programa GUEI ser@ gravado semanalmente e ter@ durao de &uinze
minutos' divididos em tr,s locos de cinco minutos cada' fora o tempo destinado aosintervalos comerciais* A apresentao ser@ feita por ;? K*>/35' dentro do estdio' e
outros 0/) 3=
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vena a ser produzido' esse OmodeloP poder@ sofrer alteraKes estimuladas por-
durao das reportagens; tempo dos intervalos comerciais; pes&uisas de audi,ncia &ue
venam a ser realizadas; e or@rio de veiculao e emissora (o programa foi pensandopara ser e"iido no or@rio noturno' em dia de semana' num canal de :5 por
assinatura' com arang,ncia nacional)*
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Ser ica 9 um estado de espGrito'de co&ue' de sGtiode graa* ter parte com o demWnio'aprendiz de feiticeiro* estar entre' no meio' ser metaIdeoutros omens*
#A0L+ A00S:+ /A S%L5A'poeta potiguar' B
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Xual&uer istEria da se"ualidade 9 tam9m uma istEria da interpretao culturaldada pela sociedade ao erotismo umano* #or e"emplo' no Antigo 8egime' no avia
necessidade polGtica' econWmica e social de se distinguir o relacionamento entre
pessoas do mesmo se"o do relacionamento entre pessoas de se"o oposto* At9 mesmo
por&ue a interpretao dada ao corpo da muler tornava inconceGveis as noKes de
Ose"os iguaisP ou Ose"os diferentesP* + corpo feminino era entendido como uma verso
oposta e inferior do corpo masculino* 7o fundo' avia apenas um se"o indivisGvel- o do
omem*
Contudo' pouco a pouco' en&uanto o mundo cruzava o s9culo >5%%%' ocorreu
uma mudana radical* A ci,ncia da 9poca separa omem e muler em dois se"os
completamente contr@rios* !' para um e outro' cria comportamentos' pap9is'
e"pectativas' pudores totalmente antagWnicos*
A partir desse momento' a id9ia de um se"o invertido e inferior recai sore o
conceito de omosse"ualidade* 0ma id9ia nascida para classificar todos os omens
&ue se relacionavam amorosamente com outros omens* :odos os omosse"uais
passam a ser considerados' in&uestionavelmente' efeminados* Anormais* 5iciosos*
/oentes* %ndignos* Criminosos*
Assim' nasciam os estereEtipos &ue deram origem ao atual posicionamento
preconceituoso em relao omosse"ualidade* /esde a&uela 9poca' vem se
repetindo a mesma id9ia- omosse"ualidade 9 aerrao*
Contudo' as coisas tendem a mudar* 7os ltimos 23 anos' a cultura
omosse"ual no ocidente tem passado por mudanas* Muito disso graas luta pela
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construo de identidades gaFs positivas' levada a cao pelo movimento L: no
rasil e no mundo*
Mesmo assim' no 9 difGcil constatar a forte incid,ncia de discriminao soregaFs e l9sicas' fruto de mais de dois s9culos de preconceitos* A lEgica 9 simples-
como estamos mais dispostos a acreditar na&uilo &ue nos 9 apresentado com maior
fre&,ncia' nossa aprendizagem social faz com &ue fi&uemos conformado com atitudes
discriminatErias* 7esse sentido' aprendemos a ter um comportamento preconceituoso
em diversos lugares* 7a escola* !m casa* 7a vizinana* 7a %gre$a* 7o convGvio com
amigos e' por &ue no' na mGdia tam9mT
Controlados por grandes grupos econWmicos' os meios de comunicao de
maior audi,ncia reapresentam a ideologia dominante' &ue' por sinal' diz respeito a uma
viso de mundo heeroc3nrica* Assim' a mGdia geralmente pouco reflete sore os
modos como apresenta a omosse"ualidade* 8eplica estereEtipos vigentes na
sociedade' e' no camino inverso' contriui para naturalizaIlos* :udo acontece como
em um cGrculo vicioso &ue parece nunca ter fim* Ser@T
A pes&uisa apresentada neste traalo' despertou em nEs algumas refle"Kes-
B) se o conceito de Oomosse"ualP foi (mal) construGdo istoricamente' podeIse'
pelos mesmos caminos' propor novos paradigmas a essa manifestao da
se"ualidade* :al raciocGnio vale tam9m para a disseminao de estereEtipos' $@ &ue'
en&uanto processo social' eles podem ser desconstruGdos da mesma forma pela &ual
surgiram;
2) se a discriminao e"erce um peso negativo sore a vida dos omosse"uais'
a luta para erradicaIla 9 mais &ue $usta e legGtima;
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N) se a Ogrande mGdiaP determina uma culura do sil3ncioem relao aos grupos
e"cluGdos' entre eles' os omosse"uais' a comunicao comunit@ria revelaIse como
uma saGda possGvel*! 9 sore o conceito de comunidade &ue gostarGamos de $ogar uma luz*
/o processo de identificarIse com o outro a partir de certas semelanas' surge
a comunidade da &ual estamos falando' &ue tam9m pode ser referenciada como
OsuculturaP* :rataIse de um fenWmeno socialmente construGdo &ue a$uda muitas
pessoas a lidarem com a alienao e o preconceito* !ssa comunidade acredita &ue um
mundo mais $usto pode ser construGdo atrav9s de esforo coletivo' o &ue por sua vez