MIGRANTES: DIVERSIDADE NA CIDADE SÃO MARCOS
Justina Ines Riboldi- Professora1 Marta Zilá Studzinski- Professora² Edi jussara Candido Lorensatti- Orientadora³ Resumo: Este artigo contempla parte das reflexões advindas de uma pesquisa de opinião originada pela curiosidade dos alunos da turma 4.2 da Escola Estadual Orestes Manfro, no município de São Marcos/RS. O tema da pesquisa foi migrantes. No decorrer do projeto, a turma 4.2 coordenada pelas professoras investigou, criou discussões sobre o tema buscando dados significativos sobre a história da cidade. Entrevistou no total cem moradores migrantes da atualidade e pode comprovar alguma hipóteses como as de que os moradores mais antigos acolhem bem os migrantes e que os migrantes têm seus direitos de educação, saúde, moradia atendidos pela municipalidade. A pergunta: “acolhemos ou excluímos os migrantes?” pode ser respondida por cada são marquense e que o migrante, baseado, nas respostas obtidas, sente-se bem acolhido. Palavra chave: migrantes – diversidade – inclusão social. Introdução:
Fruto da pesquisa, o trabalho a seguir evidencia a preocupação dos alunos
para com os moradores novos do município de São Marcos, traz a tona reflexões
sobre o migrante que vem morar neste município, se é acolhido, se sente incluído na
nova comunidade.
Traz também uma breve memória histórica da localidade.
Queremos, através deste trabalho reconhecer a valiosa colaboração que os
antigos imigrantes nos deixaram e que, com certeza estes novos migrantes
deixarão, engrandecendo e valorizando este lugar.
¹Professora da Rede Estadual de Ensino Médio São Marcos. Aposentada, da Rede de Ensino Municipal. Licenciada em Pedagogia pela UCS/RS e Pós Graduada em Gestão Escolar pela Faculdade Portal Paraná. ² Professora da Rede Estadual de Ensino Médio São Marcos. Aposentada, da Rede de Ensino Municipal. Licenciada em Educação Física e Técnica em Desporto pela UCS/RS ³Graduada em Licenciatura Plena em Matemática UCS/RS, Especialização em Metodologia do Ensino de Matemática UCS/RS, Es pecialização em formação para Educação a Distância UCS/RS, Mestrado em Educação UCS/RS, Professora do curso de Licenciatura em Pedagogia da UCS no curso de Matemática no Programa Prolic UCS /UFPEL, Formadora no Projeto Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião _ NEPSO
O projeto 2migrantes: diversidade na cidade de São Marcos transcende as
dificuldades dos alunos do quarto ano tendo em vista sua tenra idade, eles tem de
nove a dez anos, de tornar conhecidos os fatos relevantes da vida de uma pessoa,
de uma família que migrou para esta cidade em busca de uma vida melhor.
É mais um trabalho de professoras apaixonadas pelas terras que ficam entre
o Rio Ranchinho, Rio das Antas e o Rio São Marcos, junto com seu povo, seus
costumes e junto com seus alunos.
São Marcos é o mais novo Município da região da Uva e do Vinho, sendo considerada sala de visitas, já que suas terras são as primeiras a serem alcançadas pelos que vem do Norte do País, demandando a zona dos parreirais imensos que cobrem vales e coxilhas, oferecendo um dos mais belos espetáculos da natureza.
3
São Marcos situa-se na Encosta Superior do Nordeste do Estado do Rio
Grande do Sul, numa altitude de aproximadamente 800 metros. Possui uma área de
263,73 km² e sua população mantem-se em torno de 20.000 habitantes. Está a 160
Km de porto Alegre, a capital gaúcha.
O nome da aldeia, pela documentação da Arquidiocese de Porto Alegre, era Curato São Marcos, entre 1891 e 1923 que significava “povoação” sob os cuidados de uma cura. Antes, na época em que São Marcos começou a ser povoada, a Capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul tinha sede em Viamão, onde foi feito o registro da sesmaria Palmeira dos Ilhéus, que incluía o território de São Marcos. Em 1809 houve a divisão do Rio Grande em quatro municípios: Porto Alegre. Rio Grande ou São Pedro, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha, que abrangia o noroeste, incluindo São Marcos, até o ano de 1878.em maio de 1878 foi criado o município de São Francisco de Paula de Cima da Serra, que passou a ser sede da Região. Por dificuldades financeiras de São Francisco, esta última com precária situação financeira, com diferente realidade social, latifundiária, de “chefes” cobrando impostos, e descuidada das necessidades de educação em São Marcos. Descontente, o povo queria a anexação a Nova Trento ou a Caxias. ( BERTELLI et al 2005 pg. 101).
2 O termo "migrante” se refere a pessoas que vieram morar em São Marcos provenientes de várias cidades e estados
brasileiros. 3 Disponível em: <<http://www.saomarcos-rs.com.br/?ir=geografia>> acesso em: 21 de julho de 2014.
Da emancipação poder-se-ia falar inúmeras coisas mas por ora deve-se
recordar que pertenceu inicialmente a São Francisco de Paula, e que em 1921
passa a ser o 5º Distrito de Caxias do Sul, pertencendo, o seu território, a esta
cidade até 09 de outubro de 1963, quando é criado o município de São Marcos.
Sabemos que não fomos os primeiros moradores daqui.
Muitos anos antes de nós, aqui viveram, como em toda a América, os aborígenes dos quais poucos conhecemos, a quem chamamos Botocudos, Caáguas, talvez parentes dos caigangues. Mas, antes de nossa chegada, ninguém dos brancos esteve em contato pacífico com eles, ninguém estudou sua civilização. Por sorte, antes de caírem sob os chumbos de nossas escopetas, como aconteceu depois no Sul de Santa Catarina e estava acontecendo nos contrafortes da Serra no embate com a civilização alemã, retiraram-se para Cacique Doble, seu chefe, nome dado ao novo território ocupado. Retiraram-se, foram convencidos a retirar-se. Aqui só teria ficado algum velho desgarrado. Seriam esses os raros índios que a tradição diz terem sido vistos pelos colonos. Esses e quem sabe algum outro que vinha ver seus pagos nativos agora ocupados por milhares de estrangeiros. (DALL’ALBA ET AL, 1997 pg.18)
Nossa região era terra dos índios caáguas ou Caaguaras, nome dado pelos
guaranis, que significa “homem selva”, “gente selvagem”.
Dos primeiros donos ficaram, muitos vestígios em nossa terra, conforme os
organizadores do livro Raízes de São Marcos e Criúva relatam muito bem.
Dizia um antigo morador o senhor, 4Avelino Marchesi, falecido ano passado
aos oitenta e nove anos que quando lavrava suas terras na colônia localizada no lote
nº 19 na Fazenda Pedra Branca encontrava várias “coisas” de índios: material de
barro cozido, pedaços de panela salpicada por cunhas do lado de fora, que teriam
sido por ele doado ao museu paroquial.
Lembrava, o senhor Avelino que havia covas que serviam de moradias aos
índios, várias em sua propriedade. “Tocas de bugres” segundo ele. Sabemos que
em São Marcos possuía centenas delas e que recentemente foram catalogadas pelo
Instituto Anchietano.
4 Agricultor e conhecedor do solo do município de São Marcos.
Bom que o Padre Osmar João Possamai tenha construído um museu com
auxilio do Instituto Anchietano denominado 5 “Museu Taquara” onde guarda-se
organizadamente a história indígena daqui: cerâmica, material lítico como pedra
lascada, polida e ossadas.
Os índios marcaram, com traços indeléveis, o domínio que
exerceram aqui. Ainda hoje, em diversos pontos, tanto na zona do campo,
como na colônia, são identificados claros vestígios de ocas, além de pedras
trabalhadas que, indubitavelmente, serviam para cortar madeiras, ou para
afiar pontas de flechas e utensílios domésticos de barro. (RIZZON E
POSSAMAI, 1987 pg. 34)
Aos alunos é preciso dizer que esses nossos antecessores ainda não foram
estudados suficientemente. E que quando encontrarem alguma cova estranha,
cerâmica ou material de pedra trabalhando, não os danifiquem guardem-nos para
entregá-los ao museu de São Marcos. Os índios merecem. Foram compreensíveis.
Deixaram que ocupássemos em paz estas terras. Além de que os indígenas
miscigenados com o branco e o negro contribuíram para a formação deste povo.
É necessário também que se saiba que o município de são Marcos,
diferentemente da maioria das cidades da mesma região foi ocupada por
fazendeiros de origem portuguesa, antes da chegada dos imigrantes italianos e
poloneses.
Sua atual área pertenceu em meados do século XIX, a rico fazendeiro dos Campos de Cima da Serra , servindo de abrigo à gadaria durante o inverno. (MANOSSO 1988, pg. 12)
E, como sabe-se a presença de fazendeiros portugueses era acompanhada
sempre de mão de obra escrava. Então conforme o livro Possamai e Rizzon no livro
5 Museu de artefatos indígenas, localizado embaixo do Salão Paroquial de São Marcos.
História de São Marcos na página 55 “pode-se afirmar que foram os negros os
primeiros a trabalharem nessas terras e foi graças a eles que se organizaram as
fazendas”.
As regiões de São Marcos mais vivamente marcadas pela presença e trabalho escravo foram: Pedras Brancas, São Jacó, fundos da Linha Tiradentes, fundos da Linha Rosita, São Roque e zona do Campo (RIZZON E POSSAMAI,1987 pg 57)
Como viviam eles e como vivem seus descendentes agora, é mais um estudo
que merece um capítulo a parte que deverá ser retomado em outro momento.
Enfim a chegada dos imigrantes a São Marcos.
Em 1883, chegaram os primeiros imigrantes e, dois anos depois, organizava-se oficialmente a Comissão de Terras destinada a distribuir glebas aos recém-chegados e orientá-los nas atividades que iriam desenvolver. Povoado por italianos, em 1885 e a seguir por poloneses...Os primeiros imigrantes foram os Italianos e chegaram às margens do Rio São Marcos e das Antas (localizado na Linha Riachuelo, onde ainda fala-se o dialeto ,mais antigo do mundo. Margeando o Rio das Antas, dirigiram-se ao alto, na zona de Riachuelo, onde construíram o
primeiro barracão da nova colônia, cujos escombros ainda hoje existem. 6
Da grandeza deste povo e da evolução desta cidade pode-se tomar
conhecimento nos vários livros disponíveis sobre o município
E cá estamos junto com os alunos, 130 anos depois das primeiras imigrações
fazendo um estudo sobre os migrantes da atualidade que vem continuar a
enriquecer a história, desta cidade.
Conhecida a nossa história, queremos colocar os achados da pesquisa com
os 100 entrevistados vindo de outros lugares, sendo 55 pessoas do sexo feminino e
45 do sexo masculino que responderam ao questionário elaborado pelos alunos,
com ajuda das professoras e aplicado com ajuda dos pais.
Tentaremos revelar os fatos que dão voz, sentido, ao que o migrante, o povo,
sente, mas também com orgulho de estarmos contribuindo para o Conhecimento
dentro do nosso querido município São Marcos.
6 Disponível em: <<http://www.saomarcos-rs.com.br/?ir=geografia>> acesso em: 21 de julho de 2014.
Foi através da pesquisa feita com ajuda dos pais que os alunos conheceram
os casos, a vida dessa gente. Gente que veio para cá intuído de esperança e
prosperidade. Ninguém os chamou, não receberam promessas como os antigos
imigrantes receberam na Itália.
Trabalharam e trabalharam muito, mostrando a “saga” “raça” de um pouco de
paz, sem violência com sua fé inabalável, como veremos nas respostas ao serem
perguntados sobre a sua religião mais adiante.
Percebe-se que o migrante da atualidade que veio morar em São Marcos é
jovem. Vê-se que 76% dos entrevistados tem entre vinte e cinco e cinquenta e
quatro anos.
3
16
28 25
23
6
0
5
10
15
20
25
30
06 a 14 15 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 54 Acima de 55
Qual é a sua idade
16 19
27
9
20
8
1
0
5
10
15
20
25
30
Grau de Instrução
Somente 20% possuem curso superior, então o município deve estar
preparado para que o migrante, esse morador novo, possa continuar seus estudos.
Investir no EJA e nas escolas noturnas.
Interessante foi a relação que os alunos fizeram com o “ter filhos” e o “estar
casado”, pois segundo Vitória e Bruno “a maioria dos entrevistados é casado e
portanto se preocupam com o casamento que é uma tradição” ou que “é essa
maioria casado ou que vive com companheiro (a) é que tem filhos”.
A dedução dos alunos é que os que não tem filhos são os mais jovens e não
são casados.O ter filhos novamente implica em a cidade estar preparada com
creches, escolas, lazer, esporte, saúde, enfim qualidade de vida e inclusão social.
77
23
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Possui Filhos
60
22
1
14
3
010203040506070
Estado Civil Atual
Nem todos são brancos. Estamos surpresos, pois numa cidade de forte
cultura italiana há de se saber que 34% tem outras etnias. Inclusive negra, que há
de se sentir amparada pela santa de cor negra: Nossa Senhora Aparecida trazida do
Santuário de Aparecida do Norte e chegada em São Marcos no dia 28 de Outubro
de 1972. Hão de sentir-se amparados especialmente estes 7% de negros que
compõe essa população de migrantes e os outros que são devotos a esta imagem
que habita a Igreja Matriz, festejada anualmente no dia doze de outubro com uma
grande comemoração envolvendo toda comunidade. “A escolha desta santa se deu,
pois, todos os motoristas que passavam por Aparecida do Norte paravam para pedir
a sua proteção”. (POSSAMAI, 2007 pg.57)
Com a diversidade que há em São Marcos, não é de surpreender que
tenhamos uma população bonita, onde se encontram o resultado da fusão de
italianos, poloneses, luso-africanos, negros, índios e outra etnias, cujos reflexos se
fazem sentir na fusão de valores culturais diversos.
76
7 2
13
2
0
20
40
60
80
Branco Preto Amarela Parda Indigena
Você se considera
28
55
4 6 4 3
0102030405060
Qual a sua religião
Ao analisarem estes dados os alunos João Victor e Gabriel G. escreveram:
“Eu acho bom que tenha várias religiões não só porque é bom ser diferente, mas
também pela cultura”. Assim é São Marcos com suas missas, cultos e Cristo a nos
abençoar no Monte Calvário de braços abertos voltados para a cidade.
Mas será que aqueles que tem a obrigação de estar sempre a frente
defendendo o ser humano onde estiverem: os padres e pastores, combatendo a
exploração e contribuindo para o respeito entre as mais diferentes culturas e
religiões porque sabem que o ponto comum a todos é Deus, acompanharam o seu
povo para que se sentissem acolhido na nova comunidade?
Será que eles estiveram e estão fazendo a inclusão do ser humano (esses
migrantes) combatendo a exploração e contribuindo para o respeito entre as mais
diferentes culturas e religiões?
Terão tido os migrantes um pastor ou padre desejando-lhes “Boa Viagem!” ao
se despedirem de sua comunidade de origem, como os antigos migrantes que
atravessaram o oceano tiveram?
Os alunos Luiz Otávio e João Vitor disseram “Eu acho que quase metade das
pessoas já conheciam São Marcos ou devem ter passado por aqui e visto” já que
São Marcos fica às margens da Br116 rodovia sai de Jaguarão e vai até Rio
Grande do Norte do Brasil.
Todo morador novo ou não, deveria conhecer a história do município e saber
o quanto foi lutado para termos o que temos e para sermos o que somos, tornando
53
47
44
46
48
50
52
54
Sim Não
Já conhecia a cidade de São Marcos
estas terras cheias de morros e pedras, em áreas produtivas, aprendendo a
respeitar a natureza e criar uma consciência social de solidariedade. Os poloneses
não gostaram foram embora para terras mais plainas.
Vieram para procurar trabalho, viver melhor e ter melhores condições de
vida. Sem as promessas como os antigos. Sabe-se que a população sai das áreas
de economia mais frágil e se dirige para as que oferecem melhores oportunidades
de emprego. Também as famílias da área rural buscam assegurar uma produção
capaz de propiciar algum rendimento econômico, ou até mesmo a subsistência . E
há também o deslocamento de pessoas das grandes e médias cidades para as
pequenas, tal como a nossa que é composta de cerca de vinte mil habitantes, com
razoáveis condições de qualidade de vida.
Comemoramos as mais diferentes conquistas, entre elas os vinte mil habitantes que somos a renda per capita que temos (R$ 10.550,00 por habitante/....enquanto a renda per capita do país é de R$ 5.800,00 ano). Renda esta produzida pelas nossas 137 indústrias em atividade, das quais 33 delas exportam seus produtos pelo mundo todo. Renda produzida pela agricultura, pelo comércio e outros. Comemoramos índices de mortalidade infantil e evasão escolar muito próximas de zero e analfabetismo de apenas 1.8%, sendo que 1.2% é de pessoas com mais de 70 anos de idade. ( BERTELLI et al,2005 pg. 57)
41
57
2
0
20
40
60
Familiares Emprego Outros
Quais os motivos que fizeram com que se mudasse para São Marcos
Tomara, como os alunos disseram, que as perspectivas de vida, os sonhos,
os objetivos buscados propostos lhe sejam atendidos por este município que não
lhes fez promessas mas que lhe cedeu um lugar.
Bom saber que eles já vinham com perspectivas de trabalho e os outros é que
não estavam em idade para o mercado de trabalho.
Somos o maior produtor de alho, o terceiro maior produtor de vinho do País, o sexto maior produtor de móveis e o nono maior produtor de uvas do estado, sem jamais esquecermos da nossa marca maior “a da terra do caminhão”, e de que, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o nosso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) nos classifica entre os 15 melhores municípios do estado e entre os 50 melhores do País, dentre os 5.507 municípios brasileiros. ( BERTELLI et al,2005 pg. 57)
63
34
3 0
20
40
60
80
Sim Não Não respondeu
Você e/ou famíliares já tinham emprego em vista antes de vir para
São Marcos
5 2 6 5 8 11
63
0
20
40
60
80
Menos de1 ano
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos Outros
A quanto tempo mora em São Marcos
Como percebe-se pelo gráfico acima a maioria, 63% dos entrevistados mora
aqui a mais de onze anos. De doze a vinte anos, pois a pesquisa era voltada a
moradores que migraram para São Marcos nos últimos vinte anos.
É de preocupar-se com aqueles 10% que moram em mais de seis pessoas
numa casa, pois é um item que nos faz acender um alarme nas condições da
moradia e até na condição social em que vivem essas pessoas.
Teria sido pertinente perguntar se a casa é própria ou alugada. Não foi
perguntado se mora nos loteamentos populares, de programas da casa própria, nos
bairros, no centro ou em que local da cidade .
Como teria sido o sentimento ao chegar e ao deparar-se com este local onde:
Comemoramos também os bons níveis de educação e saúde pública; o patamar que atingimos no fornecimento de água potável que chega 100% no perímetro urbano e a 70% no meio rural; além do destino altamente qualificado que é dado ao nosso lixo, só se equiparando aos de países desenvolvidos. E também, positivo nosso nível de saneamento básico, habitação, fornecimento de energia e telecomunicações, além de termos excelentes estradas, principalmente se comparadas com as de outros municípios gaúchos e brasileiros. ( BERTELLI et al,2005 pg. 57)
16
74
6 4
0
20
40
60
80
2 3 a 5 6 a 8 Mais de 8
Quantas pessoas moram na sua casa
Terão sido diferentes dos sentimentos daqueles antigos italianos traduzidos na balada Mérica? (anexo I)
Qual seria a balada que os migrantes de agora cantariam para o município de
São Marcos ao chegarem?
E os sentimentos para com o lugar deixado para trás seriam diferentes
daqueles traduzido pelo poema de Darcy Loss Luzzatto compositor gaúcho ao falar
da Itália em Itàlia Maledeta - Cansion (anexoII)
Aos 34% que sentiram bem recebidos e aos 50% que responderam que sua
chegada a São Marcos foi normal não houve comentários por parte dos alunos
entrevistadores, mas dos 11% que se sentiram mal recebidos e os 5% que foram
recebidos com indiferença eles falaram histórias diversas. Eles não vieram para
levar embora as riquezas da cidade, vieram para buscar uma vida digna. A
65
16 10
2 7
0
20
40
60
80
De acolhida Dedesconfiança
De solidão De não apoio De exclusão
Quais foram seus sentinentos ao chegar em São Marcos
34
50
11 5
0
20
40
60
Muito bemrecebidos
Normal Mal recebidos Indiferente
Como você avalia a sua chegada aqui em São Marcos
incompreensão é uma das dificuldades que enfrentaram. A negação de acolhida que
eles sentiram e alguns ainda sentem, precisa ser compensada, pois o migrante traz
uma diversidade cultural e é possível viver com uma multiculturalidade, sem
preconceitos. É possível reescrever a história destas pessoas que nos relataram as
dificuldades que enfrentaram ao chegar nesta cidade mesmo que bem diferentes
daquelas sentidas pelos antigos.
A caça e frutas, especialmente o pinhão entram a fazer parte do menu familiar. Lotes medidos mais ou menos. Primeiro rancho de taquara, coberto de folhas de palmeiras. Saudades da Itália. Medo dos índios e das feras. Perigos desconhecidos. Terras em florestas, terrenos pedregosos. Pontos de comércio distantes, sem estradas: Vacaria, Lagoa Vermelha, São Francisco de Paula, rio Taquari e Rio Caí. Apesar de não passar fome, reina desencorajamento, desânimo e miséria. Alimento super abundante, mas falta vestiário, falta dinheiro.(Souza,2008 pg.170)
Conforme o gráfico nos mostra, os moradores tem um gosto diversificado
quando o assunto é o seu lazer e seu descanso, pois, o resultado foi bem variado e
com gostos diferentes.
4 3
4 3
1 1 1 1
5
1 2
1 1
0
2
4
6
O que você faz quando não está trabalhando
O lazer oferecido pelo município em forma de Festas de Capela, Bailes,
CTGS, Clubes, Bares, Filós, Torneios de Laço e de Futebol, Trilha ecológica, Trilha
de Jeep e, de Motocross, Academias de ginástica e locais para caminhadas,
Taikandô, Parques para as crianças atende os moradores.
O Pe. Osmar Possamai guarda e preserva a cultura em forma de antiguidade
no museu paroquial e no museu indígena. Assim como o acervo e os serviços da
Biblioteca Pública Municipal que estão à disposição de todos os são-marquenses
que desejarem ampliar seu o conhecimento sobre a história de são Marcos e seus
moradores.
39 47 42
10
30 31
3 0
20
40
60
O que costuma fazer em companhia de sua família nos finais
de semana
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos que não há de ser num vago e distraído olhar num relance que
vamos descobrir tudo sobre os migrantes. É uma descoberta contínua. Temos
muitas por diante se queremos aprofundar o assunto: mas enfim foi válido, pois os
alunos agora têm bem mais conhecimentos sobre os novos moradores e a história
do município.
Pôde-se constatar, então, que a história presente do nosso município revela
as bases sólidas assentadas por todos aqueles que ajudaram a construir a história
do nosso passado. Assim, os que ontem fizeram história, e os que hoje continuam a
fazê-la, podem conviver, numa relação de pertencimento ao espaço onde vivem,
trabalham, estudam, respeitando a diversidade do outro.
Seria prudente que tivéssemos um projeto são marquense para evidenciar
nossa história em bases fortes e poder falar que São Marcos não é só um município
da Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul, mas um local que tem
beleza, e que com seus agricultores, pecuaristas e industriários se fortalece para
garantir a economia do presente e do futuro para um lugar de melhor qualidade de
vida para os moradores.
Enfim este é um trabalho que aborda a história são marquense sob um olhar
inédito, o de crianças curiosas, aprendendo a gostar das terras deste lugar, parte
colonizadas nos primórdios da colonização e, fazendo parte da área do campo,
colonizada bem mais tarde, e que recebe até os dias atuais os migrantes que aqui
vem morar em busca de melhores condições.
Referências:
BERTELLI,Áureo. (et al.) Raízes de São Marcos e Criúva. 1ª Ed.Porto Alegre/RS: Edições EST,2005.
DALL’ALBA, João Leonir. (et al.) História do Povo de Ana Rech: distrito 1ª Ed.Caxias do
Sul/RS:EDUCS,1997.
<<http://www.saomarcos-rs.com.br/?ir=geografia>> acesso em: 21 de julho de 2014.
MANOSSO, Bernardete A. A vida e a História da Família Manosso. 1ª Ed.São marcos/RS: Edição do autor. 1988
POSSAMAI, Osmar J.A História dos Caminhoneiros de São Marcos/RS.1ªEd.São
Marcos/RS:edições EST.2007. RIZZON, Luiz A. POSSAMAI, Osmar J. História de São Marcos. 1ª Ed.São Marcos/RS:Ed.
dos Autores.1987 SOUZA, Celso de Oliveira. DALL’ALBA,João Leonir. Santa Catarina Estado de Graça. 1ª Ed.
Santa Catarina:Unibave.2008
Anexo I
Mérica Mérica
(Música do Folclore Italiano)http://www.vagalume.com.br/c-o-r-o/merica-merica.html
Dalla Italia noi siamo partiti Siamo partiti col nostro onore Trentasei giorni di macchina e vapore, e nella Merica noi siamo arriva'.
Merica, Merica, Merica, cossa saràlo 'sta Merica? Merica, Merica, Merica, un bel mazzolino di fior.
E alla Merica noi siamo arrivati no' abbiam trovato nè paglia e nè fieno Abbiam dormito sul nudo terreno come le bestie andiam riposar.
Merica, Merica, Merica, cossa saràlo 'sta Merica? Merica, Merica, Merica, un bel mazzolino di fior.
E la Merica l'è lunga e l'è larga, l'è circondata dai monti e dai piani, e con la industria dei nostri italiani abbiam formato paesi e città.
Merica, Merica, Merica, cossa saràlo 'sta Merica? Merica, Merica, Merica, un bel mazzolino di fior.
Merica, Merica, Merica, cossa saràlo 'sta Merica? Merica, Merica, Merica, un bel mazzolino di fior
Anexo II
Itàlia Maledeta – Cansion Darcy Loss Luzzatto Quando d’ Itàlia nantri semo partidi, semo partidi par no morir de fam, inmuciadi ntea nave com’i rati ntei nidi, tratadi come bèstie, pègio ancor Che i can, (Ritornelo) Itàlia, Itàlia, Itàlia, Itàlia, maledeta! Non torneremo mai pi, Gnanca se la passem streta! De quei partidi, tanti no i zé rivadi, morti par strada o sepolidi ntel mar, ma i altri, cei grandi o magagnadi, sùito i se ga messi a laorar! No ghe zera strade, no ghe zera gnente, ne ga toca verder trodi, pai monti rivar, in meso a la foresta, co le bèstie darente, cossì dorente che se le sentiva a urlar. Sbandonadi dei goerni, de là e de quà, gavem vinto lo stess, sensa gnessun aiuto, I amissi là restadi no i gavem smentegà, I primi schei tolti su a Lori zé ndà squasi tuto! E adess co l’ Amèrica granda e siora, tanto bela cofà um massolin de fior, natri póari, del’Itália paradi fora, par valtri, sarem sempre, um spin ntel cuor!