Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
1
Índice
ANEXO I ............................................................................................................................... 4
1. GUIÃO DE ENTREVISTA ÀS EDUCADORAS ...................................................................................... 5
2. GUIÃO DE ENTREVISTA(S) ........................................................................................................ 6
ANEXO II -ALC .................................................................................................................... 14
3.. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORA A - E1ALC .......................................................... 15
5. PROTOCOLO DA ENTREVISTA EDUCADORA B - E2ALC ....................................................... 37
5. PROTOCOLO DA ENTREVISTA EDUCADORA A - E3ALC ...................................................... 44
6. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORAS A E B - E5ALC ................................................ 58
7. PROTOCOLO DA ENTREVISTA COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO3ALC .......................... 65
8. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORAS A E B - E5ALC ............................................... 67
9. PROTOCOLO DA ENTREVISTA COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO EO3ALC ............................ 74
10. PROTOCOLO DA ENTREVISTA COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO4ALC ..................... 76
11. COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO6ALC ..................................................................... 79
12. PROTOCOLO COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO8ALC ............................................... 81
13. – PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O1ALC ................................................................................ 83
14. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O2ALC .................................................................................. 91
15. ANEXO DE OBSERVAÇÃO O2ALC .......................................................................................... 99
16. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O3ALC .............................................................................. 100
17. ANEXO DE PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O3ALC .................................................................. 111
18. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O4ALC .............................................................................. 175
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
2
19. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O5ALC ................................................................................ 181
20. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O6ALC ................................................................................ 188
21. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O7ALC ................................................................................ 193
22. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O9ALC ................................................................................ 201
ANEXO III -MEB ............................................................................................................... 209
23. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORA – O1MEB .............................................................. 210
24. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - 01MEB .............................................................................. 232
25. PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO EDUCADOR - E1MEB ...................................................... 240
26. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O1MEB ................................................................................... 263
27. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O2MEB .................................................................................... 271
28. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O3MEB.................................................................................... 278
29. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - OB4MEB ................................................................................. 290
30 – PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O5MEB .................................................................................... 296
31. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O6MEB ................................................................................... 302
32. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O7MEB ................................................................................... 308
33. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO - O8MEB ........................................................................................ 311
34. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O9MEB ................................................................................... 320
35. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - OB9MEB ................................................................................. 331
36. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - OB10MEB ............................................................................... 342
ANEXO IV -JEJD ................................................................................................................ 349
37. PROTOCOLO DE ENTREVISTA - E1JEJD ....................................................................................... 350
38. PROTOCOLO DE ENTREVISTA - E2JEJD ........................................................................................ 362
39. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O1JEJD ........................................................................................ 378
40. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O2JEJD ........................................................................................ 383
41. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O3JEJD ........................................................................................ 390
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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42. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O4JEJD ........................................................................................ 395
43. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O5JEJD ........................................................................................ 397
44. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O6JEJD ........................................................................................ 402
45. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O7JEJD ........................................................................................ 407
46. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O8JEJD ........................................................................................ 414
47. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O10JEJD ...................................................................................... 420
48. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – OO11JEJD .................................................................................... 424
49. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O12JEJD ...................................................................................... 433
50. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O13JEJD ...................................................................................... 442
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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ANEXO I
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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1. GUIÃO DE ENTREVISTA ÀS EDUCADORAS
Questões orientadoras:
1. Como se organizam os educadores na sua práxis organizacional e pedagógica em torno das Orientações Curriculares?
2. Como é planificada a construção da acção educativa? [Projeto curricular, planos diários ou semanais: formas de implementação das atividades, tempos para cada atividade, espaços, inervenientes.
3. Em que medida as práticas de avaliação interferem na regulação interna da
construção da acção educativa em contexto de jardim-de-infância? (projetos: projeto estabelecimento, projeto curricular, e/ou projetos em desenvolvimento no contexto da acção educativa);
4. Quais os momentos (Formais e Informais) são destinadas à avaliação?
5. Que tipos de instrumentos de avaliação mais utilizam para registo? 6. Como constroem os instrumentos? Baseado nas necessidades de registo/baseado nas
rotinas e práticas anteriormente desenvolvidas?
7. Quais os fatores que determinam a escolha de um instrumento ou dispositivo de avaliação?
8. Que fatores (métodos e modelos curriculares) condicionam a escolha/implementação
de um instrumento ou dispositivo de avaliação?
9. Que estratégias são utilizadas para a sua implementação e desenvolvimento?
10. Que situações concretas exemplificam a escolha de um instrumento ou de um dispositivo de avaliação? E não outro? Como identificam as vantagens e desvantagens?
11. Que acções são desenvolvolvidas pelos educadores no sentido de criar
“oportunidades” de reformulação da acção educativa resultantes das práticas de avaliação?
12. Como são utilizados os dados recolhidos no processo das práticas de avaliação?
O QUE GOSTARIA DE DIZER SOBRE A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR que não
lhe foi perguntado.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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2. GUIÃO DE ENTREVISTA(S)
EDUCADORAS DOS CONTEXTOS EDUCATIVOS
BLOCOS EI.A. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS FORMULÁRIO DE
QUESTÕES
- Legitimação da
entrevista e
motivação do
motivação do
interessado
- Legitimar a entrevista
e motivar o
entrevistado
a)Explicitar o tema e os objetivos do trabalho; b) Solicitar a colaboração do entrevistado, explicitando a sua importância para o prosseguimento do estudo; c) Garantir informação sobre o resultado da investigação; d) Pedir autorização para gravar a entrevista.
A EDUCAÇÃO PRÉ-
ESCOLAR: (DES)
CONSTRUINDO
CONCEPÇÕES E
PRÁTICAS
?EDUCATIVASDE
AVALIAÇÃO?
EI.AI
- Identificar as
?concepções/represent
ações? dos educadores,
enquanto profissionais
de infância;
- Identificar e conhecer
os suportes valorizados
no processo;
Identificar
representações dos
atores relativos
referentes às funções e
papéis das práticas de
avaliação na educação
pré-escolar
a) Em que medida os educadores incorporam a responsabilidade profissional no exercício da sua atividade educativa? c) Que valorização atribui à responsabilidade profissional no exercício da sua atividade educativa b) Qual a importância que os educadores dão às suas práticas educativas no desenvolvimento organizacional do jardim de infância? a)Que representações têm os diversos atores do impato de práticas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
7
BLOCOS EI.A. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS FORMULÁRIO DE
QUESTÕES
de avaliação em educação pré-escolar, como instrumento de melhoria das aprendizagens?
PEDAGOGIA(S) DA
INFÂNCIA:
A PRÁXIS COMO
LÓCUS DA
PEDAGOGIA
EI.AII
-
- Captar o modo como
os atores se organizam,
vivenciam e
operacionalizam nas
práticas de avaliação na
educação pré-escolar
na construção da acção
educativa;
b) Como é planificada a construção da acção educativa? b) Qual o papel atribuído à prática de avaliação como elemento integrante do processo da acção educativa? c) De que forma se verifica a correspondência entre as representações dos atores e as suas práticas? d) Quais as expetativas dos atores relativamente aos resultados obtidos?
A AVALIAÇÃO NO
QUOTIDIANO: UMA
OPORTUNIDADE
PARA A
EI.AII
- Compreender em que
medida as práticas de
avaliação se inscrevem
nos princípios
educativos expressos
nas Orientações
Curriculares.
a) Como se organizam os educadores na sua práxis organizacional e pedagógica em torno das Orientações Curriculares? d) Quais os momentos destinados à avaliação - Formais e Informais? c) Que acções são desenvolvolvidas pelos educadores no sentido de criar “oportunidades” de reformulação da acção educativa resultantes das práticas de avaliação? d) Em que medida as práticas de avaliação interferem na
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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BLOCOS EI.A. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS FORMULÁRIO DE
QUESTÕES
APRENDIZAGEM
regulação interna da construção da acção educativa em contexto de jardim de infância? [projetos: projeto estabelecimento, projeto curricular, e/ou projetos em desenvolvimento no contexto da acção educativa] e) Os dados recolhidos no processo das práticas de avaliação como são utilizados?
O(S) CONTEXTO(S)
E O(S) PROCESSO(S)
DE
APRENDIZAGEM: A
NECESSIDADE DE
UTILIZAR MODELOS
PEDAGÓGICOS
EI.AIII
- Descrever os
processos de realização
das práticas de
avaliação na educação
pré-escolar utilizados
pelos atores
educativos;
- Identificar práticas de
avaliação na educação
pré-escolar e
interdependência com
os modelos
pedagógicos (PODERÀ
INCLUIR_SE EM EIXO DE
ANÀLISE EI e EII.
- Descrever os modos e
estratégias utilizados
pelos atores na
utilização do(s)
instrumento(s) de
avaliação.
a) Que tipos de instrumentos de registo utilizam para recolha de informação? b) Quando e como utilizam os instrumentos de registo para recolha de informação? c) Que estratégias são utilizadas para a sua implementação e desenvolvimento? d) Que situações concretas exemplificam a escolha de um instrumento ou de um dispositivo de avaliação? E não outro? Quais as vantagens e desvantagens? e)Que tipos de instrumentos de avaliação utilizam para registo de informação? f) Como constroem os instrumentos? Baseado nas necessidades de registo/baseado nas
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BLOCOS EI.A. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS FORMULÁRIO DE
QUESTÕES
rotinas e práticas anteriormente desenvolvidas?
OBJETIVOS DA ENTREVISTA: POR EIXOS
1. PEDAGOGIA(S) DA INFÂNCIA: A PRÁXIS COMO LÓCUS DA PEDAGOGIA
- Identificar as conceções dos educadores, enquanto profissionais de
infância;
- Identificar e conhecer os suportes valorizados no processo
desenvolvimento e aprendizagem das crianças em idade pré-escolar;
- Identificar representações dos atores relativos às funções e papéis das
práticas de avaliação na educação pré-escolar.
2. A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR: (DES) CONSTRUINDO CONCEPÇÕES E PRÁTICAS
DE AVALIAÇÃO
- Captar o modo como os atores se organizam, vivenciam e operacionalizam
nas práticas de avaliação na educação pré-escolar na construção da ação
educativa.
3. O(S) CONTEXTO(S) E O(S) PROCESSO(S) DE APRENDIZAGEM: A
NECESSIDADE DE UTILIZAR MODELOS PEDAGÓGICOS
- Descrever os processos de realização das práticas de avaliação na
educação pré-escolar utilizados pelos atores educativos;
- Identificar práticas de avaliação na educação pré-escolar e
interdependência com os modelos pedagógicos;
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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- Identificar e conhecer os principais obstáculos e dificuldades reconhecidas
no desenvolvimento do processo de implementação das práticas de
avaliação na educação pré-escolar;
4. A AVALIAÇÃO NO QUOTIDIANO: UMA OPORTUNIDADE PARA A
APRENDIZAGEM
- Identificar a interdependência entre as Orientações Curriculares da
Educação Pré-Escolar e as práticas de avaliação na construção da prática
pedagógica;
- Compreender em que medida as práticas de avaliação se inscrevem nos
princípios educativos expressos nas Orientações Curriculares.
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
1. PEDAGOGIA(S) DA INFÂNCIA: A PRÁXIS COMO LÓCUS DA PEDAGOGIA
a) Em que medida os educadores incorporam a responsabilidade profissional no
exercício da sua atividade educativa?
b) Qual a importância que os educadores dão às suas práticas educativas no
desenvolvimento organizacional do jardim de infância?
c) Que valorização atribui à responsabilidade profissional no exercício da sua
atividade educativa
d) Que representações têm os diversos atores do impato de práticas de avaliação em
educação pré-escolar, como instrumento de melhoria das aprendizagens?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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2. A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR: (DES) CONSTRUINDO CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE
AVALIAÇÃO
a) Como é planificada a construção da acção educativa?
b) Qual o papel atribuído à prática de avaliação como elemento integrante do
processo da acção educativa?
c) De que forma se verifica a correspondência entre as representações dos atores
e as suas práticas?
d) Quais as expetativas dos atores relativamente aos resultados obtidos?
3. O(S) CONTEXTO(S) E O(S) PROCESSO(S) DE APRENDIZAGEM: A NECESSIDADE DE
UTILIZAR MODELOS PEDAGÓGICO
a) Que tipos de instrumentos de registo utilizam para recolha de informação?
b) Quando e como utilizam os instrumentos de registo para recolha de informação?
c) Que estratégias são utilizadas para a sua implementação e desenvolvimento?
d) Que situações concretas exemplificam a escolha de um instrumento ou de um
dispositivo de avaliação? E não outro? Quais as vantagens e desvantagens?
e) Que tipos de instrumentos de avaliação utilizam para registo de informação?
f) Como constroem os instrumentos? Baseado nas necessidades de registo/baseado nas
rotinas e práticas anteriormente desenvolvidas?
4. A AVALIAÇÃO NO QUOTIDIANO: UMA OPORTUNIDADE PARA A APRENDIZAGEM
a) Como se organizam os educadores na sua práxis organizacional e pedagógica
em torno das Orientações Curriculares?
b) Quais os momentos destinados à avaliação - Formais e Informais?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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c) Que acções são desenvolvolvidas pelos educadores no sentido de criar
“oportunidades” de reformulação da acção educativa resultantes das práticas
de avaliação?
d) Em que medida as práticas de avaliação interferem na regulação interna da
construção da acção educativa em contexto de jardim de infância? [projetos:
projeto estabelecimento, projeto curricular, e/ou projetos em desenvolvimento
no contexto da acção educativa]
e) Os dados recolhidos no processo das práticas de avaliação como são utilizados?
RETIRADO DURANTE A REFORMULAÇÂO
- Descrever os modos e estratégias utilizados pelos atores na utilização do(s)
instrumento(s) de avaliação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
13
GUIÃO PRÁTICO DE ENTREVISTA AOS EDUCADORES 2007/2008
13. Como foi feito o planeamento acção educativa?
14. Utilizaram os mesmos procedimentos na avaliação diagnóstica?
15. Como foram utilizados os dados recolhidos no processo de avaliação do ano anterior?
16. Utilizaram para o planeamento as dificuldades identificadas no ano anterior?
17. Quais os momentos (Formais e Informais) são destinadas ao planemento ?
18. Irão utilizar os mesmos instrumentos instrumentos?
19. Que acções são desenvolvolvidas pelos educadores no sentido de criar “oportunidades” de reformulação da acção educativa resultantes das práticas de avaliação?
20. Que valorização atribui à responsabilidade profissional no exercício da sua atividade educativa?
21. Qual a importância que os educadores dão às suas práticas educativas no como contributo para a educação pré-escolar?
O QUE GOSTARIA DE DIZER SOBRE A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR QUE NÃO
LHE FOI PERGUNTADO
AGRADECIMENTOS
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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ANEXO II -ALC
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
15
3.. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORA A - E1ALC
PROTOCOLO DE
ENTREVISTA
EDUCADORA A
DATA
2008.02.
28
CÓDIGO
E1ALC
Legitimação da Entrevista
A entrevistadora, no início deste estudo tinha informado da necessidade de efetuar uma
ou mais entrevistas. Decorrido o período de cinco meses sobre o início do ano letivo, e
três meses decorridos sobre o início das observações, Fevereiro afigurou-se o período
ideal para a realização da entrevista com o educador do contexto de educação de
infância observado. O entrevistador abordou este assunto com o Entrevistado e marcou
a data e hora da sua realização. A Entrevistada disponibilizou-se desde logo para
colaborar.
Para a totalidade da entrevista recorreu-se à gravação, depois de devidamente
autorizada pela Entrevistada.
P - Começo por agradecer toda a disponibilidade e colaboração e por ter permitido
que observasse momentos formais e informais da sua prática letiva e por ter
acedido conceder esta entrevista. Para iniciarmos esta nossa conversa começo por
lhe perguntar como é que se organiza para planificar as atividades da sua prática
letiva no jardim-de-infância?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
16
R - Para qualificar, há várias etapas nesta planificação. Em Setembro nós temos de
entregar no agrupamento um documento, por exemplo, em relação ao projeto do
agrupamento temos um plano anual de atividades, para ao qual vai há escrito uma
planificação muito geral, tem a ver essencialmente com aquelas saídas que temos, e
que portanto, têm a ver também com a organização do agrupamento, que o
agrupamento tem de gerir, não é! A marcação de transportes, essas coisas todas,
portanto, aqui é nossa política a nível dos educadores é nossa filosofia, uma coisa
diferente.
Achamos que não fazia sentido nós estarmos a planear coisas que não tinham
significado, mas, também compreendemos que o agrupamento tem de ter uma
estrutura, não é! E então é assim: em Setembro nós entregamos uma estrutura
muito ampla do queremos fazer, da nossa intenção, depois o que acontece é que no
fim do ano vamos ver quais eram as nossas intenções e o que é que fizemos e, vemos
e achamos engraçado porque coincidem com as nossas intenções, ultrapassam as
nossas perspetivas são sempre ultrapassadas, aquilo de fato é um esqueleto, muito
esqueleto, não tem carne, não tem nada, pronto.
Então é assim, planeamos isso e às vezes vamos lá olhar. “Vai lá ver se está lá no
PAA”, porque têm de estar marcadas no PAA, todas as saídas ao exterior também,
pronto. De maneira que, nós temos até isso já bem organizado. Em relação aqui
[jardim-de-infância] ao planeamento o que nos interessa, com as crianças, esse é
assim, nós fazemos assim: todas as quintas-feiras nos juntamos, eu e a minha colega,
juntamo-nos, fazemos um apanhado do que é que trabalhamos, o que é que fizemos
durante essa semana e planeamos a semana seguinte, em função do que estivemos a
viver não é! E do que pensamos que vai ser significativo.
Acontece que muitas vezes aquilo que planeamos, é totalmente substituído na
semana seguinte, mas eu penso como já estamos a duas muito “entroncadas” e já
estamos um bocado velhas, às vezes ficamos um pouco atrapalhadas, mas lá
tomamos fôlego, e acontece-nos inúmeras vezes. Temos coisas programadas e até
material preparado, e depois, olha, não fizemos, porque não tinha sentido para os
miúdos e porque aquilo não estava de acordo. Ainda há pouco tempo, nós tínhamos
(não foi feita referência), tínhamos falado sobre (…) e depois aquilo não fazia sentido
para os meninos, nós íamos fazer aquilo porque tínhamos preparado o material
todo, pronto não fazia sentido então não fizemos (…).
P -Com aquilo que estava a desenvolver?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
17
R - Com o que eles queriam. O nosso grupo de meninos, não sei se são todos, mas
este ano temos imensa sorte, porque temos muitos meninos, eu tenho 22, e a colega
tem 21, agora esta semana apareceu-me mais um. Porque eram só 21. E o meu
grupo de 21, é uma coisa encantadora, eles querem, e eles fazem perguntas, eles
comandam-nos, nós andamos muito ao sabor do que eles querem, é muito
engraçado, de maneira que andamos assim, sem planos.
P - Se eu posso resumir, basicamente organizam-se no inicio do ano letivo para dar
voz a atividades que irão desenvolver e inscrevê-las no plano anual de atividades
do jardim-de-infância e logicamente no PAA do agrupamento, e no final do ano
letivo analisam essa planificação se ela foi cumprida?
R - Então, vemos se ela está em consonância. Cumprimos o que é que nós tínhamos
estabelecido? Mas, olha fizemos mais isto, existe um relatório sempre onde nós
fazemos isso.
P - Essa planificação que fala são as atividades de exterior, os passeios, é isso? Ou
outros lugares específicos…
R - (…) Com a articulação do 1º ciclo. Estamos a fazer aos poucos, agora estamos a
trabalhar mais a relação, eu e a colega estamos a trabalhar mais a relação.
P - Mas isso acontece naturalmente ou é planificado? Resulta da vossa uma
intencionalidade? Como é que vocês fazem?
R - É uma coisa provocada. Tem de ser provocada.
P - São vocês que sentem necessidade dessa provocação?
R - Sim. Muita necessidade dessa provocação. E temos este ano, vamos fazer de uma
maneira diferente porque temos uma abertura (…). Houve uma senhora que veio
aqui, uma professora que este ano veio, não sei se estava aqui pela primeira vez, e
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
18
nós ficámos encantadas. Porque nós fazemos uma pequena avaliação das crianças e
registamos o desenvolvimento das aprendizagens das crianças que saem. E, ela pela
primeira vez, veio aqui ao jardim e disse assim: “Por favor, eu quero conhecer melhor
estes meninos que nos mandaram, diga-me” porque ainda ninguém nos tinha dito
nada.
P - Mas há prática de fazer esses registos?
R - Já era há, há muitos anos. Já há, há muitos anos e vai para essas as mesmas
escolas. Ou não é valorizado? Não sei se é valorizado, não sei, eu não sei o que é, só
que este ano ficamos encantadas porque este ano a professora veio aqui e disse “z E
ela já tinha estado para ai um mês com os miúdos, e tinha dúvidas, este deste
[criança] e este assim. E nós dissemos ah que bom! Isto vai servir e depois nesse
mesmo dia fizemos uma proposta, que até aí ainda nós não tínhamos pensado.
Nós estamos a trabalhar isto no campo de leitura e nós podemos fazer um
intercâmbio e ela disse “Ah que giro! Então, nós começamos, então vamos fazer
assim. De quando em quando nós vamos preparar aqui uma peça, uma
dramatização, qualquer coisa, vamos preparar qualquer coisa que as crianças
tenham. E vamos mostrar ao 1º ciclo, qualquer ano do 1º ciclo. Já lá fomos, já fomos
uma vez, agora vamos outra vez com o Pedro Nunes (…).
P – Portanto, essa base de princípio do ano vão depois desenvolvendo ao longo do
ano entra no plano e essa base é para o projeto curricular, é isso?
R - Sim. E isso não estava planeado, não estava planeado e não sabíamos que ia
acontecer.
P - Portanto, o que está a dizer é que há atividades que surgem muito para além
daquela estrutura inicial. E depois como é que se organizam? Como é que
conseguem cruzar? Portanto incluem mais uma atividade, substituem por outra e
como é que fazem? Registam isso? Como é que vocês dão voz a isso?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
19
R - Vivemos muito destes registos, das avaliações. Quer dizer temos muitos desses
registos, só vemos isso quando avaliamos, das avaliações, saber afinal para onde é
que vamos? Que caminho? E depois eles vão dizendo. Só conseguimos saber isso se
eles nos disserem. E dizem, quando avaliam, e então, temos muitos tipos de registo.
Usamos muitos tipos de registos.
P – Mas no princípio do ano quando recebem o grupo de crianças, que podem ser
as que tiveram no ano anterior, ou não, como é que vocês fazem para planificar
aquilo que vão fazer ao longo ano, tanto nas atividades com projetos ou no dia-a-
dia? Fazem-no com as crianças?
R - (…). Portanto, nós logo no ano anterior já sabemos dos meninos, fazemos um
levantamento do grupo, da capacidade do grupo, do pequeno grupo ou do grande
grupo. Caraterizamos sempre o jardim em si. Que jardim é este? E cada uma das
turmas e cada uma das salas e há sempre diferenças, uma vez uma sala que tem
assim tem assado. E vemos que pais temos, que meninos temos (…).
P - Basicamente fazem aquilo que muitos chamam de uma avaliação diagnóstica, é
isso?
R - Sim … sim… do grupo que temos e depois fazemos o tal plano anual de atividades,
muito ligeiramente, achamos que é muito aligeirado, mas tem de ser. Aí metemos
aquelas tradições todas, do carnaval (…)
P – O plano de acção é a direcção do agrupamento que vos solicita?
R - Sim. Porque é para saberem bem como é que podem articular connosco.
P – Então e os outros estabelecimentos da rede da vossa escola, que fazem parte
deste agrupamento?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
20
R - Todos fazem isto.
P - Todos, mas depois vocês encontram-se para planificar e dar voz ao
agrupamento ou há uma acção que é individualizada em função da gestão, do
jardim de gestão, cruzam dentro do agrupamento essa planificação?
R - Não. Essa planificação não é cruzada, ainda não é cruzada. Portanto, os jardins
ainda estão muito em “ilhotas”, ainda estão muito em “ilhotas”. O grupo de
docentes o que tem trabalhado, e tem feito um trabalho giro, temos uma serie de
cotas (…) que sentem necessidade de partirem um bocadinho a perna, não é? Temos
feito isso. Indicado livros umas às outras, e este ano resolvemos fazer em comum,
um projeto curricular comum, porque pensamos que era a primeira coisa.
P – Na planificação?
R - Sim. Começamos a fazer isso, então em conjunto, logo em Setembro, sentimos
que havia educadores que precisavam mesmo disso, precisavam. Porque, tinham
dúvidas, dúvidas que eu às vezes ficava até assustada e são dúvidas que têm. E nós
vamos todas contribuir para que crescermos todas juntas, não é? E assim, temos
feito um trabalho todo condensado, conseguimos esse projeto curricular comum e
depois cada uma adaptou na sua comunidade diferente, e como lhe tinha dito nas
reuniões de conselho tem havido algum critério. (…)
P - Portanto, organizam-se e reúnem-se mensalmente?
R - Sim. Sim. Mensalmente. É. (…) fui eu durante quatro anos a representante ao
conselho de docentes, e este ano mudou por causa de ser eu representante do
conselho pedagógico e era representante do conselho executivo e agora passado
quatro anos houve eleições e depois mudou tudo e então avançou agora outra que
teve de ser uma educadora titular. Lá, [conselho de docentes] há três educadoras
titulares (…) e teve que ser uma educadora titular. (…).
P – Estão integrados num departamento curricular do pré-escolar? Ou estão no
departamento curricular 1º ciclo?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
21
R - Está tudo no 1º ciclo. Esta tudo no 1º ciclo. Nós não somos representadas noutra
direcção executiva, é uma direcção executiva mas não há um representante.
P - Sim. Mas a escola está organizada, em termos de departamentos de acordo com
a estrutura ao concurso de titulares, ou departamento está organizado em sub-
departamento para o pré-escolar e/ou 1º ciclo?
R - Não, não. Dantes havia, não sei como se chama, havia uma assessora do diretor
ou da direcção executiva do pré-escolar, que tinha (…) Influencia do pré-escolar,
agora não, agora elas misturaram tudo e não é assim pronto.
A organização da escola, mais propriamente aqui no jardim-de-infância, faz parte do
agrupamento, não vou dizer o nome não é, desse agrupamento, e tem à frente, (…).
P - Como é que faz para chamar as crianças ao processo da planificação das
atividades? A questão coloca-se para perceber exatamente como é que depois se
desenvolve a sua acção, quando faz essa planificação, quantas/como crianças
participam ou se participam por vezes ou se não participam?
R - Não. Porque isto é um trabalho antes de iniciar o ano letivo.
P - Antes?
R - Antes de iniciar o ano letivo. Já há uma certa intencionalidade. Depois quando
começamos a trabalhar como é que eu planeio com eles?
P - Como é que se organiza para fazer isso? As crianças são chamadas ou não são
chamadas a participar?
R - São. Eles são fundamentais, e depois o que nos acontece, o que acontece é assim,
é que muitas vezes nós não temos nada planeado que vamos fazer.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
22
P - Quando/como é que fazem a planificação?
R - Semanalmente. Semanalmente, eu e a minha colega combinamos as duas tudo o
que vamos fazer. Agora vamos ver, o que é que a gente vai fazer? “Olha que
engraçado”, por exemplo -apareceu um cogumelo e apareceu mesmo um cogumelo.
Porque aqui há muitos cogumelos, vamos falar sobre os cogumelos e, agora, por
exemplo, sobre a alimentação, estávamos a ver que havia graves problemas de
alimentação na cantina, as crianças estão sempre a alimentar-se mal e é
fundamental falarmos nisto, pronto, portanto, vamos nós lançar isto.
P - A planificação é feita sobre os acontecimentos do momento ou daquela
realidade que vão vivenciando (…)?
R - Sobre os acontecimentos que são mais significativos1, no entanto, nós quando
fizemos inicialmente, chamámos-lhe assim, vamos chamar ao nosso plano deste ano,
ao nosso projeto “A crescer”. E começamos a fazer uma teia, podiam ser coisas que
podíamos falar não era, e depois, com os estagiários também, e mais assim e mais
assado, começamos por ser só assim, quando começamos em Setembro “Como tu
és? Quem és tu? Diz aos outros como é que tu és. Como é que eu sou? Como é que é
a tua família?” - começamo-nos a conhecer uns aos outros. Isso é a primeira coisa
que fizemos. Pronto, em Setembro.
Isto é a metodologia de projeto que nós usamos.
P - Basicamente o que me está aqui a mostrar são projetos que vão desenvolvendo
com um grupo de crianças de acordo com o percurso da sua aprendizagem.
R - Isto que está aqui, foi uma teia, não quer dizer que isto vá acontecer. Isto são
intenções, e, por acaso, temos abarcado imensas, não é.
Por exemplo, ah o teatro, porque é que aconteceu isto, do teatro por exemplo surgiu
outro … o teatro falava de uma menina que se tinha magoado, daí, a menina que se
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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magoou, pronto, nós passamos por exemplo para o projeto de saúde, tudo tem a
ver, coisas com significado.
P - Muito bem. Essa planificação, tem aqui meninos de três, quatro e cinco anos,
como é que adapta?
R - Como é que adapto? Portanto, é assim estou aqui, muitas vezes os mais
pequeninos não estão preparados, enquanto, os grandes estão abertos a tudo,
muitas vezes os pequeninos vão um pouco a reboque, e eu vejo, que montes de
vezes que estão um bocadinho sentados, chamo-os e vou os envolvendo e vou (…),
entretanto, há alturas que eles não querem estar e dizem: “Posso ir brincar um
bocado para a rua?” (…) Muitos vão e não se querem envolver. Os meninos que
temos, temos meninos muito engraçados, temos meninos com deficiências [não
perceptível], como temos pequeninos que não querem, temos pequeninos que
querem pronto.
O que eu tento, é fazer muitas vezes com que os grandes, através dos grandes, os
grandes puxem os pequeninos, mas às vezes nem os grandes querem nem os
pequeninos estão interessados e eles querem que os pequeninos se interessem,
outras vezes, quando vejo que a criança tem latência (…)
Não, nem penso isso. Uma coisa que eu não penso é como é que eu vou falar isso, se
os de cinco apanham, se os quatro apanham.
P - A sua experiência já lhe consegue dizer?
E -Se calhar, se calhar, nem penso isso, isso é uma coisa muito intuitiva. Nem eu
nunca penso nisso, nem eu nem a minha colega, mas, como é que nós vamos fazer?
P - Tem registos dessa planificação?
R - Sim, nós registamos essas planificações todas e registamo-las depois, é isso que
fazemos.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
24
Sim, depois da acção?[Questiona e Pensa]
Sim, depois da acção. O que acontece é assim, é que para além do registo à
posteriori há a planificação, é que nós fazemos um esboço à quinta-feira do que vai
acontecer, não é? Um esboço. E o que é que acontece, é que durante a semana
seguinte as coisas não acontecem assim.
P - Então mas esse registo que faz, é sobre o desenvolvimento de uma atividade,
não é?
R - É de um projeto que possa surgir.
P - O desenvolvimento desse projeto?
R - Sim. Nós estamos a falar da planificação, ela pode ser feita ou não ser feita.
É isso. É.
P - Porque a sua experiência diz-lhe que tem de fazer isso?
R - Não. Com os miúdos costumamos planear, mas eu nem (…), por exemplo, ali,
naquela cruz, quando estamos, o que é que já sabíamos, ou que é que por exemplo
ali, pois aquele é em relação à avaliação, não dá. [o educador aponta para um registo
afixado no placard]. Mas o que é que nós [fazemos], o que é que nós vamos fazer
“Querem fazer isto?”, nós estamos a planificar, quer dizer, não vamos escrever. Isso
não, não vou escrever, não é! Não preciso, tenho muita coisa para fazer para além
disso.
P - Mas para se tentar perceber, diga-me em traços gerais qual a estratégia que
utiliza, a estrutura que segue, de um modo geral.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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R - Não. Eu não escrevo a planificação com as crianças.
P - Se quiser caraterizar basicamente as suas práticas educativas, como as
carateriza? Qual o modelo pedagógico a que pertence?
R - Estamos fartinhas de pensar nisso e não consigo encaixar-me numa só. Nem eu
nem ela [par pedagógico] estamos fartinhas de pensar. Olhe, eu revejo-me muitas
vezes no MEM [Movimento da Escola Moderna], pelos instrumentos que usamos,
nos momentos de avaliação, nos momentos de planificação, nos inúmeros
instrumentos que usamos e temos muitos instrumentos com valores e, revejo aí
também nos momentos de planificação, e depois de avaliação, portanto, eu revejo-
me no MEM, revejo-me por aí, também no Reggie Emilia, e ando por ai, e na
interacção que há com as crianças e do que eles muitas vezes, paramos para pensar
em reunião e falamos muito da nossa acção, e portanto, deparamo-nos por aí, vejo
(…) umas preocupações grandes que eu tenho, eu e a colega temos, é o ambiente do
jardim2, o ambiente e a relação entre todos, também entre todos, especialmente da
equipa, porque às vezes não é fácil mas é fundamental o bem-estar, fazer em
continuidade, com os pais, estarmos todos muito interessados e temos conseguido.
P - Basicamente é através do modelo da escola moderna e a sua filosofia?
R - Sim, sim e depois também no Reggie Emilia, nesse ambiente de bem estar, que
toda a gente tem de colaborar para um objetivo comum.
P- E quando vocês estão aqui a aplicar o Projeto DQP, têm algumas diretrizes que
vos tenham trabalhado, preparado especificamente?
R - Este, não é os primeiros anos que estamos com o DQP.
P - Mas também se revê nessa metodologia de trabalho [DPQ] e nos seus princípios
e no MEM e sua filosofia e como disse também um pouco no Émila Reggie. Isso, de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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certa forma também entra na vossa prática, é um misto, é assim? É isso?
R - (…) Também achamos que há um bocadinho High Scoope nas áreas chave, nos
cantinhos, é um misto, já analisámos, já pensámos inúmeras vezes, e tiramos um
bocadinho de cada (…). Usamos muitas vezes as áreas chave que era para depois
pensarmos e organizarmos em relação a cada criança quando estamos a ver aqui
este menino e vamos ver e muitas vezes usamos as áreas chave. O livrinho vermelho
muitas vezes utiliza dependendo da aprendizagem.
P - Mas este ano, efetivamente, estão a utilizar o Projeto DQP?
R - Sim. Já é a segunda vez
P - O que fizeram logo no princípio do ano para a planificação?
R - A primeira vez o que fizemos e portanto estamos a dar continuidade, foi feita
uma avaliação do contexto. Foi uma avaliação muito importante, foi nas dez
dimensões do DQP, que envolve uma série de parâmetros que são importantíssimos
e eu não me tinha nunca apercebido que tem importância. Aquilo está bem feito,
[está] mesmo correto, sobre o nosso conhecimento, porque o nosso pensamento,
estrutura-nos de uma maneira que nós pormenorizamos tudo, é tudo visto ao
pormenor, e que é muito difícil. O que é importante no projeto educativo, tudo, foi
tudo… e depois que é um bocadinho difícil envolver nesta equipa e agora conseguiria
também (…) e essa parte devia estar um bocadinho mais cuidada, acho isso um
bocadinho desmotivante, (…) eu estou me a desviar, portanto, fizemos a avaliação do
contexto, fizemos entrevistas ao presidente da junta, ao nosso diretor executivo,
tudo a ver com essas dimensões, fizemos entrevistas aos pais e entrevistas às
crianças. As entrevistas aos pais foram importantes e foram feitas por um elemento
externo, e isso é muito importante, dá-nos é uma perspetiva de como, pronto, o
olhar dos pais, que nós ainda não tínhamos visto, e que por esse meio, não dá para
ver, e os pais também não e ali tumba. Apareceram. Apareceu preocupações dos pais
que tinham com a segurança do jardim-de-infância, com o problema da cantina, dos
almoços, pronto. Portanto, para além disso, depois, passamos a outro plano que foi
das observações das crianças e do adulto, então como é que eram as das crianças?
Nós construímos nessa altura uma ficha diferente daquela que vinha no manual,
fizemos dois em um. Porque isto tinha duas. Portanto, a nossa ficha tem, deixe-me
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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mostrar aqui, tem o envolvimento, tem tipo de iniciativa, tem as oportunidades
educativas. Quer ver, olhe, (…) [o educador mostra a ficha ao entrevistado],
simplificámos porque isto foi dois em um, porque o manual só tinha duas.
P - Então, fizeram isso logo no início do ano, logo no arranque para o projeto do
DQP?
R - Isto foi feito agora. Eu estou só a explicar-lhe como é que isto foi feito agora,
nestes dois momentos. Portanto, um momento em Janeiro, outro em Abril. Depois
vamos fazer outro em Junho e vamos ver (…).
P - Então fizeram o estudo do contexto educativo, com as dez dimensões?
R - Já tínhamos feito o outro ano. Nós agora estivemos a fazer o plano de
implementação de acção. Estamos mais adiantadas no DQP. Fizemos isto tudo com
as crianças, fizemos com o adulto. Porque fui observada por outras pessoas [não
perceptível] com objetivos finais. E houve situações que eu vi e [disse] não, eu vou
ser mais precisa, vou tentar explicar. Às vezes, por vezes, os olhares externos podem
ver uma coisa, uma história, mas, não saber o que está por detrás. E eu fui
confrontada com coisas. Isto já me tinha acontecido, que foi a pouca autonomia que
é dada às crianças, como quem diz: pouco é assim [o entrevistado queria dizer que
não era dada autonomia às crianças]. (…) Embora eu ache importantíssimo alguém
que venha com outro olhar, para nos ver e para nos dizer. E para nos dizer no sentido
de me fazer sentir a mim.
P - Pode falar-me um pouco mais porque é que faz essa observação?
R - Esta observação já se fez este ano outra vez. Este ano fizemo-la este ano outra
vez, porque tínhamos cá as estagiárias, e foi muito mais fácil, senão, é muito difícil.
Então, fizemos assim, fizemos uma planificação, vamos observar os meninos. E são
dez meninos de cada sala. E estão lá as regras no manual, são dez meninos por cada
sala. Têm que ser X por cada sala, distribuídos igualmente. Portanto, nós fizemos
dois de três anos, três de quatro anos, e cinco de cinco anos. E fizemos igualmente, o
número de rapazes e de raparigas iguais, e o quê que fizemos mais [pausa para
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
28
pensar]. Portanto, o número de crianças, e os timings. Todos os dias observávamos
duas crianças em quatro momentos distintos, duas de manhã e duas à tarde. E
portanto, às nove tal dez e tal, e, àquelas horas estivessem os meninos a fazer o que
fizessem, nós íamos observar as crianças. E observávamos o quê?
O tipo de atividade, se era livre ou se era orientada. Em que área é que era. Se era
expressão dramática, expressão plástica, expressão escrita, (…), depois, o nível
envolvimento da criança observada, e isso é aquela que é necessário um treino. E
isso é muito engraçado e muito discutível, que tem a tal escala. É a escala que tem o
nível de envolvimento, a tal do Leavers, e que tem: nível de 1 – não há envolvimento,
a criança não tem envolvimento. …
P - Tiveram formação para saber aplicar essas escalas?
R - Sim.
P - E a descrição que me falava, quando é que é feita?
R - É no momento. A criança é observada durante dois minutos, dois mais três,
porque nós filmamos. Este ano nós filmamos. E portanto, são dois mais três. Dois nós
filmamos, e depois temos mais três a observar. E depois retiramos as pausas no
relato. Este relato é um relato só da observação. Fazemos isto para o DQP e é uma
amostra; agora eu e a minha colega costumamos fazer sempre isto, porque nós
precisamos muito disto, porque temos que fazer um diagnóstico das crianças logo no
início do ano, para sabermos o quê que achamos, para fazermos o diagnóstico, e
dizemos “tu sabes tanta coisa diz-me lá o quê que sabes”, e eu vou registar o quê
que ele sabe, não é?
E depois disto, o quê que nós achamos. As outras crianças também têm que ter
registo.
P - Então, aquela aplicação que era para ser feita a um grupo de dez crianças,
acabou por ser feita aos outros?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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R - Não. Não fizemos a todos, acabámos por fazer aos outros de 5 anos. Só aos de 5
anos, pelo menos os de 5 anos, porque não tínhamos tempo para fazer mais. Porque
depois, assim, todos os que fossem para a primária já tínhamos os elementos.
P - Acabaram então por não fazer a todos?
R - Sim. Se pudéssemos fazíamos a todos. Mas este ano com as filmagens foi muito
difícil. Eu prefiro isto mais simples sem filmagens, mas nós queríamos implicar as
estagiárias para as treinar. E porque, depois, elas tinham que treinar e saber que tipo
de envolvimento é. E elas tinham que saber. Tínhamos que as treinar. Elas tinham
que ver. E agora também estamos a fazer isso com elas. E também o fazemos como
uma melhoria da nossa prática no DQP. E isto, ajuda-nos imenso, e eu agora fui ouvir
o Leavers, e ele já fala nas competências, e no bem-estar, no nível de bem-estar.
Mas, nós estamos sempre atentas.
P - E faz registo disso? Quando?
R - Fizemos primeiro em Outubro um diagnóstico e agora fizemos a 1ª observação,
em Abril vamos fazer a 2ª, e depois é que vamos fazer a última e saber. Vamos fazer
o tal relatório. E depois vamos fazer o plano de acção, outro plano de acção.
P - Esse plano de acção pareceu-me que o considera um momento de avaliação? É
isso?
R - Sim. Sim, considero-o e considero-o um momento muito importante. E isto é
engraçadíssimo, porque nós, na verdade temos oportunidades [audição
imperceptível] porque nós muitas vezes não tínhamos reparado. Porque está sempre
naquele cantinho, ou faz sempre aquilo, e nós não tínhamos reparado, e em coisas
que nem tínhamos visto. [o entrevistado refere-se à criança observada]. E são
sempre coisas que naquele momento fomos obrigadas, entre aspas, fomos obrigadas
a uma observação mais cuidada, que fizemos, sem inferências e, este momento é
importantíssimo. E nós, eu e a minha colega, por outro lado achamos que isto era
uma coisa a ir para o portfolio das crianças, e então, fazemos este registo e isto
depois vai para o portfolio das crianças, e damo-lo aos pais, estamos a tentar
pormenorizar, (…) com os pais, como no DQP, (…) para os pais, para a educadora,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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tinha que ser de uma maneira, mas, quando é para os pais era outro [maneira].
Porque para os pais há coisas que não lhes faz sentido. Há coisas aqui que não fazia
sentido. Eles ficam mais satisfeitos e depois vamos ver, e depois adaptamos é a
linguagem. E é isso mesmo. Adaptamos a linguagem e falamos um bocadinho mais,
inferimos um bocadinho mais. E esta é para darmos a conhecer aos pais, essas
coisas, por exemplo, eu acho (…).
Nos outros eu procuro não inferir [DQP]. Nas outras eu procuro fazer uma descrição
isenta sem dizer o que acho e o que não acho. Exemplificou: “E está na aula de
movimento e não gosta destes momentos, mas é uma criança muito alegre. Este é
um espaço, para poder extravasar a sua energia”. Isto eu digo para a mãe. Ou se por
acaso não for mãe eu sei que isto é preciso dizer a esta criança. Por acaso não vive
com a mãe, vive com o pai e vive com a madrasta, claro, madrasta no sentido
figurativo. E eu sei que tenho que dizer aquilo, mas isto não interessa nada numa
observação em que eu estou a ver outras coisas.
P - Então adapta esse registo a uma linguagem que possibilite a família receber
essa informação?
R - Isto depois acaba por ser um incidente crítico que aconteceu com a criança, mas
eu queria aproveitá-lo para outras coisas. Para estes casos específicos.
P - E portanto, a utilização desse registo de observação [do DQP] na sua
metodologia de trabalho, entende que é importante?
R - Acho. E depois é assim. Eu faço sempre um rascunho, porque eu sou muito
trapalhona, porque nós fazemos sempre tudo a correr, não é? Escrevo, depois vou
para casa. E depois quando vou para casa e vou por isto a limpo, e ta, ta, ta, eu paro
outra vez a pensar nisto. E isto é tão importante para nós e para nós conhecermos os
meninos, e depois eu na minha prática, eu já os conheço assim como a minha mão.
Porque aquilo é tudo dentro de nós, mas tem que ser com tempo, depois leva tudo
muito tempo, mas é assim (…).
P - Que outro tipo de instrumentos utiliza para fazer os registos de avaliação?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
31
R - Tem outro instrumento que eu acho óptimo, sem ser o das entrevistas aos pais e
sem ser este, e sem ser o das entrevistas às crianças, que vamos aprofundar porque
achei que havia ali um potencial muito grande [não perceptível] (…), e acabei por
utilizar para fazer entrevistas a duas crianças, estávamos dentro da sala, e eles iam
falando as coisas e iam-me dizendo as coisas, consoante aquilo que estavam a ouvir,
e então tive que os mudar de sítio. Mas, as entrevistas depois de lidas, eles pensam
em tudo, fiquei encantada. Eles sabiam contar o dia-a-dia, a rotina diária, tudo. Eles
sabiam o papel de cada pessoa aqui, o quê que eles são, o quê que eu fazia, o que a
minha colega fazia. Fiquei encantada.
P - Tinha a entrevista estruturada?
R - Sim. Estava estruturada pelo DQP. Perante as dez dimensões, todas perante as
dez dimensões. Eles vão-nos dando tudo para o nosso plano de acção no fim. Isto dá-
nos muito trabalho. Mas, é muito engraçado e, quando nós nos apercebemos e
vemos bem isto, e eu já em 2001 fiz uma primeira abordagem, só a parte mais
técnica de pormenorizar o […] e eu já em 2005, 2006, 2007, implementámos no
jardim-de-infância, o plano de acção.
Este ano, o ano passado isto caiu, e nós continuámos a pormenorizar este plano de
acção. Este ano pediram-nos outra vez, e usámos as fichas todas outra vez,
continuámos a usar estas fichas. (…) e este ano continuámos o plano de acção
porque, depois, surgem novas coisas, nós temos feito os inquéritos, e fizemos um
inquérito aos pais que já tratamos. (…)
P - Utiliza os inquéritos como instrumentos de diagnóstico? Foi o que quis dizer?
R - Estes inquéritos foram feitos com base nesse plano de acção que tínhamos feito e
quando havia dúvidas dos pais e queriam saber as rotinas do jardim-de-infância. Isto
no que se refere aos pais, quando estes não sabiam. Então, nós depois começámos a
fazer outras coisas para os pais.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
32
P - Então esse inquérito foi feito com base numa necessidade que sentiram?
R - Isto derivou do tal plano de acção que nós trabalhámos no DQP, da 1ª vez. Deixa
lá ver o quê que eles sabem? E então fizemos. Isto valoriza-nos.
E o quê? Para ver se vamos adaptando (…).
P - Nas atividades do dia-a-dia que outros tipos de registo utiliza?
R - O livro de memórias, o livro de ponto, o livro de ponto também serve para as
crianças por exemplo às sextas-feiras, para fazermos a avaliação do que fizemos na
semana. E eu gosto, como já teve oportunidade de ver, gosto de o ir fazendo com
registo de fotografia, e ele também serve como auxiliar de memória. E serve, porque
eu faço assim: fica aqui tudo registado. Este livro de ponto é do agrupamento, ele já
existe há uma série de anos e que eu comecei a adaptar. De início só escrevia, e
punha os tópicos do que tínhamos feito, e depois questionei: “Mas, porquê que eu
não uso este livro com mais sumo? Porquê que as crianças também não hão-de
participar nele? Porquê que não há-se ser um instrumento óptimo para me ajudar a
mim na minha prática e às crianças?” Então toda a gente participa no livro de ponto.
[e diz] “Olha aquele dia em que veio cá o senhor tal e tal”. E portanto, ele também é
muito importante para o jardim-de-infância. Olha o dia em que vieram cá por os
barcos?. Ficou cá registado. Olha o dia em fizemos ginástica e usámos isto. Para além
do dia em que fizemos o casamento da gata, o dia em que fizemos as fichas para o
portfolio, é outro momento em que registámos também. Muitos vezes fazemos
registos em que as crianças que as crianças dizem oralmente o que fizeram, e
expressão em desenho ou expressão plástica também. Eles contam muitas as vezes e
gostam de usar o seu portfolio (…), mas também fazemos registos em grande grupo.
Eu registo assim. Registo também assim, porque tenho necessidade de escrever
mais.
P - Esse tipo de trabalho de registo que realiza e utiliza no dia-a-dia, qual é a sua
relação/ interferência com o desenvolvimento da sua prática?
R - Isto permite-me o trabalho tomar forma, e auxilia-nos para avaliarmos o que
fazemos e até para eles dizerem: “olha como eu fazia estes bonecos e agora já sei
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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fazer melhor” ou como avaliação das crianças, para ver o portfolio, para ver o seu
percurso, e outras coisas do momento.
A utilização dessa avaliação não é feita de momentos formais, ela é feita para registo
da acção e, é para usarmos aquilo para continuarmos a fazer e utiliza-la como
avaliação formativa. Ela é continuada e serve para nos dizer o que é que vamos fazer
a seguir e a eles próprios também. Dá para eles escolherem os seus caminhos e para
eu ir vendo e fazer uma avaliação formal com a recolha desses registos em termos de
escola.
Eu até consigo ver com estes registos individuais aquilo que eu preciso de trabalhar
mais com eles. Ou quê que o João ou o Pedro precisa para ir mais além, para eu o
motivar. Coisas tão simples que eu por exemplo, tenho uma garota que entrou há
dois meses no jardim-de-infância e não quer ainda participar quase em nada da vida
jardim-de-infância. Lembro-me de um momento que por exemplo, hoje pela
primeira vez o movimento que fizemos na entrada (…), coisas tão simples como esta.
Como é que eu hei-de fazer para que ela participe. [Questiona] E portanto, a
avaliação para mim é fundamental.
P - Então, utiliza a observação, registos como práticas quotidianas na avaliação das
crianças e das suas aprendizagens. Quando escolhe ou se decide pela utilização
deste ou daquele instrumento de registo. Porquê que escolhe esse e não outro?
Qual é a base da sua escolha?
R - Porquê que escolho? Ora aí está uma pergunta muito importante para mim.
Nunca tinha pensado nisso, não sei porquê que escolho. E porquê que eu agora já
faço diferente, já não faço igual? Nós já queremos fazer mais, e isso, é porque a
minha prática assim me obriga. A minha necessidade de ir ao encontro e de saber
que desenvolvimento e que aprendizagens são que hei-de desenvolver para aquilo e
naquela hora. Isso tudo é que me leva a escolher. Mas nunca pensei nisso. E vou
alterando, não sei se como uma melhoria, porque às vezes andamos para trás. Uma
mudança há. Penso que interferem aí os fatores pessoais e os profissionais. Eu acho
que interfere tudo. Porque é assim: eu sou assim, tem a ver com a minha
personalidade. Tem a ver com o percurso profissional.
P - Estes projetos em que tem estado envolvida tem-na ajudado?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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R - Tem-me ajudado muito. Porque é assim, eu sou uma pessoa tão [pausa para
pensar] insegura, tão cheia de dúvidas. E, por vezes, eu chego a casa e digo, espera:
“Ai meu Deus, mas eu não sei nada disto”, e estou sempre assim. E depois eu digo, à
minha colega: Olha vamos ver isto que eu não sei e vamos, e procuramos muito as
duas. E ela como colega tem sido fundamental para mim, tem sido fundamental no
meu percurso. Temos crescido muito juntas, “é como se fosse um cruzamento que
eu tenho com ela”. Ela corresponde […], mas há ainda mais toques que temos que
dar. Há muitas coisas que ainda temos que mudar. E temos muitas coisas que
queremos mudar. Temos que dar uma outra estrutura ao portfolio.
P - A utilização dos seus instrumentos de registos corresponde às necessidades
para efetuar a avaliação das crianças?
R - Sim. Não sei se consigo melhorar. Eu que eu gostava de melhorar e que eu
gostava de trabalhar mais com os pais e de implicar mais os pais. Falta-me muito
isso. e dar outra vos ainda às crianças.
P - Como é que em poucas palavras pode descrever a avaliação que faz?
R - O que eu sei é que a minha prática é uma prática muito flexível. Isso eu sinto que
é, e que é muito adaptada às circunstâncias, e com desejo enorme de mudar sempre
para melhor. E às vezes, não tem resultado, às vezes ando um bocadinho para trás,
mas depois, agarro-me outra vez. E há uma coisa que eu acho que é fundamental é o
tipo de linguagem que eles usam, porque eu tenho muito tempo de estar aqui
também e facilitamos às vezes. Eu agora estou a fazer o exercício ao contrário e por
vezes custa-me, e custa-me muito. Mas faz sentido, mantermos um espírito (…), eu
todos os dias quando venho aqui para o jardim-de-infância venho bem, venho feliz,
porque venho encantada com os meninos. E eu isso não sei explicar.
P - Qual a para participação das crianças na avaliação das suas aprendizagens. Quer
se coloque ao nível do projeto DQP, quer em termos de dinâmicas de jardim-de-
infância, quer ainda da sua prática quotidiano?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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R - O que eu costumo fazer é isso. Esses registos todos. Primeiro todas as sextas
feiras nós vamos arrumar os trabalhos. Para os colocar nas pastas. Umas vezes
vamos mesmo só arrumar, outras vezes vamos falar sobre o que foi feito nessa
semana. Então, as crianças manifestam-se sobre o que gostaste e o que não gostaste
de fazer, umas vezes registamos o que gostamos mais ou menos. Outras vezes
fazemos desenhos sobre o que gostaram mais, mas, às vezes eles não se lembram.
Por isso, este apoio deste livro faz-nos pensar. E olha, eles lembram-se.
P - E vai registando o que eles vão dizendo?
R - Umas vezes fazemos oralmente sem registar, outras vezes não. Desta vez, fizemos
este assim porque fizemos com as estagiárias, utilizamos as fotografias para eles
escolherem. Utilizamos estes registos de fotografia, outras vezes são áudio, não de
vídeo. E agora estragámos a máquina vamos ver como é que agora vamos fazer.
Estamos um pouco limitadas a isso, mas pronto, temos ultrapassar.
Penso que sumariámos tudo. Não falamos talvez nos registos de parede. Penso que
sumariámos tudo. Não falamos talvez nos registos de parede.
P - Qual a valorização que atribui à sua prática educativa? As suas implicações na
sociedade?
R - Na minha vida é uma coisa muito, muito, grande. É quase principal. Eu ando
sempre, claro que tenho a minha família, mas eu ando sempre a pensar, (…). Sinto
que contribuo, sinto-me realizada e sinto-me feliz com o que faço. Tenho feito algum
trabalho, tenho feito.
P - Qual a valorização que dá à educação de infância?
R - Acho que nos dão mais importância. Acho que ainda não nos a estão a dar. E eu
vejo isso no meu agrupamento. Eu vejo isso no meu agrupamento, há por vezes
algumas situações em que eu vejo isso. Há por exemplo agora uma em que queriam
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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que eu fosse dar almoço, em detrimento das atividades. E eu pergunto se alguma
professora de português, inglês, se alguma vez alguém diz: “A senhora hoje vai dar
almoços, não dá a aula”. Tenho momentos que fico aborrecida, e mais irritada. Têm
que entender que nós aqui não estamos a entreter, e que é muito mais do que isso. e
eu fico aborrecida, mas tenho conseguido me fazer valer. Não, não, vai dar almoço
porque da parte da tarde as crianças ficam com uma vigilante.
Não. Não. Mas o que é isto? Tem que ser ver isso. e tem que se ver com muito
profissionalismo.
P - Tem mais algum dado que gostasse de referenciar e que não lhe foi
perguntado?
R - Que acho muito importante os investigadores, porque muitas vezes nos fazem
pensar em coisas que por vezes nós nem nunca pensámos. E quando nos perguntam
coisas, que nos fazem pensar. É bom. Porque quando me batem à porta a pedir para
investigar eu digo, venha. Venha, porque me vem ajudar. Porque, quando me
perguntam, há coisas que eu digo: eu não sei.
Então, ai meu Deus! Eu não sei dizer isso porque eu nunca tinha pensado. Mas eu
faço. Então mas como? E eu penso. Então, isto começa-se a desmontar. E eu acho
que isso é muito importante, e o não ter medo e o estar atento. Porque daquela vez
que me disseram tu não dás autonomia às tuas crianças. E eu estava muito segura
que sim. E ela disse não, não. Olha aqui. E eu a ver aquela patrícia, que eu não
queria ver, mas era aquela mesmo que eu era. Mas isto estava tão, tão embutido na
minha pele que eu não via. E eu penso, mas como é que eu vou conseguir? Mas vou.
Mas, eu compreendo que custa.
Muito obrigado pela colaboração.
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5. PROTOCOLO DA ENTREVISTA EDUCADORA B - E2ALC
PROTOCOLO DA ENTREVISTA
EDUCADORA B
DATA
2008.05.28
CÓDIGO
E2ALC
Legitimação da Entrevista
APRESENTAÇÕES FORMAIS
Pequenas Explicações e Objetivos da Entrevista
P1 - Começo por agradecer toda a disponibilidade e colaboração e por ter permitido
que observasse momentos formais e informais da sua prática letiva e por ter acedido
conceder esta entrevista. Para iniciarmos esta nossa conversa começo por lhe
perguntar: Hoje, quando cheguei pela manhã as crianças estavam todas reunidas
neste espaço.
Fale-me um pouco do seu objetivo na utilização deste espaço.
E1 - É o espaço para o acolhimento, é o espaço onde fazemos a gestão da vida do
jardim-de-infância, digamos assim. É o espaço onde planeamos, é o espaço onde
avaliamos, é o espaço onde definimos as linhas gerais, onde combinamos as coisas, é o
espaço em que aproveitamos para esta hora do conto. É utilizado todos os dias para o
acolhimento, onde preenchemos os quadros todos os dias, mas que agora isso começa
a tornar-se maçador. Porque a rotina já estão tão [interiorizada], que quando chegam,
já fazem o preenchimento dos quadros. Eles marcam o tempo, para depois se fazer o
gráfico e contabilizar, para se ver no mês tal e tal, e se ver as diferenças, e seguir uma
metodologia, e se poder ver se no mês de Maio, por exemplo se houve quantos dias
houve de sol, quantos dias de chuva, fazem o registo. Portanto, eles agora
normalmente já fazem. Quando eles vêm para aqui, para o acolhimento já isso está
feito, porque há um responsável por isso, que semanalmente é definido. Há sempre
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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um responsável. E depois, fazemos um gráfico [com a informação].
P - Qual é o objetivo?
E2 - É para eles depois verem que durante o ano há vários meses que o tempo varia de
acordo com as estações do ano, que no Verão há menos dias de sol, menos dias de
chuva. Depois eles contam e contabilizam. Também é uma forma deles fazerem a
contagem, e saberem fazer a contagem e saberem fazer a leitura do quadro,
relativamente aos dias. Também é uma abordagem à matemática, e deles saber fazer
a leitura do quadro, com uma dupla entrada. Cada semana é escolhida os responsáveis
pelas tarefas, que têm que executar. Há responsáveis pelos animais, há responsáveis
pela rega das plantas jardim e dos morangos. Esta semana já viram o fruto disso, já
comeram imensos morangos. E portanto, sempre seguindo as regras, fazendo a
contagem, no mapa das presenças com as crianças que faltam, e ver os que vêm à
escola, isto também é uma maneira de eles começarem a ter contato com o mundo e
saberem ver e contabilizar. Isto é uma iniciação à matemática.
P - Esta manhã estava a dizer que iam fazer a arrumação dos trabalhos, que iam fazer a
avaliação, até posso dizer qual foi a frase exatmente que disse: “Temos que lembrar o
que fizemos esta semana e temos que fazer o sumário, temos que acabar o quadro e
fazer as avaliações”. Pode pormenorizar e explicar o que queria dizer com isso?
E3 -Então, temos que acabar os quadros, porque ainda não acabámos. Alguns ainda
não terminaram, porque temos que dar continuidade, porque às vezes, porque senão
relembrarmos as coisas, depois, senão “morrem”, temos que fazer a avaliação, muitos
não fizeram, ainda só quatro é que fizeram, e depois temos que fazer a arrumação.
Porque é assim, antes eles arrumavam, [e aponta para um dossier onde estão
trabalhos efetuados], esta é a avaliação sobre este [e mostra um trabalho feito], este é
para o portfolio, posso dizer assim, para fazer a avaliação sobre a atividade
desenvolvida. E no final da semana eu costumo ler o que fizemos durante a semana.
Pego na pasta pedagógica que já sabe o que é, não é, e depois, todas as semanas nós
fazemos um resumo do que foi feito durante a semana. Muitos vezes fazemos a
planificação, que é o caso desta semana, fizemos uma planificação que tem a ver com
os objetivos daquilo que pretendíamos trabalhar, e muitos as vezes chegamos ao fim
por constrangimentos vários, ou porque pelos miúdos houve interesse e demorou
mais a fazer determinada atividade, e portanto, nós chegámos a cumprir todas (…);
Nós por exemplo tínhamos um objetivo que era de começar a trabalhar uma história,
relacionada com a época que estamos agora a viver, a primavera, com o tempo das
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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sementeiras e isso, e, não deu tempo.
P - Esta ficha é uma ficha destinada a ir para o portfolio. Foi assim que a elaborou foi
esse o seu propósito?
E4 - Exatamente. Já é de propósito. E tem outro objetivo específico, é que interessa-
me que eles consigam saber porquê que fazem determinadas escolhas. Eles tinham
dois quadros que podiam escolher, eu podia até só apresentar um quadro, mas não.
Foi intencional, ao apresentar dois quadros eles podiam escolher um quadro, e,
depois, teriam que justificar. Interessa-me que eles saibam justificar e comecem a
aprender o porquê que fazem as coisas. Ou porque gostam mais daquela cor, ou
porque é mais alegre. Houve uma até que me disse que escolheu aquele porque ele é
mais macio, associou a cor clara ao macio. Se calhar era o mais alegre que ela queria
escolher, não sei. Interessa-me, e é fundamental que eles aprendam e saibam justificar
e a saber a razão do porquê.
P - Utilizou esses dois quadros e foi com o objetivo de fazer esse registo e o trabalho ir
para portfólio. Mas todos os trabalhos que vão para o portfólio são intencionais ou por
vezes entender que justifica lá colocar?
E5 - Por vezes entendo e acho que devo lá colocar e porque se justifica. Ou então, é
por eles acharem que se justifica. Porque o portfólio é uma construção que devia ser
conjunta. E, eu às vezes, ainda falho muito, ainda estamos muito no início, ainda
estamos muito a apalpar terreno. Porque, por exemplo, agora este da pasta
pedagógica, também vou mostrar [e mostrou o trabalho a que se referia] e, é para que
os pais essa visão pedagógica, e não é só o resumo, não leva só o resumo do que
fizemos esta semana. A planificação é por vezes uma coisa, é o antecipar coisas, e
depois, o que se concretiza é outra. Depois tem os avisos, e tem também muitas vezes,
para eles depois em casa também trabalharem com os pais sobre a atividade que
fazemos. Por exemplo, esta sensibilização na arte Miró é uma sensibilização que a
maior parte dos pais não sabe quem é Miró. E os miúdos chegam a casa e começam a
falar, e para eles estarem a par da situação, fizemos um breve resumo de quem era
Miró, o que é que ele fazia, e depois, pedimos e perguntamos: “O que é que o seu filho
comentou sobre o trabalho que foi feito no jardim-de-infância acerca disto? Por
exemplo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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P - Assim, é a própria família que faz o registo.
E6 - E depois vai para o portfólio. E portanto, é a implicação da família no trabalho do
jardim-de-infância e para eles estarem por dentro dos assuntos e bem, porque senão
vamos aqui dizer: “Começamos o projeto sensibilização de arte com o pintor espanhol
Miró, e eles não sabem. Assim já sabem quem é. E então quando lhes falam sobre o
assunto, o pai, ou a mãe ou a avó, a família tem conhecimento também. E isto é uma
forma dos implicar na vivência do jardim-de-infância.
P - O que gostava de me dizer e que eu não lhe perguntei sobre a sua prática
educativa? Como é que ela está a decorrer, se está a conseguir concretizar os objetivos
que planeou?
E7 - Há uma coisa que eu gostava de dizer mais. Nós andamos a desenvolver aqui um
trabalho DQP, em que fazemos as observações, e ontem até tivemos aqui reunião, e é
engraçado porque os instrumentos que eles dão são extremamente válidos. São
instrumentos de observação, instrumentos de avaliação, mas, a sua aplicação tal como
está exatamente lá no DQP é para a avaliação do nosso trabalho e desenvolvimento do
nosso trabalho e, na forma como os pais depois o vêem. Mas, a forma como está e, se
seguirmos exatamente como está estipulado, pronto, exatamente como está lá,
chegamos à conclusão que não nos dá a leitura exata do que é a vida aqui do jardim-
de-infância. Que engraçado, por exemplo um dos resultados que deu foi que não
trabalhávamos [não identificou], houve anos em que fizemos isso, o nosso principal
[objetivo], é que queríamos trabalhar essencialmente a abordagem à escrita, e as
tradições orais, e, quando fizemos a leitura [avaliação] não deu nada disso. Que
engraçado! Porquê?
Porque aquilo que a experiência nos diz, porque já aplicámos o projeto DPQ por
diversas vezes, e por vezes não regista a nossa realidade. Por exemplo, ajuda [na
avaliação], mas eles querem e as normas são: naquele dia, no dia 2 faz de conta, eu
vou observar a criança X, às 9, às 10, às 11 e por exemplo às 12. E depois de tarde tem
que se observar naquelas horas certíssimas, tem que ser exatamente naquela hora, e
isso às vezes, não dá. Para nós era mais importante, se calhar, registar os incidentes
[incidentes críticos] e aquelas áreas em que sei que vai retratar exatamente aquela
criança, ou o que se trabalhou naquela altura, por exemplo, e nós aqui já enviesamos
um bocadinho o processo. Aplicamos o projeto tal e qual ele é, mas, depois, para nós
para nos dar a nossa leitura, daquilo que nós queremos e de como é a criança, já
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vamos por outros caminhos. Porque, senão, no retrato e olhe, houve uma das alturas
em que uma das crianças ao ser observada só apanhei no acolhimento, naquele dia,
não sei porquê, em trabalho de grande grupo, só o apanhei em trabalho de grande
grupo, e portanto não retratou o que era aquela criança, não retratou o que era o que
aquela criança gostava de fazer mais, em quê que ela sobressaía mais, o que é que ela
se empenhava mais, e, não, não mostrou. E, isso interessa-me.
P - Portanto, neste momento vocês fazem os registos de observação aqui no jardim-
de-infância, do projeto do DPQ, e para além disso, utilizam a vossa própria
observação?
E8 - Sim. E muitas vezes, portanto fazemos registos de evidências. Olha este está a
trabalhar e vemos, este miúdo é isto, é isto mesmo. É um líder nato, ele consegue, e, aí
vou observar e faço o registo. Eu acho que aí sobressai mais o que é aquele miúdo.
Aquele miúdo é um líder em todos os momentos, é em grande grupo, é em pequeno
grupo. Para mim tem mais importância fazer o registo assim, do que pensar. Vou fazer
daquele menino aquela hora, aquela hora certa, não me diz às vezes muito.
Portanto, nós temos que usar talvez esse, e, depois, outros. Os incidentes críticos,
outras coisas que nos façam uma visão mais concreta daquela criança.
P - Se pudesse sumariar para finalizar duma forma sintética, agora no mês de Maio ou
que é que estão a fazer na recolha de dados? Já me falou do portfolio, já me falou dos
registos para aqui para o projeto, e de registos das vossas evidências que recolhem
quando entendem. Mais alguma coisa que possa acrescentar?
E9 -O livro de memórias, que tem que se fazer e, portanto, no fim deste projeto
vamos fazer livro de memórias com as fotos que temos, com o resumo que vamos
pondo isto, também isto com fotos que vamos tirando e eu sou muito esquecida das
fotos. Porque é muito importante, as fotos. Também a pasta pedagógica, chamamos a
isto pasta pedagógica [e mostra], que vai e vem todas as semanas, isto vai na sexta e
regressa na segunda. Vai na sexta e regressa na segunda, os pais assinam, e portanto,
nesse livro de memórias pomos o que as crianças dizem sobre aquele tipo de projeto
que estamos a desenvolver. E isto é um registo coletivo.
É um registo coletivo que eles ajudam a fazer e ajudam a decorar. Depois, vão ver as
fotos o quê que fizemos aqui, como é que fizemos. O que foi que dissemos, fazemos a
leitura com eles.
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P - E quando disse que era o dia de arrumação de trabalhos. O que quis dizer?
E10 - Porque é assim, antigamente, quando acabavam um trabalho iam arrumar nas
suas pastas que estão devidamente identificadas. Mas, muitas as vezes, eu não via e
acho que é muito importante. São muitos, eu acho que é muito importante, agora n.,
por acaso hoje estão poucos, mas há momentos em que eu me sinto [pausa para
pensar], não sei não sou boa educadora, porque chego a casa e não me lembro o que
é que aquele menino fez. Fico destroçada. E o fato de eles não arrumarem os
trabalhos e os porem ali, muitas as vezes vamos arrumar à sexta-feira e vemos como é
que ele fez, fazem comentários sobre os trabalhos, e que trabalhos é que fizeram.
Aproveito e comento com eles, há meninos, há crianças que fazem estes trabalhos que
são, vamos lá, orientados. Não é? E eu gosto de saber. Chego ao fim da semana e
vamos ver: para além destes que são orientados há meninos que não fizeram nenhum.
Fizeram trabalhos, trabalharam na casinha, fizeram “faz de conta”, mas, não fizeram
pinturas, não tiveram (não perceptível). E isto é uma forma de eu avaliar e de eu ver e
saber as preferências de cada um. Está a ver? E de eles próprios também saberem.
Olha, não fiz isto não fiz aquilo, olha nesta semana não trabalhei aquilo nesta área,
trabalhei menos naquela e são momentos que posso completar aquilo que me pode
ter escapado. Porque escapa sempre. Com vinte meninos escapa sempre.
E, portanto, é assim, há uns que estão sempre oh professora, estão sempre a solicitar
e outros que são caladinhos, que não perguntaram. E se não estivermos atentos
escapam. Não falam, não dialogam, se não dermos ali uma oportunidade, e há uns que
são uma exuberância. Se não tivermos com muito cuidado há uns que ficam sempre
para trás.
P - Há bocadinho quando me disse aquela questão da observação, quando vê que uma
criança se está a manifestar-se e os tais registos através do projeto não os desenvolve,
e portanto, há com ele não concretiza, utiliza muito a observação no seu dia-a-dia.
Percebi bem? Esse registo de observação como é? É cumulativo? Transcreve-o? Como
costuma fazer?
E11 - Às vezes não escrevo, falo é mais com eles, é mais num diálogo no dia, porque eu
noto que às vezes devia registar mais, não registo sempre, mas volta não volta, porque
também não me é possível, mas muitas as vezes, não é possível. Porque ontem
quando vinha da reunião desse DPQ disse, eu para fazer um trabalho como eu gostaria
de fato eu não poderia fazer mais nada, não podia, porque eu gostaria de chegar a
casa e dizer, este menino hoje trás, trás, e este ….
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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P - Neste momento então o que acha de positivo e negativo? Negativo já vimos que
não regista as evidências, muitas as vezes porque não tem tempo, e o que é que pode
ter de benefício?
E12 - Tem muito de benefício porque também dá uma imagem do trabalho, ao mesmo
tempo também dá uma imagem do que os meninos pensam, dá para eu ver como é
que eles trabalham, nesta e naquela área porque eu agora já faço de acordo, por
exemplo, penso e já faço: vou ver este menino nesta e nesta área. Já me aconteceu eu
não conseguir observar nunca um menino, por exemplo, no “faz-de-conta”. Aquele
menino nunca brincava ao “faz-de-conta”.
Dá para ver isso, mas, eu já não faço exatamente, nos moldes, com aquelas normas
que [DPQ], dá para ver isso. Dá para ver como é que ele reage à frustração, dá para ver
como é que ele reage noutras situações porque procuro isso. Está a perceber? Eu sei
que aquele menino é assim, e estou atenta, e portanto, vou registar aqui como é que
ele reage agora. E registo.
Muito obrigado pela colaboração.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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5. PROTOCOLO DA ENTREVISTA EDUCADORA A - E3ALC
PROTOCOLO DA ENTREVISTA
EDUCADORA A
DATA
2007.07.27
CÓDIGO
Legitimação da Entrevista
APRESENTAÇÕES FORMAIS
Pequenas Explicações e Objetivos da Entrevista
P - O ano letivo passou, as atividades estão realizadas, agora já me pode dar uma
perspetiva de como se organizou/organizaram para preparar a realização dessas
mesmas atividades e como interpreta todo esse processo de acção educativa
desenvolvida e concretizada?
E1 - Nós trabalhos juntas. Nós trabalhamos com base em estudos já anteriores. Nós
trabalhamos aqui, eu e a minha colega já há vários anos aqui juntas. Portanto, já
tínhamos o estudo dos anos anteriores, já conhecíamos pelo menos metade do grupo.
Mais de metade, este ano entraram seis meninos novos, já tínhamos os estudos, e
para além disso, como andamos a fazer o DQP, tínhamos feito também entrevistas,
também inquéritos aos pais e entrevistas às crianças. Sobre expetativas, sobre o que
os pais esperavam o que um jardim-de-infância deveria ser. Não necessariamente o
nosso, e fomos também fazer entrevistas às crianças, sobre preconceitos que tinham,
sobre aspirações.
E depois, com base nisso planificamos também. Partiu já daí o que tínhamos que fazer,
utilizámos estas informações que tínhamos, do DQP também, e fizemos outro trabalho
para obter dados para começarmos a planear, já tínhamos um ponto de partida. Vimos
as necessidades mais prementes, as aspirações que os pais tinham, das crianças e
começamos a planificar também a partir daí. E depois também com base exatamente
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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nas orientações curriculares.
P - Com base nesse diagnóstico, como é que conseguem articular nas orientações
curriculares?
E2 - As orientações curriculares estão sempre por detrás de tudo, não é? Portanto, nós
vamos ver as expetativas, os desejos as ambições, e depois, canalizamos de acordo
com todas nas áreas de conteúdo das orientações curriculares. Temos presente
sempre. Aliás, todas as semanas quando planificamos, e planificamos semanalmente,
vamos ver que áreas, dando continuidade a este projeto como é que vamos trabalhar
esta área, e esta, e esta, e esta. (…)
P - E isto é sempre feito em equipa, é isso que se está a referir?
E3 - Sim. Sempre.
P – Pode explicitar?
E4 – (…) A de anteriormente é para o ano, fazemos um projeto, primeiro é fazermos
um projeto. No final do ano é assim: no início do ano fazemos de acordo com o que
sabemos dos miúdos, e sabemos dos pais, pronto. Fazemos essa grande planificação e
daquilo que nós desejamos. E quais as finalidades que nós temos para a educação pré-
escolar e aquilo que pretendemos trabalhar, não é? E fazemos essa planificação para o
ano inteiro. E depois, então, é que subdividimos. Nós até tínhamos uma teia que
fizemos (…), depois essa teia serve para nos orientarmos, com as coisas chave,
digamos assim, com as coisas chave que pretendemos trabalhar naquele ano.
P - Então e aqui no jardim-de-infância, como estão no agrupamento, qual é a
planificação que faz a nível do agrupamento?
E5 - Nós o ano passado fizemos com todos os jardins-de-infância, tínhamos conselho
de docentes. E fizemos com base no projeto educativo que é desenvolver as
competências, as competências individuais. Fizemos um projeto curricular comum a
todos os jardins. Fizemos um projeto curricular dos Jardins de Infância do
agrupamento, tendo por base o projeto educativo do agrupamento. E depois, isso
também serviu. Vimos quais eram os aspetos comuns, porque somos quase todos de
meios rurais, não há nenhum jardim, aliás o agrupamento também não é no centro da
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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cidade. Vimos as partes comuns e, vimos o que é que o pré-escolar deveria oferecer,
não é? E depois, aqui o nosso projeto curricular também teve que contemplar, se
inserir nesse projeto curricular desses projetos curricular de jardins-de-infância do
agrupamento.
P - Então, se percebi, têm um trabalho de planeamento ao nível do jardim-de-infância,
depois têm ao nível dos jardins-de-infância do agrupamento, que ainda vai interligar
com projeto educativo do agrupamento?
E6 - Primeiro foi o projeto educativo do agrupamento, depois também nós fizemos
antes do projeto curricular do jardim, fizemos os dos jardins, da rede de jardins, se se
pode chamar assim, e depois fizemos o nosso.
Depois disso é que fazemos a nosso planeamento semanal, que às vezes nem é
semanal, às vezes há um projeto que surge e que é semanal, acabamos depois todas
por fazer adequações, todas as semanas. Por vezes há um projeto que surge que
pensamos que vai durar 15 dias e dura um mês ou dois.
P - Qual a relação que esse planeamento com o projeto que desenvolveram este ano
aqui no jardim? Interfere nessa planificação?
E7 - Sim interfere. Nós quando fazemos a planificação já contamos com o que íamos
trabalhar do DQP, mas de fato também não interfere. Interferiu num dado apenas, é
que nós não estávamos habituadas a filmar, e houve uma altura em que tivemos que ir
filmar, e houve grandes constrangimentos com isso. Mas isso não foi a nível de
planificação, nós já tínhamos planificado quando fizemos o projeto curricular.
P - Isso mais ao nível da recolha de dados ao nível do diagnóstico, é isso?
E8 - É. O diagnóstico, exatamente. E utilizamos coisas do DPQ, e outras adaptando-as,
quase tudo foi adaptado. Algumas coisas consideramos nós e depois às vezes
mudamos as coisas e voltamos atrás, mas algumas considerámos nós que não se
adaptavam bem à nossa realidade, à nossa maneira, ao nosso estilo. Talvez também
pessoal, porque há outras colegas que também fazem.
P - E os resultados do ano anterior?
E9 - Contamos sempre com os resultados do ano anterior.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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P - Qual á a área ou processo que consideram?
E10 - Nós consideramos o processo individual do aluno, depois muito do que os pais
respondem no inquérito, e depois muito do que aconteceu na escola e de como
resultou durante o processo.
P - Essa planificação interfere no modo como desenvolvem a vossa acção educativa.
Há alguma preocupação em cumpri-la, vão a adaptando, ela vai regulando a vossa
acção? Segue para a sede do agrupamento? Têm-na disponível para os pais? Como
fazem? Pode explicitar um pouco?
E11 - Temo-la para os pais consultarem, e mais, vamos dando [segue semanalmente
na pasta pedagógica], temos reuniões de pais em damos a conhecer no início do ano,
damos a conhecer o projeto no início do ano, damos a conhecer a TEIA, e depois,
como damos a conhecer a pasta pedagógica, que é aquela que vai todos os fins-de-
semana com o resumo do que fomos trabalhando. Vamos implicando os pais, para eles
participarem connosco com dados que possam ter, ideias que tenham, sugestões, para
eles nos darem feedback do que aconteceu lá em casa, e também sugestões para
trabalhos futuros. E para vermos bem como vai o projeto a decorrer, e depois nas
reuniões de pais apresentamos e eles valorizam imenso. A fotografia e a imagem são
fundamentais para os “espicaçar” para os despertar.
Houve uma entrevista dos pais e uma coisa é o que eles dizem e nós acreditamos
neles, e outra coisa é nós vermos. Nós acreditamos (risos), mas, outra coisa é nós
vermos. E gostamos ver e vamos ver. E elas dão-nos essa possibilidade e é uma coisa
excelente. E a minha colega tem uma coisa óptima, ela fotografa tudo, tudo, tudo, e eu
esqueço-me, e depois temos muitos dados que depois passamos para o PowerPoint e
quando mostramos o projeto quase que mostramos o decorrer passa a passo. As
alegrias, as tristezas, os dissabores, o que correu bem o que correu menos bem, e
portanto, é visível para os pais também.
P - No início do ano também fazem essa reunião com as vossas intenções?
E12 - Sim. No início do ano apresentamos logo o projeto. As intenções que
pretendemos naquele ano e já implicam os pais. E outra coisa que fazemos que já em
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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termos de divulgação da nossa acção, e, este ano fizemos uma reunião, às vezes
fazemos em que mostramos e em que fazemos tipo exposição, com os dados e com os
objetivos desse ano. Este ano não. Fizemos uma reunião em que estávamos no jardim
e estávamos um bocadinho, como digo, eram os pais no jardim-de-infância, com jogos,
mas houve um se não, dividimos as estagiárias, eram as educadoras por um lado,
fizemos vários grupos, e depois houve uma mãe que teve que teve grandes
dificuldades, e foi um a estagiária que estava naquele grupo que se apercebeu, a fazer
um jogo teve muita dificuldade e o pai que estava ao lado dizia: “Tão fácil, mas não
sabe? Oh, isso faz-se com uma perna às costas. (…). Olha não sabe fazer!” e a mãe
sentiu-se um bocadinho …. E não contávamos com isso. Podíamos ter feito os grupos
mais homogéneos e não nos lembrámos. E depois ficámos assim, nem sei que lhe
dizer.
P - Como é deixam registo disso que fizeram?
E13 - Escrevemos. Registamos sim, no Projeto DQP das diversas fases como correu. O
que pensamos que devíamos ter feito e o que podíamos melhorar, e depois, com a
planificação do projeto fazemos aquele plano. Depois fazemos de acordo com as
OCEPE, daquilo que lá está e escrevemos. Fica registado sempre, não fica na cabeça
só. Às vezes é mensalmente, outras vezes é semanalmente, mas fica tudo, tudo, tudo
registado, com os objetivos que planeámos e não fica só na cabeça. Nós é assim,
temos aquele projeto grande inicial que é assim fininho, mas depois vou
complementado com o que vamos desenvolvendo dos anos[idades das crianças], com
o que correu bem com o que correu mal, e vamos fazendo as adaptações e vamos
fazendo, preenchendo, faz de conta que temos um quadro, um puzzle grande com as
peças aqui, outra ali e outra ali, e depois ao longo do ano vamos completando o puzzle
todo.
É assim que fazemos, vamos preenchendo e vamos melhorando, modificando,
alterando.
P - Ao longo do ano escolar quais são os momentos que privilegiam, quer seja
semanal, mensal, ou anual que dedicam como momentos de avaliação?
E14 - Olhe, todos os dias ao fim do dia conversamos. Então com as estagiárias era
todos os dias. Como é que correu, como é a devíamos ter feito, o que é que fazíamos,
o que é que podia ser melhor, como é que não seria, todos os dias. E depois, à quinta-
feira é o dia de fazer o resumo, da semana, digamos assim, que é para ficar escrito, e
para ser entregue aos pais na sexta. Porque eles levam à sexta, e portanto, temos que
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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fazer à quinta à tarde no fim dos miúdos saírem. E na sexta planificamos para a
semana seguinte, na base do que aconteceu já, sempre a dar continuidade do que
fizemos, o que é que surgiu de novo.
P - Em relação ao projeto DQP como é que fazem os registos? E a avaliação que o
próprio projeto implica? Como fazem?
E15 - Fazemos a observação, fotografamos, fazemos registos às vezes de observação
fotográfica, e com comentário, fica ali. Não sei como é que isso se chama, depois
fazemos outros registos em que paramos mesmo, por exemplo, hoje, vou observar
aquele menino.
“Eu já a vi a fazer isso”
“Ah! Pronto.”
Hoje, vamos observar aquele menino, às vezes fazemos observação assim por tempos,
ora, vamos observar 5 minutos agora, se daqui a uma hora for o que estiver decidido,
são observados outros 5. Ou vou, daquilo que tenho, do conhecimento dos meninos,
daquilo que tenho vou retratá-lo, mostrar as evidências daquilo que ele é. E, é aí, por
exemplo aquele menino gosta muito de jogos de matemática, vou observá-lo ele a
fazer. Ou é um menino que tem dificuldade no “enfiamento”, vou observá-lo
enquanto ele está a fazer essa atividade. E depois, isso, dá-me uma imagem das
diversas evidências daquele menino. Ele é excelente a matemática e tem dificuldades
na motricidade. Pronto, e eu então, pretendo fazer observação nessas duas áreas. E
também, às vezes opto por isso.
Então, ao nível das aprendizagens dos alunos, das competências que eles vão
adquirindo vamos fazendo nas observação. E também quando se desenvolvem os
projetos vamos fazendo registos, vamos fazendo folhas para o portfolio, e vamos
desenvolvendo o projeto, com as aspirações, com as hipóteses que eles vão lançando,
e registamos também no portfolio cada um, ideias que eles vão dando, a forma como
relatam os acontecimentos de fim-de-semana, ora escrevendo textualmente aquilo
que eles dizem exatamente, e depois, esses registos também são feito em função da
acção que se está a desenvolver. E depois, eles copiam também no computador,
aquilo que disseram, e, vai-se colocando no portfolio.
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P - Essa então é forma que utiliza para fazer avaliação individual e do grupo? Depois,
percebi que se reúne com a colega semanalmente, para efetuar o registo do que foi
efetuado. E terá certamente outros momentos destinados para a avaliação. É assim?
E16 - Exatamente. No final dos três períodos fazemos a avaliação, fazemos um resumo,
fazemos uma avaliação formal escrita. E depois, fazemos com os meninos, às vezes,
vamos buscar um grupinho para o portfolio, e os meninos fazem a autoavaliação, às
vezes é individualmente, outras vezes por grupos. E mais, avaliamos sempre as
atividades [no momento], e agora eles fizeram o teatro, e eles já se habituaram a ver o
que está bem e o que correu menos bem e o que correu melhor e o que correu pior.
No fim da atividade, o que é que acham? Como é que correu? E eles manifestam,
[eles] os próprios, normalmente, quero que sejam os próprios.
Muitas vezes não sai nada e, os outros dizem “ai, mas olha eu não percebi nada”. Eu
depois, pergunto aos outros “porquê que achas que não correu bem e porquê que eles
não perceberam?” e, eles vão lá e dizem “olha, porque falou muito baixo” e, já
conseguem fazer uma autoavaliação, explicam e dizem o motivo porquê.
Podemos dizer que os momentos que privilegiamos são os momentos de avaliação em
grupo na classe e, também individualmente, dando oportunidade a cada um para se
exprimir sobre o que entende sobre essa mesma avaliação. Os outros fazem-se porque
tem que ser, mas também, é o resumo.
P - Agora, no final do ano letivo, após o vosso projeto estar desenvolvido e concluído,
como se organizam para avaliar?
E17 - No final do ano fazemos uma reunião, uma também em conselho de docentes
também, que talvez a minha colega já tenha dado, mas eu tenho ali em suporte
informático que lhe posso dar. Pronto, em conselho de docentes criámos uma folha de
avaliação, porque o nosso presidente gosta que todos os jardins tenham um
documento idêntico, quer dizer, se vamos formalizar a avaliação, porque não havia
momentos de avaliação formais, destinados para nós para o pré-escolar, ele criou-os.
Há três dias destinados em cada período para isso, é no período da tarde, ele deu
esses dias, e então, ele destina esses três dias, só da parte da tarde, os meninos não
vêm, só aqueles que têm o complemento de apoio à família, aqueles que não têm com
quem ficar, não é? No fim de cada período há três tardes que nós estamos aqui a
receber os pais, até à hora que for preciso, pode ser até às oito da noite, depende, e se
houver pais até às oito da noite, é até às oito da noite que nós estamos, pronto.
Mas, ele queria que surgisse um documento, e que fosse um documento uniforme
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
51
para todos os jardins-de-infância do nosso agrupamento. Portanto, nós em conselho
de docentes, já há três anos ou quatro, ou mais, fizemos e elaboramos um documento,
incompleto como todos, e como são todos, portanto, pode ser sempre melhorado, e
com as diversas áreas curriculares e agora adoptado por todos os jardins. E são tipo de
grelhas, desenvolvê-lo, está em desenvolvimento, e depois, tem uma parte para uma
observação escrita por parte da educadora, e depois, uma parte para a observação dos
pais se quiserem também dar uma achega e se concordam para ver como é que eles
vêem, pronto, e que foi feita também em conselho de docentes e essa depois no final
vai para o 1º ciclo para acompanhar o processo do menino, das crianças para o 1º
ciclo. Depois nós ficamos sem nada.
Haverá uma reunião não sei se será dia nove de conselho de docentes, iremos ver os
projetos como é que os desenvolvemos, agora, estamos este ano, tivemos projetos
comuns, como o Projeto da Leitura do Plano da Leitura, e vamos avaliar como
decorreu, o que é que foi feito em cada jardim, se cumprimos ou não aquilo que
pretendíamos. Nesses conselhos de docentes avaliamos, também nessas mesmas
reuniões de conselhos de docentes.
Porque nós, neste momento ainda, achamos, continuamos a considerar que a partes
destinadas a conselho de docentes são feitas mensalmente, às vezes, duas.
Normalmente, no início do ano, antes mesmo antes de começar o ano escolar fazemos
para aí quatro, antes mesmo de começar a atividade letiva e, nesse período
conseguimos tratar aspetos apenas meramente pedagógicos. A partir daí, perdemos
muito tempo nos outros conselhos de docentes que fazemos mensalmente, que é uma
vez por mês, não é? Não temos tempo para mais, perdemos demasiado tempo com
informações genéricas, muito, muito tempo, e normalmente, saímos muito frustradas
por causa disso. Há questões que deveríamos discutir que acabamos por não discutir,
porque perdemos demasiado tempo com questões e particularidades de informações
que vieram novas e que temos que discutir, e, acaba por não se chegar ao importante.
P - Neste momento vocês também estão num processo de autoavaliação decorrente
do projeto. Vão-se organizar como?
E18 - Se calhar, vai ser individualmente, ainda não sabemos bem.
P - Pode sumariar quais são os instrumentos que mais utiliza(mas) regularmente na(s)
sua(s) prática(s) educativa(s)?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
52
E19 - Para avaliar? Olhe, são as folhas que criamos sempre que estamos a desenvolver
um projeto, vamos criando folhas novas, vamos criando. Tipo fichas, por exemplo,
sobre a Arte, sobre aquele pintor, ou se estamos a falar sobre Seres Vivos, vai uma
ficha para casa para informar os pais. Se estamos a tratar este projeto, construímos
para aquilo que estamos a trabalhar. E depois, para as crianças.
Fazemos para os pais e para as crianças. Fazemos as duas. Para os pais estarem
perfeitamente do projeto, podem dar achegas, e portanto, é uma avaliação que depois
vem.
Temos depois os do projeto DQP, que são: a ficha de observação das crianças, em que
medimos “entre aspas” o nível de envolvimento, se está envolvido nas atividades, se
está completamente concentrado, se se distrai, e pronto.
Depois do envolvimento das crianças temos o nível de empenhamento do adulto,
sensibilidade, autonomia que dá, e a estimulação.
Temos as entrevistas às crianças que também fazemos, temos entrevistas aos pais.
Depois, temos as fichas, que fazemos para os vários projetos, temos o livro de
memórias, os portfolios, as paredes também servem como instrumento de avaliação
porque vamos registando e vamos colando, e vai crescendo e vai aumentando de
acordo com as coisas, portanto os placards.
P - Grelhas utilizam?
E20 - Não. Não utilizamos muito grelhas, a observação é fundamental, as entrevistas e
os registos. Ah, fazemos também fichas de leitura, que umas vezes são feitas com as
crianças cá no jardim e outras vezes é com os pais. Também as temos ali, posso
mostrá-las. Recolhemos no portfolio individual de cada um, de cada criança, e depois,
vai para casa para os pais. Esse é para os pais, para o 1º ciclo, vai, antes era assim,
agora já estamos a mudar também, porque para o 1º ciclo fazemos uma ficha de
desenvolvimento da linguagem em que eles fazem, criamos uma ficha e eles fazem um
desenho, depois, tem linhas e inventam uma história daquilo que fizeram quando dou
uma folha digo “Oh, querido olha podes desenhar aqui tudo o que quiseres, e depois,
vais inventar uma história que eu escrevo”. Pronto.
P - Essa atividade está intimamente ligada com a chamada articulação do jardim-de-
infância com o 1º ciclo.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
53
E21 - Sim. Temos esse instrumento, leva também um trabalho com a figura humana,
um desenho, leva um trabalho sobre recorte e colagem. São evidências que se vão
juntar e que depois vão acompanhar a folha que fizemos no conselho de docentes na
avaliação, que foi assinada pelos pais. Com autorização, já sabem que aquilo vai
acompanhar a criança.
Também utilizamos imenso a fotografia, utilizamos o vídeo, porque é engraçado nós
na filmagem apercebemo-nos de coisas que no momento não nos apercebemos. Com
a nossa prática, tão envolvidas que estamos nem damos por isso, e viciadas que
estamos, porque nós somos um bicho de hábitos. Muitas vezes fazemos as coisas e
não refletimos exatamente, e depois, a ver no filme, mesmo acabando de fazer a coisa
refletindo é diferente refletir sem nada e refletir a ver o filme, completamente
diferente.
Apercebo-me de coisas, que não me apercebia antes. As tecnologias de informação
são um recurso para os registos da nossa prática educativa.
P - Como é que constroem esses documentos? É resultado da vossa formação? É
resultado das vossas necessidades?
E22 - Nós sentimos essa necessidade. Sabe como surgiu a primeira coisa, foi uma vez
que eu fui à Fnac e vi lá um livro sobre Portfolios, brasileiro. E depois, trouxe e
comecei a ler com a minha colega. A primeira leitura não percebemos nada, não
gostámos do livro e arrumámos o livro. Mas, depois, fiquei curiosa. Surgiu uma
formação sobre portfolios e nós fomos as duas. Nós decidimos ir sempre juntas
porque é muito mais enriquecedor, eu aprendo uma coisa e ela aprende outra. É
engraçado, de acordo com a pessoa, nós para nós, e depois a discutir aprendemos
ainda mais um bocado. Porque eu aprendo aquilo que ela absorveu e ela aprende o
meu, e depois, discutimos muito
Depois, vamos às acções e depois fazemos outra acção aqui. “Como é que achaste?
Como é que foi? Ai, não tinha reparado nisso, pronto”. E foi a partir daí que
começamos a construir os portfolios e a sentir que era importante. Porque depois os
pais vêem também as evidências. E viam o que eles diziam, que saía inesperadamente
coisa que nós registávamos aqui do dia-a-dia. E para fazer a avaliação e para conversar
com os pais isso era ouro, era fundamental.
P - Significa que a formação que fizeram revelou-se fundamental para a vossa acção
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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educativa?
E23 -É fundamental, fundamental, nós todos os anos procuramos formação. Ou se não
a temos, procuramos em livros, e depois, tentamos de alguma maneira alcançá-la.
P - Quais os fatores que determinam essa escolha de formação?
E24 - É em função da atividade, daquilo que temos, e depois vamos estudando. Por
exemplo a minha colega foi, mas isso não tem nada a ver com a nossa prática aqui.
Nada, absolutamente. Nós depois vamos estudando, sempre.
P - Mudando um pouco de assunto, pergunto-lhe agora, qual a importância que atribui
à educação de infância? E também da sua prática enquanto educadora?
E25 - Valorizo, pela positiva completamente. Para já, acho que elas [crianças] são
valorizadas, são ouvidas. O seu conhecimento é importante. A sua palavra tem
importância e mais, começam a aperceber-se que toda a sua acção tem efeitos
também nos outros, e que têm que se envolver, empenhar para construir algo.
P – É esse o seu papel na educação pré-escolar?
E26 - É importante que eles se comecem a aperceber-se que tem voz ativa, que são
eles responsáveis pelo seu próprio crescimento, que nós os ouvimos, que é importante
a voz deles, mas que, também são responsabilizados por aquilo que fazem. Porque o
efeito do que fazem reflete-se também nos outros. É esta a importância que dou à
minha responsabilidade profissional, enquanto educador da educação de infância.
P - Consegue ver os resultados disso?
E27 - Já. Já tenho aqui filhos daqueles que já foram crianças minhas, e que por aqui
passaram. Neste momento, já tenho filhos de ex-alunos.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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P - Se aqui no jardim-de-infância não tivessem a aplicação do projeto DQP, com as
implicações que isso pode trazer na aprendizagem para as vossas crianças. Qual era a
diferença, acha que havia aqui alguma diferença na vida do jardim-de-infância e da
aprendizagem das crianças?
E28 - Acho. Acho, ele é um fio condutor que nos está sempre a relembrar sempre as
intencionalidades, que nos está sempre a lembrar que temos que fazer isto, fazer
aquilo.
P - Se quisesse transmitir uma ideia para colegas que não têm a aplicação deste
Projeto, o que era capaz de dizer? Recomendava-o?
E29 - Ah! Sim, pelo trabalho, pelos resultados, e levava trabalhos de alguma criança
para explicar o trabalho desenvolvido. Para explicar, porque é engraçado, porque
quando eles saem daqui, eles saem com um sentido crítico, parece-me que eles sabem
autoavaliar-se, de forma positiva, assumindo que se pode falhar, toda a gente falha,
também, não há coisas boas, e também de se conseguir fazer a autoavaliação perante
os outros, é muito importante. E eles refletirem eles próprios sobre o seu trabalho.
P - Isso é o projeto que incentiva a isso, ou é mais a sua prática? Imagine que para o
ano não vai aplicar aqui o projeto, o trabalho a desenvolver com as suas crianças não
assentaria nos mesmos princípios?
E30 - Se não fosse este projeto seria outro, mas teria que ter outro. Tinha que ter e
essa metodologia eu acho-a fundamental. Porque ele está a contribuir para
autoformação deles.
É visível com todos estes instrumentos até para os outros, os pais e a intencionalidade
educativa da educação pré-escolar, porque só assim, sem projeto, sem as observações,
o que é que se faz? Não sei. Notas soltas sem pensar, não sei. O que é que se faz? Não
sei.
P - O que eu não lhe perguntei e entende que deveria ter perguntado, ou mesmo o
que entende ou queira dizer? Ou que gostava que lhe perguntasse?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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E31 - Penso que perguntou tudo. Olhe, é fundamental o trabalho em equipa ou não?
P - Quais os contributos que pode acrescentar em relação a essa temática?
E32 - O crescimento profissional é completamente diferente. Não tem nada a ver, lá
está, há coisas que eu vou a uma formação e vejo e outras que não vejo, se eu tenho lá
outra colega, uma equipe de trabalho, com quem possa discutir, dialogar, estudar
sobre o mesmo assunto, o crescimento que podia ser para cinco, vai para dez, o
desenvolvimento, a aprendizagem que eu faço, isso reflete-se depois, na minha
prática. Tem que se refletir, isso reflete a minha pessoa.
P - O ideia que acrescenta é que o trabalho em equipa?
E33 - Eu por exemplo estive num jardim-de-infância em que não estava aqui, estive
vários anos, e todas as semanas, todas as semanas eu vinha à quarta-feira reunir com
as colegas que estavam aqui. O que é que estava de novo, qual a formação que
tínhamos feito, o que estava em comum, eu fazia uma, elas faziam outra.
P - Significa que ao longo do seu percurso profissional, a formação tem sido qualquer
coisa que a tem a tem acompanhado?
E34 - Sempre. Todos os anos tento fazer uma, desde que venha de encontro ao que eu
não seja contrária, não me diz nada a mim, não diz nada para o pré-escolar não me
adianta ir. De fato era perder um bocado de tempo, mas como de fato tenho tido
sorte, como somos cooperantes da Escola Superior de Educação.
Para mim as estagiárias é fundamental, porque quer dizer, elas servem-se de mim,
mas eu também me sirvo delas, aspas “servir”, porque eu aprendo com elas também,
eu aprendo, tenho que estar muito mais desperta, e refletir todos os dias, todos os
dias, todos os dias, tenho que ter sempre tempo, mesmo que não tenha tempo,
porque tem que ser, eu assumi um compromisso tenho que estar disponível, aconteça
o que acontecer, portanto, naquele tempo tenho que estar. E portanto, todos os dias
há reflexões, todos os dias há, e às vezes, vejo nelas erros que eu própria cometo,
como é que é possível?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
57
P - A reflexão faz parte do seu trajeto profissional?
E35 - Sim. É uma mais-valia para o meu desenvolvimento profissional, sem reflexão eu
não conseguia, e à análise. Às vezes castigo-me muito, não durmo, porque sou um
bocadinho exagerada. Mas, tem que ser se não? Não me adiantava de nada.
Muito obrigado pela colaboração.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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6. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORAS A E B - E5ALC
PROTOCOLO DE
ENTREVISTA EDUCADORAS A e B
DATA
2008.10.20
CÓDIGO
E5ALC
Legitimação da Entrevista
Complemento de Observação
[…]
Utilização de grelha de registos
P - Eu vejo que tem aqui a utilização de cores nesta grelha. Pergunto-lhe - quando
me disse que estava a fazer observação já para este primeiro trimestre, eu, efetivamente,
verifiquei que o estava a fazer em simultâneo com o decorrer das atividades das crianças.
Pode explicitar o que quis efetivamente dizer?
R - [Educador A] - Isto é um rascunho, mas, um rascunho com uma estrutura para
adiantarmos.
Achámos que aquele [DQP] instrumento é fundamental para nós, mas mais à nossa
maneira, adaptamo-lo mais à nossa realidade, e então, como são quatro momentos com
as crianças, e depois, combinámos eu e a minha colega seria mais na área do raciocínio,
matemática ou matemática e resolução de problemas, na expressão plástica, outro no
faz de conta, e outro na expressão motora. Quer dizer, observamos todos, mas, mais
naquelas áreas, porque depois, como estão todas interligadas depois conseguimos
observar tudo. A linguagem, a comunicação, tudo, a expressão verbal, a expressão
dramática, isso tudo também conseguimos, mas, temos assim quatro momentos e,
temos que escolher bem. Agora, desta vez é assim.
P – Este é o “Livro de memórias”. Já tem um número elevado de projetos. Vai
fazendo sempre o registo à medida que as crianças os vão realizando? Como faz?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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R - Sim. Vamos fazendo e é um bocadinho difícil de coordenarmos isso, porque é
assim, vamos fazendo, mas tem que ser feito também pelas crianças, porque é um livro
em que envolvemos as crianças. Se não, não faz sentido.
E não pode ser muito demorado, tem que estar um pouco em cima da hora,
porque senão eles não se lembram. Quer dizer, pode passar uma semana, e até é bom
para recordar. Por isso é que é de memória e para recordar.
P - Já utilizam este livro, como instrumento de registo há muito tempo?
R - Pelo menos há oito anos. Não é colega? Estou aqui há oito anos, utilizamos pelo
menos há oito anos.
[Educador B] – Pelo menos há oito anos que já fazemos o livro.
Então, o jardim-de-infância tem no seu arquivo este instrumento de registo, o
“Livro de Memórias” para poder ser visto?
[Educador A/B] – Tem, tem.
Ele serve para vós, e?
Serve para os pais, os pais gostam de ver, havia momentos para as pais verem o
Livro de Memórias, era colocado aqui, eles entravam e gostavam imenso.
P - Mas é um instrumento vosso, não é a nível de agrupamento?
R - [Educador B] Não. [Educador A] aliás, já a nível de agrupamento temos outras
colegas que também fazem outros, diferentes, mas com o mesmo princípio. Nós,
frequentemente, levamos os nossos livros e os nossos registos para partilharmos,
falarmos e partir por aí.
[Educador B] – Para refletirmos, para darmos ideias.
[Educador A] - E para apanharmos as ideias dos outros. Eu consigo apanhar
sempre. E portanto, serve para nós, para as crianças, serve para os pais, serve para as
colegas, e serve muito para a formação inicial, porque usamos muitas vezes o livro para
mostrar às “meninas estagiárias” outras práticas, outras maneiras de fazer, muitos as
vezes mostramos a posteriori, muitas vezes dizemos: “Vocês trataram por exemplo, o
tema da alimentação. E, o tema da alimentação trataram desta maneira? Querem ver
que outra maneira que outras colegas fazem?, [porque há quarenta anos que tratamos já
destes temas, pronto], querem ver outras maneiras, pronto.”
a
r
a
q
u
e
P - O que gostariam de dizer sobre os registo de avaliação ou a utilização de
grelhas de registo na educação pré-escolar? Ou a avaliação das aprendizagens na
educação pré-escolar? Querem dizer alguma coisa?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
60
R - [Educador A] - Eu quero. Está a ver este caderno, este caderno é o resumo do
que eu e a minha colega pensamos em muitas coisas. Por exemplo, eu vejo uma coisa
engraçada na internet ou assim. Falo com a colega, falamos assim, e, ela tem ideias
muito giras e ela põe aqui e, ela tem uma coisa engraçada põe aqui, pomos aqui as duas,
e depois vamos pondo aqui. Nós estamos à espera de uma reunião com o nosso chefe,
que já programamos porque já falamos em conselho de docentes, temos falado muito
em conselho de docentes neste momento de avaliação, eu e a minha colega saltámos
com grande facilidade.
Os objetivos individuais, para espanto nosso, não foram colega?
[Educador B] – Foram muito fáceis de fazer.
[Educador A] – De fazer e com sentido. Ora muito bem, ora aqui está muito bem. E
fizemos aquilo com facilidade e até ficámos “pasmadas” porque estávamos à espera: isto
vai ser uma parvalheira. Não, isso correu bem, e depois, o que é que correu mal? Não
falámos muito para depois, porque aquilo é um conselho de docentes em que é metade,
metade. Metade veteranas, e outra metade veteranas menos interessadas. E o que é que
acontece?
Acontece que há sempre umas que estão a monopolizar a conversa e a ter muitas
ideias e eu canso-me disso. E acho que, também, temos que dar palavra às outras, e as
outras ficam “entroncadas” e não falam.
Não falam e eu também não posso falar. Porque depois, as outras abafam-se e não
dão a ideia, não dão ideias, “coitadas”, também têm, e então, eu digo sempre, não
concordo com isso. Por exemplo, não concordo com as metas, era preciso definir metas
para as crianças dos três anos, para a avaliação. [Educador B] – E metas muito precisas
para a educação pré-escolar. Mas eles queriam primeiro: aos três anos o quê? Aos quatro
o quê? E aos cinco.
[Educador A] - Isso é desvirtuar a educação pré-escolar, não podia ser assim, é
preciso metas que pudessem ser aferidas. E portanto, isso tornava mais difícil, ora,
quando nós trabalhamos numa avaliação emergente, numa avaliação que tem a ver com
a qualidade, num processo. Claro, também, isto que usamos é para quantificar, não é?
Mas, eles querem saber o que é que a criança faz aos três, quatro.
[Educador B] – Eles querem coisas, muito, muito concretas e muito do género: aos
três anos aprende as cores assim do género, sabe contar até, aos quatro já consegue
fazer por exemplo, tirar menos um, mais um. Vamos supor, eram coisas muito objetivas,
demasiado objetivas. E depois, houve pessoas que se extremaram um bocadinho.
Usaram o exemplo, a criança que não sabe as cores ou não sei o quê, ou é deficiente, ou
não pode passar de ano, tem que ficar retido. Começam a extremar-se muito as
posições. E aquilo começam, em vez do pré-escolar ser um incentivo e ajudar a criança
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
61
na sua auto-estima, começávamos logo ali a catalogar miúdos, para mim era, e a sermos
demasiado rígidas.
[Educador A] – a colega lembrou-se logo de exemplos que tinha acontecido de
crianças que aos cinco anos não lhes interessava nada as cores, nem os números, não
queriam saber, e que depois foram alunos óptimos, entraram imediatamente, naquela
altura eles não estavam interessados, eles tinham desenvolvido competências para isso,
mas não queriam, não estavam aí.
[Educador B] – Notava-se, e nós notamos perfeitamente, se um miúdo não está
interessado, não quer. Tinha um que me dizia: “eu quando for para a primária aprendo
isso”, está a perceber? E elas já diziam, não. Não sabe fica no jardim-de-infância, é retido.
P - Mas aqui no vosso jardim-de-infância qual é exatamente a metodologia que
vocês seguem?
R - A de antigamente, aquela que sentíamos como a da nossa prática, e
continuamos, e não concordamos com isso, e depois, que no agrupamento de fato
conseguimos, e também havia outras que tinham opinião como nós, e se não fosse era, o
pré-escolar era um processo, era um processo contínuo, portanto, não podíamos por
nem metas para os três, nem para os quatro, coisas assim tão objetivas.
Vamos dizer, no pré-escolar a criança tem que... E levámos aquela coisa da
Gabriela Portugal, do Relatório “a criança tem que ter confiança nas suas capacidades,
tem que ter autonomia, tem que ser responsável, tem que gostar daquilo que faz, tem
que gostar de si mesmo, mas, não com aquelas metas assim muito e, depois,
conseguirmos fazermos assim as metas rígidas era muito … são muito latas, não é?
[Educador A] – isso é um aspeto que se fossemos nós a mandar as metas do pré-escolar
nunca seriam assim daquela maneira, daquela forma, mas pronto. Já está mais ou
menos, isto é um processo que vai sendo devagarinho, porque temos que sensibilizar
muito bem a direcção executiva. Porque eles não sabem, não é por …. O nosso chefe
quando fizemos a reunião da avaliação disse uma coisa que eu adorei, disse que a
ministra tinha dito, os professores não sabem defender a sua autonomia, e eu acho que
sim.
P - E o que é a autonomia?
R – No pré-escolar é precisamente como deve ser a avaliação. O problema é que
não sabem.
E quem é que não sabe? Os próprios educadores. Não sabem como é que a
avaliação deve ser feita. E é por aí, ora, dão-nos autonomia e “olha filho vai lá correr”,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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mas, ele não sabe correr, é bebé. Como é?
E é isso que acontece.
Temos que saber, temos que refletir muito sobre o que é avaliar, e depois, então,
podemos ter autonomia para avaliar, até aí andamos aos papéis.
É isso que acontece.
Por exemplo, aulas de observação, três aulas de observação, muito bem, óptimo,
há pessoas que não gostam de ser observadas. Eu gosto, para aprender, e portanto,
temos que abrir a mente às pessoas para eles dizerem: deixa, deixa-te observar, para
evoluíres, para mudares.
Agora três observações em três momentos, três aulas, é assim que está, 45
minutos, então eu e a minha colega temos, 45 minutos cada.
[Educador B] – Cada aula te que ter um domínio diferente. Tudo contra o princípio
da educação pré-escolar. Eu por exemplo, sou no primeiro dia no primeiro tempo.
O que é o primeiro tempo, disse eu?
Então, é desde as nove horas até um quarto para as dez, e a minha colega será
observada de um quarto para as dez às dez e não sei quantas, com mais os quarenta e
cinco minutos. Na outra vez, é a minha colega o primeiro tempo e eu o segundo. Da
próxima vez, sou eu ao primeiro e a minha colega ao segundo. Somos só observadas no
primeiro tempo.
Então, eu disse assim: “então vocês vêem ver sempre a mesma coisa”, porque, eu
no primeiro tempo, tenho um momento igual, em que as crianças estão aqui e não tenho
mais nada.
[Educador B] – Faz de conta, nesse dia excepcionalmente.
[Educador A] - Não, não meninos, agora vamos fazer um jogo de matemática,
quebrando as outras coisas todas, para mostrar ou vamos fazer …, não acho isso correto.
E portanto, as pessoas também não sabem o que é observar, e a avaliação na educação
pré-escolar não configura com essas práticas, porque a observação na nossa opinião
devia ser da manhã inteira, ou do dia inteiro.
P – O que significa que aqui, no vosso jardim-de-infância, a situação é diferente.
Na vossa relação com as crianças, no dia-a-dia, naquilo que vão fazendo, vão tomando
algumas notas, fazendo registos e observações, para depois juntar ou agregar numa
matriz tudo, para terem o vosso pensamento, a vossa reflexão sobre o que foi a evolução
daquela criança. Não sei se estou a pensar mal, agradeço que me corrijam.
[Educador A] - É mesmo isso, porque se não, não fazia sentido, se nós não
conseguirmos ver o que cada um consegue.
P - Se quiserem dizer, sumariamente, a avaliação que fazem com as vossas crianças
ao nível das aprendizagens. O que é que estão a fazer neste momento?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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R - Temos a avaliação diagnóstica em que vemos não só as áreas curriculares
trabalhadas, vemos o envolvimento, vemos o bem-estar, em cada uma destas
observações nós pretendemos ver qual é a área em que a criança está a trabalhar, a área
predominante, ou as áreas predominantes, porque às vezes são duas e são ambas
predominantes, como é o envolvimento, se eles estão interessados, se a atividade é
dirigida ou se é de sua iniciativa, aproveitamos o fato de termos cá as estagiárias para ver
isso, ao nível do envolvimento e do bem-estar.
P - Sim, e isso é referente?
R - [Educador B] Às crianças. Já o utilizávamos no projeto [DQP], continuámos a
utilizar, utilizamos adaptando-o. No projeto era muito rígido, era de acordo com horas.
P - Mas para além disso?
R -[Educador B] – E a minha colega faz os incidentes críticos. [Educador A] – só este
ano.
P - O que eu gostava que me dissessem era: Que vós enquanto par pedagógico
estão neste momento a utilizar aqui neste jardim isto e isto?
R - O livro de memórias, grelhas de registo, livro de ponto, o portfolio que já
tínhamos falado, o ano passado. Também fizemos aos inquéritos aos pais, ainda estamos
este ano à espera de autorização do agrupamento, porque isso para nós é muito
importante. Entrevistas às crianças, também, temos feito entrevistas às crianças, porque
pensamos que é muito importante. Temos estes registos que fazemos nestes cadernos
[mostram os cadernos].
P - Isso o que é, um caderno diário?
R - Isto é uma agenda. Esta agenda é um caderno de registos, e depois, ainda,
temos outro grande, temos outro maior onde por exemplo a minha colega encontra uma
parte de um livro muito interessante, e traz uma fotocópia e nós as duas lemos em
conjunto. Porque, só eu ler em casa ou só a minha colega ler em casa, ou eu ler, faz
menos sentido.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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P - E em relação aos incidentes críticos que diz que este ano está a utilizar?
R - Isto é assim, eu até lhe chamei notas de campo, mas, é a primeira vez que
estamos a usar, ainda não usamos bem, estou a fazer ainda, e depois, vamos ver. Então é
assim, eu uma vez dei um olho, numa observação feita por um investigador que aqui
tivemos, não vi bem como era, mas fiquei com uma ideia e depois, adaptei-a à minha
realidade e ao que eu queria, e então, eu registo numa folha momentos significativos,
que tenham a ver com as interacções, porque como estou a fazer investigação sobre a
pedagogia de relacionamentos e como esta ficha do Laevers sobre o empenhamento do
adulto, também tem a ver sobre isso sobre a sensibilidade, a autonomia que damos à
criança, então é assim, registo o momento, tiro uma foto e depois explico porquê e sem
inferir, e depois o que é que eu penso, e aí ponho também algumas dicas sobre teoria. E
depois, com isso, vamos reunir com as estagiárias e vamos pensar e vamos passar.
Eu estava a dizer à minha colega que é encantador, é de um prazer tal, indescritível
nós estarmos a rever depois de o momento ter passado e a estarmos a encontrar outras
coisas. Mas olha que giro, vimos, naquele momento. E portanto, o momento é depois
tornado a ser vivido de outra maneira, já mais afastada que já se vê mais.
Engraçadíssimo, estou a gostar muito de fazer aquilo, claro que tenho que fazer com um
lápis e claro que estou a passar para o computador porque posso ver a seguir e por acaso
até ficou de uma forma mais cuidada, e até tenho mais cuidado, porque aqui a minha
colega está sempre me a dizer-me para eu não inferir e eu faço muitos inferências na
parte descritiva, porque, não o devo fazer. E ela com tem outro olho, e agora já está a ter
mais cuidado, disse.
2. Muito obrigado pela colaboração
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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7. PROTOCOLO DA ENTREVISTA COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO3ALC
PROTOCOLO DA ENTREVISTA
COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO
DATA
2008.02.23
CÓDIGO EO3ALC
Legitimação da Gravação
O Entrevistador, no início deste estudo tinha informado o Entrevistado da necessidade de efetuar pequenas entrevistas como complemento às observações efetuadas, sempre que, as atividades desenvolvidas e os conteúdos apresentados durante a observação assim o justificassem. O Entrevistado disponibilizou-se, desde logo, para colaborar e quando necessário mostrou material e registo de atividades diretamente relacionadas com o tema O presente protocolo efetuou-se de imediato ao término da observação O3ALC e reporta-se exclusivamente ao “Livro de Memórias” E – Começo por agradecer a disponibilidade e colaboração por mais uns minutos preciosos, mas, gostaria que nos falasse um pouco sobre este livro que estiveram a construir – “O Livro de Memórias”.
P - “Este é um livro onde estão todas as nossas atividades, as mais
importantes. Mas, está por projetos, está dividido por projetos, (…)
depois, eles às vezes diziam, mas olha veio cá (referia-se a alguém não
identificável ao entrevistador), aquela visita, encontrámos uma coisa e tu
não puseste no livro, então [resolveram], criámos uma rubrica que se
chamámos coisas interessantes.
Por exemplo, este dia em que eles estiveram a brincar com as caixas, no
dia em que foi a inauguração do túnel, o momento em que houve
momentos importantes.
Mais ou menos durante um mês, mês e meio, fazemos as atividades e
depois no fim do mês é que começamos a construir o livro, não é?
Porque, senão, as coisas vão-se espaçando muito e as crianças depois
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
66
têm mais dificuldade em recordar.
Eles, depois, constroem o livro comigo, eles fazem connosco, aliás, e recordam o que fizeram em simultâneo e dizem “olha, fizemos isto”, e exprimem-se dizendo “olha, gostei muito de fazer isto” ou “não gostei, podíamos ter feito de outra maneira”, de certa maneira avaliam o passado” E - O recurso à fotografia como método, como meio, importa-se de nos falar um pouco?
P - O recurso à fotografia é utilizado no dia-a-dia. Já faço isto há muito tempo, mesmo há muito tempo. Gosto de ir fotografando as atividades e os miúdos. Depois, quando preciso de explicar o que eles fizeram é muito mais fácil. Porque me lembro, há ali uma memória coletiva.
A construção do “Livro de Memórias” mostra a consideração pela “escuta da voz da criança”. Através dos diferentes modos de expressão (escrita, comunicação e criatividade) a criança assume, aqui, uma forma de como ela própria e o grupo compreendeu o Projeto, o Mundo [os artefatos sociais], na forma como [0] representa e fala sobre e com os outros. Este instrumento de registo contribui para evidenciar a prática pedagógica e a qualidade deste contexto educativo. O “Livro de Memórias” construído por estas crianças regista um excerto paradigmático do quotidiano aprendiz coletivo construído com profissionalismo, e um saber-refletido e dedicação à educação de infância. Este trabalho baseia-se na escuta, no diálogo e nos interesses expressos pelas crianças, revelando um grande respeito pelas situações de aprendizagem no seu contexto de vida, da comunidade que as envolve e das famílias. O Livro de Memórias constitui-se como uma “narrativa pedagógica [que] ilustra, na sua essência, a efetiva concepção dos projetos, assim como, da pedagogia que o(s) pode sustentar que apelidamos de colaborativa e criativa, mais do que resolutiva”. Trata-se de um processo em que o educador é mediador na produção de sentidos e a sua intencionalidade é orientada para a facilitação da diversidade de conteúdos experienciais e para a edificação do sentido da autoria nas crianças”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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8. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORAS A E B - E5ALC
PROTOCOLO DE
ENTREVISTA EDUCADORAS A e B
DATA
2008.10.20
CÓDIGO
E5ALC
Legitimação da Entrevista
Complemento de Observação
[…]
Utilização de grelha de registos
P - Eu vejo que tem aqui a utilização de cores nesta grelha. Pergunto-lhe - quando
me disse que estava a fazer observação já para este primeiro trimestre, eu, efetivamente,
verifiquei que o estava a fazer em simultâneo com o decorrer das atividades das crianças.
Pode explicitar o que quis efetivamente dizer?
R - [Educador A] - Isto é um rascunho, mas, um rascunho com uma estrutura para
adiantarmos.
Achámos que aquele [DQP] instrumento é fundamental para nós, mas mais à nossa
maneira, adaptamo-lo mais à nossa realidade, e então, como são quatro momentos com
as crianças, e depois, combinámos eu e a minha colega seria mais na área do raciocínio,
matemática ou matemática e resolução de problemas, na expressão plástica, outro no
faz de conta, e outro na expressão motora. Quer dizer, observamos todos, mas, mais
naquelas áreas, porque depois, como estão todas interligadas depois conseguimos
observar tudo. A linguagem, a comunicação, tudo, a expressão verbal, a expressão
dramática, isso tudo também conseguimos, mas, temos assim quatro momentos e,
temos que escolher bem. Agora, desta vez é assim.
P – Este é o “Livro de memórias”. Já tem um número elevado de projetos. Vai
fazendo sempre o registo à medida que as crianças os vão realizando? Como faz?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
68
R - Sim. Vamos fazendo e é um bocadinho difícil de coordenarmos isso, porque é
assim, vamos fazendo, mas tem que ser feito também pelas crianças, porque é um livro
em que envolvemos as crianças. Se não, não faz sentido.
E não pode ser muito demorado, tem que estar um pouco em cima da hora,
porque senão eles não se lembram. Quer dizer, pode passar uma semana, e até é bom
para recordar. Por isso é que é de memória e para recordar.
P - Já utilizam este livro, como instrumento de registo há muito tempo?
R - Pelo menos há oito anos. Não é colega? Estou aqui há oito anos, utilizamos pelo
menos há oito anos.
[Educador B] – Pelo menos há oito anos que já fazemos o livro.
Então, o jardim-de-infância tem no seu arquivo este instrumento de registo, o
“Livro de Memórias” para poder ser visto?
[Educador A/B] – Tem, tem.
Ele serve para vós, e?
Serve para os pais, os pais gostam de ver, havia momentos para as pais verem o
Livro de Memórias, era colocado aqui, eles entravam e gostavam imenso.
P - Mas é um instrumento vosso, não é a nível de agrupamento?
R - [Educador B] Não. [Educador A] aliás, já a nível de agrupamento temos outras
colegas que também fazem outros, diferentes, mas com o mesmo princípio. Nós,
frequentemente, levamos os nossos livros e os nossos registos para partilharmos,
falarmos e partir por aí.
[Educador B] – Para refletirmos, para darmos ideias.
[Educador A] - E para apanharmos as ideias dos outros. Eu consigo apanhar
sempre. E portanto, serve para nós, para as crianças, serve para os pais, serve para as
colegas, e serve muito para a formação inicial, porque usamos muitas vezes o livro para
mostrar às “meninas estagiárias” outras práticas, outras maneiras de fazer, muitos as
vezes mostramos a posteriori, muitas vezes dizemos: “Vocês trataram por exemplo, o
tema da alimentação. E, o tema da alimentação trataram desta maneira? Querem ver
que outra maneira que outras colegas fazem?, [porque há quarenta anos que tratamos já
destes temas, pronto], querem ver outras maneiras, pronto.”
a
r
a
q
u
e
P - O que gostariam de dizer sobre os registo de avaliação ou a utilização de
grelhas de registo na educação pré-escolar? Ou a avaliação das aprendizagens na
educação pré-escolar? Querem dizer alguma coisa?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
69
R - [Educador A] - Eu quero. Está a ver este caderno, este caderno é o resumo do
que eu e a minha colega pensamos em muitas coisas. Por exemplo, eu vejo uma coisa
engraçada na internet ou assim. Falo com a colega, falamos assim, e, ela tem ideias
muito giras e ela põe aqui e, ela tem uma coisa engraçada põe aqui, pomos aqui as duas,
e depois vamos pondo aqui. Nós estamos à espera de uma reunião com o nosso chefe,
que já programamos porque já falamos em conselho de docentes, temos falado muito
em conselho de docentes neste momento de avaliação, eu e a minha colega saltámos
com grande facilidade.
Os objetivos individuais, para espanto nosso, não foram colega?
[Educador B] – Foram muito fáceis de fazer.
[Educador A] – De fazer e com sentido. Ora muito bem, ora aqui está muito bem. E
fizemos aquilo com facilidade e até ficámos “pasmadas” porque estávamos à espera: isto
vai ser uma parvalheira. Não, isso correu bem, e depois, o que é que correu mal? Não
falámos muito para depois, porque aquilo é um conselho de docentes em que é metade,
metade. Metade veteranas, e outra metade veteranas menos interessadas. E o que é que
acontece?
Acontece que há sempre umas que estão a monopolizar a conversa e a ter muitas
ideias e eu canso-me disso. E acho que, também, temos que dar palavra às outras, e as
outras ficam “entroncadas” e não falam.
Não falam e eu também não posso falar. Porque depois, as outras abafam-se e não
dão a ideia, não dão ideias, “coitadas”, também têm, e então, eu digo sempre, não
concordo com isso. Por exemplo, não concordo com as metas, era preciso definir metas
para as crianças dos três anos, para a avaliação. [Educador B] – E metas muito precisas
para a educação pré-escolar. Mas eles queriam primeiro: aos três anos o quê? Aos quatro
o quê? E aos cinco.
[Educador A] - Isso é desvirtuar a educação pré-escolar, não podia ser assim, é
preciso metas que pudessem ser aferidas. E portanto, isso tornava mais difícil, ora,
quando nós trabalhamos numa avaliação emergente, numa avaliação que tem a ver com
a qualidade, num processo. Claro, também, isto que usamos é para quantificar, não é?
Mas, eles querem saber o que é que a criança faz aos três, quatro.
[Educador B] – Eles querem coisas, muito, muito concretas e muito do género: aos
três anos aprende as cores assim do género, sabe contar até, aos quatro já consegue
fazer por exemplo, tirar menos um, mais um. Vamos supor, eram coisas muito objetivas,
demasiado objetivas. E depois, houve pessoas que se extremaram um bocadinho.
Usaram o exemplo, a criança que não sabe as cores ou não sei o quê, ou é deficiente, ou
não pode passar de ano, tem que ficar retido. Começam a extremar-se muito as
posições. E aquilo começam, em vez do pré-escolar ser um incentivo e ajudar a criança
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
70
na sua auto-estima, começávamos logo ali a catalogar miúdos, para mim era, e a sermos
demasiado rígidas.
[Educador A] – a colega lembrou-se logo de exemplos que tinha acontecido de
crianças que aos cinco anos não lhes interessava nada as cores, nem os números, não
queriam saber, e que depois foram alunos óptimos, entraram imediatamente, naquela
altura eles não estavam interessados, eles tinham desenvolvido competências para isso,
mas não queriam, não estavam aí.
[Educador B] – Notava-se, e nós notamos perfeitamente, se um miúdo não está
interessado, não quer. Tinha um que me dizia: “eu quando for para a primária aprendo
isso”, está a perceber? E elas já diziam, não. Não sabe fica no jardim-de-infância, é retido.
P - Mas aqui no vosso jardim-de-infância qual é exatamente a metodologia que
vocês seguem?
R - A de antigamente, aquela que sentíamos como a da nossa prática, e
continuamos, e não concordamos com isso, e depois, que no agrupamento de fato
conseguimos, e também havia outras que tinham opinião como nós, e se não fosse era, o
pré-escolar era um processo, era um processo contínuo, portanto, não podíamos por
nem metas para os três, nem para os quatro, coisas assim tão objetivas.
Vamos dizer, no pré-escolar a criança tem que... E levámos aquela coisa da
Gabriela Portugal, do Relatório “a criança tem que ter confiança nas suas capacidades,
tem que ter autonomia, tem que ser responsável, tem que gostar daquilo que faz, tem
que gostar de si mesmo, mas, não com aquelas metas assim muito e, depois,
conseguirmos fazermos assim as metas rígidas era muito … são muito latas, não é?
[Educador A] – isso é um aspeto que se fossemos nós a mandar as metas do pré-escolar
nunca seriam assim daquela maneira, daquela forma, mas pronto. Já está mais ou
menos, isto é um processo que vai sendo devagarinho, porque temos que sensibilizar
muito bem a direcção executiva. Porque eles não sabem, não é por …. O nosso chefe
quando fizemos a reunião da avaliação disse uma coisa que eu adorei, disse que a
ministra tinha dito, os professores não sabem defender a sua autonomia, e eu acho que
sim.
P - E o que é a autonomia?
R – No pré-escolar é precisamente como deve ser a avaliação. O problema é que
não sabem.
E quem é que não sabe? Os próprios educadores. Não sabem como é que a
avaliação deve ser feita. E é por aí, ora, dão-nos autonomia e “olha filho vai lá correr”,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
71
mas, ele não sabe correr, é bebé. Como é?
E é isso que acontece.
Temos que saber, temos que refletir muito sobre o que é avaliar, e depois, então,
podemos ter autonomia para avaliar, até aí andamos aos papéis.
É isso que acontece.
Por exemplo, aulas de observação, três aulas de observação, muito bem, óptimo,
há pessoas que não gostam de ser observadas. Eu gosto, para aprender, e portanto,
temos que abrir a mente às pessoas para eles dizerem: deixa, deixa-te observar, para
evoluíres, para mudares.
Agora três observações em três momentos, três aulas, é assim que está, 45
minutos, então eu e a minha colega temos, 45 minutos cada.
[Educador B] – Cada aula te que ter um domínio diferente. Tudo contra o princípio
da educação pré-escolar. Eu por exemplo, sou no primeiro dia no primeiro tempo.
O que é o primeiro tempo, disse eu?
Então, é desde as nove horas até um quarto para as dez, e a minha colega será
observada de um quarto para as dez às dez e não sei quantas, com mais os quarenta e
cinco minutos. Na outra vez, é a minha colega o primeiro tempo e eu o segundo. Da
próxima vez, sou eu ao primeiro e a minha colega ao segundo. Somos só observadas no
primeiro tempo.
Então, eu disse assim: “então vocês vêem ver sempre a mesma coisa”, porque, eu
no primeiro tempo, tenho um momento igual, em que as crianças estão aqui e não tenho
mais nada.
[Educador B] – Faz de conta, nesse dia excepcionalmente.
[Educador A] - Não, não meninos, agora vamos fazer um jogo de matemática,
quebrando as outras coisas todas, para mostrar ou vamos fazer …, não acho isso correto.
E portanto, as pessoas também não sabem o que é observar, e a avaliação na educação
pré-escolar não configura com essas práticas, porque a observação na nossa opinião
devia ser da manhã inteira, ou do dia inteiro.
P – O que significa que aqui, no vosso jardim-de-infância, a situação é diferente.
Na vossa relação com as crianças, no dia-a-dia, naquilo que vão fazendo, vão tomando
algumas notas, fazendo registos e observações, para depois juntar ou agregar numa
matriz tudo, para terem o vosso pensamento, a vossa reflexão sobre o que foi a evolução
daquela criança. Não sei se estou a pensar mal, agradeço que me corrijam.
[Educador A] - É mesmo isso, porque se não, não fazia sentido, se nós não
conseguirmos ver o que cada um consegue.
P - Se quiserem dizer, sumariamente, a avaliação que fazem com as vossas crianças
ao nível das aprendizagens. O que é que estão a fazer neste momento?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
72
R - Temos a avaliação diagnóstica em que vemos não só as áreas curriculares
trabalhadas, vemos o envolvimento, vemos o bem-estar, em cada uma destas
observações nós pretendemos ver qual é a área em que a criança está a trabalhar, a área
predominante, ou as áreas predominantes, porque às vezes são duas e são ambas
predominantes, como é o envolvimento, se eles estão interessados, se a atividade é
dirigida ou se é de sua iniciativa, aproveitamos o fato de termos cá as estagiárias para ver
isso, ao nível do envolvimento e do bem-estar.
P - Sim, e isso é referente?
R - [Educador B] Às crianças. Já o utilizávamos no projeto [DQP], continuámos a
utilizar, utilizamos adaptando-o. No projeto era muito rígido, era de acordo com horas.
P - Mas para além disso?
R -[Educador B] – E a minha colega faz os incidentes críticos. [Educador A] – só este
ano.
P - O que eu gostava que me dissessem era: Que vós enquanto par pedagógico
estão neste momento a utilizar aqui neste jardim isto e isto?
R - O livro de memórias, grelhas de registo, livro de ponto, o portfolio que já
tínhamos falado, o ano passado. Também fizemos aos inquéritos aos pais, ainda estamos
este ano à espera de autorização do agrupamento, porque isso para nós é muito
importante. Entrevistas às crianças, também, temos feito entrevistas às crianças, porque
pensamos que é muito importante. Temos estes registos que fazemos nestes cadernos
[mostram os cadernos].
P - Isso o que é, um caderno diário?
R - Isto é uma agenda. Esta agenda é um caderno de registos, e depois, ainda,
temos outro grande, temos outro maior onde por exemplo a minha colega encontra uma
parte de um livro muito interessante, e traz uma fotocópia e nós as duas lemos em
conjunto. Porque, só eu ler em casa ou só a minha colega ler em casa, ou eu ler, faz
menos sentido.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
73
P - E em relação aos incidentes críticos que diz que este ano está a utilizar?
R - Isto é assim, eu até lhe chamei notas de campo, mas, é a primeira vez que
estamos a usar, ainda não usamos bem, estou a fazer ainda, e depois, vamos ver. Então é
assim, eu uma vez dei um olho, numa observação feita por um investigador que aqui
tivemos, não vi bem como era, mas fiquei com uma ideia e depois, adaptei-a à minha
realidade e ao que eu queria, e então, eu registo numa folha momentos significativos,
que tenham a ver com as interacções, porque como estou a fazer investigação sobre a
pedagogia de relacionamentos e como esta ficha do Laevers sobre o empenhamento do
adulto, também tem a ver sobre isso sobre a sensibilidade, a autonomia que damos à
criança, então é assim, registo o momento, tiro uma foto e depois explico porquê e sem
inferir, e depois o que é que eu penso, e aí ponho também algumas dicas sobre teoria. E
depois, com isso, vamos reunir com as estagiárias e vamos pensar e vamos passar.
Eu estava a dizer à minha colega que é encantador, é de um prazer tal, indescritível
nós estarmos a rever depois de o momento ter passado e a estarmos a encontrar outras
coisas. Mas olha que giro, vimos, naquele momento. E portanto, o momento é depois
tornado a ser vivido de outra maneira, já mais afastada que já se vê mais.
Engraçadíssimo, estou a gostar muito de fazer aquilo, claro que tenho que fazer com um
lápis e claro que estou a passar para o computador porque posso ver a seguir e por acaso
até ficou de uma forma mais cuidada, e até tenho mais cuidado, porque aqui a minha
colega está sempre me a dizer-me para eu não inferir e eu faço muitos inferências na
parte descritiva, porque, não o devo fazer. E ela com tem outro olho, e agora já está a ter
mais cuidado, disse.
Muito obrigado pela colaboração
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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9. PROTOCOLO DA ENTREVISTA COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO EO3ALC
PROTOCOLO DA ENTREVISTA
COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO
DATA
2008.02.23
CÓDIGO EO3ALC
Legitimação da Gravação
O Entrevistador, no início deste estudo tinha informado o Entrevistado da necessidade de efetuar pequenas entrevistas como complemento às observações efetuadas, sempre que, as atividades desenvolvidas e os conteúdos apresentados durante a observação assim o justificassem. O Entrevistado disponibilizou-se, desde logo, para colaborar e quando necessário mostrou material e registo de atividades diretamente relacionadas com o tema O presente protocolo efetuou-se de imediato ao término da observação O3ALC e reporta-se exclusivamente ao “Livro de Memórias” E – Começo por agradecer a disponibilidade e colaboração por mais uns minutos preciosos, mas, gostaria que nos falasse um pouco sobre este livro que estiveram a construir – “O Livro de Memórias”.
P - “Este é um livro onde estão todas as nossas atividades, as mais
importantes. Mas, está por projetos, está dividido por projetos, (…)
depois, eles às vezes diziam, mas olha veio cá (referia-se a alguém não
identificável ao entrevistador), aquela visita, encontrámos uma coisa e tu
não puseste no livro, então [resolveram], criámos uma rubrica que se
chamámos coisas interessantes.
Por exemplo, este dia em que eles estiveram a brincar com as caixas, no
dia em que foi a inauguração do túnel, o momento em que houve
momentos importantes.
Mais ou menos durante um mês, mês e meio, fazemos as atividades e
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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depois no fim do mês é que começamos a construir o livro, não é?
Porque, senão, as coisas vão-se espaçando muito e as crianças depois
têm mais dificuldade em recordar.
Eles, depois, constroem o livro comigo, eles fazem connosco, aliás, e recordam o que fizeram em simultâneo e dizem “olha, fizemos isto”, e exprimem-se dizendo “olha, gostei muito de fazer isto” ou “não gostei, podíamos ter feito de outra maneira”, de certa maneira avaliam o passado” E - O recurso à fotografia como método, como meio, importa-se de nos falar um pouco?
P - O recurso à fotografia é utilizado no dia-a-dia. Já faço isto há muito tempo, mesmo há muito tempo. Gosto de ir fotografando as atividades e os miúdos. Depois, quando preciso de explicar o que eles fizeram é muito mais fácil. Porque me lembro, há ali uma memória coletiva.
A construção do “Livro de Memórias” mostra a consideração pela “escuta da voz da criança”. Através dos diferentes modos de expressão (escrita, comunicação e criatividade) a criança assume, aqui, uma forma de como ela própria e o grupo compreendeu o Projeto, o Mundo [os artefatos sociais], na forma como [0] representa e fala sobre e com os outros. Este instrumento de registo contribui para evidenciar a prática pedagógica e a qualidade deste contexto educativo. O “Livro de Memórias” construído por estas crianças regista um excerto paradigmático do quotidiano aprendiz coletivo construído com profissionalismo, e um saber-refletido e dedicação à educação de infância. Este trabalho baseia-se na escuta, no diálogo e nos interesses expressos pelas crianças, revelando um grande respeito pelas situações de aprendizagem no seu contexto de vida, da comunidade que as envolve e das famílias. O Livro de Memórias constitui-se como uma “narrativa pedagógica [que] ilustra, na sua essência, a efetiva concepção dos projetos, assim como, da pedagogia que o(s) pode sustentar que apelidamos de colaborativa e criativa, mais do que resolutiva”. Trata-se de um processo em que o educador é mediador na produção de sentidos e a sua intencionalidade é orientada para a facilitação da diversidade de conteúdos experienciais e para a edificação do sentido da autoria nas crianças”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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10. PROTOCOLO DA ENTREVISTA COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO4ALC
PROTOCOLO DA ENTREVISTA
COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO
DATA
2008.04.03
CÓDIGO EO4ALC
Legitimação da Entrevista
A Educadora disponibilizou-se com amabilidade para a gravação em protocolo de
alguns pontos pendentes à observação, por isso, este efetuou-se de imediato ao
término da observação O4ALC e reporta-se exclusivamente às “Observações” e
“Registos de Avaliação” desta manhã.
E – Pode referir algum dado sobre as observações que
esta manhã me referiu que estava a realizar?
P - “Nós, esta semana iniciámos as observações, mas nós adulterámos
um pouco o DQP na forma como eram feitas. Combinámos com a
nossa conselheira e fizemos uma mescla de forma também mais
sentida para nós e para a nossa realidade.
Então, é assim: as observações são feitas visando as mesmas dez
crianças por sala, as crianças que observámos da primeira vez, vamos
observar agora a segunda vez, quatro vezes no mesmo dia, se
possível, é claro, senão, não for possível, não. Mas, as observações
desta vez não são consoante as horas.
Da primeira vez era às horas, e era às 9h 30m era mesmo às 9h30.
Desta vez, vamos procurar fazer as observações para que essas
observações nos dêem um retrato da criança, ou então não. Por
exemplo, se aquela criança vai para aquela área ou não, se (…) não
perceptível
É um bocado ajustarmo-nos, é um outro princípio.
Anteriormente, o outro princípio era observar por observar, agora
vamos modificar um bocadinho. O quê que aconteceu, agora desta
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
77
vez, nunca se consegue fazer aquilo que pensamos porque há muitos
outras coisas a fazer, e é termos que tirar uma fotografia, e é termos
que gerir todas as outras coisas, e então, na observação e nesta
observação nós temos que ver quais as áreas. Normalmente, a criança
está em mais que uma atividade a trabalhar, qual é a interacção –
criança/adulto; criança/criança; criança/alvo; outra criança; só ela,
qual a interacção – o nível de envolvimento, e sobre a iniciativa que já
falei. Se a atividade é livre ou se é orientada ou se é escolhida, o seu
envolvimento e penso que já falei de tudo.
Depois, temos que descrever um bocadinho. E depois quando
passamos a limpo complementamos. Da outra vez, não fazíamos
assim. Fazíamos uma por criança e fazíamos quatro observações.
Agora, fazemos a dez crianças, no entanto, é nossa intenção fazer
uma avaliação para todos, mas mais para o fim, agora, estamos a
fazer para o DQP e para as estagiárias, para depois podermos discutir
com elas, porque não faz sentido.
Começámos agora o terceiro período, as observações para as
avaliações vamos dar um bocadinho mais tempo, porque fizemos há
pouco tempo para darmos mais tempo. Hoje foi quatro e isto é uma
amostra para o DQP, depois, vamos fazer com todos e ao nosso jeito,
como nós queremos e aí talvez não seja só num dia, porque pode
tornar-se (…) é, isso, há pressão. As áreas são o envolvimento, o nível
de envolvimento, outro é a iniciativa se é livre se é orientada. É um,
dois, três, quatro que estão lá nessa folhinha, e também qual foi a
interacção que houve, neste momento que nós estamos a observar se
foi a criança a seleccionar [não perceptível].
A descrição faço logo no momento, porque, senão esqueço-me,
porque são muitos e porque logo de momento temos que dizer “o
quê” que ele está a fazer. Só que depois, tentamos fazer só sem
inferências, da primeira vez era só descrever mesmo, mas como isto
vai para o portfólio queremos, depois, que os pais sintam e se
envolvam, e não queremos que aquilo fique assim tão frio, tão
técnico, e então, agora, combinámos que dá para darmos outra volta,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
78
e então, inferir na mesma para darmos um reforço, para fazer sentir
também aos pais e para não ser assim muito técnico.
E assim é uma coisa que os pais vêem e ficam deliciados e então vão
percebendo aos poucos a nossa intencionalidade, e é isso nós
gostávamos”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
79
11. COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO6ALC
COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO DATA
2009.05.09
CÓDIGO
EO6ALC
Legitimação da Gravação
O presente protocolo efetuou-se de imediato ao término da observação O5ALC e
reporta-se exclusivamente à utilização dos “Espaços”.
E - Hoje de manhã quando cheguei tinha as crianças aqui neste espaço
todas reunidas. Qual é o seu objetivo quando utiliza este espaço?
P - Bom, este espaço, primeiro é para o acolhimento e, é o espaço para
fazermos a gestão da vida do jardim-de-infância, digamos assim, com eles
[crianças]. É o espaço onde planeamos, é o espaço onde depois
avaliamos, é o espaço onde definimos as linhas gerais, onde combinamos
as coisas, é o espaço em que aproveitamos para esta hora de conto,
normalmente a esta hora todos os dias há a hora do conto, é também
para eles falarem do tempo, [não perceptível].
E - É um espaço que é utilizado todos os dias?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
80
P - Todos os dias, onde fazemos o acolhimento, onde preenchemos os
quadros, hoje quando chegou já o tínhamos feito, há uma altura do ano
que fazemos tudo e todos juntos, mas depois começa a tornar-se
maçador, porque a rotina é já tão […] fazem aquilo diariamente que
quando chegam já sabem, fazem o preenchimento dos quadros, antes de
irmos para ali [sala de aula] já sabem ….
Quando chegou já tinham marcado o tempo, para depois fazer o gráfico e
contabilizar, no mês de tal [1m 42s+-]
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
81
12. PROTOCOLO COMPLEMENTO OBSERVAÇÃO - EO8ALC
PROTOCOLO COMPLEMENTO
OBSERVAÇÃO
DATA
2008.11.22
CÓDIGO
EO8ALC
Legitimação da Gravação
. O presente protocolo efetuou-se de imediato ao término da observação O8ALC.
E – Há pouco durante as atividades quando estava junto das crianças a
trabalhar utiliza este instrumento/documento [fotografado – grelha de
registos]. Disse-me que já estavam a efetuar as observações para o 1º
período. Pode explicar-me o queria dizer quando me disse isso?
P - Sim. Nós utilizamos a avaliação em vários momentos. Mas nós este ano
pensámos a avaliação de outra maneira eu e a minha colega. Então, é assim:
primeiro fizemos o diagnóstico e esse diagnóstico este ano foi mais
demorado. Quisemos ouvir a opinião deles [crianças], registámos muito,
demos muita ênfase à voz das crianças, ouvimos o que elas diziam, e depois
observamos todas aquelas coisas que toda a gente observa, das
competências das crianças, como é que elas estão nas cores, nas formas,
nas contagens, e assim. Para termos um ponto de partida e começarmos a
trabalhar e, por isso, fizemos o diagnóstico, e depois, começamos a fazer
outro tipo de observações, e então, baseamo-nos naquelas fichas do
Leavers.
Adaptámo-las. Verificamos o que tínhamos já trabalhado há dois, três anos e
até quatro do DQP, adaptámo-las agora à nossa realidade, e então,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
82
PROTOCOLO COMPLEMENTO
OBSERVAÇÃO
DATA
2008.11.22
CÓDIGO
EO8ALC
começámos agora com um processo que vai demorar.
E então o que é que nós decidimos?
Decidimos que teríamos três momentos com essas fichas de observação. O
primeiro agora em Novembro, o segundo em Março/Abril, e depois, o
último em Junho.
Três momentos para irmos aferindo o processo, e portanto, o
desenvolvimento da criança nesses três momentos. Isto cada momento
tem, quatro momentos com a criança, com observações de 5 minutos cada
uma. Depois, nas áreas, isso era o mesmo que fazíamos o ano passado, com
a mesma ficha, mas adaptando-a à nossa realidade.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
83
13. – PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O1ALC
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O1ALC
23
Novembro
de
2007
Sala de
Atividades
Recreio
Exterior
1 - Educador
Grupo de 22 crianças
Idade: 5/4 anos
Conhecimento do
Mundo
• Atividades
práticas e
exploração /
investigação
• Jogos Livres
em contexto
de sala de
Aula e
exterior
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
9h 00m
Observação de Atividades em contexto de sala de aula
de jardim-de-infância
Chegada do investigador ao jardim-de-infância.
Primeiro momento de observação (formal) neste
jardim-de-infância.
O educador encontrava-se junto à porta da entrada do
jardim-de-infância no hall, espaço/ zona reservada à
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
84
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
recepção das crianças.
Fazia o acolhimento, recebendo as crianças que eram
entregues pelas famílias. Estas, deixam os seus
agasalhos nos cabides e algum jogo que tenham trazido
de casa que querem partilhar com os colegas.
Enquanto isso, as crianças vai falando uns com os
outros e, também, estabelecem pequenas conversas
com o educador, algumas mães ou outros familiares
aproveitam para comunicar e informar algumas
recomendações ou informações com o educador acerca
do seu filho, e o grupo de crianças vai-se reunindo.
Aqui no hall as crianças vão-se sentado nos bancos
corridos que contornam as paredes laterais, em forma
de U.
Os educadores mantêm-se junto das crianças.
Ao ver chegar o investigador, prontamente, o educador
veio acolhê-lo e fazer a sua apresentação perante todo
o grupo de crianças, dizendo-lhes que “esta senhora
também ia ficar ali com eles, muitos dias e que nos
íamos ver muitas vezes, durante todo o ano”. Em
relação aos restantes membros da equipa do jardim-de-
infância, educadores, auxiliares, educadores estagiários
apresentou o investigador e deu uma volta pelas salas e
mostrou, mais uma vez, o jardim-de-infância ao
investigador.
Em relação às salas de aula, o educador relatou
algumas rotinas diárias deste estabelecimento e por
diversas vezes disse que “era hábito as portas estarem
abertas” dizendo que “pois as crianças, por vezes,
Normalmente os
objetos que as
crianças trazem de
casa são objetos que
os une a um lugar,
que não querem
deixa-los por nada,
guardam-nos como
um tesouro e podem
ir junto deles, brincar
com eles ou partilhar,
sempre que querem,
e também nos
momentos que estão
atribuídos para
atividades livres.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
85
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
9h 15m
partilhavam espaços e também trabalhos em conjunto.
Gostavam de trabalhar assim”. A colega reforçou,
dizendo e explicando as vantagens que é para “elas”
esta metodologia de abertura e partilha dos espaços
para as atividades que realizam no seu dia-a-dia.
Exemplificou com algumas atividades.
Enquanto isto, havia uma interacção entre as crianças
com pequenas questões que de vez em quando
perguntavam aos educadores e os sons e ruídos de uma
sala de aula, com crianças em movimento em azáfama
ressaltava como evidência.
Descrição do espaço-materiais:
Os placards tinham afixado trabalhos feitos com as
crianças de acordo, distribuídos e identificados com
diferentes áreas curriculares, e com o nome exato
atribuído às atividades desenvolvidas.
É uma sala grande, com muita luz e áreas de interesse
[atividades], bem demarcadas. O espaço destinado à
“casinha das bonecas” parecia uma casinha em
miniatura; ocupava aproximadamente um quarto da
sala, tinha também uma área destinada ao trabalho
com computador e impressora, biblioteca, mesas de
trabalho coletivo, devidamente identificadas. Todo
material encontrava-se ao alcance das crianças.
As crianças circulavam livremente pelo espaço da sala,
não havia atividades dirigidas ou orientadas pelo
educador, cada criança ocupava-se de acordo com a
sua escolha ou interesse, quer ao nível do material a
Concepção do ensino
Sala de Aula como
espaço Aberto
Partilha de
atividades,
cooperação.
Valorização
comunicação Portas
Abertas -
Registo das
atividades
desenvolvidas e com
evidências.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
86
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
9h 30m
utilizar, quer ao nível das escolhas dos colegas para
construir/fazer atividades em qualquer aérea de
atividades, livremente e sem interferência do educador.
Não havia mapa de registo das escolhas feitas pelas
crianças para cada uma das áreas de interesse.
Os educadores estagiários juntaram-se a um pequeno
grupo de crianças que se encontravam sentadas numa
das mesas centrais, traziam materiais de um material
que já haviam trabalho nos dias anteriores e deram
continuidade à construção de um “globo”. Utilizavam
materiais reciclados e as crianças estavam envolvidas
na construção do globo, construindo conjuntamente.
Ao mesmo tempo nomes e temas relacionados com o
“Mundo” faziam parte de um diálogo explicativo
relacionado com o tema tratado.
O educador informou que este trabalho, que as
crianças estavam a realizar, referindo-se à mesa que se
ocupava da construção do globo, derivava “de um
interesse especial que as crianças haviam demonstrado,
e que por isso, ela resolvera responder a esse interesse
e começou a explorar e a construir juntamente com o
grupo um projeto a que chamaram Projeto “À
DESCOBERTA DO UNIVERSO”.
As educadoras estagiárias coordenavam e orientavam
alguns trabalhos que se articulavam com o projeto,
como a exploração de palavras, termos, conceitos, com
as informações trazidas pelas crianças fornecidas pelas
famílias. Todo o conjunto de tarefas e atividades ia
sendo registado em grelhas ou fichas. “A participação
do aluno é permanente, construindo, fazendo em
interacção entre todos”, disse o educador ao
Criação do ambiente
educativo muito
próximo da
realidade.
Espaço e tempo livre
para atividades lúdica
Livre escolha das
crianças para
atividades e
interacção entre
colegas.
À espontaneidade da
criança o educador
fica obrigado a uma
observação
cuidadosa e contínua
pela multivariedade
de opções que a
criança dispõe.
Trabalho Projeto
versus Atividade
Lúdica Livre
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
87
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
9h 45m
10h 00m
10h 15m
investigador.
Pequenos grupos de 3/4 crianças executavam outras
atividades, entretanto distribuídas pelo educador,
completamente alheados do que se passavam ao seu
redor, as crianças que estavam na construção do globo
e trabalhos de investigação e registo.
Algumas vão alternando e trocando entre si de
atividades e ocupando diferentes áreas e espaços,
mudam de atividade livremente.
A integração e a articulação entre o grupo de crianças
para as diversas atividades livres ou orientadas foi
sendo por vezes estabelecida pelo educador, de modo
que as crianças que estivessem no grupo do trabalho
de “Projeto” em construção não ficassem demasiado
tempo e fosse dada oportunidade a todas as crianças
do grupo nele participarem.
Até à hora das atividades de ar livre, no espaço exterior
do jardim-de-infância (o recreio) a sala de aula
manteve-se o mesmo tipo de atividades não havendo a
registar evidências significativas ao nosso objeto de
estudo.
Todo o grupo de crianças se encontrava na área
exterior ao jardim-de-infância, o recreio, e as crianças
faziam jogos livres e espontâneos, utilizavam os
materiais de exterior, como bicicletas, carros, casas e
equipamentos diversos.
As crianças regressam à sala de aula, descansam um
pouco nos bancos do hall e as educadoras estagiárias
Desenvolvimento e
Integração Trabalho
Projeto no
desenvolvimento do
currículo
O educador
proporciona
oportunidades para
as crianças aplicarem
as competências
através do trabalho
de Projeto
O educador tinha a
preocupação que as
crianças todas
fossem dando o seu
contributo para o
“Projeto”. Com a
manipulação dos
materiais, dando-lhes
possibilidade de
experienciarem as
texturas,
aprendessem
conceitos, integrando
conhecimento
através da
verbalização e
repetição e, também,
com a participação
individual num
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
88
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
10h 30m
1oh 45m
11h 00m
11h 15m
iniciam “um conto”
Fim de Observação
Entrevista não gravada com o educador:
Para facilitar a compreensão o educador disponibilizou
alguns documentos que orientam a acção educativa
daquele estabelecimento. Respondeu a algumas
perguntas do observador onde descreveu rotinas de
avaliação no quotidiano diário, mostrou o livro de
registo [poderá ser considerado um livro de sumários]
obrigatório. Afirmou que este livro é obrigatório, faz
parte das Tarefas organizacionais do agrupamento
escolas onde o estabelecimento está inserido.
Mostrou o livro de memórias, explicou como era feito
e disse: “é construído pelas crianças, como prova de
registo da evolução dos trabalhos e principais
atividades desenvolvidas no ano escolar
[Setembro/Julho];
Mostrou também alguns instrumentos normalizados
elaborados pelos educadores deste jardim-de-infância,
para controlo e registo de práticas e rotinas
organizacionais, assim como instrumentos de registo do
desenvolvimento e das competências das crianças, de
acordo com áreas curriculares e tempos escolares.
No que concerne ao Projeto Curricular, os educadores
informaram que estavam a adaptar o projeto
anteriormente elaborado, uma vez que tinham
recebido orientações legais, do Ministério, apenas em
trabalho coletivo.
Participação e o
Envolvimento do
Aluno ia sendo
registado
Instrumentos de
Avaliação
Organizacional: 1.
Livros de Memórias;
2. Livro de Sumários;
3 Fichas semanais
enviadas ao Conselho
Executivo; Fichas de
Leitura com a família
Instrumentos de
Avaliação
Pedagógica: Capa
pedagógica Portfólio,
Grelhas de
Observação, Fichas
de registo,
Observações
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
89
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
Outubro 2007. Altura em que o Projeto Curricular já
estava definido e construído.
Foi feita a descrição das principais fases em que
decorre a acção educativa. Desde a sua concepção, ao
planeamento, com recurso aos materiais a utilizar, a
previsão dos objetivos a atingir pela turma e pelos
alunos, as dificuldades que muitas vezes não são
previstas nesta fase e que depois se tornam muito
difíceis de ultrapassar.
A forma como se organizam, quer na realização das
atividades, quer na articulação entre métodos e
modelos utilizados das práticas educativas. A procura
do conhecimento e do aperfeiçoamento foi uma
constante na tónica do discurso, acentuado na
valorização em acções educativas que beneficiem o seu
trabalho.
A forma como é avaliada a acção educativa também
revelou ser uma das preocupações dos educadores,
uma vez que, trabalham com o Modelo DQP, tendo
para o efeito realizada formação., o que consideram
um contributo importante e muito valioso para o seu
desempenho profissional. Referiram, também que a
Escola Superior de Educação de Santarém, tem sido
muito importante na colaboração com alguns docentes
e o fato de receberem alunas estagiárias faz com que
seja feita uma monitorização das práticas educativas
permanentemente. E isso é uma mais valia que aquele
jardim-de-infância tem.
A utilização do Portfólio da Criança e todo o suporte
para a sua elaboração são as metodologias com que se
Adaptações às
Orientações
Normativas (ME)
O educador referia-se
à circular
n.º17/DSC/DEPEB/20
07, de 10 de Outubro
como: Referencial
normativo: Gestão
do Currículo na
Educação Pré-Escolar
– contributos para a
sua
operacionalização
Valorização da
participação em
projetos da
Formação em
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
90
HORAS
E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas
complementares
e Inferências
organizam para a avaliação nos vários domínios, quer
seja com as crianças, quer seja com as famílias, e ainda
com o contexto educativo, tendo o estabelecimento de
ensino nos últimos anos recorrido a este instrumento
de avaliação.
contexto e Projetos
Monitorizados por
Instituições de Ensino
Superior. Este faz
com que seja feito
um
acompanhamento e
monitorização às
práticas instituídas,
ao desenvolvimento
das atividades e
tarefas concretizadas
no dia-a-dia das
crianças se revele
muito útil
Gravação Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
91
14. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O2ALC
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O2ALC
30 de Novembro
de 2007
Sala A
1 - Educadora Grupo de 22crianças. Idade: 3/5/4 anos
• Atividades livres
• Recreio
• Pintura
• Jogos
• História
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
9h 00m
Observação de Atividades em contexto de sala de aula de
jardim-de-infância
Chegada ao Jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças pelo educador. Todos
saúdam os colegas e os adultos dizendo “Bom-dia”. O educador
vai dirigindo algumas palavras com os familiares que trazem as
crianças e acolhe, por vezes ao colo, ou aproximando-se da
criança, ou baixando-se, para ficar à mesma altura, as crianças
que por vezes precisam de alguma atenção individualizada.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
92
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
9h 15m
9h 30m
Passados estes primeiros momentos, as crianças vão ocupando
livremente os espaços e áreas da sala. Integram-se nos grupos à
medida livremente e seleccionam, três áreas: a área da leitura, a
“casinha” e alguns jogos de construção.
O educador ocupava-se com arrumações de documentação de
cariz administrativo.
As crianças mantêm-se ocupadas com atividades livres. O
educador vai dando algumas indicações às crianças de como
utilizar alguns materiais.
A sala mantém o mesmo tipo de atividade. As crianças trocam
livremente de atividade e brincam livremente.
O educador reúne o grupo no hall e começam a falar sobre as
atividades que terão que fazer ao longo do dia. Cada criança
informa o educador do que gostaria de fazer e caso tenho algum
trabalho ainda para acabar dos dias anteriores. Explica o que
ficou por fazer e também a o motivo. O educador vai sugerindo
ao grupo algumas atividades, a realizar ao longo do dia,
mediante aquilo que cada um foi dizendo. Após, o grupo
individualmente ter manifestado a sua opinião, o educador
pergunta:
- “Quem se lembra do que fizemos ontem?
- Os desenhos da História do Gigante”. – Responderam.
Como que antecipando o que o educador iria dizer [porque
junto a si tinha um conjunto de desenhos], uma criança
pergunta:
- “Vamos ver os nossos desenhos?” – o educador confirma, não
antes de perguntar ao grupo se gostariam de ver o que cada um
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
93
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
9h 45m
10h 00m
fez.
Todos concordaram.
Serenamente, o educador vai mostrando o que cada um fez no
seu trabalho, diz o nome da criança a que pertence. As crianças
observam e por vezes vão fazendo comentários sobre o que as
imagens lhes sugeriam. (…). Perante um desenho com
caraterísticas de garatuja, uma criança pergunta:
- “O que é aquilo?
O educador remete a pergunta para o autor do desenho.
-“Tens que perguntar ao Gustavo”.
A criança pergunta ao autor do trabalho:
-“O que é aquilo, que fizeste a vermelho?”
Perante a ausência da resposta o educador interveio:
-“Lembras-te Gustavo? O teu colega está à espera da resposta”.
O colega continuou sem responder e o educador diz:
- “O Gustavo não se lembra. Vai pensar um bocadinho e depois
já te diz”.
Continuou a mostrar os desenhos e esperando, sempre,
primeiro que cada um identificasse o seu trabalho e dissesse o
qual o significado que atribuía às imagens que haviam feito. A
propósito do trabalho da Sónia disse:
- “Ah! A Sónia já sabe fazer o nome e a data sozinha, vêem!”
Realçando também:
- “Olhem, a Patrícia tentou fazer o nome sozinha. Tentou copiar
(…) Eu escrevi aqui em cima e ela imitou!”
Depois de todos os trabalhos terem sido mostrados cada criança
que esta incumbida do preenchimento dos mapas começou a
fazê-lo.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
94
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
10h 15m
Uma criança preenche o mapa respeitante ao Boletim
Meteorológico, outra vai marcar o calendário, e ainda outras as
presenças do dia. À medida que as presenças iam sendo
marcadas, as crianças iam-se dirigindo para a sala de aula para
uma área que seleccionavam, livremente.
O educador lembrou:
-“Quem for pintar veste antes o avental, não se esqueçam? Está
bem?”
As crianças interessadas na pintura corresponderam a este
pedido. Dirigiram-se ao espaço destinado à pintura e respetivos
materiais, vestiram os aventais, foram buscar folhas de papel,
que colocaram no móvel da pintura e começaram a pintar.
Uma das crianças antes de iniciar disse para o seu colega:
-“Podemos fazer o mar? Pergunta ao mesmo tempo que decide
de imediato
-“ Eu vou fazer. Vou fazer o mar azul”.
- “Também pode ser verde” – disse o colega.
- “Mas eu vou fazer outra coisa. Vou fazer uma casa”.
Respondeu.
- “Está bem. Mas eu vou fazer o mar azul, porque é mais giro e o
meu pai diz que o mar é azul, e eu sei que é, porque eu já o vi”.
Cada criança começou a pintar livremente e cada um foi
A parte da imagem com o ID de relação rId8 não foi encontrada no ficheiro.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
95
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
10h 30m
preenchendo a sua folha de papel com uma multiplicidade de
cores. Sobrepondo-se e misturando-se.
Ao terminarem dirigiram-se ao educador para que os ajudasse a
pendurar as suas pinturas na corda que já estava preparada
para receber estes trabalhos. O educador auxilia a tirar os
aventais e as crianças separam-se. Um dirige-se ao grupo que
brinca livremente no chão com construções e aí fica começando
de imediato a fazer uma construção, a outra vai para uma mesa
onde estão a fazer puzzles e jogos de encaixe. Aí fica por uns
momentos a observar o que estavam a fazer. Depois, levanta-se
e vai para junto do grupo (4crianças) que encontra na “Casinha”
e de imediato se integra. (…). Vestem e despem fatos de
“princesas”; são “as mães”, os “bebes”, fantasiam e brincam
livremente. Como que um outro mundo exterior ali estivesse.
O educador circulava pelas diferentes áreas, observando e
intervindo apenas quando alguma criança solicitava a sua
atenção.
(…)
Todas as crianças desenvolvem uma atividade pelas diversas
áreas organizadas dentro da sala de aula, por vezes essas
mesmas áreas são polivalentes. Há uma mesa de trabalho em
simultâneo a ser utilizada como espaço de construção de jogos e
A parte da imagem com o ID de relação rId9 não foi encontrada no ficheiro.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
96
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
10h 45m
11h 00m
espaço manipulação de materiais como plasticina, colagem e
enfiamentos.
O educador aproxima-se de uma criança que está a fazer um
desenho. Dirige-se ao observador e diz: - “Este menino é novo.
Ainda tem dificuldade em manusear e manipular alguns
materiais. Está a aprender as regras e os hábitos da sala.
Destabiliza muito o grupo”.
O educador não interferiu no que a criança está a fazer, limita-
se a observar o que esta está a fazer.
(…)
-“Está na hora de arrumar. Vamos lá todos a guardar nas caixas
e no sítio certo todo o material. Está na hora de irmos ao
recreio” – diz a educadora.
Todos começam a arrumar e o educador ajuda algumas crianças
que estão mais atrasadas e com dificuldade em alguns jogos.
O grupo organiza-se e dirige-se para a porta da sala. Há muito
barulho e geram-se alguns conflitos entre duas crianças. O
educador intervém e pergunta-lhes: ”o que se está ali a passar
aí?”. Para que o restante grupo todo organizado em “comboio”
não fique à espera, o educador pega na mão da criança da
frente e avança em direcção ao recreio e todas a seguem.
Já na área exterior a educador fica a conversar que as duas
crianças que na sala estavam em conflito. A distância era
demasiada do observador para que pudesse ouvir o diálogo. Por
alguns minutos as crianças ficaram junto do educador até que
passados uns minutos se abraçaram e, de imediato, cada um
juntou-se a outras crianças.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
97
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
11h 15m
11h30m
11h 45m
As crianças encontram-se no exterior do jardim-de-infância.
Correm e brincam e comunicam entre si livremente. Estão
disponíveis “bancadas com água e areia” que a criança pode
experimentar e fazer experiências. (…). Há trotinetas, triciclos.
As crianças brincam livremente.
As crianças regressam à sala. O educador reúne, novamente, o
grupo no hall de entrada. As crianças sentam-se nos bancos
corridos. Precisam de descansar. Como que pedindo silêncio, o
educador pede ajuda para que todos consigam identificar os
sons à sua volta. Em instantes, as crianças calam-se e o
ambiente fica num silêncio. As crianças fixam o olhar no
educador, parecem esperar pelas suas palavras.
O educador começou:
- “Era de noite, estávamos num país de monstros, (…). E
começou a contar uma história.
As crianças seguiam com toda atenção as palavras do educador,
e este vai aproveitando estes momentos para exemplificar e
relacionar com a vida quotidiana e [assim envolver questões
que a maior parte das vezes fazem parte dos “imaginário das
crianças”] (…)
Quando terminou, encaminhou o grupo para a sala de aula,
distribuiu as crianças pelas mesas de trabalho e entregou uma
ficha com a história que acabaram de ouvir. O educador, sugeriu
que fizessem a decoração da folha a seu gosto, mas, que
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
98
HORAS E LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
12h 00m
12h 30m
tentassem reproduzir a história que tinham acabado de ouvir.
Solicitou aos “responsáveis pelas ajudas” que distribuíssem o
material. De imediato o grupo começou a tarefa proposta pelo
educador
No quadro preto [ardósia] uma criança está a desenhar. É uma
das crianças mais pequenas da sala.
O educador dirige-se a ela e convida-a a fazer o desenho, e
explica-lhe que não teria nada para levar para casa e mostrar
aos pais. A criança aceita o convite e vai sentar-se numa das
mesas e começa também o seu desenho.
O educador dá a volta pelas mesas questiona algumas crianças e
pede para se despacharem.
-“Está na hora de irem almoçar. A carrinha está quase a chegar.
Quem não acabar, não faz mal, vamos acabar da parte da tarde
e também, temos que fazer aquele o que combinámos esta
manhã”. [o educador refere-se a trabalhos inacabados por
algumas crianças]. Ouve-se o som da carrinha e rapidamente
todas as crianças saem na companhia de uma auxiliar e vão
almoçar.
Fim de Observação
Gravação Não existiu.
NOTAS:
• Todos os nomes de crianças utilizados são fitícios;
• Os tempos para registo das atividades têm um valor aproximado de 15 minutos
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
99
15. ANEXO DE OBSERVAÇÃO O2ALC
I
SEMANA DE 26 A 30 DE NOVEMBRO 2007
Estamos a trabalhar o projeto “ À descoberta do Universo:
• Vimos um vídeo sobre as fases da lua e fizemos um registo escrito em pequenos
grupos;
• Falámos em astronautas, foguetões, naves espaciais …
• Comprámos um Atlas para o Jardim e começámos a explorar as caraterísticas dos
continentes;
• Continuamos a construir o nosso dicionário e a aprender palavras novas;
• Em Matemática começamos a trabalhar os padrões e a noção de metade;
• Na Ciência a brincar, começamos a registar a temperatura do exterior e a
comparar o estado do tempo nos meses de Outubro e Novembro;
• Ouvimos histórias, poemas e adivinhas e “treinamos” as lengalengas;
• Continuamos a construção do livro de memórias.
• Andamos muito empenhados na descoberta de coisas novas !!!
•
AVISOS E AGRADECIMENTOS:
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
100
16. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O3ALC
CÓDIGO DIA LOCA
IS INTERVENIENTE
S ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O3ALC
13/02/2008
Sala de Atividades
1 - Educador Grupo de 20
crianças Idade: 5/4 anos
• Atividades Livres
• Construção de Instrumentos de Registos de Avaliação – O Livro de Memórias
• Conto
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
Manhã de atividades em contexto de sala de aula em jardim-
de-infância
Cheguei uns minutinhos antes de o Jardim-de-infância ter
iniciado as atividades da manhã. Esperei, em frente do portão do
jardim-de-infância e observei a azáfama das famílias com as
crianças, as mochilas, casacos a dirigirem-se para o jardim-de-
infância.
Entrada no Jardim-de-infância.
O educador fazia a recepção e o acolhimento das crianças no
espaço imediatamente ao hall. Este hall tem ligação direta para a
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
101
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 15m
9h 30m
sala de aula, no entanto, esta área para demarcar o espaço tinha
colocada uma estante com dossiers [portfolios das crianças], dando
a sensação que seria outra divisão e não a sala de aula
verdadeiramente. Neste espaço, as crianças que iam chegando, iam
sentando-se nos bancos corridos que estavam encostados à parede.
Uma parede de vidro deixava passar toda a luz vinda do exterior, um
jardim que projetava uma moldura de arbustos verdejantes e que
fazia do espaço uma zona muito agradável.
Enquanto decorriam pequenas conversas entre o educador e
as famílias, a(s) criança(s) iam se separando e juntado ao grupo que
já se encontrava aí sentado. Aí, havia muita informação afixada nos
placards, mapas de assiduidade e presença, mapas de orientação
meteorológica, meses do ano, e também, regras a respeitar no dia-
a-dia da sala de aula.
As crianças cantaram canções infantis, todas elas com muita
mímica e recurso a linguagem gestual, acompanhando o ritmo
introduzido pelo educador e acompanhando as letras das canções.
Por vezes, uma das crianças ocupava o espaço central da zona de
acolhimento e, era essa mesma criança que perante o grupo cantava
e atuava substituindo o papel do educador
O educador introduziu uma nova canção, mas, antes, contou a
letra como se fosse um conto, utilizou palavras do texto da letra da
canção. Muito atentas, todas as crianças seguiam com o olhar os
gestos e a expressão do educador. Quando as crianças já conheciam
e foram capazes de reproduzir a letra em palavras, o educador
introduziu a música e os gestos para reproduzirem.
Neste momento da manhã, em que está todo o grupo
Espaço agradável
No tempo de acolhimento da manhã, o interesse do educador pelas experiências e cada criança no seu ambiente familiar torna-se numa experiência de conhecimento de cada criança.
A atitude de escuta é uma ocasião de aprendizagem observacional, por parte das crianças, do respeito que a experiência de cada um merece quando lhe possibilitada a oportunidade de comunicar e partilhar.
A música e o movimento
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
102
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 45m
10h
00m
10h 15m
reunido, na área de acolhimento, o educador relembra algumas
regras e aproveita este tempo para comentar acontecimentos gerais
que afetam a vida do jardim-de-infância, regras para a utilização de
novos jogos e respetivos cuidados a ter com estes materiais. Dá
alguns exemplos, por diversas vezes disse que algumas crianças não
estavam a respeitar a “horta”, pisavam, mexiam e, assim, não seria
possíveis as plantas crescerem, nem iriam ter resultados do trabalho
que tinham tido todos. E, isto iria acontecer porque, alguns, e só
alguns, não respeitavam o trabalho que tinham todos feito. A
“horta”, não é para pisar nem para estragar.
As crianças já estão na sala de aula.
Início da distribuição de atividades orientadas pelo educador.
O educador tinha formado grupos de 4/5 crianças a quem
entregou tarefas anteriormente começadas. Pediu ajuda a uma
criança para que fosse buscar o material e logo de seguida cada um
continuou o trabalho que o educador lhe dera. Por vezes, o
educador teve necessidade de dar algumas orientações às crianças e
pistas para darem continuidade ao trabalho.
Um grupo de 5 crianças está na área da “casinha” e nos jogos
de “Chão” estão mais três crianças.
Na área de expressões está uma criança a quem o educador
ajuda, primeiramente, a equipar-se, vai fazer um trabalho com
tintas. As crianças do grupo circulam pelo espaço da sala livremente
e escolhem e trocam de atividade, interagem umas com as outras.
Até à hora das atividades de ar livre, o recreio, a sala de aula
Momento em que as crianças mais inibidas também querem participar.
A educação para a cidadania nos currículos escolares
Interiorização de regras cívicas.
Não existem tempos fixos para cada atividade, dependendo da dinâmica que está em desenvolvimento
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103
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 30m
10h 45 m
11h 00m
manteve-se com o mesmo tipo de atividades, ou seja, com
diferentes atividades lúdicas livres, não havendo a registar
evidências significativas ao nosso objeto de estudo.
As crianças tomam o lanche da manhã.
Atividades livres no Recreio.
Enquanto algumas crianças ainda brincavam no recreio, um
pequeno grupo de 4 crianças já estavam na sala fazendo algumas
atividades de recorte/colagem/escrita e investigação acompanhadas
pelo educador e seguindo as suas orientações.
As crianças faziam o registo no “Livro de Memórias”,
conjuntamente, com o educador com a reprodução de texto escrito,
frases que o educador elaborava para as crianças copiarem, com
recortes de desenhos e respetiva colagem. Enquanto esta atividade
decorria, o educador aproveitou a oportunidade para ir
relembrando os momentos vividos ao longo da descoberta Projeto”
[fases da investigação do projeto] e que agora, faziam em registo
coletivo. As crianças iam referindo alguns episódios vividos pelo
grupo, com comentários e opiniões.
pelos grupos.
Desenvolvendo o brincar em contextos de sala de aula - A variedade de áreas de atividade que cada criança frequenta e as atividades que desenvolve é variável, não existe estabelecido n.º de crianças fixo para cada área.
O ambiente de aprendizagem estruturado em áreas de atividades.
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104
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
~
11h 15m
11h 30m
A porta entre as duas salas mantinha-se aberta, dando a
entender ser um espaço comum entre os dois grupos, embora as
crianças não se misturassem entre as duas classes as vozes dos
educadores sobressaiam. Cada grupo, dispersos por duas mesas,
trabalham sem se dispersar, sem se perturbarem com as crianças
que entravam e saiam da sala. [crianças que entravam e saiam da
sala para o recreio livremente]
O educador solicita ajuda a algumas crianças que ainda
estavam na rua, e pede a sua participação para a construção de uma
montagem. (…).
O educador verifica que uma criança está só, e de imediato,
vai buscar um jogo, dirige-se para ela pergunta: “Não queres fazer
um jogo?” A criança responde que sim e de imediato entrega-lhe a
caixa a caixa que trazia nas suas mãos”.
Alguns minutos mais tarde, a criança que antes estava
sozinha, agora, está rodeada por colegas. Começa-se a gerar
A partilha do espaço, dos materiais – a porta aberta como metodologia da cooperação
As crianças numa dinâmica de ensino integrada, não têm regras de obrigatoriedade diária de regressar ao espaço de sala de aula ao mesmo tempo. Enquanto alguns continuam no espaço de recreio, outros estão a continuar as atividades. A porta da sala está aberta.
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105
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 45m
pequenos conflitos entre as crianças e, o educador tem necessidade
de intervir. O jogo dado à criança anteriormente pelo educador
despertara interesse a outras crianças, e gerara uma pequena
discussão. Agora, todos queriam o jogo para si.
O educador para resolver a situação chama uma criança para
auxiliar a mediar o grupo, pela disputa pelo jogo e, assim, poder ser
restabelecida a normalidade. Esta criança, das mais velhas, e bem
conhecedora das regras do jogo, ensina e estabelece as regras para
a sua utilização, e, isto fez com que, a partir daquele momento
todos ficassem mais calmos, aguardando a dada um, a sua vez, para
poder jogar.
Uma criança solicita ajuda para poder fazer pintura que
decidira ir fazer. (…)
Hoje, as crianças têm ginástica mais cedo. Entram na sala de
aula crianças do grupo da sala ao lado para procura de material. Isto
não fez com todos os outros que estavam a trabalhar os
perturbassem. Há um barulho significativo na sala.
Todas as crianças estão em atividades diferentes e variadas.
(…).
Tudo continua no mesmo ritmo de trabalho. Cada criança faz
atividades diferentes, havendo apenas dois pares com tarefas em
simultâneo.
O educador vem dar uma opinião e ajuda na construção do
livro de “Memórias”. E diz: “porque não pões os meninos a
escrever?”
Construção de um Instrumento de Registo Coletivo:
“O Livro de Memórias”
O papel da criança enquanto mediador
Atividades
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HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12h 00m
E de imediato é aceite a ideia e passaram as crianças a fazer o
que a educador lhes deu para reproduzirem em escrita. Foi
solicitado às crianças que fossem rápidas, porque aquele trabalho
deveria ser feito até à parte da tarde.
As pequenas interrupções são permanentes, necessitando do
educador e esclarecer e ajudar outras crianças que se mantêm em
atividades diferentes [jogos de construção e de íman, pintura,
recorte, desenho, …]. Ao mesmo tempo o educador fala para o
observador e diz-lhe que naquele jardim quase tudo é coletivo.
Quase todas as crianças participam na elaboração dos trabalhos
coletivos, assim como, na sua preparação. O educador dá instruções
para todos se esforçarem a fazer um bom trabalho, foi explicando
que todos, mas era mesmo todos, não poderia ser só alguns, a
esforçarem-se por fazer bem, todos os pais iam ver o que estavam a
fazer.
lúdicas de livre escolha
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107
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12h
15m
O educador pede ajuda a uma criança que vá ao recreio dizer
a todos os que ainda lá estavam que arrumem e que venham todos
para dentro da sala e repete duas vezes.
Os materiais começam a ser arrumados. Quando tudo já
estava arrumado, excepto o “Livro de Memórias” que ficou em cima
da mesa onde estava a ser construído, o grupo dirigiu-se para o hall
e estava disperso, em pé.
O educador informa que se está a aproximar a “Hora do
Conto” e, todos deveriam estar bem sentados e em silêncio para ser
possível todos ouvirem. Só assim é que seria começado o “Conto”
Depois de ter todas as crianças sentadas na área de
comunicação e todo o grupo reunido em assembleia, em forma de
U, sentados nos bancos corridos e encostados às paredes, [canto da
leitura] inicia “o conto”.
Lê pausadamente e com diversos tipos de entoações de voz.
As crianças olhavam para o educador em silêncio.
Depois de ter contado e por vezes lido a história o educador
inicia um trabalho de discussão com as crianças e apelando a sua
participação para os diferentes termos e palavras/conteúdos
aprendidos, e em simultâneo, vai relacionando-os com a área de
conhecimento do mundo e vivências e experiências do quotidiano
das crianças.
As crianças vão se expressando e dão exemplos com questões
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108
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
do seu dia-a-dia.
A sala, os seus placards não têm trabalhos expostos. As áreas
destinadas aos registos das áreas trabalhadas não têm qualquer
registo e informação. As paredes da sala estão em branco.
No hall da entrada, estão afixados uma diversidade de mapas
informativos e de registo que são preenchidos pelas crianças, entre
eles o mapa de presenças, o mapa com a informação sobre o
“Estado do Tempo”, procedimentos e regras de sala de aula, a que
todas as crianças deverão cumprir, com a explicitação sobre aquilo
que as crianças podem, ou não fazer, também, se encontrava
exposta. Nesta mesma zona, área destinada às assembleias de
grupo, às reuniões coletivas de grupo encontrava-se dois quadros
lado a lado. Um apresentava como título “O QUE JÁ SABEMOS”, e o
outro intitulado “O QUE APRENDEMOS”. Em cada um estavam
preenchidos com pormenores sobre o fim a que se destinam.
Também estavam afixados Mapas de Registo de
“Temperaturas” e de “Responsabilidade” de áreas e tarefas de sala
de aula intitulado por “Cargos”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
109
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
O grupo de crianças começa a organizar-se para sair.
Está ao portão da escola uma carrinha de transporte. As
crianças são acompanhadas até lá pelo educador e uma das
auxiliares. As crianças vão almoçar.
Fim de Observação.
Finalizada esta manhã de atividades o educador regressa à
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
110
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12h
30m
sala de aula e, em minutos reorganiza todo o material que tinham
em mãos e de imediato de disponibiliza para explicitar o porquê da
utilização deste tipo de instrumento de registo. Explicitou as
vantagens que tem tido na sua utilização, exemplificou.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
111
17. ANEXO DE PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O3ALC
PLANO SEMANAL – 11 A 15 FEVEREIRO ANO LETIVO: 2007/08
PROJETOS: “Recordar é crescer”
ÁREAS TEMAS/CONTEÚDOS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
ATIVIDADES/MATERIAL OBSERVAÇÕES
FORMAÇÃO
PESSOAL E SOCIAL
Portfólio Livro de memórias
Proporcionar à criança tempo e apoio para que possa explorar/organizar o seu portfólio de forma a ir tomando consciência do seu desenvolvimento.
Levar as crianças a
recordar/refletir sobre as experiências desenvolvidas
Criar situações em que a
criança participe no seu próprio processo de aprendizagem e crescimento
Individualmente ou em
pequeno grupo as crianças revêem o seu portfólio pessoal.
As crianças organizam o
portfólio e escolhem alguns trabalhos mais significativos.
EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO
Matemática
Correspondência um p/ um
Comparar e determinar + - =
Levar as crianças a
descobrirem relações (correspondência de um p/um ) através de experiência direta.
Jogo na aula de movimento
onde a criança experimenta c/ outros objetos de uso diário e mais significativos e assim “emparelham” pincel+folha,chávena+pires etc..
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112
EXPRESSÃO E
COMUNICAÇÃO Linguagem
oral Escrita
Portfólio Livro de memórias
Encorajar as crianças a
falarem dos seus trabalhos Desenvolver as suas
capacidades de recontar acontecimentos pessoais
Tirar prazer da
linguagem
Momentos de pequeno grupo onde se mostra e fala dos trabalhos feitos (cada um só escolhe um)
Ouvir histórias
“Treinar” lenga lengas já aprendida
Aprender trava línguas “ O rato”
ÁREAS TEMAS/CONTEÚDOS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
ATIVIDADES/MATERIAL OBSERVAÇÕES
EXPRESSÃO E
COMUNICAÇÃO DRAMÁTICA
Brincar ao faz de
conta Brincar aos teatros
Apoiar e dar tempo para
que as crianças explorem, descubram e treinem a brincadeira faz de conta e a representação.
As crianças criam por livre
iniciativa momentos de faz de conta e de representação quer na rua quer na sala.
Musical Expressão musical - Cantar - Memorizar canções - Escutar
Cantar canções
Plástica
Atividades gráficas sugeridas e livres
Recorte e Colagem
Conseguir registar de forma gráfica a correspondência um p/ um,
Registo plástico em grande
grupo - “ cada menino teve um
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113
Modelagem Pintura e Desenho
vivenciada na aula de movimento
Explorar as possibilidades de diferentes materiais.
- Fazer composições recortando e colando diferentes materiais.
- Modelar utilizando plasticina
bastão…” Desenhos/Pinturas/colagens/r
ecortes
CONHECIMENTO DO MUNDO
A vida dos animais Computador Loja ( Teresa)
Dar a conhecer às crianças caraterísticas dos “ porquinhos da Índia” através da observação e do contato.
Explorar c/ as crianças o
jogo novo As crianças recriam
situações do dia a dia – comprar e vender
Observação dos “porquinhos da índia que a Margarida trouxe para a escola.
Jogo interativo “ O Hospital1”
oferecido pela Associação de Pais. Início da construção de uma
loja- as crianças trazem “ coisas” para a sua loja
Motora
Perícia e Manipulação
Equilíbrio Coordenação
motora Orientação espacial Lateralização
Utilizar o próprio corpo em movimentos independentes.
- Realizar um percurso de acordo c/ orientações predefinidas.
- Imitar os gestos dos outros.
Percursos c/ várias estações - Jogo de equipa c/ bolas dos
picos - Jogos de imitação - Jogos de Lateralização - Jogo de Matemática
Aula de movimento todas
as semanas
18. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O4ALC
CÓDIGO DIA
LOCAIS
INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O4ALC
3 Abril de 2008
Sala de Atividades
-
Recreio /Áreas Exteriores
1 - Educador 2 – Educadoras Estagiárias
Grupo de 20 crianças
Idade: 5/4 anos
• Jogos Orientados/Livres
• Atividades de expressão plástica – Técnica de Desenho em Trabalho Coletivo
• Conto
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
Observação de atividades em contexto de sala de aula
As crianças encontram-se no exterior do jardim-de-
infância. Correrem e comunicam entre si livremente. Há
pequenos grupos que brincam nas áreas de expressões, com
água e areia onde mexem e fazem experiências. Há crianças
que correm à volta do jardim-de-infância nos triciclos, outras
fantasiam na casa gigante que se situa na frente do jardim-de-
infância, por debaixo das árvores, e também há crianças que
estão numa espécie de mini parque também situado na parte
da frente do jardim-de-infância.
Brincar
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
176
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 15m
11h 30m
Em simultâneo são preparados nos dois extremos laterais
do edifício materiais de expressão plástica. Os mesmos
materiais eram disponibilizados e colocados de igual forma.
Algumas crianças observavam, e perguntavam para que era
tudo aquilo. Outras continuavam indiferentes e continuavam a
brincar.
As crianças regressam do recreio.
O dia estava muito quente e havia necessidade de as
crianças descansarem, acalmarem antes de irem para dentro da
sala de aula, por isso, o educador sentou todo o grupo na área
de acolhimento, área também destinada à comunicação nas
assembleias de grupo.
Foram necessários alguns minutos para as crianças
Intencionalidade educativa
Organização de cenários de aprendizagem em pequenos grupos, nas áreas curriculares integradas:
• Possibilita a interacção entre pares;
• Possibilita atitudes metacognitivas das crianças
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
177
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11
h 45m 12
h 00m
acalmarem. Durante esse período o educador foi estabelecendo
pequenos diálogos, e (educadores estagiários) e as crianças.
Nesse mesmo local o educador aproveita para dar as
orientações para a atividade que iriam desenvolver de seguida.
Explica a necessidade e o porquê de ser feita individualmente e
no exterior, embora se tratasse de um trabalho coletivo.
Na sala de aula tinha distribuído pelas diversas mesas
materiais diversificados e jogos que irão ser realizadas em
pequenos grupos.
Todas as crianças foram encaminhadas e distribuídas de
acordo com as diferentes tarefas que iriam desenvolver.
O educador propõe que sejam também utilizados
materiais para recorte e colagem a algumas (4) crianças que já
haviam estado a desenvolver aquela tarefa.
Todas as crianças desenvolvem uma atividade nas
diversas áreas organizadas dentro da sala de aula, por vezes
essas mesmas áreas são polivalentes. Uma mesa de trabalho
está em simultâneo a ser utilizada como espaço de construção
de jogos e espaço manipulação de materiais como plasticina,
colagem e enfiamentos.
O educador circula pela sala.
Fotografa algumas atividades e recorre a uma folha de
registos(+- 5 minutos)
– estas são desafiadas a explicar o próprio raciocínio, suas hipóteses e ideias;
• Subordinação ao respeito pelas regras coletivas possibilitando comparar o comportamento de cada criança e dos grupo;
• Possibilita avaliar destreza, habilidades e progressos;
• Recurso à observação como instrumento privilegiado de avaliação
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
178
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12
h 15m
A porta da sala ao lado está fechada.
No período seguinte o educador acompanhou os grupos
com pequenos diálogos. Circulou entre eles, enquanto cada
criança se mantinha em atividade, preencheu algumas grelhas e
recorre por três vezes à máquina fotográfica.
Informou o observador que estava a fazer observação.
As crianças vão abandonando os jogos e diferentes
atividades e começam a circular pela sala ao mesmo tempo que
iam escolhendo outros focos de interesse.
O educador senta-se junta-se ao grupo que estava com as
colagens e recortes. Auxilia e completa alguns trabalhos.
A calma e a tranquilidade até aqui começam a
desaparecer e o barulho da sala começa a ser cada vez maior.
Durante este período várias crianças foram sendo
chamadas, individualmente, pelas educadoras estagiárias que
se ocupavam da pintura no exterior do jardim-de-infância.
A pintura coletiva estava a ser desenvolvida nas
extremidades laterais, opostas entre si, ao edifício do jardim-
de-infância, por cada uma das estagiárias, não sendo possível
observar o que cada criança ia fazendo.
Esta era uma técnica nova que estava a ser
experimentada.
Instrumento de registo utilizado:
• Fotografia
• Grelhas de observação
• Narrativas das crianças
Dimensão Integrada Curricular: a Construção de uma jornada de aprendizagem
As atividades iniciadas pelo educador enformam numa intencionalidade
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
179
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12
h 30m
O educador, explicou ao observador que no final da
atividade as crianças iriam ser chamadas a explicar como tinha
sido feito esta experiência, se tinham gostado, ou não, e qual a
avaliação que fazem? Esta análise iria ser feita individualmente
e em grupo. Também explicou, que esta era uma oportunidade
para verificar como é que as crianças iriam utilizar os materiais?
Quais as dificuldades que iriam sentir e, disse também que,
achava que esta atividade era muito interessante para
estimular a criatividade da criança, pois, ela era livre de usar as
cores que queria e poderia expressar-se livremente de acordo
com os seus gostos e a sua capacidade para manusear o
material (tintas sobre tela mural) e, também fazia uma apelo à
sua imaginação.
Quando cada criança terminava era colocado papel por
cima do que havia sido feito por ela, de forma a não ser visível à
criança que dava continuidade a este trabalho coletivo,
identificar o que havia sido feito anteriormente, apenas era
possível, observar a cor utilizada e assim dar continuação do
que estava feito anteriormente.
O educador solicita a todas as crianças que comecem a
arrumar nas respetivas caixas os jogos/materiais que estavam
utilizar.
As crianças continuam não obedecendo ao pedido. Foi
necessário insistir por diversas vezes.
Todas as crianças estavam sentadas na área destinada ao
grupo na área da Biblioteca. O educador conta uma breve
história.
Fim de observação.
educativa:
São criadas oportunidades de aprendizagem pretendida;
O educador questiona, dá sugestões e avalia o que as crianças estão a fazer e a aprender.
Possibilita saber se a atividade seleccionada originou a aprendizagem pretendida
• O recurso à observação como instrumento de registo e avaliação das atividades desenvolvidas
A natureza transversal ao currículo do processo criativo -
• Atividades que promovem o processo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
180
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
criativo nas artes
• Oportunidades para avaliar o processo criativo através das narrativas das crianças
Nota:
• Os registos foram feitos com um intervalo médio aproximado de 15 minutos;
• Utilizada grelhas de Observação para o Projeto DQP.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
181
19. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O5ALC
CÓ
DIGO
DIA
LOCAIS
INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O5
ALC
10
de Abril 20
08
Sala
de Atividades
A/B
1 - Educadora 2 – Educadoras Estagiárias Grupo de 21/43 crianças Idade: 3/5/4 anos
• Jogos Orientados
• Atividades de expressão plástica – Técnica de Desenho em Trabalho Coletivo
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 30m
10h 45m
Observação de atividades em contexto de sala de aula
Descrição da Observação:
Hoje o dia está chuvoso. As crianças não podem fazer atividades
no espaço exterior, por isso, estão todas dentro da sala de aula na hora
do chamado”recreio”.
Fazem atividades diversificadas de livre escolha: 2 crianças no
computador; 3 – atividades de pintura; 4 – atividades de artes
plásticas; todo restante grupo encontrava-se disperso por “casinha das
bonecas” e “garagem”;
- O educador realiza anotações escritas. Informa o observador
que são registos semanais para o projeto DQP, preenche alguma
documentação, faz observação formal [às crianças seleccionadas para
o projeto] e fotografava as atividades em que as crianças se encontram
a fazer.
Durante os 30 minutos seguintes o ritmo da sala mantém-se, as
crianças estão ocupadas com as atividades lúdicas livres. Vão mudando
Atividades lúdicas livres: O Brincar
O educador faz registos e observações para o Projeto DQP, utiliza grelhas e faz algumas fotografias
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
182
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
de atividade, circulam livremente pela sala, e há trocas de atividades
sempre que as crianças o desejam.
Esta semana, os placards têm expostos novos trabalhos sobre: o
projeto de “Sensibilização à Arte”;3 e também, há esquemas e
percursos a realizar nas aulas de ginástica e sessões de movimento
(com as etapas em cada sessão é desenvolvida)
A fotografia indica os percursos que as crianças deverão efetuar
quando desenvolverem a acção.
O educador continua a fazer mais alguns registos sobre a
atividade de algumas crianças.
Toma notas em papel, tira algumas fotos. As crianças mantêm-
se na sala com jogos de escolha livre, no computador e em atividades
de expressão plástica.
Há, também, um grupo a utilizar uma técnica de pintura que
requer habilidades de manuseamento – com um esparguete as
crianças têm que executar o trabalho de pintura, depois de ter sido
misturado com as cores escolhidas para a utilização. Esta atividade
requer, ainda, um conhecimento prévio das técnicas corretas de
manuseamento e experimentação do material para a criança adquira
habilidade de manipulação e capacidade motriz para realizar a
Instrumentos de Registo que evidenciam a forma como as atividades de ginástica dão oportunidade às crianças de desenvolverem as suas capacidades de motricidade grossa, assim como as capacidades de locomotoras. Este registo permite evidenciar as fases que é composta a atividade, o desenvolvimento de capacidades (correr, mexer, rodar, trocar) que lhe está associado e diferentes níveis a trabalhar. Permite identificação de partes do corpo, ouvir, percepção do espaço, compreender e desenvolver a linguagem, compreender conceitos numéricos e, compreender as diferentes atividades que se fazem na ginástica: atividades de dança; atividades à base de jogos, com ou sem equipamento. O conteúdo do currículo desta atividade é construído à volta de um programa transversal ao currículo.
3 Conforme anexo “Sensibilização pela Arte”,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
183
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11
h 15m
11h 30m
proposta de trabalho. (esta atividade está sob orientação de uma
estagiária).
Em cima de uma das mesas estava um livro sobre as várias
metamorfoses das borboletas. O educador, diz ao observador que era
um livro pessoal, que todos os anos traz “para que todos possam
investigar as etapas porque passam as borboletas”. Fá-lo porque sente
que “é um livro muito apelativo aos interesses das crianças e vejo nele
um centro de interesses para a investigação e descoberta4”. Na capa do
livro estão identifica as cinco etapas sobre as metamorfoses dos
bichos-da-seda. O livro circula pelas várias mesas.
A Ciência na Educação Pré-Escolar: Estratégias para o desenvolvimento científico
Um centro de interesses para a investigação e descoberta - O livro como estratégia utilizada pelo educador para promover o desenvolvimento científico das crianças
Preocupação do educador em criar oportunidades de curiosidade como ponto de partida para a aprendizagem
Instrumentos de
4 “A curiosidade é um ponto de partida fundamental para a aprendizagem. (…) Muitas
experiencias proporcionam uma oportunidade para as crianças a prenderem a respeitar as coisas vivas e as não vivas e a terem em consideração os efeitos das suas acções sobre o ambiente. A ciência também proporciona oportunidades valiosas para o desenvolvimento de atitudes e de qualidades pessoais que facilitam a aprendizagem ao longo do currículo, tais como a cooperação, perseverança e predisposição para fazer perguntas” (Glauert, 2004, p. 73)
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
184
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11
h 45m
12
Há afixado nos placards registos de experiências e atividades no
âmbito da ciência concretizadas anteriormente pelas crianças.
Conforme ilustra a fotografia.
O tempo melhorou e algumas crianças podem ir ao recreio. São
arrumados os materiais e o educador canta uma canção para unir o
grupo em volta de si e de seguida o acompanhar ao exterior do jardim-
de-infância.
As crianças que estavam com a expressão plástica continuaram
dentro da sala e iam indo para o recreio quando terminavam.
No interior da sala de aula o educador consulta o portfólio que
pertence a uma criança. O educador tinha-o na sua mão, ao mesmo
tempo que colocava um trabalho. Quando terminou, entregou-o ao
observador o para que este o pudesse consultar.
O Portfólio das crianças – o trabalho do dia 8 de Abril de 2008 –
é um registo escrito pelos Pais: refere o que as crianças comunicaram
Registo de Atividades no âmbito da Ciência
Pais e Famílias Co-autores na Construção do Portfólio
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
185
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
h00m
aos pais/famílias sobre o que aprenderam. O registo, foi redigido e
elaborado pelas família e não pelo educador . O tema é:“Sensibilização
para Arte”
Enquanto a maioria das crianças estava no recreio ao mesmo
tempo que as restantes crianças do jardim-de-infância, o educador
trouxe para junto de si alguns instrumentos de gestão: o livro de
ponto, mapas de registo administrativo e também, instrumentos
pedagógicos: A pasta pedagógica.
O observador consultou também a evolução de diversos
instrumentos de gestão e avaliação de alguns instrumentos de registo
coletivo da prática pedagógica desenvolvida com o grupo observado
disponibilizados pelo educador.
As crianças mantinham-se no recreio.
Viu também, o “Livro de Memórias” que continha um conjunto
de registos relacionados com as ciências experimentais – entre outros.
Estavam descritas as fases das atividades desenvolvidas, o modo como
as crianças participaram, continha também trabalhos concebidos pelas
crianças, e ainda algumas fotos onde apareciam as crianças em contato
direto com a experiência que estava a ser descrita, como se pode
verificar na fotografia efetuada ao próprio livro.
Na Pasta Pedagógica – está todo o planeamento desde o início
do ano escolar. Esta pasta contêm as fichas com o planeamento
semanal e a comunicação a efetuar entre o estabelecimento de ensino
A Construção de Narrativas Pedagógicas: O Livro de Memórias
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
186
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12h 15m
e as famílias.
O educador preenche o Livro de Ponto – sendo um livro de
registo formal a devolver à sede de agrupamento no final do ano
letivo, tem como sumário diário para este dia em acção: Atividades a
desenvolver – Acolhimento com conversa sobre as preocupações,
marcação de presenças, tempo, calendário e medição dos bichos-da-
seda (termómetro – mãe)
• Dinamização de todas as áreas de atividade a efetuar;
• Atividades de expressão plástica;
• Pintura/Aguarela/Desenho (com vários materiais),
modelagem com plasticina – recortes e colagem;
• Atividades de computador;
• Jogos de matemática (em conjunto), blocos lógicos, mais
atributos; jogos orientados (individualmente);
• Lógico-promo, dominó.
• Cada página do livro destinava-se apenas a um dia e está todo
preenchido até hoje. Tem um espaço para Observações –
alguns desenhos elaborados pelas crianças para o efeito. O
livro é todo colorido. Ver excerto de entrevista abaixo
transcrita.
Livro de Ponto:
Registo Diário de Atividades de Turma
Área Curricular ora Sumário da Atividade
Faltas dos Alunos
Observações
O Projeto Curricular do Estabelecimento/Turma – está,
novamente, a ser alterado – a educadora disse que “entenderam”que
“os objetivos estavam muito abrangentes – depois de uma reflexão
entenderam redefini-los de modo a serem mais operacionalizáveis”.
As crianças regressaram à sala de aula e preparam-se para ir
almoçar.
O Referencial Pedagógico: O Projeto Curricular do Estabelecimento/Turma
A construção de um referencial pedagógico constitui o primeiro e fundamental passo na organização do processo de desenvolvimento do currículo na educação pré-escolar nos contextos educativos da educação de infância.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
187
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12h 30m
Fim de observação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
188
20. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O6ALC
CÓ
DIGO
DIA
LOCAIS
INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O6
ALC
9 de Maio
20
08
Sala de
Atividades B
1 - Educador
1 - AAE
Grupo de 22 crianças
Idade: 5/4 anos
• Acolhimento /Jogo Livre
• Ciências: Atividades de Jardinagem
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 30m
10h 00m
Observação de atividades em contexto de sala de aula
As crianças estavam sentadas no espaço de acolhimento, todos
sentados nos bancos encostados às paredes e à janela principal,
estavam em forma de assembleia de grupo, em U. Discutiam quais as
tarefas que ainda, naquele dia, tinham que acabar, pois era sexta-feira
e era dia com rotinasobrigatórias afazer. Faziam um planeamento
sobre a gestão do tempo para aquele dia.
Foram sendo feitas algumas sugestões que educador foi
confirmando a possibilidade, ou não, de se concretizarem. Como no
caso da ginástica, porque, hoje, era sexta-feira, e, ainda hoje havia
muito, muito, muito que fazer.
“Temos que acabar a avaliação dos quadros, o Pedro e o
Serafim tem que acabar o quadro e o Manuel ainda não o fez. Temos
que lembrar o que fizemos esta semana, (…), fazer o sumário, temos
muito que fazer. Mas, agora vou ler a história. E começou:
- “Era de noite, estávamos num país de monstros, (…).
A voz da criança. Planificação em conjunto e gestão do tempo e das rotinas diárias.
• A opinião das crianças: ouviu com atenção as ideias das crianças e aceitou-as como proposta de trabalho
Distribuição das tarefas
A Rotina Diária – da Acção Agida à acção Refletida
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
189
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 15m
10h 30m
11h
As crianças seguiam com toda atenção as palavras do
educador, e este foi aproveitando estes momentos para exemplificar e
relacionar com a vida quotidiana e assim envolver questões que a
maior parte das vezes fazem parte dos “imaginário das crianças” (…)
Quando terminou, encaminhou o grupo para a sala de aula,
distribuiu as crianças pelas mesas de trabalho e entregou uma ficha
com a história que acabaram de ouvir. O educador, sugeriu que
fizessem a decoração da folha a seu gosto, mas, que tentassem
reproduzir a história que tinham acabado de ouvir. Solicitou aos
“responsáveis pelas ajudas” que distribuíssem o material. De imediato
o grupo começou a tarefa proposta pelo educador
As s crianças tomam o lanche da manhã e vão em grupo para o
exterior fazer o recreio da manhã.
O educador reúne todas as crianças junto de si e explica que
hoje tinham uma tarefa muito importante para fazer. Era dia de ir
cuidar da horta e para além disso, tinha havido uma oferta muito
especial. Uma das anteriores estagiárias tinha ido oferecer umas
plantas para plantarem: “Os Girassóis”.
Tudo se passava no exterior do Jardim-de-infância, logo, não era
possível fazer que qualquer registo escrito, por isso, e para que a
memória não faça uma partida o observador regista em vídeo alguns
excertos da aula de Jardinagem ocorrida naquela manhã.
Hora do Conto /História
O desenho: Uma atividade como complemento ao Conto
Os responsáveis: participação das crianças nas tarefas de sala de aula
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
190
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 30m
Foram feitos alguns registos em vídeo – não sendo possível aqui
colocá-los.
Os materiais estavam arranjados. A enxada, os Girassóis, o
regador. Havia que preparar a terra para a sementeira. O educador
pediu ajuda à auxiliar, ela tinha mais jeito, dizia. Ao mesmo tempo que
ia falando com as crianças e explicando alguns pormenores que estas
iam questionando e relacionando com situações vividas nos seus
contextos familiares.
Depois da terra preparada, e com vários buracos feitos, havia
que colocar os pés dos Girassóis e, esta é a altura em que o educador
aproveita para pedir ajuda a uma das crianças mais pequeninas que a
ajudasse a contar, pois não sabia se seria necessário fazer mais buracos
para a sementeira.
De imediato a criança acedeu. Mas, depois do algarismo sete,
começou a hesitar. As outras crianças olhavam, como que a querer
responder, mas a educadora não deixou e esperou que a criança
pensasse e fosse capaz de continuar. Efetivamente, só foi possível ela
contar até ao número dez. A partir daí a criança parou e disse que já
não sabia mais.
Para premiar o esforço o educador pediu a todas as crianças
que dessem um salva de palmas à Cristiana (nome fitício), porque hoje
ela atinha conseguido falar e até tinha conseguido dizer o nome dos
números certos. Recomeçando novamente, o grupo em uníssono fez a
contagem das flores a semear, e dos buracos em que se iam plantar.
Não estava certo.
Era este, provavelmente o objetivo do educador, porque
durante este episódio olhou para o observador, como que querendo
dizer isto está mesmo mal e é de propósito [pensou o observador].
“Então como é que vai ser?”
De imediato uma criança reparou que havia um espaço maior
de um dos lados e sugeriu ao educador que “encolhesse” (termo
utilizado pela criança) os buracos, assim já iria chegar o espaço e os
buracos.
[Transcrição de alguns dos diálogos do vídeo]
“Então e este está a mais aqui? E qual é? questionou.
É este? – Pomos este lá ao fundo que segura a terra – sugere
uma criança.
A construção de jornadas de Aprendizagem: A transversalidade do currículo – Atividades de Horta/Jardinagem
Utilizados princípios de Aprendizagem Ativa: (…) entre outros, observação direta no ambiente local;
e,
Experiências que auxilia a aprendizagem do currículo (Siraj-Blatchford, 2005, p. 17)
A Prática Educativa: inserida nas experiências do contexto do dia-a-dia
• Jardim-de-infância inserido num contexto rural;
• Há um espaço no exterior destinado à jardinagem e uma horta;
• São as crianças que cuidam;
• O elo entre a vida diária e a ciência.
A transversalidade do currículo na educação de infância: criando oportunidades de aprendizagem
• A matemática através de uma atividade experiencial inserida no ambiente natural do jardim-de-infância
O objetivo fundamental deste espaço prende-se com a observação e o crescimento das
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
191
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
A azáfama da plantação continuou. E uma criança atenta dirige-
se ao educador e diz-lhe: Já fizeste seis.
São quantos Pergunta? Quantos é que são?
Estava a ser difícil continuar a fazer os buracos para a
sementeira e o auxiliar diz:
Não me comprem uma ferramenta jeitosa (…)
Não poderá ser aqui à beira da hortelã? Aqui não cabe?
Cabe aí? Ai não. Pronto.
Ai vai ser aos pares.
Quem arrancou a erva-das-azeitonas?
Algumas crianças desculparam-se dizendo que não tinham sido
elas. Não olhes para mim, diz o educador e, começa-se a rir. Voltando a
dizer que não tinha sido ela.
Efetivamente tinha havido um engano no arrancar das ervas da
última vez que tinham estado a fazer jardinagem. Todos riram com o
engano, pois efetivamente ela [educadora] também, não sabia tudo
acerca da horta/jardim?
Depois de distribuídos os pés dos Girassóis pelos buracos, havia
que regar antes de serem tapados com terra.
Uma criança vai buscar o regador de água e entrega ao
educador. Este chama uma criança para ser ela a fazer a rega de alguns
pés de Girassóis.
A criança começa, mas hesitante, pergunta se é assim, o
educador confirma. E diz-lhe que agora teria que por a planta direita e
em pé para poder ser tapado com terra.
Chama mais uma criança pelo nome para ir ajudar. Diz-lhe que
vai ter que sujar as mãos, pois iria tapar o pé do Girassol com as mãos.
A criança parece não querer tocar na terra ou não estar a
perceber e o educador diz-lhe: queres ver como é que eu faço? E
exemplifica dizendo “eu costumo fazer assim, lá na minha casa faço
assim, queres fazer? (…)
- Agora são outros. E são chamados mais duas crianças a fazer a
mesma coisa. Algumas precisavam de ajuda. Por vezes era preciso
entregar uma pá para que as crianças conseguissem tapar os pés dos
Girassóis. O educador reparava que alguns tinham dificuldade em fazê-
lo com as mãos. E por vezes era o prazer de mexer na pá.
diferentes plantas e frutos, estimulando as crianças para a ciência, como fonte de descoberta e a sua importância com o meio ambiente que os envolve . No caso presente, OS GIRASSÓIS, o educador levou as crianças a perceberem o sentido e o porquê do seu nome.
Gira+Sol. E porquê?(Tema a ser explorado pelas crianças)
Iria ser tapada uma flor par anão ter acesso à Luz Solar e a, assim, seria muito mais fácil para todos compreenderem a importância da LUZ e do Sol para vida das plantas.
Através da utilização de uma flor, o Girassol, foi possível trabalhar os conceitos de “temperatura”, “crescimento”, “Sol” e “Luz” foi trabalhado decomposta a
Tarefas seguintes a realizar: Tarefas de Observação
e Investigação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
192
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12h 15m
12
h 30m
Os Morangos da horta semeada pelas crianças.
A atividade estava terminada. Era preciso arrumar os utensílios
e era preciso ir lavar as mãos.
O grupo reúne-se e enquanto uns ajudam a arrumar outros vão
diretamente para a sala de aula.
A sementeira dos Girassóis estava terminada.
Todo o grupo estava no hall de entrada no espaço de
acolhimento. As crianças falam entre si. O educador acompanha com o
olhar todo o grupo e informa que está na hora de irem almoçar.
Todo o grupo ali estava reunido à volta do educador.
Fim de observação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
193
21. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O7ALC
CÓ
DIGO
DIA
LOCAIS
INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O7
ALC
2
0 de Outubro
2008
Sala
de Atividades
do Pré-Escolar
2 - Educador Grupo de 20/41 crianças. Idade: 3/4/5 anos
• Acolhimento
• Jogos de
Memória
• História /
lengalengas
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15mm
Observação de atividades em contexto de sala de aula
Chegada do observador ao jardim-de-infância.
O observador já tinha ido muitas vezes ao Jardim-de-
infância, por isso, a sua entrada fez-se como se fizesse parte
daquele contexto educativo (jardim-de-infância). Ninguém, nem
crianças nem adultos, manifestaram qualquer estranheza pela
sua presença. O bom-dia de cumprimento foi o ato formal de
recepção.
O educador encontrava-se junto à porta da entrada do
jardim-de-infância no hall, espaço/ zona reservada à recepção
das crianças e continuou a receber as famílias e as crianças. Foram
estabelecidas pequenas conversas informais com os pais dando
algumas informações sobre os filhos. As crianças ao entrarem iam se
dirigindo para as áreas de atividades, de acordo com o seu interesse
dispersando-se pela sala. Ocupavam-se livremente com atividades de
Acolhimento
O observador como ator social. Os atos e os fatos sociais decorrem sem alterações ao quotidiano do dia-a-dia. Ninguém dá pela sua presença, está inserido no contexto natural do jardim-de-infância.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
194
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 30m
escolha livre.
O educador chamou todos para a entrada da sala e reuniram-se
em assembleia, à volta da zona de acolhimento e foi feito um
momento de comunicação com alguns diálogos sobre o fim-de-
semana.
Chamando pelo nome próprio de cada criança, o educador foi
preenchendo o mapa de assiduidade. Ao mesmo tempo que fazia a
chamada pelo nome de cada criança, e em que este respondia na sua
vez. No final o educador fez a contagem e, logo de seguida chama uma
criança para que repita aquilo que acabara de fazer, ou seja, que conte
o número de crianças que estão hoje na classe.
A criança inicia a contagem em voz alta enquanto todas as
outras crianças continuam em silêncio a ouvir. Esquece-se de se contar
a si próprio.
O educador utilizou diferentes estratégias para que a criança se
incluísse a si própria. Depois de várias tentativas conseguiu.
Seguiram-se alguns diálogos entre educador e crianças.
“Sabes Afonso que dia é hoje? Vê lá se consegues encontrar
esse mesmo número nestes que aqui estão feitos por mim nesta caixa?
A criança olha. E o educador pergunta: “Como se escreve 20”? –
Quais são os algarismos”?
R – “Um Zero e um e dois”.
E- “Qual é o 1º? – não te importas de o pores ali no nosso
mapa?” (…)
“Então ontem foi Domingo! E qual o dia anterior?” – Nesse dia
não estivemos na escola, estivemos nas nossas casa com a nossa
família.”
(…) Então o sábado qual é o n.º? - E como se escreve 18? Como
é?
Em uníssono as crianças vão respondendo em coletivo, não
sendo perceptível identificar quem não responde.
E – “É um 1 e um?
Uma criança pergunta ao educador:
C. – “Como é que eles sabem que é o 20?”
E – O educador aproveita e explica que todos vão aprendendo
sempre que fazem jogos, atividades, sempre que o educador faz aulas
Curiosidade e Comunicação: Língua e Literacia na Educação de Infância
• O Questionamento?
• Os diálogos –
Desenvolvimento a oralidade
Integrando matemática
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
195
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10
h 15m
de matemática. Pois os jogos e as atividades vão ajudando todos a
aprender.
O barulho começava a ser demasiado e para impor a ordem o E.
disse: “Agora quem fala sou eu. Tudo caladinho.”
O educador aproveitou aquele momento de reunião para
explicar quais as atividades que iriam desenvolver. Com a colaboração
da AAE, abriu a pasta de uma das crianças retirou um mapa que este
tinha trazido.
E – “Quem sabe o que é um mapa? Explica lá aos outros o que é
este mapa”.
A criança começou por dizer que aquele papel tinha explicado o
“caminho das terras que são para ir visitar”. Também tinha o sítio da
casa.
Aquele mapa havia sido feito por um familiar seu.
As crianças iriam visitar um picadeiro e a quinta da casa do
Carlos. Os diálogos mantinham-se num continuum entre educador-
criança e criança-criança. Novas palavras surgiam que era preciso
explicar. Novos conceitos utilizados as crianças questionavam
querendo saber o seu significado. Por vezes o educador respondia
logo, outras aguardavam que fosse feita a explicação para o grupo. O
termo “picadeiro” e tudo o que se relacionava despoletaram grande
interesse e curiosidade.
C – Indiferente às explicações uma criança perguntava por
várias vezes se lhe iriam dar um cavalo e, perante a insistência o
educador teve que lhe explicar as dificuldades em relação àquela
oferta. Não seria possível oferecer um cavalo a ele, pois, seriam
precisos muitos cavalos para aquela visita e o “Senhor Manuel” não os
tinha e também porque eles iam ver e saber como era, e era uma visita
para a prender e não era uma visita para receber cavalos. A criança
ouviu, pareceu que aceitou a explicação, mas, mais tarde voltou a
perguntar se não lhe iam oferecer um cavalo.
Na sala estavam dois AAE a arrumar os trabalhos anteriormente
feitos.
(…)
Preparação de uma VISITA ao exterior:
• Desenvolvimento do currículo integrado em ocupações, atividades ligadas ao meio social da criança O cavalo faz parte do meio rural. O picadeiro está inserido no contexto local de educação
• O encorajamento de perguntas
A família como parceiro educativo: a construção de um percurso/mapa para entregar às crianças
A família recebe a escola
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
196
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10
h 00 m
As atividades do fim-de-semana realizadas por cada uma das
crianças foram também tema de comunicação entre o grupo das
crianças.
(…)
E – “O que queres tu dizer? Foste ao circo, é isso? Quem são as
pessoas? Queres falar?” Os diálogos entrecruzam-se entre crianças e
educador. Por vezes não são perceptíveis, ao observador. (…)
Chamando o nome de cada um o educador ia dando
oportunidade a todos de participarem e de partilhar as suas opiniões.
A sequência e ordem para falar eram respeitadas.
(…)
E – “Está na hora do irmos comer?”. São distribuídos os lanches
às crianças e em “comboio” cantando vão todos se dirigindo para a
porta da saída do recreio.
A sala do lado hoje tem a porta fechada.
Não se ouvem barulhos. Toda a manhã está muito serena e
calma. As salas de aula mantêm as atividades em separado.
As crianças dirigem-se ao recreio. E o educador vai para junto
da área dos computadores e inquieta-se com a sobrecarga de
documentos administrativos que tem que atualmente tratar antes de
qualquer coisa ou saída ao exterior com o grupo das suas crianças. Faz
alguns desabafos sobre a sobrecarga de papéis a preencher para o
agrupamento. “É um aborrecimento, isto agora”.
Uma AAE chama o educador para se dirigir ao recreio. Hoje há
um aniversário e o pai da criança aniversariante já está à espera dos
festejos habituais. Às crianças do recreio veio juntar-se o outro grupo
de crianças vindas da sala ao lado. Os educadores reuniram todos e
organizaram as comemorações do aniversário para que todos
pudessem assistir. (…). Depois de todos reunidos, o som da canção
tradicional dos “Parabéns” em uníssono era ouvido, bem alto, com o
som das crianças.
(…)
Comemora-se o aniversário.
(…)
O interesse pela voz das crianças: a partilha das suas vivências
Hoje a porta da sala ao lado estava fechada.
A família vai à escola
Os aniversários: a festa sempre presente
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
197
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 15m
10h 30m
A comemoração do aniversário acabou e as crianças
dispersaram por toda a área envolvente à zona externa do jardim-de-
infância. Começaram-se a ouvir ruídos vindos das trotinetas, bicicletas,
crianças em pequenas corridas,
À sala vem uma criança buscar um skate que fez com que o
educador interviesse e lhe dissesse que aqueles brinquedos não são
para trazer para o jardim-de-infância. A criança não aceita e tenta levar
por diante a sua vontade. Por aceita com dificuldade o que a
educadora lhe diz. Numa relação de poder, assume determinada o
“não” e explica à criança que aquele brinquedo era proibido trazer e
que ia ler-lhe o regulamento. Curiosa a criança ouviu atentamente o
que a educadora fazia fazer crer que ali estava escrito o que lhe dizia.
A criança
por fim aceita e volta de regresso ao recreio.
(…)
Sobre a mesa de trabalho o educador mostra o “Registo Diário
das Atividades da Turma”. Faz algumas explicitações sobre o seu
conteúdo e o processo como vai sendo elaborado. (…)
Estava todo preenchido até ao presente dia. Tinha o sumário
das atividades desenvolvidas, as áreas curriculares trabalhadas, hora e
também como complemento fotografias dessas mesmas atividades. O
registo continha a enumeração das atividades e a respetiva
denominação, assim como, a ordem porque foram trabalhadas. a
descrição situa-se ao nível da enumeração. Não tinha descrição sobre
os processos e os resultados.
As horas da componente não letiva e de estabelecimento
também estavam registadas com uma listagem de tarefas, onde se
incluía o planeamento da semana que sucede e o reajuste dos
objetivos individuais do educador. A análise da pasta pedagógica e a
componente de supervisão realizada.
O desenvolvimento social: o desenvolvimento de competências sociais
Os instrumentos de Registo:
O educador mostra “Registo Diário das Atividades da Turma”.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
198
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10
h30m 10
h 45m 11
h 00m
(…)
Novamente no espaço da comunicação o grupo encontra-se
reunido.
O educador relembra que amanhã haverá uma saída ao exterior
e todos os cuidados que cada criança deverá ter na saída. (…)
As crianças irão ao Teatro – o educador explica o tema do
teatro e novamente é feito um diálogo com as explicitações sobre os
conteúdos que iriam ver. (…)
Canções ritmadas intervaladas com lengalengas que as crianças
vão acompanhando.
(…)
Agora são horas do conto. (…)
Logo que ouviram isto, a maioria das crianças deitou-se no chão
e fixaram o olhar no educador. Esperavam que começasse por lhes ler
uma história ou que contasse. (…)
A história/conto não começou logo de imediato.
O educador começou falando sobre os livros que tinham sido
levados para casa para serem lidos com as famílias. (…)
Pequenos diálogos foram mantidos entre as crianças e o
educador. Aproveitou para explicar que havia livros que precisavam de
ser arranjados e que sempre que os livros fossem para casa deveriam
ser muito bem cuidados. A responsabilidade seria sempre da criança
que escolhe o livro para levar para casa. (…)
E iniciou a leitura da história. Lê pausadamente e com muita
expressão. A sua voz muda de tom e entoação. Todo o grupo fixa
atentamente a sua expressão e as suas palavras. Por vezes sente
necessidade de ir explicando alguns termos e conceitos da própria
história, para que este momento se torne mais compreensível para o
grupo. A história relaciona-se com a temática – “A Família”. A
diversidade de situações que cada criança possuía na sua realidade
familiar era motivo de exemplo para o grupo. O contexto familiar de
cada um servia como locomotiva para a compreensão. As famílias
monoparentais, as famílias separadas por diversas razões, as crianças
que são adoptadas por uma família, etc.
Depois da história/conto o educador com o grupo reunido no
Música e o movimento
A hora do Conto/História
Desenvolvimento Competências Sociais: A responsabilização individual
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
199
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11
h 15m 11
h 3om 11
h 45m
mesmo espaço da comunicação inicia um jogo de memória visual.
Começa por mostrar um conjunto de peças, identifica-as pelos nomes,
fala alto, com entoação e pede por vezes para as crianças repetirem.
Estes momentos coletivos de aprendizagens proporcionados às
crianças fazem com estejam envolvidas e motivadas.
O jogo tem um 1º momento de enumeração e contagem de
figuras a que se segue a identificação verbal das peças.
São explicadas as regras básicas do jogo e o que cada criança
deveria respeitar. Quer quando fosse o jogador escolhido, quer fosse
jogador assistente.
É seleccionada a 1ª criança a jogar. São lhe explicadas
novamente as regras e o educador pede para que se retire da sala. Só
poderá entrar quando for chamado pelo grupo. Na sua ausência, uma
criança retira uma peça e modifica a ordem das peças.
A criança entra novamente para o espaço da comunicação,
observa, há um silêncio. Tenta descobrir o que falta, parece estar a
não conseguir identificar, mas passados alguns segundos - identifica.
O educador valoriza o seu esforço.
O jogo é repetido várias vezes por diferentes crianças. Quando
uma criança não consegue é dada a possibilidade de serem ajudadas.
Para isso, é lhe dado algumas pistas pelas outras crianças que o grupo
rapidamente faz com muita facilidade.
São mantidos alguns momentos de silêncio.
Durante o jogo há sempre uma criança que altera a posição dos
objetos colocados no chão. Há sempre uma criança que sai Daniel
espaço.
O educador mantém o grupo em silêncio absoluto por nos
segundos e de seguida, há uma explosão de alegria sempre que o jogo
é conseguido por o jogador em causa.
São horas de organizar o grupo para irem almoçar. Relembra o
educador. As AAE acompanham as crianças para a zona da higiene e de
seguida são encaminhados para a carrinha que os levará a almoçar. De
longe o educador acompanha com o olhar todo o grupo e vai dando
pequenas indicações/recomendações.
O Jogo como elemento da aprendizagem
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
200
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12
h 00m 12
h 15 12
h 30m
Fim de observação.
Descrição da sala de aula:
A sala apresentava a mesma distribuição na utilização dos
espaços, e ambientes criados pelo educador que o ano letivo anterior.
Mantinha-se intata a “Casinha das bonecas”, ocupando um
aproximadamente 1/4 da área total da sala. Mantinha-se igualmente, a
zona dos jogos, da pintura e artes plásticas, as mesas de trabalho
coletivo, a área destinada à leitura individual, e a área das tecnologias
junto da área de trabalho do educador.
A sala tem afixado alguns registos de atividades realizadas:
aulas de ginástica, atividades com as famílias [ex: O bolo que fiz com a
mãe], Estamo-nos a conhecer [esta temática preenchia todo um
placard, com os registos individuais sobre o que as crianças disseram e
a descrição da atividade em si].
Os espaços da sala de aula: uma estratégia pedagógica como exigência para a integração de atividades de aprendizagem
A construção de narrativas pedagógicas :
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
201
22. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O9ALC
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O9ALC
25
Novembro
de
2008
Sala de
Atividades
Pré-Escolar
A/B
1 - Educador 2 - Educadores Estagiários Grupo de 22/44 crianças Idade: 5/4/3anos
Área Conhecimento do Mundo
• Atividade prática: A Roda dos Alimentos
• Jogos de Ar Livre
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
9h 00m
9h 15m
Observação de atividades em contexto de sala de aula
Período Observado: Uma manhã (~3h 30m)
Acolhimento.
As crianças encontram-se sentadas na área de
acolhimento, sentadas nos bancos laterais encostados
às paredes, no hall de entrada do jardim-de-infância.
Aqui, encontram-se afixados os mapas de registo
coletivo que devem ser preenchidos logo pela manhã
quando as crianças chegam ao jardim-de-infância. Estes
mapas englobam temas variados, desde o mapa de
presenças, ao mapa das tarefas, calendários, Registo
Meteorológicos, etc.
Durante alguns minutos o educador conversa com as
crianças, sobre temas relacionados com as respetivas
famílias e vai intervalando com cantigas. Quando as
A temática abordada esta manhã tem por objetivo dar continuidade às anteriores abordagens na área do conhecimento do mundo. Procura colocar as crianças numa posição de descoberta e exploração sobre o mundo que as rodeia A recepção pela manhã – momentos de interacção educador – criança e contato
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
202
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
9h 30m
9h 45m
10h 00m
crianças já estão todas finaliza com a “Canção de
“cumprimento” chamada “Bom-dia”.
Os mapas
O grupo dirige-se para a classe de aula, o educador
propõe e pede opinião sobre as atividades que estão
preparadas para realizar ao longo do dia, combina com o
grupo como fazer e são recordados alguns pormenores a
ter em atenção com as atividades de continuação do
que já tinham feito anteriormente. As crianças
relembram atividades já realizadas e expressam alguns
comentários. (…) O educador dá algumas pistas com
algum vocabulário, e, desta forma, consegue que
algumas crianças questionem e se interroguem sobre
exatamente o tipo de tarefa a realizar. (…) As crianças
falam entre si. (…) E o educador mantém com algumas
crianças mais interessadas as explicitação do que é
ainda preciso fazer naquela manhã. [ex: Preparar a sala]
A porta entre as duas salas encontra-se aberta1
Sobre esse fato o educador disse:
com as famílias com as famílias. Neste período o educador aproveita e motiva todo o grupo para as tarefas a realizar naquela manhã. Os Cargos: Cada semana/mês/outro há uma criança responsável por determinadas tarefas na classe que aparecem identificadas como Cargos. a criança identificada fica responsabilizada pela tarefa que lhe foi atribuída, exercendo autonomamente essa tarefa e é um colaborador próximo do educador sendo o seu desempenho na tarefa avaliado pelo grupo nos momentos de assembleia. As assembleias na sala de aula5 A porta entre as duas salas encontra-se aberta. As atividades a desenvolver são
5 O objetivo principal destas assembleias segundo Sandín (2008) consiste em propor e
posteriormente observar [comprovar] que a criança: a) “Aprende las formas corretas para mantener, en orden, una conversación, en la que cada niño
manifiesta sentimientos, sus intereses, sus necesidades y cuenta sus experiencias. b) Defiende sus opiniones y derechos, cumple las normas de respeto hacia los otros, les escucha y
espera su turno de palabra. c) Expresa oralmente los planes de acción y las atividades q va a realizar. d) Utiliza el lenguaje como instrumento de reflexión, construyéndolo léxica, gramatical y
sintáticamente” (Sandín, 2008, p. 186)
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
203
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
10h 15m
10h 30m
“temos que trabalhar e colaborar o mais possível, para
levar a cabo a nossa tarefa [educativa] e melhorarmos a
nossa qualidade” disse o educador, acrescentando
também, a este propósito, “ temos que atuar da
maneira mais coerente e coordenada possível se
queremos que as nossas atuações não sejam parciais,
contraditórias, uma fazer uma coisa e a outra fazer
outra, isso não”.
A sala encontra-se com a mesma distribuição de
mesas/áreas de trabalho que na semana anterior.
Os placards têm afixados trabalhos de acordo com os
temas abordados e os projetos em desenvolvimento:
“Roda dos Alimentos”, “Fomos Cientistas”,“Visita ao
Olival”. Alguns destes registos estão documentados com
fotografias, outros são fichas de trabalho elaboradas
pelas crianças.
Trabalho Individual e Registo efetuado no Livro de
Memórias
O passeio ao Olival e a Azeitona apanhada.
(…) Finalizado este primeiro momento dentro do espaço
de sala de aula, as crianças foram para o exterior,
fruto de um planeamento coletivo. A este propósito os educadores explicitaram ao observador, esta sua intencionalidade, através das conversas informais que iam fazendo ao longo da observação. Os educadores têm claro que é necessário fazer um trabalho em equipa a fim de oferecer um projeto educativo coerente e que possibilite um desenvolvimento e uma aprendizagem com uma certa intencionalidade e com uma certa continuidade, concretizado na construção do currículo. A utilização e o aproveitamento dos mesmos materiais para a realização de tarefas previamente preparadas e planeadas. A monitorização do trabalho individual: as fichas realizadas, na participação dos trabalhos coletivos, etc.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
204
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
10h 45 m
11h 00
tomaram um pequeno lanche e fizeram Jogos Livres, e
ainda utilizaram todo o espaço exterior para andar de
carrinhos, bicicletas, e utilizaram todo o material lúdico
disponível ao redor do jardim-de-infância. (…)
As atividades de exterior mantinham-se enquanto os
educadores preparam uma das salas para as atividades
práticas na área do conhecimento do mundo a
desenvolver na última parte da manhã. Esta atividade
insere-se no projeto em desenvolvimento sobre a
alimentação “Criança saudável, criança feliz” (…)
Os Alimentos
O grupo de uma das salas é reunido na área de
acolhimento.
O educador explica, mais uma vez o objetivo da
atividade que vão realizar e o que pretende que cada
um faça, com os alimentos que estão colocados numa
das mesas e como têm que fazer na roda dos alimentos
que havia desenhado numa outra mesa
“Desenhei aqui nesta mesa uma roda dos alimentos
Relembrou a área destinada a cada grupo e todas as
atividades anteriormente já realizadas,
e, a utilização correta das
palavras/termos/nomes/conceitos em cada um, mas as
crianças, por vezes, questionaram por não entenderem
O contato com a natureza possibilita às crianças experiencia de situações do mundo real. A descoberta e exploração do mundo (do meio físico) A Trabalho individual e o registo Coletivo - O educador procurou incentivar a curiosidade e o desejo de saber das crianças.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
205
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
11h 15m
o seu significado [ex: leguminosa]. A importância da
água para a vida e como nós a utilizamos.
Exemplificações feitas pelas crianças.
Em relação à água e ao fato de se encontrar no centro
da roda explica, a sua importância e a necessidade que
os seres vivos têm dela para sobreviverem.
A mesa com os produtos para colocar na Roda dos
Alimentos
Uma a uma as crianças começam a atividade sempre
que o educador convida a participarem. (…)
Mas, o educador vendo alguma hesitação, por parte de
algumas crianças, apercebe-se que de alguma
dificuldade. Para resolver a situação o educador
resolveu numerar as zonas da mesa destinadas a cada
grupo alimentar, e, resolveu alterar a metodologia.
Passou a chamar individualmente cada criança, e esta,
escolhia um dos alimentos distribuídos em cima de uma
das mesas. Depois, identificava-o, verificava no poster
utilizado anteriormente na expressão teatral na semana
anterior, e de seguida, colocava-o na área identificada
com o mesmo n.º e correspondente na mesa oposta.
- Utilizou a produtos/frutos/alimentos reais como fonte de aprendizagens para possibilitar à criança (saber nomear/identificar /relacionar/comparar e também questionar sobres esses mesmos produtos)
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
206
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
11h 30m 11h 45m 12h 00m
A Roda dos Alimentos
Primeiro a educadora chamava uma das crianças mais
velhas e de seguida uma das mais novas.
Desta forma, as crianças começaram a conseguir realizar
a tarefa proposta pelo educador. Primeiro precisavam
de identificar [interpretar] o alimento na roda dos
alimentos, e depois, colocá-lo [fazer] na mesma área.
O educador dizia-lhes:
“Primeiro têm que interpretar, e depois fazer”.
Quando uma criança escolheu uma “posta de peixe” o
educador aproveitou a oportunidade para pedir para
cheirar e mostrar aos colegas o cheiro do peixe.
À medida que vai conseguindo realizar a tarefa o
educador estimula o grupo a aplaudir e, desta forma, é-
lhe reconhecido o êxito na concretização da tarefa.
Recorrentemente, foi necessário estimular as crianças
para participarem.
As expressões e termos utilizados pelo educador, por
vezes, foram feitos por metáforas ou analogias.
Recorrentemente, utiliza a palavra “computador”.
Por diversas vezes o educador disse para pararem para
pensar, ligarem o “computador” e respirarem fundo.
À escolha efetuada do fruto ou vegetal, leguminosa por
cada criança, segue-se justificação do “como” e
“quando” eram utilizada(o) nas refeições diárias, ou no
- Utilizou quadro de imagens/ explicativos para a criança compreender melhor e situar a utilização correta nas diversas situações quotidianas na alimentação. A aprendizagem …. Interpretação…Concretizar Aprender Fazendo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
207
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
12h 00m 12h 15m 12h 30 m
quotidiano de todos os dias. A justificação do porquê em
relação ao grupo alimentar a pertencia o alimento
também é feita pela criança que é chamada a participar.
Todas as crianças participaram.
O educador volta colocar os alimentos como estavam
previamente, ou seja, antes da atividade. Após a
finalização deste primeiro grupo, este sai sala e vai para
o exterior, e o grupo que tinha estado no exterior entrou
para o hall de acolhimento, e, desta vez foi o educador B
que repetiu a mesma atividade.
O grupo de crianças vai para o recreio e dá-se a troca
entre grupos.
O grupo continuava com a mesma atividade.
O educador B finaliza e encaminha todas as crianças
para atividades de Ar Livre para o espaço exterior do
jardim-de-infância.
Ambas as classes se mantêm nas atividades livres no
exterior.
Fim de observação.
A transversalidade do Currículo
Dificuldades de concretização da atividade prática – Alteração de metodologia
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
208
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e
Inferências
As experiências / As Fichas /Os Registos
A Narrativa Pedagógica vs A voz da criança
Notas:
• Os registos foram efetuados com um intervalo 15 minutos aproximadamente.
Documentos analisados como complemento da observação:
• Diário de Tarefas;
• Plano semanal de atividades;
• Grelhas de observação / Escalas de Envolvimento
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
209
ANEXO III -MEB
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
210
23. PROTOCOLO DE ENTREVISTA EDUCADORA – O1MEB
PROTOCOLO DA
ENTREVISTA AO
EDUCADOR A
DATA
15
Feverei
ro 2008
CÓDIGO
E1MEB
Legitimação da Entrevista
Por fazer APRESENTAÇÕES FORMAIS
Pequenas Explicações e Objetivos da Entrevista
O entrevistador, no início deste estudo tinha informado da necessidade de efetuar uma
ou mais entrevistas. Decorrido o período de cinco meses sobre o início do ano letivo, e
três meses decorridos sobre o início das observações, Fevereiro afigurou-se o período
ideal para a realização da entrevista com o educador do contexto de educação de infância
observado. O entrevistador abordou este assunto com o Entrevistado e marcou a data e
hora da sua realização. O Entrevistado disponibilizou-se desde logo para colaborar.
Para a totalidade da entrevista recorreu-se à gravação, depois de devidamente autorizada
pelo Entrevistado.
P - Começo por agradecer toda a disponibilidade e colaboração e
por ter permitido que observasse momentos formais e informais
da sua prática letiva e por ter acedido conceder esta entrevista.
Para iniciarmos esta nossa conversa começo por lhe perguntar:
Hoje, quando cheguei pela manhã as crianças ….ESTAVAM …
Fale-me um pouco do seu objetivo na utilização deste espaço.No
que se refere ao planeamento das atividades gostaria que me
explicasse como é que se organiza para fazer essa mesma
planificação para o seu grupo de crianças, quer ao nível do contexto
de sala de aula quer na articulação com o jardim-de-infância?
E – Eu coordeno o estabelecimento, eu faço a coordenação de todo
o pessoal (…) e de, mas, para além de mim há uma pessoa que faz a
coordenação de docentes, do corpo docente, a coordenação de
docentes que representa, que nos representa no conselho
pedagógico, mas a minha função não é essa, eu não tenho nada
com a coordenação de docentes, não tenho quer dizer, sou uma
docente, participo nas reuniões.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
211
Quando se faz uma reunião tenta-se ouvir a opinião de todas as
pessoas intervenientes na vida da escola e, se depois essa pessoa
tiver disponibilidade para me ouvir para lhe fazer as mesmas
perguntas, porque, muitas vezes tem a ver com a perspetiva, com a
formação individual de cada um.
Eu estava convencida que isto tinha mais a ver com o modelo de
trabalho, com o meu modelo de trabalho.
P - E tem a ver com o seu modelo de trabalho, porque
efetivamente, como é que faz, e como ele se articula depois com a
vida do jardim. A relação que tem com a vida do jardim?
E - Mas, é que nós aqui no jardim, aqui neste, já tenho outras
experiências que eu não decerto, mas, neste jardim os educadores
não funcionam [trabalham] todos da mesma maneira. Cada
educador utiliza a sua metodologia, cada metodologia é diferente,
embora eu aplico o modelo de escola moderna, sigo os
orientadores do modelo. E, [eu] aplico-o na minha prática, na
minha sala isso. A minha colega aplica também grande parte do
modelo da escola moderna embora (…), tive uma colega que esteve
uns tempos ausente da parte pedagógica, que esteve no ministério
a trabalhar, portanto, voltou agora e agora é que está a introduzir
novamente as coisas todas. A educadora XXX trabalha com vários
modelos, a educadora YYYY também é um bocado vários modelos.
Modelos
pedagógicos
O mesmo
jardim-de-
infância/plêiade
de modelos
pedagógicos e a
/diversidade de
modelos
curriculares s
P - E, é como já disse é em função do modelo pedagógico que (…)
cada um trabalha?
E- Em função do modelo, cada um faz o seu, agora nós reunimos,
temos um plano anual de atividades que foi feito em conjunto,
temos o projeto curricular de estabelecimentos que foi feito em
conjunto e que a orientação, ou seja, a orientação para o trabalho é
comum. Normalmente, organização das salas é muito parecida em
todos nós. Temos uma área comum, uma área grande, uma área
polivalente e várias áreas de trabalho [separadas], todas nós temos
isso na sala. Agora, os instrumentos que utilizamos e a metodologia
que aplicamos é que não são a mesma. Por exemplo, nós ainda
ontem tivemos reunião. Há sempre mensalmente uma reunião de
equipa que é coordenada por mim, como educadora e como
coordenadora de estabelecimento, e que tem a ver com todas as
normas que eu recebo do agrupamento e que tenho de dar
informação aos colegas. Tem a ver com o planeamento de
atividades que impliquem os meninos, e tudo o que implique,
mesmo, os meninos tem mais a ver comigo, porque isso, tem a ver
com o componente de apoio à família. E quem coordena isso tudo
portanto sou eu que coordeno, o serviço de almoços. A
A construção de
referenciais
pedagógicos
comuns:
O Plano Anual de
atividades;
Projeto
Curricular de
Estabelecimento
Princípios
pedagógicos e
concepções
estratégicas:
Do planeamento
à partilha de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
212
coordenação de docentes é um elemento que neste momento não
é cá, há três. Nós estamos numa situação um bocadinho, portanto,
uma situação que não é regular, não é normal. Daí existir, que é: no
nosso agrupamento havia uma educadora, uma representante no
conselho pedagógico de cada estabelecimento. Simplesmente, este
ano letivo juntou neste agrupamento mais turmas, mais escolas,
duas escolas, um jardim-de-infância e uma escola de 1º ciclo, que é
do bairro da Junqueira Torres, arquiteto Roberto Telles, escola
arquiteto Roberto Telles.
Agora foi criado um coordenador de docentes para o pré-escolar.
Neste momento que não tínhamos, cada um tinha o seu em seu
estabelecimento, simplesmente com esta história, quem está como
coordenador, que nós elegemos, até para representante do grupo,
representar o departamento do pré-escolar, representante do
departamento (…).
O representante do departamento vai criar um departamento para
o pré-escolar para nós, porque não tínhamos. É uma nova
adaptação à legislação escolar, ao 200 [Dec. Lei 200/97). Foi uma
adaptação ao 200 porque saiu agora o 2/2008, o despacho da
avaliação e que nos obriga a ter alguém. Isto é uma força de
expressão. Que exige um bocadinho que nós tenhamos alguém
como representante do departamento como avaliador para poder
delegar funções noutros para proceder à avaliação como avaliador.
responsabilidade
s
A organização
dos espaços
educativos
P - Vamos reportar-nos ao planeamento da acção educativa no
princípio do ano letivo? Nessa altura ainda não estava definida? Já
havia três coordenadores docentes. Basicamente, quando foi para o
arranque do ano letivo o que é que aqui a escola fez? Como se
organizou para fazer o tal plano, o plano de atividades, o projeto
curricular turma/estabelecimento?
E - Juntamos a equipa, nós juntamos em equipa aqui. Fiz uma
reunião, não temos tema, não há tema. Nós pedimos, o que foi
pedido no projeto educativo do estabelecimento foi: isto é, um à
parte, isto já está feito desde o ano passado, o projeto educativo do
estabelecimento, é a “melhor escola melhor futuro”. Nós temos
como base isso, e fazemos um levantamento das necessidades do
grupo, todas nós fizemos e sentimos (…), reunimos e decidimos
quais as necessidades que o grupo tinha. Nós, normalmente,
verificamos que havia grande necessidade de ser trabalhada a parte
da alimentação, portanto, elaborámos um plano anual de
atividades onde elaborámos também projetos. Nesse plano consta
as visitas e passeios, as festividades e projetos a trabalhar em
comum. Projetos a trabalhar em comum, ou o que achamos que
devemos trabalhar com estes miúdos. O plano nacional de leitura
que já estava a ser trabalhado o ano passado. Continuar com o
O planeamento
da acção
educativa:
estratégias
- em equipa;
- levantamento
das necessidades
do grupo;
- construção de
projetos comuns
que respondam
às necessidades
identificadas;
-
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
213
“projeto da horta pedagógica”, porque temos espaços no exterior
que nos permitem fazer isso e, fizemos um projeto de
regulamentação porque começamos a verificar que no refeitório os
meninos, não havia maneira de comerem, não tinham maneira e de
estar à mesa. Muitas coisas estavam a falhar, portanto, achamos e
combinamos que todas as três, todas as quatro que estes projetos
seriam trabalhados em conjunto, portanto, combinamos trabalhar
estes três projetos e ainda aderimos a um projeto da Câmara
Municipal de Lisboa que é a Lisboa Ajuda, que vai se desenvolver ao
longo do ano.
Isso os projetos combinamos juntas, de resto nas salas cada uma
trabalha, portanto, tem a sua metodologia de trabalho e como é
que hei-de dizer, por exemplo eu trabalho muitas vezes coisas que
me surgem. É da necessidade no grupo ou coisas que me chamam à
atenção. Por exemplo, através de uma canção, ensinamos uma
canção, deixa-me lá ver! Era “a do castor”, ninguém sabia o que era
um castor. O que era um castor? De onde veio o castor? Eles fazem
a pergunta e eu nunca sei. E eu como elemento do grupo, eu nunca
dou a resposta à criança. Eu tento procurar que eles com a nossa
ajuda, a ajuda dos adultos, vamos ver o que é que nós sabemos, o
que eu vejo naquele momento, é o que eles querem saber. Querem
saber qualquer coisa e, pergunto ao grupo. Remeto a pergunta ao
grupo todo. O grupo dá-me respostas e [eu] vou escrevendo e,
depois daquilo [é] que eles sabem. [Questiona] Será que é
verdadeiro? Será que é certo o que eles me estão a dizer? Como é
que podemos saber? Faço-lhes a pergunta e eles dizem: “Olha
vamos consultar uns livros, vamos ver não sei o quê, vamos
perguntar aos nossos pais, vamos perguntar aos outros colegas”, e
depois, a gente começa a desenrolar projetos a partir desses
interesses manifestados pelo grupo. Quando isso se faz, e , fez-se
isso por exemplo com os castores, fomos ver onde é que eles
viviam, portanto, aprendemos montes de coisas sobre o castor, (…)
e quando se faz a pesquisa, depois uns trouxeram de casa livros.
Princípios
pedagógicos e
concepções
estratégicas:
Do planeamento
à partilha de
responsabilidade
s
O Trabalho
Projeto
P - É uma metodologia virada para descoberta?
E - Sim. Da descoberta. É. É um método científico.
P - Agora já me está a falar dentro da sala de aula, não é verdade?
E -(…) O que eu faço normalmente, eu tenho no início do ano,
estabeleço e tenho, faço com os miúdos, todo o meu trabalho é
feito sempre com o grupo, o grupo participa em tudo.
Normalmente, inicio o ano. Quando início o ano com os miúdos na
sala, só estão os cantos expostos com alguns materiais colocados.
A gestão dos
espaços de sala
de aula:
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
214
Assim, estão lá colocados, são poucos e os primeiros dias deixo
sempre os miúdos explorarem a sala. Eles exploram tudo. Vão
mexendo, vão trazendo vão deitando no chão, vão levantando, vão
arrumando e eu deixo-os à vontade. Depois faço com eles o
levantamento de tudo o que existe dentro da sala. Vamos lá ver,
aqui, neste espaço o que é que vocês fizeram? [E as crianças
verificam] Existe canetas, existe lápis, existe papel, existe borracha,
isto e aquilo e eu vou escrevendo tudo aquilo que eles dizem, ou
seja, faço um inventário da sala com os meninos. Depois desse
inventário feito, o que é que eu faço? Pego e vou com eles ver, com
este material que temos aqui, o que é que podemos fazer?
Portanto, sendo papel, lápis, tintas, olha podemos desenhar,
podemos pintar, se for tesoura podemos recortar, podemos colar,
noutra coisa podemos fazer jogos, outra vamos escrever, podemos
coordenar o computador, outra temos lápis, temos canetas, temos
papel podemos escrever, temos livros podemos ler. Pronto, vemos
o que é que se pode fazer e então depois disto, portanto, fiz um
inventário. Com o material o que é que podemos fazer, mas, no
fundo, o que é que se pode fazer numa sala? E, só depois disso é
que vou com eles ver. E pergunto, então, se aqui temos papel,
temos lápis, temos borrachas, temos réguas, temos revistas etc. (…)
podemos escrever aqui. Como se deverá chamar esta área? E
portanto, encaminho-os para a área da escrita.
E o que é que isto tem de bom? É que, normalmente, nós
trabalhamos com um grupo de crianças heterogéneos, já no ano
anterior tive grupos que trabalharam comigo, tive grupos… tive
meninos daquele grupo que trabalharam comigo e esses meninos
são um motor para que eu vá, ande um bocadinho até mais rápido.
Portanto, não começo do zero, portanto são parceiros e depois em
vez de (…), portanto são parceiros e são óptimos para os outros
mais pequenos, são colaboradores e facilitam muito, muito, muito,
para a adaptação dos miúdos mais novos. Porque a relação que é o
menino para a educadora, que é um adulto, é mais difícil do que ele
ir diretamente ao parceiro, ao seu colega. Portanto, quando é para
ir à casa de banho ou não sei quê, ou não sei quantos, já há quem
gritou “ deixa ficar XXX, eu vou e, eu deixo, portanto, a criança (…)
já alguém conseguiu fazer isso (…) já alguém que os ajuda a fazer
isso. E portanto, as crianças são envolvidas em toda a organização
do espaço [ambiente].
No planeamento o que é que eu faço? Já vamos aí, o que é que eu
faço, depois disto a gente começa a criar uma rotina com os
meninos, ou seja, uma rotina já é a questão do tempo, a organizado
com eles, agora eles começam a ver quando entramos na sala. O
que é que eu faço sempre? Eu acolho sempre os meninos,
normalmente, então quando entram dentro da sala, quando eu os
A regulação
cooperada das
atividades e dos
projetos
atravessa todo o
processo de
realização
PRESSUPOSTOS
DO PROCESSO
EDUCATIVO: A
heterogeneidade
dos grupo
PRINCÍPIOS
PEDAGÓGICOS E
CONCEPÇÕES
ESTRATÉGICAS:
A gestão dos
tempos e o
envolvimento
das crianças
as rotinas
organizadas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
215
acolho de manhã, eu fico à volta da mesa, na minha sala,
normalmente eu faço à volta da mesa, em grandes metades, mas
podia fazer num tapete no chão, mas, só que a minha sala não dá.
Não tem espaço. Não dá. Portanto eu faço tudo à volta da mesa. Às
vezes, até gostava de mudar mas não dá. A sala não consegue. A
sala não cresce. Portanto, faço sempre à volta da mesa, acolho a
palavra deles, vou ouvindo, vamos fazer primeiro uma coisa que é a
marcação, falo com eles, acolhes-lhes a palavra, oiço o que é que
fizeram, e tal e não sei o quê, e depois vou incentivando ao registo
dessas mensagens, ou seja, fazer criar uma atividade, um texto.
• Iniciaçã
o às
prática
s de
cooper
ação
de uma
vida
democr
ática
P - Será aquilo que eu tenho observado. A utilização daquele
caderno, andava para lhe perguntar.
E - Aquele meu caderno é o caderno modelo de registo da palavra
dos meninos e não só. Registo praticamente quase todas as coisas
que se passam, que eu não quero esquecer e que me vão servir a
seguir para uma avaliação aos meninos. Quando eu quero ir ver.
Será que este menino tem feito, sei lá, este menino pode não fazer
o texto, não querer fazer, porque ninguém é obrigado a fazer, eu
não obrigo nenhum menino, ele dá-me a notícia, tenho que a
escrever, ele vai ter que ir fazer essa atividade. Quando eu
pergunto: “queres que a professora te escreva o texto? Se ele
disser que sim, portanto, depois ele vai efetuar que fazer esse
registo. Existem na sala instrumentos em que eles têm que registar
aquilo que fazem. Eles registam. Vão a um mapa. Por exemplo eu
crio mapas, isto é, um instrumento que vou utilizando com eles
para os ir implicando (…), e por isso mesmo, eles vão sendo
implicados no processo de planificação e organização do dia no dia-
a-dia. Portanto, eles quando planeiam [crianças] (…) A criança é um
parceiro que colabora no desenvolvimento da acção, no
planeamento e no registo. E na avaliação.
P -(…) Quando me disse naquela primeira parte, para a atribuição
de tarefas que são construídas, eles já têm alguma coisa pré-
preparada ou é a partir dali?
E –O educador tem de ter sempre em mente coisas preparadas,
porque, para eles eu sou um elemento que faz parte do grupo. Eu
sou um elemento do grupo. Por exemplo, ele não pode achar que
caiu numa rotina, numa rotina permanente dentro da sala. Se o
educador não tiver elementos o visionamento de qualquer coisa, o
que é que acontece, o seu dia-a-dia torna-se rotineiro. Para que
isso não aconteça, eu tenho de estar sempre dispersa, dispersa
para quando estou a conversar com eles ou estou numa situação
Processo de
aprendizagem:
integração dos
interesses da
criança
- “Eu trabalho
tudo a partir dos
interesses deles”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
216
qualquer, ver o que é que eu posso fazer, um motivo para ir fazer
qualquer trabalho. Ora pode ser trabalhar o Outono, ora trabalhar
o tema não sei quê. Eu trabalho tudo a partir dos interesses deles,
portanto, eu tenho desperto, o educador tem de estar desperto
para agarrar no momento certo. Eu agarrei. O que é aquilo. E o
que é que eu vou fazer, quando agarro num tema qualquer que
pode ser no acolhimento, mas também, pode ser no recreio, no
exterior, pode ser num momento qualquer que eu esteja junto de
uma criança. Eu mostro interesse para alguma coisa. Se ele me
mostra eu devolvo esse interesse naquela criança ou grupo e
depois vejo quem é que quer, com aquela criança ir abordar aquele
assunto, ou seja, pegar naquele projeto. Normalmente, esse
projeto, esse interesse da criança nasce, por exemplo, agora onde
agora estamos:
Uma criança chegou a perguntar um dia de manhã, porque
perguntou à mãe e a mãe devolveu um bocadinho para mim. Não
sei [interroga-se], a criança vê qualquer coisa na televisão sobre os
ossos, o leite faz bem aos ossos, o iogurte faz bem aos ossos e
qualquer coisa ali faz bem aos ossos, ele via aquilo na televisão e
perguntou à mãe para que servem os ossos, para que é que
servem? E a mãe ficou assim um bocadinho atrapalhada e disse no
dia seguinte: “Oh professora será que quer explicar aqui ao meu
filho. Ele quer saber para que servem os ossos. Eu respondi. Olha,
vamos perguntar aos teus colegas, vamos ver se os teus colegas te
podem ajudar, se nós todos juntos te vamos poder ajudar, e
reunimos o grupo e disse: Manuel, diz aos teus colegas o que é que
tu queres saber (…);
“Eu quero saber para que servem os ossos”, e eles começaram.
Cada um começou a dizer o que sabia, e eu registo logo o que eles
estão a dizer, o que sabem. Faço logo o levantamento do que
sabem.
- O trabalho de
projeto como
proposta
P - Parte do interesse da criança, de maneira a promover o
conhecimento (…)?
E -(…) e depois vou tentando, à medida que as aprendizagens vão
sendo feitas, que sejam transmitidas ao grupo e cada vez vamos
buscando mais elementos do grupo da sala para participarem
nesses trabalhos. Envolver os outros nisso. E no final quando
termina este projeto, está a nascer [um outro] por exemplo o do
castor, que já acabou e acabou há pouco tempo. Construímos,
arranjamos uma cabana, uma casinha para o castor, inventamos a
família do castor, inventamos casinhas para castores, arranjamos
poesias de castores, depois há que fazer - o educador tem de fazer
PRINCÍPIOS
PEDAGÓGICOS E
CONCEPÇÕES
ESTRATÉGICAS
do MEM versus
OCEPE:
- integração das
aprendizagens
adquiridas na
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
217
uma coisa que é: um conjunto de ideias, portanto, com aquele
tema o que é que eu posso fazer e que aborda estes conteúdos na
sala de aula. Portanto, a gente tem de planear, mesmo que não seja
aquele plano, que acho que já não tenho necessidade de estar a
fazer [e coloca]. Objetivo disto, objetivo daquilo, objetivo daquele,
e mais outro (…), eu faço sempre uma chuva de ideias e vou
trabalhar isto, isto, e isto. Eu tenho de ter ideias e depois vou as
promovendo à medida que o grupo me vai pedindo. (…) O meu
projeto curricular da sala tem sempre como base, ou o projeto
curricular da sala é sempre estruturado e segue sempre, eu sigo,
aliás, eu acho que utilizo um modelo pedagógico que está bem
visível nas orientações curriculares. Portanto, que não está, que
não é, mas que está em consonância [espelhado] com as
orientações (…)
construção de
novos projetos;
- A integração
novos elementos
nos grupos de
trabalho;
- integração dos
projetos em
desenvolvimento
no projeto
curricular
P - É o modelo da escola moderna?
E - Sim.
P - Entende que o modelo é único, diferente? Ou vai buscar
referências? Qual a sua formação?
E - Na minha formação eu sou educadora do João de Deus, e isso,
(…),eu tenho a certeza que não utilizo João de Deus, não utilizo.
Pondo isto, não estamos a ver o que é que é melhor ou o que é
pior. Estamos a ver o método de ensino.
P - Não. E para perceber o método de ensino. Esta pedagogia que
estava a utilizar de interesses da criança é a chamada pedagogia de
projetos?
E - Sim. A pedagogia de projeto é uma pedagogia que faz parte do
modelo escola moderna mas também faz parte do High Scoope, faz
parte do Reggie Emilia, portanto faz parte. Há muitos modelos
pedagógicos que utilizam a pedagogia de projeto. Embora possam
não ser, uns partem sempre dos interesses dos meninos, outros
podem partir para o projeto que seja do interesse dos adultos. Ou
seja, os adultos a propor. Eu também posso propor qualquer coisa.
Eu sou um elemento do grupo, não é? Também posso propor
qualquer coisa.
O MEM e a
pedagogia de
Projeto
P - Aproveita a sua prática do dia-a-dia para a concretização do
modelo, na forma como desenvolve a acção educativa?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
218
E - Sim. Sim.Eu gosto. Acho que tem a ver um bocadinho comigo.
(…)
P - O que é que acha das suas crianças? Das suas aprendizagens?
E - Eu acho que, quem neste momento se se for agora à sala e,
embora que, eu ache, que já o utilizo desde 89. Já o utilizo desde
89. Comecei muito bem, porque comecei com uma equipa. Éramos
um grupo de quatro salas e todas nós optámos por este modelo,
fomos fazendo formação em diferentes modelos pedagógicos. Eu
tive formação antes de fazer uma opção, eu tive formação nos
diferentes modelos pedagógicos, nos diferentes modelos
pedagógicos, feito pela professora Teresa Vasconcelos que nos deu
essa formação e depois tive a hipótese de ir estagiar para um sítio
onde o modelo estava implementado. Era em Adabeja, e portanto,
eu vi um bocadinho daquela linha e segui. Segui o professor Sérgio,
aliás sou um bocadinho, porque o professor Sérgio Niza, foi meu
chefe de divisão (…) no Centro Regional de Segurança Social.
Portanto, [ele] era o chefe de departamento da educação e
juventude ou infância e juventude, era uma coisa assim.
P - A filosofia que está implícita neste modelo é levar as crianças a
participar na planificação da sala no contexto educativo, na
realização das atividades?
E - Sim. Sim. Eu só queria dizer, assim, na questão do tempo que à
bocadinho estávamos a falar, na questão da organização do tempo,
os meninos sabem, portanto, vão percebendo que ao desenrolar do
dia é necessário uma rotina. É preciso criar uma rotina até para dar
uma certa segurança, dar segurança à criança, não é? E portanto, o
que é que eu faço é aquele acolhimento que depois se eles
acharem que têm um tempo em que podem fazer atividades na
sala, essas atividades o que é que são? São atividades livres embora
deles. Eles escolhem a área em que querem trabalhar, às vezes,
essa escolha é feita mediante os tais projetos que estavam a ser
trabalhados. Eu tenho de fazer isto. Ainda ontem uma criança me
dizia: “ Professora não acabei o meu trabalho das letras começadas
por “p“. Estivemos a brincar com uma história, a história do papão,
apareceu ali de repente, palavras começadas por “p” e fomos nós e
eu fui atrás deles, só que para não ficar por aqui, o que é que
podemos fazer com isto, eu sugeri retomarmos nas revistas
palavras com aquela letra. Sugeri. Uma mãe trouxe-me um jogo,
que por acaso também podíamos fazer o trabalho com palavras
começadas por “p”, podíamos pegar no computador. Desse
trabalho fizemos registos, registamos, fazemos registos de palavras
PRESSUPOSTOS
DO PROCESSO
EDUCATIVO:
A gestão e
organização do
tempo
Distribuição das
atividades
- Atividades
eleitas pelas
crianças com
apoio direto e
itinerante do
educador, nas
áreas de
atividades
correspondentes
- A
interiorização de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
219
que víamos no computador e ilustrámos. Fomos trabalhar essa
letra. Portanto, o que é que acontece, e eu estava-me a lembrar
agora: “Professora, eu ainda não acabei o trabalho”.
rotinas
- o registo das
atividades
realizadas
P - A criança estava motivada? Era para aquela tarefa?
E - Motivado para aquilo, aliás, eles são muito motivados e eu acho
que isso tem a ver um bocadinho connosco. Eu sinto que consigo
sensibilizar muito os miúdos para a leitura, para a escrita. Deve ter
a ver comigo. Deve ter a ver qualquer coisa às artes. A parte dos
desenhos. Os meus grupos, embora não tenha um grupo tão bom,
eu costumo ter sempre alunos muito bons a desenhar. Não sei
porquê, mas eu não vou lá desenhar, normalmente, não desenho
nada para os meninos nem lhes dou cópia de desenhos feitos, é
muito raro, o que dou é coisas de revistas.
REPRESENTAÇÕ
ES DO
EDUCADOR –
Sensibilização
das crianças
para
leitura e para a
escrita
P - Qual a valorização que dá à sua prática educativa e ao resultado
que esta exerce nas crianças? De acordo com o que está a dizer,
sempre que os consegue motivar isso é o ato de sentir que todos
temos uma missão?
E - Sim. Eu sinto que os consigo motivar, no fundo do seu dia-a-dia,
deles. Na minha missão eu gostava que estes meninos olhassem,
que soubessem ler, que tivessem gosto, que no futuro tivessem
gosto e, enfim, fico encantada quando oiço dizer: “Olha, aquele teu
menino já começou a ler” fico encantada. Quando me vêm dizer, o
menino que (…) é preciso ver que a gente não consegue com todos.
Era muito bom. Era muito bom. Mas eu tive há pouco tempo cá,
lembra-se de uma psicóloga a fazer um trabalho de psicologia. A
psicóloga esteve aqui encantada porque apanhou um dia um grupo,
a propósito lá está os tipos outra vez (…).
Portanto, é assim, eu tenho um momento no dia que é o momento
de partilha em que eles trabalharam e depois vão ao recreio,
acabam os seus trabalhos. Depois eu vou passando no grupo e vou
incentivando os miúdos ao trabalho. Quando eles estão a trabalhar
é assim, ele [criança] está na área das experiências.
O que é que eu faço? Eu vejo que ele está a fazer uma coisa só que
na minha mente lá está, eu posso levá-lo mais longe. E o que é que
eu faço: “Tu fizeste isto, agora se tu fizesses mais isto o que é que
acontecia?”. Uma certa intencionalidade.
Na realidade é promover a aprendizagem na criança. Se ele faz e
com aquilo que ele fez, eu consigo descobrir qualquer coisa, o que
é que me interessa? Que ele a seguir agarre naquilo que fez e partir
com o grupo. Portanto, há um momento no dia que é o momento
da comunicação. É logo a seguir à vinda ao recreio das 11h30 ao
REPRESENTAÇÕ
ES DO
EDUCADOR
O processo de
aprendizagem :
A ORIENTAÇÃO
DO PROCESSO
DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
- A partilha
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
220
12h00 em que eu vou pedir ao grupo de meninos que partilhe ao
grupo as aprendizagens que fizeram durante a manhã. A criança
quando está a explicar aos outros aquilo que fez está a assimilar
muito melhor aquilo que [é] a [sua] aprendizagem, não é? Portanto,
está a partilhar com os outros e a ensinar aos outros o seu
conhecimento, ou seja, “é a ensinar que a gente aprende”.
Que é um dos objetivos. É a ensinar que a gente aprende e eu faço
isso. Eu faço portanto de forma a que toda a gente tenha esse
momento de partilha, que toda a gente adquira mais ou menos os
mesmos conhecimentos. Estávamos num momento desses. Isto a
propósito para lhe dizer, estava-me a perguntar como é que eu
vejo, o que é que eu sinto. Sinto isso. A responsabilidade. Eu acho
que o educador tem uma missão.
A gente tem uma coisa, a gente não avalia ninguém, não pode pôr é
bom ou é muito bom, não sei quê, mais, tem outra coisa, que é o
nosso trabalho não foi valorizado durante muito tempo. É nossa
culpa (…) é verdade, é verdade. Eu senti, eu ainda não lhe disse mas
eu senti necessidade de ter uma linha de orientação pedagógica no
meu trabalho porque eu estava-me a sentir completamente
perdida. Chegou uma altura que eu andava a perder, em que eu
andava a perguntar, o que é que eu fiz hoje?
do
conhecimento;
-
Intencionalidade
educativa
- Promover a
aprendizagem
na criança
Representações
sobre o exercício
da
profissionalidade
docente
Representações
sobre as
Avaliação/prátic
as e
fundamentos
Representações
sobre a
educação de
infância e papel
dos educadores
P - Significa, o que está a dizer, como no final do pré-escolar, no
final de cada ano no pré-escolar não há uma avaliação, aquela
avaliação sumativa que está associada aos resultados - sabe ler,
sabe contar, aquela avaliação formal, sentia que não era
valorizada?
E - Não, não. Os outros são quem não nos valoriza a nós por nós
fazermos isso. Para mim não é que isso me interesse. O que eu
estava a dizer, o que eu senti, a necessidade que eu senti por ter
que optar, de ter qualquer coisa consistente que me
fundamentasse a minha prática. E eu senti isso. Porquê? Eu
chegava ao fim do dia (…) aí eu só tive a sorte que foi, não ser
obrigada a ir para a escola João de Deus fazer os estágios e pude
fazer com várias pessoas. Aí já adquiri um bocadinho de olho com
as formas que os outros trabalhavam. Também é verdade, mas,
entretanto vim da Madeira para cá e estranhei muito. Quando vim
da Madeira para cá, tanto fazia um horário de entrar às 8 e sair às
3, como fazia o horário de entrar às 11 e sair às 6 da tarde. Nos
Representações
sobre os
fundamentos
para o exercício
da prática
educativa:
conflitualidade
entre o social e o
educativo – a
opção por um
modelo
pedagógico
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
221
primeiros anos. Isto numa altura que eu me sentia vazia, chegavam
ao pé de mim (…), os meninos fizeram umas coisinhas de
plasticina, umas minhocas, uns caracóis, o outro fez um desenho, e
tal, e, sentia que aquilo não era nada. Entretanto tive sorte,
digamos a sorte de alguém se interessar por isto ao mesmo tempo
e, começou a ver os tempos de funcionamento do jardim-de-
infância e o que é que as pessoas faziam, e a fazer um
levantamento do trabalho do jardim-de-infância e chegamos a um
momento em que as crianças dormiam parte do dia, não era? O
que é que a gente acabou por fazer? Sendo nós e, por isso, eu digo
que ninguém valorizava o nosso trabalho porque nós tínhamos que
pôr os meninos a dormir e nós estávamos lá e era considerado
trabalho, pelo menos no centro regional aquilo era tempo de
trabalho, porque ainda não havia o letivo nem o não letivo, não se
falava nada disso, por isso, portanto, o que é que aconteceu?
Aconteceu isso, eu tive alguém que fizesse o levantamento e
chegasse à conclusão que em tempo de trabalho no centro regional
os meninos tinham uma hora, uma hora e tal, em dez horas que às
vezes permanecem dentro do jardim. Tempo mesmo a considerar-
se trabalho do educador, era muito curto. Tempo de aprendizagem
da criança, quer dizer, no recreio, ou no almoço, ou não sei o quê…
Há sempre aprendizagens que se fazem. Mas não era aquela
aprendizagem intencional.
Não havia. E depois, portanto, houve. Tivemos. Foi nessa altura que
se começou a pôr a hipótese de fazer opções e isso então para mim
veio dar sentido à minha prática. Foi por isso que comecei a optar e
optei por um modelo, mas isto vinha tudo a propósito porque a
gente está a desviar-se (…) Há dias, essa psicóloga estava encantada
na minha sala.
Porquê? Os meninos, a propósito estávamos a ver um trabalho de
texto, um texto, uma criança tinha trabalhado um texto e tinha por
exemplo na primeira vez tinha sublinhado as letras iguais, todas
azuis, todas as letras iguais e não sei quê e ele pôs isso. Perguntei
se queria comunicar aos colegas aquilo. Ah, tinha sublinhado as
letras iguais, tinha sublinhado uma palavra que já sabia ler, e tinha
feito mais uma coisa, contado quantas letras de cada. E eu resolvi
no momento da comunicação partilhar, fazer a partilha com os
outros, que é também uma forma de incentivar os outros ao
trabalho, não é? E ela mostrou e disse. Vimos essa letra, que não
interessa se estou a ensinar o nome da letra, não é o meu objetivo
ensinar, se por acaso perguntarem como o “p” de papão,
aconteceu.
E vamos brincando com as letras em si. Agora se ele vai sabendo,
ele tem tempo de ir sabendo a seguir. Agora o que me interessa é
que ele esteja preparado e interessado em aprender aquilo.
A Orientação do
processo de
aprendizagem.
Ao importância
do aprender a
aprender
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
222
Portanto, vimos isso, apareciam vários e começou (…) começam
logo: “Ah mas essa letra é a letra do não sei quantos” e, aparece a
outra letra e, “Ah, mas essa letra é a letra do não sei quantos “ e
começa um e começa outro, tudo a pôr o seu dedinho no ar e
prontinho. Ela ficou encantada, ela diz, pronto, que era belíssimo o
trabalho de literacia que se estava a fazer naquele menino, é um
muito estimulante, e ao mesmo tempo a está associado à leitura e
à escrita.
P - Muito bem. Então com base nesse trabalho como é que depois
faz o registo?
E - É assim. Todos os dias como é que eu faço o registo: Começo
assim: eu tenho na sala vários instrumentos de registo que é: um
deles, [é] o mapa de atividades.
Eu tenho aqueles instrumentos todos dentro da sala que é: de
manhã, eles chegam marcam a presença. O mapa das presenças
não só serve para lhes dar a noção de tempo como também
aprendermos a parte das “às”, as contagens, tudo isso. Depois
disso, eu tenho uma outra coisa dentro das salas que são os
responsáveis. Vamos criando responsáveis para as tarefas que vão
surgindo. É preciso distribuir leite e bolachas de manhã. Porque é
que é o educador que vai fazer tudo? O educador vai partilhando
com os meninos tudo isso. O poder, eu não só partilho e faço que
eles participem na organização como o próprio poder vai sendo
partilhado com eles. Por exemplo, há uma criança que pode dar o
leite ou dar as bolachas. Criamos uma tarefa e arranjamos uns
responsáveis para essa tarefa. A tarefa é serem responsáveis. Por
exemplo, para fazer os tipos [de aprendizagens], o que é que o
educador vai fazer? [Vai fazer os tipos para fazer as aprendizagens
quando vai fazer as tarefas. [exemplificou] Se eles juntarem a cor
tal com a cor tal vai dar a cor tal. Ele vai fazendo aprendizagens. E
depois é mais responsável e tem de saber quando mete o pincel ali,
como é que deve fazer, como é que não deve fazer. E ver a textura
da tinta, vai aprendendo. Por exemplo, outra [tarefa] é regar a
horta, regar as flores, tratar dos animais. Só aprendem atividades
que eles podem fazer. Também é esse mapa [mapa de registo de
atividades]. Portanto eles têm um mapa que é das tarefas. As
tarefas estão sempre associadas para a partilha. Para a partilha do
poder.
P - Para a partilha e vão ficando registadas?
E - Vão ficando registadas pronto. Ficam ali registadas.
Semanalmente, eles fazem a escolha da tarefa que querem
desempenhar durante a semana. Uma semana. Primeiro eles fazem
O mapa das
tarefas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
223
as presenças e contabilizam. Há um responsável. Nessas tarefas há
um responsável que vai contar todos os dias quantos meninos
vieram, quantos meninos faltaram. Portanto, a associar sempre e a
ligar à matemática. Há sempre um responsável que faz isso. Depois
disso, há aquele momento de grupo em que vamos planear. Aí
vamos ver o que é que vamos fazer. Se há trabalhos atrasados, se
há projetos a desenvolver e que é preciso trabalhar. Vamos nós
marcar as áreas, marcar no mapa de atividades aquilo que vamos
fazer, a área com que vamos trabalhar. Todos os meninos
distribuem-se na sala a trabalhar e quando se chega a um momento
mais ou menos, 10m para as 11h, um quarto para as 11h, eu
começo a cantar a canção do arrumar e eles vão arrumar a sala,
arrumam. E há também aí meninos que são responsáveis por
verificar se os colegas arrumaram bem a sala ou não arrumaram,
sentam-se e vão beber o leite. Faz-se isso, depois, vamos ao
intervalo. Ah, entretanto quando eles estão distribuídos nessas
áreas de trabalho sou eu que vou passando e vou fazendo um
trabalho que já lhe disse há pouco, há bocado, que é vendo, quem
é que eu posso pedir para fazer a comunicação.
Atenção uma coisa que eu faço na comunicação, que eu faço e que
se deve fazer, todos, não é? Quem faz o modelo, comunicação não
é só utilizada para dar a conhecer os trabalhos bons que se fazem.
Também pode ser necessário nessa comunicação, pedir ao menino
que não faz um trabalho tão bem para partilhar com os outros
aquilo que fez e depois com os outros, o motivarem a ir mais longe.
E dizerem, repara, tu podias ter feito isto, isto, isto, sem ser com
aquele sentido da crítica negativa e mas pela positiva. Ao mesmo
tempo [está habituá-lo a receber opiniões. Aceitar a opinião e ver
que ele pode ir mais longe. Aprender a crescer.
P - Tudo está organizado no dia-a-dia, a criança interage com os
outros, eles estão habituados como é que as coisas se organizam,
têm as tarefas distribuídas, registadas, utilizam o diário. É assim?
E - Nas tarefas faz-se uma coisa, utilizo o diário. No fim de todos os
dias, quando terminam. Da parte da tarde eu faço mais atividades
de grande grupo. Faço, [exemplifica] um dia vamos trabalhar a
história, há outro dia, há uma hora do conto todos os dias, depois,
outro dia, da parte da tarde, faço a parte da música, portanto,
trabalhamos um bocado a parte da música, outro dia registos de
movimento, outro dia registo passeios, se a gente fizer passeios é
mais da parte da tarde. Todas as atividades que impliquem grande
grupo, o grupo todo, eu passo para a parte da tarde. Ao fim do dia,
o dia termina sempre com o registo no diário daquilo que fizemos,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
224
mas, não é eu fiz um desenho. Porque eu fiz um desenho está
marcado no mapa de atividades. É, eu fiz o desenho, sei lá, eu fiz
um desenho para o fato de carnaval por exemplo. Imaginemos, já
não é uma coisa que não é normal e que não é comum. Não é um
desenho normal e comum do dia-a-dia. Ou, eu fiz qualquer colagem
e já fiz não sei o quê (…). Há uma apreciação sobre o porquê e o
quê.
P - Não se limita a dizer eu fiz (…)
E - Porque aquilo que eu fiz já está marcado no mapa de atividades.
É uma avaliação do que eu fiz, mas, já tem que ser diferente, não é
eu fiz. (…) Ou seja, é uma forma de ser capaz de avaliar. É ao
mesmo tempo uma parte que serve de avaliação ao mesmo tempo,
que é uma coluna que é o que fizemos, outra que é o que
gostamos, por exemplo, e hoje estava lá escrito que eu gostei da
colagem que o não sei quantos fez com círculos. Portanto, já está a
avaliar também o trabalho do colega.
P - Portanto, à medida que vai utilizando essa metodologia de
trabalho e à medida que vai identificando aquilo que a criança
consegue identificar, aquilo que ela gosta, aquilo que ela participa e
aquilo que ela não participa.
E - O mapa de atividades é um mapa que também me dá a
conhecer, que também faço com eles, eu não estou a fazer
semanal, deve ser semanal mas é que aquilo também é um
bocadinho cansativo e o grupo como tem ali miúdos muito
pequenos, às vezes, não faço semanalmente, mas, semanalmente é
que devia fazer com eles, fazer com eles uma avaliação do trabalho
e o mapa de atividades é um mapa que me dá a conhecer, se eu
olhar visualmente para lá, eu vejo quais são as áreas preferidas
pelos meninos, quais não são preferidas de cada um deles. E
participadas e mais participadas. Agora não me dá a conhecer é a
qualidade do trabalho que é feito aquilo.
P - Como é que faz, para ver isso?
E - Como é que eu faço para reconhecer a qualidade do trabalho, a
qualidade como quem diz, um termo um bocado (…), pronto, fazer
os avanços que o menino está a ter ou os recuos, ou sei lá, se se
mantém numa fase muito estacionária. Como é que eu faço, eu
faço normalmente com um grupo, deve ser semanal, mas às vezes,
é das tais coisas, eu não sou rígida nestas coisas todas, às vezes não
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
225
dá. Não dá. Ou às vezes trago coisas pensadas de casa, que vou
motivar, incentivar para a área de leitura e não sei quê. Chego aqui,
vai-me tudo por água abaixo porque eles desviam-me as atenções
para outros sítios e eu vou atrás deles. O educador tem de ser
qualquer coisa. Agora se eles me desviarem um bocadinho eu vou
para o deles porque é o que me interessa é que eles sejam
sensibilizados para aquilo. Que não seja uma coisa impingida por
mim e eles estejam a fazer contrariados.
P - As crianças estão a adquirir as chamadas aprendizagens
significativas?
E - Dizem o que eles dizem, agora que eles dizem que eles sentem e
que eles gostam. Agora é assim, o educador tem de estar desperto
para a criança [e] não faz só aquilo que quer e que gosta, a criança
também tem de ser incentivada para aquilo que não gosta não é? E
para ler, por isso, o que é que eu faço normalmente é, para além da
avaliação no diário e do mapa das atividades eu faço uma coisa que
é distribuir os trabalhos por todos. Nós, o que é que fizemos? Que
produções fizemos durante esta semana? Quais são as áreas em
que eu trabalhei? Quais são as áreas em que eu não trabalhei?
Repara, repara no que eu já sou capaz de fazer. “Oh Professora
repara no desenho dele” às vezes, são eles que me dizem, outras
vezes sou eu. “Olha, já repararam neste desenho? O que é que
acontece com a Raquel? A Raquel já é capaz (…) e a criança
descreve efetivamente o que a criança já é capaz de fazer, e eu vou
registando, (…).
P - Portanto, regista no fim É isso?
E - Não. Faço numa folhinha o nome deles todos e a correr registo
aquilo que eles me dizem. Já é capaz de fazer o não sei quantos,
muitas vezes são frases deles próprios.
P - Se quiser dizer sumariamente que instrumentos utiliza para fazer
os seus registos o que nos pode dizer?
E - Olhe, utilizo o registo dos projetos, o mapa de atividades, o
diário, o mapa da avaliação do registo das tarefas, que eu tenho
feito também com eles, no que é que consistia cada tarefa e
quando é que vamos considerar, como é que podemos avaliar e
cumprir, não cumprir e cumprir assim e assim e como sei que eles
às vezes são “crueizinhos” uns com os outros, quando estão
zangados com fulano e tal. Toca a deitar abaixo. O que é que eu fiz,
como a gente tem de ter no nosso processo de avaliação, tem de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
226
estar definido claramente, claramente, o que quer dizer claramente
cumprir, não cumprir, não é? Eu estabeleci com eles, o que é que
quer dizer, não cumprir a tarefa é quando não faz a tarefa. Cumprir
mais ou menos é quando alguém tem de lhe lembrar que tem a
tarefa por fazer. Quando se considera cumprida, quando realizou a
tarefa sem precisar de nenhum adulto relembrar. E depois à sexta-
feira, que era isso que eu estava a dizer à bocadinho, tiramos do
mapa as tarefas, pegamos por exemplo nas bolachas, quem dava as
bolachas, fulano… O que vocês acham como desempenharam a
tarefa? “Ah. Eu desempenhei bem (…), e porque é que dizes que
desempenhas-te bem? Porque eu desempenhei sempre a tarefa.
Pergunto. O grupo todo [pronuncia-se] sobre o que acha. Se
cumpriu, ou não? Pronto, de que cor é a bolinha? É bolinha verde.
Aí marcam bolinha verde na tarefa cumprida. (…).
P - Falava-me há pouco de uma coisa sobre os registos. Pergunto,
faz ou não faz registo, quando há no recreio qualquer coisa de que
se apercebe. Portanto, utiliza a observação? É isso? Também
regista?
E - Eu acho que tenho uma memória fantástica. Utilizo muito, muito
a observação. Às vezes, registo outras vezes não se regista, porque,
é isso aí, é que eu acho que, mas isso, é a preguiça do educador. A
gente às vezes falha nos nossos próprios registos, também falho
por falta de tempo. Eu não tenho tempo. (não perceptível) eles são
reguladores, (…), eu reconheço no que grupo que eles se sabem
avaliar. Eu reconheço que o diário é um pouco regulador.
P - O que faz com estes registos todos?
E - É assim. Eu normalmente o que faço é o seguinte: tenho uma
ficha elaborada que já vem as competências que os meninos devem
adquirir. Depois, no fim de cada período mais ou menos, vou e
marco, vou ver mais ou menos. O quê que ele já tem.
P - Então tem já uma ficha com as competências definidas que cada
criança deve adquirir?
E - Sim, eu tenho e a minha colega tem outra e outra colega tem
outra. Vamos agora criar uma conjunta. O que nós fazemos aqui no
estabelecimento, o que temos por norma é: cada educador
trabalha, no final de cada ano, no final do ano letivo o que fazemos
é uma aberta, com questões abertas com Formação Pessoal e
Social, Expressão e Comunicação e Conhecimento do Mundo. Com
as três áreas de conteúdo e nós fazemos a avaliação a respeito dos
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
227
meninos. Fazemos esse registo com folha aberta, agora, estamos a
discutir em conselho de docentes se vamos fazer a alteração disso
ou não. Mas nós já fazemos e passamos ao 1º ciclo. Nós já fazemos
esta avaliação e passamos ao 1º ciclo [repete]. É assim, eu estou
aqui há dois anos, nos anos anteriores acho que não serviam para
nada. Acho que ninguém lia. Nós, o ano passado já tivemos uma
coisa muito boa. Que foi ir à escola (…) um ano mandei para a
escola.
P - Eles seguem todos para a mesma escola?
E - Não, nem por isso. Há muitos meninos aqui que vão para as
várias escolas aqui (…), e eu mandei. Aliás, no final de cada ano
letivo eu faço essa avaliação com os pais, na presença dos pais.
Assinamos, conversamos. Eu, aliás, no Natal ou na Páscoa, preciso
de ter esses registos de observações todos feitos. E falo com os pais
sobre esses registos, sobre as observações que tenho dos meninos.
Aliás, na verdade é que eu vou ver. Vou ver o meu caderninho, vou
ver os registos que fiz dos trabalhos desempenhados por eles, vou
ver essa ficha de avaliação e vejo o quê que ele já capaz de fazer. E
o que ainda não é capaz de fazer. Se tenho dúvidas vou recorrer ao
caderninho, ver coisas escritas que tenho lá, que tenho lá sobre a
criança. Se tenho dúvidas vou à capa dos trabalhos deles ver os
trabalhos. Se já é capaz ou não é capaz. Vou ver esses registos, vou
ver isso tudo para preencher essa ficha. Portanto, faço reuniões
com os pais. Reúno no Natal e na Páscoa e não obrigo ninguém a
vir. Normalmente, eles querem. Eu às segundas-feiras,
normalmente, estou sempre aqui e, sabem que os recebo. E
falamos sobre o desenvolvimento da criança, como é que a criança
está. Incentivo-os a que participem comigo, que colaborem comigo.
Faço uma coisa que é dar ideias sobre coisas que eles podem fazer
com eles, para me ajudarem a sensibilizarem para a leitura para
escrita, para o cálculo mental. Essas coisas assim, e se eu vejo que é
uma criança que tem dificuldades a nível da motricidade fina, o quê
que eu posso fazer, e portanto, tive que dar pistas aos pais para
colaborarem comigo no desenvolvimento da criança. E há uns que
temos sucesso e outros que não.
A minha função eu tento cumpri-la. Não ando atrás de ninguém e
agarrá-los para virem, mas há aqueles pais que há que tentar
motiva-los e sensibilizá-los. Faço também uma reunião de pais em
que também mostro aos pais como é que é o trabalho. O que se faz
ao longo de um dia no jardim, e qual a minha intenção, quais é que
são os meus objetivos e, portanto, logo no princípio do ano eles
ficam logo a saber o que é que eu quero e qual é a minha forma de
trabalhar. Depois, mais facilmente me vão percebendo o que é que
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
228
eu mando pedir para casa por boca, muitos as vezes, e quando os
filhos chegam a casa e perguntam, já têm um conjunto de respostas
mais facilmente, porque eles já sabem como é que eu trabalho.
Depois, portanto, faço esses registos todos, faço essa ficha e falo
com eles. No final do ano é a partir daquelas que fichas e da última
que fiz que vou fazer um registo dos conhecimentos que tenho.
Vejo mais ou menos. É naquilo que eu quero insistir, e portanto, ou
seja, nas competências que eu acho que ele deve ter adquirido,
vejo se há alguma coisa que não tenha adquirido e que seja
mencionável.
P - Para o registo dessas competências em que se baseia? Qual é a
base que segue?
E - Sigo as orientações curriculares, tiradas da base que vem das
orientações curriculares. Da leitura que se faz das orientações
curriculares, [elas] dão-nos a perceber as competências que os
meninos deverão adquirir no jardim-de-infância. E, é baseado nisso
que a gente faz uma lista de competências, estratégias, objetivos
para adquirir essas competências, e recursos para essas estratégias
e o que é que vai fazer e como é que deve fazer.
P - Toda a parte instrumental e quando digo instrumental, os
instrumentos, as fichas, as observações, os mapas servem para o
preenchimento da ficha de avaliação. Esse é um processo
continuado, que não é estanque, mas não utiliza momentos
específicos para a observação?
E - É assim, eu posso ter dúvidas, se eu tenho dúvidas nalguma
coisa, [é] claro que eu tenho e que eu vou fazer, é claro que eu vou
fazer. Agora senão tenho, não tenho necessidade de fazer aquilo no
momento X.
P - E para as crianças que apresentam algumas dificuldades? Ou
para aquelas crianças em que não é possível acompanharem o
grupo, tem alguma preocupação em ir acompanhando essa criança
e que fiquem esses registos. Às vezes vem outro colega e é preciso
saber qual é o percurso educativo dessa criança, e não é um
processo comum ou igual ao grupo só para o final. Como faz? Faz
no final do mês, e se viesse agora um colega novo?
E - Aí é assim, aí chegava aqui tinha a ficha de observação que é,
[aqueles] que dá para todos os meninos, que tem o nome deles
todos lá em cima, e que tem competências e aquisições que ele vai
fazendo. É um registo de observação. São aquisições que são feitas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
229
e que são aquisições que eles devem fazer. E em cima tem o nome
deles todos.
P - E isso é um mapa que acompanha o mês, a semana ou quando?
E - Normalmente, eu faço três vezes por ano. Fiz no Natal, vou fazer
agora pela Páscoa, e por acaso no Carnaval fui lá, porque
acrescentei mais umas coisas, pois tive tempo e fui. Vou fazer na
Páscoa e vou fazer no final do ano. E porquê que eu uso aquilo? Eu
uso aquilo porque, o quê que aquilo me dá? Aquilo é um
instrumento que eu vejo que é um pouco chatinho. E porquê que
eu vejo que é um pouco chatinho. Às vezes no desenho eu vejo: já
faz desenho com a cabeça, já faz o tronco, já faz os pés, já faz (…=,
isto podemos achar por vezes miudinho, miudinho quando estamos
a preencher. Mas podemos ver ele [criança] não fazia e agora já faz,
ele em Fevereiro não fazia e agora já faz, na Páscoa já é capaz de
fazer, e eu vejo o progresso destes meninos. E depois tem outra
coisa, eu pego naquela ficha que eu preparei e eu vejo – o quê que
eu tenho trabalhar mais nesta parte, e reparo. O quê que eu
poderei fazer mais nesta parte, na área pessoal e social, aquilo está
separada por conteúdo. Por exemplo, sei lá, tenho que trabalhar
mais a parte de gramática e por exemplo a nível da (…) eu vou
vendo e eu vou trabalhando.
P - Este é instrumento de observação, avaliação é isso?
E - É um registo de avaliação. Não digo que é um instrumento de
avaliação é um registo de observação. É a avaliação ao mesmo
tempo, mas para mim é para obter (…) [informação]
P - Mas se lhe pedissem para mostrar os seus instrumentos de
avaliação. Mostrava esse?
E - Mostrava. Mas para mim ele é um registo de observação. É um
registo de observação. Não é aquela ficha que tem que ficar ali. Eu
posso ir acrescentando. Nem que está dividido. Por exemplo, eu
utilizo (…) eu tenho outra coisa, aquele registo, estes da
comunicação, eu também vou lá ver, (…), mas já está tudo tão
mecanizado, eu por exemplo tenho o hábito, no registo da
comunicação, eu tenho um mapinha onde registo quem
comunicou. E comunicou sobre o quê, e faço também uma
observação de síntese ao lado, por exemplo esta criança comunicou
sozinha, é capaz de comunicar sozinha, não precisa ajuda do adulto,
utiliza um bom vocabulário, eu sei lá, eu vi que ele já era capaz de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
230
escrever números. Eu vou fazendo lá também essas
“observaçõesinhas”. E portanto, é mais um instrumento que eu
depois vou ter para me ajudar a preencher a grelha, a tal grelha de
registo de observação. Há uma série de instrumentos que depois
me vão permitir, um conjunto de registos que me vão permitir fazer
um registo de avaliação de cada uma das crianças e do grupo ao
mesmo tempo.
P - Por conseguinte todos esses registos de documentação vão-lhe
orientando/regulando a sua acção? Vai efetuando a sua prática
letiva em função dos registos e das observações que vai fazendo.
E - Ou seja, do registo de avaliação que vou fazendo.
P - Qual a valorização que dá ao processo de avaliação na educação
de infância, nomeadamente, na aprendizagem das crianças?
Relembrando o início da nossa conversa, disse no início da sua
carreira não valorizava muito essas coisas [registo e na educação
de infância].
E - É assim, a gente fazia. Mas, temos as competências da criança,
etemos competências para serem adquiridas. E que podem ser
adquiridas e que são fundamentais algumas delas, são aqui, que
são adquiridas. E nós agora já temos preocupação com as
competências, que têm que ter quando (…), devem ter, nesta fase
do pré-escolar. E elas vão sendo adquiridas, uns mais cedo outros
mais tarde, não é? Dentro desta faixa etária, dentro dos três anos
aos seis, uns mais rápidos outros mais lentos. Mas isso é uma coisa
que nós temos que respeitar, mas que, vamos tentado incentivar e
promover esse crescimento.
P - Para finalizar, que gostava de dizer e eu não lhe perguntei que
gostaria de acrescentar?
E - Eu penso que me perguntou quase tudo, mas há uma questão
que me perguntou, mas eu gostava de insistir. Que toda a linha de
orientação segue isso. Não é que este modelo que este modelo é
melhor, ou que este modelo é pior, não é fazermos avaliação, o
que era importante era fazermos, que haja da nossa parte uma
preocupação com o passagem do menino para o 1º ciclo, e que o
1º ciclo, que se acabe com essas guerras, que achar que o parceiro
que está trás nunca faz nada, nada. Não. O parceiro fez, e deve
haver uma passagem efetiva das coisas para o 1º ciclo. Eu por
exemplo, há bocadinho disse-lhe que a passagem dos meninos
para a escola 62. Nós, fomos à escola 62, fazer a entrega da ficha e
a passagem dos meninos. Falar um bocadinho sobre os meninos,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
231
para além do que não só do que ia escrito, daquilo que não ia
escrito. E de alguma coisas que também são importantes. Porque,
para o professor não é só eu dizer o que sinto, elá estar escrito, eu
sei lá: “a criança manifesta ainda em certas situações
comportamentos um bocadinho primários”, (…) “chora por tudo e
por nada e la, la,…” e se eu falar com o colega, para além daquele
registo que vai ali, se eu puder falar com o colega, se eu falar
alguns dados que eu tenho conhecimento da criança, talvez vá
ajudar um bocadinho.
P - O que me está a dizer é que a articulação entre o pré-escolar e o
1º ciclo é fundamental e que a dificuldade de olhar para o parceiro
anterior sem lhe dar valor. E, se isso for feito de alguma maneira
estamos a contribuir para uma melhoria do sucesso educativo. E se
lhe perguntarem qual foi o sucesso educativo das suas crianças?
E - Não vamos pensar que contribui para sucesso educativo, porque
eu não sei o que isso é de sucesso educativo. Mas, eu estou a
contribuir, pois é. [risos]
P - Mas se lhe perguntarem sobre a sua prática o que pode dizer
sobre as suas crianças e as suas aprendizagens no final do ano
letivo?
E - E acho que se eu conseguir que saiam daqui meninos
extremamente sensibilizados para a leitura, escrita, cálculo, que
tenham a história da aquisição dos valores, os valores, o respeito
pelo outro, o respeito pela diferença, o saber cooperar com o
parceiro, um bocadinho não quer ser sempre o melhor o maior,
perceber que eu sou bom nisto, mas outro é bom naquilo, que se
eu ajudar o outro, somos até capaz de sermos os dois bons, cada
um nisto, seremos os dois bons, gostava de sentir isso até ao nível
da equipa e não o sinto. Por vezes até penso, esta criança até será
um futuro bom aluno e esta criança se tivesse alguém que o
acompanhasse também podia ser não sei o quê. Esta criança, nós
aqui já (…) o educador se tiver, se se puser a pensar bem sobre o
seu trabalho, o trabalho que faz e a facilidade com que a criança
adquire certas e determinadas competências, acho que é a capaz
de pensar e ver como será a criança no futuro. Isto fazendo uma
avaliação do que poderá vir a ser o futuro da criança.
P - E essa valorização daquilo que o educador faz hoje poderá vir a
ser de certa forma importante? É isso?
E - É uma valorização na nossa carreira. Na nossa carreira não sei,
mas sim para os educadores. Muito obrigado pela colaboração.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
232
24. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - 01MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS
INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
01
MEB
28/11/2007
Sala
de
Atividades
Pré-
escolar
1 - Educador 1 – Auxiliar
de Acção Educativa
Grupo de 18 crianças.
Idade: 4/5
anos
• Atividades de escrita
• Jogo livre
• Desenvolvimento das
capacidades de
Linguagem
oral/cognitivas/relaçã
o//cuidado de si
mesmo/ou hábitos de
autonomia
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
3 9
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
233
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
9h 00m
9h15m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Neste primeiro momento do dia no ambiente escolar o
educador procede ao acolhimento das crianças, e em simultâneo
procede à pedida do familiar que as acompanha. O educador dirige-
lhes algumas palavras e necessita de dar alguma atenção especial a
uma, ou outra criança, que chega, pois estas sentem alguma
dificuldade em separar-se o seu familiar.
A recepção das crianças é feita diretamente na sala de aula. A
criança juntamente com o seu familiar preenche o mapa de
presenças que se encontra ao seu alcance, ou seja, na parte debaixo
da parede, junto ao chão. As crianças vão-se sentando na mesa
central da sala de aula, e são momentos de interacção e
comunicação entre o grupo de crianças de forma espontânea e livre.
Quando a maioria das crianças já tinha chegado, o grupo
quase completo, o educador já está junto delas, também ele
sentado à volta da mesa central, começa a cantar a canção de
“Bons-dias”. Primeiro, as crianças cantam coletivamente, depois,
fazem-no individualmente. Cada uma faz um “cumprimento
especial” dirigindo-se nominalmente ao colega que selecciona para
dar continuidade ao cumprimento de “Bons-dias”.
(…)
À volta da mesa central que ocupa o centro da sala [8], o
educador conversa com as crianças sobre episódios e fatos vividas
não quotidiano familiar, vai questionando individualmente algumas,
levando-as a exprimir as suas ideias e situações experienciadas. À
sua frente, em cima da mesa, o educador tem um caderno onde faz
pequenos escritos/registos à medida que vai dialogando com as
Os registos de presenças efetuados pela criança e sua família
Categoria: Concepção de escola como comunidade de partilha
Pressupostos do processo educativo: As crianças em
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
234
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
9h 30m
9h 45m
9h
crianças. Por vezes em algumas respostas pergunta à criança:
“Queres que escreva isso?”. Sempre que a criança confirma, escreve.
Fá-lo naturalmente enquanto as crianças conversam.
(…)
O educador continua tomando notas durante algum tempo.
Questiona e pergunta palavras utilizadas pelas crianças,
estimulando-as a responder, explicitando ideias, e por vezes,
acrescenta novos termos/palavras/vocábulos. Muitas vezes o grupo
ajuda nessa reflexão. (…)
Enquanto o diálogo vai decorrendo algumas crianças
atrasadas estão a entrar na sala. Cada criança que chega à sala de
aula marca a sua presença com a ajuda do familiar que a
acompanha. Nenhuma criança que chega interrompe. Dirige-se ao
lugar à mesa coletiva e senta-se.
A sala tem exposto em vários placards diversos tipos de
trabalhos afixados que foram elaborados pelas crianças na
sequência das diversas atividades desenvolvidas (ex: desenhos,
pinturas, temas relacionados com o desenvolvimento de projetos]
sendo alguns individuais outros de trabalho de grupo.
colaboração com e educador, reconstituem, através do diálogo a uma progressiva partilha das experiências culturais da vida real de cada um. Procede-se, deste modo, à construção dialogante dos valores e dos significados das práticas culturais vivenciadas.
As crianças têm interiorizadas regra da salas, pois ao chegar vão se sentando, sem hesitações, deixando por vezes grandes espaços.
A sala demonstra estar organizada de acordo com áreas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
235
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
30m
Também as paredes têm afixado quadros de guia/ de
identificação material cuja finalidade é guiar o grupo na sua
organização e funcionamento (ex: as normas da sala, a identificação
das zonas de atividades, o número possível de crianças em cada
zona de atividades)
Existem registos organizados que ocupam um espaço
específico, que vão sendo preenchidos periodicamente, podendo a
periodicidade do seu preenchimento ser variável (ex: placar/registo
de histórias; placar/registo de novidades; placar/registo
experiências)
temáticas e interesses das crianças.
Registo de tarefas a cumprir e tarefas concluídas Instrumento de registo.
O mapa permite a identificação do que foi planeado conjuntamente pelo grupo e aquilo que foi feito.
Registo sobre tarefa realizada, que posteriormente pode ser consultado. Rotina na utilização Instrumento de registo.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
236
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
Os placards das paredes têm também afixado mapas de
registo de vária ordem: diário, comunicação, presença,
comportamento, e de atividades onde as crianças devem registar
“obrigatoriamente”as tarefas/atividades que fazem.
Um dos placard apresentava um instrumento de registo com
o que tinha sido combinado como tarefa a desenvolver naquela
semana que cujo o título era: “Combinámos” e também um outro
instrumento de registo denominado “ Diário”.
A sala está toda identificada por as áreas de atividades
Instrumento de registo.
Foi observável durante a observação: Práticas de registo incorporadas na organização da acção pedagógica: O uso rotineiro de Instrumentos de Registo, pelas crianças, o mapa de atividades, no quotidiano de sala de aula. As crianças dirigem-se ao mapa, preenchem a quadrícula que corresponde ao seu nome e à tarefa que terminaram ou que vão realizar.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
237
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
9h 45m
devidamente identificas, com a distribuição dos materiais /jogos
têm um lugar fixo e estão acessíveis às crianças. Para a arrumação
dos materiais individuais /coletivos/grupo que as crianças vão
realizando, a sala de aula tem um armário com divisões e
separadores onde podem guardar o que vão realizando. Também
tem disponíveis e acessíveis aos materiais mais utilizados e
recorrentes não a utilização como o papel, tesouras, colas entre
outros.
9h 40m Dá-se início à mudança de atividades. As crianças
previamente seleccionam a tarefa a realizar. Algumas crianças
mantêm-se junto do educador, conversando. Enquanto isto, este
prepara uma folha grande de cartolina, onde escreve um texto, que
a criança acaba de dizer. Explica o que a criança deve fazer e repete.
Igual procedimento faz para outra criança. (…)
Ao mesmo tempo as outras crianças escolhem livremente
aquilo que vão fazer, mas antes, estiveram a marcar num quadro de
registos [mapa de atividades], o que iriam fazer.
No mapa das atividades, encontra-se acessível a todos – cada
criança (só, ou com ajuda) faz a marcação da respetiva atividade que
vai fazer/explorar. Cada um aguarda a sua vez ordeiramente.
Pareciam estar habituados a fazer aquela rotina, pois logo que se
levantaram dirigiram-se para o quadro sem que o educador tivesse
dado qualquer indicação. Falavam entre si, sobre o que cada um ia
fazer. Escolhiam parceiros para algumas atividades. (…)
O educador mantém-se mais próximo das crianças que
estavam a realizar a atividade de escrita, não deixando no entanto
de ir falando com outras crianças e dando algumas indicações.
A primeira criança que marcou a atividade começa a trabalhar
com um jogo que lhe foi dado pelo educador.
Todo o espaço de aula está definido por áreas e temáticas. E
As paredes da sala também falam:
Interajuda e trabalho a pares entre criança. Sistema interativo de cooperação
Responsabilização da criança pela atividade que escolhe e sua materialização através da obrigação da realização da tarefa: A regulação social da vida escolar.
.
Dever do registo da tarefa é cumprido. O ato didático cumpre-se
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
238
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
10hh 00m
10h 15m
10h 30m
vão sendo preenchidos de acordo com a escolha de cada criança.
Algumas crianças mais velhas ajudam os mais novos. O ambiente da
sala de aula é sereno, sem agitações ou barulhos, deixando que
alguns escolham ainda as atividades, enquanto, outros já trabalham
livremente.
9h 50m - Chega uma criança atrasada, vai buscar material
para trabalhar, depois, de ter estado com o educador a conversar.
Inicia um trabalho de escrita. Olha para a parede, e começa a
reproduzir o ABCEDÁRIO. Vai fazendo pequenas pausas.
10h – o educador vai-se mantendo mais próximo das crianças
que tinham escolhido texto [escrita]. Dá indicações e sugere que as
crianças enfeitem de acordo com o que haviam escrito.
Algumas crianças escolhem pintura e fazem alguns trabalhos
com temas alusivos à quadra natalícia. Também há crianças que
escolhem desenho livre e outras que foram fazer uma construção
com materiais diversos para a zona da garagem.
As crianças vão finalizando e trocando de atividades.
No computador duas crianças fazem a identificação de letras
e palavras e vão reproduzindo no teclado do computador.
Começam a arrumar por indicações do educador. Fazem-no
com método, sem grandes ruídos.
Algumas crianças aguardam para mostrar ao educador aquilo
que esteve a fazer.
Entram na sala de aula três crianças, de outras salas do
estabelecimento de ensino, Trazem alguns trabalhos para mostrar.
O educador convida cada um individualmente a explicar à turma o
que traziam para mostrar.. Cada criança faz a sua apresentação.
De seguida o educador faz um registo numa grelha que tinha
com os alunos, num esforço de apropriação dos métodos e processos inerentes a cada área do saber. Organização partilhada.
Hábitos de registo interiorizados.
Sistema interativo de cooperação
Os registos da acção desenvolvida pelo grupo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
239
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e
Inferências
10h 45m
11h 00m
como indicação ser:
Mapa de registo de Comunicação:
Todo os materiais e jogos são arrumados excepto uma
construção feita no chão [área 10] por um grupo de crianças que
ficou por arrumar. O educador explicou que já não havia tempo, mas
mais tarde queria que continuassem aquele trabalho, tal como
haviam combinado.
As atividades são interrompidas, as crianças tomam o lanche
da manhã
Fim de Observação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
240
25. PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO EDUCADOR - E1MEB
PROTOCOLO DA
ENTREVISTA AO
EDUCADORA
DATA
15
Feverei
ro 2008
CÓDIGO
E1MEB
Legitimação da Entrevista
Por fazer APRESENTAÇÕES FORMAIS
Pequenas Explicações e Objetivos da Entrevista
O entrevistador, no início deste estudo tinha informado da necessidade de efetuar uma
ou mais entrevistas. Decorrido o período de cinco meses sobre o início do ano letivo, e
três meses decorridos sobre o início das observações, Fevereiro afigurou-se o período
ideal para a realização da entrevista com o educador do contexto de educação de infância
observado. O entrevistador abordou este assunto com o Entrevistado e marcou a data e
hora da sua realização. O Entrevistado disponibilizou-se desde logo para colaborar.
Para a totalidade da entrevista recorreu-se à gravação, depois de devidamente autorizada
pelo Entrevistado.
P - Começo por agradecer toda a disponibilidade e colaboração e
por ter permitido que observasse momentos formais e informais
da sua prática letiva e por ter acedido conceder esta entrevista.
Para iniciarmos esta nossa conversa começo por lhe perguntar:
Hoje, quando cheguei pela manhã as crianças ….ESTAVAM …
Fale-me um pouco do seu objetivo na utilização deste espaço.No
que se refere ao planeamento das atividades gostaria que me
explicasse como é que se organiza para fazer essa mesma
planificação para o seu grupo de crianças, quer ao nível do contexto
de sala de aula quer na articulação com o jardim-de-infância?
E – Eu coordeno o estabelecimento, eu faço a coordenação de todo
o pessoal (…) e de, mas, para além de mim há uma pessoa que faz a
coordenação de docentes, do corpo docente, a coordenação de
docentes que representa, que nos representa no conselho
pedagógico, mas a minha função não é essa, eu não tenho nada
com a coordenação de docentes, não tenho quer dizer, sou uma
docente, participo nas reuniões.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
241
Quando se faz uma reunião tenta-se ouvir a opinião de todas as
pessoas intervenientes na vida da escola e, se depois essa pessoa
tiver disponibilidade para me ouvir para lhe fazer as mesmas
perguntas, porque, muitas vezes tem a ver com a perspetiva, com a
formação individual de cada um.
Eu estava convencida que isto tinha mais a ver com o modelo de
trabalho, com o meu modelo de trabalho.
P - E tem a ver com o seu modelo de trabalho, porque
efetivamente, como é que faz, e como ele se articula depois com a
vida do jardim. A relação que tem com a vida do jardim?
E - Mas, é que nós aqui no jardim, aqui neste, já tenho outras
experiências que eu não decerto, mas, neste jardim os educadores
não funcionam [trabalham] todos da mesma maneira. Cada
educador utiliza a sua metodologia, cada metodologia é diferente,
embora eu aplico o modelo de escola moderna, sigo os
orientadores do modelo. E, [eu] aplico-o na minha prática, na
minha sala isso. A minha colega aplica também grande parte do
modelo da escola moderna embora (…), tive uma colega que esteve
uns tempos ausente da parte pedagógica, que esteve no ministério
a trabalhar, portanto, voltou agora e agora é que está a introduzir
novamente as coisas todas. A educadora XXX trabalha com vários
modelos, a educadora YYYY também é um bocado vários modelos.
Modelos
pedagógicos
O mesmo
jardim-de-
infância/plêiade
de modelos
pedagógicos e a
/diversidade de
modelos
curriculares s
P - E, é como já disse é em função do modelo pedagógico que (…)
cada um trabalha?
E- Em função do modelo, cada um faz o seu, agora nós reunimos,
temos um plano anual de atividades que foi feito em conjunto,
temos o projeto curricular de estabelecimentos que foi feito em
conjunto e que a orientação, ou seja, a orientação para o trabalho é
comum. Normalmente, organização das salas é muito parecida em
todos nós. Temos uma área comum, uma área grande, uma área
polivalente e várias áreas de trabalho [separadas], todas nós temos
isso na sala. Agora, os instrumentos que utilizamos e a metodologia
que aplicamos é que não são a mesma. Por exemplo, nós ainda
ontem tivemos reunião. Há sempre mensalmente uma reunião de
equipa que é coordenada por mim, como educadora e como
coordenadora de estabelecimento, e que tem a ver com todas as
normas que eu recebo do agrupamento e que tenho de dar
informação aos colegas. Tem a ver com o planeamento de
atividades que impliquem os meninos, e tudo o que implique,
mesmo, os meninos tem mais a ver comigo, porque isso, tem a ver
com o componente de apoio à família. E quem coordena isso tudo
portanto sou eu que coordeno, o serviço de almoços. A
A construção de
referenciais
pedagógicos
comuns:
O Plano Anual de
atividades;
Projeto
Curricular de
Estabelecimento
Princípios
pedagógicos e
concepções
estratégicas:
Do planeamento
à partilha de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
242
coordenação de docentes é um elemento que neste momento não
é cá, há três. Nós estamos numa situação um bocadinho, portanto,
uma situação que não é regular, não é normal. Daí existir, que é: no
nosso agrupamento havia uma educadora, uma representante no
conselho pedagógico de cada estabelecimento. Simplesmente, este
ano letivo juntou neste agrupamento mais turmas, mais escolas,
duas escolas, um jardim-de-infância e uma escola de 1º ciclo, que é
do bairro da Junqueira Torres, arquiteto Roberto Telles, escola
arquiteto Roberto Telles.
Agora foi criado um coordenador de docentes para o pré-escolar.
Neste momento que não tínhamos, cada um tinha o seu em seu
estabelecimento, simplesmente com esta história, quem está como
coordenador, que nós elegemos, até para representante do grupo,
representar o departamento do pré-escolar, representante do
departamento (…).
O representante do departamento vai criar um departamento para
o pré-escolar para nós, porque não tínhamos. É uma nova
adaptação à legislação escolar, ao 200 [Dec. Lei 200/97). Foi uma
adaptação ao 200 porque saiu agora o 2/2008, o despacho da
avaliação e que nos obriga a ter alguém. Isto é uma força de
expressão. Que exige um bocadinho que nós tenhamos alguém
como representante do departamento como avaliador para poder
delegar funções noutros para proceder à avaliação como avaliador.
responsabilidade
s
A organização
dos espaços
educativos
P - Vamos reportar-nos ao planeamento da acção educativa no
princípio do ano letivo? Nessa altura ainda não estava definida? Já
havia três coordenadores docentes. Basicamente, quando foi para o
arranque do ano letivo o que é que aqui a escola fez? Como se
organizou para fazer o tal plano, o plano de atividades, o projeto
curricular turma/estabelecimento?
E - Juntamos a equipa, nós juntamos em equipa aqui. Fiz uma
reunião, não temos tema, não há tema. Nós pedimos, o que foi
pedido no projeto educativo do estabelecimento foi: isto é, um à
parte, isto já está feito desde o ano passado, o projeto educativo do
estabelecimento, é a “melhor escola melhor futuro”. Nós temos
como base isso, e fazemos um levantamento das necessidades do
grupo, todas nós fizemos e sentimos (…), reunimos e decidimos
quais as necessidades que o grupo tinha. Nós, normalmente,
verificamos que havia grande necessidade de ser trabalhada a parte
da alimentação, portanto, elaborámos um plano anual de
atividades onde elaborámos também projetos. Nesse plano consta
as visitas e passeios, as festividades e projetos a trabalhar em
comum. Projetos a trabalhar em comum, ou o que achamos que
devemos trabalhar com estes miúdos. O plano nacional de leitura
que já estava a ser trabalhado o ano passado. Continuar com o
O planeamento
da acção
educativa:
estratégias
- em equipa;
- levantamento
das necessidades
do grupo;
- construção de
projetos comuns
que respondam
às necessidades
identificadas;
-
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
243
“projeto da horta pedagógica”, porque temos espaços no exterior
que nos permitem fazer isso e, fizemos um projeto de
regulamentação porque começamos a verificar que no refeitório os
meninos, não havia maneira de comerem, não tinham maneira e de
estar à mesa. Muitas coisas estavam a falhar, portanto, achamos e
combinamos que todas as três, todas as quatro que estes projetos
seriam trabalhados em conjunto, portanto, combinamos trabalhar
estes três projetos e ainda aderimos a um projeto da Câmara
Municipal de Lisboa que é a Lisboa Ajuda, que vai se desenvolver ao
longo do ano.
Isso os projetos combinamos juntas, de resto nas salas cada uma
trabalha, portanto, tem a sua metodologia de trabalho e como é
que hei-de dizer, por exemplo eu trabalho muitas vezes coisas que
me surgem. É da necessidade no grupo ou coisas que me chamam à
atenção. Por exemplo, através de uma canção, ensinamos uma
canção, deixa-me lá ver! Era “a do castor”, ninguém sabia o que era
um castor. O que era um castor? De onde veio o castor? Eles fazem
a pergunta e eu nunca sei. E eu como elemento do grupo, eu nunca
dou a resposta à criança. Eu tento procurar que eles com a nossa
ajuda, a ajuda dos adultos, vamos ver o que é que nós sabemos, o
que eu vejo naquele momento, é o que eles querem saber. Querem
saber qualquer coisa e, pergunto ao grupo. Remeto a pergunta ao
grupo todo. O grupo dá-me respostas e [eu] vou escrevendo e,
depois daquilo [é] que eles sabem. [Questiona] Será que é
verdadeiro? Será que é certo o que eles me estão a dizer? Como é
que podemos saber? Faço-lhes a pergunta e eles dizem: “Olha
vamos consultar uns livros, vamos ver não sei o quê, vamos
perguntar aos nossos pais, vamos perguntar aos outros colegas”, e
depois, a gente começa a desenrolar projetos a partir desses
interesses manifestados pelo grupo. Quando isso se faz, e , fez-se
isso por exemplo com os castores, fomos ver onde é que eles
viviam, portanto, aprendemos montes de coisas sobre o castor, (…)
e quando se faz a pesquisa, depois uns trouxeram de casa livros.
Princípios
pedagógicos e
concepções
estratégicas:
Do planeamento
à partilha de
responsabilidade
s
O Trabalho
Projeto
P - É uma metodologia virada para descoberta?
E - Sim. Da descoberta. É. É um método científico.
P - Agora já me está a falar dentro da sala de aula, não é verdade?
E -(…) O que eu faço normalmente, eu tenho no início do ano,
estabeleço e tenho, faço com os miúdos, todo o meu trabalho é
feito sempre com o grupo, o grupo participa em tudo.
Normalmente, inicio o ano. Quando início o ano com os miúdos na
sala, só estão os cantos expostos com alguns materiais colocados.
A gestão dos
espaços de sala
de aula:
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
244
Assim, estão lá colocados, são poucos e os primeiros dias deixo
sempre os miúdos explorarem a sala. Eles exploram tudo. Vão
mexendo, vão trazendo vão deitando no chão, vão levantando, vão
arrumando e eu deixo-os à vontade. Depois faço com eles o
levantamento de tudo o que existe dentro da sala. Vamos lá ver,
aqui, neste espaço o que é que vocês fizeram? [E as crianças
verificam] Existe canetas, existe lápis, existe papel, existe borracha,
isto e aquilo e eu vou escrevendo tudo aquilo que eles dizem, ou
seja, faço um inventário da sala com os meninos. Depois desse
inventário feito, o que é que eu faço? Pego e vou com eles ver, com
este material que temos aqui, o que é que podemos fazer?
Portanto, sendo papel, lápis, tintas, olha podemos desenhar,
podemos pintar, se for tesoura podemos recortar, podemos colar,
noutra coisa podemos fazer jogos, outra vamos escrever, podemos
coordenar o computador, outra temos lápis, temos canetas, temos
papel podemos escrever, temos livros podemos ler. Pronto, vemos
o que é que se pode fazer e então depois disto, portanto, fiz um
inventário. Com o material o que é que podemos fazer, mas, no
fundo, o que é que se pode fazer numa sala? E, só depois disso é
que vou com eles ver. E pergunto, então, se aqui temos papel,
temos lápis, temos borrachas, temos réguas, temos revistas etc. (…)
podemos escrever aqui. Como se deverá chamar esta área? E
portanto, encaminho-os para a área da escrita.
E o que é que isto tem de bom? É que, normalmente, nós
trabalhamos com um grupo de crianças heterogéneos, já no ano
anterior tive grupos que trabalharam comigo, tive grupos… tive
meninos daquele grupo que trabalharam comigo e esses meninos
são um motor para que eu vá, ande um bocadinho até mais rápido.
Portanto, não começo do zero, portanto são parceiros e depois em
vez de (…), portanto são parceiros e são óptimos para os outros
mais pequenos, são colaboradores e facilitam muito, muito, muito,
para a adaptação dos miúdos mais novos. Porque a relação que é o
menino para a educadora, que é um adulto, é mais difícil do que ele
ir diretamente ao parceiro, ao seu colega. Portanto, quando é para
ir à casa de banho ou não sei quê, ou não sei quantos, já há quem
gritou “ deixa ficar XXX, eu vou e, eu deixo, portanto, a criança (…)
já alguém conseguiu fazer isso (…) já alguém que os ajuda a fazer
isso. E portanto, as crianças são envolvidas em toda a organização
do espaço [ambiente].
No planeamento o que é que eu faço? Já vamos aí, o que é que eu
faço, depois disto a gente começa a criar uma rotina com os
meninos, ou seja, uma rotina já é a questão do tempo, a organizado
com eles, agora eles começam a ver quando entramos na sala. O
que é que eu faço sempre? Eu acolho sempre os meninos,
normalmente, então quando entram dentro da sala, quando eu os
A regulação
cooperada das
atividades e dos
projetos
atravessa todo o
processo de
realização
PRESSUPOSTOS
DO PROCESSO
EDUCATIVO: A
heterogeneidade
dos grupo
PRINCÍPIOS
PEDAGÓGICOS E
CONCEPÇÕES
ESTRATÉGICAS:
A gestão dos
tempos e o
envolvimento
das crianças
as rotinas
organizadas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
245
acolho de manhã, eu fico à volta da mesa, na minha sala,
normalmente eu faço à volta da mesa, em grandes metades, mas
podia fazer num tapete no chão, mas, só que a minha sala não dá.
Não tem espaço. Não dá. Portanto eu faço tudo à volta da mesa. Às
vezes, até gostava de mudar mas não dá. A sala não consegue. A
sala não cresce. Portanto, faço sempre à volta da mesa, acolho a
palavra deles, vou ouvindo, vamos fazer primeiro uma coisa que é a
marcação, falo com eles, acolhes-lhes a palavra, oiço o que é que
fizeram, e tal e não sei o quê, e depois vou incentivando ao registo
dessas mensagens, ou seja, fazer criar uma atividade, um texto.
• Iniciaçã
o às
prática
s de
cooper
ação
de uma
vida
democr
ática
P - Será aquilo que eu tenho observado. A utilização daquele
caderno, andava para lhe perguntar.
E - Aquele meu caderno é o caderno modelo de registo da palavra
dos meninos e não só. Registo praticamente quase todas as coisas
que se passam, que eu não quero esquecer e que me vão servir a
seguir para uma avaliação aos meninos. Quando eu quero ir ver.
Será que este menino tem feito, sei lá, este menino pode não fazer
o texto, não querer fazer, porque ninguém é obrigado a fazer, eu
não obrigo nenhum menino, ele dá-me a notícia, tenho que a
escrever, ele vai ter que ir fazer essa atividade. Quando eu
pergunto: “queres que a professora te escreva o texto? Se ele
disser que sim, portanto, depois ele vai efetuar que fazer esse
registo. Existem na sala instrumentos em que eles têm que registar
aquilo que fazem. Eles registam. Vão a um mapa. Por exemplo eu
crio mapas, isto é, um instrumento que vou utilizando com eles
para os ir implicando (…), e por isso mesmo, eles vão sendo
implicados no processo de planificação e organização do dia no dia-
a-dia. Portanto, eles quando planeiam [crianças] (…) A criança é um
parceiro que colabora no desenvolvimento da acção, no
planeamento e no registo. E na avaliação.
P -(…) Quando me disse naquela primeira parte, para a atribuição
de tarefas que são construídas, eles já têm alguma coisa pré-
preparada ou é a partir dali?
E –O educador tem de ter sempre em mente coisas preparadas,
porque, para eles eu sou um elemento que faz parte do grupo. Eu
sou um elemento do grupo. Por exemplo, ele não pode achar que
caiu numa rotina, numa rotina permanente dentro da sala. Se o
educador não tiver elementos o visionamento de qualquer coisa, o
que é que acontece, o seu dia-a-dia torna-se rotineiro. Para que
isso não aconteça, eu tenho de estar sempre dispersa, dispersa
para quando estou a conversar com eles ou estou numa situação
Processo de
aprendizagem:
integração dos
interesses da
criança
- “Eu trabalho
tudo a partir dos
interesses deles”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
246
qualquer, ver o que é que eu posso fazer, um motivo para ir fazer
qualquer trabalho. Ora pode ser trabalhar o Outono, ora trabalhar
o tema não sei quê. Eu trabalho tudo a partir dos interesses deles,
portanto, eu tenho desperto, o educador tem de estar desperto
para agarrar no momento certo. Eu agarrei. O que é aquilo. E o
que é que eu vou fazer, quando agarro num tema qualquer que
pode ser no acolhimento, mas também, pode ser no recreio, no
exterior, pode ser num momento qualquer que eu esteja junto de
uma criança. Eu mostro interesse para alguma coisa. Se ele me
mostra eu devolvo esse interesse naquela criança ou grupo e
depois vejo quem é que quer, com aquela criança ir abordar aquele
assunto, ou seja, pegar naquele projeto. Normalmente, esse
projeto, esse interesse da criança nasce, por exemplo, agora onde
agora estamos:
Uma criança chegou a perguntar um dia de manhã, porque
perguntou à mãe e a mãe devolveu um bocadinho para mim. Não
sei [interroga-se], a criança vê qualquer coisa na televisão sobre os
ossos, o leite faz bem aos ossos, o iogurte faz bem aos ossos e
qualquer coisa ali faz bem aos ossos, ele via aquilo na televisão e
perguntou à mãe para que servem os ossos, para que é que
servem? E a mãe ficou assim um bocadinho atrapalhada e disse no
dia seguinte: “Oh professora será que quer explicar aqui ao meu
filho. Ele quer saber para que servem os ossos. Eu respondi. Olha,
vamos perguntar aos teus colegas, vamos ver se os teus colegas te
podem ajudar, se nós todos juntos te vamos poder ajudar, e
reunimos o grupo e disse: Manuel, diz aos teus colegas o que é que
tu queres saber (…);
“Eu quero saber para que servem os ossos”, e eles começaram.
Cada um começou a dizer o que sabia, e eu registo logo o que eles
estão a dizer, o que sabem. Faço logo o levantamento do que
sabem.
- O trabalho de
projeto como
proposta
P - Parte do interesse da criança, de maneira a promover o
conhecimento (…)?
E -(…) e depois vou tentando, à medida que as aprendizagens vão
sendo feitas, que sejam transmitidas ao grupo e cada vez vamos
buscando mais elementos do grupo da sala para participarem
nesses trabalhos. Envolver os outros nisso. E no final quando
termina este projeto, está a nascer [um outro] por exemplo o do
castor, que já acabou e acabou há pouco tempo. Construímos,
arranjamos uma cabana, uma casinha para o castor, inventamos a
família do castor, inventamos casinhas para castores, arranjamos
poesias de castores, depois há que fazer - o educador tem de fazer
PRINCÍPIOS
PEDAGÓGICOS E
CONCEPÇÕES
ESTRATÉGICAS
do MEM versus
OCEPE:
- integração das
aprendizagens
adquiridas na
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
247
uma coisa que é: um conjunto de ideias, portanto, com aquele
tema o que é que eu posso fazer e que aborda estes conteúdos na
sala de aula. Portanto, a gente tem de planear, mesmo que não seja
aquele plano, que acho que já não tenho necessidade de estar a
fazer [e coloca]. Objetivo disto, objetivo daquilo, objetivo daquele,
e mais outro (…), eu faço sempre uma chuva de ideias e vou
trabalhar isto, isto, e isto. Eu tenho de ter ideias e depois vou as
promovendo à medida que o grupo me vai pedindo. (…) O meu
projeto curricular da sala tem sempre como base, ou o projeto
curricular da sala é sempre estruturado e segue sempre, eu sigo,
aliás, eu acho que utilizo um modelo pedagógico que está bem
visível nas orientações curriculares. Portanto, que não está, que
não é, mas que está em consonância [espelhado] com as
orientações (…)
construção de
novos projetos;
- A integração
novos elementos
nos grupos de
trabalho;
- integração dos
projetos em
desenvolvimento
no projeto
curricular
P - É o modelo da escola moderna?
E - Sim.
P - Entende que o modelo é único, diferente? Ou vai buscar
referências? Qual a sua formação?
E - Na minha formação eu sou educadora do João de Deus, e isso,
(…),eu tenho a certeza que não utilizo João de Deus, não utilizo.
Pondo isto, não estamos a ver o que é que é melhor ou o que é
pior. Estamos a ver o método de ensino.
P - Não. E para perceber o método de ensino. Esta pedagogia que
estava a utilizar de interesses da criança é a chamada pedagogia de
projetos?
E - Sim. A pedagogia de projeto é uma pedagogia que faz parte do
modelo escola moderna mas também faz parte do High Scoope, faz
parte do Reggie Emilia, portanto faz parte. Há muitos modelos
pedagógicos que utilizam a pedagogia de projeto. Embora possam
não ser, uns partem sempre dos interesses dos meninos, outros
podem partir para o projeto que seja do interesse dos adultos. Ou
seja, os adultos a propor. Eu também posso propor qualquer coisa.
Eu sou um elemento do grupo, não é? Também posso propor
qualquer coisa.
O MEM e a
pedagogia de
Projeto
P - Aproveita a sua prática do dia-a-dia para a concretização do
modelo, na forma como desenvolve a acção educativa?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
248
E - Sim. Sim.Eu gosto. Acho que tem a ver um bocadinho comigo.
(…)
P - O que é que acha das suas crianças? Das suas aprendizagens?
E - Eu acho que, quem neste momento se se for agora à sala e,
embora que, eu ache, que já o utilizo desde 89. Já o utilizo desde
89. Comecei muito bem, porque comecei com uma equipa. Éramos
um grupo de quatro salas e todas nós optámos por este modelo,
fomos fazendo formação em diferentes modelos pedagógicos. Eu
tive formação antes de fazer uma opção, eu tive formação nos
diferentes modelos pedagógicos, nos diferentes modelos
pedagógicos, feito pela professora Teresa Vasconcelos que nos deu
essa formação e depois tive a hipótese de ir estagiar para um sítio
onde o modelo estava implementado. Era em Adabeja, e portanto,
eu vi um bocadinho daquela linha e segui. Segui o professor Sérgio,
aliás sou um bocadinho, porque o professor Sérgio Niza, foi meu
chefe de divisão (…) no Centro Regional de Segurança Social.
Portanto, [ele] era o chefe de departamento da educação e
juventude ou infância e juventude, era uma coisa assim.
P - A filosofia que está implícita neste modelo é levar as crianças a
participar na planificação da sala no contexto educativo, na
realização das atividades?
E - Sim. Sim. Eu só queria dizer, assim, na questão do tempo que à
bocadinho estávamos a falar, na questão da organização do tempo,
os meninos sabem, portanto, vão percebendo que ao desenrolar do
dia é necessário uma rotina. É preciso criar uma rotina até para dar
uma certa segurança, dar segurança à criança, não é? E portanto, o
que é que eu faço é aquele acolhimento que depois se eles
acharem que têm um tempo em que podem fazer atividades na
sala, essas atividades o que é que são? São atividades livres embora
deles. Eles escolhem a área em que querem trabalhar, às vezes,
essa escolha é feita mediante os tais projetos que estavam a ser
trabalhados. Eu tenho de fazer isto. Ainda ontem uma criança me
dizia: “ Professora não acabei o meu trabalho das letras começadas
por “p“. Estivemos a brincar com uma história, a história do papão,
apareceu ali de repente, palavras começadas por “p” e fomos nós e
eu fui atrás deles, só que para não ficar por aqui, o que é que
podemos fazer com isto, eu sugeri retomarmos nas revistas
palavras com aquela letra. Sugeri. Uma mãe trouxe-me um jogo,
que por acaso também podíamos fazer o trabalho com palavras
começadas por “p”, podíamos pegar no computador. Desse
trabalho fizemos registos, registamos, fazemos registos de palavras
PRESSUPOSTOS
DO PROCESSO
EDUCATIVO:
A gestão e
organização do
tempo
Distribuição das
atividades
- Atividades
eleitas pelas
crianças com
apoio direto e
itinerante do
educador, nas
áreas de
atividades
correspondentes
- A
interiorização de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
249
que víamos no computador e ilustrámos. Fomos trabalhar essa
letra. Portanto, o que é que acontece, e eu estava-me a lembrar
agora: “Professora, eu ainda não acabei o trabalho”.
rotinas
- o registo das
atividades
realizadas
P - A criança estava motivada? Era para aquela tarefa?
E - Motivado para aquilo, aliás, eles são muito motivados e eu acho
que isso tem a ver um bocadinho connosco. Eu sinto que consigo
sensibilizar muito os miúdos para a leitura, para a escrita. Deve ter
a ver comigo. Deve ter a ver qualquer coisa às artes. A parte dos
desenhos. Os meus grupos, embora não tenha um grupo tão bom,
eu costumo ter sempre alunos muito bons a desenhar. Não sei
porquê, mas eu não vou lá desenhar, normalmente, não desenho
nada para os meninos nem lhes dou cópia de desenhos feitos, é
muito raro, o que dou é coisas de revistas.
REPRESENTAÇÕ
ES DO
EDUCADOR –
Sensibilização
das crianças
para
leitura e para a
escrita
P - Qual a valorização que dá à sua prática educativa e ao resultado
que esta exerce nas crianças? De acordo com o que está a dizer,
sempre que os consegue motivar isso é o ato de sentir que todos
temos uma missão?
E - Sim. Eu sinto que os consigo motivar, no fundo do seu dia-a-dia,
deles. Na minha missão eu gostava que estes meninos olhassem,
que soubessem ler, que tivessem gosto, que no futuro tivessem
gosto e, enfim, fico encantada quando oiço dizer: “Olha, aquele teu
menino já começou a ler” fico encantada. Quando me vêm dizer, o
menino que (…) é preciso ver que a gente não consegue com todos.
Era muito bom. Era muito bom. Mas eu tive há pouco tempo cá,
lembra-se de uma psicóloga a fazer um trabalho de psicologia. A
psicóloga esteve aqui encantada porque apanhou um dia um grupo,
a propósito lá está os tipos outra vez (…).
Portanto, é assim, eu tenho um momento no dia que é o momento
de partilha em que eles trabalharam e depois vão ao recreio,
acabam os seus trabalhos. Depois eu vou passando no grupo e vou
incentivando os miúdos ao trabalho. Quando eles estão a trabalhar
é assim, ele [criança] está na área das experiências.
O que é que eu faço? Eu vejo que ele está a fazer uma coisa só que
na minha mente lá está, eu posso levá-lo mais longe. E o que é que
eu faço: “Tu fizeste isto, agora se tu fizesses mais isto o que é que
acontecia?”. Uma certa intencionalidade.
Na realidade é promover a aprendizagem na criança. Se ele faz e
com aquilo que ele fez, eu consigo descobrir qualquer coisa, o que
é que me interessa? Que ele a seguir agarre naquilo que fez e partir
com o grupo. Portanto, há um momento no dia que é o momento
da comunicação. É logo a seguir à vinda ao recreio das 11h30 ao
REPRESENTAÇÕ
ES DO
EDUCADOR
O processo de
aprendizagem :
A ORIENTAÇÃO
DO PROCESSO
DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
- A partilha
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
250
12h00 em que eu vou pedir ao grupo de meninos que partilhe ao
grupo as aprendizagens que fizeram durante a manhã. A criança
quando está a explicar aos outros aquilo que fez está a assimilar
muito melhor aquilo que [é] a [sua] aprendizagem, não é? Portanto,
está a partilhar com os outros e a ensinar aos outros o seu
conhecimento, ou seja, “é a ensinar que a gente aprende”.
Que é um dos objetivos. É a ensinar que a gente aprende e eu faço
isso. Eu faço portanto de forma a que toda a gente tenha esse
momento de partilha, que toda a gente adquira mais ou menos os
mesmos conhecimentos. Estávamos num momento desses. Isto a
propósito para lhe dizer, estava-me a perguntar como é que eu
vejo, o que é que eu sinto. Sinto isso. A responsabilidade. Eu acho
que o educador tem uma missão.
A gente tem uma coisa, a gente não avalia ninguém, não pode pôr é
bom ou é muito bom, não sei quê, mais, tem outra coisa, que é o
nosso trabalho não foi valorizado durante muito tempo. É nossa
culpa (…) é verdade, é verdade. Eu senti, eu ainda não lhe disse mas
eu senti necessidade de ter uma linha de orientação pedagógica no
meu trabalho porque eu estava-me a sentir completamente
perdida. Chegou uma altura que eu andava a perder, em que eu
andava a perguntar, o que é que eu fiz hoje?
do
conhecimento;
-
Intencionalidade
educativa
- Promover a
aprendizagem
na criança
Representações
sobre o exercício
da
profissionalidade
docente
Representações
sobre as
Avaliação/prátic
as e
fundamentos
Representações
sobre a
educação de
infância e papel
dos educadores
P - Significa, o que está a dizer, como no final do pré-escolar, no
final de cada ano no pré-escolar não há uma avaliação, aquela
avaliação sumativa que está associada aos resultados - sabe ler,
sabe contar, aquela avaliação formal, sentia que não era
valorizada?
E - Não, não. Os outros são quem não nos valoriza a nós por nós
fazermos isso. Para mim não é que isso me interesse. O que eu
estava a dizer, o que eu senti, a necessidade que eu senti por ter
que optar, de ter qualquer coisa consistente que me
fundamentasse a minha prática. E eu senti isso. Porquê? Eu
chegava ao fim do dia (…) aí eu só tive a sorte que foi, não ser
obrigada a ir para a escola João de Deus fazer os estágios e pude
fazer com várias pessoas. Aí já adquiri um bocadinho de olho com
as formas que os outros trabalhavam. Também é verdade, mas,
entretanto vim da Madeira para cá e estranhei muito. Quando vim
da Madeira para cá, tanto fazia um horário de entrar às 8 e sair às
3, como fazia o horário de entrar às 11 e sair às 6 da tarde. Nos
Representações
sobre os
fundamentos
para o exercício
da prática
educativa:
conflitualidade
entre o social e o
educativo – a
opção por um
modelo
pedagógico
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
251
primeiros anos. Isto numa altura que eu me sentia vazia, chegavam
ao pé de mim (…), os meninos fizeram umas coisinhas de
plasticina, umas minhocas, uns caracóis, o outro fez um desenho, e
tal, e, sentia que aquilo não era nada. Entretanto tive sorte,
digamos a sorte de alguém se interessar por isto ao mesmo tempo
e, começou a ver os tempos de funcionamento do jardim-de-
infância e o que é que as pessoas faziam, e a fazer um
levantamento do trabalho do jardim-de-infância e chegamos a um
momento em que as crianças dormiam parte do dia, não era? O
que é que a gente acabou por fazer? Sendo nós e, por isso, eu digo
que ninguém valorizava o nosso trabalho porque nós tínhamos que
pôr os meninos a dormir e nós estávamos lá e era considerado
trabalho, pelo menos no centro regional aquilo era tempo de
trabalho, porque ainda não havia o letivo nem o não letivo, não se
falava nada disso, por isso, portanto, o que é que aconteceu?
Aconteceu isso, eu tive alguém que fizesse o levantamento e
chegasse à conclusão que em tempo de trabalho no centro regional
os meninos tinham uma hora, uma hora e tal, em dez horas que às
vezes permanecem dentro do jardim. Tempo mesmo a considerar-
se trabalho do educador, era muito curto. Tempo de aprendizagem
da criança, quer dizer, no recreio, ou no almoço, ou não sei o quê…
Há sempre aprendizagens que se fazem. Mas não era aquela
aprendizagem intencional.
Não havia. E depois, portanto, houve. Tivemos. Foi nessa altura que
se começou a pôr a hipótese de fazer opções e isso então para mim
veio dar sentido à minha prática. Foi por isso que comecei a optar e
optei por um modelo, mas isto vinha tudo a propósito porque a
gente está a desviar-se (…) Há dias, essa psicóloga estava encantada
na minha sala.
Porquê? Os meninos, a propósito estávamos a ver um trabalho de
texto, um texto, uma criança tinha trabalhado um texto e tinha por
exemplo na primeira vez tinha sublinhado as letras iguais, todas
azuis, todas as letras iguais e não sei quê e ele pôs isso. Perguntei
se queria comunicar aos colegas aquilo. Ah, tinha sublinhado as
letras iguais, tinha sublinhado uma palavra que já sabia ler, e tinha
feito mais uma coisa, contado quantas letras de cada. E eu resolvi
no momento da comunicação partilhar, fazer a partilha com os
outros, que é também uma forma de incentivar os outros ao
trabalho, não é? E ela mostrou e disse. Vimos essa letra, que não
interessa se estou a ensinar o nome da letra, não é o meu objetivo
ensinar, se por acaso perguntarem como o “p” de papão,
aconteceu.
E vamos brincando com as letras em si. Agora se ele vai sabendo,
ele tem tempo de ir sabendo a seguir. Agora o que me interessa é
que ele esteja preparado e interessado em aprender aquilo.
A Orientação do
processo de
aprendizagem.
Ao importância
do aprender a
aprender
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
252
Portanto, vimos isso, apareciam vários e começou (…) começam
logo: “Ah mas essa letra é a letra do não sei quantos” e, aparece a
outra letra e, “Ah, mas essa letra é a letra do não sei quantos “ e
começa um e começa outro, tudo a pôr o seu dedinho no ar e
prontinho. Ela ficou encantada, ela diz, pronto, que era belíssimo o
trabalho de literacia que se estava a fazer naquele menino, é um
muito estimulante, e ao mesmo tempo a está associado à leitura e
à escrita.
P - Muito bem. Então com base nesse trabalho como é que depois
faz o registo?
E - É assim. Todos os dias como é que eu faço o registo: Começo
assim: eu tenho na sala vários instrumentos de registo que é: um
deles, [é] o mapa de atividades.
Eu tenho aqueles instrumentos todos dentro da sala que é: de
manhã, eles chegam marcam a presença. O mapa das presenças
não só serve para lhes dar a noção de tempo como também
aprendermos a parte das “às”, as contagens, tudo isso. Depois
disso, eu tenho uma outra coisa dentro das salas que são os
responsáveis. Vamos criando responsáveis para as tarefas que vão
surgindo. É preciso distribuir leite e bolachas de manhã. Porque é
que é o educador que vai fazer tudo? O educador vai partilhando
com os meninos tudo isso. O poder, eu não só partilho e faço que
eles participem na organização como o próprio poder vai sendo
partilhado com eles. Por exemplo, há uma criança que pode dar o
leite ou dar as bolachas. Criamos uma tarefa e arranjamos uns
responsáveis para essa tarefa. A tarefa é serem responsáveis. Por
exemplo, para fazer os tipos [de aprendizagens], o que é que o
educador vai fazer? [Vai fazer os tipos para fazer as aprendizagens
quando vai fazer as tarefas. [exemplificou] Se eles juntarem a cor
tal com a cor tal vai dar a cor tal. Ele vai fazendo aprendizagens. E
depois é mais responsável e tem de saber quando mete o pincel ali,
como é que deve fazer, como é que não deve fazer. E ver a textura
da tinta, vai aprendendo. Por exemplo, outra [tarefa] é regar a
horta, regar as flores, tratar dos animais. Só aprendem atividades
que eles podem fazer. Também é esse mapa [mapa de registo de
atividades]. Portanto eles têm um mapa que é das tarefas. As
tarefas estão sempre associadas para a partilha. Para a partilha do
poder.
P - Para a partilha e vão ficando registadas?
E - Vão ficando registadas pronto. Ficam ali registadas.
Semanalmente, eles fazem a escolha da tarefa que querem
desempenhar durante a semana. Uma semana. Primeiro eles fazem
O mapa das
tarefas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
253
as presenças e contabilizam. Há um responsável. Nessas tarefas há
um responsável que vai contar todos os dias quantos meninos
vieram, quantos meninos faltaram. Portanto, a associar sempre e a
ligar à matemática. Há sempre um responsável que faz isso. Depois
disso, há aquele momento de grupo em que vamos planear. Aí
vamos ver o que é que vamos fazer. Se há trabalhos atrasados, se
há projetos a desenvolver e que é preciso trabalhar. Vamos nós
marcar as áreas, marcar no mapa de atividades aquilo que vamos
fazer, a área com que vamos trabalhar. Todos os meninos
distribuem-se na sala a trabalhar e quando se chega a um momento
mais ou menos, 10m para as 11h, um quarto para as 11h, eu
começo a cantar a canção do arrumar e eles vão arrumar a sala,
arrumam. E há também aí meninos que são responsáveis por
verificar se os colegas arrumaram bem a sala ou não arrumaram,
sentam-se e vão beber o leite. Faz-se isso, depois, vamos ao
intervalo. Ah, entretanto quando eles estão distribuídos nessas
áreas de trabalho sou eu que vou passando e vou fazendo um
trabalho que já lhe disse há pouco, há bocado, que é vendo, quem
é que eu posso pedir para fazer a comunicação.
Atenção uma coisa que eu faço na comunicação, que eu faço e que
se deve fazer, todos, não é? Quem faz o modelo, comunicação não
é só utilizada para dar a conhecer os trabalhos bons que se fazem.
Também pode ser necessário nessa comunicação, pedir ao menino
que não faz um trabalho tão bem para partilhar com os outros
aquilo que fez e depois com os outros, o motivarem a ir mais longe.
E dizerem, repara, tu podias ter feito isto, isto, isto, sem ser com
aquele sentido da crítica negativa e mas pela positiva. Ao mesmo
tempo [está habituá-lo a receber opiniões. Aceitar a opinião e ver
que ele pode ir mais longe. Aprender a crescer.
P - Tudo está organizado no dia-a-dia, a criança interage com os
outros, eles estão habituados como é que as coisas se organizam,
têm as tarefas distribuídas, registadas, utilizam o diário. É assim?
E - Nas tarefas faz-se uma coisa, utilizo o diário. No fim de todos os
dias, quando terminam. Da parte da tarde eu faço mais atividades
de grande grupo. Faço, [exemplifica] um dia vamos trabalhar a
história, há outro dia, há uma hora do conto todos os dias, depois,
outro dia, da parte da tarde, faço a parte da música, portanto,
trabalhamos um bocado a parte da música, outro dia registos de
movimento, outro dia registo passeios, se a gente fizer passeios é
mais da parte da tarde. Todas as atividades que impliquem grande
grupo, o grupo todo, eu passo para a parte da tarde. Ao fim do dia,
o dia termina sempre com o registo no diário daquilo que fizemos,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
254
mas, não é eu fiz um desenho. Porque eu fiz um desenho está
marcado no mapa de atividades. É, eu fiz o desenho, sei lá, eu fiz
um desenho para o fato de carnaval por exemplo. Imaginemos, já
não é uma coisa que não é normal e que não é comum. Não é um
desenho normal e comum do dia-a-dia. Ou, eu fiz qualquer colagem
e já fiz não sei o quê (…). Há uma apreciação sobre o porquê e o
quê.
P - Não se limita a dizer eu fiz (…)
E - Porque aquilo que eu fiz já está marcado no mapa de atividades.
É uma avaliação do que eu fiz, mas, já tem que ser diferente, não é
eu fiz. (…) Ou seja, é uma forma de ser capaz de avaliar. É ao
mesmo tempo uma parte que serve de avaliação ao mesmo tempo,
que é uma coluna que é o que fizemos, outra que é o que
gostamos, por exemplo, e hoje estava lá escrito que eu gostei da
colagem que o não sei quantos fez com círculos. Portanto, já está a
avaliar também o trabalho do colega.
P - Portanto, à medida que vai utilizando essa metodologia de
trabalho e à medida que vai identificando aquilo que a criança
consegue identificar, aquilo que ela gosta, aquilo que ela participa e
aquilo que ela não participa.
E - O mapa de atividades é um mapa que também me dá a
conhecer, que também faço com eles, eu não estou a fazer
semanal, deve ser semanal mas é que aquilo também é um
bocadinho cansativo e o grupo como tem ali miúdos muito
pequenos, às vezes, não faço semanalmente, mas, semanalmente é
que devia fazer com eles, fazer com eles uma avaliação do trabalho
e o mapa de atividades é um mapa que me dá a conhecer, se eu
olhar visualmente para lá, eu vejo quais são as áreas preferidas
pelos meninos, quais não são preferidas de cada um deles. E
participadas e mais participadas. Agora não me dá a conhecer é a
qualidade do trabalho que é feito aquilo.
P - Como é que faz, para ver isso?
E - Como é que eu faço para reconhecer a qualidade do trabalho, a
qualidade como quem diz, um termo um bocado (…), pronto, fazer
os avanços que o menino está a ter ou os recuos, ou sei lá, se se
mantém numa fase muito estacionária. Como é que eu faço, eu
faço normalmente com um grupo, deve ser semanal, mas às vezes,
é das tais coisas, eu não sou rígida nestas coisas todas, às vezes não
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
255
dá. Não dá. Ou às vezes trago coisas pensadas de casa, que vou
motivar, incentivar para a área de leitura e não sei quê. Chego aqui,
vai-me tudo por água abaixo porque eles desviam-me as atenções
para outros sítios e eu vou atrás deles. O educador tem de ser
qualquer coisa. Agora se eles me desviarem um bocadinho eu vou
para o deles porque é o que me interessa é que eles sejam
sensibilizados para aquilo. Que não seja uma coisa impingida por
mim e eles estejam a fazer contrariados.
P - As crianças estão a adquirir as chamadas aprendizagens
significativas?
E - Dizem o que eles dizem, agora que eles dizem que eles sentem e
que eles gostam. Agora é assim, o educador tem de estar desperto
para a criança [e] não faz só aquilo que quer e que gosta, a criança
também tem de ser incentivada para aquilo que não gosta não é? E
para ler, por isso, o que é que eu faço normalmente é, para além da
avaliação no diário e do mapa das atividades eu faço uma coisa que
é distribuir os trabalhos por todos. Nós, o que é que fizemos? Que
produções fizemos durante esta semana? Quais são as áreas em
que eu trabalhei? Quais são as áreas em que eu não trabalhei?
Repara, repara no que eu já sou capaz de fazer. “Oh Professora
repara no desenho dele” às vezes, são eles que me dizem, outras
vezes sou eu. “Olha, já repararam neste desenho? O que é que
acontece com a Raquel? A Raquel já é capaz (…) e a criança
descreve efetivamente o que a criança já é capaz de fazer, e eu vou
registando, (…).
P - Portanto, regista no fim É isso?
E - Não. Faço numa folhinha o nome deles todos e a correr registo
aquilo que eles me dizem. Já é capaz de fazer o não sei quantos,
muitas vezes são frases deles próprios.
P - Se quiser dizer sumariamente que instrumentos utiliza para fazer
os seus registos o que nos pode dizer?
E - Olhe, utilizo o registo dos projetos, o mapa de atividades, o
diário, o mapa da avaliação do registo das tarefas, que eu tenho
feito também com eles, no que é que consistia cada tarefa e
quando é que vamos considerar, como é que podemos avaliar e
cumprir, não cumprir e cumprir assim e assim e como sei que eles
às vezes são “crueizinhos” uns com os outros, quando estão
zangados com fulano e tal. Toca a deitar abaixo. O que é que eu fiz,
como a gente tem de ter no nosso processo de avaliação, tem de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
256
estar definido claramente, claramente, o que quer dizer claramente
cumprir, não cumprir, não é? Eu estabeleci com eles, o que é que
quer dizer, não cumprir a tarefa é quando não faz a tarefa. Cumprir
mais ou menos é quando alguém tem de lhe lembrar que tem a
tarefa por fazer. Quando se considera cumprida, quando realizou a
tarefa sem precisar de nenhum adulto relembrar. E depois à sexta-
feira, que era isso que eu estava a dizer à bocadinho, tiramos do
mapa as tarefas, pegamos por exemplo nas bolachas, quem dava as
bolachas, fulano… O que vocês acham como desempenharam a
tarefa? “Ah. Eu desempenhei bem (…), e porque é que dizes que
desempenhas-te bem? Porque eu desempenhei sempre a tarefa.
Pergunto. O grupo todo [pronuncia-se] sobre o que acha. Se
cumpriu, ou não? Pronto, de que cor é a bolinha? É bolinha verde.
Aí marcam bolinha verde na tarefa cumprida. (…).
P - Falava-me há pouco de uma coisa sobre os registos. Pergunto,
faz ou não faz registo, quando há no recreio qualquer coisa de que
se apercebe. Portanto, utiliza a observação? É isso? Também
regista?
E - Eu acho que tenho uma memória fantástica. Utilizo muito, muito
a observação. Às vezes, registo outras vezes não se regista, porque,
é isso aí, é que eu acho que, mas isso, é a preguiça do educador. A
gente às vezes falha nos nossos próprios registos, também falho
por falta de tempo. Eu não tenho tempo. (não perceptível) eles são
reguladores, (…), eu reconheço no que grupo que eles se sabem
avaliar. Eu reconheço que o diário é um pouco regulador.
P - O que faz com estes registos todos?
E - É assim. Eu normalmente o que faço é o seguinte: tenho uma
ficha elaborada que já vem as competências que os meninos devem
adquirir. Depois, no fim de cada período mais ou menos, vou e
marco, vou ver mais ou menos. O quê que ele já tem.
P - Então tem já uma ficha com as competências definidas que cada
criança deve adquirir?
E - Sim, eu tenho e a minha colega tem outra e outra colega tem
outra. Vamos agora criar uma conjunta. O que nós fazemos aqui no
estabelecimento, o que temos por norma é: cada educador
trabalha, no final de cada ano, no final do ano letivo o que fazemos
é uma aberta, com questões abertas com Formação Pessoal e
Social, Expressão e Comunicação e Conhecimento do Mundo. Com
as três áreas de conteúdo e nós fazemos a avaliação a respeito dos
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
257
meninos. Fazemos esse registo com folha aberta, agora, estamos a
discutir em conselho de docentes se vamos fazer a alteração disso
ou não. Mas nós já fazemos e passamos ao 1º ciclo. Nós já fazemos
esta avaliação e passamos ao 1º ciclo [repete]. É assim, eu estou
aqui há dois anos, nos anos anteriores acho que não serviam para
nada. Acho que ninguém lia. Nós, o ano passado já tivemos uma
coisa muito boa. Que foi ir à escola (…) um ano mandei para a
escola.
P - Eles seguem todos para a mesma escola?
E - Não, nem por isso. Há muitos meninos aqui que vão para as
várias escolas aqui (…), e eu mandei. Aliás, no final de cada ano
letivo eu faço essa avaliação com os pais, na presença dos pais.
Assinamos, conversamos. Eu, aliás, no Natal ou na Páscoa, preciso
de ter esses registos de observações todos feitos. E falo com os pais
sobre esses registos, sobre as observações que tenho dos meninos.
Aliás, na verdade é que eu vou ver. Vou ver o meu caderninho, vou
ver os registos que fiz dos trabalhos desempenhados por eles, vou
ver essa ficha de avaliação e vejo o quê que ele já capaz de fazer. E
o que ainda não é capaz de fazer. Se tenho dúvidas vou recorrer ao
caderninho, ver coisas escritas que tenho lá, que tenho lá sobre a
criança. Se tenho dúvidas vou à capa dos trabalhos deles ver os
trabalhos. Se já é capaz ou não é capaz. Vou ver esses registos, vou
ver isso tudo para preencher essa ficha. Portanto, faço reuniões
com os pais. Reúno no Natal e na Páscoa e não obrigo ninguém a
vir. Normalmente, eles querem. Eu às segundas-feiras,
normalmente, estou sempre aqui e, sabem que os recebo. E
falamos sobre o desenvolvimento da criança, como é que a criança
está. Incentivo-os a que participem comigo, que colaborem comigo.
Faço uma coisa que é dar ideias sobre coisas que eles podem fazer
com eles, para me ajudarem a sensibilizarem para a leitura para
escrita, para o cálculo mental. Essas coisas assim, e se eu vejo que é
uma criança que tem dificuldades a nível da motricidade fina, o quê
que eu posso fazer, e portanto, tive que dar pistas aos pais para
colaborarem comigo no desenvolvimento da criança. E há uns que
temos sucesso e outros que não.
A minha função eu tento cumpri-la. Não ando atrás de ninguém e
agarrá-los para virem, mas há aqueles pais que há que tentar
motiva-los e sensibilizá-los. Faço também uma reunião de pais em
que também mostro aos pais como é que é o trabalho. O que se faz
ao longo de um dia no jardim, e qual a minha intenção, quais é que
são os meus objetivos e, portanto, logo no princípio do ano eles
ficam logo a saber o que é que eu quero e qual é a minha forma de
trabalhar. Depois, mais facilmente me vão percebendo o que é que
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
258
eu mando pedir para casa por boca, muitos as vezes, e quando os
filhos chegam a casa e perguntam, já têm um conjunto de respostas
mais facilmente, porque eles já sabem como é que eu trabalho.
Depois, portanto, faço esses registos todos, faço essa ficha e falo
com eles. No final do ano é a partir daquelas que fichas e da última
que fiz que vou fazer um registo dos conhecimentos que tenho.
Vejo mais ou menos. É naquilo que eu quero insistir, e portanto, ou
seja, nas competências que eu acho que ele deve ter adquirido,
vejo se há alguma coisa que não tenha adquirido e que seja
mencionável.
P - Para o registo dessas competências em que se baseia? Qual é a
base que segue?
E - Sigo as orientações curriculares, tiradas da base que vem das
orientações curriculares. Da leitura que se faz das orientações
curriculares, [elas] dão-nos a perceber as competências que os
meninos deverão adquirir no jardim-de-infância. E, é baseado nisso
que a gente faz uma lista de competências, estratégias, objetivos
para adquirir essas competências, e recursos para essas estratégias
e o que é que vai fazer e como é que deve fazer.
P - Toda a parte instrumental e quando digo instrumental, os
instrumentos, as fichas, as observações, os mapas servem para o
preenchimento da ficha de avaliação. Esse é um processo
continuado, que não é estanque, mas não utiliza momentos
específicos para a observação?
E - É assim, eu posso ter dúvidas, se eu tenho dúvidas nalguma
coisa, [é] claro que eu tenho e que eu vou fazer, é claro que eu vou
fazer. Agora senão tenho, não tenho necessidade de fazer aquilo no
momento X.
P - E para as crianças que apresentam algumas dificuldades? Ou
para aquelas crianças em que não é possível acompanharem o
grupo, tem alguma preocupação em ir acompanhando essa criança
e que fiquem esses registos. Às vezes vem outro colega e é preciso
saber qual é o percurso educativo dessa criança, e não é um
processo comum ou igual ao grupo só para o final. Como faz? Faz
no final do mês, e se viesse agora um colega novo?
E - Aí é assim, aí chegava aqui tinha a ficha de observação que é,
[aqueles] que dá para todos os meninos, que tem o nome deles
todos lá em cima, e que tem competências e aquisições que ele vai
fazendo. É um registo de observação. São aquisições que são feitas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
259
e que são aquisições que eles devem fazer. E em cima tem o nome
deles todos.
P - E isso é um mapa que acompanha o mês, a semana ou quando?
E - Normalmente, eu faço três vezes por ano. Fiz no Natal, vou fazer
agora pela Páscoa, e por acaso no Carnaval fui lá, porque
acrescentei mais umas coisas, pois tive tempo e fui. Vou fazer na
Páscoa e vou fazer no final do ano. E porquê que eu uso aquilo? Eu
uso aquilo porque, o quê que aquilo me dá? Aquilo é um
instrumento que eu vejo que é um pouco chatinho. E porquê que
eu vejo que é um pouco chatinho. Às vezes no desenho eu vejo: já
faz desenho com a cabeça, já faz o tronco, já faz os pés, já faz (…=,
isto podemos achar por vezes miudinho, miudinho quando estamos
a preencher. Mas podemos ver ele [criança] não fazia e agora já faz,
ele em Fevereiro não fazia e agora já faz, na Páscoa já é capaz de
fazer, e eu vejo o progresso destes meninos. E depois tem outra
coisa, eu pego naquela ficha que eu preparei e eu vejo – o quê que
eu tenho trabalhar mais nesta parte, e reparo. O quê que eu
poderei fazer mais nesta parte, na área pessoal e social, aquilo está
separada por conteúdo. Por exemplo, sei lá, tenho que trabalhar
mais a parte de gramática e por exemplo a nível da (…) eu vou
vendo e eu vou trabalhando.
P - Este é instrumento de observação, avaliação é isso?
E - É um registo de avaliação. Não digo que é um instrumento de
avaliação é um registo de observação. É a avaliação ao mesmo
tempo, mas para mim é para obter (…) [informação]
P - Mas se lhe pedissem para mostrar os seus instrumentos de
avaliação. Mostrava esse?
E - Mostrava. Mas para mim ele é um registo de observação. É um
registo de observação. Não é aquela ficha que tem que ficar ali. Eu
posso ir acrescentando. Nem que está dividido. Por exemplo, eu
utilizo (…) eu tenho outra coisa, aquele registo, estes da
comunicação, eu também vou lá ver, (…), mas já está tudo tão
mecanizado, eu por exemplo tenho o hábito, no registo da
comunicação, eu tenho um mapinha onde registo quem
comunicou. E comunicou sobre o quê, e faço também uma
observação de síntese ao lado, por exemplo esta criança comunicou
sozinha, é capaz de comunicar sozinha, não precisa ajuda do adulto,
utiliza um bom vocabulário, eu sei lá, eu vi que ele já era capaz de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
260
escrever números. Eu vou fazendo lá também essas
“observaçõesinhas”. E portanto, é mais um instrumento que eu
depois vou ter para me ajudar a preencher a grelha, a tal grelha de
registo de observação. Há uma série de instrumentos que depois
me vão permitir, um conjunto de registos que me vão permitir fazer
um registo de avaliação de cada uma das crianças e do grupo ao
mesmo tempo.
P - Por conseguinte todos esses registos de documentação vão-lhe
orientando/regulando a sua acção? Vai efetuando a sua prática
letiva em função dos registos e das observações que vai fazendo.
E - Ou seja, do registo de avaliação que vou fazendo.
P - Qual a valorização que dá ao processo de avaliação na educação
de infância, nomeadamente, na aprendizagem das crianças?
Relembrando o início da nossa conversa, disse no início da sua
carreira não valorizava muito essas coisas [registo e na educação
de infância].
E - É assim, a gente fazia. Mas, temos as competências da criança,
etemos competências para serem adquiridas. E que podem ser
adquiridas e que são fundamentais algumas delas, são aqui, que
são adquiridas. E nós agora já temos preocupação com as
competências, que têm que ter quando (…), devem ter, nesta fase
do pré-escolar. E elas vão sendo adquiridas, uns mais cedo outros
mais tarde, não é? Dentro desta faixa etária, dentro dos três anos
aos seis, uns mais rápidos outros mais lentos. Mas isso é uma coisa
que nós temos que respeitar, mas que, vamos tentado incentivar e
promover esse crescimento.
P - Para finalizar, que gostava de dizer e eu não lhe perguntei que
gostaria de acrescentar?
E - Eu penso que me perguntou quase tudo, mas há uma questão
que me perguntou, mas eu gostava de insistir. Que toda a linha de
orientação segue isso. Não é que este modelo que este modelo é
melhor, ou que este modelo é pior, não é fazermos avaliação, o
que era importante era fazermos, que haja da nossa parte uma
preocupação com o passagem do menino para o 1º ciclo, e que o
1º ciclo, que se acabe com essas guerras, que achar que o parceiro
que está trás nunca faz nada, nada. Não. O parceiro fez, e deve
haver uma passagem efetiva das coisas para o 1º ciclo. Eu por
exemplo, há bocadinho disse-lhe que a passagem dos meninos
para a escola 62. Nós, fomos à escola 62, fazer a entrega da ficha e
a passagem dos meninos. Falar um bocadinho sobre os meninos,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
261
para além do que não só do que ia escrito, daquilo que não ia
escrito. E de alguma coisas que também são importantes. Porque,
para o professor não é só eu dizer o que sinto, elá estar escrito, eu
sei lá: “a criança manifesta ainda em certas situações
comportamentos um bocadinho primários”, (…) “chora por tudo e
por nada e la, la,…” e se eu falar com o colega, para além daquele
registo que vai ali, se eu puder falar com o colega, se eu falar
alguns dados que eu tenho conhecimento da criança, talvez vá
ajudar um bocadinho.
P - O que me está a dizer é que a articulação entre o pré-escolar e o
1º ciclo é fundamental e que a dificuldade de olhar para o parceiro
anterior sem lhe dar valor. E, se isso for feito de alguma maneira
estamos a contribuir para uma melhoria do sucesso educativo. E se
lhe perguntarem qual foi o sucesso educativo das suas crianças?
E - Não vamos pensar que contribui para sucesso educativo, porque
eu não sei o que isso é de sucesso educativo. Mas, eu estou a
contribuir, pois é. [risos]
P - Mas se lhe perguntarem sobre a sua prática o que pode dizer
sobre as suas crianças e as suas aprendizagens no final do ano
letivo?
E - E acho que se eu conseguir que saiam daqui meninos
extremamente sensibilizados para a leitura, escrita, cálculo, que
tenham a história da aquisição dos valores, os valores, o respeito
pelo outro, o respeito pela diferença, o saber cooperar com o
parceiro, um bocadinho não quer ser sempre o melhor o maior,
perceber que eu sou bom nisto, mas outro é bom naquilo, que se
eu ajudar o outro, somos até capaz de sermos os dois bons, cada
um nisto, seremos os dois bons, gostava de sentir isso até ao nível
da equipa e não o sinto. Por vezes até penso, esta criança até será
um futuro bom aluno e esta criança se tivesse alguém que o
acompanhasse também podia ser não sei o quê. Esta criança, nós
aqui já (…) o educador se tiver, se se puser a pensar bem sobre o
seu trabalho, o trabalho que faz e a facilidade com que a criança
adquire certas e determinadas competências, acho que é a capaz
de pensar e ver como será a criança no futuro. Isto fazendo uma
avaliação do que poderá vir a ser o futuro da criança.
P - E essa valorização daquilo que o educador faz hoje poderá vir a
ser de certa forma importante? É isso?
E - É uma valorização na nossa carreira. Na nossa carreira não sei,
mas sim para os educadores. Muito obrigado pela colaboração.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
262
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
263
26. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O1MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
01MEB
28/11/2007
Sala de
Atividades
Pré-escolar
1 - Educador
1 – Auxiliar de Acção Educativa
Grupo de 18
crianças.
Idade: 4/5 anos
• Atividades de escrita
• Jogo livre
• Desenvolvimento das
capacidades de
Linguagem
oral/cognitivas/relaçã
o//cuidado de si
mesmo/ou hábitos de
autonomia
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
39
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
264
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
9h 00m
9h15m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Neste primeiro momento do dia no ambiente escolar o
educador procede ao acolhimento das crianças, e em simultâneo
procede à pedida do familiar que as acompanha. O educador
dirige-lhes algumas palavras e necessita de dar alguma atenção
especial a uma, ou outra criança, que chega, pois estas sentem
alguma dificuldade em separar-se o seu familiar.
A recepção das crianças é feita diretamente na sala de aula.
A criança juntamente com o seu familiar preenche o mapa de
presenças que se encontra ao seu alcance, ou seja, na parte
debaixo da parede, junto ao chão. As crianças vão-se sentando na
mesa central da sala de aula, e são momentos de interacção e
comunicação entre o grupo de crianças de forma espontânea e
livre.
Quando a maioria das crianças já tinha chegado, o grupo
quase completo, o educador já está junto delas, também ele
sentado à volta da mesa central, começa a cantar a canção de
“Bons-dias”. Primeiro, as crianças cantam coletivamente, depois,
fazem-no individualmente. Cada uma faz um “cumprimento
especial” dirigindo-se nominalmente ao colega que selecciona
para dar continuidade ao cumprimento de “Bons-dias”.
(…)
À volta da mesa central que ocupa o centro da sala [8], o
educador conversa com as crianças sobre episódios e fatos
vividas não quotidiano familiar, vai questionando individualmente
algumas, levando-as a exprimir as suas ideias e situações
experienciadas. À sua frente, em cima da mesa, o educador tem
Os registos de presenças efetuados pela criança e sua família
Categoria: Concepção de escola como comunidade de partilha
Pressupostos do processo educativo: As crianças em colaboração com e
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
265
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
9h
30m 9h
45m 9h
30m
um caderno onde faz pequenos escritos/registos à medida que
vai dialogando com as crianças. Por vezes em algumas respostas
pergunta à criança: “Queres que escreva isso?”. Sempre que a
criança confirma, escreve. Fá-lo naturalmente enquanto as
crianças conversam.
(…)
O educador continua tomando notas durante algum
tempo.
Questiona e pergunta palavras utilizadas pelas crianças,
estimulando-as a responder, explicitando ideias, e por vezes,
acrescenta novos termos/palavras/vocábulos. Muitas vezes o
grupo ajuda nessa reflexão. (…)
Enquanto o diálogo vai decorrendo algumas crianças
atrasadas estão a entrar na sala. Cada criança que chega à sala de
aula marca a sua presença com a ajuda do familiar que a
acompanha. Nenhuma criança que chega interrompe. Dirige-se ao
lugar à mesa coletiva e senta-se.
A sala tem exposto em vários placards diversos tipos de
trabalhos afixados que foram elaborados pelas crianças na
sequência das diversas atividades desenvolvidas (ex: desenhos,
pinturas, temas relacionados com o desenvolvimento de projetos]
sendo alguns individuais outros de trabalho de grupo.
educador, reconstituem, através do diálogo a uma progressiva partilha das experiências culturais da vida real de cada um. Procede-se, deste modo, à construção dialogante dos valores e dos significados das práticas culturais vivenciadas.
As crianças têm interiorizadas regra da salas, pois ao chegar vão se sentando, sem hesitações, deixando por vezes grandes espaços.
A sala demonstra estar organizada de acordo com áreas temáticas e interesses
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
266
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
Também as paredes têm afixado quadros de guia/ de
identificação material cuja finalidade é guiar o grupo na sua
organização e funcionamento (ex: as normas da sala, a
identificação das zonas de atividades, o número possível de
crianças em cada zona de atividades)
Existem registos organizados que ocupam um espaço
específico, que vão sendo preenchidos periodicamente, podendo
a periodicidade do seu preenchimento ser variável (ex:
placar/registo de histórias; placar/registo de novidades;
placar/registo experiências)
das crianças.
Registo de tarefas a cumprir e tarefas concluídas Instrumento de registo.
O mapa permite a identificação do que foi planeado conjuntamente pelo grupo e aquilo que foi feito.
Registo sobre tarefa realizada, que posteriormente pode ser consultado. Rotina na utilização Instrumento de registo.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
267
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
Os placards das paredes têm também afixado mapas de
registo de vária ordem: diário, comunicação, presença,
comportamento, e de atividades onde as crianças devem registar
“obrigatoriamente”as tarefas/atividades que fazem.
Um dos placard apresentava um instrumento de registo
com o que tinha sido combinado como tarefa a desenvolver
naquela semana que cujo o título era: “Combinámos” e também
um outro instrumento de registo denominado “ Diário”.
Instrumento de registo.
Foi observável durante a observação: Práticas de registo incorporadas na organização da acção pedagógica: O uso rotineiro de Instrumentos de Registo, pelas crianças, o mapa de atividades, no quotidiano de sala de aula. As crianças dirigem-se ao mapa, preenchem a quadrícula que corresponde ao seu nome e à tarefa que terminaram ou que vão realizar.
As paredes da sala também
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
268
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
9h
45m
A sala está toda identificada por as áreas de atividades
devidamente identificas, com a distribuição dos materiais /jogos
têm um lugar fixo e estão acessíveis às crianças. Para a arrumação
dos materiais individuais /coletivos/grupo que as crianças vão
realizando, a sala de aula tem um armário com divisões e
separadores onde podem guardar o que vão realizando. Também
tem disponíveis e acessíveis aos materiais mais utilizados e
recorrentes não a utilização como o papel, tesouras, colas entre
outros.
9h 40m Dá-se início à mudança de atividades. As crianças
previamente seleccionam a tarefa a realizar. Algumas crianças
mantêm-se junto do educador, conversando. Enquanto isto, este
prepara uma folha grande de cartolina, onde escreve um texto,
que a criança acaba de dizer. Explica o que a criança deve fazer e
repete. Igual procedimento faz para outra criança. (…)
Ao mesmo tempo as outras crianças escolhem livremente
aquilo que vão fazer, mas antes, estiveram a marcar num quadro
de registos [mapa de atividades], o que iriam fazer.
No mapa das atividades, encontra-se acessível a todos –
cada criança (só, ou com ajuda) faz a marcação da respetiva
atividade que vai fazer/explorar. Cada um aguarda a sua vez
ordeiramente. Pareciam estar habituados a fazer aquela rotina,
pois logo que se levantaram dirigiram-se para o quadro sem que o
educador tivesse dado qualquer indicação. Falavam entre si, sobre
falam:
Interajuda e trabalho a pares entre criança. Sistema interativo de cooperação
Responsabilização da criança pela atividade que escolhe e sua materialização através da obrigação da realização da tarefa: A regulação social da vida escolar.
.
Dever do registo da tarefa é cumprido. O ato didático cumpre-se com os alunos, num esforço de apropriação dos métodos e processos inerentes a cada área do
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
269
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
10hh
00m 10h
15m 10h
30m
o que cada um ia fazer. Escolhiam parceiros para algumas
atividades. (…)
O educador mantém-se mais próximo das crianças que
estavam a realizar a atividade de escrita, não deixando no entanto
de ir falando com outras crianças e dando algumas indicações.
A primeira criança que marcou a atividade começa a
trabalhar com um jogo que lhe foi dado pelo educador.
Todo o espaço de aula está definido por áreas e temáticas.
E vão sendo preenchidos de acordo com a escolha de cada
criança. Algumas crianças mais velhas ajudam os mais novos. O
ambiente da sala de aula é sereno, sem agitações ou barulhos,
deixando que alguns escolham ainda as atividades, enquanto,
outros já trabalham livremente.
9h 50m - Chega uma criança atrasada, vai buscar material
para trabalhar, depois, de ter estado com o educador a
conversar. Inicia um trabalho de escrita. Olha para a parede, e
começa a reproduzir o ABCEDÁRIO. Vai fazendo pequenas pausas.
10h – o educador vai-se mantendo mais próximo das
crianças que tinham escolhido texto [escrita]. Dá indicações e
sugere que as crianças enfeitem de acordo com o que haviam
escrito.
Algumas crianças escolhem pintura e fazem alguns
trabalhos com temas alusivos à quadra natalícia. Também há
crianças que escolhem desenho livre e outras que foram fazer
uma construção com materiais diversos para a zona da garagem.
As crianças vão finalizando e trocando de atividades.
No computador duas crianças fazem a identificação de
letras e palavras e vão reproduzindo no teclado do computador.
saber. Organização partilhada.
Hábitos de registo interiorizados.
Sistema interativo de cooperação
Os registos da acção desenvolvida pelo grupo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
270
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) NOTAS COMPLEMENTARES E
INFERÊNCIAS
10h
45m 11h
00m
Começam a arrumar por indicações do educador. Fazem-no
com método, sem grandes ruídos.
Algumas crianças aguardam para mostrar ao educador
aquilo que esteve a fazer.
Entram na sala de aula três crianças, de outras salas do
estabelecimento de ensino, Trazem alguns trabalhos para
mostrar. O educador convida cada um individualmente a explicar
à turma o que traziam para mostrar.. Cada criança faz a sua
apresentação.
De seguida o educador faz um registo numa grelha que
tinha como indicação ser:
Mapa de registo de Comunicação:
Todo os materiais e jogos são arrumados excepto uma
construção feita no chão [área 10] por um grupo de crianças que
ficou por arrumar. O educador explicou que já não havia tempo,
mas mais tarde queria que continuassem aquele trabalho, tal
como haviam combinado.
As atividades são interrompidas, as crianças tomam o
lanche da manhã
Fim de Observação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
271
27. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O2MEB
CÓDIGO DIA
LOCAIS
INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O2MEB
5 de
Dezembro
2007
Sala
de Atividades do Pré-escolar
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 20 crianças. Idade: 3/4/5 anos
• Desenvolvimento da Linguagem e Escrita
• Jogos de Mesa
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casinha 10 - Área Jogos
7
2
5 4
39
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
272
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9
h 00m
9h 15m
9h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças.
Ver acolhimento O1- MEB.
O educador mantém um diálogo com as crianças
presentes. Vai fazendo perguntas e estas vão respondendo.
Explicita alguns vocábulos utilizados e faz anotações num
caderno que tem consigo. [O mesmo que utilizava, quando foi
feita a anterior observação].
O diálogo é mantido entre a classe durante algum
tempo (…). Quando foi questionado por uma criança, para
escrever o que o que esta acabava de lhe dizer, o educador
respondeu: “Eu já anotei. Há mais alguém que tenha notícias”
(…); vai continuando a dar a palavra a todas as crianças, ao
mesmo tempo que as ajuda a encontrar vocabulário
apropriado ao que estas vão dizendo (…). Mantém o ato de
registar através da escrita as expressões ditas pelas crianças.
Dando por finalizada esta atividade, o educador propõe
ao grupo que digam o que deveriam em seguida fazer, ou o
que estaria por fazer.
E – “O que ainda temos por fazer na nossa sala? Vamos
todos pensar?”
As crianças indicam diferentes atividades e o grupo
separa-se de seguida, dando início de imediato distribuição de
O educador parece fazer registos sobre o diálogo mantido com as crianças
Uma pequena conversa, participada por todos e animada pelo educador, a partir experiências vividas pelas crianças, que o educador regista rapidamente
É através da interrogação e do questionamento que o educador antevê as tendências e interesses das crianças – aos quais de seguida encaminha para atividades lúdicas, de projeto, escrita.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
273
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 45m
atividades por vários alunos de acordo com os seus interesses.
Porém, antes de iniciarem os seus trabalhos, as crianças
dirigem-se ao painel de registo de atividades, e fazem a
marcação respetiva daquilo que vão executar. Mantém-se o
mapa de registo com a indicação da quinzena.
Mapa de registo de atividades é preenchido pelas
crianças
De acordo com a marcação prévia no mapa de
atividades cada um, dirige-se de imediato ao espaço indicado
para cada atividade e inicia a sua tarefa. (…)
O educador ajuda uma criança no computador e solicita
também ajuda para que algumas crianças se encarreguem de
auxiliar uma outra criança com necessidades educativas
especiais que se encontra numa cadeira de rodas.
Mantêm o registos sobre o diálogo mantido com as crianças.
Regulação partilhada das atividades e dos projetos
Desenvolvimento da linguagem
Sistema de organização cooperada, em que as decisões sobre as atividades, as regulações partilham-se em negociação. afirmou o educador
Responsabilização das crianças na escolha de atividades a realizar e no respetivo registo, como forma de controle e identificação do nº de vezes que cada
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
274
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
1
0h 00m
Descrição: O observador encontrava-se junto da área de
experiências/expressões. Junto dele estava um livro/dossiê
Ficheiro de Experiências se encontrava em destaque, como
que em exposição. Na capa estava identificado como “Ficheiro
de Experiências Experimentais”. [confirmado com o educador].
Depois de uma breve consulta, foi possível verificar que
continha fichas para atividades e trabalhos em Ciências
Experimentais, com indicações e instruções para diferentes
possibilidades de utilização.
Todas as fichas incluíam: a identificação do tema, o
número de ficha, questões a abordar, o material, aquilo que
cada criança deveria fazer – finalizando sempre com uma
mesma pergunta: “O que podes concluir? Qual a tua resposta
à questão?”
No mesmo espaço, existe ainda um conjunto de fichas
sobre Trabalho Cooperativo – Pedagogia Freinet. Onde
estavam incluídas suportes de instrumentos para a realização
de atividades de matemática. Estas fichas denotavam uma
utilização prolongada no tempo, pois encontravam-se a preto
e branco, e a letra de impressa parecia ser anterior à era do
computador. O papel era amarelado [sinais dos tempos].
No placard que se destinava às Ciências Experimentais,
encontrava-se um também um quadro de registo manuscrito
pelo educador sobre as experiências efetuadas com
criança está com uma atividade e quais as atividades que mais atraem cada criança.
Liberdade de escolha pelas atividades a executar.
O processo de trabalho escolar, reproduz o processo social autêntico da construção da cultura da colaboração e responsabilização, no quotidiano escolar.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
275
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 30m
diferentes materiais:
Materiais Experiência
Flutua Não
Flutua
----- + -
----- - -
---- + +
A sala mantém um “silencioso ruído” de crianças em atividade,
sem que o barulho faça parte daquele ambiente educativo.
O educador traz uma criança para a mesa de trabalho
coletivo, onde vai realizar um trabalho de grandes dimensões
[não é perceptível que tipo de trabalho vai ser realizado –
indicia ser pintura.
As crianças vão ajudando a criança que está na cadeira de
rodas. Colocam na mão os brinquedos para que esta possa
manipular e manusear. Vão fazendo isto rotativamente e
livremente sempre que se aproximam dela. Não é necessário
pedir-lhe.
O educador chama a atenção para as crianças que saíram das
atividades do computador e ainda não tinham terminado.
Deveriam ir acabar e só depois poderiam começar outra
atividade.
Às crianças que tinham estado a trabalhar o texto livre, dá a
indicação que deveriam melhorar.
No canto das expressões destinado à pintura, uma criança com
“pinta a sua mão”, e seguidamente, estampa numa folha de
papel de grandes dimensões.
Planeamento de atividades com descrição da metodologia a utilizar sua operacionalização e a respetiva avaliação.
Utilização de Instrumento de Registo/Avaliação em experiências em Ciências Experimentais
Prevalência do tempo de metodologias e modelos para trabalho com educação de infância.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
276
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
O educador continua a acompanhar as crianças que têm o
trabalho de escrita espontânea.
No placar que se destina à parte de escrita espontânea e
textos, está dividido devidamente identificado a área que se
destina a cada uma. Uma para a escrita espontânea e outra
para texto escrito.
Estão afixados trabalhos novos neste placar. Na semana
anterior não estavam. Encontram-se aí vários trabalhos
realizados durante a semana nesta temática.
Escrita Espontânea Pequenos trabalhos expostos
Textos A criança
reproduz o texto previamente
elaborado com a ajuda do educador
Estava na hora da criança com NEE comer. A educação propõe
que uma criança substitua o auxiliar que de momento ali não
estava. A criança aceita de imediato e vai dar-lhe o iogurte.
Sempre que a criança vai iniciar outra atividade, dirige-se ao
mapa de registo de atividades e marca a atividade que vai
realizar.
Junto ao mapa de registo de atividades uma criança verifica o
mapa e as atividades que cada um está a fazer.
O educador pede a todas as crianças que finalizem as suas
atividades. Enquanto cada criança finaliza e arruma os seus
Regulação cooperada das atividades
Espírito de ajuda e colaboração interiorizado.
Existência de critério/regras s para o desenvolvimento das atividades
Alguns dos trabalhos aqui expostos irão servir como instrumentos de análise e avaliação. Alguns também vão para o dossier da criança “ seu portfólio” afirmou o educador
Pressuposto do processo educativo: Registos da mensagem escrita pelo educador, e reproduzida pela
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
277
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 45m
11h 00m
materiais, o educador encaminha e solicita novamente a
algumas crianças Para terminarem.
Em cima da mesa central encontra-se o caderno [de registos]
e uma ficha, com o nome de dada criança e vários items a
preencher.
O educador finaliza todas as atividades e as crianças irão para
atividades livres de recreio.
Fim de Observação.
criança.
Registo no Mapa de Registo de Atividades. Este processo parece estar interiorizado por todas as crianças.
Controle sobre as atividades que se estão a realizar por parte da criança.
O ato didático cumpre-se com aos alunos, num esforço de apropriação dos métodos e processos inerentes ao modelo pedagógico e estratégia metodológica própria MEM.
Indicia que irá fazer anotações/registos. Mas efetivamente no foram verificáveis durante a observação
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
278
28. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - O3MEB
CÓDIGO
DIA
LOCAIS
INTERVENIENTES
ATIVIDADES PRINCIPAIS
03MEB
12
Dezembro20
07
Sala
de Atividades do Pré-Escolar
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 20 crianças. Idade: 3/4/5 anos
• A Ciência “a brincar”
• Escrita
• Atividades lúdicas
• Recorte, colagem e rasgagem
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
39
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
279
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h
30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças.
Acolhimento As crianças depois de terem marcado a sua
presença sentam-se à volta da mesa central. Vão falando umas com as
outras e aguardam que o educador se junte a elas.
As crianças estão a ser distribuídas pelas atividades – Texto (4
crianças); Brincadeiras livres (2); Exploração de formas matemáticas,
associadas ao recorte e colagem; recortes em papel de lustro (3).
Chegam crianças atrasadas e marcam a presença com ajuda das
famílias no mapa das presenças colocado à entrada da sala.
O mapa de registo de atividades mantinha-se colocado em lugar
acessível a todas as crianças, e no mesmo local, tal como acontecera na
observação anterior, mas, desta vez, notava-se mais preenchido. A
coluna a que correspondia a 1ª semana avaliação, estava preenchida,
completa com anotações feitas pelo educador.
As crianças trabalhavam e a educadora dava indicações,
auxiliava as que não conseguiam avançar nas tarefas, quer por
dificuldade de manuseamento, quer pela utilização de uma diversidade
de materiais.
Na área destinada à avaliação de atividades semanal encontrava-se um
Mapa, que está em branco, cujo cabeçalho diz: DIÁRIO. Encontra-se
inteiramente em branco, sem nenhum registo escrito, cujo esquema
para futuros registos, está já previamente definido, para quatro áreas.
DIÁRIO
Nós Gostámos Fizemos Queremos
As áreas/oficinas de trabalho mantêm a mesma disposição na sala
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
280
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h
45m
Na zona destinada às atividades informáticas não havia crianças
em atividade, assim como jogos de construções ou biblioteca.
As crianças que estão com a atividade de escrita livre são
acompanhadas mais de perto pelo educador, com indicações precisas
sobre o “como” devem fazer o que lhes está a ser pedido (…). Hoje,
incidia só sobre as vogais. “Então vamos lá a distribuir as cores, como
combinámos (…), vamos lá fazer o “o” e o “a”. Fazendo sempre lembrar
a utilização correta das cores, conforme haviam combinado.
Todas as outras crianças se mantinham em atividade.
Uma criança vai iniciar uma nova atividade, mas primeiro foi ao
mapa de atividades fazer o registo. Regressa para junto do educador.
Entra na sala um auxiliar para recolher o n.º de crianças para os
almoços. O educador dirige-se ao mapa de presenças, faz rapidamente
a contagem e dá a informação.
Na mesa coletiva de atividades está um grupo de 9 crianças,
todas a trabalhar em diferentes atividades. Recortes, rasgagem,
colagem em diferentes materiais, diferentes papéis. A educadora
recomenda que antes de iniciarem a colar deveriam fazer a montagem
do que a seguir iam colar. Algumas tinham figuras geométricas e (…);
A educadora refere ao observador que o trabalho
desenvolvimento ao longo do dia, é no final registado no DIÁRIO, com
as indicações precisas das atividades. Este registo é feito manualmente
pelo educador, mas sempre com a participação das crianças. Há
sempre uma preocupação em construir um escrito, para posterior
utilização como prova de evidência documental sobre todo o trabalho
produzido pelas crianças.
O educador refere, ainda, que do trabalho a desenvolvido na
semana é posteriormente, sempre, finalizado com um registo de
avaliação sobre o modo com ele decorreu, e se foram ou não
efetuadas as atividades previstas.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
281
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00m
O educador foi também buscar para que o observador pudesse
verificar, DIÁRIOS antigos, REGISTOS SEMANAIS, REGISTO DE
ATIVIDADES. Correspondiam ao n.º de semanas em trabalho, desde o
início deste ano letivo neste ano letivo.
Foi também explicado que, por vezes, há excepções, como o
caso da semana anterior, uma vez que tinha sido uma semana
complicada com atividades de trabalho natalício. Referiu que não
tiveram tempo para fazer o registo DIÁRIO. Algumas colunas ficaram
por preencher.
Este instrumento de avaliação, referindo-se ao DIÁRIO, é
utilizado semanalmente, e chama-se de diário porque todos os dias é
feito o registo – daí o seu nome. O educador referiu que esta
metodologia avaliativa poderia ser comparada ao que antes era
utilizado, “o jornal de parede”.
Do registo semanal que o educador trouxe foi possível verificar
a proposta de trabalho de 3 de Novembro 2007, elaborada no
“conselho”. Neste instrumento registo tinha como cabeçalho conceitos
de ciências trabalhados nessa semana, entre eles, - fazer experiências
sobre “Flutuar” ou “Não flutuar”. Era também feito a identificação das
atividades com o nome da criança que a tinha feito.
REGISTO SEMANAL
Não
GOSTÁMOS Não
GOSTÁMOS Fizemos Queremos
- Eh
-
ccccccc
-
nnnnn
-
nnnn
-
sssss
-
sssss
-
bbbbbb
-
bbbbb
O educador dá instruções para que as crianças finalizassem os
seus trabalhos. Algumas, estavam atrasadas, principalmente as que se
encontravam na área coletiva de trabalho, devido ao elevado e
diversificado n.º de materiais com que se encontravam a trabalhar. Há
necessidade de ajudar.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
282
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h15m
10h 45m
De quando em quando há, também, necessidade do educador
chamar a atenção para o barulho, e pede a todos que se mantenha o
silêncio na sala de aula, relembra as regras e aponta para a parede.
Para reunir todos, chama o grupo para a mesa coletiva e inicia uma
canção, muito baixinho, o que fez com que todas as crianças se
calassem para ouvir.
Dá inicio a uma nova atividade. Estava na hora das Ciências.
Desta vez, utilizou materiais já previamente preparados. Colocou um
cima da mesa água, palhinhas e uma pinha. Fala do dia anterior.
Menciona que houve alterações na pinha e pergunta o que aconteceu.
Foi dado um tempo para as crianças observarem e verem as diferenças
ocorridas. Ao mesmo tempo ia mantendo diálogos com as crianças.
Resposta dada por uma criança: “Fechou-se”.
E - “Vamos experimentar por esta pinha ao calor. Onde nós
temos calor?” (…)
R - “Ao sol, à janela (…)”
E - “Então vamos relembrar: Vou escrever a 1ª experiência que
fizemos” e escreve. (…).Foi feita a descrição da experiência pela voz das
crianças, ao mesmo tempo que a educadora ia registando no mapa.
Crianças descrevem e relembram o que conseguiram aprender, e
também, os materiais que utilizaram. (…). No placard destinado às
Experiências encontrava-se um registo feito sobre uma outra
experiência desenvolvida crianças cuja temática tinha sido o arco-íris, e
que se encontrava estruturado:
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
283
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
Enquanto a Experiência decorreu duas crianças na área de jogos
de chão estiveram a fazer construções.
Fim de Observação
EXPERIÊNCIA SOBRE O ARCO-ÍRIS
Com a luz
do sol
Com uma
lanterna
O que
precisámos
o o
o o
O que
fizemos
o o
o o
O que
observámos
o o
o o
O que
concluímos
o o
o o
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
284
28. Protocolo de Observação - O4MEM
CÓ
DIGO D
IA LOC
AIS INTERVENIENTES
ATIVIDADES PRINCIPAIS
04
MEB
27
de Fevereir
o de 2008
Sala de
Atividades do Pré-escolar
1 - Educador
1 - AAE
Grupo de 20 crianças.
Idade: 3/4/5 anos
• Desenvolvimento da
Linguagem e Escrita
• Expressões
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
39
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
285
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças.
(…) As crianças encontravam-se sentadas à volta da mesa
grande. O educador mantinha um diálogo e efetuava alguns
registos no seu diário [caderno, que normalmente usa]. São
mensagens e episódios soltos da vida familiar que as crianças
vão (re)contando. (…) Vão identificando os trabalhos que ainda
não estão terminados e o porquê de não terem sido, o educador
interroga cada criança por qual atividade que gostaria de
começar, hoje, “a trabalhar”. Faz a recolha de alguns trabalhos
feitos em casa pelas crianças juntamente com as suas famílias.
Passados uns minutos, o educador inicia a distribuição de
materiais auxiliado por um dos responsáveis e, propõe
atividades para as criança já tinham terminado no dia anterior.
Alguns trabalhos são de continuação e, neste caso, é necessário
fazer alguns ajustes e dar algumas indicações precisas sobre o
que deveria ser considerado na sua concretização. O educador
recomenda atenção para que tudo fique perfeito. Depois de
cumprida esta indicação as crianças com a tarefa distribuída
dirigem-se, automaticamente, ao mapa de registos sem que o
educador a isso se tenha referido.
Ordeiramente, cada um identifica no mapa o trabalho que
lhe foi distribuído e faz a marcação no mapa de atividades.
A sala mantém a mesma disposição de oficinas/áreas de
interesse ou trabalho desde o início das observações. Os
Pressuposto do processo educativo
Livre expressão
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
286
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
9h 45m
10h 00m
placards afixados nas paredes da sala estavam preenchidos com
um maior número de registos de trabalho efetuado. Notava-se
que os placares tinham mais afixado trabalhos das crianças,
quer em trabalhos realizados coletivamente e, quer em
trabalhos individuais.
Na área da escrita estava toda preenchida por trabalhos
onde era visível uma evolução: estavam reproduções de frases e
texto, identificação de vogais/consoantes e escrita espontânea..
No conjunto, as paredes da sala de aula, hoje, encontravam-se
na sua totalidade preenchidas com uma multiplicidade de
trabalhos efetuados, com as mais diversas técnicas e processos
de elaboração [diferentes papéis em textura, rasgagem, recorte,
colagem pinturas, escrita, desenho livre, etc..]
Quando já todas as crianças se encontravam com as
atividades distribuídas, o educador em rápidas abordagens
pelos grupos fornecia indicações de como fazer [pouco tempo].
Não se fixando em nenhum grupo em especial, ia circulando por
todos.
As crianças que ficaram na mesa central de atividades,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
287
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
ocupavam-se com atividades de escrita, estavam absorvidas,
por várias vezes o educador permaneceu junto delas [alguns
minutos]. [~ 5]
Pediu a uma criança que registasse no quadro de parede
o nome, a data e o dia da semana em se encontravam, para que
todos os outros pudessem através da observação, reproduzir
nos seus trabalhos escritos, o que estava afixado no quadro.
Destinava-se ao grupo. A criança fê-lo.
Para identificação dos seus trabalhos, as crianças
socorriam-se de uma régua que continha o seu nome que
colocam ao lado do trabalho que estão a efetuar e copiam.
As crianças podem circular livremente pela sala, no
entanto, enquanto estão a fazer o seu trabalho, não se
misturavam com as crianças que tinham outros trabalhos em
realização, no entanto, quando o finalizavam, tinham a
liberdade para optar por outro, fazendo a sua troca sem ser
necessária a ajuda do educador
A sala de aula tem um silêncio. Ouvem-se pequenos
diálogos em tom baixo. O maior barulho vinha de um grupo de 4
crianças que se encontrava na zona da garagem a construir uma
reta [diziam as crianças], que ao mesmo tempo parecia ser uma
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
288
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
1
0h 30m
10h 45m
11h 00m
ponte.
Um grupo de três crianças numa folha de tamanho A3 faz
uma colagem que aparenta ser a figura humana. Na mesa junto
da janela, área destinada aos JOGOS DE CONSTRUÇÃO, há
também uma criança que constrói/reproduz /manipula figuras
geométricas em cima de folhas de papel A4,
O jogo tem três cores. As construções eram diversa, com
maior ou menor criatividade consoantes crianças faziam e
desfaziam.
Há uma criança que ficou sempre só. Tinha uma mesa na
zona da escrita. O seu trabalho exigia-lhe concentração. Incluía:
Desenho, recorte de texto, previamente elaborado em
computador e, colagem. A identificação de vogais e alguns
ditongos eram visíveis. Em simultâneo duas crianças ficaram no
computador reproduzindo texto que a educador havia
elaborado para elas. Utilizam o teclado e vão identificando as
letras, confirmando no ecrã.
Não foi perceptível ao observador visualizar um caderno
utilizado por uma criança era um caderno de registos coletivo,
ou individual. Era tamanho A4, de capa preta.
A atividade em sala de aula manteve-se durante o
período de observação, com a mesma regularidade, ou seja, as
crianças rodavam de atividade entre si. Faziam , previamente, o
seu registo no mapa de atividades sempre que mudavam de
atividade.
O educador ocupava-se com pequenos grupos, dando
indicações precisas. Não se registavam barulhos, a sala manteve
sempre o ritmo trabalho. As crianças continuavam a mudar,
livremente, de atividade sempre que manifestavam interesse
em participar e explorar algo diferente do que estavam a fazer,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
289
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
ou porque se juntavam a um outro grupo.
As crianças mantinham pequenos diálogos e não se
verificaram conflitos.
O educador solicita que todos comecem a arrumar.
Está na hora do lanche da manhã de seguida irão ao
recreio.
Fim de Observação
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
290
29. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - OB4MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
04MEB
27 /02/2008
Sala de Atividades do Pré-escolar
1 - Educadora 1 - AAE
Grupo de 20 crianças.
Idade: 3/4/5 anos
• Desenvolvimento da
Linguagem e Escrita
• Expressões
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
39
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
291
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças.
(…) As crianças encontravam-se sentadas à volta da mesa
grande. O educador mantinha um diálogo e efetuava alguns
registos no seu diário [caderno, que normalmente usa]. São
mensagens e episódios soltos da vida familiar que as crianças
vão (re)contando. (…) Vão identificando os trabalhos que ainda
não estão terminados e o porquê de não terem sido, o educador
interroga cada criança por qual atividade que gostaria de
começar, hoje, “a trabalhar”. Faz a recolha de alguns trabalhos
feitos em casa pelas crianças juntamente com as suas famílias.
Passados uns minutos, o educador inicia a distribuição de
materiais auxiliado por um dos responsáveis e, propõe
atividades para as criança já tinham terminado no dia anterior.
Alguns trabalhos são de continuação e, neste caso, é necessário
fazer alguns ajustes e dar algumas indicações precisas sobre o
que deveria ser considerado na sua concretização. O educador
recomenda atenção para que tudo fique perfeito. Depois de
cumprida esta indicação as crianças com a tarefa distribuída
dirigem-se, automaticamente, ao mapa de registos sem que o
educador a isso se tenha referido.
Ordeiramente, cada um identifica no mapa o trabalho que
lhe foi distribuído e faz a marcação no mapa de atividades.
A sala mantém a mesma disposição de oficinas/áreas de
interesse ou trabalho desde o início das observações. Os
Pressuposto do processo educativo
Livre expressão
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
292
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 45m
10h 00m
placards afixados nas paredes da sala estavam preenchidos com
um maior número de registos de trabalho efetuado. Notava-se
que os placares tinham mais afixado trabalhos das crianças,
quer em trabalhos realizados coletivamente e, quer em
trabalhos individuais.
Na área da escrita estava toda preenchida por trabalhos
onde era visível uma evolução: estavam reproduções de frases e
texto, identificação de vogais/consoantes e escrita espontânea..
No conjunto, as paredes da sala de aula, hoje, encontravam-se
na sua totalidade preenchidas com uma multiplicidade de
trabalhos efetuados, com as mais diversas técnicas e processos
de elaboração [diferentes papéis em textura, rasgagem, recorte,
colagem pinturas, escrita, desenho livre, etc..]
Quando já todas as crianças se encontravam com as
atividades distribuídas, o educador em rápidas abordagens
pelos grupos fornecia indicações de como fazer [pouco tempo].
Não se fixando em nenhum grupo em especial, ia circulando por
todos.
As crianças que ficaram na mesa central de atividades,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
293
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
1
ocupavam-se com atividades de escrita, estavam absorvidas,
por várias vezes o educador permaneceu junto delas [alguns
minutos]. [~ 5]
Pediu a uma criança que registasse no quadro de parede
o nome, a data e o dia da semana em se encontravam, para que
todos os outros pudessem através da observação, reproduzir
nos seus trabalhos escritos, o que estava afixado no quadro.
Destinava-se ao grupo. A criança fê-lo.
Para identificação dos seus trabalhos, as crianças
socorriam-se de uma régua que continha o seu nome que
colocam ao lado do trabalho que estão a efetuar e copiam.
As crianças podem circular livremente pela sala, no
entanto, enquanto estão a fazer o seu trabalho, não se
misturavam com as crianças que tinham outros trabalhos em
realização, no entanto, quando o finalizavam, tinham a
liberdade para optar por outro, fazendo a sua troca sem ser
necessária a ajuda do educador
A sala de aula tem um silêncio. Ouvem-se pequenos
diálogos em tom baixo. O maior barulho vinha de um grupo de 4
crianças que se encontrava na zona da garagem a construir uma
reta [diziam as crianças], que ao mesmo tempo parecia ser uma
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
294
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
0h 30m
10h 45m
11h 00m
ponte.
Um grupo de três crianças numa folha de tamanho A3 faz
uma colagem que aparenta ser a figura humana. Na mesa junto
da janela, área destinada aos JOGOS DE CONSTRUÇÃO, há
também uma criança que constrói/reproduz /manipula figuras
geométricas em cima de folhas de papel A4,
O jogo tem três cores. As construções eram diversa, com
maior ou menor criatividade consoantes crianças faziam e
desfaziam.
Há uma criança que ficou sempre só. Tinha uma mesa na
zona da escrita. O seu trabalho exigia-lhe concentração. Incluía:
Desenho, recorte de texto, previamente elaborado em
computador e, colagem. A identificação de vogais e alguns
ditongos eram visíveis. Em simultâneo duas crianças ficaram no
computador reproduzindo texto que a educador havia
elaborado para elas. Utilizam o teclado e vão identificando as
letras, confirmando no ecrã.
Não foi perceptível ao observador visualizar um caderno
utilizado por uma criança era um caderno de registos coletivo,
ou individual. Era tamanho A4, de capa preta.
A atividade em sala de aula manteve-se durante o
período de observação, com a mesma regularidade, ou seja, as
crianças rodavam de atividade entre si. Faziam , previamente, o
seu registo no mapa de atividades sempre que mudavam de
atividade.
O educador ocupava-se com pequenos grupos, dando
indicações precisas. Não se registavam barulhos, a sala manteve
sempre o ritmo trabalho. As crianças continuavam a mudar,
livremente, de atividade sempre que manifestavam interesse
em participar e explorar algo diferente do que estavam a fazer,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
295
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
ou porque se juntavam a um outro grupo.
As crianças mantinham pequenos diálogos e não se
verificaram conflitos.
O educador solicita que todos comecem a arrumar.
Está na hora do lanche da manhã de seguida irão ao
recreio.
Fim de Observação
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
296
30 – PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO O5MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
05MEB-
6 de
Março de
2008
Sala de
atividades Sala de
Atividades do Pré-escolar
1 - Educador
1 - AAE
Grupo de 20 crianças.
Idade:3/ 4/5 anos
A Ciência “a brincar” Escrita Jogo livre O trabalho Projeto: Os alimentos
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
3 9
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
297
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h
00m 9h
15m 9h
30m
Observação de atividades em contexto de sala de aula
no jardim-de-infância
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças.
Mantém-se a mesma disposição de sala, com as mesmas
áreas de trabalho/oficinas/ateliês organização do espaço e
material no contexto de sala de aula.
Apresentação do observador ao grupo de crianças. Muitos
lembram-se outros não. O educador solicitou que cada um
individualmente se apresentasse. Encontravam-se todas
sentadas à volta da mesa central de trabalho. Havia diversos
materiais dispersos por cima da mesa.
Continuação do diálogo entre o educador e o grupo.
Muitos crianças vão relatado episódios do seu quotidiano
familiar, assim como, intenções e desejos que gostariam de ver
concretizados. O educador tenta que todas as crianças falem, e
permite que seja estabelecido o diálogo entre crianças, sendo o
educador o moderador. Insiste várias vezes para saber se
alguma criança queria dizer mais alguma coisa e, há uma que
tenta dizer qualquer coisa, mas, como não conseguia exprimir-se
com clareza e palavras adequadas, o educador ajuda-o. O grupo
manteve-se atento e interessado.
Durante este período, o educador foi tomando notas no
seu caderno.
Há uma criança impaciente e pergunta várias vezes
quando “vão começar a trabalhar?”. Educador ouviu, percebeu,
olhou mas continuou. Insiste, por diversas vezes para que
A atividade escolar enquanto contrato social e educativo – através de uma negociação progressiva dos processos de trabalho, do que está realizado e o que falta para acabar a cada um [criança e ao grupo] é possível o evoluir para a experiência pessoal para o conhecimento dos métodos e dos conteúdos científicos, tecnológicos e artísticos. Ao proporcionar-se momentos de interacção escolar entre as crianças é possível transformar por acordos progressivamente negociados pelas partes (professores e alunos e alunos entre si), o respeito conferido aos “atores”deste processo social (Niza, 1996, p. 142).
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
298
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 45m
comecem a trabalhar, mas o educador insiste em mais uns
minutos de diálogo. Os trabalhos feitos de véspera eram o tema
de conversa. O educador foi dando explicações como fazer para
serem acabados e relembrou o que competia a cada um.
Começam a ser distribuídas tarefas.
As primeiras crianças levantam-se e dirigem-se ao mapa
de registos para marcar as atividades que irão efetuar.
Ao mesmo tempo o educador solicita voluntários para
acabar um trabalho anteriormente iniciado sobre “experiências”
e mostra uma folha de tamanho A4. (…)
O educador vai buscar alguns materiais de experiências
coloca-o sobre a mesa e pergunta quais as diferenças que
conseguiam identificar desde o dia anterior. (…)
As crianças vão respondendo, algumas estão
surpreendidas, olham para a flor que antes era da cor “branca”,
agora estava “rosada” e, a garrafa também tinha menos água, a
flor tinha “bebido” água. Seria? Perguntava o educador. A altura
da água não era a mesma, tinha baixado, pois tinha sido
marcado no dia anterior o sítio por onde a garrafa ficou [com
água] e agora menos. A garrafa estava no mio da mesa para que
todos pudessem verificar. Porque será? - Interrogou o educador
para todos?
Vamos lá todos pensar. E, em simultâneo recolhe todo o
material [esteve apenas alguns minutos] e diz que teriam que
esperar mais uns dias para saberem o que iria acontecer. Mas
podiam ir pensando, para ver se descobriam.
Participação das crianças no registo de atividades
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
299
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00m
10
h15m
Em seguida o educador vai buscar um pano redondo -
material de flanelógrafo, cor bege, e com marcações, para a
mesa central
Há um pequeno conflito na biblioteca em que o educador
tenta resolver. A criança geradora do conflito isola-se e recusa-
se a inserir nos outros grupos que estão distribuídos pelas áreas
de atividade na sala de aula. O educador chama-o para perto de
si e fala com ele [não é perceptível o diálogo] e consegue
demovê-lo da sua insistência em não participar em nada e leva-o
até um grupo integrando-se de mediato. Logo de seguida a
criança vai ao mapa de atividades fazer a marcação.
O educador mantém-se junto da atividade da roda dos
alimentos num dos topos da mesa central, no outro topo estão
envolvidas crianças em atividades de escrita. Estão autónomas,
sem necessidade de recorrer ao educador para ajudas ou
explicações. Trabalham sobre a letra “B”, ao mesmo tempo, uma
criança está só numa mesa junto da área destina à afixação de
trabalhos na escrita, [a mesma criança que na observação
anterior ali estava]. O educador solicita-lhe ajuda do auxiliar
para pequenas tarefas de auxílio. Era necessário acabar e as
crianças não o conseguiam sozinhas. Sobre a roda dos alimentos
uma criança faz um recorte e colagem, parece ser bandeiras de
diferentes países.
A ciência “a brincar”
O Projeto: os alimentos
Calendário – instrumento de registo para utilização das crianças
Responsabil
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
300
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 45m
Não há mudança de atividades. Hoje, as crianças mantêm-
se na mesma atividade sem rotatividade.
O educador auxilia as crianças que estão no computador.
É audível em toda a sala o que estão a fazer [jogos com letras e
descoberta de palavras]. Ao mesmo tempo uma criança que
circula pela sala não estando ocupada com nenhuma atividade o
educador relembra-lhe as regras da sala e, explica-lhe não pode
fazer o que ele quer, tenta dar-lhe uma nova tarefa para que
fique ocupado.
Uma criança vai ao quadro [de parede, grande para
colagens] colocar a data e escrever, mas antes, vai primeiro
confirmar junto do educador saber se efetivamente era aquele
dia em que estavam.
(…)
Os grupos vão-se organizando e juntam-se junto da aporta
de saída. Cada um saí para o exterior. Está na hora do recreio.
Este espaço fica situado mesmo em frente da sala de aula. Cada
um vai para a atividade que escolhe ou jogo preferido. Fim de
Observação
ização da execução de tarefas
O trabalho projeto: a roda dos alimentos
APRENDER A SER
A Responsáveis pelas Tarefas instituído em conselho de cooperação – abrange toda a vida na sala de aula nas mais diversas atividades, desde os distribuidores de material, à arrumação da sala, à identificação dos dias – com a produção escrita no quadro em que a criança assume um papel que lhe é atribuído, e durante o período em que vigora assume as tarefas que
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
301
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
correspondem a esse “ator social. “
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
302
31. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O6MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
06MEB
11
de Abril 2008
Sala de
Atividades
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 25 crianças
– Observadas 13 Idade: 3/4/5 anos
• Escrita, Expressões
• Jogos
• Conselho Turma
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
3 9
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
303
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h 30m
9h 45m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância:
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças na sala de aula. [Os
procedimentos são semelhantes Às anteriores observações
efetuadas – Ver]. (…)
Chovia torrencialmente. Muito poucas crianças se
encontravam na sala. Tudo se encontrava arrumado. O
investigador entra e as crianças já habituadas à sua presença
nem ligam, continuam a reproduzir no papel a atividade que
ontem uma mãe havia feito com elas. Em cima da mesa central
estava o trabalho de expressão plástico realizado como modelo
[…].
O educador estava também sentado, em volta mesa,
dialogando com o grupo – por vezes, questionava sobre as várias
etapas em que tinha sido feito aquele trabalho. Foi dada a
oportunidade de ser reconstituída e relembrada toda a
trajetória da atividade. Algumas crianças conseguiam
rapidamente recordar os materiais, o “como” foi feita e “o
porquê”.
Duas crianças que não falaram a educador interpelou-as,
solicitou a sua participação. […]
(…) O educador informa que na próxima semana a mãe do
Pedro viria novamente à escola continuar a mesma atividade.
Entra uma mãe na sala e o educador tem necessidade de
A PERSPETIVA DEMOCRÁTICA do MEM
É possível observar os princípios de democraticidade inscritos na filosofia do MEM, durante o acolhimento e o início das atividades, quando o educador combina com as crianças a estruturação das atividades e projetos através de uma negociação cooperada (pedagogia da cooperação educativa) com o intuito de explicitar os “contratos” entre professores e alunos. Desta maneira as crianças participam ativamente no processo de planificação, realização, avaliação e regulação de todo o seu trabalho escolar. Como ponto de partida, o educador alicerça-se nos saberes escolares e extra-escolares que surgem da vida das crianças e das suas comunidades e culturas. (González,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
304
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00m
10h 15m
10h 30m
sair e dirige-se ao gabinete [porta ao lado]; demora
aproximadamente 5 minutos.
As crianças vão terminando e, começam a ser distribuídas
por novas e diferentes atividades. O educador faz alguns
indicações precisas e em outros casos apenas sugere,
encaminhando-as para o que deveriam ir fazer.
Antes de iniciarem a atividade as crianças vão marcar ao
mapa de atividades. (…)
Depois de todas as crianças já estarem encaminhadas o
educador junta-se a duas crianças que estavam na área da
expressão escrita e aí fica acompanhando o trabalho que estas
faziam.
- Fim da 1ª parte da observação.
2002, p. 42)
Para o MEM segundo Niza (1996)o eixo principal do modelo é a constituição da democracia através da sua vivência na escola, no dia-a-dia. O trabalho escolar é, explicitamente, combinado entre o professor e os alunos num processo d diálogo negociado em que todos os elementos do grupo-turma podem participar ativamente, num exercício de democracia direta (Pires, 1995, cit in (González, 2002, p. 42)
A REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADE – Orientação do processo ensino-aprendizagem
A forma de organizar a gestão do espaço e do tempo em sala de aula implica que o educador utilize estratégias de diferenciação na multiplicidade de trabalhos em execução das atividades, pois são, em simultâneo, coletivas do grupo ou pequenos grupos; ou de atividades de trabalho autónomo, individual; ou de trabalho a pares. Esta forma de gerir
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
305
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10
h 45m
13
h 15m
13h 30m
Interrupção.
Início da 2ª parte da observação:
As crianças estão todas reunidas em redor da mesa
retangular [13 crianças] (espaço 8) na sua reunião de
“Conselho”, realizada todas as semanas à sexta-feira. Em cima
da mesa encontra-se uma grande papel (Cartaz) que o educador
utiliza como instrumento de registo; canetas de feltro; uma
folha de tamanho A3.
Está a ser feita a apreciação crítica sobre as ocorrências
registadas ao longo da semana no “Diário”. […]
São mantidos diálogos entre as várias crianças. O
educador põe à discussão – relembrando ao grupo que não
deveria ser utilizado o “Diário” para coisas que são brincadeiras
entre crianças e desagrados e o que se estava a apreciar era
ocorrências que não deveriam ter acontecido.
As ocorrências que incluíam as crianças que não estavam
naquele dia, o educador dizia que não deveriam ser discutidas,
porque quem estava em causa não estava ali para explicar o
sucedido e, por tanto, não o deveriam fazer. […]
a sala de aula permite-lhe promover momentos de interacção e entreajuda entre crianças, assumindo assim uma prática de integração educativa.
O conselho, com o apoio cooperante do educador, faz a regulação formal de regulação social semana escolar. As crianças fizeram o balanço das atividades realizadas a partir dos registos de “pilotagem”das acções planeadas e dos juízos fixados no Diário
Apreciação sobre as regras de “convivência” constituem as listas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
306
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
13
h 45m
Dos vários relatos efetuados há a análise de um
“episódio” de “caso” em que a criança [envolvida] não se
recorda. O auxiliar de acção educativa tenta fazer ajudar. O
educador vai ao mapa das “regras e normas” instituídas na sala
e relembra a sua inclusão como comportamento não tolerado
na sala de aula. E questiona o grupo: “tenho que estar a ler as
regras sempre?” (…) [Ao investigador não foi totalmente
perceptível a clarificação do assunto tratado, poucos elementos].
Depois de várias crianças se terem manifestado e, de ser
discutido por todos, a criança aceita a crítica dos colegas e de
imediato pede desculpa ao grupo e os outros aplaudem.
O educador continua a ler outro registo de incidente que
tinha acontecido no recreio devido à água das chuvas e ao lixo.
As crianças vão fazendo alguns comentários por
associação. É aproveitada a ocasião para ser explicado às
crianças por existem estes fenómenos (intempéries, mau
tempo) e perante a insistência de uma criança em interromper,
o educador vê-se na necessidade de lhe chamar a atenção o
motivo porque estavam a ter aquela discussão. (…) “Todos
compreenderam?” (…)
A educadora continuou a ler todos os registos efetuados
no Diário, colocando em apreciação ao grupo. Quando já não era
possível continuar, porque o que ainda estava registado já não
dizia respeito acrianças de outras salas, cantou uma canção com
mímica. Conseguiu, assim, que o grupo focaliza-se a atenção em
si e, de imediato, todos começaram a cantar
Mas, uma criança [Beatriz] faz um reparo à educadora
dizendo-lhe, que ainda não tinha referido um “incidente” que
havia acontecido com ela. A educadora verifica e pede desculpa,
porque havia saltado sem querer, lê-o e põe-o à discussão. […]
As crianças referiram que gostaram de fazer o projeto da
de decisões tomadas em conselho e estão afixadas na parede enquanto leis de grupo, a seguir democraticamente e só revogáveis em conselho. O conselho assume aqui a sua dimensão instituinte enquanto órgão de regulação formadora.
O dia do conselho semanal é o proposto pelo MEM, ou seja, a sexta-feira
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
307
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
14h 00m
14h 15m
tapeçaria e o trabalho da banda desenhada que estava afixado
no placard.
Entre as várias apreciações uma criança referiu que
gostou muito da “história” que a mãe dum colega tinha vindo
contar à sala de aula e, também, gostara de ver o bicho-da-seda
com a lupa.
A análise ao trabalho desenvolvido durante a semana,
coma sinalização das atividades preferidas pelas crianças foi
feita pelo educador no “Diário”, e nos seu caderno de
apontamentos (…), assim como, o desempenho de cada criança
na tarefa de “Responsável” que lhe estava atribuída na gestão e
organização da sala ao longo da semana na sessão de
planeamento de segunda-feira. (…) As crianças dispersaram-se
em atividades diversas pelas diferentes áreas/oficinas/ateliers e
espaços da sala de aula.
Fim de Observação
O conselho também avaliou as responsabilidades assumidas naquela semana pelos “Responsáveis” das tarefas de cooperação, entre elas:
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
308
32. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O7MEB
CÓDIGO DIA LOCA
IS INTERVENIENTES
ATIVIDADES PRINCIPAIS
OE7MEB
24/4/2008
Sala de
Atividades
Pré-escolar
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 20 crianças.
Idade: 3/4/5 anos
Os momentos de comunicação Autoavaliação das crianças
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Gravação
Código: OE7-MEB
Esta atividade que acabou de desenvolver agora, qual era o seu
objetivo?
“A arrumação de trabalhos que é feita à quinta-feira, que
devemos fazê-la juntamente com o Mapa das Atividades. Aquele
mapa de atividades onde nós vimos quais as áreas mais
trabalhadas, áreas menos trabalhadas pela criança, e que o
fazemos? Pensar o quê que vamos fazer na semana seguinte e o
quê que tu tens que trabalhar mais? Isso eu faço juntamente
com as crianças, depois de fazer aquela [não perceptível], (…),
mas depois de fazer aquela, fazemos a arrumação de trabalhos,
e vamos ver aquilo que está escrito [planeado], se na prática
aquilo se concretiza, e além de tudo é para nós vermos nos
trabalhos dos meninos se tem havido evolução, ou se não há
evolução; o quê que eles já acrescentam nos seus trabalhos; o
quê que ele precisa acrescentar.Portanto, isto é uma forma de
“cresceu” ou nós vamos ajudá-lo a “crescer”, e vamos lhe dizer:
ainda podias fazer isto, isto e aquilo. Olha, dizemos-lhe o que já
pode fazer por exemplo, ou acrescentar mais um pormenor.
A pedagogia do MEM desenvolve-se e progride num processo permanente de construção e reconstrução, submetida À análise crítica, que procura responder ao porquê e ao para quê , num contexto de exigências sociais.
Iniciação das práticas democráticas
Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autênticos da construção da cultura no seu
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
309
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Quando lhes pede para eles se pronunciarem sobre o trabalho
dos outros como é que entende isso e porquê? Porque faz isso?
É o ajudar a crescer, o intuito é sempre eles observarem, e
fazerem qualquer comentário ao trabalho dos outros, eles
verem que o colega cresceu. E, quando eles estão a ver o que o
colega já é capaz, eles também estão a aprender, e portanto, o
objetivo para mim disto é eles aprenderem também uns com os
outros.
quotidiano (homologia de processos)
As práticas escolares dão sentido social Às aprendizagens das crianças através da partilha dos saberes e das formas de intervenção social
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
310
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
311
33. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO - O8MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
08MEB
8 de
Maio de 2008
Sala de Atividades
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 20
crianças. Idade:3/4/5 anos
• Leitura de Conto-Desenv da Linguagem
• Iniciação à Matemática
• Escrita
• Jogos Livres
1 - Biblioteca
2 – Espaço Leitura
3 – Área de construções
4 – Área de Experiências /expressões
5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos
7 – Espaço Informático
8 – Mesa de Trabalho Coletivo
9 – Casa das Bonecas
10 – Área Jogos/construções
7
2
5 4
3 9
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
312
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
13h 00m
13h 15m
13h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância:
Chegada ao jardim-de-infância.
Todas as crianças estão na área exterior do jardim-de-
infância, atividades livres de exterior.
As crianças regressam do recreio. Vão entrando na sala e
dirigem-se para a mesa central e sentam-se à sua volta.
O educador solicita aos responsáveis pelas presenças que
o façam que executem a sua tarefa. E, de imediato, duas crianças
dirigem-se ao mapa de presenças e fazem a respetiva contagem.
Uma criança conta as faltas, a outra conta as presenças. [uma
criança das mais velhas e uma das mais novas].
“Vieram quantas?” pergunta o educador, dirigindo-se ao
calendário que estava no outro extremo da sala e, aponta para o
dia 12, como dia provável para regresso de uma criança que
estava a faltar. […, pequenos diálogos não perceptíveis entre o
educador e as crianças].
“Vamos por um sozinho numa caixa” (…)
Vários diálogos iam decorrendo na sala de aula entre o
grupo de crianças. Sobressaía a voz do educador dando algumas
indicações a perguntas que individualmente as crianças iam
fazendo. (…)
E -“ (…) é sinal que vão começar a fazer o casulo”
C -“eles não gostam de amoras?”
E – “é verdade, eles só comem folhas. (…) é como já vimos,
a vida deles é comer, comer, e o quê a acontece? Ficam gordos e,
depois ficam parados e vão começar A fazer o casulo”.
(…) hoje de manhã começamos a contar quantos já estão a
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS O exercício de práticas democráticas e a organização partilhada verificou-se quando o educador solicita aos “Responsáveis” para executarem as suas tarefas, sem mais dizer, e desta forma, concretiza os princípios de uma Pedagogia da cooperação educativa – em que os “responsáveis” colocam em exercício as práticas assumidas em conselho
- O papel do “Responsável
Construin
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
313
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
13h 45m
fazer o casulo (…), mas agora o que importa responder, porquê
que um era riscado e o outro é liso, (…). Então, o que tem riscas
[termo utilizado riscado] é o macho. Depois o que começa a
fazer? (…) Começa a lavar a baba”.
Agora o que vamos então fazer?
(…) Vamos deixa-lo numa caixinha pequenina, para ele
fazer o casulo. Ele está muito penduradinho numa folha.
Ele está muito pendurado e, está a começar a deitar a
baba”.
(…)
O educador começa a cantar uma canção que as crianças
começam a acompanhar.
O educador vai buscar um livrinho. As crianças afastam-se
um pouco da mesa [rotina interiorizada], todos ao mesmo
tempo. Silêncio absoluto.
O educador mostra o livro e pede a uma criança para
identificar o título. Prontamente a criança responde e diz o nome
correto do livro. E, indica com o seu dedo onde está o título. O
educador pede novamente ao grupo que repita o nome do livro e
pergunta indicando: “Como se chama isto? [título] E isto?”
C - Uma criança responde: “É o autor. Foi quem escreveu o
livro”.
E - “A história chama-se?”
- O sapo apaixonado. Foi dito em grupo. A maior parte das
crianças conhecia a história. Este grupo de crianças estava
sentado no tapete em silêncio absoluto e ouvindo o educador a
ler. Ao mesmo tempo, ia fazendo pequenas pausas para fazer
comparações com exemplos da vida real. A sua entoação de voz
era melodiosa e falava muito baixinho. As crianças estavam
fixadas com o olhar em si. Ao mesmo tempo, pequenas
interrupções vão surgindo com comentários das crianças (…): -
do Jornadas de Aprendizagem - A Ciência - “A brincar”
A hora do conto – estimulação à leitura e à escrita
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
314
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
14h 00m
“essa página está maravilhosa; esses desenhos estão lindos; é ele
[sapo] a dar a notícia e eles a conversar”;
As crianças imitam alguns gestos que o educador ia
fazendo, reproduziam os mesmos gestos. [ex: o mão tocando no
peito, imitando o bater do coração, tum, tum-tum, tum-tum]. (…)
Vitória e vitória, acabou-se a história.
E - “Agora, quero ouvir o que vocês pensam da história”
“É linda”; “Eu também gostei”; “Eu também tenho essa
história”; “Também?”- respondeu o educador.
Uma criança começou a reproduzir a história: “ (…), a pata
foi ajudar quando a pata caiu.”; o educador corrigiu e ajudou a
criança a concretizar verbalmente a frase que a criança queria
dizer, mas que, repetidamente, se enganava. Depois, o educador
chamou o nome de outra criança, e diz-lhe que também o quer
ouvir.
A criança responde, não que sem antes, todos aguardaram
as suas palavras. Depois, de uma pequena pausa a criança diz:
“Gostei de ver o sapo apaixonado” – o educador, informa:
“Deixem ele pensar” (…).
“Ah, porque conseguiu dar flores à pata. É isso?
Muitas crianças vão fazendo as suas apreciações. “Eu
gostei de quando o sapo caiu, e porque o sapo caiu (…), porque
ele andava a saltar daquela maneira” e insiste: “porque ele
estava orgulhoso porque ele precisava de mostrar qualquer coisa
para a pata ver”
“ E eu gostei de quando o sapo se magoou” – disse uma
criança;
“Ah foi? E porquê? – questiona a educadora.
“Porque foi aí que a pata se apaixonou” (…);
“Atenção grandes e atenção pequenas”. As crianças
ficaram contentíssimas quando verificaram que o educador se
Desenvolvimento da linguagem -Iniciação à leitura
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
315
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
dirigia a uma zona de materiais. Automaticamente identificaram
o que o educador ia fazer; coisa que não aconteceu com o
investigador. “Vamos agora trabalhar com uma máquina
automática que eu aqui tenho” – afirma o educador.
“Eu vou meter este cartão na máquina e esta vai juntar
mais alguns números e, vão ter que descobrir o resultado”.
O grupo reuniu-se à volta da mesa de trabalho coletivo. O
educador juntou a si uma mesa e no “Jogo faz de conta” montou
uma “máquina de calcular” [tapou a frente da mesa que puxou
para junto de si, colocou duas peças de cores diferentes, e
colocou grandes peças de dominó em cima da mesa]
“Então Sebastião, que algarismo este cartão tem? [2]
Quantas bolas tem?” A criança responde.
“Então agora vou meter o cartão na máquina. Com
quantos vou ficar?” A criança acertou. Ao mesmo tempo uma
outra criança diz como conseguiu o resultado. Tinha juntado os
dois dedinhos e + um e, claro dava três, dizia ela.
O mesmo tipo de exercício foi repetido com o algarismo 5.
A maioria das crianças conseguiram com facilidade, prontamente
responderam.
“Agora vou fazer um mais difícil. Atenção! Quantas
pintinhas tem este cartão?” as crianças vão contando em voz
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
316
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
14h 15m
alta. “vou colocá-lo na máquina do + 1. Quantos vai dar
Noémia?”
A criança responde “Pode ser o nove”
“Pode ser ou é o nove? Pergunta a educadora (…). O sete
ainda não foi reclama uma criança, embora o educador não
tenha ouvido.
“Isto é para brincar mas também é para pensar. É para
aprenderem a contar. Que nº é este Sebastião? [3] Quantas bolas
estão aqui?” a criança demora algum tempo a responder e há
uma outra que tenta ajudá-lo, mas o educador interfere e diz que
ele sabe pensar.
“Vou colocar novamente na máquina, e vamos ver que nº
dá?”. Algumas crianças entusiasmadas com o jogo relembram o
educador que ainda não lhes tinha sido perguntado nenhum
resultado.
Não é preciso contar as bolas porque está aí o nº, diz um
ao educador. É o 4. (…) Continuação do jogo, nos mesmos
moldes.
Descrição: “Eu tenho uma ideia. Fechem os olhinhos e esta
é para o António. Quantos vai dar? Estou a perguntar só ao
António, Maria. (…), agora esta vai para o Felicio, só que a
máquina já não vai ser a mesma, agora vai deixar de juntar e
somar, mais vai tirar, vai ser a máquina de retirar de diminuir.
Então que cartão é este?” a criança responde 5. “Mas a máquina
agora vai tirar 1, com quantos é que vamos ficar?”
4 – Responde a criança. “Será?” – todo o grupo confirma.
O educador vai rodando por as várias crianças que ainda
não tinham respondido. Algumas, insistentemente, queriam
responder, a que o educador tinha que lembrar que agora não
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
317
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
14
h 30m
era a sua vez.
“Agora vou fazer um muito, muito, muito mais difícil e é
para a Catarina? Repara bem, agora a máquina é azul” e, espera
que todos estejam em silêncio e mostra uma peça. [6], agora vou
meter na máquina do dois. O que vai sair?”A criança responde 8.
“Será que é esse nº?” – pergunta ao grupo. Alguns
confirmam. (…)
O educador continua, mas agora, já não mostra o
algarismo, deixa apenas observar as pintinhas da peça do
dominó. Pede à Almerinda que junte + 2 e que pense. “Silêncio” –
todas as crianças observam – a criança respondeu muito baixinho
7. “Muito bem” [Esta criança recusasse a falar para ao grande
grupo, só o faz quando está na interacção direta com nº reduzido
crianças ou com o educador] – mas como ela falou tão baixinho,
uma criança referiu indignada: “Como é possível, ela só fala na
rua [recreio].
O educador começa a cantar: mãos para cima, a brilhar,
boca fechada sem falar, sentados nas cadeiras, costas direitinhas,
olhem para mim. A canção ritmada serviu para o grupo
uniformizar procedimentos e focarem a atenção no educador.
De imediato, começa a ser distribuídas diferentes atividades pelo
grupo. Algumas crianças solicitam se podem ir para os jogos de
mesa, mas são dadas indicações que os “grandes”, continuavam
sentados a trabalhar na mesa com o educador.
“Um criança responde isso não é justo”.
O educador dá por falta de uma criança e chama-a. Ficam
à volta de uma mesa quadrada 9 crianças. Começa a distribuir os
cadernos de escrita espontânea, a todos.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
318
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
14h 45m
Todo o restante grupo distribui-se por várias áreas: 2
crianças nos jogos de mesa;
2 crianças no computador; 4 crianças jogos de chão.
O educador fixa-se no espaço para trabalhar com o grupo
dos mais velhos. Vai mantendo alguns diálogos e pede atenção,
refere a ainda não distribuiu trabalho, por isso, ainda não sabiam
o que era preciso fazer. (…)“Cada um vai se preocupar só consigo.
Posso explicar? Para depois todos saberem? (…) eu tenho aqui
vários pratos com bolinhas que vou mostrar. Cada um vê. Depois
contam quantos bolas ., olham muito bem, e cada um se
preocupa consigo”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
319
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
15h 00m
De seguida cada criança começa a reproduzir o que a
educadora lhe mostrando.
Trabalho final.
Todo o restante grupo se mantém ocupado com as suas
atividades.
Fim de Observação
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
320
34. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – O9MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
09MEB
14
de Mai
o de 2008
Sala de Atividades
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 20 crianças. Idade: 3/4/5 anos
• Leitura de Conto-Desenv da
Linguagem
• Iniciação à Matemática
• Escrita
• Jogos Livres
1 - Biblioteca
2 – Espaço Leitura
3 – Área de construções
4 – Área de Experiências /expressões
5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos
7 – Espaço Informático
8 – Mesa de Trabalho Coletivo
9 – Casa das Bonecas
10 – Área Jogos/construções
7
2
5 4
3 9
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
321
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h
30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância:
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças no espaço da sala de
aula pelo educador o educador procede ao acolhimento das
crianças, e em simultâneo procede à despedida do familiar que
as acompanha. Dirige algumas palavras para dar atenção, a uma
ou outra criança, que chega, pois estas sentem alguma
dificuldade em separar-se o seu familiar. Quase todas as crianças
já chegaram e encontra sentadas na mesa central da sala de
aula, todos falam entre si, aguardando que o educador se junte
a elas.
(..) as crianças falam com o educador sobre episódios
relacionados com as suas famílias e o educador, de seguida
começa a falar sobre o que teriam para fazer naquele dia,
relembra que, hoje, tinham entre as várias tarefas uma seria
diferente, ou seja, vinha à escola a mãe do Francisco fazer uma
atividade com todos. As crianças manifestam a sua opinião
sobre o que gostariam de fazer, mas aquelas que não tinham
acabado os trabalhos deveriam ir acabar ou continuar, sugeriu o
educador. Hoje, há muito para fazer, “como hoje de tarde temos
uma festa de aniversário, não vai poder haver duas atividades”,
diz. o educador regista rapidamente no seu caderno as mensagens
expressas.
(…). Está escrito nas regras da sala que se chamam os
meninos pelo nome, por isso, ela não gostou que lhe chamassem
gordo. Estas foram as primeiras palavras que o educador utilizou
para introduzir a temática que iria desenvolver de seguida e
explicar pequenas regras de sociedade e hábitos que as pessoas
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO EDUCATIVO
Planeamento de Atividades e projetos – A Regulação cooperada das atividades
No acolhimento pela manhã o educador proporciona uma pequena conversa procurando que todas crianças participem e se expressem livremente a partir da suas experiências, das suas opiniões e ideias, previamente antes de passar ao planeamento e gestão das atividades de cada criança ou do grupo e, em simultâneo, o educador regista
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
322
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
9h 45m
deveriam ter umas para com as outras. (…) As crianças iam
participando com nos diálogos e explicando, também, as suas
opiniões sobre hábitos de cidadania.
O educador foi dando sempre a voz a todas as crianças
que queriam participar, entre elas, uma menina tinha entrado
hoje na escola a chorar, referiu que o seu avô está a fazer um
tratamento muito grande, para diminuir a barriga para se tratar
e, “ele não pode vir cá, porque onde ele está não há aviões,
comboios, carros, não há nada para ele poder voltar” e, que
hoje, tinha sido a sua mãe e a sua tia que tinham vindo as duas
trazê-la à escola (…) “Então vieste com as duas e fizeste uma fita
destas para entrar na escola?”, perguntou o educador? A que a
criança respondeu que ela queria ir com a mãe, só que não
podia.
E - “Hoje, não podemos continuar o trabalho, porquê?”
“Está a chover. Eu vou à horta medir o tomateiro, mas, só
se não chover. E tu tens que acabar aquele trabalho no
computador, dirigindo-se especialmente a uma criança. Vou
pedir aos meninos que estão comigo no projeto do bicho-da-
seda para virem fazer o registo. Os outros vão acabar os
trabalhos que têm que ser terminados. Quem é da arrumação da
sala?
E continuou dado as orientações para que o grupo se
distribuísse pelas atividades.
As crianças dirigiram-se ordeiramente para o mapa de
registo das atividades e, aí fizeram a marcação do que vão fazer
fazendo o respetivo registo. (…)
- Dois meses. (…) Então, nós guardamos a caixa quanto
tempo? Um mês?
rapidamente no seu caderno as mensagens expressas. Hoje, havia que contar com a participação de mãe de uma criança, por isso, algumas atividades não podiam ser desenvolvidas
PRESSUPOSTO EDUCATIVO o MEM – a livre expressão das crianças reforçado pela valorização pública das suas experiências, das suas opiniões e ideias, torna-se visível através da disponibilidade do educador registar as mensagens das crianças, estimular a sua fala levando a criança a expor [falar] e a comunicar
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E INSTRUMENTOS DE REGISTO - Registos das atividades efetuados pelas crianças
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
323
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
10h 00m
R - Não.
E – “Agora vamos ver só o que é que os meninos ainda se
lembram. Os bichos nasceram de quê?
R – Nascem de ovos.
E – Para nascer o que é que eles precisam de fazer? (um
momento)
R – Para nascerem, comem um pouco da casca do ovo.
E – É a 1ª coisa que eles fazem é comerem um pouco da
casca do ovo. Tu já não queres saber isso? [isto porque havia
uma criança que estava inquieta].
E olhando para o investigador o educador disse que eles
vão ter de ir “dar uma aula de sapiência” às outras crianças do
jardim-de-infância.
(…) Eles também têm que comer folhas das árvores.
Quando eles nascem.
E – Qual é a altura em que eles nascem?
R – “como a formiga”.
E – “Eu não perguntei isso. Perguntei que é que eles
nascem?”
R –“ Maio”.
E – “Mas, Maio estamos nós agora. Posso ver os meus
papéis. E puxa das folhas A4 e começa a procurar. (…). Não se
lembram. Tenho muitos papéis, e eu também não me lembro. (
…) e lê para todos o texto que tinha recolhido para a elaboração
do projeto.
A Ciência - “A brincar”
AVALIAÇÃO FORMATIVA EM COOPERAÇÃO Avaliação formativa em cooperação - Comunicações às outras classes
Partilha do
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
324
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
Nascem quando aparecem as folhas, e de que tamanho
têm que nascer?
R – “Do tamanho de uma formiga”
E – “E depois, o que é que eles precisam para crescer? O
que é que eles sabem fazer? E depois?
R – “Comer, comer, comer e mais comer.”e deitam um
líquido e fazem um casulo.
E – Muito bem.
Como é que eles fazem o casulo? Como é que eles eram?”
R – “Os machos eram às riscas e as fêmeas eram lisas.
Ao mesmo tempo que ia dialogando com o pequeno grupo
o educador foi utilizando o seu caderno de registos.
(…) Foi relembrando alguns pontos que as crianças não
deveriam esquecer quando fossem fazer a apresentação e
respondeu a uma questão colocada por algumas crianças sobre
o porquê da escolha das crianças para fazer a referida
apresentação. As escolhidas tinham sido aquelas que tinham
mostrado maior interesse pelo tema.
(…)
E – “Para que serve o casulo? Quando o casulo abre, nasce
uma borboleta. E o que acontece dentro do casulo? A lagarta
torna-se borboleta e depois? Faz um buraquinho para sair e
procura o macho para acasalar. Depois? Põe ovos. E a seguir?”
Solicita a uma criança diretamente pelo seu nome que
responda. A criança responde, mas há alguns pormenores que
não se lembra.
E – “Onde é que devem ser guardados os bichos (…) falta
trabalho realizado a outras turmas
Desenvolvimento da linguagem -Iniciação à leitura
O Instrumento: caderno de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
325
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
10h 15m
mais alguma coisa. João lembras-te se falamos em tudo ou falta
ainda alguma coisa? O que se faz com os casulos? [pele]
R – “A seda”.
E – “E serve para quê? (…) vamos pedir à mãe para ver se
tem lá em casa um tecido de seda. Com certeza que deve haver
qualquer coisa feita com a seda. Vamos descobrir?
O educador dá instruções ao António para que durante a
apresentação seja ele a fazer a distinção entre o macho e a
fêmea, a Joana ficou encarregada de apresentar s cuidados a ter
com os casulos e explicitar como são formados ao Rodrigo ficou
destinado a distinção que deverá ser feita na transformação do
casulo e ainda uma outra criança ficou responsável pela
explicitação da alimentação com as folhas das amoreiras e que
tipo de folhas. (…)
C – “Falta ainda qualquer coisa, relembra uma criança,
falta por o João?”
E – “ O João vai para o projeto da Tapeçaria”, relembra.
A criança ouvindo o educador pergunta quando será
então realizada essa tarefa? Ao que o educador respondeu que
essa tarefa tinha que ser desenvolvida com a ajuda dos pais. As
crianças continuam a trabalhar, o educador recolhe um registo
que tinha sido efetuado numa folhinha de papel e faz a sua
descrição ao observador explicitando o porquê, referindo que já
no dia anterior tinha acontecido. Aquele registo tinha que ser
transformado.
Numa brincadeira de cálculo mental o educador
perguntou. “Tenho aqui quatro lápis – dou-te mais três. Quanto
ficas?”
R – “ 7”.
registos.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
326
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
E – “ Como fizeste? Lembrei-me do nº que tinha a seguir
ao 4 e contei.” Este registo se não tivesse sido feito na hora, não
era possível, esquecia, não era possível lembrar mas tarde.
O educador foi para junto do grupo que estava com o
projeto de tapeçaria e ajudou as duas crianças que estavam
nesta área de atividades, no período acabado de descrever.
Ao mesmo tempo, na biblioteca estavam duas crianças
sentadas no sofá e a folhear uns livros; na casinha das bonecas
brincava uma criança sozinha; na zona de jogos de chão duas
crianças montavam um castelo e na mesa central de atividades
coletivas duas crianças começavam a preparar uma coroa para
oferecer na festa de aniversário no fim de tarde quando todas as
crianças estão reunidas. (…)
Uma criança chama a atenção do educador “olha para a
minha garagem”, ao que o educador respondeu que estava
muito bem. “É para o momento da comunicação”.
Uma criança dirige-se ao Mapa de Registos de Atividades
e faz o registo respetivo, de seguida junta-se às crianças que
estavam na área de jogos de chão. [deixara a Biblioteca]. A
criança que brincava sozinha na casinha das bonecas sorria para
os colegas enquanto tentava alimentar os seus bonecos.
(…) Toda a classe se mantém em atividade. Uma criança
vem mostrar o seu trabalho ao educador e diz-lhe para ser
tirada uma fotografia. Antes, este observara a serem tiradas
algumas fotos. O educador pediu que fosse tirada a foto.
A este propósito o educador disse que gosta de ir tirando
algumas fotos como forma de guardar e efetuar alguns registos
de s trabalhos que vão sendo efetuados pelas crianças e que se
não forem, de imediato, registados através de fotos, isso depois
não é possível, porque há necessidade de fazer outras coisas
com os mesmos materiais e depois têm que ser desmanchados,
Construção de jornadas de aprendizagem – as atividades lúdicas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
327
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
10h 30m
10h 45m
e também, porque têm muito falta de espaço para guardar certo
tipo de trabalhos.
A criança que primeiramente fora para a Biblioteca, aí
continuava, mas agora só, indiferente ao movimento que se
passava na sala.
Na área de ESCRITA ESPONTÂNEA foram trabalhar duas
crianças. Repetiam o trabalho que na semana anterior o
investigador observara. Não falavam. Reproduziam em escrita
através dos Blocos Lógicos. A criança da Biblioteca levantou-se
foi ao Mapa de Registo das Atividades. Ficou a pensar, com a
caneta na mão, observava a sala e o grupo de crianças em
atividade antes de se decidir para qual atividade ir fazer. A ela
juntou-se mais um colega. Falaram. Continuaram a olhar para os
diversos grupos de trabalho. Por fim retirou a tampa da caneta e
marcou a sua atividade escolhida. Passou a caneta ao seu colega
e de seguida dirigiu-se ao educador, dirige-lhe algumas palavras
[não perceptíveis) e este relembra-a que só era possível estar
três meninos [crianças], e também lhe perguntou se antes ela já
tinha feito a respetiva marcação no Mapa de atividades. A
criança respondeu que sim.
Foi buscar uma caixa de construções [madeira]. O espaço
era pouco para trabalhar com este material, ajeitou o material
dos colegas, mas estes entenderam que era melhor fazer
diferente. Recolocaram as caixas de material e colocaram-no de
modo a que as três crianças pudessem ficar juntas no mesmo
espaço [Jogos de Chão].
Construindo jornadas de aprendizagem
O Mapa de Atividades
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
328
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
O educador continuava sentado a trabalhar com uma
criança na zona dos Projetos de Tapeçaria. Questiona uma
criança se tinha feito o trabalho para o colega. Este responde-lhe
que não, ao que o educador lhe diz: “Então vai fazer”.
Na Área da Casinha, estavam agora três rapazes a
ocuparem-se com brincadeiras de “organização caseira”, faziam
o faz-de-conta “a mãe, a avó”
Uma criança chega e o educador levanta-se e dirige-se à
porta de entrada da sala e vai recebê-la. Ela já estava,
juntamente com o seu pai a marcar a presença no mapa de
presenças.
Na mesa de trabalho coletiva as duas crianças
encarregues de fazer a coroa para o colega da tarde, faziam-no,
mas já tinham junto a elas mais três que se tinham ido juntar.
Uma criança veio junto do investigador, mostra-lhe um
trabalho e diz-lhe que este era para o momento da
Comunicação.
O educador chama a atenção das crianças que estavam na
zona da construção de jogos de chão que tinham que terminar,
não será para arrumar, mas o educador queria ver como ficara e
aquele trabalho também “seria para ser analisado da parte da
tarde”. Uma criança aproxima-se do educador e leva-lhe o
trabalho que realizou no Caderno de Escrita Espontânea. (…)
E – “O que combinámos no último Conselho? Quantos
Os Jogos de Chão
Os Projetos
o mapa de presenças.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
329
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
11h 00m
meninos estão nos jogos de chão?”- relembra.
Foram mantidos pequenos diálogos com algumas
crianças.
Uma criança vai avisar que esta terminado o trabalho à
sala do lado. O educador pede ajuda para que seja conferido o
nome das crianças que estão encarregues das tarefas de sala.
Uma criança vai ler [e consegue identificar os nomes dos
responsáveis]. Fala em voz alta para o educar identificando o
nome das crianças.
10h 55m A sala começa a ser reorganizada [arrumados ao
materiais das tarefas, trabalhos acabados e ainda por acabar] As
construções de chão o momento da comunicação a realizar da
parte da tarde ficam no mesmo espaço. Um dos responsáveis vai
buscar uma pá e uma vassoura e começa a limpar o chão.
O educador começa a cantar uma canção com mímica. As
crianças sentam-se à volta da mesa coletiva e continuam a
mesma canção. Chega mais uma criança. O educador teve que ir
buscá-la ao colo. É feito o registo da sua presença no mapa. O
responsável pela distribuição dos leites fazia a contagem do n.º
de crianças na sala [uma criança mais nova], com a ajuda de uma
outra criança [uma criança das mais velhas].
E – “Preciso de ti ali, rápido” (…). Já estão todos à volta da
mesa. Está na hora do lanche da manhã. “Quantos meninos
faltam hoje?” (…). A criança respondeu. E foi iniciada a
distribuição do leite do lanche. (…).
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
A prática democrática e a organização partilhada - O papel do “Responsável” ela limpeza
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
A prática democrática e a organização partilhada - O papel do “Responsável” pela distribuição d leite
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
330
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
Fim de Observação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
331
35. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - OB9MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
09MEB
14 de Maio de 2008
Sala de Atividades
1 - Educador 1 - AAE Grupo de 20 crianças. Idade: 3/4/5 anos
• Leitura de Conto-Desenv da
Linguagem
• Iniciação à Matemática
• Escrita
• Jogos Livres
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
7
2
5 4
3 9
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância:
Chegada ao jardim-de-infância.
Recepção e acolhimento das crianças no espaço da sala de
aula pelo educador o educador procede ao acolhimento das
crianças, e em simultâneo procede à despedida do familiar que
as acompanha. Dirige algumas palavras para dar atenção, a uma
ou outra criança, que chega, pois estas sentem alguma
dificuldade em separar-se o seu familiar. Quase todas as crianças
já chegaram e encontra sentadas na mesa central da sala de
aula, todos falam entre si, aguardando que o educador se junte
a elas.
(..) as crianças falam com o educador sobre episódios
relacionados com as suas famílias e o educador, de seguida
começa a falar sobre o que teriam para fazer naquele dia,
relembra que, hoje, tinham entre as várias tarefas uma seria
diferente, ou seja, vinha à escola a mãe do Francisco fazer uma
atividade com todos. As crianças manifestam a sua opinião
sobre o que gostariam de fazer, mas aquelas que não tinham
acabado os trabalhos deveriam ir acabar ou continuar, sugeriu o
educador. Hoje, há muito para fazer, “como hoje de tarde temos
uma festa de aniversário, não vai poder haver duas atividades”,
diz. o educador regista rapidamente no seu caderno as mensagens
expressas.
(…). Está escrito nas regras da sala que se chamam os
meninos pelo nome, por isso, ela não gostou que lhe chamassem
gordo. Estas foram as primeiras palavras que o educador utilizou
para introduzir a temática que iria desenvolver de seguida e
explicar pequenas regras de sociedade e hábitos que as pessoas
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO EDUCATIVO
Planeamento de Atividades e projetos – A Regulação cooperada das atividades
No acolhimento pela manhã o educador proporciona uma pequena conversa procurando que todas crianças participem e se expressem livremente a partir da suas experiências, das suas opiniões e ideias, previamente antes de passar ao planeamento e gestão das atividades de cada criança ou do grupo e, em simultâneo, o
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
333
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 45m
deveriam ter umas para com as outras. (…) As crianças iam
participando com nos diálogos e explicando, também, as suas
opiniões sobre hábitos de cidadania.
O educador foi dando sempre a voz a todas as crianças
que queriam participar, entre elas, uma menina tinha entrado
hoje na escola a chorar, referiu que o seu avô está a fazer um
tratamento muito grande, para diminuir a barriga para se tratar
e, “ele não pode vir cá, porque onde ele está não há aviões,
comboios, carros, não há nada para ele poder voltar” e, que
hoje, tinha sido a sua mãe e a sua tia que tinham vindo as duas
trazê-la à escola (…) “Então vieste com as duas e fizeste uma fita
destas para entrar na escola?”, perguntou o educador? A que a
criança respondeu que ela queria ir com a mãe, só que não
podia.
E - “Hoje, não podemos continuar o trabalho, porquê?”
“Está a chover. Eu vou à horta medir o tomateiro, mas, só
se não chover. E tu tens que acabar aquele trabalho no
computador, dirigindo-se especialmente a uma criança. Vou
pedir aos meninos que estão comigo no projeto do bicho-da-
seda para virem fazer o registo. Os outros vão acabar os
trabalhos que têm que ser terminados. Quem é da arrumação da
sala?
E continuou dado as orientações para que o grupo se
distribuísse pelas atividades.
As crianças dirigiram-se ordeiramente para o mapa de
registo das atividades e, aí fizeram a marcação do que vão fazer
fazendo o respetivo registo. (…)
- Dois meses. (…) Então, nós guardamos a caixa quanto
tempo? Um mês?
educador regista rapidamente no seu caderno as mensagens expressas. Hoje, havia que contar com a participação de mãe de uma criança, por isso, algumas atividades não podiam ser desenvolvidas
PRESSUPOSTO EDUCATIVO o MEM – a livre expressão das crianças reforçado pela valorização pública das suas experiências, das suas opiniões e ideias, torna-se visível através da disponibilidade do educador registar as mensagens das crianças, estimular a sua fala levando a criança a expor [falar] e a comunicar
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E INSTRUMENTOS DE REGISTO - Registos das atividades efetuados pelas crianças
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
334
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00m
R - Não.
E – “Agora vamos ver só o que é que os meninos ainda se
lembram. Os bichos nasceram de quê?
R – Nascem de ovos.
E – Para nascer o que é que eles precisam de fazer? (um
momento)
R – Para nascerem, comem um pouco da casca do ovo.
E – É a 1ª coisa que eles fazem é comerem um pouco da
casca do ovo. Tu já não queres saber isso? [isto porque havia
uma criança que estava inquieta].
E olhando para o investigador o educador disse que eles
vão ter de ir “dar uma aula de sapiência” às outras crianças do
jardim-de-infância.
(…) Eles também têm que comer folhas das árvores.
Quando eles nascem.
E – Qual é a altura em que eles nascem?
R – “como a formiga”.
E – “Eu não perguntei isso. Perguntei que é que eles
nascem?”
R –“ Maio”.
E – “Mas, Maio estamos nós agora. Posso ver os meus
papéis. E puxa das folhas A4 e começa a procurar. (…). Não se
lembram. Tenho muitos papéis, e eu também não me lembro. (
…) e lê para todos o texto que tinha recolhido para a elaboração
do projeto.
A Ciência - “A brincar”
AVALIAÇÃO FORMATIVA EM COOPERAÇÃO Avaliação formativa em cooperação - Comunicações às outras classes
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
335
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Nascem quando aparecem as folhas, e de que tamanho
têm que nascer?
R – “Do tamanho de uma formiga”
E – “E depois, o que é que eles precisam para crescer? O
que é que eles sabem fazer? E depois?
R – “Comer, comer, comer e mais comer.”e deitam um
líquido e fazem um casulo.
E – Muito bem.
Como é que eles fazem o casulo? Como é que eles eram?”
R – “Os machos eram às riscas e as fêmeas eram lisas.
Ao mesmo tempo que ia dialogando com o pequeno grupo
o educador foi utilizando o seu caderno de registos.
(…) Foi relembrando alguns pontos que as crianças não
deveriam esquecer quando fossem fazer a apresentação e
respondeu a uma questão colocada por algumas crianças sobre
o porquê da escolha das crianças para fazer a referida
apresentação. As escolhidas tinham sido aquelas que tinham
mostrado maior interesse pelo tema.
(…)
E – “Para que serve o casulo? Quando o casulo abre, nasce
uma borboleta. E o que acontece dentro do casulo? A lagarta
torna-se borboleta e depois? Faz um buraquinho para sair e
procura o macho para acasalar. Depois? Põe ovos. E a seguir?”
Solicita a uma criança diretamente pelo seu nome que
responda. A criança responde, mas há alguns pormenores que
não se lembra.
E – “Onde é que devem ser guardados os bichos (…) falta
Partilha do trabalho realizado a outras turmas
Desenvolvimento da linguagem -Iniciação à leitura
O Instrumento: caderno de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
336
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 15m
mais alguma coisa. João lembras-te se falamos em tudo ou falta
ainda alguma coisa? O que se faz com os casulos? [pele]
R – “A seda”.
E – “E serve para quê? (…) vamos pedir à mãe para ver se
tem lá em casa um tecido de seda. Com certeza que deve haver
qualquer coisa feita com a seda. Vamos descobrir?
O educador dá instruções ao António para que durante a
apresentação seja ele a fazer a distinção entre o macho e a
fêmea, a Joana ficou encarregada de apresentar s cuidados a ter
com os casulos e explicitar como são formados ao Rodrigo ficou
destinado a distinção que deverá ser feita na transformação do
casulo e ainda uma outra criança ficou responsável pela
explicitação da alimentação com as folhas das amoreiras e que
tipo de folhas. (…)
C – “Falta ainda qualquer coisa, relembra uma criança,
falta por o João?”
E – “ O João vai para o projeto da Tapeçaria”, relembra.
A criança ouvindo o educador pergunta quando será
então realizada essa tarefa? Ao que o educador respondeu que
essa tarefa tinha que ser desenvolvida com a ajuda dos pais. As
crianças continuam a trabalhar, o educador recolhe um registo
que tinha sido efetuado numa folhinha de papel e faz a sua
descrição ao observador explicitando o porquê, referindo que já
no dia anterior tinha acontecido. Aquele registo tinha que ser
transformado.
Numa brincadeira de cálculo mental o educador
perguntou. “Tenho aqui quatro lápis – dou-te mais três. Quanto
ficas?”
R – “ 7”.
registos.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
337
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
E – “ Como fizeste? Lembrei-me do nº que tinha a seguir
ao 4 e contei.” Este registo se não tivesse sido feito na hora, não
era possível, esquecia, não era possível lembrar mas tarde.
O educador foi para junto do grupo que estava com o
projeto de tapeçaria e ajudou as duas crianças que estavam
nesta área de atividades, no período acabado de descrever.
Ao mesmo tempo, na biblioteca estavam duas crianças
sentadas no sofá e a folhear uns livros; na casinha das bonecas
brincava uma criança sozinha; na zona de jogos de chão duas
crianças montavam um castelo e na mesa central de atividades
coletivas duas crianças começavam a preparar uma coroa para
oferecer na festa de aniversário no fim de tarde quando todas as
crianças estão reunidas. (…)
Uma criança chama a atenção do educador “olha para a
minha garagem”, ao que o educador respondeu que estava
muito bem. “É para o momento da comunicação”.
Uma criança dirige-se ao Mapa de Registos de Atividades
e faz o registo respetivo, de seguida junta-se às crianças que
estavam na área de jogos de chão. [deixara a Biblioteca]. A
criança que brincava sozinha na casinha das bonecas sorria para
os colegas enquanto tentava alimentar os seus bonecos.
(…) Toda a classe se mantém em atividade. Uma criança
vem mostrar o seu trabalho ao educador e diz-lhe para ser
tirada uma fotografia. Antes, este observara a serem tiradas
algumas fotos. O educador pediu que fosse tirada a foto.
A este propósito o educador disse que gosta de ir tirando
algumas fotos como forma de guardar e efetuar alguns registos
de s trabalhos que vão sendo efetuados pelas crianças e que se
não forem, de imediato, registados através de fotos, isso depois
não é possível, porque há necessidade de fazer outras coisas
com os mesmos materiais e depois têm que ser desmanchados,
Construção de jornadas de aprendizagem – as atividades lúdicas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
338
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 30m
10h 45m
e também, porque têm muito falta de espaço para guardar certo
tipo de trabalhos.
A criança que primeiramente fora para a Biblioteca, aí
continuava, mas agora só, indiferente ao movimento que se
passava na sala.
Na área de ESCRITA ESPONTÂNEA foram trabalhar duas
crianças. Repetiam o trabalho que na semana anterior o
investigador observara. Não falavam. Reproduziam em escrita
através dos Blocos Lógicos. A criança da Biblioteca levantou-se
foi ao Mapa de Registo das Atividades. Ficou a pensar, com a
caneta na mão, observava a sala e o grupo de crianças em
atividade antes de se decidir para qual atividade ir fazer. A ela
juntou-se mais um colega. Falaram. Continuaram a olhar para os
diversos grupos de trabalho. Por fim retirou a tampa da caneta e
marcou a sua atividade escolhida. Passou a caneta ao seu colega
e de seguida dirigiu-se ao educador, dirige-lhe algumas palavras
[não perceptíveis) e este relembra-a que só era possível estar
três meninos [crianças], e também lhe perguntou se antes ela já
tinha feito a respetiva marcação no Mapa de atividades. A
criança respondeu que sim.
Foi buscar uma caixa de construções [madeira]. O espaço
era pouco para trabalhar com este material, ajeitou o material
dos colegas, mas estes entenderam que era melhor fazer
diferente. Recolocaram as caixas de material e colocaram-no de
modo a que as três crianças pudessem ficar juntas no mesmo
espaço [Jogos de Chão].
Construindo jornadas de aprendizagem
O Mapa de Atividades
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
339
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
O educador continuava sentado a trabalhar com uma
criança na zona dos Projetos de Tapeçaria. Questiona uma
criança se tinha feito o trabalho para o colega. Este responde-lhe
que não, ao que o educador lhe diz: “Então vai fazer”.
Na Área da Casinha, estavam agora três rapazes a
ocuparem-se com brincadeiras de “organização caseira”, faziam
o faz-de-conta “a mãe, a avó”
Uma criança chega e o educador levanta-se e dirige-se à
porta de entrada da sala e vai recebê-la. Ela já estava,
juntamente com o seu pai a marcar a presença no mapa de
presenças.
Na mesa de trabalho coletiva as duas crianças
encarregues de fazer a coroa para o colega da tarde, faziam-no,
mas já tinham junto a elas mais três que se tinham ido juntar.
Uma criança veio junto do investigador, mostra-lhe um
trabalho e diz-lhe que este era para o momento da
Comunicação.
O educador chama a atenção das crianças que estavam na
zona da construção de jogos de chão que tinham que terminar,
não será para arrumar, mas o educador queria ver como ficara e
aquele trabalho também “seria para ser analisado da parte da
tarde”. Uma criança aproxima-se do educador e leva-lhe o
trabalho que realizou no Caderno de Escrita Espontânea. (…)
E – “O que combinámos no último Conselho? Quantos
Os Jogos de Chão
Os Projetos
o mapa de presenças.
PRINCÍPIOS
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
340
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
meninos estão nos jogos de chão?”- relembra.
Foram mantidos pequenos diálogos com algumas
crianças.
Uma criança vai avisar que esta terminado o trabalho à
sala do lado. O educador pede ajuda para que seja conferido o
nome das crianças que estão encarregues das tarefas de sala.
Uma criança vai ler [e consegue identificar os nomes dos
responsáveis]. Fala em voz alta para o educar identificando o
nome das crianças.
10h 55m A sala começa a ser reorganizada [arrumados ao
materiais das tarefas, trabalhos acabados e ainda por acabar] As
construções de chão o momento da comunicação a realizar da
parte da tarde ficam no mesmo espaço. Um dos responsáveis vai
buscar uma pá e uma vassoura e começa a limpar o chão.
O educador começa a cantar uma canção com mímica. As
crianças sentam-se à volta da mesa coletiva e continuam a
mesma canção. Chega mais uma criança. O educador teve que ir
buscá-la ao colo. É feito o registo da sua presença no mapa. O
responsável pela distribuição dos leites fazia a contagem do n.º
de crianças na sala [uma criança mais nova], com a ajuda de uma
outra criança [uma criança das mais velhas].
E – “Preciso de ti ali, rápido” (…). Já estão todos à volta da
mesa. Está na hora do lanche da manhã. “Quantos meninos
faltam hoje?” (…). A criança respondeu. E foi iniciada a
distribuição do leite do lanche. (…).
PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
A prática democrática e a organização partilhada - O papel do “Responsável” ela limpeza
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
A prática democrática e a organização partilhada - O papel do “Responsável” pela distribuição d leite
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
341
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Fim de Observação.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
342
36. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO - OB10MEB
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES PRINCIPAIS
O10MEB
27 de Outubro 2008
Sala de Atividades
1 - Educador 2- Educadores Estagiários 1 - AAE
Grupo de 25 crianças.
Idade: 3/4/5 anos
• Atividades de Escrita
• Jogos Livres
• Computador e
• Teatro
1 - Biblioteca 2 – Espaço Leitura 3 – Área de construções 4 – Área de Experiências /expressões 5 - Apoio Materiais
6 – Arquivo Trabalhos 7 – Espaço Informático 8 – Mesa de Trabalho Coletivo 9 – Casa das Bonecas 10 - Área Jogos
2
5 4
3
0
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
343
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h30m
9h 45m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Chegado ao jardim-de-infância.
É feito o acolhimento das crianças.
O educador estabelece pequenos diálogos com as
famílias. Estas vão ajudando a marcar a presença diária, no
mapa de presenças que se encontra logo na entrada da porta.
As crianças vão-se sentando em volta da mesa coletiva
enquanto um educador estagiário vai conversando com elas. É
feito o acolhimento pela 1ª vez a uma criança. O educador faz
com ela uma volta na sala ao mesmo tempo que lhe explica o
que poderá fazer em cada uma das áreas: Biblioteca, Escrita,
Computador, Casinha, Jogos de Chão, ia ser muito fácil pois ia
ver aprender com os outros meninos, ia ver com eles faziam e
depois logo aprendia as regras da sala.
(…)
O educador junta-se ao grupo na mesa de trabalho central
e são estabelecidos os primeiros diálogos e comunicação. O
tema abordado: O que fizeram no fim-de-semana. Experiências
e vivências de fim-de-semana nas famílias, onde?, como? Com
quem? nas saídas e nas diferentes atividades que cada efetuou.
Cada criança foi individualmente dizendo as suas atividades. À
sua frente o educador tinha um caderno onde fazia registos
sobre o que o que cada criança ia expressando. [mais tarde
uma das educadoras estagiárias utilizou esses mesmos registos,
reproduzindo em escrita que ampliou numa folha de papel A3 e
a criança de seguida desenvolveu uma atividade de escrita sobre
as suas próprias citações.
INICIAÇÃO E EXERCÍCIO DA INTERVENÇÃO DEMOCRÁTICA
O mapa de presenças
Comunicação e trocas entre o professor e as crianças e, entre crianças, sobre as suas acções ou experiências. são uma maneira de construir a aprendizagem atrvés de processos cooperativos, «todos ensinam e todos aprendem» aprendizagem individual é sistematicamente
estendida a todo o grupo onde
as crianças são encorajadas a comunicar.
O educador procura que todas crianças participem e se expressem livremente a partir da suas experiências, das suas opiniões e ideias,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
344
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00m
10h 15m
10h 30m
O momento de comunicação está terminado e cada
criança, depois de ter, previamente “negociado” com o
educador tem as tarefas para realizar. Vai em primeiro lugar
fazer a marcação ao Mapa das Atividade, e depois dirige-se para
a área respetiva: pintura, escrita, jogos livres, atividades
orientadas para escrita e biblioteca.
Chega uma criança atrasada. O educador vai recebê-la.
Estabelece um pequeno diálogo com o pai. Enquanto isso
acontece um grupo de quatro cinco crianças preparam um
teatro de fantoches para, posteriormente, apresentar à classe.
Um outro grupo de crianças está junto do computador [este
ano se encontrava junto à janela no extremo oposto da sala]. Há
também crianças na área de jogos de mesa. São vários os
“patamares” de dificuldade, em múltiplas tarefas em
simultâneo. Há crianças que estão individualmente a trabalhar,
há também aos pares e em pequenos grupos. As crianças podem
livremente seleccionar o jogo que querem construir. Constroem
estes jogos/puzzles com alguma rapidez.
(…) O educador escreve o guião do teatro com as crianças
que estão na preparação do teatro fantoches. Cada criança vai
acrescentado pormenores e reforçando ideias e o que gostaria
de ver acrescentado no guião.
Enquanto isto decorria três brincavam “ao faz de conta”
na casinha.
Na área do tapete, uma criança brinca sozinha com a
construção de lego. E na mesa coletiva de trabalho estavam
duas crianças com trabalhos de escrita preparados pelos
educadores estagiários que se encontravam frente a frente,
sentados à volta da mesa de trabalho acompanhados por um
grupo de quatro crianças.
Planeamento
Planeamento de Atividades e projetos – A Regulação cooperada das atividades
a comunicação tem uma dupla função:
Primeiro, pode ser vista
como ativadora de uma função cognitiva que
ocorre quando se pede às crianças para falarem, e em segundo lugar ….
um caderno onde fazia registos
O educador acompanha e observa a atividade das crianças
aprendizagem feita através de interacções socioculturais enriquecida por adultos e pares, é o impulsionador
do desenvolvimento.
perspetiva sociocêntrica no qual o grupo se constitui como o
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
345
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
O educador vai passando pelos grupo e dando
orientações.
Decorrem alguns minutos sem que haja alterações nas
atividades do grupo.
A sala de aula apresenta um misto de atividades em
acção, sendo o leque de atividades diversificado.
No computador encontrava-se apenas uma criança.
O educador já não está junto das mesmas crianças, foi
para junto da criança que estava no computador. Junto a ela
[criança e educador] estava mais uma criança que observa o que
o educador dizia e o que a criança fazia. Este ensinava a criança
como fazer e dava algumas orientações e a criança ia
experimentando.
Na área de escrita estavam duas crianças que
trabalhavam sob o olhar do educação estagiário.
Um grupo de três crianças numa folha de tamanho A3 faz uma
colagem que aparenta ser a figura humana. Na mesa junto da janela,
na zona destinada aos jogos de construção, constrói mas cima de
folhas de papel A4, figuras geométricas.
O jogo tem três cores. As construção era diversa, com maior ou
lugar desafiador ideal para o desenvolvimento social, inteletual e moral. «Esta perspetiva de fazer do grupo-turma em cooperação, o centro de toda a atividade e de toda a dinâmica social, retira a este modelo de trabalho o enfoque pedocêntrico em que as atividades e organização do trabalho se centram na criança em abstrato.»
das crianças.
CONSTRUINDO JORNADAS DE APRENDIZAGEM teatro de fantoches, computador jogos/puzzles
O Brincar
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
346
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
menor criatividade consoantes crianças faziam e desfaziam
O educador vai para junto das crianças que se ocupavam
com o s jogos de matemática [fotografado]. As crianças brincam
manipulando e experimentando, conversam e têm entre si
momentos de completa descontracção. Apercebendo-se que
havia uma criança que na conseguia acompanhar o grupo, o
educador leva-a junto do quadro e com vários exemplos que foi
escrevendo, tenta que a criança perceba porquê q n está a
conseguir fazer igual aos seus colegas. Parecendo ter percebido,
a criança vai para junto dos seus colegas começa novamente a
tentar fazer o fogo e conseguiu. Agora a criança sorria ao olhar
para o educador, e agora sim, conseguia fazer o jogo e
responder ao educador sem dificuldade.
Nos jogos de matemática estava uma criança que tinha
entrada para o jardim-de-infância pela 1ª vez; a criança tinha
conseguido fazer uma parte do jogo, mas com algumas
incorrecções.
CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
A prática democrática e a organização partilhada - O papel do “Responsável”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
347
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Os responsáveis ajudaram a tratar da limpeza do aquário da alimentação dos peixes
A organização do trabalho partilhada com as crianças permite que estas participem democraticamente e assim desenvolvam a cooperação através de uma organização cooperativa do trabalho.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
348
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
349
ANEXO IV -JEJD
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
350
37. PROTOCOLO DE ENTREVISTA - E1JEJD
PROTOCOLO DE
ENTREVISTA
DATA
31 Janeiro2008
CÓDIGO
E1JEJD
Legitimação da Entrevista
APRESENTAÇÕES FORMAIS
P - Neste Jardim-escola como é que se organizam para preparar o ano escolar? Para planificar as práticas educativas? Como é que fazem?
Preparação
Organização do
Processo Educativo
E - É assim, nós em Setembro temos sempre uma reunião, temos um dia destinado para reunião, e nessa reunião nós estabelecemos todas as práticas que vão ser desenvolvidas ao longo do ano letivo, quer para o pré-escolar quer para o 1ºciclo, depois, geralmente também, às vezes é no final de Julho porque temos mais tempo, as professoras reúnem-se para preparar as próprias planificações, os conteúdos que irão abordar e como é que os irão abordar, que estratégias é que irão utilizar. Essa de Setembro, é mais ao nível de escola, é mais o que há em comum, entre o pré-escolar e o 1º ciclo, calendarizamos e escolhemos as atividades.
Preparação em
conjunto em
simultâneo: a) Pré-
escolar e 1ª Ciclo
b) No final do ano
letivo anterior
As professoras em
Julho reúnem-se
para:
preparar as
próprias
planificações, os
conteúdos que irão
abordar e como é
que os irão abordar,
que estratégias é
que irão utilizar
P - Portanto, seguem as atividades com base num plano/num projeto? Está inspirado num projeto educativo? No método?
Preparação
Organização/
Orientação do
Processo Educativo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
351
E - Está inspirado num projeto educativo.
Projeto educativo
P - Qual é a sua duração?
E - São três anos. Portanto, começou em 2006 e vai acabar em 2009. Essa reunião de Setembro, no fundo é com base mais no projeto educativo, as atividades, é com base nas atividades a desenvolver ao longo do ano é baseadas no projeto educativo.
Preparação das
atividades a
desenvolver tendo
por base o projeto
educativo
P - Portanto, seguem as atividades com base num plano/num projeto? Está inspirado num projeto educativo? No método? Qual é a sua duração?
P - E é por níveis de escolaridade? É para todos?
E - É por nível de escolaridade e onde está incluído a pré-escolar. É por anos. É por anos, níveis e idades. Incluindo a cada idade, as atividades próprias para essa idade. Portanto, a planificação a nível de educadores, depois, eles juntam-se.
Planificação: por
nível níveis de
escolaridade e
idades
P - Em Julho?
E - Não. Não. Junta-se a pré-escolar toda. Portanto, nós temos três idades: os dos três, os dos quatro e os dos cinco. Eles juntam-se e fazem as planificações, ajustam, porque elas feitas já estão Há muito tempo, não é, vão ajustando essas planificações ao projeto educativo. Depois em Setembro é discutimos as atividades todos juntos a desenvolver.
Ajustam as
planificações,
porque elas feitas já
estão há muito
tempo.
P - E em termos individuais, como é? Cada educador como faz o seu projeto turma? Como é?
E - Aqui a nível individual as pessoas não trabalham muito, sabe. Nós trabalhamos muito em equipa, quando tem que se fazer uma divisão, faz-se uma divisão pré-escolar - 1º ciclo, não a nível de pessoas. E trabalhamos muito com o par, os pares pedagógicos, isso aí é essencial. Muitas vezes há pessoas que não são muito a favor, deste tipo de trabalho, porque uma pessoa pode influenciar a outra, não a nível de estratégias, a nível de conteúdos é trabalhado com o par pedagógico, depois é claro cada um tem a liberdade.
Práticas
pedagógicas e
concepções
estratégias
concretizam-se
através dos “pares
pedagógicos”
P - O que chama par pedagógico?
E - “Nós temos duas turmas de cada ano, o par pedagógico é a outra colega da outra turma, portanto, o quê que acontece, claro que depois cada um é livre de escolher as estratégias a adoptar para desenvolver aquilo a que se propôs, não tem que ser rigorosamente igual, até porque as turmas, não são iguais, as crianças não são iguais, não é, umas correspondem de uma maneira, outras correspondem de outra, e as pessoas têm que se ajustar à turma que têm, mas qualquer das maneiras
Valorização dos
pares pedagógicos
na preparação e
organização das
práticas educativas;
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
352
individualmente não há muito trabalho individual. P - Depois é o trabalho individual, se cada uma quiser para si própria. Não? Mas a base de trabalho, acaba por ser um trabalho a pares, entre colegas, numa base de partilha.
Base de trabalho:
trabalho a pares
E - Exatamente, é isso.
P - E nesta planificação, algumas as crianças participam, ou é um processo para os adultos, ou é um processo para os adultos?
Participação das
crianças na
estratégias
E - Na planificação escrita, não, mas a nível de estratégias, sim.
P - Pode dizer como? Exemplifique.
E - Por exemplo, elas às vezes perguntam o quê que eles querem fazer? Dizem que querem ouvir uma história. E elas perguntam, mas querem ouvir uma história, só de ouvir? Ou querem com dramatização, querem se vestir como as personagens. Dão a escolher as alternativas.
P - Mas é uma planificação que é diária, é semanal?
Planificação
semanal – sem
registos
E - Não. É semanal.
P - Depois, ficam registos disso, ou não?
E - Não. A nível da primária, no 1º ciclo eventualmente poderão ficar. A nível do pré-escolar não, não.
Basicamente, nesta primeira parte as estratégias, depois, como é baseado no método. Pode só caraterizar o método João de Deus, brevemente, para se poder perceber. Como tem até, a pré com os 5 anos, com uma iniciação à leitura e à escrita?
Estratégias
utilizadas nas
atividades
Por exemplo, lá está, o método incide mais exatamente nos cinco anos, porque é por causa da cartilha maternal, em que eles aprendem a ler e a escrever, pelo método da cartilha, depois outra coisa que nós também adoptamos muito é o ensino da matemática através de materiais de apoio, nós utilizamos imensos matariais e na prática no pré-escolar toda a matemática é dada é dada em função do cuisenaire, dos dons de Fröbel, os calculadores multibásicos, as palhinhas, muitos vezes também usam materiais alternativos, mas essencialmente são estas duas caraterísticas: é o método da cartilha maternal para a aprendizagem da leitura e da escrita e, é a matemática ser essencialmente transmitida através de materiais. É uma caraterística, mas isso não tem muito a ver com o ensino, que é o
Valorização da
leitura e da escrita
Aprender a ler e a
escrever e o ensino
da matemática com
materiais e apoio.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
353
fato de termos o salão. Todos os jardins escola têm um salão, e em todos os jardins escola, o salão tem as crianças de 4 anos, são sempre no salão que estão essas idades.
P - Qual é o objetivo de estarem? Porquê os quatro? E não os três ou os cinco?
A idade dos quatro
anos fica sempre no
espaço polivalente –
“o salão”
E - Penso que já foi uma caraterística assim, conseguida logo desde o início.
P - Não sabe qual a base científica porquê dos quatro, não?
E - Não, por acaso não sei. É o fato de serem sempre os quatro e ficarem sempre os quatro.
P - uma questão: se eu bem percebi, o trabalho é planificado no ano anterior pela equipa toda, para o ano seguinte, e depois no início do ano escolar é que são organizadas as atividades, mais ou menos por anos.
Daquilo que conhece da dinâmica do jardim, quais são os momentos em que destinado às avaliações das aprendizagens dos alunos.
Momentos
destinados à
avaliação das
aprendizagens:
Recolha de dados
através de grelhas,
trimestralmente
E - Trimestralmente. Não, nós temos grelhas mensais, todos. Desde os três anos até ao 4º ano, nós temos, temos grelhas mensais. Claro que essas grelhas são feitas, de acordo com aquilo com a pessoa se propõe atingir. E depois, trimestralmente, também fazemos, compilamos essas informações mensais que temos, fazemos um apanhado, e depois temos umas grelhas próprias trimestrais, mais específicas, mais abrangentes, são aquelas que entregamos aos pais, inclusive no pré-escolar também entregamos avaliação aos pais.
Utilização de
instrumentos de
registo: grelhas
mensais.
P - Recapitulando, cada material tem uma grelha, que cada educador …
E - “Grafismos tem grelha, cartilha tem grelha, a escrita tem grelha”. Os momentos de avaliação não se referem à que é feita no final do trimestre, mas sim aquela que vai sendo registada ao longo do processo, (…)
Grelhas de registo
P - Basicamente, quais são os instrumentos que utilizam?
E - As grelhas e contato diário com os alunos, a participação na observação, também temos uma grelha de comunicação oral, nos três anos temos umas grelhas mais específicas que se relacionam com a autonomia – se é capaz de se vestir sozinho, se
Grelhas de registo
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
354
é capaz de apertar os sapatos, se já vai à casa de banho sozinho, se já lava as mãos sozinho.
P - Têm alguns registos em fotografia, fazem isso individualmente por classes, ou como?
E - Sim, posso lhe dizer que nós agora, e no princípio do ano fazemos uma reunião com os pais, uma reunião com todos os pais da escola. E agora começámos a fazer reuniões, por bibes [terminologia utilizada quando falam de idades (3/4/5)]. E apresentamos sempre um pequeno vídeo, sobre as aprendizagens que eles realizaram até agora.
Reuniões com os
pais: vídeo
P – Então, para além das grelhas tem também como recolha de informação, os vídeos e as fotografias.
E - “ que os pais adoram, e querem sempre uma cópia, porque por exemplo, ontem foi a reunião do bibe encarnado, então o vídeo tinha: eles na casa de banho, na cantina, no aspeto da autonomia, no aspeto da aprendizagem da matemática, na aprendizagem dos grafismos, da estimulação à leitura, dos materiais (…).
A utilização da
informação/dados
recolhidos: para
reuniões com os
pais
P - E portanto, esse registo é bem aceite pelas famílias. Significa que ao aplicar esse tipo de registos, esses instrumentos, com essa recolha de dado/informação ela vai servir para regular a acção educativa. Fale-nos um pouco disso.
E - Depois serve de base também para uma avaliação mensal ou trimestral, e também servem …Porque nós é assim: nós fazemos as reuniões de conselho escolar todos juntos, desde a pré-escolar ao 4º ano. E há determinados problemas que se detetam nas crianças, logo desde o início, e que nós temos a preocupação, de comunicar de imediato aos pais, quando detetamos que possa existir algum …porque nós também não somos especialistas, não sabemos o que é que se está ali a passar, mas podemos verificar que aquele aluno não tem o mesmo ritmo de trabalho, ou o mesmo ritmo de aprendizagem, ou um comportamento diferenciado dos restantes elementos da turma, e depois é engraçado, porque esses problemas que são detetados por exemplo nos três anos, por vezes são problemas que os acompanham,
Muitas vezes, também serve noutro sentido, que é: na evolução da criança, por exemplo nós temos duas alunas nos quatro anos que não falam, não falam, não dialogam. Agente pergunta-lhe qualquer coisa e elas não respondem. E engraçado porque eram assim nos três, e ficou registado, e agora nos quatro anos, porque agora por aconselhamento psicólogo, que está segui-las, aconselhou-as a ficarem novamente no bibe dos quatro anos,
Os dados recolhidos
servem para fazer
reuniões com os
pais, fazer
avaliações mensais
e trimestrais,
identificação de
dificuldades de
aprendizagem,
conselho escolar:
desde a pré-escolar
ao 4º ano.
também serve
noutro sentido:
evolução da criança
quando chegamos
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
355
embora pudessem já ter passado para os cinco, mas foi um aconselhamento médico e nós respeitamos e os pais também quiseram e agora vê-se através desses registos a evolução delas.
ao 4º ano, ou o 3º
ou 4º, aos últimos
anos aqui de
escolaridade,
lembram-se daquilo,
que foi dito no bibe
amarelo nos três
anos, nos quatro,
nos cinco e muitas
as vezes, nem
sequer fica em
registo.
P - Esses registos serviram para informar as famílias e também para adequar a prática educativa e têm uma prática muitos vezes para além do que se pensa exatamente.
E - Não é só para agradar aos pais que gostam muito quando vêm às reuniões.
Podem mudar os educadores e têm lá a informação.
Aliás, não. Porque eles nunca têm o mesmo educador. Aos três anos têm um, aos quatro têm outro e aos cinco têm outro. Eles não os acompanham.
Portanto, não há prática de acompanhar [as crianças ].
(…)
Geralmente trimestrais para ver como eles estão a evoluir fora da escola, nesses tais serviços técnicos e também dentro da escola, e muitas vezes cruzamos estratégias porque são eles que nos aconselham.
Passagem da
informação e a
articulação com os
diversos atores do
processo educativo
P - Então e depois a estratégia fica registada?
E - Nesses casos fica sempre tudo registado, esse aluno tem um dossier individual do apoio educativo.
P - Pode considerar isso uma prática de avaliação? contínua, acompanhada, formativa? Como é que descreve esse tipo de avaliação /trabalho?
E - Sim , é contínuo.
P - Vamos passar à parte das avaliações das aprendizagens, uma pergunta que abordámos anteriormente, sobre as diversidades técnicas que utiliza o método, não é preciso descrever a prática em si, mas sobretudo dizer como é que essa diversidade se adequa ao processo individual de cada criança?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
356
E - Para já respeitando a criança e as suas necessidades, e depois essa avaliação, por exemplo, nomeadamente, no caso da cartilha que se aprende a ler aos cinco anos, mas atenção porque se houver um aluno, 1, 2,3, quer não consigam atingir essa meta aos cinco anos não há nenhuma penalização dada, fica registado por escrito, até onde é que o aluno foi e a professora do ano seguinte continuará o trabalho apesar de ter mudado do pré-escolar para o 1º ciclo, a professora do 1º ciclo tem todos esses registos, da professora dos cinco anos e vai fazer a continuação do trabalho.
Princípios
pedagógicos e
concepções
estratégicas:
respeitando a
criança e as suas
necessidades
P - Portanto o método em si vai-se adaptando à criança e à evolução dela. [não é perceptível]
E - A professora dá a lição daquele dia da cartilha, faz um grupo de quatro ou de cinco alunos que vão à cartilha e depois é dada a lição, as regras daquela letra, todas essas coisas, depois entretanto fazem inúmeros trabalhos com a letra que aprenderam, fazem picotagem, fazem grafismo, constroem pequenas frases oralmente, vão procurar em revistas e jornais a localização da letra nas palavras, portanto à uma série de trabalhos feitos com aquela letra só, portanto, geralmente não se aprende uma letra por dia, aprende-se a letra e depois há um trabalho seguinte a desenvolver com essa letra.
Quando dá para passar para a lição seguinte, quando a professora entende que esse aluno já está preparado para passar para a lição da cartilha seguinte, vai fazer uma breve revisão da letra anterior. Porque há alunos que aprendem, mas no dia a seguir já se esqueceram, então passado uma semana…,mas então, a professora que já tem essa percepção e tem que ver se é uma questão de esquecimento, e portanto basta um click, para perceber e entrar e perceber se realmente houve ali um bloqueio e esqueceu mesmo e se houve ali um bloqueio, não avança. [não perceptivel] … a criança vai seguindo o seu ritmo, nunca passa para a lição seguinte sem saber as anteriores, e muitas vezes não faz essa revisão só à anterior, faz em relação uns, porque há muitos que aprendem, mas passado uma semana, há muitos que já se esqueceram. Então aí a professora vê, já tem essa percepção, se é uma questão de esquecimento e, portanto, basta um pequeno click para perceber e outra vez entrar. Ou, se realmente, houve ali um bloqueio e esqueceu mesmo, e então, se houve ali um bloqueio não avança.
Os ritmos de
aprendizagem
P - A aula então comporta muitos grupos e muitos ritmos?
E -a educadora vai seleccionando todos pela letra ou pelo ritmo onde vão. Por exemplo, todos os que vão no P, vão ao “P”, todos os que vão no “R”, vão ao “R”. A criança que não consegue
A aprendizagem
incide,
preferencialmente,
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
357
acompanhar, ,vai acompanhando o seu ritmo. Nunca passa para a letra seguinte sem saber as anteriores. E, muitas as vezes, não fazem só a revisão só em relação à anterior, fazem também […];
(…)
É regista-se então na grelha que no dia tal a criança passou para a letra tal com êxito. Há sempre uma adaptação da avaliação em função daquilo que a criança está a fazer, é isso exatamente.
na leitura e na
matemática.
P - Basicamente, não faz por fazer, sem deixar a documentação para quem …? E com a matemática?
E - Com a matemática é a mesma coisa, por exemplo vamos imaginar que a criança já sabe o 1, o 2, já sabe o 3, o 4…
P - Mas é pequenos grupos ou é aula?
E - Não, aqui é mais em grande grupo, mas de qualquer das maneiras sabem que não podem passar para o “5” se não souberem o “4”, e também, fazem uma série de trabalhos com cada algarismo e só depois passam para a lição seguinte, e não avançam enquanto não souberem o que está para trás.
P - Portanto, há sempre uma preocupação de ir buscar acompanhamento para a diferença dos grupos, ninguém tem que ir igual, é um processo individual e quea educadora regista?
E - Regista e regista sempre.
P - Imaginemos que uma classe qualquer a nível do pré-escolar, de repente ficava sem educador, quem chegava tinha as informações sobre aquelas crianças, sobre os processos e atividades desenvolvidas?
E - Claro. Por exemplo, até lhe posso dizer às vezes estão grávidas, têm os bebés, têm que se ir embora, não é… E nesse caso até sabe que vai sair, e portanto, acautela-se.
Acautela-se. Sabe que vai sair e portanto vai estar na sala de aula algum tempo antes, cerca de um mês antes, fica a trabalhar com a educadora que vai sair, fica a interagir com essa professora na sala de aula.
P - Fazem isso sempre?
E - Sim, sempre, é sempre transmitido se tem um acidente, ou fica doente não pode vir, isso é sempre transmitido porque inclusivamente pode se falar ao telefone, mas de qualquer das
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
358
maneiras há um registo nas grelhas. E depois aqui há uma particularidade também que é assim, nós normalmente escolhemos as educadora são as educadoras cá de dentro, porque temos apoios educativos que podemos durante algum tempo disponibilizar dentro de uma sala de aula e isto é uma escola pequena, as pessoas conhecem-se todas umas às outras, e acabamos por conhecer bem os meninos, e essas educadoras de apoio, fazem os almoços com eles, fazem recreios com eles, muitas vezes é quem lhes dá a expressão plástica.
P - As educadoras de apoio estão permanentemente na instituição?
E - Não estão responsáveis pela sala mas estão em permanente acção.
Portanto, acaba por não ser uma novidade muito grande para elas porque já se conhecem, relativamente às crianças. Mas qualquer das maneiras depois há esses registos todos e podem (…).
P - Se quiser caraterizar basicamente como é que o processo de avaliação das aprendizagens neste jardim-escola, e descrever em termos globais o método João de Deus?
E - É uma avaliação que é objetiva, rigorosa, séria e eficaz.
P - E portanto os princípios em que se baseia são sempre da adequação às necessidades do aluno é isso? Há acompanhamento? [….]
E - Por vezes há a necessidade de haver várias grelhas. Há alunos que por exemplo dá para por que aquele vai no 5 e o outro vai no 1. Mas há outras em que são grelhas mais específicas, tem que ser uma grelha diferente dos restantes alunos.
P - Considera que a avaliação acompanha o processo de aprendizagem do aluno?
E - É formativa. (…)
P - Há participação das famílias na avaliação dos alunos/crianças tem alguma interferência ou é um processo de escola?
Não existe
participação na
avaliação da criança
E - Da avaliação é um processo de escola.
P - A família nunca é chamada na avaliação?
E - Não. Na avaliação do aluno não.
P - Como é que se organizam para fazer a recolha dessa informação toda? Dossier, portfólio, guardam nas salas? Colocam
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
359
nas paredes?
E - Temos um dossier de grelhas mesmo. dossier de grelhas
P - É coletivo?
E - Não. É individual, e que é visto de vez em quando por uma pessoa que vem cá inspeccionar no jardim-escola e é visto por mim todos os meses.
O dossier é
consultado e
inspeccionado
P - E a nível de sala de aula, como é que vocês recolhem a informação dos trabalhos dos alunos, como é que vocês recolhem?
E - Cada aluno tem um dossier.
P - Esse dossier depois o que é que lhe fazem?
E - É entregue ao aluno no final do ano.
P - Consideram isso como um portfólio ou um dossier de recolha de trabalhos?
E - É um dossier de recolha de trabalhos, em que escrevem os sumários, fazem as contas, os ditados…estou a falar agora do 1º ciclo em que fazem essas coisas todas.
P - E a nível de pré-escolar?
E - Todos os trabalhos do aluno estão dentro de um dossier. No infantil não é dossier, nos 3 e 4 anos é capa, depois dos 5 anos é que já é dossier. Todos os trabalhos feitos durante esse ano estão registados neste dossier que entregam ao aluno no final do ano.
Dossier: todos os
trabalhos dos alunos
P - E se for por exemplo trabalhos de artes plásticas?
E - Estes são expostos na sala de aula e muitas vezes na escola.
P - E como é que fazem o registo por exemplo da expressão dramática, musical?
E - Esses são os respetivos professores. Temos professor de música, ginástica, expressão plástica, de informática, de biblioteca (…).
P - As crianças têm essas atividades todas ao longo do ano? Cruzam com o planeamento das professoras?
E - Sim, cruzam-se com o planeamento das professoras.
P - Como é que as crianças participam no processo de avaliação?
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
360
Participam, ou não?
E - Participam a nível dos cinco anos e depois do 1º ciclo participam. A nível do comportamento a partir dos três anos. Nós fazemos a assembleia de turma todos as sextas-feiras e nessa assembleia de turma fazemos por exemplo auto-avaliação, a hetro-avaliação, e a avaliação da professora. Temos uma grelha e avaliamos o comportamento, avaliamos a língua portuguesa, a matemática e o estudo do meio e o comportamento na escola, nas casas de banho, nos recreios e no refeitório. Portanto a criança faz a sua auto-avaliação e participam na avaliação dos outros.
Assembleia de
turma:
semanalmente
P - E a autoavaliação fica depois registada?
E - Fica numa grelha.
P - Em termos de valorização do desenvolvimento profissional, de prática reflexiva, como previamente referiu, como é que esse processo contribui para a melhoria em termos de aprendizagens?
E - Contribui e não é só no final do ano porque todos os meses temos uma reunião de conselho escolar, e nessas reuniões são decididas quais as estratégias a utilizar com aqueles alunos que apresentam por exemplo mais dificuldades de aprendizagem ou de ritmo de trabalho ou de comportamento e essas estratégias não são só avaliadas pela professora, nem são só conduzidas pela professora, nem só pensadas pela professora, são pensadas por um grupo.
Estratégias de
aprendizagem em
caso de dificuldade
são pensadas em
grupo
P - Em termos de formação contínua, como se faz aqui a atualização?
E - Temos acções de formação aqui ao lado. É frequento isso , frequentemente, a todos os níveis.
Portanto há uma adequação em função dessa formação. Temos a sorte de ter aqui a Escola Superior que nos permite frequentar acções de formação das mais variadas áreas.
P - Em função da necessidade dos professores? Como é que isso é feito?
E - Sim, as pessoas fazem isso por livre vontade.
P - Em termos de ato de avaliar, prática da acção educativa, o que gostava de me dizer que não lhe perguntei?
E - Acho que lhe disse tudo. Em termos de avaliação acho que lhe disse tudo. As professoras também são avaliadas no final de cada ano letivo, nós temos uma grelha própria de avaliação, também são avaliadas quando uma inspetora vem ao jardim-escola.
P – E, auto-avaliação dos educadores, existe? Fazem? A auto-avaliação
dos
alunos/crianças:
E - Fazem. Uma auto-avaliação à hetro-avaliação e a avaliação da diretora, são livres de discordar nalgum ponto que não concordem em termos de avaliação. Para os alunos o contributo
porque eles
aprendem a avaliar
com seriedade e
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
361
como reforço para a aprendizagem e para a vida adulta, penso que é muito importante, porque eles aprendem a avaliar com seriedade e honestidade, e com seriedade porque senão o fizerem vêm os colegas e a professora a dizerem que a quilo que está a dizer não é verdade, e portanto, é engraçado que eles acabam por ser muito mais exigentes do que nós. Por exemplo quando se faz a hetro-avaliação, perguntamos, vamos lá a ver a avaliação do …. Vocês concordam? Acabam por ser muito mais exigentes do que nós e ir buscar, se calhar, às vezes, pontos que nós nem sequer nos lembramos, ou que nos passou e que eles registam […], aprendem a avaliar-se, e a corrigir-se os seus erros aprendem o que está certo e o que está errado. Portanto, o julgar os outros também é uma questão muito importante, e o julgar os outros com respeito. E acho que isso nos dias de hoje é fundamental, ou porque cada vez mais se nota que as pessoas não têm respeito umas pelas outras, e para incrementar nestes miúdos a crítica, mas a crítica construtiva, a crítica saudável, e o respeito pelos outros são aspetos fundamentais e que nós estamos a tentar incutir ….[não perceptível]. Acho que o método e a escola em si cumprem, não há uma avaliação por avaliar. Há uma avaliação séria, com bases, com dados, com registos, com situações tudo muito bem definido, e com provas dadas.
honestidade, e com
seriedade porque
senão o fizerem
vêm os colegas e a
professora a
dizerem que a quilo
que está a dizer não
é verdade, e
portanto, é
engraçado que eles
acabam por ser
muito mais
exigentes do que
nós.
Não há uma
avaliação por
avaliar. Há uma
avaliação séria, com
bases, com dados,
com registos, com
situações tudo
muito bem
definidas, e com
provas dadas.
Muito obrigada pela colaboração.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
362
38. PROTOCOLO DE ENTREVISTA - E2JEJD
PROTOCOLO DE ENTREVISTA DATA
28 Fevereiro 2008
CÓDIGO E2JEJD
Legitimação da Entrevista P - No que se refere ao planeamento e à realização das atividades gostaria que me explicasse como é que se organiza para fazer a sua planificação. No contexto de sala de aula e na articulação com o jardim-de-infância? A articulação da sua sala com a do lado, assim como a nível a articulação como a nível organizacional/institucional?
PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO EDUCATIVO
E - “Nós aqui, embora sejamos uma instituição particular, orientamo-nos ou regemo-nos, digamos assim, pelas orientações curriculares do Ministério da Educação, portanto, nós trabalhamos as áreas tal e qual como o Ministério fez as orientações curriculares. Trabalhamos assim há uma série de anos. Portanto, temos a área do conhecimento do mundo, a área pessoal e social, a área da expressão e da comunicação. A área pessoal e social é ma área transversal, é uma área que nós trabalhamos diariamente, porque no fundo a área pessoal e social são os valores e as atitudes que nós tentamos incutir às crianças no seu dia-a-dia, e portanto não é só trabalhar, agora vou só trabalhar agora são muito amigos uns dos outros, somos muito solidários, não. Todo o dia, toda hora, quer seja nas atividades, quer seja no recreio, quer seja na cantina, quer seja na forma como eles se deslocam no jardim-escola, na forma como eles se relacionam uns com os outros, como se relacionam com os adultos, como se relacionam com as crianças que não sejam do grupo deles, é portanto tudo isso. Nós estamos sempre atentos a isso, isto na área pessoal e social, nas áreas mais específicas, temos as áreas de conhecimento do mundo, temos a área da expressão e da comunicação que se divide depois em três: que é a área da linguagem oral e da abordagem à escrita, o domínio da matemática, e o domínio das expressões, da parte motora, da parte plástica e da parte musical. Portanto, nós temos um plano que foi feito por mim e pela minha colega, portanto, par pedagógico, nós já fizemos esse plano há algum tempo segundo essas orientações.
Vimos o que podíamos dar, o que não podíamos dar, uma vez que a nossa escola muitas desses conceitos damos logo a partir dos dois anos, dois três anos que é quando eles entram. Claro que o nosso nível em relação a outros jardins escolas sem ser João de
Planeamento inscrito nos principio das As OCEPE O planeamento e a inserção dos pressupostos do processo educativo do
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
363
Deus é um bocadinho mais elevado. Depois também há as caraterísticas específicas do método, no que se refere à leitura e à escrita, e à utilização dos materiais matemáticos, não é exatamente o mesmo, portanto, as áreas são as mesmas, mas a parte dos conteúdos é que são um bocadinho mais alargados, porque nós já entramos um bocadinho nos conteúdos que são um bocadinho já a nível do estado são do primeiro ano. E portanto, foi também através desses conteúdos que também são ao nível do estado, que nós fomos buscar um bocadinho e fizemos os nossos, pronto”.
modelo pedagógico João de Deus A leitura e a escrita e a utilização dos materiais matemáticos
P - Então retiraram conteúdos do 1º ano do ensino básico para incluir na vossa planificação? É isso? É uma questão de preocupação com o que vai ser dado a seguir e fazer a articulação?
E - “Sim, exatamente. Retiramos conteúdos do 1º ano, e como nós aqui a nível do 1º ano já não é igual ao 1º ano do estado, o que nós fazemos é orientarmo-nos pelas orientações curriculares e depois fomos buscar os planos do estado do 1º ano e fomos lá buscar coisas que serviam para nós, porque aqui o nosso 1º ano já é mais avançado também, e claro que também falamos com as colegas do 1º ano, e perguntamos quais são os vossos objetivos mínimos?
E consoante os objetivos mínimos do 1º ano, estes serão para nós os nossos objetivos máximos, e portanto é aquilo que nós achamos que eles precisam de saber mesmo e, portanto, se eles souberem aquilo tudo quando chegarem ao 1º ano, conseguem. É claro, que eles vão sendo trabalhados para depois atingirem os objetivos máximos no 1º ano, e pronto isto está tudo …, e claro depois as do 2º ano fazem com as do 1º, e portanto, nós articulamo-nos assim.
Depois, temos essa programação, fizemos essa programação que é uma programação anual, e depois dividimos por semanas, porque depois a certa altura foi-nos introduzido o modelo T, ou pediram-nos para nós introduzirmos aqui no jardim- escola o modelo T, que era de um senhor espanhol que eu agora não sei dizer, mas depois, posso dizer. E, foi baseado nesse modelo T que nós temos baseadas as nossas planificações, que são semanais, digamos divididas por semanas, em vez de ser por período, são por semanas.
Portanto, são as primeiras oito semanas, a seguir seis, porque esses planos dizia-se que não podiam ter mais do que doze semanas, e porque, normalmente, o primeiro período é um bocadinho extenso, fizemos, oito, seis, dez e doze, se não me engano, penso que é assim. E portanto, nós vamo-nos regendo por aí. Depois, semanalmente eu penso, normalmente, ao fim de semana, o que é que eu vou trabalhar naquela semana, vou ver esses planos semanais, e depois divido por uma semana. Naquela
PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO EDUCATIVO -Planeamento sustentado nas OCEPE - Na Articulação com o 1º ciclo - Programação Anual - Modelo T – planificações semanais
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
364
semana eu quero trabalhar isto, isto e isto. E na semana a segui, consoante aquilo ficou bem, se ficou consolidado, se não ficou volto a dar umas alas sobre isso e avanço mais um bocadinho na matéria”.
P - Há por conseguinte um plano anual, que depois faz a adaptação ao plano semanal e que vai sendo simultaneamente adaptado ao ritmo de aprendizagem das crianças, é isso?
E - “Exatamente”.
P - Há pouco falou do par pedagógico. Qual é a metodologia que vocês utilizam no?
O planeamento com o par pedagógico
E - “Nós fazemos assim, normalmente, todas as atividades que eu realizo, a minha colega também realiza. Portanto, a colega que trabalha comigo, eu tenho um grupo de cinco anos e ela tem outro grupo de cinco anos. Portanto, aqui no jardim-escola há sempre dois grupos em cada idade, por cada faixa etária, digamos assim e portanto eu tenho a pré-primária e há outra pré-primária e, para ambas ficarem com o mesmo nível de aprendizagens e de conhecimentos, nós trabalhamos as duas em conjunto. Não quer dizer que se eu, se os meus alunos tiverem um rendimento que eu entenda mais avançado, e que conseguiram aprender com mais facilidade, e consigam avançar mais rapidamente do que os dela eu não vou ficar à espera para que os dela aprendam para continuar com os meus, não. Depois cada uma faz, e portanto há um plano geral, digamos assim. Um exemplo prático, eu a nível dos calculadores, eu já introduzi a centena, eu já introduzi a leitura de números, já introduzi a adição com transporte e ela por exemplo ainda não introduziu nada disto. Vai só na dezena, não introduziu a adição com transporte nem nada. Mas isso faz parte dos nossos objetivos. Ela vai também introduzir, só que não vai se calhar introduzir na mesma altura do que eu, porque os meus alunos tem conseguido atingir determinados objetivos, conteúdos que os dele não têm conseguido atingir”.
Pressupostos do Processo Educativo – Os grupos organizados por por faixa etária O par pedagógico
P - Como é que sabem?
E - “Porque para além de estarmos ao lado de uma da outra, nós reunimos, conversamos diariamente, mas temos uma hora no nosso horário que é conjunta, em que nenhuma de nós está a ter atividade com o grupo, quando está a ter ginástica que está a se dada pelo professor, ou música ou inglês, e então, podemos nos reunir as duas e fazemos um balanço de como é que as coisas estão a decorrer, preparamos também um bocadinho a semana a seguir, o que vamos dar o que não vamos dar, vemos as fichas
O par pedagógico –
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
365
que vamos apresentar às crianças, para depois podermos trabalhar na semana a seguir”.
P - É isso que chama o par pedagógico?
E - É isso que nós chamamos o par pedagógico. É portanto a pessoa que trabalha na mesma faixa etária que nós, e portanto, somos um todo, cada uma é uma pessoa, mas no fundo trabalhamos para o mesmo jardim-escola, para a mesma instituição, e queremos o melhor para as nossas crianças, e portanto, não faz sentido uma estar a fazer uma coisa e a outra estar a fazer outra, eu estar a dar mamíferos e ela estar a dar o ciclo da água. E portanto, faz muito mais sentido estarmos a dar as mesmas coisas, e claro, temos ritmos diferentes, os alunos são diferentes, têm ritmo de aprendizagens diferentes, e portanto, se os meus estiverem um bocadinho mais à frente, ou se os dela avançarem um bocadinho mais, não há problema nenhum.
O par pedagógico e os ritmos de aprendizagem
P - Então reúnem semanalmente, fazem o planeamento no início do ano de acordo com o tal plano T. Tudo isso a nível de planeamento para a mesma idade. A nível organizacional, como é que fazem, aqui expressamente, a nível de jardim-escola? Têm reuniões de pedagógico, como fazem?
E - “Sim, mensalmente temos uma reunião de pedagógico. No início do ano trabalhamos um bocadinho o projeto educativo, que não é mas bocadinho é um bocadão, trabalha o projeto educativo de escola, isto a nível do conselho pedagógico, todas as decisões são tomadas a nível do conselho pedagógico. Depois, dentro desse projeto educativo de escola está os nossos planos, as nossas planificações, tudo isso faz parte do projeto educativo de escola. E depois, mensalmente quando temos essas reuniões, se surgir alguma dúvida ou alguma necessidade, se tivermos que reajustar alguma coisa, isso é falado no conselho e é decido em conselho. Se vale a pena mudar, se não vale a pena mudar, ou se deveremos acrescentar, e decidimos.
Por exemplo, este ano a nível da matemática estamos a dar conteúdos novos que não demos o ano passado, introduzimos este ano (…).
o planeamento e o eixo organizacional organizacional: o conselho do pedagógico
P - Porquê?
E - Porque achamos que começava a fazer algum sentido, começamos a ver que realmente as crianças conseguiam, nomeadamente, os meus alunos correspondiam bem, ao valor relativo e ao valor absoluto do número e então introduzimos isso este ano.
Os conceitos matemáticos
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P - A filosofia do método entra muito nesse planeamento?
E - Sim, então ao nível dos cinco anos é brutal isso. Temos a cartilha maternal que é assim um ….. [não finalizou a frase]. Onde se nota mais a especificidade do nosso método é a nível da língua portuguesa, com a cartilha maternal e a parte da escrita. Temos um caderno de escrita que é só nosso, e que é só dos jardins-escola João de Deus, e depois, é os materiais da matemática, que há outros jardins-escola que utilizam, mas que não utilizam com a mesma regularidade, e não exploram da mesma forma que nós exploramos. Porque nós apoiamo-nos muito nos materiais matemáticos para ensinar os conteúdos matemáticos.
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO EDUCATIVO a nível da língua portuguesa e da escrita e também, Recurso de materiais matemáticos pa o ensino dos conteúdos matemáticos -
P - Significa que quando fazem o planeamento contam logo com todos esses materiais de suporte matemático como estratégia para as aprendizagens?
E - Sim. Propriamente esses planos T, têm os objetivos e depois têm os procedimentos e métodos, e dentro dos procedimentos e métodos são logo nomeados os materiais que vamos dar. E portanto, se nós queremos dar o conceito de algarismo ou de número, logo nos procedimentos está o material que nós achamos que é mais funcional para dar esses conceitos. Se queremos dar a matéria de adição e subtracção, ou de subtracção com empréstimo, ou de subtracção com transporte também vem logo qual é os materiais que vamos utilizar para concretizar esse objetivo.
Pressupostos do Processo educativo – o processo de ensino-aprendizagem da matemática sustentado em materiais matemáticos e planos previamente estabelecidos - Os planos T Os materiais
P - Esses planeamentos que fazem semanalmente fazem-no informalmente ou fazem algum registo?
E - Temos um registo. Está tudo registado, semanalmente nós fazemos uma espécie de um sumário. Portanto, temos uma grelha com os dias da semana, onde está escrito aquilo que eu fiz. Neste caso estamos a falar do planeamento.
Às vezes é o que vamos fazer, às vezes sou sincera, planeio mais na minha cabeça e só depois, no momento é que escrevo. Porque é assim, porque normalmente nós temos as estagiárias, depois, elas vêm nos dar aulas, e depois alteram e, às vezes, temos que alterar o nosso plano, e por vezes, elas também alteraram a aula delas, [não perceptível], ou porque não se prepararam e também tiveram que alterar, ou porque entretanto surgiu uma visita de estudo nessa semana que não estava planeada, porque às vezes os sítios não nos respondem atempadamente, para nós podermos por na semana antes que vamos esta semana temos a visita tal, e
Planeamento – e a grelha de registo
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temos pequenas alterações. E portanto, o plano está sujeito a pequenas alterações, e eu normalmente só o passo para escrito, quando ele já aconteceu, por isso fica mesmo registado aquilo que eu dei, e não aquilo que eu estava a pensar dar. Normalmente, coincide. Há pequenas nuancesinhas que às vezes não coincidem. Isto para ser mesmo muito sincera.
P - Mas é o método em si que não utiliza de forma sistemática, ou és tu que não utilizas?
E - Não. Ele [modelo curricular João de Deus9 utiliza. Aponta para que se faça sempre, mas a maior parte das vezes nós fazemos no próprio dia. De manhã quando chegamos eu penso, esta semana vou dar, sei perfeitamente, ao fim de dezasseis anos isto já está automático. Quer dizer, já não preciso, já sei, perfeitamente, sei que tenho de dar material todos os dias, sei que tenho que dar cartilha todos os dias, faz parte, sei que eles têm que fazer todos os dias escrita, sei que todos os dias eles têm que realizar uma atividade de expressão plástica que normalmente está associada ao conhecimento do mundo, sei que nesta semana eles estão a trabalhar as aves ou que estão a trabalhar os peixes, portanto, as atividades hão-de estar relacionadas com isto. Portanto, eu faço o plano na minha cabeça, redigi-o normalmente numa folha e vou fazendo as pequenas alterações que acontecem no dia-a-dia.
O método João de Deus aponta para que se faça sempre um planeamento prévio
P - E as crianças participam no planeamento das atividades?
E - Participam, porque normalmente, à sexta-feira há uma assembleia de turma, mas aí não há registo, normalmente, não faço registo, há quem faça, não é obrigatório fazer, especialmente na infantil não é obrigatório fazer, na primária já há mais essa obrigatoriedade, e as crianças são questionadas do que gostariam fazer, do que mais gostaram de fazer nessa semana, e o quê que gostariam de fazer na semana a seguir. Eu fico com isso registado, às vezes, até escrevo num papel, não num papel mesmo formal, num papel tipo ata, registo e depois dentro da medida do possível se eu puder satisfazer esse gosto à criança, é claro que eles acabam por participar não exaustivamente, mas vão dando umas dicas e nós vamos tentando (…).
Participação das crianças no planeamento das atividades
P - Dentro do contexto de sala de aula, quais os momentos em que são destinados à avaliação?
Momentos destinados à avaliação
E - Isso é quase contínuo, diário, como é que eu hei-de explicar, o dia normal começo a dar cartilha, logo no momento em que eu começo a dar cartilha e que a criança está a ler eu estou logo a avaliá-la, estou logo a ver se ela se lembra das letras se lembra das
A educadora utiliza grelhas
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regras, se consegue ler a palavra, se sabe contextualizar essa palavra que leu numa frase, logo aí eu faço uma avaliação, e neste caso tenho logo uma grelha onde registo se ela se mantiver na mesma lição, é porque aquilo não estava bem sabido, se ela avançar na lição para a lição a seguir, é porque, realmente, soube ler, soube contextualizar, sabia as regras, sabia os valores das letras, e portanto sabia. Isto a nível da cartilha. Por exemplo, da parte da matemática, também, sempre que eu dou uma aula de matemática, tenho também um registo escrito, onde, não faço logo ao momento, porque isso não é possível, aí não dá, porque enquanto na cartilha, eles vão à cartilha em grupos de 3 ou 4, e os outros ficam sentados no lugar a realizar um trabalho de expressão escrita, na matemática eu estou a dar a aula para o geral da turma, não posso estar com uma grelha à frente e estar a registar logo ali, mas depois no final do dia, ou no momento que entretanto, imagine que a seguir tenha uma atividade que um outro professor, em que por exemplo eles vão para uma aula de ginástica ou para uma aula de música, vou buscar a grelha e rapidamente ali preencho se eles, realmente, conseguiram realizar as construções, ou se fizeram as operações corretamente, se sabem as noções de quantidade se por acaso eu nesse dia eu dei: dezena, meia dezena, quarteirão.
de registo
P - Os instrumentos que utiliza, disse fichas de registo?
E - Há umas grelhas de registo e, eu faço a avaliação do que efetivamente eles fizeram oralmente, como também por exemplo numa aula de matemática, ou numa aula de conhecimento do mundo, ou numa aula de linguagem oral ou abordagem à escrita, eu posso ter uma ficha de trabalho e depois através da correcção dessa mesma ficha de trabalho, eu posso ficar a saber se efetivamente eles ficaram a saber os conteúdos abordados.
Os instrumentos de avaliação: as grelhas de registo/verificação
P - Mas recorre sempre à utilização de grelhas para fazer anotações de registo?
E - Sim.
P - Então, vejamos se percebi. Uma é no momento e utiliza um instrumento. Outro tipo de avaliação é depois da acção, utiliza a observação com registo a posteriori.
E - As duas é através da observação, mas umas vezes é só observação, outras são observação mas através da realização de uma ficha de trabalho. Acho que são as duas necessárias e que se completam. Porque por exemplo, eu avalio a expressão escrita deles, mas só avalio a expressão escrita deles se tiver uma ficha escrita. Porque tenho que olhar e ver a letra, se a letra está legível, se é ilegível, se está bem-feita, se não está bem-feita, [não
A observação versus registo
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perceptível].
P - Quais os momentos, os instrumentos que mais utiliza, situações concretas que exemplificam a rotina de avaliar, a necessidade de avaliar, fatores que determinam a escolha de um instrumento, quer sejam organizacionais ou pessoais?
E - A resposta tem vindo a ser dada ao longo da nossa conversa. Resumindo, como é que eu faço? Se precisar, umas vezes é só observação daquilo que eles me dizem, respostas orais que eles me transmitem, outras vezes é por fichas que eles realizam, onde estão, exatamente, aquilo que eu perguntei anteriormente, mas que eles vão ter que escrever. Tivemos a trabalhar a adição com o material no concreto, eles vêm as pecinhas, juntam as pecinhas, etc., depois a seguir eu dou feito no papel com os algarismos, em eles vão fazer exatamente o mesmo, o raciocínio é o mesmo. Eles vão somar ou subtrair, só que vão ter que fazer ali mesmo na folhinha. Eu depois com as duas coisa com a minha grelha, que tem vários parâmetros de avaliação, mas que depois, depende daquilo que eu estou a avaliar. E as fichas também se fazem de acordo com a grelha que eu tenho, e portanto uma coisa completa a outra. E depois eu faço a avaliação disso, depois essa avaliação é-me extremamente útil, por depois como é óbvio nós no final do período temos que dar um feed-back aos pais de como é que as crianças estão no jardim-escola. Se estão bem, se não estão bem, isto a todos os níveis, não só a nível das várias áreas do conhecimento, mas como também se ele se adaptou, se não se adaptou bem, se se dá bem com os colegas, se não se relaciona, é portanto a tal parte da formação pessoal e social, a tal parte da socialização que é extremamente importante.
E portanto, nós temos uma grelha no final de cada período, que é preenchida não só com os parâmetros a nível com as cruzinhas, onde está quantificado, digamos assim, as dificuldades, se não tem dificuldades, se aprenderam razoavelmente, se aprenderam com muita facilidade, e portanto os vários conteúdos, como também tem sempre um pequeno comentário no fim a dizer onde é que a criança tem mais facilidade.
Este comentário é aos vários níveis, primeiro, como é que é a relação da criança com os adultos, e com os colegas aqui na escola, como é o seu comportamento e depois mais especificamente em relação às aprendizagens, onde é que a criança teve maior êxito, onde teve menor êxito, como é que é o seu ritmo trabalho, se é um ritmo lento, se é um ritmo mais normal, se é uma criança que tem muita facilidade nas aprendizagens, como é que ele é efetivamente nas atividades, se está desperto, se tem vontades, se está motivado. E depois, há um comentário escrito que a educadora faz sobre todas as suas aprendizagens, é portanto assim uma síntese.
AS práticas e Avaliação:
- A observação - respostas orais - fichas elaboradas pelas crianças A utilização da informação/dos dados recolhidos:
- feedback aos pais As grelha no final de cada período / A avaliação sumativa
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P - Isso é uma prática habitual?
E - Sim, é uma prática do método.
P - Mas para além do método, dentro da sala pode adoptar ou não uma metodologia mais pessoal? Tem liberdade para o poder fazer?
E - Sim. Os comentários no fim até por acaso era uma coisa em que maior parte das outras educadoras não fazem. De outros jardins-escola, mas eu, por acaso, até acho que é uma coisa mais (…).
P - Têm alguma ligação ou articulação com os outros jardins?
E - Temos, porque temos uma inspetora que vem ao jardim-escola e que vem ver os nossos dossiers, os nossos trabalhos, os dossiers dos meninos e que nos dá alguns conselhos e que nos diz o que temos de melhorar ou que temos que aperfeiçoar, ou que estamos a fazer bem não é? Também somos elogiadas como é óbvio, e depois, essa mesma inspetora é a mesma dos outros jardins escolas, portanto tem de haver uma certa uniformidade, embora que cada uma tenha o seu cunho pessoal digamos assim, depois tem de haver uma certa uniformidade dentro do método de associação de escolas João de Deus, só que há pessoas que só fazem o preenchimento dessas grelhas no final de cada período para enviar para casa, por exemplo com cruzes, se teve facilidade, se teve dificuldade, se foi razoável, depois há outras que é por exemplo o meu caso, que gosto de dar sempre no final uma pequena apreciação mesmo escrita de como é que está o aluno a nível de várias coisas, da socialização, da realização, da motivação, do interesse, da facilidade ou não facilidade em aprender, do seu ritmo de trabalho, de como é que é, como é que não é, também falamos um bocadinho da assiduidade e da pontualidade dos meninos, porque muitas vezes isso prejudica as suas aprendizagens, há aqueles meninos que chegam sistematicamente atrasados ou que faltam muitas vezes.
Das atividades de regulação instituídas à uniformização dos processos de do ensino-aprendizagem do método João de Deus
P - E qual é a valorização das famílias ou dos pais? E - Os pais gostam imenso. Os pais dão imensa importância a isso.
A valorização dos pais à avaliação das crianças
P - Qual é a valorização que os pais dão a esse registo que se faz? E - Penso que eles gostam, para já é uma recordação que fica para a vida quanto mais não seja “ ai quando o meu filho estava no bibe azul era assim, era assado, fazia isto fazia aquilo” pronto mas eles gostam e é um momento que eu noto que os pais vêm mais à escola, quando é para receber as avaliações dos meninos, ai
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claro ninguém falta não é , todos vêm. Quando às vezes chamamos para virem falar connosco, quando fazemos uma reunião de pais ou assim eles se calhar não vêm “ ai hoje não pude não me dava jeito ter vindo à reunião e tal “ mas quando é para virem buscar as avaliações, porque as avaliações têm de ser entregues ao encarregado de educação, eles têm que assinar como realmente receberam a avaliação, aí sim, eles aparecem em massa para receber e lêem normalmente ali e se vêm realmente os que estão bem normalmente não querem grandes esclarecimentos mas aqueles que lêem a avaliação e constatam que na parte das cruzes, como depois nesse comentário final em que eu digo que o aluno revela alguma dificuldade ou precisa de ser mais estimulado nesta área ou na outra, eles vêm imediatamente ter comigo e dizem “Manuela, o que é que posso fazer em casa para o melhorar nisto ou para não sentir tantas dificuldades naquilo”.
P - - E qual é a valorização que dá a esses momentos?
E - Eu acho que é dos momentos mais importantes para nós. Para já, quando eu faço essa avaliação, vou também me recorrer de tudo o que fiz ao longo desse período, dessas tais grelhas que eu fui preenchendo, em que vou ver naquele aluno como é que as coisas correram para poder preencher corretamente essa grelha final de período. É um momento dos mais importantes, a avaliação tem uma importância extrema porque é aí que eu vejo realmente se aquilo que eu planifiquei, aquilo que eu programei, aquilo que eu me predispus a fazer com eles, se realmente deu frutos ou não, se realmente eles aprenderam e conseguiram excelente, se não aprenderam, pronto, então, a partir daí temos que reformular.
O que é que não está a correr bem, porque é que aquele aluno não está a aprender, reformular se calhar os objetivos, se calhar ele não tem capacidade para atingir os objetivos mínimos que traçámos ou os objetivos máximos e portanto eles vão ter que ser reestruturados, e por vezes, fazemos. Não será o chamado plano de recuperação como há para a primária, mas, com aquele aluno se calhar vamos ter que trabalhar mais intensivamente, mais individualmente, para que ele acompanhe ou tente acompanhar de forma mais adequada o grupo e, portanto, esse momento é importantíssimo porque, só depois de eu fazer essa avaliação, eu vou pegar em tudo o que foi feito ao longo do período, nas tais grelhas e isso tudo, vou pegar, vejo, avalio, e depois digo: “com este aluno no próximo período temos de trabalhar assim, temos de fazer isto assim e assim” e, vou ter que pedir ajuda, por vezes, porque, às vezes, nós temos umas educadoras de apoio que nos dão algum apoio com aqueles alunos que realmente estão a ter mais dificuldades e, pronto, é um aluno que, depois, quando passar para a minha colega que vem a seguir, que vem do primeiro ano, não é, que neste caso, primeiro ano do ensino
Concepções do educador sobre as práticas de avaliação O Feedback da avaliação e a reorientação do processo de ensino-aprendizagem Articulação entre niveis de ensino
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básico. Para já, ela vai ter acesso a essas avaliações todas que vão ficar por período no processo do aluno, portanto, ela vai ter acesso a elas, mas, é logo um aluno, esses que têm dificuldades, que vão ser identificados e, que vão ser logo falados com essa colega para ela, também, estar atenta e trabalhar e poder reajustar os programas dela e os conteúdos dela já a esse aluno que vai receber e que sabe que não acompanhou tanto.
Nós dantes nem tínhamos processo de aluno, que foi outra coisa que nós agora introduzimos, também nova, exatamente para isso, para haver, e nós termos as avaliações todas juntas. O processo de aluno para o primeiro ano é obrigatório, as capinhas castanhinhas, mas para a infantil não havia propriamente um processo de aluno. Desde que começamos a fazer estas avaliações, e estes registos, e isto tudo, em que começámos a criar este processo do aluno.
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E INSTRUMENTOS DE REGISTO Organização e recolha de informação/dados - O processo do aluno:
P - E desde quando que o fazem?
E - Desde o ano passado. Quer dizer, nós já fazíamos, mas, nunca passávamos à colega a seguir, ficava para nós. Se houvesse alguém que quisesse saber alguma informação, dávamos a informação oralmente à colega, se a colega quisesse ler, lia, mas agora não, damos mesmo uma capa onde pomos toda essa informação e passamos esse processo à colega a seguir, que depois, mete no processo obrigatório do 1º ciclo, mas portanto, vai lá a informação toda da infantil, uma cópia dessa avaliação, nós professores podemos também ficar com uma para nós, pronto, e mandamos uma para o processo do menino.
P - (…) forma de fundamentar a sua acção, essas tais fichas, as grelhas, a passagem para o nível seguinte, e em relação, por exemplo, aos trabalhos dos alunos? Vocês fazem recolha de dados possivelmente, fazem portfolios, fazem dossiers, fazem capas, expõem trabalhos nos placares, articulam o que fizeram, põem-lhe temas, como é que vocês se organizam na parte pedagógica, na forma de recolher os dados em relação às crianças, ao seu desenvolvimento?
E - Nós temos a nível da pré-primária, duas coisas essenciais, temos para já um dossier de turma onde está tudo o que diz respeito aos alunos, registo biográfico, essas tais grelhas de avaliação, os planos, pronto, onde está tudo organizado para qualquer momento que seja preciso consultar, está tudo aí registado, o projeto curricular de turma, pronto, tudo está nesse dossier de turma.
Instrumentos de Registo: O dossiê de turma
P - Fazem o mesmo projeto para as duas?
E - Sim, o mesmo projeto para as duas e temos tudo dentro desse
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dossier de turma, ela tem na parte pedagógica os alunos dela e eu tenho os meus. Depois, claro que as dificuldades que por exemplo no projeto curricular de turma, as minhas dificuldades são por exemplo diferentes das dificuldades das dela. Eu trabalho de uma maneira e ela, depois, trabalha essas dificuldades da maneira dela, porque, nem sempre são as mesmas. Por exemplo, este ano, tenho vinte alunos com problemas a nível da fala, que foram casos que foram registados mesmo, que foram despistados por uma empresa de terapia de fala que veio mesmo cá à escola, que fez os despistes e que foram enumerados vinte crianças com dificuldades a nível da fala, e eu depois faço tudo isso , e isso está tudo organizado.
Essa parte desse registo, em que das terapias da fala e que também estão no processo do aluno, portanto, temos um dossier de turma onde temos isso tudo, depois, temos os tais processos do aluno, onde agora constam esses processos dos alunos da terapia da fala e onde estão as avaliações do bibe amarelo, por onde eles já passaram, do bibe encarnado, e onde vão estar as avaliações do bibe azul, serão três por cada bibe, como são três períodos, três do bibe amarelo, três do bibe encarnado e agora vão estar três do bibe azul, que depois esse processo há-de passar para o primeiro ano e depois há um dossier por aluno, normalmente, até há um dossier e uma capa, a capa é mais para trabalhos maiores, normalmente, de expressão plástica, que são folhas maiores e que estão guardadas nessa capa, que estão guardadas com as datas das realizações dos mesmos, desde a mais antiga para a mais recente e no dossier também todos os trabalhos que eles executaram e que são os tais trabalhos que nós avaliamos e, é através desses trabalhos, dessa correcção desses trabalhos, que fazemos as nossas grelhas de avaliação também são todos arquivados nesse dossiê e que está exatamente arquivado pelas mesmas áreas que estão nas planificações, ou seja, a área da expressão e comunicação ou domínio da linguagem oral e linguagem escrita, depois, a área da expressão e comunicação do domínio da matemática, depois, a área do conhecimento do mundo e área da expressão e comunicação, domínio da expressão plástica e depois, ainda, temos as capinhas da expressão plástica para pormos os trabalhos maiores, portanto todos esses trabalhos ficam todos arquivados e no final os pais podem nos consultar sempre que queiram, vêm cá desde que combinem com a educadora, podem vir cá à escola ver porque nós temos um horário de atendimento para os pais.
Os pais marcam com uma semana mais ou menos de antecedência, nós recebemos para esclarecer dúvidas, para ver como é que eles estão, o que é que estão a dar o que é que não estão, não tanto como seria desejado, por exemplo, eu tenho alunos com alguns problemas de comportamento ou com dificuldades de aprendizagem e às vezes sou eu que tenho de chamar esses pais cá à escola para lhes comunicar essas situações, pronto, e eles vêm e ficam ao corrente da situação para não deixar protelar. Até à altura do final do período, não é,
Dossiê está exatamente arquivado pelas mesmas áreas que estão nas
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porque às vezes há coisas que são urgentes resolver antes disso e, portanto, se os pais não me vêm procurar tenho que eu procurar os pais para tentar. Quando vejo que há realmente um aluno com muitas dificuldades a nível das aprendizagens eu tenho que falar com esse pai para ver se há algum problema, se não há, pronto, o que é que se passa, ou também, a nível do comportamento porque às vezes, não é só de aprendizagem, há outros tipos de problemas em que nós temos que falar com os pais.
Pronto, e portanto, nesse dossier, os pais também o podem ver, fica tudo arquivado e no final do ano letivo o dossier é do aluno. Foram eles que os fizeram. Claro que nós temos um dossier nosso onde estão todas essas fichas também arquivadas por áreas que não estão resolvidas, de onde nós fazemos as fotocópias para dar aos meninos, temos essas fichas todas arquivadas, e normalmente, juntamos aquelas fichas que nos foram mais úteis para fazer as grelhas de avaliação, juntamos também às grelhas de avaliação, portanto, no meu dossier das grelhas de avaliação está não só a grelha, como também, por exemplo, faço a grelha dos calculadores (…) aquela ficha que eu achei que avaliava aqueles conteúdos, juntamente com a aula que eu dei e que vai para esse dossier de avaliação, e depois, também, está no meu dossier, no meu portfólio, digamos assim.
planificações,
Estratégias Pedagógicas e Instrumentos de Registo
P - Recorre/utiliza portfólio sobre o seu desempenho letivo com os alunos?
E - Sim. Agora já está tudo a nível de computador, tenho tudo dentro do computador.
- Até pode ser um portfólio digital, como é agora.
Mas depois tenho a fotocópia que é impressa guardada num dossier, mas depois há muitas coisas que às vezes já nem tenho.
P - - Qual a valorização que dá ao seu trabalho, quer em relação ao desempenho profissional quer quanto ao impato do seu trabalho em relação ao grupo de crianças/cada criança?
Representações /CONCEPÇÕES /PRÁTICAS
E - Claro que eu valorizo imenso. Eu dou o melhor que eu posso, que consigo, até hoje da experiência que tenho e do feedback que tenho dos pais e das crianças que passaram por mim, e da colega que normalmente fica com os meus alunos, normalmente, diz-me que eles estão bem, que estão bem preparados, e normalmente, dizem que gostam de ficar com as minhas turmas porque vêm que são meninos (…), mas isto estou a falar eu, se calhar se for outra pessoa a avaliar o meu trabalho (…).
REPRESENTAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO DA PROFISSIONALIDADE DOCENTE
P - Vamos ver isto numa perspetiva de educação e de construção do mundo. Qual é a valorização que dá ao seu empenhamento e dedicação às suas crianças?
E - Eu acho que tenho contribuído um bocadinho. Acho que me REPRESENTAÇÕE
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esforço muito e me dedico muito à minha profissão, aliás, eu escolhi esta profissão porque gostava mesmo, aliás desde pequena sempre quis ser educadora e, portanto, era porque eu gostava mesmo de trabalhar com crianças. Esta é de fato a idade que eu gosto mais de trabalhar, que é a dos cinco anos, que lá está, porque se vê os frutos que nós plantamos, uma sementinha que vai crescendo, vai crescendo vai crescendo e que ao fim de um ano vê-se aqueles frutos, porque quer dizer, eles entram para ali sem saber escrever uma letra, sem saber ler uma palavra, sem saber contar, sem nada e quando saem de lá, eu acho que eles saem riquíssimos, porque eu acho que não há melhor coisa do que saber ler, eu acho que é das coisas mais importantes na vida de uma pessoa. E eles saem dali a maior parte das vezes a saber ler, claro que uns mais engasgados, outros já lêem fluentemente, eu tenho neste momento meninos, três ou quatro meninos que em Fevereiro já lêem fluentemente e assim é um orgulho. Sinto-me extremamente orgulhosa, claro que eu acho que o trabalho não é só meu também é deles, porque acho que é deles também, eu acho que se também se sentem motivados e estimulados e dão de si.
S SOBRE O EXERCÍCIO DA PROFISSIONALIDADE DOCENTE
P - Qual a importância/valorização dessa estimulação da língua no futuro destas crianças?
E - Eu acho que isto tem uma importância imensa. O fato de eles andarem no jardim-escola João de Deus, eu estou a falar em casa própria, mas a verdade é esta, é que eu vejo alunos que neste momento já estão na faculdade e que nos vêm visitar e, que vêm visitar as educadoras que foram deles e com o maior carinho, com o maior interesse porque realmente gostaram de mesmo de andar aqui, e de aprender, e de frequentar este jardim-escola, este ou outro que seja. Às vezes somos criticados de aprenderem a ler, mas no fundo, depois, eles saem daqui e dão valor ao que realmente aprenderam. Se calhar, outras pessoas que andaram noutro jardim-escola nem se lembram, e por exemplo, agora vou dar um exemplo mais uma vez em casa própria, mas é do meu marido, que andou num externato que não era o João de Deus, era o XXXXX, não interessa, mas não tem nada a ver com o João de Deus e diz que não tem nada assim, recordações nenhumas, não tem nem de bom nem de mau. Mas, que não lhe diz nada e acha que as filhas dele que agora andam aqui vão daqui com uma riqueza, porque, não é só a parte da leitura e da escrita, como a parte curricular, mas é tudo o que se vive aqui no jardim-escola.
A parte cultural que é trabalhada com visitas de estudo, com visitas a espetáculos, com o ambiente familiar que embora que isto sejam 350 alunos, acaba por o ser. Porque nós nos conhecemos todos, porque eles andam aqui durante oito anos e, portanto, acabamos por nos conhecermos todos e acabamos por funcionar quase como uma família, e portanto, isto enche-me de orgulho.
Eu tenho alunos que os pais já foram meus alunos, que já tiraram
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o curso, acabaram o João de Deus, seguiram o seu percurso escolar, vieram depois tirar o curso de educadora ou professora aqui na escola e, que já estão a trabalhar connosco aqui no jardim-escola, quer dizer é assim uma sensação estranha ao mesmo tempo, porque agora são nossos colegas e já foram nossos alunos e outros que já tiraram o curso. Eu não tenho ainda nenhum caso deste, mas, colegas minhas têm casos destes que agora são professores dos filhos desses e já foram professores deles. Agora são professoras dos filhos e, portanto é assim, se eles querem meter cá os filhos, a gente quer sempre o melhor para os filhos, não é verdade, portanto, eles achavam que isto era mesmo o melhor e se calhar foi o sítio onde eles se sentiram bem.
O fundamental é que os nossos alunos se sintam felizes e se sintam bem. E, eu sinto que os meus alunos vão para casa e vão felizes, vão contentes e vão com vontade e quando voltam para a escola no dia a seguir voltam sempre com motivação e, se quando não dou cartilha, porque me aconteceu alguma coisa, ou não tive tempo, ou porque tive a ler, agora já tenho muitos a ler e outros na cartilha, por isso, tenho que me dividir ali um bocadinho e eles perguntam-me: “porque é que eu hoje não dei cartilha? ou “porquê que hoje não leste comigo?” e isso só demonstra que eles querem e que eles gostam senão não me perguntavam, queriam lá saber, queriam era jogar à bola e andar a correr pelo recreio. Mas não. Eles perguntam-me “hoje não demos matemática. Porquê? “Pronto, se houver um dia qualquer que isso aconteça, ficam logo… porque acham, porque querem e porque se sentem motivados e eu acho que faço o melhor que posso e dou o meu melhor, trabalho muito em casa. Porque isto não é só a vida aqui do jardim-escola, uma pessoa tem de trabalhar muito em casa, para inovar, para trazer fichas novas, fichas mais atrativas, mais apelativas. Claro que quando eu vim para cá, a primeira vez, eu utilizei as fichas que já havia, mas, aos poucos e poucos vou reformulando, reestruturando e vou introduzindo com bonecos e com desenhos, com gráfico mais interessante, com umas letras etc.…
Pronto, e uma pessoa está sempre a pensar no que é que pode fazer melhor, o que é que pode melhorar, o que é que pode introduzir de novo, como é que pode dar. Por exemplo, agora temos muitas aulas do conhecimento em Powerpoint, fazemos os jogos interativos, exatamente, das novas tecnologias, exatamente, porque agora é tudo novo e isso é claro que os cativa muito mais e é mais apelativo do que dar uma aula só com um livrinho ou não sei o quê, com uma imagem gigante ou com slides, com Powerpoint, ou com acetatos traz logo outro impato que não teria se eu mostrasse as imagens de um livro.
O envolvimento das crianças no processo ensino-aprendizagem
A introdução das TIC no processo de ensino-aprendizagem
P - O que é que eu não perguntei sobre avaliação pré-escolar ou qualquer outro assunto que gostaria de acrescentar à entrevista?
E - Parece-me que falamos de tudo o que fazemos. Sobre os O feedback da
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planos primeiro, depois, dos planos fazer a avaliação, depois consoante essa avaliação que nós fazemos, é reestruturar as coisas para as coisas correrem melhor.
Se há um aluno que não está a conseguir atingir determinado objetivo, então, nós vamos reestruturar os métodos, os planos e tudo o que temos. Para ver se ele consegue de outra maneira, de outra forma conseguir atingir esses objetivos e em relação à avaliação parece-me que falámos de tudo. Porque são os registos que eu faço, os trabalhos que eles fazem, que é através desses trabalhos que eu consigo fazer esses registos no final de período, o dossier de turma que temos e tudo isso está arquivado e organizado.
avaliação
Muito obrigada pela colaboração.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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39. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O1JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O1JEJD
22
Novembro
2007
Sala Pré-Primária
Educadora 2 educadoras estagiárias Grupo de 29 crianças. Idade: 5 anos
Acolhimento Matemática - aplicação de fichas
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
Observação: Atividades em contexto de sala de aula de
jardim-de-infância
Como estava combinado previamente com o educador,
cheguei à escola às 9h.
Aguardei no hall de entrada e enquanto aguardava que o
funcionário tivesse oportunidade de comunicar com alguém a
minha chegada, fui observando as crianças a chegar,
acompanhadas dos respetivos familiares [pai, mãe, avós]. Na
maioria das pessoas percebia-se o tom apressado com que
estavam, pela rapidez com que as [crianças] iam entregando e a
forma como se despediam.
Alguns recados, breves, para os educadores eram dados
como: desagrados sobre algum alimento dado nas refeições dos
dias anteriores escola insistir, porque a criança não gosta.
No salão principal - área polivalente do jardim-escola
serve de espaço para o recepção às crianças. É aqui que
funciona, também, a sala das crianças da idade dos 4 anos. As
Acolhimento pela manhã é feito no salão principal pelos educadores e pelos educadores estagiários. com a recepção de todas das crianças neste espaço comum. Durante este tempo as crianças cantam canções ritmadas e com mímica.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
379
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 15m
9h25m
crianças ao entrar iam sendo acolhidas em rodas e círculos que
alargavam progressivamente no seu tamanho, para darem
espaço para todas as crianças. À volta do círculo maior, o
último exterior, encontravam-se as educadoras e educadoras
estagiárias. Todas estas crianças que estavam no salão principal
pertenciam às diversas turmas do jardim-escola - infantil e 1º
ciclo - com idades entre os três e os oito anos de idade. O
espaço estava preenchido de dentro para fora, completamente
preenchido, com um número significativo de crianças.
Os educadores iniciavam canções com mímica e,
também, associadas a movimentos de expressão corporal que
eram acompanhadas e repetidas com gestos respetivos por
todas as crianças. Do meu ângulo de visão, não me era possível
verificar a abrangência do grupo das crianças. Tudo parecia em
sintonia. As crianças estavam motivadas e repetiam o que
ouviam.
Às 9h25m o grupo das crianças mais pequenas [3 anos],
começa a separar-se e o mesmo aconteceu com os restantes
grupos. As crianças seguiram os grupos acompanhando os
respetivos educadores. Tudo parecia estar rigorosamente
organizado. As crianças deslocavam-se sem instruções dos
educadores, e em segundos separaram-se e cada criança seguiu
ordeiramente para a sua sala, sem que os educadores tivessem
necessidade de grandes orientações.
No espaço de três minutos, o salão já não tinha crianças.
Rotinas interiorizadas e sistematizadas pelas crianças.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
380
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h30m
9h45m
Todas tinham seguido para as suas salas.
DESCRIÇÃO:
O edifício apresenta ajuste e adaptações de obras à
necessidade do jardim-escola. Adaptações feitas e sobrepostas
à medida das necessidades. O espaço é conhecido pelo
investigador de anteriores investigações Estava diferente, mas
pequeno, mas mais organizado, pelo que se apercebeu de
alterações a nível das instalações físicas do edifício.
O investigador acompanhou o grupo dos 5 anos à sala
onde se iria verificar a observação. Chegada do grupo na sala.
Cada criança chegada à sala dirigiu-se ao seu lugar, que
conhecia muito bem. As carteiras são coloridas e de design
moderno davam à sala um aspeto alegre. A sala apresentava
uma disposição de carteiras em forma de U, com uma secretária
ao topo, junto ao quadro, versão tradicional do sistema de
educação português, Cada carteira está identificada com o
nome de criança.
Passados os instantes iniciais, em que todas as crianças se
sentaram, o educador apresenta a atividade/tarefa a realizar.
Iriam fazer uma ficha. Relembra conceitos anteriormente já
desenvolvidos. Recorreu a alguns exercícios de memória para
que o grupo, e cada criança compreende-se os propósitos da
tarefa destinada a realizar.
Algumas crianças colocam questões. o educador em
simultâneo com a preparação de material ia respondendo. A
cada um foi distribuído material de trabalho – lápis com cores
variadas (um apenas por cada cor).
Uma criança refere que não podia fazer o trabalho
porque não tinha a cor vermelha. O educador responde-lhe que
já tinha pensado nisso, e por isso, tinha recargas para todos e de
Eficiência e eficácia
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS: A organização dos espaços educativos
Os ambientes de aprendizagem: a gestão dos espaços
A realização de fichas de matemática
O conhecimento pelos materiais matemáticos era notório. A rapidez com que conseguiam fazer a ficha, demonstrava um trabalho anterior. Os conceitos matemáticos com alguma
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
381
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00
10h15
todas as cores. Convida os educadores estagiários a verificarem
se todas as crianças tinham os materiais necessários para a
atividade.
O trabalho a realizar foi apresentado, em vinha
continuidade de anteriores atividades – Material Cuisinaire (…).
Como sistematização e processo de compreensão e através de
exemplos foi escrevendo no quadro
“Vocês têm que observar muito bem os símbolos que
aparecem nas fichas”, ao mesmo tempo que escreve no quadro.
Apresenta o símbolo cardinal, associado a uma letra; conjunto
vazio”, e solicita a cada criança que faça na ficha o que
efetivamente tinham aprendido nas aulas anteriores (…).
As crianças estavam muito atentas. Há uma criança que
questiona a educadora dizendo que efetivamente aquela ficha
era sobre material Cuisenaire, mas eles tinham aprendido no dia
anterior era blocos lógicos. (…)
Educador responde que ela tem toda a razão, mas que os
blocos lógicos ficaram para a parte da tarde. E pede desculpa
pelo engano (…).
Foram distribuídas as fichas e a cada um iniciou a sua
tarefa (…).
O silêncio na sala permaneceu por vários minutos. As
educadoras estagiárias não interferem na atividade (…).
Enquanto as crianças trabalham a educadora explica aos
educadores estagiários o plano de aula que havia preparado
para aquele material de matemática, (…).
O grupo de crianças saiu rapidamente com o educador,
pois não seria naquela sala de aula que as crianças iriam ter a
aula de música.
complexidade não foram questionados, por nenhuma criança. Todas pareciam saber o que estava a ser falada.
Organização e métodos rigorosos eram algo que se verificava.
Sistematização de tarefas.
A atenção e o interesse da criança. O conhecimento entre blocos lógicos e cuisenaire.
Conceito de aula tradicional – o educador fala e expõe as tarefas a realizar pelos alunos e estes mantêm-se calados.
Aplicação de fichas como complemento ao raciocínio matemático
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
382
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 30m
Durante este espaço de tempo, em que a sala ficou
deserta sem crianças o educador falou sobre o modo como
registava a tarefa que acabam de fazer as crianças. na parte da
tarde, iria ser dada continuidade a esta atividade e só no final é
que faria os registos sobre aquilo que as crianças
apresentassem nas fichas.
Depois de alguns esclarecimentos com o investigador,
sobre rotinas e hábitos quotidianos do grupo de crianças na vida
do Jardim-escola, foi possível identificar alguns registos
expostos nos placards, como mapas e grelhas de registo.
Seguidamente, a educadora fez uma visita guiada com o
investigador pela escola. Durante a visita foi possível verificar o
fervilhar de atividades que as crianças realizavam. O
investigador foi apresentado nos serviços de secretaria, onde
foram explicados horários e recomendações às rotinas da escola
de modo que o observador estivesse o mais integrado possível
na vida da escola.
Fim da Observação: 11horas.
trabalhado com o material Cuisinaire.
Intencionalidade de fazer registos sobre a atividade.
Aula de música
Gr
avação
Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
383
40. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O2JEJD
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
9h 00m
9h 30m
9h 45
9h25m
Observação: Atividades em contexto de sala de aula de
jardim-de-infância
É feito recepção às crianças no salão principal,
juntamente com todas as crianças do Jardim Escola. É o
momento de canções ritmadas e com mímica para todos.
9h 30m - As crianças já estão todas sentadas nas suas
carteiras. É distribuído material, para iniciar as atividades. Hoje
é matemática – o material a utilizar são as palhinhas..
O educador questiona se todas as crianças têm os
algarismos e as palhinhas. E inicia a aula.
É mantido um diálogo interativo com as crianças,
levando-as a participar e a manipular os algarismos e palhinhas,
tentando operacionalizar os ensinamentos que estão a ser
ministrados. O educador faz algumas perguntas: “Quantos
algarismos são que nós temos Pedro?”. A criança responde 5.
Ed.- “Está certo Ana? A criança responde - Não.
“Então quantos temos? Conta lá. E o que é que nós
podemos escrever com os algarismos? ”
- “Quantos anos tens …? Então quantos algarismos tem
este número? (…), então há números que se podem escrever
com um só algarismo? (…) então os números são especiais?
Porquê? O que é que acontece aos números? Há crianças que
respondem: “Nunca acabam. São infinitos, pode-se sempre
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
Acolhimento coletivo no salão principal
A gestão dos espaços – sala de aula
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
A REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES
Aula de Matemática - Material - Palhinhas
Modelo Curricular Transmissivo, as práticas pedagógicas inscrevem-se nesta concepção porque: o educador tenta perceber como é que as crianças estão a aprender os conteúdos ensinados, apelando à sua participação, questionando individualmente, a
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
384
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
9h30m
juntar +1+1+1+1”. Exemplificou com a data:
O educador utiliza a data do dia para exemplificar
[22.11.2007] e pergunta: “Quantos algarismos tens, Carlos? E se
escrevesses só o número do dia de hoje?” (…)
Educador: “Nós temos 10 algarismos, com que
escrevemos os números. Com os algarismos podemos fazer os
números, não é verdade. Então vamos ver se conseguimos fazer
as três operações que já aprenderam”. Ao mesmo tempo que
vai dando e explicando e dando indicações, utiliza um
instrumento musical para auxiliar os exercícios que as crianças
estão a tentar fazer. Questiona algumas crianças.
O instrumento musical é uma campainha, que cada
criança deverá estar com atenção para poder contar o número
de vezes que o som é emitido. Assim, quando a campainha
toca, a criança deverá estar com atenção para poder contar, e
de seguida utilizar o algarismo correto com que vai executar o
exercício. Exemplo de um exercício utilizado: Ao tocar três
vezes, as crianças que têm o conjunto das palhinhas tiram as
(três) palhinhas, as outras retiram o algarismo três (3). A
educadora repete a operação, para que as crianças
acompanhem o exercício.
E - “Quantas toquei, Pedro?”
R -A criança responde. “Quantas toquei Ana? Não
ouviste, Pedro?”. Como a criança não conseguia responder, o
educador, insistiu. Várias crianças tentaram responder, mas o
educador respondeu “Eu sei que vocês sabem, mas eu tenho
que ver os meninos que não sabem. (…) “Agora não quero mais
nada. Vamos então juntar. Quando usamos o sinal de + como se
chama a operação?”
Ana – “É uma adição”
criança assume o papel de respondente e vão sendo corrigidos os erros , o educador verifica avalia se a(s9 criança(s) compreenderam, ou não, o conteúdo da aula.
A interacção entre educador e criança é baixa, entre crianças é inexistente. As palhinhas, material matemático utilizado, está estruturado e a sua utilização é regulada por normas e regras emanadas pelo educador.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
385
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
9h45m
. Muito bem, responde o educador.”
O educador vai chamando a atenção, e ajudando sobre a
forma correta de colocar os algarismos e o sinal de “+”. Dá a
volta pela sala, passa por todas as crianças e verifica quem não
tem bem, chamando a atenção para quem não tinha bem ou
mesmo se os algarismos tinham a posição contrária. (…) Depois
conclui perguntando: “ Então quanto dá?”
As crianças vão respondendo, e o educador vão
confirmando a algumas crianças que questionam.
“Vamos ver se ainda se lembram. O que nós juntámos
tem um nome e o nosso resultado também tem um nome”.
Muitas crianças respondem em uníssono. Estão familiarizadas
com os conceitos e termos utilizados.
2 - Parcela
3 - Parcela Respondem em grupo.
+ 4 - Parcela
A motivação à aprendizagem vai sendo feita através de reforços do educador
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
386
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
9h 45m
Soma ou total
O educador parece ter ficado surpreendi do porque disse
para as crianças: “Eu só tinha ensinado isto uma vez”
O educador manda repor as palhinhas no copo e diz que
vão voltar a fazer o exercício, mas desta vez pede ajuda a uma
criança. Chama o Pedro ao quadro para que faça o registo com
giz. Vai dando incentivos às crianças para que compensem o
exercício. E com a campainha dá seis toques. Questiona uma e
outra criança, sobre o nº de toques que foram dados, e para
ajudar volta a tocar.
Questiona: “Ana quantas foram?”. Chama a tenção da
criança que está no quadro sobre o tamanho dos algarismos.
Quando dá por terminado o exercício informa que já não vai
tocar mais nenhuma vez a campainhas.
Todas as crianças iniciam a fazer as operações no seu
lugar, sentadas e manipulando palhinhas e algarismos. Algumas
crianças tentam responder dando de imediato o resultado. O
educador não aceita e responde: “eu quero que «aqueles»
meninos pensem e digam. Ao mesmo tempo vai mantendo um
diálogo com a criança que está no quadro.
Educador: “Qual o resultado? [10] agora para toda a
turma. Então vamos lá. O dez (10) já é um nº que utiliza dois
algarismos. Atenção como põe os algarismos” (…), vai falando
com algumas crianças e ao mesmo tempo relaciona o resultado
com o conceito de dezena.
Para que o grupo acompanhe e compreenda, o educador
vai ao quadro e escreve os algarismos de 1 a 9, ao mesmo
tempo que vai chamando a atenção para o barulho na sala e a
disciplina a ser mantida, como regra da sala.
As crianças vão repetindo e acompanhando o nome dos
O termo “aqueles” deveria querer referir-se às crianças que supostamente não tinham conseguido realizar a operação, e por isso tinha que ter a certeza que todos tinham conseguido.
O educador
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
387
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
10h00
10h 15m
algarismos e quando chegam ao 0, aí o educador reforça, a
correcção com que deverá ficar posicionado na operação.
Repete no quadro, para que todas as crianças conseguiam fazer
com o seu material na carteira.
Para melhor concretização da operação matemática a
educadora opta por utilizar as palmas para que as crianças
acompanhem, e faz a repetição. De seguida pergunta a algumas
crianças o resultado, estas não conseguiram responder.
Segue a aula com a utilização do sinal de subtrair.
Pergunta o nome do sinal. E informa que vai ensinar uma coisa
muito importante e diz: “quando utilizamos o sinal – (menos) é
uma subtracção e diz que nunca mais se podem esquecer.
Enquanto a aula decorria passa pela sala um funcionário
que vai distribuindo uma fatia de pão por todas as crianças.
Deixa em cima de cada carteira e num guardanapo. As crianças
olham, mas continuam, e não começam a comer. Ao mesmo
tempo o educador exemplifica no quadro. Para tal, desenha
uma régua, utilizando os algarismos de 1 a 10. Também utiliza
uma joaninha, para exemplificar pequenos saltos.
Entra um pessoa na sala, não interrompe, dirige-se à
secretária e escreve sobre um papel que dá a ler ao educador.
0
preocupa-se perante os alunos que apresentam dificuldades na realização da tarefa.
Modo pedagógico da transmissão.
Avaliação centrada em produtos e comparação com a realização de outras crianças.
Regras de sala instituídas que as crianças respeitam na integra.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
388
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
10h 30m
0
E começa a fazer a exemplificação do exercício,
brincando e assumindo um papel divertido de modo a
interessar as crianças. Consegue. A atenção de todos é
significativa. Não se houve barulho na sala.
Educador: “Então vamos experimentar. Utiliza a joaninha
e depois pede para as crianças fazerem o exercício com as
palhinhas e pergunta se o resultado das crianças é o mesmo
que tinha dado no quadro. Vai repetindo algumas vezes, até
que pergunta se todos já compreenderam. Questiona quem
não conseguiu, e vai junto dessas crianças. São horas de iniciar
a aula de música, alguém chama dizendo que o grupo já está
atrasado. O educador no entanto, vai mantendo um diálogo
com as crianças dizendo, que “o mais difícil será quando [as
crianças] tiverem de fazer o exercício na ficha escrita, e isso vai
acontecer, mais tarde, numa outra hora do dia ( da parte da
tarde)”.
Rapidamente, as crianças saem para a aula seguinte que
não se realizará naquela sala. O educador, de seguida faz
algumas anotações numa grelha, e explica ao observador que
tem que o fazer de imediato, uma vez que sempre fazia assim.
Utilizou a ficha de registo, do Mês de Novembro destinada ao
material [conforme Anexo A ]. Explicou a todas as crianças que
mais tarde iriam realizar uma ficha, [mostrou-a] e no final do
dia iria completar os seus registos sobre o que cada criança
conseguiu ou não aprender.
A sala começa a ser preparada para a aula seguinte para
Grelha de
Registos Mensal –
preenchimento
baseado nas
evidências e em
fichas de exercício
escrito
Registo de evidências de comunicação expressas pelas crianças.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
389
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complmentares
e Inferências
quando as crianças chegarem da música, sobre as carteiras é
distribuído material para cada criança., em cima de cada
carteira. É retirado de uma capa com o nome individual de cada
um, uma ficha de trabalho.
Fim de Observação.
Aspeto geral da sala: Os placards apresentam poucos
trabalhos expostos. A sala mantém o mesmo aspeto que na
observação anterior, não apresentando sinais de alteração na
exposição de trabalhos, ou de áreas temáticas alteradas ou
modificadas.
* NOTA: Pedro e Ana são nomes fitícios utilizados apenas
para uma melhor compreensão do discurso entre educador e
crianças.
Mais tarde será feito fichas escritas.
Gravação Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
390
41. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O3JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O3JEJD
29 Novembrode
2007
Sala de Aula
1 - Educadora 2- Educadores Estagiários Grupo de 29.crianças. Idade: 5 anos
Cartilha Maternal Iniciação à leitura Iniciação à Escrita - Fichas
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
11h 00m
11h 10m
Observação: Atividades em contexto de sala de aula em
jardim-de-infância
As crianças entraram na sala de aula. Tinha terminado
uma aula de Iniciação Musical noutro espaço que não a sala de
aula.
Os materiais com que cada criança iria trabalhar já se
encontravam distribuídos pelos lugares. Cada criança tinha no
seu espaço uma ficha de iniciação à escrita, um lápis e uma
borracha.
Cada criança ocupa o seu lugar sem que ninguém tenha
indicado o seu lugar. Cada carteira estava identificada com o
nome de cada criança e ao mesmo tempo tem também um
símbolo.
As fichas que estavam distribuídas continham diferentes
letras. À frente de cada criança, para além da ficha, cada uma
tinha uma régua, com números e letras, instrumento que servia
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO EDUCATIVO
A organização dos espaços educativos – A Sala de Aula
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGIAS
A leitura e a
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
391
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
11h 20m
de apoio e suporte à criança para executar a tarefa pedida.
Alguém entra na sala e avisa toda a turma que hoje não
haverá Taycondo???, [palavra na percebida pelo observador].
O educador depois de ter dado algumas indicações
disciplinares pedindo às crianças para que façam menos
barulho, chama de modo que todo o grupo ouvisse “Grupo 1,
vem à Cartilha”. “Todos os outros podem começar a fazer o seu
trabalho”. Enquanto observa as crianças, vai dando algumas
indicações, e perguntando porquê que alguns ainda não tinham
começado a trabalhar. Mantêm-se alguns diálogos.a educadora
reúne o grupo nº 1 (4 crianças) junto a si, perto da sua
secretária. O livro grande de Cartilha é aberto e inicia um
período de trabalho com aquele pequeno grupo de quatro.
escrita
Previamentea educadora selecciona a ficha que cada criança deverá fazer
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
392
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
11h 30m
11h 40m
11h 50m
Ao investigador apenas é possível ouvir algumas
perguntas.a educadora vai questionando sobre o que são
ditongos e vogais e cada criança de cada vez é levada a
responder. Por vezes,a educadora ajuda. Na sua mãoa
educadora tem uma ficha onde vai tomando algumas
anotações.
Por vezesa educadora fala para o grupo dando
orientações.
O educador pede a uma criança que comece a ler uma
frase. De seguida pede-lhe que construa uma frase com a
palavra “limões”.
A criança rapidamente consegue construir a frase e, de
imediatoa educadora chama outra criança para junto de si e
questionando logo imediatamente acerca de normas e regras
sobre sílaba forte e sílaba fraca. Como a criança responde
rapidamentea educadora sugere-lhe que avance e come a ler
palavras com a letra “a”. De igual modo termina como o que fez
na criança anterior, sugere que a criança construa uma frase,
mas desta vez com a palavra “amiga”.
Entretanto mais duas pessoas aguardam para falar coma
educadora .
Todo o restante grupo de crianças que está sentado e
continua a fazer a ficha escrita.
O grupo nº1, termina e é chamado o grupo nº 2.
Automaticamente que é chamado o grupo de crianças, deixa de
fazer a ficha, levanta-se e dirige-se para junto do educador,
enquanto as crianças do grupo 1, vão-se sentar e como já têm
as fichas para realizar na sua carteira iniciam essa tarefa.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
393
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
11h 55m
As fichas são todas diferentes. Cada criança tem trabalho
preparado e individualizado para si. Ninguém parece estar ao
mesmo ritmo. Junto das crianças as duas estagiárias vão
acompanhando e dando indicações. Durante a troca de gruposa
educadora faz alguns registos na ficha que tinha consigo.
Para o grupo 2,a educadora segue a mesma metodologia
que o anterior. Uma a uma, cada criança responde a algumas
regras quea educadora pergunta, lê pequenas palavras e por
vezes já uma frase pequena. Este grupo é mais rápido na
concretização das respostas. Tem menos hesitações.
O educador seguiu chamando em pequenos grupos e
individualmente cada criança, tendo necessidade de por vezes
descontrair uma e outra criança que pareciam ter um ar mais
sério. Durante este processo distinguiram-se duas crianças que
iam mais avançadas na leitura, em vez de vogais e ditongos,
assim como pequenas palavras, estas crianças já liam pequenas
frases. Assim como, o construir de frases exigia já a utilização de
duas palavras dadas pelo educador
Durante a restante observação, a metodologia de
trabalho foi seguindo sempre esta orientação. Pequenos
grupos, mais ou menos similares nas aprendizagens da leitura e
com ritmos semelhantes.
Grelha de
Registos Cartilha – Em Anexo - Linguagem Oral a Abordagem à Escrita – Cartilha Maternal Novembro
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
394
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
Sempre que a educadora trabalhou individualmente com
uma criança, terminou recorrendo ao registo na grelha que
tinha junto de si.
O educador chamou todo o grupo para esta atividade,
trabalhando individualmente com cada um, sistematizando
sempre, relembrando as aprendizagens anteriores e pedindo a
participação da criança para a construção de frases. Foi
acompanhando sempre de registos na ficha de avaliação de
leitura da cartilha que tinha em sua posse. Cada grupo esteve
aproximadamente 5 minutos com . As últimas crianças a serem
chamadas, são chamadas individualmente e apenas em grupos
de 2.
Há necessidade de reorientar o trabalho para algumas
crianças que entretanto iam terminando os exercícios de
escrita. Sempre que faz isso a educadora dirige-se a um
dossier, identificado individualmente e retira trabalho
previamente preparado. Ao atribuir a ficha dá pequenas
explicações e a criança recomeça.
Ao observador através daquela acção foi possível verificar
que cada existem propostas de fichas previamente preparadas,
e cada ficha tem já o nome da criança a atribuir. A capa para
além de fichas de escrita tem também trabalhos de grafismos,
cálculo. Fim da observação.
Gravação Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
395
42. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O4JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O4JEJD
6 de
Dezembro
2007
Sala de
aula
1 - Educadora 2- Educadores Estagiários Grupo de 29 crianças. Idade: 5 anos
Uma história Ficha de trabalho escrito
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
9h 00m
9h 30m
Observação: Atividades em contexto de sala de aula em
jardim-de-infância
A sala apresentação algumas decorações natalícias,
próprias da quadra e do contexto educativo de educação de
infância.
As crianças encontram-se no salão principal do Jardim
Escola, onde é feito diariamente o acolhimento e a recepção.
São organizadas atividades de cariz coletivo, ritmadas e
homogéneas para todas, independentemente da sua idade. Esta
atividade decorre até às 9h 25m, hora em que os grupos
começam a ser distribuídos, de forma a serem conduzidos às
suas salas de aula.
As crianças estão sentadas nas suas carteiras, de acordo
com a distribuição de rotina no espaço de sala de aula. Estão
nos mesmos lugares e ocupando a mesma carteira (…)
Com o auxílio de imagens ampliadas que vão sendo
colocadas num placard, o educador estagiário conta uma
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS E CONCEPÇÕES ESTRATÉGICAS
Acolhimento coletivo
Atividades de rotina diária.
A organização dos espaços educativos: as crianças ocupam os mesmos espaços e as mesmas carteiras.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
396
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares e Inferências
10h 00m
10h 30m
história, ao mesmo tempo que vai sugerindo a algumas crianças
a sua participação, e chamando ao diálogo nominalmente as
crianças. (…)
Depois de concluir o educador solicita a uma criança que
tente reproduzir o que tinha acabado de ouvir, auxiliando-se das
mesmas imagens. Como tinha alguma dificuldade por vezes
houve necessidade de recorrer ao auxílio de outras crianças
com “inputs de memória”. (…)
A atividade foi finalizada com uma proposta de ficha de
trabalho, onde sobre o conteúdo da história ouvida. (…)
Ao observador foi distribuída uma ficha do plano de aula,
do conteúdo de realização e respetiva avaliação. (…)
As crianças saíram do espaço destinado aos ensaios de
Natal, uma vez que a época natalícia se aproximava. O bulício
dos preparativos natalícios, manifesta-se na agitação frenética
de educador e crianças, músicas da quadra, com as poesias.
Todo este processo são vivenciadas com grande intensidade,
deram a este grupo uma outra agitação não observável nas
anteriores observações. (…)
As crianças saíram da sala organizadas aos pares para o
ensaio coletivo de natal.
Fim de Observação
Durante esta observação a atividade realizada com o grupo de crianças foi: Uma história contada com recurso a imagens em tamanho ampliado que vão sendo colocadas no quadro para as crianças visualizarem e assim melhor compreenderem o seu conteúdo.
Fichas de trabalho escrito.
Gravação Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
397
43. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O5JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O5JEJD
13 de Dezembro
2007
Sala de aula
1 - Educadora 2- Educadores Estagiários Grupo de 29.crianças. Idade: 5 anos
Iniciação à Matemática Calculadores Multibásicos
• Jogo das bases
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 00m
9h 15m
9h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
As crianças encontram-se no salão principal do Jardim
Escola, onde é feito diariamente o acolhimento e a receção. São
organizadas atividades de cariz coletivo, ritmadas e
homogéneas para todas, independentemente da sua idade.
Esta atividade decorre até às 9h 25m, hora em que os grupos
começam a ser distribuídos, de forma a serem conduzidos às
suas salas de aula.
Observação de Aula sobre Calculadores Multibásicos
constituídos por: por três placas com 5 orifícios cada um, e 50
elementos em seis cores diferentes 10 amarelas, 13 verdes, 13
encarnadas, 10 azuis, 2 cor-de-rosa e de cor lilás. Os elementos
encaixam nos outros, bem como nos orifícios das placas. [Este
material é de simples e fácil concretização de várias fases da
aritmética, em especial de cálculo elementar utilizado na
introdução à numeração].
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO EDUCATIVO
Acolhimento Coletivo
Atividades de rotina diária.
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO EDUCATIVO
Iniciação à Matemática com recurso À utilização de materiais específicos – Calculadores
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
398
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
9h 45m
As crianças todas têm distribuído o material com que irão
trabalhar. Consta de uma caixa com calculadores, três placas
que servem de suporte para o encaixe de peças.
São (re)lembradas indicações precisas de como devem
ser utilizadas as peças e feitos os encaixes, para que tudo
funcione sem que as peças caiam, ou para o caso que não
consigam encaixá-las umas nas outras(…). O educador pede
para que todas as crianças coloquem duas peças verdes, nas
placas e de seguida pede a uma criança que faça a respetiva
leitura das placas. Há um silêncio absoluto na sala. Como a
criança não responde, o educador coloca questões como:
“Quando temos estas duas placas, o que estamos a jogar?
(resposta do restante grupo). “Qual é a base em que vamos
jogar? Não é para todos responderem. Só responde o Pedro.”
(resposta)
E*: “Para jogarmos o jogo das bases o que temos que
fazer?” (…)
R. É o 5.
E:“Como sabemos?”
R* –“ Porque juntamos 1 em pensamento.”(…)
E:-“Então qual é a torre mais alta?
R: Amarela. (…)
E: “Quantos tem a Ana? (…) Sabes me dizer o que
precisamos para jogar o jogo das bases?”(…)
E: “Não podemos jogar com + de 5; nem com – de 5.
Então vamos lá. Podemos jogar.”
Todas as crianças iniciam as construções nas suas placas.
A maioria consegue ir concretizando a operação. As crianças
Multibásicos
A
Verificou-se a aplicação de um modelo curricular transmissivo, em a a atividade da criança se baseia em não cometer erros, não existe interação entre s crianças da criança, e a utilização dos mteriais está toda previamente estruturada e regulada por normas emanadas pelo educador.
Estamos perante um tipo de avaliação das aprendizagens centrado no resultado que a criança consegue evidenciar ao educador, colocando corretamente as peças conforme orientações as instruções do educador
Havia já um conhecimento prévio do material que estavam a
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
399
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 00m
10h 15m
10h 30m
que precisam de ajuda, o educador, vai junto delas e dá
pequenas indicações, para auxiliar. Relembra qual é a base em
que estão a jogar.
R: 5 –
A base com que estão a jogar é relembrada, de maneira a
auxiliar a criança a concretizar e sistematizar a operação. Isto
repete-se várias vezes. É solicitado o resultado sempre que é
dada uma indicação de concretização de operação matemática.
O educador continua dando indicações para operações
matemáticas e as crianças vão construindo. É mantida uma
relação de interatividade permanente entre crianças e
educador. Questionando sobre possíveis resultados errados e
porquê.
Há facilidade no manuseamento dos blocos. A sequência
das cores é conhecida pelas crianças assim como o seu
posicionamento correto nas placas. [ausência de hesitações, ao
colocar corretamente as peças].
O educador movimenta-se pela sala. Junto de si não tem
nenhuma placa onde as crianças tenham a possibilidade de
visualizar as operações que ia dando, obrigando a criança a
materializar as indicações fornecidas. (…) O educador pergunta
qual a cor com que se deve trabalhar a seguir. R: correta.
E:” Então vou pedir ajuda ao Pedro, para me ler a placa
do resultado.” A criança inicia a resposta, mas engana-se. [a
leitura foi feita da direita para a esquerda quando deveria ser
feita da esquerda para a direita.
utilizar, uma vez que, todas as crianças em simultâneo, compreendiam e executavam as tarefas solicitadas elo educador.
O educador utiliza um método transmissivo, centrado na transmissão de orientações precisas para que as crianças realizem as operações.
Perguntas são dirigidas
Procedimentos e métodos baseados na repetição e sistematização
A observação e manipulação da realidade tem que ser REAL, através da
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
400
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
10h 45m
11h 00m
Durante aproximadamente 20 minutos repetiu-se as
indicações para a concretização das operações matemáticas.
Como as crianças tinham o ensaio de Natal, tinham que
finalizar a aula de calculadores multibásicos. Deixaram em cima
das mesas todo o material utilizado, arrumando unicamente os
calculadores dentro das caixas e deixando as bases em cima das
caixas. Depois do ensaio as crianças iriam realizar uma ficha
para registo escrito e para ir para o seu dossiê
O educador informou que este material não iria ser tão
brevemente dado às crianças, para não se tornar repetitivo, e
para que as crianças mantivessem o interesse, mas também
porque havia todo um outro conjunto de materiais para
trabalhar. No entanto, como não haviam finalizado a aula, havia
a necessidade de trabalhar mais um pouco com os calculadores,
para poderem operacionalizar numa ficha as aprendizagens
experienciação de cada criança com o material que está a utilizar, várias vezes.
O educador parece ter uma intencionalidade, ou seja, que a criança vá abstraindo, da realidade que lhe é observável.
A observação foi a forma de recolher evidências sobre as aprendizagens das crianças.
Fichas de trabalho para o dossiê
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
401
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
alcançadas.
O educador disse ao investigador que na aula seguinte
iria ser feita observação a toda turma para registo de avaliação,
e iria incidir essencialmente sobre manipulação do material; a
colocação correta das peças; a leitura das placas; o jogo das
bases e o jogo das torres.
Nota: A sala mantém a mesma disposição desde a 1ªa
observação, com carteiras e crianças.
Fim de Observação
Gravação Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
402
44. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O6JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O6JEJD
13 de Dezembro
2007
Sala de aula
1 - Educador 2- Educadores Estagiários Grupo de 29 crianças. Idade: 5 anos
Iniciação à Matemática Calculadores Multibásicos Jogo das Bases
• Ficha escrita
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
11h 00m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-
de-infância
Observação:
Observação de Aula de iniciação à matemática com
Calculadores Multibásicos. Este material é constituído
por: três placas com 5 orifícios cada um, e 50 elementos
em seis cores diferentes 10 amarelas, 13 verdes, 13
encarnadas, 10 azuis, 2 cor-de-rosa e de cor lilás. Os
elementos encaixam nos outros, bem como nos orifícios
das placas. [Este material é de simples e fácil
concretização de várias fases da aritmética, em especial
de cálculo elementar utilizado na introdução à
numeração]
Dando continuidade à aula da 1ª parte da manhã, as
crianças após o regresso da aula de música, retomaram as
operações matemáticas com os calculadores multibásicos.
Pressupostos do processo educativo
Aprendizagem da matemática sustentada por materiais – Calculadores Multibásicos
A observação e manipulação da realidade tem que ser REAL, através da experienciação de cada criança com o material que está a utilizar, várias vezes.
O desenvolvimento inicial do cálculo em crianças simultâneo
com as competências de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
403
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11
h 15m
11h 30m
Como já existia o material distribuído por todos, e
tinha havido uma preparação prévia antes da aula de
música, esta poderia ser considerada a 2ª parte da mesma
aula, uma vez que os conceitos a aprender eram os
mesmos, todos eles incluídos no plano de aula, dessa
mesma manhã.
O educador fez a identificação das operações
recorrendo à utilização do quadro. Identifica,
primeiramente a bases em que estão a trabalhar e depois,
utiliza diferentes cores [iguais às cores e posicionamentos
que se utilizam nos calculadores]. (…)
Base =B / 7
1
1 6 1 2
3 1 5 2
5 7 6 4
E: “Qual o sinal que estamos a utilizar?”[ (…).
Reforça o conceito de adição e explica] depois de ter feito
algumas indicações para que as crianças montassem as
bases calculadoras pergunta: “Quem é capaz de me dizer a
base com que vamos trabalhar.” Qual a torre mais alta
que têm? O que precisamos de fazer?”
As crianças contam. R: “Vamos à torre mais alta,
juntamos 1 em pensamento. (…)”.
São utilizados conceitos como “parcelas, soma,
adição”, todos eles já do conhecimento das crianças.
contagem
Aula de Iniciação à Matemática – e as OCEPE- o educador dinamiza situações desenvolvimento do raciocínio físico-matemátic. Não há interacção entre crianças, estas manipulam o material e interagem com a educadora.
Aula de Iniciação à Matemática – e as OCEPE- o educador dinamiza situações desenvolvimento do raciocínio físico-matemático Não há interacção entre crianças, estas manipulam o material e interagem com a educador, quando lhes é solicitado, caso contrário, não processos de participação. Os materiais estão da mesma forma posicionados em cima de todas as carteiras, a sua utilização é regulada por normas emanadas pelo educador, cuja manipulação está estruturada em torno construções previamente estabelecidas pelo educador de acordo com os objetivos definidos em sede de plano de aula. (cf. documento entregue ao observador)
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
404
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
(…) Depois de ter iniciado novo exercício, algumas
crianças não o conseguiam finalizar. Apercebendo-se
disso, o educador solicitou para que aqueles que n.º
conseguiam fazer, juntassem as peças. E reiniciou o
processo, com aqueles que não haviam acompanhado o
exercício, ao mesmo tempo que solicita a outros que vão
respondendo, para verificar se todos estão a acompanhar
o jogo. Para finalizar os exercícios procurava que as
crianças identificassem o resultado e, justificassem o
porquê. (…).
As crianças começam a guardar dos materiais. As
caixas têm que ficar corretamente arrumadas. Os
calculadores têm que ficar na posição correta e separados
pelas cores, relembra o educador.
A recolha do material é feita pelas crianças.
É distribuída uma ficha de trabalho a cada criança.
O educador primeiramente mostra para todo o grupo e dá
pequenas indicações, explicando o modo correto para
conseguirem realizar o trabalho.
Distribuído caixas com cores a utilizar para o
exercício. É pedida muita atenção a todos (…).
O educador mostra novamente a ficha e explica
novamente para que todos tenham percebido (…) e
identifica: “a 1ª placa, a 2ª placa e a 3ª placa. Onde
vamos colocar as peças amarelas? À direita? (…). Vamos
então, na 1ª placa pintar 5 peças amarelas. Não se
esqueçam que, depois de estar feito não se pode apagar”-
(Exercício está em anexo a esta observação).
A ficha escrita pelas crianças era feita após o
educador fazer um ditado, em voz alta, para que todos
Utilização da cor
para facilitar a
visualização e
concretização da
operação
O educador parece ter uma intencionalidade, ou seja, que a criança vá abstraindo, da realidade que lhe é observável.
Havia já um conhecimento prévio do material e do tipo de aula que estavam a realizar, uma vez que a observação anterior incidira sobre esta temática e fora observável que , todas as crianças em simultâneo, compreendiam e executavam as tarefas solicitadas pelo educador.Procedimentos e métodos baseados na repetição e sistematização
PRÁTICAS DE
AVALIAÇÃO Estratégias
pedagógicas e
Instrumentos de Registo
Recolha de informação é feita através das fichas escritas sobre os exercícios ditados e a observação durante a
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
405
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
ouvissem e, preenchem o resultado na folha de papel.
Educador faz o ditado.
A criança ouve e tenta reproduzir com a cor que
está a identificar.
[O educador escreve no quadro 5]. Ainda na 1ª
placa, 3 peças verdes.
A uma criança que não conseguiu realizar o
exercício, o educador pede-lhe para que visse bem o que
estava escrito no quadro e, diz-lhe que se enganou e,
também, já não poderia alterar, mas dá-lhe uma
oportunidade de corrigir, indicando-lhe o que deve fazer.
Continua o exercício, com todas as indicações precisas
para que as fossem capazes de o fazer.
A criança que se havia enganado anteriormente,
volta a enganar-se, mas desta vez o educador já não lhe
permite mudar. [a ficha ficará assim].
O exercício continua, mas agora na placa 2, todas as
crianças estavam muito atentas, e sempre que novas
orientações eram dadas tentavam fazer.
Cada criança tinha que conseguir contar na ficha, o
algarismo escrito no quadro, e ao mesmo tempo
acompanhar as instruções do educador. Este exercício de
matemática, exigia às crianças uma mobilização de
esforços cognitivos [abstracção, raciocínio, concentração]
e capacidades sensoriais [visais e auditivas].
(…), o educador voltou a perguntar: “Qual a base
em que trabalhámos? (…), Porquê 5 ? Qual a torre mais
alta? Então não temos que juntar mais um em
pensamento [princípio da abstracção).” É pedidos que
aula com os calculadores multibásicos
Durante esta manhã foram utilizadas de fichas escritas, como complemento à aula de iniciação à matemática com os calculadores multibásicos, como estratégia pedagógica. A criança revela que compreendeu e foi capaz de resolver o exercício, quando consegue construir com os calculadores multibásicos, os exercícios ditados pela educadora, e também, quando consegue transferir para o papel aquilo que acabou de aprender. A relação entre os objetivos definidos em sede e plano de aula e a capacidade de cada criança realizar os exercícios, compreendê-los, permite ao educador verificar se foram, ou não, alcançados, sendo que a utilização de fichas escritas serve também de registo das aquisições feitas pelas crianças, valorizando-se aqui a dimensão cognitiva da aprendizagem, essencialmente ao nível da memorização e da compreensão.
A utilização de fichas como prova de aquisição feitas pelas crianças, quer em termos objetivos definidos inicialmente, quer em termos de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
406
HORAS E
LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
coloquem o resultado (…).
Fim de Observação 11h 45m
conteúdos aprendidos, valoriza-se a dimensão cognitiva da aprendizagem, essencialmente ao nível da memorização e da compreensão.
O educador tentou assegurar que todas as crianças tinham compreendido o exercício, de modo a poderem transpô-lo para o documento escrito que ficaria para o portfólio.
Gravação Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
407
45. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O7JEJD
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
9h 45m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Observação:
Aula de iniciação à matemática com Calculadores
Multibásicos. Este material já foi anteriormente descrito, em
observações anteriores
Todas as crianças tinham para trabalhar uma caixa
completa com os calculadores. Depois de ter efetuado algumas
explicações, relembrando aulas anteriores, o educador iniciou o
“chamado ditado das cores”, foi dando indicação do nº de peças
e a respetiva cor com que as crianças deviam colocar nas placas.
Só depois de ter efetuado esta indicação é que e todas as crianças
terem finalizado, assim como, ter verificado em todas as crianças
Construindo Jornadas de Aprendizagem: Aula de Iniciação à Matemática com recurso à utilização de materiais
A
ORIENTAÇÃO DO
PROCESSO DE
ENSINO-
APRENDIZAGEM
-
Desenvolviment
o de modelo
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O7JEJD
24 de Janeiro de
2008
Sala de aula
1 - Educadora
2- Educadores Estagiários
Grupo de 29 crianças.
Idade: 5 anos
Iniciação à Matemática
Calculadores Multibásicos
Ficha com Jogo das Bases
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
408
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
10h 15m
10h 00m
10h 15m
as respetivas placas, é que utilizou o quadro para escrever o
exercício.
(…).
Base =B / 7
As crianças mantêm-se todas
sentadas nas carteiras, não se levantam, nunca, e seguem as
instruções que vão sendo dadas com o material, na concretização
e com o exercício de quadro através da abstração.
Durante esta aula o educador questiona e interpela,
solicitando que as crianças a sua participação, pede a atenção
sistemática por diversas vezes à mesma criança, e informa que
hoje quem vai responder é a Paula, porque não o faz há muito
tempo.
E - “Quem já acabou coloca as aos debaixo da mesa para
eu saber que já acabou”
A criança inicia a dizer o resultado da sua placa, “três peças
azuis, 5 peças amarelas, …”, e fá-lo de forma que toda a sala
possa ouvir. (…).
O educador prepara um outro exercício. Utiliza,
novamente, o quadro, enquanto as crianças arrumam as peças na
caixa. Todos o fazem, da mesma maneira, por ordem, nas cores e
não colocação dentro da caixa. Estão treinados com as cores,
pois, não se enganam. Não há grande barulho na sala.
Dá início a mais um exercício, mas, desta vez o educador
curricular
transmissivo
Utilização da cor, na escrita o quadro, para facilitar a visualização e concretização da operação às crianças.
Treino e repetição
Havia já um conhecimento prévio do material e do tipo de aula que estavam a realizar, uma vez que a observação anterior incidira sobre esta temática e fora observável que , todas as crianças em simultâneo, compreendiam e executavam as tarefas solicitadas pelo educador.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
409
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
10h 30m
10h 45m
11h 00m
escreve-o primeiro no quadro e as crianças têm que o reproduzir
nas placas. O que significa que desta vez as crianças têm que 1º
fazer o cálculo e só depois concretizar nas placas.
“Ora bem, diz o educador: e se eu agora quiser saber qual é
a base em que estamos a trabalhar como fazemos?” Uma criança
responde (…)
E - “Mas se for para trabalhar na base 10, o que temos que
fazer?”
(…)
Na base 10, as peças amarelas são as unidades, as verdes
as dezenas. (…) é mantido a um diálogo entre educador e
crianças, com repetições, e chamadas de atenção para os mais
desatentos. Os exercícios exigiam concentração, uma vez que, o
educador primeiramente utilizava o quadro para que a criança
recorresse ao raciocínio, utilizasse o cálculo mental e dó depois é
que podia operacionalizar com as peças dos calculadores nas
placas.
Parcelas
Soma ou Total
Relembra o conceito de Parcelas e Soma ou Total, e
escreve no quadro.
Procedimentos e métodos baseados na repetição e sistematização
Avaliação recorre ao registo instrumental através de fichas.
A utilização de fichas como prova de aquisição feitas pelas crianças, quer em termos objetivos definidos inicialmente, quer em termos de conteúdos aprendidos, valoriza-se a dimensão cognitiva da aprendizagem, essencialmente ao nível da memorização e da compreensão.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
410
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
11h 15m
11h 30m
11h 45m
“já viram todos, posso apagar?” As crianças não
questionam. Finalizado o exercício, voltam a colocar as peças na
caixa, limpando as placas.
Entra na sala uma auxiliar, coloca uma fatia de pão com
manteiga sobre um guardanapo em cima de cada carteira. As
crianças não comem, nem mexem no pão.
(…)
De seguida o educador informa que agora irão fazer
exercícios, não com a adição, mas sim, com a subtracção.
Desenha uma régua no quadro e vai buscar uma borboleta em
papel. Faz o ditado das cores para as crianças, e de seguida
relembra que agora teriam que fazer ao contrário. Seria debaixo
para cima assim como teriam que começar pelas placas amarelas,
como acontecia sempre com aquele material. (…).
Mas agora o educador, para que todos visualizassem,
segurou as duas placas que tinham as peças, e levantou-as. Com a
ajuda da borboleta, repetiu o exercício várias vezes. (…) Utilizou
vários exemplos para que as crianças compreendessem.
0
Desta vez o educador recorre a uma criança para que seja
ela a colocar o resultado no quadro. (…). Mas, desta vez, muitas
crianças não conseguem realizar a operação com os calculadores
multibásicos. O educador necessitou de recorrer a exemplos
práticos para que todos conseguissem alcançar o resultado. (…).
O educador visualiza aquilo que cada criança conseguiu fazer,
O educador tentou assegurar que todas as crianças tinham compreendido o exercício, mas isso não aconteceu, houve
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
411
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
verifica os resultados e anota nas suas grelhas.
[cf. Grelha de Calculadores Multibásicos)
Fá-lo ainda no decorrer desta atividade, vai identificando as
crianças que não conseguem fazer, uma vez que este material
permite visualizar bem as crianças que conseguem e as que não
conseguem. Na leitura dos resultados que algumas crianças
fizeram, o educador registou, foi interagindo mais em particular
com algumas.
As crianças finalizam a atividade. Têm uma aula de
ginástica, com um professor especializado, num espaço próprio.
Regressam às 11h 15m.
Enquanto não estão na sala, o educador prepara algumas
materiais com que as crianças irão trabalhar. É distribuído fichas
para desenvolvimento e abordagem à escrita. Cada criança tem
com o seu nome uma pasta plástica, transparente, com o seu
nome, onde estão alguns trabalhos seus. Estão por finalizar. De
uma forma geral, todos os trabalhos/fichas são diferentes. Uns
___/_
__/___
___/_
__/___
___/_
__/___
___/__
_/____
___/_
__/___
mani
pular o
material
coloc
ar as peças
na placa
leitur
a da placa
Jogo
da Torre
Jogo
da Base
0
necessidade de construir
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
412
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
apresentam letras soltas que a criança reproduz, outros têm já
pequenas palavras ou mesmo pequenas frases.
Após a aula de música, quando chegam, cada um dirige-se
automaticamente ao seu lugar/carteira. E iniciam de imediato a
atividade preparada previamente pelo educador. Este, encontra-
se no topo da sala junto da sua secretária. Confere uma ficha que
tem junto a si e chama um grupo de 5crianças. E de seguida e
começa a trabalhar individualmente com cada uma destas
crianças. É iniciação à leitura através da Cartilha Maternal o que
as crianças aprendem junto do educador, todas as crianças estão
numa letra/letras diferentes. O tempo dedicado a cada uma,
também varia. Ao mesmo tempo, todas as outras crianças estão
sentadas a fazer a sua ficha. Por várias vezes, há necessidade de o
educador recorrer a uma dossier grande que tem junto a si e
retirar material par a entregar, aqueles que vão finalizando o que
estavam a fazer.
(…) Repetidas vezes, o educador recorre a à sua grelha de
registos. Isto verifica-se de uma forma sistemática, quando
interpela uma criança de novo na leitura, ou quando finaliza e
quando as crianças se dirigem aos seus lugares.
Os grupos de crianças vão sendo chamados para junto de
educador. (1º certifica-se junto da grelha de registo). (…). Há
sempre algumas crianças que têm dificuldade em exprimir-se e
compreender o que lhes está a ser solicitado. Com essas, o
educador demora mais tempo, e recorre a exemplos práticos.
Procura que a criança se lembre, de coisas do seu dia-a-dia. Pede
exemplos, relembra e ajuda. Dizendo algumas palavras. Anota, na
sua grelha, sobre o que a criança lê na Cartilha. Dá alguma
palavras para que a criança invente pequenas frases. Por vezes, a
criança fica calada, parece não conseguir dizer nada. E não
constrói nenhuma frase. O educador ajuda, e logo de seguida
anota. A grelha de registos é utilizada de uma forma recorrente
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
413
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares
e Inferências
durante toda a atividade. (…)
Tudo isto se passa enquanto vai falando com outras
crianças que a abordam para pedir indicações sobre as fichas que
estão a fazer. Cada criança com o seu ritmo, e ninguém faz a
mesma coisa, cada um tem uma ficha diferente e nenhum acaba
ao mesmo tempo. Por vezes o educador teve necessidade de
recorrer aos dossiers individuais de cada criança.
Verificando as horas, a educação pede às crianças que
finalizem. Os trabalhos não são retirados das carteiras, ficam em
cima das mesas, mas dentro das pastas assim como, todo o
material que a criança utilizou durante esta atividade.
As crianças saem da sala para mais uma atividade de
exterior.
Fim de observação.
Gravação
Não existiu.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
414
46. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O8JEJD
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
14h 30m
Atividades em contexto de sala de aula em jardim-de-
infância
Observação:
O educador tem sobre a sua secretária 4 caixas de
material. Solicita ajuda para a sua distribuição a algumas
crianças e dá explicações como deverá ser colocado o
material. Saco dobrado ao lado. Peças todas juntas. Todas as
crianças colocarem os braços por baixo da mesa.
Todas as crianças estão sentadas nos lugares
identificados com o seu nome. Ninguém se levanta.
Material Tangran.
O educador inicia a aula solicitando a uma criança que
reconte a história do material que tinham sobre as mesas.6
Pressupostos do Processo Educativo
- A utilização de materiais para o ensino da matemática
Existe o conceito de aula – todo o grupo e em simultâneo estão a
6 Uma vaidosa princesa chinesa foi ao jardim. Esqueceu-se do seu espelho e pediu ao criado
para o ir buscar. Este tropeçou numas pedras e partiu o dito espelho. Tentou montá-lo mas não
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O8JEJD
28 Fevereiro de 2008
Sala Pré-Primária
1 - Educadora
Grupo de 29 crianças.
Idade: 5 anos
Iniciação à Matemática
• Tangram
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
415
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
14h 45m
15h 00m
O educador tenta que as crianças se recordem de
termos, conceitos anteriormente explorados e vai
interpelando em grupo ou individualmente. Exemplo:
E – “Quais as formas destas peças?”
C – “Triângulo, retângulo e paralelogramo.”
E – “Todos os triângulos têm os mesmos tamanhos? E
este que tamanho é que tem? [grande, médio, pequeno]
O educador ajuda as crianças que não conseguem
responder. E pede para as crianças se relembrarem de que
haviam dito aquela manhã e começa a contar 1 história (…)
em simultâneo cola no quadro uma figura geométrica, depois
outra e assim vai dando forma ao conjunto de peças colocadas
no quadro. As crianças tinham que acompanhar o que o
educador dizia e iam construindo em cima das respetivas
mesas o mesmo que estava feito no quadro. [algumas crianças
são ajudadas].
(…);
“No lago estavam 28 flamingos mas de repente um
amigo aproximou-se de barco e o barulho do motor fez com
que alguns voassem.
E – “Sabem quantos foram? Uma dúzia. Como escrevo?”
No quadro de parede educador o fazia em peças
grandes, a montagem do flamingo/Barco/outro para as
crianças em toda a sala poderem ver Ia ajudando sempre
alguma criança não conseguia fazer.
fazer as mesmas aprendizagens.
A aprendizagem de conceitos matemáticos
conseguiu. A princesa viu e não gostou (…) e ainda hoje o criado está lá o chão a tentar montar as 7 peças e não consegue.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
416
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
15h 00m
15h 15m
15h 30m
Vai uma criança ao quadro. O educador relembra que
estavam a fazer uma subtracção. As regras são ditas pela
criança. Para o grupo visualize a operação o educador utiliza
uma régua que coloca sobre o quadro e utiliza a técnica da
borboleta aos saltinhos. [já descrito numa observação
anterior]
São utilizados vários exemplos e com diferentes
crianças sempre para que estas consigam operacionalizar os
problemas enunciados pelo educador.
Uma das crianças que vai ao quadro não consegue. O
educador questiona para todos de modo a ajudar. É dada
resposta em uníssono.
São relembrados os conceitos de “parcelas, soma,
subtracção, aditivo, subtrativo, resto, excesso ou diferença e
resultado”. São utilizados exemplos do quotidiano das
crianças para que se lembrassem dos conceitos que estavam a
utilizar.
O educador continua a contar a história e ao mesmo
tempo vai fixando as peças no quadro de modo explorar os
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
417
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
conteúdos que estava a apresentar. À medida que a história ia
sendo contada as peças geométricas do Tangran iam dando
forma e expressão. Os conceitos matemáticos estavam
sistematicamente a ser repetidos.
E - “ (…) Sabem o que ele viu quando estava dentro do
barco? Viu um quarteirão de papagaios? Quantos?”
Vinte cinco, [verdes] respondem prontamente em
uníssono a maioria das crianças.
E- “(…) mas depois, apareceram dezasseis azuis e
encarnados. Como vamos fazer?”
B/10
parcelas
+ "
Fizeram a conta.
E - “(…) vamos 1º às unidades. Lembram-se das regras
dos calculadores? (…) Quantos papagaios viram o nosso
amigo?”
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
418
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
R - (…) viram 41 papagaios. Sempre que der 10 ou mais
de que 10, tiramos 10 e fica a unidade (…).”
Diálogo contínuo mantido entre educador e alunos.
Interpelações/problemas/questões pelo educador e resposta
dada pelas crianças.
O educador terminou a aula de iniciação à matemática
com material Tangran porque chegou a professora de inglês
era necessário mudar de atividade.
Fim de observação.
Gravação
Fala-me só um pouco deste material que usou agora?
Este material é feito de plástico, tem aquelas formas
que são apresentadas, portanto o paralelogramo, o quadrado
e o triângulo em que o triângulo tem três tamanhos. Este
material destina-se essencialmente a trabalhar a lateralidade,
a motricidade e a motricidade fina das crianças, mas eu neste
caso, para além de aproveitar a essas duas vertentes,
trabalhar essas duas vertentes, aproveito sempre para
trabalhar outros conteúdos, e portanto fazer um bocadinho
de interdisciplinaridade.
Aproveito para trabalhar a parte da matemática
porque lhes conto sempre uma história à medida que eles
vão fazendo as figuras, e que ao fazer as figuras lá está, estão
a trabalhar a motricidade e a lateralização, e portanto põem
do lado esquerdo, põem do lado direito, põem em cima, põem
em baixo, eles próprios é que têm que virar as peças. Depois,
aproveito para contar uma história, e portanto, neste caso,
trabalhar algumas situações problemáticas, somas e
subtracções, porque é o que eles fazem nesta idade. E quando
a história se proporciona, neste caso, neste momento hoje,
estamos a dar os mamíferos, os animais, aves, os peixes, como
este material tem também essas figuras para poderem ser
trabalhadas, porque eles fazem sempre construções (…) ou de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
419
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
casas, ou de peixes, ou de outros animais, e neste caso ia fazer
um papagaio, ia aproveitar para fazer um bocadinho sobre o
conhecimento do mundo, ia aproveitar para saber um
bocadinho sobre as caraterísticas do mundo, onde é que
“elas” vivem - que aves é que eles conhecem? carnívoras,
herbívoras, etc., assim um bocadinho para saber o que é que
eles conhecem.
Agradecimentos.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
420
47. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O10JEJD
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
Observação: Atividades em contexto de sala de aula
em jardim-de-infância
Organização do ambiente educativo:
Descrição do espaço educativo:
Esta era a 1ª observação no presente ano letivo.
Verificava-se algumas alterações na decoração da sala
e a disposição de mobiliário mantinha-se igual ao ano
anterior, ou seja, as carteiras alinhadas em “U “, e, o seu
interior estava preenchido com filas de secretárias bem
alinhadas.
Na decoração das paredes sobressaía o desenho do
material matemático “cuisinaire”, pelo colorido. Também de
novo havia placas com a identificação escrita do nome de
diversos objetos e mobiliário. Como o quadro, a porta, a luz,
O AMBIENTE DE APRENDIZAGEM
O ambiente de aprendizagem e a gestão dos espaços
A importância da leitura e da escrita é bem visível através da decoração das paredes da sala. Por cima do quadro estão coladas à parede letras do abecedário, bem coloridas e em relação à matemática estava ampliado o desenho do material Cuisinaire.
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O10JEJD 24 Outubro de 2008
Sala de Aula
1 - Educador a Grupo de 28 crianças. Idade: 5 anos
Desenvolvimento da linguagem oral e da memória Desenho Orientado.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
421
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
14h 30m
etc.
No quadro estavam colados alguns sinais de
matemática. A identificação do Jardim-Escola e a data
estavam iluminados por uma luz no seu “cabeçalho.
A área do computador [do educador], era a única que
tinha um espaço próprio, coisa que não acontecia no ano
anterior.
As crianças entraram na sala com algum alvoroço.
Vinham das atividades livres de recreio e estavam muito
cansadas. Foram necessários alguns minutos para que
fossem realizadas as idas à casa de banho e todos se
sentassem na sala nos seus lugares.
Esta manhã fora feito uma visita de estudo ao Museu
Dr. Anastácio Gonçalves. O educador reuniu o grupo em
redor de si, todos se sentaram no chão. Foi estabelecido um
momento de comunicação. As crianças falaram livremente
das experiências vividas durante a manhã e foram
recordados alguns objetos vistos e o espaço visitado.
Diálogos foram mantidos entre o educador e as crianças. (…).
O educador faz um resumo com o percurso efetuado
durante a visita da manhã. Faz um momento de
Construindo jornadas de Aprendizagem
1. As atividades: momentos de interacção e comunicação
2. O desenho: A expressão escrita
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
422
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
14h 45m
15h 00m
15h 15m
comunicação entre todos, explora o vocabulário novo que foi
falado durante as apresentações pelos Guias do Museu. As
crianças relembraram passo a passo os momentos vividos na
visita passeio da manhã.
(…)
E – “O que fazia o Sr. Dr. Anastácio? Qual a frase
utilizada pelo senhor?”
R – “Médico dos olhos”
E – “O que gostava de coleccionar?”
R – “Pinturas, móveis, …”
E – “Antes da casa ser do Dr. Anastácio, quem lá tinha
vivido?”
R – “Um pintor” .
E – “Como se chamava esse pintor?”
Depois de algum tempo houve uma criança que
conseguiu lembrar-se e respondeu “José Malhoa” e
acrescentou que ele tinha pintado muitos quadros. (…)
E – “Como se chamava a sala grande?”
R – “Ateliê” – era onde o José Malhoa pintava quando
vivia naquela casa. (…)
E – “hoje viram muitas pinturas. Quem se lembra e é
capaz de dizer o vi nos quadros?”
R – (…) a praia, o moinho, a jangada de bois.
(…);
E – “Eram pinturas com muitas paisagens. Mas
também pintava outras coisas. No meu grupo até o guia da
nossa visita, foi dizendo os nomes destas pinturas. Quem se
lembra do nome que se dá à pintura quando o pintor pinta
coisas que não são vivas?”
R – “Natureza morta”
Muitas palavras novas disse o educador e repete-as de
modo a que as crianças pudessem repetir “casa-museu,
natureza morta, atelier, porcelanas, cortinados, linha do
equador”
Os momentos de comunicação
Interacção entre educador e criança. A crianças no espaço de sala de aula só interagem com o educador
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
423
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
15h 30m
(…)
O diálogo entre educador e o grupo foi feito sempre
com base no percurso efetuado e o acompanhamento dado
pelo guia do museu, assim como, o vocabulário utilizado
naquela visita e o respetivo significado. O recurso à memória
visual e linguística foi recorrente em quase todo o tempo de
diálogo.
De seguida o educador sugere que as crianças façam
um trabalho de desenho, e foi relembrando que havia
muitas coisas que poderiam ser desenhadas. Tudo o que
tinham visto poderiam fazer. Chamou a atenção para a
reprodução e utilização das cores e relembrou as cores das
janelas da sala “Vitrais”, e deveriam utilizar todo o espaço de
papel. Relembra que o trabalho a realizar tinha que estar de
acordo como que tinham visto.
As crianças realizaram o trabalho enquanto o
educador preparava algumas fichas de trabalho escrito.
Fim de Observação
Sem gravação aúdio.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
424
48. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – OO11JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O11JEJD 13 de
Novembro de 2008
Sala de Atividades
1 - Educador 2 - Estagiárias Grupo de crianças. Idade: /5 anos – Bibe Azul
Iniciação à Matemática
• Calculadores Multibásicos
.
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
9h 00m
Observação: Atividades em contexto de sala de aula em
jardim-de-infância
Todas as crianças estavam dentro da sala sentadas nos
respetivos lugares. Em cada carteira estava uma caixa
calculadores multibásicos . Uma criança desenhava no
quadro livremente. Todos aguardam em silêncio. O
educador vai dando pequenas instruções/orientações para
a atividade que vão realizar, enquanto vai conferindo caixa
a caixa, se estas estão em condições de serem utilizada.
Todas as crianças se mantêm em silêncio. Não mexem nas
caixas conforme as indicações que tinham recebido e
aguardam. (…);
E – “Diz-me o nome do material que temos em cima da
mesa?”
R – Calculadores Multibásicos”
E – Podem abrir com jeitinho as caixinhas. Todos têm o
material?
R – Não.
PRESSUPOSTO DO PROCESSO EDUCATIVO
A matemática – os calculadores multibásicos
Aprendizagem da matemática sustentada por materiais matemáticos
A ORIENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM faz-se com recurso a metodologias utilizadas nos modelos behavioristas – centrando os objetivos na aquisição de competências académicas por parte das crianças. A rotina diária evidencia uma interacção entre
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
425
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
9h 30m
9h 45m
Prontamente o educador dirigiu-se à sala ao lado e em
segundos trouxe mais caixas (2) para as crianças que ainda
não tinham.
E – Podem tirar da caixa e colocar como já vos ensinei.
E repete – colocam as duas placas da mesma cor juntas
sem arrastar.
(…) O educador dá a volta pela sala e verifica que algumas
crianças têm as peças mal cocadas, todos tinham mal.
Todos por imitação tinham reproduzido mal. (…). Ajudou
aqueles que estavam em dificuldade. (…)
c/imagem
E - Vou ditar o 1º exercício, mas não pode haver barulho. E
começou a escrever no quadro os algarismos da operação
com giz da mesma cor, correspondente às peças que iriam
colocar nas placas.
? ? ? Cálculo
Mental
1 2 4 3 1ª - Parcela
+ 2 3 2 1 2ª - Parcela
5 7 6 4 Soma ou Total
E – “Vai-me dizer o Gustavo, se eu já coloquei aquele
sinal”?
educador e aluno. As crianças assumem um papel pacífico, interagem com os materiais que assumem um papel primordial na aquisição de competências, feito através da sua
manipulação e da sua observação, sendo que o resultado é tido como “ a construção da realidade” E, é através da construção e da repetição destas mesmas construções que cada criança adquire o conhecimento pretendido
O educador controla as atividades das crianças durante todo o tempo de instrução/ensino/aula. Estão estipulados objetivos comportamentais que cada criança deverá respeitar e assumir como atitude aceite. O silêncio. Todo o processo de aprendizagem está organizado sequencialmente e o educador utiliza recorrentemente formas de reforço e de estimulo em função das respostas solicitadas ou em função da capacidade de demonstrar com a utilização dos materiais o resultado pretendido nos exercícios realizados.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
426
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
10h 30m
R – Sim.
E- “Qual é o seu nome. Como se chama?”
Várias Crianças – Sinal mais.
E – “Então se eu utilizo o sinal +, há um nome para esta
operação que vamos fazer. Qual é? Sabes me dizer
Patrícia?”
R – Adição.
E – “Vamos todos repetir, para não esquecer. Muito bem.
Então vejam muito bem o que está escrito no quadro e
copiem para as vossas placas. Já sabem, vão buscar o
número de pecinhas da mesma cor que está escrito no
quadro e pela mesma ordem (…). Claro que começamos
sempre pelo vosso lado direito a colocar as peças.
Começamos sempre pelas peças amarelas. Fazem em 1º
lugar a 1ª placa e só depois a segunda placa. Não temos
nada para a terceira placa”.
O educador vai circulando pela sala e observa os exercícios
das crianças, chamando a atenção para aqueles que não
estavam a conseguir concretizar.
E – “Agora que já colocaram as peças nas placas, vamos
então lá ver. As placas têm que estar direitinhas, uma em
frente à outra, alinhadas com as mesmas cores. Estão a
ouvir? (…). Vamos trabalhar com o sinal +. É portanto, uma
adição. Hoje vou ensinar-vos uma coisa muito importante.
(e relembrou o exercício do dia anterior com o material
Tangran, e repetiu pequenos passos do exercício, para que
as crianças relembrassem o que haviam feito no dia
anterior. (…) – Aquilo que nós juntamos na adição tem o
nome de parcelas.”
E foi ao quadro e colocou junto aos algarismos que tinha
escrito para as crianças fazerem o exercício, uma placa em
cartolina amarela, onde tinha escrito: parcela. O mesmo fez
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
427
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
para a segunda. – “E o resultado dessas parcelas chama-se
Total. Isto é o resultado da conta que fizemos. Também se
pode chamar Soma. Então, tal e qual como ontem, hoje
também temos duas parcelas.”
As crianças estavam atentas e com o seu olhar fixo na
educadora.
Para perceberem melhor os conceitos matemáticos que
acabava de introduzir, o educador recorreu ao seu próprio
vestuário. Assim, as crianças iam visualizando e colocando
no quadro o exercício em algarismos. Deste modo o
educador explicou que as adições não têm só duas
parcelas, podem ter mais. Explicava.
(…)
E – “Qual o jogo que vamos jogar?”
R – “Jogo das Bases”.
E – Pede a confirmação a um criança, que de imediato
responde que não.
Questionado se teria pensado bem, a criança não consegue
explicar.
Para ajudar a compreender o educador pediu ajuda às
crianças que o fizessem por si, pois, assim, podiam ajudar
melhor a criança que não compreendera.
E – No quadro o educador escreve B/ e pede ao grupo que
se manifeste sobre o que aquilo queria dizer. (…).
“Então vamos ter que olhar para a torre mais alta, depois o
que temos que fazer?” pergunta.
Juntar mais uma em pensamento?
E - Com quantos ficamos?
- 4+1? É isso?
- Quantos são?
- 5.
E – “A torre mais alta tem 4 peças, eu vou juntar + 1”.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
428
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
10h 45m
O educador vai falando e repetindo para que todos
consigam compreender. Teriam que iniciar o princípio da
abstracção.
c/imagem
E – “Qual é então, o jogo de Base que vamos jogar?
Para conseguirem saber qual é a base com que vamos
trabalhar têm que olhar para a torre mais alta e juntar 1
em pensamento. E terão que fazer sempre assim com
todas as torres. Isto é sempre assim. (…).
O que diz a regra quando estamos a jogar na Base 5?”
R – Não podemos ter uma torre com 5 peças ou
maior/mais que 5. Vamos então fazer? Vamos buscar as
pecinhas à caixa e colocá-las na placa do resultado. [e
questiona] - podemos ficar com 4? É mais do que 5?;
- (…) vamos então passar para a torre das peças verdes.
Vamos buscar o mesmo número de peças que temos nas
placas 2+4. Que são?
R – 6.
- (…) passaram para a torre vermelha. Quantas são? Vamos
buscar”
R – 5.
c/imagem
Vai falando em voz alta e lentamente para que todas as
crianças saibam ir buscar as peças para colocarem no
resultado. Vai observando. Como todos não conseguem
acabar, os dois educadores estagiários foram ajudar. Ao
mesmo tempo que o exercício ia decorrendo o educador ia
escrevendo os algarismos do resultado no quadro.
(…)
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
429
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
E – “Vamos lá olhar para a nossa soma ou Total.” O
educador tem que ir junto de ma criança que não
conseguiu. Fala com ela e pergunta-lhe porque não fez. E
relembra-o que terá que estar com mais atenção porque
ele está sempre distraído a brincar, por isso é que não
consegue, se estivesse atento conseguia, como todos os
outros. “E diz-lhe: estás sempre a brincar e desatento,
sempre a brincar, sempre desatento”, (…);
Retoma o início do exercício e faz algumas perguntas.
Agora incide sobre o resultado
(…)
E – “Podemos deixar ficar as 4 peças amarelas?”
R – Sim. Respondem vários.
E – “Porquê?
Aguarda a resposta das crianças e de seguida repete a
regra “porque não é igual a 5 ou tem mais que 5” e segue a
mesma estratégia com o resultado das peças verdes. Só
que aqui o resultado já era maior ou mais que 5.”
Pediu a todas as crianças que olhassem com muita atenção
para ele e explicou calmamente como iriam conseguir.
E - “Estamos a jogar na Base 5, então, vamos retirar 5
peças verdes do resultado, colocamo-las na caixa, e pomos
uma da cor a seguir. Qual é a cor?”
R – “Encarnado”
E – “Vamos, então, rapidamente buscar 1 peça da cor
vermelha, para não esquecer. Com qtas peças encarnadas
ficamos?”
R – “6”
E – “Podemos ter 6 na Base 5? 6 é mais ou menos que 5?”
Repete por diversas vezes. (…)”:
E – “Como fazemos?”
As crianças repetem.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
430
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
11h 00m
E – “Agora vamos ter que fazer isso muito rápido, que é
para não esquecer. Vamos tirar as 5 encarnadas e pomos
mais 1 da cor a seguir (…). Podemos ficar assim?”
O educador circula pela sala, vai verificando o resultado
que cada criança conseguiu construir na sua placa e
confere. Separa a placa do resultado, para que as crianças
consigam bem visualizar a separação entre parcelas e soma
ou total.
E – “Vamos lá ver se todos têm o mesmo resultado na soma
ou total?” Pede a uma criança para que faça a leitura em
voz alta para que todos possam ouvir e verificar se tinham
bem. Relembra que a leitura é sempre feita da esquerda
para a direita. E a criança começa a ler.
Relembrou novamente todo o exercício e os conceitos
matemáticos que estivera ensinar.
E – “Então o que juntamos?”
R – “São as parcelas”
E – “E a placa do resultado, como se chama?”
R – “É a soma ou total”.
E – “Hoje ficamos por aqui. Vamos arrumar as nossas
caixas, mas não colocamos as placas por cima das peças,
para eu poder ver se as caixas têm todo o material correto”
e pede às crianças que verifiquem e que indiquem se há
alguma caixa que precise de ser arranjada ou completada
com o material em falta.
C/imagem
Nesta fase da arrumação, passou um auxiliar que deixou
em cima de um guardanapo, em cima das mesas, uma fatia
de pão. As crianças não comem. O educador passa por
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
431
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
11h 45m
criança a criança verifica a caixa se está correta e vai dando
ordem para irem comendo. Como estava demorada esta
operação de conferência do material o educador solicita
aos educadores estagiários que verifiquem e ajudem a
conferir.
As crianças mantêm-se sentadas e vão comendo o pão.
Logo de seguida o educador foi buscar umas fichas de
trabalho de escrita e vai falando para o grupo. Explicou
que ontem, quando fizeram o 1º ditado, a grande maioria
tinha conseguido fazer. No entanto, houve algumas
crianças que se tinham enganado, ou melhor, “que fizeram
não totalmente bem” e explicou que isso acontece porque
estavam a aprender, por isso alguns teriam que ir melhorar
o seu trabalho escrito.
E – “Aos meninos que vou dar uma folha, que tem uma
palavra escrita a cor de rosa, vão ter que a escrever à
frente, e não por baixo, duas vezes. É só copiar duas vezes”.
Repete.
Vai escolhendo as crianças a quem deve distribuir o
trabalho. Vai falando em voz alta, dizendo sempre a cada
um o que havia feito mal e que era preciso melhorar e por
isso tinham que fazer. A maioria das crianças não recebeu
este trabalho.
O educador repara que já são horas de estarem todos
preparados para ir à ginástica. Pede para todos ajudarem a
tirar os bibes, para poderem sair rapidamente da sal e ir
para o ginásio.
O grupo de imediato obedece e sai da sala.
Fim de Observação
Sem gravação áudio.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
432
HORAS E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas complementares
e Inferências
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
433
49. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O12JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O12JEJD
14 de Novembro
de 2008
Sala de Aula
1 - Educadora 2 – Educadores Estagiários Grupo de 28 crianças. Idade: 5 anos
Cartilha Maternal
• Desenvolvimento da linguagem e da Escrita
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 00m
Observação: Actividades em contexto de sala de
aula de jardim-de-infância
Todas as crianças se encontram sentadas nos seus
lugares e respectivas carteiras. O educador distribui a cada
uma, uma capa transparente com diversas fichas de escrita,
vulgarmente designada pelo “Diário”. [esta capa está
Construção de Jornadas de
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
434
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 15m
estruturada segundo uma lógica de aquisição de
competências na escrita e que todas as crianças deverão
fazer tendo em função do seu ritmo de aprendizagem].
Todo o grupo aguarda em silêncio que chegue a sua
vez.
Quando isso acontece e depois de o educador
explicar o que quer que cada um faça, a criança começa a
trabalhar. Assim ficou toda a sala. Seguidamente, o
educador chama o grupo 1, [Grupo Cartilha] e dito isto,
quatro crianças levantaram-se e dirigiram-se para junto da
secretária de trabalho do educador e o livro grande de
cartilha que aí se encontrava. Com este grupo, o educador
inicia um trabalho individual de leitura, não antes de
observar a sua grelha de registos, escolhe a letra/palavras
onde cada criança iria fazer o seu exercício de leitura. (…) O
tom de fala é baixo e não perturba o restante grupo a
trabalhar em A lógica com que se vai fazendo o exercício de
aprendizagem da leitura segue uma sequência, ou seja, a
criança vai fazendo a junção das letras, depois concretiza
com a leitura de uma palavra e finaliza construindo uma
frase com a palavra que acabara de ler.
Aprendizagem
A escrita
O educadora utiliza uma abordagem centralizada e de ensino directo, estruturada em função de objectivos pretendidos para a leitura. As crianças estão agrupadas por níveis/capacidades e recebem a aula de cartilha em pequenos grupos, sendo-lhes solicitado que apresentem individualmente uma resposta às questões que lhes vai colocando. O educador elogia as crianças com frequência e encoraja-as. Simultaneamente, vai fazendo registos numa grelha que tem junto de si.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
435
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
O educador relembra os vários valores de cada letra
e regras de aplicação para que cada criança consiga aplicar
e depois também consiga ler.
(…)
Quando o grupo finalizou o educador agradeceu e
disse-lhes que tinham estado muito bem, e que ficara
muito contente.
De seguida o educador chama o grupo 2.
De imediato, mais quatro crianças se dirigiram para
junto de si. O educador consulta a sua grelha de registos da
cartilha e informa o grupo que hoje terá que estar com
muita atenção porque tinham que aprender o terceiro
valor da letra “s”.
E era muito fácil, só tinham que se lembrar como se
manda calar, ou seja, “che”. As crianças repetem. E o
educador exemplificou, de seguida cada um foi lendo
algumas palavras: “leste”, “foste”, “peste”. A metodologia
para a criança conseguir memorizar foi a mesma. Cada uma
inventou uma frase utilizando as palavras que haviam lido.
Exemplo de frases inventadas: “Tu leste a cartilha”,
“Esta boneca é minha” (…); o educador foi lhes dizendo que
eles estavam a conseguir muito bem a ler e também
repetiu algumas vezes o valor da letra e o seu nome. -“Era
a letra “cezeche”, como o primeiro valor a utilizar no início
das palavras, o segundo quando o “s” estava ente duas
vogais e o terceiro valor quando está no fim das palavras.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
436
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 30m
Ao mesmo tempo todas as crianças estavam a
trabalhar nas suas fichas de escrita. Por vezes o educador
era interrompido por alguma criança que finalizava a ficha
que estava a fazer ou porque não conseguia e pedia ajuda
e de imediato retomava a lição de cartilha com o grupo que
se mantinha junto a si aguardando.
Finaliza o grupo 2 e chama o grupo 3.
Este grupo não se encontra com a mesma letra, mas
sim, com a letra “z”. Repete a metodologia anteriormente
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
437
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
utilizada explicando ao pequeno grupo que iriam, hoje,
aprender um o 1º valor desta letra. “z”. Exemplifica com
uma abelha e pede que as crianças consigam identificar o
barulho que as abelhas fazem. Há alguns segundos de
silêncio, até que uma das crianças pronuncia o som
“zzzzzzzzzz” – e o educador explica, que aquela era
efectivamente, o som que tinham que fixar quando
quisessem ler como o primeiro valor da letra “z”. e disse
que se lia “zzzzz” quando esta letra estava no início das
palavras, ou no inicio das sílabas e, foi fazendo pequenos
exercícios de memória para preparar a criança na leitura
desta nova letra. (…).
Pediu a cada um que lesse algumas palavras com a
utilização do “z”, repetindo sempre regras para a
associação de letras e sua junção.
Exemplo palavras utilizadas “luz”, “luzir”, “azul” (…);
Exemplo frases: “A estrela está a luzir”
Com a palavra “azul” o educador necessitou de fazer
explicações porque uma das crianças não conseguia ler.
[pequenas regras esta é uma vogal ou é uma consoante?
Qual é a sílaba forte?]
O educador foi sempre tomando notas à medida que
ia dialogando com as crianças.
Agora, o educador demora mais alguns minutos com
cada criança, ainda estavam numa fase preliminar.
Este grupo ficou pelo 1º valor da letra “z”, ou seja
com o som “ce”. O educador diz que ficou triste, uma vez
que não conseguiram fazer o mesmo que os anteriores
grupos, o grupo 1 e o grupo 2.
Chama pelo grupo 4. Nesta mudança de grupo, o
educador aproveitou para falar ao grande grupo que estava
com o trabalho de escrita e relembrou que devem fazer
tudo muito perfeitinho, e pede a uma criança que estava
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
438
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
11h 45m
com este trabalho para lhe mostrar o que já tinha feito.
Em relação ao grupo 4 o educador informou que
este, hoje, já tinha que começar a ler uma pequena
história. E por isso, tinham que reparar nos sinais que o
texto tinha. Explicou como fazer com cada um.
[o – a utilizar sempre que uma pessoa fala, o ? para
quando é preciso perguntar alguma coisa e, uma vírgula,
que iriam servir para fazer uma pequenina pausa na
leitura]. Chamou a atenção que teriam que ler com todos
os sons “ce”, “z” e “ch”.
E iniciou uma frase para ser continuada por uma
criança. (…). Sempre que a criança não consegue o
educador ajuda-a relembrando-lhe sempre em primeiro
lugar as regras das junção das letras e permitindo que a
criança concretize o exercício fazendo a leitura das palavras
e depois a frase completa. Cada criança fez
individualmente o seu exercício de leitura. Perguntou se
tinham percebido o que tinham acabado de ler e pediu a
cada um que explicasse por as suas palavras e repetisse o
conteúdo da pequena história lida.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
439
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
Sempre vai tomando notas na sua folha de registo.
(…) e, manteve-se durante alguns minutos repetindo o
mesmo tipo de ensinamento, com todas as crianças que
estavam neste grupo 4, sendo de vez em quando
interrompido por crianças que necessitavam de auxílio nos
exercícios de escrita. por vezes, as crianças apenas
precisam de confirmação sobre o seu trabalho, se estaria
bem ou mal feito.
Durante este tempo os dois educadores estagiários
acompanharam apenas as crianças que estavam com as
fichas de escrita
Por último só três crianças foram chamadas à
cartilha, cada uma individualmente pelo seu nome. A letra
com que fizeram o exercício da aprendizagem da leitura foi
a letra “r”.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
440
HORAS
E LOCAIS
DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS) Notas
complementares e Inferências
12
h 00m
O educador a mesma metodologia anteriormente
utilizada. Foi sempre solicitando a cada criança que
dissesse os valores da letra, o primeiro e o segundo, e
depois as regras com que deviam ser lidas, quer fosse no
princípio da palavra como entre vogais. Repetiu por
diversas vezes os mesmos exercícios com este grupo de
três crianças.
Pediu às crianças que arrumassem todo o seu
material, pois estava na hora de irem almoçar.
As crianças levantaram-se e terminaram as
actividades de sala de aula e dirigiram-se para o refeitório.
Fim de Observação
Sem gravação aúdio.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
441
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
442
50. PROTOCOLO OBSERVAÇÃO – O13JEJD
CÓDIGO DIA LOCAIS INTERVENIENTES ATIVIDADES
PRINCIPAIS
O13JEJD
24 de
Novembro de 2008
Sala de Aula
1 - Educadora 2 – Educadores Estagiários Grupo de 28 crianças. Idade: 5 anos
Estudo do Meio
• Atividades de leitura e Escrita
• Expressões
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
10h 00m
Observação: Atividades em contexto de sala de aula de
jardim-de-infância
c/imagem
Todas as crianças estão sentadas nas cadeiras respetivas e
mesas/carteiras. (…)
O educador prepara-se para começar a contar uma
história. Traz para junto de si um livro que havia construído em
tamanho grande. [folhas de cartolina] e, uma caixa com palavras
escritas em letra de imprensa.
Começa por explicar que nesta história iam encontrar
algumas palavras diferentes e outras que já conheciam há muito
tempo e sabiam o seu significado. Assim, ia explicar a todos
algumas delas e, depois, pedia ajuda a todos para ajudarem a
identificar quais é que ainda não sabiam. Todos iriam
compreender o que ela ia ler. Até porque na segunda parte da
atividade todos teriam que ler e saber identificar no quadro
algumas dessas palavras. Esta explicação durou
O AMBIENTE DE APRENDIZAGEM E A GESTÃO DOS ESPAÇOS
A sala de atividades tem o modelo único, fixado no início do ano letivo onde as criança se sentam sempre no me smo lugar e carteira, muito semelhante ao que se passa com o 1.º ciclo do ensino básio.
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
443
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
11h 15m
10h 30m
aproximadamente5/6 minutos.
Quando finalizou esta explicação iniciou a leitura da
história, e fê-lo sem interrupções, com entoações de voz
variada, grave e forte, por vezes, ou baixinho e agudo, o que fez
com que todo o grupo se fixasse com o olhar em si. (…)
Durante a leitura da história apenas se ouvia a voz do
educador, o grupo manteve-se em silêncio absoluto.
Quando finalizou, guardou o livro e pediu a algumas
crianças, que recontassem o que tinham acabado de ouvir e
significados sobre de algum vocabulário utilizado. (…)
Feito este memento de comunicação entre alguns
elementos do grupo e o educador, este tomou algumas notas,
[que mais tarde informou serem alguns registos sobre as
crianças que tinham participado na discussão da história].
Passado este momento de comunicação passou para a
leitura.
Começou por escolher uma palavra da caixa que tinha
junto a si e, colou-a no quadro e pediu para ser lida. (…)
Relembrou o som da letra “c” e os valores que esta pode
ter. (…)
Falou sobre a sílaba tónica.
Foram lidas palavras como: “cauda”, “laço”, “cerca”,
“cebola”, “alface”;
Foram identificados os valores da letra “c” por diversas
vezes, e repetido, igualmente, também a sua aplicação com o 1ª
valor e o 2ª valor nas palavras que iam sendo lidas pelas
crianças; (…)
Durante este período o educador foi tomando notas em
grelhas de registo.
Todas as palavras utilizadas nesta aula de leitura estavam
relacionadas com a história que acabara de contar. (…)
A CONTRUÇÃO DE JORNADAS DE APRENDIZAGEM
– HISTÓRIAS - LEITURAS
Avaliação
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E INSTRUMENTOS DE REGISTO: Recolha de Informação
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
444
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
10h 45m
c/imagem
Ce bo la la ço
c er ca al fa ce
Continuou o mesmo tipo de exercício, sistematizando
com mais algumas crianças as regras que anteriormente dissera.
(…)
De seguida pediu ajuda para a distribuição das fichas. (…)
Quando todas as crianças já estavam na posse da ficha de
escrita que iriam realizar disse: “Vão ter que fazer a
correspondência entre a imagem e a palavra. Mas, aqui há uma
coisa para terem muita atenção, senão vão enganar-se. E vejam:
Se eu tenho 5 palavras e 4 imagens, então, eu tenho uma
palavra a mais. Não é? Temos que ler com muita atenção as
palavras e só depois de sermos capazes de as ler é que vamos
procurar a imagem que lhe pertence. Percebido? Também
podem escrever a palavra depois de lerem. Se não perceberam,
não fazem e chamam a Florinda que vos vai ensinar”.
As fichas já traziam identificados os nomes das crianças.
(…)
Repetiu a ordem com que deveriam ser feitas as fichas.
Desta vez, enumerou os passos que deveriam percorrer
dizendo:
“1º Vão ter que escrever as palavras;
2º Vão ter que ligar a palavra escrita à imagem
correspondente [com lápis de carvão];
3º Pintar;
Ao longo da atividade o educador foi tomando notas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
445
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
11h 00m
11h 15m
4º Finalizar com a leitura individual da frase escrita na
parte inferior da ficha”.
(…)
As crianças executam a tarefa.
Duas crianças treinam no quadro. E às 11h 15m o quadro
é limpo e é apresentada nova proposta de trabalho. (…)
Aula de Estudo do Meio:
- A nossa casa
Colocou no quadro uma cartolina onde estava desenhada
uma casa tradicional. [Dois pisos e sótão] Explicou o porquê de
nas cidades não ser possível encontrar aquele tipo de casa.
Forma estabelecidos diálogos entre o educador e as
crianças.
Foi feita a exploração do tema com o recurso a exemplo
práticos das rotinas da vida diária no quotidiano nas diversas
divisões e quais as atividades/tarefas/o quê que é possível fazer
em cada uma delas. (…)
Foram também debatidos os vários perigos que cada
divisão apresenta – como em equipamentos [p.e. fogão, fogo,
tomadas de eletricidade, torneiras]. O educador ia dando
algumas pistas e aguardava que as crianças fossem participando
e repetia que “na cozinha onde preparamos as nossas refeições
há muitos perigos. Temos que ter muita segurança”.
c/imagem
Foram abordados os diferentes tipos de habitação, como
o viver num andar/apartamento ou viver numa vivenda e as
diferenças que podem existir neste tipo de habitações. Em
relação à divisão do “sótão”, as crianças referiram alguns
exemplos das suas famílias e que gostavam muito desta divisão.
A leitura e a escrita: o trabalho de fichas
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
446
HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
11h 30m
11h 45m
12h 00m
(…)
No que se refere ao “escritório” foi explorada esta
temática tendo em conta as diversas realidades de cada um, as
diferentes funções e, também, foi explicado que nos nossos
dias, “hoje”, em muitos as casa o escritório não existe, e cada
um tem nos seus quartos uma secretária apenas. “é como se
fosse um escritório pequenino” – disse o educador. (…)
O educador convidou as crianças a participarem num jogo
que tinha preparado para fazerem. E explicou. (…).
As crianças foram escolhendo o mobiliário e foram
construindo as diversas divisões (este trabalho foi feito com
grupos de 3/4 crianças de cada vez. (…)
O educador olhou para o seu guião e deu por finalizada a
atividade. (…).
c/imagem
As crianças estavam a começar a ficar irrequietas e a fazer
algum barulho e o educador resolveu utilizar uma canção com
mímica que as crianças iam repetindo e imitando. (…)
E - Convidou as crianças a levantarem-se e irem até ao
exterior.
Fim de Observação
Aula de Estudo do Meio
As nossas casas – e a segurança
Avaliação em Educação Pré- Escolar: Dos Fundamentos às Práticas
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HORAS E
LOCAIS DESCRIÇÃO (SITUAÇÕES E COMPORTAMENTOS)
Notas complementares e Inferências
Gravação Sem registo.