Download - Internet como ferramenta de trabalho
1 INTRODUÇÃO
Neste artigo discutiremos o papel da Internet como uma importante ferramenta de
trabalho nos dias atuais. Primeiramente, abordaremos o período do início da computação até
sua massificação como produto doméstico. Em seguida, trataremos o início da Internet e sua
proliferação como ferramenta de produtividade para o trabalho em geral: negócios, pesquisa,
educação. Buscamos ilustrar a importância que a Internet exerce em nossos dias com
exemplos de algumas aplicações bastante difundidas e iniciativas criativas.
O século XX foi longo. Foram tempos de imensos progressos atingidos por diversas
áreas de atividade: química, física, biologia, engenharias, matemática e no advento da
tecnologia digital. O ritmo destas inovações, inédito na história, impactou de forma
incontornável os rumos da humanidade. Uma área em especial, a computação, percorreu um
intenso e improvável caminho até se tornar uma ferramenta presente no cotidiano das pessoas
(PRESSMAN, 2011).
Até ser popularizada, a computação foi uma tecnologia restrita à pesquisa científica
e militar que procurava formas de se reduzir o tempo gasto na resolução de problemas
matemáticos. Extremamente caros e complicados para o uso, os primeiros computadores eram
programados manualmente, cabo a cabo, sem monitores, figuras coloridas, teclados, som ou
vídeo. Apenas agências de governo e grandes corporações podiam arcar com os altos custos
da compra e manutenção destas primeiras máquinas. Equipes inteiras de cientistas eram
mobilizadas durante dias para fazer rodar um simples cálculo. Uma vez feita a programação, a
velocidade já impressionava: na década de 1950 a computação já era capaz de poupar meses
do trabalho manual de uma equipe de matemáticos (TANEMBAUM, 2013). Dificilmente um
cientista poderia prever o que aconteceria cinco décadas mais tarde.
Durante a década de 1960 houve a massificação do transístor, um componente
eletrônico inúmeras vezes mais rápido, confiável, barato e eficaz energeticamente que a
válvula. Com computadores mais potentes e compactos foram também criadas linguagens de
programação que existem até hoje. Uma delas, a linguagem C, concebida por Ken Thompson
e Dennis Ritchie, permitiu que a criação de programas fosse mais ágil, extensa e produtiva
(KERNIGHAN 1988). Com essa linguagem, programas criados e executados em máquinas de
40 anos atrás anos podem ser identicamente copiados para uso em um moderno smartphone
simplesmente com uma nova compilação. Pode parecer incrível, mas hoje em dia produtos tão
distintos como um automóvel ou um micro-ondas utilizam software escrito em linguagem
diretamente derivada da C. Os computadores gradualmente foram chegando às universidades
onde se tornaram objeto de intensa pesquisa por professores e alunos (RAYMOND, 2015).
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Ao início da década de 1970, a computação consegue chegar até as pequenas e
médias empresas com os chamados minicomputadores. Esses computadores não ocupavam
mais um andar inteiro de uma biblioteca como antigamente, mas possuíam as dimensões de
uma geladeira. Ficou claro para as empresas que a computação era um caminho sem volta.
Diversas companhias acirraram a concorrência por computadores menores, mais potentes e
baratos. A situação chegou ao seu ápice com a criação do computador pessoal em fins da
década de 1970: computadores passaram a ser disponibilizados para compra em
supermercados na forma de kits (placas, chips, cabos). Ainda exigiam um significativo
conhecimento de eletrônica para aqueles que quisessem montá-los e decifrá-los
(SIECZKOWKI, 2015).
Estes primeiros entusiastas montavam e programavam seus computadores na
garagem de casa. Personagens como Bill Gates, Paul Allen, Steve Wozniac e Steve Jobs,
respectivamente os futuros fundadores da Microsoft (os dois primeiros) e da Apple (os dois
últimos), passaram boa parte dos seus 20 anos de idade montando e aprimorando estes kits
como um hobby. Microsoft e a Apple se especializaram na computação pessoal ao longo dos
anos 80. Utilizando recursos inovadores como a interface gráfica a cores, janelas com
aplicativos e o mouse, criaram formas mais fáceis, produtivas e atraentes para se usar um
computador. A Apple é hoje a mais valiosa empresa do mundo e provavelmente se tornará a
primeira empresa da história a romper a barreira de US$1 trilhão de dólares em valor de
mercado (ALTUCHER, 2015).
Entretanto, até então, a computação pessoal era restrita ao conteúdo contido nas
memórias dos computadores. A comunicação entre máquinas pessoais era um recurso muito
caro, sem padronização e, portanto, de difícil popularização. Apenas agências
governamentais, corporações, universidades e a defesa possuíam sistemas de comunicação
remota entre computadores. Foi preciso esperar até a chegada dos anos 1990 para que as
telecomunicações se tornassem abundantes, rápidas e baratas o suficiente para permitir a
transmissão de dados ao alcance do cidadão comum. Assim nasceu a Internet
(BROOKSHEAR, 2012).
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2 O SURGIMENTO DA INTERNET
Ao contrário da percepção e uso popular do termo, Internet não é e-mail, redes
sociais, ou mesmo a World Wide Web (Grande Rede Mundial, ou WWW na sigla em inglês).
A Internet é um complexo sistema onde hardwares tão diferentes como notebooks, celulares,
desktops, satélites espaciais ou torres de rádio devem ser capazes de trocar dados de acordo
com regras estabelecidas, os chamados protocolos. Se todos estes equipamentos não se
comunicassem de forma padronizada, a Internet não existiria. Neste sentido, um avanço
fundamental foi a criação do Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP ou
protocolo de controle de transmissão/protocolo de internet).
Após o estabelecimento do TCP/IP outra grande invenção que possibilitou o
surgimento da Internet tal como a usamos foi a WWW. No início dos anos 1990 havia uma
série de serviços, hoje muito pouco usados pelo grande público, que utilizavam o TCP/IP para
ligar computadores de forma remota: FTP, NETNEWS, NEWSGROUPS, WAIS, Gopher, entre
outros. Todos esses serviços foram ofuscados pelo serviço desenvolvido pelo físico inglês
Tim Berners-Lee que então trabalhava no Laboratório Europeu de Física de Partículas, na
Suíça (CERN). Lee criou o primeiro servidor web do mundo em um computador NeXTcube
em sua sala e demonstrou seu funcionamento para pesquisadores dentro do CERN e para
alguns poucos participantes externos (HENDERSON, 2009). De uma só vez, Lee
desenvolveu um sistema de marcação gráfica de páginas (HTML), criou uma forma de ligar
documentos entre si (o Hypertext: famoso texto com “links” em azul sublinhado), definiu um
protocolo de transmissão de Hypertext (o HTTP), um programa capaz de responder a um
pedido de envio de texto pela rede (o servidor Web) e um outro programa capaz de interpretar
os arquivos transmitidos, exibi-los em uma tela e receber as informações do teclado e do
mouse operadas pelo usuário. Merecidamente, Lee possui uma extensa lista de homenagens e
títulos honoríficos recebidos na Inglaterra e no mundo. Uma rara exceção foi aberta no
regulamento da Academia Norte-Americana de Ciências para que fosse possível ter o ilustre
inglês como membro. Hoje, mais de 1 bilhão de pessoas acessam diariamente a internet que
Lee ajudou a criar (TIM BERNERS-LEE, 2015).
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3 APLICAÇÕES DA INTERNET NO TRABALHO
A Internet hoje contribui para maior eficiência, efetividade e produtividade em
diversas áreas profissionais. A Internet oferece uma quantidade inimaginável de dados ao
alcance das mãos de qualquer pessoa com conexão à grande rede. Entretanto, de nada vale
estes dados se eles não forem utilizados de forma criteriosa. Transformar dados brutos em
informação útil é o desafio para que as mais diversas profissões se beneficiem da computação.
A Internet permite a realização de tarefas impossíveis há 15 anos. Hoje, é possível
que empresas mantenham o trabalho simultâneo de equipes situadas em locais remotos em
uma mesma tarefa. Essas equipes podem estar dispostas em continentes, culturas e fusos
horários diferentes. É a chamada Computação Distribuída, em que diversos computadores
situados em locais remotos contribuem para a realização de uma tarefa comum (LAUDON,
2013).
Organizações como supermercados podem se beneficiar do uso da Internet em suas
atividades. A utilização sistemática de computadores em todos os níveis de uma organização
(operacional, tático e estratégico) otimiza a transmissão dos dados, o seu conhecimento pelo
público interessado. Seu tratamento qualitativo para gerar dados úteis para uma tomada de
decisão pelas instâncias hierárquicas superiores. Isto ocorre quando organizações adotam o
chamado o sistema Enterprise Resouce Planning ou Planejamento de Recursos de uma
Empresa(ERP). Quando um pacote de biscoitos é registrado no caixa de um supermercado,
uma série de dados é transmitida para diversos locais. Por exemplo, um dado é gerado na
contabilidade do supermercado. Em seguida, esse mesmo dado segue para a baixa do produto
na prateleira para que, desta forma, seja reposto pelo estoque. Por fim, outro dado é enviado
para que seja feito um novo pedido ao fornecedor. Tudo via Internet e em tempo real
(LAUDON, 2013).
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4 APLICAÇÕES DA INTERNET NO ESTUDO
Estudantes e pesquisadores, hoje, podem se beneficiar da imensidão de dados
disponíveis na rede. A Internet provê acesso a texto, som, imagem e vídeo criados por
usuários de praticamente todos os locais do mundo. Cada vez mais instituições como
universidades oferecem seus prestigiados cursos gratuitamente na rede. Por exemplo, um
estudante de Juiz de Fora pode ter acesso às aulas livres no canal oficial da Harvard
University no Youtube. Da mesma forma, poderá assistir aulas de algoritmos criadas por
professores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) ou de História Egípcia direto da
Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. As opções são inúmeras. O desafio dos educadores é
tornar todo este conhecimento em algo atrativo e eficaz para estudantes e aplicável em suas
tarefas diárias (MORAN, 2015).
Uma das revoluções recentes, neste sentido, é a criação do canal Khan Academy no
site www.youtube.com (THOMPSON, 2015). Salman Khan, o criador do canal, possui
formação em matemática e resolveu criar vídeos para ensinar alguns conteúdos para sua prima
mais jovem, Nadia. Os vídeos possuem um visual limpo, colorido e narração pausada, e o
canal Khan Academy é hoje um campeão de acessos na área da educação. Diversas empresas
gigantes da tecnologia como Microsoft e Google investem no site para que mais conteúdo em
diversas línguas seja disponibilizado para estudantes. Como informa o site:
A Khan Academy oferece exercícios, vídeos de instrução e um painel de
aprendizado personalizado que habilita os estudantes a aprender no seu
próprio ritmo dentro e fora da sala de aula. Abordamos matemática, ciência,
programação de computadores, história, história da arte, economia e muito
mais. Nossas missões de matemática guiam os estudantes do jardim de
infância até o cálculo, usando tecnologias adaptativas de ponta que
identificam os pontos fortes e lacunas no aprendizado. Também temos
parcerias com instituições como a NASA, o Museu de Arte Moderna, a
Academia de Ciências da Califórnia e o MIT para oferecer conteúdo
especializado (KHAN ACADEMY, 2015).
A Khan Academy é um típico exemplo de revolução na educação ocorrida na e pela
internet. Seu método já é utilizado em escolas públicas dos Estados Unidos e da Europa.
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5 CONCLUSÃO
Tanto no trabalho quanto no estudo, a Internet pode ser uma poderosa ferramenta
para se alcançar mais produtividade e conhecimento. Entretanto, se digitamos a palavra
“matemática” em um mecanismo de busca como Google, observamos o retorno de 51 milhões
de resultados. O grande desafio de utilizarmos a Internet como uma ferramenta de
produtividade é compreendermos quais os locais e canais adequados para encontrarmos aquilo
que desejamos sem nos perdermos com tantas opções. Em um meio tão imenso e imprevisível
como a Internet, a disputa pela atenção e fidelização de visitantes é enorme. Se em um
passado não muito distante os leitores estavam sujeitos ao crivo de editoras que selecionavam
o conteúdo que chegava às prateleiras, hoje o quadro é bem diferente. A autonomia que o
leitor hoje possui pode expô-lo a um volume grande de informações de origem duvidosa. O
que vale ainda é o bom senso, muita pesquisa e o contato com outros usuários da grande rede.
Buscar distinguir, criticamente, o que é informação útil e confiável ainda é uma preciosa e
necessária qualidade dos bons leitores.
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REFERÊNCIAS
ALTUCHER, J. The one reason Apple will be the first trillion dollar market cap company. Disponível em <http://www.jamesaltucher.com/2010/12/the-one-reason-apple-will-be-the-first-trillion-dollar-market-cap-company/> Acesso em 17 jun 2015.
BROOKSHEAR, J. Gleen. Computer Science: an overview. 5ª ed. Boston: Addison-Wesley, 2012.
HENDERSON, Harry. Encyclopedia of Computer Science and Technology. 4 ed. Nova Iorque: Facts on File, 2009.
KERNIGHAN, Brian W. The C programmimg language. Nova Jérsei: Prentice Hall, 1988.
WIKIPEDIA. Khan Academy. Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Khan_Academy>. Acesso em 26 maio 2015.
LAUDON, Kenneth C. e LAUDON, Jane P. Essentials of Management Information Systems. 10a ed. Nova Jérsei: Prentice Hall, 2013.
MORAN, José Manuel. A internet na educação. USP-2002. Entrevista, portal educacional. Disponível em < www. eca. usp. br/prof/moran/entrev. html>. Acesso em 25 maio 2015.
PRESSMAN, Roger S. Engenharia de Software: uma abordagem profissional. 7ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
RAYMOND, E. S. The Art of Unix Programming. Disponível em <http://www.catb.org/esr/writings/taoup/html/ch02s01.html>. Acesso em 17 jun 2015.
SIECZKOWKI, C. Steve Jobs and Bill Gates History: the Dueling Wizards. Disponível em <http://www.ibtimes.com/steve-jobs-bill-gates-history-dueling-wizards-321739> Acesso em 17 jun 2015.
TANEMBAUM, Andrew S. Structured Computer Organization. 6ª ed. Boston: Pearson, 2013.
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THOMPSON, Clive. How Khan Academy is changing the rules of education.Wired Magazine, volume. 126, 2011. Disponível em <http://resources.rosettastone.com/CDN/us/pdfs/K-12/Wired_KhanAcademy.pdf>. Acesso em 26 maio 2015.
WIKIPEDIA. Tim Berners-Lee. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Tim_Berners-Lee>. Acesso em: 22 maio 2015.
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