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Boletim de Pesquisa Nº 11
ISSN 0103-6424Junho, 1994
SOLOS CULTIVADOS COM CAJUEIRO NO PIAUí
Augmar Drumond RamosFrancisco Nelsieudes Sombra Oliveira
Antônio Agostinho C. Lima
Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária
•••~) Emp,e,. B",ild'a de P"qui,. AgcopccuáÚa - EMBRAPA~"li' Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical - CNPATFortaleza, CE
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Copyright © EMBRAPA-CNPAT-1994
Exemplares desta publicação podem ser solicitados àEMBRAP A -CNP AT
Rua dos Tabajaras, 11 - Praia de IracemaTelefone: (085) 231.7655 Fax: (085) 231.7762 Telex: (85) 1797Caixa Postal 376160060-510 Fortaleza, CE
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Comitê de Publicações
Presidente: Clódion Torres Bandeira
Secretária: Germana Tabosa Braga PontesMembros: Valderi Vieira da Silva
Álfio Celestino Rivera CarbajalErvino BleicherLevi de Moura BarrosMaria Pinheiro Fernandes Correa
Antônio Renes Lins de Aquino
Coordenação Editorial: Valderi Vieira da SilvaRevisão: Mary Coeli Grangeiro FérrerNormalização Bibliográfica: Rita de Cássia Costa CidDigitação/Diagramação: Nicodemos Moreira dos Santos Junior
RAMOS, A.D.; OLIVEIRA, F.N.S.; LIMA, A.A.C.Solos cultivados com cajueiro no Piauí.Fortaleza: EMBRAPA-CNPAT, 1994. 24p.(EMBRAPA-CNPAT. Boletim de Pesquisa, 11).
1. Caj li - Cultura - Brasil - Piauí.2. Cajueiro - áreas potenciais - Brasil - Piauí.3. Solo - Unidade pedogenética. I. Oliveira,F.N.S. colab. lI. Lima, A.A.C. colab.fIl. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa deAgroindústria Tropical. IV. Título. V. Série.
CDD. 631.809573
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SUMÁRIO
Pág.
RESU MO 5
ABSTRACT 6
INTROD UçÃO 7
MATERIAL E MÉTODOS 8
RESUL T ADOS E DISCUSSÃO 9
- Unidades pedogenéticas 9
- Características dos solos representativos 14
- Fertilidade 17
- Identificação de áreas potenciais para o cajueiro 22
CON CL lJSÕES 23
REFERÊN CIAS 24
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SOLOS CULTIVADOS COM CAJUEIRO NO PIAUí
Augmar Drumond Ramos 1Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira 1
Antônio Agostinho C. Lima 1
RESUMO - Os solos cultivados com cajueiro foram identificados peloestudo pedológico das áreas produtoras do Piauí. Dados de produção decastanha, complementados com visitas aos pomares de cajueiro, indicaramas seguintes microrregiões produtoras: Baixo Parnaíba, Campo Maior,Floriano, Alto Piauí e Canindé, Baixões Agrícolas Piauienses e AltoParnaíba. Foram definidos os parâmetros clima, solo, altitude e topografia,que perm item determinar as áreas potenciais para a cultura. As descriçõesmorfológicas e as análises físico- químicas caracterizam quatro unidades desolo representativas ao nível de Grande Grupo: Latossolo Amarelo,Latossolo Vermelho-Amarelo, Podzólico Vermelho-Amarelo e AreiaQuartzosa. A unidade de solo que ocorre com maior freqüência e maiorextensão geográfica nas áreas produtoras de caju é o Latossolo AmareloÁlico, textura média, em relevo plano.
Termos para indexação: cultura do cajueiro, solos, unidades pedogenéticas,análises de solo, regiões produtoras.
I Eng.-Agr. M.Se .. EMBRAPA/Centro ;\;'acional de Pesquisa de Agroindústria Tropical(CNPAT). Rua dos Tabajaras. 11. Praia de Iracema, Caixa Postal 3761,60060-510 Fortaleza,CE.
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SOILS OF THE CASHEW CROP IN PIAUí STATE
ABSTRACT - The soils culti vated with cashew were identified throughpedological studies of land in Piauí State. Cashcw nut production data anddirect observation on the orchads indicate the following produetion miero-regions: Baixo Parnaíba, Campo Maior, Floriano, Alto Piauí e Canindé,Baixões Agrícolas Piauienses e Alto Parnaíba. Parameters of soil, climate,altitude and topography were definide to determine the potencial land foreashew erop. Profile deseription and soil analysis were done in order toidentify the rcprcsentative soils which were classified in four Great Graups:Yellow Latosol, Red - yelIow Latosol, Red - yelIow Podzolic and Quartz Sand.The soil which occur with higher frequency and having bigger are a is theAlie Yel\ow Latosol, medium texture, on levei relief.
Index tcrms: cashew crop, soils, pedogenetic unities, soil analysis, producersreglOns.
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INTRODUÇÃO
o cajueiro encontra-se disseminado em quase todo oterritório brasileiro. A espécie AllaCardillJ71 occidelltale L., cultivadalargamente na região Nordeste, é responsável por 98% da produção decastanha do Brasil (Penda Pessoa & Parente, 19(1).
As áreas ocupadas com cajueiro aumentaram rapidamentedurante as décadas de 70 c 80, com um crescimento na área colhida no
Nordeste de 389.021 ha, entre 1974 e 1988 (Parente et aI., 1990). Embora aárea cultivada nessa região seja grande, o rendimento da cultura vemdiminuindo ano a ano. Dados do Anuário Estatístico do Brasil mostram que
a produção passou de 570 kg de castanha por hectare em 1978, para 220 kgem 1988, ou sej a, em onze anos houve uma queda no rendimento de maisde 609{ (Parente et aI., 19(0).
o decréscimo no rendimento da cultura tem sido causadopela atuação conjunta de vários fatores, destacando-se como maisimportantes: baixo potencial genético das plantas, baixa fertilidade dossolos, irregularidade ou escassez de chuvas e ocorrência de pragas e doençasassociadas ao manejo inadequado da cultura.
No estado do Piauí, a cultura expandiu-se mediante políticade incentivos implementada pela Superintendência de Desenvolvimento doNordeste (SUDENE) e pelo antigo Instituto Brasileiro para oDesenvolvimento Florestal (IBDF), encontrando-se dispersa em diferentesregiões com preendendo principalmente os planaltos sedimentares,conhecidos regionalmente como chapadas ou chapadões, cuja coberturavegetal originalmente é constituída de cerrados ou cerradões.
De acordo com Lepsh (1987), as características de uma área
a ser utilizada devem ser conhecidas para que se possa estabelecer o melhorsistema de manejo da cultura, objetivando a preservação do solo e aobtenção de maiores rendimentos de forma sustentada.
Visando à identificação e caracterização dos solos foi
realizada esta pesquisa envolvendo métodos de. campo e laboratório, jáconhecidos e padronizados para os estudos de pedologia: seleção de áreasrepresentativas, identificação e descrição dos solos. coleta de amostras eanálises físico-químicas e de fertilidade.
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Realizaram -se a caracterização e classi ficação das unidadespedogenéticas representativas da cultura do cajueiro e o estabelecimento dosparâmetros para definição das áreas potenciais para caj ueiro.
MA TERIAL E MÉTODOS
A metodologia consistiu de procedimentos de escritório,trabalhos de campo e laboratório. As microrregiões produtoras foramdefinidas consultando-se dados de produção de castanha de caju (Pimentel,1991) e informações obtidas com o trabalho de campo, que complementaramesses dados.
Foram selecionadas áreas represen tati vas da cultura docaJuelfO em cento e vinte pomares dos municípios produtores de seismicrorregiões homogêneas do Piauí: Baixo Parnaíba, Campo Maior, BaixõesAgrícolas Piauienses, Floriano, Alto Piauí e Canindé, e Alto Parnaíba(Fig. 1). O estudo de campo foi feito por meio de sondagens com trado,identificação dos solos, localização e descrição morfológica dos perfis, coletade amostras dos perfis e amostras compostas para análise de fertilidade.
A descrição das características morfológicas dos perfis e osdados das análises de laboratório permitiram conhecer as condições dos solose fazer a classificação das unidades pedogenéticas.
As análises foram feitas no laboratório de solos do Centro
Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical (CNP AT) pelos métodosdescritos no Manual de Métodos de Análises de Solo (EMBRAP A, 1979). Asanálises de fertilidade consistiram de determinações de rotina para fósforodisponível, cálcio + magnésio, potássio e alumínio trocáveis; o pH foideterminado em potenciômetro na suspensão solo-água, proporção 1:2,5. Asdeterminações feitas nas amostras de perfis foram as seguintes: análisegranulométrica na terra fina seca ao ar, fração areia por tamisação e argilapelo método da pipeta; umidade a 1/3 atm e a 15 atm, utilizando-seextratores de placa porosa; pH em água, potenciometricamente, pelo métodojá indicado; condutividade elétrica determinada no extrato de saturação dosolo; carbono orgânico determinado volumetricamente pelo bicromato depotássio e titulado pelo sulfato ferroso amoniacal; matéria orgânica
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calculada multiplicando-se o resultado do carbono orgânico pela constante1,724; nitrogênio total analisado pelo método de KJELDAHL, usando-separa digestão os sulfatos de sódio e cobre, determinando-se por volumetria,
após retenção de NH3 em ácido bórico e destilação a vapor; fósforo
determinado em extrato de HCI 0,05N e H2S04 0,025N, pelo métodocolorimétrico, utilizando-se o ácido ascórbico; cátlOns trocáveis extraídos
com acelato de amônio normal pH 7,0. Descontando-se os cátions solúveisno extrato de saturação e determinando-se o cálcio e cálcio + magnésio pelométodo complexométrico, titulado com EDTA, encontra-se o magnésio pordiferença. () potássio e sódio trocáveis foram determinados por fotometriade chama. () valor T (capacidade de troca de cátions) foi obtido pela somados cátions trocáveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Unidades pedogenéticas
Foram encontradas oito unidades pedogenéticas com largaexpressão geográfica, nas áreas produtoras do Piauí, distribuídas nostabuleiros litorâneos e nos planaltos sedimentares do interior,compreendendo vinte e quatro municípios em seis microrregiães diferentes(Tabelas 1, 2 e Fig. 1). Os perfis descritos, sua classificação e localizaçãoestão relacionados na Tabela 3. De acordo com a classificação brasileira, ossolos pertencem aos seguintes Grandes Grupos:
- Latossolo Amarelo: principal unidade em extensão geográfica e solodominante, nas áreas de Cerrado e Cerradão, encontrado também nasoutras áreas; .
- Areia Quartzosa: segunda maior unidade, ocorre no litoral e nas demaisáreas;
- Latossolo Vermelho-Amarelo e Podzólico Vermelho-Amarelo: ocorrem no
litoral, nas áreas de caatinga, em áreas de transição cerrado/caatinga e emáreas de ccrradão.
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MR 45 - Baixo Parnaiba
1 - Buriti dos Lopes
2 - Luiz Correia
8- Parnaiba
MR46 -Campo Maior
4 - Campo Maior
6 - Castelo do Piou,"
7 - Cocal
9 - PedroII
10- Piracuruca
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MR51- Baixc5'esAgrícolas Piauenses
2- Expedito Lopes
3 - Francisco Santos7 - Jaicós11- Picos
12-Pio IX
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2 - Sertolinea
5 - Floriano
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12- Nazaré do Piauí
13- Rio Grande do Piou(
MR52- Alto Pamaiba
1 - Ribeiro Gonçalves
3 - Uruçu(
MR54 - Alto Piaui e Canindé
3 - Canto do Bur; ti
9 - Soa JoQo do Piau!
10- são Raimundo Nonato
ESTADO DO PIAui
Fig. 1 - Microrregiões homogêneas e municípios produtores de caju.
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Tabela 2 - Unidades pedogenéticas representativas das áreas produtoras decaju em seis microrregiões homogêneas do Piauí. Fortaleza,1992.
Unidades pedogenéticas
Latossolo Amarelo, LatossoloVermelho -Amarelo e AreiaQuartzosa, todos Álicos ouDistróficos(*)
Latossolo Amarelo, LatossoloVermelho-Amarelo e PodzólicoVermelho-Amarelo, e AreiaQuartzosa, todos Álicos ouDistróficos(")
Latossolo - Amarelo e AreiaQuartzosa, ambos Álicos ouDistróficos
Microrregiões (nº)
Baixões Agrícolas Piauienses (50)e Floriano (51)
Baixo Parnaíba (45)e Campo Maior (46)
Alto Piauí e Canindé (54)e Alto Parnaíba (52)
(*) Podzólico Vermelho-Amarelo Álico e Distrófico aparece em alguns pomares destasmicrorregiões.
(U) Latossolo Vermelho-Escuro Álico e Distrófico ocorre na região de Campo Maior.Fonte: EMBRAPA/CNPAT
Os solos têm perfis profundos, sem impedimentos físicos,com boa aeração natural e drenagem interna variando de boa a excessiva.São encontradas exceções em alguns Latossolos Amarelos de textura argilosa,moderadamente drenados, que ocorrem nas áreas de Cerrado nos municípiosde U ruçuí e Ribeiro Gonçalves, podendo ter perfis pouco profundos.
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Tabela 3 - Perfis de solos estudados (*).
Classificação
Latossolo Amarelo Álico,textura média
Latossolo Amarelo Álico,textura média
Latossolo Amarelo Álico,textura média
Latossolo Amarelo Álico,textura média
Latossolo Amarelo Álico,textura média
Latossolo Amarelo Distrófico,textura argilosa
Podzólico V crmelho - Amarelo
Tb Distrófico, texturaarenosa/ média
Podzólico Vermelho-Amarelo
Tb Distrófico, texturaarenosa/média
Podzólico Vcrmelho-Amarelo
Tb Álico, textura arenosa/média
Areia Quartzosa Álica
Areia Quartzosa Disl,Mica
Município
Pio IX
Rio Grandedo Piauí
Canto doBuriti
São João doPiauí
Ribeiro
Gonçalves
Uruçuí
Parnaíba
Floriano
Luís Corrcia
Jaicós
Castelo
Microrregiões
Baixões AgrícolasPiauienses
Floriano
Alto Piauí e Canindé
Alto Piauí e Canindé
Alto Parnaíba
Alto Parnaíba
Baixo Parnaíba
Floriano
Baixo Parnaíba
Baixões AgrícolasPiauienses
Campo Maior
(*) Arquivo da Área de Solos e Nutrição de Plantas - EMBRAP AI CNP A T.
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Alguns solos identificados no campo não foram incluídos naTabela 2 por terem ocorrência geográfica restrita, aparecendo associados àsunidades predominantes. Estes solos e as microrregiões em que se encontramsão os seguintes:
- Latossolo Vermelho- Escuro, textura argilosa e Latossolo Vermelho-Escuro, textura argilosa cascalhenta, ambas unidades podendo ser Álicasou Distróficas: microrregião Campo Maior;
- Latossolo Concrecionário Álico ou Distrófico, textura argilosa:microrregião Baixo Parnaíba.
Características dos solos representativos
As características dos solos foram descritas e analisadas em
perfis representativos, nas diferentes regiões. Além destes perfis,consultaram -se também aqueles do Levantamento ExploratórioReconhecimento dos Solos do Estado do Piauí, verificando-se as mesmascaracterísticas morfológicas e físico-químicas (EMBRAPA, 1986).
As principais características físicas e químicas dos solos sãomostradas nas Tabelas 4 e 5. Os dados dos solos foram condensados,
fazendo- se a média dos horizontes superficiais (AloU A ) e dos inferiores(B2 ou C). Os horizontes indicam perfis profundos, com lforizontes espessos;a textura superficial é arenosa na maioria dos casos, podendo ocorrertambém a textura média. As Areias Quartzosas apresentam todo o perfilarenoso, enquanto os demais solos têm textura média nos horizontessubsuperficiais e em alguns Latossolos, texturq argilosa.
A maioria dos solos tem horizontes superficiais fracamenteestruturados e em alguns casos estão compactados. Os dados de retenção deumidade mostram que a capacidade de armazenamento de água dos perfis épequena, havendo acréscimo com profundidade nos horizontes de texturamédia ou argilosa.
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o desmatamento e uso do solo com cajueiro expõem asuperfície aos raios solares e às chuvas, ocasionando compactação do solo ediminuindo a matéria orgânica. O impacto da chuva sobre o solo e a açãode máquinas e implementos agrícolas causam o rompimento dos agregados epreenchem os macroporos com as partículas translocadas da superfície. Estacondição traz prej Uí70 para a infiltração e armazenamento da água no solo eaumenta a resistência ao crescimento do sistema radicular das plantas(Camargo, 1983).
Os dados apresentados na Tabela 5 indicam pequenadisponibilidade de nutrientes, com capacidade de troca de cátions entre 0,7e 5,5 mE/100g, sendo a maioria dos valores menores que 2,0 mEIlOOg. Areação do solo nas amostras analisadas varia de extremamente ácida
(pH < 4,3) a moderadamente ácida (pH 5,4 a 6,5), ficando a maior partedos solos no intervalo de pH: 4,3-5,3, ou seja, reação fortemente ácida. Osníveis de alumínio trocável geralmente estão entre 0,4 e 0,7 mE/100g, o quepode ser considerado baixo em valores absolutos; os teores mais altos foramencontrados nos cerrados do sul do Piauí, onde são comuns valores maioresque 2,0 mE/1 OOg. A saturação de alumínio dos solos é elevada, sendo acondição Álica uma característica limitante na maioria dos Latossolos e
parte das Areias Quartzosas, onde é encontrada saturação entre 60% e 80%.O conteúdo de matéria orgânica dos solos é baixo, mesmo nos horizontessuperficiais, cujos valores de carbono orgânico são inferiores a 1%,evidenciando deficiência de nitrogênio a ser liberado para as culturas(Madeira Neto & Macedo, 1985).
As características químicas dos solos, exceto nas AreiasQuartzosas, resultam de processos de intemperismo encontrados em regiõesde clima tropical, em várias partes do mundo (Buol et aI., 1973). Estesprocessos atuando sobre o substrato geológico, constituído principalmente dearenitos, produziram as condições atuais de acidez, elevados níveis dealumínio trocável, baixa capacidade de troca de cátions e baixos níveis denutrientes.
Fertilidade
Os resultados das análises de fertilidade são apresentados nasTabelas 6 e 7.
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A Tabela 6 mostra que 97% dos solos analisados sãodeficientes em fósforo, 79%, em potássio e 83,5%, em cálcio + magnésio. Amicrorregião Alto Parnaíba, constituída pelos solos de cerrados do sul doPiauí, apresenta 97% de amostras deficientes em fósforo,' potássio e cálcio +magnésio. Além disso, os danos de perfis dos solos representativos indicam
baixos nÍ\{cis de matéria orgânica, portanto carência. de nitrogênio. Emtodos os casos de deficiência é necessário adicionar ao solo os respectivosnutrientes, através de adubação e calagem.
A Tabela 7 contém os dados de alumínio trocável e pH dosolo, demonstrando que a maioria das amostras apresenta alumínio emquantidades nocivas para as plantas e pH baixo, necessitando correção daacidez. Observando- se a Tabela 7, verifica - se que 91 % dos solos sãofortemente ácidos a extremamente ácidos. Quanto ao alumínio trocável, amicrorregião Alto Parnaíba tem os maiores níveis, com mais de 1,0mEIlOOg em 62% dos solos estudados. Nesta mesma microrregião, 59% dossolos são extremamente ácidos, com pH inferior a 4,3.
Identificação de áreas potenciais para o cajueiro
A identificação das áreas potenciais deve levar em conta os
seguintes critérios, que proporcionam condições favoráveis importantes paraa cultura (Ramos & Frota, 1990):
a) altitude de 600 m;
b) solo profundo, com boa porosidade e sem impedimento físico no perfil;
c) topografia uniforme e relevo plano a suave-ondulado;
d) pluviosidade média anual maior que 700 mm e temperatura média anualacima de 21 oCo
A adoção destes critérios permite identificar as áreas
potenciais nas diferentes regiões do Estado, inclusive ao nível depropriedade rural. As condições de fertilidade do solo não são usadas naseleção de áreas potenciais, porque ocasionam lim itações de fácil correção.
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CONCLUSõES
As áreas produtoras estão distribuídas em 24 mUnIcípiOSpertencentes a seis microrregiões, que compreendem grandes áreas situadasnas regiões norte, central, sudeste e sudoeste do Piauí. As unidadespedogenéticas represeptati vas da cultura do caj ueiro nas di versas regiões sãoas seguintes: Latossolo Amarelo Álico e Distrófico, com textura média eargilosa; Latossolo Vermelho -Amarelo Álico e Distrófico, com texturamédia; Podzólico Vermelho-Amarelo Álico e Distrófico, ambosapresentando textura arenosa/média; Areia Quartzosa Álica e Distrófica.
Os diferentes solos podem ocorrer apenas em algumasmicrorregiães produtoras ou em todas elas. A maior expressão geográfica deum solo e sua ocorrência em maior número de pomares indicam apredominância do mesmo nas áreas produtoras, conforme relacionado naTabela 2. Algumas unidades de solo, por sua grande amplitude nas regiõesprodutoras, devem ser destacadas: (a) Latossolo Amarelo Álico - ocorre emtodas as microrregiões, tendo a maior expressão geográfica entre as di versasunidades pedogenéticas; (b) Latossolo Vermelho -Amarelo Álico ouDistrófico - ocorre em todas as microrregiões, exceto Alto Piauí, Canindé eAlto Parnaíba; (c) Areia Quartzosa Álica ou Distrófica - ocorre em todas asregiões prod utoras.
Os solos predominantes na maioria das plantações de cajueirotêm textura média nos horizontes subsuperficiais, condicionando boaaeração e drenagem, e favorecendo o enraizamento do cajueiro. As AreiasQuartzosas, com maior expressão na microrregião Baixo Parnaíba, têmtextura arenosa em todo o perfil, apresentando baixa retenção de umidade elixiviação dos nutrientes e adubos.
O fósforo disponível é deficiente em 97% dos solos utilizadoscom cajueiro, o potássio, em 79% e o cálcio + magnésio, em 83,5%.Verifica-se também que 67% das áreas produtoras apresentam níveis dealumínio trocável considerados nocivos para as plantas e 91% têm reação dosolo fortemente ácida a extremamente ácida, condições desfavoráveis aodesenvolvimento e produção do cajueiro, principalmente quando associadasaos baixos níveis de fósforo disponível, potássio e cálcio + magnésiotrocá veis.
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REFERÊNCIAS
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