Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Stricto sensu em Mestrado em Gerontologia
PSICOMOTRICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
Autor: Michelly Mara Lira Monteiro Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas
Brasília 2012
MICHELLY MARA LIRA MONTEIRO
PSICOMOTRICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), como requisito para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.
Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas
Brasília
DF 2012
Defesa da Dissertação de autoria de Michelly Mara Lira Monteiro, intitulada PSICOMOTRICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS
INSTITUCIONALIZADOS , apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia, em 28 de JUNHO de 2012, deferida e aprovada pela banca examinadora assinada:
_________________________________________________________________
Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Gustavo Azevedo Carvalho
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia
____________________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Elizabeth Duarte Silvestre
Universidade Federal do Piauí - UFPI
Brasília 2012
Dedico este trabalho a minha mãe, Conceição Lira, a meus avós, José e Aldenora Lira, e a todos os meus familiares e amigos, pelo amor, serenidade, apoio e incentivo em todas as horas.
AGRADECIMENTOS
Aos pacientes idosos, que nos desafiam continuamente a nos esforçarmos para
melhorar sua saúde, função e qualidade de vida, possibilitando, assim, aumento da
independência e autonomia. E aos funcionários da Instituição de Longa Permanência, Casa
São José, por abrirem as dependências e os idosos;
Aos meus avós, Aldenora e José Lira pelo amor e dedicação, mas, acima de tudo, por
serem para mim exemplos de vida. A vocês, meu carinho, respeito e admiração, hoje e
sempre;
À minha mãe, Conceição Lira por me ajudar e apoiar nas horas de que mais precisei e
pelo amor, participação, auxílio e companheirismo em todas as fases da realização desse
estudo. Dizer obrigado agora é pouco diante de tanto afeto, incentivo e amor contínuos;
Aos meus irmãos, George e Georzilene Lira pela dedicação, apoio e estímulo;
Às minhas primas-irmã Mila Nogueira, Katiuzia Monteiro, Juliana Monteiro e
Gabriela Lira, que sempre me apoiaram em todos os momentos da minha vida. Obrigada pelo
companheirismo e preocupação durante a realização desse trabalho;
Às minhas tias Teresinha, Waldenize e Waldenora Lira, pelo apoio, inspiração e
energia positiva durante o trabalho e em tantos outros momentos;
À minha tia Profª. Drª. Maria do Socorro Lira Monteiro, pelo incentivo, apoio,
firmeza, dedicação e compromisso durante a orientação, e paciência diante das muitas
dificuldades encontradas para que este trabalho pudesse ser concluído;
A todos os meus familiares que direita ou indiretamente participaram deste trabalho.
Agradeço pela amizade, incentivo e suporte;
À Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas, pela atenção, disponibilidade e sugestões
acadêmicas e técnicas para o desenvolvimento dessa abordagem científica. E, principalmente,
por ter me mostrado a riqueza da Gerontologia;
Às minhas amigas Jocélia Resende e Fátima Takahashi por compartilhar alegria,
ideias, sugestões e experiências, e pela disposição no auxílio desse trabalho;
E, sobretudo, obrigada Senhor, por ter permitido que eu chegasse ao fim de mais essa
etapa. Por ter me dado ânimo para não desistir quando tudo parecia dar errado, pela força para
superar as dificuldades que se colocaram no meu caminho e, principalmente, pela saúde.
Os homens perdem sua saúde para juntar dinheiro; e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; por pensarem ansiosamente no futuro, perdem o presente de tal forma que acabam por nem viver o presente nem o futuro; vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido. (Autor Desconhecido)
RESUMO
Referência: MONTEIRO, Michelly. Psicomotricidade e Qualidade de Vida em Idosos Institucionalizados. 2012. 115 folhas. Mestrado em Gerontologia-Universidade Católica de Brasília (DF). 2012.
A psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo e relaciona-se ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Tendo em vista essa concepção, essa dissertação objetiva investigar os aspectos psicomotores presentes nos idosos residentes numa Instituição de Longa Permanência (ILP), com vistas determinar as alterações no sistema músculo-esquelético com a idade, o grau de independência, autonomia e avaliar a qualidade de vida. Para tanto, utilizou-se o método quali-quantitativo, com participação de 19 idosos de ambos os sexos para aplicação do questionário Whoqol-Bref que avalia a qualidade de vida, e 10 idosos para o de Bateria Psicomotora, por meio do uso de critérios de exclusão. Portanto, com base na pesquisa de campo constatou que a psicomotricidade exerce fundamental importância no processo de conservação da tonicidade funcional, controle postural flexível, manutenção da imagem corporal, organização espaço-temporal plástica, integração de praxias ideomotoras, entre outras, relacionadas às necessidades específicas do idoso, tornando o envelhecer um contínuo viver de experiências criativas.
Palavras-chave: Envelhecimento; Psicomotricidade; Idoso; Qualidade de Vida.
ABSTRACT
Reference: MONTEIRO, Michelly. Psychomotricity and Quality of Life in Institutionalized Elderly. 2012. 115 leaves. Master of Gerontology, Catholic University of Brasilia (DF). 2012.
The psychomotor is the science whose object of study is the man through the body in motion and in relation to its internal and external world, and relates to the maturation process where the body is the source of cognitive affective and organic acquisitions. Given this conception, this thesis aims to investigate psychomotor aspects present in the aged who living in a Establishment of Long Term ( from the portuguese ILP) in order to determine changes in the musculoskeletal system with age, the degree of independence, autonomy and evaluat the quality of life. We used the quali-quantitative method, with participation of 19 aged of both sexes with the application of the WHOQOL-Bref questionnaire to assess the quality of life and 10 aged to the Psychomotor Battery, through the use of criteria exclusion. Therefore, based on a field research found that psicomotricity plays a fundamental role on the functional tone preservation, flexbility postural control, maintenance of body image, plastic space-time organization, integration of ideomotor praxis, among others, related to the aged specific needs, making aging a continuous live creative experiences.
Keywords: Aging; Psychomotricity; Aged, Quality of Life.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Deformidade gradativa da coluna vertebral............................................20
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Organização psicomotora de acordo com o modelo psiconeurológico de Luria ... 27
Quadro 2
Registro das respostas na base de uma escala de pontuação de quatro níveis ....... 48
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Qualidade de vida dos idosos da Casa São José, por gênero .................................. 51
Tabela 2
Nível de satisfação dos idosos com saúde .............................................................. 52
Tabela 3
Nível de impedimento da dor física nos idosos para a realização de
atividades necessárias ........................................................................................... 52
Tabela 4
Tratamento médico necessário para a condução da vida rotineira do
idoso ....................................................................................................................... 53
Tabela 5
Nível de aproveitamento da vida do idoso, por gênero ........................................... 53
Tabela 6
Sentimentos do idoso de ambos sexos relativamente a vida ................................... 54
Tabela 7
Nível de concentração do geronto, por gênero ....................................................... 54
Tabela 8
Sentimentos de segurança vivenciada pelo idoso ................................................... 55
Tabela 9
Condições de saudabilidade do ambiente físico (clima, barulho,
poluição, atrativos do idoso ................................................................................... 55
Tabela 10
Disposição de energia do idoso para a atividade do seu dia-a-dia ........................ 56
Tabela 11- Aceitação da aparência física do idoso e da idosa .................................................. 56
Tabela 12
Disponibilidade de recurso financeiro para satisfação das
necessidades do idoso ............................................................................................ 57
Tabela 13
Nível de acesso às informações no dia-a-dia do idoso .......................................... 57
Tabela 14
Oportunidade de lazer do idoso ............................................................................ 57
Tabela 15
Condições de locomoção do idoso, por gênero..................................................... 58
Tabela 16
Nível de satisfação do sono do idoso, por sexo .................................................... 59
Tabela 17 - Capacidade para desempenhar atividades no dia-a-dia ......................................... 59
Tabela 18
Capacidade para o trabalho do geronto, por sexo ................................................. 59
Tabela 19
Grau de satisfação do idoso .................................................................................. 60
Tabela 20
Nível de satisfação do geronto com as relações pessoais (amigos,
parentes, conhecidos, colegas) ............................................................................... 60
Tabela 21
Nível de satisfação do idoso relativamente ao apoio recebido pelos
amigos .................................................................................................................... 61
Tabela 22
Grau de satisfação do idoso quanto às condições do local de moradia ................. 61
Tabela 23
Grau de satisfação do idoso com a vida sexual ..................................................... 62
Tabela 24
Nível de satisfação do geronto relativamente ao acesso dos serviços
de saúde .................................................................................................................. 62
Tabela 25
Nível de satisfação do idoso com o meio de transporte utilizado ......................... 63
Tabela 26
Frequência de sentimentos negativos, como mau humor, desespero,
ansiedade e depressão vivenciadas pelo idoso, por gênero .................................... 63
Tabela 27 Tonicidade no idoso, por gênero ............................................................................ 64
Tabela 28
Extensibilidade no geronte, por sexo .................................................................... 66
Tabela 29
Passividade em idosos, por gênero ....................................................................... 67
Tabela 30
Paratonia em idosos, por gênero ........................................................................... 68
Tabela 31
Diadocosinesias em geronte, por sexo .................................................................. 69
Tabela 32
Sincinesias ............................................................................................................. 70
Tabela 33
Imobilidade dos idosos, por sexo .......................................................................... 71
Tabela 34 a - Equilíbrio estático, com ênfase em idosos por sexo feminino e
masculino ............................................................................................................... 72
Tabela 34 b
Equilíbrio estático, com destaque para a aponta dos pés nos idosos,
por gênero .............................................................................................................. 72
Tabela 34 c
Equilíbrio estático, com realce no geronte, por sexo ......................................... 72
Tabela 35 a - Equilíbrio dinâmico, alicerçado na marcha controlada do idoso, por
gênero ..................................................................................................................... 73
Tabela 35 b.1
Equilíbrio dinâmico, na evolução do banco para frente .................................. 74
Tabela 35 b.2 - Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para trás do idoso, por
gênero ..................................................................................................................... 74
Tabela 35 b.3
Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para o lado direito do
idoso, por sexo ....................................................................................................... 75
Tabela 35 b.4
Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para o lado esquerdo
do idoso, por gênero ............................................................................................... 76
Tabela 36 - A lateralização, com ênfase no subfator ocular, do idoso por gênero ................... 77
Tabela 37- Lateralização, destacando o subfator auditiva do idoso, por sexo ......................... 77
Tabela 38
Lateralização, enfocando o subfator manual do idoso e da idosa ......................... 77
Tabela 39
Lateralização do subfator pedal do idoso, por gênero .......................................... 77
Tabela 40
Noção de corpo no sentido cinestésico, segundo o gênero ................................... 78
Tabela 41
Noção do corpo por reconhecimento direita/esquerda, do geronte por
sexo ........................................................................................................................ 79
Tabela 42
Noção de corpo enfatizando a autoimagem (face), segundo o gênero .................. 79
Tabela 43
Noção de corpo, destacando a imitação de gestos, por sexo ................................. 80
Tabela 44
Noção de corpo focando o desenho do corpo, por sexo ........................................ 80
Tabela 45
Estruturação espaço-temporal, com destaque para a organização do
idoso, por sexo ....................................................................................................... 81
Tabela 46- Estruturação espaço-temporal com enfoque na estruturação dinâmica
do idoso por gênero ................................................................................................ 82
Tabela 47- Estruturação espaço-temporal com ênfase na representação
topográfica do idoso, segundo o sexo .................................................................... 82
Tabela 48 - Estruturação espaço-temporal por estruturação rítmica do geronte,
segundo o sexo ....................................................................................................... 83
Tabela 49a
Praxia global por meio da coordenação óculo-manual do idoso, por
sexo ........................................................................................................................ 83
Tabela 49b
Praxia global, destacando a coordenação óculo-pedal do idoso, por
gênero ..................................................................................................................... 84
Tabela 50
Praxia global, através da dismetria do idoso, por idoso e idosa............................ 84
Tabela 51a
Dissociação, enfatizando os membros superiores do idoso, por sexo ................. 84
Tabela 51b Praxia global, enfocando membros inferiores do idoso, por sexo ....................... 85
Tabela 51c
Praxia global, evidenciando a agilidade do idoso, por gênero ............................ 85
Tabela 52 - Praxia fina por meio de coordenação dinâmica manual do idoso,
segundo o sexo ....................................................................................................... 86
Tabela 53
Praxia fina, através do tamborilar do idoso, por sexo .......................................... 87
Tabela 54a
Praxia fina, com destaque para pontos do idoso, por gênero .............................. 87
Tabela 54b
Praxia fina, enfocando as cruzes do idoso, por sexo ........................................... 87
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
1.1Objetivos ............................................................................................................................. 17
1.1.1 Geral ................................................................................................................................. 17
1.1.2 Específicos ....................................................................................................................... 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 18
2.1 Terceira idade
envelhecimento ........................................................................................ 18
2.2 Psicomotricidade ................................................................................................................. 20
2.2.1 Conceito ......................................................................................................................... 20
2.2.2 Controle das funções motoras e do comportamento ...................................................... 22
2.3 Gerontopsicomotricidade .................................................................................................. 32
2.4 Sistema psicomotor humano ............................................................................................. 36
2.5 Atividade e bem-estar psicológico na maturidade ............................................................ 39
2.6 Qualidade de vida ............................................................................................................. 41
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 44
3.1 Procedimentos de pesquisa ................................................................................................. 45
3.2 Materiais e equipamentos ................................................................................................... 46
3.3 Coleta de dados ................................................................................................................... 47
3.4 Análise de dados ................................................................................................................. 47
3.5 Relação risco-benefício ....................................................................................................... 49
3.6 Aspectos éticos (Comitê Ético de Pesquisa - CEP) ............................................................ 49
4 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................................... 51
4.1 Qualidade de vida ............................................................................................................... 51
4.2 Bateria psicomotora ............................................................................................................ 64
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 91
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................................... 96
APÊNDICE B - Ficha de Identificação do Paciente ............................................................ 98
ANEXO A - Avaliação de Qualidade de vida ....................................................................... 99
ANEXO B
Bateria Psicomotora Adaptado (Vitor da Fonseca) ..................................... 103
ANEXO C- Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa ............................ 108
ANEXO D
Termo de Aprovação ...................................................................................... 111
ANEXO E
Testes da Bateria Psicomotora....................................................................... 112
1 INTRODUÇÃO
O aumento significativo da perspectiva de vida tem despertado os cientistas para
pesquisar a realidade e as necessidades do indivíduo idoso, haja vista que os cuidados sociais
e de saúde implicam inevitavelmente na qualidade de vida das pessoas com ou acima de 60
anos. Salienta-se, ainda, que em nível individual, o temperamento e o caráter determinam o
tipo de reação e de conduta diante de variadas situações de vida, o que gera fatores
psicológicos e afetivos que contribuem complementarmente para a diferenciação dos
processos de envelhecer (PAPALÉO, 2001).
Segundo Neri (2001) a gerontologia é a ciência que estuda o processo do
envelhecimento, cuida da personalidade e da conduta dos idosos, levando em conta todos os
aspectos biológicos, sociais, físicos, funcionais, psicológicos e culturais.
Nessa perspectiva, Velasco (2005) define psicomotricidade como sendo a ciência que
tem no corpo a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
A psicomotricidade na vida do idoso tem tanta ou mais importância que na infância,
pois esta se assenta na formação do ser humano e o processo do envelhecimento, também
denominado de terceira idade , pois a recuperação e/ou manutenção das atividades
funcionais, possibilitaram sua independência por mais tempo. Nesse sentido, pode-se enfatizar
que a psicomotricidade exerce efeito preventivo ao conservar a tonicidade funcional, controlar
a postura flexível, determinar a boa imagem do corpo, organização espacial e temporal,
integrar e prorrogar as práxias global e fina; remete ao geronte a ação com o seu corpo em
movimento, a favor da manutenção de uma estrutura funcional, necessária não somente para a
promoção, mas, sobretudo, para a manutenção da saúde (VASCONCELOS, 2003).
Ademais, Meur e Staes (1989) realçam que o estudo da psicomotricidade é recente, na
medida em que no início do século XX, a temática era abordada apenas excepcionalmente. Na
primeira fase, a pesquisa teórica preponderou no desenvolvimento motor da criança, a qual foi
seguida pelos estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em
função da idade. E, que posteriormente, os estudos ultrapassaram os problemas motores e
permitiram uma interação entre o gesto e afetividade.
A noção de bem-estar conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946)
encontra-se, em grande parte, condicionada à saúde física, mental e social, refletindo-se na
qualidade de vida do ser humano, pois ser saudável não corresponde simplesmente à ausência
de doença, mas relaciona-se, sobretudo, ao modo de viver e à prevenção. Nesse sentido,
reconhece-se que a psicomotricidade dialoga com a saúde e a doença nas suas intervenções
profiláticas, educacionais e clínicas, investigando, pesquisando e favorecendo
ininterruptamente a relação e a interação psíquica e corporal. Por conseguinte, a prática
psicomotora é agente do bem-estar físico e mental, contribuindo, assim, para o equilíbrio e a
adaptação do homem ao seu contexto social, ao promover a saúde, minimizar as limitações e
amenizar o sofrimento.
Logo, a psicomotricidade é entendida como um olhar globalizado por perceber a
relação entre a motricidade e o psiquismo, como a relação estabelecida entre o indivíduo
global e o mundo externo. Ou seja, é concebida como uma ciência, cuja organização de
atividades possibilita à pessoa conhecer de maneira concreta seu ser e seu ambiente cotidiano,
com vistas desempenhar as tarefas de maneira adaptada. Reconhece-se que o objeto dessa
investigação científica além de visar o aprimoramento pessoal, intelectual e cultural da
pesquisadora, se consubstanciará como fonte de pesquisa para acadêmicos e profissionais que
busquem compreender o processo de envelhecimento, e as alternativas para uma vida com
qualidade para os idosos. Outrossim, expõe-se que, por um lado, esse tema é pouco abordado,
devido às poucas referências bibliográficas e, que por outro lado, que o mesmo é relevante
para explicar a manutenção do bem-estar físico e psicológico, exigindo a integração de
recursos cognitivos e afetivos com as habilidades motoras.
Portanto, enfatiza-se em consonância com Rossi (2009), que a
gerontopsicomotricidade configurou-se numa ferramenta bastante útil para a compreensão das
alterações provenientes do envelhecimento, mediante uso de programas psicomotores na
prevenção e, ou no tratamento de alterações, contrariando, assim, a retrogênese, ou seja,
consubstanciou-se em uma ciência que possibilita a recuperação e a manutenção da qualidade
de vida dos idosos. A psicomotricidade torna o idoso mais independente, ao possibilitar a
melhora da eficácia e do desempenho nas atividades da vida cotidiana e, consequentemente,
promover melhor qualidade de vida.
Com base nesse cenário, ressalta-se que esta pesquisa objetiva abordar os aspectos
psicomotores presentes em idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência,
determinando as alterações no sistema músculo-esquelético com a idade, o grau de
independência e autonomia através de avaliações físico-funcionais da capacidade de realizar
as atividades básicas de vida diária e causas de incapacidades nos mesmos, além de permitir
melhor qualidade de vida.
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
Investigar os aspectos psicomotores presentes nos idosos residentes em uma
Instituição de Longa Permanência (ILP), determinando as alterações no sistema músculo-
esquelético com a idade, o grau de independência e autonomia e avaliar a qualidade de vida.
1.1.2 Específicos
Identificar o perfil psicomotor de idosos residentes na Casa São José Instituição de
Longa Permanência no Piauí;
Investigar porque os fatores psicomotores apresentam alterações no desenvolvimento
psicomotor no idoso, focalizando as possíveis deficiências nas áreas motoras;
Identificar em que aspectos as atividades psicomotoras podem promover qualidade de
vida ao idoso que reside na Casa São José no Piauí.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Terceira idade: envelhecimento
Para Morin et al. (1999), a velhice é considerada, inclusive por vários autores, como a
etapa do ciclo vital que se inicia em torno de 60 anos de idade e finaliza-se com a morte.
Contudo, consoante Chopra (1996), a mensuração da faixa etária de uma pessoa pode
ser realizada de três maneiras: a cronológica, que corresponde aos anos, relativamente ao
calendário; a biológica, que se refere à idade do corpo em termos de sinais críticos da vida e
processos celulares; e, a psicológica, que representa a idade sensitiva de cada pessoa, que por
isso configura-se como subjetiva e flexível. Acrescenta, ainda, como fatores que aceleram o
processo do envelhecimento: depressão, incapacidade de expressar as emoções, rotinas diária
e de trabalho irregular, viver sozinho, solidão, ausência de amigos íntimos, insatisfação no
trabalho, dificuldades financeiras, dívidas, preocupação habitual ou excessiva, irritabilidade,
enraivecer com facilidade ou incapacidade de exprimir a raiva sentida e autocrítica e críticas
demasiadas.
No entanto, segundo Oliveira (2008), os problemas sociais são mais incisivos sobre o
idoso, uma vez que, historicamente, o mesmo era o contador de histórias sobre a família para
os descendentes e era consultado pela sua experiência, ou seja, representava a sabedoria e a
paciência, e transmitia os valores de uma geração para outra, portanto, era um componente
ativo da família. Outrossim, era assistido quando doente pelos membros familiares. Todavia,
na sociedade capitalista moderna na qual prepondera uma estrutura familiar nuclear, onde
todos os integrantes têm ocupação profissional, o idoso fica relegado ao segundo plano, sendo
cuidado por estranhos que, em geral, não dispensam atenção, carinho e afeto. Além disso,
presenciou como agravante, o insuficiente valor da aposentadoria para suprir necessidades do
geronte, tornando-o, então, um peso financeiro para a família.
Com base em tal cenário, para Camarin (1998), os velhos são encarados como um
peso social, na medida em que se consubstanciam em recebedores de benefícios. Logo, não
contribuem para a acumulação do capital consumista e imediatista.
No entanto, a despeito dessa problemática social, reconhece-se que o corpo é uma
referência para a organização espaço temporal, inclusive, o adulto torna-se um objeto quase
exterior , praticamente desinvestido de desejo, de prazer e de alegria. Em conformidade com
Oliveira (2008), as limitações corporais e a consciência da temporalidade são fatores
fundamentais no processo de análise do envelhecimento, pois o corpo e o tempo se
entrecruzam e, de acordo com esse entrecruzamento, poderão nascer múltiplas velhices, as
quais dependem do contexto sociopolítico e cultural no qual o sujeito está inserido. Porém,
entende que, por um lado, a diminuição do desempenho físico é um processo natural do
envelhecimento e, que por outro lado, esse condicionante é possível de ser amenizado por
meio de atividades psicomotoras, que provocam a redução da morbidade e da mortalidade, a
manutenção da autonomia e da independência, a melhora da força muscular, da flexibilidade,
do equilíbrio, da coordenação dinâmica geral do corpo, favorecendo ao idoso possibilidades
para ampliar a compreensão e a valorização do corpo, para a ampliação da esfera social, que
pode contribuir para o bem-estar afetivo, emocional e relacional.
Figura 1
Deformidade gradativa da coluna vertebral.
Fonte: Freitas (2002, p. 610).
Esse declínio da estatura não é decorrente da diminuição dos ossos longos dos
membros inferiores e superiores, mas das alterações osteoarticulares da coluna, caracterizada
pelo achatamento das vértebras, da redução dos discos intervertebrais e cifose dorsal, do
arqueamento dos membros inferiores e achatamento do arco plantar dos pés. Já em relação ao
peso, observam uma redução discreta a partir dos 60 anos de idade, provocando um aumento
do acúmulo de gordura, sendo responsável por manutenção ou mesmo elevação ponderal
(PAPALÉO; SALLES, 2001).
Esse panorama para Chopra (1996, p. 89), revela que nós experimentamos a alegria
da vida por meio de nossos corpos, portanto, é natural acreditar que nossos corpos não
estejam voltados contra nós e sim que desejem o que nós desejamos .
De acordo com Sullivan (1993), um fator importante para a qualidade de vida do idoso
é a sua independência funcional para a realização das atividades de vida diária. Dessa forma,
entende como atividades funcionais as identificadas por um indivíduo como essenciais para a
manutenção do bem-estar físico e psicológico e, por isso, exigem a integração de recursos
cognitivos e afetivos com as habilidades motoras.
Assim, devido ao incremento da população idosa brasileira, muitas instituições estão
se preparando e planejando atividades munidas de alegria, prazer e lazer para serem
desenvolvidas junto aos idosos. Inclusive, consoante com Oliveira (2010), a prática
psicomotora voltada para o idoso na academia é denominada gerontopsicomotricidade, que
consiste em uma série de técnicas aplicadas ao público da terceira idade, com o objetivo de
elevar o nível de autonomia física e psicológica, para melhorar o equilíbrio emocional,
potencializar a socialização e aumentar a capacidade do idoso de se adaptar a novas situações.
2.2 Psicomotricidade
2.2.1 Conceito
O termo psicomotricidade existe no mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial
quando o Dr. Julian Ajuruaguerra e a Drª. Giselle Soubrian perceberam que após a guerra
muitas crianças apresentavam dificuldades na aprendizagem devido aos traumas sofridos. E,
após estudos mais aprofundados e aplicações foi desenvolvido o método de terapia em
psicomotricidade, que reconheceu não existir movimento sem cognição, mas que a cognição
está diretamente ligada ao movimento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PSICOMOTRICIDADE, 2001).
Em conformidade com Velasco (2006), a origem do termo psicomotricidade, advém
da função de psico que significa cognição, intelectualização com motricidade que expressa
gestos, ação e ato. Nesse sentido, ressalta que a psicomotricidade manifesta a realização de
um pensamento, através de um ato motor coeso, econômico e harmonioso, que exige uma
afetividade equilibrada, ou seja, configura-se como uma ciência que aliada a várias técnicas,
busca o equilíbrio corpo-intelecto-mente.
Sendo assim, para Fonseca (1987, p. 89),
[...] a psicomotricidade pode oferecer um efeito preventivo, conservando uma tonicidade funcional, um controle postural flexível, uma boa imagem corporal, uma organização espacial e temporal plástica, uma integração e prolongamento das práxias ideomotoras, etc.
A partir dessa multiplicidade de aspectos que estabelecem uma inter-relação com a
motricidade, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) fundada em (1980), em
meados dos anos 1990, elaborou um primeiro conceito geral desta área do conhecimento,
como ciência que tem por objetivo o estudo do Homem, através de seu corpo em movimento,
nas relações com seu mundo interno e externo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PSICOMOTRICIDADE, 1995)
Deste modo, conforme Bueno (1998), a intervenção no campo psicomotor é concebida
a partir de quatro grandes áreas, Estimulação, Educação, Reeducação e Terapia Psicomotora.
E, particularmente, evidencia que educação psicomotora consiste no processo que envolve
contribuições para o desenvolvimento harmonioso do idoso durante a vida, isto é, que realiza
em todos os momentos da vida por meio de percepções vivenciadas, como intervenção direta
nos aspectos cognitivos, motor e emocional, estruturando o indivíduo como um todo. Logo, a
educação passa pela facilitação das condições naturas e prevenção de distúrbios corporais
orgânicos, e psicomotores funcionais de comportamentos ou sociais. Essa conformação
expressa que a educação pode ser realizada na família, no meio social e na escola, com a
participação dos familiares, cuidadores, amigos e professores. E, que a estimulação
psicomotora refere-se ao despertar e/ou desabrochar do movimento.
Ainda segundo a referida autora, a reeducação psicomotora é a ação desenvolvida em
indivíduos que sofrem com perturbações ou distúrbios psicomotores, a qual objetiva retomar
as vivências anteriormente com falhas ou as fases de educação ultrapassadas
inadequadamente. Assim, reeducar significa o que o indivíduo não assimilou adequadamente
em etapas anteriores. Concebe, também, que a terapia psicomotora é conduzida a indivíduos
com conflitos mais profundos na estruturação associados aos funcionais ou com
desorganização total da harmonia corporal e pessoal.
Consoante Damasceno (1998), em decorrência de a psicomotricidade proporcionar aos
idosos a redescoberta de valores, sentimentos, capacidades, contrariamente a mera repetição
de exercícios, conforma-se como um recurso terapêutico valioso para o trabalho com os
idosos, pois é uma abordagem terapêutica eficaz para intervir no processo do envelhecimento.
Logo, de acordo com Oliveira (2007), a psicomotricidade é um movimento dotado de
sentido, contato, expressão, comunicação, realização de trocas, exploração e modo de
conhecer, que possibilita ao ser humano colocar-se em relação consigo mesmo e com o outro.
Isto é, encerra uma trajetória ampla e crescente, que contribui para que o idoso viva em grupo,
haja vista as atividades coletivas ajudarem a estabelecer contatos sociais, através de técnicas
psicomotoras que proporcionam ao geronto rever sua própria história de vida, não com o
intuito de fazê-lo se arrepender das atitudes tomadas, mas para dá-lo oportunidade de fazer
agora o que não realizara anteriormente.
Então, para melhor compreensão da interligação entre os componentes psíquicos e
motores, faz-se uma breve revisão dos principais sistemas neurais fisiológicos, que controlam
o complexo comportamento psicomotor.
2.2.2. Controle das funções motoras e do comportamento
Sistema piramidal
Em consonância com Bueno (1998), o trato corticoespinhal ou trato piramidal é uma
grande coleção de axônios que viajam entre o córtex cerebral do cérebro e a medula espinhal,
composto principalmente de axônios motores, responsável pelos movimentos voluntários,
controlando a motricidade fina e a elaboração de praxia (ações pensadas e planejadas),
constituindo o componente voluntário da motricidade. Realça, outrossim, que apresenta como
funções: inibir os músculos flexores; dirigir o movimento para um fim (projeção do
movimento); controlar os movimentos distais; e agir no sistema de aprenizagem. Acrescenta,
ainda, que a mielinização do sistema piramidal provoca evolução da motricidade e a
modificação de certos reflexos e que casos de lesões levam a paralisias.
Sistema extrapiramidal
Conforme o autor anteriormente a rede neural localizada no cérebro humano que
integra o sistema motor envolvido na coordenação dos movimentos, podendo ser afetado de
diversas maneiras, manifestadas por uma série de sintomas extrapiramidais, como acinesia
(incapacidade de iniciar o movimento) e acatisia (incapacidade de se manter imóvel).
Segundo Bueno (1998), o sistema extrapiramidal é responsável pelos movimentos
involuntários, automáticos, regulando o tônus e a postura, cuja motricidade global é
estabelecida pelos mecanismos vestibulares do ouvido interno. Porém, em casos de lesões,
não causam paralisias, e sim, movimentos involuntários espontâneos e alterações do tônus.
Conforme Kingsley (2001) as áreas do cérebro que apresentam maior perda neuronal e
diminuição de volume relacionada à idade são os lobos frontal e temporal e o complexo
amígdala-hipocampal. Ademais, salienta o reconhecimento do importante papel dos neurônios
piramidais do hipocampo no aprendizado e na memória, e que sua perda compromete tais
funções, pois ocorre diminuição devido ao envelhecimento. E, a ocorrência de aumento
significativo na proliferação dos astrócitos e das células microgliais associados à idade. Logo,
essas células gliais têm como alvo os neurônios degenerados, o que comprova o conceito da
perda celular hipocampal. Portanto, o tecido envelhecido pode parecer menos denso, apesar
de poder conter o mesmo número de células, e que o declínio do volume da substância
cinzenta relacionado com a idade pode ser causado pela atrofia neuronal. Mas à medida que
envelhece não perde a maquinaria para o funcionamento, apenas acontece a alteração de sua
capacidade de funcionar normalmente.
Destaca, também, que a redução do volume do cérebro associa-se às alterações da
substância cinzenta e da substância branca, por causa da morte axônica ou da degeneração da
mielina, que é resultante do desuso de colaterais ou da morte celular em si. Inclusive,
evidencia que há maior perda de volume de substância branca que cinzenta com a idade, o que
pode indicar uma perda de neurônios corticais, porque as fibras mielinizadas possuem um
diâmetro muito maior que a dos corpos celulares. Ou seja, a perda da mielina tem papel
relevante no envelhecimento normal, o que explica as diferenças entre o volume de substância
cinzenta e de substância branca. Esse panorama de degeneração da mielina pode causar
diferenças observáveis na velocidade de condução neuronal e dificuldade de processamento
em regiões do córtex cerebral, onde a velocidade é crucial (KINGSLEY, 2001).
Sistema límbico
De acordo com Bueno (1998), o sistema cerebelar é responsável pela harmonia e
equilíbrio interno do movimento, regulando a proprioceptividade inconsciente e recebendo as
informações sensoriais que vêm dos músculos, tendões e articulações, sendo responsável pela
coordenação e amplitude, e movimento. Com o avanço da idade o equilíbrio vai sofrendo
alterações no idoso, provocando o aparecimento de quedas.
Relação motricidade e comportamento emocional
Para Kandel (2008), o estado emocional apresenta várias modificações durante o
decorrer da vida, como prazer, alegria, euforia, desânimo, medo, agonia, raiva, e ansiedade os
quais fazem parte do comportamento emocional de todas as pessoas. Exprime que apesar das
emoções variarem e implicarem muitos processos corporais, não conhece uma explicação
científica precisa do termo emoção.
Segundo Cardoso (2007), as emoções muito fortes podem causar transtornos no
organismo, com o infarto, perda da fala e alterações de comportamento. Ressalta que a
emoção muitas vezes leva a uma situação intrigante, configurada como um momento
inesperado, em reação automática, comandada pela amígdala cortical. E que, em humanos, a
lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da
percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida, não
obstante saber quem está vendo, mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.
Para Khalsa (2001), a evolução das pesquisas revelou que a amígdala (componente do
sistema límbico) é a principal área de processamento das memórias emocionais.
Conforme Mogan (1985 apud ECKERT, 1993), a motricidade e os fatores
psicológicos estão bem associados, e uma saúde mental positiva está diretamente relacionada
com o sucesso físico. Assim, uma pessoa neurótica, ansiosa, deprimida não é bem sucedida na
motricidade, relativamente a uma pessoa com interesse, habilidade, diposição e entusiamo.
Alguns idosos têm distúrbios secundários de coordenação motora ampla e fina, o que
atrapalha o seu equilíbrio e sua destreza manual. Notadamente, a parte psicológica
correlaciona-se com a parte motora e vice-versa, uma é consequência da outra, uma faz parte
da outra (ALVES, 2008).
Portanto, o presente estudo foi baseado na Bateria Psicomotora (BPM) de Vitor da
Fonseca, e esta, por sua vez, apresenta uma grande relação com os centros nervosos
responsáveis pelo controle das atividades globais. Em virtude dessa relação, apresentar-se-á o
modelo de Luria, o qual mostra a interligação corpo-cérebro.
Significação psiconeurológica dos fatores psicomotores segundo Luria
Segundo Luria (1973 apud FONSECA, 1995), o cérebro humano é composto por
unidades funcionais básicas e cada uma possui uma função particular e peculiar.
Centrado nesse contexto, para Fonseca (2009), a evolução do cérebro, embasado no
filogenético e ontogênico, envolve transições, do mais organizado (medula) ao menos
organizado (córtex); dos centros inferiores mais organizados, aos centros superiores que vão
se organizando pela vida fora; do mais simples ao mais complexo, do mais reflexivo ao mais
voluntário; da protomotricidade à arqueomotricidade; da paleomotricidade à neomotricidade;
e, da sensório-motricidade à psicomotricidade, pressupondo uma organização vertical
ascendente que a organização funcional do cérebro, de acordo com A. R. Luria, resulta da
interação conjunta e hierarquizada de três blocos funcionais, dos quais dependem as funções
que presidem trabalho do cérebro, implicado em todas as formas complexas de
comportamento, nomeadamente na organização psicomotora.
Em consonância com Luria (1988), as formas complexas de comportamento têm
origem social, a partir da qual se desencadeiam processos que elaboram, armazenam e
conservam a informação do mundo exterior e se programam e controlam ações que
materializam intenções, que obedecem a uma organização estruturada, autorregulada e
hierarquizada, o cérebro. Assim, cada processo de comportamento envolve um complexo
sistema funcional, baseado em um plano ou programa de operações, que conduz a um fim
determinado, caracterizado como:
1° bloco: regula o nível de energia e o tônus do córtex, garantindo-lhe uma base
estável para a organização dos vários processos, incluindo o da memória. Localiza-se no
tronco cerebral e, particularmente, na formação reticulada, com a função de seleção,
discriminação e de vigília;
2° bloco: compreende a análise, a codificação e o armazenamento da informação. E
localiza-se nas zonas posteriores do córtex, ou seja, nos lóbulos occipital temporal e parietal,
com funções específicas e hierarquizadas em zonas primárias, secundárias e terciárias, que
compreendem as organizações intraneurossensorial, interneurossensorial e integrada dos
analisadores visuais, auditivos e tátil-quinestésicos;
3° bloco: envolve a formação, a programação, a regulação e a verificação das
condutas. Localiza-se na zona anterior do córtex, isto é, nos lóbulos frontais, com funções de
planificação, de utilização e de execuções de praxias intimamente relacionada com as funções
do tronco cerebral, nomeadamente, a atenção e a concentração. Nesse sentido, expõe-se a
organização psicomotora em consonância com o modelo psiconeurológico de Luria, no
quadro 1.
Quadro 1- Organização psicomotora de acordo com o modelo psiconeurológico de Luria
Modelo de Luria Fatores Psicomotores da BPM
Primeiro bloco Tonicidade (T); Equilibração (E)
Segundo bloco Lateralização (L); Noção de Corpo (N.C);
Estruturação Espaço-Temporal (E.E.T);
Terceiro bloco Praxia Global (P.G); Praxia Fina (P.F)
Fonte: Fonseca (2009, p. 318).
Acrescenta-se que a primeira unidade entra em ação no desenvolvimento intrauterino,
desempenhando relevante papel durante o parto e nos primeiros processos da maturação
motora; a segunda atua no desenvolvimento extrauterino, com a função de estabelecer uma
transação entre o organismo e o meio; e a terceira depende das duas primeiras, estabelecendo
condutas cada vez mais conscientizadas e corticalizadas.
Nessa perspectiva, destaca-se que a Bateria Psicomotora (BPM) é um modelo
psicomotor que confirma o modelo de organização funcional do cérebro, construído ao longo
de vários anos de experiência clínica, subdividida em sete fatores, distribuídos, segundo o
modelo Luria, da seguinte forma:
Tonicidade
Para Fonseca (1995), a importância da tonicidade reside no fato do tônus muscular
exercer papel fundamental no desenvolvimento motor para garantir as atitudes da postura, das
mímicas e das emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.
De acordo com Sanvito (2002), o tônus muscular é a tensão permanente dos músculos,
e que essa atividade contrátil tem por finalidade manter a atitude geral do corpo nas diversas
posições que a atividade lhe impõe (tono postural) e durante a execução de um movimento
(tono de ação ou de acompanhamento). Revela que o tono postural e o de ação dependem
essencialmente de mecanismos reflexos, sendo o reflexo miotático a base do tono muscular.
Que o arco do reflexo miotático é o mais breve de todos porque não apresenta neurônios
internunciais, limitando-se à via aferente que conduz o estímulo até a coluna vertebral pela
raiz superior e nervo periférico, e se dirige ao músculo. Que o estímulo adequado para a
obtenção do reflexo é o estiramento muscular. Logo, o arco reflexo miotático atua como
centros suprassegmentares que podem agir como facilitadores ou inibidores da contração
reflexa tônica, cujas ações produzem a hipertonia ou a hipotonia. Dessa forma, a lesão das
estruturas inibidoras faz predominar a ação das facilitadoras sobre o arco reflexo miotático
gerando um estado de hipertonia, ao passo que surgirão hipotonias sempre que ocorrer lesão
nas estruturas facilitadoras e predomínio das estruturas inibidoras. Exprime, também, que o
tônus muscular divide-se em hipertonia (espasticidade) que pode se manifestar de forma
transitória ou permanente; em numerosos distúrbios médicos, como a rigidez de
descerebração, a rigidez de decorticação, a rigidez dos ateroscleróticos e dos estados
lacunares, as crises tônicas cerebelares, as contraturas observadas nos processos irritativos
meníngeos, no tétano; e em hipotonia que se define pela interrupção do arco reflexo espinal,
que determina a abolição do tono muscular.
Segundo Frontera (2001), a força muscular é a mais importante alteração relacionada à
idade no sistema neuromuscular, que equivale ao declínio da força estática e dinâmica do
músculo, cuja ocorrência nos membros superiores é de cerca de 30%, e nos inferiores em
torno de 40%, em ambos os sexos. Realça que em geral, a diminuição da força começa
durante a terceira década de vida e vai acelerando durante a sexta e sétima décadas. Dessa
forma, a fraqueza muscular pode ser provocada por um declínio na capacidade de ativar a
massa muscular existente, através de uma redução na quantidade de tecido muscular e,
portanto, no número de pontes cruzadas geradoras de forças que interagem entre os filamentos
finos e grossos, por uma diminuição na força desenvolvida por cada ponte cruzada.
Equilíbrio
O corpo humano, com o envelhecimento, sofre alterações funcionais, diminuindo a
vitalidade e resistência, contribuindo para o aparecimento de doenças degenerativas e de
condição crônica, como doenças osteoarticulares e cardiovasculares. Muitos sistemas que
contribuem para o equilíbrio interno , chamado também de homeostase, sofrem com
envelhecimento, porém os sistemas que atuam no equilíbrio humano assumem maior
importância na vida do idoso devido à sua correlação com maior morbimortalidade, devido à
ocorrência de quedas e consequentes fraturas, que no idoso são de difícil resolução
(KINGSLEY, 2001).
Conforme Fonseca (1995), o equilíbrio consiste no conjunto de aptidões estáticas (sem
movimento) e dinâmicas (com movimento), que abrange o controle postural e o
desenvolvimento das aquisições de locomoção. Sendo que o equilíbrio estático caracteriza-se
pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de
manter certa postura sobre uma base, enquanto o dinâmico atribui-se ao corpo em movimento,
que determina sucessivas alterações da base de sustentação.
Outrossim, Neto (2002) destaca que o equilíbrio é a base primordial de toda ação
diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia
consome, o qual esse gasto energético pode ser canalizado para outros trabalhos musculares.
A postura é a atividade reflexa do corpo com relação ao espaço. O equilíbrio é um estado de
um corpo quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-se
mutuamente. Do ponto de vista biológico, a possibilidade de manter postura, posições e
atitudes, indica a existência do equilíbrio.
Lateralidade
Consoante Neto (2002), a lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância
lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo, ou seja, a lateralidade corporal se refere
ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior
desembaraço. Ou seja, a lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas
do corpo: mão, olho, ouvido, perna. Assim, a lateralidade está em função de um predomínio
que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do ato motor, o qual
desembocará na aprendizagem e na consolidação das praxias.
Conforme Fonseca (1995), em geral, acontece confusão de lateralidade relativamente à
noção de direita e esquerda, envolvida com o esquema corporal. Dessa forma, a criança pode
ter lateralidade adquirida, sem saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou vice-versa. No
entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a lateralidade não está bem
definida, é comum ocorrerem problemas na orientação espacial, dificuldade na discriminação
e na diferenciação entre os lados do corpo e a incapacidade de seguir a direção gráfica.
Acrescenta-se, ainda, que a lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de vida, mas
somente se estabelece fisicamente por volta dos quatro ou cinco anos.
Noção corporal
De acordo com Neto (2002), a formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende
o desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência
de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio. Esse fator resume
dialeticamente a totalidade do potencial de aprendizagem, não só por envolver um processo
perceptivo polissensorial complexo, como também, por integrar e reter a síntese das atitudes
afetivas vividas e experimentadas. A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio
que, como núcleo central da personalidade, se organiza em um contexto de relações mútuas
do organismo e do meio.
Estruturação espaço-temporal
Para Fonseca (1995), a estruturação espaço-temporal é a organização funcional da
lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização
espacial interna do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior.
Sendo assim, emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados no espaço e da
posição relativa que ocupa o corpo, isto é, conforme as múltiplas relações integradas da
tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal. Logo, a estruturação
espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo em um
determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no
espaço que pode ter em relação às pessoas e às coisas.
Conforme o mesmo autor, a noção de espaço é ambivalente, pois ao mesmo tempo é
concreta e abstrata, e finita e infinita. Envolve tanto o espaço do corpo, diretamente acessível,
como o espaço que rodeia. Configura-se como finito quando é familiar, mas que se estende ao
infinito, ao universo, e desvanece-se no tempo. Por conseguinte, a organização espacial
depende, ao mesmo tempo, da estrutura do próprio corpo (anatômica, biomecânica,
fisiológica, etc...) da natureza do meio que rodeia e de suas características. Dessa forma,
designa a habilidade para avaliar com precisão a relação física entre o corpo e o ambiente, e
para efetuar as modificações no curso dos deslocamentos. Assim, a evolução da noção
espacial destaca a existência de duas etapas: uma ligada à percepção imediata do ambiente,
caracterizada pelo espaço perceptivo ou sensório-motor, e a outra baseada nas operações
mentais que saem do espaço representativo e intelectual.
Com base nesse cenário, ressalta que o tempo é, antes de tudo, memória, pois na
medida em que desenvolve a leitura o tempo passa. Logo, a ordem (sucessão que existe entre
os acontecimentos que se produzem, uns sendo a continuação de outros, em uma ordem física
irreversível) e a duração (separação do intervalo que separa dois pontos, ou seja, o princípio e
fim de um acontecimento) são os dois grandes componentes da organização temporal, a qual
inclui uma dimensão lógica (conhecimento da ordem e da duração, acontecimentos se
sucedem com intervalos), uma dimensão convencional (sistema cultual de referências, horas,
dias, semanas, meses e anos) e um aspecto de vivência que surge antes dos outros dois
(percepção e memória da sucessão e da duração dos acontecimentos na ausência de elementos
lógicos ou convencionais). Dessa maneira, a consciência do tempo se estrutura sobre as
mudanças percebidas, independente de ser sucessão ou duração, a retenção está vinculada à
memória e a codificação da informação contida nos acontecimentos. Portanto, os aspectos
relacionados à percepção do tempo evoluem e amadurecem com a idade (NETO, 2002).
Praxia global
Conforme ainda com o referido autor, em função de praxia ser definida como a
capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida, como forma de alcançar
um objetivo, praxia global relaciona-se com a realização e a automação dos movimentos
globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e exigem a atividade conjunta
de vários grupos musculares. Tal contexto denota que o movimento motor global, mesmo o
mais simples, é um movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e
assim por diante. Enfatiza que esses movimentos desempenham um importante papel na
melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e percepções. Logo, o que
torna educativo na atividade motora é o controle de si mesmo, o qual é obtido pela qualidade
do movimento executado, pois a precisão e da maestria de sua execução. A perfeição
progressiva do ato motor implica um funcionamento global dos mecanismos reguladores de
equilíbrio e da altitude.
Praxia fina
Já a praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, associadas à função de
coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção e, durante a fixação da
atenção e manipulação de objetos que requerem controle visual. Além de abranger as funções
de programação, regulação e verificação das atividades apreensivas e manipulativas mais
finas e complexas. A coordenação visomanual representa a atividade mais frequente e mais
comum no homem, a qual atua para pegar um objeto e lançá-lo para escrever, desenhar,
pintar, recortar e outros. Para a coordenação desses atos, é necessária a participação de
diferentes centros nervosos motores e sensoriais que se traduzem pela organização de
programas motores e pela intervenção de diversas sensações oriundas dos receptores
sensoriais, articulares e cutâneos do membro referido. O córtex pré-central correspondente à
motricidade fina, encerra papel fundamental no controle dos movimentos isolados das mão e
dos dedos para pegar o alimento. A coordenação visuomotora é um processo de ação em que
existe coincidência entre o ato motor e uma estimulação visual percebida (NETO, 2002).
Com base nos mecanismos levantados, salienta-se, em conformidade com Oliveira
(2010), que o estudo sobre psicomotricidade em idoso decorre da busca de possibilitar que o
geronto reconheça a importância e a presença do corpo, não somente durante a infância, mas,
outrossim, ao longo de toda a existência, uma vez que o corpo exerce papel relevante no
desenvolvimento, na formação da pessoa, na aquisição dos processos cognitivos e na função
de mediador na relação com o outro e com o mundo. Ademais, destaca os fatores, como
pulsão, movimento, processo adaptativo e afeto, como influentes e até determinantes no modo
de ser, atuar, agir e sentir. E, por estarem vinculados a uma ação cortical, acredita que ao
mobilizá-los por meio de atividades psicomotoras, estão igualmente agindo sobre áreas que,
embora já não atuem tão bem como na infância, estarão presentes e serão decisivos para a
manutenção da integridade da pessoa humana em idade avançada. Portanto, reconhece que o
movimento corporal é capaz de despertar também nos idosos, emoções, como desejos,
prazeres e potencialidades antes esquecidas ou adormecidas, proporcionando-lhes o
rejuvenescimento, ensejando a alegria e a agilidade nos corpos.
Nesse sentido, enfatiza-se a relevância da proposição de atividades que ajudem o idoso
a superar as dificuldades no corpo, com a finalidade de permitir que o mesmo se sinta cada
vez mais dentro de sua própria pele . Por conseguinte, deve-se oferecer ao corpo melhor
qualidade de vida, resgatando o prazer lúdico por meio dos movimentos, possibilitando seu
conhecimento e a procura da harmonização em relação a si e ao mundo exterior, com o
objetivo de retardar o envelhecimento e conservar ao máximo a autonomia dos idosos.
Dessa forma, na concepção de Fonseca (2004), as atividades psicomotoras buscam
contrariar a retrogênese psicomotora, o comprometimento motor, o embaçamento cognitivo e
o endurecimento psíquico do idoso, e ressignificar o corpo do idoso, tornando-o um meio de
se reapropriar da vida, o que contribui para restaurar a autonomia corporal, com a finalidade
de sentir mais prazer e, consequentemente, ter uma vida mais saudável. Para tanto, deve
seguir as seguintes condutas básicas:
1) atividades físicas que favoreçam o equilíbrio, marcha e a escuta de si (vivências
psicomotoras, hidroterapia);
2) atividades que propicie ao idoso a livre iniciativa para explorar seu potencial criativo e
trabalhar relações interpessoais (movimentos de conscientização corporal, voltar para
si mesmo a partir da exploração do espaço, contatos com seu próprio corpo, criando
movimentos de acordo com suas possibilidades e contactar o corpo e demais
indivíduos de seu relacionamento, como a dança, ao som de diversos ritmos;
3) atividades que promovam oportunidades de autodescoberta e de valorização de sua
vivência e de suas experiências, ou seja, proporcionar ao idoso condição de falar sobre
si mesmo, dos projetos de vida, dos desejos e de poder representá-los com os
movimentos corporais, como teatro, dramatizações, entre outras.
2.3 Gerontopsicomotricidade
De acordo com Neri (2001), o termo gerontologia foi usado pela primeira vez em
1903, por Metchnicoff que a compôs a partir do grego, sendo que gero significa velho e logia,
estudo, e que esse campo teria crescente importância no decorrer do século XX, em virtude
dos ganhos em longevidade para os indivíduos e as populações provocados pelos avanços das
ciências naturais e da medicina. Ou seja, a gerontologia consiste na ciência que se propõe
estudar o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social.
Contudo, somente na década de 1930, em Londres, a gerontologia conformou uma abordagem
específica aos idosos no controle de doenças crônicas. Salienta que o Russo Metchinikoff, em
seu tratado, correlacionava a velhice como um tipo de autointoxicação, referindo-se pela
primeira vez a palavra gerontologia, e que o geriatra americano Nascher, nascido em Viena,
criou o termo geriatria, como um ramo da medicina que trata das doenças que pode acometer
os idosos.
Dessa forma, compreende-se que a gerontologia como ciência ampla, inter-relacionada
com a geriatria e a gerontologia social, trarão contribuições para o esclarecimento de um
conjunto de disciplinas científicas, onde os paradigmas e as teorias sobre o idoso e os
fenômenos da velhice, e dos envelhecimentos serão alavancados através da contribuição
educacional da interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade,
decodificando o estudo dos idosos para uma intervenção eficaz.
Nessa perspectiva, Hayflick (1997) ressalta que a dificuldade em estruturar e definir o
termo e a ação em gerontologia decorreu de razões diversificadas e inexoravelmente
resultantes do contra posto de três fenômenos. Primeiro, porque os modernos cientistas
relutavam contra as vontades internas, ao inserir-se no campo onde se encontra os charlatães e
praticantes de magias negras, e, os com renome que não queriam arriscar sua reputação
profissional. Segundo, que a negligência com a biogerontologia decorreu da ausência de base
concreta e fundamento teórico, para a implementação de um planejamento instrumental
adequado, pois poucos cientistas se dispuseram a incorporar-se a esse campo de estudo. E, o
terceiro que explica que a biogerontologia foi relegada a um segundo plano pelos biologistas,
em virtude da pequena quantidade de investimento destinada à pesquisa. Assim, o progresso
ocorreu graças à identificação das pesquisas como a biologia, porém dentro de um contexto
gerontológico. Outrossim, evidencia que a essas razões, soma-se a mais importante, que é a
incapacidade de mensurar o fenômeno do envelhecimento, na medida em que reconhece que é
fácil perceber características exclusivas do ser idoso, como rugas, calvície, redução de
capacidade de trabalho e resistências, porém integra também esse fenômeno fatores genéticos,
ambientais, culturais e psicológicos, os quais são mais difíceis de verificação. Sendo assim,
nota que duas pessoas idosas podem não envelhecer da mesma forma. Logo, é um desafio
avaliar a idade biológica , perante a existência das variáveis individuais que independe da
idade.
Nesse sentido, destaca-se que diante da realidade dos estudos sobre o envelhecimento
populacional, a meta da gerontologia, como uma ciência, não é contribuir somente para o
prolongamento da vida, mas, sobretudo, priorizar a manutenção da capacidade funcional do
idoso, disponibilizando recursos e condições para sua autonomia e realizações pelo maior
tempo possível.
Dessa forma, conforme Loureiro (2000), a gerontologia é o campo multidisciplinar
que visa à descrição e a explicação das mudanças típicas do processo de envelhecimento e de
seus determinantes genético-biológico, psicológico e sociocultural. Isto é, o idoso pode ter
hábitos arraigados, o que significa que a intensa experiência de vida pode torná-lo adaptável à
vivência de novas situações, cujas adaptações, a experiência acumulada podem ser valiosas.
Exprime, ainda, que essa potencialidade do humano em adaptar-se a novas situações, faz da
gerontologia uma ciência com um campo extenso a ser explorado para inovações a favor da
qualidade de vida do idoso, um viver melhor na velhice.
Para Neri (2002), a gerontologia também comporta interfaces com áreas profissionais,
dentre as quais se destacam a clínica médica, a psiquiatria, a geriatria, a fisioterapia, a
enfermagem, o serviço social, o direito, a psicologia clínica e a psicologia educacional, pois
derivam soluções para problemas individuais e sociais, novas tecnologias, evidências e
hipótese para a pesquisa. Dessa forma, assevera que a gerontologia é um campo
multiprofissional e multidisciplinar. Acrescenta que a gerontologia, como estudo
multidisciplinar, por entender a complexidade do ser humano, exige a análise do campo como
se fosse uma constelação pela sua amplitude para estudá-la e, por conseguinte, sua
interpretação necessita de multiprofissionais para entender e interpretar em que contexto o
cidadão está inserido, exaltando as transformações humanas no seu desenvolvimento e no seu
tempo bio-psico histórico e cultural.
Sendo assim, constata-se que uma das características essenciais para a construção e
normatização da gerontologia é a construção de um projeto pedagógico interdisciplinar, que
valorize a participação de diferentes áreas do saber para a construção do conhecimento e do
objeto de estudo em gerontologia, que é o ser humano idoso.
Nesse sentido, Fonseca (2009) nota que a evolução humana encerra em si um conceito
de mudança e de adaptabilidade, por revelar que cada vertebrado, incluindo o Homo Sapiens,
possui características neuroanatômicas expressas pela sua relação com o envolvimento e sua
capacidade de utilização dos recursos ecológicos. Logo, com o objetivo de provocar que o
homem conheça a si próprio e reconheça o seu lugar na natureza, a literatura avançada
disponibiliza estudos antropológicos comparativos, nos quais as estruturas esqueléticas das
espécies fósseis e das espécies vivas assumem relevância inferencial para a compreensão do
desenvolvimento filogenético progressivo. Nessa perspectiva, enfatiza que a evolução do
cérebro, no seu todo filogenético e ontogenético, como o órgão mais orgânico do organismo,
envolve uma passagem do mais organizado (medula) ao menos organizado, e aos centros
superiores que se vão organizando pela vida afora; do mais simples ao mais complexo; do
mais reflexo ao mais automático; do mais automático ao mais voluntário, pressupondo,
consequentemente, uma organização vertical ascendente. Todavia, sem embargo compreender
que nenhuma teoria conseguiu, até os dias atuais, explicar todas as características da evolução
reconhece que o cérebro a traduz na sua essência intrínseca e extrínseca, devido às alterações
e à modificação da função de sistemas antigos, desenvolvendo-os e transformando-os em
novos sistemas.
Dessa forma, com a evolução da protomotricidade à arquimotricidade, o cérebro
humano adquiriu novas propriedades e funções, como a motricidade, não como mera
adaptação, pois o cérebro humano captou informação, integrou formação e formatou
transformação. Tal cenário expressa que a impressionante dominância da espécie humana está
inexoravelmente relacionada com a neomotricidade (psicomotricidade), de onde surge a ação
como verdadeiro produto final de uma organização central do cérebro. Logo, o
desenvolvimento humano é, consequentemente, um processo contínuo, iniciado na concepção
e seguido por metamorfoses sequencializadas e faseadas até a morte, de tal forma que cada
estágio apresenta um determinado nível de maturidade.
No entanto, em consonância com Connolly & Bruner (2008), a imaturidade é
intrínseca à espécie humana, devido ao processo adaptativo, uma vez que a mesma não
depende, em geral, de padrões genéticos herdados, mas sim de condições de aprendizagem.
Essa performance indica que a evolução humana contém uma reorganização desde o
nascimento até à morte, desde a criança ao adulto e desde o adulto ao idoso.
Nesse sentido, evidencia-se que no geronto e em todas as manifestações do
comportamento, como motoras, perceptivas, cognitivas ou socioemocionais, involução,
geneticamente programada, ocorrerá do córtex à medula, do mais complexo ao mais simples,
e do mais voluntário ao mais automático. Destarte, reconhece-se que as grandes mudanças da
infância à adolescência, e da vida adulta à velhice são inevitáveis, pois atingem todas as áreas
do comportamento humano e, naturalmente, da psicomotricidade. Outrossim, que os últimos
estágios do desenvolvimento são também controlados por mecanismos regulatórios
epigenéticos que afetam tanto as estruturas como as funções do cérebro.
Para Levin (2009), esse cenário não se configura como condicionante rígido e
infalível, na medida em que não se poder equacionar pré-determinismos, tendo em vista que a
idade cronológica não é sinônimo da idade biológica, pois esta é diferenciada em vários
órgãos, uma vez que a retogênese das funções não ocorre ao mesmo tempo em todos os
órgãos e sistemas. Logo, a barreira da longevidade passa a depender mais de doenças do que
da diminuição gradual das funções, devido à diminuição está inscrita no código genético.
Com base nesse panorama, Levin (2009) sugeriu quatro eras para o desenvolvimento
humano: criança e adolescente (0 a 22 anos), adulto recente (17 a 45 anos), adulto médio (40 a
45 anos) e adulto avançado (60 anos até a morte) e especificou para cada uma, qualidades
psicossomáticas distintas e próprias, porque ao conceber o desenvolvimento como um
processo contínuo, entende que a noção de espaço e de tempo deve dar lugar à ideia de
períodos qualitativamente diferentes.
Essa configuração, segundo Fonseca (2009), explicita que a velhice envolve um
processo fisiológico (senescência) e um processo metabólico (senilidade), inscritos no pool
genético peculiar de cada indivíduo, pois envelhecer é viver e viver é mexer. Portanto,
reconhece como singular o uso do adágio mens sana in corpore sano que se aplica para
urgência de programas de prevenções e de reabilitação psicomotora, daí a relevância do
estudo sobre os fatores psicomotores em indivíduos idosos.
Sendo assim, o envelhecimento impõe disfunções e desintegrações que variam de
indivíduo para indivíduo, mas seguindo sempre um processo de involução universal.
Ademais, Stiles (2000) acrescenta que a concentração e a planificação mental (mental
tracking), a inflexibilidade mental, a lentidão dos comportamentos, as perturbações de
memória de curto termo e a redução modificabilidade da aprendizagem, bem como a restrição
na abstração e na conceitualização, evocam necessariamente a desintegração de sistemas e de
centros funcionais.
Nesse sentido, concorda-se com Fonseca (2009), que por ser o envelhecimento
inevitável, constitui uma etapa da vida que é preciso estudar, e que exige adaptação, pois
encerra um conjunto de modificações somáticas, psíquicas, afetivas e psicomotoras, que
podem conduzir a atitudes ambíguas, as autodesvalorizações, resignações profundas, reações
emocionais e comportamentos regressivos, que urgem combater com medidas rebilitativas
ativas e dinâmicas. Ressalta, ainda, que a psicomotricidade pode exercer um efeito
preventivo, conservando uma tonicidade funcional, um controle postural flexível, uma boa
imagem do corpo, uma organização espacial e temporal plástica, uma integração e
prolongamento de praxias ideomotoras, perfeitamente adaptada às necessidades funcionais
específicas do idoso, escapando à imobilidade, à passividade, ao isolamento, à solidão, à
depressão, à dependência, à institucionalização e à segregação, proporcionando, então, à fase
terminal da vida, a dignidade merecida.
2.4 Sistema psicomotor humano
Conforme Stiles (2000), a perda de células nervosas e de fluidos neurotransmissores,
no envelhecimento, é um fato comprovado, mas não a relação desta perda com a redução das
funções mentais. Isto significa que a senilidade (um estado de decrepitude física ou mental)
não é uma consequência natural do envelhecimento, mas sim, fruto de alguma alteração
orgânica específica que provoca algum estado mórbido. Portanto, o cérebro, apesar de sofrer
ao longo do tempo um processo de envelhecimento, é capaz de manter até o fim da vida as
funções vitais que dele dependem.
Nesse sentido, percebe-se que a plasticidade não é transitória (isto é, ativa apenas na
idade do desenvolvimento), nem é somente reativa (estimulada na ocorrência de perdas
devidas a danos cerebrais), e nem apenas auxiliar ou compensatória (como se fosse apenas um
processo não essencial ao próprio desenvolvimento do cérebro).
De acordo com Stiles (2000), não obstante a maior complexidade do cérebro maduro
limitar a extensão de sua capacidade plástica, ela persiste ao longo da vida toda, não excluído
o período da velhice. Inclusive, a ciência confirma o que historicamente as tradições médicas
reconheciam, de que é sempre tempo de prevenir doenças e recuperar funções perdidas, como
estimular e ensinar o cérebro, através de incentivos apropriados, para que o mesmo descubra
novos caminhos eficientes de funcionamento, dos já possuídos ou do que aqueles que já
perderam, por efeito de acidentes e incidentes durante a vida.
Em conformidade com Machado (2006), a plasticidade neural consiste na capacidade
do cérebro desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios, a partir da experiência e
do comportamento do indivíduo, isto é, de determinados estímulos, de mudanças na
organização e da localização dos processos de informação. Realça que a plasticidade
possibilita a apreensão de novos comportamentos, o que torna o desenvolvimento humano um
ato contínuo, e concebe que esse fenômeno parte do princípio de que o cérebro não é
imutável, devido à plasticidade neural permitir que uma determinada função do Sistema
Nervoso Central (SNC) possa ser desenvolvida em outro local do cérebro, como resultado da
aprendizagem e do treinamento.
Nessa perspectiva, Polit (1995) diz que um processo plástico pode significar e adaptar-
se imediatamente às alterações nas circunstâncias externas, e também conformar-se como a
base de todo o controle neural. Destarte, dentro da variação normal de função, o controle de
movimento depende da resposta contínua no sistema nervoso às informações que recebe a
respeito do estado do organismo e do mundo exterior, e que o ajuste resultante aos padrões
motores, combinada especificidade com velocidade, requer um grau de flexibilidade no
funcionamento nos tecidos neurais e musculares. Assim, os axônios motores lesados no
interior da medula espinhal não se regeneram, ocasionando deficiência motora permanente,
enquanto os axônios lesados em um nervo periférico crescem com facilidade, porém
indiscriminadamente, limitando a utilidade dos músculos reenervados.
Dessa maneira, reconhece-se que a grande parte dos procedimentos usados em
fisioterapias explora a plasticidade inerente do encéfalo e dos músculos, para maximizar a
reabilitação.
Ademais, Polit (1995) patenteia que a plasticidade no adulto corre em resposta a uso
muscular e desempenha um papel na função do Sistema Nervoso Central (SNC), com relação
ao aprendizado e à memória. Que a plasticidade do sistema nervoso é claramente necessária
para o aprendizado e para a memória, por isso, muitas pesquisas direcionam-se para encontrar
os locais e os processos subjacentes a essas funções no encéfalo, como o hipocampo, que é
parte antiga em termos filogenéticos do córtex cerebral que produz uma amnésia marcante
quando danificado. Contudo, realça que esse déficit é limitado, para ser possível a
recompilação consciente de informações e eventos factuais, pois os pacientes retém a
capacidade de aprender novas habilidades motoras e cognitivas, que são lembradas
inconscientemente. E, que há acúmulo de evidências de outras partes do encéfalo, em especial
as relacionadas com a função motora, que medeiam as habilidades motoras de aprendizado e
memória
Em consonância com Salmon e Butters (1995), o encéfalo e os núcleos da base têm
papéis importantes na sincronização e no sequenciamento das partes do programa de
aprendizado motor, em virtude do córtex motor está implicado como local de aprendizado
motor. A medula espinhal também pode mediar as alterações plásticas relevantes para a
aquisição de habilidades motoras, pois o reflexo miotático da medula espinhal altera-se em
resposta ao treinamento motor direcionado para a compensação e é mantido
independentemente das influências supraespinhais. Acrescenta que em decorrência de todas as
estruturas do SNC serem relacionadas com a função motora, sofrem alterações plásticas
durante o aprendizado de habilidades motoras.
Segundo Schneider (1999), o método terapêutico Self-Healing criado por Meir
Schneider aponta caminhos para a estimulação cerebral com intenção de manutenção e
recuperação da saúde, como a percepção cinestésica corporal pelo movimento (ativo e
passivo), a massagem focada nas partes do corpo e a visualização (imaginação) do
movimento, e alerta para o fato de que não se pode conhecer o corpo pelo intelecto, pois este
é apenas um conhecimento externo sobre o corpo, qualquer que seja a teoria utilizada para
analisá-lo. Ao contrário, evidencia que o verdadeiro conhecimento do corpo se dá pela
percepção cinestésica (sensação do movimento) do próprio corpo, porque mover é sentir e
sentir é saber, e da percepção sensorial do movimento (interno ou externo) de uma parte do
corpo, que desperta o cérebro para que atue sobre a mesma, registrando sua existência e sua
presença nas condições atuais, comparando-as com as que a memória e experiência anterior já
possuíam a respeito dessa mesma parte do corpo. Destaca que a melhor maneira para
explicitar esse mecanismo é movimentar-se de modos não habituais, pois desta forma, retira
uma carga em excesso sobre algumas partes do corpo que ficam em atividades rotineiras
(gerando insensibilidade) e permite a outros nervos e músculos que não eram ativados
começarem ou voltarem a funcionar.
Por conseguinte, para Herbozo (2009), ocorre diminuição nos circuitos neuronais
quando os neurônios se fazem menores, o que redunda na redução do número de sinapses.
Contudo, revela que embora a reduzida conectividade corresponda a uma redução da
plasticidade, não implica uma diminuição da capacidade cognitiva. Pelo contrário, resulta que
a aquisição de novas perícias, como a poda de algumas ligações, reforça outras, o que
manifesta que as pessoas continuam a aprendizagem ao longo da vida.
2.5 Atividade e bem-estar psicológico na maturidade
De acordo com Deps (2002), o conceito de envelhecimento bem sucedido, ainda
encontra-se em construção, por compreendê-lo como um nível relativamente elevado de saúde
física, bem-estar psicológico e competência em adaptação.
Por outro lado, o bem-estar emocional ou psicológico, segundo Lee e Ishi-Kuntz
(1988), refere-se ao estado da mente, incluindo sentimento de felicidade, contentamento e
satisfação com as condições da própria vida.
Moragas (1997) adendam que o conceito de envelhecimento bem-sucedido é
multidimensional, compreendendo envolvimento sustentado em atividades produtivas e
sociais, a manutenção de funções físicas e cognitivas elevadas e a prevenção de doenças e
debilidade. Portanto para um envelhecimento bem-sucedido, os adultos precisam não somente
ser fisicamente ativos, mas também social, intelectual, cultural e (para muitos),
espiritualmente ativos. Logo, os desafios para os profissionais no novo milênio assentam-se
na aprendizagem e na integração da atividade física no contexto social, cultural e econômico
do envelhecimento ativo como um todo.
Sendo assim, consoante Cohen e Wills (1985), para o modelo de contingências de
autopercepção e autoavaliação, o estresse ocorre quando alguém avalia uma situação ou
evento de vida como ameaçador, ou quando sente não possuir as habilidades esperadas e
apropriadas para enfrentar as pressões. Nessa perspectiva, ressaltam que a autopercepção de
pessoas idosas que não conseguem lidar independentemente com eventos negativos, pode
exacerbar o potencial de dano de uma situação avaliada como altamente estressante. Dessa
forma, entende que autopercepção baixa intervém diretamente na experiência de estresse, o
que tende redundar em fracasso e, consequentemente, em fortalecimento do sentimento de
incompetência já existente.
Todavia, contrariamente, Deps (2002) salienta que o desempenho de atividades e o
suporte social podem contribuir para reforçar o sentimento de valor pessoal, e que o
autoconceito e a autoeficácia facilitam o manejo das situações estressantes, com as quais os
idosos se deparam em decorrência do declínio de suas forças físicas e de perdas pessoais e
financeiras.
Com vista esclarecer essa configuração, Fry (1989) evidencia que autoeficácia
consiste na competência percebida em habilidades interpessoais e de comunicação, enquanto
aspectos importantes dos recursos pessoais.
Com base nesse cenário, compreende-se que com empenho pode-se governar
acontecimentos, gerando o efeito almejado. E, Bandura (citado por Vazquez, 2005),
reconhece que a autoeficácia requer não apenas habilidades, mas também força de vontade em
acreditar na capacidade de exercer uma determinada conduta, como elo entre o saber e o
fazer, ou seja, referente às crenças que o individuo possui sobre seu valor e suas
potencialidades. Enfatiza-se, ainda que, na prática clínica, ao valorizar a autoeficácia, o
sujeito pode progredir no tratamento de determinado transtorno, como também, sujeitos com
baixo grau de autoeficácia podem apresentar uma demora maior de resposta.
Por conseguinte, em consonância com Monteiro (2002), a afetividade é um estado
psicológico do ser humano que pode ou não ser modificado a partir das situações, pois falar
em afetividade é falar da alma, da psique, do coração, do amor, do ódio, da inveja, da culpa,
etc, isto é, emoções originais que organizam as ações e possibilitam as identificações.
Exprime, outrossim, que essa performance pode ocorrer com as mulheres, ao abandonar as
dinâmicas masculinas articuladas ao poder e a assertividade, vivendo-as através do parceiro. E
que, após a maturidade e na velhice, pode mais facilmente voltar-se para a interioridade e
vivenciar maior fidelidade interna, expondo que a intimidade é o poder de se revelar como se
é, como ser aceito, de estar em contato direto com a realidade e com a do outro, sem
julgamentos. Contudo, realça que a intimidade se inicia com o próprio eu, com o corpo,
respiração, coração, pele, com sensações. E que, ao contrário, solitude é a capacidade de ficar
só, de conviver consigo mesmo como uma companhia agradável, de experimentar o eu, ou
seja, conformar-se em ver o processo de abertura para o eu, de aprender a fazer companhia a
si próprio e a não necessitar do outro para existir, o que é diferente do desejar a companhia de
alguém. Portanto, intimidade é a sensação de estar junto e de estar com o outro, implicando na
confiabilidade, no poder de acreditar, entregar-se ao outro, sentir que há uma base para ser e
seguir sendo o que é e se vivencia.
Nessa perspectiva, reconhece-se que a aptidão mental proporciona consciência e
oportunidade para trabalhar os estímulos externos e internos em função da relevância dos
meios de comunicação para manipular os desejos e as crenças dos indivíduos. Dessa forma,
acredita-se que algumas pessoas têm a necessidade de aprofundar o estudo dessa temática no
sentido de investigar os processos de aprendizagem, por meio de valorização da inteligência
humana, com a melhora do bem-estar mental e, consequentemente, da qualidade de vida.
2.6 Qualidade de vida
Conforme Santos (2002), diante da realidade inquestionável de transformações
demográficas iniciadas no último século, que redundou em uma população cada vez mais
envelhecida, evidencia a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas
também uma melhor qualidade de vida.
Assim, para Velarde (2002), o conceito de qualidade de vida relaciona-se à autoestima
e ao bem-estar pessoal, e abrange uma série de aspectos, como a capacidade funcional, o nível
socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o
autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a
religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o
ambiente em que se vive.
Segundo WHOQOL GROUP (1998b), o instrumental questionário WHOQOL-Bref é
utilizado para avaliar a qualidade de vida, baseado em pressupostos de que qualidade de vida
é um construto subjetivo (percepção do indivíduo em questão), multidimensional e composto
por dimensões positivas (mobilidade) e negativas (dor), o qual desenvolve um desempenho
psicométrico com praticidade de uso o que lhe coloca como uma alternativa útil para ser
usado em estudos que se propõe a avaliar qualidade de vida no Brasil. O referido questionário
consta de 26 questões, sendo duas questões gerais e as demais 24 representam cada uma,
facetas que compõem o instrumento original, o que manifesta que o WHOQOL-Bref (Anexo-
A), é composto por seis domínios, físico, psicológico, nível de independência, relações
sociais, meio-ambiente e espiritualidade/religião/crenças pessoais. Outrossim, enfatiza que o
questionário para ser realizado deve seguir como orientações: o indivíduo deve ser
adequadamente informado sobre o objetivo da aplicação do instrumento, o modo de aplicação
e o destino dos dados obtidos, e deve sentir-se à vontade para esclarecer quaisquer dúvidas ao
longo da aplicação; uma vez que o paciente concorde em responder, é fundamental a obtenção
do consentimento informado (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Apêndice A);
deve-se buscar uma situação de privacidade, ou seja, o paciente não deve responder o
instrumento acompanhado de familiares, cônjuge ou companheiro de quarto; o instrumento
deve ser respondido em somente um encontro; e o preenchimento da folha de dados
demográficos deve ser realizado pelo entrevistador.
Acrescenta, ainda, que o questionário a princípio é de autorresposta, cujo entrevistador
não deve influenciar o paciente na escolha da resposta, e não deve discutir as questões ou o
significado destas, nem da escala de respostas. E que, em caso de dúvida, o entrevistador deve
apenas reler a questão de forma pausada para o paciente, evitando dar sinônimos às palavras
das perguntas e insistir que é importante a interpretação do paciente da pergunta proposta. E,
em casos de impossibilidade (analfabetismo, deficiência visual importante, falta de condição
clínica) o instrumento pode ser aplicado pelo entrevistador, devendo ser redobrado esforços
para evitar a influência sobre as respostas do indivíduo. Ao término do questionário, deve-se
verificar se o paciente não deixou nenhuma questão sem resposta e se marcou somente uma
alternativa por questão.
Nessa perspectiva, ressalta-se que o conceito de qualidade de vida pode variar de autor
para autor, por ser um conceito subjetivo, dependente do nível sociocultural, da faixa etária e
das aspirações pessoais do indivíduo. Com base nesse contexto, percebe-se a necessidade de
implementação de ações que objetivam melhorar a qualidade de vida do idoso, considerando
as magnitudes e as diferenças de cada grupo sobre os valores internalizados.
Em consonância com o Diário Oficial de 13/12/99 (seção 1, p. 21), no item promoção
do envelhecimento saudável, o então Ministro José Serra menciona que (...) entre os hábitos
saudáveis, deverão ser destacados, por exemplo, a alimentação adequada e balanceada; a
prática regular de exercícios físicos; a convivência social estimulante; e a busca em qualquer
fase da vida, de uma atividade ocupacional prazerosa e de mecanismos de atenuação do
estresse (...) .
Sendo assim, considera-se imprescindível oferecer ao idoso um espaço adequado, com
profissionais experientes, ampliando sua qualidade de vida, pois para esse indivíduo as
transformações ocorreram de forma agradável e consciente.
Portanto, a atividade física é um recurso importante para a melhoria da autoestima dos
idosos, pois as mudanças no corpo resultantes da atividade física alteram positivamente a
imagem corporal, possibilitando que os idosos adquiram maior independência e sintam-se
capazes de realizar atividades que anteriormente não realizavam; o requerimento de
alimentação balanceada (com pouca gordura, carboidratos e proteínas), o desejo de
companhia de familiares e amigos. Dessa forma, a possibilidade de interação social se
constitui em um dos aspectos positivos levando-os a se sentirem capazes e úteis enquanto
integrantes da sociedade. Ou seja, a atividade física ameniza a degeneração provocada pelo
envelhecimento, possibilitando ao idoso uma melhor qualidade de vida ativa, sendo benéfica
para a saúde física, psicológica e social.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho adotou uma abordagem quanti e qualitativa, denominada como
mista. Na concepção de Minayo (1999), a abordagem quantitativa utiliza instrumentos
validados, passíveis de tratamento numérico e estatístico simples, com vistas compreender
uma realidade científica e única do fenômeno em estudo e possibilita trabalhar com o
universo de significados, a partir da descrição minuciosa em que se captam as percepções
inseridas em seu contexto. E, a abordagem qualitativa embasa-se em cunho exploratório-
descritivo, o que significa usar um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam
descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Ou seja,
traduz e expressa o sentido dos fenômenos do mundo social.
Segundo Polit (1995), esse tipo de pesquisa visa explorar as dimensões do fenômeno a
ser investigado, a maneira como se manifesta e outros fatores com os quais o fenômeno se
relaciona. Evidencia que os estudos exploratórios ocorrem normalmente para examinar um
tema ou problema de pesquisa pouco estudado, quando há muitas dúvidas ou não foi
abordado antes.
E, de acordo com Danhke (1980), os estudos descritivos procuram especificar as
propriedades, as características e os perfis importantes de pessoas, grupos, comunidades ou
qualquer outro fenômeno que se submeta à análise.
Nessa perspectiva, explicitam-se as distintas etapas realizadas para a conclusão da
pesquisa:
a) Início da pesquisa
começou em dezembro de 2011 e terminou em janeiro de 2012;
b) Local
a pesquisa foi realizada na Instituição de Longa Permanência (LPL), Casa
São José, mantido por voluntários, como Organizações Não Governamentais (ONG s) e
doações recebidas pela população piauiense. Inclusive, destaca-se a facilidade de acesso aos
responsáveis e idosos da Instituição, os quais autorizaram a realização do recolhimento de
dados pessoais, da administração da Bateria Psicomotora (BPM), constante no Anexo B de
Vítor da Fonseca (1975), e da aplicação do questionário WHOQOL (Anexo A) validado no
Brasil pelo grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998), que
abreviou a versão em Português;
c) Campo de pesquisa
Casa São José, a qual se localiza na rua Orlando Carvalho, nº
4470, bairro Morada do Sol em Teresina-Piauí, com o objetivo principal de amparar, no amor
de Deus, pessoas idosas, proporcionando-lhes moradia, alimentação, condições de trabalho e
diversão, de acordo com suas condições de saúde, combatendo, dessa forma, a ociosidade e a
falta de afetividade. A referida Casa foi inaugurada no dia 3/12/2006, com capacidade para
abrigar 35 idosos (18 vagas para homens e 17 vagas para mulheres), contando com assistência
médica prestada por médicos voluntários, que semanalmente comparecem a Casa São José,
além de outros atendimentos em consultórios;
d) Cálculo da amostra
aplicou-se o questionário de qualidade de vida, conformado
no WHOQOL BREF, em 19 idosos, cujo critério de exclusão assentou-se em sinais de
comprometimento neurológico, como encefalopatias, desorientação, transtorno mental e
convulsões. Os idosos decidiram voluntariamente participar da pesquisa, após serem
esclarecidos a respeito da investigação. Sendo assim, assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), conforme as orientações do Ministério da Saúde (MS), parecer
196/96 (Apêndice A, p. 100). E o questionário Bateria Psicomotora (BPM), concebido por
Vítor da Fonseca, foi aplicado em 10 idosos, do universo de 19, os quais foram incluídos por
terem entre 60 e 75 anos ou mais, não apresentarem sinais de comprometimento neurológico
(encefalopatias, desorientação, transtorno mental e convulsões), síndromes, alterações
sensoriais (déficit ou perda auditiva e visual), dificuldade cardiorrespiratória e
comprometimento ortopédico (artrose). Tais informações foram obtidas através da ficha de
identificação do idoso existente na Casa São José.
Posteriormente a essas definições, foram implementados os procedimentos de pesquisa
e expuseram-se materiais e equipamentos utilizados.
3.1 Procedimentos de pesquisa
Inicialmente, realizou-se um contato pessoal com a Coordenadora da Instituição de
Longa Permanência, explicitando o objetivo da pesquisa.
Ademais, esclarece-se que a BPM construída por Fonseca (1992), é uma metodologia
que aborda psiconeurologicamente a psicomotricidade e consiste num conjunto de tarefas que
permite detectar qualitativamente sinais funcionais desviantes e analisar fatores
psiconeurológicos. E, que possibilita, também, a observação de déficits funcionais (ou da sua
ausência) em termos psicomotores e de problemas de aprendizagem.
Adenda-se que as tarefas propostas na BPM relacionam-se com funções (que neste
contexto são designadas por fatores psicomotores) que envolvem as três Unidades Funcionais
(UF) fundamentais do cérebro descritas por Lúria. A primeira UF, que regula o tônus cortical
e a função de vigilância, diz respeito à Tonicidade e a Equilibração; a segunda é essencial
para obter, captar, processar e armazenar informação do mundo exterior, a qual inclui a
Lateralização, a Noção do Corpo e a Estruturação Espaço-Temporal; a terceira UF programa,
regula e verifica a atividade mental, e engloba a Praxia Global e a Praxia Fina, uma vez que,
em condições normais, estas são as aquisições mais tardias, mais complexas e
hierarquicamente superiores.
3.2 Materiais e equipamentos
Selecionou-se os materiais e equipamentos específicos, a fim de promover um
resultado eficaz do instrumento de avaliação aplicado na Casa São José, cujos idosos foram
avaliados no quarto de dormida individual, como:
a) uma cômoda/mesa para realizar as tarefas de equilíbrio e dissociação;
b) uma bola de tênis para testar a coordenação oculomanual, a oculopedal e os
exercícios de sincinesias;
c) um relógio com cronômetro, um telefone, uma folha de papel sulfite com um
buraco no centro, uma folha em branca e uma tesoura sem ponta para verificar a
dominância lateral;
d) uma folha de papel sulfite e um lápis bem apontado para o idoso desenhar seguindo
as orientações do fisioterapeuta, para observar a memorização sequencial visual e a
estruturação dinâmica espacial-noção, espaço temporal, e também tarefas de
velocidade-precisão (folha de papel quadriculado), de representação topográfica, de
estrutura rítmica e desenho do corpo;
e) uma fita métrica e fita crepe para demarcar as tarefas de equilíbrio e de
coordenação oculomanual;
f) uma vasilha cheia de feijões para avaliar a coordenação motora fina, que ajuda na
avaliação na maturidade da praxia manual e da dissociação digital;
g) um goniômetro para uso na análise da extensibilidade nas tarefas de tonicidade;
h) uma cama para verificar a tonicidade (extensibilidade, passividade, paratonia e
diadicocinesias);
i) uma cadeira para realizar as referidas tarefas.
3.3 Coleta de dados
Os dados secundários foram obtidos em livros, artigos científicos, revistas
especializadas e bases eletrônicas de dados, como Scielo, Medline e Lilacs, com vistas à busca
de evidências científicas a respeito do tema sob estudo.
3.4 Análise dos dados
A análise dos questionários aplicados aos gerontes na Instituição de Longa
Permanência permite investigar o sexo (número de sexo feminino e masculino), a distribuição
das idades dos idosos e as percentagens mais elevadas de insucesso na realização de tais
tarefas.
Salienta-se que os idosos foram avaliados individualmente apenas uma vez, verificada
as condições consideradas adequadas. E, que a investigação ocorreu mediante a ordem
constante na ficha de observação, e as tarefas constituintes da BPM, subdivididas nos sete
fatores: Tonificação (T), Equilíbrio (E), Lateralização (L), Noção do Corpo (NC),
Estruturação Espaço-Temporal (EET), Praxia Global (PG) e Praxia Fina (PF)
Com vistas a continuidade da pesquisa, contabilizaram-se as respostas em uma escala
de pontuação, como exposto no Quadro 2.
Quadro 2
Registro das respostas na base de uma escala de pontuação em quatro níveis
Cotação Nível de cotação 1 ponto realização incompleta, inadequada, descoordenada
2 pontos realização com dificuldade de controle
3 pontos realização completa, adequada e controlada
4 pontos realização perfeita e com facilidades de controle
Fonte: Fonseca (2009).
De acordo com o Quadro 2, identificou-se que as diferentes cotações expressaram as
subtarefas da BPM, conforme disposição da ficha de registro. Assim, com base nas referidas
subtarefas dos sete fatores, determinou-se a cotação média.
Ademais, consoante a OMS (1998), utilizou-se o instrumento WHOQOL-bref (versão
em português) que é um questionário validado para avaliar a qualidade de vida nos idosos do
Brasil e, particularmente, nos residentes da Casa São José.
Outrossim realizou-se levantamento bibliográfico e documental para fundamentar
teoricamente e demonstrar dados relativos ao fenômeno pesquisado. Nesse sentido, a
investigação mensurou e permitiu o teste de hipóteses, já que os resultados foram mais
concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação.
Evidencia-se segundo Chizzotti (1995), que o método de análise de conteúdo
(Qualitativo) consiste em reduzir as informações a um documento, com o objetivo de
compreender criticamente o sentido das comunicações, por meio do conteúdo manifesto ou
latente e as significações explícitas ou ocultas. Sendo assim, a decodificação do documento
classificou as informações por categorias, desvelando o sentido da comunicação no âmbito do
discurso (a enunciação) e revelando a compreensão dos conceitos segundo as distintas
percepções dos agentes sociais (a conotação). Logo, a relevância dessa técnica, reside no fato
de resumir o amplo volume de informações das comunicações em características particulares
ou categorias conceituais, o que possibilita a interpretação dos elementos descritivos.
3.5 Relação risco-benefício
Consubstanciado em função do presente estudo objetivar analisar a importância da
análise do perfil psicomotor no idoso, e de responder a questão de pesquisa, que assenta-se
que o motor pode contribuir para a qualidade de vida.
3.6 Aspectos éticos (Comitê Ético de Pesquisa- CEP)
A pesquisa seguiu todas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional da
Saúde, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos, garantindo, assim, aos cidadãos
envolvidos na pesquisa, todos os direitos citados no Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), quais sejam:
prestação de informação à família durante a realização da pesquisa;
solicitação de maiores esclarecimentos sobre a pesquisa junto aos pesquisadores;
segredo sobre nomes, local de trabalho e quaisquer outras informações que possam
levar à identificação pessoal e da família investigada;
liberdade para decidir sobre responder ou não, qualquer questão ou a fornecer
informações que julgue prejudiciais à integridade física, moral e social;
requerimento de exclusão de determinadas falas e/ou declarações em documento
oficial, o que será prontamente atendido;
desistir, a qualquer momento, de participar da pesquisa.
Salienta-se que o TCLE foi apresentado em duas vias, pois uma foi entregue ao
entrevistado e a outra ficará com a pesquisadora por até cinco anos. E que os demais
instrumentos de coleta de dados foram arquivados pela investigadora no período determinado
no Termo. Evidencia-se, ainda, que os resultados da pesquisa serão publicados através dos
seguintes meios:
dissertação do Curso de Mestrado em Gerontologia, disponível na Biblioteca da
Universidade Católica de Brasília (UCB), e o resumo disponibilizado na home page do
Mestrado em Gerontologia da UCB;
artigos científicos publicados em periódicos qualisados;
relatório para Instituições que trabalham com a temática e, particularmente, para o
Centro de Convivência a fim de subsidiar a discussão sobre cuidados especializados
relativamente aos aspectos físicos, psicológicos e sociais.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo avaliou os dados obtidos através da aplicação de questionários de
psicomotricidade e qualidade de vida em idosos insticionalizados. Para tanto, o mesmo
encontra-se dividido em dois itens. No primeiro, a análise do questionário de qualidade de
vida, e no segundo, avaliar a psicomotricidade em idosos que moram na Casa São José.
4.1 Qualidade de vida de idosos
Este capítulo analisa os dados obtidos na pesquisa de campo, realizada em 19 idosos
que moram na Casa São José, assentada na aplicação do questionário Whoqol-bref,
observando os critérios de inclusão estabelecidos, como 60 anos ou mais, cognição e
consentimento informado. Dessa forma, investiga-se a psicomotricidade, determinando as
alterações no sistema músculo-esquelético com a idade, o grau de independência e autonomia
e avaliar a qualidade de vida.
Nessa perspectiva apresentam-se as Tabelas 1 e 2, que explicitam a qualidade de vida,
inclusive de saúde dos idosos por gênero.
Tabela 1 - Qualidade de vida dos idosos da Casa São José, por gênero
Qualidade de vida Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito ruim - - - -
Ruim 2 16,7 1 14,3
Nem ruim, nem boa 3 25,0 2 28,6
Boa 6 50,0 4 57,1
Muito boa 1 8,3 - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 2 - Nível de satisfação dos idosos com saúde
Saúde Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - 1 14,3
Insatisfeito 2 16,7 - -
Nem satisfeito, nem insatisfeito
3 25,0 2 28,6
Satisfeito 6 50,0 4 57,1
Muito satisfeito 1 8,3 - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Diante do disposto nas Tabelas 1 e 2, verificou-se que ambos os sexos vivem com boa
qualidade de vida e de saúde, não obstante as mulheres preponderarem com 57,1%,
relativamente aos homens com 50,0%.
Todavia, ressalta-se que a despeito dessa configuração, os idosos enfrentam
dificuldades relativamente de à saúde em seu cotidiano, como exposto nas Tabelas 3 e 4.
Tabela 3 - Nível de impedimento da dor física nos idosos para realização de
atividades necessárias
Dor física Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada 2 16,7 1 14,3
Muito pouco 2 16,7 1 14,3
Mais ou menos 6 50,0 3 42,9
Bastante 2 16,7 2 28,6
Extremamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Ademais, adenda-se que o processo do envelhecimento faz com que o idoso necessite
com mais frequência dos serviços de saúde. Acrescenta-se, em geral, as doenças dos idosos
são múltiplas, penduram por vários anos e exigem acompanhamento médico e de equipes
multidisciplinares permanentes, e internações frequentes. N tabela abaixo considera o
tratamento de forma mediana necessária para condução da vida rotineira dos idosos.
Tabela 4 - Tratamento médico necessário para a condução da vida rotineira dos idosos
Tratamento médico Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - 1 14,3
Muito pouco 2 16,7 3 42,9
Mais ou menos 7 58,3 3 42,9
Bastante 3 25,0 - -
Extremamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
De acordo com as Tabelas 3 e 4, observou-se que apesar de 50,0% do sexo masculino
reconhecerem que a dor física obstaculiza de maneira mediana o desempenho de tarefas
recorrentes, já em 14,3% das mulheres a consideraram praticamente insignificante, o que
revelou certa uma independência. Em 58,3% dos homens e 42, 9% das mulheres consideram
o tratamento médico mais ou menos para a condução da vida rotineira de idosos, o que
exprimiu a necessidade premente da gerontopsicomotricidade para identificar as alterações
ocorrentes para propor alterações para a recuperação e melhoria da qualidade de vida dos
idosos.
Tendo em vista esse contexto, mostram-se as Tabelas 5, 6 e 7, com o objetivo de
revelar condicionantes demonstrativos da qualidade de vida de gerontos.
Tabela 5 - Nível de aproveitamento da vida do idoso, por gênero
Aproveita a vida Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada 1 8,3 2 28,6
Muito pouco 5 41,7 2 28,6
Mais ou menos 5 41,7 2 28,6
Bastante 1 8,3 1 14,3
Extremamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 6
Sentimentos do idoso de ambos os sexos relativamente a vida
Sentido da vida Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - - -
Muito pouco 1 8,3 2 28,6
Mais ou menos 7 58,3 4 57,1
Bastante 4 33,3 - -
Extremamente - - 1 14,3
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 7
Nível de concentração do geronto, por gênero
Concentração Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - - -
Muito pouco 1 8,3 1 14,3
Mais ou menos 2 16,7 5 71,4
Bastante 9 75,0 1 14,3
Extremamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
As Tabelas 5, 6 e 7 evidenciaram que os homens (41,7%, 58,3%, 75,0%) tendem a
aproveitar a vida e se concentram com mais intensidade que mulheres (28,6%, 57,1% e
871,4%), respectivamente. Tal cenário requer a integração de recursos cognitivos e afetivos
com as possibilidades motoras.
Ademais, enfatiza-se através das Tabelas 8 e 9, o status de segurança social e do
ambiente físico, onde o idoso habilita.
Tabela 8
Sentimentos de segurança vivenciado pelo idoso
Autossegurança Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - - -
Muito pouco - - - -
Mais ou menos 3 25,0 3 42,9
Bastante 9 75,0 4 57,1
Extremamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 9 - Condições de saudabilidade do ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos) do idoso
Ambiente físico Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - - -
Muito pouco - - 1 14,3
Mais ou menos 3 25,0 3 42,9
Bastante 9 75,0 3 42,9
Extremamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Alicerçado nas Tabelas 8 e 9, constatou-se que 75% de homens e 57,1% das mulheres
se sentem seguros na Casa são José, e seguindo na mesma proporção as condições de
saudabilidade do ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativo). Tais circunstâncias
exprimiram o quão relevante é este Instituto de Longa Permanência.
Com a finalidade de detectar a disponibilidade do idoso para do exercício de
atividades rotineiras durante duas semanas, apresentam-se as Tabelas 10, 11, 12, 13 e 14.
Tabela 10 - Disposição de energia do idoso para a atividade do seu dia a dia
Energia corporal Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - - -
Muito pouco 2 16,7 2 28,6
Médio 7 58,3 3 42,9
Muito 3 25,0 2 28,6
Completamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 11 - Aceitação da aparência física do idoso e da idosa
Aparência física Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - - -
Muito pouco 3 25,0 1 14,3
Médio 6 50,0 4 57,1
Muito 3 25,0 2 28,6
Completamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Para tanto, as Instituições de Longa Permanência são mantidos pelos recursos dos
idosos ou de familiares, mesmo filantrópicas que recebem financiamento público, pois O
Estatuto do Idoso estabelece que as instituições podem contar com até 70% do valor do
benefício da aposentadoria. No caso da ILP São José esse dinheiro que os idosos doam para
o abrigo é para ajudar nos gastos, sendo que os eles estão insatisfeitos com o pouco ou
nenhum dinheiro que permanecem (idosos lúcidos), como exposto na Tabela 12.
Tabela 12
Disponibilidade de recurso financeiro para satisfação das necessidades do idoso
Dinheiro Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada 6 50,0 5 71,4
Muito pouco 3 25,0 1 14,3
Médio 1 8,3 1 14,3
Muito 2 16,7 - -
Completamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 13- Nível de acesso às informações diáias do idoso
Informações necessárias Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada 1 8,3 - -
Muito pouco 4 33,3 1 14,3
Médio 3 25,0 6 85,7
Muito 4 33,3 - -
Completamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 14 - Oportunidade de lazer do idoso
Lazer Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nada - - 1 14,3
Muito pouco 1 8,3 4 57,1
Médio 6 50,0 1 14,3
Muito 5 41,7 1 14,3
Completamente - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Com base na referida Tabela 10, verificou-se que o sexo masculino possui discreta
disposição de energia em relação às mulheres, já nas tabelas 11, 12, 13 e 14 mostra que as
mulheres (57,1%, 71,4%, 85,7% e 57,1%) aceitam de forma mediana sua aparência física e
acesso diário as informações, não possuem nenhuma disponibilidade de recurso financeiro
para suas necessidades e muito pouca oportunidade de lazer na Casa São José.
Tendo em vista objetivar a identificação do nível de autonomia física e psicológica do
publico da Casa São José, explicitam-se as Tabelas 15, 16, 17 e 18.
Tabela 15 - Condições de locomoção do idoso, por gênero
Locomoção Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito ruim 2 16,7 2 28,6
Ruim 3 25,0 - -
Nem ruim, nem bom 1 8,3 - -
Bom 3 25,0 5 71,4
Muito bom 3 25,0 - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Os gerontos se sentiram satisfeitos com o sono em ambos os sexos, como mostra na
Tabela 16. Tal panorama decorreu na ILP ter horários determinados para todas as refeições,
para dormir e para acordar. Entretanto, a despeito da relevância dessa conformação, entende-
se que o sono é uma função estreitamente relacionada com a idade cronológica das pessoas, o
qual apresenta mudanças significativas ao longo da vida, pois com o avançar da idade, o sono
sofre modificações próprias do processo do envelhecimento, tornando-se mais fragmentado,
com interrupções de tempo noturno, o que provoca sonolência excessiva ao longo do dia,
diminuição do estato de alerta e cochilos curtos.
Tabela 16 - Nível de satisfação do sono do idoso, por sexo
Sono Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - - -
Insatisfeito 3 25,0 2 28,6
Nem satisfeito, nem insatisfeito
1 8,3 1 14,3
Satisfeito 7 58,3 3 42,9
Muito satisfeito 1 8,3 1 14,3
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 17 - Capacidade para desempenhar atividades no dia-a-dia
Desempenho de atividades Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - 1 14,3
Insatisfeito 2 16,7 1 14,3
Nem satisfeito, nem insatisfeito
4 33,3 1 14,3
Satisfeito 4 33,3 3 42,9
Muito satisfeito 2 16,7 1 14,3
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 18 - Capacidade para o trabalho do geronto, por sexo
Capacidade de trabalho Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - 4 57,1
Insatisfeito 5 41,7 1 14,3
Nem satisfeito, nem insatisfeito
3 25,0 2 28,6
Satisfeito 3 25,0 - -
Muito satisfeito 1 8,3 - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Centrado nas Tabelas 15 e 18, identificou-se que as mulheres (71,4% e 57,1%)
apresentam níveis satisfatórios de locomoção e condições preponderantemente insatisfatórias
para o trabalho em relação aos homens, enquanto nas Tabelas 16 e 17 ambos os sexos estão
satisfeitos com o sono e a capacidade para desenvolver atividades recorrentes na Instituição
de Longa Permanência.
Para a continuidade da análise da psicomotricidade e da qualidade de vida do idoso
residente na casa São José, expõem-se as tabelas 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25.
Tabela 19 - Grau de satisfação do idoso com a vida
Autoavaliação Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - - -
Insatisfeito 3 25,0 1 14,3
Nem satisfeito, nem insatisfeito
4 33,3 3 42,9
Satisfeito 3 25,0 3 42,9
Muito satisfeito 2 16,7 - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Compreende-se em conformidade com a Tabela 19, que as mulheres (42,9%)
manifestam-se satisfeita e de forma satisfeita, nem insatisfeita o grau de satisfação com sua
vida.
Tabela 20
Nível de satisfação do geronto com as relações pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)
Relacionamento interpessoal
Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - - -
Insatisfeito 1 8,3 - -
Nem satisfeito, nem insatisfeito
2 16,7 - -
Satisfeito 8 66,7 6 85,7
Muito satisfeito 1 8,3 1 14,3
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 21
Nível de satisfação do idoso relativamente ao apoio recebido pelos amigos
Apoio dos amigos Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito 1 8,3 - -
Insatisfeito 1 8,3 - -
Nem satisfeito, nem insatisfeito 1 8,3 1 14,3
Satisfeito 8 66,7 5 71,4
Muito satisfeito 1 8,3 1 14,3
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 22 - Grau de satisfação do idoso quanto as condições do local de moradia
Local de moradia Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - - -
Insatisfeito - - 1 14,3
Nem satisfeito, nem insatisfeito
1 8,3 1 14,3
Satisfeito 11 91,7 5 71,4
Muito satisfeito - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Já as Tabelas 20, 21 e 22 explicitaram a prevalência dos âmbitos satisfeito e muito
satisfeito para ambos os gêneros, no que diz respeito às relações pessoais, ao apoio recebido
pelos amigos e ao local de habitação. Tal panorama expõe a favorabilidade das condições
vivenciadas pelos idosos na Instituição de Longa Permanência (ILP).
De acordo com a Tabela 23, percebeu-se a relevância da atividade sexual para o sexo
masculino, haja vista que 100,0% encontravam-se muito insatisfeito com a vida sexual.
Enquanto, 100,0% das mulheres não davam a mínima importância para a atividade sexual,
devido conformar-se com o nem satisfeito nem insatisfeito.
Tabela 23
Grau de satisfação do idoso com a vida sexual
Vida sexual Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito 12 100,0 - -
Insatisfeito - - - -
Nem satisfeito, nem insatisfeito
- - 7 100,0
Satisfeito - - - -
Muito satisfeito - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 24
Nível de satisfação do geronto relativamente ao acesso dos serviços de saúde
Serviços de saúde Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito - - - -
Insatisfeito 1 8,3 1 14,3
Nem satisfeito, nem insatisfeito
1 8,3 3 42,9
Satisfeito 10 83,3 3 42,9
Muito satisfeito - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Com base nessa Tabela 24, inferiu-se que os homens (83,3%) reconheciam a
facilidade de acesso aos serviços de saúde. Por outro lado, as mulheres se posicionaram com
42,9% para cada item nem satisfeito, nem insatisfeito e satisfeito, correspondendo a uma
situação de divergência comportamental na Casa São José.
A Tabela 25 realçou o grau de satisfação (50,0%) dos homens com o meio de
transporte usado na Casa São José. Contudo, contrariamente, as mulheres demonstraram
(71,4%) de insatisfação. Tal panorama explicitou o reduzido nível de exigência do sexo
masculino relativamente ao meio de locomoção.
Tabela 25
Nível de satisfação do idoso com o meio de transporte utilizado.
Transporte Homens Mulheres
Nº % Nº %
Muito insatisfeito 1 8,3 5 71,4
Insatisfeito 4 33,3 2 28,6
Nem satisfeito, nem insatisfeito
- - - -
Satisfeito 6 50,0 - -
Muito satisfeito 1 8,3 - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Dando continuidade a investigação, a frequência dos sentimentos negativos dos
idosos, apresenta-se a Tabela 26.
Tabela 26 - Frequência de sentimentos negativos como mau humor, desespero, ansiedade e
depressão vivenciadas pelo idoso, por gênero
Sentimentos negativos Homens Mulheres
Nº % Nº %
Nunca 4 33,3 - -
Algumas vezes 8 66,7 6 85,7
Frequentemente - - 1 14,3
Muito frequentemente - - - -
Sempre - - - -
Total 12 100,0 7 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
De acordo com a Tabela 26, identificou-se a importância dos cuidados dispensados
aos idosos pelos administradores e profissionais da Casa São José, pois (85,7%) das mulheres
e (66,7%) dos homens manifestam sentimentos negativos (mau humor, desespero, ansiedade e
depressão) algumas vezes. O auto estima do idoso na Casa São José está continuamente
afetada, por não dispor de fatores que possam elevá-lo, como independência e saúde
psicológica e física para suprir as necessidades básicas, o que pode levá-lo a depressão.
Contudo, compreende-se que não obstante o desconhecimento das causas de depressão
acredita-se que vários fatores, como biológicos, psicológicos e sociais, atuando juntos,
desencadeiem a doença. Logo, faz-se mister o acompanhamento psicoterápico, como
complemento ao tratamento com remédios, ajuda na recuperação da qualidade de vida do
idoso.
4.2 Bateria psicomotora
Este item analisa os dados obtidos na pesquisa de campo realizada em 10 idosos (5
homens e 5 mulheres) que moram na Casa São José, apontada na aplicação da Bateria
Psicomotora (Vítor da Fonseca ). Para tanto, reconhece-se que a psicomotricidade objetiva a
recuperação e/ou manutenção das atividades funcionais, possibilitando a independência do
geronte por mais tempo. As tarefas que constituem a BPM se subdividem em sete fatores,
como: Tonicidade, Equilibração Lateralização, Noção do corpo, Estruturação Espaço-
Temporal, Praxias Global e Fina, como demonstrado nas Tabelas abaixo.
Segundo Alves (2008), o tônus que prepara e guia o gesto é simultaneamente a
expressão da realização ou frustração do indivíduo. O tônus apresenta-se como uma tensão
que regula e controla a atividade postural como suporte do movimento. Todos os movimentos
se apoiam num estado de tensão que no fundo é o meio pelo qual se torna possível o
equilíbrio mecânico indispensável para que possa acontecer a coordenação entre os
movimentos dos vários segmentos corporais, entre si e no seu todo. Assim, não pode haver
movimento sem atitude, também não pode haver coordenação de movimento sem um bom
equilíbrio. À medida que ele cresce e evolui, o equilíbrio torna-se cadê vez mais fundamental
e a sua base de sustentação imprescindível para sua manutenção.
Tabela 27
Tonicidade no idoso, por gênero
Variável Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
Hipotonicidade 2 40,0 3 60,0 5 50,0
Hipertonicidade 3 60,0 2 40,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
De acordo com a Tabela 27, observou-se que 60,0% do sexo masculino apresentam
aumento anormal no tônus da musculatura lisa ou esquelética, ou seja, hipertonicidade, e
diferentemente as mulheres exibem 60,0% de um estado caracterizado pela redução ou perda
do tônus muscular normal, conhecidos como hipotonicidade. Esse cenário decorreu devido ao
processo do envelhecimento.
Tabela 28
Extensibilidade no geronte, por gênero
Nível
Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Membros inferiores Membros superiores
Membros inferiores Membros superiores
Membros inferiores Membros superiores
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - - 1 20,0 - - 1 10,0
2 - - - - - - 2 40,0 - - 2 20,0
3 3 60,0 1 20,0 2 40,0 1 20,0 5 50,0 2 20,0
4 2 40,0 4 80,0 3 60,0 1 20,0 5 50,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 10 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Em consonância com a Tabela 28, constatou-se a predominância da movimentação nos membros superiores dos homens com 80,0%,
enquanto nos membros inferiores a movimentação situou-se em 60,0%. Já as mulheres possuem um perfil de mobilidade oposto, haja vista os
membros inferiores e superiores, explicitarem 60,0% e 40,0%, respectivamente. Essa performance revelou uma movimentação perfeita, o que
mostra uma realização perfeita, econômica, harmoniosa e bem controlada para os homens em membros superiores e para as mulheres em
membros inferiores.
Tabela 29
Passividade em idosos, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 - - - - - -
3 2 40,0 4 80,0 6 60,0
4 3 60,0 1 20,0 4 40,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Diante do exposto na tabela 29, percebeu-se que o tônus de suporte e os deslocamentos exógenos através da mobilização dos quatros
membros e suas respectivas extremidades é maior nas mulheres com 80,0%, do que nos homens. Ademais, acrescenta-se que a análise explicitou
que as mulheres são mais ativas que os homens, devido aos cuidados com a saúde, às questões hormonais e ao menor envolvimento com
situações de violência, e que, os homens realizam as tarefas perfeitamente e as mulheres de forma controlada e adequada.
A Tabela 30 evidenciou que em ambos sexos, 80,0% dos membros superiores possuem relativa persistência de rigidez muscular que pode
aparecer até nas quatro extremidades do corpo caracterizado por paratonia, realizando o movimento para os membros superiores, de forma
controlada.
Tabela 30
Paratonia em idosos, por gênero
Nível
Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Membros inferiores Membros superiores
Membros inferiores Membros superiores
Membros inferiores Membros superiores
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - - - - - - - -
2 1 20,0 1 20,0 - - - - 1 10,0 1 10,0
3 2 40,0 - - 2 40,0 4 80,0 4 40,0 4 40,0
4 2 40,0 4 80,0 3 60,0 1 20,0 5 50,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 10 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Segundo a Tabela 31, verificou-se a presença de descoordenação e irregularidade da dissociação dos movimentos, isto é, da
diadocosinesias, na medida em que 60,0% de ambos os sexos apresentam realização controlada e adequada dos movimentos para a mão direita e
para a mão esquerda.
Tabela 31
Diadocosinesias em geronte, por sexo
Nível
Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Mão direita Mão esquerda Mão direita Mão esquerda Mão direita Mão esquerda
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - - - - - - - -
2 1 20,0 1 20,0 2 40,0 2 40,0 3 30,0 3 30,0
3 3 60,0 3 60,0 3 60,0 3 60,0 6 60,0 6 60,0
4 1 20,0 1 20,0 - - - - 1 10,0 1 10,0
Total 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 10 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Com base na Tabela 32, notou-se que 80,0% dos homens apresentaram sincinesias contralaterais e 60,0% bucais com realização bem
controlada, enquanto nas mulheres a ocorrência desses condicionantes foi de 60,0%, com dificuldades de controle e bucais de forma controlada e
adequada
70
Tabela 32
Sincinesias
Nível
Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Bucais Contralaterais Bucais Contralaterais Bucais Contralaterais
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
1 1 20,0 - - - - - - 1 10,0 - -
2 - - - - - - 3 60,0 - - 3 30,0
3 1 20,0 1 20,0 3 60,0 1 20,0 4 40,0 2 20,0
4 3 60,0 4 80,0 2 40,0 1 20,0 5 50,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 10 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Salienta-se que a análise do subfator da equilibração abrangeu a imobilização, o equilíbrio estático, o equilíbrio dinâmico, com vistas
identificar o controle postural e a locomoção do idoso, que se conformam como inseparáveis para o controle motor.
Na Tabela 33 mostrou-se que em função das mulheres e dos homens conseguem permanecer numa mesma posição erétil, com simetria da
cabeça e corpo, e de pés, joelhos, braços e mãos, ou seja, com imobilidade perfeita, harmônica e adequada.
71
Tabela 33
Imobilidade dos idosos, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 1 20,0 - - 1 10,0
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 - - - - - -
4 3 60,0 5 100,0 8 80,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tendo em vista entender que o equilíbrio é a base primordial de toda coordenação
geral e de toda ação diferenciada dos membros, isto é, expressa a colocação perfeita do centro
de gravidade e a combinação perfeita de ações musculares com o propósito de sustentar o
corpo sobre uma base, realça-se com Neto (2002), que o equilíbrio é estado de um corpo
quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam e se anulam mutuamente que do
ponto de vista biológico, manifesta a possibilidade de manter posturas, posições e atitudes.
Ademais, destaca-se que em virtude do equilíbrio estático ser a capacidade para
assumir e sustentar qualquer posição do corpo contra a força da gravidade configura-se em
uma das qualidades psicomotoras mais importantes para o desenvolvimento humano, por
proporcionar oportunidade de o mesmo estando parado, ainda encontrar-se com condições de
usar outras qualidades psicomotoras. Tendo em vista essa performance, compreende-se que o
equilíbrio estático está intimamente ligado à capacidade de imobilidade, ou seja, de conseguir
um bom equilíbrio de corpo como um todo, principalmente durante a realização de tarefas
com olhos fechados. Denota-se, outrossim, que as atividades para este subfator assentam-se
no apoio retilíneo, na manutenção do equilíbrio na ponta dos pés, e no apoio unipodal, como
expostas nas Tabelas 34 a, 34 b e 34 c.
72
Tabela 34a - Equilíbrio estático, com ênfase em idosos
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 2 40,0 - - 2 20,0
2 - - - - - -
3 1 20,0 4 80,0 5 50,0
4 2 40,0 1 20,0 3 30,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 34b
Equilíbrio estático, com destaque para a ponta dos pés nos idosos, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 3 60,0 2 40,0 5 50,0
2 - - 2 40,0 2 20,0
3 - - 1 20,0 1 10,0
4 - - - - - -
X 2 40,0 - - 2 20,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 34c
Equilíbrio estático, com realce no geronte, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 3 60,0 4 80,0 7 70,0
2 - - 1 20,0 1 10,0
3 - - - - - -
4 - - - - - -
X 2 40,0 - - 2 20,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
73
De acordo com a Tabela 34a, observou-se que 80,0% das mulheres possuem equilíbrio
estático com apoio retilíneo de forma adequada, enquanto os homens apesar de apresentarem
o mesmo percentual, esse tipo de apoio acontece de forma perfeita e ou imperfeita, isto é,
incompleta. Já consoante a Tabela 34b, notou-se que os idosos de ambos os sexos, com 60,0%
e 40,0%, respectivamente, encerram dificuldades para permaneceram na ponta dos pés. Logo,
realizam controle. Já na Tabela 34c, verificou-se que (60,0% )dos idosos masculinos e 80,0%
dos femininos executam o apoio unipodal. Por conseguinte, esse contexto expressou a perda
gradativa do controle postural e do equilíbrio, devido a mudanças significativas no corpo do
idoso, como a perda da massa muscular, da força muscular, do aumento no tempo de reação,
além das modificações que ocorrem nos sistemas perceptivos, como o visual, o proprioceptivo
e o vestibular e no sistema neuromuscular.
Já o equilíbrio dinâmico manifesta corpos em movimento, com todas as forças
atuantes, resultando em forças inércias iguais e dirigidas em sentidos opostos. Tal cenário
significa que no estático não há sequer uma força agindo no corpo, e no dinâmico, forças
iguais agem uma contra a outra redundando um estado de equilíbrio, que exige uma
movimentação mais controlada e coordenada. Em virtude desse contexto, fez-se mister que a
pesquisadora estivesse sempre atenta para eventuais desequilíbrios, falta de manutenção e de
controle postural que pudessem possibilitar quedas e alguns movimentos compensatórios,
impedindo a realização correta das tarefas. Sendo assim, expõe-se o equilíbrio embasado na
marcha controlada e na evolução no banco, que se distingue em para frente, para trás e para o
lado direito e esquerdo, constantes nas Tabelas 35a, 35b.1, 35b.2, 35b.3 e 35b.4.
Tabela 35a - Equilíbrio dinâmico, alicerçado na marcha controlada do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 1 20,0 - - 1 10,0
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 1 20,0 1 20,0 2 20,0
4 2 40,0 4 80,0 6 60,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
74
Segundo a Tabela 35a constatou-se que 80,0% das mulheres possuem uma marcha
harmoniosa e bem controlada, já os homens apresentaram marcha controlada bastante
variável, seguindo da bem controlada, controlada, dificuldade de controle e descoordenada.
Tabela 35b.1
Equilíbrio dinâmico, na evolução do banco para frente
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 1 20,0 - - 1 10,0
4 3 60,0 5 100,0 8 80,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Na Tabela 35 b.1 percebeu-se que a marcha para frente realizada pelos idosos da Casa
São José desenvolve-se de forma bem controlada, resultando em 100,0% para mulheres e
60,0% para os homens. A Tabela 35 b.2 revelou-se que os idosos apresentam discreta
dificuldade para executar marcha para trás, ou seja, 80,0% das idosas e 40,0% variam de bem
controlada a controlada, considerando o perfil dos idosos globalmente.
Tabela 35b.2 - Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para trás do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 2 40,0 1 20,0 3 30,0
4 2 40,0 4 80,0 6 60,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
75
Tabela 35b.3
Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para o lado direito
do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 2 40,0 2 40,0 4 40,0
4 2 40,0 3 60,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 35b.4
Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para o lado esquerdo do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 2 40,0 2 40,0 4 40,0
4 2 40,0 3 60,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Já com base pós Tabelas 35b.3 e 35b.4, notou-se que 60,0% das mulheres conseguem
realizar a marcha para os lados direito e esquerdo de forma bem controlada, enquanto apenas
40,0% dos homens finalizam tarefa de forma bem controlada e controlada para ambos os
lados. Contudo, não obstante essa diferenciação, observou-se a presença igual para ambos os
lados.
Todos os idosos não conseguiram realizar as tarefas que avaliavam o equilíbrio usando
um só pé esquerdo; um só pé direito; pés juntos para frente e, pés juntos para trás com os
olhos fechados.
Acrescenta-se que o fator lateralização expressa a dominância de cada idoso, através
dos subfatores ocular, auditiva, manual e pedal, expostos abaixo.
76
Segundo Neto (2002), o corpo humano caracteriza-se pela presença de partes
anatômicas pares e globalmente simétricas, sendo que essa simetria anatômica se redobra por
uma simetria funcional no sentido de que certas atividades só intervêm em uma das partes,
como se escreve com uma só mão e os centros de linguagem se situam, na maioria das
pessoas, no hemisfério esquerdo. A lateralidade consiste na preferência da utilização de uma
das partes simétricas do corpo, como mão, olho, ouvido, perna; e a lateralização cortical na
especialidade de um dos dois hemisférios quanto ao tratamento da informação sensorial ou
quanto ao controle de certas funções.
Em função dessa assertiva, a lateralidade identificada nas Tabelas 36, 37, 38 e 39
decorrem do predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do
ato motor, o qual desembocará na aprendizagem e na consolidação das praxias. Essa atitude
funcional, que é o suporte da intencionalidade.
Tabela 36 - Lateralização, com ênfase no subfator ocular do idoso, por gênero
Lateralização Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
Direita 2 40,0 3 60,0 5 50,0
Esquerda 2 40,0 2 40,0 4 40,0
Direita e Esquerda 1 20,0 - - 1 10,0
Não existe - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Diante do exposto na Tabela 36, detectou-se que os idosos possuem predominância da
lateralização ocular para as mulheres para o lado direito, enquanto os homens possuem um
equilíbrio para ambos os lados, com uma discreta perda para os sexos masculino e feminino.
Essa performance justifica-se pelo fato de que no idoso a visão fica mais turva. Inclusive com
80 anos, a capacidade de captar as informações e transmiti-las reduz em 75,0%, comparado
com a visão do indivíduo aos 25 anos, pois a pupila fica menor e a distância focal aumenta e o
cristalino fica mais denso e absorve mais os azuis, e, assim, passa a enxergar mais amarelo,
aumentando a sensibilidade, o ofuscamento, ficando, assim, menos tolerante a brilhos.
77
Tabela 37- Lateralização, destacando o subfator auditivo do idoso, por sexo
Lateralização Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
Direita 2 40,0 - - 2 20,0
Esquerda - - 1 20,0 1 10,0
Direita e Esquerda 3 60,0 4 80,0 7 70,0
Não existe - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 37 exprime que 80,0% das mulheres e 60,0% dos homens possuem uma
audição equilibrada para os dois lados direito e esquerdo.
Tabela 38
Lateralização, enfocando o subfator manual do idoso e da idosa
Lateralização Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
Direita 4 80,0 5 100,0 9 90,0
Esquerda 1 20,0 - - 1 10,0
Direita e Esquerda - - - - - -
Não existe - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 39
Lateralização do subfator pedal do idoso, por gênero
Lateralização Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
Direita 3 60,0 3 60,0 6 60,0
Esquerda 2 40,0 2 40,0 4 40,0
Direita e Esquerda - - - - - -
Não existe - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
78
Pós Tabela 38 e 39 mostram que a lateralização manual e pedal ocorre,
preferencialmente para o lado direito em 100,0% e 60,0% das mulheres e 80,0% e 60% dos
homens, respectivamente. Tal circunstância revelou que predominantemente o lado direito é
mais usado para a realização de tarefas do dia a dia.
Com a finalidade de continuar a análise de avaliação da BPM, explicita-se o fator
noção do corpo, que expressa o reconhecimento corporal e espacial no sentido de demonstrar
as noções de movimentos corporais agindo livremente e bem a vontade do idoso. Esse fator
compõe-se de cinco subfatores, como: sentido cinestésico, reconhecimento direito-esquerda,
autoimagem (face), imitação de gestos e desenho do corpo, os quais se encontram mostrados
abaixo.
Nessa perspectiva, patentea-se que as tabelas 40, 41, 42, 43 e 44 evidenciaram que os
idosos da Casa São José apresentaram noção de movimentos corporais realizados de forma
livre e bem a vontade. Tal configuração derivou do fato de que as relações entre o corpo e os
objetos situados no espaço ao seu redor, assentam-se no sentido de direção já internalizada
pelo indivíduo e na consciência de si própria e do desempenho que o mesmo cria no espaço,
pois após a percepção global do corpo, segue a etapa de consciência de cada segmento
corporal, realizada de forma interna (sentindo uma parte do corpo e externa (vendo cada
segmento em um espelho, em um idoso ou em uma figura). Evidencia-se que a imagem do
geronto permite-lhe perceber como eixo central (que se volta para um lado e para o outro) os
dois demídios laterais: direito e esquerdo. Demonstra-se a real necessidade de cuidados e
especialização por parte dos profissionais da saúde e as diferentes formas de atuação de cada
profissional no que diz respeito às deficiências existentes aos cuidados dessa faixa etária
crescente.
Tabela 40
Noção de corpo no sentido cinestésico, segundo o gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 - - - - - -
3 - - - - - -
4 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
79
Tabela 41
Noção do corpo por reconhecimento direita/esquerda, do
geronte por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 - - - - - -
3 1 20,0 - - 1 10,0
4 4 80,0 5 100,0 9 90,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 42
Noção de corpo enfatizando a autoimagem (face), segundo o gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 - - - - - -
3 - - - - - -
4 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Com base na Tabela 40, verificou-se que 100,0% de ambos os sexos têm a percepção
de um ponto ou de um movimento realizado num segmento denominado sentido cinestésico,
A Tabela 41 apresenta os reconhecimentos de direita e esquerda explícitas, logo evidenciou
reconhecimento discriminativo de um hemicorpo e da linha média do corpo, a conscientização
e o autocontrole dos membros direita e esquerda. Na Tabela 42, detectou-se que a
autoimagem relaciona-se ao componente facial da noção do corpo, através do reconhecimento
da localização e da diferenciação tátil do corpo. Nesse sentido, compreendeu-se que o idoso
tinha a consciência de direcionalidade e harmonia dos movimentos no espaço. Portanto,
concluiu-se pelas Tabelas 40, 41 e 42 que os idosos de ambos os sexos, realizam de maneira
perfeita, bem controlada e controlada as atividades do cotidiano.
80
Tabela 43
Noção de corpo, destacando a imitação de gestos, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - 1 20,0 1 10,0
2 3 60,0 2 40,0 5 50,0
3 2 40,0 2 40,0 4 40,0
4 - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Em conformidade com a Tabela 43, presenciou-se que 60,0% dos homens reproduzem
os gestos com dificuldade de controle e que 40,0% das mulheres os executam com e sem
dificuldade de controle, isto é, em níveis satisfatório e bom.
Tabela 44
Noção de corpo focando o desenho do corpo, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 1 20,0 2 40,0 3 30,0
2 3 60,0 3 60,0 6 60,0
3 1 20,0 - - 1 10,0
4 - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
A Tabela 44 exibe o reconhecimento global do corpo ao demonstrar 60,0% dos
homens e mulheres desempenhando tarefa com dificuldade de controle. Esse panorama
decorre das alterações na concentração, autoestima física e ao próprio envelhecimento.
Ressalta-se que a estruturação espacial intervém nas relações de localização,
orientação e reconhecimento visuoespacial, na distância e na velocidade, enquanto a estrutura
temporal intervém nas relações de ordem, duração, armazenamento e rememorização nos
intervalos de tempo.
A percepção temporal permite, além da consciência e da interiorização dos ritmos
motores corporais, a percepção dos ritmos exteriores. Esta passagem é indispensável para que
81
o idoso possa tomar conta de seus próprios movimentos e organizá-los a partir da
representação mental.
De acordo com Neto (2002), a organização temporal inclui uma dimensão lógica
(conhecimento da ordem e da duração, acontecimentos se sucedem com intervalos), uma
dimensão convencional (sistema cultural de referências, horas, dias, semanas, meses e anos) e
um aspecto de vivência que surge antes dos outros dois (percepção e memória da sucessão e
da duração dos acontecimentos na ausência de elementos lógicos ou convencionais). A
orientação temporal como explícita nas Tabelas 45, 46, 47 e 48 é uma faculdade cognitiva
importante porque ela forma a base da aprendizagem, e armazenamento mental do passado,
presente e futuro. A memória humana focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de
energia mental e deteriora-se com o envelhecimento. De maneira geral, deve ser estimulada e
trabalhada para garantir sua conservação na velhice.
Tabela 45
Estruturação espaço-temporal, com destaque para a organização do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 2 40,0 1 20,0 3 30,0
4 2 40,0 4 80,0 6 60,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Através da Tabela 45, notou-se que 80,0% das mulheres conseguem calcular a
distancia e os ajustamentos dos planos motores que pretende percorrer de maneira bem
controlada, enquanto 40,0% dos homens executam, também, bem controlada e só conseguem
realizar de forma controlada.
82
Tabela 46- Estruturação espaço-temporal com enfoque no modo dinâmico do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 2 40,0 1 20,0 3 30,0
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 - - 3 60,0 3 30,0
4 2 40,0 1 20,0 3 30,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Alicerçado na Tabela 46, quanto a estruturação dinâmica identificou-se que 60,0% das
mulheres realizam de forma controlada a capacidade da memorização visual a curto prazo,
quando relacionadas a estruturas simples, de fácil memorização, e que 40% dos homens
desempenham de forma perfeita ou imperfeita a mesma tarefa.
Tabela 47
Estruturação espaço-temporal com ênfase na representação topográfica do idoso, segundo o sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 3 60,0 1 20,0 4 40,0
2 1 20,0 1 20,0 2 20,0
3 1 20,0 3 60,0 4 40,0
4 - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
De acordo com a Tabela 47, detectou-se que ambos os sexos possuem capacidade de
orientar-se em um determinado lugar. No entanto, salienta-se que as mulheres orientam-se
controladamente e os homens de forma imperfeita.
83
Tabela 48 - Estruturação espaço-temporal por estruturação rítmica do geronte, segundo o sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 5 100,0 5 100,0 10 100,0
2 - - - - - -
3 - - - - - -
4 - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Reconhece-se que a Tabela 48 explicita que 100,0% de ambos os sexos apresentam
imperfeita qualidade de percepção auditiva e memorização no curto prazo. Todavia,
evidencia-se que a estruturação espaço-temporal é abonado devido o idoso encerrar maior
cadência, menor tempo de passo e menor tempo de apoio simples e de duplo apoio, haja vista
que essas características são atribuídas às consequências do processo de envelhecimento e ao
próprio sedentarismo.
Realça-se, outrossim, que a praxia global compreende os subfatores a organização,
oculomanual e óculo pedal, dismetria e a dissociação, analisados através das Tabelas 49a,
49b, 50, 51a, 51b, 51c e 52.
A praxia global esta relacionada com a realização e a automação dos movimentos
globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e que exigem a atividade
conjunta de vários grupos musculares (FONSECA, 1995).
Tabela 49a
Praxia global por meio da coordenação óculo-manual do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 - - - - - -
3 1 20,0 4 80,0 5 50,0
4 4 80,0 1 20,0 5 50,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
84
Tabela 49b
Praxia global, destacando a coordenação óculo-pedal do idoso,
por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 - - 1 20,0 1 10,0
3 - - 2 40,0 2 20,0
4 5 100,0 2 40,0 7 70,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 50
Praxia global, através da dismetria do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 4 80,0 5 50,0
3 2 40,0 1 20,0 3 30,0
4 2 40,0 - - 2 20,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 51a
Dissociação, enfatizando os membros superiores do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 1 20,0 - - 1 10,0
3 1 20,0 1 20,0 2 20,0
4 3 60,0 4 80,0 7 70,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
85
Tabela 51b
Praxia global, enfocando membros inferiores do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 2 40,0 - - 2 20,0
3 - - 1 20,0 1 10,0
4 3 60,0 4 80,0 7 70,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 51c
Praxia global, evidenciando a agilidade do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 2 40,0 - - 2 20,0
3 - - 2 40,0 2 20,0
4 3 60,0 3 60,0 6 60,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Embasado na Tabela 49a, constatou-se que 80,0% das mulheres e dos homens
apresentam uma organização manual através da percepção visual controlada e bem
controlada.
E, por outro lado, pela Tabela 49b notou-se que 100,0% dos homens possuem perfeita
coordenação dos membros inferiores, enquanto 40,0% das mulheres desempenham a
coordenação de forma bem controlada e controlada.
A Tabela 50 mostrou que 80,0% das mulheres são incapazes de realizar movimentos
coordenadamente com controle satisfatório, enquanto 40,0% dos homens desenvolvem essa
habilidade de forma controlada e bem controlada.
As Tabelas 51a e 51b expõem que 80,0% das mulheres e 60,0% dos homens têm
capacidade de diferenciar vários gestos membros superiores e inferiores de forma bem
controlada.
E na Tabela 51c, verificou-se que 60,0% de ambos os sexos movimentam-se com
perfeita agilidade. Embasado nesse estudo, infere-se que a praxia global é a expressão da
86
informação do córtex motor, como resultado da recepção de muitas informações sensoriais, táteis, cinestésicas,
vestibulares, visuais etc. Logo, concorda-se com Souza (2006), no entendimento de que no envelhecimento
ocorre perda neuronal no córtex do giro pré-central e no cerebelo, donde se presume que tais alterações
provocam a diminuição da praxia global.
A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de
coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a fixação da
atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger as funções de
programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e
complexas. Esta evidencia a capacidade construtiva manual e a dextralidade bimanual,
requerendo a conjugação dos programas de ação, a atenção voluntária, a capacidade de pré-
programação e de reprogramação dos movimentos. Revela-se na sequência melódica de fases
como: a captura visual do objeto, as operações de escrutínio e investigação visual, a captura
manual do objeto e a manipulação do objeto (Fonseca, 1995).
Ademais, salienta-se que o fator da Bateria Psicomotora, a praxia fina, envolve três
subfatores de coordenação dinâmica manual, tamborilar e velocidade-precisão, demonstrado
nas Tabelas 52, 53 e 54a e b.
Tabela 52 - Praxia fina por meio de coordenação dinâmica manual do idoso, segundo o sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 2 40,0 1 20,0 - -
2 1 20,0 2 40,0 - -
3 1 20,0 1 20,0 - -
4 1 20,0 1 20.0 10 100,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
87
Tabela 53
Praxia fina, através do tamborilar do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 1 20,0 - - 1 10,0
2 1 20,0 2 40,0 1 10,0
3 2 40,0 2 40,0 2 20,0
4 1 20,0 1 20,0 6 60,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 54a
Praxia fina, com destaque para pontos do idoso, por gênero
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - 1 20,0 1 10,0
2 3 60,0 1 20,0 4 40,0
3 2 40,0 3 60,0 5 50,0
4 - - - - - -
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Tabela 54b
Praxia fina, enfocando as cruzes do idoso, por sexo
Nível Homens (A) Mulheres (B) Total (A+B)
Nº % Nº % Nº %
1 - - - - - -
2 2 40,0 1 20,0 3 30,0
3 2 40,0 4 80,0 6 60,0
4 1 20,0 - - 1 10,0
Total 5 100,0 5 100,0 10 100,0
Fonte: Pesquisa de campo (2011).
Diante do exposto na Tabela 52, detectou-se que 40,0% das mulheres possuem
capacidade de concentração visual, de agilidade e de precisão dos movimentos, envolvendo a
88
coordenação fina das mãos e dos dedos com dificuldade de controle. E, 40,0% dos homens a
despeito de apresentarem coordenação dinâmica manual, a mesma é realizada de maneira
imperfeita.
Outrossim, observou-se em consonância com a Tabela 55 que 80,0% das mulheres
realizam dissociação digital e a motricidade independente, harmoniosa e controlada, e que
40,0% dos homens desenvolvem as mesmas habilidades.
Pela Tabela 54a identificou-se que 60,0% das mulheres executam atividades
controladamente, e igual percentual de homens encerram dificuldades de controle para as
mesmas tarefas desempenhadas pelo sexo feminino.
Já consoante a Tabela 54b, denotou-se que 80,0% das mulheres concretizam tarefas
com dificuldades de controle e 80,0% dos homens as executam variadamente com
dificuldades de controle e de forma adequada e controlada.
Nessa perspectiva, ressalta-se que no envelhecimento esse fator psicomotor deve ser o primeiro
a sofrer delapidação, por constituírem-se atividades complexas. Acredita-se que essa diminuição, se deve as
alterações degenerativas das estruturas do olho durante o processo de envelhecimento. Sendo assim, entende-se
porque a diminuição da acuidade visual, algumas vezes a redução do campo visual, e a limitação da
convergência ocular e da acomodação visual, prejudicam a visão para curta distância, e redunda na diminuição
da percepção visual.
89
5 CONCLUSÃO
A população de idosos faz-se crescente, e as instituições de longa permanência,
constituem-se como um recurso alternativo, pois propiciam aos idosos atendimentos de suas
necessidades através de cuidados especiais.
Neste estudo, pode-se concluir que os idosos da instituição de longa permanência aqui
referida são submetidos a um atendimento multiprofissional e a maioria destes possui
deambulação independente, mas por questão de prevenção de acidentes sejam eles por quedas
ou agressões, a administração juntamente com os profissionais do local optou por uma
locomoção em ambiente restrito, dispositivos estáveis e atenção constante da equipe, além
disso, não se fez necessário propor ações preventivas para a manutenção da funcionalidade da
locomoção dos mesmos, pois o local é adaptado, sendo que algumas destas adaptações
necessitam de adequações, porém as inadequações não interferem no cotidiano dos idosos.
Nesse sentido, entende-se que a psicomotricidade exerce efeito preventivo ao
conservar a tonicidade funcional, controlar a postura flexível, determinar a boa imagem do
corpo, organizar espacial e temporalmente, e integrar e prorrogar as práxias global e fina;
proporciona ao geronte a ação com o corpo em movimento, a favor da manutenção de uma
estrutura funcional, necessária não somente para a promoção, mas, sobretudo, para a
manutenção da saúde; e, resgata a satisfação de viver. Portanto, enfatiza-se que a aplicação de
exercícios psicomotores em pessoas idosas ou a reeducação psicomotora, constitui uma
ciência artesanal, que trabalha com a pessoa numa dimensão particular e individual,
priorizando o aspecto qualitativo da relação humana vinculada aos estímulos externos que
determinam os comportamentos ao longo da vida do cidadão.
A gerontomotricidade que visa proporcionar aos idosos uma melhor qualidade de vida.
Assim a psicomotricidade exerce fundamental importância no processo de conservação da
tonicidade funcional, controle postural flexível, manutenção da imagem corporal, organização
espaço-temporal plástica, integração de praxias ideomotoras, entre outras, relacionadas às
necessidades específicas do idoso. Tornando o envelhecer um contínuo viver experiências
criativas.
A partir do estudo realizado, evidencia-se a necessidade de se buscarem estratégias
que promovam bem-estar e saúde ao idoso institucionalizado. Os problemas apresentados são
90
desafios que devem ser ultrapassados. Cabe aos diversos profissionais, portanto, tornar real a
prática dos conceitos de promoção da saúde dentro desse ambiente, de acordo com as suas
possibilidades. Todos têm direito a uma melhor qualidade de vida, repleta de amor e
felicidade, bem como preparados para aceitação da morte digna.
91
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96
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro meu consentimento em participar da pesquisa intitulada: INTERVENÇÃO FISIOTERÁPICA: EFEITOS NA PSICOMOTRICIDADE EM IDOSOS EM TERESINA-PIAUÍ. A pesquisadora, MICHELLY MARA LIRA MONTEIRO, REGISTRO DE FISIOTERAPEUTA, Nº 101.135 conduzirá a pesquisa com o objetivo de elaborar sua Dissertação de Mestrado EM GERONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA. Declaro que fui informada(o) da duração de minha participação na pesquisa, que será de SETEMBRO 2011 a outubro 2011. Manifesto ter sido informada(o) que minha identidade será rigorosamente preservada, que os dados obtidos serão publicados em apenas eventos científicos sem fins lucrativos. Declaro ter sido informada(o) que poderei retirar meu consentimento e deixar a pesquisa a qualquer momento, sem ônus. Fui informada(o) que não ocorrerá riscos à minha integridade física e moral. Fui informada(o) que minha participação na pesquisa poderá trazer-me benefícios à saúde, bem como terei acompanhamento durante o período da pesquisa por parte do grupo da pesquisadora, fisioterapeuta Michelly Mara Lira Monteiro.Registro nº ......
Assino este documento, que está em duas vias. Uma delas é minha e a outra é do pesquisador responsável.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Nome e Assinatura do pesquisador
MICHELLY MARA LIRA MONTEIRO RG___________________
Registro Fisioterapeuta:__________________________
Assinatura: _____________________________________________
Telefone para contato: _______________________________________________________
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, NOME_________________________________________________ RG:______________________________, abaixo assinado, concordo em participar da pesquisa.
97
Assinatura:__________________________________________________________________________________________________________
Local e data ___________________/________/________/__________
98
APÊNDCE B
FICHA IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
1. Identificação do Paciente
Nome:
Endereço:
Telefone
Estado civil:
Sexo:
Data de nascimento:
Período que está na Instituição de Longa Permanência:
Motivo que está na Instituição de Longa Permanência:
Cidade:
Profissão-ocupação:
Renda
Cor:
Escolaridade
Possui alguma doença crônica:
Relação com parentes:
99
ANEXO A - VERSÃO EM PORTUGUÊS DOS INSTRUMENTOS
DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA (WHOQOL-
ABREVIADO) 1998
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada
Muito pouco
médio
muito
completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1 2 3 4 5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últ imas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada Muito pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1
2
3
5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito ruim
Ruim nem ruim nem boa
boa muito boa
1 Como você avaliaria sua
qualidade de vida?
1 2 3 4 5
muito insatisfeito
Insatisfeito
nem satisfeito nem insatisfeito
satisfeito muito satisfeito
2
Quão satisfeito(a)
você está com a sua
saúde?
1 2 3 4 5
100
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
nada muito pouc
o
mais ou
menos
bastant
e extremamen
te
3 Em que medida você acha que sua dor (física)
impede você de fazer o que você precisa?
1 2 3 4 5
4 O quanto você precisa de algum tratamento
médico para levar sua vida diária?
1 2 3 4 5
5
O quanto você aproveita a vida?
1
2
3
4
5
6 Em que medida você acha que a sua vida tem
sentido?
1 2 3 4 5
7
O quanto você consegue se concentrar?
1
2
3
4
5
8
Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária?
1
2
3
4
5
9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima,
barulho, poluição, atrativos)?
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada muito pouc
o
médio muito completa
mente
10
Você tem energia suficiente para seu dia-a- dia?
1
2
3
4
5
11
Você é capaz de aceitar sua aparência física?
1
2
3
4
5
12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas
necessidades?
1 2 3 4 5
13 Quão disponíveis para você estão as informações
que precisa no seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
14 Em que medida você tem oportunidades de
atividade de lazer?
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito ruim
ruim nem ruim nem bom
bom muito bom
101
15
Quão bem você é capaz de se locomover?
1 2 3 4 5
muito insatisfeito
Insatisfeito
nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito Muito
satisfeito
16 Quão satisfeito(a) você está com o seu
sono?
1 2 3 4 5
17 Quão satisfeito(a) você está com sua
capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
18 Quão satisfeito(a) você está com sua
capacidade para o trabalho?
1 2 3 4 5
19 Quão satisfeito(a) você está consigo
mesmo?
1 2 3 4 5
20 Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)?
1 2 3 4 5
21 Quão satisfeito(a) você está com sua
vida sexual?
1 2 3 4 5
22 Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus
amigos?
1 2 3 4 5
23 Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?
1 2 3 4 5
24 Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?
1 2 3 4 5
25 Quão satisfeito(a) você está com
o seu meio de transporte?
1 2 3 4 5
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas
semanas.
nunca Algumas
vezes freqüente
mente
muito freqüentemen
te
sempre
26
Com que freqüência você
tem sentimentos
negativos tais como mau
humor, desespero, ansiedade, depressão?
1 2 3 4 5
102
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ..................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ..................................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
103
ANEXO B
BATERIA PSICOMOTORA (adaptado)
VICTOR DA FONSECA
Bateria Psicomotora (BPM)
DESTINADA AO ESTUDO DO PERFIL PSICOMOTOR
(Vitor da Fonseca, 1975)
Nome:_________________________________________________________
Sexo:_____Data de Nascimento___/___/___ Idade____Anos____Meses____
Escolaridade____________________________________________________Observador____________________ Data da Observação________________
PERFIL
1ª Unidade
Tonicidade
4 3 2 1 Conclusões e Interpretações
Equilibração
2ª
Unidade
Lateralização
Noção de Corpo
Estr.EspaçoTemporal
3ª
Unidade
Praxia Global
Praxia Fina
Escala de Pontuação:
1
Realização imperfeita, incompleta e descoordenada (fraco)
perfil apráxico
2
Realização com dificuldades de controle (satisfatório)
perfil dispráxico
3
Realização controlada e adequada (bom)
perfil eupráxico
4
Realização perfeita, econômica, harmoniosa e controlada (excelente)
perfil
hiperpráxico.
Recomendações (Projeto terapêutico-pedagógico)
104
Aspecto somático
Desvios Posturais:________________________________________________
Controle Respiratório: Inspiração 4 3 2 1
Expiração 4 3 2 1
Apneia 4 3 2 1
DURAÇÃO
FATIGABILIDADE 4 3 2 1
TONICIDADE:
Hipotonicidade
Hipertonicidade
Extensibilidade:
Membros Inferiores 4 3 2 1
Membros Superiores 4 3 2 1
Passividade: 4 3 2 1
Paratonia:
Membros inferiores 4 3 2 1
Membros superiores 4 3 2 1
Diadococinesias:
Mão Direita 4 3 2 1
Mão Esquerda 4 3 2 1
Sincinesias:
Bucais (Axiais) 4 3 2 1
Contralaterais (de imitação) 4 3 2 1
105
EQUILIBRAÇÃO:
Imobilidade 4 3 2 1
Equilíbrio Estático
Apoio Retilíneo 4 3 2 1
Ponta dos pés 4 3 2 1
Apoio num pé 4 3 2 1
Equilíbrio Dinâmico
Marcha Controlada 4 3 2 1 Evolução no banco:
1) para frente 4 3 2 1
2) para trás 4 3 2 1
3) Lado direito 4 3 2 1
4) Lado esquerdo 4 3 2 1
Um só pé (E) 4 3 2 1
Um só pé (D) 4 3 2 1
Pés juntos para frente 4 3 2 1
Pés juntos para trás 4 3 2 1
com olhos fechados 4 3 2 1
LATERALIZAÇÃO: 4 3 2 1
Ocular
Auditiva
Manual
Pedal
Inata
Adquirida
NOÇÃO DE CORPO:
Sentido Cinestésico 4 3 2 1
Reconhecimento D e E 4 3 2 1
Autoimagem (face) 4 3 2 1
Imitação de Gestos 4 3 2 1
Desenho do corpo 4 3 2 1
D
E
D
E
D
E
D
E
D
E
D
E
D
E
106
ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL:
Organização 4 3 2 1
Estruturação Dinâmica 4 3 2 1
Representação Topográfica 4 3 2 1
Estruturação Rítmica 4 3 2 1
As estruturas rítmicas:
4 3 2 1
4 3 2 1
4 3 2 1
4 3 2 1
4 3 2 1
PRAXIA GLOBAL:
Coordenação óculo-manual 4 3 2 1
Coordenação óculo-pedal 4 3 2 1
Dismetria 4 3 2 1
Dissociação:
Membros Superiores 4 3 2 1
Membros Inferiores 4 3 2 1
Agilidade 4 3 2 1
PRAXIA FINA:
Coordenação Dinâmica Manual 4 3 2 1
Tempo:______________
107
Tamborilar 4 3 2 1
Velocidade e precisão 4 3 2 1
Número de pontos 4 3 2 1
Número de cruzes 4 3 2 1
ANÁLISE DO PERFIL PSICOMOTOR:
108
Anexo C
Parecer Consubstanciado de Projeto de Pesquisa
Título do projeto: Psicomotricidade e qualidade de vida em idosos em Teresina-Pi
Pesquisador responsável: Michelly Mara Lira Monteiro
Data da versão: 10/09/2011 Cadastro: 198/2011 Data do parecer: 24/10/2011
Grupo e área temática III Projeto fora das áreas temáticas especiais
Objetivos do projeto: Demonstrar como os fatores psicomotores estão presentes em gerontes de Instituições de longa permanência e como as atividades psicomotoras melhoram a qualidade de vida na terceira idade.
Sumário do projeto:
Itens metodológicos e Éticos Situação
Título Adequado
Autores Adequados
Local de Origem na Instituição Adequado
Projeto elaborado por patrocinador Não
Aprovado no País de Origem Não necessita
Local de Realização Outro
Outras Instituições envolvidas Sim
Condição para realização Condição para realização
Comentário sobre os itens de Identificação: O título está adequado mas poderia constar apenas o Estado. No entanto, fica a critério da autora adotar a sugestão.
Introdução: Adequada
Objetivos: Adequado
Comentários sobre os objetivos: Primeira análise: O objetivo que está na introdução diverge dos objetivos que estão mais explicitados.
Na página 10 do projeto, o objetivo geral não remete à análise ou investigação do fenômeno, mas já em demonstrá-los a partir de fatores considerados já existentes. A testagem, nesse
109
caso, seria apenas para "confirmar". O verbo investigar, analisar, identificar, etc. poderiam caracterizar melhor a abordagem do objeto de estudo.
Quanto aos objetivos específicos, o segundo objetivo, que refere-se à aplicação da bateria de testes, poderia ficar melhor posicionado como item da metodologia/instrumentos. O terceiro objetivo específico está incompleto. O quarto objetivo indica o conhecimento dos resultados. Será mais apropriado colocar um verbo que remetesse ao caráter investigativo do estudo, por exemplo: identificar em que aspectos as atividades psicomotoras podem ---------. Essa medida pode dar sentido à criação da hipótese indicada na págiana 10 do projeto.
É necessário o cálculo do tamanho da amostra, pois no título refere que a amostra será representativa para Teresina.
Segunda análise: o documento atende as solicitações.
Pacientes e Métodos
Delineamento Adequado
Tamanho de amostra Total: 95 Local: 2
Cálculo do tamanho da amostra Não calculado
Participantes pertencentes a grupos especiais Outros vínculos de dependência
Seleção equitativas dos indivíduos participantes
Adequado
Critério de inclusão e exclusão Adequados
Relação risco-benefício Não se aplica
Uso de placebo Não utiliza
Período de suspensão de uso de drogas(wash out)
Não utiliza
Monitoramento da segurança e dados Não se aplica
Avaliação dos dados Adequada - Quantitativa
Privacidade e confidencialidade Adequado
Termo de consentimento Adequada
Adequação às normas e diretrizes Não
Comentários sobre os itens de Pacientes e Métodos: Primeira análise: Os participantes são atendidos em instituições abrigadas.
110
Não está claro o critério de exclusão no que se refere ao comprometimento funcional dos sujeitos. Cabe detalhamento.
Cabe melhor esclarecimento sobre os procedimentos de construção dos dados, desde a aproximação ao campo de pesquisa.
Revisão do texto, lapsos em algumas normas de citação, que se apresentam corretas em outros momentos do texto.
Segunda análise: adequado
Cronograma Adequado
Data de início prevista 10/2011
Data de término prevista 03/2012
Orçamento Adequado
Fonte de financiamento externa Não
Referências Bibliográficas Adequadas
Comentários sobre as referências bibliográficas: rever as normas da ABNT para as referências.
Recomendação: Aprovar
Comentários gerais sobre o projeto: Primeira análise: Tema relevante, com viabilidade para execução.
A proposta atende em parte às exigências da Resolução CNS 196/96 e para sua aprovação necessita apresentar resposta aos itens indicados no parecer.
O pesquisador tem 60 dias para responder aos quesitos formulados pelo CEP em seu parecer. Após esse prazo o projeto será considerado retirado e posteriormente havendo interesse, deverá ser apresentado novo protocolo e reiniciado o processo de registro (Res. CNS 196/96).
Segunda análise: O documento apresentado em 07/02/12, responde às exigências feitas. O projeto atende aos requisitos fundamentais da Resolução CNS 196/96 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB.
Após a conclusão da pesquisa é compromisso dos/das proponentes a entrega de relatório final ou versão final do trabalho.
111
Anexo D
Termo de Aprovação
112
Anexo E
Testes da Bateria Psicomotora
Fator tonicidade
Foram utilizados cinco subfatores que analisaram o suporte e a ação do tônus muscular
do idoso: as tarefas de extensibilidade, de passividade e de parotonia, correspondente ao tônus
de suporte, e diadococinesias e sincinesias relacionadas ao tônus.
Extensibilidade
É o maior comprimento possível, atingido pelo músculo ao afastar as suas inserções.
Nessa tarefa observou-se o grau de mobilidade articular e o grau de resistência por simples e
suave palpação de partes moles. Na avaliação da musculatura superior trabalhou o deltoide
anterior e os peitorais, sendo que o idoso devia permanecer na posição ortostática, e a
pesquisadora segurou os cotovelos do idoso nas costas, aproximando-os ao máximo. Nos
membros inferiores foram explorados a extensibilidade dos músculos adutores, extensores da
coxa, e quadríceps femural, sendo eles testados e avaliados com goniômetro.
O tônus de suporte e os deslocamentos exógenos foram analisados através da mobilização dos quatros membros e suas respectivas extremidades, visando provocar a sensibilidade de peso nos membros e a movimentação passiva nas extremidades distais do idoso. Esta tarefa foi avaliada através de oscilações e a mobilização brusca do segmento testado.
Ao realizar a tarefa de membros inferiores o idoso permaneceu sentado em uma cadeira ou mesa suficientemente alta para que os pés permanecessem pendentes, visto que a observadora mobilizou o ântero-posteriormente, deixando somente a articulação do pé livre, provocando uma rotação interna, interrompida rapidamente.
Paratonia
Capacidade de revelar a existência ou não de liberdade motora articular e tônica. O procedimento para a realização desse subfator constitui em avaliar os membros superiores em avaliar os membros superiores com pequenos movimentos passivos e queda de braço, estando o idoso deitado dorsalmente. Os membros inferiores apresentarão o mesmo procedimento.
113
Diadococinesias
É a realização de movimentos coordenados, simultâneos e alternados dos segmentos em rápida sucessão, trabalhando assim o tônus de ação.
Sincinesias
Caracterizou-se pela presença de movimentos não intencionais, acompanhando os movimentos intencionais. O idoso sentou-se com ambas as mãos em cima da mesa, realizou contração da mão dominante com uma bolinha de tênis, observou-se a presença de sincinesias.
Fator Equilibração
Nos subfatores da equilibração, analisou-se a mobilidade, o equilíbrio estático e o equilíbrio dinâmico, abrangendo o controle postural e a locomoção do idoso que de fato são fatores inseparáveis para o controle motor.
Imobilidade
Caracterizou-se pela capacidade do idoso de fazer ajustamentos posturais, inibindo certos movimentos, com olhos abertos ou fechados, e sempre conservando o equilíbrio. Na posição de pé, com os pés unidos e as mãos apoiadas na face lateral da coxa, o idoso permaneceu por 60 segundos imóvel.
Equilibrio estático
Está intimamente ligado as capacidades de imobilidade, ou seja, de conseguir um bom equilíbrio do corpo como um todo. As tarefas para este subfator são: apoio retilíneo ( em pé com o apoio dos pés), manutenção do equilíbrio na ponta dos pés( em pé com apoio na ponta dos dedos dos pés) e apoio unipodal( em pé com apoio apenas de um pé).
Equilibrio dinâmico
Exige do corpo uma movimentação mais controlada e coordenada. De pé, com as mãos no quadril, o idoso percorreu uma linha reta de 3 metros com um pé na frente do outro, para o lado direito e lado esquerdo e para trás.
114
Fator lateralização
Confirma-se a dominância de cada criança através dos subfatores de:
lateralização ocular ( dominância para melhor lado para visão através do fechamento do olho direito e olho esquerdo) ,
lateralização auditiva (dominância de lado para melhor audição através do uso do telefone),
lateralização manual( dominância de uso das mão em tarefas da vida diária ou na realização de exercício, como por exemplo, jogar uma bola numa caixa com uma distancia de 1 metro) e
lateralização pedal (dominância para uso dos pés, o exemplo pode ser o anterior, mudando apenas o uso dos pés).
Fator noção do corpo
É representado pelo reconhecimento corporal e espacial, ou seja, o idoso tem que apresentar noção de seus movimentos corporais agindo livremente e a vontade.
É representado por 5 subfatores :
Sentido cinestésico (reconhecimento/percepção das partes do corpo, ou de um ponto ou de um movimento realizado num segmento),
Reconhecimento esquerda-direita (é o reconhecimento discriminativo de um hemicorpo e da linha média do corpo, tendo conscientização e autocontrole de seus membros esquerdos e direitos),
Auto imagem (face) está relacionada ao componente facial da noção do corpo, através do reconhecimento, localização e diferenciação tátil do corpo, o idoso devia ter consciência da direcionalidade e harmonia dos movimentos no espaço,
Imitação de gesto (capacidade de análise visual de posturas e gestos realizados pela pesquisadora.
O idoso terá que que reproduzir os gestos através de uma boa análise da coordenação óculomanual, da localização espacial, do reconhecimento corporal e da percepção visual, e desenho do corpo (é a noção do corpo vivido, isto é, o reconhecimento global do corpo.
Fator estruturação espaço-temporal
115
É uma forma de organização espacial, isto é, calcular a distância e os ajustamentos dos
planos motores que se pretende percorrer. O idoso teve que realizar cálculos mentais de adição e subtração, ajustando também o comprimento das passadas.
Estruturação dinâmica
Compreende a capacidade de memorização visual a curto prazo, quando relacionadas a estruturas simples, de fácil memorização. A realização desse subfator na BPM envolve a utilização de fichas desenhadas com fósforos em diferentes estruturas e orientações , as quais o idoso deve memorizar e reproduzi-las corretamente.
Representação Topográfica
É um subfator bem especifico da orientação espacial, porque representa a capacidade da criança de orientar-se em um determinado lugar.
Estrutura rítmica
Avalia a qualidade de percepção auditiva e a memorização a curto prazo. Fez-se uma sequencia de batimentos com um lápis. A estrutura rítmica representa um subfator de orientação temporal, pois o idoso deve seguir um ritmo dentro de um intervalo de tempo.
Fator praxia global
Os subfatores pertencentes a praxia global compreende a coordenação óculomanual, a dismetria e a dissociação.
Coordenação óculomanual
Está relacionada a coordenação manual através da percepção visual, isto é, o idoso realizou as tarefas da BPM devendo ter em mente um planejamento motor, uma noção de distancia, altura e lançamento ao alvo com muita precisão.
Na tarefa desse subfator a pesquisadora observou se o idoso lançou a bola por cima ou por baixo do ombro, verificou também postura, velocidade, força e autocontrole ao lançar a bola.
116
Coordenção óculopedal
Compreende a coordenação dos membros inferiores através da percepção visual e da noção espacial.
Dismetria
Resultante de uma descoordenação e da realização dispráxica do movimento devido à má orientação visuoespacial perante uma distancia.
Dissociação
É um subfator bem trabalhado na praxia global, na qual envolve a capacidade de diferenciar vários gestos.
De inicio utilizou-se somente os membros superiores, em seguida os inferiores e após une os dois membros num mesmo ritmo coordenado.
Fator Praxia Fina
Na BPM há três subfatores pertencentes a praxia fina : coordenação dinâmica manual, tamborilar e velocidade precisão.
Coordenação dinâmica manual
Envolve a coordenação fina da mão e dos dedos e as capacidades de concentração visual, de agilidade e de precisão dos movimentos.
Tamborilar
É uma tarefa de motricidade fina, envolve a dissociação digital e a motricidade independente e harmoniosa. A tarefa de tamborilar requer precisão e habilidade na execução de movimentos circulares com os dedos.
O idoso realizou círculos com os dedos na transição de um para o outro, desde o indicador até o mínimo, primeiro foi feito três vezes com cada mão e depois simultaneamente.
117
Velocidade
precisão
Esse subfator necessita de muita precisão e coordenação visuomotora ao realizar movimentos finos, ou seja, habilidade e rapidez nas coordenações.