UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE
ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM
Ana Cristina Coimbra Lemos Jôsy Fernanda Pires de Oliveira
Patricia Rodrigues de Paula Viviane Gomes Pains
IMPACTO DO FECHAMENTO DO ENTEROSTOMA NA QUALIDADE DE VIDA
Governador Valadares
2009
1
ANA CRISTINA COIMBRA LEMOS
JÔSY FERNANDA PIRES DE OLIVEIRA PATRICIA RODRIGUES DE PAULA
VIVIANE GOMES PAINS
IMPACTO DO FECHAMENTO DO ENTEROSTOMA NA QUALIDADE DE VIDA
Trabalho de Conclusão de Curso como exigência para obtenção do título de bacharel em Enfermagem da Área de Ciências Biológicas da Saúde pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.
Orientador: Débora Moraes Coelho Co-orientador: Paulo Roberto Rodrigues Bicalho
Governador Valadares
2009
2
ANA CRISTINA COIMBRA LEMOS
JÔSY FERNANDA PIRES DE OLIVEIRA
PATRICIA RODRIGUES DE PAULA
VIVIANE GOMES PAINS
IMPACTO DO FECHAMENTO DO ENTEROSTOMA NA QUALIDADE DE VIDA
Trabalho de Conclusão de Curso como exigência para obtenção do título de bacharel em Enfermagem da Área de Ciências Biológicas da Saúde pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.
Governador Valadares, de de .
Banca Examinadora:
___________________________________________________________ Profª. Débora Moraes Coelho - Orientadora
Universidade Vale do Rio Doce
___________________________________________________________ Profª. Ana Carolina de Oliveira Martins Moura
Universidade Vale do Rio Doce
___________________________________________________________ Profª. Késia Salvador Pereira
Universidade Vale do Rio Doce
___________________________________________________________ Enfª. Danielle Miranda
Coordenadora do CADEF
3
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, Pai
Onipotente, por tudo aquilo que nos tem legado ao longo
da vida. Aos nossos familiares que sempre estiveram do
nosso lado, compreenderam nossa ausência, apoiando-
nos em momentos difíceis e de superação. Aos nossos
mestres pela contribuição de nosso crescimento
intelectual e profissional e a todos que contribuíram de
uma forma direta ou indiretamente e acreditaram que a
ousadia e os erros são caminhos para as grandes
conquistas.
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus pelo dom da vida, que nos propiciou o alcance de mais um
objetivo.
A todos os familiares e amigos, pelo amor, apoio, incentivo e por acreditar que
conseguiríamos chegar até aqui.
Aos colegas da faculdade que, no decorrer do curso, contribuíram para que
pudéssemos estar agora agradecendo a todos.
Aos mestres que fizeram parte desta história acadêmica.
À nossa orientadora, Débora Moraes Coelho e o co-orientador Paulo Roberto
Rodrigues Bicalho, por ter nos conduzido e compartilhado os seus conhecimentos,
com competência e dedicação.
Ao CADEF de Governador Valadares por ter autorizado a coleta de dados deste
trabalho. Em especial a coordenadora Danielle Miranda e a enfermeira késia
Salvador por sua contribuição.
Aos pacientes, pela boa acolhida ao serem entrevistados.
5
“O que resta daqui pra frente não é apenas fazer a
diferença, mas conquistar a confiança e o
reconhecimento profissional com sabedoria e
discernimento para exercer a arte do cuidar”.
Autor desconhecido
6
RESUMO O objetivo desta pesquisa foi analisar e comparar o nível da Qualidade de Vida (QV) dos pacientes submetidos ao fechamento da ostomia, atendidos pelo cirurgião do ambulatório de ostomizados do CADEF - Centro de Apoio ao Deficiente Físico da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Governador Valadares - MG, no período de janeiro a julho de 2008. Para tanto, a pesquisa consubstanciou em dados teóricos, destacando-se, Soares et al. 2008; Cesaretti et al. (1997); Cascais; Martini; Almeida (2007). Abordou-se sobre dados históricos desse procedimento cirúrgico a ostomia - abertura realizada no abdome na qual uma pequena parte do intestino fica acima da pele e serve para excretar fezes ou urina -, técnicas aplicadas, função do enfermeiro e a QV do paciente ostomizado. A metodologia utilizada foi através de uma pesquisa quantitativa, descritiva, analítica e retrospectiva. Participaram da pesquisa seis sujeitos, sendo uma mulher e cinco homens, com idade variando entre 19 e 73 anos. O instrumento de Coleta de dados foi o Short Form-36(SF-36) Health Survey ou simplesmente “Questionário Genérico SF-36”. Este questionário foi traduzido e validado no Brasil em 1997, por uma pesquisadora da USP/SP. O questionário avalia oito dimensões, de modo a se estabelecer um padrão de QV. Os resultados obtidos junto aos sujeitos da pesquisa demonstraram que os pacientes submetidos ao fechamento da ostomia tiveram uma melhora significativa de QV, com base nos questionários subjetivos a que eles foram submetidos e analisados nos termos e características próprias do SF-36 Health Survey.
Palavras-chave: Ostomia. Cirurgia. Qualidade de vida.
7
ABSTRACT
The objective of this research was to analyze and to compare the level of the Quality of Life (QV) of the patients submitted to the closing of the ostomy, assisted by the surgeon of the clinic of ostomized of CADEF - Centro de Apoio ao Deficiente Físico da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Governador Valadares - MG, in the period of January to July of 2008. For so much, the research based in theoretical data, standing out, Soares et al. 2008; Cesaretti et al. (1997); Cascais; Martini; Almeida (2007). it was Approached on historical data of that surgical procedure the ostomy - opening accomplished in the abdomen in the which a small part of the intestine is above the skin and it is to excrete feces or it urinates -, applied techniques, the nurse's function and QV of the patient ostomized. The used methodology was through a research quantitative, descriptive, analytical and retrospective. They participated in the research six subjects, being a woman and five men, with age varying between 19 and 73 years. The instrument of Collection of data was the Short Form-36(SF-36) Health Survey or simply " Generic Questionnaire SF-36 ". This questionnaire was translated and validated in Brazil in 1997, for a researcher of USP/SP. THE questionnaire evaluates eight dimensions, in way settling down a pattern of QV. The results obtained the close to subject of the research demonstrated that the patients submitted to the closing of the ostomy had a significant improvement of QV, with base in the subjective questionnaires the one that they were submitted and analyzed in the terms and own characteristics of SF-36 Health Survey.
Key-Words: Ostomy. Surgery. Life quality.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Idade.................................................................................................... 33
Gráfico 2: Gênero................................................................................................. 34
Gráfico 3: Capacidade funcional.......................................................................... 36
Gráfico 4: Aspectos físicos................................................................................... 36
Gráfico 5: Ausência de dor................................................................................... 37
Gráfico 6: Estado geral de saúde......................................................................... 38
Gráfico 7: Vitalidade............................................................................................. 39
Gráfico 8: Aspectos sociais.................................................................................. 40
Gráfico 9: Aspectos emocionais........................................................................... 41
Gráfico 10: Saúde mental.....................................................................................42
Gráfico 11: Aspectos de saúde da população estudada......................................43
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LISTA DE SIGLAS CADEF - Centro de Apoio ao Deficiente Físico
CEP - Conselho de Ética em Pesquisa
GRS – Gerência Regional de Saúde
HROQL – Saúde Relacionada à Qualidade de Vida
OMS - Organização Mundial de Saúde
QV - Qualidade de Vida
QVRS - Qualidade de Vida Relacionado à Saúde
SF-36 – Short - Form Helth survey
SP - São Paulo
TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UNIVALE - Universidade Vale do Rio Doce
USP - Universidade São Paulo
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................14
2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................14 2.2 TÉCNICA CIRÚRGICA........................................................................................16
2.3 O CUIDAR DO ENFERMEIRO COM O OSTOMIZADO......................................19 2.4 CONSEQUÊNCIAS DAS OSTOMIAS NA QUALIDADE DE VIDA......................20
2.5 QUALIDADE DE VIDA ........................................................................................25 3 MÉTODO................................................................................................................29
3.1 TIPO DE PESQUISA...........................................................................................29
3.2 POPULAÇÃO ......................................................................................................29
3.3 LOCAL DA PESQUISA .......................................................................................29 3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS............................................................30
3.5 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................32
4.1 IDADE E GÊNERO RELACIONADO AOS 6 PACIENTES SUBMETIDOS À RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO DE JANEIRO A JULHO DE 2008........................................................................................................33 4.2 DIMENSÕES DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADO AOS 6 PACIENTES SUBMETIDOS À RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO DE JANEIRO A JULHO DE 2008..............................................................................35
4.3 ASPECTOS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO ESTUDADA....................................42 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................45 REFERÊNCIAS.........................................................................................................47 APÊNDICE................................................................................................................53 ANEXOS ...................................................................................................................55
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1 INTRODUÇÃO Este trabalho trata-se do estudo sobre o impacto do fechamento do
esterostoma na qualidade de vida (QV) do indivíduo acometido por esse
procedimento cirúrgico, restringindo-se à consideração das ostomias do tubo
digestivo, portanto o termo ostomia neste estudo será sinônimo de enterostoma.
A realização desta pesquisa surgiu do interesse dos acadêmicos que
participaram de uma reunião no Centro de Atendimento ao Deficiente Físico -
CADEF, com os pacientes ostomizados para fins de educação, apoio e fornecimento
de dispositivo para coletas de efluentes.
Diante desse contexto, o objetivo da pesquisa foi analisar o impacto do
fechamento da ostomia na QV dos pacientes atendidos pelo cirurgião do CADEF no
período de janeiro a julho de 2008, Para tanto, o trabalho teve como suporte teórico,
estudiosos, tais como: Soares et al. 2008; Cesaretti et al. (1997); Cascais; Martini;
Almeida (2007).
Com base nisso, o trabalho foi estruturado em capítulos, sendo que o primeiro
obordou: sobre dados históricos, cujas ostomias remontam uma data 350 a.C; a
técnica cirúrgica e procedimentos a ela vinculados; a importância do enfermeiro
especializado em cuidados com os ostomizados, os estomaterapeutas; as
consequências das ostomias na QV e elucidações sobre a QV.
Nesse capítulo definiu que a Ostomia é um procedimento cirúrgico que
consiste na abertura de uma comunicação de uma víscera oca com o meio externo,
que se designa por estoma, palavra de origem grega que significa “boca”. A
finalidade desse é o desvio do conteúdo da víscera para o exterior (CASCAIS;
MARTINI; ALMEIDA, 2007).
Desde a Segunda Guerra Mundial, as ostomias temporárias vêm sendo
empregadas de forma rotineira como tratamento para lesões traumáticas colorretais
(GARBER apud SOUZA et al., 2006).
A partir de meados do século XX até os dias de hoje, ocorreu uma grande
evolução nas técnicas cirúrgicas utilizadas na realização de ostomias e nos
equipamentos e dispositivos disponíveis (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007).
São varias razões que levam à necessidade da realização de uma ostomia,
sendo predominantes às neoplasias e os ferimentos por arma de fogo ou branca,
essas podendo ser temporárias, cujo fechamento se dará em um tempo variável de
12
acordo com as condições relacionadas ao portador ou definitivas, permanecendo
durante toda a vida da pessoa (BELLATO et al., 2006).
Independentemente de ser temporária ou definitiva, a realização desse
procedimento acarreta uma série de mudanças na vida do ostomizado e requer um
cuidado especializado de enfermagem.
Ao passar do tempo, a pessoa desenvolve estratégias de enfrentamento, com
as quais passa a lidar em seu cotidiano, mesmo assim a presença de uma ostomia
pode resultar em problemas físicos, psíquicos, sociais e espirituais contribuindo para
uma diminuição da sua qualidade de (QV).
A definição de QV pode ser dada de forma genérica ou relacionada à saúde.
De maneira geral, a definição mais difundida atualmente é a da Organização
Mundial da Saúde (OMS) que a define como a percepção que o indivíduo tem da
sua vida, considerando seu contexto cultural, seus valores e seus sentimentos,
expectativas e necessidades. Esse conceito engloba dimensões amplas, como o
bem-estar físico, mental e social, e a relação desses aspectos com o ambiente em
que vive (KLUTHCOVSKY, TAKAYANAGUI, 2007).
De acordo com esse conceito, ter boa QV significa não apenas que o
indivíduo tenha boa saúde física e mental, mas que esteja bem consigo, com a vida
e com as pessoas com quem convive, capaz de reagir de forma satisfatória frente
aos problemas e ter controle sobre os acontecimentos do cotidiano (THE WORLD
apud SOARES et al., 2008).
Com o fechamento da ostomia acredita-se que o indivíduo terá maior chance
de regressar a seus hábitos normais, dentre eles, a prática de exercícios físicos,
retorno do controle fecal e eliminação de gases, o que acarretara uma melhora no
convívio social contribuindo assim para otimização de sua QV.
O fechamento de colostomia em alça é geralmente visto pela maioria dos cirurgiões como procedimento de fácil execução, entretanto, a literatura relata taxas de morbidade que variam de 10 a 49% (GARNJOBST apud SOUZA et al., 2006, p. 02).
Mas segundo Carreiro et al., (2000) o fechamento de ostomias na prática
pode ser tecnicamente difícil e, frequentemente, seguida de complicações que
prolongam a permanência hospitalar, podendo até mesmo levar o paciente a óbito,
portanto não deve ser considerado como um procedimento simples.
13
O método adotado na pesquisa é da ordem quantitativa, descritiva, analítica e
retropesctiva, aplicado em pacientes atendidos pelo cirurgião do ambulatório de
ostomizados do CADEF da Secretaria Municipal de Saúde do Município de
Governador Valadares - MG, no período de janeiro a julho de 2008. Foi realizado
uma avaliação de QV com intuito de alcançar esses objetivos supra citados, através
de questionário SF-36, o qual foi utilizado por Ciconelli (1997) para avaliar aspectos
da QV de portadores de artrite reumatoide e proceder sua tradução e validação. A
partir desta tradução vários autores têm usado este instrumento para aferir a QV em
diversas situações.
No capítulo seguinte, foram apresentados os resultados da pesquisa com os
pacientes ostomizados e discussão desses através de amostragens gráficas com
dados como, aspectos demográficos da população estudada: idade e gênero;
verificou-se o impacto do fechamento da ostomia nos seguintes aspectos:
capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, emocionais e saúde mental; verificou-se aspectos de saúde da
população estudada; correlacionou-se aspectos do estado de saúde dos pacientes
antes e depois da cirurgia, através do Medical Outcomes Study 36-item Short-Form
Helth Survey (SF-36).
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 HISTÓRICO
A história das ostomias é antiga, se estende desde 350 a.C. onde foram
relatadas as primeiras operações abdominais descritas por Aurelianus Caelius. Na
idade média não houve crescimento significativo por consequência do conceito
eclesiástico do corpo sagrado, na renascença houve um impulso maior pela
utilização da necropsia pelos médicos. Mas é a partir do início do século XVIII, que
os relatos de colostomias se tornam mais frequentes (CASCAIS; MARTINI;
ALMEIDA, 2007).
Segundo Lima e Ferraz (2003) a proposição de uma solução cirúrgica foi do
médico francês, Alex Lithre, que recomendou a construção de uma colostomia após
ter realizado a autópsia de um recém-nascido, realizando a intervenção para
tratamento de um câncer obstrutivo no início do século XVIII.
Em 1709 Lorenz Heister, um cirurgião alemão, teria realizado operações de
ostomia em soldados que apresentavam ferimentos intestinais. Com o passar do
tempo descobriu-se que a técnica de Heister consistia na fixação das feridas à
parede abdominal e não na realização de verdadeiras ostomias (CESARETTI et al.,
1997).
Em 1710 Lithre criou a sistematização para realizar uma colostomia. O
paciente, antes portador de carcinoma obstrutivo, sobreviveu à cirurgia, mas faleceu
28 dias depois por retenção de mercúrio (utilizado no pré-operatório como laxante),
sendo, cecostomia inguinal transperitoneal a técnica utilizada. Palfyn (1726),
sabendo da tendência do peritônio em formar aderências, fez aproximação
peritônio/intestino lesionado (fístula), cessando o processo infeccioso pela
cicatrização espontânea (CESARETTI et al., 1997).
Em 1776, Pillore realizou com sucesso uma cecostomia inguinal. Em 1783,
Dubois relata a realização de uma colostomia em uma criança recém-nascida de três
dias com imperfuração anal e em 1793 realiza a primeira colostomia inguinal
15
esquerda num paciente com ânus imperfurado (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA,
2007).
Baum, em 1879, deparando-se com uma obstrução neoplásica do cólon
ascendente realiza a primeira ileostomia para derivação fecal (GORDON;
MACDONALD; CATALDO, 2007).
Até 1879, constatavam-se 262 colostomias,165 pela técnica de Amussat e 84
por Lithre. A mortalidade era em torno de 40%, devido a peritonites causadas por
obstrução prolongada pré-cirúrgica que levavam à paralisia, caquexia e não pela
abertura do peritônio durante o ato cirúrgico, como pensava-se antes (CESARETTI
et al., 1997).
Em países anglo-saxões, considera-se o método de Allinghan (1887) como a
primeira colostomia lateral. A forma moderna de ostomia lateral surgiu em 1888,
com Carel Maydl prolapsando uma alça intestinal sobre um cilindro (CESARETTI et
al., 1997).
Em 1893, Amussat baseando-se nos estudos do anatomista Callisen (1798 –
1817), realizou colostomia lombar extraperitoneal, porém tinha grandes chances de
prolapsar, pois era muito sensível à pressão e desconfortável, não podendo ser
limpa pelo próprio paciente devido à localização (CESARETTI et al., 1997).
Em 1943, é realizada a primeira proctocolectomia com ileostomia definitiva em uma jovem também acometida de colite ulcerativa, por Gavin Miller. Apesar de nos últimos anos do século XIX, os princípios básicos para a realização das colostomias já estivessem estabelecidos, no início da década de 1950, a designada "era moderna das ostomias", são alcançados novos conhecimentos em especial através dos trabalhos de Patey (enfatizando a sutura colo-cutânea) e de Butler (excisão combinada do reto) (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007, p. 03).
Observa-se que houve evolução na técnica inicial de ostomia, ocorrendo
mudanças significativas, principalmente na tentativa de se reduzir a serosite, o risco
de estenose e infecção. Chegando-se em 1952, através dos trabalhos de Bryan
Brooke, a técnica de inversão e maturação ainda era utilizada (CESARETTI et al.,
1997).
Atualmente, existem técnicas cirúrgicas e tecnologias que facilitam e
melhoram a atenção aos ostomizados, além do que o mercado oferece uma ampla
16
gama de produtos a essas pessoas. Sendo assim, esses se beneficiam com maior
conforto e uma melhora na sua QV (FARIAS; GOMES; ZAPPAS, 2004).
2.2 TÉCNICA CIRÚRGICA
Ostomia é uma abertura realizada no abdome na qual uma pequena parte do
intestino fica acima da pele e serve para excretar fezes ou urina. É de cor vermelha,
parecido com o interior dos lábios. Após a operação fica dilatado, mas reduz durante
os primeiros meses. Existem três tipos de ostomias de eliminação: colostomias, cuja
parte do intestino grosso - o cólon - vai até ao exterior para eliminar as fezes, estas
serão de pastosas a sólidas e consistentes; ileostomias, da qual parte do intestino
delgado - o íleo - vai até ao exterior para eliminar as fezes, estas serão líquidas e
abundantes (mais tarde serão pastosas, conforme a alimentação) e urostomias,
abertura no abdome, feita para escoar a urina procedente dos condutos urinários
(NETTINA, 2003).
Independente do tipo de ostomia realizada, o objetivo é a exclusão total do
trânsito fecal, a fim de evitar a contaminação dos tecidos adjacentes pelo
extravasamento de fezes e permitir condições locais para a cicatrização completa da
lesão, podendo o trânsito intestinal ser restabelecido posteriormente em alguns
casos (CARREIRO et al., 2000).
São vários os motivos que levam a execução desse procedimento dentre os
mais frequentes estão os traumas, doenças congênitas, doenças inflamatórias,
tumores, câncer de intestino e bexiga, podendo essas intervenções ser temporária,
cuja reconstrução do trânsito intestinal é possível com reversão da defecação pelo
ânus, ou definitiva, quando essa possibilidade é inexistente.
A confecção adequada de uma ostomia se dá por diversas técnicas, com
índices e tipos diferentes de complicações que requerem cuidados específicos,
devendo ser realizados numa área que assegure boa aderência do dispositivo de
coleta e seja de fácil visualização para o paciente. Técnicas são fundamentais para
facilitar os cuidados com o ânus artificial (MEIRELLES; FERRAZ, 2001).
17
Cabe ao cirurgião explicar ao paciente o motivo da cirurgia, tipo de ostomia
previsto, cuidados de manejo e as complicações que podem vir a ocorrer
(BECHARA et al., 2005).
Segundo Mendonça et al., (2007) na fase pré-operatória das ostomias deve
priorizar a avaliação do paciente nas esferas física e psicossocial, identificando o
nível de autocuidado prévio e em vigência da doença. Nessa fase tanto o paciente
como os seus familiares estão ávidos e receptivos por informações que lhes deem
subsídios para trabalhar a ansiedade e o medo do desconhecido e ativar os
mecanismos de enfrentamento.
As variáveis que devem ser avaliadas durante a consulta pré-operatória são o
conhecimento do indivíduo sobre o seu diagnóstico e possibilidades de tratamento;
os antecedentes familiares relacionados ao diagnóstico, buscando um perfil
epidemiológico; os antecedentes alérgicos principalmente de pele, os hábitos de
eliminação e respectivas alterações promovidas pela doença e tratamento; as
atividades de vida diária relacionadas ao autocuidado; as atividades sociais, de lazer
e trabalho; o estado emocional, identificando o impacto da doença e as expectativas
quanto à ostomia, além de avaliar o nível de ansiedade e as estratégias de
enfrentamento; o padrão cultural e respectivas influências étnicas e religiosas,
observando-se o nível de compreensão, o estado nutricional, as habilidades
psicomotoras, as condições da parede abdominal e o aspecto da região perineal
(MENDONÇA et al., 2007).
Uma das técnicas utilizadas para a realização de uma ostomia é o
seguimento da alça que deve ser preparada de maneira a permitir mobilidade
suficiente para ser exteriorizado sem tensão, dobras ou comprometimento da
irrigação (GORDON; MACDONALD; CATALDO, 2007).
No local demarcado para exteriorização é feita uma incisão circular na pele de
cerca de 2 cm, dissecção do subcutâneo e da aponeurose que é aberta em cruz,
apresentando o músculo reto abdominal que será divulcionado longitudinalmente
permitindo a abertura do peritônio. A alça é então tracionada e fixada a pele
respeitando uma altura de 1,5 a 2 cm no caso de colostomias e 5 a 6 cm para
ileostomias (LIMA; FERRAZ, 2003).
A colostomia do transverso irá localizar-se no quadrante superior do abdome
à direita ou à esquerda, a do sigmoide e do ceco nas fossas ilíacas esquerda e
direita respectivamente, obedecendo a uma distância mínima de 5 cm da linha da
18
cintura, crista ilíaca, rebordo costal, região umbilical, púbis e cicatriz cirúrgica em
adultos (MEIRELLES; FERRAZ, 2001).
A mobilidade do íleo permite optar-se pelo melhor ponto de fixação
respeitando as distâncias preconizadas. A posição de uma ostomia pode variar com
a presença de cicatrizes, obesidade e estilo de vestimenta, devendo-se evitar áreas
de dobras ou irregularidades da pele (GORDON; MACDONALD; CATALDO, 2007).
Silva et al., (2006) realizaram um estudo com objetivo de determinar as
características demográficas dos pacientes submetidos à correção cirúrgica, analisar
as operações realizadas e as complicações delas decorrentes. Foi feita uma análise
retrospectiva dos prontuários dos pacientes submetidos à reconstrução de trânsito
intestinal no Hospital Regional da Asa Norte em um período de 4 anos (2001-2004),
onde foram incluídos 70 pacientes, com idade média de 42,5 anos. Dentre as
intercorrências cirúrgicas pôde-se citar a infecção (11,4%) e a deiscência de ferida
operatória (5,7%), evisceração (2,8%), formação de fístula (2,8%) e o abscesso
intracavitário (1,4%). Não houve óbitos, no entanto demonstrou que o fechamento da
ostomia acarreta elevados índices de morbimortalidade, dependente do
procedimento realizado na operação inicial, da técnica operatória necessária na
reconstituição do trânsito intestinal e dos fatores de risco inerentes ao paciente. A
operação para reconstrução do trânsito intestinal não é desprovida de complicações,
portanto, torna-se necessário uma indicação precisa para a realização de uma
ostomia.
Ao programar uma cirurgia de restituição de uma ostomia, é de extrema
importância aguardar a superação do trauma cirúrgico anterior, que é característico
de paciente para paciente. Antes de indicar o procedimento deve certificar-se do
estado geral do indivíduo, e a condição dos segmentos intestinais envolvidos,
avaliados através de estudos contrastados ou endoscópicos (GHORRA apud
CASTRO et al., 2004).
Dependendo do paciente, uma diverticulite aguda complicada, um tumor de
cólon obstrutivo, uma lesão crônica por projétil de arma de fogo ou arma branca, ou
ainda uma perfuração durante um exame endoscópico podem provocar respostas
metabólicas e endócrinas variáveis, promovendo também efeitos diversos no
processo de cicatrização das feridas (WONG apud CASTRO et al., 2004).
O tempo de fechamento de uma ostomia é muito relativo podendo variar de
uma pessoa para outra. Na maioria das literaturas encontra-se um período clássico
19
de 8 a 12 semanas, que deve ser analisado com grande senso crítico (CASTRO et
al., 2004). Destarte, o mesmo cuidado e precaução tida na hora de realizar uma
ostomia, devem ser seguidos na hora de fechá-la.
2.3 O CUIDAR DO ENFERMEIRO COM O OSTOMIZADO
Atualmente, existem enfermeiros especializados em cuidados com os
ostomizados, os estomaterapeutas, que devem ser acionados, se possível, no pré-
operatório quando podem auxiliar na demarcação da ostomia (MEIRELLES;
FERRAZ, 2001).
Gemelli e Zago (2002) realizaram um estudo com o objetivo de identificar
como os enfermeiros interpretam o cuidado com o ostomizado em uma instituição
hospitalar. Os resultados demonstraram que a inadequação das práticas desses
processos reflete a falta de conhecimentos atualizados, nos diferentes temas da
reabilitação do ostomizado. As dificuldades com o cuidado não são apenas de
ordem cognitiva. As atitudes dos enfermeiros quanto aos pressupostos do cuidado e
do ensino de pacientes não são coerentes com as suas ações. Assim, o cuidado
com o paciente é interpretado como especial, considerando que o cuidado e o
ensino do paciente/família para a alta hospitalar são processos fundamentais para o
sucesso da reabilitação do ostomizado.
Explicam os autores que essa reabilitação visa restituir-lhe as atividades do
convívio social e melhorar a QV diante do impacto da aquisição da ostomia. A
primeira etapa desse processo deve ser a aceitação da ostomia pelo paciente,
entendendo que essa, foi confeccionada com o intuito de preservar sua saúde. Os
profissionais que estão cuidando dos pacientes ostomizados diretamente devem
prepará-los para uma reabilitação, para que eles possam vencer as dificuldades,
aceitando seu estado físico e assim reinseri-lo na sociedade.
Bellato et al., (2006) realizaram um estudo em que apontou a necessidade da
educação para o autocuidado mais significativamente no período pós-operatório,
uma vez que nesse momento novos hábitos deverão ser incorporados no seu
cotidiano, para que o paciente possa vir a ter uma melhor QV após o procedimento.
20
A partir daí, os cuidados com higiene e alimentação podem assegurar
melhoria em sua vida diária, assim como algum tipo de controle sobre as
consequências da ostomia.
O enfermeiro deve agir como um mediador, facilitador do processo, devendo
estar preparado para ajudar o ostomizado ou candidato a ostomia, a resolver seus
problemas, não só de ordem física como psíquica, social, espiritual, econômica,
entre outros relacionados ao processo de adaptação.
Uma das preocupações para o cuidado é na alteração da imagem corporal,
que leva à sensação de mutilação e rejeição de si mesmo. A realização de uma
ostomia produz mudanças no corpo das pessoas que irão influenciá-la futuramente e
os sentimentos resultantes serão os mais diversos (GEMELLI; ZAGO, 2002).
Associação gaúcha de ostomizados, de acordo com Barbutti, Silva e Abreu,
(2008) concluíram que os enfermeiros, de forma geral, têm noções das estratégias
de cuidado, como o ensino, apoio, envolvimento da família e trabalho
multiprofissional. Porém, as estratégias utilizadas precisam ser desenvolvidas
adequadamente para alcançar suas finalidades. Os autores destacaram ainda, a
necessidade de se desenvolver atividades que possam contribuir com a capacitação
dos profissionais, tendo em mente que o conhecimento científico é a base para o
fazer e as deficiências a serem superadas, considerando os níveis: cognitivo, afetivo
e psicomotor, relacionados a estomaterapia.
2.4 CONSEQUÊNCIAS DAS OSTOMIAS NA QUALIDADE DE VIDA
É importante ressaltar que os pacientes ostomizados passam por dificuldades
físicas, emocionais e psicológicas os quais interferem em sua QV. As alterações
físicas designam a modificações fisiológicas gastrointestinais, perda do controle fecal
e da eliminação de gases, odor das fezes, o uso obrigatório de um dispositivo
aderido ao abdome, realização do autocuidado com a ostomia e a troca de bolsas,
são implicações decorrentes destas alterações (TRENTINI apud CASCAIS;
MARTINI; ALMEIDA, 2007).
21
A incontinência de fezes e gases resultante da abertura de uma ostomia
constitui um problema realmente sério para a pessoa ostomizada, dada à
repercussão física, social e emocional podendo comprometer a sua QV.
Os aspectos emocionais do paciente ostomizado foram ressaltados por
Wanderbrook (1998) apud Sonobe, Barichello e Zago, (2002) que define os dois
impactos enfrentados pelo paciente: a doença e a ostomia. Essa situação implica em
sofrimento, dor, deterioração do corpo ou da vida, incertezas quanto ao futuro, mitos
relacionados a ele, medo da rejeição social, dentre outros.
Ser um indivíduo ostomizado para uma pessoa representa uma agressão a
sua integridade. É uma situação produtora de desequilíbrios psíquicos através da
ruptura da estrutura do eu. O ostomizado, assim, precisa adaptar-se a essa nova
situação em busca da harmonia e da restauração das suas forças. Esses clientes
necessitam de cuidados específicos para conseguirem sua reinserção social
(SANTOS, 1996).
Eysenck (1972) relata que um enfermo que sofre experiências
desestabilizadoras do seu próprio eu pode enfrentar a situação com negociação,
ansiedade reativa ou com subsequente depressão. Existe a possibilidade de que
não se produza resposta emocional alguma, traduzindo-a em formas
psicossomáticas de agir.
Segundo Gemelli e Zago (2002) os problemas sociais podem decorrer da
insegurança causada pela qualidade dos materiais e equipamentos utilizados.
Muitas vezes o paciente pode se sentir vulnerável e isolar-se tanto do convívio
familiar quanto social.
O uso da bolsa coletora pode representar uma mutilação sofrida, pois se
relaciona diretamente com a perda da capacidade produtiva do paciente, assim
como ela pode significar a ele uma espécie de denunciadora sobre sua falta de
controle sobre as eliminações fisiológicas, sobre seu corpo, beleza física e saúde.
Estar ostomizado implica não só no uso dessa bolsa, mas em uma nova maneira de
enxergar seu corpo. Esse é um processo ao mesmo tempo subjetivo, coletivo/social,
e de profundas reflexões sobre a convivência com uma ostomia (BARBUTTI; SILVA;
ABREU, 2008).
A ostomia obriga o paciente a realizar grandes transformações pessoais.
Apesar de manter sua condição encoberta sob as roupas, rompe com os seus
esquemas anteriores e pode levar o paciente a sentir-se diferente dos outros
22
indivíduos do grupo. O impacto da presença da ostomia determina uma alteração de
sua imagem que possibilita o aparecimento de diversas reações à sua realidade,
além da perda vivenciada pelo paciente, durante o ato cirúrgico. É aqui que as
estratégias de enfrentamento pessoal vão ser de importância fundamental para a
recuperação de possíveis danos psicológicos (BARBUTTI; SILVA; ABREU, 2008).
As modificações que têm um impacto a nível emocional e psicológico,
resultam da alteração da imagem corporal e das consequências que daí advém,
sendo definido o modo como se sente e pensa sobre o corpo e a aparência física
que formam um conceito fundamental para uma vida social mais adequada
(PERSSON apud CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007).
Segundo Pereira (2001), imagem corporal é a ideia que cada pessoa faz de
seu próprio corpo, é a forma como cada um se vê. Esse é um conceito muito
subjetivo e pessoal, visto que a imagem corporal que cada um tem de si mesmo nem
sempre coincide com a sua real constituição. O indivíduo aprende a conhecer seu
corpo comparando-o com o de outras pessoas. A ostomia desestrutura a imagem
que o paciente tinha do seu corpo, tornando uma pessoa com sentimentos
diferentes levando a sensação de mutilação, causando a rejeição de si própria, e
dificultando a interação na sociedade.
Sousa (1999) enfatiza que quanto às atividades de lazer/recreação, ocorrem
também modificações. Relativamente às atividades de lazer que são consideradas
passivas, como por exemplo, cinema, televisão, leituras entre outras, habitualmente
não sofre alterações. Contudo, no que se refere às atividades consideradas ativas,
como viajar, realizar algum tipo de esporte, o mesmo não se verifica. As razões para
tais restrições prendem-se com a insegurança derivada da qualidade dos
dispositivos, problemas físicos, dificuldades em higienizar a bolsa, vergonha e medo
de problemas gastrintestinais.
Nesse sentido, Bechara et al., (2005) esclarecem que cerca de metade dos
pacientes, não retomam suas atividades de lazer ou retomam apenas parcialmente,
devido à insegurança, vergonha, ou problemas físicos.
Dessa forma, acredita-se que a presença de uma ostomia acarreta não
somente alteração dos aspectos físicos, como também interfere de modo direto nas
atividades de vida diária do paciente, atividades sociais de relacionamento,
envolvendo aspectos econômicos importantes, afetando de algum modo a QV
desses pacientes.
23
A vida sexual da pessoa ostomizada é também afetada, encontrando-se
intimamente relacionada com o conceito de autoimagem e a consequente
diminuição da autoestima e da percepção de atração sexual. Contudo, por vezes,
tais distúrbios podem estar relacionados com complicações decorrentes do ato
cirúrgico, nomeadamente lesão nervosa. A maioria dos pacientes ostomizados não
retoma a sua atividade sexual ou retomam apenas parcialmente, devido a problemas
físicos, problemas com o dispositivo, vergonha ou medo da não aceitação pelo
parceiro (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007).
A sexualidade não se resume somente a aspectos físicos, mas também a
aspectos psicológicos, a nova forma do corpo, o período de adaptação pós-
operatório e a aceitação de um para o outro que influência muito na função sexual.
O paciente ostomizado muitas vezes se vê como um ser assexuado, diante
deste fato a enfermagem pode atuar no processo reabilitatório tentando assim
proporcionar a esse uma melhor QV (SEMINÁRIO, 2009).
Com relação à atividade sexual, Silva apud Barbutti (2008), observa que essa
obedece a um forte impulso de natureza biológica, mas sua concretização e sua
vivência dependem dos aspectos psicológicos, psicodinâmicos e culturais de cada
indivíduo. O exercício saudável da sexualidade fortalece a autoconfiança, alivia não
só tensões como também as angústias.
Coelho et al., (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de identificar
como a mulher portadora de ostomia percebe sua sexualidade e ainda verificar os
conflitos, sentimentos e mudanças vivenciadas por ela após a cirurgia de ostomia.
Utilizando-se como método uma seleção de mulheres entre 20 e 60 anos portadoras
de colostomia ou ileostomia com experiência sexual, sendo aplicado um instrumento
de coleta de dados contendo uma parte de identificação das colaboradoras, dados
sócio-demográficos e clínicos dos pacientes. Obteve-se como resultado que a
percepção sobre a sexualidade e o vínculo com o parceiro anterior ao ato cirúrgico
foram fatores que contribuíram de forma significativa para a ocorrência ou não de
mudanças no relacionamento.
Farias; Gomes; Zappas (2004) realizaram um estudo descritivo com o objetivo
de identificar as alterações causadas por uma ostomia no viver de seus portadores.
Foram realizadas entrevistas com oito ostomizados de uma cidade do Rio Grande do
Sul. Verificaram que esses pacientes têm sua perspectiva de vida alterada, precisam
adaptar-se ao uso de equipamentos, sentem medo da nova situação, têm sua
24
imagem corporal desfeita, autoestima diminuída e sexualidade comprometida,
perdem o controle sobre o corpo e sentem-se estigmatizados. Algumas pessoas
afastam-se do seu convívio enquanto outras se fazem mais presentes como forma
de apoio. Verificaram que são complexas as alterações causadas pela ostomia e
que a compreensão dessas pelo enfermeiro tornam-se importantes no sentido de
propiciar o planejamento de um cuidado mais efetivo, humano e de qualidade.
Ao longo do tempo o ostomizado vai se adaptando. Nos primeiros dias de
pós-operatório, esse não consegue nem mesmo olhar para a ostomia, dependendo
da evolução da sua doença, e com as possibilidades de adaptação encontradas
desenvolve estratégias de enfrentamento com as quais passa a lidar com os
problemas ou modificações cotidianas ocorridas em função da ostomia. Assim, a
pessoa precisa de um tempo para adaptar-se à sua nova condição, que pode levar
dias, semanas ou meses (WANDERBROOK 1998 apud SONOBE; BARICHELLO;
ZAGO, 2002).
A aceitação da ostomia é um processo lento e conquistado com o passar do
tempo, após superar as dificuldades iniciais o ser humano percebe que é capaz de
lidar com a bolsa, no entanto o paciente diante dessa patologia continuará com a
autoestima baixa, uma vez que, esse não se enquadra nos padrões estéticos da
sociedade, divide preconceitos e aceitação das diferenças.
Mesmo quando os pacientes relatam situações de boa adaptação em relação ao uso das bolsas de colostomia, estes são continuamente desafiados pela possibilidade de ocorrência de complicações ou mesmo da recidiva da própria doença. Isto implica que a presença da ostomia passa a ter um significado secundário e perpassa por um discurso que dá a idéia aparente de aceitação (SONOBE; BARICHELLO; ZAGO, 2002, p. 02).
A ostomia não representa, necessariamente, o fim da vida desses pacientes,
porque poderão adquirir uma melhor QV através da busca de um viver em plenitude,
participando de atividades que lhes tragam motivação e os estimulem, conduzindo-
os a um viver confortável, seguro e feliz (FARIAS; GOMES; ZAPPAS, 2004).
25
2.5 QUALIDADE DE VIDA
Segundo Fleck et al., (1999) a expressão QV foi empregada pela primeira vez
pelo presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson em 1964, ao declarar que os
objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos e sim através da
QV que proporcionam às pessoas. O interesse em conceitos como padrão de vida e
QV foram inicialmente partilhados por cientistas sociais, filósofos e políticos. O
crescente desenvolvimento tecnológico da medicina e ciências trouxe como uma
consequência negativa a sua progressiva desumanização.
Assim, a preocupação com o conceito de QV refere-se a um movimento
dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais
amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da
expectativa de vida (FLECK et al., 1999).
Seidl e Zannon (2004) informam que o termo QV relacionada à saúde é muito
frequente na literatura e tem sido usado com objetivos semelhantes à conceituação
mais geral. No entanto, parece implicar os aspectos mais diretamente associados às
enfermidades ou às intervenções em saúde. É possível identificar, nas
conceituações de Guiteras e Bayés, Cleary et al. e Patrick e Erickson (1993), apud
Eb Rahim (1995), as definições que ilustram os diferentes usos do termo QV
relacionada à saúde como referência ao impacto da enfermidade.
Guiteras e Bayés (1993) afirmam que QV relacionada à saúde é a valoração
subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, em relação ao seu
estado de saúde.
Cleary, et al. (2004) consideram que vários aspectos da vida de uma pessoa
são afetados por mudanças no seu estado de saúde, e que são significativos para a
sua QV.
Portanto Patrick e Erickson (1993) apud Eb Rahim (1995) informam que QV
relacionada à saúde é o valor atribuído à duração da vida, modificado pelos
prejuízos, estados funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por
doença, dano, tratamento ou políticas de saúde.
De acordo com Sousa (1999), hábitos de vida determinam estado geral de
saúde, portanto dependendo de seus hábitos será necessário mudá-los para manter
26
a saúde do corpo e da mente. Além disso, devem ser levados em consideração a
história pregressa da pessoa e os fatores de risco que ela apresenta.
kluthcovsky; Takayanagui (2007) notificaram que o termo qualidade de vida
relacionada à saúde (QVRS) é uma tradução da expressão inglesa Health Related
Quality of Life (HROQL) de variada aplicação e significado impreciso. HROQL
agrega e relaciona os aspectos envolvidos na definição genérica, com a questão da
doença e das intervenções em saúde.
O conceito de HROQL é mais específico que a definição de QV apresentada
pela OMS, pois inclui dentro da percepção de saúde física e mental, outros aspectos
como, por exemplo, a capacidade funcional, os aspectos físicos, sociais, econômicos
e outros aspectos relacionados ao processo saúde-doença (KLUTHCOYSKY;
TAKAYANAGUI, 2007).
A HROQL pode ser avaliada de forma individual ou de forma coletiva. Ao
avaliar a HROQL de um indivíduo deve-se considerar a relação da saúde física,
mental e social com os seguintes fatores: riscos e condições de saúde, exposição à
doença, predisposição genética, estado funcional, suporte social e condição
socioeconômica. Ao avaliar a HROQL de uma comunidade deve-se considerar os
recursos, as condições, as políticas e as práticas que podem influenciar a percepção
de saúde e a capacidade funcional da população (SOARES et al., 2007).
Embora não haja consenso sobre o conceito QV, um grupo de especialistas
da OMS, de diferentes culturas, num projeto colaborativo multicêntrico, obteve três
aspectos fundamentais referentes ao construto QV: a subjetividade, a
multidimensionalidade que inclui as dimensões física, psicológica e social e a
bipolaridade, presença de dimensões positivas e negativas (FLECK et al., 1999).
Para o paciente ostomizado, a QV será o alcance máximo de bem-estar e
autonomia, além da sua volta às atividades diárias. O próprio paciente deve avaliar
essa qualidade a qual, em alguns casos torna-se até melhor do que antes. Sendo a
reabilitação a meta principal da equipe que assiste o ostomizado, seu alcance
significa inseri-lo novamente na sociedade, identificando e ultrapassando os
obstáculos que possam impedir sua adaptação (ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE
OSTOMIZADOS, 2006 apud BARBUTTI; SILVA; ABREU, 2008).
A partir da perspectiva de conhecer de forma objetiva o estado de saúde de
pacientes submetidos ao fechamento da ostomia, utilizou-se o questionário SF-36
27
instrumento de avaliação genérica de saúde, originalmente criado na língua inglesa,
de fácil administração e compreensão (CICONELLI, 1997).
Ciconelli (1997) desenvolveu uma versão para a língua portuguesa do
instrumento SF-36 após o processo de tradução, adaptação cultural e suas
propriedades de medida para avaliar pacientes brasileiros portadores de artite
reumatoide. O questionário foi administrado por entrevistas, devido ao baixo nível
socioeconômico e de analfabetismo dos pacientes. O tempo médio de administração
foi de 7 minutos. A avaliação da reprodutibilidade intra e interobservador do
instrumento demonstrada pelo coeficiente de correlação de Pearson foi satisfatória e
estatisticamente significante para os 8 componentes, variando de 0,4426 a 0,8468 e
de 0,5542 a 0,8101, respectivamente. A avaliação da validade construtiva foi
satisfatória e estatisticamente significante, quando os componentes, capacidade
funcional, aspectos físicos, dor e estado geral da saúde foram correlacionados aos
parâmetros clínicos como número de articulações dolorosas e edemaciadas,
avaliação de atividade da doença pelo paciente e pelo médico e avaliação da dor.
A versão para a língua portuguesa do SF-36 é um parâmetro reprodutível e
válido, utilizado na avaliação da QV dos pacientes atendidos pelo cirurgião do
CADEF que passaram pela reconstrução do trânsito intestinal.
Para facilitar a compreensão do SF-36, apresenta-se, a seguir, cada uma das
dimensões, segundo Soares et al. (2007):
a) capacidade funcional é uma dimensão que corresponde à capacidade
e às dificuldades do indivíduo em executar atividades comuns do seu
cotidiano;
b) aspectos físicos, dimensão que reflete a ocorrência de problemas no
trabalho ou no dia-a-dia do indivíduo, em consequência do seu estado
de saúde;
c) dor, dimensão que reflete a presença de dor, bem como a sua
intensidade e a repercussão dessa experiência no trabalho e em casa,
experiência sensorial e emocional associada a um trauma ou a uma
doença;
d) estado geral de saúde, dimensão que reflete a percepção e as
expectativas, do indivíduo em relação à sua saúde;
28
e) vitalidade, dimensão que reflete a percepção do indivíduo em relação à
sua energia e disposição para realizar as atividades diárias frente aos
últimos acontecimentos;
f) aspectos sociais, dimensão que reflete o quanto à saúde física e/ou os
problemas emocionais do indivíduo interferem no relacionamento social
e nas atividades em grupo;
g) aspectos emocionais, dimensão que reflete a ocorrência de problemas
no trabalho ou em casa, decorrentes de problemas emocionais como
depressão ou ansiedade;
h) saúde mental, dimensão que reflete a percepção do indivíduo em
relação ao humor e ao seu estado emocional frente aos últimos
acontecimentos.
29
3 MÉTODO
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, analítica e retrospectiva
que estudou pacientes submetidos ao fechamento da ostomia atendidos pelo
cirurgião do ambulatório de ostomizados do CADEF da Secretaria Municipal de
Saúde do Município de Governador Valadares - MG, no período de janeiro a julho de
2008.
3.2 POPULAÇÃO
A amostra foi composta de todos os pacientes submetidos à cirurgia para
reconstrução do trânsito intestinal que foram atendidos pelo referido cirurgião no
período do estudo. Foram incluídos ao estudo indivíduos capazes nas formas legal e
intelectualmente, em responder verbalmente ao instrumento proposto e aceitar
participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (ANEXO I). Foram excluídos pacientes cujo trânsito intestinal
não pode ser reconstruído, cujos dados documentais foram perdidos e aqueles que
não conseguiram completar 50% da entrevista estruturada.
3.3 LOCAL DA PESQUISA
Para a realização desta pesquisa, os dados documentais foram colhidos nos
prontuários dos pacientes no CADEF em março de 2009, após aprovação do
Conselho de Ética em Pesquisa (CEP), conforme resolução 196/96, que do ponto de
30
vista ético, foram esclarecidos que os achados nos prontuários são de caráter
confidencial.
O CADEF é um órgão municipal vinculado ao estado que tem referência a
Gerencia Regional de Saúde (GRS) de Governador Valadares que atende no total
de 142 municípios. Esse local é reconhecido como espaço social e físico que reúne
os pacientes ostomizados para fins de educação e apoio destacando-se enquanto
suporte para o fornecimento de dispositivo para coletas de efluentes. Possui equipe
multidisciplinar composta por: um médico cirurgião e clínico geral, enfermeira,
psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, técnico de
enfermagem e apoio administrativo.
Inicialmente, foi realizada uma reunião com o responsável pela instituição,
tendo como finalidade esclarecer os objetivos da pesquisa, bem como os
procedimentos que seriam realizados no estudo e a relevância de estudar o impacto
do fechamento da ostomia na QV.
Expediu-se uma carta de autorização da instituição para uso de dados
documentais. A obtenção dos dados documentais foi realizada somente após a
autorização do responsável pela instituição (ANEXO II).
Para a realização da entrevista, os acadêmicos fizeram um contato prévio por
telefone a partir dos endereços coletados dos dados documentais, no qual
agendaram uma visita domiciliar segundo a conveniência do sujeito, com intuito de
explicar os objetivos da pesquisa, sua relevância, bem como esclarecer o TCLE,
deixando claro seu anonimato e o direito de se desligar da pesquisa caso não queira
mais continuar. Somente com a compreensão e assinatura desse termo pelo sujeito,
que os acadêmicos (as) prosseguiram com a aplicação do instrumento de avaliação
da QV.
3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
No primeiro momento foi realizada uma coleta de dados documentais
utilizando o questionário (APÊNDICE I) com as seguintes variáveis: número
corresponde à ordem de realização da cirurgia; tempo, que corresponde ao
31
momento de aplicação do instrumento de avaliação da QV: antes (dados
documentais) ou depois da cirurgia (no segundo momento); nome, sexo e idade que
correspondem aos dados pessoais do paciente; capacidade funcional, aspecto
físico, dor, estado geral de saúde, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde
mental correspondendo aos dados do instrumento de avaliação da QV. Co-
morbidades clínicas e anatômicas, complicações menores e complicações maiores
que correspondem à evolução clínica dos pacientes, foram colhidos a partir dos
prontuários dos pacientes como variáveis categóricas, presentes e ausentes.
Para fim deste estudo foram consideradas como co-morbidades clínicas
condições de saúde adversas que podem interferir na evolução do paciente,
exemplo; senilidade, tabagismo, doenças do aparelho cardiovascular (hipertensão
arterial, infarto, arritmias etc.), doenças do aparelho respiratório (asma, bronquite,
enfisema, etc.) doenças metabólicas (principalmente a diabete) e outras com
características semelhantes.
Em relação às co-morbidades anatômicas considerou como condições
adversas que podem interferir na cirurgia; obesidade, aderências, ressecções
extensas, anastomoses com dificuldades técnicas (próximas ao ânus) e outras com
características semelhantes; como complicações menores: febre que não atrase a
alta hospitalar, seroma, deiscência de pele e outras com características
semelhantes; como complicação maior: íleo adinâmico, fístulas, infecções (ferida
operatória, pulmonar, urinária, etc.), re-operações e com características
semelhantes.
Posteriormente a coleta de dados, foi realizada uma entrevista usando o
instrumento de avaliação da QV (ANEXO IV), a saber: SF-36, validado e disponível
para a utilização no Brasil e que fez parte da avaliação pré-operatória para
reconstrução de trânsito intestinal do referido cirurgião, portanto constante dos
dados documentais do CADEF.
A aplicação desse instrumento foi realizada por acadêmicos (as) do 8º
período de enfermagem da UNIVALE, diretamente com o sujeito em uma visita
domiciliar previamente marcada por telefone. Optou-se pelo SF-36 por ser um
instrumento amplamente usado em vários países, sendo encontrado na literatura em
vários idiomas.
O instrumento é constituído de 36 itens, agregados em oito domínios, a saber:
capacidade funcional (dez itens), aspectos físicos (quatro itens); dor (dois itens);
32
estado geral de saúde (cinco itens); vitalidade (quatro itens), aspectos sociais (dois
itens); aspectos emocionais (três itens); saúde mental (cinco itens).
Além desses, existe um item (o segundo) do SF-36, que corresponde à
questão nº 2, que não está relacionada à avaliação das dimensões apresentadas
anteriormente, e sim à percepção do paciente em relação ao seu estado de saúde
atual quando comparado há de um ano atrás. Cada dimensão é analisada
separadamente e recebe um escore que pode variar de 0 a 100, sendo 0 o pior
estado de saúde/QV, e 100 o melhor.
Para correlacionar os aspectos antes e depois da cirurgia foi usado o
questionário SF-36, aplicado pelo cirurgião no pré operatório para reconstrução do
trânsito intestinal, colhido nos dados documentais do paciente e o questionário SF-
36 reaplicados pelos acadêmicos.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
A organização, armazenagem e a distribuição de frequência foram realizadas
utilizando-se o programa Epi Info, versão 3.5, 09 junho de 2008, no primeiro
momento foi transformado o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios
que é chamado de raw scale, pois o valor final não apresenta nenhuma unidade de
medida. Para análise dos dados SF-36 e comparação intragrupo, avaliações antes
e depois em relação ao período de intervenção, foram utilizadas a prova de teste U
de Mann-Whitney/ Wilcoxon. Considerou-se significativo p < 0,05.
33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa teve como amostra seis pacientes que se submeteram ao
fechamento da ostomia atendidos pelo cirurgião do ambulatório de ostomizados do
CADEF de Governador Valadares no período de janeiro a julho de 2008.
Os seis convidados aceitaram o convite e participaram do estudo. A maior
parte desta amostra, quatro pacientes (64%) foram submetidos à derivação por
trauma (arma de fogo), um (17%) por diverticulite e outro (17%) por câncer.
Foram realizadas três (50%) ileostomias, uma (17%) colostomia no cólon
transverso e duas (33%) colostomias no cólon esquerdo. Dois (33%) pacientes
apresentaram co-morbidades clínicas: senilidade e neoplasia, um (17%) com co-
morbidade anatômica: hérnia na parede lateral esquerda do abdome que não foi
corrigida na cirurgia. Um paciente (17%) apresentou complicação menor: abscesso
de parede e dois (33%) apresentaram complicações maiores: uma fístula de
fechamento espontâneo e uma re-laparotomia por obstrução intestinal
precocemente. Não houve óbito nessa série.
4.1 IDADE E GÊNERO RELACIONADO AOS 6 PACIENTES SUBMETIDOS À
RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO DE JANEIRO A
JULHO DE 2008
19 23 25
57
70 73
n: 6
Idade
19 anos23 anos25 anos57 anos70 anos73 anos
Gráfico 1 - Idade
Fonte: Formulário de coleta de dados aplicado em domicílio
n: 6
34
O gráfico 1 mostra as idades dos 6 pacientes submetidos à reconstrução do
trânsito intestinal, sendo a idade média de 24,5 ± 44,5 anos, cujos três pacientes
com idade entre 19 e 25 tiveram como causa o trauma e dos três com idade entre 57
e 73, podê-se observar que apenas um teve o trauma como causa.
Quando se compara à idade com o que levou a realização da ostomia esse
resultado pode ser entendido de acordo com as considerações estatísticas segundo
Naemt (2004) afirma que os traumas matam ou acometem pessoas de todas as
idades, mas afetam os jovens e adultos jovens de maneira desproporcional, estando
mais frequente que o câncer e doenças cardiovasculares.
A nossa amostra corrobora com um estudo realizado por Curi et al., (2002)
onde o trauma foi à causa mais comum de indicação das ostomias. As maiorias dos
pacientes submetidos a ostomia, foram devido a um trauma abdominal,
considerando os altos índices de violência nos dias de hoje, como era de se esperar.
17%
83%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
FemininoMasculino
Gráfico 2 - Gênero Fonte: Formulário de coleta de dados aplicado em domicílio
O Gráfico 2 mostra que havia um paciente (17%) do sexo feminino e cinco
pacientes (83%) do sexo masculino. Obteve-se uma grande diferença de gênero
entre a amostra da pesquisa, resultado que reflete com a literatura, pois Aquino,
Menezes, Amoedo (1992) informam que os homens adoecem mais do que as
mulheres, dentre as explicações para esse fato estariam de um lado, diferenças
biológicas, com as mulheres apresentando maior resistência a doenças, conferida
35
por fatores genéticos e hormonais. O diferencial encontrado tem sido em parte
atribuído à exposição diferenciada a fatores de risco. Podendo ser confirmado pelo
presente estudo ao ter o trauma como causa prevalente da ostomia (AQUINO;
MENEZES; AMOEDO, 1992; ROUQUAYROL, 2003).
Dessa forma, nos países desenvolvidos e também no Brasil, onde a
esperança de vida assume valores elevados, é sabido que atualmente as mulheres
vivem mais do que os homens (AQUINO; MENEZES; AMOEDO, 1992;
ROUQUAYROL, 2003).
Esta amostra correlaciona com o estudo de Curi et al. (2002), já que a maioria
dos pacientes submetidos à ostomia eram do sexo masculino, em uma faixa etária
economicamente ativa, trazendo assim, um custo social muito importante para a
sociedade.
Para verificar o impacto do fechamento da ostomia nos aspectos:
capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral, vitalidade, aspectos sociais,
emocionais e saúde mental, foi aplicado o questionário SF-36 de forma subjetiva.
Após a marcação de cada item, passa-se à interpretação dos escores.
Os dados, depois de respondidos pelos sujeitos da amostra, foram
transformados os valores das questões anteriores em notas de 8 domínios que é
chamado de raw scale, pois o valor final não apresenta nenhuma unidade de
medida.
Utilizou-se o programa Epi Info para análise dos dados SF-36 e comparação
intragrupo, avaliações antes e depois em relação ao período de intervenção, foram
utilizadas a prova de teste U de Mann-Whitney/ Wilcoxon, disponível apropriado, e
os resultados já saem prontos, em uma escala de 0 a 100. Cada dimensão é
analisada separadamente e recebe um escore podendo variar, ratificando-se 0 o pior
estado de saúde e quanto mais próximo da escala de 100, melhor a QV dos sujeitos.
4.2 DIMENSÕES DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADO AOS 6 PACIENTES
SUBMETIDOS À RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO
DE JANEIRO A JULHO DE 2008
36
55
90
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 3 - Capacidade funcional Fonte: Questionário aplicado em domicílio
De acordo com o gráfico 3 verificou-se que a mediana da capacidade
funcional antes da reconstrução do trânsito intestinal foi de 55, após o fechamento
teve uma melhora para 90. Quando comparado os questionários não houve
diferença significativa p= 0,1689.
Segundo Ramos (2003) a saúde não é mais medida pela presença ou não de
doenças, e sim pelo grau de preservação da capacidade funcional. Isso explica o
resultado desse domínio não ser significativo.
1
100
n: 6
Mediana
AntesDepois
Gráfico 4 - Aspectos físicos
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
37
Observa-se, no gráfico 4, que os aspectos físicos representou uma das
dimensões mais comprometidas nos pacientes que foram submetidos à ostomia,
com pontuação da mediana igual a 1. Com o fechamento a mediana subiu para 100.
Quando comparado os 2 questionários nota-se um impacto significativo na QV com
o fechamento da ostomia p=0,0030.
De acordo com Bellinaso e Silva (2006), aspectos físicos avaliam limitações
quanto ao tipo e quantidade de trabalho, bem como e quanto essas limitações
dificultam a realização do trabalho e das atividades da vida diária.
Esta dimensão reflete nas citações de Nahas (1997), este afirma que as
atividades físicas do ser humano podem ser classificadas como atividade de trabalho
e lazer, o que interferiu diretamente no cotidiano do ostomizado a ponto de ter um
aumento exacerbado para melhora nos aspectos físicos do paciente após o
fechamento.
69,5
91
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 5 - Ausência de dor
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
Em relação ao domínio da dor o questionário mostra que a mediana dos
pacientes ostomizados foi de 69, 5, passando para 91 após o fechamento. Ao
comparar os questionários antes e depois se verifica uma melhora significativa onde
p = 0,0029.
A dor possivelmente é o mais comum dos sintomas de uma alteração da
função física, que costuma ser sinal de alerta no que diz respeito à saúde, é
subjetiva, incapacita e aflige mais pessoas do que qualquer quadro patológico e,
cada pessoa constrói o significado que tem para si, a partir de suas próprias
experiências dolorosas, sendo elas físicas ou não (BRASIL et al., 2008).
38
66
91
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 6 - Estado geral de saúde
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
Quanto ao estado geral de saúde, ou seja, como o sujeito sente-se em
relação a sua saúde global, identificou-se a mediana de 66, o que indica que as
pessoas ostomizadas têm a percepção real de suas limitações físicas. Ao aplicar o
questionário após o fechamento da ostomia a mediana subiu para 91. Embora se
perceba uma melhora dos valores atribuídos a esse domínio pela amostra, não
houve diferença significativa p = 0,1962.
Os resultados vão de encontro com Bellinaso e Silva (2006), quando afirmam
que a QV inclui qualquer estímulo que afeta direta ou indiretamente, como o ar que
se respira e os relacionamentos pessoais, por exemplo, ter controle para mudar
alguns desses estímulos, outros não. Na simplicidade do cotidiano é que se
encontram as maneiras mais eficazes para adquirir QV.
No entanto, a QV após um procedimento grave, como passar por uma
reconstrução do trânsito intestinal, sofre modificações, de conformidade com a
escala de valores de vida de cada paciente. Os indivíduos, em sua ampla maioria,
entendem o contexto saúde/doença de forma mais complexa (SIVIERO 2003).
39
50
80
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 7 - Vitalidade Fonte: Questionário aplicado em domicílio
Quanto à dimensão vitalidade (força, energia e disposição do paciente para
realizar suas atividades habituais), identificou-se na presença da ostomia uma
mediana de 50 no SF-36.
De acordo com Silva e Shimizu (2007), a ostomia impõem limitações, cujos
indivíduos sentem-se obrigados a passar a maior parte do tempo em casa e ociosos.
Como consequência, perde o prazer de viver e vivenciam sentimentos de medo,
angústia, solidão, dentre outros.
Com a reconstrução do trânsito intestinal ocorreu um aumento da mediana
para 80. Ao correlacionar os dois questionários verifica-se uma melhora significativa
com o fechamento da ostomia p = 0,0152.
O paciente que antes ficava grande parte do seu tempo em casa, agora
começa a reintegrar na sociedade, retomando as atividades que antes não se
permitia por incômodo ou por estigma social, devido a sua imagem corporal alterada,
como viajar, visitar família e amigos.
40
50
87
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 8 - Aspectos sociais
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
Os resultados apresentados no gráfico mostram que os aspectos sociais nos
ostomizados também estão prejudicados, interferindo de forma negativa na QV do
indivíduo, tendo uma mediana de 50. Esses resultados refletem o comprometimento
do sujeito ostomizado que apresenta dificuldades em seu relacionamento familiar,
vizinhos e amigos, podendo constituir fator de risco para quadros depressivos.
Resultado que vai ao encontro com Sousa (1999) que informa que a nível
social, constata-se que existe uma preocupação por parte da pessoa ostomizada em
manter secreta a sua ostomia. Algumas percebem o afastamento de "amigos" pós-
ostomia, enquanto outras se afastam, por se sentirem "estigmatizadas" nas relações
sociais.
Após o fechamento da ostomia obteve-se a mediana de 87. Ao comparar os
dois gráficos identifica-se uma melhora significativa após a reconstrução do trânsito
intestinal p = 0,0264.
Tendo um olhar holístico, pode-se associar essa dimensão com a anterior, o
ser ostomizado foge da sociedade, consequentemente privando de suas atividades
habituais, ou seja, diminui também sua vitalidade.
Com a reconstrução da ostomia, o paciente retoma suas relações sociais,
pois o que antes o incomodava agora não existe. Não é mais necessário esconder
ou se sentir excluído.
41
1
100
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 9 - Aspectos emocionais
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
Um dos codificadores mais impactuante da pesquisa foi os aspectos
emocionais, que de acordo com o gráfico a mediana dos pacientes ostomizados foi
de 1.
Segundo Silva e Shimizu (2006), a maioria dos pacientes, após a realização
da ostomia, vivencia os estágios emocionais de negação, ira, barganha, depressão e
aceitação. Além das dificuldades emocionais, a ostomia gera uma série de
alterações de ordem física que prejudica o convívio social, principalmente aquelas
relacionadas à falta do ânus e à presença de um orifício no abdome por onde passa
a eliminar as fezes. Como consequência, a pessoa sente-se muito diferente das
outras e até mesmo excluída.
A partir do momento em que se passa a evacuar numa bolsa coletora, para
muitos representa uma situação de constrangimento e ameaça à sua integridade,
gerando desequilíbrio emocional, que interfere na aceitação de sua nova condição
de vida (DELAY, 2007).
Após o fechamento da ostomia a mediana cresceu para 100. Nesse resultado
também se pôde observar uma melhora significativa do domínio onde p = 0,0019.
Essa análise pode ser melhor entendida ao pensar que com a reconstrução
do trânsito intestinal o que fazia da pessoa diferente das outras agora não existe.
42
É relevante também mencionar que esse resultado confirma a necessidade
do indivíduo ser aceito pelo meio, e que uma diferença na maneira de pensar ou
física – no caso ostomia – pode levar sua exclusão do ambiente desejado.
64
84
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 10- Saúde mental
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
Em relação a variável saúde mental, ao abordar o paciente ostomizado a
mediana referente à percepção desse domínio foi de 64, subindo para 84 após o
fechamento. Na comparação do questionário antes e depois da reconstituição do
trânsito intestinal houve uma diferença significativa onde p=0,024.
A ostomia reflete uma mudança na imagem corporal e alterações
psicológicas, gerando estresse no paciente, podendo ameaçar a segurança e a
sensação de perda do controle, a integridade e a autonomia do mesmo (DELAY,
2007).
Os resultados corroboram com Pereira (2001), ao explicar que a imagem
negativa de si pode levar a uma desordem mental e dificuldades no relacionamento
interpessoal.
4.3 ASPECTOS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO ESTUDADA
43
Essa análise corresponde à questão nº 2 do questionário, que não está
relacionada à avaliação das dimensões apresentadas anteriormente, e sim à
percepção do paciente em relação ao seu estado de saúde atual quando comparado
ao de um ano atrás.
40
90
n: 6
Mediana
Antes
Depois
Gráfico 11 - Aspectos de saúde da população estudada
Fonte: Questionário aplicado em domicílio
O gráfico 11 demonstra o resultado dos pacientes que passaram pelo
processo de constituição da ostomia com mediana de 40, após o fechamento
obteve-se uma mediana de 90. Ao correlacionar os 2 questionários, considera-se
uma melhora significativa em sua saúde atual, em relação ao do último ano.
p=0,0289.
Segundo Araújo e Araújo (2000), a QVRS representa a parte da QV ligada
diretamente à saúde do indivíduo. Fatores externos e internos afetam a percepção, a
função e a sensação do bem-estar de uma pessoa. Com o fechamento da ostomia
afasta-se do indivíduo o que o afetava, sem o incômodo, ele percebe melhor sua
QV.
A comunidade científica americana tem procurado definir o que eles
entendem como QVRS sem, contudo, encontrar um consenso absoluto entre os
pesquisadores. Para uma grande maioria, a QVRS reflete os efeitos funcionais de
uma doença e seu consequente tratamento sobre um paciente tal como é percebido
por ele. Essa percepção do paciente passa pela sua autoavaliação sobre atributos
tais como conforto resultante, sensação de bem-estar, capacidade de manter
44
funções físicas emocionais e intelectuais razoáveis e nível de habilidade para
participar de atividades com a família, no local de trabalho e na comunidade. Com
relação aos atributos, fica claro que a QVRS envolve a avaliação de função subjetiva
pelo paciente (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).
45
5 CONCLUSÃO
A presente pesquisa permite concluir que o fechamento da ostomia trouxe um
impacto positivo na QV dos pacientes operados pelo cirurgião do CADEF no período
de janeiro a julho de 2008.
Com os resultados deste estudo foi possível demonstrar que o fechamento da
ostomia promoveu melhora nos seguintes aspectos: social, dor, vitalidade, saúde
mental, físicos e emocionais. Dentre esses, as dimensões que tiveram maior impacto
foram aspectos físicos e emocionais. Todavia, o método empregado foi incapaz de
detectar melhora significativa na capacidade funcional e no estado geral de saúde
da população estudada.
O indivíduo submetido à reconstrução intestinal deixa de se ver
estigmatizado, sendo isso importante passo para sua reintegração na sociedade,
levando-o assim ao aumento na sua QV. Na análise foram submetidos ao
procedimento mais homens que mulheres e os adultos jovens foram maioria entre os
pacientes estudados. A maioria dos pacientes submetidos a ostomia, foi devido a um
trauma abdominal, considerando os altos índices de violência nos dias de hoje,
como era de se esperar.
Nesse percentual foi percebido que os homens adoecem mais do que as
mulheres, dentre as explicações para esse fato estariam de um lado, diferenças
biológicas, com as mulheres apresentando maior resistência a doenças. Os
aspectos físicos representaram uma das dimensões mais comprometidas nos
pacientes que foram submetidos à ostomia, com pontuação da mediana igual a 1.
Com o fechamento a mediana subiu para 100, dado esse considerado muito
relevante para o estudo. Em relação ao domínio da dor a pesquisa mostrou que a mediana dos
pacientes ostomizados foi de 69, 5, passando para 91 após o fechamento, com isso
o estado geral de saúde das pessoas ostomizadas foram satisfatórias depois do
procedimento cirúrgico de fechamento da ostomia.
Com isso, é importante que os profissionais da saúde saibam que com a
ostomia a QV do indivíduo fica prejudicada, para que entendam a necessidade de
suporte psico-socio-emocional dessa população.
46
A educação continuada e permanente aos enfermeiros e os profissionais de
saúde que lidam diretamente com o ostomizado é de grande relevância,
capacitando-os quanto aos cuidados, enfatizando o olhar holístico a esse paciente,
evitando complicações e promovendo condições clínicas adequadas para que a
restituição do trânsito intestinal ocorra o mais rápido. Lembrando-se sempre que
esse ato permite a esse ser a otimização de sua QV.
Enfim, o estudo propõe uma nova pesquisa sobre o tema com um número de
amostra maior, para que a QV, na pessoa ostomizada e na pessoa submetida ao
fechamento da ostomia seja melhor estudada e entendida. Considerando essas
ideias, percebe-se a necessidade de maior investimento pelo enfermeiro, não
somente em conhecimentos técnicos e teóricos, mas um maior empenho em
aprofundar a sua compreensão sobre a vivência do ostomizado, constatando o
quanto é importante o enfermeiro estar sempre se reciclando para se manter
atualizado e prestar um melhor atendimento ao paciente, promovendo a aceitação e
adaptação do mesmo. Diante desse contexto, percebe-se as diversas alterações causadas por uma
ostomia na vida dos pacientes, bem como a complexidade de fatores que estão
envolvidos no seu viver, porque cada ser humano, na sua singularidade e
historicidade, possui crenças e valores específicos que determinam diferentes
formas de enfrentamento das doenças e de suas sequelas.
47
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52
SOUZA, Henrique Francisco de Souza e et al. É necessário o estudo do cólon no fechamento de colostomias? Revista Brasileira de Coloproctologia, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 118-122, abr./jun. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 20 ago. 2008. SOUSA, S.M.A. Qualidade de vida em clientes ostomizados. Texto Contexto Enferm, [s.l], v. 8, n. 3, p. 162-82, set./dez. 1999.
54
APÊNDICE I
Roteiro para coleta dos dados
Número:
Nome:
Sexo:
Idade:
Causa: Capacidade funcional: Capacidade funcional 2:
Aspecto físico: Aspecto físico 2:
Dor: Dor 2:
Estado geral de saúde: Estado geral de saúde 2:
Aspectos sociais: Aspectos sociais 2:
Aspectos emocionais: Aspectos emocionais 2:
Saúde mental: Saúde mental 2:
Aspectos de saúde da população estudada:
Aspectos de saúde da população estudada 2:
Co-morbidades:
Complicações menores:
Complicações maiores:
56
ANEXO I
Termo de consentimento Livre e Esclarecido
1 – Identificação do Responsável pela execução da pesquisa:
Título: Impacto do fechamento do enterostoma na qualidade de vida. Pesquisador Responsável: Débora Moraes Coelho Aluno (a)s Participantes: Ana Cristina Coimbra Lemos, Jôsy Fernanda Pires, Patricia Rodrigues de Paula, Viviane Gomes Pains. Contato com pesquisador responsável Endereço: RUA: Afonso Pena 1669 apt – 302. Bairro: Esplanada; Governador Valadares - MG CEP 35020-010. Telefone: (33) 91037319
Tendo em vista o trabalho de conclusão de curso de Graduação de Bacharel em
Enfermagem pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE convido-o (a)
participar de uma pesquisa intitulada o impacto do fechamento do enterostoma na
qualidade de vida na área ciências da saúde.
Com o objetivo de:
Descrever aspectos demográficos da população estudada: idade e gênero.
Verificar o impacto do fechamento da ostomia nos seguintes aspectos:
Capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, emocionais, saúde mental e avaliação subjetiva.
Verificar aspectos de saúde da população estudada.
Correlacionar aspectos do estado de saúde dos pacientes antes e depois da
cirurgia.
Aplicar-se-á um questionário com perguntas de múltipla escolha, que você
responderá em pouco mais de 10 minutos. A ocorrência de alguma lembrança
desagradável relacionada ao período de acometimento pode ocorrer, toda via, em
qualquer momento do processo você poderá se recusar a participar desta pesquisa,
assim como abandoná-la, em caso de constrangimento sem penalização e sem
prejuízo algum.
57
Serão garantidos o sigilo e privacidade dos participantes, assegurando-lhes o direito
de omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-los. Na
apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos participantes. Não
haverá nenhum tipo de benefício individual, inclusive financeiro, a nenhum dos
participantes do projeto, todavia, espera-se como benefício desta pesquisa uma
compreensão melhor dos fenômenos que afetam a vida de pacientes ostomizados.
Os resultados serão utilizados para confecção de textos que serão divulgados no
meio científico.
Agradecemos desde já sua participação.
Confirmo ter revisado o conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que
eu concordo em participar e dou meu consentimento.
Governador Valadares, _____de _____de____________. Nome do participante:______________________________
Assinatura do participante:_______________________
_______________________________________________
Pesquisador Responsável
58
ANEXO II
SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO PARA USO DE DADOS DOCUMENTAIS
Ao
RESPONSÁVEL PELA INSTITUIÇÃO/ SERVIÇO
Débora Moraes Coelho, orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso na
Faculdade da Ciência e da Saúde do Curso de Bacharelado em Enfermagem da
Universidade Vale do Rio Doce apresenta a esta instituição a pesquisa intitulada:
Impacto do Fechamento do Enterostoma na Qualidade de Vida
O presente trabalho tem como objetivo:
Descrever aspectos demográficos da população estudada: idade e gênero.
Verificar o impacto do fechamento do enterosma nos seguintes aspectos:
Capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, emocionais e saúde mental.
Verificar a ocorrência de co-morbidades e complicações.
Correlacionar aspectos do estado de saúde dos pacientes antes e depois da
cirurgia.
A pesquisa será realizada no mês de fevereiro de 2009, acessando os
prontuários de pacientes submetidos à correção cirúrgica de enterostoma pelo Dr.
Paulo Roberto Rodrigues Bicalho, co-orientador desta pesquisa, sob a guarda desta
da instituição.
Declaro que os dados obtidos com o acesso aos documentos serão utilizados
exclusivamente para a presente pesquisa.
59
Serão garantidos o sigilo e a privacidade aos participantes, assegurando-lhes o
direito de omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-los.
Na apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos participantes.
A pesquisa será desenvolvida de acordo com os princípios éticos conforme
Resolução 196/96.
A pesquisa não oferece risco para a instituição e seus usuários, que autorizarão
a inclusão de seus dados mediante a Termo de Consentimento Livre e esclarecido
(TCLE).
Espera-se que os resultados deste trabalho, que serão oferecidos á instituição,
possa ser útil na programação de eventuais aperfeiçoamentos ao atendimento a
partir da constatação científica da qualidade de vida de pacientes atendidos na casa.
Será fornecida uma copia da pesquisa final para as instituições e um convite para
a apresentação da mesma para a Banca Examinadora. Os resultados obtidos com a
pesquisa serão apresentados em eventos ou publicações científicas contribuindo
para divulgação e veiculação de imagem positiva da instituição.
Governador Valadares,____________de___________________de 2008.
_______________________________________________
Pesquisador Responsável
Ciente das informações apresentadas acima, autorizo a realização da pesquisa
mencionada na instituição na qual sou responsável.
__________________________________________________
Responsável pela Instituição/ Serviço
60
ANEXO III
SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA NA INSTITUIÇÃO
Ao
RESPONSÁVEL PELA INSTITUIÇÃO/ SERVIÇO
Exm° Sr,
Com o objetivo de concluir o Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação de
Bacharel em Enfermagem, requeremos a autorização desta instituição para a
realização da coleta de dados referentes ao impacto do fechamento do enterostoma
na qualidade de vida.
O presente trabalho tem como objetivo:
Descrever aspectos demográficos da população estudada: idade e gênero.
Verificar o impacto do fechamento do enterostoma nos seguintes aspectos:
Capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, emocionais, saúde mental e avaliação subjetiva.
Verificar aspectos de saúde da população estudada.
Correlacionar aspectos do estado de saúde dos pacientes antes e depois da
cirurgia.
Para tal, será necessária a realização de uma análise de dados documentais.
A pesquisa será realizada no mês de fevereiro de 2009, no CADEF (Centro
de atendimento ao Deficiente Físico).
Comprometemo-nos a garantir sigilo das informações obtidas, assim como o
anonimato dos sujeitos da pesquisa. A divulgação dos resultados só se fará após a
autorização do Conselho de Ética em Pesquisa (CEP).
Declaramos que os princípios contidos na resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde serão preservados.
61
Será fornecida uma cópia da pesquisa final para as instituições e um convite
para a apresentação da mesma para a Banca Examinadora. Os resultados obtidos
com a pesquisa serão apresentados em eventos ou publicações científicas.
Atenciosamente,
Acadêmicos: Ana Cristina Coimbra Lemos, Jôsy Fernanda Pires de Oliveira,
Patrícia Rodrigues de Paula, Viviane Gomes Pains.
Orientadora: Débora Moraes Coelho
Governador Valadares, ________de______________________de 2008.
_________________________________________________
Pesquisador Responsável
Ciente das informações apresentadas acima, autorizo a realização da pesquisa
mencionada na instituição na qual sou responsável.
_______________________________________________________
Responsável pela Instituição/ Serviço
62
ANEXO IV SF- 36 PESQUISA EM SAÚDE ESCORE_____ INTRODUÇÕES: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer atividades de vida diária. Responda cada questão marcando a resposta como indicado. Caso esteja inseguro em como responder, por favor, tente responder o melhor que puder.
1. Em geral, você diria que sua saúde é: (circule uma)
Excelente ...................................................................................................... 1 Muito boa....................................................................................................... 2 Boa ............................................................................................................... 3 Ruim ............................................................................................................. 4 Muito ruim ..................................................................................................... 5
2. Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral,
agora? (circule uma) Muito melhor agora do que há um ano ........................................................... 1 Um pouco melhor agora do que há um ano ................................................... 2 Quase a mesma coisa do que há um ano ...................................................... 3 Um pouco pior agora do que há um ano ........................................................ 4 Muito pior agora do que há um ano ............................................................... 5
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido à sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso quanto?
(circule um número em cada linha)
Atividades Sim. dificulta muito
Sim. dificulta pouco
Não. Não dificulta de modo algum
A) Atividades vigorosas, que exigem muito Esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, Participar de esportes árduos
1 2 3
B) Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer casa
1 2 3
C) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3 D) Subir vários lances de escada 1 2 3 E) Subir um lance de escadas 1 2 3 F) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3
63
G) Andar mais de 1 Km 1 2 3 H) Andar vários quarteirões 1 2 3 I) Andar um quarteirão 1 2 3 J) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas
com o seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como consequência de sua saúde física?
(circule um número em cada linha) Sim Não A)Você diminuiu a quantidade de tempo que dedicava ao seu trabalho ao e outra atividades?
1 2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2 C) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras atividades?
1 2
D) Teve dificuldade para fazer seu trabalho ou outras atividades (p. ex. necessitou de um esforço extra)?
1 2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas
com seu trabalho ou com outra atividade regular diária, como consequência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)? (circule um número em cada linha)
Sim Não A)Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2 C)Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou
problemas emocionais interferem nas suas atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos, amigos ou em grupos? (circule uma)
De forma nenhuma....................................................................... 1 Ligeiramente................................................................................. 2 Moderadamente............................................................................ 3 Bastante........................................................................................ 4 Extremamente............................................................................... 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
64
(circule uma) Nenhuma ...................................................................................... 1 Muito leve...................................................................................... 2 Leve............................................................................................... 3 Moderada...................................................................................... 4 Grave............................................................................................. 5 Muito grave.................................................................................... 6
8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal (incluindo tanto trabalho fora ou dentro de casa)? (circule uma)
De maneira alguma........................................................................ 1 Um pouco....................................................................................... 2 Moderadamente............................................................................. 3 Bastante..........................................................................................5
. 9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem
acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como você se sente. (circule um número para cada linha)
Todo o
tempo
A maior parte
do tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma parte
do tempo
Uma pequena parte do tempo
Nunca
A)Quanto tempo você tem sentido cheio de vigor, cheio de vontade, cheio de força?
1 2 3 4 5 6
B)Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa muito nervosa?
1 2 3 4 5 6
C)Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido que nada pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
D)Quanto tempo você tem se sentido calmo ou tranquilo?
1 2 3 4 5 6
E)Quanto tempo você tem se sentido com muita energia?
1 2 3 4 5 6
F)Quanto tempo você tem se sentido desanimado e abatido?
1 2 3 4 5 6
G)Quanto tempo você tem se sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
H)quanto tempo você tem se 1 2 3 4 5 6
65
sentido uma pessoa feliz? I)quanto tempo você tem se sentido cansado?
1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou
problemas emocionais interferem em suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc?...) (circule uma) Todo tempo................................................................................ 1 A maior parte do tempo............................................................... 2 Alguma parte do tempo............................................................... 3 Uma pequena parte do tempo.................................................... 4 Nenhuma parte do tempo.......................................................... 5
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitivam ente
verdadeiro
A maioria das vezes verdadeiro
Não sei
A maioria
das vezes falsa
Definitiva mente falsa
A)Eu costumo adoecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas
1 2 3 4 5
B)Eu sou tão saudável Quanto qualquer pessoa que eu conheço
1 2 3 4 5
C) Eu acho que a minha saúde vai piorar
1 2 3 4 5
D) Minha saúde é Excelente
1 2 3 4 5
ORIENTAÇÃO PARA PONTUAÇÃO DO SF_ 36 Questão
Pontuação
01 1 → 5.0 2 → 4.4 3 → 3.4 4 → 2.0 5 → 1.0 03 Soma Normal 04 Soma Normal 05 Soma Normal 06 1 → 5 2 → 4 3 → 3 4 → 2 5 → 1 07 1→ 6.0 2 → 5.4 3 → 4.2 4 → 3.1 5 → 2.2 6 → 1.0 08 Se 8 → 1 e 7 → 1 → 6 1→6.0
Se a questão 7 não for respondida Se 8 → 1 e 7 → 2 a 6 → 5 2→ 4.75 Se 8 → 2 e 7 → 2 a 6 → 4 3→ 3.75
66
Se 8 → 3 e 7 → 2 a 6 → 3 4→ 2.25 Se 8 → 4 e 7 → 2 a 6 → 2 5→1.0 Se 8 → 5 e 7 → 2 a 6 →1
09 A, D, E, H,= VALORES CONTRARIOS (1=6, 2=5, 3=4, 4=3, 5=2, 6=1) Vitalidade + A + E + G + T Saúde mental = B + C + D + F + H
10 Soma Normal 11 Soma de:
A + C (valores normais) B + D ( valores contrários: 1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1)
Item Questão
Limites Escore
Range (variação)
Capacidade funcional 3 10, 30 20 Aspecto Físico 4 4, 8 4 Dor 7 + 8 2, 12 10 Estado geral de saúde 1 + 11 5, 25 20 Vitalidade 9A, E, G, I 4, 24 20 Aspectos Sócias 6 + 10 2, 10 8 Aspectos emocionais 5 3, 6 3 Saúde Mental 9 B, C, D, F,
H 5, 30 25
Aspectos de saúde da população estudada
2 - -
Row Scale: Ex: Item = (valor obtido – valor mais baixo) x 100 Variação
Ex: Capacidade Funcional= 21
Valor mais baixo = 10
Variação = 20
21-10 x 100 = 55 20 Dados perdidos:
Se responder a mais de 50% = substituir pela média
0 = pior escore
100 = melhor escore