Influência da afetividade no processo de ensino-aprendizagem: reflexos das relações interpessoais no processo de construção da
autonomia do sujeito
Mary Terezinha Costa1 Miriam Adalgisa Bedim Godoy2
RESUMO O presente artigo procura refletir sobre as relações interpessoais no convívio escolar. A grande diversidade de problemas encontrados na escola é motivo de preocupação geral entre a comunidade escolar. Tomando-se por base as relações humanas, tanto professores, pedagogos, funcionários e gestores poderão rever seus papéis frente ao processo ensino-aprendizagem, buscando reflexões que possibilitem a construção da autonomia dos sujeitos na escola para melhoria das relações interpessoais, tendo a afetividade como importante contribuição no desenvolvimento cognitivo do aluno. Visando analisar como o pedagogo, professores e funcionários podem auxiliar no processo educativo e na realização de um trabalho efetivo no que diz respeito à questão do vínculo afetivo na aprendizagem, a questão que norteará o presente estudo é: Como as relações interpessoais entre os professores, funcionários e alunos do Colégio, afetam o processo de ensino-aprendizagem e a construção da autonomia do sujeito? Para isso, utilizou-se como referencial teórico os ensinamentos
de, Piaget (1982), Fernández (1991), Minicucci (1992), Galvão (1995), Chalita (1998), Wallon (1979; 1995; 1998). Morales (1999) Codo; Gazzoti (2002), Almeida (2003).), Lodi; Araújo (2007), DCE (2009. Percebeu-se com este estudo que as disciplinas postas no currículo não abre espaço para um trabalho voltado para o lado emocional, psicológico e espiritual do aluno. E que a presença de um Orientador Educacional é indispensável no desencadeamento de um processo capaz de contribuir para a evolução nas relações humanas dentro e fora da escola.
Palavras-chaves: Relações Interpessoais. Afetividade. Autonomia do Sujeito.
. INTRODUÇÃO
Este artigo é o resultado das atividades desenvolvidas no programa de
desenvolvimento educacional (PDE), enquanto atividade de formação continuada de
professores da rede pública do Estado do Paraná, vinculados à Secretaria do Estado
da Educação (SEED), sob a orientação de docente da Universidade Estadual do
Centro Oeste (UNICENTRO). O trabalho foi desenvolvido na modalidade de
intervenção pedagógica no Colégio Estadual Alberto de Carvalho e no Grupo de
estudo com gestores, equipe pedagógica, professores e agentes educacionais.
Estas atividades de intervenção foram desenvolvidas no período de março a junho
de 2013.
1 Pedagoga formada pela FECLI/ UNICENTRO e Psicopedagoga. Colégio Est. Alberto de Carvalho-
Ens.F.M. e Profis.
2 MS Do Departamento de Pedagogia/Unicentro- Campus Irati-PR.
O que se percebe hoje é que cada vez mais os alunos chegam às escolas
totalmente alheias às regras e valores sociais, e muitas vezes, essa falta de
direcionamento acontece porque os pais não estão conseguindo compreender as
mudanças de paradigmas que estamos vivendo. E a escola pode oferecer
oportunidades de informação e experiências capazes de estimular em mudanças no
desenvolvimento do comportamento e da educação.
Portanto, uma transformação no tipo das relações interpessoais estabelecidas
dentro da escola poderá fazer com que a problemática em questão seja encarada
sob uma perspectiva diferente. Entre as tantas inteligências emocionais que uma
pessoa possui, a relação interpessoal é uma de grande destaque, pois é a forma
como o indivíduo lida com o seu meio social, seja na família, na escola ou no
trabalho.
Para que a escola e o professor cumpram seu papel de facilitadores no
processo de construção de conhecimento dos alunos, fomentando o
desenvolvimento da autonomia do sujeito, é fundamental que o relacionamento entre
professor- professor,professor-administração, professor-direção sejam fortalecidos
através de vínculos afetivos em prol da construção da autonomia do sujeito, seja dos
alunos, em sala de aula, visto que trabalhando-se em equipe, compartilhar
conhecimentos e experiências entre seus membros estimula a criatividade e a
capacidade de adaptação das pessoas diante das mudanças, possibilitando que os
alunos possam adquirir flexibilidade para enfrentar os ambientes competitivos que
hoje compõem o cenário mundial.
Os alunos que frequentam o Colégio Estadual Alberto de Carvalho, no
município de Prudentópolis, Paraná enfrentam problemas cotidianos da falta de
afetividade, convivência com famílias desestruturadas, desigualdades sociais,
violência, desemprego, situações que afetam seu processo de aprendizagem. Estes
vão para as salas de aulas apresentam dificuldades de aprendizagem, problemas de
conduta, e, ainda precisam enfrentar professores que não poucas vezes são meros
transmissores de conteúdos, e, que, por excesso de alunos, acúmulo de tarefas e
pela falta de relações interpessoais entre os professores e demais funcionários,
acabam por desamparar esses sujeitos que se tornam cada vez mais dependentes e
com dificuldades na aprendizagem.
A criança que se sente amada, aceita, valorizada e respeitada adquire autonomia e confiança e aprende a amar, desenvolvendo um sentimento de
auto-valorização e importância. A auto-estima é algo que se aprende: se uma criança tiver uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender. Nesse ponto, o papel do educador é fundamental, sendo seu desempenho um bloco de construção da afetividade na criança. (SILVA e SCHNEIDER, 2007, p. 86).
Neste sentido, justifica-se assim, a importância de propor estratégias para a
melhoria dos relacionamentos interpessoais, pois somente assim professores e
funcionários poderão auxiliar no processo educativo e na realização de um trabalho
efetivo no que diz respeito à questão do vínculo afetivo na aprendizagem e o
desenvolvimento da autonomia do sujeito.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A escola é um lugar de convivência e exercício de cidadania. Assim, deve
proporcionar um ambiente onde as relações sejam baseadas no respeito na
solidariedade e na responsabilidade, onde a aprendizagem possa ser um processo
prazeroso. Para isso, é necessário que haja um relacionamento afetivo entre os
sujeitos da educação: professor/aluno/agentes educacionais/diretor.
Para Lodi e Araújo (2007, p.69)
Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência, aprender a usar o diálogo, nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país.
A formação do cidadão é perpassada pela questão dos valores a serem
aprendidos e desenvolvidos, também na escola.
De acordo com Wallon (1979) a educação é um fato social, que tem como
objeto de estudo o homem concreto. Dessa forma, a prática pedagógica não pode
ser desvinculada das dimensões políticas e sociais da educação, integrando também
em suas abordagens o individual e o social.
A teoria psicogenética de Wallon concebe uma escola com ambiente
estruturado, não se restringindo apenas a estruturação de conteúdos de ensino, mas
atingindo todas as dimensões que compõem o meio escolar.
Da psicogenética Walloniana não resulta todavia, uma pedagogia meramente conteúdista, limitada a propiciar a passiva incorporação de
elementos da cultura pelo sujeito. Resulta ao contrário, uma prática em que a dimensão estética da realidade é valorizada e a expressividade do sujeito ocupa lugar de destaque(...). ( GALVÃO, 1995, p.99).
O meio escolar, na concepção de Wallon (1979) é elemento muito importante
para o desenvolvimento da criança, pois na escola ela tem a oportunidade de
conviver com outras crianças de sua idade e com adultos que não sejam do seu
meio familiar, estabelecendo relações sociais que possibilitam o desenvolvimento
afetivo, social e intelectual.
Entre as considerações de Wallon (1979) a respeito das emoções, inclui-se a
visão de que a educação da emoção deve fazer parte dos propósitos da ação
pedagógica e que o professor deve refletir e avaliar sobre suas dificuldades atuando
no plano das condutas voluntárias e racionais para ter condições de enxergar com
maior objetividade e agir mais adequadamente nas situações escolares.
O eixo principal no processo de desenvolvimento, segundo Wallon, é a
integração, que se desenvolve em dois sentidos: Integração organismo/meio e
Integração cognitiva/afetiva/motora. Para autor o desenvolvimento da pessoa se
faz a partir do potencial genético e também de uma grande variedade ambientais.
Neste sentido, o foco dessa teoria é a interação da criança com o meio havendo
assim, uma relação entre os fatores orgânicos e socioculturais.
Wallon afirma:
Estas revoluções de idade para idade não são improvisadas por cada indivíduo. São a própria razão da infância, que tende para a edificação do adulto como exemplar da espécie. Estão inscritas, no momento oportuno, no desenvolvimento que conduz a esse objetivo. As incitações do meio são sem dúvida indispensável para que elas se manifestem e quanto mais se eleva o nível da função, mais ela sofre as determinações dele: quantas e quantas atividades técnicas ou intelectuais são à imagem da linguagem, que para cada um é a do meio!.. (WALLON,1995, p. 210).
Podemos perceber nesta citação, a relação do desenvolvimento no qual o
indivíduo está inserido. O autor explica que a realização do potencial herdado
geneticamente por um indivíduo vai depender das condições do meio, e que podem
modificar as manifestações das determinações genotípicas, reafirmando o seguinte:
: Deste modo, na criança, opõem-se e implicam-se mutuamente fatores de origem biológica e social (...). O objetivo assim perseguido não é mais do que a realização daquilo que o genótipo, ou gérmen do indivíduo, tinha em potência. O plano segundo o qual cada ser se desenvolve depende, portanto, de disposições que ele tem desde o momento de sua primeira
formação. A realização desse plano é necessariamente sucessiva, mas pode não ser total e, enfim, as circunstâncias modificam-na mais ou menos. Assim, distinguiu-se do genótipo, o fenótipo, que consiste nos aspectos em que o indivíduo se manifestou ao longo da vida. A história de um ser é dominada pelo seu genótipo e constituída pelo seu fenótipo. (WALLON, 1995, p. 49-50).
Neste caso, o genótipo se refere às características herdadas geneticamente
(família) e o fenótipo atribui às influências do meio em que o indivíduo se relaciona
(escola, igreja, grupos sociais). Ainda segundo o autor:
O meio é um complemento indispensável ao ser vivo. Ele deverá corresponder a suas necessidades e as suas aptidões sensório-motoras e, depois, psicomotoras... Não é menos verdadeiro que a sociedade coloca o homem em presença de novos meios, novas necessidades e novos recursos que aumentam possibilidades de evolução e diferenciação individual. A constituição biológica da criança, ao nascer, não será a única lei de seu destino posterior. Seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias de sua existência, da qual não se exclui sua possibilidade de escolha pessoal... Os meios em que vive a criança e aqueles com que ela sonha constituem a "forma" que amolda sua pessoa. Não se trata de uma marca aceita passivamente. (WALLON, 1975, p. 164-167) .
Em relação a proposta educativa walloniana, a integração é I
cognitiva/afetiva/motor também é fundamental na formação do educando, o que está
claramente descrito por Mahoney:
O motor, o afetivo, o cognitivo, a pessoa, embora cada um desses aspectos tenha identidade estrutural e funcional diferenciada, estão tão integrados que cada um é parte constitutiva dos outros. Sua separação se faz necessária apenas para a descrição do processo. Uma das conseqüências dessa interpretação é de que qualquer atividade humana sempre interfere em todos eles. Qualquer atividade motora tem ressonâncias afetivas e cognitivas; toda disposição afetiva tem ressonâncias motoras e cognitivas; toda operação mental tem ressonâncias afetivas e motoras. E todas essas ressonâncias têm um impacto no quarto conjunto: a pessoa, que, ao mesmo tempo em que garante essa integração, é resultado dela. (MAHONEY, 2008,p.15)
Neste sentido, a educação, decorrente do estudo da teoria walloniana, implica
a inclusão de uma visão de pessoa completa sendo o seu desenvolvimento também
relacionado às bases biológicas e suas constantes interações com o meio.
A relação ensinar-aprender ocorre na família e se estende ao meio social.
Segundo Fernández, para que o ser humano aprenda, quatro níveis constitutivos do
sujeito entram em cena: "a) seu organismo individual herdado; b) seu corpo
construído especularmente; c) sua inteligência auto construída interacionalmente e
d) a arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo do Outro".
(FERNÁNDEZ, 1991, p. 47-48).
Nessa concepção se encontram presentes no sujeito que ensina, cuja função
da aprendizagem é permitir um inter-relacionamento entre aquele que detém o saber
e aquele que aprende, num processo dinâmico e dialético.
Segundo Almeida (2003), Wallon (1979) apresenta três pontos básicos para
que a educação sirva de instrumento para a consolidação dessa construção:
O primeiro diz respeito à ação da escola como instrumento para o
desenvolvimento da criança em suas dimensões cognitiva, afetiva e
motora.
O segundo refere-se à ação docente fundamentado no conhecimento
acercado desenvolvimento psicológico da criança, pois só assim, o
professor poderá ser capaz de compreender as suas reais
necessidades e possibilidades.
E por fim, a importância do meio físico e social para a realização da
atividade da criança e seu desenvolvimento.
Nesta perspectiva, percebemos a valorização do aluno no âmbito de sua
dimensão humana. Assim, no decorrer da ação pedagógica, poderão levá-los a
compreender o aluno de forma diferente desenvolvendo r uma prática em que os
aspectos intelectuais e afetivos presentes se interpenetram em todas as
manifestações do conhecimento.
Na escola a qualidade das relações interpessoais entre professores e alunos
é o que poderá garantir esse desenvolvimento em toda sua plenitude, pois é por
meio do social que o biológico decorre e encontra condições de desenvolvimento.
Dessa forma o meio escolar, juntamente com todas as relações que são
consolidadas nesse meio serão propiciadores de desenvolvimento de aprendizagens
à medida que ajuda na construção da autonomia do sujeito.
O que percebemos nos últimos anos é que os seres humanos enfrentam
dificuldades de relacionamentos manifestados nas mais diferentes formas e
ambientes. Estas relações estão bem evidentes no que diz respeito ao ambiente
escolar como a agressividade e atos de violência.
As relações humanas podem ser entendidas como interpessoais e
intrapessoais. As relações Humanas ou Interpessoais são eventos (acontecimentos)
que se verificam no lar, escola, empresa. Esse relacionamento poderá ocorrer entre:
Uma pessoa e outra; Entre membros de um grupo; Entre grupos numa organização.
Um grupo é uma reunião coesa de pessoas, visando a um objetivo comum. Quando
há conflito no relacionamento interpessoal, diz-se que há problemas de Relações
Humanas.
O conflito faz parte da natureza, da vida das espécies, porque somente ele é capaz de romper estruturas prefixadas, limites predefinidos. O conflito atinge os planos sociais, morais, intelectuais e orgânicos. (ALMEIDA, 2001, p. 85).
A escola como cenário educativo, também é um espaço de desejos, afetos e
conflitos em relações inter e intrapessoais. Por isso as situações de conflito
aluno/aluno, aluno/professor, agente educacional/aluno,aluno/diretor são muito
comuns, decorrentes de diversos fatores. Sabemos o quanto é difícil e complicada a
tarefa de ensinar e aprender. Por isso, os momentos de afetividade vividos nas
escola são fundamentais para a formação de personalidades sadias e capazes de
aprender.
A INTERVENÇÃO DO PROJETO
Grupo de estudos
Foram realizados encontros pedagógicos por meio de grupo de estudo com
gestores, equipe pedagógica, professores e funcionários. Eles foram feitos de forma
presencial, aos sábados, mediante inscrição (4 horas semanais totalizando quarenta
horas) e certificado pela Universidade Estadual do Centro- Oeste- UNICENTRO. O
Grupo de Estudo teve como objetivo refletir sobre as questões da afetividade e
relações interpessoais na construção de sujeitos autônomos. Rever o papel do
educador como mediador do conhecimento. Estes encontros contaram com a
presença de vinte profissionais da educação: funcionários, professores e
pedagogos.
O estudo baseou-se principalmente nos estudos de Wallon e Piajet. Wallon
aponta para os propósitos da ação pedagógica sob o ponto de vista da educação
com emoção como parte da ação do professor. Para Piajet o conhecimento é um
processo contínuo de construção e reconstrução, onde um novo conhecimento é
sempre mais completo que o anterior. Ainda nas palavras de Piajet, a vida
intelectual e afetiva são interdependentes. O que é fundamental, pois se o sujeito
tem relações interpessoais e afetivas equilibradas, está mais aberto ao
conhecimento.
Logo em seguida foi disponibilizado pela Seplan slides para o Curso Relações
Interpessoais e Trabalho em Equipe por Ana Leila Moura. Assim foi possível discutir
sobre os mesmos: Relações Interpessoais, a questão da importância o
autoconhecimento, as percepções e controle dos sentimentos através da inteligência
emocional, as competências pessoais, motivação e suas perspectivas, os quatro
pilares das relações interpessoais e as competências sociais. Também foram
aplicadas dinâmicas de grupo: Relações Interpessoais e Dinâmicas de Grupo no
contexto da Educação, Tolerância e Respeito.
Os professores analisaram artigos de Mello (A importância das relações
interpessoais na escola), Pedroza, (Relações interpessoais: abordagem psicológica);
e Matos, (A mediação de conflitos nas relações interpessoais e organizacionais).
Já não se pode pensar em conceber um ambiente escolar que não busque
essa essência do desenvolvimento humano. Uma escola “fechada” e apática, com
atitudes uniformes e ideias restritas não promoverá cidadania. Não estará
contribuindo para o crescimento humano, mas para a decadência profissional e
humana. Uma pessoa jamais será um sujeito autônomo se não obtiver a
contrapartida de desenvolver-se mental e emocionalmente.
A construção da autonomia do sujeito é um processo contínuo onde a
convivência e as experiências serão fundamentais para contribuírem positiva ou
negativamente. O professor deve buscar criar um vínculo afetivo com seus alunos
conquistando a confiança desses para que haja um bom relacionamento entre o
grupo.
As habilidades cognitivas são importantes, mas não é tudo para se obter
sucesso. Não podemos esquecer que, quando nos referimos á sujeitos autônomos,
o ambiente escolar é responsável em oferecer ao aluno um ambiente saudável em
todos os sentidos, tanto físico como na sua forma de relacionamento. É preciso
impressionar e acolher o aluno da melhor forma democrática possível. A escola
precisa estar aberta para a prática de sua própria cidadania para daí, iniciar o seu
processo de construção dos sujeitos autônomos.
Esta autonomia não pode ser somente pensada em nível de seu exercício na
sociedade. O aluno deverá ser instigado pela busca do seu próprio conhecimento
procurando adquirir meios para ir em busca de complementações nas disciplinas,
opinando e proporcionando a troca de experiências na sala de aula. Tanto a escola
como o conjunto técnico e o professor devem orientar seus educandos para que
compreendam a importância de serem autônomos exercendo com competência a
sua cidadania nos vários segmentos da sociedade.
Os participantes do grupo de estudo consideram que o aluno trará para a
sala de aula aquilo que vive no seu ambiente familiar. Aos poucos o comportamento
deve ser trabalhado com pequenos gestos ou atitudes do professor fará a diferença,
como por exemplo, um sorriso, um cumprimento, um olhar que transmita simpatia,
uma pergunta, um “tapinha nas costas”, farão com que o aluno comece a perceber
que tem, além de um professor, um amigo. Morales afirma que
somos profissionais do ensino, nossa tarefa é em ajudar os alunos no seu aprendizado; buscando seu êxito e não seu fracasso, e a qualidade de nossa relação com os alunos pode ser determinante para conseguir nosso objetivo. (MORALES, 1999, p. 13).
Para tanto, estimulamos os participantes a REFLETIR sobre o papel da
Escola na “Formação do Sujeito”. Foi repassado o vídeo Educar pelo Olhar! Rubem
Alves. Em seguida, transcreveu-se o texto do vídeo:
A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para
sempre. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode
castigar com internet, som, TV, etc.
Quem educa filho é pai e mãe. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança.
Na sequência, foi feito a dinâmica Brainstorming - Uma socialização das
Ideias através da discussão a partir da citação:
Educar-se é transformar-se, assimilando conhecimentos, crenças, valores, condutas, informações, habilidades. É assim que nós transformamos o educando, no processo pedagógico. [...] Ser sujeito é ser senhor de
vontade[...] Ninguém é sujeito se não reflete, não se faz autônomo, cidadão. [...] Dizer “a escola é boa, mas a criança não aprendeu porque não quis” é o mesmo que dizer que “a cirurgia foi um sucesso mas o paciente morreu”. Se não houve aprendizado, não houve ensino (PARO, 2007, p.46- 47, texto A escola pública que queremos). PARO, Vitor Henrique . In: Orientações para a organização da semana pedagógica julho/2007, A escola pública que queremos. Curitiba, 2007. p. 43-48[...] formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. (DCE,
2009, p.31).
Para finalizar o grupo de estudo foram feitas leituras de artigos de Ciarlini
“Constituição dos Sujeitos, Subjetividade e identidade”. Com Psicóloga Dra. Monica
Guil os professores tiveram palestra com o tema “Relações Interpessoais e
Afetividade para a Autonomia Do Sujeito, estratégias para a solução de conflitos”..
Durante a Semana Pedagógica, junto com a equipe pedagógica, funcionários
e docentes, teve uma palestra sobre a temática “Relações Interpessoais e
Afetividade para a autonomia do sujeito: estratégias para a solução de conflitos”.
O desenvolvimento da palestra foi muito relevante para os profissionais. As
informações foram precisas e muito interessantes para a prática pedagógica. Houve
momento de experiências ressaltando os problemas e situações complicadas e
delicadas as quais enfrentam na sala de aula e no ambiente escolar. Foi realizado o
teste – “expressividade do olhar”, com o objetivo de retratar os olhares dos alunos e
a expectativa dos professores em relação aos conteúdos e práticas de relações
interpessoais na sala de aula e no ambiente escolar.
Na sequência foi aplicado um questionário de Clima Organizacional entre os
professores e funcionários do Colégio Estadual Alberto de Carvalho, para detectar os
conflitos no ambiente escolar, para definir como estes entendem a importância do
relacionamento interpessoal e da afetividade para a autonomia do sujeito e para
detectar situações de conflitos no ambiente escolar.
No curso de formação continuada, foi realizada uma palestra sobre “Relações
Interpessoais e afetividade para a autonomia do sujeito. Estavam presentes a equipe
pedagógica, funcionários e docentes. O desenvolvimento da palestra foi muito
relevante para os profissionais. As informações foram precisas e muito interessantes
para a prática pedagógica. Houve momento de discussão e troca de experiências
ressaltando os problemas e situações complicadas e delicadas as quais enfrentam
na sala de aula. Confeccionaram cartazes para retratar os olhares dos alunos e a
expectativa do professor em relação aos conteúdos e práticas de relações na sala
de aula. Evidenciou-se que é necessário resgatar valores primordiais na instituição
escolar. Também a formação de uma personalidade holística baseado em aspectos
de autoconhecimento, autocontrole, perseverança, motivação, superação e
principalmente para a aquisição de equilíbrio emocional. E que a presença de um
Orientador Educacional é indispensável no desencadeamento de um processo
capaz de contribuir para a evolução nas relações humanas dentro e fora da escola.
A grande diversidade de problemas encontrados na escola é motivo de
preocupação geral entre a comunidade escolar. São consequências do surgimento
de novos paradigmas, que consequentemente acabaram por gerar o detrimento de
normas e valores essenciais a construção de uma convivência Humana normal e
saudável. Apesar de muitos problemas refletirem na escola, ou serem gerados em
seu próprio âmbito, nota-se certa ignorância no que se refere à busca de estratégias
capazes de solucionar, ou ao menos amenizar esta situação complexa.
Outro problema é que as disciplinas postas no currículo não abre espaço
para um trabalho voltado para o lado emocional, psicológico e espiritual do aluno, e
no referente ao trabalho do Orientador Educacional capacitado para elaborar na
resolução desta situação. Também a formação de uma personalidade holística
baseado em aspectos de autoconhecimento, autocontrole, perseverança, motivação,
superação e principalmente para a aquisição de equilíbrio emocional. Conclui-se que
a presença de um Orientador Educacional é indispensável no desencadeamento de
um processo capaz de contribuir para a evolução nas relações humanas dentro e
fora da escola.
INTEVENÇÃO NA ESCOLA- COM OS ALUNOS - 9° ANO
A Intervenção do projeto foi direcionado aos alunos do 9° ano do ensino
fundamental do colégio Alberto de Carvalho em Prudentópolis, NRE de Irati. De
inicio foi aplicado o questionário para verificar como os alunos compreendem os
temas afetividade, relações humanas (relações interpessoal e intrapessoal),
autonomia do sujeito, deveres coletivos imprescindíveis ao relacionamento Inter e
intrapessoal e para detectar situações de conflitos no ambiente escolar.
Foram feitas leituras, reflexões e interpretação de texto: “Conquista de
objetivos” Reflexão do texto “Relações Humanas”,níveis intrapessoal e interpessoal.
O processo de conhecimento suscitado na escola é de grande importância
para promover atitudes que levem em conta uma melhor relação dos educandos
com tudo que faz parte de sua vida. No entanto, percebemos a necessidade de um
contato direto práticas que desenvolveria atitudes de respeito, cooperação,
aprendizagem e também um aprofundamento das teorias estudadas em sala de aula
e em relação as pessoas determinadas, persistentes, bem sucedidas e felizes ao
pilotarem suas vidas.
Inicialmente, dialogamos sobre a vontade e curiosidade em trabalhar o tema
abordando, abrindo caminho para transformar esse espaço em construção de
aprendizagem significativas, que contribuem para a formação do aluno propiciando -
lhe condições de participarem da vida social.
Visando a solução de conflitos e a autonomia do sujeito, foi apresentado o
texto “Comunicação interpessoal e intrapessoal - Ciência do comportamento
humano -socialização do conhecimento- teste relações humanas”. Neste momento a
fala é sobre convivência escolar e troca de experiências. Ressaltando a convivência
sob aspecto social. Também se fala sobre motivação que é um fator que contribui
para a construção do conhecimento.
Nesta atividade foram vistos conceitos de valor, moral e ética no âmbito
escolar. É preciso que os alunos entendam que para uma boa convivência num
determinado grupo é preciso respeitar e praticar alguns deveres coletivos
imprescindíveis ao relacionamento inter e intrapessoal. Assim, Foi realizada a
dinâmica: “Presentes e problemas”, com o objetivo de analisar a experiência,
examinando e compartilhando percepções, sentimentos, manifestações verbais e
não verbais conclusões provisórias e aprendizagens,
Outra dinâmica aplicada foi “minha bandeira Pessoal”. Esta dinâmica refere-
se à Identidade e Valores. Por meio de desenhos, os alunos expressavam suas
habilidades e limitações, construindo sua bandeira. Seu objetivo é Possibilitar aos
participantes a identificação das suas habilidades e limitações. Os alunos tomaram
consciência das suas habilidades e limitações propiciando assim, um conhecimento
mais aprofundado sobre si mesmo, suas habilidades, facilitando as escolhas que
precisa fazer na vida; Feita dessa forma, a reflexão tornou-se prazerosa, evitando
resistências. É um trabalho leve e ao mesmo tempo profundo. Permite também os
alunos possam refletir sobre sua escolha profissional.
Foi realizada uma palestra com a Psicóloga Marilda, sobre Relações
interpessoais, ressaltando o respeito com as pessoas e o pensamento dos alunos
sobre a escolha da profissão. Também se comentou sobre a pessoa “sem noção” e a
insegurança das pessoas e seu comportamento em determinada situação.
Logo em seguida foi aplicado a dinâmica: Processo de seleção. Nesta
dinâmica foi feita em grupos, para mostra aos alunos a importância de se trabalhar
em grupos. Durante o desenvolvimento desta atividade percebe-se alguns
comportamentos: expressões fisionômicas, pouco caso, indiferença, agressividade,
formação de panelinhas, conversas paralelas, bloqueio do grupo, esnobismo. Houve
interação entre os membros do grupo.
Depois foi passado o vídeo: “O que você quer ser quando crescer”, com o
objetivos de instigar as informações para contrapor com as leituras e produções
desenvolvidas no decorrer da implementação, foi criado um plenário para que os
alunos apresentassem seus trabalhos.
Escutar professores e alunos sobre suas amizades nos remete também a
tentar compreender outros temas como o respeito mútuo, condutas pró-sociais,
intervenções por meio de procedimentos didáticos, como o trabalho em pequenos
grupos, e a compreender que existem diferentes formas de representar a afetividade
e relações interpessoais.
Segundo Minicucci (2001, p.22), o termo Relações Humanas “tem sido
empregado com frequência para referir-se As Relações Interpessoais", que é o
relacionamento entre as pessoas. 0 autor coloca também que podem ser entendidas
como -comunicação interpessoal" (entre as pessoas) e "comunicação intrapessoal"
(quando estabelece um diálogo consigo mesmo). Quando há conflito no
relacionamento interpessoal, diz-se que há problemas de Relações Humanas.
Os alunos perceberam que existem pessoas que não são capazes de praticar
boas relações humanas. Essas pessoas geralmente apresentam comportamentos
como os relacionados abaixo: Não ouvem tão bem quanto falam; Interrompem os
outros, quando falam; São agressivas; Gostam de impor suas ideias; Não
compreendem as outras pessoas além de seu ângulo de visão;
Também refletiram suas falhas tais como: ver como você é; Ver como os
outros são; Compreender seus próprios sentimentos; Entender seus conceitos;
Entender o relacionamento entre as pessoas (percepção seletiva).
Os alunos, nesta atividade, puderam compreender a diferença entre simpatia
e empatia e sensibilidade social. E o que é ter flexibilidade de ação
(comportamentos) em função do que você conseguiu em relação ao próximo e a
situação em que está inserido.
Repensando atitudes e comportamentos dos alunos no espaço escolar, foi
feito uma reflexão, junto com os alunos, sobre o texto “criando atitudes positivas”
com o objetivo de conscientizar sobre a importância das pessoas na vida de outras
pessoas. Sabemos que muitas atitudes mobilizadas dentro da escola dificultam e/ou
prejudicam as relações tornando-as indisciplinadas e conflitantes. E muitas vezes
não sabemos agir com tais situações. Por isso é importante pensar ações efetivas
de como promover o bom clima escolar através da construção da consciência de
que todo ser humano é único e importante independente de cor, religião e poder
socioeconômico.
Neste sentido, foram feitas palestras e trabalhos visando à autoestima dos
alunos. As atividades sempre em grupo (espírito de equipe), com dinâmicas de
socialização do conhecimento. Neste sentido, buscou-se propagar um bom clima
escolar para despertar o espírito colaborativo.
Chalita (2004, p. 2003) afirma que “o grande pilar da educação é a habilidade
emocional”, portanto, mesmo em ambiente escolar, é impossível desenvolver
habilidades cognitivas e sociais, sem trabalhar a emoção.
É importante compreendermos que as emoções e os sentimentos que
compõem o homem são constituídos de um aspecto de importância fundamental na
vida psíquica do sujeito, visto que emoções e sentimentos estão presentes em todas
as manifestações de nossa vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As relações interpessoais e a aprendizagem possuem uma característica em
comum. Para que venham a acontecer são necessárias pelo menos duas pessoas.
Nesta relação ocorre a troca de experiências, em que o aluno aprende os conteúdos
programáticos e permite aos professores a tomada de ações que os conduzam a
reflexões sobre suas práticas pedagógicas, proporcionando, deste modo, um
aprimoramento e uma adequação destas ações. As práticas pedagógicas devem
sempre estar pautadas em objetivos claros, que conduzam os educandos construir
seus próprios conhecimentos e saberes.
Os problemas interpessoais identificados entre professor-aluno são: falta de
comunicação, indisciplina dos alunos, falta de ética entre os profissionais, falta de
entrosamento entre gestores e professores, falta de tempo para conhecer melhor os
problemas dos alunos, planejar projetos que foque uma maior aprendizagem do
aluno, falta de atitude e ação por parte de todos. Vale ressaltar que as maiores
dificuldades de relacionamento entre professor e aluno, na visão do professor, é a
falta de disciplina dos alunos.
Percebe-se com este estudo que muitas vezes, nós, educadores, não
conseguimos nos colocar como sujeitos facilitadores de uma aprendizagem afetiva,
positiva dos nossos alunos. Daí nossa intenção em tentar sensibilizar professores,
profissionais da educação a buscar a superação de obstáculos que os impedem de
criar vínculos afetivos e construir boas relações interpessoais.
Como afirma Galvão (1995), as relações causadas pelas emoções no
ambiente funcionam como combustível para sua manifestação. Ou seja, a alegria ou
a tensão de um determinado ambiente pode contagiar o estado de ânimo de alguém
que chega nesse ambiente ou vice-versa.
Observando os alunos em sala de aula, constatou-se que a falta de ânimo e
desinteresse de alguns alunos acabou por contagiar a turma, resultando numa
aprendizagem lenta com alunos apáticos, indisciplinados, sem limites, ficando claro
que o caráter contagioso e coletivo que caracteriza as emoções é de importância
decisiva na harmonia do grupo social. Também observou-se casos de alunos
resistente ao afeto ou a aproximação de seus colegas e mesmo com o professor.
O diálogo estabelecido entre professor e aluno é fator determinante no
processo de ensino-aprendizagem, visto que forma elos efetivos que despertam o
interesse e a motivação, levando os alunos a executarem suas tarefas com boa
vontade.
Neste sentido, conclui-se o quanto pode ser precioso a participação de todos
na instituição de ensino, desde que se constitua em uma ação planejada e
organizada. Entretanto, não consideramos este trabalho uma obra acabada,
principalmente pelo fato de possuir um aspecto exclusivamente humano, pois os
seres humanos vivem em permanente estudo de construção.
Ciente das dificuldades na busca pelo êxito do aluno na aprendizagem, e nas
relações humanas (intrapessoal e interpessoal) entre a comunidade escolar,
acredita-se que somente com o envolvimento dos que fazem parte do cotidiano da
escola é que se chegará ao sucesso. Por isso, comprometimento e responsabilidade
precisam ser assumidos coletivamente, retomando a concepção de que cada um
precisa fazer a sua parte de forma integrada, para que tenhamos sucesso, somente
assim, conseguiremos mudar o quadro educacional atual.
Codo; Gozzotti (2002) nos dizem que o ato de educar só terá sucesso se
houver um relação efetiva entre professor e aluno, caso contrário, a aprendizagem
não será significativa e não preparará o indivíduo para uma vida futura, deixando
lacunas no processo ensino- aprendizagem.
Sendo assim, ainda que as relações interpessoais impede alguns
professores de se colocarem em sua ação pedagógica mais efetiva, de se entender
os sentimentos dos alunos, de uma forma que o aluno sinta a escola como extensão
do lar, é importante que o vínculo afetivo entre professor-aluno e os demais que
fazem parte do todo escolar se estabeleça, aumentando a auto estima no aluno que
se sentirá integrante do processo ensino-aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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