GUIA DE PROJETO INTEGRADO
PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE
NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS
VERSÃO DRAFT
GUIA DE PROJETO INTEGRADO PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE
NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS
VERSÃO DRAFT 2 de 32
AUTORES
Anne Sigrid Nordby e Per F. Jørgensen Asplan, Noruega Klemens Leutgöb e StefanAmann e7, Áustria; Salvatore Carlucci eERG‐Polimi, Itália; Andy Sutton BRE, Reino Unido Agris Kamenders Ekodoma, Letónia
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO PARA A VERSÃO PORTUGUESA
Carlos Laia Carlos Lisboa
CONTACTO
Carlos Laia CEEETA‐ECO, Consultores em Energia, Lda. Rua Dr. António Cândido, 10, 1º 1050‐076 Lisboa, PORTUGAL www.ceeeta‐eco.pt
SÍTIO WEB DO PROJETO EUROPEU
www.integrateddesign.eu
O projeto MaTrID é cofinanciado pelo Programa Energia Inteligente para a Europa da Comissão Europeia
(Contrato nº: IEE/11/989/SI2.615952).
O conteúdo deste documento é da inteira responsabilidade dos seus autores, não refletindo necessariamente
a posição da União Europeia. Nem a EACI, nem a Comissão se responsabilizarão pelo uso da informação nela
contida.
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PARTE 1
Guia de projeto integrado
Linhas de orientação para a implementação de um processo de projeto integrado de edifícios de elevado desempenho energético e ambiental
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O QUE É O PROJECTO ENERGÉTICO INTEGRADO?
O conceito de Projeto Energético Integrado (em inglês, IED, Integrated Energy Design) tem por
objetivo a minimização das necessidades energéticas no projeto de um novo edifício ou na fase de
reabilitação. A sua implementação baseia‐se na adoção de um processo de projeto integrado,
multidisciplinar, colaborativo e que se estende ao longo de todas as fases do processo de
construção, em particular desde as fases iniciais da conceção da intervenção até à construção e
operação do edifício.
Nos últimos anos, as políticas europeias têm procurado combater os efeitos das alterações
climáticas através do estabelecimento de objetivos concretos de redução das emissões de gases com
efeito de estufa. No sector da construção de edifícios, o objetivo europeu para o ano 2020 consiste
em exigir que os novos edifícios, e gradualmente os edifícios reabilitados, sejam edifícios com
necessidades quase nulas de energia (em inglês nZEB – nearly Zero Energy Buildings). Um edifício
com necessidades quase nulas de energia apresenta um desempenho energético muito elevado,
devendo as necessidades de energia quase nulas ou muito pequenas ser cobertas em grande medida
por energia proveniente de fontes renováveis, incluindo energia proveniente de fontes renováveis
produzida no local ou nas proximidades.
No entanto, se o desafio atual é o de enfrentar as ameaças das mudanças climáticas, é necessário
tomar em consideração um conjunto de fatores ambientais mais amplos, para além dos requisitos
de eficiência energética dos edifícios. Portanto, o objetivo final do projeto de um edifício deve ser
reduzir o impacto ambiental global, tendo em conta todos os fatores que participam na geração de
gases com emissões de efeito de estufa.
Figura 1: Jardim de infância KVAMSSTYKKET, Tromsø, Noruega; certificado PASSIVHAUS (voluntária).
Projeto arquitetónico e paisagístico da Asplan Viak e Arkitekturverkstedet
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Uma maneira possível e útil para apoiar os projetistas neste complexo desafio pode ser a utilização
de sistemas de avaliação de impacto ambiental, que normalmente permitem quantificar os impactos
de uma construção relacionados com a sua construção, operação e desativação. Alguns dos
indicadores utilizados em esquemas de avaliação ambiental são a qualidade do ar interior, a
prevenção do uso de substâncias perigosas, o uso responsável dos recursos, a biodiversidade e o
transporte sustentável. Como exemplos mais conhecidos de sistemas de avaliação ambiental de
edifícios podem citar‐se o BREEAM, LEED ou SBTool, e em Portugal, o LiderA. Esses sistemas podem
ajudar a definir os objetivos ambientais a atingir e traduzir as medidas redução de gases com efeito
de estufa em metas claras e quantificáveis ao nível do projeto.
A gestão da complexidade dos diversos objetivos e a sua tradução em metas ao nível do projeto
aponta claramente para a necessidade de uma prática de Projeto Integrado e uma melhor
abordagem multidisciplinar. Para além disso, a abordagem de projeto integrado é crucial não só para
conceção e construção de edifícios com grandes ambições ambientais, mas para lidar com muitos
outros tipos de desafios.
De facto, a conceção de edifícios modernos deve integrar um número crescente de novas exigências
ou necessidades e para lidar com este desafio torna‐se necessário o envolvimento de um número
crescente de profissionais com muitos e diversas competências. Ao mesmo tempo, uma
identificação clara dos objetivos e uma comunicação eficaz entre todos os agentes envolvidos no
processo de construção dos edifícios tornam‐se cada vez mais importantes para evitar a construção
de edifícios que não respondem otimamente às necessidades para as quais eles são criados.
Deste modo, o termo mais geral Projeto Integrado aplica‐se com mais propriedade do que projeto
energético Integrado, pelo que será usado doravante.
PORQUÊ RECORRER AO PROJECTO INTEGRADO?
Projeto Integrado não é um conceito novo. Pelo contrário, é o próximo estágio da evolução das
melhores práticas no moderno processo de projeto de um edifício, sendo cada vez mais complexo e
desafiador em termos de requisitos da construção. Este conceito baseia‐se em evidências que
mostram que é mais fácil e de menor custo intervir no projeto durante os estágios iniciais de
planeamento, mas que se tornar cada vez mais difícil e perturbador à medida que o processo se
desenrola.
Por exemplo, fazer alterações e melhorias ao projeto durante a construção de uma fundação de um
edifício ou mesmo ainda durante a fase assinatura de contratos pode levar a uma extensão dos
prazos de execução e, especialmente um aumento de custos. Além disso, Além disso, pode‐se
demonstrar que tentativas de melhorias em fases tardias resultam provavelmente em apenas
ganhos moderados no desempenho. (Figura 2).
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Figura 2: As fases iniciais do projeto oferecem uma oportunidade para proceder a alterações com grande impacto sobre o
desempenho, com custos mais baixos e menores interrupções na construção. Assim, concentrado um maior
esforço de trabalho e aprimoramento nas fases iniciais vai provavelmente ser vantajoso durante ciclo de vida do
edifício.
Assim, o desempenho de edifícios deve ser avaliado numa perspetival de ciclo de vida, quer em
temos ambientais (Análise do Ciclo de Vida), quer em termos de custos (Custo do Ciclo de Vida). O
modelo de Projeto Integrado, sendo um processo colaborativo, coloca maior ênfase nas fases iniciais
de projeto, pois as decisões que resultam deste tipo de ação levam a resultados com retorno
económico nas fases posteriores ou quando se considera todo o ciclo de vida de um edifício. Um
planeamento bem organizado desde início pode levar a uma otimização dos recursos energéticos do
edifício e, consequentemente, a uma redução dos custos operacionais, como com um aumento
marginal nos custos de construção extras, se houver algum.
Quando se considera todo o ciclo de vida de um edifício, os custos operacionais são
significativamente mais elevados do que os custos de construção e conservação. Desta forma, torna‐
se óbvio que poupar recursos dedicados às fases iniciais do processo de projeto é uma abordagem
míope e ineficaz. Dados resultantes de projetos de construção que usaram os princípios típicos de
Projeto Integrado mostram que os custos de investimento podem ser 5% superiores, mas os custos
operacionais anuais podem ser reduzidos entre 40 a 90% (Quadro 1).
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QUADRO 1
Estimativas da variação de custos com o Projeto Integrado
ACTIVIDADE CUSTOS COMENTÁRIOS
Conceção e anteprojeto Aumento de 5 a 10% Baseado na experiência
Projeto de execução Aumento inferior 5% no 1º projeto
Economia de 5 a 10 % nos projetos subsequentes
Baseado na experiência – processo mais regular devido a um anteprojeto mas detalhado
Construção Aumento de 5 a 10% 3 a 6% para casas passivas
Operação Economia de 40 a 90% Baseado na experiência
Reparação de anomalias Economia de 10 a 30% Devido a melhor planeamento e melhor gestão e receção da obra
Embora se reconheça que na atividade comercial da construção de edifícios os custos de
investimento e operacionais são inicialmente suportados por diferentes agentes, quer uns quer
outros são, em última análise, transferidos para a ocupação dos inquilinos, por exemplo, com custos
relacionados com o arrendamento, com tarifas de serviços ou mecanismos similares.
De acordo com o relatório Business Case for Green Buildings do World Green Building Council, o
processo de Projeto Integrado desempenha cada vez mais um papel fundamental em conter os
custos, sem comprometer a qualidade da construção. A conceção e construção de um edifício
sustentável não conduz necessariamente a um custo mais elevado, mas depende da estratégia e da
abordagem que se adota. Uma abordagem de projeto integrado de edifício, que combina uma
estratégia passiva, uma envolvente termicamente cuidada, um desenho do espaço inteligente, como
um primeiro passo para a redução das necessidades energética, combinado com sistemas ativos de
elevada eficiência, consiste numa alternativa de baixo em comparação com os sistemas tradicionais
instalados em edifícios com baixo desempenho.
Além da redução a longo prazo dos custos de operação e manutenção, tem sido demonstrado que
os edifícios sustentáveis possuem um valor comercial mais elevado assim como contribuem para
melhorar a produtividade dos trabalhadores e a saúde dos ocupantes. Na Figura 3 vemos as várias
vantagens de edifícios ambientalmente sustentáveis, de acordo com os pontos de vista dos
construtores, proprietários e inquilinos.
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Figura 3: A interação dos benefícios de um edifício sustentável para promotores, proprietários e inquilinos (WGBC 2013).
QUAIS OS BENEFÍCIOS DO PROJECTO INTEGRADO?
DESEMPENHO ENERGÉTICO SUPERIOR
A otimização da forma do edifício, a escolha da orientação correta e a composição adequada das
fachadas é obtida graças a um confronto multidisciplinar e aberta entre todos os membros da
equipa de projeto, especialistas nas várias disciplinas, em que se discute várias opções de projeto,
após o que se tomam decisões conjuntas durante a fase inicial do projeto, necessárias para alcançar
os objetivos ambientais projeto.
DIMINUIÇÃO DA ENERGIA EMBEBIDA
A prioridade à otimização da envolvente do edifício bem como à boa conceção dos sistemas reduz a
necessidade ou a dimensão dos equipamentos ativos a instalar no edifício. Pode diminuir‐se assim
uma quantidade significativa de energia incorporada nos componentes da instalação.
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OTIMIZAÇÃO DO AMBIENTE INTERIOR
Os sistemas passivos e ativos do edifício contribuem, numa relação de simbiose, para garantir um
ambiente interior confortável, caracterizado por um nível suficiente de qualidade do ar interior,
garantindo condições térmicas satisfatórias, uma boa integração da luz natural e um controle efetivo
dos ganhos solares.
REDUÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS
Sistemas técnicos simples são mais vantajosos, quer em termos de custo de investimento
(equipamento e instalação), quer em termos de custos operacionais e de manutenção.
REDUÇÃO DOS RISCOS E DEFEITOS DE CONSTRUÇÃO
Um melhor planeamento e coordenação do processo de projeto conduzem a uma redução dos erros
de construção, o que contribui para uma menor necessidade de ações corretivas e a uma redução de
riscos de conflitos legais, obtendo‐se eventualmente uma economia de custos de construção.
MAIOR ENVOLVIMENTO DO FUTURO UTENTE
Envolver os futuros utentes, tendo em conta as suas necessidades, desde as primeiras fases de
conceção, pode ser aumentar a sua satisfação e também melhorar o desempenho operacional do
edifício.
MAIOR VALOR DE MERCADO PARA O EDIFÍCIO
O custo de arrendamento de um edifício de elevado desempenho energético é tendencialmente
maior do que um edifício convencional, mas seus custos energéticos são significativamente mais
baixos. Este facto pode, portanto, satisfazer tanto o proprietário como o inquilino. Além disso, o
valor comercial de um edifício de elevado desempenho energético é maior do que o de um edifício
convencional.
MELHOR IMAGEM AMBIENTAL
Tanto o proprietário como o inquilino beneficiam com um edifício de elevado desempenho
energético e ambiental, mostrando uma imagem “verde”.
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QUAIS OS OBSTÁCULOS AO PROJECTO INTEGRADO?
A FORMA DE PENSAR TRADICIONAL
A indústria da construção é conhecida pela sua lentidão em incorporar novas formas de fazer e
trabalhar. O Projeto Integrado baseia‐se em processos de decisão e métodos inovadores, que
exigem excelentes capacidades de comunicação entre os diversos profissionais. Deste modo, todos
os profissionais envolvidos devem estar comprometidos por uma postura de colaboração franca e
aberta, disponíveis para se adaptarem a novos contextos na sua atividade de projeto.
PERCEPÇÃO DE CUSTO MAIS ELEVADO PARA O PROJECTO INTEGRADO
Os promotores estão geralmente mais preocupados com os custos de construção do que com os
custos de ciclo de vida do edifício. No entanto, quando são tidos em consideração os custos
energéticos os e custos de manutenção numa fase prévia do projeto, a procura e desenho de
soluções que proporcionam maior desempenho e confiabilidade tendem a merecer maior
investimento na fase de conceção.
PRAZOS LIMITADOS DURANTE A FASE INICIAL DO PROJETO
Os promotores subestimam muitas vezes a importância de um projeto cuidadoso e, portanto,
esperam um prazo muito curto para a conceptualização do edifício. Seria muito útil, no entanto,
convencê‐los da importância da fase inicial e da necessidade de dedicar o tempo necessário para o
desenvolvimento de várias iterações de projeto que levam a melhores resultados.
"A TIRANIA DA COMPETÊNCIA"
O Projeto Integrado requer uma profunda colaboração entre os diversos profissionais. Contudo, é
frequente que estes prossigam objetivos diferentes, o que por vezes pode conduzir ao aparecimento
de conflitos no desenvolvimento do projeto. Por isso, é necessário que os profissionais não se
“fechem” na sua área de especialização, mas antes que se afoitem a trabalhar com uma abordagem
holística e cooperante com outras especialidades.
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CASO DE ESTUDO 1
Powerhouse Sandvika, Noruega
Reabilitação de um edifício de escritórios de 1980 em edifício de energia positiva. O projeto da
intervenção foi realizado durante 2013 e a intervenção foi concluída em 2014. A produção de
energia a partir de fontes renováveis irá equilibrar a energia necessária durante a fase operacional e
energia incorporada avaliada em todo o ciclo de vida. http://powerhouse.no/en/kjorbo‐eng
Projeto de Arquitetura: Snøhetta
Consultor Energia: Asplan Viak
«All of this is known technology. The secret is the way in which we worked and put things together. Because nobody can build a plus-house alone. The innovation lies in the collaboration» Skanska, líder do projeto (empreiteiro geral).
O QUE É O PROJECTO INTEGRADO?
O Projeto Integrado é uma abordagem que sintetiza o processo de projeto bem como as soluções
físicas e técnicas, tendo por objetivo global otimizar os resultados energético e ambientais de um
edifício ao longo de todo o seu ciclo de vida.
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Em primeiro lugar, a fim de alcançar um elevado desempenho energético e ambiental de um
edifício, as diferentes opções ao nível de projeto devem ser consideradas e discutidas por uma
equipa multidisciplinar e cooperativa. O desenho integrado é baseado num processo de tomada de
decisão que consiste em escolhas informadas com base nos objetivos do projeto e da avaliação
sistemática das várias opções. Esta abordagem para projeto de edifício está em linha com os
princípios de gestão ambiental estabelecida pela família de normas internacionais ISO 14000,
segundo a qual a identificação e avaliação da prioridade dos objetivos e no desenvolvimento de um
plano de avaliação que fornece a criação de oportunidades para a verificação são aspetos
fundamentais.
Figura 4: Estudos sobre modelos simplificados de conceito de construção que podem ser muito úteis para a visualização e
avaliação dos prós e contras de várias alternativas de projeto. Foto: NTNU / Ole Tolstad.
Em segundo lugar, o Projeto Integrado procura inicialmente a otimização de soluções de projeto,
nomeadamente da envolvente do edifício e de outras características, ficando para uma fase
posterior o estudo de sistemas ativos adicionais. A qualidade do ar interior, o conforto térmico e
visual, as necessidades energéticas para aquecimento e arrefecimento são significativamente
influenciadas pelas características passivas do edifício, incluindo a sua geometria e as propriedades
dos materiais usados. Num processo de Projeto Integrado, devem ser atingidos níveis elevados de
conforto e um reduzido consumo de energia através de medidas passivas, conduzindo assim a um
edifício equipado com poucos (ou de menor dimensão) sistemas ativos, embora de elevada
eficiência. As escolhas que se relacionam com a forma do edifício, a especificação da envolvente, a
escolha de materiais, tanto quanto possível no sentido de prever soluções que utilizam energia solar,
uso de ventilação natural, significam reduzir o consumo de energia durante o ciclo de vida.
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O Projeto Integrado pode ser definido como uma combinação de:
1. Colaboração entre todos os intervenientes no processo de construção (cliente, arquiteto e
outros projetistas e consultores, e, possivelmente, também ocupantes futuros) já nas fases
iniciais do projeto;
2. Implementação de soluções arquitetónicas integradas que garantam um elevado
desempenho energético e ambiental, privilegiando em primeiro lugar o recurso a soluções
passivas.
Este guia concentra‐se principalmente no primeiro ponto, isto é, como implementar um processo de
Projeto Integrado. Embora cada orientação para Projeto Integrado tenha a necessidade de ser
contextualizada relativamente a uma situação específica, pode‐se ainda assim identificar as
características estruturais que podem ser identificadas. A figura 5 mostra as principais etapas de um
processo de Projeto Integrado.
Figura 5: Visão esquemática do processo de Projeto Integrado. O processo criativo de resolução de problemas (2) ocorre
paralelamente ao acompanhamento dos progressos em relação aos objetivos (3). Muitas vezes este processo não
é linear, e esta fase tem que se manter por tanto tempo quanto necessário garantir que toda a informação
relevante pode ser integrada no projeto.
A natureza do Projeto Integrado depende da complexidade do projeto, do tipo de contrato e do grau
de desempenho desejado. A identificação de objetivos é um passo fundamental para o
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desenvolvimento do projeto, pois o próprio projeto dependerá dos mesmos objectivos e como estes
são percebidos como uma missão conjunta pelas diferentes equipas de projeto. Muitas vezes,
poderá ser útil designar um "facilitador do processo de Projeto Integrado" que coordenará
efetivamente a organização do projeto. No entanto, deve notar‐se que o resultado final do projeto
não depende da ação do facilitador; o cumprimento ou não dos objetivos propostos é o critério de
avaliação fundamental.
O PROJECTO INTEGRADO PASSO A PASSO
PASSO 0 – DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
0.1. Avaliação do nível de ambição do projeto e discussão dos objetivos do cliente (programa
preliminar)
Na fase de definição do programa preliminar, as intenções iniciais do cliente devem ser discutidas
com ele, colocando eventualmente desafios mais ambiciosos. Os objetivos podem incluir diversos
itens, desde obter um determinado nível de certificação energética, ou o desejo de alcançar um
edifício de necessidades de energia quase nulas ou ainda conseguir um determinado certificado
baseado num sistema de avaliação de sustentabilidade (por exemplo, LEED, BREEAM, Lider A).
Será fundamental mostrar ao cliente os potenciais benefícios gerados no longo prazo por um edifício
de elevado desempenho, de modo a possibilitar uma decisão informada. Uma apresentação dos
custos calculados em todo o ciclo de vida de um edifício pode ser uma forma eficaz de transferir o
foco do cliente da avaliação do modelo de negócio a curto prazo para o longo prazo.
Exemplos de questões que podem ser colocados ao cliente, ou, eventualmente, aos futuros
ocupantes, para tentar orientar o desenvolvimento do Programa Base em direção a soluções
sustentáveis são:
A sua organização adotou uma política ambiental?
Qual é a imagem que edifício deve transmitir?
Quais são os objetivos do negócio do cliente?
Quais são os constrangimentos económicos para a escolha de soluções sustentáveis (tempo
de recuperação dos investimentos, custos de investimento, etc.)?
Quais são os requisitos para o ambiente interior (conforto térmico, luz, ruído e qualidade do
ar interior)?
Existem prioridades em caso de objetivos conflituantes (por exemplo, custos, prazos de
execução, qualidade)?
0.2. Iniciar o Projeto Integrado e celebrar contratos de parceria
Durante a fase de Programa Preliminar e Programa Base, o arquiteto ou consultores envolvidos
podem apresentar e discutir o conceito de Projeto Integrado. Exemplos de projetos de
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demonstração podem ser utilizados e apoiar eficazmente esta discussão. A implementação dos
princípios do Projeto Integrado a nível contratual pode ser diferente a nível nacional ou local,
podendo exigir uma adaptação ao contexto em que é aplicado.
Normalmente, os tipos de contratos utilizados para contratar arquitetos e engenheiros não
proporcionam incentivos vinculados ao desempenho energético alcançado pelo projeto e sua
posterior implementação (contrato de desempenho energético). Com efeito, os honorários dos
projetistas profissionais são calculados como percentagem do orçamento total, ou então com base
uma taxa fixa dependente das horas de trabalho acordadas. Ambas as formas de remuneração
desencorajam a realização de qualquer trabalho adicional que vise a melhoraria do desempenho
global do edifício. Além disso, os projetistas procuram evitar qualquer litígio causado pelas omissões
de projeto e erros, incorrendo‐se por vezes em sobredimensionamento dos sistemas especificados,
pois não há incentivo à consideração de soluções que visem a economia de energia
Não sendo uma abordagem obrigatória, o Projeto Integrado pode ser incentivado por formas
alternativas de contratação. Estas novas formas de contratação relativas a projetos de edifícios
baseiam‐se na cooperação das equipas de projeto por forma a se obter as melhores soluções
técnicas e um processo de projeto otimizado. Uma destas novas formas é o modelo de contrato de
parceria (partnering) que é uma abordagem de gestão de projeto estruturada que facilita o trabalho
de equipa nos limites das fronteiras contratuais. As palavras‐chave são: objetivos comuns
consensualizados, métodos de resolução de problemas comuns e uma busca constante para
possíveis melhorias.
Este tipo de contrato, em parceria, poderia incluir uma cláusula sobre o desempenho do edifício
estipulando que o cliente paga para as equipas projetistas com base nos resultados obtidos. Por
exemplo, se o edifício não cumprir integralmente os objetivos do projeto (por exemplo, no que
respeita ao consumo de energia), então o empreiteiro ou a equipa projetista pode sofrer uma
penalidade (calculada em função da diferença verifica até um valor máximo). Por outro lado, se o
desempenho do edifício for superior ao previsto nas metas estabelecidas, então o cliente pagará um
bónus pré‐contratualizado ao empreiteiro ou equipa projetista. Obviamente, as metas a atingir pelo
desempenho do edifício devem ser claramente estabelecidos, por forma a verificar posteriormente
o seu cumprimento.
PASSO 1 – PROJETO BASE
1.1. Seleção de uma equipa projetista multidisciplinar, incluindo preferencialmente um facilitador
de Projeto Integrado, motivada para trabalhar em cooperação e aberta à inovação
A equipa projetista deve ser formada por profissionais especializados nas várias disciplinas
necessárias para o projeto em causa, mas porventura ainda mais importante, estes profissionais
deverão ser genuinamente capazes de trabalhar em estreita cooperação entre eles. Como será
descrito na Passo 2, a capacidade de comunicação, a disposição para a cooperação e abertura à
inovação devem ser as características fundamentais de todos os membros da equipa projetista.
Dependendo da complexidade do projeto e seus objetivos, pode haver necessidade de um ou mais
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especialistas específicos incluídos na equipa projetista (por exemplo, no campo do impacto
ambiental, na engenharia de materiais, em iluminação, controles, etc.) e é aconselhável conhecer as
expectativas individuais de todos os diferentes intervenientes no processo de construção desde as
fases iniciais do projeto.
A inclusão da figura de um “facilitador do processo de projeto” deve ser considerada, especialmente
nos casos em que o projeto é complexo e quando os seus objetivos são particularmente ambiciosos.
O facilitador deve ser contratado pelo cliente separadamente do resto da equipa projetista, para
assegurar a coordenação e gestão eficaz do processo de Projeto Integrado e para evitar a eclosão de
conflitos de interesse. A supervisão e o acompanhamento sistemático da evolução do projeto
durante todas as fases devem ser realizados pelo facilitador ou por outra pessoa que tenha
autoridade para desafiar o trabalho da equipa projetista e o cliente. O facilitador deve reportar ao
cliente qualquer desvio relativamente aos objetivos inicialmente definidos. Se os objetivos
ambientais são analisados através do uso de um sistema de avaliação ambiental, pode ser
aconselhável que o facilitador seja um profissional acreditado de acordo com o protocolo ambiental
específico escolhido (BREEAM ou LEED Accredited Professional ‐AP).
1.2. Analisar as condições‐fronteira
Cada projeto de construção de edifício ou de planeamento urbano está sujeito a uma série de
condições‐fronteira e a um contexto específico que afetam os e o processo de projeto. As condições
típicas que podem afetar o projeto são o local da construção, muitas vezes sem possibilidade
alteração e algumas características peculiares do sítio de natureza sociocultural, urbanística (Figura
6) ou climática (Figura 7). Exemplos de tópicos para identificar e discutir são:
Localização e terreno de implantação
Integração no ambiente urbano (prédios vizinhos existentes e previstos), arquitetura local e
paisagem envolvente;
Orientação do terreno, acesso à radiação solar, velocidade e direção do vento;
Disponibilidade de recursos naturais no local; disponibilidade de energia solar, geotérmica,
disponibilidade e acesso ao mar, rios ou lagos, etc.;
Caracterização do tráfego, ruído, qualidade do ar;
Presença de infraestrutura de transporte e fornecimento de energia (por exemplo, redes
urbanas de aquecimento ou arrefecimento).
Mercado e Tendências
Qual é a rentabilidade pretendida sobre o investimento?
Qual será a evolução dos preços de energia e das taxas de juros?
Quais serão os futuros requisitos ambientais relativas a edifícios (taxas de carbono, sistemas
de certificação e etiquetagem, regulamentação, etc.)
Quais serão as necessidades futuras dos ocupantes relacionados com desempenho e
qualidade ambiental dos edifícios?
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Quais serão os futuros avanços tecnológicos que terão impacto sobre o desempenho
ambiental de um edifício?
Figura 6: Local e implantação definem importantes condições‐fronteira para o projeto de edificios.
Foto: Kirsten Sander, Sander architects, DK
1.3. Definir os objetivos de projeto
As solicitações iniciais do cliente, por vezes imprecisas, devem ser traduzidas em objetivos
específicos e critérios concretos de projeto no Programa Base. É ainda necessário determinar a
ordem de prioridade dos objetivos, de modo a permitir à equipa projetista alocar recursos de forma
eficaz. Obviamente que o cliente é fundamental para a definição dos objetivos e o seu compromisso
em apoiar as soluções de elevado desempenho energético e ambiental é imperativo.
Os objetivos devem ser funcionais e não excessivamente específicos. Por exemplo, é geralmente
importante requerer uma qualidade do ar interior agradável e de elevado nível, o que seria uma
meta desejável, enquanto que a definição de exigências específicas sobre as taxas de renovação de
ar e ou soluções técnicas específicas destinados a atingir o mesmo resultado, seria um objetivo não
satisfatório. Deve ser explicado aos clientes que é preferível não cristalizar soluções em torno de
objetivos excessivamente específicos: requisitos funcionais concedem uma maior liberdade na fase
de projeto, permitindo soluções mais flexíveis que são vantajosas a longo prazo. Dito isto, objetivos
funcionais devem ser quantificáveis sempre que razoavelmente possível, a fim de facilitar a
demonstração de que eles tenham sido alcançados.
Nesta fase (projeto base) devem‐se evitar soluções que conduzam a um esboço físico ou tecnológico
para que o projeto não fique condicionado muito cedo a uma solução, ou a poucas alternativas.
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Figura 7: Análise do clima local em Broset, Trondheim (Noruega). O mapa mostra a radiação solar, os ventos
predominantes no verão e inverno, as áreas de acumulação de ar frio, a presença de vegetação, as áreas
ocupadas e poluídas. A análise faz parte de um documento utilizado durante uma conferência organizada por
ocasião de um concurso de arquitetura.
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PASSO 2 – SOLUÇÃO ITERATIVA DO PROBLEMA
2.1. Facilitar a cooperação entre os profissionais
Pode‐se melhorar a cooperação entre os profissionais através da realização de workshops
programados durante o qual se podem discutir abertamente vários aspetos do projeto. No entanto,
a fim de cooperar de forma mais eficaz, os arquitetos e engenheiros devem adaptar os seus métodos
de trabalho e o tipo de comunicação a novos contextos (ver caixa "métodos de trabalho"). A
competência na comunicação, a vontade de cooperar e abertura à inovação, devem ser
características básicas de todos os membros da equipa projetista (Poel 2002; ”A Blueprint for a Kick‐
off Workshop”).
A realização de um "kick‐off workshop” na fase inicial de projeto é importante para explicar os
conceitos básicos de Projeto Integrado e reforçar o espírito de equipa. O objetivo mais importante
deste workshop é criar um entendimento comum numa fase inicial do processo de projeto
relativamente à abordagem do Projeto Integrado e uma atmosfera de uma estreita cooperação e
abertura a todos os atores intervenientes no processo. É muito importante que os objetivos sejam
compartilhados e que os projetistas estejam de acordo sobre a forma de alcançá‐los.
Sugestões para a agenda do Workshop:
1. Apresentação dos objetivos gerais estabelecidos pelo promotor;
2. Introduzir o conceito de Projeto Integrado;
3. Discutir como maximizar a contribuição de cada um dos membros da equipa projetista e como
trabalhar em conjunto;
4. Discutir os aspetos mais críticos do projeto e como resolvê‐los;
5. Determinar os pontos‐chave do projeto e como a atingi‐los.
No final do workshop deve ser feito um planeamento do trabalho subsequente, listando todas as
ações futuras e agendar o próximo workshop. Devem também ser identificadas questões que
exigem uma análise mais aprofundada e as pessoas responsáveis para realizar as tarefas
especificadas. Isto deve ser implementado no «Plano de controlo de qualidade" (ver 3.2).
Os tópicos abordados durante o workshop serão resumidos em relatórios a serem apresentados a
todos os profissionais envolvidos no processo de projeto. Depois do " kick‐off workshop' deve ser
organizado um workshop de início do projeto, que deve contar com a presença dos profissionais
necessários, os quais deverão apresentar breves relatórios sobre os aspetos que pretendem chamar
a atenção nesta fase e sobre a sua experiência anterior relevante para o projeto em
desenvolvimento. Para projetos menos complexos, os dois workshops poderão fundir‐se num único
workshop. No entanto, antes de começar o processo de projeto e avaliar soluções técnicas, devem
ser estabelecidos os objetivos do projeto (ver. 1.3). É muito importante chegar a um consenso tão
amplo quanto possível sobre os objetivos para facilitar a tarefa de projetar.
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MÉTODOS DE TRABALHO
Planeamento Tradicional
Os arquitetos e engenheiros usam geralmente diferentes métodos de trabalho. Os engenheiros
estão acostumados a trabalhar em problemas específicos que enfrentam de forma analítica para
identificar uma solução. Este processo é tipicamente linear e a necessidade de desenvolvimento de
soluções alternativas é, em alguns casos negligenciável. Os arquitetos, em vez disso, estão
habituados a dar uma perspetiva mais ampla e encontrar uma vasta gama de soluções para resolver
o problema. O processo de resolução de problemas, neste caso, não procede de forma linear, mas
segue os movimentos circular e é mais criativo. O arquiteto elabora uma ideia preliminar com base
em suas próprias experiências e aborda o problema e a solução ao mesmo tempo.
Planeamento no processo de Projeto Integrado
O projeto de um edifício, e em particular o projeto de um edifício sustentável com enfoque nas
soluções passivas, baseia‐se na conceptualização de importantes parâmetros de projeto que são
resumidas num conceito do edifício. A forma do edifício, a disposição dos espaços, a composição das
fachadas constituem uma síntese que supostamente resolve o Programa Base (o “problema”).
Tradicionalmente, o arquiteto adota soluções técnicas e ambientais, especialmente relacionadas
com a envolvente do edifício, de um modo lógico e visualmente apelativo e que responda aos
objetivos funcionais estabelecidos. Ao mesmo tempo, o engenheiro executa todo o processo de
conceber as análises específicas de todos os problemas técnicos, a fim de garantir que todas as
opções são baseadas em considerações, estimativas e previsões robustas e confiáveis.
Mudanças necessárias
A fim de melhorar a cooperação, arquitetos e engenheiros deveriam adaptar os seus métodos de
trabalho e mudar o modo como comunicam. Os arquitetos devem tentar tornar mais explícitas as
suas ideias conceptuais e explicá‐las aos engenheiros durante as fases críticas do projeto. Devem
ainda ser mais abertos a receber comentários, sugestões e críticas de engenheiros e especialistas e
esperar pela sua reação antes de prosseguir com o desenvolvimento do projeto. Os engenheiros
devem interagir de forma mais dinâmica com os arquitetos, simultaneamente avaliando e sugerindo
ideias e soluções durante a evolução do processo de projeto. As suas ideias e soluções devem ser
apresentadas de uma forma simples, sem recurso a terminologias específicas ou gráficos, mas
preferencialmente ajudando a visualizar as consequências das suas sugestões ao nível global do
edifício. Na fase inicial de anteprojeto, é recomendável que o engenheiro recorra a ferramentas
simples, de modo a dar um feedback imediato sobre as várias opções apresentadas, em vez de usar
ferramentas complexas que requerem longos prazos de computação. Como equipa, arquitetos e
engenheiros têm que apresentar a sua proposta de soluções e os respetivos impactos ao cliente.
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Durante as fases seguintes do processo de projeto deverão ser organizados diversos workshops,
mais específicos e focalizados entre diferentes profissionais. O cliente deverá ser convidado para
aqueles que envolvam a tomada de decisões mais importantes. As discussões podem identificar a
necessidade de contratar especialistas para fornecer apoio adicional especializado em alguma área
específica, que podem ser convidados para os workshops. Idealmente, a equipa projetista
trabalharia numa base de cooperação diária, que seria facilitado pela proximidade física (por
exemplo, mesmo edifício). Contudo, como isto nem sempre é possível na prática, processos simples
de cooperação tais como emails e sistemas de partilha de informação podem ser importantes para
pequenos projetos e em casos de prazos de execução muito apertados.
AS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES DO PROJETO AMBIENTAL
Figura 7: Fases do processo de projeto; K. Steemers 2006/ I. Andresen 2009 (www.intendesign.com)
Tópicos de Planeamento Urbano: Estrutura compacta versus aberta, infraestrutura de energia e potencias
fontes de energia renováveis, radiação solar e sombreamentos, caracterização dos ventos predominantes,
ruído e suas fontes, poluição, tráfego, disponibilidade e acesso a águas subterrâneas ou de superfície,
paisagem, cultivo de alimentos.
Forma e disposição do edifício: uso eficiente do espaço, densidade, zoneamento térmico incluído passo
dentro / fora, acesso à luz solar, as estratégias de ventilação, sistemas de aquecimento e arrefecimento
passivo, distribuição, de ar, flexibilidade de uso e suscetibilidade a futuras alterações.
Desenho de fachada: superfície envidraçada, dimensão dos envidraçados e orientação, proteção solar,
sistemas de iluminação natural, aberturas ventilação, isolamento térmico e pontes térmicas, estanquicidade
do edifício.
Envolvente do edifício: sistema de construção, isolamento, utilização de recursos e impacto da produção, a
durabilidade (técnica e estética) e facilidade de manutenção, a massa térmica, higroscopicidade, qualidade do
ar interior / emissões de compostos orgânicos voláteis, gestão de resíduos e potencial de reciclagem.
Instalações mecânicas: AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado), estratégias de projeto de sistema
de iluminação, sistemas de controlo e monitorização.
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2.2. Adotar regras para o pensamento analítico e criativo no processo de projeto
O projeto pode ser considerado como um processo iterativo de procura de solução, que inclui a
identificação dos aspetos críticos do projeto, a recolha de dados, a análise de problemas, a criação
de ideias e seleção das opções. Estes passos envolvem a adoção de um pensamento de tipo criativo
e também analítico, e requerem a alternância entre a análise de um problema e a sua resolução
subsequente. Além disso, o cliente e a equipa projetista devem estar cientes de que raramente a
primeira proposta do projeto será a solução ideal. Pelo contrário, o projeto de construção é um
processo cíclico que pode levar várias iterações que resultam da formulação de opções de projeto,
avaliação, verificação e sucessivos ajustes.
Figura 8: Solução de problemas de forma criativa. Quer o pensamento criativo quer o pensamento analítico são
necessários no processo de projeto. Guias e literatura especializada na solução de problemas de forma criativa
podem ser ferramentas úteis em workshops tal como no subsequente processo de projeto (ver, por exemplo,
www.creativeeducationfoundation.org/our‐process/what‐is‐cps
2.3. Discutir e avaliar múltiplas opções
Durante esta fase, seria conveniente debater abertamente sobre as opções conceptuais
relativamente aos objetivos e prioridades, os custos e outras implicações. Deveria também ser
discutido como as várias opções conceptuais podem ser ainda melhoradas no que diz respeito ao
desempenho energético e a outros objetivos, e que implicações que estas melhorias implicariam.
Propor e avaliar conceitos alternativos é geralmente parte de qualquer processo de projeto,
devendo esta fase permanecer em aberto durante o tempo suficiente para que todos os aspetos
relevantes sejam considerados.
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2.4. Finalizar a proposta de projeto
Na última fase do processo da procura de solução, o cliente é geralmente envolvido na decisão da
proposta a adotar. As várias propostas que foram desenvolvidos pela equipa projetista devem ser
apresentadas de forma clara, bem como a sua avaliação perante os objetivos gerais a atingir. Uma
verificação final de cumprimento de metas, como por exemplo, o Custo do Ciclo de Vida, deve ser
também efetuada. Se vai ser medida o desempenho do edifício, este procedimento deve ser
planeado nas fases subsequentes do projeto de execução.
PASSO 3 – MONITORIZAÇÃO
3.1. Usar metas como meio de medir o sucesso das propostas de projeto
As metas estabelecidas devem ser permanentemente acompanhadas, tanto durante a fase de
conceção e durante a fase de construção, para garantir que as decisões tomadas relativamente às
opções projeto sejam respeitados e efetivamente implementadas. Também é importante que se
tenha consensualizado o método de avaliação de avaliação do desempenho do projeto de edifício.
Alguns sistemas de avaliação energética ou ambiental obrigam a manter um procedimento
documental que contribui para salvaguardar a definição das metas estabelecidas. Porém, o uso de
um destes esquemas não deve dissuadir o cliente e a equipa projetista de estabelecer e monitorizar
outras metas que recaiam fora do referido esquema.
3.2. Elabore um programa de controlo de qualidade
O "Programa de Garantia de Qualidade" descreve os objetivos gerais do projeto. Trata‐se no fundo
de uma versão do Programa Preliminar orientada para a descrição dos objetivos a atingir.
Representa os requisitos do cliente especificando as metas por cada requisito estabelecido. Poderá
também ser útil no estabelecimento de prioridades ou na ponderação das diversas metas. É de
crucial importância que o Programa de Garantia de Qualidade esteja profundamente enraizado nos
decisores do projeto, devendo merecer igual estatuto de importância que o orçamento e o prazo de
execução.
O Programa de Garantia de Qualidade deve ser seguido por um “Programa de Controlo da
Qualidade”. Este Programa é uma ferramenta para a equipa projetista, tratando‐se de um
documento que torna possível para o proprietário do edifício acompanhar e verificar o cumprimento
das metas. O Programa de Controlo da Qualidade define metas e submetas, define pontos críticos
durante as fases de projeto e construção do edifício, e especifica qual o profissional que é
responsável por cada tarefa. A introdução de um esquema de avaliação ambiental, como seja o
BREEAM, LEED, Líder A, podem ser introduzido como um Programa de Controlo da Qualidade e
podem constituir uma ferramenta útil na avaliação e controlo da documentação.
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3.3. Avalie o projeto e documente os resultados em momentos críticos
Os objetivos devem ser monitorados durante todo o processo de procura de soluções. A transição
de uma fase de projeto para outra pode ser considerada um ponto crítico, em que se deve avaliar a
situação atual do projeto, se devem tomar decisões importantes e em que será produzida
documentação relevante.
A documentação pode incluir atualizações do Programa de Garantia da Qualidade e do Plano de
Controle de Qualidade, informações sobre balanço de energia e especificações de desempenho. Se o
projeto envolve a figura de um facilitador de Projeto Integrado, este será responsável por efetuar a
supervisão. Em qualquer caso, com ou sem facilitador, é importante quer que seja o supervisor, ele
tenha autoridade para desafiar a equipe projetista e o cliente, devendo ainda reportar ao cliente em
tempo real sobre a evolução do projeto face aos objetivos inicialmente fixados.
PASSO 4 – ENTREGA
4.1. Assegurar que os objetivos estão bem definidos e comunicados no projeto de execução e nos
documentos contratuais
O cliente e a equipa projetista deverão assegurar que o potencial empreiteiro geral conheça em
profundidade o projeto proposto. O cliente deverá também assegurar que o empreiteiro geral toma
a responsabilidade de atingir os objetivos do projeto. É importante que os níveis de qualidade
estabelecidos durante a fase de projeto sejam observados na fase de construção do edifício. Durante
esta fase é necessário ter em atenção que:
Os documentos relativos ao projeto de execução e ao contrato de atribuição de trabalhos
devem especificar o papel do empreiteiro geral e dos subempreiteiros nas ações de
verificação e documentação dos objetivos que se relacionam com o elevado desempenho
energético e ambiental durante o processo de construção;
A cada alteração e solução alternativa ou a utilização de material é comparado com o
conceito inicial para evitar soluções e detalhes inconsistentes;
Os parâmetros técnicos dos componentes básicos devem ser documentados por causa de
sua influência sobre realização dos objetivos.
4.2. Motivar e formar os trabalhadores da construção e aplicar testes de qualidade
Deve ser assegurada a motivação e formação dos trabalhadores sobre as operações de construção
mais cruciais e a utilização de materiais e técnicas, nomeadamente no que diz respeito a pontes
térmicas, estanquicidade ao ar, utilizar materiais de baixo impacto ambiental e implementar a
recolha seletiva de resíduos. É aconselhável efetuar controlos aleatórios e testes parciais de
qualidade, especialmente nos momentos cruciais da construção do edifício.
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4.3. Redigir um manual de operação e manutenção para o utilizador do edifício
Após a conclusão da construção do edifício, os dados de projeto e desempenho e todas as
informações sobre os componentes e materiais utilizados devem ser atualizados e recolhidos para
fornecer a informação final que poderá ser utilizada pela futura operação do edifício, tipicamente
através de funções de Facilities Management (FM) internas ao proprietário ou inquilino, ou então
externamente contratadas. As peças desenhadas finais e o manual do utilizador para a operação do
edifício devem ser entregues ao cliente ou proprietário no momento da entrega. Deve também ser
incluído a informação dos objetivos iniciais do projeto. O pessoal técnico que lidar com a gestão
futura do edifício e/ou o utilizador final devem ser informados sobre o desempenho da construção e
devem familiarizar‐se com os sistemas técnicos e tecnológicos instalados.
Um programa de monitorização dos sistemas deve ser recomendado ao cliente ou proprietário, em
particular se existem partes experimentais. O pessoal que opera e os utilizadores devem ser
informados e familiarizados com a operação dos sistemas.
PASSO 5 – USO DO EDIFICIO
5.1. Receção do edifício (commissioning)
A receção do edifício (commissioning) é o ato final da construção de um edifício em que uma
entidade competente considerar, após uma detalhada observação do edifício e dos seus sistemas e
equipamentos, bem como a realização de inúmeros testes, que as obras foram executadas de forma
profissional e de acordo com as especificações do projeto e das regras de arte aplicáveis, as
disposições contratuais e alterações aprovadas durante a fase de construção. A receção do edifício é
obrigatória para as obras públicas.
5.2. Monitorizar o desempenho do edifício
A monitorização do desempenho do edifício é uma base para avaliação holística ao longo do tempo.
A monitorização deverá ser planeada na fase de conceção e iniciada logo após a conclusão do
edifício. De preferência, uma base alargada para a avaliação do desempenho do edifício deve ser
utilizada, e uma combinação de dados é frequentemente necessária para avaliar cabalmente se os
objetivos foram atingidos. Por exemplo; é de pouca utilidade se um edifício apresenta um excelente
desempenho ao nível do uso de energia, se os ocupantes estão insatisfeitos com ruído e com a má
qualidade do ar interior e, como consequência, o edifício está abandonado.
As informações sobre o consumo real de energia são de grande importância quando se avalia o
impacto global das medidas escolhidas. Como uma série de relatórios relatam discrepâncias entre a
energia calculada e a energia efetivamente consumida, são levantadas questões sobre se a
modelização de sistemas energéticos pode refletir ou não resultados esperados. Além disso, uma
vez que o padrão de elevado desempenho energético envolve geralmente volumes alargados de
materiais como isolamentos térmicos, bem como um aumento de instalações técnicas, os impactos
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desses investimentos extras pode ser avaliado através de análises do ciclo de vida (LCAs), e
comparados com ganhos reais. De fato, avaliações da construção de edifícios, incluindo o acesso a
dados de monitorização, combinados com as análises do ciclo de vida, pode dar um feed‐back sobre
as políticas de construção e os códigos.
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PARTE 2
Guia de Projeto Integrado para o Cliente
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O QUE É O PROJECTO ENERGÉTICO INTEGRADO?
O conceito de Projeto Integrado (em inglês, ID, Integrated Design) tem por objetivo a a otimização
dos resultados energético e ambientais de um novo edifício ou na fase de reabilitação. A sua
implementação baseia‐se na adoção de um processo de projeto integrado, multidisciplinar,
colaborativo e que se estende ao longo de todas as fases do processo de construção, em particular
desde as fases iniciais da conceção da intervenção até à construção e operação do edifício.
O Projeto Integrado proporciona benefícios de redução custos e de riscos para os clientes que
adotam esta abordagem, bem como como para os ocupantes dos edifícios. Este resumo tem por
finalidade apresentar estes benefícios e encorajar os clientes a incorporar ID como requisito nos
documentos de seleção dos seus consultores no projeto de construção de edifícios. Esta abordagem
está a ser promovida ao nível da União Europeia como um meio privilegiado de atingir as exigências
dos edifícios de necessidades de energia quase nulas (nZEB).
RESUMO
O processo de Projeto Integrado é uma evolução das melhores práticas atuais para o
desenvolvimento de uma conceção de construção na construção. O Projeto Integrado promove o
envolvimento do núcleo principal da equipa projetista em fases muito iniciais, desde logo para
analisar e refinar a documentação do Programa Preliminar emitida pelo cliente. O cliente e a equipa
do núcleo vão então explorar várias opções de conceito que satisfaçam o Programa Preliminar
através de um processo de projeto interativo. O Projeto Integrado tem a capacidade de oferecer
uma solução de projeto de construção mais otimizada comparativamente com os processos de
projeto tradicional.
CONTEXTO
O Projeto Integrado nasce de uma combinação lógica de dois conceitos: Sustentabilidade e
Parcerias.
A propensão da União Europeia em relação à adoção de soluções de construção sustentável e ao
baixo consumo energético está bem documentada e conduziu à criação de vários sistemas de
avaliação do impacto ambiental, seja à escala nacional ou local, bem como a certas obrigações em
termos de planeamento e de estímulo ao uso de fontes renováveis de energia.
Esta propensão foi formalizada em maio de 2010 pela adoção da Diretiva Europeia relativa ao
desempenho energético dos edifícios (EPBD recast), que introduziu o conceito de edifícios de
necessidades de energia quase nulas e que levará ao aparecimento em 2020 de edifícios de energia
quase zero.
A propensão para a Parceria e colaboração é muito forte e é demonstrado pelos vários relatórios
que estudam a indústria da construção e que convidam a uma maior colaboração, a fim de diminuir
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a confrontação no sector dos edifícios. Durante décadas, esses relatórios permitiram identificar os
benefícios que todas as partes podem retirar a partir de uma abordagem mais cooperativa no
processo de conceção de um edifício.
BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE ‐ CAPITAL REDUÇÃO DE CUSTOS
Com a adoção de uma abordagem de Projeto Integrado pode‐se provar que é possível reduzir o
custo de capital total do projeto. No entanto, esta redução global de custos é obtida em fases
posteriores do projeto, resultando as etapas iniciais do trabalho de projeto em custos ligeiramente
mais elevados através de honorários de projetistas, pois o núcleo da equipa de projeto deve
desenvolver o esquema de projeto otimizado.
O ligeiro aumento de custos de projeto relacionado com o núcleo da equipa projetista é
compensado através da melhoria da solução produzido através do Projeto Integrado. Tipicamente,
uma abordagem do tipo Projeto Integrado vai adicionar 0,2% aos custos de projeto antes da fase de
planeamento, mas conduz a 3% de redução de custos do capital total investido.
As reduções de custos são conseguidas através de uma maior coordenação e racionalização do
processo de projeto que é melhor entendida pelo núcleo da equipa projetista, com um potencial
para uma melhor interação entre a envolvente do edifício e os seus sistemas, produzindo
frequentemente economia significativas.
O processo de Projeto Integrado pode também funcionar perfeitamente com a adoção do Building
Information Modelling (BIM). BIM é um conjunto organizado de dados relativos ao projeto
(frequentemente em 3D mas nem sempre) que é desenvolvido pela totalidade da equipa projetista
e, assim, encaixa na abordagem colaborativa do Projeto Integrado.
BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE – REDUÇÃO DE RISCOS
A abordagem colaborativa que está implícita no processo de Projeto Integrado reduz o risco inerente
aos processos de projeto e de construção de edifícios, através de uma melhor coordenação em fases
inicias do desenvolvimento do projeto e a um melhor entendimento dos princípios assumidos pelos
vários atores chave.
O risco pode ser demonstrado a partir de processos‐tentativa de Projeto Integrado em igualar XX%
do custo do projeto, ou estimado em ascender a YY% do programa de projeto.
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PROJECTO INTEGRADO
Não há requisitos obrigatórios acerca do processo de Projeto Integrado e assim cada Cliente pode
escolher a abordagem de Projeto Integrado que melhor se adapta aos seus objetivos e prioridades.
No entanto, descreve‐se de seguida um enquadramento típico pata o Projeto Integrado que poderá
ser adotado, enfatizando os passos e a informação adicional disponível.
PASSO 1.1 – Constituição da equipa de projeto
Na base do Projeto Integrado, deve ser nomeada um núcleo da equipe projetista que é preparada
desde o início para trabalhar em estreita colaboração e em ambiente de franca abertura, pronta
para atender aos objetivos do cliente e ao mesmo tempo trabalha para garantir soluções ambientais
e energéticas de elevado desempenho. Por esta razão, o Cliente devem assim formar o núcleo da
equipe do projeto numa fase inicial do projeto.
Recomendações especificas para alterações na documentação da designação no núcleo da equipa de
projeto, pode ser encontradas em:
http://www.integrateddesign.com/appointments
PASSO 1.2‐ Análise do local
Toda a informação disponível sobre os fatores ambientais que caracterizam local deve ser recolhida
pela equipa projetista, e apresentada num formato de fácil entendimento a todas os agentes
envolvidos. O Cliente deve assim assegurar que os questionários adequados, recolha de dados e
estudos são todos orçamentados para os desenvolvimentos iniciais e rececionada tão cedo quanto
possível.
Mais informação pode ser encontrada em: http://www.intend.com/madeuplink
PASSO 1.3‐ Refinar o Programa Preliminar e Metas
Inevitavelmente, o Cliente terá expectativas para aquele local (especialmente se o terreno ou
edifício já tenha sido adquirido ou já exista um potencial inquilino). Este passo formaliza o Programa
Preliminar e permite à equipa projetista a oportunidade de rever aspetos que restringem ou
condicionam a otimização de projeto ou dos custos. Na prática, a melhor abordagem é
frequentemente convocar uma reunião aberta ou workshop, tendo o Programa Preliminar do
Cliente circulado previamente, informando desde logo que será solicitada uma opinião na reunião.O
Cliente deverá assegurar que é alocado suficiente tempo de execução e orçamento para esta fase, e
sempre que um futuro inquilino já exista, deve também ser convocado para este processo.
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A segunda parte desta etapa é de transferir o consensualizado Programa Preliminar em objetivos
claros para a equipa projetista corresponder durante a fase de projeto, de construção e com o
edifício construído. Estes objetivos constituem indicações chave para o sucesso do processo e
fornecem um meio de avaliar o trabalho produzido pela equipa projetista. Sempre que possível,
estas metas claras devem ser incorporadas na contratação. Mais detalhes sobre este passo, incluído
exemplos de partes de Programas Preliminares e metas podem ser encontrados em:
http://www.bre.co.uk/integrateddesign.co.uk
PASSO 2.1 ‐ 2.3 ‐ Várias opções de projeto
Uma diferença óbvia entre o Projeto Integrado e o processo tradicional de projeto é que, para o
projeto de conceção, a equipa projetista deverá apresentar várias propostas alternativas. Isto ajuda
a reduzir o risco de um único projeto de se tornar eventualmente “muito precioso”, enquanto
permite que outras abordagens sejam exploradas. O Cliente deverá assegurar que qualquer Inquilino
conhecido estará envolvido neste processo, e que a contratação da equipa projetista reflete os
requisitos, com tempos de execução e custos suficientes, para responder a esta abordagem.
O desenvolvimento do conceito de projeto deverá acontecer a um nível básico (pouco mais do
considerar modelos de massa). Todos os conceitos de projeto iniciais devem ser avaliados por
modelos energéticos básicos, quer ao vivo durante um workshop, quer com resultados a discutir no
próximo workshop. Simultaneamente com a modelização energética básica, a equipa projetista
deverá, em atitude de franca colaboração, discutir as vantagens e desvantagem de cada opção numa
série de workshops.
Um conjunto de workshops, juntamente com os requisitos de avaliar quer analiticamente quer
criativamente os diversos conceitos de projeto em fase inicial, são as diferenças tangíveis de uma
abordagem de Projeto Integrado.
Mais detalhes em http:///www.website.eu/page
PASSO 2.4 ‐ Finalização do projeto
O workshop final para a equipa de projeto e para o Cliente deve selecionar um projeto otimizado
que satisfaça o Programa Preliminar. O Cliente deve assegurar que o núcleo da equipa projetista
apresente toda a informação necessária a esta reunião, e que qualquer conhecido Inquilino ou
utilizador do edifício esteja presente para contribuir pata a seleção final da opção a ser
desenvolvida.
PASSO 3.1 ‐ 3.3 – Monitorização
Uma vez que o projeto final seja selecionado, o Programa Preliminar e metas devem ser atualizados
para representar corretamente aquilo que é pretendido construir. Sempre que estiverem presentes
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Inquilinos, estas atualizações serão também necessárias para requerer um Contrato de Empréstimo.
O Programa Preliminar atualizado e metas associadas podem ser usados como obrigações
contratuais, pagamento de incentivos, ou fornecimento de dados pata a equipa projetista e para o
Cliente. O Programa Preliminar deverá alimentar diretamente o anteprojeto e o projeto de
execução, sendo as metas específicas incluídas nesses documentos.
Mais informação, incluindo exemplos de metas de Cliente para os várias fases do projeto podem ser
encontradas em http://www.intergratedDesign.eu/targets
PASSO 4.1 ‐ 4.3 – Entrega
Tal como acontece com todos os projetos de construção verdadeiramente bem‐sucedidos, o Projeto
Integrado depende da comunicação de importantes mensagens, em particular o Programa
Preliminar e as metas, através da equipa associado ao processo de construção do edifício. Deve‐se
incluir os objetivos de Projeto Integrado nos documentos de projeto de execução e de
contratualização para execução dos trabalho, mas sem esquecer planos de comunicação destes
objetivos no local.
Sempre que necessário, considerar a formação no local para que técnicas importantes sejam
apreendidas. O Projeto Integrado é também dependente da comunicação dos métodos ótimos de
utilização para os utilizadores finais do edifício. A este respeito, um Manual do Utilizador, ensaios de
receção do edifício e o envolvimento atempado do pessoal de gestão do edifício é importante. Para
mais informação, por favor ver:
http://www.softlandings.co.uk/madeup
http://www.bre.co.uk/sitesustainability
http://www.integrateddesign.eu/userguide