Relatório
Leitura técnica para PDDU
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
de Itaparica - PDDU
CONTRATO SEDUR-BA
Nº 002/2014
OBJETO
Contratação de serviços especializados de consultoria
para a realização de estudos urbanísticos e a elaboração,
com participação social, dos instrumentos de política
urbana, essenciais e estratégicos relacionados ao
desenvolvimento socioeconômico da macroárea de influência
da Ponte Salvador – Itaparica/SVO.
PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social
Salvador-BA
Julho 2015
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Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque
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DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.
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PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPARICA
Prefeito
Raimundo Nonato da Hora Filho
Vice-Prefeito Emílio Franz
DEMACAMP
Eleusina Lavôr Holanda de Freitas coordenadora
Paola Paes Manso coordenadora da Mobilização Social Maria Célia Caiado urbanista sênior
Sylvio Fleming Batalha da Silveira antropólogo
Fernanda Serralha consultora em Finanças Públicas
José Marcos Cunha consultor em Demografia
Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia
Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor em Meio Ambiente
Branca Perocco arquiteta e urbanista
Monica Mitie Kanematsu Wolf arquiteta e urbanista Gabriella Rizzo arquiteta e urbanista
Rafael Baldan estagiário
INSTITUTO PÓLIS
Margareth Matiko Uemura coordenadora geral
Nelson Saule Junior coordenador Danielle Klintowicz urbanista sênior
Guadalupe M.J.A.Almeida - advogada senior - coordenadora juridica PUI
Raphael Bishof advogado sênior
Mariana Levy advogada sênior
Paulo Romeiro advogado sênior
Helio Wicher Neto advogado pleno
Flavio Ghilardi sociólogo
Carolina Rocha advogada
Leandro Morais consultor em Economia Thiago Dallaverde economista pleno
Jorge Kayano coordenador de indicadores sociais Marcel Fantin consultor em Meio Ambiente
Felipe Moreira Arquiteto pleno Vitor Nishida Arquiteto pleno
OFICINA CONSULTORES
Marcos Bicalho consultor em Mobilidade Urbana
Felício Sakamoto consultor em Mobilidade Urbana
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Apresentação ................................................................................................................. 4
Introdução ...................................................................................................................... 5
1. Baixo dinamismo econômico, deficitária geração de empregos e alto grau de
informalidade nas relações de trabalho ....................................................................... 5
2. Presença de rico patrimônio histórico edificado, ativos ambientais preservados e
intensas iniciativas culturais ........................................................................................ 8
Fotos 1 e 2: Conjunto Arquitetônico ................................................................................ 8
Foto 3: Casarão Tenente das Botas .................................................................................. 9
3. Suscetibilidade ambiental, tendência de ocupação irregular e qualidade efetiva
dos recursos naturais ................................................................................................ 12
Mapa 1 – Tipos de Terreno ........................................................................................ 13
Mapa 2 – Terrenos Segundo a Suceptibilidade à Ocupação Urbana ......................... 14
Mapa 3 – Tipos de Vegetação Protegidas por lei ....................................................... 16
Mapa 4 - Cruzamento restrições ambientais x assentamentos precários ................. 18
4. Ocupação urbana dispersa, de baixa densidade, com subutilização de áreas com
acesso à infraestrutura urbana e adensamento da ocupação em áreas irregulares
inapropriadas à ocupação urbana .............................................................................. 21
Mapa 5 - Rede de abastecimento de água................................................................. 22
Mapa 6 - Rede de esgotamento sanitário .................................................................. 24
Fotos 4 e 5: Aterro Sanitário Integrado da Ilha .............................................................. 25
5. Esvaziamento do centro histórico com predominância de usos ocasionais de
veraneio com alta incidência de vacância versus adensamento de áreas impróprias ... 27
Gráfico 1 – Crescimento do Número Total de Domicílios e de Domicílios de Uso
Ocasional - Itaparica 2000-2010 ............................................................................ 28
Tabela 1 : Dados sobre evolução dos tipos de domicílios em Itaparica – 2000-2010
................................................................................................................................ 28
6. Desfavoráveis condições de mobilidade e ineficiente sistema de transporte
coletivo dificultando os deslocamentos e reduzindo oportunidades aos moradores .... 30
7. Oferta satisfatória de equipamentos e baixa qualidade na prestação dos serviços
sociais urbanos - Equipamentos públicos urbanos, distribuição no município e
tendências de expansão urbana................................................................................. 33
Mapa 7 - Localização e raio de abrangência das Unidades de Saúde da Família em
Itaparica ..................................................................................................................... 34
Mapa 8 - Localização e Raio de Atendimento das Escolas Municipais - 2015 ........... 35
Mapa 9 - Equipamentos de esporte, lazer e cultura .................................................. 38
8. Déficit na produção de moradia de interesse social ............................................. 40
Mapa 10 - favelas Município de Itaparica .................................................................. 42
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Mapa 11 - favelas x loteamentos aprovados ............................................................. 43
9. Fragilidade na gestão urbana e na regulamentação do uso e ocupação do solo
urbano ...................................................................................................................... 44
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Apresentação
Este produto integra a terceira entrega do contrato celebrado entre a SEDUR e o Consórcio
DEMACAMP/ INSTITUTO PÓLIS/OFICINA, Processo Licitatório nº 1411130019416 – SEDUR,
Concorrência Pública nº 002/2013.
O objeto é a “Realização de estudos urbanísticos e a elaboração, com participação social,
dos instrumentos de Política Urbana essenciais e estratégicos relacionados ao
desenvolvimento socioeconômico da macroárea de influência da ponte/Sistema Viário
Oeste (SVO)”.
A simultaneidade na elaboração dos estudos garante uma sinergia de propostas e ações,
uma vez que se trata de instrumentos voltados a construir um arcabouço de planejamento
em diversas escalas (regional, intermunicipal e local).
Além disso, também foram estabelecidos convênios entre a Prefeitura e os Municípios de
Itaparica e Vera Cruz para contratação do Plano Local de Habitação de Interesse Social
(PLHIS), do Plano de Mobilidade e do Plano de Saneamento Básico. Estes planos setoriais
devem atender as diretrizes estabelecidas no PUI e PDDUs e promover programas e
projetos para a gestão urbana, conforme definido nas diretrizes nacionais da política
urbana.
Dessa forma, a terceira entrega do contrato compreende as seguintes atividades: Audiência
Pública de apresentação do PUI, Leitura técnica para os PDDUs, Capacitação 2º módulo
(Instrumentos da Política Urbana), Leituras Técnica, Jurídica e Social para os PDDUs. Tais
atividades compõem os seguintes produtos da terceira entrega:
P.1 - Plano Intermunicipal da Ilha (PUI)
PI. 1.7 - Audiência Pública de apresentação do PUI
PI. 2.1 - Leitura técnica para PDDU
PI. 2.2 - Capacitação 2º módulo - Instrumentos da Política Urbana
PI. 2.3 - Leitura Social
PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social
Neste relatório será apresentado o produto PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social do
Município de Itaparica.
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Introdução
Com foco na elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PDDU será
apresentado neste documento a sistematização sobre análise dos dados levantados para
caracterização do município de Itaparica, segundo as dimensões técnica e social,
possibilitando o conhecimento sobre a realidade local.
O objetivo é através do cruzamento das análises realizadas nas duas dimensões acima
citadas, identificar os principais desafios que deverão ser enfrentados para a promoção do
desenvolvimento urbano. As observações produzidas a partir da análise dos dados e
informações levantada permitiram identificar os principais gargalos ao desenvolvimento
municipal, aqui apresentado de forma concisa, ilustrada pelos dados levantados.
1. Baixo dinamismo econômico, deficitária geração de empregos e alto grau de
informalidade nas relações de trabalho
A análise dos dados selecionados indica que Itaparica apresentou na última década melhora
nos indicadores socioeconômicos, porém, cabe salientar, que a melhora observada se deu
sob uma base muito baixa, colocando o município em posição inferior ao conjunto do Brasil
e abaixo, em grande parte dos indicadores, do Estado da Bahia, indicando fraco dinamismo
econômico. Apesar de pertencer institucionalmente à Região Metropolitana de Salvador,
não se beneficia diretamente dessa condição, apresentando inserção periférica, exercendo
papel de ligação territorial entre a sede e os municípios que integram as regiões do
Recôncavo Baiano e do Baixo Sul.
A análise da composição e evolução dos estabelecimentos permite reforçar a divisão
setorial do PIB, com uma concentração dos estabelecimentos no setor de serviços.
Em relação ao mercado de trabalho, notou-se uma evolução significativa da população em
idade ativa e da população economicamente ativa, entretanto a taxa de atividade é menor
que a observada no Estado. É importante ressaltar que Itaparica apresenta taxa de
crescimento demográfico acima da média regional e sua estrutura etária ainda é
positivamente influenciada pela participação dos jovens em idade ativa, embora tenha
ocorrido uma diminuição da população masculina e feminina entre as idades de 19 a 24
anos entre os anos de 2000 e 2010, o que sugere fortemente a hipótese que haja ocorrido
emigração líquida significativa nessas idades.
A participação ainda alta da população em idade ativa na estrutura etária da população
poderia se constituir em oportunidade de dinamização da economia por representar maior
potencial de mão de obra, porém a falta de qualificação da população e de atividades
geradoras de emprego no território do município tem transformado essa oportunidade em
fator gerador de emigração.
Apesar do baixo dinamismo da economia local, os dados indicam que há queda na taxa de
desocupados, porém, a alta taxa de informalidade mantém a condição de fragilidade do
mercado de trabalho da região.
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A variação nos dados sobre empregos, segundo as bases de dados utilizadas, uma que
consideram os empregos formais e outra que considera as ocupações declaradas, indica
elevado grau de informalidade no mercado de trabalho local. No entanto, tanto os dados
do emprego formal (RAIS/MET) com os dados sobre as ocupações (IBGE), indicam grande
concentração do emprego no setor de serviços e na administração pública, que são os
setores mais importantes em termos de valor adicionado ao PIB. Na análise dos dados
sobre ocupações aparece ainda concentração de ocupados na agricultura, pecuária,
produção florestal, caça e pesca, de natureza primordialmente informal e que tem baixa
contribuição para PIB.
Os rendimentos médios reais também sofreram elevação. Houve mudança na distribuição
dos rendimentos pelo salário mínimo, com uma grande parcela da população saindo da
categoria sem rendimentos, porém, são baixos se comparados ao observados para o Estado
da Bahia.
Os dados indicam que Itaparica, durante a primeira década dos anos 2000, minimizou as
suas fragilidades sociais e econômicas, sendo influenciada, sobretudo pelos programas de
transferência de renda. Entretanto, a fraca base econômica de comparação, os indicadores
ainda inferiores ao do país e ao de seu estado e a alta dependência do setor público
apontam para a necessidade de contínua evolução, a fim de formar uma economia mais
autônoma e atingir níveis de desenvolvimento socioeconômico superiores. É preciso
também trazer à tona discussões latentes sobre a dinâmica econômica do território, como
a problemática da informalidade envolvendo setores importantes para a formação de
renda e emprego na sociedade da Ilha de Itaparica e os problemas e virtudes ligados à
sazonalidade econômica do veraneio.
As observações resultantes das oficinas realizadas com a comunidade local coadunam com
os resultados das análises a partir dos dados socioeconômicos. Ficou latente nas oficinas a
percepção dos moradores, das diversas localidades de Itaparica, sobre a falta de
oportunidades de trabalho no território municipal. Nas localidades onde existe a presença
de mangues, apicuns e praias, as principais atividades com possibilidades de emprego
declaradas são a pesca, predominantemente para os homens, e a mariscagem,
predominantemente para as mulheres, ambas para subsistência. Essas atividades são
presentes em localidades como Misericórdia, Mocambo, Barro Branco, Engenho e Recanto,
e também nas localidades tradicionalmente reconhecidas pela pesca, tais como, Amoreiras,
Porto Santo e Manguinhos.
Nas localidades onde se concentram residências de veraneio, tais como as localidades de
Barro Branco, Engenho e Recanto, além da pesca, predomina o trabalho informal sazonal,
tendo como ocupações principais a hotelaria, o transporte clandestino, os trabalhadores
ambulantes, as baianas do acarajé, atendendo aos turistas em Ponta de Areia e Itaparica
sede. Além do trabalho informal, os programas sociais como Bolsa Família e o Defeso foram
apontados como fontes geradoras de renda pelos moradores enquanto recurso
complementar.
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O comércio informal ligado às atividades de veraneio também predomina nas localidades
de Urbes, Marcelino e Praia do Cajá, principalmente em função da presença de barracas
para comercialização de alimentação na praia do Cajá. Em Marcelino há um importante
contingente de pessoas que sobrevive do comércio no ferry, seja como ambulante ou
produzindo para a venda no ferry.
Nas localidades reconhecidas como centros e subcentros comerciais, ou próximas a esses,
os empregos nos setores de comércio e serviços são mais frequentes. São exemplos: Bom
Despacho, Búzios, Outeiro dos Galrões, etc. As principais atividades econômicas que
ocorrem nessas localidades são: o comércio, formal especialmente pela presença do
Supermercado Bom Preço que atende a toda a Ilha, ou informal, comercio ambulante
(comercialização de frutas, roupas, sorvetes, alimentos caseiros como pamonha, etc.) e a
operação do sistema de transporte hidroviário, no Terminal Bom Despacho.
Nas localidades de Ponta de Areia e Amoreiras, segundo seus moradores, a principal
atividade econômica é o poder público, uma vez que muitos trabalham em órgãos públicos.
Em escala bem menos expressiva, a agricultura familiar também aparece como atividade
geradora de emprego, caso da localidade denominada Rodotec, formada a partir de um
assentamento rural, onde os moradores citaram com fonte de emprego o artesanato,
pequenos comércios e a produção de farinha de mandioca de forma artesanal.
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2. Presença de rico patrimônio histórico edificado, ativos ambientais preservados
e intensas iniciativas culturais
A existência de rico patrimônio material e imaterial, com características paisagísticas,
históricas e culturais poderá se constituir em importante diferencial para o melhor
aproveitamento do turismo no município, gerando dinamismo econômico, produzindo
riquezas e empregos.
O centro histórico de Itaparica apresenta um conjunto de imóveis tombados pelo IPHAN,
desde 1980. O trecho conhecido como Ponta da Baleia localiza-se na parte central da
cidade, próxima ao mar, no norte da ilha. Segundo o IPHAN, o conjunto arquitetônico,
apesar das transformações ocorridas ao longo dos anos, conserva suas características
originais.
O conjunto arquitetônico protegido destaca-se pela uniformidade dos muitos edifícios de
um só pavimento, com janelas e portas de vergas retas ou curvas. Os sobrados existem em
pequeno número a Matriz do Santíssimo Sacramento, que por sua volumetria, destaca-se
em relação à horizontalidade dos demais imóveis
A parte central da cidade, protegida pelo Instituto, localiza-se próxima ao mar, no norte da
ilha, em trecho conhecido antigamente como Ponta da Baleia, que se desenvolveu em uma
trama de ruas de desenho irregular, intercalada por praças.
O conjunto arquitetônico conserva suas características originais e mantém a unidade
conceitual com o resto da vila - casas térreas com desenvolvimento urbano em malha não
regular. O tombamento abrange a preservação da ambiência da vila e seu entorno, além
das igrejas de pequenas dimensões.
Outros pontos de destaque na paisagem são a Igreja de São Lourenço, de pequenas
dimensões e o Forte de mesmo nome, à beira-mar.
Fotos 1 e 2: Conjunto Arquitetônico
Fonte: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
Além destes bens que já estão protegidos por tombamentos do IPHAN, Itaparica possui
outros edificações e monumentos que merecem atenção por suas características enquanto
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local de referência para a preservação por suas características e efeito na identificação
cultural da população local.
A Fonte da Bica, na sede da cidade de Itaparica, foi construída em 1842 e oficializada como
Estância Hidromineral em 1937, única do país e das Américas à beira-mar. É famosa por sua
água fina “que faz velha virar menina”. A água possui indiscutíveis propriedades medicinais
em sua composição. A nascente fica oculta no morro de Santo Antônio.
O Casarão Tenente João das Botas (Centro de Artesanato) foi construído em 1630 e está
localizado na Praça da antiga Trincheira, atualmente conhecida como Praça da Quitanda. O
nome dado atualmente, Tenente João das Botas, refere-se à figura de destaque na Batalha
do Funil contra os portugueses e abriga, no térreo, o Centro de Artesanato que oferece
legítimo artesanato de búzios e conchas da Ilha.
Foto 3: Casarão Tenente das Botas
Fonte: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
Antigo centro comercial, onde os moradores negociavam peixes, frutas e outras
mercadorias, a Praça da Quitanda atualmente abriga também bares, restaurantes,
sorveteria, loja de antiguidades e uma loja de artigos para praia.
Todo esse patrimônio, tombado ou não, confere ao município importante acervo com
interesse para preservação, constituindo-se em potencial para exploração diferencial da
atividade turística, de uso não sazonal, podendo se tornar fonte de qualificação urbana e
dinamização econômica municipal e deverá receber atenção especial e parâmetros
próprios na regulação do uso e ocupação do solo que favoreçam essa condição.
Além do patrimônio material, em Itaparica existe rico patrimônio imaterial, intimamente
relacionado com o patrimônio paisagístico. Parte deste constituiu unidades de conservação
como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Recife das Pinaúnas e a APA Municipal
Venceslau Monteiro, oferecendo um rico conjunto de belezas cênicas e vários pontos de
observações (mirantes), que são ainda pouco explorados pelo ecoturismo. Esse patrimônio
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paisagístico deve merecer uma valorização enquanto parte integrante do patrimônio
cultural imaterial, pois as paisagens da Ilha de Itaparica fazem parte do imaginário das
populações tradicionais ali presentes que têm nesse conjunto paisagístico a referência de
sua própria existência no mundo.
Alguns bens imateriais registrados em âmbito federal também são encontrados em
Itaparica tais como o samba de roda do recôncavo, o ofício das baianas do Acarajé, as rodas
de capoeira e o ofício dos mestres de capoeira.
Principalmente na contra costa, ainda é possível observar a importância do mar e da pesca
nas características sociais, econômicos e culturais históricas de seus moradores. Ali, ainda
persiste como meio de subsistência e construção de identidade cultural a presença do mar
e todas as atividades a ele relacionadas, como a navegação e a pesca, que tiveram no
passado papel importante na vida cotidiana dos moradores.
O Decreto 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, institui a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, e define estes da
seguinte forma: “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que
possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela
tradição”. Dentre a variedade de povos e comunidades tradicionais existentes no Brasil, no
caso da Ilha de Itaparica destacam-se os pescadores artesanais e marisqueiras. Nas
localidades – que se situam invariavelmente na faixa litorânea da ilha –, sejam as mais
urbanizadas como a sede de Itaparica e Bom Despacho, sejam aquelas situadas na contra
costa, como Misericórdia existe população que pratica a atividade da pesca (e na maioria
dos casos, também de mariscagem) utilizando-se de saberes e práticas de caráter
tradicional. Sem dúvida patrimônio que poderá ser explorado como diferencial na
promoção do turismo sustentável.
A leitura social demonstrou que para os moradores de Itaparica o município possui grande
patrimônio cultural: seja pela sua importância histórica no processo de luta pela
independência da Bahia e do Brasil, seja pelas suas manifestações culturais que fazem
deste território um lugar único.
Os moradores destacaram a existência de uma área em que ocorrem manifestações
culturais (Ensaio dos Guaranis) e que deve ser preservada como estratégia de manutenção
dessas atividades.
As festas tradicionais, religiosas ou não, representam importante patrimônio imaterial a ser
considerado. Os moradores valorizam muito a preservação dessas festas e acreditam que a
história do município pode cair no esquecimento uma vez que as festas cívicas são muito
importantes para a identidade da ilha, a exemplo da festa que acontece em Sete de Janeiro
(Os caboclos de Itaparica) onde se comemora o início da independência do Brasil do
domínio de Portugal. Misericórdia, por exemplo, se destaca pela realização de festas, sendo
as principais manifestações culturais: Festa de São Roque (16 de agosto), Festa de Nossa
Senhora da Misericórdia (27 de novembro), FestiGospel (28 de novembro), além das festas
tradicionais de São João e o carnaval. Segundo os moradores locais a capoeira, o folclore e
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o samba de roda, e os grupos de dança, e teatro que reúnem crianças, adolescentes e
jovens também são manifestações culturais importantes.
Já a localidade de Barro Branco destaca-se culturalmente pela realização de festas religiosas
em função da concentração de terreiros. Existe um calendário de festas já estabelecido e
com vasta participação dos moradores. Os terreiros são divididos em terreiros de culto aos
Eguns e terreiros de culto aos Orixás. Em ambas as formas de culto existe a tradição de
festas em determinadas épocas e que mobilizam não só a população, mas também a
economia local, com a venda de produtos pelos ambulantes. Muitas pessoas de Recanto e
Engenho, localidades próximas, frequentam as festas que acontecem no Bairro do Barro
Branco.
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3. Suscetibilidade ambiental, tendência de ocupação irregular e qualidade efetiva
dos recursos naturais
O ambiente natural do território do município de Itaparica, composto por rico patrimônio
ambiental, é caracterizado pela incidência de remanescentes de floresta ombrófila em
estágio médio de regeneração, restinga, manguezais e apicuns, vegetação aluvial ou
brejosa que constituem o bioma Mata Atlântica, recifes de corais e praias.
Em Itaparica tem se intensificado o espraiamento e a expansão da mancha urbana através,
principalmente, da ocupação irregular de áreas urbanas. Esse fato se torna preocupante em
função da existência de áreas frágeis ambientalmente, e não adequadas à ocupação urbana
e da presença de ativos ambientais que precisam ser preservados para a manutenção da
qualidade de vida, sendo fundamental sua existência enquanto diferencial para a
dinamização da economia e sobrevivência de modos tradicionais de produção observados
no município.
O processo de ocupação irregular no município se deu principalmente por falta de controle
da ocupação do solo. Muitos loteamentos foram aprovados na Prefeitura, porém não foram
implantados, favorecendo a ocupação irregular. Em Itaparica, 42% dos assentamentos
precários estão inseridos sobre loteamentos, que foram aprovados na Prefeitura, porém
não foram implantados. Ou seja, dos 26 assentamentos precários identificados no
município, 11 encontram-se nesta situação.
Visando a identificação de áreas ambientalmente frágeis que precisam de regulamentação
urbanística para garantir a ocupação sustentável, foi realizada a análise sobre os meios
físico e biótico, com o objetivo de mapear a susceptibilidade à ocupação no território do
município de Itaparica. Os terrenos que apresentam fragilidades e potencialidades para a
ocupação urbana foram identificados e mapeados com base na análise integrada das
informações sobre o substrato rochoso e sedimentos, o relevo, o solo (cobertura dentrítica)
e a dinâmica superficial.
Em relação ao meio físico, o município de Itaparica é caracterizado por sete (7) tipos de
Terreno denominados de: Amorreados Baixos, Colinosos, Colinosos com Morrotes, de
Planície Marinha, de Planície de maré e Manguezais, de Planície Flúvio-Marinha, e de Praia.
As características e a sensibilidade geoambiental dos terrenos que caracterizam o município
de Itaparica permitiram classificá-los como tendo susceptibilidade baixa, média e alta à
ocupação e como terrenos impróprios.
A susceptibilidade à ocupação foi assim classificada: Baixa: Quando são favoráveis ou
apresentam pequenos problemas e/ou exigem cuidados simples de implantação e
conservação; Média: Quando o uso é possível, porém com problemas e cuidados
específicos para implantação e conservação; Alta: Quando o uso só é possível em áreas
localizadas, os problemas são complexos e os cuidados são severos e restritivos para
implantação e conservação e Impróprios: Quando o uso é inadequado, devido a riscos
geotécnicos e a restrições ambientais e/ou legais.
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Mapa 1 – Tipos de Terreno
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
Foram considerados impróprios os Terrenos Amorreados Baixos, as Planície de Maré e
Manguezais, as Planícies Flúvio-Marinhas e as Praias.
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Mapa 2 – Terrenos Segundo a Susceptibilidade à Ocupação Urbana
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
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No que se refere às restrições à ocupação ao meio biótico foi considerado como atributo
biótico os remanescentes vegetais do bioma Mata Atlântica - floresta ombrófila densa das
terras baixas, restinga (vegetação com influência marinha), manguezais (vegetação com
influencia fluvio-marinha), vegetação aluvial ou brejosa (vegetação com influência fluvial) e
áreas antropizadas - que ocupam parcelas do território e que por disposição legal podem
estar protegidos, condicionando o uso dessas áreas como de interesse ambiental e com
restrições ao parcelamento do solo.
No município de Itaparica devido ao estado atual de ocupação do território existem poucos
remanescentes do bioma Mata Atlântica, sendo identificados fragmentos de floresta
ombrófila densa das terras baixas, manguezais, vegetação aluvial ou brejosa e restinga de
porte herbáceo. Embora ocorram remanescentes florestais em estágio médio de
regeneração, a maior parte deles encontra-se antropizados, apresentando-se mais
alterados e com menores índices de riqueza nas proximidades dos núcleos urbanos, vias de
acesso e rodovias (VS AMBIENTAL e NEMUS, 2014b).
O grande valor ambiental da vegetação na Ilha de Itaparica reside na composição da
paisagem, onde formações florestais em diferentes estágios de conservação se interligam e
muitas vezes encontram-se conectadas a fitofisionomias de ambientes úmidos, tais como
manguezais, na região de Mocambo e Misericórdia, e vegetação aluvial ou brejosa de água
doce, como a norte da APA de Venceslau Monteiro.
Os manguezais ocorrem predominantemente na contra costa, do município de Itaparica
ocupando as extensas planícies de maré que ocorrem nas proximidades de Mocambo e
Misericórdia. Áreas de manguezais pequenas e estreitos ocorrem na costa, associadas a
canais de marés formados em depressões intercordões existentes na Praia de Ponta de
Areia.
A intensificação do processo de ocupação irregular ameaça a integridade dos manguezais
no município. Em Itaparica os manguezais apresentam estados de conservação variados,
com incidência de áreas bem preservadas devido ao baixo acesso populacional e áreas
alteradas pelo desmatamento, pela implantação de aterros, residências ou comércio
(palafitas, bares e restaurantes) pela poluição causada pelo esgotamento sanitário e pelo
uso predatório do extrativismo.
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Mapa 3 – Tipos de Vegetação Protegidas por lei
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
A distribuição dos assentamentos precários é bastante dispersa em todo o território,
observando-se uma maior concentração na porção norte, entre a Sede, Ponta de Areia e
Mocambo, e na porção sudeste, entre Porto Santo, Gameleira e Marcelino. A ocorrência
pontual de assentamentos é observada em Amoreiras e Misericórdia, assim como
Manguinhos, onde os assentamentos são de menores dimensões.
A maioria dos assentamentos precários se encontra em áreas ambientalmente frágeis,
especialmente devido às restrições legais quanto a ocupação de áreas de vegetação nativa.
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Felizmente, os terrenos que apresentam sensibilidade geoambiental alta e muito alta
possuem pouca incidência de ocupação por assentamentos precários.
Para o mapeamento do estágio atual da ocupação desse tipo de áreas no município, foram
consideradas ambientalmente frágeis em função das restrições jurídicas: (1) as áreas que
em por lei precisam ser protegidas: pela presença de vegetação - unidades de conservação,
áreas de preservação permanente (com destaque para os manguezais e restingas), reservas
legais, apicuns e salgados e o bioma Mata Atlântica, (2) áreas cuja legislação federal
estabelece veto ao parcelamento do solo (terrenos alagadiços e sujeitos a inundações e
terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação (amorreados baixos,
por exemplo) e as (3) áreas objeto de procedimentos para autorização de supressão de
vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração.
Em Itaparica apenas 31% dos assentamentos precários (8, do total de 26 assentamentos) se
localizam em áreas sem restrição de ocupação, quais sejam: Cháraca Mandaguaí, Lago do
Bonfim, Parque das Amoreiras, Rua do Rio, Amoreiras, Manguinhos, Loteamento Porto
Santo e Vela Branca.
Entre estes se destaca a ocupação de florestas, com 35% do total dos assentamentos. Se
enquadram nesta situação: São Judas Tadeu, Bela Vista, Parque das Fontes, Rua Verão,
Porto Santo, Ilha Verde, Praia do Cajá, Loteamento Nova Misericórdia e Ilha Box.
Já os quatro assentamentos que ocupam áreas de planície flúvio-marinha, representam
15% do total de assentamentos, quais sejam: Mocambo, Recanto do Barro Branco – Buraco
do Boi, Vila Cigana e Outeiro dos Galrões. Dois destes assentamentos também ocupam
áreas com restrições ambientais por ocuparem áreas de mangue e áreas de apicum.
A ocupação de áreas de mangue representa 12% dos assentamentos precários: Aglomerado
Jardim Nova Itaparica – Setor 3, Rua do Porto e Mangue Seco. Apenas dois assentamentos
precários ocupam áreas de planície fluvial: Marcelino e Búzios.
Além das restrições de ocupação referentes à vegetação, foram identificados os
assentamentos precários que ocupam áreas com restrição legal ao parcelamento urbano
por ocuparem terrenos do tipo amorreados baixos, quais sejam: Recanto do Barro Branco –
Buraco do Boi, Bela Vista, Parque das Flores, Ilha Verde, Marcelino e Ilha Box.
Os tipos de terreno, independente da condição acima citada de restrição legal, foram
insumo para a determinação de fragilidade geoambiental à ocupação urbana. Quase a
totalidade dos assentamentos precários (24, do total de 26 assentamentos) se localizam em
áreas que apresentam predominantemente sensibilidade geoambiental baixa, moderada e
moderada a alta, quais sejam: Cháraca Mandaguaí, Aglomerado Jardim Nova Itaparica –
Setor 3, Rua do Porto, São Judas Tadeu, Lago do Bonfim, Parque das Amoreiras, Rua do Rio,
Recanto do Barro Branco – Buraco do Boi, Bela Vista, Amoreiras, Parque das Fontes,
Manguinhos, Loteamento Porto Santo, Vela Branca, Rua Verão, Porto Santo, Ilha Verde,
Marcelino, Vila Cigana, Praia do Caja, Búzios, Outeiro dos Galrões, Loteamento Nova
Misericórdia e Ilha Box. No entanto, preocupam ainda mais, oito desses assentamentos que
possuem pequenas áreas que apresentam sensibilidade geoambiental alta (Recanto do
Barro Branco – Buraco do Boi, Marcelino, Vila Cigana e Outeiro dos Galrões) e muito alta
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(Aglomerado Jardim Nova Itaparica – Setor 3, Rua do Porto, Mocambo, Praia do Cajá e
Búzios). Felizmente, apenas dois assentamentos estão localizados em áreas com
sensibilidade geoambiental predominantemente alta (Mocambo) e muito alta (Mangue
Seco), nas quais os problemas são complexos e os cuidados são severos e restritivos para
implantação e conservação, restringindo a ocupação urbana.
Mapa 4 - Cruzamento restrições ambientais x assentamentos precários
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Como resultado desse processo de ocupação, caracterizado pela ausência de controle
urbano sobre as áreas ocupadas e pela precariedade no acesso à infraestrutura urbana, a
qualidade efetiva dos recursos naturais foi afetada. Foram identificados em Itaparica 30
pontos com processo de degradação ambiental, associados ao processo de urbanização e
de uso dos terrenos, que constituem uma amostragem dos principais tipos de interferência
e impactos que ocorrem. Dentre os principais tipos de interferência e passivos ambientais
observados destacam-se:
Processos erosivos em ruas e vias de acesso, ocupação de encostas íngremes, áreas
de empréstimo abandonadas, que caracterizam os Terrenos Amorreados Baixos e
Colinosos com Morrotes;
Aterramento, construção de casas, bares e restaurante e lançamento de esgoto e
águas servidas e degradação de APPs nos terrenos de Planície de maré e
manguezais; nos terrenos de Planícies Flúvio Marinhas; e em canais fluviais nos
terrenos de Planície Marinha;
Construção de muros e casas na faixa de oscilação das marés de sizígia e
lançamento de esgoto e águas servidas na foz de riachos e rios nos terrenos de
Praia.
Lançamento de lixo e entulhos são passivos frequentes observados em diferentes
tipos de terrenos.
A leitura social demostrou que as observações técnicas foram corroboradas pela percepção
da população local. Em relação ao avanço das ocupações irregulares sobre áreas frágeis sob
o enfoque ambiental, foram relatadas a ocupação de áreas sob influência da maré (praias,
manguezais e apicuns), como em Praia do Cajá, Búzios, Mocambo, Mangue Seco, dentre
outros e a ocupação de margens ou leito de rio ou em canais de drenagem natural, a
exemplo de Amoreiras, Ponta de Areia, Brasileirinho, etc.
De acordo com os moradores das diversas localidades de Itaparica, o município possui
muitos atributos e áreas de relevância para a preservação, tanto por aspectos naturais,
quanto culturais. Dentre eles:
Praias e manguezais: as praias e manguezais são considerados os principais
locais de lazer e de obtenção de renda, por isso sua relevância para a
preservação é considerada grande pelos moradores em geral.
Rios e nascentes: as nascentes e os rios, incluindo suas matas ciliares, surgiram
nos relatos de áreas degradadas que deveriam ser melhor tratadas e
preservadas em boas condições, essencial para manutenção das condições de
reprodução da flora e fauna dos rios e mangues, que por sua devem garantir a
manutenção dos modos de vida tradicionais da comunidade.
Áreas de vegetação remanescente: algumas áreas com presença marcante de
vegetação remanescente foram consideradas de grande importância para a
preservação: a do ensaio dos guaranis - na sede de Itaparica; a área a noroeste
de Bom Despacho, onde foi embargado um empreendimento imobiliário sobre
área mata atlântica (segundo os moradores) e Reserva do Venceslau.
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Terreiros de candomblé e áreas verdes de entorno utilizadas nas atividades
religiosas.
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4. Ocupação urbana dispersa, de baixa densidade, com subutilização de áreas
com acesso à infraestrutura urbana e adensamento da ocupação em áreas
irregulares inapropriadas à ocupação urbana
Além de ocorrer de forma espraiada, sem muita integração entre as localidades, a
ocupação urbana em Itaparica foi sempre marcada pela baixa densidade e
preferencialmente na Orla.
O espraiamento da ocupação urbana gerou uma densidade de ocupação urbana
extremamente baixa, o que torna mais onerosa à implantação da infraestrutura urbana. A
precariedade no acesso à infraestrutura urbana é uma característica marcante do processo
de urbanização no município de Itaparica.
No território de Itaparica, segundo os setores censitários IBGE 2010, a maior densidade
encontrada foi de 169,15 hab/ha. Os setores que apresentaram as mais altas densidades,
entre 100 e 169 habitantes por há, se localizam na sede municipal e em localidades
afastadas da Orla, nas proximidades de Bom Despacho, incluindo a ocupação do Marcelino
e parte da Ocupação Ilha Verde.
A grande maioria do território com ocupação urbana de Itaparica apresenta densidade
entre 10 e 20 hab/ha, o que dificulta a integração, a especialização e a hierarquia funcional
entre as localidades ocupadas. Incluem-se nessa faixa o loteamento Ponta de Areia, o
condomínio Mar Azul, condomínios Vila do Mar e Água Viva e demais localidades próximas
à sede, todas com característica de loteamento de veraneio.
As áreas com ocupação irregular de Nova Misericórdia, de Amoreiras e Manguinhos
apresentam densidades um pouco mais elevadas, entre 10 e 50 hab/ha, sendo, porém,
consideradas bastante baixas para uma ocupação urbana sustentável.
Pode-se concluir que baixíssimas densidades, conforme reveladas em Itaparica, contribuem
para o alto custo das infraestruturas e equipamentos urbanos, além de tornar o acesso à
terra e à moradia, mais oneroso e impeditivo, já que muitas vezes, estes custos recaem
sobre os moradores.
Ao analisar o mapa da rede de abastecimento de água da EMBASA é possível observar que
a rede abrange o território do município como um todo, todas as localidades da costa, de
Itaparica-Sede, passando por Amoreiras, Manguinhos até Bom Despacho e Marcelino, e da
contra costa, localidade de Mocambo e Misericórdia.
Ressalta-se que, apesar de abrangência total da rede, isso não quer dizer que todos os
domicílios obrigatoriamente estão ligados à rede oficial, informação confirmada pelos
dados do Censo 2010, com 88,3% dos domicílios ligados à rede oficial, e 3,3% com poço ou
nascente na propriedade, ficando 8,4% dos domicílios sem o atendimento adequado de
água.
Através da análise do mapa do Censo IBGE 2010, é possível observar em quais localidades o
abastecimento de água é menos abrangente. Parte da localidade de Ponta de Areia possui
baixa porcentagem de domicílios ligados à rede de abastecimento de água (entre 50,01% e
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80%), que corresponde à área de invasão chamada Bela Vista. Na localidade de Amoreiras
há um setor censitário com baixa porcentagem de domicílios ligados à rede oficial de água
(entre 50,01% e 80%), que abrange a invasão do Parque das Fontes, podendo revelar a
precariedade dos domicílios desta área.
Mapa 5 - Rede de abastecimento de água
Fonte: EMBASA / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
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Existem ainda dois setores censitários com baixíssima taxa de domicílios ligados à rede de
água (até 50%), abrangendo parte da localidade de Manguinhos, de Porto Santo e Bom
Despacho. Nesta área, Manguinhos possui uma ocupação urbana muito pequena, em
Portos dos Santos corresponde à área onde estão instaladas duas invasões, a da Rua Verão
e a de Ilha Verde, e em Bom Despacho corresponde à área invadida chamada Vila Cigana.
Outras três áreas onde há menor abrangência da rede de água (entre 50,01% e 80%) estão
localizadas em Porto Santo, que corresponde à invasão de Portos dos Santos, em Bom
Despacho, abarcando as invasões da Praia do Cajá e de Búzios, e em Marcelino,
correspondendo à invasão de Marcelino. Na contra costa, há duas áreas com menor
abrangência da rede de água (entre 50,01% e 80%), abarcando as invasões de Mocambo e
Recanto do Barro Branco.
Apesar da EMBASA apontar que a capacidade de produção de água bruta e tratada atende
à demanda atual da população fixa e flutuante, ocorrendo problemas de disponibilidade de
água nas áreas urbanas localizadas em cotas elevadas, a comunidade reclama da ocorrência
de falta de agua em diversas localidades no Município. De modo geral foram relatados
pelos moradores de todas as localidades municipais muitos problemas relativos ao
abastecimento de água, principalmente interrupções no fornecimento. Segundo relatório
da AGERSA (2013) constatou-se aumento de reclamações referentes à falta de água,
principalmente no período do verão, evidenciando a existência de algumas lacunas no
sistema que comprometem o abastecimento da população flutuante presente na Ilha
durante o verão.
No entanto quando o tema é coleta e tratamento de esgoto, o município de Itaparica
possui baixo índice de domicílios com esgotamento sanitário adequado, se comparado aos
índices do Estado da Bahia e do Brasil. Segundo os dados do Censo 2010 apenas 39,74% dos
domicílios de Itaparica estão ligados à rede geral de esgoto, e 8,26% possuem fossa séptica.
O maior número de domicílios possui esgotamento sanitário através de fossa rudimentar,
correspondendo à 41,08% dos domicílios.
Basicamente o esgotamento sanitário adequado de Itaparica atende à localidade de
Itaparica-Sede e parte das localidades de Ponta de Areia e de Bom Despacho. A rede de
esgoto do município de Itaparica abrange os loteamentos próximos às localidades de
Itaparica-Sede e de Ponta de Areia, como o loteamento Nova Itaparica, Ch. Mandaguari,
Cond. Água Viva, Cond. Marina, Alto das Pombas. Segundo informações da EMBASA, há
rede de esgotamento sanitário em uma parte da localidade de Amoreiras e de Bom
Despacho, ainda não mapeada pela concessionária. Esta parte do sistema é denominada
como Sistema de Esgotamento Sanitário – SES de Itaparica-Sede, o qual possui uma Estação
de Tratamento de Esgoto, a ETE de Mocambo, localizada na localidade de mesmo nome.
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Mapa 6 - Rede de esgotamento sanitário
Fonte: EMBASA / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
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O serviço de coleta e disposição de resíduos sólidos também não é satisfatório em
Itaparica. O mapeamento dos dados sobre a coleta de resíduos revela que este serviço
atende de forma mais satisfatória as localidades de Itaparica-Sede e Ponta de Areia, a
localidade de Misericórdia, de Bom Despacho e ao longo da orla até Porto Santo. Nas
localidades de Amoreiras e Mocambo este serviço atende precariamente os domicílios,
demonstrando que menos de 40% dos domicílios são atendidos com a coleta de lixo.
Os dados censitários (2010), também mostram significativa declaração de moradores que
jogam os resíduos domiciliares em logradouros e em terrenos vagos, chegando a 12,08%
dos domicílios no município de Itaparica que têm essa prática. Ainda segundo os dados
censitários 21,85% dos domicílios tem a disposição dos resíduos sólidos de forma
inadequada (queimado, enterrado, jogado em terreno baldio ou logradouro, jogado em
corpos hídricos, ou outros). Estes percentuais são superiores à média nacional (12,6%), e
muito superiores à Salvador (3,35%), entretanto, estão melhores do que a média do Estado
da Bahia (23,79%).
Os resíduos do município de Itaparica são coletados pela empresa Arqtec Engenharia Ltda.
e com disposição final no Aterro Sanitário Integrado da Ilha, na estrada de Baiacu em Vera
Cruz. Entretanto, a gestão inadequada do aterro sanitário o transformou em lixão. No final
do ano de 2005 foi executada pela CONDER uma intervenção visando à recuperação física e
ambiental do aterro sanitário da Ilha de Itaparica degradado ao longo do tempo pela sua
má operação. No entanto, ao que consta o aterro permanece com uma série de problemas
constatados por diferentes instituições. Em 2007, o Ministério Público da Bahia realizou
uma inspeção no aterro constatando uma série de e irregularidades. O relatório destacava,
ainda, que se tratava de um aterro sanitário convencional, sem registro de licença
ambiental, já tendo sido autuado administrativamente. As medidas exigidas à época pelo
MP não foram cumpridas e o aterro permanece inadequado.
Fotos 4 e 5: Aterro Sanitário Integrado da Ilha
Fonte: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
A leitura social realizada revelou a percepção da população local sobre a qualidade da
infraestrutura urbana instalada. Em todas as oficinas foram comentadas a existência de
esgoto a céu aberto em vias públicas. Isso é muito comum pela ligação do esgoto das casas
na rede de drenagem natural ou em esgoto em valas que caem na praia. Foram registrados
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problemas nas estações de bombeamento (elevatórias) que extravasam efluentes e geram
odores em áreas habitadas, como em Mocambo e Alto das Pombas / Mangue Seco.
Mesmo as moradias que possuem fossa séptica, a grande maioria despeja o esgoto em
valas que caem na praia. Foi citado o aterro sanitário instalado em Baiacu, Município de
Vera Cruz, que gera efluentes líquidos que contaminam o manguezal da contra costa,
inclusive áreas do Município de Itaparica.
Em relação à infraestrutura viária falta drenagem, calçamento, acostamento e ciclovia
especialmente nas rodovias, onde há grande ocorrência de acidentes e atropelamentos
pela falta de infraestrutura adequada.
O serviço de telefonia fixa e internet é considerado muito ruim no município. A forma mais
utilizada para acessar internet é por telefonia celular (internet móvel).
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5. Esvaziamento do centro histórico com predominância de usos ocasionais de
veraneio com alta incidência de vacância versus adensamento de áreas
impróprias
A ocupação do solo no município de Itaparica foi definida em função do papel assumindo
pelo seu território, na estruturação de cidades na rede urbana baiana. O papel de local de
veraneio da população, principalmente da população soteropolitana, intensificado a partir
da década de 1970, gerou a ocupação predominantemente de uso ocasional, de baixíssima
densidade, ocupando preferencialmente a orla. Grandes porções do território foram
parceladas regularmente, ainda que muitos destes loteamentos não fossem integralmente
implantados.
Até a década de 1990 a ocupação de uso ocasional, típica de veraneio, gerou a abertura de
loteamentos destinados a este fim. A partir desta década, com a priorização dos
investimentos em direção ao litoral norte de Salvador, a ilha de Itaparica perdeu a
atratividade para esse tipo de ocupação, principalmente em função da precariedade no
acesso ao seu território, se comparada as vias de acesso implantadas que dão acesso aos
municípios localizados no Norte da RMS.
Esse declínio na sua função de local de veraneio gerou perda de dinamismo econômico, e
consequentemente queda na renda da população local, com intensificação das ocupações
irregulares de terra urbana, inclusive sobre áreas parceladas regularmente. A baixa
capacidade de gestão e controle urbano por parte da administração local, ao longo dos
anos, também favoreceu o incremento de adensamento e surgimento de novas áreas de
ocupação irregular.
Apesar do declínio da atratividade de Itaparica como local de veraneio, a ocupação de uso
ocasional é uma realidade até os dias atuais. Segundo dados censitários do IBGE, o
Município de Itaparica passou de 8.838 domicílios em 2000 para 12.202 domicílios em
2010, acompanhando o crescimento populacional, em ritmo menos acelerado, ocorrido
neste mesmo período. De acordo com dados do Censo 2010, 35% dos domicílios
recenseados de Itaparica são de uso ocasional o que equivale a 4.282 domicílios, sendo que
em toda mancha urbanizada do município verifica-se expressivo percentual de domicílios
ocasionais.
Em Itaparica sede, na porção mais próxima à orla mais de 70% dos domicílios foram
classificados como de uso ocasional, como também na localidade de Amoreiras e Bom
Despacho. No restante da orla predomina a faixa entre 25 e 50% e entre 50 e 70% dos
domicílios de uso ocasional.
Esse percentual bastante elevado acarreta desocupação dos imóveis na maior parte do ano,
gerando subutilização da infraestrutura instalada, entre outras desvantagens para a gestão
urbana municipal. Em função da perda de atratividade para o turismo ocasional de
veraneio, grande parte destes imóveis estão em condições próximas ao abandono, o que
torna ainda mais subutilizada a infraestrutura urbana instalada.
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Os dados sobre a evolução no período intercensitário, demonstram que o município de
Itaparica mantém a tendência de crescimento dos domicílios de uso ocasional mais elevado
que o crescimento do número de domicílios, elevando, portanto, a sua participação no total
de domicílios de 38 para 51%, mantendo sua função enquanto local de turismo de
veraneio, ainda que sem o dinamismo observado nas décadas anteriores.
Gráfico 1 – Crescimento do Número Total de Domicílios e de Domicílios de Uso Ocasional
- Itaparica 2000-2010
Fonte: Censo IBGE 2000 e 2010
Os dados sobre a evolução dos domicílios vagos demonstram a tendência de crescimento
deste tipo de domicílio, que, a exemplo dos domicílios de uso ocasional, também crescem a
taxas mais elevadas que o número total de domicílios, agravando os problemas
relacionados à ociosidade da infraestrutura urbana.
Tabela 1 : Dados sobre evolução dos tipos de domicílios em Itaparica – 2000-2010
Município Domicílios Vagos (Unidades)
Domicílios Vagos (%)
Crescimento (%)
2000 2010 2000 2010 Dom Total Uso Ocasional Dom Vagos
Itaparica 1.079 1.533 12,21 12,56 38,06 51,47 42,07
Fonte: Censo 2010 - IBGE
Concomitantemente ao processo de esvaziamento do centro mais infraestruturado ocorre
em Itaparica o adensamento e expansão da ocupação em áreas sem acesso à infraestrutura
urbana, com características de precariedade habitacional, denominados assentamentos
precários, avançando em áreas ambientalmente frágeis, não apropriadas ao adensamento
urbano, assim denominadas por apresentar fragilidades geoambientais e/ou restrições
jurídicas à ocupação urbana, como foi demonstrado no item anterior.
O crescimento da população em assentamentos precários em Itaparica é uma realidade,
que pode estar associada à transferência de população de baixa renda que encontra na
ocupação precária, na grande maioria das vezes irregular, uma forma de obter moradia
38,06%
51,47%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
2000/2010
Título do Gráfico
Total de domicílios Domicílios de uso ocasional
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mais acessível em relação ao demais municípios da RMS, principalmente em relação à sede
metropolitana.
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6. Desfavoráveis condições de mobilidade e ineficiente sistema de transporte
coletivo dificultando os deslocamentos e reduzindo oportunidades aos
moradores
De modo geral a mobilidade é considerada um problema no Município de Itaparica. Os
problemas mais citados pelos moradores foram:
Alto custo dos transportes, o que gera diversos contratempos e desvantagens para o
morador. Este ponto é considerado bastante crítico pelos moradores já que inviabiliza,
para muitas pessoas, a permanência em atividades cotidianas que exijam
deslocamentos diários para outras localidades ou municípios, seja para o trabalho ou
para os estudos.
Má qualidade dos serviços prestados. De acordo com moradores existem muitos
prestadores de serviço de transporte clandestinos, com motoristas despreparados e
veículos sem conservação adequada, o que põe em risco a vida dos usuários.
A tarifa de R$3,00 cobrada pelo transporte coletivo (vans, kombis e carros) é considerada
cara pela distância que percorrem. No verão, quando aumentam o número de turistas na
ilha, são cobradas tarifas de R$5,00. Outro problema levantado também no verão é a falta
de priorização no embarque para o ferry-boat. Eles não costumam ir para Salvador de
lancha (com saída de Mar Grande) porque teriam que pagar por duas vans dentro da ilha
até o terminal e na volta a mesma situação.
O transporte regular (ônibus e taxis) e clandestino (carros de lotação) tem sua oferta
comumente distribuída em duas rotas principais que atende as áreas mais povoadas do
território.
As duas rotas principais são: a que liga a sede de Itaparica à Mar Grande via BA 532 (que
atende a Mocambo e Misericórdia); e a “pela praia” que liga a sede de Itaparica e/ou as
localidades litorâneas (Ponta de Areia, Amoreiras e Manguinhos) ao Terminal de Bom
Despacho.A condição das vias também foi comentada pelos moradores. De modo geral as
vias principais oferecem melhores condições de tráfego, mas as vias locais, até mesmo em
bairros da sede municipal, não dispõem de pavimentação ou passeio para pedestres. A falta
de pavimentação é um problema, segundo os moradores, porque gera muita poeira nos
períodos de seca e muita lama nos períodos de chuva.
A falta de condições de acessibilidade para portadores de necessidades especiais foi outro
aspecto criticado por moradores.
A seguir as principais observações sobre mobilidade, segundo as localidades:
Mocambo
o Vias da localidade consideradas muito precárias, sem pavimentação, com
muita lama nos períodos chuvosos.
o Não existe transporte público na localidade, de modo que as pessoas vão a
pé até a rodovia para acesso a: lotações, vans e taxis.
o Na entrada da localidade não existe ponto de parada estruturado
Barro Branco, Engenho e Recanto
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o O meio de locomoção é primordialmente à pé. Para locomoção de
estudantes é feito por meio de ônibus escolar, que atende as localidades.
o Bicicletas não são utilizadas.
o O ferry-boat é utilizado enquanto alternativa à lancha.
o O maior problema de locomoção é a falta de linhas públicas de ônibus e a
dificuldade financeira na utilização dos meios de transporte hoje
existentes. O transporte é caro.
Misericórdia
o Os maiores problemas de locomoção identificados são: a falta de linhas
públicas de ônibus, o elevado custo do transporte coletivo existente e a
falta de prioridade aos moradores da ilha quando do uso do ferry-boat e da
lancha, especialmente no verão e nos feriados.
Urbes, Marcelino e Praia do Cajá
o O mototáxi foi indicado como o único modal que funciona na região.
Porém, tem um funcionamento precário. Por exemplo, a tarifa durante o
dia é de R$ 2,50 e à noite chega a R$ 20 ou, mesmo, R$ 50.
o Citaram a dificuldade de ir ao Hospital Geral de Itaparica, por não terem
como voltar, dada a falta de transporte.
o As kombis que tem alvará da Prefeitura não tem horário regular de
funcionamento. Além disso, não tem acessibilidade.
o Passeios e prédios da ilha não tem acessibilidade.
o A divisa com Vera Cruz traz problema para o transporte público: transporte
de Vera Cruz não pode deixar passageiros em Itaparica e vice-versa, pois há
guardas que multam
Bom Despacho, Búzios e Galrões
o Na localidade os modos predominantes de deslocamento são a pé, bicicleta
e mototáxi.
o Há bastante transporte clandestino realizado em veículos particulares.
o O fato do escritório da AGERBA (agencia estadual reguladora dos serviços
de transporte público) estar localizado nas instalações da empresa
operadora do Terminal Marítimo (intermaritima) é considerado, por
moradores, desfavorável à plena realização do controle e fiscalização, além
de inibir a realização de denúncias em relação à qualidade dos serviços
prestados.
o O terminal marítimo e rodoviário é considerado obsoleto e precisa ser
requalificado para prestar um bom serviço.
o De modo geral o sistema viário da localidade é precário, sem
pavimentação, sem passeios. As ruas ficam com a circulação de veículos e
pedestres ainda mais prejudicada em períodos chuvosos
Porto Santo
o O transporte foi apontado como a principal dificuldade para acessar os
comércios e serviços devido ao seu custo elevado, à precariedade e a falta
de regularidade, tanto do horário, quanto das condições do transporte
(veículos precários e com preço oscilante, isto é, o preço sobe na alta
temporada e desce na baixa). Para ir à Salvador eles utilizam a tarifa sócia
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do ferry boat sempre que podem, mas reclamaram da pouca frequência do
ferry, da precariedade e da não priorização dos moradores da ilha,
especialmente na alta temporada.
o Os moradores se utilizam de todos os meios de locomoção (a pé, moto-taxi,
transporte coletivo, bicicleta, van, ferry-boat etc). Os estudantes utilizam-
se do ônibus escolar, que atende as localidades.
o O custo do transporte é alto inviabilizando a locomoção para outras
localidades da ilha. Os moradores relataram que ocorrem muitos acidentes
pela falta de sinalização, calçadas e acostamento. Na localidade muitas
pessoas se locomovem de bicicleta e faltam ciclovias ou ciclo faixas.
Os cadeirantes e idosos não tem acessibilidade aos serviços de transporte tanto nos ônibus
(Itaparica possui um ônibus), carros particulares e dentro do ferry-boat.
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7. Oferta satisfatória de equipamentos e baixa qualidade na prestação dos
serviços sociais urbanos - Equipamentos públicos urbanos, distribuição no
município e tendências de expansão urbana
A distribuição espacial da população (moradias), das atividades econômicas geradoras de
emprego e dos equipamentos sociais de prestação de serviços revela a estruturação
funcional da cidade, subsidiando o conhecimento sobre as especificidades fundamentais
para proposições que visem o seu ordenamento territorial.
Com intuito de conhecer a rede social disponibilizada, foi realizado levantamento do
território municipal sobre os equipamentos de educação, saúde, lazer, esportes e cultura,
assistência social e segurança pública. Dados obtidos junto às secretarias municipais e
estaduais nos ajudam a conhecer os equipamentos disponíveis, entender sua capacidade
de atendimento e suas condições de funcionamento. Foram levantadas informações
através de cada secretaria e departamento das diferentes esferas da Administração Pública.
Essas instâncias contribuíram para qualificar e atualizar dados secundários levantados nas
diferentes fontes de dados disponíveis (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES do Ministério da Saúde, Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP do Ministério da
Educação, entre outros).
Além de conhecer a distribuição espacial dos equipamentos, o que nos permite identificar
possíveis regiões do território municipal sem atendimento por determinados
equipamentos, o cruzamento desses dados com a localização da população por faixa etária
nos permite estabelecer a relação entre oferta e demanda para cada um dos equipamentos
sociais disponibilizados, indicando, por exemplo, áreas passíveis ou com restrições ao
adensamento.
A quantidade e a localização espacial dos equipamentos sociais no território municipal
sugerem grau satisfatório de atendimento da demanda por equipamentos de saúde e
educação, ficando a desejar em relação aos equipamentos de assistência social,
principalmente creches, de segurança, e principalmente, equipamentos de cultura, esporte
e lazer.
Informação do DATASUS referente ao ano de 2012 mostra que a cobertura da população
pelas equipes de atenção básica atingiu 100%. Segundo IDSUS – Índice de Desempenho do
SUS, estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2012, Itaparica foi classificado no Grupo
4 , formado por municípios com baixo desenvolvimento socioeconômico (medido pelo PIB
per capita e pelo percentual de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família), condições
de saúde precárias (pela taxa de mortalidade infantil) e com poucos serviços de média e
alta complexidade (para esta categorização, foram utilizados nove indicadores). No Brasil,
pouco mais de 10% dos municípios ficaram neste Grupo 4. Na Bahia, este Grupo tem 115
municípios, portanto mais de um quarto do total dos municípios baianos.
A localização espacial das Unidades Básicas de Saúde no território municipal demonstra
que, pelo menos em relação à distribuição espacial e quantidade de unidades, o município
de Itaparica está bem atendido. As unidades foram localizadas espacialmente e foi
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atribuído a elas um raio de abrangência de 1 Km. Foi possível verificar que existe
sobreposição nos raios de abrangência e que não existem localidades ocupadas sem
equipamento disponibilizado a uma distância razoável para atendimento da demanda. É
claro que essa informação não indica bom desempenho ou resolutividade no atendimento
à demanda por serviços de saúde no município.
Mapa 7 - Localização e raio de abrangência das Unidades de Saúde da Família em
Itaparica
Fonte: Prefeitura Municipal de Itaparica, DATASUS e Censo IBGE 2010. Elaboração Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
O mesmo pode ser observado em relação aos equipamentos de educação. Segundo as
informações da Secretaria Municipal de Educação a demanda por matrículas em Itaparica
está atendida, não existindo lista de espera em praticamente nenhuma das escolas
municipais. A exceção é a escola de educação especial Vicente Gonçalves da Silva,
localizada na sede municipal, que tem lista de espera de 100 alunos e atende crianças com
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necessidade especiais e dificuldades de aprendizagem, com objetivo de promover a
inclusão social. A grande maioria das escolas tem vagas disponíveis, sendo prioridade da
política municipal o atendimento da demanda nas proximidades da residência dos alunos.
Segundo informações da Secretaria municipal, 80% da rede escolar municipal é atendida
pelo Programa Mais Educação do Governo Federal. Esse programa visa aumentar o acesso
dos beneficiários do Programa Bolsa Família às ações de Educação Integral.
Mapa 8 - Localização e Raio de Atendimento das Escolas Municipais - 2015
Fonte: Censo IBGE 2010. Elaboração Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
A oferta é menor em relação ao ensino médio. Além das escolas municipais existem em
Itaparica duas escolas estaduais: João Ubaldo Ribeiro que oferece ensino fundamental e
médio e a Dem. Jutahy Magalhães que atende somente o nível médio, ambas localizadas
em Itaparica Sede. Em Itaparica existem 07 (sete) escolas particulares, sendo que apenas
uma oferece curso no nível do Ensino Médio. Em ambas as escolas estaduais, segundo a
Secretaria Municipal de Educação, não existe lista de espera e existe disponibilidade de
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matrículas, sugerindo que não há pressão por expansão de vagas para atendimento de
demanda por este nível de ensino, e segundo a Secretaria Municipal de Educação, estas
escolas atendem também a demanda do município vizinho de Vera Cruz.
O que se pode depreender da análise da disposição das escolas de educação infantil e
ensino fundamental no município, em comparação com os setores censitários que
apresentam os maiores números de domicílios e o cruzamento com setores que
apresentaram os maiores percentuais de população em idade escolar, é que no que diz
respeito ao número de estabelecimentos escolares, aparentemente não existe problemas
relacionados ao atendimento da demanda atual.
Evidentemente, a qualidade do ensino nas diferentes escolas da rede influencia na geração
de demanda para cada uma das escolas. A existência de vagas excedentes em algumas
escolas da rede municipal pode significar a preferência, por parte da população, por outras
escolas, ainda que mais afastadas do local de moradia, em função do melhor desempenho
em relação à qualidade do serviço prestado.
Em relação à qualidade do serviço, segundo o resultado da Prova Brasil 2013, em relação à
rede municipal, apenas 12% dos alunos até o 5º ano e 3% até o 9º ano apresentaram
aprendizado adequado à sua etapa escolar em Português e 11% e 1%, respectivamente, em
matemática.
Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB (indicador de
qualidade educacional), do Ministério da Cultura para escola, município, unidade da
federação, região e Brasil são calculados a partir do desempenho obtido pelos alunos que
participaram da Prova Brasil/Saeb 2013 e das taxas de aprovação, calculadas com base nas
informações prestadas ao Censo Escolar 2013. Dessa forma, cada uma dessas unidades de
agregação tem seu próprio IDEB. A combinação entre fluxo e aprendizagem do IDEB vai
expressar, em valores de 0 a 10, o andamento dos sistemas de ensino, em âmbito nacional,
nas unidades da Federação e município
Em Itaparica o IDEB 2013 para os anos iniciais (1º ao 5º ano), por escolas, variou entre 2,7
(Escola Municipal Eng. Mario Lisboa Sampaio em Misericórdia) e 4,0 (Escola Municipal de
Manguinhos e Escola Municipal Jutahy Magalhaes, em Amoreiras). Para os anos finais (6º
ao 9º ano) variou entre 1,8 (Colégio Estadual Joao Ubaldo Ribeiro localizado em Itaparica
Sede) e 2,5 (Escola Municipal Professor Edilson Freire também localizado em Itaparica
Sede). Esses dados, embora não permitam uma conclusão apuradas sobre a qualidade de
ensino na rede pública de educação, não revelam a existência de relação entre a localização
espacial das escolas e a qualidade do serviço prestado.
De acordo com dados do INEP, em 2012, a taxa de distorção idade-série no ensino
fundamental foi de 44,1% do 1º ao 5º ano e de 52,5% do 6º ao 9º ano. A taxa de distorção
idade-série no ensino fundamental municipal foi maior, quando comparada às taxas da
Região Nordeste, maior que a do estado e maior que a do Brasil. A taxa de distorção idade-
série no ensino médio do município foi maior que a taxa do Brasil, maior que a da região e
menor que a do estado.
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O quadro de carência é mais evidente em relação aos equipamentos de esporte, cultura e
lazer. Observa-se, no município, não há uma quantidade expressiva de espaços esportivos.
São no total 09 espaços ou equipamentos mantidos pela Prefeitura para a realização de
atividades esportivas ou de lazer, sendo 07 campos de futebol, 01 quadra polisesportiva e
01 estádio: Estádio Municipal de Itaparica (Vicentão).
Percebe-se, no entanto, que estes espaços estão na sua maioria também concentrados na
Sede Municipal (quadra, estádio e 01 campo de futebol). Nas demais localidades observa-se
apenas a presença de campo de futebol (Misericórdia, Gameleira, Bom despacho,
Mocambo, Manguinhos e Amoreiras) sendo que na ocupação do Marcelino não existem
equipamentos de esporte e lazer.
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Mapa 9 - Equipamentos de esporte, lazer e cultura
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
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As praças são 17, sendo que 13 delas estão localizadas em Itaparica Sede. A localidade de
Gameleira apresenta 03 praças e Misericórdia 02. Porto Santo e Ponta de Areia possuem 01
praça, cada uma.
Quanto aos espaços de cultura forma identificados dois equipamentos, ambos localizados
na sede municipal: a biblioteca Juracy Magalhães Junior e o Instituto Sacatar, instituição
privada que dirige um programa internacional de residência para artistas (primeira
residência internacional para artistas estabelecida no Brasil).
Os resultados da leitura social revelam a carência de equipamentos e insatisfação com os
serviços prestados. Em relação à saúde e educação, os moradores consideram os serviços
de baixa qualidade e os equipamentos (prédios escolares e de saúde) desestruturados e em
condições precárias.
O Hospital Geral de Itaparica – HGI, que atende toda a Ilha e outros municípios, oferece
atendimento considerado de baixa qualidade. Não conta com atendimento de alta
complexidade e foi considerado prioridade uma maternidade estruturada. A unidade de
pronto atendimento fica em Mar Grande.
De modo geral, considera-se a oferta de educação insuficiente no município e na Ilha de
Itaparica, especialmente por não haver oferta de ensino superior, o que condiciona a
pessoa à migração ou a movimentos diários de ida e volta para Salvador ou outra cidade
maior.
Em relação à segurança pública, segundo os moradores consultados nas oficinas as áreas
mais inseguras do município são: a) região que envolve as localidades de Marcelino, Urbes
e Bom Despacho; e b) o bairro de Alto das Pombas, na sede municipal de Itaparica.
De acordo com moradores, as áreas próximas ao Terminal de Bom Despacho se constituem
propícias para a realização de delitos e para refúgio de pessoas em conflito com a lei pela
combinação de dois fatores: a presença de grande fluxo de passageiros e de cargas que
circulam por aí e pela existência de áreas de ocupação desordenada que apresentam
sistema precário de vias, o que restringe a mobilidade e a circulação de veículos. Somado à
esses fatores, moradores relataram que, pela quase inexistência de fiscalização, muitos
veículos irregulares (seja por documentação ou por transportar cargas proibidas) optam por
utilizar o sistema ferry-boat para acesso à Salvador, de modo que essa área de entorno do
terminal – de espera para embarque/desembarque – se mostra atraente para realização de
atos ilícitos que contribuem para a sensação de insegurança nos bairros de seu entorno.
As áreas de lazer mais utilizadas, de acordo com os relatos dos moradores, são as praias,
apicuns e campos de futebol. As praias mais frequentadas são Ponta de Areia / Amoreiras
e, na sede de Itaparica, próxima ao forte. As praças também aparecem entre as áreas de
lazer. Alguns participantes de oficinas se referiram aos bares das localidades como sendo
áreas de lazer dos moradores.
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8. Déficit na produção de moradia de interesse social
O processo de evolução da precariedade no município se deu principalmente por falta de
controle da ocupação do solo, visto que muitos loteamentos foram aprovados na
Prefeitura, porém não foram implantados. Uma das consequências da ausência do poder
público neste processo foi a ocupação destas áreas ou do seu entorno, pela população de
baixa renda. Por outro lado, a prefeitura não conseguiu favorecer a oferta de habitação
social para a população de baixa renda, que sem ter condições financeiras para adquirir um
lote ou unidade habitacional no mercado formal, teve como única opção ocupar de forma
precária e irregular locais impróprios a ocupação urbana.
A invasão de loteamentos, aprovados e não implantados, são a origem de grande parte das
favelas do município. Esta ocupação ocorreu mais intensamente a partir de meados da
década de 1970 com a implantação do sistema de ferry boat e posteriormente com o
declínio da atividade turística no município.
Segundo dados da Fundação João Pinheiro - FJP, o déficit habitacional básico em Itaparica
totaliza 815 unidades habitacionais, o que corresponde a 12,9% do total de domicílios do
município. Esse número, no entanto, corresponde aproximadamente à metade do total de
domicílios vagos existentes em Itaparica em 2010 (1.533 domicílios). Esse elevado número
de domicílios vagos é fortemente influenciado pela grande quantidade de domicílios de uso
ocasional, característica marcante de cidades de veraneio. Faltam medidas de gestão
urbana que desestimulem a retenção especulativa de imóveis na ilha. Concentram
domicílios de uso ocasional as seguintes localidades: Itaparica Sede, Amoreiras e Bom
Despacho.
A distribuição do déficit habitacional por faixas de renda em 2010, apontou que Itaparica
concentrava 75,8% do déficit na faixa até três salários mínimos. Esta relação do déficit
habitacional com as faixas de renda está diretamente relacionada à predominância de
domicílios no município com renda dos moradores até 2 SM.
O estudo sobre o déficit tem os seguintes componentes: domicílios precários, coabitação
familiar, ônus excessivo com aluguel e adensamento excessivo em domicílios alugados. O
principal componente do déficit habitacional em Itaparica é a coabitação familiar,
representando 63% do total, concentrada nas famílias de menor renda. Mais da metade das
famílias (65,6% do total) que se encontram nesta situação possuem renda mensal de até 3
salários mínimos.
Em relação aos domicílios inadequados, foi possível observar que mais da metade (55,5%)
dos domicílios apresentam algum tipo de carência de infraestrutura de pelo menos um dos
componentes (Adensamento excessivo em domicílios próprios, Inexistência de unidade
sanitária domiciliar exclusiva e Domicílios com carência de infraestrutura) totalizando 3.514
domicílios, segundo dados da FJP. Os imóveis que não possuem unidade sanitária domiciliar
exclusiva ou que são próprios e apresentam adensamento excessivo são pouco expressivos,
representando 6,8% e 5,8% do total de domicílios.
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Quase a totalidade dos assentamentos precários foi classificada como consolidável,
apontando um grande desafio para o poder público em ações de urbanização,
principalmente na implantação de infraestrutura básica.
Em Itaparica, a irregularidade fundiária é um problema não apenas nos assentamentos
precários de baixa renda, mas nota-se que a falta de infraestrutura e a ocupação de áreas
ambientalmente frágeis são comuns também nas demais áreas e loteamentos do
município..
Desta forma, o maior desafio a ser enfrentado na área de habitação é a regularização
urbanística e fundiária, visto que a falta de infraestrutura e a ocupação de áreas
ambientalmente frágeis não se restringe aos assentamentos precários de baixa renda.
A leitura social demonstrou que de modo geral os moradores não consideram precárias as
condições de moradia em suas localidades. Um aspecto importante que marcou as
atividades de discussão pública até aqui realizadas está no modo com que os moradores
vêm a precariedade habitacional necessariamente relacionada à precariedade de
infraestrutura urbana. De modo geral os moradores resistem em considerar precários os
aspectos construtivos (materiais, condições sanitárias, dimensões, etc.).
Apesar desse fato, foram destacados pelos moradores diversos problemas relacionados às
condições de moradia nas localidades que integram o Município de Itaparica.
Os registros dos moradores deram conta de uma questão importante no município: a
insegurança quanto à propriedade dos imóveis pela inexistência quase geral de registros
em cartório de imóveis. A maior parte dos documentos comprobatórios de imóveis consiste
em contratos / recibos de compra e venda.
Outras questões surgidas quanto à habitação estão relacionadas às características
construtivas: existência de habitações em condições precárias, casos de casas de taipa,
sanitários rústicos, etc.
Dentre as áreas em situação de risco relatadas pelos moradores podemos destacar:
Ocupação de áreas sob influência da maré (praias, manguezais e apicuns), como em
Praia do Cajá, Búzios, Mocambo, Mangue Seco, dentre outros.
Ocupação de margens ou leito de rio ou em canais de drenagem natural, a exemplo
de Amoreiras, Ponta de Areia, Brasileirinho.
Ocupação com infraestrutura urbana precária associada a riscos sociais como
violência e tráfico de drogas, como Bom Despacho, Marcelino e Urbes, na região do
terminal marítimo de Bom Despacho, e Alto das Pombas, na sede municipal.
Ocupação desordenada em área de relevo acidentado, com sistema viário e
acessibilidade precários, infraestrutura urbana insuficiente e áreas de habitação
precária, como em Amoreiras.
Esforços no sentido da universalização do acesso ao saneamento básico devem ser
priorizados, bem como o estabelecimento de uma politica eficiente de regularização
fundiária associada a um controle urbano mais eficiente.
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Mapa 10 - favelas Município de Itaparica
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Mapa 11 - favelas x loteamentos aprovados
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9. Fragilidade na gestão urbana e na regulamentação do uso e ocupação do solo
urbano
Segundo as análises realizadas na leitura técnica e jurídica sobre o município, a
Administração Municipal em Itaparica demonstra baixa capacidade de gestão. A enxuta
estrutura administrativa, a baixa capacidade de geração de receitas próprias e a reduzida
equipe técnica municipal, entre outros fatores, resultam em dificuldades para
gerenciamento do desenvolvimento urbano municipal.
Em população, Itaparica é o segundo menor município da RMS e tem a menor capacidade
de gerar receita própria, ou seja, apenas 10% do total do orçamento foi gerado pela
economia local. Por sua vez, é o município com maior grau dependência dos recursos
financeiros advindos das transferências intergovernamentais.
Vale destacar que a capacidade de investimento per capita de Itaparica, é semelhante à
capacidade da capital Salvador. Porém, existem diferenças substanciais entre esses dois
municípios. Salvador por ter uma dinâmica econômica própria consolidada, a performance
da arrecadação das receitas próprias a coloca numa situação de menor dependência das
receitas de transferências intergovernamentais, ao contrário de Itaparica onde as
transferências correntes são fundamentais na composição orçamentária, caracterizando
alto grau de dependência e limitada autonomia na elaboração das políticas públicas.
Com relação à capacidade de investimento per capita de Itaparica, o município pode
dispender com cada munícipe, no ano de 2012, o menor valor da RMS, R$ 1.598 (um mil,
quinhentos e noventa e oito reais), enquanto a média per capita dos investimentos da RMS
foi de R$ 3.765 (três mil, setecentos e sessenta e cinco reais). Situação orçamentária que o
coloca em posição de forte relação de dependência dos recursos externos e de difícil
enfrentamento às demandas sociais e de infraestrutura.
A relação de dependência financeira do orçamento de Itaparica, se justifica, em parte, pelo
próprio critério de coeficiente de rateio do Fundo de Participação Municipal (FPM),
elaborado a partir do princípio da redistribuição de renda, o qual definiu que cada
município deveria receber os recursos em função inversa do número populacional e da
receita própria. Ou seja, quanto menor o número populacional e menor receita própria,
maior o coeficiente de participação na distribuição dos recursos financeiros do fundo,
priorizando municípios menos densamente populosos, e com menor dinâmica econômica.
A estrutura administrativa é composta por 10 (dez) secretarias: Secretaria Municipal de
Educação; Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Municipal de Administração
(Superintendência Municipal de Trânsito); Secretaria Municipal de Finanças e Arrecadação;
Secretaria Municipal de Ação Social e Trabalho; Secretaria Municipal de Obras e Serviços
Públicos; Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Meio Ambiente; Secretaria Municipal
da Pesca e Agricultura; Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e Secretaria Municipal de
Planejamento.
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A análise sobre o processo de urbanização no município de Itaparica demonstra que a
gestão urbana municipal não foi eficiente na regulamentação da ocupação urbana e
principalmente no controle da ocupação irregular sobre áreas ambientalmente sensíveis.
A fragilidade da gestão urbana se reflete na baixa qualidade do espaço urbano construído
decorrente da ausência de controle do uso e ocupação do solo no Município. Segundo a Lei
Orgânica Municipal, compete à Secretaria de Planejamento e Projetos planejar e coordenar
a política de desenvolvimento do Município, em articulação com as demais Secretarias
Municipais, para a captação e negociação de recursos junto a órgãos e instituições
Estaduais e Federais, bem como monitorar sua aplicação e efetivar e/ou acompanhar as
prestações de contas parciais e finais bem como planejar e coordenar as atividades de
organização e modernização da Administração Direta do Poder Executivo. Não fica claro a
quem compete à fiscalização sobre o uso e a ocupação do solo no município. À secretaria
de Finanças e Arrecadação compete a fiscalização de tributos e posturas do município.
A estrutura de gestão e controle urbano é deficiente; os instrumentos de política urbana
previsto nas leis do Plano de Desenvolvimento Urbano vigente, e demais legislações
correlatas, não são aplicáveis, pois dependem de regulamentação por leis específicas.
Essa fragilidade contribuiu para o descontrole sobre o uso do solo municipal. A maior parte
dos assentamentos precários de Itaparica se desenvolveu através da ocupação de áreas
públicas e institucionais, derivadas de loteamentos aprovados na Prefeitura que não foram
implantados. 42% dos assentamentos precários estão inseridos sobre loteamentos, que
foram aprovados na Prefeitura, porém não foram implantados. Ou seja, dos 26
assentamentos precários identificados no município, 11 encontram-se nesta situação.
Nas oficinas realizadas para elaboração da Leitura Social os participantes relataram
importância da existência de instrumento para controle da ocupação – como meio de
manter grande presença de vegetação – e para controle de riscos e redução dos impactos
dos sistemas de tratamento de esgoto municipal instalado nas comunidades.