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NEUROPSICOPEDAGOGIA: NOVAS PERSPECTIVAS PARA A APRENDIZAGEM
Ana Lúcia Hennemann
RESUMO: Este artigo apresenta como proposta refletir sobre a Neuropsicopedagogia e
suas perspectivas para o ensino aprendizagem. Será feito um breve relato do histórico da
Neurociência, sua relação com a Neuropsicopedagogia e o trabalho do
neuropsicopedagogo. O embasamento teórico se dará através de livros e artigos científicos
visando à boa qualidade bibliográfica, bem como uma pesquisa de campo, qualitativa,
investigando do conhecimento ou não da Neuropsicopedagogia no contexto educativo. As
considerações finais irão contemplar um comparativo entre os referenciais teóricos e a
pesquisa de campo.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação. Neurociências. Neuropsicopedagogia.
INTRODUÇÃO
Novo século, novas mudanças, novos desafios, não se pode olhar mais a
educação com uma perspectiva de educação inclusiva, pois ela já está inserida
neste contexto. Nossos olhares devem se voltar em como atender melhor a todos os
indivíduos dentro do ambiente escolar, através de práticas de ensino que melhor se
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adequam a cada um. Ter a clareza que os conteúdos são comuns a todos, mas a
metodologia de trabalho deve estar pautada em práticas que contemplem o
indivíduo como seres únicos, capazes de aprender independente de suas limitações.
A educação, mesmo que num primeiro olhar não pareça, sempre está ligada a
mudanças, a reorganizações, a reaprendizagens, a novos olhares. Na mesma
proporção que o mundo vem se transformando, a educação também se encontra em
constantes buscas. Os cursos voltados à área educacional têm significativos
avanços; profissionais da área buscam, na medida do possível, constantes
atualizações. A educação continuada destes indivíduos cada vez mais tem se
intensificando, pois não basta apenas ter o conhecimento, se faz necessário
profissionais que saibam interagir com o mesmo. Um dos grandes referenciais da mudança educacional da última década, não
traz nenhum nome de teórico específico, mas sim está pautado nos avanços
neurocientíficos, representados pela palavra “Neurociências”, que conforme
Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência nova, tendo em torno de 150 anos,
mas a partir da década de 90 alcançou um maior auge e vem proporcionando
mudanças significativas na forma de perceber o funcionamento cerebral. Estes
avanços ocorreram devido a neuroimagem, ou seja, o imageamento do cérebro. As
contribuições provindas das Neurociências despertaram interesse de vários
seguimentos e entre estes a Educação, no sentido da maior compreensão de como
se processa a aprendizagem em cada indivíduo.
Para maior entendimento deste processo, se faz necessário que os
profissionais envolvidos tenham bem claro que as ações comportamentais de seus
educandos provêm de atividades cerebrais dinâmicas e que os conhecimentos das
neurociências contribuem para que sejam elaboradas atividades que desenvolvam
tais funções. Dentro dessa abordagem, se procurará mostrar o que é Neurociências,
suas possíveis contribuições para a área educacional, bem como a contextualização
da Neuropsicopedagogia e sua relação com o processo ensino-aprendizagem.
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1. Neurociências
Entender o funcionamento cerebral faz
parte de um processo que vem de longas datas.
Há cerca de 7.000 anos já havia indícios de
trepanações, processo pelo qual as pessoas
faziam orifícios no crânio de outras. Bear (2008)
menciona que estes crânios não apresentavam
sinais de cura, então esse procedimento era
realizado em sujeitos vivos e não era
considerado um ritual de morte, pois em alguns
casos os indivíduos sobreviviam. Não havia
registro do motivo destas cirurgias, mas existem
especulações que tal procedimento poderia ter
sido utilizado para tratar dores de cabeça ou
transtornos mentais.
Durante séculos muitos estudos foram realizados para entender o
funcionamento do cérebro, entretanto nomes tais como dos frenologistas1 Franz
Joseph Gall e J. G Spurzheim (entre 1810 e 1819) e o neurologista John Hughlings
Jackson, fizeram significativos avanços proporcionando que Paul Broca e Carl
Wernicke chegassem as localizações da área de Broca e de Wernicke. Cabe
ressaltar que as descobertas de Broca ocorreram em 1861 e as de Wernicke em
1876, e ambos tiveram seus estudos pautados em pacientes lecionados e vivos,
onde Gazzaniga (2006, p.23) enfatiza a importância destas descobertas, pois na
atualidade isso já não é mais novidade para profissionais voltados às áreas
neurocientíficas, mas
1 Frenologia é o estudo da estrutura do crânio de modo a determinar o carácter das pessoas e a sua capacidade mental. Esta pseudociência baseia-se na falsa assunção de que as faculdades mentais estão localizadas em "órgãos" cerebrais na superfície deste que podem ser detectados por inspeção visual do crânio. O físico vienense Franz-Joseph Gall (1758-1828) afirmou existirem 26 "órgãos" na superfície do cérebro que afetam o contorno do crânio, incluindo um "órgão da morte" presente em assassinos. Gall era advogado do principio "use-o ou deixe-o". Os órgãos do cérebro que eram usados tornavam-se maiores e os não usados encolhiam, fazendo o crânio subir ou descer com o desenvolvimento do órgão. Estes altos e baixos refletiam, de acordo com Gall, áreas especificas do cérebro que determinam as funções emocionais e intelectuais de uma pessoa. Gall chamou a este estudo "cranioscopia." (in:http://skepdic.com/brazil/frenologia.html)
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... há pouco mais de 100 anos, as descobertas de Broca e Wernicke fizeram “tremer a Terra”. Filósofos, médicos e os primeiros psicólogos assumiram um ponto de partida fundamental: doenças focais causam déficits específicos. Naquela época, os investigadores eram limitados em sua habilidade para identificar as lesões dos pacientes. Os médicos podiam observar o local do dano – por exemplo, uma lesão penetrante provocada por uma bala -, mas eles tinham que esperar o paciente morrer para determinar o local da lesão. A morte podia levar meses ou anos, e, em alguns casos, geralmente não era possível realizar a observação: o médico perdia contato com o paciente após sua recuperação, e, quando este finalmente morria, o médico não era informado e assim não podia examinar o encéfalo e correlacionar a lesão cerebral com os déficits de comportamento da pessoa.
Porém, o entendimento maior se deu através dos estudos de Luria. Alexander
Romanovich Luria (1901–1978), durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu
estudos com indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou cada
paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no
comportamento, tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do
comportamento. Estes estudos, de certa forma simbolizaram um elo entre a
psicologia e a neurociência, denominada neuropsicologia.
Através disso Luria constatou que o cérebro humano é composto por três
unidades funcionais básicas, sendo estas, necessárias para qualquer tipo de
atividade mental.
A primeira unidade funcional é responsável para regular o tônus cortical, a
vigília e os estados mentais e é composta pela formação reticular e pelo tronco
encefálico.
A segunda unidade funcional, que é responsável por receber, processar e
armazenar as informações, que se compõe das partes posteriores do cérebro (lobo
parietal, occipital e temporal).
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A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a atividade mental,
constituindo-se pelas partes anteriores do cérebro (lobo frontal).
Dessa forma, evidenciando as importantes contribuições de Luria no processo
ensino aprendizagem Tabaquim (2003, p. 91) destaca que:
O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca pela compreensão dos processor de aprendizagem e seus distúrbios, é necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo), integração (processamento da informação) e output (expressão da resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem.
Assim como cada ser humano tem impressões digitais diferentes, também
possui sinapses cerebrais diferentes, pois cada um tem suas vivências, o seu
aprender do mundo e com o mundo. E nesse sentido Ventura (2010, p.123), ao
retratar sobre a neurociência e comportamento no Brasil, enfatiza que a mesma
possui uma importante interface com a Psicologia e a define do seguinte modo:
A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração, homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção, reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, linguagem e
comunicação, são temas de estudo da neurociência.
Faz-se necessário destacar que a neurociência pode ajudar muito a todos
indivíduos, mas especialmente aqueles com transtornos, síndromes e dificuldades
de aprendizagem uma vez que se tem o entendimento da plasticidade cerebral, da
busca de novos caminhos para o aprender, das múltiplas inteligências propostas por
Gardner.
2. Neuropsicopedagogia
Entender a conexão cérebro x aprendizagem, proposta a partir do
conhecimento da Neurociência, apresenta-se como um dos assuntos mais
procurados e um dos grandes desafios educativos. Entretanto, considerando que a
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neurociência é uma ciência nova, pode-se dizer que: a interface cérebro x
aprendizagem necessita de muito investimento científico, mas são profissionais das
mais diversas áreas que tem voltado seus estudos para este enfoque. Conforme
estudos de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 205), demonstraram
que:
...enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar vários aspectos da neurociência (como animais incluindo humanos, aprendem), apenas uns poucos estudos neurocientíficos tentaram explicar como os humanos deveriam ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou ‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco anos, a maioria documentou a aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las.”
Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento é a
Neuropsicopedagogia. Sua primeira descrição no campo científico se deu através de
Jennifer Delgado Suárez, no artigo intitulado “Desmistificacion de la
neuropsicopedagogía” onde apresentou uma composição histórica da trajetória
neuropsicopedagógica e ressaltou sua importância para o contexto educativo.
FERNANDEZ (2010) aponta para três pontos elucidativos da
Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º Psicologia e 3º
Neuropsicologia. Educação no intuito de promover a instrução, o treinamento e a
educação dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos psicológicos do indivíduo. E,
finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do cérebro trino, sendo que aqui
oportunizou a teoria das múltiplas inteligências, propostas por Gardner.
Conforme as autoras colombianas, a Neuropsicopedagogia traz importantes
contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em
sua totalidade. Mas, afinal do que se trata a Neuropsicopedagogia? Para
Hennemann (2012, p.11) a mesma apresenta-se:
... como um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem.
Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a possiblidade de
entender como se processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo,
proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma
desmistificar a ideia de que a aprendizagem não ocorre para alguns; na verdade
sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto para uns ela vem acompanhada de
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muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento
do indivíduo.
Dentro desta linha de pensamento as contribuições de Tokuhama-Espinosa
(2008, apud Zaro, 2010, p. 204), podem ser consideradas de significativa
importância e utilizadas como elementos importantes nas intervenções
neuropsicopedagógicas, que são elas:
a) Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que quando não têm motivação; b) stress impacta aprendizado; c) ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado; d) estados depressivos podem impedir aprendizado; e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como ameaçador ou não-ameaçador; f) as faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e. intenções boas ou más); g) feedback é importante para o aprendizado; h) emoções têm papel-chave no aprendizado; i) movimento pode potencializar as oportunidades de aprendizado; k) nutrição impacta o aprendizado; l) sono impacta consolidação de memória; m) estilos de aprendizado (preferencias cognitivas) são devidas à estrutura única do cérebro de cada indivíduo; n) diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas diferentes inteligências dos alunos.
Segundo as considerações acima é possível afirmar que o ato de aprender é
um ato complexo, não envolve somente a questão de memorizar os conteúdos, é
muito mais do que isso; aprender envolve emoção, interação, alimentação,
descanso, motivação entre outros.
O espaço educativo deve estar aberto para novos profissionais que venham a
somatizar a equipe multidisciplinar que atendem o educando, por isso
neuropsicopedagogos além de ter uma visão de como ocorre a aprendizagem do
educando, também possuem vistas para a metodologia de ensino do professor,
pautados nos estudos descritos acima, possuem competência para orientar de que
forma a aprendizagem pode se tornar mais significativa tanto na metodologia do
professor quanto no processo de aprendizagem do aluno.
Também, cabe aqui ressaltar, o enunciado feito por Hennemann (2012, p.11)
descrevendo as práticas neuropsicopedagógicas, atribuídas a estes profissionais...
O grande avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro Sul Brasileiro de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto educacional os profissionais da Neuropsicologia Clínica são capacitados para: • Compreender o papel do cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços da escola, cuja eficiência científica é comprovada pela literatura, que potencializarão o processo de aprendizagem. • Intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo.
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• Adquirir clareza política e pedagógica sobre as questões educacionais e capacidade de interferir no estabelecimento de novas alternativas neuropsicopedagógicas e encaminhamentos no processo educativo. • Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem e sujeitos em risco social.
O neuropsicopedagogo, profissional que está em constantes buscas de
conhecimentos a cerca dos transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o
indivíduo possa estar relacionado, terá ter condições de identificar nos indivíduos
tais sintomalogias, procurar identificar quais competências e habilidades que tais
indivíduos possuem, e propor uma intervenção neuropsicopedagógica, que com
certeza se fará acompanhada junto aos familiares, professores e equipe pedagógica
e demais profissionais que se fazem presentes na vida destes indivíduos.
3. Pesquisa neuropsicopedagógica
Como abordado anteriormente tanto a Neurociência quanto a
Neuropsicopedagogia ainda são terminologias em que o campo educacional está
presente, mas se faz necessário maior divulgação e compreensão destas áreas. Em
pesquisa feita, através de dispositivos da web, objetivando abordar profissionais que
tivessem algum conhecimento a cerca da Neurociência, envolvendo nove questões,
cinco objetivas e quatro subjetivas, procurou-se investigar qual o entendimento que
os profissionais estão tendo a cerca do assunto. Quinze profissionais responderam
ao questionário, porém, através da análise das respostas, pode-se perceber a
seriedade e o comprometimento dos mesmos neste processo educativo.
Uma das perguntas iniciais foi a idade dos participantes, sendo que o maior
índice(figura 1) estava na faixa etária dos 41 aos 50 anos.
7%
33%
47%
13% 0%
entre 18-30 anos
entre 31-40 anos
entre 41-50 anos
entre 51-60 anos
mais de 61 anos
- Figura 1 -
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A segunda questão perguntando sobre sexo do entrevistado, os profissionais
femininos mostraram-se mais participativos, o que pode ser observado no gráfico
(figura 2):
A profissão que maior teve destaque na terceira questão foi professor, porém
os psicopedagogos também tiveram um número bastante significativo (figura 3).
Na questão envolvendo o grau de instrução dos entrevistados o que mais
apareceu foram profissionais pós-graduados (figura 4).
93%
7%0%
0%
Feminino
Masculino
40%
20%
20%
7%13% Professor
Psicopedagogo
Neuropsicopedagogo
Psicólogo
outro(a)
13%
74%
13%
0%
0%
Graduação
Pós-Graduação
Mestrado
Doutorado
Pós-Doutorado
- Figura 2 -
- Figura 3 -
- Figura 4 -
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Na quinta e última pergunta objetiva, todos demonstraram ter conhecimento
sobre Neurociências (figura 5).
Numa breve análise desta primeira etapa pode se constatar que no universo
educativo, ainda existe a predominância feminina; contudo, também se pode afirmar
que através dos dados obtidos, os profissionais tem buscado sua qualificação
continuada, pois comparando o gráfico da idade com o gráfico do grau de instrução,
pode se perceber que: os profissionais não têm restringindo seus estudos somente
na graduação, mas sim, buscando novas etapas de estudos.
As próximas questões, pautadas na subjetividade, se fez necessário extrair as
respostas que tiveram maiores semelhanças. Portanto, quando questionados sobre
a maior contribuição que as Neurociências trouxeram para a Educação, o que mais
predominou foi a questão da aprendizagem, da plasticidade, o entendimento dos
mecanismos neurais que levam o indivíduo à aprendizagem. Sendo assim, será feito
o relato de algumas respostas que venham a comprovar esta predominância...
“As neurociências podem contribuir muito para a compreensão dos processos
de aprendizagem e não aprendizagem dos educandos, auxiliando o professor nas
intervenções e metodologias de trabalho mais efetivas. Agem que possibilitem
atender às diferenças para educar na diversidade”.
"Revelar a importância do conhecimento das bases neurobiológicas da
aprendizagem, objetivando a construção de práticas pedagógicas mais consistentes
e assertivas, pautadas em evidências científicas, visando à promoção da
aprendizagem.”
“Apesar, de se tratar de conhecimentos científicos recentes, a neurociências
contribui para o entendimento dos profissionais de educação, que todos os
indivíduos são capazes de se desenvolverem e que há estratégias específicas
possibilitando a plasticidade cerebral e assim alcançando resultados positivos nos
100%
0%
0%
0% sim
não
mais ou menos
- Figura 5 -
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processos de aprendizagem, que também nos apresenta novas visões em seu
entendimento. Além do mais, a neurociência também contribui nas questões
referentes às políticas de inclusão, favorecendo a socialização dos portadores de
atenção diferenciada. Possibilitando profissionais mais capacitados e atualizados
nas instituições de ensino. Objetivando a aprendizagem de todos, visando mais
oportunidades de igualdade nos bancos escolares.”
Perguntados sobre sua opinião em qual o diferencial de um professor que tem
o conhecimento de Neurociências, as repostas mostraram-se novamente
correlacionadas enfocando o aspecto do modo de aprendizagem do aluno. Que o
professor com esse conhecimento é capaz de...
“O professor com conhecimento de neurociências é mais consciente em
relação às limitações e potencialidades dos alunos e sabe como aproveitá-las de
modo positivo.”
“Ser capaz de correlacionar os objetivos de formação educacional com os
mecanismos neurobiológicos envolvidos na aquisição de conhecimento, de forma a
facilitar e persistência da informação transmitida.”
“O professor que começa a ter conhecimento da neurociência faz um
diferencial, pois começa a perceber que é preciso “ensinar o indivíduo a aprender a
aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar, a aprender a se comunicar, e
não apenas reproduzir e memorizar informações, mas, sim, desenvolver
competências de resolução de problemas”. Com as informações adquiridas sobre o
funcionamento do cérebro a aprendizagem será mais eficaz."
Quando questionados sobre a Neuropsicopedagogia, os quinze entrevistados
relataram ter conhecimentos sobre a mesma, sendo que se fará menção as
seguintes contribuições:
“Já ouvi falar, mas não com uma definição formal. Pela formação da palavra
concluo que seja uma abordagem neurológica aplicada à aprendizagem, e como
essa é um processo que tem a participação de processos psicológicos e da
pedagogia envolvida no ensino-estimulação, daí explica-se o porquê do
psicopedagógico. Já vi que essa abordagem associa os conhecimentos de
neurologia com os estudos de psicologia do desenvolvimento (Piaget, Vygotsky,
Wallon).”
“É um estudo mais avançado sobre pedagogia, psicopedagogia e neuro, na
realidade é junção dos três. Já que a pedagogia trabalha como ensinar, a psico
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estuda os déficits e a neuro tudo sobre cérebro e quais soluções cabíveis a
situação.”
Na última questão abordando sobre a importância de um
neuropsicopedagogo no contexto educativo, pode-se afirmar a grande maioria
elencou aspectos favoráveis à figura deste profissional, uma vez que esse tem o
entendimento das questões pedagógicas e paralelo a isso, tem o entendimento das
questões neuropsicológicas, sendo que novamente se faz destaque a algumas
colocações...
"Com base em tudo que foi falado, fica clara a importância deste profissional
no contexto educativo, pois o neuropsicopedagogo é um profissional que oferece um
grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de
aula se constituindo hoje, como um grande aliado do professor, diante deste cenário
tão diverso com a qual iremos nos deparar.”
“O ideal seria tornar cada professor um neuroeducador, mas se tiver em cada
escola um neuropsicopedagogo já seria muito bom. O ensino com essas novas
descobertas provavelmente terão novas diretrizes. Muitas pesquisas estão em
andamento sobre a neuropsicologia. Temos que ter cautela ainda sobre tudo que
aparece sobre essas questões. Até chegar as pesquisas sobre a
neuropsicopedagogia (descobertas ligadas as aprendizagens do cérebro no
aprender) é preciso muita cautela.”
Todas as respostas do questionário poderão ser visualizadas no link descrito
nas referências, sendo que aqui se procurou dar um feedback daquelas que
representassem as demais e compartilhassem da mesma estrutura escritural.
Também como foi mencionado incialmente, através das respostas obtidas se pode
comprovar o envolvimento e a preocupação dos participantes com a qualidade
educativa. O que vem a ser uma das propostas da Neuropsicopedagogia, a de
proporcionar benefícios para o processo ensino-aprendizagem.
Considerações Finais
O contexto educativo deve estar pautado em formas diferentes de
aprendizagem, pois já é comprovado que um único método de ensino não contempla
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a todos, pesquisas da área de neurociência mostram as diversas áreas ativadas nos
indivíduos nos processos de aprendizagem, porém as grandes pesquisas giram em
torno da área da linguagem, principalmente nos casos de dislexia, porém Rotta
(2006, p.18) enfatiza que:
O avanço das neurociências, em especial da neurologia, é de suma importância para o entendimento das funções corticais superiores envolvidos no processo da aprendizagem. Sabe-se que o indivíduo aprende por meio de modificações funcionais do SNC, principalmente nas áreas da linguagem, das gnosias, das praxias, da atenção e da memória. Para que o processo de aprendizagem se estabeleça corretamente, é necessário que as interligações entre as diversas áreas corticais e delas com outros níveis do SNC sejam efetivas.
Normalmente observamos que todos comentam apenas as deficiências e as
dificuldades da criança, fazendo comparações com as crianças consideradas normais. Para
o trabalho neuropsicopedagógico precisamos elencar os aspectos positivos de seu
comportamento e habilidades, já que todo trabalho se baseia no desenvolvimento dessas
habilidades.
A neurociência, conforme dito anteriormente, ainda é uma área muito nova,
principalmente no contexto educativo. Muitos são os cursos voltados a ela, mas percebe-se
que no cenário educativo, as práticas neurocientíficas ainda se mostram desconhecidas e
vistas com indagações por aqueles que as desconhecem. O conforto das práticas
“conteúdistas” se contrapõe aos princípios da neurociência, uma vez que dentro dessa
abordagem o mais importante seria a aprendizagem do educando e não ao acúmulo de
conteúdos.
Por outro lado, a era da informação tem permitido que um maior número de
profissionais tivesse acesso a conhecimentos ligados a neurociências, assim como tem
surgido maior oferta de cursos de atualização, seja em nível de extensão ou pós-graduação
que facilitam o acesso à informação. Frente a isso, ainda são poucas as pesquisas
publicadas sobre o assunto neurociência x educação e quando se une a questão
neurociência à questão Neuropsicopedagogia, mais restrito ainda se torna o assunto. A
essência existe, mas falta a coragem dos neuropsicopedagogos de mostrarem seus
trabalhos, expor suas práticas.
Também se faz interessante perceber que no contexto educativo, não
somente com a vinda da inclusão, mas também com todo modo de vida
contemporânea, outros aportes vieram consigo: são laudos médicos, medicações
diversas, dúvidas na metodologia ensino-aprendizagem. Tudo isso, necessita de
profissionais capacitados, que saibam indicar caminhos para que cada um realmente
seja visto na sua essência, na sua individualidade.
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A Neuropsicopedagogia ainda é um livro com muitas páginas em branco, sua
importância já aparece bem nítida nos depoimentos respondidos através do questionário,
mas os profissionais desta área precisam mostrar aos demais o que estão fazendo, como o
estão fazendo. O livro precisa ocupar lugar no tempo e no espaço das livrarias de nosso
país.
REFERÊNCIAS:
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La visión de Jennifer Delgado em: Desmistificación de la Neuropsicopedagogía. Colômbia, ASOCOPSIP, 2010. Disponível em http://licenciadospsicologiaypedagogia.blogspot.com/2010/02/aportes-de-la-neuropsicopedagogia-la.html Acesso em 15/07/2012. HENNEMANN, Ana L. Neuropsicopedagogia Clínica: Relatório de Estágio. Novo
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