HISTÓRIA DO CONFLITO ENTRE CUBA E EUA
“Viví en el monstruo y le conozco las entrañas;
y mi honda es la de David.”
José Martí
Assim como a disputa entre Roma e Cartago teve início em algum momento da
História, o mesmo se deu entre Cuba e os EUA. Ao contrário do que imagina a maioria
das pessoas, o conflito tem sua origem já no século XIX, evoluindo até os dias atuais.
Infelizmente, a grande imprensa, fazendo o jogo da desinformação, não permite que a
população de um modo geral tenha acesso aos fatos e às versões dos mesmos,
passando apenas a visão hegemônica imposta pela potência do norte. Trata-se, na
verdade, da mesma política que no final do século XIX levou à ocupação de Porto Rico,
Filipinas e Havaí. Entretanto, por fatores históricos e condições objetivas e subjetivas, a
cruzada dos Estados Unidos contra Cuba tem sido eivada de falhas e equívocos,
protraindo-se a disputa ao longo dos séculos. As violações, por parte dos Estados
Unidos, do Direito Internacional, dos Direitos Humanos e das mais diversas
convenções e tratados que regem as relações entre os Estados e protegem os
indivíduos não são esporádicas e nem recentes. Trata-se de uma política deliberada,
baseada na lógica do conflito com Cuba.
Inicia-se a cronologia no século XVIII, quando Cuba começa a ocupar o centro
das atenções dos EUA, chegando aos dias atuais.
1767
Já por volta de uma década antes de as 13 colônias inglesas terem declarado a
sua independência, Benjamin Franklin escreve sobre a necessidade de que o Vale do
Mississipi “ seja colonizado, para ser usado contra Cuba ou México”.
1783
23 de junho - John Adams, segundo Presidente dos Estados Unidos, em carta
dirigida a Robert R. Livingston, um dos redatores da Declaração de Independência
Norte-americana, afirma categoricamente:
...é quase impossível resistir à convicção de que a anexação de Cuba à República Federal é indispensável para a continuação da União e a manutenção de sua integridade (Martínez, 1999).
1805
Em uma nota ao Ministro da Inglaterra em Washington, o presidente Thomas
Jefferson emitiu as primeiras declarações com caráter oficial, expressando o seu
interesse em se apoderar de Cuba: “... Em caso de guerra entre a Inglaterra e
Espanha, os Estados Unidos se apoderariam de Cuba por necessidades estratégicas
para a defesa da Louisiana e da Flórida” (Pérez, 1999: p. 6).
1810
Chega a Cuba uma agente especial dos Estados Unidos para estabelecer
contatos com elementos anexionistas e realizar atividades de conspiração. Nesse
mesmo ano, o presidente norte-americano James Madison orienta o seu Ministro em
Londres, William Picknoy, a dar conhecimento à administração daquele país que:
A posição de Cuba causa nos Estados Unidos um interesse tão profundo nos destinos da Ilha, que ainda que não quiséssemos nos imiscuir, não poderíamos assistir conformados à sua queda em poder de qualquer governo europeu (op. cit.: p. 6).
1822
O agente comercial de Washington em Havana estimula a idéia da anexação de
Cuba em carta dirigida ao senador C. A. Rodney.
1823
Sob a presidência de James Monroe, o integrante de seu gabinete, John C.
Calhoun, defende o critério de anexar a Ilha e obtém o apoio do ex-presidente
Jefferson, que diz : “...Confesso francamente ter sido sempre da opinião de que Cuba
seria a aquisição mais interessante que poderia ser feita em nosso sistema de Estados
“ (op. cit.: p. 6).
28 de abril – O secretário de Estado John Quincy Adams (posteriormente
presidente) envia instruções por escrito ao Ministro dos Estados Unidos na Espanha,
onde diz :
Estas ilhas, Cuba e Porto Rico, por sua posição, são apêndices naturais do continente norte-americano, e uma delas, a Ilha de Cuba, quase à vista de nossas costas, vem a ser, por uma infinidade de razões, de importância transcendental para os interesses políticos e comerciais de nossa União. Quando se pensa no provável curso dos acontecimentos nos próximos 50 anos, é quase impossível resistir à convicção de que a anexação de Cuba à nossa República Federativa será indispensável para a continuação da União e a manutenção de sua integridade (op. cit.).
1825
27 de abril - Forças do México e da Colômbia trabalham para arrancar Cuba do
jugo da Espanha, levando o secretário de Estado norte-americano, Henry Clay, a ditar
uma instrução na qual manifesta que “[...] Os Estados Unidos preferem que Cuba e
Porto Rico permaneçam dependentes da Espanha” (op. cit.: p. 7).
1826
22 de junho a 15 de julho – Realização do Congresso do Panamá convocado
por Simón Bolívar. Antes dessa reunião, o governo dos Estados Unidos anunciou que
se oporia a qualquer acordo que fosse adotado em relação à Independência de Cuba.
Referindo-se a esse fato, o General José Antonio Paéz, que seria o chefe da
planejada força independentista, anotou em suas memórias: “O Governo de
Washington, digo isto com pena, se opôs de todas as maneiras à independência de
Cuba” (op.cit.: p.9).
O senador John Holmes diz no Senado norte-americano:
Podemos permitir que as ilhas de Cuba e Porto Rico passem para as mãos desses homens embriagados com a liberdade que acabam de adquirir? Como deve ser a nossa política? Cuba e Porto Rico devem ficar como estão (op. cit.: p. 8).
1840
O secretário de Estado do presidente Van Buren diz à Espanha, através de seu
Encarregado de Negócios em Madrid, que:
o senhor está autorizado a assegurar ao governo espanhol que, caso seja efetuada qualquer tentativa, onde quer que ocorra, para arrancar da Espanha essa porção (Cuba) de seu território, pode contar com os recursos militares e navais dos Estados Unidos para ajudar a sua ação, assim como para recuperar a ilha afim de mantê-la em seu poder (op. cit.).
1857
Após as tentativas dos presidentes Polk, em 1848, e Pierce, em 1953, de
comprar Cuba da Espanha, o mandatário Buchanan desenvolveu a sua campanha
eleitoral, a partir de 1854, tendo a compra de Cuba como principal ponto de sua
plataforma. Tal pretensão foi expressa da seguinte maneira em seu Manifesto de
Ostende:
[...] Os Estados Unidos devem comprar Cuba, devido a sua proximidade
de nossas costas porque pertence naturalmente a esse grupo de
Estados dos quais a União foi uma maternidade providencial, e porque
a União jamais poderá descansar enquanto Cuba não estiver dentro de
suas fronteiras (op. cit.).
1869
O presidente norte-americano, Ulisses Grant, afirma que não seria reconhecida
a beligerância cubana e autoriza a venda de canhoneiras à Espanha.?
Esta posição é criticada por Carlos Manuel de Céspedes em carta ao presidente
Grant:
Se por exigências de humanidade e civilização todas as nações estão obrigadas a se interessar por Cuba, pedindo a regularização da guerra que mantém contra a Espanha, os Estados Unidos têm que respeitar o dever que lhe impõem os princípios políticos que professam, proclamam e difundem (op. cit.:).
1871
Outubro – O presidente Grant emite uma declaração, qualificando as pessoas
que trabalham pela independência de Cuba, textualmente, de “delinqüentes”.
1889
16 de maio – O jornal norte-americano “The Manufacturer” publica um artigo,
respondido por José Martí, no qual se lê:
Há muito que dizer em favor de nossa aquisição da ilha....
A nação que a possuir terá o domínio exclusivo dos canais interoceânicos...
Apossar-nos da ilha, seria estender os limites de nossa produção, de subtropical a todo o trópico (op. cit.: p. 10).
14 de dezembro – José Martí, em carta a Gonzalo de Quesada, diz:
Sobre nossa terra, Gonzalo, há outro plano mais tenebroso que o que até agora conhecemos para forçar a ilha, precipitá-la à guerra, para ter pretexto de intervenção nela, e, com o crédito de mediador e garantidor, ficar com ela (op. cit.).
1895
1° de janeiro – As autoridades norte-americanas confiscaram as armas
compradas centavo por centavo pela emigração cubana, que José Martí enviaria para
Cuba na expedição de Fernandina. Poucos dias depois, eram confiscados também os
armamentos que deveriam ser levados em outras duas embarcações, “Amadís” e o
“Baracoa”. Os Estados Unidos, assim, aliavam mais uma vez à Espanha para impedir a
independência de Cuba.
1897
24 de dezembro – Em carta enviada ao Tenente-General, N. A. Miles, sob cuja
direção se realizavam as operações militares em Cuba, J.C. Brenckenridge,
subsecretário do Departamento de Guerra dos Estados Unidos escreve:
Querido senhor: Esta secretaria, em comum acordo com a de Negócios Estrangeiros e a da Marinha, considera-se obrigada a implementar as instruções relativas a organização militar da próxima campanha nas Antilhas, [...]
Está claro que a anexação imediata à nossa federação de elementos tão perturbadores e tão numerosos seria uma loucura, e antes de levá-la a cabo devemos sanear esse país, ainda que seja aplicando o meio que a divina Providência aplicou à Sodoma e Gomorra.
Deve ser destruído a ferro e fogo tudo o que estiver ao alcance dos nossos canhões ; deve ser levado ao extremo o bloqueio, para que a fome e a peste, sua constante companheira, dizimem a sua população pacífica e enfraqueçam o seu exército; e o exército aliado deverá ser empregado constantemente em explorações e nas linhas de frente, para que o inimigo sofra ininterruptamente o peso da guerra entre dois fogos, e ao aliado serão encomendadas, precisamente, todas as ações perigosas e desesperadas.
Resumindo: nossa política deve se basear sempre no apoio ao mais fraco contra o mais forte, até que ambos sejam exterminados, para que possamos anexar a Pérola das Antilhas (op. cit.).
1898
15 de fevereiro - Explosão do encouraçado Maine, da Marinha norte-americana,
na baía de Havana.
Final de março – Enviada pelo presidente norte-americano, Mc Kinley, uma
Resolução Conjunta ao Congresso, que representa, virtualmente, uma declaração de
guerra à Espanha.
18 de abril – O Congresso norte-americano, sem consultar as legítimas
autoridades civis e militares que representavam o povo de Cuba em armas, autoriza a
intervenção armada na Guerra Hispano-Cubana.
21 de abril – Declaração de guerra dos Estados Unidos à Espanha.
Abril - julho – Bombardeio norte-americano contra os portos de Matanzas,
Cárdenas, Baracoa, Manzanillo e Santa Cruz del Sur, sem justificativa militar alguma, já
que não havia concentração de forças espanholas nesses locais.
16 de julho – Capitulação das tropas espanholas.
17 de julho – As tropas norte-americanas, comandadas pelo general Shafter,
penetram na cidade de Santiago de Cuba, ocupando-a. Na Casa do Governo é içada a
bandeira norte-americana, não a cubana, enquanto que o general Calixto García, à
frente dos heróicos soldados cubanos, é impedido de entrar na cidade.
10 de dezembro – Assinatura do Tratado de Paris, pelo qual a Espanha renuncia
a Cuba, consagrando-se, assim, a ocupação da ilha pelos Estados Unidos com o
objetivo de “proteger vidas e fazendas”. A Espanha e os Estados Unidos põem-se de
acordo para evitar que os representantes do povo cubano, que haviam lutado durante
30 anos, participem da assinatura do tratado, não sendo concedida aos mesmos
qualquer participação no Governo após a retirada das tropas espanholas.
1899
1° de janeiro – O general norte-americano John R. Brooke toma posse como
interventor militar em Cuba. A ocupação dura 4 anos.
5 de dezembro – O presidente McKinley, em sua mensagem ao Congresso
norte-americano, declara: “Cuba ficará ligada a nós por laços de intimidade e força”.
1900
25 de julho – É publicada na Gazeta Oficial a Ordem n° 301, emitida pelo
Governador Militar da Ilha, relativa a “Convocatória e Organização da Convenção
Constituinte de Cuba”. A Ordem
determina uma eleição geral para eleger Delegados à Convenção, para redigir a Constituição, e como parte dela prover e acordar com o Governo dos Estados Unidos o que diz respeito às relações que terão que existir entre aquele Governo e o Governo de Cuba (op. cit.: p. 12). (grifo nosso)
1901
21 de fevereiro – É aprovada a Constituição da República de Cuba.
12 de junho – Com a ameaça de continuar ocupando o país, os Estados Unidos
obrigam os delegados da Convenção a incorporar, por 16 votos a 11,como apêndice à
Constituição, a Emenda Platt, aprovada pelo Congresso norte-americano dentro da Lei
sobre Créditos do Exército. Dita emenda é o principal referencial da Lei Helms-Burton.
O Governador Militar, general Wood, ao ser aprovada a Emenda Platt, declara que “foi
deixado muito pouca ou nenhuma independência para Cuba com a Emenda Platt e a
única coisa indicada (a se fazer) é buscar uma anexação” (Pérez, op. cit.: p. 13).
31 de dezembro – Primeiras eleições para presidente de Cuba, nas quais o
governo norte-americano, através de seu Governador Militar, intervêm aberta e
descaradamente, manipulando-as em favor de seu candidato Estrada Palma. Não é
permitido aos representantes do candidato opositor, Bartolomé Masó, participar da
Junta Central de Escrutínio e os funcionários governamentais são pressionados a
apoiar e auxiliar Estrada Palma. Assim são avalizadas todas as fraudes cometidas nas
referidas eleições.
1902
11 de dezembro – Assinado o Tratado de Reciprocidade Comercial com os
Estados Unidos, que dá a estes ampla vantagem no comércio, além de estimular a
monoprodução de açúcar.
1903
16 de fevereiro – Cuba assina o Tratado de Arrendamento de Bases Navais e de
Carvão com os Estados Unidos. Estes ocupam duas bases: Guantânamo e Baía
Honda. Posteriormente renunciam a última em troca da ampliação dos limites da Baía
de Guantánamo.
11 de maio – Assinado o Tratado Permanente que determina as relações entre a
República de Cuba e os Estados Unidos e dá cumprimento ao artigo 8 da Emenda
Platt, servindo de instrumento para a manutenção de sua vigência.
23 de maio – Ratificado pelos Congressos cubano e norte-americano o Tratado
Permanente das relações entre a República de Cuba e os Estados Unidos da América.
1906
20 de maio – Reeleito em escrutínio fraudulento o presidente Tomás Estrada
Palma, com apoio dos Estados Unidos.
29 de setembro – O comissário norte-americano, William H. Taft, assume os
destinos do país, o que acontecerá em várias outras ocasiões, lançando-se mão da
Emenda Platt para ingerir nos assuntos internos de Cuba. O fato ocorre após a
renúncia do presidente Estrada Palma em conseqüência dos levantes dos liberais.
Cerca de 5 mil marines desembarcam em Havana.
Outubro – Nomeado pelo presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt,
o Sr Charles Magoon, agente no Panamá, para ocupar o governo de Cuba. Magoon
permanecerá no cargo até janeiro de 1909.
1917
Levante dos liberais contra a eleição fraudulenta que conduziu Mario García
Menocal à presidência da República de Cuba com o apoio dos Estados Unidos.
Tropas norte-americanas desembarcam em vários pontos do país para apoiar o
governo eleito e seus navios de guerra bloqueiam os portos cubanos. As tropas
permanecerão em Cuba por cinco anos.
1922
Março – Designado um enviado pessoal do presidente norte-americano perante
o governo cubano, o Sr. Enoch H. Crowder, que adota o sistema de memorandos para
transmitir notificações ao então presidente de Cuba , Alfredo Zayas. São transcritos
abaixo duas das mais significativas.
No memorando n° 3, que se refere a emendas constitucionais, o Sr. Crowder
diz:
Tendo em vista o que aqui está sendo dito, tenho a honra de solicitar que as emendas específicas, propostas pela Comissão, sejam facilitadas para mim no tempo oportuno, a fim de que sejam estudadas e apreciadas pelo meu governo e este possa contestar por meu intermédio à Vossa Excelência, expondo a sua opinião se o considerar conveniente, antes da aprovação de qualquer lei pelo Congresso cubano (op. cit.: p. 14) .
No memorando n° 8, o enviado pessoal do governo norte-americano comunica
ao presidente cubano:
Vê-se, portanto, que as acusações de corrupção feitas contra o Governo de Cuba e que, em grande parte, são originárias de Cuba, mas que tiveram uma ampla circulação em ambos os países, têm sido de modo geral tão escandalosas que chegaram a minar o crédito da nação e a constituir uma mancha na honra da República.
Tendo em vista o exposto, o meu Governo estima que se deve atuar com urgência para retificar a situação e essa atuação será: 1) A imediata destituição do cargo de todo e qualquer dignatário sobre o qual se souber que vem fazendo gastos acima de suas rendas (op. cit.: p. 10).
1933
12 de agosto – Derrubado por um levante popular o presidente Gerardo
Machado, apoiado pelos Estados Unidos.
1934
Criada nos Estados Unidos a Lei de Cotas Açucareiras (Lei Costigan-Jones) que
regula a entrada de açúcar dos países produtores no mercado norte-americano,
através de um sistema de cotas, protegendo assim os produtores norte-americanos e
controlando o mercado do açúcar.
15 de janeiro – Golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos nas pessoas do
embaixador Welles e do representante do Chefe de Estado de Washington, Jefferson
Caffery, leva ao poder Carlos Mendieta.
31de maio – Renovado o Tratado Permanente das relações entre a República
de Cuba e os Estados Unidos da América, não reconhecido pelo governo anterior ao
golpe.
1952
10 de março – A apenas 82 dias das eleições para a Presidência da ilha, o
candidato pelo Partido Acción Unitária, Fulgêncio Batista, dá um golpe de Estado,
sendo reconhecido imediatamente pelo governo dos Estados Unidos. Esse ditador,
principal responsável pela morte de mais de 20 mil cubanos, contou com o apoio
político, econômico e militar do governo norte-americano até os estertores de seu
regime.
1956
Abril – A CIA tenta realizar uma “revolução” elitista através da derrubada de
Batista e a sua substituição pelo coronel Ramón Barquín. O complô, entretanto, é
descoberto e Barquín preso.
1957
Outubro – A CIA reune em Miami um grupo de personalidades da burguesia
cubana de oposição e forma a chamada “junta de liberação”, uma espécie de governo
no exílio encabeçado pelo ex-presidente de Cuba, Carlos Prío Socarrás.
1958
23 de dezembro – No curso de uma reunião do Conselho de Segurança
Nacional, com a presença do presidente Eisenhower, na qual se discutiu a situação de
Cuba, o diretor da CIA, Allen Dulles, diz em termos categóricos: “Devemos impedir a
vitória de Castro” (La Oposición Fabricada, 2001: p. 6).
26 de dezembro – O presidente Eisenhower dá instruções à CIA dizendo que
“não gostaria que os detalhes das operações encobertas contra Cuba fossem
apresentados ao Conselho de Segurança Nacional” (op. cit.).
1959
1° de janeiro – Triunfo da Revolução Cubana. Os guerrilheiros de Sierra
Maestra, comandados por Fidel Castro, derrubam a ditadura de Fulgêncio Batista.
7 de janeiro – O Ministério das Relações Exteriores de Cuba envia uma nota
diplomática ao Departamento de Estado norte-americano solicitando a extradição de
foragidos da justiça cubana, esbirros da ditadura de Batista que haviam fugido para os
Estados Unidos. A esta se seguem dezenas de outras notas ao longo dos anos, todas
sem uma reação positiva por parte do governo dos Estados Unidos.
21 de janeiro – Concentração popular em frente ao Palácio Presidencial em
Havana condenar os Estados Unidos por protegerem criminosos de guerra e
dilapidadores do erário público. O Comandante em chefe Fidel Castro pronuncia um
discurso ao qual assistem mais de 300 jornalistas da América Latina.
O legislador Wayne Hays faz a primeira referência à suspensão da cota
açucareira cubana e outras sanções econômicas.
27 de janeiro – Os Estados Unidos concedem asilo a notórios assassinos
membros da tirania de Batista.
1° de fevereiro – Reunião de Frank Bender com o ditador dominicano Rafael
Trujillo e Johnny Abbes García, para analisar planos contra a Revolução Cubana.
2 de fevereiro – Allen Robert Mayer, cidadão norte-americano, é preso a bordo
de um avião a bordo do qual entrou ilegalmente em território cubano com o objetivo de
atentar contra a vida de Fidel Castro.
3 de março – O novo governo decreta intervenção na Companhia Cubana de
Telefones, de propriedade norte-americana.
26 de março – A polícia cubana descobre um plano para assassinar Fidel. Os
mentores do complô são Rolando Masferrer e Ernesto de La Fe, seguidores de Batista
refugiados nos Estados Unidos.
Abril – Formulada por Richard Nixon, em memorando secreto enviado ao
presidente Dwight Eisenhower, aos membros do Conselho de Segurança Nacional, à
direção do Pentágono e à CIA, a idéia de uma invasão armada a Cuba.
6 de abril – A revista Time, sentindo-se ultrajada pela atitude independente do
governo de Cuba, declara: “ A neutralidade de Castro é um desafio para os EUA”.
15 de abril – William Morgan viaja a Miami e se reúne com o coronel Augusto
Ferrando, cônsul dominicano nessa cidade. Estão presentes Frank Bosche e Manuel
Benítez, que explicam os planos contra Cuba e dispõem de US$ 1 milhão entregues
por Trujillo para derrubar Fidel Castro.
17 de abril – Surpreendidos dois norte-americanos quando tratam de fotografar
as áreas interiores de La Cabaña, em flagrante violação das legislações estabelecidas.
3 de maio – William Morgan viaja outra vez a Miami e fala por telefone com
Trujillo. É informado da visita do sacerdote Ricardo Velazco Ordóñez a Cuba.
12 de maio – Realizada no Chile uma reunião dos embaixadores dos Estados
Unidos na América do Sul, onde se arquiteta um plano contra a Revolução Cubana que
inclui a pressão sobre os governos da área e a imprensa norte-americana, com o
objetivo de deflagrar uma campanha de calúnias e ataques contra Cuba.
17 de maio – É assinada, em Sierra Maestra, a Primeira Lei da Reforma Agrária,
que estabelece em 402 hectares o limite máximo de uma propriedade rural particular e
prevê a indenização mediante a emissão de bônus com juros de 4,5% ao ano e
amortização em 20 anos.
4 de junho – Os engenhos e plantações de cana-de-açúcar de propriedade de
cidadãos norte-americanos são expropriados pelo governo revolucionário.
Chega a Cuba o sacerdote Velazco, que se reúne com William Morgan, Eloy
Gutiérrez Menoyo, Arturo Hernández e o doutor Armando Caíñas Milanés.
20 de junho – Realiza-se no hotel Capri a última reunião do sacerdote Velazco
com William Morgan, Arturo Hernández, Ramón Mestre e outros. Estipula-se a possível
data para a entrada clandestina de armas em Cuba.
28 de junho – Um avião amarelo e branco procedente dos Estados Unidos deixa
cair de pára-quedas em Consolación del Sur apetrechos bélicos, que são apreendidos
pelo Exército Rebelde.
29 de junho – Os Estados Unidos reconhecem por meio de nota diplomática
que:
segundo o Direito Internacional, um Estado tem a faculdade de expropriar dentro de sua jurisdição para propósitos públicos e em ausência de disposições contratuais ou qualquer outro acordo em sentido contrário; no entanto, este direito deve vir acompanhado de obrigação correspondente por parte de um Estado no sentido de que essa expropriação trará consigo o pagamento de uma imediata,
adequada e efetiva compreensão (Aqui no Queremos Amos, 1995: p. 23).
2 de julho – Em Miami, William Morgan recebe do cônsul dominicano Augusto
Ferrano um iate carregado com armas para serem utilizadas pela contra-revolução em
Cuba.
4 de julho – Agredido o cônsul de Cuba em Miami por contra-revolucionários
batistianos.
14 de julho – Seqüestrado e levado para os Estados Unidos um avião de
transporte das FAR.
26 de julho – É derrubado em Boca de Jaruco um avião “Cessna”, procedente
dos Estados Unidos e pilotado pelo traidor Rafael del Pino, um dos fundadores da
organização contra-revolucionária La Rosa Blanca.
5 de agosto – São sabotados quatro aviões das FAR que haviam sido
comprados nos Estados Unidos pelo governo de Batista e que ainda permaneciam em
Miami. Estes fatos acontecem com o beneplácito do senador Edward e do Subcomitê
de Segurança Interna do Senado dos Estados Unidos.
8 de agosto – São detidos dois funcionários norte-americanos da embaixada dos
Estados Unidos em Havana, enquanto dirigiam uma reunião de elementos contra-
revolucionários que preparavam sabotagens e outras ações. Ambos os funcionários
são expulsos do país.
A Polícia Nacional Revolucionária descobre que a American National Life, uma
das maiores empresas de seguros radicadas em Cuba, dedica-se a aportar recursos
econômicos para apoiar os planos bélicos dos agentes contra-revolucionários,
trujillistas e seus instigadores norte-americanos.
22 de setembro - Forças do Exército Rebelde e milícias camponesas enfrentam
e capturam um grupo de bandidos em Pinar del Río, entre os quais se encontram os
norte-americanos Austin Frank Young e Peter John Lambton.
9 de outubro – Um avião de cor cinza procedente dos Estados Unidos deixa cair
cinco pára-quedas com apetrechos bélicos na zona de Aguacuatales, perto do povoado
de Minas de Matahambre. Forças do Exército Rebelde apreendem todo o
carregamento.
Detidos em Mariel oito contra-revolucionários ao pretenderem embarcar para os
Estados Unidos, com o propósito de se unir a uma expedição que seguiria pelas costas
de Pinar del Rio e se internaria na região de Pan de Azúcar.
19 de outubro – Vários aviões procedentes dos Estados Unidos bombardeiam e
metralham diversos lugares da região ocidental de Cuba.
21 de outubro – Um avião procedente dos Estados Unidos bombardeia Havana,
matando dois e ferindo cinqüenta cidadãos.
Meados de novembro – A CIA organiza em Miami conhecidas figuras da tirania
derrocada de Batista, ex-membros de órgãos de repressão, criminosos e gângsters, no
assim chamado Movimento Anticomunista Trabalhador e Camponês (MAOC, em
espanhol).
O major Van Horn e o coronel Nichols, da inteligência militar norte-americana,
realizam reuniões na cidade de Havana com um agente da Segurança cubana para
propor a explosão da refinaria, da planta elétrica de Tallapiedra, o envio de informações
de espionagem, a realização de levantes e de atentados contra a vida de dirigentes
revolucionários.
11 de dezembro – J.C. King dirige um memorando a Allen Dulles, onde solicita
que seja analisada a possibilidade de eliminação de Fidel Castro.
Meados de dezembro – A CIA propõe o recrutamento de exilados para serem
treinados em países latino-americanos com o objetivo de desencadear ações
paramilitares contra Cuba.
1960
13 de janeiro – Allen Dulles, diretor da CIA, dirige-se ao Grupo Especial com a
idéia de levar a cabo um projeto cubano. É formada uma “Força-Tarefa de Cuba” com o
objetivo de realizar ações contra o governo de Fidel Castro.
20 de janeiro- Aviões procedentes dos Estados Unidos incendeiam canaviais em
Rancho Veloz, na província de Las Villas.
18 de fevereiro – Um avião, pilotado pelo norte-americano Robert Ellis Forst,
ataca a central España, na província de Matanzas, e explode no ar, matando seu
ocupante.
23 de fevereiro – Avião procedente dos Estados Unidos lança fósforo vivo sobre
canaviais das províncias de Matanzas e Las Villas.
4 de março – Vítima de sabotagem, explode no porto de Havana o navio francês
Le Coubre, que trazia um carregamento e armas para ao Exército cubano. Morrem
quase 100 pessoas e outras 200 ficam feridas.
8 de março – Avião procedente dos Estados Unidos lança materiais inflamáveis
sobre áreas canavieiras de San Cristóbal, queimando mais de 200 mil arrobas de cana
na colônia La Verbena.
9 de março – É agredido o correspondente do jornal Revolución na cidade de
Tampa, Estados Unidos.
10 de março – Um grupo de sete contra-revolucionários é capturado no
aeroporto de Rancho Boyeros, quando se dispunha a se apoderar de um avião de
passageiros da linha Havana-Santiago com o objetivo de levá-lo aos Estados Unidos.
São apreendidas duas pistolas.
17 de março – Aprovado pelos Grupo Especial do Conselho de Segurança
Nacional dos Estados Unidos e pelo presidente Eisenhower uma operação contra
Cuba, proposta por Allen Dulles. Distribuída dentro da CIA uma cópia do plano de ação
encoberta (“cover action”).
21 de março – É derrubado o avião pilotado por Howard Lewis e William
Shergales, em Carbonera, um local situado entre a cidade de Matanzas e Varadero.
22 de março – Capturado um avião procedente dos Estados Unidos ao tentar
recolher clandestinamente o ex-coronel da tirania Dámaso Montesinos.
Março – agosto - A Divisão de Serviços Técnicos dos EUA elabora um projeto
para pulverizar com uma substância química, que produz os efeitos do LSD, o estúdio
utilizado por Fidel Castro para seus discursos. Também são preparadas operações
para contaminar uma caixa de charutos destinada a Fidel, com um agente químico que
provoca confusão mental.
É desenvolvido outro plano para destruir a sua barba, utilizando sais de tálio.
Nenhum destes projetos é implementado.
Abril – O chefe da seção da CIA na Guatemala, Robert Kendall, negocia com o
Presidente da República, Miguel Ydigoras Fuentes, a utilização do rancho Retalhuleu,
propriedade de Roberto Alejos, como base aérea e acampamento de treinamento de
exilados cubanos.
4 de abril – Um avião procedente da base naval de Guantânamo lança material
incendiário sobre a cidade de Santiago de Cuba.
6 de abril - Mallory, um importante funcionário do Departamento de Estado,
depois de reconhecer que “a maioria dos cubanos apóia Castro” e que “não existe uma
oposição política efetiva”, afirma em um memorando que:
o único meio previsível para alienar o apoio interno é através do desânimo, com base na insatisfação e nas dificuldades econômicas [...] Deve se empregar prontamente quaisquer meios para enfraquecer a vida econômica de Cuba. [...] Um método que poderia ter maior impacto seria negar dinheiro e fornecimentos a Cuba para diminuir os ordenados reais e monetários, para provocar a fome, o desespero e o desabamento do governo (Cronología, 2003).
23 de abril – Um avião procedente do norte provoca o incêndio de várias
plantações de cana em Bauta.
17 de maio – Inicia suas transmissões a Rádio Swan, estação da CIA dirigida
contra a Revolução Cubana.
16 de junho – Detidos os diplomatas norte-americanos Edwin L. Sweet e William
G. Friedeman, quando se encontravam em uma reunião conspirando com contra-
revolucionários cubanos. Dedicavam-se a proporcionar asilo, financiar publicações
subversivas e estimular atos terroristas, incluindo a introdução de armas. É
comprovado que Friedeman e sua esposa são membros do FBI. De acordo com as leis
internacionais são expulsos do país.
22 de junho – Antonio Varona, Manuel Artime, Justo Carrillo, José Ignacio Rivero
e Aureliano Sánchez Arango criam no México a Frente Revolucionária Democrática
(FD), aliança de organizações contra-revolucionárias patrocinadas pela CIA.
Julho – O Grupo Unificado de chefes do Estado-Maior, depois de estudar a
“situação cubana”, recomenda ao presidente norte-americano realizar a invasão
armada a Cuba.
5 de julho – O governo norte-americano começa a guerra do açúcar contra
Cuba. Recusa-se a comprar 700 mil toneladas do produto e revoga unilateralmente a
cota açucareira cubana.
Desviado à força para Miami um avião Britannia da Aviação Cubana que cobria
a rota regular Madrid-Havana.
6 de julho – As empresas norte-americanas TEXACO, ESSO e SHELL,
tradicionais fornecedores de petróleo a Cuba, interrompem o abastecimento do produto
e se negam a processar o combustível fóssil adquirido na URSS, como resultado das
pressões exercidas pelo governo dos Estados Unidos.
O governo cubano põe em vigor a Lei 851 que estabelece o procedimento pelo
qual, mediante resoluções conjuntas, o Presidente da República e o Primeiro-Ministro
(estrutura de governo da época) determinam a nacionalização de todas as
propriedades norte-americanas. A lei estabelece um mecanismo compensatório,
criando um fundo do qual seriam pagos bônus.
7 de julho - Liquidados dois agentes da CIA quando desembarcavam em uma
praia da província do Oriente.
9 de julho – A União Soviética se compromete a adquirir de Cuba todo o açúcar
recusado pelos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, ameaça disparar seus mísseis
contra território norte-americano, caso o governo de Washington tente derrubar Fidel
Castro.
Meados de julho – A CIA coordena uma reunião privada entre o senador John
Kennedy e quatro exilados cubanos: Manuel Artime, Tony Varona, Aureliano Sánchez
Arango e José Miró Cardona, com o propósito de informar ao candidato presidencial do
Partido Democrata que a Agência tem um plano para derrubar Fidel Castro.
20 de julho – Iniciado um plano para assassinar Raúl Castro. Tracy Barnes,
?segundo e Richard Bisell, subdiretor da CIA, enviam um cabograma à estação em
Havana dizendo: “Possível eliminação dos três líderes principais está sendo
considerado seriamente pelo Estado-Maior”.
Trata-se de provocar um incidente utilizando um agente cubano, mas finalmente
este não tem a oportunidade de prepará-lo.
Agosto - É capturado no Escambray o agente da CIA Richard Allen Pecoraro,
infiltrado em território cubano com a missão de supervisionar a situação dos bandos
que operam nessas montanhas.
6 de agosto – São nacionalizadas as refinarias de petróleo, as empresas de
eletricidade, de telefone e trinta e seis centrais açucareiras, todas de propriedade de
grupos norte-americanos (Resolução n° 1).
Soldados norte-americanos disparam desde a base naval de Guantânamo
catorze rajadas de metralhadora na direção do território cubano.
16 de agosto – Segundo autoridades norte-americanas, tem início o primeiro
complô para assassinar Fidel Castro. O plano é um de pelo menos oito sobre os quais
o Senado encontraria evidências em 1975.
Início de setembro – Robert Mahieu, agente da CIA, reúne-se em Beverly Hills,
Califórnia, com John Rosselli para discutir sobre uma tentativa de assassinato contra
Fidel Castro. São oferecidos US$ 150.000 e lhe é explicado que “é um ingrediente
necessário para poder se realizar uma invasão bem sucedida”. Rosselli aceita
participar , porque se sente “obrigado” ante seu governo (Font, 1993: p. 198).
17 de setembro – O governo cubano implementa a Resolução n° 2 e nacionaliza
os três bancos norte-americanos em Cuba: First National City Bank of New York, First
National Bank of Boston e Chase Manhattan Bank.
18 de setembro – Fidel Castro chega a Nova York para falar na Assembléia
Geral das Nações Unidas. A Divisão de Serviços Técnicos da CIA desenvolve diversos
meios explosivos e venenosos para atentar contra a vida de Fidel, mas nenhum projeto
pôde ser executado.
24 de setembro – Maheu e Rosselli reúnem-se com o chefe de apoio da CIA,
O’Connell, para acertar os detalhes da operação contra Fidel Castro. Rosselli,
utilizando o pseudônimo de John Rawlston, apresenta-se aos contatos cubanos como
agente de “alguns interessados em negócios, de Wall Street [...], interessados em
níquel e propriedades em Cuba”, e dos quais recebe ajuda financeira (op. cit.: p. 199).
29 de setembro – O governo dos Estados Unidos notifica seu homólogo de Cuba
acerca de sua decisão de suspender as operações na planta de concentração de
níquel em Nicaro, originalmente de propriedade norte-americana.
30 de setembro – O Departamento de Estado norte-americano anuncia ter
recomendado aos cidadãos norte-americanos “que se abstivessem de viajar a Cuba, a
não ser por razões prementes” (Quesada, 2001: p. 11).
6 de outubro – Desembarca na província de Baracoa um grupo de contra-
revolucionários, entre eles os cidadãos norte-americanos Tony Salvard, Allan D.
Thompson, Paul Hughes e Robert O. Fuller. Todos são capturados.
8 de outubro – São apreendidas várias armas e equipamentos bélicos lançados
por um avião norte-americano em Escambray a fim de abastecer os bandidos.
O Exército Rebelde conclui a operação conhecida como a Limpeza do
Escambray, que desarticula os planos criados pela CIA para os bandos contra-
revolucionários atuarem na retaguarda das tropas cubanas quando desembarcasse a
brigada mercenária na região de Trinidad. São capturados os principais chefes, entre
os quais Porfirio Ramírez, Plinio Prieto e Sinesio Walsh.
Meados de outubro – A CIA desenvolve um plano para infiltrar grupos de
cubanos treinados por norte-americanos. O plano recebe o nome de Operação “Pluto”
e deverá, eventualmente, se converter em uma invasão em grande escala em Playa
Girón em abril de 1961.
13 de outubro – O governo cubano nacionaliza todos os bancos e expropria 383
grandes empresas estabelecidas no país.
14 de outubro – São seqüestrados e desviados para Miami, em uma só
operação, seis aviões cubanos.
18 de outubro – Rosselli apresenta a Maheu dois mafiosos com os quais tem a
intenção de trabalhar: Momo Salvatore Giancana (Sam Gold), que será o homem de
apoio, e Santos Trafficante (Joe), encarregado de viajar a Cuba para realizar os
preparativos. Pretendem organizar um plano para assassinar o primeiro-ministro de
Cuba.
19 de outubro – Os Estados Unidos iniciam o embargo comercial contra Cuba.
20 de outubro – O Departamento de Comércio faz uma emenda às Normas de
Regulação das Exportações, estabelecendo controles estritos e absolutos que
determinam a proibição de exportações para Cuba, exceto no caso de certos alimentos
não-subsidiados, medicamentos e produtos médicos específicos (25 FR 10006).
24 de outubro – Ditada pelo governo cubano a Resolução n° 3, que nacionaliza
todos os bens norte-americanos existentes em Cuba.
29 de outubro - É seqüestrado por nove terroristas o avião DC-3, que cobre a
rota regular de Havana à Nova Gerona, ação na qual é assassinado o soldado Cástulo
Acosta Hernández e são feridos o piloto da aeronave, Candelario Delgado, e Argelio
Rodríguez Hernández, de 14 anos de idade.
Novembro – São feitas emendas às Normas de Regulação do Departamento
Postal (25 FR 10991) e são implantadas as primeiras medidas restritivas quanto ao
serviço postal dos Estados Unidos para Cuba, que passa a figurar entre os países para
os quais são impostas restrições específicas às exportações norte-americanas. A partir
da promulgação desse dispositivo, passa-se a exigir uma licença geral para o envio de
pacotes, incluindo alimentos , roupas, medicamentos e fármacos.
13 de novembro – Os Estados Unidos exercem forte pressão sobre a Grã-
Bretanha, no sentido de impedi-la de vender quinze aviões de combate destinados à
defesa da Ilha.
18 de novembro – Allen Dulles e Richard Bissel viajam a Palm Beach, Flórida,
para informar ao presidente eleito Kennedy acerca dos planos da CIA para invadir
Cuba.
1° de dezembro – Explode de modo provocador um foguete norte-americano
sobre Holguín.
8 de dezembro - Ocorre uma nova tentativa de seqüestro de outro DC-3 da
Cubana de Aviación em vôo regular de Santiago de Cuba a Havana, mas a ação é
frustrada pela corajosa atitude do piloto Francisco Martínez Malo, que morre depois em
conseqüência dos ferimentos recebidos.
26 de dezembro – Sabotadores a serviço da CIA incendeiam a loja de
departamentos Flogar.
30 de dezembro – Detido um grupo terrorista composto por dezessete agentes
da CIA que haviam sido preparados e equipados para realizar ações de sabotagem.
Entre os terroristas detidos figura Armando Valladares, que vinte e sete anos depois é
nomeado pelo Presidente Ronald Reagan como Embaixador dos Estados Unidos ante
a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.
1961
Janeiro – Iniciada a Operação Peter Pan, orquestrada pela CIA, na pessoa de
Tony Varone (sócio do mafioso Santos Trafficante), e pela Igreja Católica, na pessoa
do Monsenhor Bryan Walsh. È difundida a propaganda de que o “comunismo” acabaria
com o pátrio poder e as crianças seriam enviadas aos países socialistas para
doutrinamento. A rede envolveu também o movimento terrorista Resgate
Revolucionário, o Catholic Welfare Bureau, a Pan Am e a KLM. Vários pais
aterrorizados aceitaram a dura separação que envolveu em torno de 14.156 crianças e
adolescentes, afora o assassinato de cinqüenta e oito pelo próprios genitores, que
preferiam ver os filhos mortos a “entregá-los aos comunistas”.
3 de janeiro – O governo dos Estados Unidos rompe relações diplomáticas e
consulares com Cuba.
5 de janeiro – O chanceler cubano Raúl Roa denuncia ante o Conselho de
Segurança da ONU “a política de provocação, represália, agressão, subversão,
isolamento, intervenção e ataque iminente dos Estados Unidos contra o governo e o
povo cubanos”.
Torturado selvagemente na Base Naval de Guantânamo o operário Manuel
Prieto Gómez, um dos poucos cubanos que conservaram seu emprego e que trabalhou
nessa instalação por 13 anos.
7 de janeiro – O Exército cubano apreende nas montanhas de Escambray uma
grande quantidade de armas procedentes dos Estados Unidos.
9 de janeiro – Apreendidas armas norte-americanas em Pinar del Río, entre
Bahía Honda e Cabañas, que foram lançadas por aviões norte-americanos.
17 de janeiro – O governo norte-americano proíbe os cidadãos de seu país de
visitar Cuba.
19 de janeiro – Frustrado um desembarque de mercenários a serviço da CIA que
tinha o propósito de se unir aos bandidos que operam em Pinar del Río.
20 de janeiro – Denunciada a utilização de uma base nas Ilhas Bahamas contra
Cuba. Exibido um documentário pelos canais da British Broadcasting Company (BBC)
sobre os embarques de armas para a Ilha Andros.
15 de fevereiro – O presidente Kennedy, em um Memorando dirigido ao
Ajudante Especial para Assuntos de Segurança Nacional McGeorge Bundy, sugere que
sejam interrompidas as compras de tabaco, vegetais, frutas e outros bens de Cuba
como modo de tornar as coisas mais difíceis para o governo revolucionário.
17 de fevereiro – Um avião pirata, procedente do norte e com as luzes
apagadas, sobrevoa Miramar e deixa cair panfletos subversivos.
23 de fevereiro – O Departamento de Comércio faz emenda às Normas de
Regulação das Exportações, e dispõe que não se poderá efetuar exportações a Cuba
sob licença geral (26 FR 2311).
10 de março – O Departamento de Comércio enumera uma lista de produtos
alimentícios e medicamentos que a partir desse momento requerem licença para a sua
exportação para Cuba.
11 de março – O presidente Kennedy assina o Memorando de Ação de
Segurança Nacional (NSAM n° 31), que implementa um plano de invasão a Cuba com
a participação de exilados cubanos.
12 de março – Durante reunião no hotel Fontainebleau em Miami, por orientação
da CIA, John Roselli entrega ao contra-revolucionário cubano Antonio de Varona
algumas cápsulas que continham um poderoso veneno para assassinar Fidel Castro.
13 de março – Uma lancha de guerra tripulada por terroristas ataca a tiros de
canhão a refinaria de petróleo “Hermanos Díaz” de Santiago de Cuba e se refugia na
base naval de Guantânamo, ocupada pelos Estados Unidos. No atentado, morre um
cubano e outro fica ferido. A lancha foi lançada do barco Bárbara J., procedente dos
Estados Unidos, fato descrito pelo Inspetor-Geral da CIA, Lyman Kikpatrick.
16 de março – Cuba denuncia um plano de auto-agressão dos Estados Unidos à
base naval de Guantânamo e uma conspiração para matar Raúl Castro.
22 de março – Criação da “Frente Política” do Conselho Revolucionário Cubano,
que pretende se constituir em governo provisório uma vez desembarcada a brigada
mercenária.
31 de março – O presidente norte-americano emite a Proclamação Presidencial
3401 e determina que para 1961 o volume da cota de açúcar para Cuba será zero.
3 de abril – O governo dos Estados Unidos emite uma declaração sobre Cuba
na qual expressa sua determinação de apoiar futuros governos democráticos. Ameaça
o governo cubano, exigindo que rompa seus laços com o movimento comunista
internacional.
O Conselho Mundial da Paz denuncia as manobras norte-americanas contra
Cuba.
4 de abril – Fechados na casa Branca os últimos detalhes da invasão a Cuba.
Marcado para 17 de abril o início da “Operação Pluto” .
12 de abril – Em uma conferência de imprensa, Kennedy, no esforço por afastar
qualquer indício de que os Estados Unidos estão envolvidos militarmente com Cuba,
assinala que “qualquer conflito em Cuba não é um conflito entre duas nações, mas
entre cubanos”.
13 de abril – Os dirigentes do “Conselho Revolucionário”, protegidos por agentes
da CIA e do FBI, dirigem-se para o hotel “Lexington”. Ali esperam que um avião norte-
americano os leve para a “região libertada”, onde proclamarão um “Governo provisório”
e solicitarão ajuda à OEA, de acordo com o roteiro previsto por Washington.
15 de abril – Uma esquadrilha de aviões B-26, procedente de uma base na
América Central, ataca vários aeroportos, no prelúdio ao desembarque de mercenários
em Playa Girón, Baía dos Porcos.
16 de abril – Horas antes da invasão a Cuba, os líderes do Conselho
Revolucionário Cubano são transladados pela CIA para uma base deserta da força
aérea em Opalocka. São mantidos ali durante vários dias e só recebem informações
sobre o ataque a Cuba através do rádio.
17-19 de abril – Invasão da Baía dos Porcos. Desembarca em Playa Girón a
Brigada de Assalto 2.506, que é derrotada em menos de 72 horas. O presidente dos
Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, reconhece o envolvimento do seu governo
na invasão.
22 de abril – O presidente Kennedy orienta o general Taylor a realizar uma
análise profunda das causas do fracasso da invasão.
24 de abril – O presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, admite a plena
responsabilidade pela agressão a Cuba.
25 de abril – Os Estados Unidos declaram o embargo comercial contra Cuba.
1° de maio – Antulio Ramírez Ortiz, cidadão norte-americano de origem porto-
riquenha, é a primeira pessoa a chegar a Cuba a bordo de um avião seqüestrado,
seguindo instruções da CIA, com o objetivo de provocar o governo revolucionário.
13 de junho – O general Taylor apresenta ao presidente Kennedy os resultados
da investigação sobre o fracasso da invasão mercenária. Recomenda novas pautas
para ações políticas, militares, econômicas e propagandísticas contra o governo
revolucionário.
4 de julho – Elementos contra-revolucionários ferem a bala o escolta de um
avião da Cubana de Aviación e obrigam o capitão da aeronave a levá-los a Miami.
27 de julho – São revelados pela imprensa novos planos de ataques financiados
pelos Estados Unidos contra Cuba. Mercenários concentrados no Haiti atacariam
Cuba, assentando as bases para uma invasão militar norte-americana em grande
escala.
9 de agosto - Seqüestrada a aeronave C-46, matrícula CUT-607, ação na qual
morrem o piloto Luis Álvarez Regato e o escolta Silvino Rómulo Sánchez Almaguer.
11 de agosto – O Ministério do Interior divulga um amplo plano de auto-agressão
preparado pela CIA a partir da base naval de Guantânamo e um complô para
assassinar os comandantes Fidel e Raúl Castro, como prelúdio de uma agressão
militar dos Estados Unidos.
São mostradas as armas destinadas à execução do plano.
4 de setembro – O Presidente Kennedy sanciona Lei de 1961 que o autoriza a
estabelecer e manter um embargo total sobre todo o comércio entre Cuba e Estados
Unidos.
7 de setembro – O Congresso dos Estados Unidos aprova uma medida que
suspende a ajuda a qualquer país que por sua vez ajudar Cuba, a menos que o
presidente norte-americana determine que a referida ajuda seja do interesse de seu
povo.
30 de setembro – É detido pelo Capitão da Infantaria da Marinha norte-
americana, Arthur J. Jackson, o trabalhador cubano Rubén López Sabariego, que
prestava serviços como motorista de um caminhão de carga da Base Naval de
Guantânamo. Depois de quinze dias de detenção, o Encarregado de Negócios da
Embaixada da Suíça em Cuba informa ter sido encontrado o corpo sem vida do
cidadão cubano em uma valeta dentro da instalação militar. A autópsia revela que o
corpo apresentava fraturas e hematomas causados por tortura.
Início de outubro – A imprensa revolucionária denuncia uma operação de guerra
psicológica (Operação Peter Pan), através da qual esta organização orientada pela
CIA, difunde uma falsa lei do governo revolucionário que tiraria o pátrio poder dos pais
sobre os filhos. Em virtude dessa ação criminosa, milhares de crianças foram enviadas
por suas famílias aos Estados Unidos. Muitas não reencontrarão seus parentes senão
décadas depois.
2 de outubro – Cerca de vinte e seis homens desembarcam na costa norte da
Província do Oriente. Quase todos são capturados, entre eles três norte-americanos.
Dez são executados após julgamento.
5 de outubro – Mc George Bundy assina o Memorando de Ação de Segurança
Nacional n° 100 (NSAM n° 100) intitulado “Planejamento de contra-insurgência para
Cuba”, no qual dá instruções ao Departamento de Estado para que avalie os possíveis
cursos de ação para os Estados Unidos “no caso de que Castro seja eliminado do
cenário cubano”, e prepare junto com o Pentágono um plano de contingência para uma
intervenção militar se esta circunstância chegar a se produzir (op. cit.: p. 207).
Final de outubro – O presidente Kennedy solicita a Edward Lansdale que
examine a política da administração em relação a Cuba e faça recomendações.
Lansdale propõe que sob a égide da Operação “Mangosta”, os norte-americanos
trabalharão com exilados, em particular profissionais.
Para alcançar este objetivo final, Lansdale prevê o desenvolvimento de
elementos de direção e “uma base política muito necessária entre os cubanos
contrários a Castro”. Ao mesmo tempo, Lansdale procura desenvolver “formas bem
sucedidas de infiltração em Cuba” e “organizar células e atividades dentro de Cuba”
(Font, 1993: p. 207).
4 de novembro – Realizada uma reunião na Casa Branca para desenvolver um
importante programa de ação encoberta, para sabotagens e subversão contra Cuba. O
novo programa recebe o nome de Operação “Mangosta”. Segundo as notas tomadas
por Robert Kennedy:
A minha idéia é resolver as coisas na Ilha através da espionagem, sabotagens, desordem geral, executadas e dirigidas pelos próprios cubanos, pertencentes a todos os grupos, exceto os seguidores de Batista ou comunistas. Não sabemos se teremos êxito na derrubada de Castro, mas na minha avaliação não temos nada a perder (op. cit.: p. 208).
É criado o Grupo Especial Ampliado, com o único propósito de dirigir e controlar
a Operação “Mangosta”. O presidente Kennedy designa o general Lansdale para chefe
das operações.
27 de novembro – Um bando de contra-revolucionários, atuando a serviço da
CIA nas montanhas de Escambray, assassina o jovem alfabetizador Manuel Asunce
Domenech e o camponês Pedro Lantigua.
30 de novembro – O presidente Kennedy emite um comunicado que lança
oficialmente a Operação “Mangosta”, destinada a “utilizar todos os meios disponíveis”
para “ajudar o povo de Cuba a derrubar o regime comunista dentro do país e a
instaurar um novo governo com o qual os Estados Unidos possam conviver em paz.
Final de novembro – William Harvey é colocado à frente da “Força Tarefa W” da
CIA, que deve realizar um amplo espectro de atividades, a maioria contra barcos e
aeronaves cubanas, fora do território de Cuba, como por exemplo a contaminação das
exportações de açúcar e o suborno em importações industriais.
Início de dezembro – Um comando dirigido por Eugenio Rolando Martínez,
cubano recrutado pela CIA, destrói uma ponte ferroviária e um armazém de açúcar. O
grupo consegue fugir quando “Rip” Robertson chega em um bote de borracha para
resgatá-los. A missão é uma das quinze ações das quais participou Martínez até essa
data.
4 de dezembro – Kennedy estende até 30 de junho de 1962 a proibição total de
importações de açúcar proveniente de Cuba. O embargo deve expirar no final do ano.
Os Estados Unidos submetem à consideração da Comissão de Paz
Interamericana da OEA o documento “O Regime de Castro em Cuba”. Proclama que
“Cuba, como ponta-de-lança do imperialismo sino-soviético dentro das defesas do
hemisfério ocidental, representa, sob o regime de Castro, uma séria ameaça para a
segurança coletiva das repúblicas americanas” (op. cit.: p. 209).
14 de dezembro – Dois pilotos da CIA desaparecem durante uma missão
encoberta sobre o território cubano. Os pilotos estavam envolvidos em um projeto da
Operação “Mangosta”, denominado “operação Fantasma” e dirigido por Frank Sturgis,
segundo o qual um pequeno avião lançaria panfletos sobre Cuba com instruções de
sabotagem e subversão.
21 de dezembro – A Administração Kennedy, em um esforço para reforçar ainda
mais o bloqueio a Cuba, proíbe por noventa dias as exportações de certas empresas e
indivíduos dos Estados Unidos. O Departamento de Comércio exige dos produtores e
fornecedores dos Estados Unidos, tradicionalmente envolvidos no comércio com Cuba,
que perguntem aos clientes sobre o destino dos produtos comprados, e comuniquem à
Agência “as transações duvidosas”.
28 de dezembro – O governo cubano anuncia a prisão de um grupo de pessoas
ligadas a Agência Central de Inteligência (CIA), que tentava entrar no país pelo litoral
de Pinar del Río.
1962
Janeiro – A CIA põe em andamento um plano de recompensa pelo assassinato
de funcionários cubanos, oferecendo 5 a 100 mil pesos, de acordo com o grau de
importância das vítimas.
Janeiro – março – Bombardeiros, caças e aviões de patrulha da aviação norte-
americana sobrevoam 182 vezes navios mercantes soviéticos. A maioria dos vôos se
dá sobre águas próximas a Cuba.
5 de janeiro – Provocação a partir da base naval de Guantânamo contra as
posições cubanas.
7 de janeiro – As forças norte-americanas da base naval de Guantânamo, à
guisa de provocação, se põem em estado de alerta avançado, como resposta às
denúncias formuladas publicamente pelo governo revolucionário.
Um avião lança carregamentos de armas norte-americanas sobre Pinar del Río
e Las Villas, que são capturados pelas tropas cubanas.
11 de janeiro – Empresas norte-americanas criam obstaculizam ao comércio de
Cuba com a Inglaterra, segundo informações de delegados ingleses em visita a
Havana.
13 de janeiro – Um grupo de seis norte-americanos pertencentes à CIA á
capturado no litoral de Pinar del Río. São eles: A. Eugene Gigson, Leonard L. Schmidt,
Tom L. Baler, James B. Beame, Donald J. Green e George H. Beck.
17 de janeiro – Infiltração de um grupo de agentes da CIA a leste da cidade e
Matanzas.
18 de janeiro – O general Lansdale submete à consideração do Grupo Especial
Ampliado a primeira versão de “O projeto Cuba”, um programa que contempla trinta e
duas tarefas dentro da Operação “Mangosta”, destinadas a provocar a derrubada do
governo cubano.
19 de janeiro – Surge a “Tarefa 33” do plano do general Lansdale, que tem o
objetivo de incapacitar trabalhadores açucareiros cubanos com o uso de substâncias
químicas “não letais”.
25 de janeiro – Na reunião realizada em Punta del Este, Uruguai, a Organização
dos Estados Americanos aprova a expulsão de Cuba do organismo, a pedido dos
Estados Unidos.
28 de janeiro – Descoberto um bando de sabotadores financiados pela CIA, que
tentavam paralisar o transporte urbano da capital do país, ao inutilizar os motores com
produtos químicos e minas magnéticas.
30 de janeiro – Braulio Amador Quesada, chefe de bandidos, confessa a sua
ligação com a CIA e os crimes cometidos contra Pero Lantigua e Manuel Ascunce.
Reconhece que organizou um bando seguindo as instruções do Movimento
Anticomunista Católico Unido (MACU).
3 de fevereiro – É ampliado o bloqueio a Cuba sob a autoridade legal da Seção
620 (a) da Lei de Ajuda Externa de 1961, somando a todas as medidas impostas desde
1959 novas proibições às importações e decretando o bloqueio generalizado sobre
todo o comércio com Cuba, para o qual o presidente Kennedy emite a Proclamação
Presidencial 3447 (27 FR 1085). Esta Proclamação entra em vigor em 7 de fevereiro.
5 de fevereiro – Cuba denuncia perante a ONU que os Estados Unidos
preparam uma agressão em grande escala. A acusação é apresentada perante a
Primeira Comissão (política e de segurança) das Nações Unidas por Mario García
Incháusategui, representante permanente de Cuba.
6 de fevereiro – O Departamento do Tesouro promulga as Normas de Regulação
das Importações Cubanas (27 FR 1116), que proíbem a importação pelos Estados
Unidos de toda mercadoria de origem cubana.
14 de fevereiro – Cuba é expulsa da Organização de Estados Americanos, em
cumprimento à resolução da Conferência de Punta del Este, Uruguai.
15 de fevereiro – Os Estados Unidos concentram forças frente às costas de
Cuba, entre elas vários porta-aviões.
16 de fevereiro – Cuba denuncia perante a ONU que os Estados Unidos
preparam uma auto-agressão na base naval de Guantânamo como pretexto para
desencadear seus plano de agressão. Simultaneamente, os Estados Unidos preparam
uma aliança militar no Caribe para agredir a Revolução Cubana.
20 de fevereiro – O assessor presidencial Walter Rostow solicita aos membros
da OTAN que sejam levadas em conta as decisões da OEA na hora de formular as
suas políticas em relação a Cuba. Pede a eles que proíbam o comércio voluntário de
materiais estratégicos com Cuba e reduzam o comércio em geral.
O general Lansdale propõe a segunda versão do “Projeto Cuba”, através da
execução de um programa de seis fases dentro da Operação “Mangosta”, que deveria
culminar no mês de outubro de 1962 com uma sublevação aberta e a derrubada do
regime cubano.
28 de fevereiro – A Associação de Estudantes Universitários de Guatemala
denuncia que o presidente Miguel Ydígoras Fuentes, em conivência com o
Departamento de Estado norte-americano, mantém em “funcionamento bases militares
não nacionais para a ação contra um governo vizinho”.
1° de março – Dean Rusk admite em uma conferência de imprensa que o
governo norte-americano está exercendo fortes pressões sobre seus aliados da OTAN
para que tomem medidas contra Cuba.
4 e 8 de março – Provocações a partir da base naval dos Estados Unidos em
Guantânamo contra os postos cubanos.
7 de março – A Junta de Chefes de Estado-Maior afirma, em um documento
secreto, que:
a conclusão de que uma sublevação interna com possibilidades de êxito é impossível dentro dos próximos 9 a 10 meses, exige uma decisão por parte dos Estados Unidos no sentido de fabricar uma “provocação” que justifique uma ação militar norte-americana positiva (Demanda judicial do povo cubano ao governo dos Estados Unidos da América por prejuízos humanos, 1999: p. 37).
12 de março – Infiltração através dos cayos (pequenas ilhas) no nordeste de
Caibarién de um grupo de elementos contra-revolucionários a serviço dos EUA.
13 e 14 de março – Realizada uma reunião secreta dos chanceleres da
Nicarágua, Guatemala, Venezuela e Colômbia com o secretário de Estado, Dean Rusk,
na qual se chega a um acordo para organizar uma falsa invasão de forças de Fidel
Castro a um país centro-americano, com a participação de mercenários cubanos
treinados nos Estados Unidos.
16 de março – Na presença do Grupo Especial Ampliado, o presidente Kennedy
aprova as linhas para a Operação “Mangosta”. Nelas se defende que:
no empenho por conseguir a derrubada do governo assinalado, os Estados Unidos farão o máximo uso dos recursos nativos, internos e externos ainda que reconheça que o êxito final requererá uma intervenção militar decisiva dos EUA.
Na medida em que se desenvolverem, os referidos recursos nativos serão utilizados para preparar e justificar essa intervenção, e depois para facilitá-la e apoiá-la (op. cit.: p. 214).
19 de março – São feitas emendas às Normas de Regulação do Departamento
de Correios (27 FR 2605), e se suspende, a partir dessa data, o serviço de correio
entre os Estados Unidos e Cuba.
23 de março – Proibida a importação de qualquer produto elaborado total ou
parcialmente com insumos cubanos, ainda que fabricado em um terceiro país. Para
concretizar a medida é feita emenda na Seção 5(b) da Lei e Comércio com o Inimigo
de 1917 (50 USC App. 5(a)), que faculta ao Presidente tomar amplas medidas
comerciais e financeiras em tempos de guerra ou de emergência nacional e conferir
autoridade estatutária às Normas de Regulação para as Importações Cubanas (27 FR
2765).
24 de março – Os Estados Unidos iniciam o bloqueio contra todo embarque,
procedente de qualquer país, que inclua produtos de origem cubana.
27 de março – Uma lancha de guerra da organização terrorista Alpha-66 ataca o
navio soviético Baku.
30 de março – Um tribunal militar inicia em Havana o julgamento de mais de
1.200 prisioneiros capturados pelas tropas cubanas durante a invasão da Baía dos
Porcos.
Abril – O líder dos exilados cubanos, José Miró Cardona, reúne-se com o
presidente Kennedy na Casa Branca. Segundo informes, depois da reunião Miró
regressou a Miami e disse aos seus amigos que Fidel Castro seria derrubado muito em
breve.
19 de abril – Começa a Operação “Quick Kick” (Chute Rápido), uma manobra
em grande escala na costa leste dos Estados Unidos. O suposto objetivo do exercício é
derrubar um governo caribenho hostil aos Estados Unidos. Participam das manobras
300 aviões, 83 embarcações de guerra e 40 mil homens. Kennedy viaja a bordo do
porta-aviões Enterprise para inspecionar diretamente as manobras.
O navio-cisterna soviético Pequim é acossado por um porta-aviões e um
destróier norte-americanos na costa oriental de Cuba.
21 de abril – William Harvey, chefe da “Força Operacional W”, entrega a John
Roselli um frasco com cápsulas de veneno para serem utilizadas em um atentado
contra Fidel Castro. O contato cubano é, novamente, Antonio Varona e seu grupo.
22 de abril – Um navio guarda-costas cubano é atacado por um barco
fortemente armado perto de Santa Cruz del Norte. Três militares cubanos são mortos e
cinco feridos. A ação é reivindicada pelo conhecido contra-revolucionário e agente da
CIA, Justo Carrillo.
25 de abril – Dois contra-revolucionários são mortos ao tentar penetrar em
território cubano a partir da base naval de Guantânamo.
27 de abril – Resulta em mais de cinqüenta feridos uma sabotagem criminosa
perpetrada por elementos contra-revolucionários a serviço da CIA em um armazém de
produtos químicos de Cotorro.
28 de abril – Assaltado com grande violência o escritório da agência noticiosa
Prensa Latina em Nova York por elementos contra-revolucionários a serviço da CIA. Na
ação criminosa foram feridos com gravidade três empregados e causados grandes
danos materiais.
Maio – Um avião-espião do tipo U-2 viola o espaço aéreo cubano.
12 de maio – Uma lancha de guerra procedente dos Estados Unidos ataca uma
embarcação guarda-costas de Cuba ao norte da província de Matanzas. Morrem três
tripulantes cubanos e cinco ficam feridos.
20 de maio – O governo norte-americano dita uma medida restritiva sobre a
bagagem dos turistas norte-americanos que regressam ao país, com o propósito de
impedir que sejam os próprios cidadãos dos Estados Unidos a burlar o bloqueio
imposto contra Cuba.
Provocações de soldados norte-americanos a partir da base naval de
Guantânamo. Lançados objetos incandescentes e pedras.
24 de maio – Os Estados Unidos, unilateralmente, subtraem a Cuba o status de
“Nação Mais Favorecida” e da situação preferencial estabelecida anteriormente no
Acordo Exclusivo Suplementar do Acordo Geral Sobre Tarifas Alfandegárias e
Comércio, do qual ambos os países já eram signatários. O instrumento utilizado para
esta ação foi a Decisão 55636 do Departamento do Tesouro de 13 de junho de 1962,
em vigência desde 24 de maio de 1962 (sic).
29 de junho – Capturados os agentes da CIA Julio José Wright Simon e
Ardecales Garzón Ávalos que haviam se infiltrado em território cubano a partir da base
naval de Guantânamo. É apreendida grande quantidade de explosivos e armamentos
fornecidos pela CIA.
1° e 2 de julho – Ocorrem várias violações do espaço aéreo cubano por aviões
norte-americanos em missão de espionagem. Os locais sobrevoados são: Unión de
Reyes e Punta Seboruco, em Matanzas, e Trinidad e Cienfuegos, em Las Villas.
6 e 7 de julho – Os postos norte-americanos da base naval de Guantânamo
disparam contra o território cubano por quatro horas seguidas.
7 de julho – É noticiado outro ato de violação do espaço aéreo cubano por avião
norte-americano com fins de espionagem. Um avião procedente dos Estados Unidos
sobrevoa várias vezes um navio soviético ancorado na baía de Havana.
7 e 8 de julho – Soldados norte-americanos da base naval de Guantânamo
incendeiam pequenos arbustos em território cubano.
8 e 9 de julho – Soldados norte-americanos efetuam disparos de M-14, alguns
dos quais caem muito perto das sentinelas cubanas.
10 de julho – Quatro aviões norte-americanos violam o espaço aéreo cubano.
Quase simultaneamente, as tropas norte-americanas da base naval de Guantânamo
realizam disparos na direção dos postos cubanos, incendiando vários arbustos.
10, 11 e 12 de julho – Os postos norte-americanos da base naval de
Guantânamo efetuam disparos de fuzil e rajadas de metralhadora contra o território
cubano.
13 de julho – Torturado e assassinado o pescador cubano Rodolfo Rosell, que é
encontrado a bordo de sua embarcação a cinco milhas do povoado de Caimanera, em
águas da base naval de Guantânamo. Como gesto de provocação, durante o enterro
do pescador, dois helicópteros e quatro aviões da marinha de guerra norte-americana
sobrevoam à baixa altura as cercanias do cemitério.
14 de julho – Outros dois aviões norte-americanos realizam vôos de espionagem
sobre diferentes pontos da região fronteiriça de Cuba.
15 e 16 de julho – Soldados norte-americanos fazem oito disparos na direção do
território cubano.
17 de julho – Comparece ante as câmeras da televisão nacional o contra-
revolucionário e agente da CIA, Juan Falcón, auto-intitulado Coordenador Nacional do
Movimento de Recuperação Revolucionária, que faz declarações acerca das
instruções, armas e planos de atentados e sabotagens ordenados pela Agência, com a
finalidade de provocar a desestabilização do país e de criar, consequentemente,
condições favoráveis para uma intervenção norte-americana.
Três aviões norte-americanos violam o espaço aéreo cubano em missões de
espionagem. São realizados seis disparos contra os postos cubanos a partir da base
naval de Guantânamo.
18 de julho – Outros dois aviões norte-americanos realizam vôos sobre
diferentes pontos do território cubano.
Soldados norte-americanos continuam fazendo disparos contra os guardas
fronteiriços cubanos.
31 de julho – O subsecretário de Estado norte-americano, Edwin Martin, declara
à revista U.S. News and World Report:
Não existe qualquer dúvida de que a política dos Estados Unidos tem por principal objetivo isolar Cuba e evitar que esteja em condições de
causar impacto na América Latina. Desejamos nos desfazer de Castro e da influência comunista soviética em Cuba, mas não somente de Castro ...(Font, op. cit.: p. 220)
Final de julho – O general Lansdale ordena ao Pentágono preparar um plano de
contingência militar para invadir Cuba, levando em conta informações de agentes da
CIA que operam na Ilha, de uma iminente sublevação dos grupos contra-
revolucionários.
Agosto – Contaminados vários milhares de toneladas de açúcar cubano em San
Juan, Porto Rico, por agentes da CIA.
O general Maxwell D. Taylor, Presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior
confirma ao Presidente Kennedy que não se delineia qualquer possibilidade de
derrocada do governo cubano sem a intervenção militar direta dos Estados Unidos, de
modo que o Grupo Especial Ampliado recomenda que se dê um caráter ainda mais
agressivo à Operação “Mangosta”. Kennedy autoriza que assim seja feito, afirmando
que “se trata de um assunto de urgência”.
1° de agosto – Ocorrem sete violações do espaço aéreo cubano.
Soldados norte-americanos continuam disparando contra os soldados cubanos a
partir da base naval de Guantânamo.
Aprovada a Lei de Assistência Externa de 1962 (76 Stat. 261; LP 87-565), que
faz emenda à seção 629 (a) da Lei de Ajuda Externa de 1961 e dispõe que não será
proporcionada ajuda atual ao governo de Cuba ou a qualquer outro que dê assistência
ao mesmo, a menos que o presidente determine que o referido auxílio é de interesse
nacional dos Estados Unidos.
2 de agosto – Entre as 17:00 e as 18:00 hs, um total de treze aviões norte-
americanos violam o espaço aéreo cubano em vôos de espionagem.
4 de agosto – Duas novas violações do espaço aéreo cubano por parte de
quatro aviões norte-americanos.
6 de agosto – Outros cinco aviões norte-americanos violam o território cubano
com fins de espionagem.
Novos disparos a partir de base naval de Guantânamo em direção ao território
cubano.
7 de agosto – São reportadas três violações do espaço aéreo cubano.
São realizados seis disparos a partir da base naval de Guantânamo contra
instalações cubanas.
10 de agosto – Reúne-se o Grupo Especial Ampliado para decidir o curso de
ações a ser seguido no âmbito da Operação “Mangosta”. É acordada, entre várias
propostas, a denominada “Variante B Ampliada”.
16 de agosto – Realizadas três violações do espaço aéreo cubano por parte de
aviões dos Estados Unidos.
21 de agosto – Um soldado cubano tem o olho ferido por um disparo efetuado a
partir da base naval de Guantânamo.
22 de agosto – Aviões norte-americanos fazem vôos rasantes sobre barcos
pesqueiros cubanos.
25 de agosto – Atacado o litoral de Havana por embarcações com artilharia
procedentes dos Estados Unidos que efetuam numerosos disparos de canhão calibre
20 mm na zona de Miramar, principalmente contra o teatro Chaplin e algumas
residências. A ação é reivindicada por Isidros Borjas, Nóbregas e Juan Manuel Salvat.
Um par de aviões de matrícula norte-americana guiam as duas embarcações,
assinalando os alvos.
27 de agosto – Avião norte-americano viola o território cubano, 6 km dentro do
povoado de Unión de Reyes, em Matanzas.
30 de agosto – Informada a presença no litoral de Havana do navio-espião
Oxford, avistado do Malecón.
Forças da Segurança cubana desarticulam um extenso plano subversivo de
várias organizações contra-revolucionárias encabeçados pelo FAL, que pretendiam
tomar diferentes pontos estratégicos da capital e outras cidades, com o objetivo de
propiciar uma intervenção militar norte-americana.
1° de setembro – Atacado o porto de Caibarién pela organização contra-
revolucionária Alpha 66, financiada e assessorada pela CIA.
3 de setembro - Cuba é excluída da Associação Latino-Americana de Livre
Comércio, com a abstenção do México e do Brasil, em franca violação das bases
jurídicas da ALALC, cujo Art. 58 especifica que a mesma fica aberta “à adesão dos
demais Estados latino-americanos”.
Soldados da base naval de Guantánamo efetuam um total de 43 disparos na
direção das posições cubanas.
10 de setembro – Atacados frente ao Cayo Francés, a dezesseis milhas de
Caibarién, o barco cubano San Pascual e o de bandeira inglesa New Lane, por uma
lancha pirata que foge rumo ao norte. O primeiro navio recebe 18 disparos e o
segundo, que iria receber um carregamento de açúcar com destino a Inglaterra, recebe
13.
14 e 15 de setembro – Aviões das forças armadas dos Estados Unidos violam o
território cubano e as leis internacionais ao sobrevoar em círculos dois navios
mercantes cubanos.
Meados de setembro – Os serviços de inteligência norte-americanos recebem o
primeiro informe sobre a instalação em Cuba dos MRBM e IRBM (Mísseis Balísticos de
Alcance Médio e Longo Alcance).
16 de setembro – O governo dos Estados Unidos anuncia a inclusão em uma
“lista negra”, com a proibição de entrar em portos norte-americanos, das embarcações
que participarem do comércio com Cuba, independentemente do país de origem.
18 de setembro – A organização Alpha 66 responsabiliza-se pelo atentado
terrorista cometido contra o barco cubano e o barco inglês no porto de Caibarién, em
Cuba.
19 de setembro – Um avião norte-americano viola o espaço aéreo cubano sobre
a província de Camagüey.
A Comissão de Relações Exteriores e de Serviços Armados do Senado dos
Estados Unidos aprova uma resolução na qual declara que, se for necessário, o país
enviará tropas para resistir à suposta agressão comunista no hemisfério.
24 de setembro – O secretário de Estado Dean Rusk realiza gestões junto aos
principais membros da OTAN, para que impeçam que os barcos de seus respectivos
países conduzam mercadorias para Cuba. Paralelamente a estas movimentações de
Rusk, o Departamento de Estado indica aos sindicatos marítimos norte-americanos que
neguem facilidades portuárias aos navios de qualquer nacionalidade que transportem
mercadorias de Cuba.
25 de setembro – Nos cayos da Flórida, sob a direção do ex-marine Steve
Wilson, são preparados contra-revolucionários cubanos com o objetivo de realizar
ações subversivas contra Cuba.
27 de setembro – Cinco agentes da CIA, vinculados à base naval de
Guantânamo, são detidos por forças do Departamento de Segurança do Estado em
uma residência do bairro de Miramar. São apreendidas numerosas armas e
documentos sobre planos subversivos.
30 de setembro – Agentes da CIA fazem explodir vários petardos em diferentes
lugares da capital cubana.
1 a 28 de outubro – A crise dos foguetes. Dia 14: vôos de reconhecimento dos
Estados Unidos sobre território cubano detectam a existência de seis bases de mísseis
soviéticos. Dia 16: reunião do Conselho de Segurança dos Estados Unidos. Dia 22: o
presidente John Kennedy vai à televisão e anuncia o bloqueio naval contra Cuba, a
partir das 15 horas do dia 24. Duram até o dia 27 os entendimentos secretos entre os
três governos. Dia 28: fim da crise. Os mísseis deixarão Cuba.
5 de novembro – O avião norte-americano de reconhecimento U-2 é derrubado
pela defesa antiaérea cubana ao sobrevoar o país. Morre seu piloto, Rudolf Anderson.
Capturado o chefe dos Grupos de Missões Especiais da CIA, Miguel Ángel
Orozco Crespo, junto com outro agente, ao tentarem realizar uma grande sabotagem
nas Minas de Cobra em Pinar del Río, como parte de um amplo plano de subversão
previsto dentro da Operação “Mangosta”.
18 de novembro – Um avião de procedência norte-americana bombardeia o
navio mercante cubano Rio Damuji.
20 de novembro – O presidente John F. Kennedy anuncia a suspensão do
bloqueio naval imposto a Cuba, mas ratifica que manterá agressivas medidas políticas
e econômicas.
Aviões norte-americanos tratam de afundar o navio mercante cubano Damují.
6 de dezembro – Embarcação pirata procedente dos Estados Unidos ataca
casas de pescadores na costa norte de Las Villas.
21 de dezembro – Agente da inteligência militar norte-americana entrega vários
milhares de dólares a um canadense para que introduza uma enfermidade que infecte
as tartarugas cubanas.
27 de dezembro – O governo dos Estados Unidos envia a Cuba mais de
cinqüenta milhões de dólares em remédios e alimentos, em troca da liberdade dos
1.189 mercenários da Brigada 2506 capturados durante a invasão da Baía dos Porcos.
31 de dezembro – O governo de Fidel Castro denuncia que, no período de 22 de
novembro a 31 de dezembro deste ano, aviões norte-americanos de reconhecimento
violaram o espaço aéreo cubano por cinqüenta e oito vezes.
1963
Fevereiro – O presidente Kennedy proíbe que produtos comprados pelo governo
dos Estados Unidos sejam transportados em barcos de bandeira estrangeira que
tenham ancorado em porto cubano depois de 1° de janeiro de 1963.
6 de fevereiro – O governo dos Estados Unidos proíbe que cargas de
propriedade governamental ou financiadas pelos governos de outros países sejam
transportadas em navios que tenham levado cargas a Cuba (Gabinete de Secretaria de
Imprensa da Casa Branca).
19 de março – As organizações Alpha 66 e II Frente de Escambray se
responsabilizam publicamente, em Miami, pelo ataque ao navio soviético Lvov, no porto
de Isabela de Sagua, em Cuba.
1° de abril – Autoridades inglesas capturam nas Bahamas um grupo de exilados
cubanos que pretendiam sabotar um navio-tanque soviético.
julho – O governo dos Estados Unidos proíbe subsidiárias de matrizes norte-
americanas em outros países de realizarem qualquer tipo de operação comercial,
econômica e financeira com Cuba.
8 de julho – O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos estabelece as
Regulações do Controle dos ativos Cubanos (Cuban Asset Control Regulations). Estas
regulações englobam os aspectos essenciais do bloqueio econômico contra Cuba que
tem estado vigentes desde então, incluindo o congelamento de todo o capital cubano
nos Estados Unidos e uma proibição de todas as transações econômicas, financeiras e
comerciais relacionadas com Cuba.
5 de setembro – Ataque aéreo por parte de um avião procedente de Miami
contra a cidade de Santa Clara, matando um professor e ferindo suas três filhas
pequenas.
21 de outubro – O governo cubano anuncia que frustrou uma tentativa de
desembarque de armas e de homens da CIA no litoral sul de Cuba.
16 de dezembro – No comunicado de imprensa 629 do Departamento de Estado
foi anunciado que o governo dos Estados Unidos aprovou uma emenda em sua política
marítima em relação a Cuba, a fim de conseguir uma redução adicional importante do
número de barcos que realizam escalas em portos cubanos.
Foi aprovada a Lei Pública 88-205 que traz emendas à Seção 620 da Lei de
Assistência Externa de 1961 (77 Stat. 386) e introduz novas restrições que proíbem,
entre outro itens, qualquer cota de importação de açúcar ou a extensão a Cuba de
qualquer beneficio garantido por qualquer lei dos Estados Unidos, até que o Presidente
tenha constatado que Cuba tomou as medidas pertinentes para devolver aos cidadãos
dos EUA e a entidades pertencentes a estes não menos de 50% do valor das
propriedades confiscadas ou proporcionar compensação eqüitativa aos referidos
indivíduos ou entidades pelos bens desapropriados pelo governo cubano a partir de 19
de janeiro de 1959.
O governo dos Estados Unidos também proíbe a destinação de fundos a
qualquer país que não tenha tomado as medidas pertinentes a fim de impedir que
navios ou aeronaves sob sua matrícula transportem artigos de ajuda econômica,
armamentos ou quaisquer outros equipamentos, materiais ou mercadorias a Cuba.
21 de dezembro – A Administração Johnson exerce "forte pressão diplomática"
sobre a Espanha para que cumpra o embargo, ainda que esta tenha mantido laços
comerciais substanciais com Cuba. As pressões incluem a ameaça de corte da
assistência econômica dos Estados que incluem empréstimos do banco Export-Import
no valor de 100 milhões de dólares para projetos de desenvolvimento a longo prazo na
Espanha.
23 de dezembro – Um comando da CIA, utilizando elementos para demolição
submarina, afunda a lancha torpedeira LT-385 pertencente à Marinha de Guerra
Revolucionária nas docas de Siguanea, na Ilha de Pinos, provocando a morte do
alferes de fragata Leonardo Luberta Noy e dos marinheiros Jesús Mendoza Larosa, Fe
de la Caridad Hernández Jubón e Andrés Gavilla Soto.
Dezembro – O governo cubano contabiliza, ao longo do ano de 1963, 484
missões de espionagem de aviões norte-americanos sobre a Ilha. Além disso, foram
bombardeados o porto de Casilda e a cidade de Santa Clara, em Las Villas; as centrais
açucareiras Brasil e Bolívia, em Camagüey e a refinaria de petróleo de Havana.
1964
6 de janeiro - A lei de Ajuda Exterior e de Apropriações de Agências
Relacionadas, de l964 (77 Stat. 863), proíbe ao Export-Import Bank dos Estados
Unidos garantir ou participar da concessão de qualquer crédito à exportação para um
país comunista, relacionado como tal na Seção 620 (f) da Lei de Assistência Externa
de 1961, de acordo com as emendas recebidas pela mesma, exceto quando o
Presidente determine que tais garantias possam ser de interesse nacional e comunique
tal decisão a ambas as Câmaras do Congresso no espaço de trinta dias.
A Seção 620 (f) acrescentada à Lei de Assistência Externa de 1962 (76 Stat.
261) em 12 de agosto de 1962, menciona Cuba entre os países especificamente
relacionados como comunistas.(22 USC 2370 (f)). Proibição idêntica aparece em cada
lei de apropriações até 13 de março de 1968, quando é incluída como legislação
permanente.
24 de janeiro - O Departamento de Estado envia um telegrama à Embaixada em
Madrid, dizendo que são bem-vindas as recentes ações dos governos liberiano,
panamenho, italiano e alemão ocidental para "restringir ou impedir que seus navios
façam escalas em Cuba" e que a política da administração tentará, "reduzir ainda mais
as escalas em Cuba dos navios do mundo livre". Os governos italiano e holandês
recebem destaque por cumprirem tal medida. Considera-se, no entanto, que a Espanha
"se sobressai entre os países do mundo livre onde, de acordo com os dados atuais,
todos os índices relativos a vínculos econômicos com Cuba, exceto na questão da
navegação, cresceram" (entre 1962 e 1963).
8 de fevereiro – Um barco guarda-costas norte-americano captura quatro barcos
pesqueiros cubanos, que são levados para os Estados Unidos e ficam retidos durante
dezoito dias.
12 e 13 de fevereiro – O Presidente Johnson e o Primeiro-Ministro britânico
Douglas-Home realizam uma conferência de dois dias, na qual são aprovados quase
todos os assuntos bilaterais discutidos, exceto no caso de "total desacordo sobre a
questão do comércio britânico com Cuba". Apesar do perigo de os Estados Unidos
suspenderem a ajuda militar de 100 milhões de dólares destinada à Inglaterra,
Douglas-Home afirma publicamente que o comércio britânico exclui os itens
estratégicos e que não envolve empréstimos ou ajuda para propósitos gerais. No
entanto, pouco tempo depois da reunião, os britânicos desestimulam informalmente os
navios mercantes locais de transportar bens britânicos, principalmente ônibus Leyland,
a Cuba. A empresa Leyland é forçada a utilizar um barco da Alemanha Oriental.
14 de fevereiro – O presidente dos Estados Unidos assina a Lei de Ajuda
Externa de dezembro de 1963, que estipula a suspensão da ajuda a países que não
tenham tomado “as medidas necessárias para cessar os transportes para Cuba a partir
de 1° de fevereiro de 1964”.
18 de fevereiro – Richard I. Phillips, funcionário da seção de imprensa do
Departamento de Estado norte-americano, divulga a notícia da suspensão da ajuda
militar ao Reino Unido, França e Iugoslávia, e que a ajuda à Espanha e ao Marrocos
também permanece suspensa até que ambos os governos informem acerca das
medidas tomadas para pôr fim ao comércio com Cuba.
23 de março – Em decisão do caso Sabbatino, a Corte Suprema dos EUA
ratifica por oito votos a um a Doutrina do Ato de Estado e determina que:
todo Estado soberano está obrigado a respeitar a independência de cada um dos demais Estados soberanos e os tribunais de um país não devem julgar os atos do Governo cometido por outro país dentro do próprio território (Aqui no queremos amos, 1995: pp. 28 e 37).
Há uma referência específica a Cuba, onde se reconhece o direito do país de
realizar as nacionalizações.
21 de abril – O governo cubano acusa os Estados Unidos de violarem o espaço
aéreo de Cuba oitenta e duas vezes entre 1° de janeiro e 20 de abril de 1964.
14 de maio – O Departamento de Comércio emenda as Regulações de
Exportação revogando a emissão de licenças gerais para embarques de alimentos e
fármacos a Cuba, e restringindo-as à emissão de licenças específicas validadas (29 FR
6381).
1° de junho – Fidel Castro denuncia publicamente a suspeita de que estariam
sendo usadas armas bacteriológicas contra Cuba.
12 de junho – Raúl Castro acusa as tropas norte-americanas em Guantânamo
de terem realizado 1.651 atos de provocação contra Cuba entre novembro de 1962 e
junho de 1964.
Julho – A Organização dos Estados Americanos impõe o embargo comercial
total contra Cuba e decide que todos os países-membros devem romper relações
diplomáticas com o governo de Fidel Castro. México é o único país que se recusa a
cumprir o acordo.
18 de julho – Assassinado Ramón López Peña, soldado do Batalhão de
Fronteira de Cuba por disparos feitos a partir da Base Naval de Guantânamo.
3 de agosto – Sofrem emendas as Normas de Regulação do Departamento de
Correios através do dispositivo 20 FR 8009, acrescentando-se no caso de Cuba a
proibição quanto ao envio de dinheiro, cheques, valores e outros instrumentos
financeiros, a menos que seja expedida licença para tal.
10 de agosto – Em Montreal, Canadá, um grupo terrorista comete atentado
contra o navio mercante cubano Maria Tereza.
11 de dezembro – Um tiro de bazuca é desferido contra o edifício da
Organização das Nações Unidas, em Nova York, no momento em que o delegado
cubano, Ernesto Che Guevara, pronuncia o seu discurso perante a Assembléia-Geral.
O grupo contra-revolucionário Movimento Nacionalista Cubano assume a
responsabilidade pelo atentado.
1965
28 de setembro – Cuba autoriza a criação da ponte aérea Varadero-Miami
destinada os cubanos que desejem emigrar para os Estados Unidos.
Dezembro – Em 1965, o governo cubano elimina ou prende os integrantes dos
últimos grupos contra-revolucionários que ainda lutam na região de Escambray.
1966
5 de março de 1966 – Após demitir quase três mil trabalhadores cubanos da
Base Naval de Guantânamo, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos informa
que a política de seu governo “não permite o pagamento de aposentadorias a nenhuma
pessoa de Cuba”, e que, portanto, os demitidos não poderiam receber pensão ou
reclamar a devolução de suas contribuições à caixa de previdência, retidas pelo
governo norte-americano. Deste modo, os trabalhadores cubanos da Base não têm
outra alternativa senão se asilar ou perder o seu emprego e todos os outros direitos.
Maio – O Comitê de Agricultura da Câmara aprova a legislação “O programa de
alimentos para a Paz”, que proíbe o envio de alimentos a qualquer país envolvido na
venda ou embarque de artigos estratégicos ou não-estratégicos a Cuba, com um
dispositivo que permite ao Presidente, em condições específicas, dispensar a proibição
sobre transações que envolvam fornecimentos médicos e itens não-estratégicos.
21 de maio – O soldado Luis Ramírez López é morto por disparos feitos por
soldados norte-americanos da Base Naval de Guantânamo.
30 de maio – O governo cubano anuncia o naufrágio, no litoral de Havana, de
uma lancha ocupada por contra-revolucionários.
29 de setembro – Em um ataque aéreo, contra-revolucionários lançam três
bombas sobre a cidade de Nuevitas, província de Camagüey.
Novembro – O governo dos Estados Unidos adverte o governo da Grécia de
que, de acordo com a legislação de ajuda externa, recentemente aprovada, poderia
ser suspensa toda a assistência militar e econômica ao país. A Grécia se dispõe a
reforçar a proibição para que seus navios levem mercadorias para Cuba.
2 de novembro – Entra em vigor a Lei de Ajuste Cubano (vide Anexo A), que
opera paralelamente à Lei de Imigração dos Estados Unidos. Portanto, as regras de
imigração passam a ser diferenciadas para os cubanos. Os demais imigrantes
continuam expostos às medidas draconianas da Imigração norte-americana. Já os
cubanos têm direito a visto de permanência e permissão para emprego a partir do
momento em que tocarem solo norte-americano, ganhando automaticamente status de
refugiado político.
13 de novembro – Um avião contra-revolucionário bombardeia a central elétrica
da cidade de Matanzas.
1967
3 de abril – O encarregado de negócios de Cuba perante a ONU, Nicolás
Rodríguez, é ferido dentro de seu gabinete pela explosão de um artefato oculto dentro
de um livro enviado à missão.
8 de outubro – Morre na Bolívia o guerrilheiro Ernesto Che Guevara, capturado
por tropas conduzidas e treinadas pela CIA e pelos Boinas Verdes.
29 de dezembro – A defesa cubana derruba, ao norte da província de Las Villas,
um avião de procedência norte-americana que desembarcava armas de pára-quedas.
É aprisionado o piloto norte-americano Everest D. Jackson.
1968
2 de janeiro – Explode em Havana a bomba colocada em uma mala postal
procedente dos Estados Unido, ferindo funcionários do Ministério de Comunicações
cubano.
6 de junho – O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro adverte o governo da Itália de que tem razões para crer que
materiais contendo níquel e artigos produzidos no país possam ter sido feitos, total ou
parcialmente, com níquel de origem cubana, e comunica que as importações de tais
materiais e artigos, vindos da Itália, podem ser retidos pela Alfândega até que se prove
o contrário.
10 de agosto – O FBI e a polícia de Nova Jersey descobrem um campo de
treinamento de guerrilhas anticastristas, a 60 km de Nova York. O proprietário, um
cidadão norte-americano, confessa o treinamento de exilados cubanos designados
para participar de atentados contra Fidel Castro. Da mesma forma, os terroristas lá
treinados foram responsáveis pelos catorze atentados a bomba cometidos contra
empresas de governos que negociam com Cuba, instaladas em Nova York.
1969
4 de fevereiro – O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro adverte o governo da URSS de que tem razões para crer
que os granulados de níquel produzidos no país possam ter sido feitos total ou
parcialmente com níquel de origem cubana. Comunica que a partir de 5 de fevereiro de
1969, as importações de granulados de níquel feitos direta ou indiretamente na URSS
serão retidas pela Alfândega até que se prove o contrário.
7 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro faz a mesma advertência ao governo da Tchecoeslováquia.
1970
Abril/maio – As forças aéreas e terrestres cubanas são colocadas em estado de
alerta após a captura de onze pescadores cubanos em alto-mar por uma organização
contra-revolucionária. Dias depois, os prisioneiros são devolvidos à Ilha.
17 de abril - Um grupo de treze integrantes da organização Alpha 66
desembarca na costa nordeste da província do Oriente, perto da cidade de Baracoa,
com a intenção de realizar operações armadas e sabotagens nessa zona montanhosa.
O grupo é liquidado poucos dias depois, com a participação decisiva das milícias
camponesas locais, ao preço de quatro combatentes mortos.
1971
7 de julho – Cuba liberta treze cidadãos norte-americanos em troca de quatro
capitães de pesqueiros cubanos aprisionados pelos Estados Unidos.
29 de setembro – Fidel Castro anuncia oficialmente que, na semana seguinte,
será suspensa a ponte aérea Varadero – Miami, depois que tiver embarcado o último
dos 1.700 cubanos autorizados a sair do país.
12 de dezembro – O governo cubano informa que capturou dois barcos
ocupados por agentes da CIA.
1972
4 de abril – Explode uma bomba no consulado cubano em Montreal, no Canadá.
A Frente de Libertação Nacional de Cuba assume a autoria do atentado. Três anos
mais tarde um parlamentar canadense levanta a suspeita de que o atentado teria sido
promovido pela CIA, em acordo com a Guarda Real do Canadá.
17 de maio – Entre os cinco homens que invadem a sede do Partido Democrata
dos Estados Unidos, no edifício Watergate, em Washington, encontram-se três exilados
cubanos, que são detidos.
16 de outubro – Onze pescadores cubanos são devolvidos a Cuba depois de
terem sido capturados em águas internacionais na região das Bahamas.
1973
15 de fevereiro – Cuba e Estados Unidos assinam um tratado contra a pirataria
aérea, o primeiro acordo oficial entre os dois países desde os primeiros anos da
Revolução.
12 de setembro – Fidel Castro visita o Vietnã e acusa os Estados Unidos de
cumplicidade no golpe que acaba de derrubar e matar o presidente chileno Salvador
Allende.
4 de outubro – Os pesqueiros cubanos Cayo Largo 17 e Cayo Largo 34 são
atacados por duas canhoneiras tripuladas por terroristas, que assassinam o pescador
Roberto Torna Mirabal e abandonam os demais em jangadas de borracha, sem água
nem comida.
1974
3 de março – É assassinado em Nova York Ernesto Rodriguez Vives, um dos
chefes do movimento contra-revolucionário cubano, o Movimento Democrata Cristão –
MDC.
12 de abril – É assassinado pelas costas em Miami, o líder contra-revolucionário
cubano José Elias de La Torriente, acusado pelo movimento a que pertencia de ter
desviado fundos arrecadados entre exilados cubanos que vivem nos Estados Unidos.
20 de abril – É publicado o primeiro número da revista Areíto, editada por jovens
cubanos no exílio que simpatizam com a Revolução Cubana.
10 de julho, 7 de agosto e 14 de agosto – São feitas emendas às Normas de
Regulação para o Controle de Ativos Cubanos, ratificando-se as proibições de:
comercializar no exterior mercadorias de origem cubana, participar de transações de
empresas estrangeiras com Cuba e de importar para os Estados Unidos artigos de
origem cubana.
Outubro – Uma bomba explode a 20 quarteirões de um cinema de Miami, onde o
grupo da revista Areíto exibe o filme cubano Lucia.
Dezembro – Em uma semana, ocorrem vinte e seis atentados a bomba na zona
de Miami onde residem os exilados cubanos.
1975
3 de janeiro - Aprovada a Lei de Comércio de 1974, que em seu Título IV
reforça as restrições sobre o tratamento tarifário a países comunistas e dispõe que,
para conceder o tratamento de NMF aos referidos Estados, o Presidente deve se
certificar de que é permitida a livre emigração e de que são concedidas algumas
vantagens comerciais aos Estados Unidos; além disso, é vedado ao Banco de
Importação e Exportação conceder créditos a Cuba, a menos que o Presidente
constate que esta concede aos seus cidadãos o direito à livre emigração.
21 de fevereiro – Em Miami, dois homens matam o cubano Luciano Nieves, um
advogado exilado que defendia a coexistência e o diálogo com o governo de Fidel
Castro.
29 de julho – Em uma reunião em São José da Costa Rica, os governos dos
países-membros da Organização dos Estados Americanos votam a favor do
levantamento de todas as sanções econômicas e políticas contra Cuba. Os
representantes do Chile, do Paraguai e do Uruguai votam contra. Registram-se as
abstenções do Brasil e Nicarágua.
21 de agosto – Os Estados Unidos levantam a proibição, em vigor há doze anos,
de que sejam feitas exportações para Cuba por parte de companhias estrangeiras
subsidiárias de empresas norte-americanas. Mas não suprimem o embargo sobre a
comercialização direta com Cuba.
31 de outubro – É despedaçado por uma bomba, nos Estados Unidos, o ex-
senador cubano Rolando Masferrer, apelidado de “El Tigre”, colaborador da ditadura de
Fulgêncio Batista e antigo comandante de um exército terrorista anticastrista.
1976
6 de abril – Um pescador cubano morre durante um atentado de forças
terroristas contra dois barcos pesqueiros de Cuba em águas internacionais.
13 de abril – É assassinado em sua fábrica de botes, nos Estados Unidos,
Ramón Donestévez, que defendia uma aproximação com Cuba e já havia realizado
várias viagens à Ilha.
22 de abril – Uma bomba explode na embaixada de Cuba em Lisboa. Duas
pessoas morrem e quatro ficam feridas.
26 de junho – Em visita a Porto Rico para participar de uma reunião de cúpula
de sete potências ocidentais, o presidente norte-americano Gerald Ford adverte Cuba
para que “não se intrometa” nos assuntos porto-riquenhos.
9 de julho – Em Kingston, Jamaica, uma avião da Cubana de Aviación sofre um
atentado a bomba.
23 de julho – Três terroristas tentam seqüestrar o cônsul de Cuba em Mérida,
México, mas não conseguem. Morre no atentado o técnico cubano de pesca Artagnan
Díaz, que acompanhava o diplomata.
24 de setembro – É realizado o primeiro vôo charter privado entre os Estados
Unidos e Cuba, levando quatro homens de negócios norte-americanos a Cuba. O avião
é detido por dois funcionários da Alfândega de Miami e confiscado por ordem do
Departamento de Comércio. Kirby Jones, o consultor de negócios que organizou a
viagem, recebe ordem para prestar esclarecimentos sob juramento ao Departamento
do Tesouro, que o acusa de violar a Lei de Comércio com o Inimigo.
6 de outubro – Explode em pleno vôo, perto de Barbados, um DC-8, da Cubana
de Aviación. Morrem 73 pessoas, entre elas toda a equipe juvenil de esgrima de Cuba
que acabara de ganhar quase todas as medalhas de ouro em uma competição
internacional. A organização contra-revolucionária CORU assume a responsabilidade
pelo atentado. O exilado cubano Orlando Bosch é preso em Caracas, acusado de
participação no crime.
7 de outubro – A embaixada cubana em Caracas, na Venezuela, é metralhada
por terroristas.
15 de outubro – No enterro das vítimas da explosão do avião cubano, Fidel
Castro anuncia que não renovará o tratado contra pirataria aérea, assinado com os
Estados Unidos.
1977
26 de maio – A Mackey Internacional Airlines desiste de manter vôos comerciais
para Cuba, depois que um atentado a bomba destrói seus escritórios em Fort
Landersdale, Flórida.
2/3 de junho – Os governos de Cuba e dos Estados Unidos anunciam, em breve
nota, a decisão de abrir escritórios de interesse em Washington e em Havana. Em
seguida, o Departamento de Estado é informado de que o governo de Cuba, em um
gesto de boa vontade, decidira libertar dez prisioneiros norte-americanos condenados
por tráfico de droga.
Agosto – Fontes norte-americanas informam que, em outro gesto de boa
vontade para com o processo de reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, o
governo de Fidel Castro mandara libertar três prisioneiros políticos.
1°de setembro – Após dezesseis anos de rompimento de relações diplomáticas,
Cuba e Estados Unidos dão o primeiro passo formal de reaproximação. Os Estados
Unidos abrem um “escritório de interesses”, composto por dez funcionários
“voluntários”, em Havana. O mesmo ocorre com relação a Cuba, que instala uma
missão diplomática com dez funcionários em Washington.
15 de setembro – Em Washington, o Departamento de Estado informa que
dezesseis cidadãos norte-americanos e suas respectivas famílias cubanas, em um total
de 55 pessoas, foram autorizados a sair de Cuba.
12 de outubro – O governo cubano põe em liberdade a norte-americana
naturalizada María del Carmen y Ruíz, que fora condenada, em 1964, a 20 anos de
prisão por crimes contra o Estado. Ela se recusa a ir para os Estados Unidos,
preferindo permanecer em Cuba, onde vivem os seus filhos.
22 de dezembro – Pela primeira vez, em 19 anos de Revolução, o governo
cubano permite que um grupo de exilados visite o país. Desembarca no aeroporto José
Martí, em Havana, a Brigada Antonio Maceo, composta de 55 jovens cubanos exilados.
1978
20 de janeiro – É posto em liberdade, em Havana, e embarca para o México
com destino aos Estados Unidos, Donald Rebozo, de 26 anos, sobrinho de “Bebe”
Rebozo, amigo íntimo do ex-presidente americano Richard Nixon. Donald Rebozo
cumprira em Cuba seis meses do total de cinco anos de prisão a que fora condenado
por tráfico de drogas.
22 de março – Voltam aos Estados Unidos seis cidadãos norte-americanos que
seqüestraram aviões de passageiros para Cuba.
Junho – Os Estados Unidos acusam Cuba de ajudar os rebeldes catangueses
em sua luta contra o governo corrupto de Mobutu Sese Seko, no Zaire.
7 de julho – O diretor do FBI, William Webster, afirma que há indícios de que
Cuba estaria apoiando organizações de palestinos e imprimindo panfletos dos
nacionalistas porto-riquenhos que lutam pela independência de seu país.
Julho/agosto – Realiza-se em Cuba o XI Festival Mundial da Juventude, no ano
do 25° aniversário do assalto ao quartel Moncada. Em um tribunal de denúncias contra
a CIA, seis cubanos revelam ser agentes de Fidel Castro infiltrados naquele organismo
norte-americano. Um deles, Nicolas Sirgado, diz que, em 1976, ao completar dez anos
de supostos serviços à CIA, recebeu uma carta de felicitações do então secretário de
Estado Henry Kissinger e um relógio Rolex de presente “pelos bons serviços
prestados”.
1980
13 de janeiro – Explodem bombas na representação cubana em Montreal. O
grupo “Omega-7”, apoiado por grupo anticubanos de New Jersey e da Flórida, assume
a autoria do atentado.
Abril – Cerca de 10.800 cubanos entram na embaixada do Peru em Havana e
pedem asilo político. Desata-se uma crise que leva ao conhecido êxodo de Mariel,
durante o qual abandonam a ilha por mar, rumo aos Estados Unidos, cerca de 125 mil
cubanos.
11 de setembro – Assassinado à luz do dia em Nova York o diplomata cubano
Félix García Rodríguez. O crime é cometido por um comando da organização terrorista
“Omega-7”, cuja missão era assassinar este e mais três funcionários da representação
cubana perante as Nações Unidas.
13 de novembro – O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro adverte o governo da França de que tem razões para crer
que os materiais e artigos com conteúdo de níquel produzidos pela empresa
metalúrgica francesa Cresout-Loire possam ter sido feitos ou ser derivados, total ou
parcialmente, de níquel de origem cubana. A nota diz que os materiais e artigos
produzidos ou fornecidos pela empresa francesa podem ser retidos pela Alfândega até
que se demonstre que não contêm níquel cubano.
18 de novembro – Cuba devolve aos Estados Unidos dois seqüestradores de
aviões, entregando-os à Justiça norte-americana e advertindo que este será o
procedimento com todos aqueles que tentarem ingressar no país por essa via.
1982
29 de janeiro - As Normas de Regulação para o Controle de Ativos Cubanos do
Departamento do Tesouro sofrem novas emendas, acrescentando-se um Apêndice à
Seção 515.536 que reproduz a Nota do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros à
Alafândega (FAC No. 95111) sobre os procedimentos a serem seguidos para a
retenção de publicações sem licença emitida pelo referido órgão, originárias do Vietnã,
Coréia do Norte, Camboja e Cuba. (47 FR,4254; Sec. 515.536; janeiro 29, 1982).
1° de março – Cuba é incluída pelo governo norte-americano na relação de
países patrocinadores do terrorismo, no informe anual do Departamento de Estado
denominado “Patrocinadores do Terrorismo Global”.
19 de abril – São limitados os vistos de saída para Cuba de pessoas que viajam
por motivo oficial, para visitar familiares próximos e no caso de viagens relacionadas
com atividades jornalísticas, pesquisas profissionais ou atividades similares. A emenda
dispõe sobre a expedição de licenças específicas para casos humanitários ou por
propósitos de atuações públicas em Cuba relacionadas com atividades culturais ou
esportivas.
22 de julho – São adotadas novas regulações que exigem a apresentação de
certificados de origem não cubana para impedir que mercadorias de origem cubana ou
que contenham algum componente procedente de Cuba, entrem nos Estados Unidos.
Tornam-se mais estritas as regulações sobre as importações – já por si só
limitadas – para os viajantes dos Estados Unidos a Cuba, sendo-lhes permitido que
tragam consigo da Ilha apenas mercadorias adquiridas ali no valor de até 100dólares.
1983
5 de agosto – O governo dos Estados Unidos dispõe que Cuba será a única a
não integrar a lista de países que poderiam receber os benefícios do Programa de
Recuperação Econômica para o Caribe.
14 de setembro - Sofrem emendas as Normas de Regulação para o Controle de
Ativos Cubanos do Departamento do Tesouro, determinando-se que os informes sobre
propriedades bloqueadas sejam apresentados, antes de 1º de dezembro de 1983, por
qualquer pessoa sujeita à jurisdição dos Estados Unidos que seja possuidora de
propriedades bloqueadas. O objetivo desse censo é proporcionar ao Escritório de
Controle de Ativos Estrangeiros informações a serem utilizadas na administração de
controles sobre o bloqueio, em seu monitoramento no cumprimento das Regulações e
na preservação do valor dos ativos bloqueados (Registro Federal, Vol 48. No. 179,
setembro 14, 1983).
4 de outubro - O Presidente Reagan assina a Lei de Transmissões Radiofônicas
para Cuba (Radio Broadcasting to Cuba Act), dando início à Radio Martí. O governo
dos Estados Unidos incorre assim em um ato de agressão flagrante à soberania
cubana.
23 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro anuncia novamente que tem razões para crer que certos
materiais importados da URSS contêm níquel cubano. (Registro Federal, Vol 48, No.
227, novembro 23, 1983).
1985
20 de maio – Iniciadas as transmissões da Rádio Martí de Miami.
3 de julho – O governo dos Estados Unidos estipula que nenhuma pessoa
sujeita à jurisdição norte-americana poderá oferecer serviços técnicos a outros países,
que possam resultar na aquisição de bens cubanos por parte destes.
23 de dezembro – Entra em vigor a Lei de Segurança Alimentar de 1985, que
obriga os países importadores de açúcar a garantir anualmente, através de informes ao
Presidente norte-americano, que não estão exportando para os Estados Unidos açúcar
importado de Cuba, sob pena de serem excluídos do sistema de cotas de importação
de açúcar para aquele país.
1986
22 de agosto – O presidente Reagan aprova novas medidas repressivas sobre o
comércio com empresas designadas pelos Estados Unidos como “companhias testa-
de-ferro de Cuba” radicadas no Panamá e em qualquer outro lugar, que tentem
contornar o bloqueio comercial dos EUA. Também impõe controles mais estritos sobre
as entidades que organizam ou promovem viagens a Cuba, assim como sobre o envio
de dinheiro ou bens a esse país.
10 de dezembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista parcial de 167 pessoas e empresas
identificados como nacionais especialmente designados por Cuba, com os quais os
nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal, Vol 51,
No.237, dezembro 10, 1986).
1987
29 de abril - A Câmara de Representantes aprova uma Emenda à Lei de
Comércio apresentada pelo Representante da Flórida, Claude Pepper, solicitando o
reforço do bloqueio a Cuba. A Emenda refere-se à autorização ao Representante
Comercial dos Estados Unidos para que solicite a todas as agências executivas do
governo, mais conhecedoras desse assunto, que preparem para serem submetidas ao
Congresso recomendações mais apropriadas que reforcem e tornem mais efetivo o
embargo a Cuba. Em sua apresentação, assinala que, inicialmente, havia sido proposta
uma emenda específica limitando o direito dos navios que aportarem em Cuba a
acessar os portos e o comércio com os Estados Unidos (Congressional Record-House,
abril 29, 1987).
6 de julho – Cuba apresenta vinte e sete agentes cubanos que haviam sido
infiltrados na CIA e desmascara, por meio de seus depoimentos, documentos e
filmagens, as atividades de espionagem e subversão levadas a cabo por diplomatas
norte-americanos em Havana ao longo de duas décadas.
1988
23 de agosto – Entra em vigor a lei Omnibus de Comércio e Competitividade de
1988, (Lei Pública N° 100-4178), cuja Seção 1911 – “Reforço das Restrições sobre as
Importações de Cuba” – foi introduzida por Claude Pepper.
A referida lei estabelece que o Representante Comercial dos Estados Unidos
solicitará a todas as agências importantes do Executivo, que preparem recomendações
apropriadas no sentido de reforçar as restrições sobre a importação de artigos de
Cuba, a serem apresentadas ante o Congresso, em um período de noventa dias, para
sua posterior aplicação.
3 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de 32 empresas de navegação
identificadas como nacionais especialmente designadas de Cuba, com as quais os
nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal,
novembro 3, 1988).
21 de novembro – De acordo com o estabelecido pela lei Omnibus de Comércio
e Competitividade de 1988, o Representante Comercial dos Estados Unidos apresenta
seu informe ao Congresso, com um detalhado número de programas e medidas a
serem desenvolvidas pelas agências federais a fim de se aumentar a eficácia do
bloqueio contra Cuba.
As referidas ações incluem desde disposições de autoridade penal civil no
âmbito da Lei de Comércio com o Inimigo, até ações do Escritório de Controle de
Ativos Estrangeiros (ECAE) para trabalhar com outras agências governamentais na
recompilação de toda a informação disponível sobre a rede comercial internacional de
Cuba, que permita a identificação mais efetiva das entidades controladas por esta e o
monitoramento de suas transações econômico-comerciais com outros países.
22 de novembro – O governo dos Estados Unidos proíbe pela primeira vez às
pessoas que viajam a Cuba utilizar cartões para pagamento de seus gastos na Ilha; a
proibição até então existente era contra emissores de cartões de crédito e os bancos
intermediários que processavam e realizavam pagamentos de transações com cartões
de crédito. É restringido o sistema de licenças gerais para os organizadores de
sistemas de viagens a Cuba, e é imposta a emissão de licenças específicas,
outorgadas pelo período de um ano e sujeitas à renovação.
É estabelecido em requerimento que as pessoas sujeitas à jurisdição dos
Estados Unidos só poderão proporcionar serviços para cobrança ou envio de remessas
a familiares próximos em Cuba mediante a obtenção de uma licença específica, sujeita
à renovação anual, e a prévia demonstração de que utiliza os procedimentos
necessários para evitar que seus clientes violem as restrições impostas a tais
remessas.
É restringida a emissão de licenças para transações inerentes a comunicações
telefônicas e telegráficas com Cuba.
É estabelecida a proibição a cidadãos norte-americanos e/ou pessoas sujeitas à
jurisdição dos Estados Unidos de ter qualquer tipo de participação – por menor que
esta seja – nas transações de subsidiárias no exterior com Cuba.
1989
24 de janeiro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de dezoito empresas de
navegação identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as
quais os nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro
Federal, janeiro 24, 1989).
10 de abril - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de dezesseis pessoas jurídicas
identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as quais os
nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal, abril 10,
1989).
20 de julho – O Senado dos Estados Unidos aprova uma emenda, apresentada
por Connie Mack, republicano da Flórida, referente à proibição às firmas subsidiárias
de companhias norte-americanas, estabelecidas em outros países, de realizar
operações comerciais com Cuba.
25 de agosto – Os Estados Unidos impõe aos cidadãos norte-americanos que
viajam a Cuba um limite de US$ 100 diários em seus gastos de hotel, alimentação,
diversão e compras de artigos cubanos.
20 de setembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de treze pessoas jurídicas
panamenhas identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as
quais os nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro
Federal, setembro 20, 1989).
7 de outubro - O Departamento de Estado anula a emenda Mack após
impugnações por parte dos sócios comerciais dos Estados Unidos.
24 de outubro - Os Estados Unidos limitam o horário noturno dos vôos "Charter"
a Havana e aumentam o preço da passagem.
31 de outubro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de 33 pessoas jurídicas
panamenhas identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as
quais os nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro
Federal, outubro 31, 1989).
29 de novembro - O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros do
Departamento do Tesouro emite uma lista adicional de 49 pessoas jurídicas
identificadas como nacionais de Cuba especialmente designadas, com as quais os
nacionais dos Estados Unidos estão proibidos de comerciar. (Registro Federal,
novembro 29, 1989).
1990
30 de janeiro - Uma unidade do Serviço de Guarda-Costeira dos Estados Unidos
metralha e tenta afundar o navio mercante "Herman", de bandeira panamenha,
arrendado por Cuba e composto por uma tripulação de marinheiros cubanos, enquanto
navegava por águas internacionais do Golfo do México com uma carga de minérios
destinada ao porto de Tampico.
27 de março – Iniciadas as transmissões da TV Martí da Flórida para Cuba.
Avisado por agente infiltrados, o governo cubano consegue interceptar e bloquear
definitivamente o sinal dezessete segundos após o início das transmissões.
17 de maio - O Senado norte-americano aprova uma versão da emenda Mack.
14 de outubro - Infiltração armada por Santa Cruz del Norte, que foi organizada
em Miami pelo Partido Unidade Nacional Democrática (PUND), Exército Nacional
Cubano de Libertação, Diretório Insurrecional Nacionalista (DIN) e Comandos L. Todos
os envolvidos são detidos.
18 de outubro - Um comitê misto do Senado e da Câmara de Representantes
aprova uma versão conjunta da emenda Mack.
16 de novembro - O presidente George Bush veta a emenda Mack.
1991
20 de fevereiro - O Senado ratifica a aprovação da emenda Mack.
Julho – O representante democrata por Nova Jersey, Robert G. Torricelli,
introduz na Câmara um projeto denominado “Ata para a Democracia Cubana de 1991”
para: impedir que comerciem com Cuba subsidiárias radicadas em outros países;
reduzir a assistência econômica aos países que importarem açúcar de Cuba; restaurar
a “lista negra” de barcos ao pretender o confisco dos que chegarem a portos cubanos e
posteriormente entrarem em portos norte-americanos; restringir a emigração mediante
a utilização de vistos turísticos; e restringir as remessas enviadas a familiares próximos
em Cuba para que viajem para os Estados Unidos.
17 de setembro - Infiltração dos contra-revolucionários Alexis Lázaro Macías e
Adalberto Ramos Monteagudo. A operação é organizada em Miami pelo Directorio
Insurreccional Nacionalista (DIN), encabeçado pelo terrorista Héctor Alfonso Ruiz. Os
objetivos da infiltração são: sabotar lojas de turismo para criar terror entre os
estrangeiros e distribuir propaganda contra-revolucionária.
São apreendidos uma balsa, empregada na operação, assim como duas
pistolas e um aparelho de rádio.
27 de setembro – O Departamento do Tesouro anuncia a redução para 500
dólares dos gastos dos cubano-norte-americanos para convidar seus familiares
residentes na Ilha. A medida inclui também a redução para 300 dólares da quantidade
de dinheiro que os exilados cubanos podem enviar aos seus familiares na ilha a cada
três meses.
1992
18 de abril – O presidente dos Estados Unidos, George Bush, em uma
declaração pública, instrui o Departamento do Tesouro a restringir ainda mais o
transporte marítimo tanto de passageiros como de mercadorias para ou de Cuba,
através de regulações que proíbam a entrada em portos norte-americanos de barcos
de outros países que participarem do comércio com Cuba.
4 de julho - Um grupo de Comandos L tenta atacar alvos situados na região
costeira da província de Havana. Ao detectar patrulhas cubanas, deslocam-se para
águas próximas à praia de Varadero, onde a embarcação em que viajavam sofre
avarias mecânicas. Posteriormente, são resgatados por um navio da guarda-costeira
norte-americana.
As autoridades norte-americanas apreendem, além da embarcação, armas,
mapas e fitas de vídeo que filmaram durante a viagem. Depois de serem interrogados
pelo FBI, são postos em liberdade.
7 de outubro - Os terroristas Guillermo Casasús Toledo, Miguel Hernández e
Jesús Areces Bolívar, pertencentes à organização Comandos L, metralham de uma
embarcação procedente dos Estados Unidos as instalações do hotel Meliá Varadero.
Esta ação marca a nova estratégia terrorista de concentrar a atenção sobre o turismo
estrangeiro em Cuba, para tratar de afetar a imagem internacional do país e uma das
principais linhas de desenvolvimento de sua economia.
23 de outubro – O presidente Bush aprova a Lei Torricelli, impondo novas e
importantes restrições econômicas, comerciais e financeiras contra Cuba, e reforçando
ainda mais o caráter extraterritorial do bloqueio.
Em virtude da referida lei, junto às proibições impostas a barcos que entrarem
em portos cubanos, fica proibido o comércio de Cuba com subsidiárias em outros
países de matrizes norte-americanas, cujo volume já nesses momentos superava o
valor de US$ 700 milhões, e que era constituído em 90,6% de alimentos e
medicamentos.
Novembro – O Departamento de Controle de Bens Estrangeiros (DCBE)
restringe as regulações de viagens a Cuba, eliminando a autorização de viagens de
“pesquisas de mercado” privadas para as companhias e consultores dos Estados
Unidos.
O Departamento do Tesouro proíbe a nacionais de outros países introduzir nos
Estados Unidos charutos e rum procedentes de Cuba, ainda que sejam para consumo
próprio.
29 de dezembro - Seqüestrado um AN-26 da companhia Aerocaribbean, com 47
pessoas a bordo, conduzido a Miami.
1993
26 de janeiro-25 de fevereiro - Emissoras de rádio de Miami transmitem pelo
menos vinte mensagens, incitando à eliminação física de Fidel Castro, cem apelos à
realização de atos de sabotagem da economia cubana, 124 exortações a militares
cubanos para que derrubem o governo de seu país e 471 convocações para executar
ações de propaganda contra o Estado.
2 de abril – O navio-tanque "Mykonos", de bandeira maltesa e tripulação
cubano-cipriota, é metralhado a sete milhas ao norte de Matanzas por uma lancha
rápida, tripulada por membros do chamado Exército Armado Secreto, grupo terrorista
radicado em Miami.18 de maio - Um avião de matrícula N8447M, de propriedade da
organização Hermanos al Rescate, viola o espaço aéreo cubano, ao norte de Santa
Cruz, sendo perseguido por um caça da Força Aérea cubana.
Setembro – O Departamento de Estado envia a todas as embaixadas dos
Estados Unidos no exterior, instruções para que advirtam os cidadãos dos países onde
estão estabelecidas, de que antes de esses países ou seus empresários investirem em
Cuba, devem se assegurar que as propriedades que lhes estão sendo oferecidas não
pertenceram anteriormente a indivíduos ou companhias dos Estados Unidos ou a
cubano-americanos, já que, uma vez derrubada a Revolução, serão realizados
processos legais nesse sentido.
2 de setembro - É detido o cidadão mexicano Marcelo García Rubalcava,
residente nos Estados Unidos, com quem são apreendidos explosivos e propaganda
subversiva. O terrorista admite sua ligação com a organização Alpha 66 e a
participação pessoal de Andrés Nazario Sargén nos preparativos de sua operação, que
consistia em realizar atentados contra instalações turísticas em território cubano e
inclusive contra o Presidente Fidel Castro.
1994
25 de fevereiro - Um membro do grupo Hermanos al Rescate e informante do
FBI, sobrevoa em uma das aeronaves dessa organização as cercanias de Cuba, na
tentativa de interferir nas transmissões de rádio da polícia cubana.
11 de março – É metralhado o hotel Guitart-Cayo Coco por uma lancha
tripulada por membros da organização Alpha 66, ação que se repete e 6 de outubro
desse mesmo ano.
30 de abril – O Congresso dos EUA adota uma resolução no sentido de que o
Presidente deva defender e conseguir um "embargo" internacional, com mandato do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, contra Cuba.
8 de agosto –Um navio auxiliar da Marinha de Guerra Revolucionária é
seqüestrado no Porto de Mariel e o tenente Roberto Aguilar Reyes é assassinado por
Leonel González, que consegue fugir para os Estados Unidos, onde é recebido como
herói e desfruta de impunidade total após o crime praticado.
20 de agosto – O governo dos Estados Unidos proíbe a partir desse momento
remessas para Cuba; estabelece que o envio de pacotes de medicamentos a Cuba, só
será autorizado com caráter estritamente humanitário e mediante a emissão de
licenças específicas por parte do Departamento do Tesouro; limita os vôos charter
entre os EUA e Cuba somente aos necessários para a emigração legal; amplia as
transmissões clandestinas de rádio e televisão para Cuba.
Quatro aviões do Hermanos al Rescate voaram entre Matanzas e Cabañas,
perto das costas cubanas. Um deles viola o espaço aéreo ao norte de Santa Fe, em
Havana, en uma frente de 25 km e uma profundidade de 7 km. Estão a bordo de uma
destas aeronaves o líder do grupo, José Basulto, e Orestes Lorenzo.
9 de setembro – Assinado Comunicado Conjunto pelos governos norte-
americano e cubano, estabelecendo que:
os migrantes resgatados no mar e que tentem entrar nos Estados Unidos não serão autorizados a fazê-lo.
ambos os países se comprometeram a cooperar para empreender ações oportunas e efetivas que impeçam o transporte ilícito de pessoas com destino aos Estados Unidos.
Ambos os governos adotarão medidas efetivas para opor-se e impedir o uso da violência por parte de qualquer pessoa que tente chegar ou que chegue aos Estados Unidos tendo saído de Cuba mediante o desvio forçado de aeronaves e embarcações (Roque, 2003: p. 24).
6 de outubro - Novamente um comando armado da organização Alpha 66
disparas rajadas de armas automáticas contra o hotel "Guitart Cayo Coco".
1995
Fevereiro – O senador republicano Jesse Helms introduz no Congresso um
projeto de lei com o propósito de: estrangular economicamente Cuba; reforçar o
bloqueio; paralisar os investimentos estrangeiros em Cuba; derrubar o governo cubano
e regulamentar um processo de devolução das propriedades nacionalizadas
legitimamente pelo governo cubano. O referido projeto, em toda a sua extensão,
reforça o caráter extraterritorial do bloqueio a Cuba.
20 de março - Detidos no aeroporto de Havana os cidadãos norte-americanos de
origem cubana Santos Armando Martínez Rueda e José Enrique Ramírez Oro, que
haviam colocado uma carga explosiva de 1,38 kg de C-4 em um hotel de Varadero, que
foi detectada e desativada. Martínez Rueda declara ter recebido o apoio logístico e o
financiamento de Ángel Bonet, Guillermo Novo e Arnaldo Monzón, todos líderes da
Fundação Nacional Cubano-Americana.
2 de maio – Os governos norte-americano e cubano emitem outra Declaração
Conjunta, na qual acrescentam ao comunicado anterior que:
A partir deste exato momento, os emigrantes cubanos que forem interceptados em alto-mar pelos Estados Unidos, serão devolvidos a Cuba.
[...]
Ambas as partes reafirmam seu compromisso de tomar medidas para impedir as saídas perigosas de Cuba, que possam significar o risco de perda de vidas humanas, e de se opor a atos de violência associados à emigração ilegal (op. cit.: p. 26).
20 de maio - Novamente atacado o hotel "Guitart Cayo Coco", em Ciego de
Ávila, por rajadas disparadas de uma lancha rápida da organização terrorista Alpha 66.
Dias depois, o Alpha 66 assume publicamente a autoria da ação.
13 de agosto – Aviões do grupo Hermanos al Rescate sobrevoam Havana de
maneira provocadora.
12 de dezembro – Preso Eusebio de Jesús Peñalver Mazorra pelas autoridades
norte-americanas na Califórnia, quando participava dos preparativos para realizar uma
incursão armada contra Cuba, ocasião em que foi apreendido com ele um
carregamento de armas. É vinculado ao terrorista Luis Posada Carriles, preso no
Panamá por planejar explodir 48 kg de explosivos em uma reunião de estudantes onde
estaria presente o Presidente do Conselho de Estado de Cuba.
1996
9 de janeiro - Aviões do grupo Hermanos al Rescate sobrevoam Cuba e
despejam milhares de panfletos.
12 de janeiro - Detido o emigrado cubano residente nos Estados Unidos, Cecilio
Reynoso Sánchez, membro da Frente Nacional Presidio Político Cubano, quando se
dispunha a transladar 900 gramas de explosivo C-4, mecanismos elétricos de
detonação, de Havana a Pinar del Río.
13 de janeiro - Aviões do Hermanos al Rescate violam novamente o espaço
aéreo cubano, ocasião em que despejam grande quantidade de panfletos sobre vários
municípios de Havana. Participaram da ação os aviões N-2506, pilotado por Basulto
em companhia de Arnaldo Iglesias, e o N-108LS, pilotado por Carlos Costa e Mario de
la Peña.
11 de fevereiro - Capturados três cubanos residentes nos Estados Unidos que
penetram a bordo de uma lancha rápida na baía de Cárdenas para atirar contra o hotel
Meliá Las Américas e distribuir propaganda subversiva.
24 de fevereiro – Dois aviões do grupo Hermanos al Rescate invadem o espaço
aéreo de Cuba. Depois de diversas advertências e da intervenção de jatos da Força
Aérea cubana, ambos são abatidos, morrendo quatro tripulantes. Um terceiro escapa
(por não estar em espaço aéreo cubano), levando a bordo o líder da organização
contra-revolucionária, José Basulto.
26 de fevereiro - Clinton elimina os vôos "Charter" para Cuba e anuncia que
apoiará a Lei Helms-Burton, em represália à derrubada dos dois aviões ocorrida dois
dias antes.
12 de março – O presidente Bill Clinton assina a “Lei para a Liberdade e
Solidariedade Democrática Cubanas”, conhecida como Lei Helms-Burton, em sua pior
versão (N. do A.: essa lei será discutida de modo mais aprofundado a posteriori).
29 de maio – É enviada pelo Departamento de Estado Carta de Advertência à
companhia canadense Sherrit, por violar o disposto na Lei Helms-Burton.
Posteriormente, o governo dos Estados Unidos notifica a Sherrit que quinze de seus
executivos e familiares não poderão mais entrar no território dos Estados Unidos, em
represália a suas atividades econômicas em Cuba.
Julho - Jogada uma bomba incendiária no Centro Basco de Miami, antes da
apresentação da artista cubana Rosita Fornés, de visita aos Estados Unidos.
7 de julho - Seqüestrado em Santiago de Cuba um avião AN-2 e conduzido à
base naval de Guantânamo.
16 de julho – Entra em vigor o Título III da Lei Helms-Burton .
O presidente Clinton suspende por seis meses as ações que poderiam ser
apresentadas nos tribunais, o que não afeta em nada a validade do título em sua
íntegra.
16 de agosto - Designado Stuart Eizenstat como "Enviado Especial", com o
objetivo de conseguir um compromisso com os aliados dos EUA para internacionalizar
o bloqueio, entre outros fins.
19 de agosto – O Departamento de Estado envia cartas de advertência a
diretores da companhia mexicana DOMOS em cumprimento ao Título IV da lei Helms-
Burton.
21 de agosto - Detido em Cuba o terrorista norte-americano Walter Van Der
Veer, que havia introduzido clandestinamente vários objetos e meios de uso militar das
forças armadas dos Estados Unidos. O elemento realizara ações de propaganda com
materiais impressos que exortavam à sublevação popular e organizou planos
terroristas contra centros sócio-econômicos, religiosos e militares, no âmbito das
orientações da denominada Frente de Liberación Cubano, encabeçada em Miami por
Guillermo "Willy" Chávez. Também declara pertencer aos Comandos L.
20 de setembro – Anuncia-se a criação, no Departamento de Estado, da
“Unidade para a Aplicação da Lei Helms-Burton” dentro do Escritório de Assuntos
Cubanos, encarregada de “monitorar” toda a atividade econômica, comercial e
financeira de nacionais e entidades de outros países com Cuba, e de manter um
registro das propriedades reclamadas em Cuba.
21 de outubro - Um monomotor tipo S-2R (matrícula N-3093M) de propriedade
do Departamento de Estado, despeja uma substância com uma praga do tipo Thrip
Palmi Karny, ao sobrevoar o corredor internacional "Girón" cerca de 25-30 km ao sul da
praia de Varadero. A atividade foi observada por tripulantes de uma aeronave da
Cubana de Aviación, quando sobrevoava a região.
23 de outubro – O Departamento do Tesouro, cumprindo instruções
presidenciais, ordena ao Chase Manhattan Bank a transferência de US$ 1,2 milhão dos
fundos pertencentes a Cuba, ali congelados, para os familiares dos pilotos da
organização contra-revolucionária Hermanos al Rescate, mortos por ocasião da
derrubada dos seus aviões quando violavam ilegalmente o espaço nacional cubano.
12 de novembro - A X Reunión de Ministros de Meio-Ambiente de América
Latina e Caribe, realizada em Buenos Aires del 11 al 12 de novembro decide rechaçar
o bloqueio a Cuba e suas conseqüências nefastas.
24 de novembro – A OSPAAAL condena nos termos mais duros a Lei Helms-
Burton e exige o fim incondicional do bloqueio a Cuba.
1997
13 de janeiro – O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à
companhia israelense BM Group, de acordo com o estabelecido na lei Helms-Burton.
Posteriormente, são negados os vistos de entrada nos Estados Unidos aos seus
executivos e familiares, em represália por suas atividades econômicas em Cuba.
23 de janeiro – O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à
companhia panamenha Motores Internacionales S.A.
28 de janeiro – Emitido um Informe Presidencial em Washington intitulado “Apoio
para uma transição democrática em Cuba”.
1° de abril - Detido nos Estados Unidos o cidadão espanhol Francisco Javier
Ferreiro por violação das regulações do bloqueio.
8 de abril – Em aplicação às regulações do bloqueio, é confiscada pelas
autoridades norte-americanas uma aeronave que levara a Cuba doações de
medicamentos.
11 de abril - Dada publicidade ao "entendimento" alcançado entre a União
Européia e os EUA, através do qual estes conseguem suspender a Comissão da OMC
para a Ley Helms-Burton, requerida pelos europeus.
12 de abril - Ocorre uma explosão de intensidade média na discoteca "Aché" do
hotel Meliá Cohiba. A bomba fora colocada pelo terrorista salvadorenho Francisco
Chávez Abarca, membro do setor terrorista da Fundação Nacional Cubano-Americana,
dirigido na América Central por Luis Posada Carriles.
17 de abril – O Departamento de Estado revoga a licença outorgada para a
mudança do registro nos Estados Unidos da marca Havana Club de Cubaexport para
Havana Rum & Liquors, e desta para Havana Club Holding, causando dano aos direitos
da companhia européia Pernord Ricard.
30 de abril - Desativado um artefato explosivo no 15º andar do hotel Meliá
Cohiba, que havia sido colocado pelo terrorista Chávez Abarca.
24 de maio - Ocorre uma forte explosão em frente às instalações da empresa
cubana "Cubanacán", no México, que causa diversos danos. Posteriormente se
descobre que o terrorista Francisco Chávez Abarca havia estado no país nessa mesma
data.
20 de junho – O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à empresa
Cementos Curazao S.A.
12 de julho - Explodem diversos artefatos nos hotéis "Nacional" e "Capri", de
Havana, causando danos e deixando três feridos. Ambos os artefatos foram colocados
pelo terrorista salvadorenho Raúl Ernesto Cruz León.
4 de agosto - Ocorre a explosão de uma bomba colocada no lobby do hotel
Meliá Cohiba pelo terrorista salvadorenho Otto René Rodríguez Llerena.
11de agosto - Publicada pela FNCA, na imprensa de Miami, uma declaração de
apoio às ações terroristas com explosivos que ocorreram em Cuba contra alvos
turísticos. O documento é firmado por 28 de seus diretores, incluindo Jorge Más
Canosa.
20 de agosto - As autoridades portuárias de Jacksonville, Flórida, concordam em
pagar a multa de 20.000 dólares por violarem as regulações do bloqueio durante uma
viagem realizada a Cuba em 1995.
22 de agosto – Ocorre uma explosão de pequena potência no hotel "Sol
Palmeras", na praia de Varadero. Acusados pela ação os guatemaltecos Jorge
Venancio Ruiz e Marlon Antonio González Estrada, membros do agrupamento
terrorista de Luis Posada Carriles.
4 de setembro - Ocorrem explosões nos hotéis "Tritón", "Copacabana", e
"Chateau Miramar", praticadas pelo terrorista Raúl Ernesto Cruz León, que nesse
mesmo dia é detido.
Em conseqüência da explosão no "Copacabana", morre o jovem turista italiano
Fabio Di Celmo.
Na noite desse mesmo dia ocorre uma terceira explosão na "Bodeguita del
Medio". Essa ação também foi executada pelo terrorista Cruz León, que colocou o
artefato com mecanismo de retardo mas, apesar de ter sido detido, não informou
acerca desse outro ato de sabotagem.
19 de outubro - Detectado um artefato explosivo na parte traseira de um
microônibus da "Transtur", colocado pelos guatemaltecos Marlon Antonio González
Estrada e Jorge Venancio Ruiz.
30 de outubro – Encontrado um artefato explosivo debaixo de um quiosque de
venda localizado na área externa do terminal aéreo N°. 2 do aeroporto José Martí.
Posteriormente se revela que os autores materiais do atentado foram os guatemaltecos
Jorge Venancio Ruiz e Marlon Antonio González Estrada.
17 de novembro - O Departamento de Estado envia Carta de Advertência à
companhia israelense BM Group, estabelecendo 45 dias de prazo para a aplicação das
regulações do Título IV da Lei Helms-Burton.
17 de dezembro - Um juiz federal da Flórida condena a República de Cuba e a
Força Aérea cubana no processo movido por familiares dos falecidos nos incidentes de
24 de fevereiro de 1996, determinando que os mesmos sejam indenizados na quantia
valor de 187,6 milhões de dólares
1998
28 de fevereiro – A CIA torna público um documento de outubro de 1961,
redigido por seu inspetor-geral em exercício. Nele é revelado que, desde a primavera
de 1959, a um custo de US$ 4,4 milhões, tivera início aquele que denominaram de
“programa de resistência interna por meio de ajuda clandestina externa”, que
compreendia tanto a criação de uma “oposição” dentro de Cuba como “a formação de
uma organização exilada cubana”. Em apenas um ano, o orçamento inicial aumentou
para US$ 40 milhões.
12 de março – O Chefe de Assuntos Cubanos no Departamento de Estado dos
EUA, ao fazer uma declaração ante o Comitê do Congresso, assinalou que o fomento
da “oposição” em Cuba era o elemento-chave da política norte-americana, e citou
como resultado disso a aprovação de cinco projetos no valor de 1,5 milhão de dólares
para 1998, outros cinco de um milhão de dólares em fase final de aprovação e outras
propostas adicionais sob análise.
20 de março – O presidente Clinton anuncia uma política que, se por um lado se
limita a restabelecer medidas anteriormente eliminadas, como os vôos charter diretos e
o envio de remessas a familiares em Cuba, por outro, se refere a anúncios impossíveis
de serem materializados devido a restrições impostas pelo bloqueio.
18 de maio – Os Estados Unidos e a União Européia chegam a um
entendimento sobre as normas para reforçar a proteção dos investimentos em
propriedades norte-americanas nacionalizadas em todo o mundo. A sua entrada em
vigor fica condicionada à modificação do título IV da lei Helms-Burton por parte do
Congresso.
21 de julho – O Departamento do Tesouro, por solicitação do Departamento de
Estado, nega licença à empresa PWN Exhibicon International para a realização de uma
exposição de produtos médicos em janeiro de 1999 em Havana, com a participação de
uma centena de empresas dos Estados Unidos, argumentando que esta não seria
coerente com a política relativa a Cuba.
22 de julho – Colocado em liberdade o empresário espanhol Javier Ferreiro,
após cumprir 16 dos 18 meses da condenação por violar o bloqueio.
8 de setembro – Perante a comissão especial do Senado sobre sanções
econômicas, o subsecretário de Estado, Stuart Eizenstat, reitera que a Administração
manterá as sanções econômicas unilaterais, incluindo as restrições para a venda de
medicamentos e alimentos, contra cinco países, entre os quais Cuba.
12 de setembro – Presos cinco cubanos (Gerardo Hernández Nordelo, Ramón
Labañino Salazar, René González Sehwerert, Fernando González Llort e Antonio
Guerrero Rodríguez) que espionavam os grupos contra-revolucionários em Miami, a
fim de evitar ataques terroristas contra Cuba. Eles passarão 17 meses em solitárias
até serem finalmente acusados e condenados a penas de 15 anos à dupla prisão
perpétua por “ameaçar a soberania nacional dos EUA”, em um julgamento
completamente anômalo, com juízes, jurados e promotores escolhidos a dedo pela
máfia contra-revolucionária.
30 de setembro – O Departamento do Tesouro suspende por tempo indefinido
as licenças das companhias C&T Charters e Wilson International para operar vôos com
destino a Cuba através de outros países, devido, segundo informações de imprensa,
ao descumprimento de requisitos do governo dos Estados Unidos.
21 de outubro – O presidente Clinton assina a Lei de Destinações
Orçamentárias para 1999 (“Ómnibus Bill”), que inclui um conjunto de emendas
anticubanas dirigidas, entre outros propósitos, a exercer um maior controle do
Congresso sobre o cumprimento do Título IV da Lei Helms-Burton e ampliar a sua
interpretação, para aplicá-lo aos “confiscadores” de propriedades norte-americanas em
todo o mundo e interferir no desenvolvimento normal dos Acordos Migratórios ao
estipular a verificação de seu cumprimento por meio de um monitoramento em Cuba do
tratamento recebido por imigrantes ilegais repatriados.
Como parte deste conjunto de emendas, também se aprova a Seção 211, com
incidência nos direitos de propriedade industrial e concebida para impedir que as
marcas em geral, marcas de fábricas ou nomes comerciais de cidadãos norte-
americanos ou cubano-americanos, nacionalizados por Cuba, possam ser validadas e
registradas nos Estados Unidos. Também são destinados dois milhões de dólares para
o financiamento, dentro de Cuba, de “frações políticas de oposição, ativistas de direitos
humanos e jornalistas independentes”.
18 de dezembro – O juiz King, de Miami, emite uma nova ordem judicial para
embargar os fundos resultantes das operações de várias companhias telefônicas que
têm relações de negócios com Cuba (Global One, AT&T Corporation, AT&T de Porto
Rico, Worldcom, Wiltel, MCI e Telefónica Larga Distancia de Porto Rico). Ordem similar
é enviada ao Chase Manhattan Bank e ao Citigroup.
1999
5 de janeiro – A Administração Clinton anuncia a política que mantém o bloqueio
intacto, sem qualquer modificação, e rechaça a proposta para a criação de uma
Comissão Bipartidária para avaliar a política dos Estados Unidos em relação a Cuba,
apresentada por um grupo de importantes figuras políticas de ambos os partidos e
membros do Congresso.
Clinton anuncia que continuam em vigor: as restrições às remessas de dinheiro
e que tais de cubano-americanos a seus familiares em Cuba; as proibições de viagens
à i lha e as sanções aos que as violarem; a limitação a uma vez por ano das viagens
de caráter emergencial e humanitário de cubano-norte-americanos a Cuba; a
ampliação seletiva das categorias de norte-americanos autorizados a viajar a Cuba,
ainda que mantido o controle das referidas viagens através da emissão de licenças; a
permissão, mediante seleção das autoridades dos Estados Unidos e a concessão de
licenças caso a caso, algumas vendas de alimentos a indivíduos em Cuba, e o
incremento de fundos para as transmissões subversivas por rádio e televisão contra
Cuba.
4 de fevereiro – Em reunião realizada com a Direção do Diário de Las Américas,
a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, diz:
Temos armas inteligentes apontando para o alvo que queremos. Desejamos ajudar a criar uma pequena economia de mercado independente e tratar de fazer com que o povo (cubano) continue se expandindo e consiga se separar por completo do poder do Estado (Cronología, 2003).
25 de fevereiro – A empresa mista ETECSA decide cortar as comunicações
telefônicas diretas com os Estados Unidos, em resposta ao embargo dos pagamentos
a Cuba que deveriam efetuar as companhias de telecomunicações norte-americanas
pelos serviços prestados aos Estados Unidos. Este embargo foi declarado pelo juiz
King da Flórida com base na demanda apresentada pelos familiares dos pilotos do
grupo Hermanos al Rescate derrubados em 24 de fevereiro de 1996.
3 de março - Meios de comunicação dos EUA divulgam a abertura de processo
contra o cidadão norte-americano Thomas Boylan, por violação das regulações do
bloqueio. Segundo a imprensa, o Serviço de Alfândega dos EUA acusa-o de tentar
desenvolver instalações aéreas e marítimas no porto cubano de Mariel.
14 de março - O Chefe da Seção para Cuba do Departamento de Estado, M.
Ranneberger, em conferência patrocinada pela empresa Equity International, e
reiterando a retórica tradicional da política da Administração em relação a Cuba,
qualifica as medidas de 5.01.99 de positivas e critica os europeus por investir na Ilha.
24 de março – O chefe de Assuntos Cubanos no Departamento de Estado dos
EUA, em testemunho ante o Congresso norte-americano, afirma que, desde 1996, em
apoio às atividades dentro de Cuba de “frações políticas de oposição, ativistas de
direitos humanos e jornalistas independentes”, foram gastos quatro milhões de dólares
e dois milhões adicionais aprovados em sua instrumentação e um milhão para novos
projetos encontravam-se em processo de revisão.
13 de abril – A juíza Shira Scheindlin de Nova York decide a favor da empresa
Bacardí e contra a Havana Club. A juíza diz em sua sentença que se baseara na
Seção 211, introduzida e aprovada com manobras fraudulentas no Congresso dos
Estados Unidos por solicitação da Bacardí, quando já se encontrava bastante
avançada a disputa comercial entre ambas as partes. A Seção 211 suprimiu à empresa
mista cubano-francesa os direitos legais de que gozava até o momento nas Cortes
norte-americanas.
16 de abril – O Departamento de Estado multa, por violação das restrições de
viagens a Cuba, as empresas norte-americanas C&T Charters Inc. e Wilson
International Service e a publicação Harper’s Bazaar.
30 de abril – O Departamento de Estado apresenta ao Congresso o Informe
Anual sobre Terrorismo em 1998, onde Cuba, como em anos anteriores e junto com
Irã, Líbia, Coréia do Norte, Sudão e Síria, é incluída na lista de "nações patrocinadoras
do terrorismo internacional". A partir dessa lista, Cuba fica automaticamente sujeita a
diferentes sanções econômicas a partir de leis especialmente elaboradas para esses
países supostamente “terroristas”.
11 de maio – O Departamento de Estado modifica suas regulações sobre Cuba,
impondo controles mais estritos sobre as pessoas que se encontrarem baixo jurisdição
dos Estados Unidos e que viajarem à ilha em condição de “fully hosted” , e mantém as
restrições às viagens dos cubano-americanos e ao envio de remessas aos seus
familiares.
Junho – O DCBE, segundo o estabelecido pela Lei Helms-Burton, envia Cartas
de Advertência a três norte-americano-panamenhos, principais executivos da
companhia panamenha Motores International S.A., ordenando o fim dos vínculos com
Cuba, sob pena de serem presos por violação das regulações do bloqueio.
7 de junho - O Departamento de Estado, segundo o estabelecido pela Lei
Helms-Burton, envia Carta de Advertência à companhia jamaicana Superclud Hotel
Inc., notificando-a de suposta violação de sua empresa ao “traficar” com propriedades
confiscadas.
1° de julho – O Departamento de Estado divulga que, depois de investigar a
companhia espanhola Sol Meliá por suas operações em Cuba, informou a esta que
poderá ser alvo de sanções de acordo com a Lei Helms-Burton, graças às atividades
hoteleiras na zona norte da província de Holguín. Apesar disso, não se prosseguiu o
processo normal para notificar e posteriormente sancionar a Sol Meliá por “tráfico com
propriedades confiscadas”. Nesse mesmo período foram realizadas ações similares
contra a empresa francesa Club-Med.
12 de julho - O Subsecretário de Estado Stuart Eizenstat envia uma carta aos
advogados da Bacardí, afirmando que o governo dos EUA não está interessado nem
estabeleceu qualquer compromisso com a União Européia para revogar a Seção 211.
15 de julho - O Departamento de Comércio convoca uma sessão informativa
sobre a outorga de licenças para a venda de medicamentos e alimentos a Cuba, onde
reitera que não serão aprovadas licenças para vendas a empresas vinculadas ao
governo cubano. Não foi determinado que entidades seriam consideradas
“independentes” do governo cubano.
12 de agosto - A Corte de Apelações de Atlanta decide a favor da ETECSA e
contra os familiares dos pilotos do Hermanos al Rescate. A Corte determina a
dissolução dos autos do embargo com base da independência da ETECSA do Governo
da República de Cuba.
31 de agosto – O Departamento de Estado envia uma carta à empresa alemã
LTI International Hotels, na qual a adverte que suas operações em um hotel localizado
na costa norte de Holguín poderão ser motivo de sanções contra ela em virtude da Lei
Helms-Burton.
16 de setembro – O Departamento do Tesouro nega a licença às autoridades do
Porto de Nova Orleans para realizar uma visita a Cuba, argumentando que tal
autorização poderia criar precedentes negativos, já que o órgão havia negado
solicitações similares aos portos de Houston, Nova York e Jacksonville.
24 de setembro - Discurso do chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, no 54°
período de sessões da Assembléia Geral da ONU (N. York). Cuba apresenta uma
demanda ao governo dos Estados Unidos por prejuízos econômicos decorrentes do
bloqueio. Na demanda econômica é solicitada uma indenização de 121 bilhões de
dólares.
Outubro - Os Departamentos do Tesouro e do Estado rechaçam as solicitações
de licença de cem admiradores de Hemingway para que assistam a uma conferência
sobre o escritor norte-americano em Havana.
29 de outubro – O Departamento do Tesouro, após consulta prévia ao
Departamento de Estado, comunica que fora negada uma licença para viajar a Cuba à
Organização de Jovens Presidentes de Minessotta. Para tal, argumentam que o
programa da visita tem matizes turísticos e não um conteúdo identificável com a política
de “contatos povo com povo”. Posteriormente, os organizadores da visita apelam da
decisão, mas não conseguem revertê-la.
Novembro – O Departamento do Tesouro nega as licenças requeridas por
pesquisadores norte-americanos para assistir a um evento de Biotecnologia realizado
em Havana de 28 de novembro a 3 de dezembro. Alega que o Centro de Engenharia e
Biotecnologia de Cuba não é uma “instituição internacional que organize regularmente
eventos” como o exigem as regulações do bloqueio, e que estas também proíbem a
presença em eventos que tenham por objetivo fomentar o desenvolvimento de produtos
biotecnológicos (op. cit.).
2 de novembro – O tribunal provincial popular da cidade de Havana profere a
sentença condenatória no processo da demanda do povo de Cuba contra o governo
dos Estados Unidos por prejuízos humanos decorrentes do bloqueio e das atividades
subversivas e terroristas contra a Ilha.
25 de novembro – Naufraga uma lancha levando imigrantes ilegais cubanos. O
menino Elián González e mais dois sobreviventes são resgatado por dois pescadores.
Ele é levado a um hospital e entregue em Miami a Lázaro González, seu tio-avô. Inicia-
se uma disputa diplomática entre Cuba e EUA, posto que seus avós, tios, primos, pai e
irmão vivem na Ilha e exigem a sua volta.
2000
12 de janeiro – Entregue pelo governo cubano às autoridades dos EUA o
cidadão norte-americano Jesse James Bell, acusado nos Estados Unidos de
narcotráfico.
20 de janeiro - Um advogado de Miami, Henry Marinello, denuncia as empresas
japonesas Sumitomo Corp. e Mitsubishi Heavy Industries por terem negócios com
Cuba e em Miami, instando o Prefeito de Miami a investigar aquilo que considera uma
violação da lei Helms-Burton.
4 de fevereiro – O Tribunal de Apelações para o 2° Circuito de Nova York emite
uma decisão desfavorável a Cuba no pleito apresentado pela empresa mista cubano-
francesa do grupo Havana Club contra a Bacardí.
Março – É negado à Cubana de Aviación a participação em uma reunião anual
de clientes de companhias aéreas (Airfare Users Meeting) a ser realizada em Atlanta,
Georgia, Estados Unidos em abril de 2000, alegando as medidas do bloqueio a Cuba.
Maio – A representação no México dos laboratórios norte-americanos Abbott,
ante uma gestão de compra de Cuba, nega-se expressamente a vender 40 ampolas da
suspensão intratraqueal “Survanta”, necessária para salvar a vida de uma criança
cubana.
5 de maio - O Departamento do Tesouro proíbe velejadores dos EUA de
participar da Copa Havana, evento internacional realizado na Marina Hemingway nessa
cidade.
28 de junho – A Corte Suprema de Justiça dos EUA decide que o menino Elián
González não tem direito a asilo político e ele retorna a Cuba com seu pai, irmão e
madrasta, após sete meses de disputa envolvendo os governos cubano, norte-
americano e os grupos contra-revolucionários de Miami.
3 de julho – A União Européia solicita à OMC que constitua uma comissão de
arbitragem contra os Estados Unidos para atuar contra a Seção 211.
7 de julho - O ECAC nega a concessão de licença para que o Prefeito de
Oakland, Jerry Brown, visite Cuba a partir de 22de julho, à frente de uma delegação,
para concretizar a assinatura do Acordo que tornaria irmãs a sua cidade e a de
Santiago de Cuba.
10 de julho – O subsecretário do Tesouro, Stuart E. Eizenstat reconhece na
Conferência Anual sobre o Controle de Exportações organizada pelo Departamento de
Comércio, que existe um amplo “embargo“ contra Cuba, que impede seu acesso ao
mercado e aos investimentos dos Estados Unidos e tem conseqüências adversas para
cidadãos inocentes.
20 de julho – A Câmara de Representantes aprova, por 301 votos a 116 e por
232 a 186, duas emendas que eliminam os mecanismos impeditivos das vendas de
alimentos e medicamentos e de viagens a Cuba.
25 de agosto - O Departamento de Estado comunica que não fora aprovada a
concessão de visto de entrada ao Presidente da Assembléia Nacional de Cuba,
Ricardo Alarcón, que viajaria a Nova York para participar da Conferência de
Parlamentos Nacionais da União Inter-Parlamentar.
14 de setembro – A liderança republicana da Câmara de Representantes, em
uma manobra violatória dos procedimentos e regras do Congresso, elimina
arbitrariamente as duas emendas aprovadas em 20 de julho de 2000 do projeto de lei
no qual haviam sido incluídas, impedindo a sua aprovação final.
6 de outubro – O presidente dos Estados Unidos assina a “Lei de Proteção das
Vítimas do Tráfico e da Violência de 2000”, onde se estabelece, em uma das seções,
que as cortes norte-americanas poderão dispor dos fundos cubanos congelados nos
Estados Unidos para recompensar os responsáveis por ações terroristas contra Cuba.
Um grande júri federal na Filadélfia processa a empresa Bro-Tech Corp.
(conhecida também como Purolite Co.) e quatro de seus executivos, pela venda a
Cuba, através do Canadá, México e outros países europeus, de 1993 até 2000, de
resinas para a troca de íons em torno de US$ 2,1 milhões, com a possibilidade de
serem aplicadas multas no valor de um milhão de dólares à empresa e uma sanção de
dez anos de privação da liberdade aos executivos.
28 de outubro – O presidente Clinton assina a Lei de Destinações para a
Agricultura, que elimina as sanções econômicas unilaterais contra todos os países,
exceto Cuba; aplica novas limitações para as vendas de medicamentos e alimentos a
Cuba e reitera que nenhuma de suas disposições altera, modifica ou afeta o bloqueio
contra Cuba. Além disso, converte em lei e endurece as proibições às viagens a Cuba
de pessoas sujeitas à jurisdição dos Estados Unidos.
17 de novembro – Preso no Panamá o terrorista Luis Posada Carriles, radicado
nos Estados Unidos, por planejar explodir 48 kg de explosivos em uma reunião de
estudantes onde estaria presente o Presidente do Conselho de Estado de Cuba, Fidel
Castro.
2001
21 de setembro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba entrega a Nota
diplomática 1613, contendo a resposta à solicitação de informação apresentada pela
SINA sobre uma lista de vinte e cinco pessoas que poderiam ter entrado em Cuba
como turistas e que eram considerados pelas autoridades norte-americanas como
terroristas.
25 de setembro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba entrega à SINA
a Nota Diplomática 1621, com as informações solicitadas sobre nove cidadãos
estrangeiros que se encontravam no país.
26 de outubro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba entrega à SINA
uma Nota diplomática, na qual manifesta a oferta de venda, a preço de custo, de
medicamentos contra o antrax. São oferecidos até 100 milhões de tabletes de
ciprofloxacina.
27 de outubro - O Ministério das Relações Exteriores entrega à SINA, na
qualidade de doação, 100 tabletes de ciprofloxacina que a missão diplomática norte-
americana havia solicitado para as pessoas que haviam manipulado malas
diplomáticas suspeitas de estarem contaminadas com antrax.
12 de novembro - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba comunica à
SINA a disposição do país de entregar, imediatamente, um ou dois equipamentos de
tecnologia avançada, desenvolvidos pelo Centro de Neurociências, que poderiam
ajudar as autoridades médicas norte-americanas na identificação das cepas de antrax.
Assinala-se que haveria a possibilidade de se produzir vários equipamentos para
entregar às autoridades norte-americanas, sem nenhum interesse comercial.
29 de novembro – Cuba propõe aos Estados Unidos a assinatura de um Pacto
Bilateral contra o terrorismo, recusado pelo governo norte-americano.
3 de dezembro – Reiterada a proposta do pacto contra o terrorismo, com nova
recusa dos Estados Unidos em firmá-lo.
20 de dezembro – Cuba aprova a lei contra atos terroristas, na qual estabelece
penalidades contra quem utilizar o território cubano para organizar atos ou financiá-los
contra qualquer país inclusive os Estados Unidos.
2002
12 de março – Pela terceira vez consecutiva, Cuba propõe aos Estados Unidos
a assinatura de um Pacto Bilateral para lutar contra o terrorismo. Novamente a
administração Bush recusa.
20 de maio - Em uma intervenção pronunciada na Casa Branca, por ocasião da
comemoração do centenário da imposição a Cuba de um regime de dominação
neocolonial por parte dos Estados Unidos, o Presidente Bush declara abertamente que
"os Estados Unidos continuarão fazendo cumprir as sanções econômicas contra Cuba".
17 de setembro - O subsecretário de Estado Assistente para Assuntos do
Hemisfério Ocidental, Dan Fisk, ex-assistente do ex-senador Jesse Helms e um dos
redatores da Ley Helms-Burton, acusa Cuba de desviar as investigações de seu país
em torno dos ataques terroristas de 11 de setembro, fornecendo informações falsas,
insignificantes e desatualizadas e de obstruir, mediante recursos humanos e
eletrônicos, os esforços antiterroristas dos Estados Unidos.
Fisk chega a afirmar que Cuba havia enviado "pelo menos um desertor por mês,
desde 11 de setembro, oferecendo informações falsas sobre atos terroristas que
seriam cometidos contra os Estados Unidos e outros interesses ocidentais" (Cuba no
tiene nada que ocultar, ni nada de qué avergonzarse, 2003).
11 de novembro – Um pequeno avião AN-2 de fumigação cubano é seqüestrado
e levado para os Estados Unidos. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba,
através de suas notas 1778 de 2002 e 180 de 2003, reclama ao governo norte-
americano a devolução dos seqüestradores e do avião. As autoridades norte-
americanas nem sequer levantam acusações contra os seqüestradores, que são
postos em liberdade quatro dias depois. O avião é embargado e leiloado.
17 de dezembro – Reiterada pelo governo de Cuba aos EUA a proposta de
assinatura de um pacto contra o terrorismo, por ocasião da décima nona rodada de
conversações migratórias bilaterais. A tentativa, mais uma vez, revela-se infrutífera.
2003
29 de janeiro – Seqüestrada a embarcação de cimento armado “Cabo
Corrientes”, da Ilha da Juventude, desviada para território norte-americano. As
autoridades cubanas apresentam nota diplomática reclamando a devolução dos quatro
seqüestradores da referida embarcação. Os Estados Unidos ignoram a nota cubana,
sendo os seqüestradores postos em liberdade imediatamente.
6 de fevereiro – Seqüestro de uma lancha rápida de tropas guarda-fronteiras,
desviada para os Estados Unidos. Novamente não há acusação contra os quatro
seqüestradores envolvidos. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba exige a
devolução dos seqüestradores e protesta contra essa nova manobra anti-cubana. O
Departamento de Estado não responde a essa nota.
24 de fevereiro – A organização terrorista “Hermanos al Rescate” realiza uma
transmissão ilegal de televisão para Cuba, a partir do espaço aéreo internacional.
Apesar de as autoridades cubanas terem advertido o Governo dos Estados Unidos,
antes desta data, sobre os planos da organização e terem estabelecido claramente que
a sua realização seria uma violação no Regulamento de Telecomunicações da União
Internacional de Telecomunicações, as autoridades norte-americanas nada fazem para
impedir a mencionada transmissão.
27 de fevereiro – O cubano Adolfo Franco, encarregado do atendimento para a
América Latina e o Caribe na USAID, Agência de Ajuda ao Exterior norte-americana,
declara perante um subcomitê de Relações Exteriores a Câmara de Representantes,
que o referido órgão investiu mais de vinte milhões de dólares desde 1997 na aplicação
da Lei Helms-Burton em Cuba.
19 de março – Realizado o seqüestro de uma aeronave do tipo DC-3 da
Empresa Cubana de Serviços Aéreos, que cobria a rota Gerona – Cidade de Havana.
Os seqüestradores armados são recebidos em Miami e obtêm permissão de
residência.
20 e 21 de março – As autoridades cubanas mantêm contato com o
Departamento de Estado e a SINA, para continuar exigindo a imediata devolução de
todos os passageiros e tripulantes da aeronave seqüestrada, dos seqüestradores e do
avião. As autoridades norte-americanas informam que não devolveriam os seis
seqüestradores e que o avião havia sido embargado por decisão de uma corte norte-
americana, em resposta a uma demanda interposta por uma contra-revolucionária de
Miami.
26 de março – A USAID anuncia que concederá fundos ao projeto de transição
para Cuba, da Universidade de Miami, no valor de um milhão de dólares.
O secretário de Estado, Colin Powell, comparece ante o Subcomitê de Verbas
do Senado e anuncia que o orçamento que apresenta inclui 26,9 milhões de dólares
para as transmissões contra Cuba da Rádio e Televisão Martí.
31 de março – Seqüestrado um avião AN-24 na rota Ilha da Juventude –
Havana, com 46 pessoas a bordo. O seqüestrador, ameaça explodir o avião com uma
granada se não for fornecido combustível para prosseguir o vôo para os Estados
Unidos.
1° de abril – Libertados 22 dos reféns e fornecido combustível para o avião
seguir para os Estados Unidos. Ao aterrissar, os passageiros são algemados, o
seqüestrador e seus cúmplices permanecem em liberdade, o avião é confiscado e a
tripulação retida.
2 de abril – Seqüestro da lancha “Baraguá” com 50 pessoas a bordo, entre as
quais seis crianças e quatro turistas. Com a falta de combustível e a recusa da Guarda
Costeira de ajudar na resolução do incidente, os guarda-fronteiras rebocam o barco de
volta para o porto de Mariel. Os seqüestradores ameaçam assassinar os reféns caso
não lhes seja dado combustível para ir aos Estados Unidos. O seqüestro encerra-se
com o resgate dos reféns e a prisão dos criminosos. Três destes são condenados à
pena de morte e executados após um julgamento sumário previsto na legislação
cubana.
6 de abril – O jornal Sun Sentinel, da Flórida, publica um artigo sobre a
organização contra-revolucionária Comandos F-4 e seu envolvimento em planos de
sabotagem e incursões armadas em Cuba.
10 de abril – Um grupo de oito homens arrebata o fuzil de um soldado cubano
em um depósito das FAR na Ilha da Juventude com o objetivo de seqüestrar um avião
e desviá-lo para os Estados Unidos. Todos são detidos antes de chegar ao aeroporto.
Um juiz federal dos Estados Unidos ratifica a decisão de um magistrado da
Flórida de libertar sob fiança os seis cubanos acusados de seqüestrar e desviar, em
março, um avião de Cuba com 31 pessoas a bordo.
30 de abril – O governo dos Estados Unidos publica o informe anual
“Patrocinadores do Terrorismo Mundial”, incluindo Cuba como apoiadora do terrorismo.
9 de maio – Cuba denuncia em conferência de imprensa a atuação dos governo
dos Estados Unidos nos últimos incidentes, inclusive com a chamada “dissidência”, e
apresenta provas do envolvimento do chefe da SINA, James Cason, em atividades
contra o governo e soberania cubanas.
12 de maio – O governo dos Estados Unidos expulsa sete diplomatas cubanos
acreditados perante a Organização das Nações Unidas em Nova York por realizarem
“atividades fora de sua capacidade oficial”.
13 de maio – O governo dos Estados Unidos expulsa sete diplomatas da Seção
de Interesses de Cuba em Washington.
20 de maio – O governo Bush “comemora” a independência de Cuba
convidando para a cerimônia diversos contra-revolucionários, entre os quais terroristas
já detidos algumas vezes pelas próprias autoridades norte-americanas, como Eusebio
de Jesús Peñalver Mazorra, Ernesto Díaz Rodríguez e Ángel Francisco D'fana Serrano.