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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 DoPVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853
ANO XVI • Nº 192 • Julho 2010 • Publicação mensal • 2.00 €
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PORTUGAL POST
Governo alemão anuncia maior planode austeridade dopós-guerraO governo alemão definiu o maior pacote de redução de gas-tos públicos da história da República Federal da Alemanha.Até 2014 deverão ser economizados cerca de 80 bilhões deeuros, valor acima do inicialmente previsto. Pág. 3
José Saramago -Última ViagemPág. 10
AlemanhaEmigração está a mudar, com achegada de muitos licenciados
VPUEmpresários portugueses querem associação mais fortena Alemanha
MünsterTatjana Pinto, jovem atleta lusodescendente é uma “Jóia” doatletismo alemão
Uma batida universal à portuguesa
Os Oquestrada apresentam o álbum de estreia «Tasca Beat» na Alemanha Pág.12
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010
Iniciativas da Portugal Post VerlagMário dos Santos
2
DIRECTOR: MÁRIO DOS SANTOS
REDACÇÃO E COLABORADORESCRISTINA KRIPPAHL: BONAFRANCISCO ASSUNÇÃO: BERLIMFERNANDO A. RIBEIRO: ESTUGARDAHELENA GOUVEIA: BONAJOAQUIM PEITO: HANNOVERLUÍSA COSTA HÖLZL: MUNIQUE
CORRESPONDENTESALFREDO CARDOSO: MÜNSTERANTÓNIO HORTA: GELSENKIRCHENJOÃO FERREIRA: SINGENJORGE MARTINS RITA: ESTUGARDAJOSÉ PINTO NASCIMENTO: DÜSSELDORFKOTA NGINGAS: DORTMUNDMANUEL ABRANTES: WEILHEIM -TECKMARIA DOS ANJOS SANTOS - HAMBURGOMICHAELA AZEVEDO FERREIRA: BONAZULMIRA QUEIROZ: GROß-UMSTADT
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praz-nos anunciar aqui a publica-
ção de uma segunda edição de
um Directório EmpresarialLuso-Alemão que será colo-
cado à venda a partir do dia 1 de
Julho desde ano.
O Directório divulga os contactos
elementares de algumas centenas de em-
presas de portugueses e luso descenden-
tes na Alemanha e constitui, sem dúvida,
mais uma prova da capacidade da nossa
editora no campo das publicações úteis
à comunidade lusa e não só.
Esta segunda edição, muito diferente
na sua forma e conteúdo quando compa-
rada com a segunda, é o ponto de partida
para uma periodicidade que queremos
mais curta. Em termos concretos, que-
remos passar a editar esta publicação
uma vez por ano com as devidas actuali-
zações e respectivas alterações ditadas
pelo tempo.
De carácter bilingue, o DirectórioEmpresarial Luso-Alemão conta,
para além da divulgação dos contactos
das empresas, depoimentos de alto nível,
destacando-se um prefácio do Ministro
da Economia, Inovação e do Desenvolvi-
mento de Portugal, Vieira da Silva, que
louva a iniciativa da Portugal Post Verlag.
Também o Presidente da Federação
de Empresários Portugueses participa
com um texto, referindo que a iniciativa
da Portugal Post Verlag “servirá comoamostra da diversidade, potencialidade e ca-pacidade da nossa comunidade, mas tam-bém como ferramenta de comunicação, decooperação e construção da ponte econó-
mica, cultural e espiritual entre Portugal eAlemanha”.
Estamos certos que esta iniciativa re-
presenta uma mais valia não apenas para
as empresas que procuram contactos
para parcerias ou negócios, como ainda
para o comum dos utilizadores que en-
contrarão nesta publicação informação
de interesse muito útil.
O Directório Empresarial pode ser ad-
quirido por telefone, fax ou e-mail diri-
gido à nossa editora:
Email: [email protected]
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Directório Empresarial Luso-Alemão já disponível para venda ao público
A
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 3Alemanha
Os principais atingidos são os pro-
gramas sociais do Governo, a indús-
tria e o sector bancário. „São
tempos graves e difíceis“, afirmou a
chanceler Angela Merkel em Berlim,
no final de uma reunião de dois dias
com os seus ministros. Um novo
aumento de impostos para os cida-
dãos foi descartado pela coligação
governamental.
Para 2011 o governo prevê
economizar 13,2 bilhões de euros.
As medidas são uma tentativa de
conter o crescente endividamento
do Estado alemão e fazer com que
a Alemanha volte a respeitar o
pacto de estabilidade do euro.
Principais cortes
Os planos prevêem a reestrutu-
ração da Bundeswehr (Forças Ar-
madas da Alemanha). O ministro da
Defesa, Karl-Theodor zu Gutten-
berg, foi incumbido de apresentar,
até Setembro, um plano de redução
do contingente militar, de 250 mil
para 210 mil soldados.
A coligação entre conservado-
res cristãos e liberais decidiu tam-
bém reduzir gastos nos programas
sociais do Governo. Entre outros
cortes, o Governo não pagará mais
a contribuição para a reforma de
beneficiários do programa Hartz IV
(destinado a desempregados). As
mudanças deverão resultar numa
poupança de 2 bilhões de euros por
ano.
O Elterngeld, subsídio pago a
quem deixa de trabalhar para cui-
dar dos filhos pequenos, será total-
mente eliminado para os
beneficiários do programa Hartz IV.
Os demais passarão a receber 65%
do valor do salário em vez dos ac-
tuais 67%. O teto de 1.800 euros foi
mantido. As mudanças deverão tra-
zer para o governo uma economia
anual de 600 milhões de euros.
Haverá cortes também no ser-
viço público. Até o final de 2014, o
Governo quer eliminar 15 mil pos-
tos de trabalho. Há cerca de 280 mil
empregados no serviço público fe-
deral. Segundo o plano de poupança
do Governo, os servidores do Es-
tado também terão de renunciar a
um aumento de 2,5% no subsídio
de Natal, previsto para 2011. O go-
verno espera economizar 4 bilhões
de euros com os cortes no serviço
público. As empresas de energia
Eon, RWE, Vattenfall e EnBW – de-
tentoras de centrais nucleares –
terão de pagar um novo imposto,
que soma 2,3 bilhões de euros
anuais e diminuirá em parte os ga-
nhos que elas terão caso a vida útil
das centrais seja prorrogada.
No sector da aviação, o Go-
verno quer cobrar uma taxa para
cada passageiro que embarcar num
aeroporto alemão, o que levará 1
bilhão de euros por ano para os co-
fres públicos. Para os bancos está
prevista a criação de um imposto fi-
nanceiro, que deverá ajudar a cobrir
os prejuízos causados pela crise
económica, a partir de 2012.
A empresa pública Deutsche
Bahn (transportes ferroviários) de-
verá reencaminhar para o Governo
uma parte dos seus lucros. Até
hoje, a empresa ficava com todo o
dinheiro que ganhava.
Merkel disse que não há alter-
nativas ao pacote. „Não podemos
permitir tudo o que desejamos se
quisermos definir o futuro“, assina-
lou. O vice-chanceler Guido Wes-
terwelle afirmou que o pacote é
ambicioso, amplo e sólido. „Nos úl-
timos anos nós também vivemos
acima das nossas possibilidades.“
A oposição e os sindicatos cri-
ticaram os planos do governo.
„Agora os trabalhadores, os refor-
mados e as famílias são chamados a
pagar a conta das negociatas dos
bancos“, disse Klaus Ernst, líder do
partido A Esquerda. O Partido
Verde declarou que o governo pre-
judica os mais fracos.
Governo alemão anuncia maior plano deausteridade do pós-GuerraO governo alemão definiu o maior pacote de redução de gastos públicos da história da República Federal da Alemanha. Até2014 deverão ser economizados cerca de 80 bilhões de euros, valor acima do inicialmente previsto.
Oposição, sindicatos e até
mesmo sectores dos partidos do
governo alemão fizeram duras crí-
ticas ao pacote de redução de des-
pesas públicas anunciado no
princípio do mês de Junho pela
chancelaria Angela Merkel e pelo
vice-chanceler Guido Westerwelle.
Na opinião dos críticos, os pla-
nos do governo poupam os secto-
res mais ricos da sociedade alemã
e prejudicam os mais pobres. A coa-
lizão da CDU (União Democrata
Cristã), CSU (União Social Cristã)
e do FDP (Partido Liberal Demo-
crático) quer economizar 80 bi-
lhões de euros até 2014, com
cortes principalmente em benefí-
cios sociais.
As medidas „são covardes, por-
que os causadores desta crise são
poupados e os necessitados, poda-
dos“, afirmou a secretária-geral do
SPD (Partido Social Democrata),
Andrea Nahles, à emissora SWR.
Ela disse que o partido – o maior
da oposição – não vai tolerar os
cortes que afectam gravemente o
mercado de trabalho. „Acho que o
FDP se impôs. Isso está claro. A as-
sinatura é de Guido Westerwelle,
mas a chancelaria chama-se Angela
Merkel, e ela é que tem a compe-
tência para traçar directrizes“, cri-
ticou Andrea Nahles.
Por seu turno, o presidente do
SPD, Sigmar Gabriel qualificou o
projecto de miserável e imaturo.
„Falando francamente: para os afor-
tunados e para a clientela do FDP,
mamã escolheu o programa ‘suave’
da máquina de lavar roupa“, afir-
mou, numa referência ao apelido de
Merkel no meio político.
O dirigente do Partido Verde
Cem Özdemir disse que sua ban-
cada tentará impedir a aprovação
de alguns dos cortes planejados.
„Onde for necessária a aprovação
do Bundesrat [câmara alta do Par-
lamento], faremos de tudo para im-
pedir que o governo obtenha
maioria“, declarou à emissora n-tv.
Alguns pontos do pacote necessi-
tam da aprovação das duas câmaras
do Parlamento.
Até mesmo a ala social da
CDU, partido de Merkel, criticou o
pacote. O vice-presidente da co-
missão de assuntos sociais do par-
tido, Christian Bäumler, disse à
agência de notícias DPA que é ina-
ceitável que o governo pare de
pagar a contribuição para a aposen-
tadoria dos beneficiários do pro-
grama Harz 4, destinado a
desempregados.
„Atingidos são aqueles que não
têm lobby e que menos podem se
defender.“ Lamentou ainda que o
governo não cobre mais dos ricos.
„Acho que isso se deve ao FDP“,
afirmou.
Críticas veementes também
partiram dos sindicatos. O presi-
dente da central sindical DGB, Mi-
chael Sommer, anunciou protestos
nas fábricas e grandes manifesta-
ções nas cidades. „A luta vai come-
çar” afirmou à emissora rbb.
„Prejudicados não foram os om-
bros fortes, mas os fracos“, criticou
Sommer em entrevista ao jornal
Rhein-Neckar-Zeitung.
Para o sindicalista, o FDP
impôs-se, evitando que os causado-
res da crise financeira fossem cha-
mados a pagar a conta.
Entretanto, o sindicatos dos
metalúrgicos IG Metall e o dos
prestadores de serviço Verdi anun-
ciaram manifestações .
O presidente do Verdi, Frank
Bsirske, disse à emissora de televi-
são ARD que o governo deu „pre-
sentes bilionários aos ricos
hoteleiros“ e tenta agora „recupe-
rar o dinheiro às custas dos empre-
gados do sector público e dos de-
sempregados“.
A crítica foi uma referência à
decisão de reduzir a quota do Im-
posto sobre Valor Agregado (IVA)
para os hotéis, tomada no início do
governo da coalizão entre conser-
vadores e liberais.
Agências DPA e Reuters
Pacote do governo alemão poupa ricos e castiga pobres, criticam políticos e sindicatos
Angela Merkel. Foto. Reuters
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 20104
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Questionados pela Agência
Lusa a propósito do Dia de Portu-
gal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas, que se celebrou no
passado 10 de Junho, os deputados
foram unânimes a dizer que a mais
recente vaga de emigração não é de
agora.
“Andamos a dizer que há uma
vaga de emigração há, pelo menos,
sete ou oito anos”, disse o depu-
tado do PSD por Fora da Europa
José Cesário.
Para o deputado social demo-
crata, “as diferenças têm a ver com
os níveis de formação” porque “sai
muita gente que já tem formação
académica”.
“Depois, há diferenças a nível
etário. Já não são só os jovens de 20
anos que saem. As mulheres tam-
bém emigram e começa a ver-se fa-
mílias que não hesitam em levar os
filhos”, acrescentou.
Quanto aos destinos, José Ce-
sário afirmou que os tradicionais
países europeus (França, Luxem-
burgo e Suíça) continuam a ser
muito procurados, a par de Espa-
nha, Reino Unido e Angola, que são
as novidades.
Contudo, alertou para a falta de
especialização dos novos emigran-
tes, afirmando que “perdem opor-
tunidades” no mercado de trabalho.
“Os nossos jovens não estão
preparados em áreas de especiali-
zação. Não são técnicos especialis-
tas de electricidade, serralharia,
mecânica. Perdem claramente
oportunidades no confronto com
outras pessoas particularmente do
centro e leste da Europa”, disse.
Por isso, os portugueses aca-
bam “por cair nas actividades em
que sempre caíram, que é a cons-
trução civil, a hotelaria e as limpe-
zas”, afirmou.
Por seu lado, o deputado do PS
pela Europa, Paulo Pisco, disse tam-
bém que “há uma grande circulação
não só de portugueses que vão tra-
balhar em diversos sectores - cons-
trução civil, hotelaria e agricultura
-, mas há movimentos também que
têm uma grande natureza sazonal”.
Paulo Pisco destacou ainda que
muitos “portugueses têm níveis de
escolaridade superiores” e vão
fazer investigação ou trabalhar para
multinacionais.
Quanto aos destinos, afirmou
que há sobretudo uma emigração
para a Europa embora haja países
como Angola, que está a ser muito
procurado”.
O deputado social democrata
por fora da Europa Carlos Páscoa
Gonçalves disse estarem a ocorrer
“casos pontuais” de quadros já for-
mados, “à procura de novas opor-
tunidades” em países como os
Estados Unidos, Brasil ou Índia.
O deputado destacou que,
entre os novos emigrantes, há “pes-
soas muito bem preparadas, que fi-
zeram cursos e graduações”.
Por seu lado, o deputado do
PSD pela Europa, Carlos Gonçalves,
disse que grande parte das pessoas
continuam a emigrar “por razões
económicas”.
A diferença é que há “pessoas
que têm alguma formação, algumas
têm até uma formação de grande
qualidade que, não encontrando
ofertas de trabalho e perspectivas
de carreira em Portugal, também
emigram”, afirmou.
Entre os novos destinos, o de-
putado destacou o Reino Unido
que “tinha até há uma dezena de
anos uma comunidade estimada em
80 mil” portugueses e actualmente
calcula-se que sejam entre 300 a
400 mil”.
Formação académica é grande diferença entrenovos emigrantes e os dos anos 1960A formação académica é a grande diferença entre os novosemigrantes e os que partiram nos anos 1960, segundo os de-putados pela Emigração, que apontam ainda Angola comoo novo destino dos portugueses no estrangeiro.
O Presidente da República, Aníbal
Cavaco Silva, apelou à união de todos
os portugueses “onde quer que se
encontrem”, voltando a elogiar o
exemplo “inspirador e mobilizador”
daqueles que vivem no estrangeiro.
“É hora de apelar à união de
todos os portugueses, onde quer que
se encontrem”, afirmou Cavaco Silva,
na tradicional mensagem às comuni-
dades portuguesas, por ocasião do
Dia de Portugal.
Voltando a apontar os portugue-
ses da diáspora e os luso-descenden-
tes como um “exemplo” ao mesmo
tempo “comovente, inspirador e mo-
bilizador”, Cavaco Silva lembrou a
forma como quem vive no estran-
geiro persiste em manter vivos os
laços que os ligam a Portugal e ao
mesmo tempo estabelece laços nos
países de acolhimento.
“Alegramo-nos com o prestígio
que aí alcançaram, prestigio que em
muito contribui para a afirmação de
Portugal no mundo”, notou, elogiando
ainda a forma como entre os portu-
gueses residentes no estrangeiro
“reina um espírito de clara solidarie-
dade” em relação aos mais atingidos
pela crise que afecta os países onde
trabalham.
“O vosso exemplo é inspirador e
mobilizador para os portugueses que
residem em território nacional. E, so-
bretudo, nos tempos de crise que vi-
vemos, também a acção da diáspora
pode dar um importante contributo
para que Portugal vença as dificulda-
des do presente e reencontre o ca-
minho de crescimento económico
sustentado e de melhoria das condi-
ções de vida dos cidadão”, acrescen-
tou.Pois, continuou, o contributo dos
emigrantes portugueses pode ser
uma “mais valia” e serão sempre
“bem vindos” se decidirem apostar
em Portugal, “investindo, criando ri-
queza, gerando emprego”.
Além disso, poderão também ser
um ponto de contacto para que as
empresas portuguesas aumentem as
exportações e para que mais estran-
geiros visitem Portugal.
“A chave da recuperação econó-
mica reside no aumento das exporta-
ções de bens e serviços. A partilha de
conhecimentos e informações entre
portugueses que vivem em território
nacional e aqueles que vivem e traba-
lham em outras partes do mundo é
da maior relevância para a realização
deste objectivo”, sustentou.
Por isso, reforçou o chefe de Es-
tado, é tempo dos portugueses se
unirem, para que as novas gerações
os recordem como pessoas que, nos
momentos decisivos, “não viraram a
cara e estiveram à altura do que a si-
tuação lhes exigia”.
Cavaco volta a apelar a união de todos os portugueses e elogia exemplo „inspirador“ dos emigrantes
O PSD apresentou na Assembleia
da República um projeto-lei para in-
cluir representantes das Comunida-
des Portuguesas no Conselho
Económico e Social, uma participa-
ção “fundamental para a internacio-
nalização” da economia portuguesa,
destacou o deputado Carlos Gon-
çalves.
Em declarações à Lusa, o depu-
tado do PSD pela Europa afirmou
que a integração de representantes
dos emigrantes portugueses no
Conselho Económico e Social pode
saldar-se “num contributo funda-
mental para a internacionalização
da economia portuguesa”, uma das
“grandes bandeiras do actual Go-
verno”.
Representantes que devem ser
“designados pelo Conselho Perma-
nente do Conselho das Comunida-
des Portuguesas”, o órgão
consultivo do Governo para as po-
líticas relativas à emigração e às co-
munidades portuguesas, precisou
Carlos Gonçalves.
O deputado social democrata
lembrou o “importante contributo”
que as remessas dos emigrantes
têm e sempre tiveram na economia
portuguesa e o facto de muitos
portugueses no estrangeiro serem
“um dos maiores investidores em
Portugal”.
De acordo com o deputado do
PSD pela Europa, esses investimen-
tos ajudam ao “desenvolvimento de
muitas zonas do interior” e tem
também um “peso bastante impor-
tante no turismo português”.
“Somos um país que só tem
razão de ser integrando todos os
portugueses. E essa integração, que
tem de ser feita a vários níveis, tem
também que integrar os portugue-
ses que vivem fora de Portugal”, sa-
lientou.
Torna-se “determinante reco-
nhecer-lhes um papel mais activo
no plano da cidadania e da partici-
pação política em Portugal”, defen-
deu, um objectivo que “passa
também por garantir a sua inclusão
no Conselho Económico e Social”,
onde os seus representantes
“podem dar contributos importan-
tes” para o desenvolvimento do
país.
“Somos um país espalhado pelo
mundo e seremos mais fortes, mais
competentes e mais capazes se in-
tegráramos as comunidades portu-
guesas no todo nacional”, advogou
o deputado, reiterando que muitos
emigrantes portugueses “alcança-
ram lugares de destaque” lá fora e
as suas opiniões “têm peso” nas de-
cisões que são tomadas no plano
nacional dos países onde residem.
“Temos portugueses no estran-
geiro que integram conselhos eco-
nómicos e sociais deste género nos
respectivos países, não nos parece
correcto que tal não acontecesse
em Portugal”, frisou.
O deputado do PSD pela Eu-
ropa mostrou-se confiante quanto
à aprovação do projecto lei.
“Acredito que todos os parti-
dos políticos, e, muito particular-
mente, o maior grupo parlamentar,
o PS, venha aprovar favoravelmente
esta inclusão. Seria estranho que
não o fizesse”, afirmou, instando os
partidos políticos a aprovarem o di-
ploma para o “bem dos portugue-
ses e de Portugal”.
De acordo com Carlos Gonçal-
ves, “na próxima sessão legislativa,
talvez até no seu início”, já seja pos-
sível concretizar a aprovação do
projecto-lei.
PSD apresentou projeto lei para incluir representantesdos emigrantes no Conselho Económico e Social
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 5
OpiniãoPaulo Pisco*
ortugal, a Língua Portuguesa
e o mundo são a nossa pá-
tria. Ao longo da nossa His-
tória fomos ganhando raízes
nos lugares mais inesperados
do planeta. E fomos deixando
as nossas marcas, dispersas por tan-
tos continentes. Levámos a aventura
na alma. A curiosidade. O espírito
científico. A fé. Muita fé: na religião,
nos Homens, na Humanidade.
Há um impulso irresistível que
nos leva a partir. E a estar bem onde
chegamos. O universalismo corre-nos
nas veias. A força de uma nação feita
na descoberta de novos povos e ter-
ritórios. A tolerância, a abertura, a ca-
pacidade de compreender os outros.
Uma humildade sem fim. Uma simpli-
cidade muito nossa, muito discreta. E
isto são qualidades, não defeitos. Os
portugueses sempre aceitaram mis-
turar-se sem preconceitos nem so-
branceria. E isto é profundamente
generoso e humano.
Camões, Eça, Pessoa, Saramago.
Portugal no esplendor da sua gran-
deza. Confesso o cansaço de ouvir
todos aqueles que insistem em só nos
ver em ponto pequeno. Em só ver
dramas e dificuldades. Não os com-
preendo. O derrotismo é um lugar
estranho. Dificuldades sempre houve
e sempre haverá. Mas é para isso que
cá estamos: para as enfrentar e resol-
ver. Mas se calhar este rezingar é o
sintoma de uma busca inconsciente
de uma certa forma de perfeição.
Um Portugal que teve futuro
desde o tempo de D. Afonso Henri-
ques e que terá futuro nos séculos
vindouros. Vemos o mundo em cada
português espalhado pelos continen-
tes. Portugal é toda esta nação que da
Europa ao Oriente, de África às Amé-
ricas foi construindo países ao longo
de muitas gerações e afirmando
aquela que é a sexta Língua mais fa-
lada. Somos uma das nações mais cos-
mopolitas, que mais culturas e
saberes foi integrando com a passa-
gem do tempo.
Não somos perfeitos. É verdade.
Mas nenhum povo é. Somos o que
somos e temos de nos aceitar assim.
Com orgulho e alegria. Sem comple-
xos. Quero ver Portugal assim. Pela
positiva, mesmo quando as crises nos
fustigam. Mesmo quando nos querem
desmoralizar. Os Velhos do Restelo
são vozes tristes e deslocadas no
Portugal moderno que hoje somos.
Acredito em nós e na nossa capaci-
dade para vencer. A longa História da
nossa emigração, inseparável da His-
tória de Portugal, é a história de um
povo vencedor. Um povo que sempre
deu o melhor de si próprio, tanto no
país como fora e que o continua a
fazer. Que deixou marcas na vida e
nos costumes que ainda hoje são re-
cordadas com afecto.
São um verdadeiro exemplo
todos os que um dia partiram para o
desconhecido e venceram, muitos
sem dinheiro nem escola. Um exem-
plo luminoso de coragem, determina-
ção, perseverança, sabedoria e
confiança. Portugal e todas as gera-
ções de Portugueses só podem ser
vistos assim. Como vencedores.
* Deputado do PS eleito pelas Comuni-dades
Portugal no esplendor da sua grandeza
PNão somos perfeitos. É verdade.Mas nenhum povo é. Somos o quesomos e temos de nos aceitarassim. Com orgulho e alegria. Semcomplexos. Quero ver Portugalassim. Pela positiva, mesmoquando as crises nos fustigam.Mesmo quando nos querem des-moralizar. Os Velhos do Restelo sãovozes tristes e deslocadas no Portu-gal moderno que hoje somos.
OpiniãoAntónio Justo
SITUAÇÃO NA ALEMANHA
dívida do estado Alemão é
de 1.716.987 milhões de
euros. Devido aos juros, a
dívida aumenta 4.481 € por
segundo. A cada um dos ci-
dadãos alemães corres-
ponde uma dívida de 21.003 €. E isto
num estado com uma economia
forte!...
O Estado não tem reserva. A
poupança do Estado não chega se-
quer para amortizar os juros.
Na Alemanha, até hoje só o chan-
celer Konrad Adenauer (1949-57)
conseguiu uma reserva de poupança
de 4.000 milhões €.
O endividamento da Alemanha
ainda merece um certo desconto. O
preço da União da Alemanha com as
transferências anuais de milhares de
milhões de euros da Alemanha oci-
dental para a Alemanha socialista (an-
tiga DDR) é horrendo. Além disso,
segundo as estatísticas, um terço do
que os alemães produzem, num ano,
são gastos com o estado social (assis-
tência à saúde, desemprego, etc.).
Na Alemanha o governo seguia a
regra de que as novas dívidas a fazer
de ano para ano não podiam ultrapas-
sar os investimentos que o Estado faz.
Tem orientado o endividamento ao
crescimento do PIB. Entretanto o Tri-
bunal Constitucional alemão exigiu
um travão para o endividamento.
Como consequência do travão das dí-
vidas imposto pela Constituição, os
Governos terão de cumprir o deter-
minado a partir de 2011, isto é, com
o tempo, terão de se safar sem recor-
rer a créditos. A Alemanha federal
terá de reduzir até 2016, as dívidas
novas, a um máximo de 0,35% do PIB.
A seguir-se a lógica da prática go-
vernativa, até agora, isto significarás
que, a longo prazo, os governos au-
mentarão os impostos para contraba-
lançarem o travão das dívidas. Em vez
disso seria necessário um Estado mais
magro e políticos menos gulosos!
Por outro lado a situação mun-
dial é mesmo má: a dívida externa
total no mundo é de 98% do PIB
mundial. Isto imprime, no comporta-
mento dos países, uma dinâmica de
endividamento e de inflação cres-
cente.
SITUAÇÃO EM PORTUGAL
A dívida pública do Estado portu-
guês cresce assustadoramente pas-
sando de 125,9 mil milhões € em
2009 para 142,9 mil milhões € em
2010 (isto é, para 85,4% do produto
interno bruto).
O endividamento privado da
economia portuguesa atingiu 115%
do PIB em 2009. As pessoas e empre-
sas privadas endividam-se perante os
bancos nacionais e os bancos nacio-
nais endividam-se perante os bancos
estrangeiros. As nações dos bancos
credores, como no caso da Alemanha,
vêem-se obrigadas a apoiar as nações
à beira da falência para que estas pos-
sam amortizar as dívidas dos seus
bancos e assim impedir que a insol-
vência destes atinjam os seus.
Quando as dívidas privadas e do Es-
tado se efectuam na circulação in-
terna do país, a situada não é muito
má; o problema surge no momento
em que as dívidas são contraídas no
estrangeiro. Neste caso vale a lógica
da economia privada. Por isso, a com-
paração entre países com dívidas ca-
rece de objectividade linear e conduz
ao erro. As dívidas do Estado repri-
mem os investimentos privados.
Segundo se pode verificar no dia-
grama do NY Times ( http://www.ny-
times.com/interactive/2010/05/02/we
ekinreview/02marsh.html ) os em-
préstimos/dividas são maioritaria-
mente intra-europeus. O mal está
para os países que têm de recorrer a
crédito internacional. Para a EU
(União Europeia) o problema não é
grande porque o proveito fica nela
(nos países credores).
No que respeita ao PIB per ca-
pita com poder de compra, como re-
fere o DN, numa escala dos países, a
média europeia situa-se no índice
100; o Luxemburgo atinge o índice
268, a Alemanha 116, a Grécia 95,
Portugal 78 e em situação pior que
Portugal temos apenas os 8 países eu-
ropeus do antigo bloco socialista.
Privadamente os portugueses
encontram-se super-endividados tal
como o Estado. Os portugueses têm
investido em produtos consumistas e
o Estado tem seguido uma política
aleatória de investimentos em projec-
tos de prestígio não produtivos. As
políticas em curso são insuficientes e
contra-produtivas porque sobrecar-
regam o consumidor e as pequenas e
médias empresas. Portugal perma-
nece incorrigível e os governos são ir-
responsáveis e não têm competência
para governar um país que apesar da
sua posição marginal tem grandes po-
tencialidades que continuarão a ser
desaproveitadas.
Na Europa, os impostos directos
e indirectos são de tal ordem eleva-
dos que, feitas bem as contas, 75% do
que uma pessoa ganha fica para o Es-
tado.
De ano para ano os Governos
recorrem a empréstimos servindo-se
deles para descontar parte dos juros
dos créditos anteriores. A montanha
das dívidas cresce continuamente
sem haver amortização mesmo nos
anos das vacas gordas. Combate-se a
crise das dívidas com novas dívidas. Já
ninguém conta com a possibilidade de
as pagar. Um princípio financeiro diz
que as dívidas de hoje são os impos-
tos de amanhã. O Estado financia-se
através de impostos e de dívidas. O
endividamento adia a carga para o fu-
turo devido aos juros e amortizações
a saldar.
Em cada orçamento de família as
despesas não devem superar as en-
tradas. Os governos contam com a fa-
lência fazendo valer uma política
partidária apenas interessada em
adiar a catástrofe! Para dançarinos do
poder o stress da dívida conduz a ir-
racionalidades mas não a insónias.
Uma dona de casa que se com-
portasse no governo da casa como os
governos se comportam com o orça-
mento do Estado, já há muito estaria
sujeita ao escárnio dos vizinhos, não
teria fiadores e encontrar-se-ia em
apuros com a justiça. Os políticos ex-
ploram o estado como se este fosse
rico; permitem-se mordomias, carros
de serviço de luxo, funções acessórias
em conselhos ficais de bancos, de em-
presas, contribuindo assim para a cor-
rupção das instituições.
Não se preocupam com o futuro
dos outros, com o futuro da civiliza-
ção. A bancarrota e a guerra são as
soluções conhecidas do passado. As
elites não se preocupam porque
sabem que as falências e a guerra são
pagas pelos trabalhadores e pelos sol-
dados rasos. Os que provocam as in-
solvências safam-se a tempo!
O Estado e os seus políticos são
esbanjadores vivendo em conivência
com os poderosos. Apesar do mo-
mento crucial em que nos encontra-
mos dão-se, descaradamente, ao luxo
de aumentar os seus ordenados! Pou-
pam naqueles que não se podem de-
fender. Com o tempo não restará ao
povo outra opção senão sair para a
rua em defesa da justiça e da demo-
cracia. Infelizmente a lei da vida pa-
rece dar razão aos que fazem uso da
violência e da exploração. O Governo
português dá o exemplo. Vive da po-
lémica gerando polémica confinando-
se a legislação polémica, muitas vezes
de carácter ideológico e orientada à
cimentação dum espírito de pobreza
em que alguns boçais autoritários
orientam o destino dum povo obri-
gado ao fado de sonhar e a emigrar!
O preço da falência dos bancos
foi a credibilidade da política, o preço
da crise dos estados será a democra-
cia.
A praga da divída pública ameaça os Estados
AUma Comparação entre a Alemanha e Portugal
6 PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010Comunidade - Alemanha
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“O Curso de LCP – Essen é cons-tituído por cerca de 30 alunos comidades compreendidas entre os 6 eos 17 anos, distribuídos pelo 1º e10º ano de escolaridade do ensinoregular alemão. São maioritaria-mente portugueses, mas tambémexistem brasileiros e angolanos. Fre-quentam as aulas de LCP uma vezpor semana, aprendem a LínguaPortuguesa e um pouco de Culturae de História, tanto de Portugal,como dos restantes países lusófonos,especialmente do Brasil e de Angola,uma vez que a interacção entre elespróprios lhes permite essa possibili-dade”, explica Mónia Miranda Gib-
son, professora do curso.
A ideia do INTERCÂMBIO
surgiu durante uma aula do grupo
dos mais velhos, numa conversa
sobre o que seria igual ou dife-
rente na sua vida, comparando-a
com a de crianças que vivem em
Portugal ou em outros lugares do
mundo. Realizar uma viagem a um
país onde a comunidade portu-
guesa estivesse presente, foi a pri-
meira ideia que surgiu: “Tinha queser uma viagem relacionada com aescola, com Portugal e organizadapor nós. Um intercâmbio! Sugerimosnós, imediatamente. Começámoslogo a trabalhar para que este pro-jecto se realizasse” (João, 15).
O objectivo do PI é conhecer
e interagir com outras crianças
portuguesas, luso-descendentes e
lusófonas, que morem em outros
países e partilhem interesses se-
melhantes. O INTERCÂMBIO
pode acontecer em viagens e vi-
sitas mútuas e, também, no con-
tacto contínuo facilitado pelos
meios de comunicação actuais.
“Eu gosto de participar no PIporque posso dar as minhas ideias”(Valentin, 11); “O interessante é nóstrabalharmos todos juntos para con-seguir alguma coisa” (Tobias, 12);
“Gosto muito da ideia de irmos a umpaís conhecer alunos que tambémtêm aulas de Português” (Tamara J.,
13); “Eu gosto do PI porque nós fa-zemos coisas diferentes” (Lara, 11);
“Eu gosto de ir às aulas de Portu-guês porque nós não só aprendemosa língua e cultura portuguesas mastambém fazemos projectos como oPI” (Tamara T., 12); “É uma ideiaóptima porque há muitas criançasque são portuguesas e não conhe-cem o país materno” (João, 15);
“Acho importante e interessante nóssabermos como é que crianças danossa idade vivem em outros paí-ses” (Rebecca, 15).
Para a antropóloga Ângela
Nunes, “o horário reduzido do cursode LCP condiciona o aproveitamentoda riqueza cultural e social presenteneste grupo. O PI expande essa pos-sibilidade, trazendo a estas criançasoportunidades de convívio que vãodo extra-escolar local ao global, mo-tivado pelo interesse de darem a co-nhecer a sua vivência transnacionale conhecer a de outros. Isto reforçaa auto-estima e o orgulho da suapertença linguística e cultural, e con-vida-as a um novo olhar sobre simesmas, suas raízes e seu futuro, im-primindo dinamismo e criatividade àvivência da sua diáspora”.
Para angariar fundos os parti-
cipantes fazem rifas, vendem
bolos e café em eventos, organi-
zaram uma tarde de cinema no 25
de Abril, têm pedido donativos
nas festas do Centro Português e
organizaram um Portfólio para
enviar a potenciais financiadores.
O PI tem um blogue com infor-
mações sobre os participantes, o
dia a dia do projecto e as suas vá-
rias iniciativas, fotografias, e onde
é possível comunicar com o
grupo!
Essen Projecto Intercâmbio põe crianças a dialogar em português
O Projecto Intercâmbio (PI) foi idealizado porcrianças que frequentam o curso de Línguae Cultura Portuguesas (LCP) em Essen, NRW,está a ser desenvolvido em parceria com oprojecto de investigação em antropologia‘Crianças na Diáspora Portuguesa’ e com oapoio do Centro Recreativo Desportivo Por-tuguês de Essen e.V..
O próximo evento é umamigável concurso dedança, dia 10 de Julho, às19:00, no Centro Re-creativo DesportivoPortuguês de Essen. Ve-nham divertir-se! O PIagradece pela presençae apoio de todos!
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 7Comunidade - Alemanha
Emigração para a Alemanha está a mudar, com a chegada de muitos licenciados
Tal como os seus compatriotas
que começaram a emigrar para a
Alemanha nos anos sessenta, para
voltar a pôr de pé uma indústria ar-
rasada pela guerra, a saída de Por-
tugal dos novos emigrantes foi
também motivada pela falta de
perspectivas de um emprego com-
patível em Portugal, que retarda
também eventuais planos de re-
gresso à pátria.
“Penso que dificilmente regres-
sarei a Portugal, apesar de o meu
pensamento estar lá todos os dias”,
diz Manuel Faria, que chegou à Ale-
manha em 1976, começou a traba-
lhar numa expedição, e acabou por
se tornar comerciante.
“Aquilo que se vê de Portugal
não é nada animador, e tenho mais
garantias sociais na Alemanha, o que
me faz ter receio de regressar um
dia”, diz o emigrante de 58 anos, na-
tural de Barcelos.
Luís Batalha, formado em antro-
pologia social, a trabalhar no Museu
das Comunicações de Berlim, ainda
não tem 10 anos de Alemanha, mas
partilha algumas das preocupações
do seu compatriota.
Este emigrante sublinha que o
país de origem vai ter de esperar
por ele “nos próximos anos”, e que
as condições que a Alemanha lhe
oferece “não são comparáveis às
que existem em Portugal”, quer
quanto à progressão na carreira,
quer quanto às recompensas finan-
ceiras.
E dá um exemplo elucidativo,
um jovem como ele, que termina o
curso universitário e começa a tra-
balhar num museu de Berlim, ganha,
logo de entrada, o mesmo que um
director de departamento de um
museu em Portugal.
André Isidro, 29 anos e licen-
ciado em Estudos Europeus, prefere
sublinhar as perspectivas profissio-
nais que encontrou em Berlim,
onde implementa projectos para
uma grande multinacional da área
das comunicações integradas.
A facilidade em arranjar em-
prego em Berlim surpreendeu-o, e
embora soubesse que era mais fácil
do que em Lisboa, um mês depois
de estar na capital alemã já tinha ini-
ciado um estágio na empresa onde
está, que mais tarde lhe ofereceu
um contrato fixo.
“Entretanto, tenho vários cole-
gas de curso que também vieram
para Berlim, e outros conhecidos
com cursos universitários que já
encontrei aqui, vieram à procura de
uma perspectiva de trabalho e de
uma vida diferente, e têm-se saído
bem”, sublinha André.
Carlos Faísca, 65 anos, tem uma
história bem diferente: saiu de Por-
tugal nos anos sessenta, para não
ter de fazer o serviço militar e ir
para a Guerra nas Colónias, e co-
meçou por ter uma vida bem dura
no país de acolhimento.
“Comecei por trabalhar numa
fábrica de chumbo, em Hamburgo,
estive lá um ano e meio, e depois fui
para a marinha mercante alemã, fui
marinheiro durante muitos anos,
até me estabelecer com um restau-
rante na Alemanha”, conta o refor-
mado, entretanto a viver em Loulé,
sua terra natal.
Mas agora viaja frequentemente
entre Portugal e a Alemanha, por-
que os dois filhos ficaram a viver no
país onde nasceram, lamenta este
emigrante da primeira geração. FA
O paradigma da emigraçãoportuguesa para a Alema-
nha está a mudar, com achegada nos últimos anos, ametrópoles como Berlim ou
Munique, de muitos licen-ciados de diversas áreas,
atraídos por um mercadode trabalho mais
compensador.
Berlim é uma cidade preferida pelos “novos” emigrantes licenciados
“Estamos muito contentes por
em breve termos novas instala-
ções”, diz-nos, Manuel Lisboa, o
porta voz da Associação Portu-
guesa em Solingen, cidade alemã
conhecida pela sua indústria de
cutelaria.
Prevista para o próximo mês
de Setembro, a mudança vai re-
querer dos sócios da Associação
uma esforço suplementar. Empa-
cotar, carregar caixotes escada-
acima-escada-abaixo do segundo
andar das actuais instalações
para as novas situadas no Süd-
park (Parque Sul), mais concreta-
mente para o edifício da
“Lebenshilfe”.
“Estaremos, finalmente, em
condições dignas para receber
Associação Portuguesa em Solingen vai ter nova vida em novas instalações
todas as pessoas, inclusivamente,
visitantes com deficiência já que
há um elevador para tornar o
acesso mais simples”, disse Ma-
nuel Lisboa a um jornal local.
A Associação Portuguesa em
Solingen já há muito que ultra-
passou as fronteiras das suas ori-
gens. Hoje, aos fins-de semana é
difícil encontrar lugar nas mesas
ocupadas não apenas por famílias
lusas como ainda por forasteiros
de outras nacionalidade.
Fundada nos idos de 1975 e,
actualmente, com 78 sócios,
sendo alguns deles alemães, a As-
sociação muda porque “quer
contribuir para a sua própria in-
tegração na sociedade que nos
acolhe”, refere Manuel Lisboa
Manuel Lisboa, à dir., em conversa com dois dos directores da Associação
Após a mudança operada na di-
recção da VPU, devido à morte do
seu fundador, Duarte Branco, em
2007, esta associação empresarial
está a estudar as hipóteses de se
transformar na câmara de comér-
cio luso-alemã na Alemanha, reve-
lou ainda Ries.
Trata-se no entanto, de „um
processo que ainda está em fase de
arranque“, e para o qual será neces-
sário granjear o apoio do Governo
português, e da opinião pública
alemã, sublinhou o presidente da
VPU.
Para já, a VPU decidiu, em coo-
peração com o AICEP, relançar as
suas actividades, que têm estado
praticamente paradas, nos últimos
anos, e promover, na nova sede -
após a mudança de Bona para
Frankfurt, no ano passado -, um se-
minário sobre o papel das empresas
portuguesas na Alemanha.
O encontro, que decorreu no
passado dia 8 de Junho, em Frank-
furt, contou com a presença de re-
presentantes de cerca de 30
empresas portuguesas e alemãs, e
abriu com uma saudação da Embai-
xada de Portugal.
Seguiu-se uma descrição das
actividades do AICEP, da Sonae
Sierra e da Caixa Geral de Depósi-
tos na Alemanha, a cargo dos seus
principais responsáveis.
A encerrar os trabalhos, o pre-
sidente da VPU moderou uma mesa
redonda intitulada „Com Os Pés na
Terra“, com a participação de pro-
fissionais liberais e representantes
de pequenas empresas lusas sedea-
das na Alemanha.
A Associação dos EmpresáriosPortugueses na Alemanha
(VPU) está „à procura de umapresença mais forte“ na
Alemanha, que passa por mudanças estruturais e pela
redefinição de objectivos,disse o presidente,
Simeon Ries.
Empresários portugueses querem associacão mais fortena Alemanha
Aspecto de Frankfurt/Main, cidade onde a VPU se sediou
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 20108 Comunidade - Alemanha
Com os seus 72 anos, o nosso que-
rido e carismático Padre Jorge
Gouveia já é mais do que um Padre:
é amigo, psicólogo e um homem de
boa vontade .
É um amigo que dá todos os
dias um pouco de si a tantos quan-
tos o conhecem, principalmente
aos membros seus conterrâneos
desta comunidade de Groß-Ums-
tadt.
A pedido dos idosos da sua al-
deia, Freixo da Serra , construiu um
lar para acolher os mesmos, e
deste modo evitar-se o abandono,
o sofrimento, a dor, a solidão a que
tantos infelizmente estão sujeitos.
E após 15 anos de duro traba-
lho, peregrinando por este mundo
para tornar real este sonho dos
idosos, que são a sua prioridade.
Com poucos recursos, e após
muito trabalho de secretaria conse-
guiu algum apoio estatal, juntou
mais de meio milhão de euros de
“esmolas” em prol da terceira
idade. Mesmo assim ainda não se
sente cansado na sua missão de aju-
dar quem precisa.
Antes, sente-se animado para
que a sua obra cresça sempre cada
vez mais.
E, dar e dar-se é a sua missão
neste mundo, senão veja-se:
- Ultimamente ofereceu ao lar “ Sra
do Ó”
- Dez televisões para os quartos
dos utentes deste lar
- Uma moderna vedação com por-
tões automáticos
- Seis bancos de granito serrano
para o jardim, com estofos, criados
pelo mesmo doador, referentes a
terceira idade.
- Painéis de energia solar
- Estantes para a biblioteca do lar
que ele mesmo fundou.
Quem mora em Groß-Ums-
tadt, e se levanta cedo, pode ver o
Padre Jorge vagueando pelas ruas,
pois começa o dia pela costumeira
visita ao Hospital, informando-se se
encontra algum português ali inter-
nado, para poder então ir visitá-lo
e dar-lhe um pouco da sua compa-
nhia e e conforto durante as horas
de dor.
Frequenta também todos os
clubes e cafés portugueses onde se
mistura com os seus manos seme-
lhantes, para poder sempre se intei-
rar do modo como por cá o nosso
povo vive. Senta-se ao balcão onde
conversa com este e com aquele.
Depois percorre as mesas, senta-
se junto de alguém e, por fim,
senta-se só numa mesa, onde não
raramente as pessoas as pessoas se
juntam a ele.
Muitos de atingimos a terceira
idade sem condições materiais para
um resto de vida digno. Por isso, é
bom que se agradeça já, hoje e
agora, ao homem que construiu
uma residência, que acolheu de
imediato, após a sua conclusão, 24
idosos.
Não se deve esquecer que o lar
oferece boas condições para os
idosos que são portadores de defi-
ciências motores, estando os quar-
tos equipados com televisão e
telefone.
O padre Jorge gostaria muito
de aumentar o lar , e criar ainda um
outro lar para acolhimento de
crianças deficientes, mas dinheiro
não há e os proprietários dos ter-
renos pedem quantias exuberan-
tes...
Zulmira QueirozCorrespondente
Groß-Umstadt Padre Jorge Gouveia,solidário e amigo de todos
A equipa principal do FC do Porto desloca-se à cidade de Münster para
disputar um jogo amigável com o SC Preußen 06 e.V. Münster , equipa que
milita na terceira divisão alemã, concretamente na Regional Liga.
O Jogo serve também de treino à equipa alemã que ficou em sexto ligar
na classificação da terceira divisão.
O Jogo tem início às 15h00 do dia 11 de Julho. Ainda que jogo-treino, será
a estreia do novo treinador do FC Porto, André Villas-Boas.
Sem contar com algumas peças fundamentais da sua equipa devido ao Mun-
diaL 2010, o FC do Porto desloca-se à Alemanha a convite da equipa alemã.
O jogo será realizado no estádio do SC Preußen 06 e.V. Münster na Ham-
merstr.
Jogo amigávelFC do Porto vem a Münster para defrontar a equipa local
Teve lugar a 27 de Maio passado no
Consulado de Frankfurt a entrega
simbólica da bolsa de estudo ofere-
cida pela Caixa Geral de Depósitos
a Stefanie Alves Monteiro. Stefanie
foi a 2° melhor classificada e fre-
quenta a Universidade de Mainz.
Gostaria de ser professora de quí-
mica e de francês.
Esta bolsa, denominada Bolsa
Caixa Geral de Depósitos, é uma
das 6 atribuídas em 2009 no âmbito
do programa de bolsas de estudo
organizado pela Embaixada de Por-
tugal na Alemanha, tendo as cinco
restantes bolsas sido oferecidas
pela Direcção Geral de Assuntos
Consulares e das Comunidades
Portuguesas. Este programa, ini-
ciado em 2005, visa promover a va-
lorização da comunidade
portuguesa na Alemanha, e conta
com a participação da Caixa pela
terceira vez. Já em 2010 a CGD
ofereceu 10 leitores de CDs no
âmbito de iniciativa do Serviço de
Apoio Regional do Ensino de Estu-
garda.
Para além de apoios a várias
iniciativas locais da comunidade
portuguesa na Alemanha por oca-
sião do 10 de Junho, a Caixa Geral
de Depósitos apoiou as celebra-
ções do 10 de Junho organizadas
pelos Consulados de Stuttgart e de
Hamburgo.
Caixa Geral de Depósitos apoia estudantes e celebrações do 10 de Junho
Largas dezenas de benfiquistas da
comunidade portuguesa de
Stuttgart celebraram, no passado
dia 5 de Maio, nas boas instala-
ções da Associação Desportiva
Velhas Glórias, que fez 38 anos
de existência recentemente, o
triunfo do Sport Lisboa e Benfica
como Campeão Nacional
2010/2011 .O jantar efusivo e de
grande confraternização clubista,
foi liderado pelos mais velhos e
prestigiados benfiquistas lusos da
cidade-capital do Estado do
Baden-Würtemberg,, Manuel
Gomes e Jorge Madeira. Todos
esperam para o ano repetir o
grande evento, como é prover-
bial.
FAR
Benfiquistas de Stuttgart em festa! Desde o passado dia 30 de Junho
que RTP internacional deixou de
pertencer ao pacote do satélite
Astra.
A notícia chegou-nos através de
inúmeros leitores preocupados com
e surpreendidos com o aviso que
Astra fazia em nota de rodapé du-
rante a transmissão da RTPi.
Sobre a decisão do Astra, a RTP in-
formou o PORTUGAL POST “não
ter nada a ver com a decisão da em-
presa gestora do satélite”. Um ele-
mento das relações públicas do
canal português informou que “não
há qualquer alteração à emissão da
RTPi via satélite. A Astra decidiu re-
tirar a RTP do seu pacote de oferta,
no entanto continuamos como sem-
pre a emitir para a Europa com os
seguintes parâmetros de recepção
HOTBIRD 8 – (Banda Ku, Digital)
Cobertura: Europa
Posição Orbital: 13º Este
Transponder: 111
Frequência: 10 723MHz
Polarização: Horizontal
FEC: ?
Symbol Rate: 29,900 MS/s
PID Vídeo: 1003
PID Áudio: 1203
PID Teletexto: 1103
Emissão Rádio:
PID RDPi (estéreo): 1230
PID Antena 1 (mono): 1235
Astra deixa de emitir a RTPI
Abílio Ferreira, vice - cônsul de Portugal em Frankfurt, a premiada Stefanie Monteiro e Carlos Pereira, delegadoda CGD em Estugarda.
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 Comunidade - Alemanha 9
GENTEALFREDO CARDOSO merece aqui um destaque eum louvar pelos 25 anos de carreira enquanto árbitro de fu-tebol federado na Fussball – und Leichtathletik-VerbandWestfalen e. V..O único árbitro português na Alemanha a dirigir jogos ofi-ciais, Alfredo Cardoso acumula o prestigio de ter sido sempreexemplar. Ao PP disse, que nunca, nos seus 25 anos de ár-bitro, teve um problema sequer, nem pelo facto de serestrangeiro a dirigir equipas jogos entre equipas alemãs.A sua carreira valeu-lhe um louvor da federação onde estavafederado.Hoje, Alfredo Cardoso é um homem que dedica o seu tempode forma altruísta dedicando-o às pessoas e à comunidade. É membro do Conselho Mundial das Comunidades Portu-guesas e é nesta função que semana a semana visita as co-lectividades lusas da sua área para incentivar os seusdirigentes na senda difícil do associativismo.O PORTUGAL POST teve-o sempre como um amigo e um co-laborador da primeira hora. São dele muitas informaçõesda comunidade lusa da área de Münster que serviram paradivulgar as suas actividades no nosso jornal
Para acompanhar Tatjana Pinto no
seu passo longo, rasgado e veloz
tem de se ter o que ela tem: es-
tofo de campeão.
Segundo os entendidos em
atletismo, a jovem luso descen-
dente residente em Münster
reúne aos seus 17 anos todas as
condições para se tornar tornar
numa grande atleta na Alemanha.
Veloz, tão veloz com o vento,
Tatjana tem o melhor tempo na
categoria dos 100 metros com
11, 46 s. Quer dizer: o melhor
tempo de todos as atletas junio-
res A da Alemanha.
O que espanta os especialistas
desta modalidade é que a jovem
Tatjana tem, também, o terceiro
melhor tempo das atletas senio-
res da Alemanha, conseguido
numa prova em que participou
com as suas concorrentes senio-
res.
Os especialistas dizem que ela
pertence à nova geração de gran-
des atletas da Alemanha. A velo-
cista foi para já seleccionada para
representar a Alemanha (tem, na-
turalmente, a dupla nacionalidade)
no próximo campeonato do
mundo de atletismo a realizar, du-
rante este mês, no Canadá.
Para além de dois treinadores
que tem à sua volta no clube que
a acolheu, o LG Ratio, em Müns-
ter, Tatjana também é acarinhada
pelo maratonista português resi-
dente na mesma cidade, António
Henrique, que tem impulsionado
e apoiado a carreira da atleta lusa.
Ao que pudemos apurar, foi Antó-
nio Henrique que chamou aten-
ção para o talento de Tatjana
Pinto.Depois disto, o membro do
Conselho das Comunidades Por-
tuguesas, Alfredo Cardoso, teve a
ideia de sugerir a jovem para se
candidatar aos “Prémios Talento”
instituído pela Secretaria de Es-
tado das Comunidades Portugue-
sas, o qual visa reconhecer o
mérito dos portugueses e luso-
descendentes residentes no es-
trangeiro, que se destacaram nos
domínios das artes do espectá-
culo ou visuais, associativismo,
ciência, comunicação social, des-
porto, divulgação da língua portu-
guesa, empresarial, humanidades,
literatura, política e profissões li-
berais.
A candidatura de Tatjana foi
apresentada via vice-consulado
em Osnabrück e os seus propo-
nentes estão muito optimistas
com os argumentos que a candi-
datura apresenta.
Ainda durante este mês, a Se-
cretaria de Estado divulgará a lista
dos seleccionados a candidatos
Jovem atleta luso descendente é uma “Jóia” do atletismo alemão
Tatjana recebe visita de vice-cônsul em Osnabrück , Manuel Silva.Na foto: Alfredo Cardoso, Conselheiro das Comunidades, Tatjana Pinto, Ma-nuel Silva e Henrique Monteiro entre treinadores e membro da direcção doclube a que Tatjana pertence
A sensação de sentir o vento a bater
no rosto, montado numa moto, é um
prazer que não se apaga com a idade,
confirma um dos veteranos do grupo
motards Moto-Tugas, o Alentejano
Luís Alabassa com sessenta e quatro
anos de idade que, desde jovem, des-
cobriu este prazer e nunca necessi-
tou de espada para cortar o vento.
Os amantes das motas e da liber-
dade que elas proporcionam ao des-
lizar pelo asfalto e na conquista de
curvas têm seguidores em todo
mundo e em todas as faixas etárias.
O mesmo se nota há algum
tempo no seio da comunidade portu-
guesa, onde curiosamente está a sur-
gir uma nova forma associativa, os
chamados Clubes de Motards.
Entre alguns já organizados na
Alemanha, destacamos nesta edição
o Clube Moto-Tugas de Dortmund,
fundado em 2006 e que conta ac-
tualmente com três dezenas de só-
cios residentes em diversas cidades,
O Clube não tem sede própria,
organiza encontros e reuniões com
os sócios nas mais diversas localida-
des, como Associações, cafés ou res-
taurantes. Os encontros são a nível
de cidades, evitando assim a desloca-
ção de todos os sócios para um só
local, em cada cidade há um respon-
sável que comunica por meios elec-
trónicos com a Direcção.
Um dos principais cuidados dos
fundadores deste Clube foi o de dei-
xar a porta aberta a todos que quei-
ram ser sócios, independente da
nacionalidade cor ou religião
Por ocasião do 36° Aniversário
do C.P. Unidos a Gelsenkirchen, num
almoço de confraternização, o PP
Falou com o actual presidente do
Clube Moto-Tugas, Artur Regalado,
natural de Aveiro e residente em
Meschede.
PP - O que que levou a criar osMoto-Tugas?Artur Regalado - em 2006, por al-
tura do Mundial, organizou-se um
corso de acompanhamento da Selec-
ção Portuguesa do aeroporto de
Münster até ao Hotel onde a selec-
ção ficou instalada. A partir daí nasceu
a ideia de formar o Clube.
PP - Como surgiu o nome doclube e a ideia e o distintivo?A.R. – Foi fácil e unânime: Moto é
claro e Tugas que provém de Portu-
gas.
PP - Como se financiam?A.R. - Os sócios pagam uma cota
mensal e temos um ou outro patro-
cinador.
PP -A propósito, nos vossos car-tazes e no vosso Site encontra-se uma Agência Funerária comopatrocinador, isto não é um bo-cado macabro?AR- penso que não, o próprio Ge-
rente é sócio activo no clube.
PP - Tiveram algumas dificulda-
des em organizar o Clube?A.R. - Pelo contrário, até tivemos al-
gumas ajudas.
PP- Refiro-me às dificuldadescom algum dos dois grandesClubes de Motards que domi-nam a cena Motard na Alema-nha?A.R. - Em principio não. A única coisa
que nos aconselharam foi não ter
como distintivo a bandeira alemã ou
nome alemão nos nossos coletes.
PP - Mantêm contacto comalgum deles?A.R.- Não, nós somos um grupo pa-
cífico que só queremos desfrutar do
nosso tempo livre.
PP- Quantas nacionalidadesfazem parte do Clube ?A.R.- Por enquanto só duas, portu-
guesa e alemã
PP - Qual a cidade com mais só-cios ?A.R. - Meschede é a cidade com
mais sócios, seguida de Gelsenkirchen
PP - Qual a marca de Motosmais presente no Clube?A.R. - Honda, sem dúvida
PP - E a mais potente? A.R- Uma Kawasaki ZZR 1400
PP - Quantos quilómetros. percor-
rem durante o ano?
A.R. - O ano passado percorremos á
volta de seis mil .
PP - Vão participar na famosaconcentração em Portugal, noAlgarve?A.R. - Alguns de nós vão estar pre-
sentes, como já aconteceu noutros
anos.
PP - Quais são os vossos objecti-vos para o futuro?A.R.- Criar uma sede própria e an-
gariar mais sócios
PP - Quais os próximos eventosplaneados?A.R. - Em Setembro, um passeio à
Suiça
PP - Quer deixar uma mensa-gem aos leitores do PP amantesdo ruído das motos?A.R. - Claro que sim, visitem ou
acompanhem uma das nossas saídas
ou eventos e venham comprovar a
amizade que existe entre os nossos
associados, além disso visite a nossa
mpágina na Net em www.moto-
tugas.de
Antonio HortaCorrespondente Gelsenkirchen
Moto-Tugas à conquistadas curvas
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 201010 Despedida
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O rapazinho ribatejano, nascido
em 1922, levado pelos pais, em
busca de melhor vida, para a ca-
pital , onde viveram em quartos
alugados e onde ele cursou a es-
cola comercial por não haver di-
nheiro para pagar o liceu, onde
aprendeu e seguiu o ofício de
serralheiro para depois, num
árduo caminho, ir subindo até
chegar a responsável de produ-
ção da editora Estúdios Cor e
aprendendo nas letras e na vida
até se tornar escritor, sim, esse
homem que herdara do pai uma
alcunha com nome de planta e
dos avós o respeito por todo o
ser vivo, chegara ao fim dos seus
dias.
Nesse mesmo serão, por
acaso, eu tinha sido convidada a
fazer uma palestra sobre Lisboa
literária, com leituras de poemas
e extractos de narrativas. O pú-
blico alemão já sabia da morte
do escritor e eu dediquei-lhe
aquela hora literária. Uns dias
antes já eu escolhera uma curta
passagem do seu romance „His-
tória do Cerco de Lisboa“ de
1989. O protagonista vai rees-
crever a história desse cerco
dos cristãos aos mouros, corri-
gindo-a e assim dando espaço
àqueles que não entram nunca
nos compêndios de história e
não são nomeados nem em dis-
cursos oficiais nem em lápides,
porque são os derrotados e a
humanidade só arquiva as vitó-
rias e os nomes dos vitoriosos.
Também „Todos os Nomes“ de
1997 se centra sobre um ar-
quivo que reduz vidas humanas
a números e documentos, mas
que a ficção tem o poder de rea-
nimar. Ao dar aos sem-nome
existências de papel, Saramago
recupera vidas e histórias anóni-
mas e reinventa a História. Sara-
mago contou que foi em Lavre,
ao viver alguns meses com a po-
pulação alentejana, que se des-
cobriu inteiramente e profunda-
mente como escritor e se deci-
diu a sê-lo exclusivamente;
aquele povo levou-o a reconhe-
cer que a História da humani-
dade é composta das histórias
da „arraia-miúda“ que têm sido
sempre sonegadas e ficaram por
narrar. Elas deverão ser revela-
das e postas a nu pelo escritor.
Por isso no „Memorial do Con-
vento“ de 1982 a longa passa-
gem do carregamento da pedra
gigante, que constituirá a va-
randa, desde Pêro Pinheiro até
Mafra, incide o foco não sobre o
rei que mandou, pela sua von-
tade e força, construir o con-
vento, mas sobre aqueles que o
construíram mesmo, que foram
explorados, escravizados e en-
contraram a morte para o fazer.
As ficções de Saramago cru-
zam espaços e tempos, inventam
situações estranhas como toda
uma cidade que cega ou a penín-
sula ibérica que se desliga da Eu-
ropa ou a decisão da morte em
não agir. O narrador de Sara-
mago conduz-nos pelos mean-
dros e labirintos das histórias e
vai opinando, pesando as pala-
vras, comentando os aconteci-
mentos, num jogo de espelhos
que enreda o leitor e o encanta.
O penúltimo livro, de 2008,
conta a viagem do elefante Salo-
mão que o rei português D.João
III resolve oferecer ao seu primo
Maximiliano em Viena: o pobre
do elefante atravessa meia Eu-
ropa. Um romance em que no-
tamos a quase ingénua alegria de
efabular do escritor, ao fim de
uma longa vida de empenho so-
cial e político: Saramago narra-
nos, pelo prazer de narrar, os
trâmites dessa viagem insólita,
metáfora, quem sabe, da viagem
da própria vida, também ela for-
çada e insólita.
José Saramago também foi
poeta, deixo-vos pois esta qua-
dra, muito pessoanamente „ao
gosto popular“:
Uma pequena quadra de
„Provavelmente Alegria“ de
1970, num tempo em que a es-
crita ainda não o tinha tomado
por completo. Os deuses ou o
deus em que ele não acreditava
bafejaram-no de imaginação
criativa e do potencial maravi-
lhoso da língua portuguesa.
Sorte nossa que lhe herdámos a
obra! Ao escritor que se cum-
priu prestemos homenagem
com a leitura do que nos legou.
José Saramago - Última ViagemA página da fundação de José Saramago estava negra. Com letras bran-cas, em português e em espanhol, informava-nos que o escritor haviafalecido nesse dia - 18 de Junho de 2010 - no seio da sua família. Uma
frase simples, sem arrebiques nem grandes demonstrações de emoçãoe por isso mesmo, nesse despojamento, fechando em tom saramaguianouma longa e profícua vida de 87 anos.
Viajo no teu corpo. Só teu corpo?Mas quão breve seria essa viagemSe no limite dela a alma nuaNão me desse do corpo a certa imagem.
Luísa Costa Hölzl
O povo despediu-se de José Saramago. Foto: Lusa
PORTUGAL POST nº 192 • Julho 2010 Portugueses no Mundo 11
“Se no século XVIII a presença por-
tuguesa nas baleeiras americanas ron-
dava 40 por cento, a partir de 1920,
quando a caça já não era muito atrac-
tiva economicamente para os pesca-
dores norte-americanos e era
trabalho muito duro, essa presença
aumentou para mais de 60 por cento
e a maioria dos barcos passaram a ser
capitaneados por portugueses”, expli-
cou o autor, o professor universitário
norte-americano Donald Warrin.
Intitulado “So End This Day: The
Portuguese in American Whaling,
1765-1927”, o livro é uma edição do
Centro de Estudos Portugueses da
Universidade de Massachusetts Dart-
mouth e demonstra a preponderân-
cia dos portugueses na actividade até
à proibição internacional da caça à ba-
leia para fins comerciais.
Investigador da presença portu-
guesa na América, Warrin é autor
também de uma obra sobre os por-
tugueses no Faroeste, editada em
português pela Bertrand.
Foi durante a pesquisa para este
livro que descobriu a grande quanti-
dade de nomes portugueses na pesca
da baleia e decidiu estudá-la.
O livro documenta mais de tre-
zentas viagens nas quais participaram
portugueses e cabo-verdianos em
portos como New Bedford, Nantuc-
ket, Provincetown, New London, São
Francisco, incluindo uma lista exaus-
tiva com os nomes de todos os capi-
tães de origem portuguesa ou
cabo-verdianas que capitanearam ba-
leeiras norte-americanas.
“O primeiro português numa ba-
leeira norte-americana remonta ao
ano de 1765 e foi um lisboeta cha-
mado Joseph Swazey, um nome ame-
ricanizado e o primeiro mestre que
está devidamente registado chamava-
se Joseph Folger, da ilha do Pico”, ex-
plica.
Na Califórnia, foram também
muitos os capitães de origem portu-
guesa e cabo-verdiana, nomeada-
mente John Rogeres, o avô do conhe-
cido professor da universidade de
Harvard, Francis Rogers, William F. Jo-
seph e um cabo-verdiano de nome
Gonzalez (nome adaptado de Gon-
çalves), entre outros referidos no
livro.
E foram estes pescadores das ba-
leeiras norte-americanas, a maioria
deles emigrantes clandestinos, que
acabou por determinar a fixação de
comunidades açorianas nos Estados
Unidos.
“De certa forma, a pesca da baleia
foi uma forma de os açorianos emi-
grarem para os Estados Unidos, pois
a maioria servia apenas uma campa-
nha e ficava no país”, diz.
Warrin diz que durante muito
tempo a contribuição portuguesa
nesta atividade americana foi “prati-
camente ignorada”.
Ao longo da investigação, afirma,
o que mais o impressionou foi a “co-
ragem e perseverança destes pesca-
dores de origem portuguesa e
cabo-verdiana num tipo de pesca
muito perigoso e pouco rentável”, em
que as viagens demoravam três a qua-
tro anos, no século XIX.
O livro foi recentemente apre-
sentado no Museu da Baleia de New
Bedford e na Sociedade Histórica de
Stonington, cidades históricas dos ba-
leeiros açorianos.
Portugueses dominaram caça à baleia nos Estados Unidos até fim do negócioOs portugueses dominaram a caça à baleia nos Es-tados Unidos desde a década de 1920 até à proibi-ção desta actividade na década de 1980, revelauma nova obra publicada sobre o tema.
Obra que retrata dois navios baleeiros em mar revolto num excelente jogo de luz. Escondida por detrás daondulação encontra-se uma escuna de pesca, nestes mares bastante frequentados. Várias vezes vieramestes navios de caça à baleia aos Açores para embarcarem pescadores locais o que impulsionou também aemigração para a Nova Inglaterra, especialmente New Bedford, centro baleeiro da região por alturas doséc. XIX.
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PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 201012 Entrevista
PP – O que está por detrás do projectoOquestrada?MM – Quando começámos, quisemos ir àprocura de uma música que falasse de umpassado português próximo, mas que aomesmo tempo desse pistas para um futuromais harmonioso. Também fomos à procurade um país e de um público, porque o mer-cado musical estava na altura fechado sobresi mesmo, pouco se inovava, e não tínhamosespaço nesse mercado, apesar de termospúblico. Conseguimos o nosso objectivo dedescobrir um país e fazê-lo dançar ao somde um fado diferente.
PP – Como foi a transição da «rua»para o estúdio ao fim de sete anos dedigressão?MM – Durante todos estes anos procurámosuma sonoridade própria e única. Quandofomos para o estúdio, já tínhamos algumascertezas do que queríamos, o nosso som jáestava maturado. Portanto, a transição foipacífica.
PP – O CD «Tasca Beat» tem um subtí-tulo: «Sonho Português». Que sonho éesse?MM – Acaba por ser esta tasca imagináriaque é um sítio íntimo, mas com uma batidacomum, com um «beat», que unifica todasas pessoas que queiram estar neste local.
Por exemplo, nós cantamos em muitas lín-guas, mas sempre «à portuguesa». E osonho português é esta curiosidade que osportugueses têm em falar outras línguas ecomunicar. É algo que nos distingue e acabapor ser expressão do sonho de sair daqui,
apesar de não sairmos, ou então só quandoé necessário, como emigração forçada. E osOquestrada dizem às pessoas: emigrem poropção. Nós celebramos esta identidade emi-grante que está em todos nós. Esta capaci-dade de cada pessoa de sair do país de ir à
Uma batida universal à portuguesa
Os Oquestrada apresentam o álbum de estreia «Tasca Beat» na Alemanha Em 2001, a banda portuguesa Oquestrada, fazendo justiça ao nome, lançou-se à estrada e andoude cidade em aldeia, de sala de baile em sala de espectáculo, do país para o exterior. Ao fim desete anos, gravou o CD «Tasca Beat», numa cedência aos fãs que coleccionou país e mundo foraesta mistura de música profundamente portuguesa com hip-hop, jazz, flamenco e funaná, parareferir apenas algumas da fontes a que vão beber as composições. Tudo facilitado pelas raízes
que a banda tem em Almada, «o lado do cu do Cristo-Rei», como os cinco jovens descrevemnuma canção este bairro periférico lisboeta, com a sua enorme população imigrante. Aos Oque-strada devemos a «canção emigrante», que sai do país à procura do que há de melhor, mas re-gressa sempre fielmente às suas raízes. Neste Verão, a banda vai actuar em várias localidadesalemãs. O Portugal Post falou com a vocalista Marta Mateus.
Cristina Krippahl
Oquestrada na Alemanha16 de Julho em Kassel, 20h00 *17 de Julho em Estugarda, no Marktplace OpenAir Festival, 20h3020 de Julho em Oldenburg, Kultursmmer, 20h0031 de Julho em Düsseldorf, 15h0031 de Julho em Koblenz no Festival Festung Eh-renbreitstein, 21h3006 de Agosto em Jena no Jena Kulturarena, 20h0007 de Agosto em Wennigsen, Alte Kornbrennerei,20h00
* Nas informações em que não são indicados oslocais de actuação, sugerimos os interessados adirigirem-se a locais de venda de bilhetes e infor-mações de espectáculos nas respectivas cidades.
procura do desconhecido é uma força aní-mica, esplendorosa, que nos dias que cor-rem faz muita falta, porque as pessoas estãomuito acomodadas.
PP – O trecho «Creo» é um bom exem-plo desse cantar línguas estrangeiras«à portuguesa?»MM – Este trecho surgiu num restaurante,onde um grupo de espanhóis estava a ten-tar comunicar com portugueses. Acabei porescrever esta letra para falar de um amoribérico. Há aqui uma vontade de conhecero outro, mas ela não dura muito. Por isso es-crevo: «creio que te amo, mas amanhã nãotenho pachorra para ti». É expressão da faltade investimento mútuo nesta relação. E éuma maneira de cantar os portugueses: osespanhóis dizem que não falam português,mas nós dizemos que falamos espanhol, einventamos um «portuñol» sem qualquervergonha, o que é muito engraçado. Daí aletra em portuñol.
PP – Aliás, o humor é uma parte im-portante da vossa música.MM – Nós tentamos criar um certo humormusical, apesar de não ser uma preocupa-ção. Quando não temos vergonha do que esta-mos a fazer, o humor quase aparece so-zinho. Portugal é um país muito crítico e, decerta forma, inseguro. As pessoas têm medode arriscar, do ridículo, de «ficar mal na fo-tografia». Nós nunca tivemos esses medos.
PP – Os elementos da banda assumempapéis no palco. A Marta é a Miranda,a mulher dos subúrbios «de canti-guinha na boca». Que papel tem navossa música a formação como actoresdos dois elementos que fundaram abanda, a Marta e o Jean-Marc Dercle?MM – Nós vemos a música como espectá-culo, não como algo fechado num CD ounuma caixa de som. E os elementos dabanda são escolhidos também pela sua bio-grafia. Para nós, mais importante do queum bom executante é alguém com umavida interessante e com um coração commuita história.
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PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 13
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AS MAIORES FORTUNAS DA ALEMANHAAS MAIORES FORTUNAS DA ALEMANHA
Susanne Klatten, de 43 anos, mãe de
três filhos, herdou a fortuna do seu
pai, o lendário industrialista Herbert
Quandt, fundador do império de
carros de luxo BMW.
Quando Quandt morreu, em
1982, ele deixou Susanne, o filho
mais novo, Stefan, e sua terceira
esposa, Johanna Quandt, coman-
dando a BMW e outros bens. Os
três controlam a maioria das acções
da BMW.
Além dos 12,5% de acções her-
dadas pela BMW, Susanne recebeu
do pai acções da Altana, uma das
maiores e mais bem-sucedidas em-
presas químico-farmacêuticas da
Europa. Herbert Quandt
também deixou heranças para os fil-
hos dos seus dois primeiros casa-
mentos.
Hoje em dia, a riqueza de Klat-
ten é calculada em torno de 7,8 bil-
hões de euros, o que a posiciona em
quarto lugar na lista dos mais ricos
alemães, como foi publicado pela
Manager Magazine. Já a quantia de
Stefan Quandt, irmão de Susanne,
foi avaliada em 5,5 bilhões de euros.
Ele é o número 11 da mesma lista.
Embora muito reservado, o elegante
bilionário de 38 anos frequente-
mente compõe a lista dos solteirões
mais cobiçados.
Johanna, mãe de Klatten, foi a
secretária que trabalhou mais
tempo com Herbert Quandt, além
também de ter sido a sua última e
terceira esposa. Ela possui uma for-
tuna estimada em 4,2 bilhões de
euros. Na lista das mulheres
mais ricas do mundo, Klatten ocupa
o oitavo lugar e Johanna, o décimo.
Depois de terminar o ensino
médio, Susanne Klatten estudou Ad-
ministração e Economia em Frank-
furt e mais tarde fez mestrado
em Administração em Lausanne, na
Suíça. Porém, muito do que ela
aprendeu foi através de estágios
realizados nas empresas de sua pró-
pria família. Para conseguir essas po-
sições, ela usou nomes fictícios.
Na fábrica da BMW em Regens-
burg, na Baviera, Klatten fez um es-
tágio usando o nome de Susanne
Kant. Foi na fábrica que ela encon-
trou o engenheiro Jan Klatten, que
não fazia ideia quem ela era. „Eu
queria saber se ele realmente me
amava“, mencionou ela. O casal
casou-se em 1990.
Klatten possui uma excepcional
vida privada. Quase nunca é entre-
vistada, nem vista em público. O de-
sejo pela privacidade talvez seja
atribuída a uma tentativa de seque-
stro que sofreu aos 16 anos.
Quando ela está em público, ob-
servadores frequentemente comen-
tam que Klatten, a vistosa mulher de
cabelos curtos e largo sorriso, tem
elegância para se vestir, mas não
tem estilo. Muito pouco é sabido
sobre a sua vida pessoal, excepto
que ela, o marido, e os três filhos
vivem em Munique. Ela concedeu
apenas uma única entrevista em sua
carreira, para a biografia de Quandt
feita por Rudiger Jungbluth. De
acordo com o tablóide Bild, ela con-
tou a Jungbluth que sua vida é „mul-
tifacetada“.
De 1989 a 1990, Klatten trabal-
hou como assistente administrativo
da gerência do grupo de media Hu-
bert Burda. Depois de aprofundar
os seus estudos em Boston, come-
çou a assistir a encontros corpora-
tivos da empresa. Em 1993,
ingressou no conselho fiscal da Al-
tana e transformou a companhia
em uma corporação de classe
mundial.
Em 1997, ela e seu irmão assu-
miram o posto da mãe na BMW.
Hoje, ela concentra a sua energia
quase que exclusivamente na em-
presa. Como membro da presidên-
cia, Klatten ajudou a companhia a
recuperar do fracasso da compra
da Rover, no ano 2000. Quando as
consequências do erro se salienta-
ram, Klatten sentiu a necessidade
de remover o então presidente da
BMW, Bernd Pischetsrieder.
Durante a Segunda Guerra
Mundial, o crescimento súbito da
fortuna da BMW aconteceu com
o trabalho forçado de prisioneiros,
que frequentemente trabalhavam
em condições miseráveis. Hoje, a
fundação de Quandt dá dinheiro
para projectos de caridade e para
os sobreviventes de trabalhos for-
çados e suas famílias.
Susanne e o irmão Stefan ainda
herdarão as acções de sua mãe, que
completará 80 anos. „Nós não es-
tamos mantendo as nossas acções
para nossos egos“, disse Klatten à
revista Stern. „Nós queremos as
coisas tranquilas, as pessoas gostam
disso.“
Cortesia DW
A família por trás da BMW
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010Histórias da História14
SEBASTIÃO JOSÉ de Carvalho e
Meio (1699-1782) nasceu em Lisboa
numa família da pequena nobreza. A
família não era propriamente rica, os
irmãos eram muitos (onze, mais
exactamente) e ele teve de se ocupar
com a gestão do património. Em finais
de 1738, o cardeal D. João da Mota,
secretário de D. João V (este rei pa-
rece nunca ter visto com bons olhos
o futuro marquês), nomeou Sebastião
José de Carvalho e Melo ministro ple-
nipotenciário em Londres. Começava,
portanto assim, a sua carreira na di-
plomacia portuguesa. Mas fosse por
falta de qualidades diplomáticas, fosse
por falta de sorte, foi demitido do seu
posto em Londres e deram-lhe, cinco
anos depois, nova missão em Viena de
Áustria, cargo que exerceu até 1748.
No seu regresso a Portugal, contava
com um grupo de amigos bem colo-
cados na corte, mas D. João V conti-
nuava a não gostar dele e nenhuma
porta lhe foi aberta.
Mas as coisas iam mudar…Oito meses após o regresso de
Sebastião a Lisboa, D. João V falecia. E
quando o novo rei, D. José I, reformou
o governo, nomeou, para surpresa
quase geral, o ex-diplomata para o
cargo de secretário dos Negócios
Estrangeiros. A inteligência e a energia
de Sebastião não tardaram a impor-
se e em breve o rei lhe confiava as-
suntos de grande importância, como
o problema das minas do Brasil, o dos
tabacos e açúcar brasileiros e do co-
mércio de diamantes. Como se vê,
todas estas questões estavam relacio-
nadas com o Brasil. E é também so-
bretudo a propósito do Brasil que se
abrirá o furioso conflito com os jesuí-
tas, que se opuseram activamente à
sua política brasileira, porque esta
punha em causa os domínios da
Companhia no continente sul-ameri-
cano. Em 1759 expulsou os jesuítas e,
em 1761, conseguiu fazer condenar o
padre Malagrida, a última vítima mor-
tal da Inquisição em Portugal.
O grande terramoto de 1755Foi essa tragédia que, num tempo
mínimo, lançou Carvalho e Melo para
o poder absoluto. Foi ele o único a
manter a cabeça fria, a saber quais as
medidas a tomar. A confiança ofere-
cida pelo rei a Sebastião Carvalho, se-
gundo alguns escritores, fica por
conta da frase que ele, Pombal, teria
dito em resposta a D. José I (ainda sob
impacto da tragédia e confuso quanto
ao que deveria ser feito para recome-
çar a reconstruir Lisboa): “é precisoenterrar os mortos e cuidar dos vivos”!As medidas enérgicas que tomou de-
pois do terramoto de 1755 fizeram
dele o mais importante ministro de
D. José I. A partir de 1756, o seu
poder foi quase absoluto e começou
com um programa político de acordo
com os princípios do Século das
Luzes ou Iluminismo. Aboliu a escra-
vidão, reorganizou o sistema educa-
cional, elaborou um novo código
penal, introduziu novos colonos nos
domínios coloniais portugueses e fun-
dou a Companhia das Índias Ori-
entais.
Aquilo a que chamamos hoje a
Lisboa pombalina, obra da sua energia
e da competência da equipa de en-
genheiros que ele reuniu, é certa-
mente a herança mais importante que
nos deixou. Sobre as suas reformas
económicas, políticas e educativas,
pode-se dizer bem e mal. Mas quanto
à cidade reedificada, essa, é a sua
grande e indiscutível obra. Logo em
1756, passa a ser secretário do Reino,
o que equivale a primeiro-ministro. A
partir daí, o seu poder não pára de
crescer e crescerá ainda mais com o
atentado contra o rei D. José I, em
1758.
O regicídioA oportunidade surgira a 3 de Se-
tembro de 1758. Por volta das onze
da noite, quando o rei voltava ao paço
da Ajuda, vindo de um encontro amo-
roso clandestino, surgiram, no lugar
onde está hoje a Igreja da Memória,
três cavaleiros. Soaram tiros. D. José I
foi atingido no braço e na anca direita
mas salvou-se - e encarregou o minis-
tro Sebastião José de descobrir e cas-
tigar de forma exemplar quem
tentara matá-lo.
Todos na corte sabiam que o rei,
de 44 anos, era amante de Teresa de
Távora e Lorena, 35 anos, mulher do
4.° marquês de Távora, Luís Bernardo,
da mesma idade - de quem também
era tia. Os casamentos entre familia-
res próximos eram comuns na no-
breza, bastando para isso obter uma
dispensa do papa.
O patriarca dos Távoras era o 3º
marquês, D. Francisco de Assis, 55
anos, ex-vice-rei da Índia. Quando
soube da relação adúltera do sobe-
rano com a sua irmã e nora, ficou ma-
goado. O suficiente para tramar um
regicídio?
Os marqueses de Távora, o conde
de Atouguia, o duque de Aveiro e vá-
rios outros acusados são presos e
torturados. Os acusados foram con-
denados por „crime de lesa-majestade,alta traição, rebelião e parricídio“: “o rei
é o pai da nação”. Foram executados
a 13 de Janeiro de 1759 com requin-
tes de crueldade, onde hoje está um
pelourinho, a dois passos da casa dos
pastéis de Belém. Primeiro a Mar-
quesa Leonor de Távora foi decapi-
tada. Em seguida foi o seu marido a
cumprir a pena, tendo sido morto
com golpes no coração. Por fim, os
restantes foram mortos enforcados
ou queimados vivos. A tudo isto assis-
tiu o Reformador, o Rei D. José I com
a sua corte horrorizada pela carnifi-
cina. No final do espectáculo maca-
bro, todos os corpos foram
queimados, as cinzas deitadas ao mar
e o lugar foi salgado para que nada
mais ali crescesse. Diga-se que todo
processo não se distinguiu pela trans-
parência. Ao mesmo tempo, Carvalho
e Melo acusa os jesuítas, que já ha-
viam sido expulsos do paço real, de
terem inspirado e encorajado os con-
spiradores. Mais tarde, depois de
subir ao trono, D. Maria I ficou tão
afectada pelos eventos que mandou
reabrir o processo. Os juízes concluí-
ram que os Távoras estavam inocen-
tes. Como consequência, a rainha D.
Maria I aboliu a pena de morte (ex-
cepto em estado de Guerra) em Por-
tugal.
Sobre este acontecimento o es-
critor francês Victor Hugo (1786) es-
creveu a propósito da abolição da
pena de morte em Portugal (o pri-
meiro país europeu a fazê-lo).
“Está pois a pena de morte abolidanesse nobre Portugal, pequeno povo quetem uma grande história (…) Felicito avossa Nação. Portugal dá exemplo àEuropa. Desfrutai de antemão essaimensa glória. A Europa imitará Portugal.Morte à morte! Guerra à guerra! Viva avida! Ódio ao ódio! A liberdade é uma ci-dade imensa da qual todos somos con-cidadãos”.
O ano de 1759 é o do triunfo ab-
soluto de Sebastião José. Em Janeiro
são suplicados os nobres acusados do
atentado contra D. José I. Depois vem
o confisco dos bens da Companhia de
Jesus. Em Junho, o rei confere ao seu
primeiro-ministro o título de conde
de Oeiras. No mês seguinte, os jesuí-
tas são expulsos do Brasil. É o início
do período áureo.
Considerada no seu conjunto, a
governação de Sebastião José de Car-
valho e Melo, conde Oeiras (só em
1769 recebeu o titulo de marquês de
Pombal), é de qualidade desigual e o
seu legado é também heterogéneo.
Foi responsável por reformas que de-
senvolveram a economia e o ensino.
O Marquês tomou uma série de
medidas para valorizar a produção
nacional, libertando o país da depen-
dência de Inglaterra, proibiu a cultura
do Vinho do Porto em terras próprias
para cereais, subsidiou a criação de fá-
bricas de vidros, louças e cordoaria
fundou a primeira refinação de açú-
car, reorganizou a real fábrica da seda,
dando um grande contributo para o
arranque da indústria portuguesa.
No lado negativo, haverá que
apontar várias medidas económicas
ou educacionais que, sendo especta-
culares na aparência, não tiveram os
resultados esperados. Mas, sobretudo,
é preciso assinalar a brutalidade dos
métodos, que foi impressionante,
mesmo para a época. As prisões en-
cheram-se. Já ficou referido o suplico
dos Tavoras e do duque de Aveiro.
Para o escritor Charles Boxer, “Pom-bal não admitia nenhuma tirania alémda sua”.
E se é verdade que Pombal caiu
logo após a morte de D. José em
1777, já é falso que D. Maria I se em-
penhasse em persegui-lo, embora ti-
vesse razões pessoais para o fazer.
Pelo contrário, tentou ignorá-lo,
deixá-lo tranquilo no seu cantinho,
mas foi a voz dos agravados (e eram
muitos) que falou mais alto e levou à
instauração do processo que o con-
denou por abuso de poder, mas que
apenas o sentenciou ao exílio para
fora de Lisboa. Morreu na sua pro-
priedade rural em Pombal no dia 8
de Maio de 1782 aos 82 anos de
idade.
O MASSACRE DOS TÁVORAS Uma história de sexo, sangue e luta pelo poder que horrorizou Portugal e o Mundo
Ainda hoje o Marquês de Pombal, o ministro absoluto, é uma das figu-ras mais polémicas, controversas e carismáticas da história portuguesa:
pombalistas e antipombalistas ainda discutem. O que é indiscutívelé que Pombal marcou profundamente a nossa História.
Joaquim Peito
Sebatião José de Carvalho e Meio (1699-1782)
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PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 15Geschichten aus der Geschichte
Joaquim Peito
Sebatião José de Carvalho e Meio (1699-1782)
SEBASTIAO JOSÉ de Carvalho e
Melo (1699-1782) wurde in Lissa-
bon in einer Familie des niederen
Adels geboren. Die Familie war ei-
gentlich nicht reich, die Geschwister
waren zahlreich (elf, genauer gesagt),
und er hatte sich um die Verwaltung
des Eigentums zu kümmern. Gegen
Ende des Jahres 1738 ernannte der
Kardinal D João da Mota, Sekretär
D. Joãos V (dieser König scheint den
zukünftigen Marquis nie mit Wohl-
wollen angesehen zu haben), Sebas-
tião José de Carvalho e Melo zum
bevollmächtigten Gesandten in Lon-
don. So begann er also seine Kar-
riere in der portugiesischen
Diplomatie. Doch sei es aufgrund
eines Mangels an diplomatischen
Qualitäten oder eines mangels an
Glück, so wurde er von seinem Pos-
ten in London entlassen, und man
gab ihm fünf Jahre später eine neue
Mission im österreichischen Wien,
ein Amt, das er bis 1748 ausübte. Bei
seiner Rückkehr rechnete er mit
einer Gruppe gut gestellter Freunde
bei Hofe, aber D. João V mochte ihn
weiterhin nicht und keine Tür wurde
ihm geöffnet.
Aber die Dinge sollten sich ändern…
Acht Monate nach Sebastiãos
Rückkehr nach Lissabon starb D.
João V. Und als der neue König, D.
José I die Regierung reformierte, be-
rief er den Ex-Diplomaten zur Über-
raschung nahezu aller in das Amt des
Sekretärs für äußere Angelegenhei-
ten. Die Intelligenz und Energie Se-
bastiãos benötigten nicht lange, um
zu imponieren, und der König be-
traute ihn bald mit Angelegenheiten
von großer Wichtigkeit, wie etwa
dem Problem der Minen in Brasilien,
dem des brasilianischen Tabaks und
Zuckers und des Diamantenhandels.
Wie man sieht, standen alle diese
Fragen in Beziehung mit Brasilien.
Und es war übrigens vor allen Din-
gen über Brasilien, dass mit den Je-
suiten ein furioser Konflikt
entbrannte. Sie widersetzten sich
aktiv seiner Brasilien-Politik, da letz-
tere die Herrschaftsbereiche der
Gesellschaft Jesu auf dem südameri-
kanischen Kontinent gefährdete.
1759 vertrieb er die Jesuiten, und
1761 brachte er es fertig, den Jesui-
tenpater Gabriel Malagrida, einen
armseligen antimarquisianischen Vi-
sionär, verurteilen zu lassen - das
letzte Todesopfer der Inquisition in
Portugal.
Das große Erdbeben von 1755Jene Tragödie war es, die Car-
valho e Melo in kürzester Zeit zur
uneingeschränkten Macht katapul-
tierte. Er war der einzige, der einen
kühlen Kopf bewahrte und wusste,
welche Maßnahmen zu treffen
waren. Das Vertrauen, das Sebastião
Carvalho seitens des Königs entge-
gengebracht wurde dokumentiert
laut einiger Autoren der Satz, den er,
Pombal, als Antwort zu D. José I
(noch immer unter dem Einfluss der
Tragödie und verwirrt bezüglich
dessen, was unternommen werden
müsse, um den Wiederaufbau Lissa-
bons zu beginnen) gesagt haben soll:
„Es ist notwendig, die Toten zu begra-ben und die Lebenden zu versorgen“!Die energischen Maßnahmen, die er
nach dem Erdbeben von 1755 er-
griff, machten ihn zum wichtigsten
Minister D. Josés I. Von 1756 an war
seine Macht fast uneingeschränkt,
und er begann ein politisches Pro-
gramm, das in Einklang stand mit den
Prinzipien des Jahrhunderts der
Lichter oder dem Zeitalter der Auf-
klärung. Er schaffte die Sklaverei ab,
gestaltete das Bildungssystem um,
arbeitete ein neues Strafgesetz aus,
führte neue Kolonisten in das por-
tugiesische Kolonialreich ein und
gründete die Companhia das Índias.
Das was wir heute das
pombal`sche Lissabon nennen, das
Werk seiner Energie und der Kom-
petenz der Mannschaft von Inge-
nieuren, die er versammelte, ist
sicherlich das wichtigste Erbe, das er
uns hinterließ. Über seine wirt-
schaftlichen, politischen und Bil-
dungsreformen kann man sich
positiv oder negativ äußern. Aber
was den Wiederaufbau der Stadt an-
geht, so ist jenes sein großes und un-
bestreitbares Werk. Gleich im Jahr
1756 wurde er Sekretär des König-
reichs, was gleichbedeutend ist mit
dem Premierminister. Von dort an
hörte seine Macht nicht auf anzu-
wachsen, und sie wuchs sogar noch
mehr mit dem Attentat an König D.
José I 1758.
Der KönigsmörderDie Gelegenheit ergab sich am
03. September 1758. Gegen elf Uhr
abends, als der König von einem
heimlichen Liebestreffen kommend
zum Palácio Nacional da Ajuda zu-
rückkehrte, tauchten an der Stelle,
wo sich heute die Erinnerungskirche
befindet, drei Ritter auf. Es ertönten
Schüsse. D. José wurde am Arm und
an der rechten Hüfte getroffen, aber
er rettete sich und beauftragte den
Minister Sebastião José, denjenigen,
der ihn zu töten versucht hatte auf-
zuspüren und beispielhaft zu bestra-
fen.
Jeder am Hofe wusste, dass der
44-jährige König der Liebhaber Te-
resa de Távora e Lorenas war, 35-
jährig, Frau des 4. Marquis von
Távora, des gleichaltrigen Luís Ber-
nardo, dessen Tante sie außerdem
war. Die Hochzeiten zwischen nahen
Verwandten waren verbreitet im
Adel, es genügte hierfür eine Erlaub-
nis des Papstes zu bekommen.
Der Patriarch von Távoras war
der 3. Marquis, D. Francisco de Assis,
55 Jahre alt, Ex-Vize-König von In-
dien. Als er von der ehebrecheri-
schen Beziehung des Souveräns mit
seiner Schwester und Schwieger-
tochter erfuhr, war er schmerzer-
füllt. Ausreichend, um einen
Königsmord anzuzetteln?
Die Marquis von Távora, der
Graf von Atouguia, der Herzog von
Aveiro und verschiedene andere, die
man des Königsmordes beschul-
digte, wurden gefangen genommen
und gefoltert. Die Beschuldigten
wurden wegen Majestätsbeleidigung,
Hochverrats, Rebellion und Vater-
mordes verurteilt: „Der König ist derVater der Nation“. Sie wurden am 13.
Januar 1759 mit vollendeter Grau-
samkeit hingerichtet, dort wo heute
ein Pranger steht, der sich zwei
Schritte vom Haus der Pastéis de
Belém befindet. Zuerst wurde die
Markgräfin Leonor de Távora ent-
hauptet. Danach musste ihr Ehe-
mann, der durch Stiche ins Herz
starb, seine Strafe verbüßen. Schließ-
lich wurden die Restlichen erhängt
oder lebendig verbrannt. Der Refor-
mator, der König D. José I, wohnte
all dem mit seinem von dem Blutbad
entsetzten Hofstaat bei. Am Schluss
der makabren Vorstellung wurden
sämtliche Leichen verbrannt, die
Asche ins Meer gestreut und der
Ort versalzen, damit dort nie wieder
etwas wachsen könne. Man sagt,
dass der gesamte Prozess sich durch
seine Transparenz nicht hervorhob.
Zur selben Zeit beschuldigte Car-
valho e Melo die Jesuiten, die bereits
vom königlichen Hof vertrieben
worden waren, die Verschwörer in-
spiriert und ermutigt zu haben. Spä-
ter war D. Maria I nach ihrer
Thronbesteigung derart betroffen
von den Vorgängen, dass sie den Pro-
zess neu eröffnen ließ. Die Richter
kamen zu dem Schluss, dass die Tá-
voras unschuldig waren. Als Konse-
quenz schaffte die Königin, D. Maria
I, die Todesstrafe (abgesehen vom
Kriegszustand) in Portugal ab.
Über dieses Geschehnis schrieb
der französische Schriftsteller Victor
Hugo (1786) anlässlich der Abschaf-
fung der Todesstrafe in Portugal
(dem ersten europäischen Land, das
dies tat).
„Es ist also die Todesstrafe abge-schafft worden in jenem noblen Portu-gal, dem kleinen Volk, das eine großeGeschichte hat (…) Ich gratuliere IhrerNation. Portugal ist ein Beispiel fürEuropa. Nutzt jenen immensen Ruhmim Voraus. Möge Europa Portugal nach-eifern. Tod dem Tod! Krieg dem Krieg!Es lebe das Leben! Hass dem Hass!Die Freiheit ist eine riesige Stadt, die wiralle gemeinsam bewohnen“.
Der unumschränkte MinisterDas Jahr 1759 war das des abso-
luten Triumphs Sebastião Josés. Im
Januar wurden die Adeligen, die man
des Attentats an D. José I beschul-
digte, verurteilt. Darauf folgte die
Konfiszierung des Vermögens der
Gesellschaft Jesu. Im Juni verlieh der
König seinem Premierminister den
Titel des Grafen von Oeiras. In den
folgenden Monaten wurden Jesuiten
aus Brasilien vertrieben. Es war der
Beginn einer Blütezeit.
In ihrer Gesamtheit betrachtet
war die Regierungszeit Sebastião
José de Carvalho e Melos, Graf von
Oeiras (erst 1769 erhielt er den
Titel des Marquis von Pombal), von
einer unerreichten Qualität, und sein
Vermächtnis ist außerdem hetero-
gen. Er war verantwortlich für Re-
formen, die die Wirtschaft und die
Bildung weiterentwickelten. Der
Marquis ergriff eine Reihe von Maß-
nahmen, um die nationale Produk-
tion aufzuwerten, indem er das Land
aus der Abhängigkeit von England
befreite, den Anbau von Portwein
auf für Getreide geeignetem Land
verbot, den Bau von Glas-, Tonwa-
ren- und Seilerwarenfabriken sub-
ventionierte, gründete die erste
Zuckerraffinerie, gestaltete die kö-
nigliche Seidenfabrik um, womit er
einen großen Beitrag zum Anlaufen
der portugiesischen Industrie leis-
tete.
Auf der Kehrseite wird auf ver-
schiedene wirtschaftliche oder bil-
dungsbezogene Maßnahmen
hinzuweisen sein, die spektakulär er-
scheinen, aber nicht die gewünsch-
ten Resultate brachten. Vor allem
aber ist die Brutalität seiner Metho-
den, die selbst für die Zeit beeindru-
ckend war, hervorzuheben. Die
Gefängnisse füllten sich. Auf die To-
desstrafe für die Távoras und den
Herzog von Aveiro wurde bereits
Bezug genommen. Für den Autor
Charles Boxer „ließ Pombal keine Ty-rannei zu außer der eigenen“.
Und falls es wahr sein sollte,
dass Pombal gleich nach D. Josés Tod
1777 stürzte, dann ist es schon
falsch, dass D. Maria I sich dafür ein-
setzte, ihn zu verfolgen, obwohl sie
persönliche Gründe gehabt hätte,
dies zu tun. Ganz im Gegenteil, sie
versuchte, ihn zu ignorieren, ließ ihn
in Frieden in seinem Eckchen, aber
sie war die Stimme der Leidtragen-
den (und es waren viele), die am lau-
testen sprach. Sie führte die
Einleitung des Prozesses, der ihn
wegen Machtmissbrauchs aburteilte,
aber der Urteilsspruch lautete ledig-
lich Exil außerhalb Lissabons. Er
starb auf seinem ländlichen Anwesen
am 08. Mai 1782 im Alter von 82 Jah-
ren.
(Übersetzt aus dem Portugiesischen von Aiko Thedinga)
DAS MASSAKER VON TÁVORAS Eine Geschichte von Sex, Blut und einem Machtkampf, der Portugal und die Welt in Angst und
Noch heute ist der Marquis von Pombal, der unumschränkte Minister, eine der um-strittensten, kontroversesten und charismatischsten Figuren der portugiesischen
Geschichte: Pombalisten und Antipombalisten diskutieren noch immer. Was unbe-streitbar ist, ist dass Pombal unsere Historie tief geprägt hat.
Das Vertrauen, das Sebastião Car-valho seitens des Königs entgegen-gebracht wurde dokumentiert lauteiniger Autoren der Satz, den er,Pombal, als Antwort zu D. José I(noch immer unter dem Einfluss derTragödie und verwirrt bezüglich des-sen, was unternommen werdenmüsse, um den Wiederaufbau Lissa-bons zu beginnen) gesagt habensoll: „Es ist notwendig, die Toten zubegraben und die Lebenden zu ver-sorgen“!
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010Consultório16Catarina Tavares
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Direito de Trabalhoconsultoria fiscal contabilistica e jurídica para empresas
oje em dia, quase cada
12º contrato de trabalho
é efectuado a termo, ou
seja, é concluído por um
determinado período de
tempo, como 6 meses ou
1 ano. A tendência dos empregado-
res em celebrar apenas este tipo de
contratos tem continuado a au-
mentar pois, desta forma e pelo
menos durante um certo período
de tempo, não terão de se subme-
ter à legislação que rege os despe-
dimentos ilícitos, desde que
cumpram determinados pressu-
postos. Contudo, como se tem
comprovado na prática dos gabine-
tes de advogados, os empregadores
cometem muitas vezes erros que
levam a que a estipulação de um
determinado prazo não tenha vali-
dade. Assim, ao contrário do que
consta do contrato, este não será
a termo, mas sim a termo indeter-
minado. Por tal, no caso de persis-
tirem demais pressupostos (em
especial, 6 meses de actividade e
uma empresa com mais de 10 tra-
balhadores), o empregador só po-
derá proceder a um despedimento
se houver motivo para tal, o que,
no caso de uma correspondente
acção judicial, levará muitas vezes
ao pagamento de uma indemniza-
ção ao trabalhador.
Existem duas espécies de con-
tratos a termo: os que têm um mo-
tivo concreto (por exemplo,
substituição de trabalhadores que
não podem trabalhar durante um
certo período de tempo) e os que
não têm qualquer motivo con-
creto. É destes que trataremos
hoje. A primeira condição para que
tal contrato tenha validade, é a de
a pessoa contratada não ter traba-
lhado anteriormente para o em-
pregador. Se o tiver feito, mesmo
que tenha sido há muitos anos, o
contrato a termo não será válido e
passará a ser considerado contrato
a termo indeterminado. Além disso,
o prazo da vigência do contrato
terá de ser fixado por escrito. Se o
empregador e o trabalhador com-
binarem oralmente que este exer-
cerá a sua actividade durante um
determinado período de tempo,
começando o mesmo desde logo a
trabalhar e só depois o contrato
ser assinado, então já será tarde. A
combinação efectuada oralmente
sobre o contrato a termo não terá
qualquer validade e o contrato pas-
sará a ser a termo indeterminado.
Os contratos a termo sem mo-
tivo concreto só são permitidos
por um período máximo de 2 anos
(existem excepções para empresas
fundadas de novo e para trabalha-
dores com mais de 52 anos). Du-
rante este período de tempo, o
prazo do contrato poderá ser pro-
longado 3 vezes, no máximo. Tam-
bém aqui os empregadores
cometem muitas vezes erros. Por
exemplo, se um trabalhador for
contratado de 01-01-2010 a 31-12-
2010 e o contrato não for prolon-
gado durante esta vigência, mas
depois, digamos a 02-01-2011, a li-
mitação temporária do contrato
não terá validade perante a lei. O
mesmo poderá acontecer se não
se tratar de um simples prolonga-
mento, mas se forem efectuadas al-
terações decisivas no contrato.
Também sucede frequentemente
que os empregadores excedem o
limite de dois anos, o que também
torna o contrato a termo em con-
trato a termo indeterminado.
Resumindo, poderá dizer-se
que um contrato a termo sem mo-
tivo concreto é, para os emprega-
dores, um bom meio para
ajustarem um “período experimen-
tal” que poderá ir até dois anos e
que lhes permite não terem de se
sujeitar à legislação que rege os
despedimentos ilícitos. Mas correm
o risco de cometer diversos erros,
o que, na prática, sucede frequen-
temente. No caso de o emprega-
dor não cumprir os pressupostos
prescritos para um contrato a
termo, a vigência deste passará a
ser indeterminada. Por sua vez, as
acções contra despedimentos in-
justificados que serão então possí-
veis, levam frequentemente os
empregadores a estarem de
acordo com o pagamento de in-
demnizações. Assim, não haverá dú-
vidas que, em tais casos, fará todo
o sentido que o trabalhador encar-
regue um advogado com experiên-
cia neste campo de verificar se,
apesar de estar escrito no contrato
que o mesmo é “a termo”, não se
tratará afinal de um vínculo laboral
a termo indeterminado.
Alemanha Direito do Trabalho - Contratos a TermoMiguel Krag, Advogado
H
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 17
3José Gomes Rodrigues
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Caríssimo Director e redacção do PPJá há muito que sou mais dos vossosfiéis leitores. Agrada-me o jornal. Ascolunas jurídicas e de informação so-cial continuam a merecer o meuagrado e constituem uma mais valia.Não sou politico que morre de amo-res por um ou por outro partido. Apolitica não é como o Futebol.Quando não se esta contente con-vém mudar-se. Há quem me chamepolitico de “meia tigela”, mas orgu-lho-me de ser assim. Cansa-me echego a aborrecer-me quando souobrigado a ler artigos que usamuma linguagem repetitiva. Aprecio eleio com prazer no vosso jornal ar-tigos que me ajudem a formar umaconsciência livre, aberta e isenta. Ad-miro os vossos comentaristas e aabertura critica e a isenção politicaque o PP tem demonstrado. Quandoleio esses artigos, parece encontrar-me como num oásis no meio do de-serto. Agora permitam uma informaçãosocial, podendo também editar acorrespondente resposta, pois podeser útil a outros compatriotas. Traba-lhei quase 30 anos na mesma em-presa. Estou nas vésperas dareforma com os meus 61 anos bemvividos. Acabo de entrar no desem-prego normal, provocado pela fechoda empresa. O meu intuito é pegarquanto antes na minha reforma eregressar a Portugal e tratar dos ha-veres que com muito sacrifício anga-riei. O funcionário do Instituto deTrabalho, do “Arbeitsamt” pareceque engraçou com a minha pessoa.Não é que ele me obriga mensal-mente a apresentar, pelo menos seispedidos de emprego mensais! Àsvezes até me dá vergonha, pois aresposta negativa é a única que lo-gicamente tenho levado. Estou àporta duma depressão nervosa. Osmeus antecedentes de saúde não
são dos melhores. Será normal o queme fazem?Leitor devidamente identificado
Caríssimo amigo, obrigado pela
sua missiva e por ter tecido tantas
considerações positivas ao nosso
e vosso jornal. O amigo não se
considere de forma alguma poli-
tico de “meia tigela”. Parece ser
um cidadão responsável, que sabe
o que quer. Tem razão, a politica
não deveria ser como o futebol,
se assim fosse estaríamos cons-
tantemente num impasse, e não
avançaríamos. Familiarizar-se a
uma só cor pode ser até irritante,
mas para outros não. Constitui
um símbolo duma sociedade ideal
que se anseia ver realizada. O jor-
nal procura, com o apoio dos seus
leitores, manter esse espaço
como o senhor chama e bem, de
Oásis no deserto. Faz muito bem
usufruir num futuro próximo do
seu esforço de tantos anos, des-
cansando na pátria e recuperar as
tantas forças dispensadas.
A questão que o senhor nos
expõe mereceu da nossa parte
um estudo e pedido de informa-
ção junto das legitimas fontes in-
formativas. Vamos responder-lhe
por partes:
Desemprego e reforma – disposições anteriores
Antes da entrada em vigor da
nova lei, a assim chamada “Hartz
IV”, ou “Arbeitslosengeld II, em
Janeiro de 2005, os desemprega-
dos, depois de um ano de desem-
prego e tendo atingido os 58 anos
de idade, poderiam, junto do “Ar-
beitsamt”, assinar uma declaração,
indicando que se comprometiam
a requerer a reforma o mais rá-
pido possível ao atingir a idade
correspondente. Nessa declara-
ção ainda tinha uma frase impor-
tante ou seja, desde que a re-
forma lhe fosse paga na sua
totalidade, sem os recortes pelo
requerimento antecipado. Mesmo
que recebesse a ajuda ao desem-
prego (“Arbeitslonsenhilfe”) a
possibilidade de assinar essa de-
claração era, não só possível mas
até mesma desejável, pela repar-
tição de trabalho. A partir da as-
sinatura da declaração, já não
necessitavam de estar á disposi-
ção do mercado de trabalho.
Depois de três meses, após a as-
sinatura da declaração, o desem-
pregado não podia, de forma
alguma anular o documento e era
obrigado a requerer a reforma
com a antecedência devida, caso
contrário deixaria de receber a
ajuda ao desemprego ou o seguro
ao desemprego. Este era o pro-
cesso usado com a legislação an-
terior.
O que mudou com a introdução da ajuda social ao desemprego?
O que estava em questão era o
parágrafo 428 do SGB III que,
com a introdução da ajuda social
para desempregados, (Hartz
IV)esta legislação já não tem o
efeito que antes possuía. Convém
esclarecer que a ajuda social aos
desempregados actual é finan-
ciada por dinheiros púbicos, pelos
impostos e não deriva da quotiza-
ção do seguro de desemprego,
como o era antes com o ALH
(Arbeitslosenhilfe).
Actualmente o paragrafo em
questão tem uma nova leitura e
só se aplica a desempregados que
preenchiam as condições ante-
riores antes de 1 de Janeiro de
2008 e que tenham atingido antes
dessa data a idade de 58 anos. La-
mentavelmente o compatriota já
não é contemplado com esta
nova clausula.
Possibilidades disponíveis
Como a lei não prevê, no seu
caso, esta facilidade e, como é sua
intenção requerer a reforma, logo
que lhe seja possível, aconse-
lhamo-lo a falar com o funcioná-
rio responsável pelo seu caso e
explicar-lhe com toda a abertura
os seus anseios e planos. No seu
caso, a lei permite que possa re-
querer a reforma por idade após
ter completado os 63 anos, desde
que tenha descontado o mínimo
de 35 anos. Nesta contagem, os
tempos que descontados nos paí-
ses da Europa Comunitária são
reconhecidos para o apuramento
do tempo total. O pedido anteci-
pado também tem o seu preço,
pois vai-lhe ser reduzida a quantia
de reforma a receber. Convém in-
formar-se junto da entidade de
Seguros para a Reforma, directa-
mente ou através da Câmara da
sua cidade.
Outra possibilidade seria requerer a reforma por invalidez, caso o seu médicoesteja de acordo.
Lamentamos o comportamento
do funcionário. Nestes casos ele
deveria até facilitar mais o cliente.
É a lei pela lei e não consegue
descortinar que a lei foi feita para
as pessoas e não vice-versa. Con-
tra este comportamento nada há
a fazer a não o dialogo e a provo-
car a compreensão.
Olhar o horizonte com optimismo
Não vale a pena viver amargurado
e cair numa tristeza depressiva.
Olhe o horizonte com mais opti-
mismo. O que são dois anos, com-
parados com uma vida de
sacrifícios contínuos e de tantas
dificuldades passadas? Viva posi-
tivo, pois o seu sonho esta prestes
a realizar-se. Alimente o seu espí-
rito com boas leituras, com uma
vida cultural mais intensiva. Recu-
pere o que a vida dura de traba-
lho desses anos o proibiram de
fazer. Desejamos que o seu sonho
se torne realidade e que não seja
mais adiado.
Muitas felicidades, conte com a
nossa solidariedade e disponibili-
dade.
Desemprego e reforma antecipada
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 201018
Todo o tipo deinstrumentos paragrupos musicais,
ranchos folclóricos,músicos profissionais
e amadores, etc.Fale Connosco.
Gerente: Anibal Gonçalves
Nós nascemos para a música
Eschersheimer Landstrasse 27860320 Frankfurt
Tel: (069) 56 56 56 • Fax: (069) 5603671www.musikhausamdornbusch.de
Julho 2010
Astrologia, Karma e Felicidade
Preço, 20,99 €Autor: Cristina CandeiasFormato: 14x21cmPáginas: 112
A astróloga residente do programa "Praça da Alegria", de Jorge Gabriel, tornouse um fenómeno nacional,com as suas previsões em directo. Este é o seu primeiro livro. O livro que nos ensina a atravessar o desertopara encontrar o oásis e a felicidade plena. É necessário reflectir sobre quem fomos, o que somos e o quetemos de vir a ser. Só depois de aceitarmos os nossos processos de mudança a vida se nos revelará.
Cupão de encomenda
na página 19
Como Cortar Trabalhos de BruxariaFormato: 14x21cmPáginas: 152Preço: 25,00 €Um ritual de magia negra posto em acção contra al-guém pode prejudicar avítima e destruir a sua vida deforma brusca e surpreendente. Todas as áreasestão su-jeitas a ficar afectadas. Tudo à sua volta parece ruir.
E, mais graveainda, a vítima de magia negra não consegue encontrar forçaspara reagir. Neste livro de carácter prático, a autora apresenta rituais fáceisde executar quepermitem criar uma aura de protecção.
Grupo de FadosGerações
Actuações em qual-quer parte da
Alemanha e em todosos tipos de eventos
Contacto: 0173-2938194
AgendaTome Nota
Citações do mêsÉ curioso ver que quase todos os homens de grande valor têm maneiras simples; e
que quase sempre as maneiras simples são tomadas como indício de pouco valor
Leopardi , Giacomo
Engatar uma mulher é de certeza mais fácil do que ver-se livre dela
Balzac , Honoré de
As informações sobre os eventos a divulgar deverãodar entrada na nossa redacção até ao dia 15
de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: [email protected]
IMPORTANTEÀs associações, clubes, bandas , etc..
Oquestrada na Alemanha16 de Julho em Kassel, 20h00 *17 de Julho em Estugarda, no Marktplace OpenAir Festival, 20h3020 de Julho em Oldenburg, Kultursmmer, 20h0031 de Julho em Düsseldorf, 15h0031 de Julho em Koblenz no Festival Festung Eh-renbreitstein, 21h3006 de Agosto em Jena no Jena Kulturarena, 20h0007 de Agosto em Wennigsen, Alte Kornbrennerei,20h00
* Nas informações em que não são indicados oslocais de actuação, sugerimos os interessados adirigirem-se a locais de venda de bilhetes e infor-mações de espectáculos nas respectivas cidades.
03.07,2010 – DÜSSELDORF -
Arraial " Open Air" com folclore
e baile animado pelo conj. FM
Radio. Muita e agradáveis surpre-
sas. Das 15h00H às 21h30
Local da Festa : Bürgerhaus Ben-
rath , Telleringstr.56
40597 Düsseldorf - Benrath
para mais informacoes: www. qui-
nasdeportugal.com
ou 0173-7366540
10.07.2010 – GÜTERSLOH –
Gütersloh International. Am:
10.07.2010 von 14:30 Uhr bis
00:00 Uhr. Veranstaltungsort:
Stadthalle Gütersloh. Kultur
Räume Gütersloh, Friedrichstraße
10. 33330 Gütersloh
10.07.2010 – ESSEN – Con-
curso amigável „Vamos Dançar”
aberto a todas as idades e a todo
o tipo de danças.
Venham dançar e divertir-se con-
nosco!!!
Venham bater palmas, balançar o
pé e abanar a cabeça
Local: Centro Português de
Essen, Girardetstr.21, 45131
Essen. Org. Projecto Intercâmbio
18.07.2010 – FELBACH - Festa
de Verão ao ar livre a partir das
10h00 . no parque da Associação
de Felbach, Stuttgartstr. 112,
70736 Fellbach.
Programa músical: abertura com
um grupo da fanfarra, duo músical
J&F Top-Som, Band Expression,
grupos de dança Hip.Hop, Mini
Splash e The-Funnkys.
Gastronomia portuguesa com
grilhados, bom vinho e animação.
19.07.2010 – BERLIM – Actua-
ção do grupo de fados “Trio
Fado”. Local:Amphitheater &
Strandbar Mitte, im Monbijou-
park,
Monbijoustraße
25.07.10 - LOLLAR – Actuação
do grupo de fados Trio Fado
Local: Hofkonzert Kirchberg. Iní-
cio: 16h00.
Info: Tel: 06406-1250
Portugal Post VerlagGrafik | Design | Print | Broschüren |
Plakate | Flyer | Bücher |Postkarten | Visitenkarten | Briefbögen
Burgholzstr. 43 • 44145 DortmundTel.: 0231 - 83 90 [email protected]
ComunidadePORTUGAL POST SHOP - LivrosLer português
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Formas de pagamentoCupão de Encomenda
+José Saramago O Evangelho segundo Jesus Cristo- Preço: € 31,50 (Livro de Bolso)
"O filho de José e de Maria nasceu como todos os filhosdos homens, sujo de sangue de sua mãe, viscoso dassuas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou por-que o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo eúnico motivo." Todos conhecem a história do filho deJosé e Maria, mas nesta narrativa ela ganha tanta be-leza e tanta pungência que é como se estivesse sendocontada pela primeira vez. Nas palavras de José PauloPaes: "Interessado menos na onipotência do divinoque na frágil mas tenaz resistência do humano, a artemagistral de Saramago excele no dar corpo às preli-minares e à culminância do drama da Paixão"
José SaramagoMemorial do Convento- Preço: € 28,90
«Um romance histórico inovador. Personagem principal,o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descriçãoengessada, privilegiando a caracterização de umaépoca. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez pro-messas de levantar um convento em Mafra... Era umavez a gente que construiu esse convento... Era uma vezum soldado maneta e uma mulher que tinha poderes...Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido".Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João,quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quartode sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais
de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda nãoemprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, aoencontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correumundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi).Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis eo outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dostristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
José Saramago Ensaio sobre a Cegueira- Preço: € 28,90
«Um homem fica cego, inexplicavelmente,quando se encontra no seu carro no meiodo trânsito. A cegueira alastra como "umrastilho de pólvora". Uma cegueira co-lectiva. Romance contundente. Saramagoa ver mais longe. Personagens sem nome.Um mundo com as contradições da espéciehumana. Não se situa em nenhum tempoespecífico. É um tempo que pode serontem, hoje ou amanhã. As ideias a viremao de cima, sempre na escrita de Saramago.
A alegoria. O poder da palavra a abrir os olhos, face ao risco de uma si-tuação terminal generalizada. A arte da escrita ao serviço da preocu-pação cívica.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
José Saramago Levantado do Chão - Preço: € 31,50
«A transformação social. A contestação.Personagens em diálogos. As cruentasdesigualdades sociais. Surgem as per-guntas proibidas. Vai-se adquirindoconsciência e espaço, para que tudo selevante do chão. Um livro composto por34 capítulos. No 17.º está a tortura e amorte de Germano Santos Vidigal. Ger-mano, o nome que significa irmão, ohomem da lança. Apesar de vencido, osacrifício da sua vida indica o caminho."Já o encontraram. Levam-no dois gu-ardas, para onde quer que nos voltemos
não se vê outra coisa, levam-no da praça, à saída da porta do sectorseis juntam-se mais dois, e agora parece mesmo de propósito, é tudoa subir, como se estivéssemos a ver uma fita sobre a vida de Cristo, láem cima é o calvário, estes são os centuriões de bota rija e guerreirosuor, levam as lanças engatilhadas, está um calor de sufocar, alto..»(Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
José Saramago CaímPreço: € 25.90
Se em O Evangelho Segundo Cristo José Saramago nos deu a sua visão do NovoTestamento, em Caim regressa aos primeiros livros da Bíblia. Num itinerário he-terodoxo, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e camposde batalha pela mão dos principais protagonistas do Antigo Testamento, impri-mindo ao texto o humor refinado que caracteriza a sua obra.Caim revela o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: a ca-pacidade de fazer nova uma história que se conhece do princípio ao fim. Um re-lato irónico e mordaz no qual o leitor assiste a uma guerra secular, e de certaforma, involuntária, entre o criador e a sua criatura.
José Saramago Viagem a Portugal- Preço: € 28,40
«De Nordeste a Noroeste, caminhos que vão dar às "Meninas de CastroLaboreiro", à "História do soldado José Jorge" ou ao Monte Evereste deLanhoso. Depois, as "Terras baixas, vizinhas do mar". Encontramos nelas"Um Castelo para Hamlet", e descobre-se que nem todas as ruínas sãoromanas. Viaja-se ainda pelas "brandas beiras de pedra", com as "novastentações do demónio" e "o fantasma de José Júnior". Um convite, en-tretanto, a parar em todo o lado, entre Mondego e Sado, para observar"artes da água e do fogo" ou as chaminés e laranjais. E um passeio pela"grande e ardente terra de Alentejo". Aí, "a noite em que o mundo co-meçou"; aí, "uma flor da rosa"; aí, onde "é proíbido destruir os ninhos".E mais o sol, o pão seco e o pão mole do Algarve, com "o português talqual se fala". "Pelos caminhos de Portugal / Eu vi tantas coisas lindas vio mundo sem igual", canta o cancioneiro popular, e assim faz Saramago,
com a diferença essencial que a qualidade da sua escrita está bastantes furos acima. Uma viagem, se nãopelo Portugal profundo, pelo menos por uma forma profunda de ver Portugal.» (Diário de Notícias, 9 deOutubro de 1998)
José Saramago As intermitências da mortePreço: € 12,00No dia seguinte ninguém morreu». Assim começa estenovo romance de José Saramago. Colocada a hipótese,o autor desenvolve-a em todas as suas consequências,e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampladivagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido,ou a falta dele, da nossa existência.
José Saramago A jangada de pedra- Preço: € 31.50Uma parábola sobre o isolamento dos povos ibéricosna Europa. Racham os Pirineus, a Península Ibérica sedesgarra da Europa. Transformada em ilha - Jangadade Pedra -, navega à deriva pelo Oceano Atlântico. Aesse espetacular acidente geológico somam-se outrosinsólitos que unem os quatro personagens principaisdo romance numa viagem apocalíptica e utópica peloscaminhos da linguagem e, através desta, da arte e da
cultura peninsulares.
Nos preços dos títulos em português jáestão incluídos os portes de Correio
Obras de José Saramago
Títulos em Alemão(Aos preços dos títulos em Alemão são acrescidos os portes de correios) Das Evangelium nach Jesus Christus, 12,50 Das Memorial, €12,50 Das steinerne Floß, € 12,50 Die portugiesische Reise, € 12,50 Die Stadt der Blinden, € 12,50 Eine Zeit ohne Tod, € 12,50 Hoffnung im Alentejo, € 12,50
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 201020 Vidas
Memória futura
Sabemos que há mulheres e homens que desejam comunicar as suas aventuras ouaté mesmo histórias sobre a sua vida ou que querem relatar experiências e contarcasos de que foram testemunhas ou os principais protagonistas. Todos, uns mais que outros, temos uma história para contar, como por exemplo,como cá chegamos; a nossa dificuldade em compreender a língua; os sonhos queacalentamos para aguentar estar num país tão diferente; o choque cultural, o pri-meiro dia de trabalho e, porque não, as dificuldades por que passamos.Nós queremos contar a sua vida, o bom e o mau. Escreva-nos como sabe e pode e a sua história poderá ser um valioso testemunho danossa presença neste país.Não se esqueça de nos enviar as fotografias que deseja ver publicadas.Morada:PORTUGALPOSTBurgholzstr.4344145 DortmundFax: (0231) 83 90 351E mail: [email protected]
ESCREVA-NOS e conte-nos a história da sua vida
Pedimos aos leitores que nos en-viam correspondência para estarubrica para não se alongaremmuito nos textos que escrevem.A redacção reserva o direito decondensar e de trabalhar os tex-tos.Obrigado.
Nós queremos publicar aqui as fotografias que fazemviver as suas recordações das férias, na associação, no tra-balho, com os amigos, no restaurante, nas festas, etc. Oenvio das fotos pode ser feito por e-mail ou por carta (coma garantia de restituirmos todas as fotos que recebermos)
Na foto tirada e publicada na edição de Abril de 1999 no PORTUGAL POST sorriem para o fotografo um grupo de mulheresque se encontravam em Dortmund para criarem e bordarem um tapete de Arraiolos que concluíram com uma festaentre as senhoras organizada pela Caritas
1999
Caros amigos do jornal PORTUGAL POST, Vou tentar passar para o papel umaestranha história que não há muitotempo se passou comigo.
Saí de casa de madrugada. Não conse-guia dormir: sentia-me angustiado pelo quese tinha passado no trabalho com dois pa-cientes e, por isso, não pregava olho. Seriamtrês horas da madrugada quando me pusdiante da TV na tentativa de adormecer aover um qualquer programa aborrecido. Nada.Estava tão desperto que parecia que tinhatomado cafeteiras de café puro. Como nãosabia que fazer, fumei como um danado en-quanto o sono não aparecia. Em vão, aindacaminhei de janela em janela da casa parapassar o tempo e procurar o desejo de medeitar e adormecer. E facto é que continuavadesperto como um vampiro.
Vesti-me e decidi ir dar uma volta peloquarteirão. A noite não estava fria. O mês deMaio já se fazia sentir mesmo de madru-gada. Quando cheguei à rua passavam já dastrês e meia. Pus o pé no passeio e pergunteia mim mesmo E agora, para onde vou?
Pus-me a caminho em direcção ao rio.Caminhava devagar, sem pressa de chegarporque não tinha destino. Na rua, de quandoem vez passava veloz algum carro para logodesaparecer na próxima curva. Passou tam-bém por mim um distribuidor de jornais queme atirou um sonoro Guten Morgen. Pareipor duas vezes dominado pela dúvida se de-veria continuar naquele insólito passeio ouse deveria voltar para trás, ir para casa e ten-tar adormecer. A minha sorte é que no dia aseguir não estava ao serviço, sendo por issoque não me preocupava muito com a ques-tão de levantar cedo ou nem sequer pregarolho toda a noite e a seguir ter de trabalhar.
Caminhava lentamente, sem pressa.Nisto pensei ainda descobrir algum Bistro ouBar que tivesse aberto, coisa que é possível
nos dias de hoje.A noite, ou melhor, a madrugada, es-
tava suave e agradável. Passei por um jardime sentei-me num banco para fumar mais umcigarro. Não havia ninguém. Para além dosom entrecortado de uma outra ambulânciaque passava de tempos a tempos, o silênciopesava sobre a madrugada. Levantei-me etornei a caminhar em direcção à ponte queme levava à outra margem, para os lados daestação, onde eu podia engolir uma aguar-dente de maçã ou um outro conhaque parachamar o sono e o cansaço.
Foi que na ponte para onde me dirigiaavistei um vulto de alguém que se debruçavasobre o paradão. Quando me aproximei vique a pessoa mantinha as mãos na cabeçanuma atitude que parecia de desespero.Dando pela minha presença, o vulto inicioua sua caminhada em direcção contráriaàquela que eu seguia. Fosse quem fosse, ca-minhava com os olhos colados ao chão, semolhar para qualquer lado. Ao passar por mim,quase que me atropelava, não fosse eu adesviar-me e teria vindo contra mim. Aindaassim quase me tocou, de raspão. Levantoua cabeça e pediu-me desculpa. Vi então queera uma mulher e pareceu-me que chorava.Disse-lhe Não tem de quê e perguntei-lhe seestava bem ou se tinha alguma preocupação.Nada, não tenho nada, disse-me. É melhorir para casa, dormir que amanhã é um novodia, aconselhei.
Mas ir para onde? Interrogou-se. Se eupudesse... Acrescentou.
Disse-lhe que para os lados da estaçãohavia quartos baratos podendo lá passar anoite. Depois de lhe ter dito isto fiquei coma impressão que não era essa a sua intençãoe, sem me dizer porquê, disse que tinhamedo.
Venha comigo, disse-lhe. Caminhámosem direcção à outra margem. Lá, algures, se
situava a estação de comboios e, com sorte,podia encontrar um local aberto.
Dito e feito. No interior da estação ha-viam vários Bistros abertos. Entramos num.Quase vazio, o Bistro dava guarida a três ouquatro passageiros da noite que matavam otempo diante de copos de cerveja. Umaempregada matrona, com um decote quaseindecente e um sorriso malandro nos lábios,serviu-me um conhaque e, à minha inespe-rada companheira, um Milchcafé bemquente.
Foi difícil arrancar-lhe qualquer palavrasobre a sua situação. Era uma mulher bonita,embora houvesse qualquer coisa no seurosto de muito triste. A cor dos seus olhos eracor de cinza e aparentava ter 35 anos deidade. Sobre as suas origens, foi-me dizendoque tinha nascido na Rússia e que vivia aquina Alemanha ia para 9 anos. Falava bem ale-mão e, das raras vezes que tentou sorrir, oseu rosto inspirava uma simpatia bastanteagradável.
Pouco a pouco o cansaço ia tomandoconta mim. Tinha passado um dia difícil e,
no hospital onde eu trabalho, as coisas tin-ham corrido muito mal. No banco de opera-ções, onde eu assisto um cirurgião, tinhampassados dois pacientes que não tinham re-sistido à operação devido ao adiantado es-tado da doença. Talvez tenham sido essescasos a origem da minha insónia e, de certamaneira, tenham contribuído para o meu es-tado. Era sempre assim quando morriam pa-cientes em operações nas quais euparticipava como assistente-enfermeiro.
Disse-lhe que precisava de descansaragora que tinha sono. Paguei a despesa àempregada com o decote exagerado e per-guntei à minha momentânea companheirase precisava de dinheiro para alugar umquarto. Respondeu-me com silêncio. Levan-tei-me para sair. Ela continuava sentada. De-sejei-lhe boa sorte, cumprimentei-a e saí.
Na rua, não dei mais do quer vinte pas-sos e o arrependimento de ter deixado amulher sem a ajudar tomou conta de mim.Voltei para trás, ao bistro, e disse-lhe Venhadaí.
Chegados a minha casa disse-lhe queela podia dormir na minha cama que eu fi-caria na sala, no fofá. Recusou. Não, não, porfavor, eu posso ficar aqui a um canto no sofá,disse. Dei-lhe roupa de cama e indiquei-lhea casa de banho. Enfiei-me no meu quarto edava graças a Deus por sentir sono.
Dormi. Acordei seriam 10h00 da manhã. Uma
leve dor de cabeça fez com que eu fechassede novo os olhos e tentasse dormir. Umahora depois decidi levantar-me e dirigi-meà cozinha para fazer um café. Encontrei-asentada no sofá com a cabeça encostada aosjoelhos, aninhada como se quisesse esconderde qualquer perigo.
Fiz-lhe um café e, à luz do dia, vi quantoera bonita mesmo com o ar cansado posto anu pelas, ainda que leves, olheiras que lhe
sombreavam o olhar.A custo, foi-me dizendo o que lhe acon-
tecera. Tinha passado dois dias muito difíceisdepois da morte do seu amigo com quemvivia e não conseguia voltar a casa porque asrecordações a faziam sofrer. Por isso, tinhaandado pelas ruas sem saber o que fazer atéque me encontrou. O seu amigo/maridotinha 38 anos e foi-lhe diagnosticado umadoença que o levou. A sua aflição e tristezafoi tanta que não teve forças para lhe fazero funeral, deixando-o entregue ao hospitalonde estava internado e acabou por falecer.Disse-me que lhe custava muito ir para casaporque as lembranças do seu amigo aindaeram muito vivas e não conseguia estar emcasa. Tinha medo, disse. Não podia habituar-se à morte do seu homem e estar em casa.Era muito penoso
Percebi o que sentia e não sabia quedizer-lhe quando a escutava a contar a suahistória.
Pensei que raio de sina era a minha queme punha em confronto com o destino trá-gico e amargo das pessoas, fosse no hospital,no lugar de trabalho, ou fora dele!...
Nessa manhã, a mulher despediu-secom um obrigado nos lábios, sem nunca terolhado para trás. Dela nem o nome soube.Partiu e eu voltei ao rame-rame, entre o hos-pital e a minha casa com intervalos de con-vívio com os amigos a quem nunca conteiesta história. Autor / Leitor Identificado
Um encontro sem querer
Disse-lhe que precisava de des-cansar agora que tinha sono. Pa-guei a despesa à empregada como decote exagerado e perguntei àminha momentânea compan-heira se precisava de dinheiropara alugar um quarto. Respon-deu-me com silêncio. Levantei-me para sair. Ela continuavasentada. Desejei-lhe boa sorte,cumprimentei-a e saí.
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 2010 21Passar o Tempo
CONSULTÓRIO ASTROLÓGICOE-mail: [email protected]: 00 351 21 318 25 91
Previsões para Julho de 2010Por Maria Helena Martins
Embaixada de PortugalZimmerstr.56 10117 BerlinTelefone 030 - 590063500Telefax 030 - 590063600
Telefone de emergência (fora do horário normal
de expediente): 0171 - 9952844
Consulado -Geralde Portugal em Hamburgo
Buschstr 7 - 20354 - HamburgoTel: 040/3553484
Vice-Consulado de Portugal emOsnabruck
Schloßwall 2 - 49080 OsnabruckTel:0541/40 80 80
Consulado-Geralde Portugal em Dusseldorf
Friedrichstr, 20 - 40217 -DusseldorfTel: 0211/13878-11;12;13
Vice-Consuladode Portugal em Frankfurt
Zeppelinalle 15 - 60325- FrankfurtTel: 069/979880-44;45
Consulado-Geralde Portugal em Stuttgart
Königstr.20 - 70173 StuttgartTel. 0711/2273974
Conselho das ComunidadesPortuguesas:
Alfredo Cardoso,Telelefone: 0172- 53 520 47
Alfredo StoffelTelefone: 0170 24 60 [email protected]
José Eduardo,Telefone: 06196 - 82049
Maria da Piedade FriasTelefone: 0711/[email protected]
Rui Clemente PazTelefone: 0173 - 5351651
AICEP PortugalZimmerstr.56 - 10117 Berlim
Tel.: 030 254106-0
Federação de EmpresáriosPortugueses (VPU)
Hanauer Landstraße 114-11660314 Frankfurt
Tel.: +49 (0)69 90 501 933Fax: +49 (0)69 597 99 529
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Postfach 10 01 05D-42801 Remscheid
Tel.: 02191-26247 (Presidente)
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CARNEIROAmor: Vai precisar muito do carinho doseu par. Procure ter uma vida de paz eamor.Saúde: Estará cheio de energia.Dinheiro: Esteja atento pois poderá terboas oportunidades de trabalho.
TOUROAmor: Poderá sentir saudades da sua in-fância. Ao aceitar o passado todas as má-goas se dissiparão e você viverá em paz!Saúde: Cuidado com o aparelho diges-tivo.Dinheiro: Tenha cuidado com os falsosamigos, pois nem sempre as pessoas quenos sorriem são as mais verdadeiras.
GÉMEOSAmor: A paixão poderá invadir o seu co-ração. O optimismo é próprio de quemprocura estar bem com a vida fazendocom que os outros também estejam. Saúde: Estável. No entanto, esteja atento.Dinheiro: Seja cauteloso, não gaste demais.
CARANGUEJOAmor: Tenha paciência com os defeitosdos outros. Lembre-se que também ostem. Por muitos erros que os outros pos-sam cometer, não os critique, dê-lhesantes a oportunidade de os corrigirem!SAÚDE: Poderá sofrer de dores de cabeça.Dinheiro: Nada o preocupará.
LEÃOAmor: A sua relação estará em profunda
harmonia. Olhe tudo com amor, assim avida será uma festa!Saúde: Cuidado com o sistema nervoso.Dinheiro: A sua vida financeira tem ten-dência para melhorar significativamente.
VIRGEMAmor: Antes de falar, pense bem naquiloque vai dizer. Não julgue o seu próximo,procure não pensar mal das pessoas!Saúde: Faça análises com maior regula-ridade.Dinheiro: Poderá ter a oportunidade deaumentar a sua capacidade financeira.
BALANÇAAmor: Invista e dê mais de si na sua rela-ção. A sua felicidade depende de si!Saúde: Não se desleixe e zele por si.Dinheiro: Pense bem antes de pôr emcausa o seu dinheiro.
ESCORPIÃOAmor: Estará muito sensível. Levará a malcertas coisas que lhe digam. Não dê tantaimportância a assuntos triviais. Dê sempreem primeiro lugar um bom exemplo deconduta!Saúde: Imponha um pouco mais de dis-ciplina alimentar a si próprio.Dinheiro: Tendência para gastos excessi-vos.
SAGITÁRIOAmor: Não seja mal-humorado para osque lhe são queridos. Plante hoje semen-tes de optimismo, amor e paz. Verá quecom esta atitude irá colher mais tarde os
frutos da alegria.Saúde: Faça alguns exercícios físicosmesmo em casa.Dinheiro: Não deixe para amanhã aquiloque pode fazer hoje.
CAPRICÓRNIOAmor: Um amigo poderá declarar umapaixão por si. Domine a sua agitação, per-maneça sereno e verá que tudo correbem!Saúde: Cuide melhor da sua alimentação.Dinheiro: Pode ter uma nova propostade trabalho.
AQUÁRIOAmor: Tente adaptar-se a uma nova vida,não esteja dependente de ninguém. Queo seu sorriso ilumine todos em seu redor!Saúde: Lembre-se que se não estiver deboa saúde dificilmente conseguirá atingiros seus objectivos, cuide mais de si!Dinheiro: Pense bem antes de pôr emmarcha qualquer tipo de projecto.
PEIXESAmor: Apague de uma vez por todas asrecordações do passado que não o fazemfeliz, esteja em paz consigo. Olhe emfrente e verá que existe uma luz ao fundodo túnel!Saúde: Não se auto-medique, procure oseu médico.Dinheiro: boa altura para fazer um inves-timento desde que analise bem a situa-ção.Invista com cuidado.
Quatro turistas portugueses vem para o Brasil, alu-gam um carro e começam a correr pela Via Dutra.Logo são parados por um guarda que se aproximada janela e pergunta: - Muito bonito! Por acaso posso saber o nome dosquatro elementos? O Manuel responde rápido: -Ora, essa é fácil: terra, fogo, água e ar!
O director da penitenciária reúne os presos nopátio e fala ao megafone: - Atenção, vamos fazer uma faxina para limpar este presídio, porque amanhã o governadorvem aí. No meio do pátio, um dos presos comenta: . Até que enfim que o apanharam!
Uma rapariga que trabalhava num escritório foi a um restaurante almoçar. Como estavamtodas as mesas ocupadas, sentou-se numa em que já estava uma velhota. Começaram emsilêncio, sem trocar palavra, até que a rapariga, terminada a refeição, acendeu um cigarro. - Preferia cometer o adultério do que fumar em público! — observou a velha com digni-dade. - Eu também — concordou calmamente a rapariga. — Mas só tenho uma hora para oalmoço.
PORTUGAL POST Nº 192 • Julho 201022
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Agradecemos a iniciativa da PORTUGAL POST de relançar o anuário da economia portuguesa na Alemanha,como colectânea da presença empresarial. Servirá como amostra da diversidade, potencialidade e capacidadeda nossa comunidade, mas também como ferramenta de comunicação, de cooperação e construção da ponteeconómica, cultural e espiritual entre Portugal e Alemanha.Simeon Ries, Presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (VPU)
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