Vanessa de Oliveira DagostimVanessa de Oliveira Dagostim
Mestranda em Lingüística Aplicada - UNISINOSMestranda em Lingüística Aplicada - UNISINOS
VI FÓRUM FAPA
Mini-oficina:Mini-oficina:
O que é ensino de O que é ensino de
Língua Portuguesa para Língua Portuguesa para Surdos?Surdos?
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Objetivos
Apresentar questões existentes sobre a Educação de Surdos, em modalidade especial e inclusiva;
O ensino de Língua Portuguesa para Surdos: o que ensinar?
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Educação para Surdos
A inclusão de alunos portadores de NEEE nas escolas regulares tem levantado polêmicas e evidenciado a necessidade de elaboração de práticas pedagógicas específicaspráticas pedagógicas específicas para o desenvolvimento pleno destes estudantes;
No caso da inclusão de alunos surdos, ou deficientes auditivos, na escola regular, a legislação diz que a escola deve oferecer um intérprete em Língua de Sinais para esses alunos, durante o período de aulas.
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Educação Inclusiva para Surdos
Mas, a educação inclusiva para surdos funciona?
“Educação inclusiva para surdos: desmistificandopressupostos” (Botelho, 2006)
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Educação Especial no País
Figura 1 – Gráfico Evolução de Matrículas na Educação Especial
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Educação Especial no País
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Educação Especial para Surdos
Oralismo
Comunicação Total
Bilingüismo
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Bilingüismo
“[...] entre tantas possíveis definições, pode ser considerado: o uso que as pessoas fazem de diferentes línguas (duas ou mais) em diferentes contextos sociais” (Quadros, 2005)
A abordagem bilíngüe busca remover a atenção da falafala e concentrar-se no sinalsinal;
O objetivo principal é que o surdo compreenda e sinalize fluentementefluentemente em sua LSLS, e domine a escrita e leituraescrita e leitura do idioma da cultura em que está inserido.
A limitação física não é uma deficiência, mas uma diferença.diferença.
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Surdez
(Quadros, 2007)
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Língua Portuguesa para Surdos (LP/S)
LIBRAS=L1; LP=L2;
canal perceptual diferente
LS visual-espacial
LP oral-auditiva
Modalidade escrita da língua.
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Objetivos da LP/S
Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos do Ministério da Educação lança Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica (BRASIL, 2004);
Segundo a publicação, todas as instruções dadas aos alunos surdos devem ser feitas em LS, independente dos espaços em que o processo se desenvolva;
Assim, paralelamente às disciplinas curriculares, faz-se necessário o ensino de LP como L2, com a utilização de materiais e métodos específicos no atendimento às necessidades educacionais do surdo. (...) o ensino de LP deve contemplar temas que contribuem para a afirmação e ampliação das referências culturais que os identificam como cidadãos brasileiros. (BRASIL, 2004, p.47)
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Objetivos da LP/S
Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos do Ministério da Educação lança Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica (BRASIL, 2004);
Segundo a publicação, todas as instruções dadas aos alunos surdos devem ser feitas em LS, independente dos espaços em que o processo se desenvolva;
Assim, paralelamente às disciplinas curriculares, faz-se necessário o ensino de LP como L2, com a utilização de materiais e métodos específicos no atendimento às necessidades educacionais do surdo. (...) o ensino de LP deve contemplar temas que contribuem para a afirmação e ampliação das referências culturais que os identificam como cidadãos brasileiros. (BRASIL, 2004, p.47)
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RECURSOS PARA AS AULAS
Exemplos: • Sign Writing (Escrita de sinais) • Torpedos, e-mails, chats, vídeos legendados e/ou
com tradução em LIBRAS, programação televisiva com closed caption, dicionário bilíngüe LIBRAS/LP
Alguns aspectos a serem considerados na LP/S
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Leitura
superinterpretação e subinterpretação: visão estigmatizada de si e idealizada sobre os ouvintes, considerando que o que entendeu do texto é pouco ou nulo (Botelho, 2002);
Confusão de palavras semelhantes graficamente, como “vão” e “não”, “lado” e “lago”;
dificuldades na construção de sentido nos textos lidos.
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Escrita
Ex. 1Quem sou eu?Eu sou Elisângela. Eu quero namorado com você.Eu gosto do Sérgio mais legal.E não gosto do André moleque malcriado.Ele gosta de mim.Ele vou jogador campeão.Eu estou senti com você.Eu não gosto de briga.Eu gosto de carinho com Sérgio.Eu não gosto do beijo com André, está ruim,
porque ele está maconha.Eu gosto do Sérgio está bom porque ele não
gosto maconha.
(18 anos, 6ª série)
Ex. 2JuatubaEu e Ronildo passearam na rua de noite dia
do sábado.Wanderson e Ronildo foi as garotas na
pracinha.Nos foram namorando muito na festa da
show.Nome dela é Sandra e Wanderson.Ronildo e Fernanda.Depois o Ronildo vai embora dia de domingo
para Belo Horizonte e Ronildo está com saudade da Fernanda.
Depois o domingo de manhã andaram as bicicletas na rua e pega na locadora para assistir o filme.
(21 anos, 8ª série)
(Silva, 2001)
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Sign writing: uma alternativa
A partir de estudos feitos em análises dos tipos de erros que a criança surda tende a cometer ao ler e a escrever, Capovilla & Capovilla (2004) relatam que:
Tal análise revela que a escrita mapeia o processamento de informação na língua primária, que é a fala para a criança ouvinte e a LS para a criança surda. (...) No entanto, como a escrita alfabética mapeia os sons da fala, os erros da criança ouvinte são muito menos graves do que os da surda. (...) Como a criança surda não tem acesso aos sons da fala, esses não servem de auxílio à escrita. (Capovilla & Capovilla, 2004, p.35)
Para os autores, é necessário que se reconheça uma falha que ameaça o sucesso na abordagem bilíngüe, que é a desconsideração da descontinuidade existente entre língua de sinais e escrita alfabética;
Uma proposta para equacionar essa descontinuidade, seria a adoção da escrita visual direta de sinais, ou Sign Writing, a forma escrita da língua de sinais que Quadros (2000) aponta como emergente. Ela seria a ponte metalingüística para transpor o fosso entre LS e a escrita alfabética.
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Sign writing: uma alternativa
Sign Writing é um sistema de escrita visual direta de sinais, desenvolvido pela norte-americana Sutton, que passou a utilizar, em 1970, um sistema que havia criado de notação de coreografias de dança, o Dance Writing, para registrar a LS, a “mais fascinante e refinada das coreografias” (Capovilla & Capovilla, 2004, p.43).
Esse sistema expressa todas as características das LS: configuração das mãos, expressões faciais associadas aos sinais, a orientação das mãos e do olhar, movimentos, direções, bem como relações gramaticais que são impossíveis de serem captadas através da escrita alfabética (Quadros, 2000).
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Escrita de Sinais
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Pensando o ensino para Surdos...
Numa educação para Surdos precisamos repensar nosso saber pedagógico, pois não podemos simplesmente “readaptar”
nossas práticas de ensino ouvintistas, que já não são suficientes e eficazes nem mesmo em nosso mundo
ouvinte, a uma realidade surda.
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...
Nossos conceitos precisam ser repensados
também, pois precisamos construir para eles
novos sentidos, sob a visão do mundo surdomundo surdo.
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Permita-se “ouvir” essas mãos, pois somente assim será possível mostrar aos surdos como eles podem “ouvir” o silêncio da palavra escrita.
Ronice Quadros
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Aos sete anos, eu falava, mas sem saber o que dizia. Com os sinais [...] tive acesso a informações importantes: os conceitos, a reflexão; a escritura tornou-se mais simples, e a leitura também.[...] Posso reconhecer a cara de uma palavra! E desenhá-la no espaço! E escrevê-la! E pronunciá-la! E ser bilíngüe!
Emanuelle Laborit (1994)
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Para saber mais...
Cultura Surda (em espanhol) - http://www.cultura-sorda.eu/9.html
Dicionário LIBRAS on-line -http://www.acessobrasil.org.br/libras
Editora Arara-Azul - http://www.editora-arara-azul.com.br
FENEIS – http://www.feneis.org.br
GES (UFSC) - http://www.ges.ced.ufsc.br/index.htm Vendo Vozes – http://blogvendovozes.blogspot.com
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Bibliografia básica
SACKS, O. Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1990. 205p.
SKLIAR, C. (Org.) A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2001. 2 ed. 192 p.
QUADROS, R.M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. 126p.
BOTELHO, P. Linguagem e letramento na Educação dos surdos: Ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
LABORIT, E. O vôo da gaivota.
CAPOVILLA, F.G; CAPOVILLA, A.G.S. O desafio da descontinuidade entre a língua de sinais e a escrita alfabética na educação bilíngüe do surdo congênito. In: RODRIGUES, C; TOMICH, L.M. et al. Linguagem e cérebro humano: contribuições multidisciplinares. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. p.19-51.
SILVA, M. da P. M. A construção de sentidos na escrita do aluno surdo. Ed. Plexus, 2001.
DAGOSTIM, V. O. Ensino de Língua Portuguesa em uma escola especial de surdos. Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto de Letras: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
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