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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE ARAGUARI
Vara Criminal de Araguari-MG
Autos: 0094667-50.2011
Denunciados: Aparecido Cândido de Oliveira
Francisco Amilton Pereira da Silva
Gilberto da Silva de Oliveira
Delito: Art. 33, caput, c/c art. 35 da lei nº 11.343/2006
MEMORIAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
MM. Juíza,
Denunciou-se Aparecido Cândido de Oliveira,
Francisco Amilton Pereira da Silva e Gilberto da Silva de Oliveira como
incursos nos artigo 33, caput, c/c art. 35 da lei 11.343/2006, uma vez que
no dia 14 de abril de 2011, por volta das 05:00 horas, na Rua Joaquim
Borges de Rezende, nº 02, centro, no município de Indianópolis, a
PMMG, após receber diversas denúncias de tráfico de drogas, deslocou-
se até o referido endereço onde se encontravam o denunciado Aparecido
e a menor N.C.B., momento no qual os policiais militares avistaram
Aparecido arremessando pela janela uma sacola plástica contendo em
seu interior 23 (vinte e três) pedras da substância entorpecente conhecida
como crack e duas buchas de cocaína, as quais mantinham em depósito,
para fins de comércio, sem autorização e em desacordo com
determinação legal. ATC1
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Consta, ainda, que o denunciado e a menor
confessaram que vendiam drogas para os denunciados Gilberto e
Francisco, sendo que a cada 10 (dez) pedras de crack vendidas, recebiam
uma pedra como forma de pagamento. Ademais, esclareceram que a casa
onde estavam fora alugada exclusivamente para ser usada no tráfico de
entorpecentes.
Ato contínuo, a PMMG dirigiu-se à residência
dos denunciados Gilberto e Francisco onde foi localizada uma pedra de
crack, tendo os mesmos assumido a propriedade da droga e confessado
que havia mais na Rua Batista naves, nº 795, escondida em um quarto,
dentro de um sapato.
Diante de tais alegações, a Polícia Militar
dirigiu-se ao referido endereço onde localizou 50g (cinquenta gramas) da
substância entorpecente conhecida como crack, tendo o denunciado
Francisco informado que a droga iria ser dividida em 220 (duzentos e
vinte) pedras menores, para serem comercializadas. Ademais, afirmou ser
sócio do denunciado Gilberto no tráfico de drogas.
Segundo consta, durante as diligências
efetuadas, foram apreendidos R$126,95 (cento e vinte e seis reais e
noventa e cinco centavos) em dinheiro, R$11,95 (onze reais e noventa e
cinco centavos) em moedas, 03 (três) telefones celulares, 02 (dois) chips
da operadora VIVO e uma marica (objeto artesanal utilizado para fumar
crack), tudo conforme auto de apreensão de fls. 27.
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Diante do exposto, os denunciados foram presos
em flagrante delito e a menor Natália foi apreendida por ato infracional,
sendo todos encaminhados à DePol juntamente com a droga localizada, a
qual totalizou 50,5g (cinquenta gramas e cinco decigramas) de crack e
1,7g (uma grama e sete decigramas) de cocaína, conforme Laudo nº
383/11 acostado às fls. 29/30.
Pelo exposto, os denunciados foram incursos
nas sanções dos artigos 33, caput, e 35, caput, da Lei 11.343/06, na
forma do art. 70, do CP.
A denúncia foi recebida em 16/06/2011 às fls.
112.
Os denunciados foram citados às fls. 85 para
apresentarem resposta à acusação, as quais foram juntadas às fls. 105/111.
Durante a instrução processual foram ouvidas
duas testemunhas e um interrogatório. Em diligências suplementares as
partes nada requereram.
Vieram os autos para apresentação de memoriais
em substituição aos debates orais.
É o breve relatório.
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Os princípios Constitucionais do contraditório e
da ampla defesa foram rigorosamente observados. Não há que se cogitar
de nulidades. Passemos à análise do mérito.
Vencida a fase instrutória, verificamos que,
diante da prova amealhada, os réus Aparecido, Francisco e Gilberto,
devem ser responsabilizados pelo delito a eles imputados, quais sejam,
tráfico ilícito de entorpecentes e associação para o tráfico, ante a presente
de elementos probatórios que os identificaram como sendo os possuidores
das substâncias entorpecentes.
A materialidade encontra-se consubstanciada no
Auto de Prisão em Flagrante Delito de fls. 06/13, BO de fls. 42/46, Auto
de Apreensão de fls. 31, no laudo de constatação preliminar e
definitivo das substâncias entorpecentes de fls. 33/35 e 129/130, bem
como na prova oral.
De igual forma, provada restou a autoria do
delito, face à prova oral colhida. A tanto, vejamos.
Inicialmente, cumpre asseverar que as provas
coligidas para os autos, tanto na fase inquisitorial quanto em juízo,
denotam que os acusados promoviam intensamente a mercancia de
substâncias entorpecentes e associação para o tráfico de drogas no
município de Indianópolis-MG, sem autorização legal ou em desacordo
com determinação legal.ATC4
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Em juízo, a testemunha Alessandro Luiz de
Paula Assis, policial militar que atuou na abordagem dos denunciados,
demonstrou com clareza a dinâmica da ação criminosa dos réus, havendo
várias denúncias anônimas que os mesmos estavam traficando na cidade,
senão vejamos parte do seu depoimento às fls. 157/157v:
“(...) que atuou como PM na diligência que embasou a denúncia; que estava em patrulhamento de rotina quando recebeu pelo telefone celular da patrulha a informação de que ocorria tráfico no local; que a denúncia deu conta de que havia tráfico na casa e a casa era de responsabilidade de um cidadão conhecido como Ceará, alcunha do denunciado Francisco Amilton; que quando bateram a porta a Natália abriu e os policiais se identificaram; que nesse momento uma sacolinha foi jogada pela janela; que na casa estavam apenas a Natália e o Aparecido; que o Cabo Henrique viu o momento que a sacolinha foi jogada pela janela; que a sacolinha caiu e na queda abriu vindo a cair no chão as pedras de crack; que a Natália disse que ela e o Aparecido estavam vendendo drogas para o Francisco Amilton; que Aparecido e Natalia disseram que recebiam uma pedra de crack como recompensa pela venda de dez outras pedras; que a casa foi alugada pelo Ceará para funcionar como ponto de drogas, porque ficava afastadas, segundo disseram Natália e Aparecido;que levaram Natália e Aparecido na Depol e lá estando Natalia disse que Francisco Amilton tinha mais drogas em casa; que a PM diligenciou na casa de Francisco e lá encontrou uma pedra de crack debaixo da pia da cozinha, bem como vários pedaços de sacolas plásticas utilizadas no tráfico; que Gilberto disse que foi a Araguari para adquirir armas, juntamente com Aparecido; que as armas seriam utilizadas para assaltar os correios de Indianópolis; que como não conseguiram comprar as armas, Gilberto e Aparecido resolveram adquirir drogas; que a droga seria vendida em sociedade com Francisco Amilton; que Francisco indicou que na casa de sua mãe a droga estava escondida dentro do sapato, no quarto do irmão, local na qual após diligencias a policia encontrou a droga
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indicada pelo Francisco; que Francisco disse que com a divisão da droga iria obter o resultado de mais ou menos 200 pedras da substância; que o dinheiro foi apreendido com Natalia e o Aparecido, o mesmo ocorrendo com os celulares; que a cocaína estava com a Natália e o Aparecido; que o depoente já apreendido o Francisco outras vezes pelo tráfico de drogas; que confirma as declarações de fls. 06 e verso, que ora lhe foram lidas; que já tinha conhecimento anterior ao dia dos fatos que no local ocorria tráfico, contudo, a policia ainda não havia dar o bote; que ninguém residia no local da primeira abordagem policial, que era tido exclusivamente para o tráfico; que na verdade Francisco levou os policiais voluntariamente na casa da mãe e também ao local a droga estava guardada no sapato; que quando a polícia encontrou a droga na casa dr Francisco não havia testemunhas civis no momento; que concluindo não houve testemunhas civis acompanhando as diligências da polícia nas três casas diligenciadas e mencionadas nos autos; (...)”.
Neste mesmo sentido ainda, a testemunha Juciley
Miranda Cardoso, ouvida em juízo, que também atuou como policial na
diligência em que os denunciados foram presos por tráfico de drogas,
menciona a mercancia realizada pelos acusados na cidade de Indianópolis,
senão vejamos parte de seu depoimento contido às fls. 159/159v:
“(...) que participou da diligência policial que embasou a denúncia a partir do momento que a PM diligenciou na casa do Francisco; que ouviu o Francisco dizer que na casa de sua mãe havia outra quantidade de droga; que o Francisco disse que vendia drogas em parceria com dois menores e com Gilberto; que na casa da mãe de Francisco o depoente participou das buscas; que a droga na casa da mãe de Francisco foi encontrada em uma sapateira; que na casa da mãe de Francisco os PM foram diretamente no local onde a droga se encontrava, por indicação de Francisco, e não fizeram outras buscas no local; que ouviu Francisco dizer que iria transformar a droga em 200 pedras menores; que
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Gilberto também disse que estava associada com Francisco para tráfico de drogas; que Francisco comentou que Aparecido e a menor estavam vendendo drogas com ele; que tem conhecimento de que havia várias denúncias no sentido de que ocorria tráfico de drogas nas três casas diligenciadas pela PM, mas não sabe dizer por quanto tempo duraram as denúncias; que havia denúncias que o Francisco Amilton traficava em Indianópolis; que conhecia a menor e tinha notícia do envolvimento da mesma no tráfico; (...)”.
Sobre o valor probatório testemunhal do Policial
Militar condutor quando da apreensão do denunciado, vejamos o que
decidiu o E. Tribunal de Justiça acerca do tema, em recentes decisões:
“NÚMERO DO PROCESSO: 1.0024.08.007266-3/001(1)RELATOR: PAULO CÉZAR DIASDATA DO JULGAMENTO: 15/12/2009DATA DA PUBLICAÇÃO: 26/02/2010TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO - CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL - DEPOIMENTO DE POLICIAL - AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. Sabe-se que em se tratando de TRÁFICO de drogas, os depoimentos dos policiais que realizaram a diligência para a prisão em flagrante do réu merece credibilidade como qualquer outro, notadamente se corroborados pelas demais provas dos autos. Sendo a associação para o TRÁFICO absolutamente comprovada por delações do corréu, pelos depoimentos dos policiais, pelas contradições existentes nos depoimentos dos envolvidos e pelos indícios e presunções constantes dos autos, não há como se desconsiderar a ocorrência do delito.” (G.N)
“Número do processo: 1.0040.09.088848-4/001(1)Relator: Júlio César LorensData do Julgamento: 03/08/2010Data da Publicação: 20/08/2010APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS -NEGATIVA DE AUTORIA - SUFICIÊNCIA DE PROVAS - DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO - INADMISSIBILIDADE - RECURSO DESPROVIDO. I - Em se tratando de TRÁFICO de
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drogas, o DEPOIMENTO do POLICIAL que efetuou a prisão em flagrante, se coerente com as demais provas dos autos, é apto a formar um juízo probatório para o decreto condenatório, sendo, nesse caso, irrelevante a negatória do crime pelo apelante. II - Não há que prevalecer, com o objetivo de desclassificação, a alegação de que inexistem provas da finalidade mercantil de drogas por parte do acusado, uma vez que o tipo penal previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/06 dispensa a demonstração do especial fim mercantil.”(G.N.)
Por sua vez, o conselheiro tutelar Wanirly Cirilo
da Silva, ouvido em juízo, confirmou que a menor estava participando do
esquema de tráfico de drogas em Indianópolis e tendo como principais
articuladores da mercancia de drogas os denunciados, senão vejamos parte
de seu depoimento contido às fls. 160/160v:
“(...) que confirma as declarações de fls. 08, ora lidas; que a menor disse muitas coisas a respeito do tráfico de drogas no qual estava envolvido; que se recorda que ela disse que trabalhava para Francisco Amilton, vendendo drogas; que a menor disse que pela venda de dez pedras ganhava uma como recompensa; que a menor também disse que o Aparecido vendia drogas para o Francisco; que tinha conhecimento que a Natália vendia drogas para sustentar o próprio uso; que também sabia que Natália tinha um tio envolvido com drogas; que o Francisco é conhecido como Ceará; que o depoente acompanhou as declarações de Natália na Depol; que no depoimento a menor assumiu que vendia drogas; que a menor fez declarações em Indianópolis diferentes das que fez na depol; (...)”.
A testemunha arrolada pela defesa Cláudia
Aparecida Canuto, ouvida em juízo (fls. 161), em nada esclareceu sobre
os fatos.
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Já a testemunha Maria das Graças Pereira da
Silva, ouvida em juízo (fls. 162), afirmou que Natália trazia drogas de
Uberlândia para comercializar na cidade de Indianópolis e que estava
associada para o tráfico com o denunciado Aparecido.
A menor infratora Natália C.B., ouvida perante a
Promotoria de Justiça (fls. 38/39), informou que foi coagida a assumir a
propriedade da droga na fase administrativa e que o denunciado Gilberto
vende drogas para o denunciado Amilton, mas afirmou que o denunciado
Aparecido é apenas usuário de entorpecentes.
Lado outro, o denunciado Francisco Amilton
Pereira da Silva, em seu interrogatório judicial (fls. 163/164), negou os
fatos imputados na denúncia, alegando que a pedra de crack que
mencionou nas declarações na fase administrativa os policiais
encontraram na mão do denunciado Gilberto; não ratificou o depoimento
na Depol que tenha informado que na residência de sua genitora havia
drogas; alega que o denunciado Gilberto não estava em sua casa no
momento da chegada dos policiais; alegou ainda que foi torturado
mediante afogamento na represa que fica próxima a cidade de
Indianópolis; que sofre perseguição dos policiais; alega que nada foi
encontrado em sua residência; alega que não conhece a envolvida menor
Natália e nunca teve relacionamento pessoais com ela; que não assumiu a
propriedade das drogas e que não conhecia o denunciado Aparecido.
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Já o denunciado Gilberto da Silva Oliveira,
ouvido em juízo (fls. 165/165v), afirma ser usuário de entorpecentes e
nega todos os fatos imputados na denúncia; afirmou que usou
entorpecentes na companhia de Aparecido e Natalia no dia dos fatos; que
na ocasião o denunciado Aparecido lhe deu cinco pedras de crack, sendo
consumida 04 e levado a outra consigo; que os policiais encontraram uma
pedra de crack que tinha levado para consumir em sua residência; não
ratificou as declarações contidas na fase administrativa; alegou ainda que
foi agredido por policiais; afirmou ainda que o denunciado Aparecido e
Natália eram namorados e moravam no local há cinco meses.
Por fim, o denunciado Aparecido Candido de
Oliveira, ouvido em juízo (fls. 167/167v), confessou parcialmente os fatos
imputados na denúncia, negando que estava associado para o tráfico,
apesar de ter confessado a propriedade das 50g de crack que estavam
acondicionadas e armazenadas em sua residência dentro de um sapato.
Afirmou ainda que os policiais de fato o encontrou na companhia de
Natália e que a mesma jogou pela janela umas pedrinhas de crack que
estavam cortadas para ambos consumirem. Afirmou que não estava
traficando e sim usando entorpecentes. Disse que no dia dos fatos havia
dado ao denunciado Gilberto cinco pedras de crack e que na Depol para
não ir preso, disse que a droga era de Gilberto para tentar se livrar da
prisão. O interrogando não confirmou as declarações na fase
administrativa e que Natalia era a proprietária das drogas trazidas da
cidade de Uberlândia e que o denunciado Gilberto freqüentava sua casa ATC10
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para usarem entorpecentes, sendo que fornecia gratuitamente a droga para
consumirem juntos. Por fim, alegou que a envolvida Natália tem
envolvimento com tráfico de drogas na cidade de Indianópolis por meio
de seu tio Alexandre Camilo.
Pois bem, vejo que pelo interrogatório judicial
dos denunciados Francisco e Gilberto, os mesmos negaram todos os fatos
imputados na denúncia.
Logo, as teses levantadas não merecem guarida,
pois os mesmos estavam comercializando substâncias entorpecentes e
associados para promoverem o tráfico de drogas na cidade de
Indianópolis, de forma estável e permanente, pois os policiais militares
narraram que os denunciados já praticavam a mercancia de drogas antes
mesmo da apreensão em flagrante delito.
Importa registrar que o denunciado Aparecido
confessou parcialmente os fatos imputados na denúncia, aduzindo que não
estava associado para o tráfico de drogas, mas afirmou que de fato haviam
50g de crack escondidas em sua residência e que estando na companhia da
envolvida Natália esta lançou pela janela uma sacola contendo varias
pedras de crack. Confessou ainda que forneceu gratuitamente 05 (cinco)
pedras de crack ao denunciado Gilberto.
Destarte, os denunciados alegaram que sofreram
abusos por parte dos policiais, usando inclusive de tortura. Todavia, não ATC11
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vejo como acolher a tese, pois no momento oportuno não diligenciaram no
sentido de proceder ao ACD a tempo e modo, não comunicaram os
diretores do presídio local e nem ao advogado particular contratado acerca
da suposta lesão sofrida, vindo a juízo referidas alegações desamparado de
provas.
Desta forma, as provas coligem no sentido de
imputar os fatos narrados na denúncia aos réus, ante a autoria e
materialidade extraída do acervo probatório, bem como o laudo
toxicológico definitivo, juntado às fls. 129/130, confirmando a natureza da
droga.
Ademais, a quantidade de droga apreendida
somada aos indícios de mercancia na residência onde foi apreendida a
substância entorpecente, deixam claro e evidente que as drogas
encontradas com os denunciados destinavam-se ao comércio, que
inclusive queriam promover assaltos aos correios na cidade de
Indianópolis, mas resolveram alterar para o tráfico de drogas.
Por derradeiro, quanto a dosimetria da pena,
inobstante tratar de aspecto jurídico pertinente a outra fase judicial,
observo que há circunstâncias judiciais favoráveis presentes no art. 59 c/c
art. 68, do CP, tais como a personalidade do agente (os denunciados não
demonstram tendência a cometer crimes), aos motivos, às circunstâncias
do crime do caso, o que nos leva a crer que este juízo deverá fixar a pena
base no mínimo legal, diante das circunstâncias favoráveis e do
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quantitativo de drogas apreendidas, fixando-se num patamar de 05
(cinco) anos de reclusão, com regime inicial fechado.
Na segunda fase, pugno pela aplicação da
circunstância atenuante da pena prevista no art. 65, III, “d”, do CP,
para o denunciado Aparecido Cândido de Oliveira, por ter confessado em
parte a autoria dos delitos capitaneados na denúncia.
Em razão do reconhecimento do delito previsto
no art. 35 da lei 11.343/2006 e aplicando o concurso formal de crimes
previsto no art. 70 do CP, pugno, na terceira fase, pelo aumento da pena
em 1/6, fixando-se num patamar de 5 (cinco) anos e 10 (dez) meses de
reclusão, com regime inicial fechado.
Por derradeiro, pugno pela perda dos bens
apreendidos às fls. 31, destinando-os, após o trânsito em julgado da
sentença condenatória ao COMAD (Conselho Municipal Antidrogas).
Acaso V. Exa. não entenda pela procedência do
pedido previsto no art. 35 da lei 11.343/2006 (associação para o tráfico de
drogas), pugno pela absolvição dos denunciados.
Ante o exposto, pugno pela condenação dos
denunciados Aparecido Cândido de Oliveira, Francisco Amilton
Pereira da Silva e Gilberto da Silva de Oliveira, nas penas do art. 33, ATC13
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caput e 35, caput, ambos da lei 11.343/2006, na forma do art. 70 do
CP , com pena base no mínimo legal, fixando-se num patamar de 05
(cinco) anos de reclusão, com regime inicial fechado. Na segunda fase,
pugno pela aplicação da circunstância atenuante da pena prevista no
art. 65, III, “d”, do CP, para o denunciado Aparecido Cândido de
Oliveira, por ter confessado em parte a autoria dos delitos capitaneados na
denúncia.
Em razão do reconhecimento do delito previsto
no art. 35 da lei 11.343/2006, aplicando o concurso formal de crimes
previsto no art. 70 do CP, na terceira fase pugno pelo aumento da pena
em 1/6, fixando-se num patamar de 5 (cinco) anos e 10 (dez) meses de
reclusão, com regime inicial fechado.
Por derradeiro, pugno pela perda dos bens
apreendidos às fls. 31, destinando-os, após o trânsito em julgado da
sentença condenatória ao COMAD (Conselho Municipal Antidrogas).
Acaso V. Exa. não entenda pela procedência do
pedido previsto no art. 35 da lei 11.343/2006 (associação para o tráfico de
drogas), pugno pela absolvição dos denunciados.
Com relação à prisão dos denunciados, entendo
ser necessária a manutenção do encarceramento dos mesmos, para
garantia da ordem pública e aplicação da lei penal, pois é sabido que em
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crimes de tráfico de drogas é comum se acaso forem soltos, voltarem a
delinqüir, perturbando a paz social.
Araguari, 06 de outubro de 2011.
André Luís Alves de Melo Promotor de Justiça
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