Download - Megafone - edição zero - abril 2013
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megafone
editorial megafoneInstrumento organizativo de
longo alcance! Este é o nome deste jornal, que tem como primeiro objetivo servir de uma ferramenta para a troca de informações, articulação e debate entre os estudantes de diversas unidades da USP.
O desejo e a disposição de
lançar esse canal de comu-nicação, o jornal Megafone, surgiram a partir de uma luta comum de estudantes de diferentes cursos.
Ao longo dos últimos anos, assistimos a um agravamen-to das restrições e perdas sucessivas dos espaços que pertecem aos estudantes, aos nossos espaços de livre produção!
Essas seguidas perdas dos espaços estudantis fizeram com que nós, estudantes de realidades distintas, perce-bessemos a proximidade que existe entre nossos problemas e a necessidade de nossa união para enfrentá-los.
Nesse sentido, algumas atividades já foram tocadas antes mesmo deste jornal: estudantes da ECA, FAU, RI e FEA se envolveram na construção de eventos como o Festival do Cão, onde foram expostos à comunidade universitária a necessidade de defesa dos espaços e o potencial da livre produção estudantil para além das salas de aula.
Realizamos conjuntamen-te a festa da matrícula em 2013, pautada pela defesa da reconstrução do CANIL_, espaço demolido nas férias de 2012, e pelo repúdio à criminalização do 72 (vânda-los, terroristas) estudantes e trabalhadores que ocuparam a reitoria em 2011.
Na semana da calourada, fizemos um material unificado e uma atividade, tradicional há anos na FAU, o Corredor da Humanas, em que amplifi-camos as pautas específicas de cada curso e partir de uma perspectiva geral de união.
Consideramos necessário
continuar a expandir nossa capacidade de intervenção
e luta. A partir de agora, pretendemos alcançar outros estudantes e dar a eles a oportunidade de se expres-sarem livremente através do jornal.
Para isso, o jornal Mega-fone (versão impressa e vir-tual) será pautado e discutido nas reuniões abertas e pre-tende dar voz aos estudantes para além das entidades que os representam. Cada edição vai refletir os estudantes que nela se envolveram. Convi-damos a se juntarem a nós todos os que desejam discutir, denunciar e informar!
As reuniões acontecerão
todas as terças, 12h30, na Vivência da ECA.
edição zero - abril 2013
foto: Rafael Shinnok
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foto: Guilherme Minoti
Os estudantes da FAU possuem um espaço cotidiano de discussão: as reuniões abertas. Nelas, os estudantes se auto-representam com igual poder de fala, de voto e de inserção de pautas, conversam e se posicionam coletivamente quanto às questões colocadas. As reuniões acontecem no Piso do Museu, que é gerido pelo GFAU. Essa gestão foi historicamente disputada pelos estudantes e, por meio de votação no Fórum de 2011 do Plano Diretor Participativo da FAU, foi institucionalizada a gestão do Piso do Museu.
Mas não só as reuniões
abertas são feitas no piso, como repiauers, assembleias, exposições, festas e outras atividades. Assim, enquanto espaço de encontro e convivência, o Piso se constitui como espaço de formação, permitindo aos estudantes de uma universidade pública exercerem o seu devir: pensar criticamente a Universidade e a sociedade na qual ela se insere.
Na Escola de comunicações e Artes, começamos o ano fazendo um pedido simples aos calouros: olhem ao seu redor. Hoje está visível que nossa unidade está sob ataque.
Com um projeto obscuro de mudança de espaço físico e possível divisão da unidade, nossa diretoria e reitoria nos impõe o projeto da Nova ECA.
Nosso mais famoso espaço estudantil, o CANiL_, foi demolido sem maiores explicações durante as férias, para dar lugar às obras na nova reitoria.
Espaço circular e aberto, lá organizávamos
de tudo. Pintura, show, teatro, poesia, festa e, principalmente, política.
No lugar disso, hoje encontramos câmeras instaladas a pedido do ex-coronel da PM e atual chefe da guarda universitária. Como se não fosse suficiente, um carro da guarda agora vigia a prainha 24 horas por dia. Não houve nenhuma tentativa de diálogo com os alunos ou com a própria diretoria da escola.
Diante de tudo isso, é nosso dever lutar pelo mínimo: nossa liberdade de organização. O que será do futuro se nos calarmos?
faueca
A relação entre alunos e diretoria foi conflitante no ano passado. No final de 2012, após a perda da Vivência, o CAVC e o Cursinho da FEA perderam também a maior parte de seus espaços no FEA 1 e foram movidos para o FEA 5 (prédio anexo da FEA), onde ficam todas as entidades estudantis
FEAnas. Ainda em 2012, iniciativas dos alunos, como a mesinha de doces e o debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo, foram proibidas.
No entanto, no início deste ano um grupo de estudantes se movimentou para recuperar a mesinha, e ações contrárias da
diretoria não surtiram efeito, por enquanto. Além disso, a administração do CAVC voltará para o prédio principal da FEA.
Projetos em andamento abertos a todos: O projeto de educação, que debaterá em agosto questões relativas a ensino, aprendizagem e modelos de educação, está sendo
organizado em encontros semanais na FEA; O Clube de Cinema CAVC/GUIMA também está de volta com exibições às terças e sextas. Não menos importante é o projeto de ampliação do espaço externo de convivência entre os alunos, no espaço entre a FEA e o Restaurante Sweden.
fea
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A Letras é o maior curso da Universidade, com cerca de 6 mil alunos. Todos os anos, mais de 800 candidatos entram na graduação. Esses números já demandam uma infraestrutura do prédio que não temos, a começar pelo espaço de vivência estudantil.
O CAELL, como alguns outros CAs, aluga seu
espaço a uma lanchonete e a um xerox, serviços indispensáveis aos estudantes. Contudo, os responsáveis pela administração do prédio entendem que é uma escolha dos alunos ceder seu espaço a esses serviços, de modo que não temos direito a mais nada que uma salinha utilizada como depósito e o corredor
onde se formam as filas para comer ou xerocar textos.
As nossas atividades são realizadas do lado de fora do prédio , atrapalhando muitas vezes as aulas e a biblioteca Florestan Fernandes e, quando chove, nos esprememos entre os corredores e os jardins de inverno.
Os estudantes não tem espaço de vivência e muitos, por não o conhecerem, não sabem seu valor e a diferença que eles têm em sua formação. A USP deve ser mais que um diploma na parede e uma posição no mercado: deve ser um espaço de troca e crescimento interpessoal.
letras
O Centro Acadêmico Guimarães Rosa é o espaço de organização, representação, e especialmente, de formação política dos estudantes de Relações Internacionais da USP. No modelo de gestão atual, todas as decisões são tomadas através de assembleias semanais, consensual e
horizontalmente. Mudamos para o novo
prédio no ano passado e, pela primeira vez, tivemos acesso a um real espaço de convivência estudantil. No entanto, poucos meses após essa conquista, a diretoria impôs um regulamento para a sua utilização que proíbe, dentre outros, a venda e o armazenamento
de bebidas e restringe os horários de uso do espaço.
Atualmente, os estudantes estamos organizando um evento para discutir as influências e as polêmicas acerca do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Construiremos também o Maio Cultural, evento que reúne mesas, debates, apresentações de filmes,
eventos culturais, saraus, entre outros, durante um mês a fim de discutir o tema de Cultura Negra a partir de recortes diversos.
Ademais, estamos construindo a Frente LGBT da USP e o Festival em defesa dos espaços estudantis que reconstruirá o Canil.
irifoto: Daniel Avelar
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calendárioABRIL
MAIO
JUNH
Ofaujunina
festival em defesa
dos espaçosestudantis
evento sobre H
ugo Chávez
início do Maio
Cultural sobre
Cultura N
egra
assembleia geral
dos estudantesdia 11, 18hs, hist/geo
sarau de RI
dia 26
clube de cinema
CAV
C+G
UIM
A,
Mostra Alm
odóvardias 9 a 26programação em goo.gl/RcDiX
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6F2F 3F 4F 5F
reunião de reconstrução do canil18hs, prainha
reunião ordinária do DCE18hs, DCE
reunião do núcleo de mídias independentes12hs, CALC
encontro do projeto de Educação15hs, no vão entre o corredor E e G do FEA1
reunião do jornal MEGAFONE12hs, CALC
reunião aberta do gfau18hs, piso do museu
núcleo de ocupação e intervenção da prainha18hs, CALC
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espaços de ocupaçãoespaços estudantis
Muita coisa tem mudado na universidade nos últimos tempos. Por isso nós, estudantes de diferentes cursos, resolvemos nos juntar, com a necessidade de trocar informações entre as unidades, e escrever um jornal. Sentimos que as questões que nos atingem, em cada um de nossos cursos, são cada vez mais parecidas. Por isso, decidimos co-meçar a editar este MEGAFONE.
Seja na USP, no Pinheirinho, na UFMT ou na PUC, a liberdade de pensar, produzir e agir politi-camente parece estar em xeque. Trabalhadores, estudantes e pro-fessores que ousam se organizar politicamente têm de lidar com proibições, processos, repressão policial e até prisões.
Aqui no Campus, o atual cená-rio de naturalização da presença da PM e de crescente cercea-mento às nossas liberdades tem se tornado ainda pior. Depois dos processos administrativos de motivação política tornarem-se rotina, 72 estudantes presos na desocupação da reitoria no fim de 2011 foram denunciados pelo Ministério Público Estadual por formação de quadrilha e outros quatro crimes.
Para piorar, a reitoria tem ultimamente avançado de forma cada vez mais resoluta contra os espaços estudantis autônomos, que sempre existiram enquanto pólo de produção cultural e resis-
tência política. Há alguns anos, um espaço estudantil (o porão) foi concretado na FFLCH, no prédio de Ciências Sociais. Recente-mente, as vicências da Veterinária e da FEA foram demolidas. Nas últimas férias, aproveitando-se do esvaziamento da universidade, a reitoria demoliu o Canil, espaço estudantil da ECA conhecido por abrigar fortes atividades culturais, sem consultar nem a própria diretoria da unidade.
A ocupação cultural e política dos espaços pelos estudantes na USP existiu até mesmo durante a ditadura militar -- época em que muitos dissidentes políticos do regime abrigavam-se na USP, porque na universidade a polícia não entrava para prendê-los. Nesse período, esses espaços serviram para a reorganização política do movimento estudantil e, também, possibilitaram uma criação artística e cultural que estrapolava as proibições oficiais. Perguntamo-nos: se até mesmo o regime militar não conseguiu acabar com os espaços estudan-tis autônomos, porque a reitoria quer tanto destruí-los?
Diante da existência de um número cada vez menor de espaços públicos que possam ser livremente utilizados na cidade, qual o sentido da reitoria demolir um espaço que abrigava música, teatro e festa? Qual o sentido da reitoria destruir, para dar lugar a um “jardim”, um espaço que, no
mês anterior à demolição, serviu para abrir à cidade os tão fecha-dos portões da USP, num festival com mais de 30 bandas?
O espaço estudantil dos estu-dantes de Relações Internacio-nais está sujeito a um regulamen-to que cerceia a autonomia dos estudantes. O CAELL, centro aca-dêmico do curso de Letras, está também ameaçado de perder seu espaço: o departamento de Lín-guas Modernas quer “regulamen-tar” o espaço e tirar sua gestão da mão dos estudantes.
Neste cenário, acreditamos, é preciso que tenhamos unidade. Unidade para resistir e defender nossos espaços, unidade para lu-tar contra os processos, unidade para exigir e garantir a liberdade necessária para que uma univer-sidade possa existir.
Por isso, iniciamos a constru-
ção deste jornal, que serve como um espaço para estudantes dos mais diversos cursos trocarem ideias e denunciarem os ataques e problemas que sofrem em suas unidades. Esperamos que ele possa servir para nos aproximar-mos e entendermos que nossos problemas são comuns e, por isso, exigem discussão e ação conjuntas.
Por fim, reproduzimos aqui uma Carta da Congregação da ECA, com a qual temos completo acordo:
Carta da Congregação da ECA em relação à demolição do CANiL_.
São Paulo, 27 de março de 2013.
“Prezados Senhores
A Congregação da ECA vem, por meio desta, manifestar repúdio em relação ao enca-minhamento dado pela reitoria à questão dos espaços de convivência dos estudantes no Campus Butantã da USP.
Como se sabe, a demolição do “Canil” no primeiro dia de recesso de fim de ano, um sábado, sur-preendeu alunos, professores e direção da ECA.
Acreditamos que a universida-de precisa garantir espaços que sinalizem o modo dos estudantes vivenciarem sua experiência universitária para além das salas de aulas. A formação de jovens gerações pressupõe um ambiente de camaradagem que deve soli-darizar os espaços de atividades acadêmicas com os espaços de confraternização estudantil.
Aguardamos uma resposta da reitoria sobre a reconstrução de um espaço de convívio para os estudantes.
Atenciosamente,Congregação da ECA”
foto: Guilherme Minoti