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Planeamento Estratgico de Destinos Tursticos
Autor: Lus Ferreira
Instituio: ISCET Instituto Superior de Cincias Empresariais e do Turismo / CIIIC -
Centro de Investigao Interdisciplinar e de Interveno Comunitria
Contacto: [email protected]
RESUMO
As mudanas no mercado turstico e a necessidade de novas estratgias que respondam
aos desafios actuais e futuros reclamam polticas capazes de responderem aos
problemas de reestruturao econmica, social e ambiental nas zonas urbanas e rurais,
bem como em alguns pases/regies que, desejam, tambm agora, desenvolver o
turismo com o objectivo de atrair investimento, promover o crescimento econmico e
gerar emprego.
Vrios so os destinos que testemunharam um declnio no nmero de visitas, como
resultado de alteraes nos padres da procura, bem como num aumento na
concorrncia por parte de outros destinos mais populares, promovidos por poderosos
operadores tursticos. Na realidade, alguns destinos estabelecidos no eram
suficientemente pr-activos para identificar as foras impulsionadoras de mudana em
mercados de turismo mais competitivos. Por outro lado, algumas regies naturais, nunca
planeadas como destinos tursticos, estabeleceram-se, ao longo dos anos, como
atraces populares para a prtica de turismo e outras actividades recreativas.
Embora muitos dos governos foquem, principalmente, os benefcios econmicos, tem-
se vindo a reconhecer os potenciais custos ao nvel social e ambiental e a necessidade de
investigao cuidadosa ao nvel dos efeitos no econmicos. A necessidade da
realizao de planeamento estratgico em turismo e da interveno do governo, no
processo de desenvolvimento, so as respostas tpicas para os efeitos no desejados do
desenvolvimento do turismo, particularmente ao nvel local.
Neste sentido, justifica-se a necessidade de um conhecimento aprofundado da gesto do
turismo nos destinos tursticos bem como o desenvolvimento sustentado do turismo comuma forte componente de planeamento estratgico. Assim, so analisados ao longo do
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presente artigo, as variveis da macro envolvente global de um destino turstico: a
evoluo dos fluxos tursticos, das motivaes dos turistas e dos impactos no turismo do
destino, bem como o planeamento em turismo e o desenvolvimento sustentado do
turismo apresentam-se como aspectos determinantes para a sobrevivncia a mdio prazo
dos destinos tursticos. O estudo e o conhecimento das variveis em anlise tm-se
revelado, para os destinos tursticos que as conhecem, um factor determinante da sua
competitividade.
Neste contexto, apresentam-se, ainda, as pesquisas recentes associadas aos modelos de
planeamento estratgico de destinos tursticos realizadas no mbito de um projecto de
investigao em curso: Polticas Pblicas e Modelos Planeamento de Destinos
Tursticos. Assim, ser apresentado o benchmarking realizado na investigao em curso,
tendo por base o estudo de case studies, que permitem conhecer as melhores prticas
internacionais em planeamento estratgico de destinos tursticos.
INTRODUO
O presente artigo pretende destacar a relevncia do planeamento estratgico de destinos
tursticos apresentando a pesquisa realizada no mbito de um projecto de investigao
aplicada: Polticas Pblicas e Modelos de Planeamento de Destinos Tursticos
A sua estrutura constituda por uma introduo e pela apresentao das cinco variveis
da macro envolvente de um destino turstico, entendidas como relevantes para o
planeamento estratgico: a evoluo dos fluxos tursticos, as mudanas nos
comportamentos e nas motivaes, os impactos do turismo no destino, o
desenvolvimento sustentado do turismo e a necessidade de planeamento em turismo.
No ponto dois apresenta-se o planeamento estratgico de destinos tursticos com
destaque para o planeamento em turismo e para o processo integrado de planeamento
estratgico em turismo.
De seguida apresenta-se o projecto de investigao: Polticas Pblicas e Modelos de
Planeamento de Destinos Tursticos, destacando a investigao realizada no mbito doPlan Maestro de Desarrollo Turstico Sostenible, 2007-2020, do Panam, com
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referncia ao processo metodolgico e ao Plano, com relevo para as suas fases,
objectivos, regies, produtos, mercados, comercializao, gesto e viabilidade.
No ltimo ponto apresentam-se as principais reflexes associadas presente
investigao e que se pretende contribuam para um melhor conhecimento e
compreenso dos modelos de planeamento estratgico de destinos tursticos,
conduzindo criao de destinos tursticos mais sustentveis e competitivos, face ao
constante ambiente de mudana que se verifica na envolvente turstica.
Neste contexto, nos pontos seguintes desenvolvem-se os aspectos centrais que
permitiram a construo do presente artigo e apresentar os primeiros resultados da
investigao realizado no mbito do projecto: Polticas Pblicas e Modelos de
Planeamento de Destinos Tursticos.
1. Variveis da Macro Envolvente Global de um Destino Turstico
Vrios so os destinos que testemunharam um declnio no nmero de visitas, como
resultado de alteraes nos padres da procura, bem como num aumento na
concorrncia por parte de outros destinos mais populares, promovidos por poderososoperadores tursticos. Na realidade, alguns destinos estabelecidos no eram
suficientemente pr-activos para identificar as foras impulsionadoras de mudana em
mercados de turismo mais competitivos. Por outro lado, algumas regies naturais, nunca
planeadas como destinos tursticos, estabeleceram-se, ao longo dos anos, como
atraces populares para a prtica de turismo e outras actividades recreativas (Ferreira,
2004).
Neste contexto afigura-se pertinente o estudo das variveis da macro envolvente global
de um destino turstico (Ferreira, 2005) (Figura 1.).
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Figura 1. Variveis da macro envolvente global de um destino turstico
Fonte: Adaptado Ferreira (2005)
Como enquadramento ao tema central do presente artigo so apresentadas e analisadas
as cinco variveis da macro envolvente de um destino turstico (2.), entendidas como
relevantes para o planeamento estratgico (Figura 1.): (1.1.) a evoluo dos fluxos
tursticos, (1.2.) as mudanas nos comportamentos e nas motivaes, (1.3.) os impactos
do turismo, (1.4.) o desenvolvimento sustentado do turismo e (1.5.) a necessidade de
planeamento em turismo.
1.1. A Evoluo dos Fluxos Tursticos
A dimenso do fenmeno turstico tem, nos ltimos anos, apresentado uma evoluo de
crescimento. Em 2005, pela primeira vez, o nmero de chegadas tursticas
internacionais ultrapassou a barreira dos 800 milhes, cifrando-se em 806 milhes
(OMT, 2007).Em 2007, as chegadas internacionais atingiram o nmero recorde de 903
milhes de turistas, o que equivale a um aumento de 6,6% em relao a 2006 (OMT,
2007).Entre Janeiro e Abril de 2008as chegadas internacionais apresentaram uma taxa
de crescimento prxima dos 5%, quando comparadas com igual perodo de 2007(OMT,
1.2. Mudanas noscomportamentos e nas
motivaes
1.1. Evoluo dosfluxos tursticos
1.5. Necessidade deplaneamento em
turismo
1.4. Desenvolvimentosustentado do
turismo
1.3. Impactos doturismo: ambientais;econmicos, scio-
culturais
Gerao devisitantes e
turistas
2. Destinoturstico
Partidas
Regressos
Acessos ao destino/regio
Envolvente: humana, econmica,scio-cultural, tecnolgica, fsica,
OfertaProcura
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2008). No ano de 2008 o nmero de chegadas tursticas internacionais alcanou os 925
milhes (UNWTO, 2009).
O estudo de tendncias da Organizao Mundial do Turismo: Panorama 20201, aponta
para uma previso das chegadas tursticas internacionais em 2020, de 1,56 bilies
(OMT, 2000).As previses da Organizao Mundial do Turismo para a Europa, para
2020, apontam para 717 milhes de chegadas tursticas internacionais, correspondendo
a uma quota de mercado de 46%, ajustando-se o crescimento de chegadas tursticas
internacionais para 3% ao ano(OMT, 2003).
1.2. As Mudanas nos Comportamentos e nas Motivaes
Tipos de Turismo
Segundo Cunha (1997, p. 23), as vrias distines, que se fazem entre os tipos de
turismo, prendem-se com as motivaes e as intenes dos viajantes. Distinguem-se
vrios tipos de turismo, devido grande variedade de motivos que levam as pessoas a
viajar. De entre os diferentes tipos de turismo que podem ser identificados, salientam-se
os tipos de turismo, a seguir enumerados: turismo de recreio, turismo de repouso,
turismo cultural, turismo desportivo, turismo de negcios, turismo poltico e turismo
tnico e de carcter social (Cunha, 1997).
Os diferentes tipos de turismo tm vindo a evoluir para novos segmentos de mercado
como consequncia da diversificao das motivaes das pessoas na escolha das suas
viagens. A identificao dos diferentes tipos de turismo e o conhecimento das
tendncias internacionais, nomeadamente os novos segmentos de mercado, so
importantes para o processo de planeamento estratgico de destinos tursticos na medida
em que condicionam o desenvolvimento da oferta turstica, principalmente no que diz
respeito aos atractivos tursticos a desenvolver.
Neste contexto, Jayawardena (2002) refere que alguns tipos de turismo, com especial
interesse, tm vindo a reflectir um rpido crescimento, alguns deles extravasando a sua
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A Organizao Mundial do Turismo encontra-se a trabalhar na sua pesquisa de longo prazo oprograma: UNWTO Future Vision: Tourism Towards 2030.
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esfera de influncia, criando sinergias e desenvolvendo novos segmentos de mercado.
Os tipos de turismo identificados so: turismo cultural e patrimnio; turismo de
aventura, turismo com base na comunidade local; turismo de sade e agro-(ou agri-)
turismo. Este autor refere ainda, que, em muitos casos, possvel combinar dois ou
mais tipos de turismo, como forma de melhor suportar o desenvolvimento local do
turismo. Neste contexto, estes tipos de turismo, que incluem o surgimento de novos
segmentos, desempenham, segundo Jayawardena (2002), um papel fundamental no
planeamento estratgico do turismo ao nvel dos destinos tursticos.
Novos Mercados e Novos Destinos
Segundo a WTO (2001), as chegadas internacionais aumentaram de 25 milhes em
1950, para 698 milhes de turistas em 2000. Mas os destinos das suas viagens tm
muito a ver com o que neles se oferece. Em alguns casos, so as marcas deixadas por
culturas passadas, noutros, so as de cultura do nosso tempo. Raramente h um motivo
nico a atrair os turistas. preciso que ele seja muito forte para dominar a cena em
exclusivo. Nas circunstncias mais comuns, articula-se a histria com a arte, com o
shopping, com a gastronomia e com muitos outros elementos de atraco (Oliveira,
2000).
De acordo com a Organizao Mundial do Turismo (2000), verificou-se uma
diversificao dos destinos, salientando-se os destinos que surgiram no Norte de frica,
na sia, na Amrica Latina e nas Carabas. Em 1950, apenas quinze pases recebiam
cem por cento dos vinte e cinco milhes de turistas internacionais. Em 1999, eram mais
de setenta os pases e territrios que recebiam mais de um milho de turistas
internacionais.
Identificam-se, na Tabela 1., os segmentos de mercado mais importantes at 2020
previstos pela Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2000). Para alm de uma
expanso generalizada, assistiu-se simultaneamente a uma disperso crescente dos
turistas pelo planeta, traduzida numa maior diversificao dos destinos tursticos (DGT,
2002).
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Tabela 1. Os segmentos de mercado mais importantes at 2020
Sol e praia
Desportos
Aventura
Natureza
Cultural
Urbano
Rural
Cruzeiros
Parques temticos
Reunies e conferncias
Fonte: OMT (2000)
Durante anos, o turismo foi caracterizado pela concentrao: (1) concentrao
geogrfica: os 15 principais pases, todos da Europa Ocidental e da Amrica do Norte,
atraam 97% do total mundial; (2) cobertura sazonal (no Vero); e (3) concentrao em
termos do objectivo da viagem, lazer e frias de Vero (WTO 2001). Hoje em dia, o
turismo muito mais diversificado. Viajar tende a ser mais espalhado ao longo do ano
graas crescente fragmentao das frias escolares e de trabalho e muito mais
diversificada em termos de objectivo de viagem, durao de estada e alojamento (WTO,
2001).
No seguimento desta tendncia de diversificao do turismo, na literatura surgem alguns
estudos levados a cabo para examinar a interface entre o comprar (shopping) e o turismo
(Finn e Erdem 1995, Timothy e Butler 1995), e sobre o aparecimento do turismo de
jogo (Loverseed, 1995) e sua capacidade de captar turistas (Long, 1995) para certa rea
geogrfica (Nickerson, 1995). Finn e Erdem (1995) analisam o desenvolvimento de
mega-centros comerciais, como atraces tursticas e a combinao do conceito de ir
s compras com o de parques temticos, como um factor importante no
desenvolvimento do turismo urbano. Timothy e Butler (1995) estudaram o aumento do
movimento de turistas entre o Canad e os Estados Unidos e o papel do acto de ir s
compras como um dos geradores do turismo de compras (shopping tourism).
Um exemplo do surgimento de novos segmentos de mercado o ecoturismo (Herbig e
OHara (1997). Um outro aspecto marcante do desenvolvimento do turismo tem sido a
concentrao em zonas costeiras, enquanto as tendncias actuais dos gostos tursticos
esto a criar oportunidades de desenvolvimento em regies interiores e em segmentos
especficos de mercado, menos dependentes de atraces baseadas nas condies
climticas (DGT, 2002).
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As oportunidades criadas pelo turismo geram impactos nas regies onde o seu
desenvolvimento se verifica, neste sentido, apresentam-se, no ponto seguinte, os
impactos ambientais, econmicos e scio-culturais do turismo.
1.3. Os Impactos do Turismo
Mings e Chulikpongse (1994) referem que o turismo actua como um agente de
mudana, trazendo inmeros impactos s condies econmicas regionais, s
instituies sociais e qualidade ambiental. Segundo Rushmann (1999), os impactos do
turismo referem-se s modificaes provocadas pelo processo de desenvolvimento
turstico nos destinos.
Os impactos do turismo so a consequncia de um processo complexo de interaco
entre os turistas e as comunidades receptoras. Por vezes, tipos similares de turismo
podem originar impactos diferentes, dependendo da natureza das sociedades em que
ocorrem (Rushmann, 1999). A este propsito, Holloway (1994, p. 264) e Mathieson e
Wall (1996, p. 22) argumentam que a extenso do impacto depende no s da
quantidade, mas tambm do tipo de turistas que se deslocam a esse destino.
Para a WTO (1993), os impactos do turismo resultam das diferenas sociais,
econmicas e culturais entre a populao residente e os turistas e da exposio aos
meios de comunicao social. O turismo , muitas vezes, criticado pelos impactos
scio-culturais negativos que causa nas comunidades locais, principalmente nas de
menor dimenso e nas mais tradicionais (WTO, 1993). Face s implicaes do
desenvolvimento do turismo nas comunidades dos destinos, importa examinar os
respectivos impactos. Na Tabela 2. apresentam-se de forma resumida os impactos
ambientais, econmicos e scio-culturais do turismo.
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Tabela 2. Impactos do Turismo
Impactos Positivos Negativos
Ambientais
Criao de planos eprogramas de preservaode reas naturais
Empreendedores tursticosinvestem em medidas deproteco da natureza
Convvio directo com anatureza
Poluio sonora
Poluio visual
Eroso do solo Congestionamento
Consumo de gua (1)
Poluio da gua e do ar
Destruio da paisagem natural e darea agro pastoril
Destruio da fauna e da flora
Degradao da paisagem, de stioshistricos e de monumentos
Econmicos
Aumento do rendimento
dos habitantes Criao de empregos
Modificao positiva daestrutura econmica
Industrializao bsica daeconomia regional
Custos de oportunidade
Dependncia excessiva do turismo
Inflao e especulao imobiliria Sazonalidade da procura turstica
Modificao negativa da estruturaeconmica
Vias de acesso
Acidentes desportivos
Avalanches de neve
Scio-culturais
Modificao positiva daestrutura social
Aumento dos nveisculturais e profissionais dapopulao
Valorizao do artesanato
Valorizao da heranacultural
Orgulho tnico
Valorizao e preservaodo patrimnio histrico
Efeito de demonstrao
Alteraes na moralidade
Movimento intenso (neocolonialismo)
Conflitos religiosos
Prostituio
Crime
Descaracterizao do artesanato
Vulgarizao das manifestaesculturais (2)
Arrogncia cultural (3)
Destruio do patrimnio histrico(1) A actividade turstica consome muita gua (piscinas, jardins, campos de golfe, banhos), quepor vezes necessria para as actividades das populaes locais.(2) A cultura considerada uma mercadoria - cerimnias e manifestaes culturais com datashistricas, so efectuadas diversas vezes durante o ano como espectculos para turistas.(3) Nos resorts quase no existe contacto com pessoas e culturas locais.Fonte: Adaptado de Holloway (1994), Ruschmann (1999) e Ignarra (1999)
Todos os impactos ambientais, econmicos e scio-culturais devem ser tidos em
considerao num processo de planeamento estratgico de destinos tursticos. Assim, e
face presso que os impactos do crescimento mundial do fenmeno turstico exercem
sobre destinos tursticos, importa que a entidade responsvel pelo desenvolvimento do
turismo oriente as suas aces com base num planeamento estratgico cumprindo
padres de sustentabilidade.
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1.4. O Desenvolvimento Sustentado do Turismo
O desenvolvimento sustentado tem como primeiro objectivo o fornecimento de um
meio de vida durvel e seguro capaz de minimizar o esgotamento de recursos, a
degradao ambiental, a ruptura cultural e a instabilidade social (Hall, 2000). O
relatrio da WCED - Comisso Bruntland (WCED,1987), alarga este objectivo base
para incluir os conceitos de equidade, as necessidades econmicas da populao
marginalizada e a ideia da tecnologia e das limitaes sociais, como forma de dotar o
ambiente para responder s necessidades actuais e futuras.
Neste contexto, se a criao de locais (destinos) sustentveis um objectivo do
planeamento em turismo, ento este deve ser um processo que abrange no s o
governo, a indstria e o turista, mas deve alargar-se noo de stakeholders2, incluindo
a comunidade local e o interesse pblico (Hall,2000).
A actividade turstica e a economia em geral, em matria de meio ambiente devem ser
dirigidas para o reconhecimento de que o crescimento econmico, o crescimento
turstico e a proteco do meio ambiente so objectivos compatveis e complementares.
Esta ideia conduziu ao denominado desenvolvimento sustentado definido pela
Comisso Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das Naes Unidas e que se
baseia no princpio de que possvel manter um ritmo de crescimento, sem que seja
preciso hipotecar a capacidade das geraes futuras para fazer frente s suas prprias
necessidades, sempre e quando produzam uma srie de mudanas na sociedade,
considerando o ambiente como um bem escasso que preciso administraradequadamente.
Aplicada ao turismo, esta ideia traduz-se no turismo sustentado, que pretende chegar a
uma a situao de equilbrio que permita ao sector do turismo funcionar com um critrio
2 Stakeholders: de acordo com Gray (1989 p.5), so todos os indivduos, grupos, ou
organizaes que so directamente influenciados pelas aces tomadas por outros.
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de rentabilidade a longo prazo, mas no custa dos recursos naturais, culturais ou
ecolgicos. O turismo sustentado apresenta-se em trs dimenses (Perret e Teyssansier,
2001): (1) preservao do(s) recurso(s), (2) desenvolvimento local e (3) tica
retorno/partilha
As actuaes nesta linha devem resultar da aco dos trs agentes principais do sector
turstico: (1) o consumidor (visitante); (2) o produtor ou o vendedor directo dos servios
tursticos que , normalmente, uma empresa privada; (3) o produtor indirecto de uma
grande parte dos servios oferecidos aos turistas: a Administrao Pblica em qualquer
dos seus nveis territoriais (OCDE, 1980).
A necessidade de estas trs dimenses estarem presentes no desenvolvimento local do
turismo coloca em destaque a importncia do planeamento em turismo, tema que se
analisa no ponto seguinte.
1.5. A Necessidade de Planeamento e Turismo
O turismo tem-se revelado, em muitos pases e regies, como um motor importante de
desenvolvimento econmico e de transformaes sociais. Em alguns casos, o nico
elemento de dinamizao econmica do pas/regio, quer como sada de um
subdesenvolvimento crnico, quer para se recuperar do fosso gerado por outras
actividades outrora prsperas (Muoz, 1996).
Actualmente, no deixa de gerar surpresa o elevado nvel de rendimento por habitante
que auferem as regies, cuja especializao a actividade turstica, destacando-se das
outras actividades produtivas (Navarro, 2000 e Muoz, 1996).
No contexto do planeamento e desenvolvimento do turismo, este definido como um
fenmeno multifacetado e interdisciplinar que envolve a inter-relao de componentes
dos produtos tursticos, de actividades e servios fornecidos por entidades pblicas e
privadas (Gunn, 1994; Pearce, 1995, 1989). Um conhecimento destes componentes
requerido para o sucesso do planeamento e gesto do turismo (Inskeep, 1991).
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Embora muitos dos governos foquem, principalmente, os benefcios econmicos, tem-
se vindo a reconhecer os potenciais custos ao nvel social e ambiental e a necessidade de
investigao cuidadosa ao nvel dos efeitos no econmicos (Lui, Sheldon e Var, 1987;
Murphy, 1981). A necessidade da realizao de planeamento estratgico em turismo e
da interveno do governo, no processo de desenvolvimento, so as respostas tpicas
para os efeitos no desejados do desenvolvimento do turismo, particularmente ao nvel
local (Hall, 2000).
O planeamento, no sentido amplo de um processo orientado, deve estar apto a
minimizar os potenciais impactos negativos, a maximizar os retornos econmicos do
destino turstico e a encorajar uma resposta mais positiva da comunidade local
relativamente ao turismo, em termos de longo prazo. Como Murphy (1985, p. 156)
argumenta,
o planeamento est preocupado com a antecipao e a regulamentao das mudanas
no sistema, em promover ordenadamente o desenvolvimento, assim como em
incrementar os benefcios ambientais, sociais e econmicos resultantes do processo de
desenvolvimento.
Por esse motivo, o planeamento deve ser visto como um elemento crtico, que garanta, alongo prazo, o desenvolvimento sustentado do destino turstico.
2. Planeamento Estratgico de Destinos Tursticos
O desenvolvimento no turismo internacional incrementou a competitividade entre os
destinos tursticos. Um dos objectivos do desenvolvimento e planeamento do turismo
o de criar produtos tursticos e servios com maior valor para os actuais e potenciais
turistas, para que os destinos e as suas comunidades recebam benefcios econmicos e
sociais (Yoon, 2002). Contudo, face crescente concorrncia entre os destinos,
necessrio compreender as capacidades de que um destino necessita para competir num
mercado saturado (Evans, Fox e Johnson, 1995; Ritchie, Crouch 2000).
De acordo com Hassan (2000), o planeamento e a promoo dos destinos tursticos
dever ser conduzida por uma minuciosa anlise dos factores de competitividade e
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desenvolvimento de estratgias. Assim, dever ser estruturado um criterioso processo de
planeamento estratgico para o desenvolvimento do turismo em destinos tursticos.
Um processo de planeamento estratgico em turismo inclui um conjunto de factores que
se estendem desde os factores institucionais, factores culturais, valores dos stakeholders
e atitudes, at sua envolvente social, poltica e econmica, influenciando todo o
processo e o seu desenvolvimento formal (Hall, 2000).
No sentido de ser efectivo, o processo de planeamento estratgico em turismo tambm
necessita de ser integrado com os valores e com o desenvolvimento de uma estrutura
organizacional apropriada, contudo, ao nvel do destino, essas medidas podem dar a
impresso de que os stakeholders, no esto adequadamente includos no processo de
planeamento. Nesta situao, o processo de planeamento to importante como o seu
resultado, o plano. Para ter um processo de planeamento, em que, os que tm a
responsabilidade de o implementar, so os mesmos que o ajudaram a formular, faz com
que efectivamente a implementao seja aumentada (Heath e Wall, 1992; Hall e
McArthur, 1998).
Um processo de planeamento estratgico, normalmente, iniciado por algumas razes
que incluem (Hall e McArthur, 1998): (1) a solicitao dos stakeholders empreender
um plano estratgico pode ter origem na presso exercida pelos stakeholders, por
exemplo, a indstria do turismo, os grupos de conservao da natureza, ou o governo;
(2) a percepo da necessidade a falta de informao, para a tomada de deciso ou de
uma matriz apropriada, com a qual se implementem os requisitos legislativos, pode
estar na razo de que novas abordagens de planeamento e de gesto foram identificados.
Este factor comea a ser extremamente importante, no que diz respeito necessidade dedesenvolver novas formas, estruturas e estratgias, com as quais se pode desenvolver o
turismo sustentado; (3) resposta a uma crise empreender um exerccio de elaborao
de um plano estratgico muitas vezes, o resultado de uma crise, no sentido em que o
sistema de planeamento e a gesto falharam; na adaptao dos aspectos de gesto da
envolvente, por exemplo, falhou na conservao de um local com patrimnio ou no
rpido declnio do nmero de chegadas de visitantes; (4) boas prticas os gestores de
locais com patrimnio podem ser pr-activos no que diz respeito adopo de novasideias e novas tcnicas. Alm disso, um processo de planeamento estratgico pode ser
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uma forma de fazer melhor as coisas, incluindo benchmarking de destinos ou do
desenvolvimento dos seus concorrentes; (5) adaptao, inovao e divulgao de ideias
indivduos no seio da organizao podem encorajar como parte do processo de
planeamento estratgico, a difuso de ideias do planeamento em turismo no seio da
gesto de entidades pblicas.
Para Hall (2000), um processo de planeamento estratgico est estruturado
hierarquicamente de uma viso e uma misso, metas, objectivos e planos de aco. Cada
nvel expande-se para os outros em termos de detalhe, direco e capacidade para ser
alcanado.
De acordo com Hall (2000), ao nvel do destino turstico, os elementos do processo de
planeamento estratgico podem ser aplicados de forma a alcanar um plano integrado
passvel de ser gerido, em tempo til e com eficincia de custos.
Um processo integrado de planeamento estratgico em turismo pretende responder s
seguintes questes: (1) para onde se deseja ir?(2) como se vai l chegar?e (3) como se
sabe que se est a chegar l? Nos pargrafos seguintes procede-se anlise destas
questes.
Para onde se deseja ir?
O primeiro passo de um processo de planeamento estratgico identificar os propsitos
que a organizao e/ou o responsvel pelo planeamento deseja alcanar, para os ordenar
pela sua importncia e para considerar como esto longe de se conciliarem uns com os
outros. Como Hall (1992) estabelece: antes dos objectivos ficarem explcitos, ningum
pode ter a certeza que eles sero partilhados pelas pessoas para quem foram planeados;nem possvel de forma racional preferir um plano a outro plano.
A formulao da misso, meta e objectivo, porventura a componente crtica do
planeamento estratgico em turismo. Uma misso organizacional, metas e objectivos
so altamente interdependentes (Byars, 1984). A formulao da declarao de misso e
o desenvolvimento de metas e objectivos necessitam de ser conduzidos em mo (hand-
in-hand) com a anlise estratgica e a viso estabelecida. A seleco de metas e
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objectivos tambm muito importante, em termos de turismo sustentado, porque eles
conduzem seleco de indicadores, pelos quais se atinge o sucesso.
Contudo, a seleco de metas, objectivos e indicadores no uma tarefa fcil, pois o
problema surge da integrao de programas individuais (municpios) num plano
coerente (regional/nacional). Esta questo levanta-se no s ao nvel do que est contido
no seio do documento de planeamento, mas tambm no que respeita estrutura
organizacional e aos valores possudos por aqueles que tm a responsabilidade da
formulao e da implementao do planeamento estratgico.
Como se vai l chegar?
Como observa Gunn (1977, p. 85), por causa do crescimento fragmentado da indstria
do turismo, o planeamento global da totalidade do sistema do turismo est atrasado, no
h uma poltica global, uma filosofia ou uma fora de coordenao que conduza as
muitas peas do turismo para uma harmonia e assegure a continuidade do seu
funcionamento harmonioso.
A necessidade de coordenao comea a ser uma das mais evidentes verdades do
planeamento e da poltica do turismo (Hall, 1994). Por exemplo, Lickorish et al. (1991,
p. vi) argumentam que existe uma fraqueza sria na mquina dos governos na
negociao com o turismo relativamente coordenao e cooperao com os
operadores quer pblicos quer privados. As polticas governamentais ou a falta delas
sugerem uma obsolescncia na administrao pblica dedicada ao turismo.... Como
refere Spann (1979), a coordenao normalmente refere-se ao problema das decises
relacionadas, para que elas se ajustem. No se est a falar de propostas cruzadas, mas
sim, de que as propostas conduzam a uma razovel consistncia e coerncia dasdecises.
Por seu lado, a coordenao uma actividade poltica e ser por causa disso que a
coordenao se traduz numa extrema dificuldade, especialmente, na indstria do
turismo, em que so em grande nmero as partes envolvidas no processo de tomada de
deciso. Como refere Edgell (1990, p. 7), na economia, no existe outra indstria que
esteja ligada a uma to grande diversidade e a to diferentes produtos e servios comoest a indstria do turismo.
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De acordo com Hall (2000), numa abordagem colaborativa em relao ao planeamento
estratgico, a ateno est direccionada para o desenvolvimento de um planeamento
com os stakeholders, em vez de um planeamento para os stakeholders. Esta abordagem
refora a natureza complexa da gesto de um destino turstico, pelo reconhecimento de
que as opinies, perspectivas e recomendaes dos stakeholders (externos) so justas e
legtimas, como so as dos responsveis pelo planeamento, dos especialistas e dos
responsveis pela indstria. Os resultados deste processo tm mais sucesso na sua
implementao, porque os stakeholders tm um maior grau de pertena, face ao plano e
ao seu processo. Para alm disso, este processo pode estabelecer maior cooperao entre
os vrios stakeholders no suporte s metas e aos objectivos das organizaes do
turismo; pode tambm criar as bases para responder, de forma mais eficiente s
mudanas (Hall e McArthur, 1996, 1998).
Como se sabe que se est a chegar l?
A avaliao, tomada numa base mais estratgica, est a comear a ser uma componente
significativa da poltica e do planeamento em turismo. Segundo Hall (1982, p. 288), a
avaliao consiste num qualquer processo que permita ordenar preferncias.
Para outros autores, a avaliao confina-se a avaliar o que acontece aps a
implementao da poltica/medida (p. ex. Dye, 1992). Hollick (1993, p. 125) refere,
acerca da avaliao, que se espera que os erros ocorram, os projectos devem ser
planeados de forma a facilitar a atempada deteco e correco. De forma semelhante,
Hall e Jenkins (1995) argumentam que a monitorizao constante das polticas de
turismo pode alertar os decisores e os legisladores para situaes, em como as polticas
oficiais esto a enviesar o sistema ou situaes em que as polticas no esto a atingir o
pblico desejado. A mesma posio partilhada por Hogwood e Gunn (1984, p. 220):avaliar o programa, em termos dos seus objectivos originais, pode revelar que a
poltica no est ser correctamente aplicada e que no conduzir ao efeito planeado.
O sucesso ou insucesso das polticas pode resultar de muitos dos aspectos relacionados
com a sua elaborao (ambiguidade dos objectivos e das intenes), da implementao,
da poltica (burocracia e foras incontrolveis) ou de foras imprevistas (econmicas,
polticas e sociais) e, ainda, da criao de mudanas nas necessidades pblicas (Hall eJenkins, 1995).
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Os objectivos centrais do Projecto so: (1) associar o planeamento estratgico de
destinos tursticos ao desenvolvimento do turismo sustentado, (2) demonstrar a
exequibilidade das politicas pblicas associadas ao desenvolvimento de planos de
desenvolvimento do turismo em destinos tursticos, focalizados no bem-estar ambiental,
econmico e social-cultural dos stakeholders, (3) assegurar os necessrios recursos de
investigao e de benchmarking e (4) considerar as implicaes nas polticas pblicas
do turismo tendo por base um modelo que agregue as melhores prticas do planeamento
e desenvolvimento do turismo em destinos tursticos.
Para a identificao e definio coerente dos destinos tursticos encontra-se a ser
realizada uma pesquisa baseada em estudos de caso em destinos, referenciados na
literatura em turismo (Ferreira, 2008) e que nos anos de 2005 a 2008 apresentaram os
respectivos planos estratgicos de desenvolvimento do turismo.
Como um dos resultados preliminares desta investigao apresenta-se a pesquisa
realizada tendo por base o Plan Maestro de Desarrollo Turstico Sostenible, 2007-2020,
do Panam, que permitiu validar os aspectos centrais identificados na literatura e
averiguar novos aspectos no contexto da poltica pblica e na identificao da presena
de outros, nomeadamente nas fases do processo, permitindo contributos inovadores para
uma melhor compreenso do fenmeno de planeamento e desenvolvimento de destinos
tursticos, ficando a conhecer aqueles que se pretende, que no longo prazo, garantam o
sucesso do destino.
3.2.Plan Maestro de Desarrollo Turstico Sostenible 2007-2020 - Panam
Este Plano resulta das directrizes estabelecidas, em Setembro de 2004, pelo Presidentedo Panam para a indstria do turismo que deve: (1) criar oportunidades de emprego a
nvel nacional, (2) produzir uma melhor distribuio das receitas e (3) contribuir para a
descentralizao do Estado.
Para dar cumprimento a estas directrizes, o Instituto de Turismo do Panam definiu uma
poltica cujo ponto de partida deveria ser o inventrio turstico do pas, provncia por
provncia, com o objectivo de identificar os recursos naturais e humanos susceptveis deserem transformados em produtos e ofertas tursticas. Este primeiro passo deveria, por
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um lado, permitir avaliar a capacidade de carga das reas escolhidas para o
desenvolvimento do turismo de modo a assegurar a sua sustentabilidade, e por outro
lado deveria identificar a percentagem de desemprego que deveria ser resolvido
mediante a criao de oportunidades de emprego na indstria do turismo.
Para poder garantir o sucesso no tempo do Plano foi necessrio criar uma estrutura legal
de apoio para o seu cumprimento e gesto efectiva, assim como desenvolver uma
capacidade de promoo nacional e internacional que permitisse ao Panam competir
com as outras ofertas mundiais. Neste sentido, o Instituto de Turismo do Panam
encetou um processo de transformao institucional que resultou na actual base de
desenvolvimento do Plano: (1) nova legislao turstica, (2) nova abordagem na
contratao de campanhas promocionais (3) novo espao fsico para a Autoridade do
Turismo e (4) contemplao no Plano de uma srie de factores que permitam criar os
estmulos s actividades tursticas nas diferentes reas do pas.
O Plano possui, ainda, a capacidade de determinar as prioridades e todas as restantes
condies para o desenvolvimento eficiente, sustentvel e contnuo do servio e da
oferta turstica do Panam. Neste contexto e de acordo com Tourism&Leisure, (2008),o
Plano solicitar Administrao Pblica que inclua nos seus planos e oramentos os
fundos necessrios para apoiar as directrizes do Plano, sobretudo em termos de gasto
pblico em infra-estruturas a nvel nacional. As propostas que constam do Plano sero
apoiadas por uma Lei de Fomento ao Investimento Turstico supervisionada pelo
Ministrio de Economia e Finanas.
Processo Metodolgico
A elaborao do Plano tem por base um processo metodolgico integrado numaabordagem de sustentabilidade de mercado/produto turstico. A fase da anlise foi
constituda pelas seguintes etapas: (1) reconhecimento da situao de partida (2)
avaliao da situao e (3) concluses do diagnstico e recomendaes preliminares.
fase da anlise seguiu-se a fase da formulao de estratgias e estabelecimento de
aces tendo por base uma abordagem participativa de todos os principais actores
tursticos do Panam. Esta fase foi constituda pelas seguintes etapas: (4) planeamento
estratgico e (5) plano de aces. O processo empregue no Plano encontra-seestruturado de forma a dar resposta s principais perguntas chave: (1) para qu? (2) o
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pelo (1) aumento da estada mdia, (2) crescimento do nmero de pernoitas, (3) aumento
do emprego; e (4) crescimento contributo turismo para o PIB.
No campo dos produtos e destinos tursticos o Plano identifica doze produtos tursticos
chave para desenvolver: (1) turismo de negcios (MICE), (2) turismo de shopping, (3)
turismo de sol e praia, (4) turismo de cruzeiros, (5) ecoturismo, (6) turismo
activo/aventura, (7) turismo nutico e de pequenos cruzeiros, (8) turismo de pesca
desportiva, (9) turismo de wellness /mdico, (10) turismo cientfico, (11) turismo
cultural/comunitrio e (12) agroturismo. De acordo com o Plano (Tourism&Leisure,
2008), os produtos sol e praia e ecoturismo so os que podero apresentar uma maior
evoluo, especialmente aps 2014. Os produtos nuticos estaro no mercado no
perodo de 2014 - 2020. Ainda de acordo com a mesma fonte, em 2020, espera-se que
se tenha produzido uma mudana notria no mix de produtos tursticos do Panam.
No contexto dos destinos tursticos foram definidas oito regies com vinte e seis
destinos tursticos, cada um com uma carteira de produtos prpria ajustada em funo
da qualidade dos recursos e da tendncia da procura. A identificao dos destinos
tursticos teve por base a observao das seguintes variveis: (1) situao do destino, (2)
viabilidade da procura e (3) viabilidade do mercado.
A estratgia de comercializao orienta a realizao de planos de marketing ao nvel
nacional e internacional focalizados em: (1) mercados chave (2) mercados de
oportunidade e (3) mercados de aposta (estes em duas etapas: 2008-2014 e 2014-2020).
No contexto da criao de condies para o desenvolvimento o Plano, este pressupe a
criao de uma estratgia de acessibilidade e distribuio interna dos fluxos tursticos.
De acordo com Tourism&Leisure (2008), e no contexto da implementao do Plano,
este articula vinte e um programas divididos em setenta e dois subprogramas de
actuao. Os programas foram priorizados de acordo com o seu contributo para a
viabilidade do Plano: alcance dos objectivos e consolidao dos produtos. Assim, os
Planos de investimentos foram divididos em programas de: (1) prioridade mxima, (2)
alta prioridade, (3) prioridade chave e (4) prioridade para a segunda fase ou de
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oportunidade. De suporte implementao do Plano, existe um guia de implementao3
que se traduz num documento, parte integrante do Plano.
No que diz respeito organizao, gesto, monitorizao e avaliao do Plano e para
uma efectiva gesto institucional, o Plano prope um esquema matricial da Autoridade
Turstica do Panam (ATP), bem como trs estratgias a seguir: (1) estratgia
institucional, (2) estratgias de fomento do desenvolvimento e (3) estratgias
transversais para a sustentabilidade. A conta satlite do turismo do Panam surge como
um instrumento central de gesto, monitorizao e avaliao do Plano.
No contexto dos benefcios e riscos do Plano, entende-se que o Plano contribui para a
optimizao da gesto baseada numa melhoria das condies de vida da populao e o
respeito pelo meio ambiente. Os principais benefcios apresentados pelo Plano
traduzem-se em benefcios ambientais, scio-culturais e institucionais. O Plano
apresenta, tambm, indicadores que suportam a viabilidade econmico-financeira. Os
riscos associados implementao do Plano encontram-se apresentados em cinco
cenrios, dois relacionados com o desenvolvimento do mix dos produtos e os outros trs
restantes cenrios relacionados com os problemas de gesto. De acordo com
Tourism&Leisure (2008),os riscos ocasionados pelos problemas de gesto so aqueles
que geram impactos e perdas de oportunidade mais profundas.
5. Contributos e Concluses
Em resultado da pesquisa realizada e objecto de apresentao neste artigo importa
compreender os contributos do case study para um melhor conhecimento dos modelos
de planeamento e desenvolvimento estratgico do turismo em destinos tursticos, bemcomo a importncia das polticas pblicas e das fases que constituem o todo o
Plano/processo.
3 um instrumento orientado para o investimento e para o mercado, contendo informao
atravs da sua documentao tcnica para todos os actores do turismo que desejem optimizar assuas actividades
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No que respeita ao Plano importa destacar as seguintes polticas (1) o desenvolvimento
sustentvel, (2) o funcionamento coordenado entre os actores do turismo, (3) a
colaborao institucional, (4) a qualidade de vida dos residentes, (5) a reduo da
pobreza e (6) o turismo social e para todos, como os contributos que o case study
apresenta e que se associam construo de um plano de desenvolvimento turstico para
um destino.
No entanto, uma anlise mais fina permite verificar que o Plano incorpora outros
aspectos inovadores nomeadamente: (1) na definio das polticas, (2) na capacidade de
provocar transformaes institucionais, (3) na competncia de definir as prioridades e as
condies necessrias para o desenvolvimento eficiente, sustentvel e contnuo do
servio e da oferta turstica e (4) no suporte oramental.
Por outro lado, na sua metodologia, a anlise diagnstico inovadora na medida em
que, no momento do reconhecimento da situao de partida, contempla aspectos como
(1) a reviso de planos e estudos prvios, (2) a reviso de estudos e documentos e a (3) a
reviso das estatsticas do turismo. Por outro lado, na etapa da avaliao da situao,
realiza (1) anlise institucional e legal, (2) anlise da procura, (3) anlise da oferta e (4)
anlise de acessibilidade e infra-estruturas.
Termina a fase das concluses do diagnstico e recomendaes preliminares com (1)
anlise competitiva do destino e com (2) anlise SWOT, enquadrando-a: no
ordenamento e desenvolvimento de destinos, mercados e procura e aspectos
institucionais, e termina (3) com a identificao das linhas estratgicas de
desenvolvimento turstico.
Na fase da formulao de estratgias e estabelecimento de aces tendo por base uma
abordagem participativa de todos os principais actores tursticos, o Plano apresenta as
seguintes etapas: planeamento estratgico e plano de aces. Neste contexto importa
destacar como inovador: (1) a validao dos modelos de desenvolvimento institucional,
(2) a validao das estratgias e dos programas suportados pela viso e pela estratgia
nacional de turismo sustentvel e (3) as anlises de viabilidade: tcnica, social,
ambiental, econmica e institucional. A Conta Satlite do Turismo desempenha nestafase um papel fundamental como fonte de informao estatstica nacional.
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Por ltimo, a novidade que mais se destaca neste Plano a que se prende com o facto de
o processo empregue no Plano se encontrar estruturado de forma a dar resposta s
seguintes perguntas chave: (1) para qu? (2) o qu? (3) para quem? (4) com que
suporte? (5) como faz-lo? (6) como geri-lo? (7) riscos e benefcios, inovando em
relao reviso de literatura que apresenta, no processo integrado de planeamento
estratgico em turismo, a necessidade de apenas a responder s seguintes questes: (1)
para onde se deseja ir? (2) como se vai l chegar? e (3) como se sabe que se est a
chegar l?
Neste contexto, os resultados desta pesquisa tendo por base o case study do Panam,
permite cumprir os objectivos centrais do projecto de investigao, bem dar um
contributo para os responsveis pelo planeamento e desenvolvimento do turismo dos
destinos tursticos, conduzindo-os a uma melhor compreenso de todo o processo de
planeamento e a uma identificao de polticas pblicas capazes de desenhar planos de
desenvolvimento do turismo que permitam gerar a sustentabilidade e a competitividade
do destino.
Por outro lado, esta pesquisa contribui para reforar a compreenso de que estes planos
devem contribuir para a criao de riqueza local num quadro de referncia ambiental,
econmico e scio-cultural.
A identificao das fases do processo de planeamento e as questes que se desejam ver
respondidas pode permitir aos responsveis pelo planeamento do destino um melhor
desenvolvimento turstico, de acordo com a capacidade de carga, tendo por base os tipos
de turismo identificados, os atractivos tursticos existentes e a desenvolver, por forma acaptar mais visitas, gerar mais receitas e a conduzir repetio da visita e
recomendao do destino.
A permanente avaliao da implementao do Plano dever dar origem criao de
indicadores que permitam gerir o destino e avaliar a sua viabilidade.
Outro dos contributos desta investigao prende-se, tambm, com a relevncia da gestodo destino, especialmente no que diz respeito ao modelo de gesto e efectiva gesto do
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plano. Neste contexto, importa ainda referir a importncia da definio do modelo de
financiamento, pela sua relevncia ao nvel da gesto total do destino, mas tambm pela
sua importncia ao nvel dos interesses dos stakeholders.
Como concluso do presente artigo refere-se a importncia deste estudo de investigao
aplicada, que para alm de contribuir para um melhor conhecimento do planeamento
estratgico em destinos tursticos permitir contribuir para criar a base de um projecto
mais extenso que ser um observatrio de boas prticas ao nvel do planeamento
estratgico de destinos tursticos.
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