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IMPUNIDADES CRIMINOSAS, um filme que dá voz à mulher
mocambicana?
ENCONTRO CIENTÍFICO
Universidade Paulista UNIP/ CAPES
Fátima Regina Nunes
Mestranda em Comunicação 2º.sem. SP/ 2014
Orientadora Profa. Dra. Barbara Heller
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Estudar a cultura africana na contemporaneidade e a representação da violência de
gêneros, em dois suportes midiáticos moçambicanos (mídia impressa e
cinematográfica), é importante contribuição para a área de comunicação e também
para questionar a ótica hegemônica, branca e escravocrata aprendida, até
recentemente, na escola, nos livros e no audiovisual produzido em diversos países.
Pretende-se analisar no longa-metragem Impunidades Criminosas (2013), do diretor
moçambicano Sol de Carvalho, as violências a que as mulheres locais, por razões de
sua cultura, são submetidas. Também serão investigadas as repercussões do filme em
dois jornais virtuais: @ Verdade e O País, em 2014, quando passou a ser exibido em
festivais internacionais, inclusive no Brasil. Como método utilizaremos duas obras de
Michel Foucault, Vigiar e Punir e A Ordem do discurso, bem como a obra de Marilena
Chauí, sobre o mito da não violência, tanto para o filme, quanto para as reportagens.
Essas, por sua vez,dialogam com a coluna “Mulher”, do jornal @ Verdade, de Maria
Jose Arthur, autora também do livro Reconstruindo vidas: estratégias de mulheres
sobreviventes de violência doméstica (2006), um depoimento de quatro mulheres
vítimas de violência. A informação de que 90% das mulheres encarceradas
atualmente, que cumprem pena por assassinato, vitimaram seus maridos, motivou o
diretor a se basear num deles para criar seu roteiro.
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Este trabalho propõe uma análise do discurso cinematográfico sobre o longa metragem moçambicano inspirado em relatos de mulheres vítimas de violência doméstica. Com fundamentação teórica a partir do pensador Michel Foucault e sua repercussão na mídia impressa local.
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Sol de Carvalho em seu filme Impunidades Criminosas, longa metragem de 2013, cria uma ficção baseada em uma história real, relatada por uma das entrevistadas durante a pesquisa da Profa. Dra. Maria José Artur ( docente da Pós Graduação em Comunicação Social da Universidade Eduardo Mondlane) e Margarita Mejia (Organizadoras) :“Reconstruindo vidas: estratégias de mulheres sobreviventes de violência doméstica”, constata que 90% das mulheres cumprindo pena por assassinato nos presídios de Moçambique vitimaram seus maridos.Examina em paralelo como dois jornais locais - @Verdade e O País --repercutem o filme e se ele incentiva o debate acerca da lei, que trata da violação sexual como crime.
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“O discurso nada mais é do que a reverberação de uma verdade nascendo diante de seus próprios olhos; e, quando tudo pode, enfim, tomar a forma do discurso, pode ser dito a propósito de tudo, isso se dá porque todas as coisas, tendo manifestado e intercambiado seu sentido, podem retornar a interioricidade silenciosa da consciência de si.”(FOUCAULT, A Ordem do discurso. p.49, 2010).
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” A alma do criminoso não é invocada no tribunal somente para explicar o crime e introduzi-la como um elemento na atribuição jurídica das responsabilidades; se ela éinvocada com tanta ênfase, com tanto cuidado de compreensão e tão grande aplicação “científica”, é para julgá-la, simultaneamente ao crime, e fazê-la participar da punição.”Foucault, Michel.Vigiar e Punir. (p.22, 1.999)
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Para Foucault em Sexualidade, Corpo e Direito, todas as relações estabelecidas são relações de poder, e como tal, trazem em seu bojo um contra poder, ou seja uma forma
de resistência.
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O Cinema como forma de conscientização e questionamento da sociedade e sua cultura. ( Inhambane, 2010)
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Maria José Artur e Margarida Meija Pesquisa “Reconstruindo Vidas, estratégia de mulheres sobreviventes de
violência domésticaConstata que 90% das mulheres cumprindo pena por assassinato,
vitimaram seus companheiros.
Cineasta Sol de CarvalhoCria o longa
“Impunidades Criminosas”.
ONG WLSApressiona o Governo
para leis mais efetivas
na proteção às mulheres vítimas de violência.
O filme Impunidades Criminosas é divulgado em comunidades
e festivais de cinema de países de língua Portuguesa.
GOVERNO CRIA ARTIGO 223 NO CÓDIGO PENAL
EM VIGORDESDE 1886
Movimentos popularesem protesto à lei que obriga a vitima de estupro
a se casar com seu
estuprador.
Jornal “O PAÍS’
Jornal“@VERDADE”
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Protestos de mulheres camponesas contra a formulação da nova lei que trata dos crimes de violação sexual.
Foto cedida por Yassmin dos Santos Forte
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Foto cedida por Yassmin Santos Forte
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O jornal O PAÍSdestaca em 13 linhas o protesto contra a aprovação da lei e a forma com que foi reprimida a manifestação pela polícia.
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Jornal @VERDADE, com artigo de 146 linhas que discute a lei e suas implicações nas vidas das vítimas que são punidas duplamente, avalia amplamente os itens mais relevantes.
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Destacamos falas do jornal @ VERDADE
Parlamento (parece) alheio aos casos de violação das mulheres e crianças.
Parlamento deve eliminar alguns artigos ( Lei)
Outros casos
Mutilação genital
O que dizem as deputadas?
FIR trava a marcha
Verônica Macamo convida sociedade civil a participar nas sessões das comissões
“Propusemos a eliminação ou alteração de alguns artigos”, Nyeleti Mondlane
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Pode-se observar que a repercussão do filme Impunidades Criminosas é diferente no jornal @Verdade e no O País. Enquanto no primeiro há apenas uma leve referência, no segundo é possível reconhecer uma tentativa de questionar usos e costumes arraigados na cultura moçambicana, que ferem os direitos humanos - de mulheres e de homens.