MULHERES NEGRAS: SOFRIMENTO PSÍQUICO CAUSADO PELO RACISMO
ESTRUTURAL NO BRASIL
Adriana Pedrosa Barbosa1
Dasyelle Marques dos Santos2
Gleiciane Ramos de Freitas Silva3
Isaac Alencar Pinto4
RESUMO
Esse artigo debruça-se sobre o sofrimento psíquico causado pelo racismo estrutural no Brasil
e como a população negra é afetada desde a época da escravidão até os dias atuais. Os
objetivos desse trabalho consistem em: conceituar a identidade e suas repercussões nas
mulheres negras a partir do racismo estrutural no Brasil; o sofrimento psíquico causado a
partir dos aspectos psicossociais e o direito a saúde mental das mulheres negras brasileiras
e a formação das (os) psicólogas (os) no combate ao racismo estrutural no Brasil. Trata-se de
uma pesquisa exploratória e descritiva, de natureza qualitativa, realizada através de revisão
bibliográfica a partir de publicações científicas nacionais nas bases de dados do: SciELO, BVS
e livros que abordam a temática. Os resultados deste estudo apontaram que as mulheres
negras no Brasil, são as que mais sofrem tanto pelo racismo como pelo sexismo. O racismo
estrutural perpassa pelos campos: cultural, econômico, jurídico e político, constituindo um dos
grandes entraves persistentes na sociedade brasileira, que interfere diretamente nas relações
sociais. É necessária uma melhor assistência à saúde da mulher negra e o Sistema Único de
Saúde (SUS) tem um papel fundamental na promoção de ações e serviços que proporcionem
o devido cuidado. Observar-se que há uma necessidade dos (as) psicólogos (as)
desenvolverem mais estudos voltados às relações raciais e suas repercussões na população
negra, bem como, incentivar mais discussões, conscientizando a sociedade sobre esta
temática complexa que ainda hoje provoca desigualdades e sofrimento no Brasil.
Palavras-chave: mulheres negras; sofrimento psíquico; racismo estrutural; sexismo;
psicologia.
ABSTRACT
This article descrive about at psychical suffering caused by structural racism in Brazil and how the black population is affected since the time of slavery until today. Have as objetives: conceptualize the identity and the repercussions on black women coming from the structural racism in Brazil; the psychical suffering caused by the psychosocial aspects and the right to
1 Graduanda em Psicologia no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). E-mail: [email protected]
2 Graduanda em Psicologia no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). E-mail:[email protected]
3 Graduanda em Psicologia no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). E-mail: [email protected] 4 Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Professor do curso de Psicologia no Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). E-mail:
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mental health of the brasilian black women and the formation of psychologists in the combat against the structural racism in Brazil. This is about a exploratory and descriptive search, of qualitative nature, realized per a bibliographic review, from national Scientific publications in the datebase of: SciELO, BVS and books that approach this theme. The results of this study have pointed that the black women suffer more because of the racism and sexism. The structural racism run through this areas: cultural, economic, juridical and politic, constituting one of the bigs persistents barriers in the brasilian society, interfering directly in the social relations. It is necessery a better assistance of a black women health and the Sistema Único de Saúde (SUS) has a fundamental role in the promotion of actions and services that provide the right care. It is observed that there is a necessity of psychologists develop more studies about the social relations and their repercussions in the black population, as well, encourage more discussions to aware the society about this complex theme that still today cause inequality and suffering for Brazil. Keywords: black Women; psychical suffering; structural racism; sexism; psychology.
INTRODUÇÃO
As mulheres negras são alvo de inúmeras violências no Brasil, convivendo com
o racismo estrutural, mantenedor de diversas formas de opressão de corpos e
subjetividade. Diante disso, trazemos para a discussão o fazer da psicologia enquanto
ciência e profissão como um veículo de ressignificação de pressupostos e ideias
cristalizadas na sociedade. Apontamos assim a formação das (os) psicólogas (os) no
combate ao racismo estrutural como forma de tentativa de superação desse
sofrimento.
Desta forma, o artigo possue como objetivos: conceituar a identidade e suas
repercussões nas mulheres negras a partir do racismo estrutural no Brasil; o
sofrimento psíquico causado a partir dos aspectos psicossociais, o direito a saúde
mental das mulheres negras brasileiras e a formação das (os) psicólogas (os) no
combate ao racismo estrutural no Brasil.
O presente estudo é uma pesquisa exploratória e descritiva, caracteriza-se pela
natureza qualitativa, realizada através de revisão bibliográfica a partir de publicações
científicas nacionais na base de dados: SciELO, BVS e livros que abordam a temática.
De acordo com Raupp e Beuren (2006) a pesquisa qualitativa analisa a complexidade
do fenômeno de natureza psicossocial com a finalidade de demonstrar dados não
mensuráveis numericamente. Há uma escassez em relação a esta temática, portanto,
a pesquisa exploratória visa tornar mais compreensível à construção do debate.
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Abordaremos o racismo estrutural como um processo histórico que perpassa
pelo aspecto individual e institucional, que está entrelaçado nas relações sociais e
evidenciado em diversas áreas: política, jurídica, econômica, familiar e na área da
saúde. Neste sentido, o preconceito e a discriminação constituem desigualdades
sociais, que provocam sofrimento e se manifestam entre os grupos étnicos raciais,
entre estes grupos estão as mulheres negras.
De acordo com as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2018, na educação as mulheres de 25 anos ou mais de idade com ensino
superior completo são 23,5% de mulheres brancas e apenas 10,4% de mulheres
pretas ou pardas. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2019), entre
2005 e 2015, a cada 100 vítimas de homicídio 71 são negros e 65% são mulheres
negras.
As mulheres são as que apresentam dupla jornada, se dividindo entre o
trabalho fora e dentro de casa. Em pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2016, as
mulheres dedicaram-se aos afazeres domésticos e aos cuidados de pessoas,
aproximadamente 73% a mais de horas que os homens. O recorte por raça indica que
mulheres pretas ou pardas foram as que mais se dedicaram, registrando 18,6 horas
semanais. Já em relação aos cargos gerenciais, em 2016, 60,9% dos cargos
gerenciais eram ocupados por homens e apenas 39,1% pelas mulheres (IBGE, 2018).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018) a desigualdade
entre homens pretos e pardos e as mulheres pretas e pardas era ainda maior em
relação aos homens brancos e mulheres brancas. Apesar das mulheres constituírem
mais da metade da população brasileira, ainda são hierarquicamente inferiorizadas e
necessitam de políticas e ações eficazes para redução das desigualdades de gênero
e raça.
1 CONCEITUANDO A IDENTIDADE E SUAS REPERCUSSÕES NAS MULHERES
NEGRAS A PARTIR DO RACISMO ESTRUTURAL NO BRASIL
A identidade é algo que o ser humano está sempre construindo, pois faz parte
do processo da sua existência. Não há um consenso na definição de identidade,
porém existem autores que desenvolveram estudos sobre o tema, cada um
conceituando a identidade a partir da sua perspectiva (CIAMPA, 1984).
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De acordo com Ciampa (1984) a maioria das ciências sociais afirma que a
identidade do ser humano é um fenômeno social e não apenas algo natural, desta
forma constata-se que a identidade necessita de um processo de construção. As
características de um indivíduo fazem parte do processo de construção da sua
identidade, tais características são: biológicas, psicológicas, sociais, entre outros.
Essas características identificam e representam o indivíduo simbolicamente
expressando a sua identidade.
A teoria social discute amplamente a questão da identidade. As identidades que
por um determinado tempo estabeleciam o mundo social estão em conflito,
ocasionando o surgimento de novas identidades e tornando o sujeito moderno em um
indivíduo unificado. Logo, a crise de identidade faz parte de um processo extenso e
passível a mudanças que desintegram as estruturas e processos da sociedade
moderna aniquilando as referências que davam estabilidade aos indivíduos no mundo
social (HALL, 2006).
Vários conceitos foram desenvolvidos em relação a identidades sociais, entre
elas a identidade cultural. A identidade cultural refere-se aos aspectos de nossas
identidades, tais como: as culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e nacionais
que vão surgindo a partir do nosso pertencimento (HALL, 2006).
Segundo Santos (2013) a identidade cultural dos negros brasileiros é
construída a partir da escravidão no Brasil que teve início na metade do século XVI.
Nesse sentido, os portugueses escravizaram os índios com a pretensão de utilizá-los
na mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste, mas os índios
adoeciam e prejudicavam a produção. A partir de então os portugueses começaram a
trazer os negros de suas colônias da África para utilizar como mão-de-obra escrava.
Os negros eram conduzidos da África para o Brasil nos porões de navios
negreiros e quando desembarcavam eram comercializados, sendo expostos como
mercadorias para o trabalho escravo. Produziam muito e suas retribuições eram
roupas e alimentações de péssima qualidade, passavam as noites nas senzalas
acorrentados para evitar fugas e eram castigados fisicamente, sendo o açoite a
punição mais comum no Brasil Colônia (SANTOS, 2013).
De acordo com Santos (2013) os negros eram proibidos de praticar sua religião,
realizar festas e rituais africanos. Eram obrigados a seguir a religião católica e a adotar
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a língua portuguesa para se comunicarem. Para alcançar uma vida digna em busca
da liberdade resistiam ao poder dos portugueses, realizavam fugas das fazendas e
formavam grupos nas florestas, conhecidos como quilombos.
Os quilombos eram compostos pelos negros que em sua maioria eram
escravos de descendência africana ou brasileira e por grupos remanescentes de
indígenas, mulatos, cafuzos e mamelucos. Eram comunidades organizadas para que
pudessem praticar sua cultura, como: os rituais religiosos, a língua, suas festas,
representações artísticas e a capoeira. Entre os quilombos o mais conhecido era
Quilombo dos Palmares comandado pelo Zumbi dos Palmares (SANTOS, 2013).
Atualmente Zumbi ainda é considerado um símbolo de resistência do povo
negro no combate à discriminação racial e exemplo na busca da igualdade social, que
trouxe à liberdade e a força aos negros para resistir contra o racismo (SANTOS, 2013).
Segundo Reis (2005) o Brasil foi o último país a abolir a escravidão, a partir de
então foram criados estereótipos para os negros que permanecem até os dias atuais,
e dão origem ao discurso, à reflexão e aos estudos sobre o psiquismo do negro.
Alguns desses estereótipos, que constituem a identidade cultural do povo negro são
a superpotência sexual, o feio, o exótico, o ruim, o irracional e o sujo. Geralmente
representados de forma exótica e caricata, esteticamente e intelectualmente inferiores
e de caráter duvidoso.
De acordo com Ferreira e Camargo (2011), a partir destas características
estabelecidas ao longo do tempo o branco-europeu passou a ser considerado como
um ser superior e o negro passou a ser considerado inferior aos brancos. Aqueles que
se assemelham as características físicas semelhantes do tipo branco tendem a ser
mais valorizadas e ter mais privilégios, já às pessoas mais semelhantes das
características do tipo negro tendem a ser desvalorizadas e discriminadas.
Entretanto, no Brasil quando a questão são os mestiços, podemos considerá-
los negros ou brancos, pois a percepção de si mesmo é comparada com a identidade
racial e pode ser diferenciada da visão do outro. Esse fato torna o processo de
identificação racial complexo em nosso país (FERREIRA; CAMARGO, 2011).
Ferreira e Camargo (2011) refletem sobre os adjetivos ofensivos relacionados
às características fenotípicas das pessoas negras. Deste modo, os indivíduos negros
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tendem a desqualificar as características da sua negritude e passam a valorizar a
estética relacionada às características de pessoas brancas, geralmente consideradas
como o modelo de padrão de beleza socialmente ideal.
Outro fator importante para essa identificação é a classe social. O modo de vida
das pessoas pode ser um fator importante para a classificação da raça, principalmente
em relação aos afrodescendentes, que no caso do mestiço com características negras
e condições socioeconômicas elevadas pode ser considerado branco, enquanto outra
pessoa com as mesmas características, mas com as condições socioeconômicas
inferior pode ser considerado negro (FERREIRA; CAMARGO, 2011).
Neste sentido, Almeida (2018) afirma que é necessário inspecionar as
concepções sobre racismo e raça que foram constituídas pela teoria social para que
se obtenha uma melhor compreensão sobre os problemas relacionados à raça
existentes na sociedade.
O termo raça tem sua origem a partir do século XVII, mas somente no século
XIX este termo foi usado para esclarecer as diferenças fenotípicas existentes entre os
seres humanos, demarcando relações de domínio político-cultural de um grupo
superior ao outro (SANTOS; MARQUES, 2012).
Santos e Marques (2012) afirmam que alguns teóricos discutem sobre a
inexistência de raças humanas, ou seja, eles constatam que só existe uma raça, e
essa raça é “a raça humana”, não existindo subgrupos. Dessa forma, o significado
biológico do termo raça está transpassando por ressignificações, por intermédio do
movimento negro brasileiro e das ciências sociais.
Silva e Soares (2011) entendem raça como um processo de classificação dos
seres humanos, no qual as características físicas e biológicas das pessoas explicam
e definem as capacidades psicológicas, intelectuais e morais entre as diversas raças.
Apesar da comprovação da inexistência das raças humanas, este termo continua
sendo utilizado na política para fundamentar desigualdades sociais. O termo raça é
utilizado como uma categoria das espécies dos seres vivos pela ciência biológica,
todavia, é utilizado pelo senso comum para determinar grupos étnicos a partir de suas
características fenotípicas.
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Os grupos étnicos seriam uma coletividade de indivíduos cuja diferença se dá
por sua especificidade sociocultural que perpassa sua maneira de agir, sua religião e
sua língua. Portanto, pode ser considerada como uma parte da construção social do
indivíduo, ou seja, compartilham uma história em comum se reconhecendo como um
povo (SILVA; SOARES, 2011).
A partir dessas considerações, discutiremos três conceitos que fundamentam
a ideia do racismo estrutural, tais conceitos são: racismo, preconceito racial e
discriminação racial. O racismo é uma manifestação regida por práticas inconscientes
ou conscientes que podem resultar em privilégios e desvantagens, dependendo do
grupo racial em que o ser humano está inserido (ALMEIDA, 2018).
De acordo com Almeida (2018, p. 25) “o preconceito racial é o juízo baseado
em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a um determinado grupo
racionalizado, e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias”.
Segundo Gaudio (2019), discriminação racial é uma segregação intencional a
determinados grupos que envolvem poder e dominação. Desta forma, temos a
discriminação direta e indireta. A discriminação direta afeta indivíduos ou grupos pela
condição racial, tendo como alvo um único vetor. A discriminação indireta atinge
grupos minoritários, sendo as mulheres negras pertencentes a estes grupos, que são
ignorados.
A discriminação e o preconceito estão inteiramente interligados ao racismo,
apesar de serem termos distintos. O racismo desencadeia a discriminação racial e
desta forma constitui privilégio que se manifesta entre os grupos étnicos e se propaga
pelos espaços institucionais, econômicos e políticos (GAUDIO, 2019).
De acordo com Almeida (2018) existem três concepções que perpassam pela
estrutura da sociedade brasileira, constituindo o racismo estrutural no país, sendo
elas: individualista, institucional e estrutural.
A concepção individualista se constitui como uma patologia que permeia na
sociedade e está inteiramente ligada ao preconceito. Desta forma, refere-se apenas
ao indivíduo que cometeu o ato isoladamente ou até em grupo, contudo, sem refletir
que em tal atitude há uma reprodução de violência (ALMEIDA, 2018).
Na concepção institucional Almeida (2018), afirma que o racismo não se
resume a comportamentos individuais, mas é tratado como o resultado do
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funcionamento das instituições, que passam a atuar em uma dinâmica que confere,
ainda que indiretamente, desvantagens e privilégios a partir da raça.
O racismo estrutural está presente em todos os aspectos sociais,
estabelecendo desigualdades que perpassam pela estrutura da sociedade brasileira,
constituindo-se nas áreas políticas, jurídicas, econômicas, familiares e que se
manifesta nas relações sociais (ALMEIDA, 2018).
Neste sentido, Bersani (2018) pensa o racismo estrutural como um sistema de
opressão que percorre por vários âmbitos das relações sociais, sendo naturalizado
pela sociedade. Transcende o âmbito institucional, fundamentando-se na essência da
sociedade, sendo capaz de recriar e reproduzir desigualdades e privilégios entre as
raças.
De fato, o racismo estrutural é nítido e não demanda grande esforço para ser visualizado. Ele está difundido na sociedade, na ordem social vigente e a serviço dos privilégios que demarcam as classes sociais. Enfrentá-lo é uma forma de discriminação positiva e necessária, e não um racismo na mesma intensidade, ao contrário do que muitos dizem, pois trata-se da busca por mecanismos que promovam a desconstrução da ideologia que se traduz em inúmeras práticas discriminatórias diariamente, chancelando a exclusão de um grupo social específico (BERSANI, 2018, p.194).
Ao estabelecermos estas reflexões podemos compreender que o sistema
escravista não é mais o único responsável pela existência do racismo no Brasil no
século XXI. O capitalismo e o Estado estão relacionados à desigualdade social e
racial, pois são construídas e estão sobre o poder de um grupo dominante. Tendo em
vista os seguintes elementos: as formas sociais de mercado, liberdade e igualdade,
dinheiro, finanças e propriedade privada. Todos esses fatores estabelecem o racismo
estrutural através das relações sociais e econômicas, entretanto, mesmo que o negro
ascenda socialmente ainda irá sofrer racismo (BATISTA, 2018).
Outra forma de legitimação do racismo está nas representações da população
negra e suas complexidades, indicam uma construção formulada historicamente no
sentido de vigilância ao corpo e de aprisionar sua identidade social, a partir de
discursos construídos e inventados com intuito de preservar hierarquias sociais. A
população negra possui representatividades negativas que são prejudiciais para as
relações étnico-raciais desfigurando as identidades individuais e de grupo,
ocasionando sofrimento o (FERNANDES; SOUZA, 2016).
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Nesse sentido, entende-se que a mulher negra cotidianamente é influenciada
por esse sistema opressor, sendo o corpo dessas mulheres negras visto de forma
diferente dos homens negros. No período da escravidão havia a comercialização do
corpo da mulher negra, entretanto, atualmente este corpo é apresentado para ser
consumido (GILLIAM; GILLAM, 1995).
Deste modo, foram estabelecidos estereótipos para as mulheres negras, nos
quais o seu corpo foi objetificado. A mulher mais jovem era reconhecida como “mulata”
e seu corpo representava o símbolo da sexualidade enquanto a mulher mais velha era
conhecida como “mãe preta”, a qual exercia os trabalhos domésticos (LINHARES,
2015).
As mulheres negras foram marcadas pelo estigma da escravidão sendo
designados para elas trabalhos mal qualificados e que não tem acesso à educação.
As diferenças de gênero e de raça refletem em seus papeis sociais e suas
representações são determinadas por vestígios do racismo e sexismo (SILVA, 2009).
Segundo Teixeira e Queiroz (2017) a consequência da mistura de diversos
povos foi construída socialmente pela violência sexual e psicológica que as mulheres
negras e indígenas sofriam, sendo usadas como objetos, para a satisfação sexual e
para realização da ideia de embranquecimento da raça. Com a prática dessa violência
as mulheres negras foram invizibilizadas e supersexualizadas.
Linhares (2015) compreende que estas representações justificaria o assédio, a
objetificação, a posição submissa e socioeconômica da mulher negra, trazendo o
sofrimento causado por esses estereótipos vivenciados por essas mulheres até os
dias atuais. Tais representações legitimam diversas formas de violências sofridas por
essas mulheres.
O patriarcado idealizou um padrão de beleza para à sociedade que
consequentemente afetou a população negra, ocasionando a negação da sua
identidade. Para as mulheres negras a reprodução social e a falta de reconhecimento
da sua raça é humilhante, pois faz com que elas busquem alternativas diferentes com
a finalidade de ser o outro, tendo em vista o padrão de beleza imposto. A violência
contra a mulher negra é materializada, também, a partir da estética. A desvalorização
estética relacionada aos traços fenotípicas é mais um dos vários elementos que
trazem à desvalorização das mulheres negras (TEIXEIRA; QUEIROZ, 2017).
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A “ditadura da beleza” demanda um padrão a ser seguido, por exemplo: seus
cabelos têm que ser loiros lisos ou platinados e impõe que a maioria dessas mulheres
passe por esse processo de negação da sua identidade (TEXEIRA E QUEIROZ,
2017). Diante do exposto, seguiremos abordando o sofrimento psíquico e os fatores
que impedem a devida assistência à saúde mental destas mulheres.
2 O SOFRIMENTO PSÍQUICO CAUSADO A PARTIR DOS ASPECTOS
PSICOSSOCIAIS E O DIREITO À SAÚDE MENTAL DAS MULHERES NEGRAS
BRASILEIRAS
No Brasil, a população negra tem sofrido constantemente com uma maior
exposição ao adoecimento, consequência de um histórico de abstenção dos direitos
humanos. Em relação à saúde das mulheres negras, foi constatada a ineficácia em
relação aos programas do governo para prevenção e cuidado a saúde, além da junção
ao sexismo e o racismo institucional (SANTOS, 2012).
O racismo e o sexismo têm causado danos para a saúde psíquica das mulheres
negras, podendo acarretar dificuldades na manifestação da afetividade relacionada
aos vínculos amorosos e familiares. Os contextos de opressão, colonialismo, racismo,
entre outros também são potencializadores da vulnerabilidade desse sofrimento
psíquico (SANTOS, 2012).
Nessa direção, observam-se inúmeras violências contra as mulheres negras,
as quais são submetidas a constantes situações que colocam em risco sua saúde
psíquica e física, permanecendo sozinhas em suas lutas e dores. Essa solidão é
percebida em vários âmbitos e possuem diversos significados, como a relação entre
a solidão, à sexualidade e o racismo, já que a objetificação do corpo destas mulheres
está relacionada às concepções racistas, que se estruturam como algo natural,
reproduzidos na sociedade (TEIXEIRA; QUEIROZ, 2017).
Atualmente as mulheres negras são as que iniciam precocemente no mercado
de trabalho, geralmente como empregadas domésticas e em cargos subalternos. São
as que mais experimentam a precariedade no mercado de trabalho não só por serem
mulheres, mas também por conta da discriminação relacionados à sua raça, tendo o
maior índice nos serviços domésticos com 32,5% enquanto mulheres brancas são de
12,7% (ALMEIDA, 2010).
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De acordo com Almeida (2010, p.29): “as mulheres negras aumentaram três
vezes mais, em comparação com as brancas, o ingresso no nível superior, no período
entre 1960 e 1980”, apesar de terem sido estigmatizadas e de possuírem um papel
inferior na sociedade, que ignoravam suas vontades, constatando mudanças
educacionais e ocupacionais.
Tendo em vista estes aspectos citados, Silva e Chai (2018) identificam os
fatores internos e externos que contribuem cada vez mais para o desenvolvimento de
transtornos mentais nas mulheres negras. Alguns exemplos de fatores internos são:
baixa autoestima, solidão, maior taxa de fecundidade e as cobranças sociais advindas
dos estereótipos racistas e sexistas. Os fatores externos são: desvalorização no
mercado de trabalho, baixo poder econômico e menor nível de escolaridade.
Outros fatores que contribuem para a ocorrência de transtornos mentais nessa
população são: sobrecarga doméstica, ser divorciada, ter mais de 40 anos, ser a chefe
da família, não ter ou manter um lazer, ter baixa escolaridade, baixa renda, entre
outros. Os estudos demonstram que quando as condições de vida não estão
asseguradas em uma boa qualidade, a saúde mental poderá entrar em declínio
(SILVA; CHAI, 2018).
Como reflexo dessa estrutura racista, se faz necessária uma atenção maior à
saúde da mulher negra. Cabendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) promover ações
e serviços que possam proporcionar a devida assistência e atuar de forma em
consonância com o que foi determinado na Constituição Federal de 1988. As Leis
Orgânicas da Saúde n. 8.080 de 19 de setembro de 1990 e a lei n.8.142, de 28 de
dezembro de 1990, são marcos históricos que representam uma nova forma de se
pensar em saúde. Desta forma, foi instituído os seguintes princípios: acesso universal,
integralidade das ações, equidade, descentralização dos recursos de saúde e o
objetivo de trazer para próximo das ações estatais a participação popular (SILVA;
CHAI, 2018).
Segundo Silva e Chai (2018) o racismo e o sexismo não podem ser
reproduzidos no sistema público de saúde, é necessário garantir os princípios do SUS
nos atendimentos a essa população. O SUS precisa rever a prestação dos seus
serviços que não condizem com os seus princípios. A compreensão destes fatores
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implica numa melhor atenção e preparo dos profissionais de saúde, visando um
atendimento de qualidade para alcançar as necessidades desta população
historicamente estigmatizada.
O racismo e o sexismo são fatores determinantes para as condições de saúde
das mulheres negras. É necessário reformular teorias, técnicas e práticas para que
suscitem promoção na área da saúde. Nesse sentido, movimentos sociais de
resistência ao racismo chegaram à conclusão da importância do papel da psicologia
no campo da saúde a partir de uma visão psicossocial (PRESTES; PAIVA, 2016).
Portanto, se destaca a necessidade de serem implementadas iniciativas
voltadas às discussões de gênero e raça para o treinamento e formação dos
profissionais de saúde, entre eles as (os) psicólogas (os), a fim de reconhecer as
doenças mais presentes na população (SILVA; CHAI, 2018). Diante do que foi visto
até o momento, seguiremos discutindo a formação das (os). Psicólogas (os) no
enfrentamento desta temática.
3 A FORMAÇÃO DAS (OS) PSICÓLOGAS (OS) NO COMBATE AO RACISMO
ESTRUTURAL NO BRASIL
O movimento negro se tornou um dos principais responsáveis pela tentativa de
superação do racismo em nossa sociedade, sendo responsável por começar uma luta
pertinente aos direitos negados à população negra no Brasil. A história política do
movimento negro no Brasil pode ser dívida em três principais fases que foram
demarcadas pelas duas ditaduras que ocorreram no Brasil.
De acordo com Domingues (2007), a primeira fase se estendeu da Primeira
República ao Estado Novo (1889 a 1937), período no qual foram criadas diversas
associações, comunidades, grêmios, clubes negros, jornais criados por e para negros
e foi fundada a Frente Negra Brasileira (FNB). A segunda fase ocorreu entre a
Segunda República e a Ditadura Civil Militar (1945 a 1964), período em que foi criado
o Teatro Experimental do Negro (TEN) e a terceira fase em 1978 com o surgimento
do Movimento Negro propriamente dito.
O Movimento Negro Unificado (MNU) que surgiu no dia 7 de Julho de 1978 foi
a favor da melhor qualidade de vida para a população negra, visando o
estabelecimento de uma identidade étnico-racial específica do negro, afrocentrada e
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não miscigenada e em 1982 passou a defender reivindicações mínimas, como a
organização política da população negra, a transformação do Movimento Negro em
um movimento das massas, o enfrentamento da violência policial contra os negros, a
desmistificação do funcionamento da democracia racial no Brasil e a luta para a
inserção da História da África e dos negros no Brasil nas escolas do país
(DOMINGUES, 2007).
Em Brasília, no dia 20 de novembro de 1995, ocorreu a marcha Zumbi dos
Palmares contra o racismo, pela cidadania e a vida. Nessa marcha estiveram
presentes os representantes do Movimento Negro, que tinham o objetivo de reivindicar
a criação de políticas de promoção da igualdade, tendo reunido trinta mil pessoas
(CFP, 2017).
Em 1996, o governo federal instituiu o Programa Nacional de Direitos Humanos,
no qual constavam duas proposições referente à temática das políticas de promoção
da igualdade, sendo elas: “Apoiar ações da iniciativa privada que realizem
discriminação positiva” e “Formular políticas compensatórias que promovam social e
economicamente a população negra” (CFP, 2017).
Outro ponto a se destacar foi a participação do Brasil na Conferência Mundial
contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Conexas de
Intolerância, que foi realizada em Durban, África do Sul, em 2001. Nesta ocasião,
foram estabelecidas várias prioridades, entre elas: Adoção de medidas reparatórias
às vítimas do racismo, criação de um fundo de reparação social gerido pelo governo
e pela sociedade civil e adoção de cotas ou outras medidas que promovam o acesso
dos negros às universidades públicas (CFP, 2017).
A inserção da temática racial no Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi
realizada por psicólogas (os) de diversas regiões do Brasil. Em São Paulo foram
fundadas duas organizações não governamentais: o Centro de Estudos das Relações
de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e o Instituto AMMA PSIQUE NEGRITUDE. O
CEERT foi fundado em 1990 por três profissionais negros: a psicóloga e atual
coordenadora executiva Maria Aparecida da Silva Bento, o advogado Hédio Silva
Júnior e o químico e doutor em Sociologia Ivair Augusto Alves dos Santos. O Instituto
AMMA Psique Negritude, fundado em 1995, representadas por: Maria Lucia da Silva
e Maria Aparecida Silva Bento. Estas organizações foram decisivas para discussões
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político-jurídica e psicológica sobre racismo, sexismo, igualdade racial e de gênero no
Brasil (NASCIMENTO, 2003).
Desde 1995 o AMMA atua no combate ao racismo, discriminação e preconceito
através da política e da psicologia “com ações voltadas à formação e prática clínica,
desenvolve estratégias para identificação, elaboração e desconstrução do racismo e
dos consequentes efeitos psicossociais” (CFP, 2017, p. 68). É responsabilidade do
CEERT a elaboração de diagnóstico e programas de promoção da igualdade racial
em sindicatos, escolas, empresas e órgãos públicos, formado por juristas,
educadores, sociólogos, assistentes sociais e gestores de pessoal (NASCIMENTO
2003).
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2017) vale destacar a
iniciativa e relevância do Instituto AMMA Psique Negritude e do CEERT, entre outras
organizações compostas por psicólogas (os) negras (os) que desenvolveram
metodologias para sensibilizar os gestores e profissionais de diversas áreas para a
identificação do racismo.
Dessa forma, cabe ao psicólogo em sua atuação independente da área na qual
trabalha, promover o debate e a reflexão sobre a naturalização das ações que são
desenvolvidas pelos diversos serviços nas instituições a respeito das relações raciais,
disponibilizando aos usuários (as) uma atuação que condiz com cada pessoa de
acordo com cada contexto, segundo os princípios éticos que conduzem a prática dos
psicólogos (CFP, 2017).
De acordo com Tavares, Oliveira e Lages (2013) o papel do psicólogo e da
psicologia no combate ao racismo pode ocorrer tanto nas instituições de saúde quanto
na clínica. Essa responsabilidade está priorizada nos princípios éticos do Conselho
Federal de Psicologia (CFP), sendo esses princípios: a promoção da dignidade e
integridade do ser humano, a promoção das pessoas e coletividades, contribuindo
com a eliminação de exploração, discriminação, opressão, negligência e a
responsabilidade social, investigando de forma crítica a realidade político-econômica
e social-cultural do país.
Entretanto, é preocupante a falta de conhecimento dos profissionais de
psicologia em relação às vulnerabilidades quando se trata da população negra e sobre
como o racismo pode causar adoecimento nas mulheres negras, não estando
15
evidente a articulação do adoecimento psíquico com as relações étnicos-raciais
(TAVARES; OLIVEIRA; LAGES, 2013).
Santos e Schucman (2015) relatam que a Psicologia no Brasil possui
atualmente um interesse nos estudos das relações raciais, porém ainda é escassa a
abordagem desse tema na formação de futuras (os) psicólogas (os) nas disciplinas de
graduação e pós-graduação em Psicologia. Em relação ao acesso dos estudos sobre
este tema, há uma falta de apropriação desse conhecimento, pois são poucas as
oportunidades de desenvolver um conhecimento crítico, por conta da escassez
relacionada a esta temática.
De acordo com Santos e Schucman (2015) a reflexão e o discurso do tema
raça geram dificuldades em muitas áreas, por conta disso está temática merece mais
atenção na formação dos profissionais de Psicologia. É necessário que haja a
possibilidade de discussões abertas sobre o assunto, com a finalidade de facilitar a
intervenção e o acolhimento neste campo profissional, nos locais onde aparecem as
vítimas de discriminação racial.
Enquanto área de formação, a Psicologia estuda diversas problemáticas e os
profissionais e pesquisadores podem fortalecer a compreensão da sociedade sobre a
desigualdade racial no Brasil. Portando, é importante que a formação de psicólogos e
pesquisadores nas áreas de Psicologia desenvolvam pesquisas sobre as relações
raciais no país, fomentando uma visão crítica e novas reflexões (SANTOS;
SCHUCMAN, 2015).
Nessa mesma direção, acreditamos que no âmbito dos cursos de pós-graduação em Psicologia, além dessas experiências pedagógicas também é importante estimular a produção de mais conhecimento sobre: a história do pensamento psicológico brasileiro na compreensão das relações raciais; como se dá a abordagem desse tema nos currículos de graduação e pós-graduação em Psicologia; e qual tem sido a atuação dos(as) psicólogos(as) no enfrentamento do preconceito e discriminação racial derivados do racismo (SANTOS;
SCHUCMAN, 2015).
Santos e Schucman (2015) abordam concepções críticas nas formações das
(os) psicólogas (os), entre elas: a falta de discussões sobre a temática das relações
raciais na academia e a escassez de pesquisas tem como consequência o despreparo
que interfere nos campos de atuação das (os) psicólogas (as). Sendo superadas estas
lacunas, é possível a construção de um efetivo combate ao racismo estrutural.
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Silva (2014) relata que o racismo, reproduzido a partir da interação entre as
pessoas, exige da Psicologia a necessidade de assumir um papel central nesse
debate, através do processo aprendido historicamente. A psicologia enquanto ciência
pode contribuir no reconhecimento e interpretação do sofrimento psíquico causado
nas mulheres negras. Observa-se a necessidade de estimular o diálogo com outras
ciências sobre a importância do olhar múltiplo para a promoção do bem-estar nas
relações sociais. As práticas discriminatórias que são fundamentadas pela ideologia
racista estão presentes em todos os contextos sociais e nas relações interpessoais,
perpetuando práticas discriminatórias.
Segundo Silva (2014) as reflexões citadas são desafios para a psicologia,
fazendo com que essa ciência garanta uma melhor qualidade de vida para as
mulheres negras, colaborando para um melhor entendimento e atuação da dinâmica
das relações raciais, assumindo o campo das intervenções como uma perspectiva
política, combatendo o racismo e investindo na promoção da igualdade social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mulheres negras pertencem a uma a parte da sociedade que mais sofrem
com o sistema opressor composto pelo racismo estrutural no Brasil. Além dos
estereótipos relacionados aos negros, o racismo e o sexismo são os principais fatores
responsáveis pelo sofrimento psíquico causado a essas mulheres. Existe um grande
despreparo na rede pública de saúde em relação à saúde mental das mulheres
negras, causada pela falta de conhecimento sobre essa temática e que contribuiu
bastante para ocorrência de atendimentos ineficazes nas redes públicas do Brasil.
Sendo a população negra quem mais utiliza as redes públicas de saúde, é
imprescindível que haja mudanças nas ações do SUS para que se possa promover a
devida assistência para essas mulheres. O Sistema Único de Saúde (SUS) precisa
rever seus atendimentos que não condizem com a sua legislação, pois as suas ações
(universalidade, equidade, integralidade etc.) não são evidenciadas no serviço.
Os profissionais de saúde precisam entender como atuar de acordo com essa
demanda e necessitam de uma melhor qualificação profissional, pois somente assim
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conseguirão ter um olhar mais sensível e responsável com as questões da identidade
das mulheres negras, promovendo uma boa assistência à saúde.
Existe um despreparo de várias áreas profissionais quanto as vulnerabilidades
nas relações étnico-raciais. Apesar da psicologia compreender a necessidade sobre
a luta contra as desigualdades, observar-se uma ineficácia na formação das (os)
psicólogas (os) nas universidades. É de fundamental importância que haja uma maior
inserção desta temática nas grades curriculares das graduações e pós-graduações
para uma melhor atuação de psicólogas (os).
Cabe à psicologia promover mais pesquisas e debates sobre essa temática,
pois como ciência e profissão tem o papel de combater o racismo e a função de
acolhimento ao sofrimento psíquico causado pelo racismo estrutural na população
negra. Desta forma, poderá contribuir na melhor qualidade de vida dessa população,
sobretudo, das mulheres negras colaborando para um maior investimento na
promoção da igualdade social.
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