METODOLOGIA COMUNICATIVA DE ENSINO/APRENDIZADO DE LÍNGUA
INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Cleusa Kozlik de Almeida1
Adilson do RosárioToledo2
Luzmara Curcino Ferreira3
Sydnei Roberto Kempa4
RESUMO: O inglês tornou-se uma ferramenta essencial para promover a comunicação e o acesso a informações e, seu domínio, pode garantir tanto a inserção do indivíduo nessa sociedade globalizada, quanto melhores oportunidades profissionais. Embora isso vigore na sociedade atual, não é suficiente para estimular e convencer a totalidade dos alunos, que demonstram gradativamente indiferença e até mesmo aversão ao aprendizado do inglês. Este trabalho tem como objetivo levantar e compreender as razões que levam o aluno a perder o interesse para o aprendizado de Língua Inglesa ao longo do Ensino Fundamental e apresentar uma proposta de trabalho cujo objetivo é despertar o interesse, por meio da implementação de uma atividade interativa e de uso real da língua-alvo, valendo-se de um estudo de caso realizado com professores e alunos da rede estadual de ensino e a interação com nativos e/ou usuários da língua na cidade onde atuamos.
Palavras-Chave: Ensino da Língua Inglesa. Ensino Fundamental. Alunos x Língua Inglesa.
ABSTRACT: English has become an essential tool in promoting communication and access to information and its domain can guarantee both the insertion of the individualin this global society, as better career opportunities. Although, this conception is strong in our society it is not enough to encourage and convince all the students, who gradually, show indifference and even aversion to learning English. This study aimed to inventory and understand the reasons why students lose their interest in learning English throughout elementary school and to present a work proposal which aim is to arouse interest through the implementation of an interactive activity and real use of the foreign language, drawing on a case study conducted by teachers and students from state schools and the interaction with native and/or language users in the city where we work.
1 Formada em Letras, com especialização em Psicopedagogia e professora de Língua Inglesa no Colégio Estadual Professor Vidal Vanhoni, Ensino Fundamental e Médio.2 Professor de Letras na FAFIPAR, mestre em Sócio-linguística e doutorando em Estudos da Linguagem.3 Graduada em Letras pela Universidade Federal de Urberlândia, mestre e doutora em Lingüística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara e professora adjunta da UFSCar.4 Graduado em Pedagogia, mestre em Educação pela UEM, doutorando em Educação: Currículo PUC.SP, professor assistente da UNESPAR-FAFIPAR.
INTRODUÇÃO
Como professora de Inglês ao longo de mais de 20 anos, tenho observado a
atitude dos alunos em relação ao aprendizado da Língua Inglesa. Constata-se que na
série inicial em escolas do Governo do Estado, que corresponde a alunos de 5ª série ou
6º período, compreendendo uma faixa etária entre 11 e 15 anos, os alunos demonstram
intensa empolgação e vontade de aprender. Ficam maravilhados quando conseguem
formular uma frase, sentem-se motivados e encorajados em aprender o novo
vocabulário, o novo significado de cada objeto, uma nova forma de se comunicar com
outras pessoas e querem receber todas as informações ao mesmo tempo. São
curiosos, impacientes, questionadores e muito participativos, atitudes estas positivas
para o aprendizado. A interação entre o professor e aluno e entre aluno e aluno nesta
fase é adquirida de uma forma bastante natural e agradável. Pode-se até afirmar que o
Inglês está entre suas matérias preferidas. Os alunos reagem positivamente às tarefas
aplicadas, principalmente às atividades orais pelas quais são desafiados a fazer uso
dessa segunda língua. O uso, mesmo que esporádico e insuficiente, ainda assim
provoca um certo orgulho e até um sentimento de poder quando aprendem algumas
regras, certo vocabulário e podem expressar aquilo que já aprenderam com
naturalidade.
No entanto, durante todos esses anos de convivência em sala de aula, percebo
com uma certa tristeza, que após este período de intensa motivação e apreciação do
ensino da Língua Inglesa, o aluno, nas séries subseqüentes, aos poucos vai mudando
de reação e aquilo que parecia algo prazeroso, sofre uma mudança, provocando
indiferença, passividade e até mesmo aversão. Ele não é mais atraído pela
comunicação em segunda língua, achando-a desnecessária e, por isso, começa a
questionar o porquê de se estudar uma língua estrangeira já que não vê nenhum
resultado prático que lhe justifique o aprendizado. Por maiores que sejam os esforços
para se retomar aquele estágio inicial, isso não se realiza, provocando no professor um
sentimento de impotência, diante de tentativas frustradas de motivar os alunos,
orientando-lhes sobre a importância e os benefícios de se comunicarem numa segunda
língua.
Partindo dessa constatação de uma progressiva e quase sempre inevitável
perda de interesse dos alunos, em relação ao aprendizado de inglês, é que
pretendemos nesse trabalho de pesquisa, levantar possíveis razões, discuti-las à luz de
teorias contemporâneas relativas ao ensino de Língua Inglesa, visando poder, mesmo
que de modo elementar e fragmentário, reavaliar práticas de ensino-aprendizagem de
língua estrangeira e vislumbrar formas de ensino mais condizentes com os desafios
apresentados pelo público atendido nas escolas públicas do Estado do Paraná.
1. OS FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO NA REALIDADE
Para a trajetória de nosso trabalho, fizemos uso da pesquisa-ação que
possibilitou alcançarmos resultados para nossos objetivos, como: descobrir, mesmo que
não na sua totalidade, algumas razões para a falta de motivação e interesse de nossos
alunos para o aprendizado de Língua Inglesa; a interação de professores no processo
interdisciplinar; bem como oferecer alternativas para uma nova metodologia de ensino
para uma aprendizagem mais concreta e eficiente.
A pesquisa-ação é um método de pesquisa social, na qual o pesquisador
detecta um problema e busca juntamente com outros sua solução, uma ação para
melhorar a prática.
Para Thiollent, citado por Figueiredo, (2009), a pesquisa-ação é
[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Ao detectarmos a situação do ensino de Língua Inglesa nas nossas salas de
aula, partimos para uma decisão de inovar nossa prática, com procedimentos conjuntos
de ação, aspirando a mudanças para a solução do problema.
Em nosso trajeto de pesquisa-ação percorremos algumas fases para
consecução de nossos objetivos: o primeiro passo foi de observação e de
reconhecimento de uma situação negativa na participação dos alunos nas aulas de
Língua Inglesa. Sendo um dos objetivos da pesquisa-ação, esclarecer ou resolver
problemas identificados em determinadas situações, esse reconhecimento nos levou a
projetar e implementar mudanças adequadas na metodologia do ensino de Língua
Inglesa, apresentando uma proposta de interação e uso real da língua, para melhorar a
prática e motivar nossos alunos.
Por ser a pesquisa-ação uma modalidade de intervenção coletiva, onde
pesquisador e atores e/ou participantes se envolvem em procedimentos conjuntos de
ação, partimos para as entrevistas com professores e alunos, alvos de nossa pesquisa
para a coleta e análise dos dados à luz das teorias da Linguística Aplicada e das teorias
motivacionais de ensino de línguas.
O passo seguinte foi apresentar uma proposta aos alunos para treinamento e
uso real da língua, preparando-os, intensivamente, estimulando e criando um clima
favorável, motivador e de confiança para proporcionar condições de mudança e
interesse, alcançando assim os objetivos inicialmente definidos com base nos objetivos
da pesquisa-ação, que é resolver ou esclarecer os problemas identificados na situação
observada.
A próxima etapa compreendeu a ação propriamente dita, constituindo-se na
concretização da ação planejada e nos ajustes e alterações necessárias percebidos
durante a execução da tarefa.
ANDRÉ (2005, P. 63) cita Huberman para destacar que a pesquisa-ação é o
método onde, pode haver ganhos conceituais e metodológicos para o pesquisador, diz
ele “... os pesquisadores podem refinar e até rever seus conceitos, suas metodologias,
seu ensino e seu modo de estabelecer trocas...”.
O documento Propostas de Diretrizes para a Formação Inicial de Professores
da Educação Básica em Cursos de Nível Superior (2000), elaborado pelo Conselho
Nacional de Educação, refere-se à pesquisa como parte essencial na formação do
professor e destaca a importância de uma ação reflexiva no trabalho docente, onde o
professor domina procedimentos de investigação cientifica, como o registro, a
sistematização de informações, a análise e comparação de dados, o levantamento de
hipóteses e verificação, por meio dos quais poderá produzir e socializar conhecimento
pedagógico. O documento ainda ressalta que faz parte do papel do professor
desenvolver uma postura investigativa em seus alunos.
[...] a pesquisa constitui um instrumento de ensino e um conteúdo de aprendizagem na formação, especialmente importante para a análise dos contextos em que se inserem as situações cotidianas da escola, para construção de conhecimentos que ela demanda e para compreensão da própria implicação na tarefa de educar. (2000, p. 545)
A pesquisa-ação proporcionou êxito nesse processo, mobilizando pesquisador
e participantes, promovendo reflexões e buscando alternativas para a melhoria da
prática do ensino de Língua Inglesa na sala de aula, através da implementação dessa
nova metodologia de uso real e efetivo da língua através de encontros com falantes
usuários da mesma. Foi imprescindível a participação de todos os sujeitos na realização
da mesma, na execução conjunta de uma tarefa de interesse comum, pois ela funciona
melhor com cooperação e colaboração quando se expande por toda a organização e,
com o envolvimento de outras pessoas, pode melhorar esse processo, levando a um
resultado satisfatório, participativo e ativo.
2. ENSINO DE INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA HOJE: Dificuldades e desafios
É de conhecimento geral que, na era da globalização, o aprendizado de uma
língua estrangeira e, em especial, do inglês, tornou-se uma ferramenta essencial para
promover a comunicação e o acesso a informações e, extensivamente, seu domínio
pode garantir, tanto a inserção do indivíduo nesse quadro globalizado, quanto melhores
oportunidades profissionais.
A sociedade brasileira reconhece um valor educacional formativo na experiência de aprender outras línguas na escola. Reconhece esse bem cultural ao garantir de alguma forma a presença da disciplina Língua Estrangeira no currículo e mesmo quando duvida da eficácia do ensino escolar e leva seus filhos e a si mesma para aprender línguas em escolas e institutos particulares de idiomas. (ALMEIDA FILHO. 2008 p. 7)
A importância que o inglês alcançou nos últimos anos, mundialmente, pode ser
atestada, por exemplo, pelo modo como alguns autores se referem ao aprendizado
dessa língua: “Aprender a língua inglesa hoje é tão importante como aprender uma
profissão” (PAIVA, 2005, p. 19); e ainda pela significativa inserção em nosso
vocabulário corrente de termos originários da língua inglesa: os bebês de hoje usam
fraldas descartáveis Aqua Kids. O adolescente usa tênis All Star, veste Blue Jeans,
Five Star, pedala Sundown, brinca com Playstation, pesquisa na Internet, por meio da
qual faz pesquisas na Web e conversa com várias pessoas através dos canais de Chat,
desejando o melhor Hardware ou Software. E quando tem fome aperta a tecla “on”, do
microondas General Eletric, para aquecer fast food, ou então come chips e waffles
enquanto assiste ao canal de TV Discovery .
O uso corrente dessas expressões, exemplificam-nos a importância que a
Língua Inglesa adquiriu na vida pós-moderna. Segundo Paiva (2005, p.19) “esse idioma
tornou-se tão necessário para a vida atual que, para conseguirmos aprimorar qualquer
atividade profissional, seja no campo da medicina, da eletrônica, física, etc., temos de
saber falar inglês”.
Segundo Ventura (1989, p.36), o inglês tornou-se uma “língua sem fronteiras
[que] está na metade dos 10.000 jornais do mundo, em mais de 80% dos trabalhos
científicos e no jargão de inúmeras profissões, como a informática, a economia e a
publicidade” (apud Paiva 2005, p.10).
A busca por uma maior diversidade de informações e cultura, por melhores
ofertas de emprego e a necessidade de comunicação no mundo globalizado ampliam e
enfatizam a importância do inglês, que se tornou o idioma mais aceito,
internacionalmente.
É indubitável que, diante desse cenário, a Língua Inglesa no Ensino
Fundamental deva ser, se não priorizada, ao menos ter seu ensino redimensionado a
fim de que ofereça melhores condições para o seu aprendizado.
Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna, “propõe-se
que a aula de LEM constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a
diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba
possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive”. (p. 10)
Embora esse imaginário acerca da importância da aquisição de uma segunda
língua vigore em nossa sociedade e os alunos tenham relativa consciência dessa
importância sócio-histórico-cultural, isso não é o bastante para estimular e convencer a
totalidade dos alunos do seu necessário engajamento nas aulas de Língua Inglesa no
Ensino Fundamental e a prática da escola, hoje, não tem conseguido sustentar a
apreciação e motivação necessárias para seu aprendizado.
Algumas das razões desse desinteresse vinculam-se às condições e aos
métodos de ensino e à formação dos professores.
Em relação às condições de ensino, os professores enfrentam certas
dificuldades como: número excessivo de alunos, número escasso de h/a semanal, falta
de material didático sonoro e virtual, etc.
Em relação aos métodos de ensino de Língua Inglesa, embora se saiba há
muito tempo que não se aprende uma língua baseada apenas na aquisição de suas
regras gramaticais, esse é ainda o método como vem sendo ministrado esse conteúdo.
Essa prática de ensino exclui duas habilidades essenciais do aprendizado de Língua
Inglesa: a produção e a compreensão oral. Almeida Filho (2008) afirma que o professor
almeja o desenvolvimento nos seus alunos de competência comunicativa na língua
alvo, mas, não é incomum que o processo resulte em competência formal linguística da
nova língua. “Quando isso ocorre o aluno aprende sobre a L-alvo, conhece e recita
regras [...] mas não engaja numa competência de uso [...] na interação com outros
falantes da L-alvo...”. (ALMEIDA FILHO, 2008 p. 23)
Em relação à formação dos professores, podemos destacar: a não proficiência
da língua, a falta de condições de formação e especialização contínuas, jornada de
trabalho excessiva e a falta de acesso tanto à literatura especializada, quanto a obras
literárias.
Em face dessa realidade, a presente pesquisa buscou encontrar prováveis
razões que podem levar os alunos a ficarem desmotivados para o aprendizado da
Língua Inglesa e a partir das quais pudéssemos esboçar uma proposta de trabalho,
cujo objetivo é o de despertar o interesse pelo aprendizado da mesma por meio da
implementação de uma atividade interativa e de uso real da língua alvo, com vistas a
despertar-lhes novamente, o interesse pelo acesso à Língua Inglesa e por extensão aos
bens simbólicos, produzidos nessa língua, pois ela, assim como as demais disciplinas,
[...] devem colaborar para fazer o educando chegar mais perto de si mesmo, isto é, entender melhor o seu papel político, social e histórico. A aprendizagem de uma língua estrangeira, ao contrário do que podem pensar alguns, fornece talvez o material primeiro para tal entendimento de si mesmo e de sua cultura, já que facilita o distanciamento crítico através da aproximação com uma outra cultura. (LOPES, 2000, P.43).
Tendo em vista a obrigatoriedade do ensino de uma língua estrangeira,
conforme previsto pela LDB 9394/96 e a importância da promoção de atividades de
interação efetiva com falantes nativos ou não, para seu aprendizado, pretendeu-se,
tornar o ensino de Língua Inglesa “um projeto humanizador que promova o alargamento
dos horizontes lingüísticos e sócio-culturais” (LEFFA, 2003, p.75).
Ao detectarmos o problema existente, buscamos planejar e buscar soluções
para a resolução e melhoria da prática atual. Elaborou-se, inicialmente, um questionário
referente a entrevistas com professores e alunos para levantar os mitos ou razões para
a falta de motivação ou interesse para o aprendizado da Língua Inglesa:
Esse levantamento foi realizado por meio de três questionários:
O primeiro, direcionado a professores de Língua Inglesa da rede pública do
Estado, visando a descobrir se as dificuldades encontradas para motivar o aluno ao
aprendizado eram comuns e/ou se partilhavam das mesmas dificuldades. Houve
concordância quanto à falta de interesse dos alunos de séries subsequentes a 5ª série
ou 6º período e o reconhecimento de que a metodologia aplicada não motiva o aluno ao
aprendizado da língua em si, mas que ao se trabalhar com músicas e/ou filmes,
consegue-se uma melhor participação. Os alunos gostam de aprender e saber cantar a
música, sem, contudo, aplicar ou fazer uso real da língua, mas é a oportunidade que o
professor encontra de aplicar esses recursos e novas metodologias, como o uso de
músicas e filmes, para se conseguir novamente a apreciação pelo ensino da Língua
Inglesa, e levá-los, mesmo que não na sua totalidade a empregar o vocabulário e
estruturas da língua de uma forma mais real, na comunicação entre eles e com falantes
do inglês, e, também alcançar os objetivos a que ele se propôs ao empregar esse
recurso. Embora encontre ainda algumas dificuldades para uma participação mais ativa
do aluno na aplicabilidade da língua, continuam fazendo uso desses recursos, como a
música para despertar o interesse dos alunos, mas sem um resultado satisfatório que é
o uso real da língua no seu cotidiano.
O segundo, foi direcionado aos alunos de 6ª a 8ª séries, ou 7º período a 9º
período, visando a descobrir as razões para esse gradativo desinteresse para o
aprendizado da Língua Inglesa e, por meio de suas respostas, observou-se de modo
geral que eles não apresentam o mesmo interesse, conforme já anunciado no início
deste texto, e com base em nossa experiência docente, que apresentavam nas séries
iniciais no Ensino Fundamental. A falta de interesse decorre da falta de aplicabilidade
prática da língua, em contextos reais, e da restrição do uso da mesma à sala de aula
com objetivos conteudísticos e avaliativos, por meio da repetição de regras gramaticais,
dissociadas da prática efetiva de comunicação.
Para Venturi (2006) há semelhanças e diferenças, entre a aquisição das
primeiras línguas e a aprendizagem das segundas línguas. Para ele, isso é decorrente
da necessidade de comunicação e da funcionalidade da linguagem envolvida e as
causas do insucesso da aprendizagem se dá pela artificialidade do ambiente de sala de
aula, suscitada por métodos também artificiais. O mesmo afirma Almeida Filho (2008):
Num cenário real de aprendizagem, no entanto, muitos problemas podem ocorrer além dos relacionados ao ensino propriamente dito (isso é na aula) que perturbam a fruição dos esforços de ensino por parte do professor. Especialmente na escola pública brasileira, os alunos poderão estar indiferentes ao desafio de aprender uma outra língua ou ter expectativas de aprendizagem tão distorcidas e baixas que o processo se inviabiliza”. (ALMEIDA FILHO, 2008, p. 27)
O terceiro, foi direcionado aos alunos de 5ª série, ou 6º período, visando a
descobrir o porquê da apreciação pelo aprendizado da Língua Inglesa e predominou
que os alunos demonstram interesse e apreciam as aulas de inglês por ser algo novo e
desafiador, e o fato de aprender, mesmo que um pequeno vocabulário e formação de
pequenas frases, fazem-lhes sentir importantes e começam a empregar o que já
aprenderam entre eles e o professor, sendo curiosos e impacientes em aprender mais e
com maior rapidez e, cada vocabulário novo aprendido, é suficiente para fazê-los
apreciar e querer aprender mais a fazer uso do que aprenderam. Acham importante e
sonham em empregar a língua de uma forma mais efetiva.
Baseados nessas respostas, tanto de professores quanto dos alunos, pudemos
perceber que uma das principais razões que o aluno deixa de apreciar o aprendizado
pela Língua Inglesa é a falta de aplicabilidade real da mesma. Ele aprende um novo
vocabulário ou estruturas da língua e passa para um novo conteúdo e não faz uso
desse aprendizado para a comunicação.
Como nossa pesquisa tinha por objetivos principais descobrir as possíveis
razões dessa falta de interesse e outra da aplicação de uma atividade cuja metodologia
seria o uso de uma comunicação efetiva, como forma de resgatar e despertar o
interesse dos alunos, apresentou-se então uma proposta de trabalho com uma
atividade interativa, baseada no uso real, efetivo da língua alvo. Como forma de permitir
aos alunos do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Professor Vidal Vanhoni, onde
atuamos, redimensionamos uma atividade que já vinha sendo desenvolvida, sem
objetivos concretos de uma metodologia da Língua Inglesa, mas apenas como
intercâmbio social, fazer uso dessa atividade para motivar o aluno e levá-los a constatar
a possibilidade concreta de se comunicarem na língua em questão.
Valendo-nos de uma especificidade local, a saber, as possibilidades efetivas de
contato com estrangeiros falantes de inglês como primeira e como segunda língua,
dado ao fato de que a cidade em que habitamos é uma das zonas portuárias do Brasil,
propusemos uma atividade prática com os alunos. Antes, é preciso observar que nós,
professores de inglês que vivemos e ensinamos na cidade de Paranaguá, dispomos
desse contexto favorável graças ao fluxo de estrangeiros na cidade e o tamanho
relativamente pequeno da mesma, tendo em vista o padrão brasileiro, potencializando
assim o contato com falantes de inglês.
A cidade de Paranaguá, onde atuamos, nome que na língua Tupi-Guarani
significa Grande Mar Redondo, está situada no Litoral do Paraná, na Região Sul do
Brasil e tem aproximadamente 127.000 habitantes.
A economia da cidade está intimamente ligada ao funcionamento do Porto D.
Pedro II, importante terminal, corredor de exportação do Estado e do País.
O Porto de Paranaguá é considerado o 2º maior da América Latina e, por esta
razão, grandes navios cargueiros, de diversas partes do mundo atracam diariamente
para carga e descarga de vários produtos de exportação.
A cidade conta com muitas empresas portuárias e multinacionais graças ao fato
de o Porto ser a principal fonte de economia da cidade. Essas empresas são geradoras
de muitos empregos para os habitantes da cidade, assim como para habitantes de
outras cidades próximas.
Por ser uma cidade litorânea, cercada de belas ilhas, uma cidade portuária e
histórica, tem também no turismo sua fonte de renda, pois recebe turistas de várias
partes do mundo que passam por ela para conhecer principalmente a Ilha do Mel que é
um referencial turístico do Litoral Paranaense.
Além destes turistas, a cidade está sempre repleta de marinheiros que
enquanto esperam a liberação de seus navios, visitam pontos turísticos principais e o
comércio da cidade.
Devido ao grande fluxo de pessoas de outros países, a comunicação é feita
através da Língua Inglesa. Boa parte das empresas multinacionais e nacionais com
sede em Paranaguá emprega a Língua Inglesa em todo seu material de expediente,
assim como nos contatos dentro e fora, via telefone ou internet. Não é raro encontrar
estivadores que, mesmo não tendo formação acadêmica, dominam o inglês, em função
do contato diário e direto que têm com a língua. Desta forma o domínio da Língua
Estrangeira é um requisito primordial para os candidatos jovens a uma vaga no
mercado de empresas no ramo de exportação.
Tendo em vista tanto a importância da Língua Inglesa como língua de contato
em âmbito nacional quanto regional e local, pretendíamos com essa proposta de
trabalho, motivar tanto professores quanto alunos, no ensino e aprendizado dessa
língua, valendo-nos para isso da interação entre alunos e estrangeiros, usuários da
mesma. Para tanto promovemos encontros entre esses estrangeiros de todas as
nacionalidades e nossos alunos do Ensino Fundamental, para que estes vivenciassem
o uso da língua, tendo a oportunidade de exercitar o que já sabiam de modo que
pudessem constatar o que era preciso ainda aprender para se comunicarem de fato.
O objetivo desses encontros foi proporcionar aos alunos a oportunidade de
conversar com falantes nativos, e também falantes que empregam o inglês como língua
de contato. Essa oportunidade, além de permitir um contato efetivo com a língua em
sua materialidade, ou seja, sonoridade, velocidade de se expressar, vocabulário,
também permite aos alunos trocarem experiências em relação à cultura de outros
povos.
Esses encontros foram realizados graças a nossa parceria com o CAM (Centro
de Apoio aos Marinheiros):
O Centro de Apoio aos Marinheiros (CAM) foi criado a partir de uma parceria
firmada entre a Convenção Batista do Espírito Santo, o Seamen’s Church Institute of
New York and New Jersey e a Convenção Batista Paranaense.
Trata-se de uma Instituição Filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece apoio
Social, Espiritual, Físico e Psicológico principalmente a marinheiros e também à
comunidade carente, tendo como valores primordiais a liberdade e dignidade, sem
distinção de raça, sexo, credo religioso e convicção política partidária.
Essa Instituição tem como missão “prestar serviços que proporcionem equilíbrio
e conforto àqueles que aqui chegarem. Para preencher as carências de quem vive
distante da família e do país”. (CAM 2009).
Os serviços oferecidos pelo CAM vão desde a disponibilização de telefone/fax,
cartões telefônicos internacionais, de correspondência, acesso à internet, até oferta de
acesso à quadra esportiva, jogos, tv a cabo, loja de conveniência/lanchonete, biblioteca.
O CAM também presta serviços de aconselhamento psicológico e fornece ainda
encaminhamento a orientações jurídicas. Além disso, realiza atividades de cunho
religioso, tanto na capela sediada no CAM quanto no interior dos navios.
Os visitantes do CAM são marinheiros que chegam ao Porto de Paranaguá e
permanecem em terra por período que vai de 14 a 72 horas e que buscam um local de
apoio para contactar com a família, estudar e se distrair.
O trabalho é feito com os capelães portuários, devidamente autorizados pelas
autoridades portuárias, que se dirigem em veículo da missão até o porto ou terminais
portuários, onde visitam os navios atracados, levando informações e oferecendo os
serviços de bem estar aos tripulantes, como: jornais e revistas referentes aos
marítimos, literaturas cristãs, transporte gratuito, aconselhamento pessoal, visitas aos
marinheiros hospitalizados e/ou presos.
Outra atividade que passou a ser desenvolvida pelo CAM é o intercâmbio
realizado com as escolas da comunidade. Os capelães dessa instituição entram em
contato com os marinheiros, convidando-os a participar dessa atividade de interação
com os estudantes, levando-os até as escolas onde eles têm contato direto com os
alunos para trocarem informações e conhecer um pouco mais dos países dos
marinheiros.
Esse contato provoca no aluno uma curiosidade em querer saber mais sobre os
países dos marinheiros e a percepção da necessidade de conhecer a língua para se
comunicar com o marinheiro e trocar informações, satisfazendo assim sua curiosidade e
interagindo com os mesmos. Almeida Filho (2008, p. 8) diz:
Concebemos hoje, comunicação (sempre de forma incompleta e conscientemente provisória) mais como uma forma de interação social propositada onde se dão demonstrações de apresentação pessoal combinadas ou não com casos de (re) construção de conhecimento e troca de informações. A aprendizagem de uma nova língua desse ângulo precisaria se dar numa matiz comunicativa de interação social.
Almeida Filho afirma ainda que:
“a aprendizagem formal, escolar dessa língua, que apenas começa estrangeira para se constituir gradualmente na experiência pessoal rica e educacionalmente compensadora, [...] precisa ainda se dar em duas modalidades. Uma que busca o aprender consciente, monitorado, de regras e formalizações, típicos da escola enquanto instituição controladora do saber, e outra que almeja a aquisição sub-consciente quando o aprendiz se envolve em situações reais de construir significados na interação com outros falantes/usuários dessa língua”. (ALMEIDA FILHO, 2008, p.12).
Em nosso trabalho partimos do pressuposto de que a linguagem não
corresponde a uma estrutura autônoma cujas formas fonológicas, lexicais e sintáticas
constituiriam o saber suficiente para se aprender uma língua, materna ou estrangeira.
Para nós, além de uma estrutura, a língua é uma forma de manifestação intersubjetiva,
ou seja, ela não se separa dos sujeitos, ela é por eles modificada e os modifica, porque
é responsável por nossas representações culturais acerca do outro e de nós mesmos.
Ela é uma forma que permite aos sujeitos interagir sócioculturalmente, e os sentidos
que por meio dela produzimos ou desejamos produzir provém exatamente dessa sua
condição de forma de manifestação histórica, social e cultural. Considerá-la segundo
esse viés exige de nós compreendermos que a língua é um meio histórico de inserção
social e cultural dos indivíduos e que, portanto, não é aprendida por meio de regras, de
exercícios artificiais em sala de aula.
Essa concepção de língua sustenta-se numa perspectiva sóciointeracionista,
que se ocupa, portanto, das relações entre sujeito, língua, história e sociedade
responsáveis pelo modo como os sujeitos interpretam, produzem seus textos,
relacionam-se entre si, apoiados nos trabalhos de Almeida Filho5 (1993; 2005; 2008),
Moita Lopes (1992; 1996; 1999; 2000) e Widdowson (1994). No que concerne ao
ensino/aprendizado de língua estrangeira, de uma segunda língua, adotamos a
abordagem comunicativa, segundo a qual o ensino de língua estrangeira deve se
sustentar não apenas em simulações muitas vezes artificiais de diálogos em situações
muito limitadas do ponto de vista comunicativo, mas deve permitir aos alunos se
comunicarem efetivamente na língua alvo. O objetivo central dessa abordagem foi o de
promover situações de interação, nas quais os sujeitos possam construir o
conhecimento frente às suas necessidades, dificuldades, competências, que emergem
no processo de comunicação. Segundo essa abordagem, o professor deve ser um
viabilizador da comunicação e não aquele que corrige “erros”, de pronúncia, de escrita,
etc. O professor, nessa perspectiva é aquele que estimula a produção do aluno, que
lhes indica formas alternativas para que ele possa se manifestar diferentemente,
ampliando assim seu domínio da língua alvo. Por isso, situações de comunicação reais,
em que o aluno seja exposto a outro sujeito, de outra origem, com outros hábitos
culturais, que faz uso de uma Língua Estrangeira como o inglês, de maneira fluente ou
não, possibilita-lhes empregar a língua, verificar e ampliar sua competência linguística e
refletir sobre sua prática.
Assim, com base nos princípios sóciointeracionistas, que regem o uso da língua
pelos sujeitos e na abordagem comunicativa que subsidia o ensino de língua
estrangeira, realizamos nossa proposta de atividade didático-pedagógica para o ensino
de língua estrangeira, potencializando os efeitos causados em encontros anteriores
com os marinheiros, com a verificação de resultados interessantes tais como o aumento
no interesse dos alunos pelas aulas de língua, o incentivo a sua curiosidade, a
emergência de dúvidas sobre a língua, propiciando-lhes uma compreensão mais
fundamentada teórica e metodologicamente. Assim, esse tipo de atividade contribui não
apenas de modo a permitir aos professores redefinir melhor seus objetivos nas aulas de
Língua Inglesa assim como também permite a esses atores e a seus alunos
5 Para a construção desse trabalho, tomamos fundamentalmente a metodologia comunicativa de Almeida Filho (2005).
redimensionarem sua prática com vistas a uma ação mais participativa, logo, mais
proveitosa e produtiva.
Primeiramente os alunos foram motivados a participar dessa atividade com o
uso de uma música cujo tema abordava aspectos da vida do marinheiro. O professor
em seguida, com o intuito de descobrir o conhecimento de vocabulário e de
compreensão de seus alunos, explorou o conteúdo da música e do domínio lexical dos
alunos por meio de perguntas.
Em seguida fez-se uma sondagem do nível de conhecimento dos alunos quanto
às estruturas básicas da Língua Inglesa, sendo necessário rever muitos conteúdos,
pois, percebeu-se que esse conhecimento era bastante precário para uma conversação
imediata. Os alunos foram, dessa forma, preparados de modo específico, tendo em
vista um certo domínio de vocabulário e estruturas da língua alvo, como aquelas
referentes a perguntas e respostas básicas, em conformidade com o nível de cada
série, para que o domínio dessas questões pudesse permitir-lhes estabelecer um
primeiro contato com os marinheiros, falantes nativos e não nativos da língua alvo.
As possibilidades de emprego dessas questões foram exploradas, bem como
as diferentes formas de se valer de uma mesma estrutura, testando formas
vocabulares, em atividades práticas de simulação de diálogo, com treinamento intenso,
procurando fazer com que o estudante aplicasse seus conhecimentos adquiridos com
os colegas. Almeida Filho afirma essa necessidade de conhecimento prévio, quando
diz:
A comunicação verbal não seria assim um simples processo lingüístico – ela necessitaria de conhecimentos prévios (além das regras gramaticais e esqueletos perceptuais lexicais), da percepção da situação de uso e outros conhecimentos culturais disponíveis na mente e memória do locutor que interagem no processo de maneira não-hierárquica. (ALMEIDA FILHO, 2008, p. 09).
Visando ao encontro e familiarizando-se com as estruturas e aplicabilidade da
língua, através dessa revisão de conteúdos básicos para a formulação de possíveis
perguntas e respostas com os marinheiros, os estudantes praticaram entre si na sala de
aula, simulando diálogos para o futuro encontro, explorando o uso comum da Língua
Inglesa com ensaios, como afirma Almeida Filho (2008, p. 30):
A fase do ensaio é, em muitas situações, a culminância do esforço preparatório, iniciador, desobstruidor e implusionador das fases precedentes. Com confiança o aluno será instado a ensaiar linguagem para futuras transações de uso real dentro e fora do contexto escolar.
Nosso próximo passo foi agendar o encontro e envolver professores de outras
disciplinas, exercendo assim a interdisciplinaridade para que a atividade fosse mais
abrangente em níveis de cultura geral.
O primeiro encontro aconteceu com marinheiros indianos, bastante
comunicativos e simpáticos que responderam a todas as perguntas dos alunos que,
embora tímidos, fizeram-nas em inglês e se interessaram em fazer outras que não
foram previamente estudadas, buscando para isso ajuda junto ao professor. O encontro
transcorreu informalmente, portanto, de uma forma agradável, descontraída e
interessante. Observamos que esta atividade despertou nos alunos, não somente o
interesse em conhecer um pouco sobre a cultura do país de origem dos marinheiros
com quem travaram contato, como também a noção mais clara de que o domínio de
uma língua estrangeira possibilita o acesso ao saber sobre povos, culturas, saberes
que se diferenciam dos nossos.
Para Canale citado por Paiva (2005), há princípios que regem a abordagem
comunicativa: o conhecimento das necessidades de comunicação; levar em conta as
necessidades e os desejos do aprendiz procurando proporcionar a ele aquilo que mais
certamente ele deverá encontrar em uma situação real, uma interação real e
significativa, utilizando suas habilidades linguísticas e integração da cultura da Língua
Inglesa, levando em conta seu conhecimento geral.
Almeida Filho (2008, p. 36) afirma, ainda que:
O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua.
Ao participar dessa atividade, o aluno vivenciou a necessidade de saber se
comunicar em inglês, pois se sentiu limitado, necessitando de um intérprete para se
expressar e entender o marinheiro. Essa interação com falantes/usuários da Língua
Inglesa, levou uma grande parte dos alunos a uma participação mais efetiva nas aulas
posteriores, demonstrando assim maior interesse e curiosidade, simulando diálogos
entre eles e treinando com maior dedicação, pois os alunos motivados adequadamente,
aproveitam esses momentos para adquirir maior conhecimento e uso da língua-alvo e
isso “abre ao aluno a possibilidade de se reconhecer nas práticas do que faz sentido
para sua vida, do que faz diferença para o seu futuro como pessoa”. (ALMEIDA FILHO,
2008, p. 42).
A expectativa pelos resultados positivos ou satisfatórios sempre nos causa uma
certa angústia, pois almejamos obter 100% de resultado positivo, acreditando que uma
intervenção pode trazer respostas imediatas ou apontar a solução definitiva para o
problema existente e corremos o risco de nos mostrarmos céticos à pesquisa por novas
metodologias de ensino. Para tanto, tivemos o cuidado de após o encontro,
devidamente documentado através de filmagem, entrevistar novamente os alunos,
avaliando o valor e/ou a mudança que provocou e os resultados que ocorreram. Os
marinheiros também foram entrevistados e nas aulas posteriores ao encontro fez-se
uma análise, revendo os vídeos, sobre acertos, equívocos existentes e correção dos
mesmos e comparação de desigualdades culturais existentes, comprovando assim a
aprendizagem nas diversas disciplinas participantes nesse intercâmbio cultural.
Após essa análise, elaboramos estratégias para serem adotadas, como fazer
uso dessa atividade com maior frequência, avaliar o grau de eficácia da mesma, e fazer
devidos ajustes como limitar o número de alunos para uma interação mais intensa,
retomar questões que deixaram dúvidas, um planejamento para os próximos encontros
que acontecerão, pois não se pode concluir uma ação e dar como encerrada sem
aperfeiçoá-la exercitando sua prática.
Durante todo esse processo de pesquisa e implementação da nova proposta,
tivemos a participação direta de professores da rede pública de ensino do Estado do
Paraná através do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), o qual
possibilita a inclusão virtual dos Professores da Rede nos estudos, reflexões, discussões e elaborações realizadas pelo Professor PDE, como forma de democratização do acesso aos conhecimentos teórico-práticos específicos das áreas/disciplinas do Programa. (PARANÁ, 2008. p. 12)
Os professores participam do GTR fazendo sua inscrição no curso desejado e
acompanham virtualmente todas as atividades desenvolvidas pelo professor através da
participação nos “fóruns” e atividades formuladas pelo professor tutor, opinando sobre o
trabalho desenvolvido, compartilhando experiências e dando sugestões para a melhoria
da prática em sala de aula.
Foi imprescindível essa participação como incentivo à proposta apresentada
bem como sugestões de ajustes necessários para maior êxito nos resultados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho tentamos, através da pesquisa-ação descrever nossa trajetória
dentro de uma situação detectada na sala de aula, no ensino da Língua Inglesa, onde
os alunos não demonstravam interesse, participação e aprendizado, estando aquém do
esperado, provocando no professor uma certa inquietação e até um sentimento de
frustração e impotência. Com vistas a melhorar esse quadro, partimos para uma
pesquisa com objetivos de descobrir as razões de tal comportamento e com uma
proposta para implementar uma nova metodologia de trabalho, com base na
metodologia comunicativa de Almeida Filho (2005), fazendo uso real da língua, numa
interação entre alunos e falantes/usuários do inglês.
Embora os resultados se apresentem satisfatórios, para uma primeira etapa de
tentar motivar o aluno para a aprendizagem, não se constitui num trabalho final, como
mágica para despertar o aluno. É uma alternativa que se pode fazer uso e vem como
proposta, podendo ser alterado e adaptado às circunstâncias e realidade de cada um.
Não podemos afirmar também que o aluno será capaz de se comunicar livremente nos
próximos encontros sem uma preparação intensa. Pois conforme Almeida Filho (2005,
p. 44), diz: “...na escola de 1º grau, [...] não se pode ter a ilusão de levar o aluno ao
domínio da língua-alvo nem em dois e nem em quatro anos”.
Os dados e atividades apresentados expressam a importância de se repensar
nossa prática pedagógica, buscando alternativas para melhoria dessa prática com
vistas a motivar nosso aluno para o aprendizado.
Muito tem se buscado na tentativa de melhorar o ensino/aprendizado e essa é
mais uma prática que pode ser adaptada dentro do contexto em que se está inserido e
nossa intenção foi demonstrar essa trajetória e os resultados adquiridos.
Esses resultados, a princípio bastante satisfatórios, pois despertaram um maior
interesse para a compreensão da Língua Inglesa, nos incentivam a continuar
aprimorando e criando novas oportunidades aos nossos alunos para a efetivação de
uso real da língua dentro de um contexto bastante apropriado e amplo que é a nossa
cidade que conta com um fluxo intenso de estrangeiros falantes do inglês.
Esse estudo nos possibilitou repensar algumas práticas pedagógicas e nos
desafia como profissionais a elaborar nossas aulas levando-se em conta uma
participação mais ativa do aluno na aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos.
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