UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING
NICOLI KULBA PERBONI
NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO
DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA
Itajaí (SC) 2011
1
ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING
NICOLI KULBA PERBONI
NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO
DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista junto ao Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí.
Orientadora: Profa. Christine Kalvelage Philippi
Itajaí (SC) 2011
2
ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING
NICOLI KULBA PERBONI
NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO
DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista, Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, aos três dias do mês de maio do ano de dois mil e onze, é considerado aprovado.
Profª Christine Kalvelage Philippi (Presidente)____________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
Prof. Mário Uriarte Neto______________________________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
Prof. José Agostinho Blatt______________________________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
Profa. Elisabete Rabaldo Bottan ______________________________________
Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
3
DEDICATÓRIA
Dedicamos esse trabalho à Prof.ª Christine, por ter aceitado nos orientar
nesse projeto, sendo tão atenciosa e dedicada, sempre nos apoiando.
Obrigada por todo o conhecimento repassado, por ser um exemplo de
professora.
Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é
alguém que acredite que ele possa ser realizado.
(SHINYASHIKI, R.)
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado forças para chegar ao final dessa
jornada.
À minha mãe Regina, meu maior exemplo, por estar sempre ao meu
lado me apoiando e me incentivando, fundamental em minha vida, obrigada por
tudo!
Ao meu pai Martin, por todos os aprendizados e por tantos momentos de
alegria, dedico essa realização em sua memória.
Aos meus irmãos Leo, Gui, Cla, Tay e Rico, e toda minha família, pelo
carinho e amizade.
À minha dupla e grande amiga Nicoli, por toda a ajuda durante esses
anos, pelos momentos de alegria e dificuldades, que a nossa amizade continue
por muito tempo.
A todos os meus amigos que me acompanharam nessa caminhada, por
cada momento que passamos juntos que tornaram esses anos inesquecíveis.
À Profª Christine, minha orientadora, pela dedicação, ensinamentos
ofertados e pela paciência.
À Profª Elisabete, pela colaboração e apoio, que foram essenciais para a
conclusão desse trabalho.
Obrigada a todos os professores que aceitaram participar dessa
pesquisa.
Elisa
Agradeço a Deus, por ser meu guia em tudo na vida, pela força, pela
família que tenho e estar presente quando ninguém mais estava.
À minha mãe, a pessoa mais maravilhosa que eu conheço, meu
exemplo de tudo na vida, de força, de amor, de vitória, você é simplesmente
tudo na minha vida, se hoje sou o que sou, é por nunca ter desistido de mim e
dos meus sonhos, essa vitória eu dedico principalmente a você, te amo
eternamente!
5
Ao meu pai, por ensinar valores mesmo não estando presente em
muitos momentos, a dedicação extrema em realizar esse sonho comigo, por
desejar sempre meu bem, amo você demais!
Aos meus irmãos, anjos da minha vida, companheiros de tudo, obrigada.
Aos meus avós, por serem meu porto seguro, segurarem minha mão e
me mostrarem que tudo que desejo pode ser alcançado se for com vontade e
paixão, meu amor por vocês não cabe em palavras e muito menos minha
gratidão.
Ao meu amor, Vinicius, por ser meu companheiro durante todo esse
tempo, dividir comigo os momentos de felicidades e tristeza, por saber o
momento de calar e apoiar. Crescemos juntos e conquistamos mais essa
vitória, obrigada, amo muito você.
A todos os meus familiares e amigos que de alguma forma ajudaram e
acreditaram que tudo isso era mais que um sonho, obrigada.
À minha prima Jaiane, que dividiu comigo os momentos de dúvidas,
estresse, provas, medos, alegrias e felicidades, obrigada por passar noites em
claro comigo, conversando, por ser sempre meu ombro amigo em qualquer
situação, és muito especial, amo muito você.
À minha colega, amiga e dupla Elisa, obrigada pela paciência, pelos
conhecimentos divididos, pelos momentos de alegria e agonia, obrigada pela
linda amizade que construímos nesses quatro anos e meio de faculdade que
irão durar pra vida inteira, és uma irmã pra mim, obrigada.
À Prof.ª Elisabete, promovedora de conhecimento, que nos ensinou
coisas que não existem em livros, por ajudar tudo isso se tornar real, que de
forma tão dedicada nos ajudou em muitos momentos, és um exemplo de
professora e pessoa, tenho muito orgulho de ter convivido contigo durante esse
curto tempo, obrigada do fundo do meu coração.
À Prof.ª Christine, por instigar em mim a vontade de aprender cada vez
mais, por ser tão compreensiva, pelo conhecimento passado, és realmente um
exemplo de pessoa e professora, obrigada por tudo.
A todos os professores participantes dessa pesquisa obrigada pela
preocupação e interesse.
Nicoli
6
SUMÁRIO
1 ARTIGO..........................................................................................................07
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................24
8
NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO
DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA.
KNOWLEDGE LEVEL OF TEACHERS FROM DENTISTRY
COURSE OF UNIVALI ON ORAL CANCER.
Elisa De Oliveira SCHMELING
Acadêmica do Curso de Odontologia da UNIVALI; Bolsista de Iniciação
Científica
Nicoli Kulba PERBONI
Acadêmica do Curso de Odontologia da UNIVALI; Bolsista de Iniciação
Científica
Christine Kalvelage PHILIPPI
Professora do curso de Odontologia da UNIVALI; Integrante do Grupo de
Pesquisa Atenção à saúde Individual e Coletiva em Odontologia
ELISABETE Rabaldo BOTTAN
Professora do curso de Odontologia da UNIVALI; Integrante do Grupo de
Pesquisa Atenção à saúde Individual e Coletiva em Odontologia
Pesquisa financiada pelo Programa de Iniciação Científica Artigo 170/Governo
do Estado de Santa Catarina/UNIVALI.
Endereço para Correspondência
Profa. Christine Kalvelage PHILIPPI Rua Uuruguai, 458 – Caixa Postal 360 88302-202 – Itajaí – SC Fone (47) 33417564 E-mail: [email protected]
9
NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO DE
ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA.
KNOWLEDGE LEVEL OF TEACHERS FROM DENTISTRY COURSE OF
UNIVALI ON ORAL CANCER.
Resumo
Com objetivo de avaliar o nível de conhecimento dos professores do curso de
odontologia, sobre câncer de boca, foi conduzido estudo descritivo, mediante
levantamento de dados primários. A população-alvo foram professores da
graduação em Odontologia, da UNIVALI. O instrumento para coleta de dados
foi um questionário autoaplicável, remetido por e-mail. As perguntas, do tipo
fechado, foram distribuídas em duas partes: caracterização do sujeito e
conhecimento. Para a determinação do nível de conhecimento foram
estabelecidas as seguintes categorias: nível excelente – 17 a 15 acertos; nível
bom – 14 a 12 acertos; nível regular – 11 a 8 acertos; nível insatisfatório –
menos de 8 acertos. Houve o retorno de 37% dos instrumentos. A
caracterização sócio-demográfica do grupo ficou assim distribuída: 52,4% do
gênero feminino; 71% com idade superior a 40 anos; 57% com tempo de
formação acadêmica superior a 20 anos. Com relação ao nível de
conhecimento, 66,7% apresentou nível excelente ou bom, no entanto, apenas
52,4% se autoavaliou nestes níveis. O tópico que apresentou maior freqüência
de resposta incorreta foi quanto à região anatômica de predileção do
aparecimento de câncer de boca. Concluiu-se que a maioria dos docentes
possui um alto nível de conhecimento sobre aspectos básicos do câncer de
boca, sendo um grupo interessado sobre a prevenção e diagnóstico precoce do
câncer de boca.
Palavra chave: Neoplasias Bucais; Carcinoma Epidermóide; Conhecimentos,
Atitudes e Prática em Saúde.
10
Abstract
In order to evaluate the knowledge level of the professors of dentistry on oral
cancer, descriptive study was conducted by collecting primary data. The target
population was undergraduate dental teachers, UNIVALI. The instrument for
data collection was a self administered questionnaire, sent by email. The
questions, the closed type, were divided into two parts:
characterization of subject and knowledge. In determining the level
of knowledge were established the following categories: excellence - from 17 to
15 correct answers; good level -14 to 12 correct answers; regular level - 11 to 8
correct; unsatisfactory – less than 8 hits. There was a return of 37% of
the instruments. The socio-demographic group was distributed as follows:
52.4% female, 71% aged over 40 years, 57% of academic time with more than
20 years. Regarding the level of knowledge, 66.7% showed excellent or good
level, however, only 52.4% self-evaluation at these levels. The topic that had
the highest incorrect response frequency was the anatomical region of
predilection of the appearance of oral cancer. It was concluded that
teachers have a high level of knowledge about basic aspects of oral cancer,
and a group concerned about the prevention and early diagnosis of oral cancer.
Keywords: Mouth Neoplasms; Carcinoma, Squamous Cell; Health Knowledge,
Attitudes, Practice.
Introdução
O câncer é um problema de saúde pública no mundo inteiro. O
carcinoma epidermóide é o tipo etiológico mais frequente, representando de 90
a 95% dos cânceres que ocorrem na boca 3,5,6,8,10,20.
O câncer de boca é uma doença crônica multifatorial, tendo como
principais fatores etiológicos o fumo, o álcool, a radiação solar, a dieta, os
microrganismos e a deficiência imunológica, sendo assintomático nos estágios
iniciais 10,15,16,23.
A melhor forma de reverter o quadro dessa doença é conhecer sua
etiologia, características clínicas, o diagnóstico de lesões pré-malignas, sempre
tendo em mente a prevenção e o seu diagnóstico precoce. Portanto, o
11
cirurgião-dentista, além de ter fundamental importância no diagnóstico precoce
das diversas lesões que acometem a cavidade oral, também precisa
desenvolver um papel social frente à população, prestando esclarecimentos em
relação aos fatores causais e às medidas preventivas referentes a essas
lesões 2,4,10,15,23,24,25.
Neste sentido, é de fundamental importância o preparo adequado do
futuro profissional. Este preparo deve se iniciar durante o curso de graduação e
se estender durante toda vida profissional. Assim sendo, o profissional
professor do curso de Odontologia deve estar devidamente capacitado a
repassar aos seus alunos informações corretas e atualizadas sobre a temática
do câncer de boca. Daí porque elegermos como público alvo deste trabalho os
professores do Curso de Odontologia da UNIVALI de Itajaí.
Materiais Métodos
Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo transversal, através da
análise de dados primários. O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão
de Ética em pesquisa da UNIVALI, sob o n° 550/09.
A população-alvo deste estudo foi constituída por professores do curso
de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, sendo que estava em
atuação no primeiro semestre letivo de 2010, um total de 51 professores. Desta
população, foi constituída uma amostra do tipo não-probabilístico, obtida por
conveniência, tendo sido considerado como fator de exclusão professor que
não fosse cirurgião-dentista. Este número, à época da pesquisa era de 47.
O instrumento de coleta de dados foi um questionário autoaplicável
contendo 19 perguntas do tipo fechado, abordando os seguintes itens:
formação do profissional, caracterização e fatores de risco sobre o câncer de
boca. O questionário foi encaminhado por e-mail com as explicitações sobre a
pesquisa, tendo sido determinado um prazo de até sete dias para a devolução
do instrumento respondido.
Os dados foram organizados e tabulados com a ajuda do programa
Microsoft Excel, tendo sido calculada a frequência relativa das repostas de
cada questão.
12
Para a determinação do nível de conhecimento foram estabelecidas as
seguintes categorias: nível excelente – 17 a 15 acertos; nível bom – 14 a 12
acertos; nível regular – 11 a 8 acertos; nível insatisfatório – menos de 8
acertos.
O projeto de pesquisa foi, previamente, submetido à Comissão de Ética
em Pesquisa da UNIVALI, tendo sido aprovado sob o nº 550/09.
Resultados
O retorno de instrumentos devidamente preenchidos foi de 42%. A
caracterização sócio-demográfica da amostra se encontra no quadro 1.
Quadro 1: Caracterização sócio-demográfica da amostra
CARACTERÍSTICA %
Gênero
Feminino Masculino
52,38 47,62
Idade
Até 39 anos De 40 a 50 anos 51 ou mais anos
28,0 38,0 33,0
Tempo de Formado
Até 20 anos De 21 a 30 anos 31 ou mais anos
43,0 38,0 19,0
À solicitação sobre como avalia seu conhecimento sobre atemática do
câncer de boca, maioria (42,9%) dos participantes identificou como regular seu
conhecimento. A frequência das demais categorias que identificam o nível de
conhecimento dos participantes da pesquisa se encontra no gráfico 1.
13
28,6
23,8
42,9
4,8
0
20
40
60
Ótimo Bom Regular Insuficiente
%
Gráfico 1: Freqüência relativa das categorias indicadoras da autoavaliação dos participantes da pesquisa sobre o nível de conhecimento sobre o câncer de boca.
Quando questionados se realizam exame clínico para identificação de
lesões indicadoras de câncer de boca, a maioria (87,5%) respondeu
afirmativamente. No entanto, apenas uma minoria (15,8%) destes sujeitos
considera alto o nível de confiança para a realização de diagnóstico para
detecção do câncer de boca.
A maioria dos participantes desta pesquisa afirmou ter participado de
curso de capacitação sobre a temática de câncer de boca há mais de cinco
anos (Gráfico 2). E, quase que a totalidade (90%) afirmou que tem interesse
em participar de cursos de educação continuada sobre este tema e reconhece
a importância do cirurgião-dentista na prevenção e diagnóstico precoce do
câncer de boca.
29,4
47,1
5,9
17,6
0
20
40
60
Cinco ou menos
anos
Mais de cinco
anos
Nunca Não lembro
%
Gráfico 2: Frequência relativa das categorias indicadoras das respostas sobre a participação a cursos de educação continuada sobre câncer de boca.
14
A avaliação do conhecimento dos participantes da pesquisa sobre a
temática do câncer de boca pode ser identificada no quadro 2 e no gráfico 3.
Quadro 2: Frequencia das respostas às questões do domínio cognitivo
Gráfico 3: Freqüência relativa das categorias indicadoras das respostas sobre fatores de risco para o câncer de boca.
QUESTÃO
Resposta correta (%)
Resposta incorreta
(%)
Não sabe(%)
Tipo de câncer de boca mais comum. 76,0 0 24
Região anatômica mais frequente de aparecimento de câncer de boca.
23,8 66,7 9,5
Aspectos mais comuns em pacientes com câncer de boca inicial.
90,5 4,8 4,8
Faixa etária mais comum para o aparecimento do câncer de boca.
81,0 14,3 4,8
Características dos linfonodos em metástases cervicais.
66,7 4,8 28,6
Características mais comuns identificadoras de lesões precancerizáveis
66,7 4,8 28,6
15
Com base nos critérios estabelecidos para classificação do nível de
conhecimento dos participantes da pesquisa, pode-se afirmar que a maioria
apresenta um nível de conhecimento entre excelente e bom (Gráfico 4).
19,05
47,62
33,33
0
20
40
60
Excelente Bom Regular
%Nível de conhecimento
Gráfico 4: Distribuição da freqüência relativa das categorias identificadoras do nível de conhecimento sobre o tema de câncer de boca dos professores participantes da pesquisa.
Discussão
A temática desta investigação está centrada no papel do cirurgião-
dentista no diagnóstico precoce e preventivo do câncer de boca. Esta temática
é de fundamental importância e tem recebido uma atenção especial em termos
de pesquisas, cursos de capacitação e de formação acadêmica. No entanto,
quando se trata da colaboração de diferentes sujeitos, nas mais diversas
regiões do país, respondendo instrumentos de pesquisa, observa-se que há um
baixo engajamento.
Esta situação, também, ocorreu nesta pesquisa, pois do total de
questionários enviados, obtivemos o retorno de, apenas, 42%. Este valor,
conforme Pinheiro et al.23 se aproxima daquele identificado em diversos
estudos, cujo percentual médio é de 45%.
É indiscutível que o cirurgião-dentista tem responsabilidade sobre a
prevenção e o tratamento dos efeitos deletérios, possibilitando aos pacientes
uma melhor qualidade de vida 1,4,10,17,23,28. Portanto, o cirurgião-dentista deve
16
estar muito bem informado sobre os mais diversos aspectos referentes à
temática do câncer de boca.
Neste sentido, esta pesquisa enfocou o nível de conhecimento de
professores do curso de Odontologia da UNIVALI, sendo que a maioria dos
participantes (42,9%) qualificou como regular o seu conhecimento, de modo
similar a outras pesquisas 10,17, contrapondo-se ao estudo de Pinheiro et al.23
em que um alto percentual (73%) de profissionais se qualificava como
portadores de ótimo a bom conhecimento.
Os cirurgiões-dentistas, ainda, não se conscientizaram do seu papel na
prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca, provavelmente esta
postura faça com que estes profissionais não se considerem detentores de um
melhor nível de conhecimento sobre esta temática como apontado em outros
estudos11,12,15,16,23,28. É necessário um melhor preparo dos profissionais para
diagnosticarem clinicamente com segurança e fazerem exames de lesões
suspeitas 8,10,15,23.
Quando indagados sobre a realização de exames para identificar câncer
de boca, 87,5% afirmaram que realizam exames procurando lesões malignas,
semelhante aos dados encontrados na literatura 10,17,23,28.
No que se refere às questões específicas, que permitiram estabelecer o
nível de conhecimento dos pesquisados, observou-se que o índice de acertos
variou de 23,8% a 90,5%, tendo-se uma freqüência média de acertos da ordem
de 67,45%. O item que obteve a mais baixa freqüência de acerto foi quanto à
região anatômica de localização do câncer de boca. O lábio foi a região mais
citada pelos pesquisados sendo que a literatura aponta a língua como a
localização de predileção. Provavelmente, a resposta do grupo deve-se à
associação entre exposição solar e aparecimento de lesões malignas
apresentadas em lábio, pois 95% dos sujeitos que integraram a pesquisa
indicaram esta associação.
Um alto percentual (76%) soube informar que o carcinoma epidermóide
é o câncer mais comum da boca, reforçando as afirmações efetuadas por
outros pesquisadores 7,9,10,15,17,20,21. Sobre a região anatômica mais acometida
pelo câncer de boca, a opção correta que é a língua 5,9,10,14,15,19,27, foi apontada
17
por somente 23,8% da amostra, ficando este dado abaixo do encontrado em
outros estudos 14,22.
Quanto ao aspecto inicial mais comum do câncer de boca, a maioria da
amostra (90,5%) respondeu corretamente ser úlcera indolor, semelhante aos
achados na literatura 18,21.
Em relação à faixa etária de maior ocorrência do câncer de boca, a
maioria (81%) respondeu corretamente que é acima de 40 anos, o que
corresponde às informações contidas na literatura 10,12,15,19,21,26.
Em relação à condição mais comumente associada ao câncer de boca,
66,7% respondeu de forma correta apontando a leucoplasia. Sobre a forma
como os linfonodos se apresentam em metástases cervicais no câncer de
boca, a maioria (66,7%) soube informar que eles se apresentam com as
seguintes características: duros, sem dor, com mobilidade ou não. Estes
achados se assemelham àqueles citados em outros estudos 10,11,13,21. Embora
66,7% tenham respondido de forma correta, o percentual que não soube
responder foi preocupante (28,6%), em função da relevância do tema, sendo
que é conhecido que o risco de desenvolvimento de câncer numa área
leucoplásica é cinco vezes maior que em áreas onde não se encontram
leucoplasia.
Quanto aos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de boca,
os principais fatores apontados foram: consumo de tabaco (100%), consumo
de álcool (100%) e exposição solar (95%). Sem dúvida, estes fatores
desencadeadores são os mais frequentemente associados ao aparecimento do
câncer de boca e são amplamente divulgados pela mídia, portanto este era um
comportamento esperado, que também aparece em outras pesquisas
6,10,13,25,26,29.
Quando indagados sobre a rotina para com seus pacientes, realizando
exame para identificar lesões indicadoras de câncer de boca, 87,5% afirmaram
que o efetuam. No entanto, seu nível de confiança na realização do diagnóstico
do câncer de boca é baixo. Esta realidade, também, foi encontrada em outras
pesquisas 10,15,16,23 .
Os dados obtidos nesta pesquisa evidenciam deficiências quanto ao
conhecimento teórico-prático sobre câncer de boca, enfatizando a necessidade
de construção de um programa de capacitação profissional. É de grande
18
importância que os profissionais de odontologia sejam mais confiantes e
preparados para o diagnóstico preciso. Entretanto, a maioria dos participantes
(53%) afirmou que a última atualização sobre câncer de boca foi realizada há
mais de cinco anos ou nunca a realizou. Porém 90% relataram a necessidade e
a vontade de frequentar cursos sobre o assunto e reconheceram a importância
do cirurgião-dentista na prevenção do câncer de boca. Este achado vem ao
encontro da literatura revisada 10,15,17,23,26,28.
Conclusão
Com base na análise dos resultados, pode-se afirmar que a maioria dos
docentes que participaram da pesquisa possui nível de conhecimento teórico
entre bom e ótimo, em relação aos tópicos básicos da temática sobre câncer
de boca. No entanto, ao se autoavaliarem consideram que necessitam melhor
preparo no que se refere à prática do diagnóstico, por isso, demonstraram-se
altamente interessados em participar de cursos sobre a prevenção e
diagnóstico precoce do câncer de boca.
Referências
1. ALFANO, M.C.; HOROWITZ, A. M. Professional and community efforts to prevent morbity and mortality from oral cancer. JADA, Chicago, v. 132, p. 24S-25S, Nov. 2001. 2. ALMEIDA, F.C.S.; CAZAL, C.; BRANDÃO, T.B; ARAUJO, M.E. ; SILVA, D.P.; DIAS, R.B. Campanha de popularização do auto-exame da boca: Universidade de São Paulo, Brasil (parte I). Rev. bras. patol. oral, Natal, v.4, n. 3, p. 147-156, abr./maio/jun. 2005. 3. ANDREOTTI, M.; RODRIGUES, A.N; CARDOSO, L.M.N; FIGUEIREDO, R.A.O.; NETO, J.E; WUNSH, V. Ocupação e câncer da cavidade oral e orofaringe. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 543-552, mar. 2006. 4.ANTUNES, J.L.; TOPORCOV, T.N.; WÜNSCH-FILHO, V. Resolutividade da campanha de prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal em São Paulo, Brasil. Rev. panam. salud pública, Washington, v. 1, n. 21, p. 30-36, jan. 2007. 5.BIAZEVIC,M.G.H.; CASTELLANOS, R.A; ANTUNES, J.L.F; CROSATO, E. M.Tendências de mortalidade por câncer de boca e orofaringe no Município de São Paulo, Brasil, 1980-2002. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro v. 22, n.10, p. 2105-2114, out. 2006.
19
6.BORGES, D.M.L.; SENA, M.F.; FERREIRA, M.A.F; RONCALLI, A.G. Mortalidade por câncer de boca e condição socioeconômica no Brasil. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 321-327, fev. 2009. 7.BORGES, F.T; GARBIN, C.A.S; CARVALHO, A.A.; SOUZA, P.H.; HIDALGO, L.R.C. Epidemiologia do câncer de boca em laboratório público do Estado do Mato Grosso, Brasil. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 9, p. 1977-1982 , set. 2008. 8.CAMPOS, J. L. G.; CHAGAS, J. F. S.; MAGNA, L. A. Fatores de atraso no diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço e sua relação com sobrevida e qualidade de vida. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 65-68, abr./jun. 2007. 9.CARVALHO, M. B.; LENZI, J; LEHN, C. N; FAVA, A. S; AMAR, A; KANDA, J. L; WALDER, F. et al. Características clínico-epidemiológicas do carcinoma epdermóide de cavidade oral no sexo feminino. AMB rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 47, n. 3, p. 208-214, jul./ set. 2001. 10.CIMARDI, A.C.B.S.; FERNANDES, A.P.S. Câncer bucal: a prática e a realidade clínica dos cirurgiões-dentistas de Santa Catarina. RFO, Passo Fundo, v. 14, n. 2, p.99-104, maio/ ago. 2009. 11.CLOVIS, J.B.; HOROWITZ, A.M.; POEL, D.H. Oral and pharyngeal cancer: knowledge and opinions of dentists in British Columbia and Nova Scotia. J. Can. Dent. Assoc. (Tor), Toronto, v. 68, n. 7, p. 415-420, July./ Agu. 2002. 12.COSTA, E.G.; MIGLIORATTI, C.A. Cancêr bucal: avaliação do tempo decorrente entre a detecção da lesão e o início do tratamento. Rev. bras. cancerol., Rio de Janeiro, v. 47, n. 3, p. 283-89, 2001. 13. COUTINHO, K.V.; MARTINS, A.C.M. Fatores de risco para o câncer bucal na população idosa do Cascavel Velho. In: Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil, 2, 2005, Cascavel. Anais... Cascavel: UNIOESTE, 2005. Disponível em: <http://cacphp.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/trabalhos/saude/ msau21.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2011. 14.DAHER, G.C.; PEREIRA, G.A.; OLIVEIRA, A.C.D. Características epidemiológicas de casos de câncer de boca registrados em hospital de Uberaba no período 1999 2003: um alerta para a necessidade de diagnóstico precoce. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 11, n. 4, p. 584-596, dez. 2008. 15.FALCÃO, M.M.L; ALVES, T.D.B; FREITAS, V.S; COELHO, T.C.B. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação ao câncer bucal. RGO (Porto Alegre), Porto Alegre, v. 58, n. 1, p. 27-33, jan/mar.2010. 16.LIMA, A.A.S.; FRANÇA, B.H.S; IGNÁCIO, S.A; BAIONI, C. S. Conhecimento de alunos universitários sobre o câncer bucal. Rev. bras. cancerol., Rio de Janeiro, v. 51, n. 4, p. 283-288, 2005. 17.MARTINS, M.A.T; MARQUES, F.G.O.A.; SANTOS, V.C; ROMÃO, M.M.A; LASCALA, C.A; MARTINS, M.D. Avaliação do conhecimento sobre o câncer bucal entre universitários. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 191-197, out./nov./dez. 2008.
20
18. MATOS, I.B.; ARAÚJO, L.A. Práticas acadêmicas, cirurgiões-dentistas, população e câncer bucal. Rev. ABENO, Brasília, v. 3, n. 1, p. 76-81, 2003. 19.MAURICIO, H.A.; MATOS, F.C.M.; GUIMARÃES, T.M.R. Conhecimento, atitudes e práticas sobre o câncer de boca da comunidade atendida pelo PSF de São Sebastião do Umbuzeiro/PB. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 10-14, jan./fev./mar. 2009. 20.MONTORO, J.R.M.C; HICZ, H.A; SOUZA, L.; LIVINGSTONE, D; MELO, D.H; TIVERON, R.C; MAMEDE, R.C.M. Fatores prognósticos no carcinoma espinocelular de cavidade oral. Rev. bras. otorrinolaringol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 6, p. 861-866, nov./dez. 2008. 21.NEVILLE, B. W. Patologia oral e maxilofacial. 3 ed. Elsevier, 2009. 972p. 22.PERUSSI, M.R; DENARDIN, O.V.P; FAVA, A.S; RAPOPORT, A. Carcinoma epidermóide da boca em idosos de São Paulo. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 48, n. 4, p. 341-344, out./dez. 2002. 23.PINHEIRO, M. S. P; CARDOSO, J. P; PRADO, F. O. Conhecimento e diagnóstico em câncer bucal entre profissionais de odontologia de Jequié, Bahia. Rev. bras. cancerol., Rio de Janeiro, v. 56, n. 2, p. 195-205, 2010. 24.PRADO, B.N.; PASSARELLI, D.H.C. Uma nova visão sobre prevenção do câncer bucal no consultório odontológico. Rev. odontol. UNICID, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 79-85, jan./abr. 2009. 25.REZENDE, C.P; RAMOS, M.B; DAGUILA, C.H; DEDIVITIS, R.A; RAPOPORT, A. Alterações da saúde bucal em portadores de câncer da boca e orofaringe. Rev. bras. otorrinolaringol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 4, p. 596-600, jul./ago. 2008. 26.RIBEIRO, R; TREVIZANI, M.A; FERNANDES, K.P.S; BUSSADORI, S.K; MIYAGI, S. P.H; MARTINS, M.D. Avaliação do nível de conhecimento de uma população envolvendo câncer oral. Robrac, Goiânia, vol. 17, n. 44, p. 104-109, 2008. 27.SEROLI, W.; RAPOPORT, A. Avaliação da saúde bucal no diagnóstico de pacientes com câncer bucal. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 157-162, jul./set. 2009. 28.SILVA, E.; FIGUEIREDO, P.; CARVALHO, D. Conhecimentos, comportamentos e atitudes dos cirurgiões-dentistas frente ao câncer bucal. 2006. Disponível em: <http://www.unievangelica.edu.br/gc/imagens/file/anais_pbic/2006/odontologia/IC%2014.02.06%20subp1.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2011. 29.SPANEMBERG, J.C.; ARAÚJO, L.M.A.; CEBALLOS-SALOBREÑA, A.; RODRÍGUEZ-ARCHILLA, A. Conhecimento e atitudes da população em relação às doenças bucais: uma experiência espanhola. In: Congresso de Iniciação Científica, XVII, 2008, Pelotas. Anais... Pelotas: UFPel, 2008. Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CS/CS_00730.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2011.
21
APÊNDICE: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
1. Idade________ 2. Sexo: [1] Masculino [2] Feminino 3. Qual o seu tempo de formação acadêmica?________________________ 4. Qual o curso de graduação? ____________________________________ Caracterização 1. Com relação ao seu nível de conhecimento sobre câncer bucal, qual é sua autoavaliação? [1] Ótimo [2] Bom [3] Regular [4] Insuficiente 2. Na primeira consulta odontológica dos seus pacientes, você realiza exame procurando identificar câncer bucal? [1]Sim [2] Não 3. Quando você encontra lesões bucais suspeitas de malignidade, como você encaminha o caso? [1] Eu mesmo tomo os procedimentos diagnósticos [2] Encaminho a um dentista especialista em estomatologia [3] Encaminho a um médico [4] Encaminho a um Curso de Odontologia [5] Encaminho a um hospital especializado em tratamento oncológico [6] Encaminho ao Centro de Especialidade Odontológica – CEO [7] Não sendo a queixa principal do paciente, espero até que ele se manifeste, pedindo orientação. 4. Qual é o tipo de câncer mais comum da boca? [1] Linfoma [2] Carcinoma Espinocelular [3] Sarcoma de Kaposi [4] Ameloblastoma [5] Adenocarcinoma de Glândula Salivar [6] Não sei 5. Qual é a região anatômica mais frequente para o câncer bucal? [1] Língua [2] Soalho de boca [3] Gengiva [4] Palato [5] Mucosa jugal [6] Lábio [7] Não sei 6. Dentre os citados, qual o aspecto mais comum em pacientes com câncer de boca inicial? [1] Salivação abundante [2] Úlcera indolor [3] Nódulo duro [4] Dor intensa [5] Não sei
22
7. Qual é a faixa etária mais comum para a ocorrência de câncer bucal? [1] Menos de 18 anos [2] 18 a 39 anos [3] Acima de 40 anos [4] Não sei 8. O linfonodo mais característico em metástases cervicais em câncer bucal, quando palpado apresenta-se: [1] Duro, dolorido, com mobilidade [2] Duro, sem dor, com mobilidade ou não [3] Mole, dolorido, com mobilidade [4] Mole, sem dor, com mobilidade ou não [5] Não sei 9. Das seguintes condições, qual a mais comumente associada com o câncer de boca? [1] Leucoplasia [2] Pênfigo Vulgar [3] Estomatite [4] Candidíase [5] Língua Geográfica [6] Não sei Fatores de risco 1. Nas próximas alternativas assinale as que você considera a condição apresentada como fator de risco para câncer de boca: A. Uso de drogas injetáveis [1] Sim [2] Não B. Ter apresentado outro câncer previamente [1] Sim [2] Não C. Consumo de álcool [1] Sim [2] Não D. Consumo de tabaco [1] Sim [2] Não E. História familiar de câncer [1] Sim [2] Não E. Consumo de comidas condimentadas [1] Sim [2] Não F. Higiene oral deficiente [1] Sim [2] Não G. Contágio direto [1] Sim [2] Não H. Exposição solar [1] Sim [2] Não I. Bebidas e comidas quentes [1] Sim [2] Não J. Obesidade [1] Sim [2] Não
23
Formação 1. Qual é o seu nível de confiança para realizar procedimentos de diagnóstico para câncer de boca? [1] Alto [2] Baixo [3] Não sei 2. Qual foi a ultima vez que você assistiu a um curso de educação continuada sobre câncer de boca? [1] No ano passado [2] Durante os últimos 2 a 5 anos [3] Mais de 5 anos [4] Nunca [5] Não lembro 3. Você sente necessidade em assistir a um curso de educação continuada sobre câncer de boca no futuro? [1] Sim [2] Não [3] Não tenho certeza 4. Em sua opinião, qual a importância do cirurgião-dentista na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de boca? [1] Alta [2] Média [3] Regular [4] Baixa [5] Não sei
25
De acordo com Costa e Migliorati (2001), o câncer no Brasil é
considerado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) como um problema de
saúde pública, estando entre as causas mais frequentes de morte. Registros
hospitalares afirmam que a boca está entre as dez localizações mais
freqüentes para a ocorrência de câncer. Considerando-se que este é um local
de fácil acesso ao exame clínico, pode-se deduzir que há uma deficiência no
diagnóstico desses tipos de câncer. O objetivo desse trabalho foi avaliar o
serviço de atendimento a pacientes portadores de câncer de boca na
Faculdade de Odontologia da USP. De novembro de 1997 a outubro de 1998,
15 pacientes portadores de lesões malignas da cavidade oral foram
identificados e encaminhados para a disciplina de semiologia da faculdade para
acompanhamento. Foram examinados um por um, as lesões suspeitas foram
biopsiadas e os pacientes foram questionados sobre aspectos importantes
relacionados com o diagnóstico precoce do problema. A maioria dos pacientes
(60%) era do sexo masculino e 93% tinham mais de 40 anos. Em 66,6% dos
casos foram diagnosticados carcinoma epidermóide. Os resultados apontaram
uma demora inexplicável, desde o momento da detecção da lesão até o início
do tratamento. Assim, foi comum observar pacientes portadores de lesões
extensas, com meses ou anos de duração. Foi concluído que o ideal seria que
houvesse um programa de cooperação inter-institucional, com integração de
vários grupos profissionais. O diagnóstico precoce e o pronto atendimento da
lesão ainda é a melhor forma de aumentar a sobrevida de 5 anos e diminuir a
morbidade e mortalidade.
Alfano e Horowitz (2001) afirmaram que a maioria dos americanos não
recebe um exame regular de câncer de boca, ou nem mesmo sabe da sua
existência. Muitas organizações estão dando atenção aos perigos e à
prevenção do câncer oral. Neste trabalho foram avaliados alguns programas e
iniciativas de alerta ao público sobre câncer de boca. Universidades e hospitais
americanos formaram uma organização para manter o público informado sobre
a doença, chamado de Oral Cancer Consortium. Ela provou ser eficiente no
treinamento de dentistas e programas sobre o câncer. Desde sua criação, em
1999, muitas lesões foram diagnosticadas, e o exame à procura do mesmo se
tornou rotina nos consultórios. Maryland também se tornou um modelo de
estado na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca, isso porque a
26
doença tinha alta incidência de mortalidade, principalmente entre os homens
afro-americanos. E quando o diagnóstico era feito, ocorria em estágios
avançados. Foi concluído, então, que com as iniciativas de organizações como
estas, pode-se fazer a diferença nas estatísticas, diminuindo a morbidade e
mortalidade do câncer de boca.
Carvalho et al. (2001) afirmaram que o carcinoma epidermóide é uma
neoplasia que atinge preferencialmente os homens, sendo o álcool e o tabaco
os principais fatores de risco, e estes parecem ser os principais responsáveis
pela desproporção entre a incidência do sexo masculino em relação ao
feminino. Este trabalho teve como objetivo identificar as principais diferenças
clínico-epidemiológias do carcinoma epidermóide no sexo feminino quando
comparada ao sexo masculino. Foram estudados 228 prontuários de pacientes
do sexo feminino portadoras da neoplasia, atendidas no Serviço de Cirurgia de
Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis, no período de 1997 e 1996, sendo
comparadas com 849 pacientes do sexo masculino. A idade dos pacientes do
sexo feminino teve uma media de 60,7 anos, nos homens a média foi de 55,6
anos. Foi notado também que quando o etilismo e o tabaco estavam ausentes,
a incidência da neoplasia ocorreu em uma faixa etária mais tardia, sendo que a
presença do tabaco isoladamente não afetou na distribuição por faixa etária,
enquanto o álcool isoladamente ou em associação com o tabaco levou a uma
incidência mais precoce do câncer. Os principais sítios foram a língua e o
soalho bucal, mas em comparação ao homens essa incidência é menor. Sendo
assim, foi concluído que o carcinoma epidermóide nas mulheres tem
características clínico-epidemiológicas peculiares, o que justifica o
desenvolvimento de protocolos de diagnóstico e tratamento específicos.
De acordo com Clovis, Horowitz e Poel (2002), em 2000,
aproximadamente 3200 novos casos de câncer oral foram identificados no
Canadá, e ocorreram cerca de 1050 mortes. A causa são os diagnósticos
tardios, que ocorrem em mais da metade dos casos. O câncer de boca
continua recebendo menos atenção que os outros tipos de câncer. O objetivo
desse trabalho foi descrever o conhecimento de cirurgiões-dentistas
canadenses sobre os fatores de risco e diagnóstico relacionados ao câncer de
boca, e determinar suas opiniões sobre a preparação profissional para prevenir
e controlar a doença. Um questionário contendo 41 questões foi respondido por
27
670 dentistas, sendo 401 da Colúmbia Britânica e 269 da Nova Escócia.
Destes, 82,1% eram do sexo masculino. O fumo foi identificado por quase
todos; o álcool e a exposição solar foram identificados corretamente também
por 70% dos entrevistados. A maioria sabia que indivíduos mais velhos são
mais propícios a ter este tipo de câncer. Mais da metade reconheceu a
eritroplasia e a leucoplasia como sendo condições associadas ao câncer de
boca. Os autores concluíram que um número alto de dentistas (61,9%)
acreditou não ter conhecimento suficiente, e indicou ter interesse em fazer
cursos sobre o assunto, afinal, o diagnóstico precoce pode promover pelo
menos 5 anos de sobrevida.
Conforme Perussi et al. (2002), o aumento da expectativa de vida das
pessoas não traz apenas benefícios, traz também conseqüências, como o
aumento de doenças crônicas ou associadas aos processos de envelhecimento
celular como o câncer. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do sexo
e a localização da lesão no prognóstico do câncer de boca em pacientes
idosos. Foram avaliados todos os prontuários do Serviço de Cirurgia de
Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis, em São Paulo, do período de 1978 a
1997. Os 1440 registros foram divididos em dois grupos, idade igual ou
superior a 60 anos (559 registros), e idade inferior a 60 anos (878 registros). A
freqüência do câncer em idosos permaneceu estável no período estudado,
sendo a relação masculino/feminino de 3:1 em pacientes com mais de 60 anos,
e 8:1 em idade inferior aos 60 anos. Ocorreu um predomínio em idosos de
câncer na região jugal (56%) e palato (47%), quando comparados aos
pacientes mais jovens, localizados em soalho (67%) e língua (62%). Não foi
observada diferença na percentagem de pacientes falecidos antes do início do
tratamento e na sobrevida em diferentes períodos. Foi concluído que existe
uma maior prevalência de mulheres com câncer de boca entre os idosos
quando comparados aos mais jovens. As diferenças observadas em relação ao
sexo e localização não se refletiram na modificação da sobrevida dos pacientes
estudados.
Matos e Araújo (2003) afirmaram que o perfil do portador de câncer de
boca é esboçado da seguinte forma: homens, com idade entre 45 e 55 anos,
etilistas e tabagistas. De acordo com literatura sociológica, as mulheres
demonstram ser mais atentas que os homens às suas sensações e
28
percepções. O objetivo desse estudo foi identificar, analisar e compreender as
práticas e atitudes dos cirurgiões-dentistas e da população acerca do câncer de
boca. O estudo foi realizado entre abril e dezembro de 2002, na cidade de
Lages (SC). Foram utilizados questionários com perguntas fechadas, abertas e
semi-abertas, sendo um direcionado aos cirurgiões-dentistas e outro à
população. No total foram 70 profissionais, entre os quais 77% consideraram-
se preparados para diagnosticar lesões cancerígenas, porém somente 44%
costumam fazê-lo. Somente 27,2% apontaram corretamente a opção “úlcera”
como a apresentação clínica da lesão. Das 675 pessoas entrevistadas, 58,8%
pertencem ao gênero feminino, 41,2% tem mais que 40 anos de idade e a
maioria possui baixo nível de escolaridade. Quando questionados sobre qual
profissional procuraria se tivesse alguma lesão na boca, 41,2% indicaram o
médico. Apesar da desinformação dos pesquisados, foi citado o fumo e o álcool
com causadores de câncer. As autoras concluíram que quanto maior a
escolaridade maior a tendência em buscar o dentista como profissional certo
para tratar da patologia bucal; porém os cirurgiões-dentistas não realizam um
correto exame clínico, que é o método eficaz para o diagnóstico da lesão.
Almeida et al. (2005), afirmaram que o câncer de boca é um problema
da classe odontológica, cabendo a mesma a obrigação de orientar e ensinar o
auto exame ao paciente em busca de lesões em boca, tendo em vista um
diagnóstico precoce e a educação em saúde na população de uma forma geral.
Inspirado nisso, este trabalho foi elaborado para a popularização do auto
exame da boca, para mostrar que é possível fazer ações educativas nacionais
em câncer de boca. Esse trabalho foi colocado em prática em um grande
simpósio de implantes onde várias palestras, cursos de atualização profissional
e fóruns foram realizados sobre o assunto, tendo como maior público
participante (90%), cirurgiões dentistas da rede pública em saúde. Com esse
trabalho, que teve como foco principal o caráter multidisciplinar e
multiprofissional, o diagnóstico precoce e a orientação em saúde bucal, foi
concluído que campanhas de auto-exame e cursos de atualizações são
medidas úteis e de bons resultados quando o esperado é o diagnóstico
precoce das lesões e uma maior sobrevida do paciente.
De acordo com Coutinho et al. (2005), os brasileiros com mais de 60
anos representam 8,6% da população no Brasil, e que esta proporção chegará
29
a 14% em 2025. O atendimento a um indivíduo idoso apresenta características
peculiares sendo necessário o conhecimento de alguns princípios básicos e
essenciais. A odontogeriatria foi reconhecida como especialidade pelo
conselho federal de odontologia em 2001. A prevenção do câncer de boca
passou a ser um ponto extremamente importante a ser discutido, uma vez que
a faixa etária onde se encontra a maior incidência é a terceira idade. Dentre os
fatores responsáveis pelo diagnóstico tardio do câncer de boca está o fato da
maioria dos pacientes serem idosos, desdentados e que não possuem o hábito
de visitar o cirurgião-dentista. O objetivo desse estudo foi realizar o
levantamento dos fatores de risco para câncer de boca na população idosa
residente no bairro Cascavel Velho na cidade de Cascavel/PR. Foram
avaliados 48 idosos, com idade entre 60 e 87 anos, de ambos os gêneros, que
residiam no bairro de Cascavel Velho e que foram atendidos pelos Agentes
Comunitários de Saúde da Unidade Básica de Saúde do referido bairro. A
coleta de dados foi realizada durante visita domiciliar e também após a
realização de palestras direcionadas aos idosos, através de exame clínico
odontológico. A idade média dos avaliados foi de 70,16 anos, sendo 68,75% do
gênero feminino. Fatores de risco foram identificados em 67% dos pacientes e
85% apresentou necessidade de atendimento odontológico, que refletiu o difícil
acesso aos serviços odontológicos nesta comunidade e confirmou a
necessidade de serviço público reformular suas ações para atender as
especificidades da terceira idade.
Conforme Lima et al. (2005), o câncer de boca é uma doença crônica
multifatorial, tendo como principais fatores etiológicos o fumo, o álcool, a
radiação solar, a dieta, os microrganismos e a deficiência imunológica, sendo
assintomático nos estágios iniciais. O não conhecimento dos fatores de risco e
conhecimento dessa doença interfere no diagnóstico precoce. O objetivo desse
trabalho foi identificar o nível de conhecimento de estudantes universitários em
relação ao câncer de boca, seus fatores de risco, as lesões cancerizáveis e o
tratamento dessa doença. Foram analisados 300 jovens de diversas áreas de
conhecimento na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, sendo 166 do
sexo feminino e 134 do sexo masculino. Foi aplicado um questionário de 7
perguntas abertas e fechadas. Desses 300 entrevistados, 259 (86,3%)
responderam saber que o câncer pode ocorrer na boca e cerca de 117 (39%)
30
afirmaram que conheciam a existência de lesões cancerizáveis. Oito por cento
dos entrevistados considerou o álcool como fator causal, o tabagismo foi
considerado em 69,3% e a falta de higiene bucal em 20,3%. Quanto ao
tratamento, 113 entrevistados (37,6%) procurariam um cirurgião-dentista caso
suspeitasse de câncer de boca. Esse trabalho demonstrou que uma parcela
representativa dos estudantes sabia que o câncer pode acometer a boca e que
o tabagismo é um dos fatores de risco, entretanto desconhecem o papel do
álcool, sendo necessário implementação de medidas preventivas visando os
verdadeiros fatores de risco para o câncer de boca.
No entender de Biazevic et al. (2006), o câncer de boca tem uma
etiologia multifatorial, integrando fatores endógenos, como predisposição
genética e fatores exógenos ambientais e comportamentais que quando
integradas podem agravar a manifestação. O objetivo desse trabalho foi
descrever e explorar analiticamente a magnitude e as tendências da
mortalidade por câncer de boca e orofaringe no Município de São Paulo no
período de 1980 a 2002. Foram coletados dados sobre os óbitos, cuja causa foi
identificada como câncer de boca e orofaringe. Foi identificada também a
localização da lesão, e a língua foi o local de maior concentração. A
mortalidade foi mais elevada no sexo masculino. O câncer de lábio, gengiva e
região retromolar apresentaram tendência decrescente, enquanto orofaringe e
outras partes não especificadas da boca sofreram incremento de mortalidade, e
essa tendência crescente sugere a necessidade de implantar medidas que
visem o diagnóstico precoce e a prevenção dessa doença.
Conforme Andreotti et al. (2006), os tumores de cabeça e pescoço, pela
expressiva incidência e mortalidade, constituem-se em relevante preocupação
para a saúde no mundo. O diagnóstico do câncer oral no Brasil é, em geral,
realizado mais tardiamente que em países desenvolvidos. Fumo e álcool são
os principais fatores de riscos reconhecidos, mas estudos mostraram relação
entre câncer da cavidade bucal e faringe e o exercício de determinadas
ocupações, como pescadores e agricultores, pedreiros e condutores de
veículos a motor. O objetivo desse estudo foi investigar o papel dos fatores
ocupacionais na incidência do câncer da cavidade oral e orofaringe na Região
Metropolitana de São Paulo, que compreende 37 cidades e cerca de 18,8
milhões de habitantes. Foram 798 indivíduos que preencheram os critérios de
31
inclusão quando eram abordados no hospital, no atendimento ambulatorial ou
na internação. O instrumento de coleta era dividido em três partes: questionário
sobre hábitos de vida (QHV), questionário ocupacional geral (QOG) e
questionário ocupacional especializado (QOE). Foram coletados dados sobre
tabagismo e ingestão de álcool. O levantamento da história ocupacional do
indivíduo, através do QOG, relacionou os empregos. Outras informações foram
obtidas, como idade e raça. A média de idade foi de 55,6 e a maioria era da cor
branca. A localização anatômica mais freqüente foi a língua. Fumantes e
indivíduos que consumem álcool apresentaram risco elevado. O emprego em
oficinas mecânicas revelou risco de câncer, que aumentou naqueles com dez
anos ou mais de emprego, porém esta afirmação é inusitada por não haver
outras referências. Os autores concluíram que a atividade em oficinas
mecânicas e mecânicos de veículos têm maior risco de ter câncer de boca e de
orofaringe, pois estão expostos habitualmente a agentes químicos classificados
como carcinogênicos, o que tornou o estudo plausível.
Silva, Figueiredo e Carvalho (2006) afirmaram que o câncer de boca é
uma doença genética complexa multifatorial, sendo considerada um problema
de saúde pública. De acordo com literatura científica, cerca de 50% dos
tumores de boca são diagnosticados em estágios muito avançados da doença,
enquanto 8,6% ocorrem na fase inicial. O diagnóstico tardio pode ser atribuído
à desinformação entre as classes médica e odontológica. O objetivo deste
estudo foi avaliar o nível de conhecimento sobre câncer de boca e o grau de
atenção que é dispensado à realização do exame clínico bucal pelos
cirurgiões-dentistas e graduandos de odontologia, da cidade de Anápolis e
Entorno. Foi elaborado um questionário com questões sobre conhecimentos
gerais e específicos sobre câncer de boca e se o profissional sente-se apto ou
não a realizar correta e precocemente o diagnostico de lesões bucais. Os
questionários foram distribuídos “in loco” durante o período de abril a agosto de
2006, o qual foi preenchido de forma espontânea, anônima e sem direito a
consulta bibliográfica. Oitenta e dois questionários foram respondidos. Somente
57,31% afirmou realizar uma anamnese completa. O tabaco foi apontado por
todos como um fator de alto risco, e a maioria (65,85%) identificou
corretamente a língua como sendo o sítio mais acometido. Apenas 53,6% dos
avaliados concordou que estava adequadamente treinado a realizar o exame
32
para prevenção de câncer de boca. Foi concluído que os cirurgiões-dentistas
ainda não se conscientizaram do seu papel na prevenção e no diagnóstico
precoce do câncer de boca. A abordagem desses temas durante a formação
acadêmica e cursos de educação continuada são imprescindíveis.
Segundo Antunes, Toporcov e Wünsch-Filho (2007), no estado de São
Paulo a mortalidade por câncer de boca nas últimas décadas manteve-se
estacionada, mas elevada. Desde 2000, a taxa média de mortalidade para
homens e mulheres é de 6,95:1,2. Porém, quando a faixa etária de 60 anos ou
mais é considerada, este número aumenta consideravelmente para 40,7:7,7.
Este estudo relata os resultados obtidos na campanha de prevenção e
diagnóstico precoce do câncer de boca, no Estado em 2004, e suas
consequências. Foi utilizado um questionário com perguntas fechadas para a
coleta de dados, além de um exame visual para detecção de lesões em lábios,
língua, cavidade oral, amígdala e orofaringe. As pessoas que apresentavam
lesões foram encaminhadas para serviço de referência. Foram realizados
238.087 exames bucais, em pessoas de 60 anos ou mais, e destes, 8,5%
foram encaminhados para diagnóstico, e 0,9% eram portadores de lesões
bucais suspeitas de malignidade. O estudo mostrou que 61% das pessoas
tiveram seu problema resolvido, e 39% não completaram o diagnóstico ou não
houve informação disponível. Na opinião dos autores, esta campanha se
mostrou ineficaz devido à falta de monitoramento dos resultados, e também
pela proporção de pacientes que não tiveram seu problema resolvido.
Conforme Campos, Chagas e Magna (2007), são muitos os fatores que
contribuem para o aumento dos casos de câncer em um país. Além do
envelhecimento da população, a urbanização e o desenvolvimento tecnológico
expõe a população a riscos para essa enfermidade. No Brasil, as taxas de
incidência e mortalidade são muito altas em relação a outros países, estando
associada principalmente com o alto consumo de álcool e tabaco. O atraso no
diagnóstico dessas lesões influencia no desenlace fatal da doença, sendo o
objetivo desse trabalho mostrar os fatores que causam esse atraso. Foram
entrevistados 64 pacientes, com perguntas abertas e fechadas, admitidos nos
Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital e Maternidade Celso
Piero da Pontifícia Universidade Católica de Campinas-SP e Hospital
Higienópolis, no período de fevereiro de 2005 a março de 2006. Dos 64
33
pacientes, 32,8% eram aposentados e 67,2% estavam em atividade produtiva.
Considerando-se este fato, é importante o diagnóstico precoce para reintegrar
os pacientes em suas atividades sociais e laborais. As visitas ao dentista nem
sempre acontecem com frequência, interferindo no diagnóstico precoce de
lesões neoplásicas de cabeça e pescoço com manifestações orais. Os autores
concluíram que o tempo decorrido entre a percepção dos sintomas, diagnóstico
e tratamento correto interfere na evolução e prognóstico dessa doença e,
também na qualidade de sobrevida dos pacientes. Os profissionais da saúde
deveriam se preocupar em diminuir este intervalo de tempo. Assim, a
realização de campanhas de esclarecimento à população e programas de
educação continuada dos profissionais de saúde são fundamentais.
Daher, Pereira e Oliveira (2008), descreveram as características
demográficas e epidemiológicas dos pacientes com carcinoma epidermóide no
centro de referência para o tratamento de câncer em Uberaba-MG, no período
de 1999 a 2003. O estudo foi feito através da coleta de dados de prontuários de
101 pacientes, e as informações obtidas foram comparadas com outros
estudos. Foi encontrada uma relação masculino/feminino de 3,8:1. A faixa
etária mais atingida foi entre 50 e 69 anos, e 89 pacientes eram da cor branca.
Foi mostrado, também, que a língua foi o sítio anatômico mais acometido
(33,66%), e que a maior parte destes encontrava-se no estágio 3 e 4. A taxa de
sobrevida dos pacientes foi de 38,71% em 5 anos. Assim os autores
concluíram que é necessária maior atenção a esta população para que se
possa estabelecer um diagnóstico mais precoce.
Martins et al. (2008) explicaram que na boca o carcinoma espinocelular
é responsável por cerca de 90% das neoplasias malignas, sendo considerada
como problema de saúde pública. A prevenção e diagnóstico precoce são as
melhores formas de reverter essa situação. Para que isso ocorra, o cirurgião-
dentista necessita conhecer o assunto e ter noções de prevenção. O objetivo
desse trabalho foi avaliar o conhecimento de universitários de odontologia de
diferentes períodos sobre o câncer de boca, aos quais foi aplicado um
questionário de 37 questões. Cento e quarenta e oito alunos responderam ao
questionário, sendo 41 do gênero masculino e 107 do feminino. O nível de
conhecimento dos alunos do 3° e 4° ano foi mais elevado, entretanto esses não
sabem na sua totalidade que o carcinoma espinocelular é o que mais acomete
34
a boca. Os alunos responderam que possuem interesse em realizar cursos
sobre o câncer de boca; 38% acham que possuem um nível de conhecimento
regular, e 74,07% realizam exames para detectar lesões malignas ou pré-
malignas. Essa porcentagem diminui entre os alunos do 1° ano por não se
sentirem aptos a fazer. Do total de entrevistados, 86,49% afirmou que o
cirurgião-dentista tem um grande papel na prevenção do câncer de boca.
Esses resultados demonstram a necessidade de um programa de prevenção
de câncer de boca envolvendo todos os alunos, para promover a prevenção e o
diagnóstico precoce.
Segundo Rezende et al. (2008), o câncer oral tem como principal fator
etiológico o fume e o consumo de álcool, sendo que medidas de higiene oral,
visitas regulares ao dentista e instrução sobre esses fatores de risco são
medidas importantes na prevenção da doença. O objetivo deste trabalho foi
determinar as possíveis correlações do estado de saúde bucal e os fatores
predisponentes para o desenvolvimento de carcinoma espinocelular de
cavidade oral e orofaringe. O estudo foi feito através da comparação entre 50
indivíduos com câncer de boca e 50 que não apresentavam a doença. Foi
realizado um questionário de saúde bucal e um exame oral para avaliação de
doença periodontal e condições dentárias. A faixa etária entre os dois grupos
foi acima de 40 anos, 76% dos pacientes portadores do câncer apresentaram
doença periodontal com bolsas periodontais acima de 6 mm, apresentado
sangramento gengival e cálculo. No grupo controle, 10% apresentaram o
mesmo grau da doença. A relação ao uso de prótese, dentes perdidos,
obturados e cariados não teve diferença significativa entre os grupos. Foi
concluído que a doença periodontal foi observada de forma mais severa em
pacientes portadores de câncer, sem relação com hábitos de higiene ou
condição dentária, porém estudos com inclusões de outras variáveis são
necessários para que fique esclarecido o papel da doença periodontal como
fator de risco ao câncer de boca.
Conforme Borges et al. (2008), o câncer de boca no Brasil é o quinto tipo
de câncer em incidência entre os homens e o sétimo entre as mulheres, sendo
que a estimativa do INCA para o ano de 2008 é uma taxa bruta em homens e
mulheres respectivamente de 11,00 e 3,88 novos casos por 100 mil habitantes.
O objetivo desse estudo foi analisar a epidemiologia do câncer de boca dos
35
casos diagnosticados pelo laboratório público do Estado de Mato Grosso.
Foram analisados 1324 laudos entre janeiro de 2005 e dezembro de 2006. A
média de idade dos pacientes com câncer de boca foi de 55,2 anos, sendo que
em 2005 o sexo feminino que predominou e em 2006 foi o sexo masculino. O
tipo histológico mais prevalente foi o carcinoma epidermóide nos dois anos.
Comparando os dados entre os dois anos, notamos um aumento de 266% de
casos de câncer de boca registrados. Sendo assim, foi concluído que há a
necessidade de um melhor preparo e educação em saúde dos pacientes em
relação ao câncer de boca.
Segundo Ribeiro et al. (2008), o carcinoma epidermóide é responsável
por cerca de 90% das neoplasias malignas e está entre os tipos de câncer mais
comuns nos seres humanos. Acomete principalmente indivíduos do sexo
masculino e acima de 40 anos. O objetivo desse estudo foi realizar um
levantamento sobre o nível de conhecimento de uma população numa cidade
do interior do Estado de São Paulo sobre câncer oral. O trabalho foi realizado
em praça pública na cidade de Mogi das Cruzes, em dois dias e em dois anos
consecutivos (2006 e 2007). Foram 731 pessoas entrevistadas que
responderam um questionário que continha questões referentes à causa,
sintomatologia, doença prévia e hábitos prejudiciais ao câncer de boca, sendo
57% mulheres. Em relação aos fatores etiológicos, 44% mencionaram o fumo
como fator causador do câncer de boca e 23% relacionaram com o álcool.
Outros fatores foram mencionados, mas em proporções mais baixas. A
população avaliada não pode ser considerada um grupo de risco devido o alto
nível de conhecimento sobre o câncer de boca. Isso porque os participantes
foram principalmente mulheres. Verificou-se que campanhas devem ser mais
direcionadas para pacientes com perfil dos portadores da doença, como
homens com mais de 40 anos, fumantes e etilistas crônicos. Porém essas
campanhas devem ser mais cativantes e educativas, salientando a importância
do diagnostico precoce. O cirurgião-dentista é de fundamental importância na
difusão de medidas de conscientização e prevenção da doença.
Conforme Spanemberg et al. (2008), o câncer de boca é um problema
de saúde pública em vários países e representa um quadro dramático de
mortalidade e morbidade em todo o mundo, sendo que o diagnóstico não
requer aparelhos caros e nem intervenções complicadas. Tendo em vista a
36
importância e necessidade de verificar o nível de informação da população,
esse trabalho teve como objetivo avaliar a percepção e o conhecimento de 51
pacientes da Faculdade de Odontologia da Universidade de Granada,
Espanha, sobre o câncer de boca. Desses entrevistados, apenas quatro
citaram o câncer como uma enfermidade que pode afetar a boca, 29 pacientes
sabiam que o câncer pode ocorrer na boca, sendo que os fatores de risco mais
apontados foram o fumo (25,5%) e o tabaco associado ao álcool (7,8%). Em
relação ao profissional de escolha caso suspeitasse de alguma lesão em boca
52,4% procurariam o médico. Esses resultados sugeriram a necessidade de
ações educativo-preventivas visando a conscientização da população em
relação as lesões e a importância do CD no diagnóstico e o tratamento das
lesões de boca.
Conforme Montoro et al. (2008), segundo a OMS, o câncer de boca e de
orofaringe são as neoplasias de cabeça e pescoço mais freqüentes. Dentre os
tumores de boca, 95% são carcinomas espinocelulares (CEC). Apesar de todos
os avanços no diagnóstico e na terapêutica, o câncer da cavidade oral continua
com um prognóstico desfavorável, com altas taxas de mortalidade. O objetivo
desse trabalho foi avaliar, em pacientes com CEC de cavidade oral, as
variáveis relacionadas ao paciente, ao tumor e ao tratamento que influenciam o
tempo de sobrevida. Foram revistas as informações de 45 pacientes, no
período de janeiro de 2001 a janeiro de 2006, pertencentes ao Banco de
Amostras da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Foram analisados os dados do
paciente, do tumor, do tratamento e da evolução. O diagnóstico do tumor foi
realizado através de exame clínico, seguido de biópsia. Todos os pacientes
foram submetidos à remoção cirúrgica da lesão primária com margens de
segurança. A média de idade foi de 56,3 anos, sendo que a taxa de sobrevida
foi de 5 anos em 39% dos casos. A sobrevida foi menor em pacientes com
metástase cervical, com margens comprometidas e nos tumores mais
agressivos. Esta sobrevida baixa foi provavelmente pelo alto número de
pacientes com metástase (52,2%). Foi concluído, então, que a metástase
cervical dos CEC e o comprometimento das margens da ressecção cirúrgica
influenciaram na sobrevida dos pacientes.
De acordo com Mauricio, Matos e Guimarães (2009), o câncer de boca e
orofaringe é a neoplasia mais frequente de cabeça e pescoço, sendo que o
37
lábio inferior, terço anterior de língua e soalho bucal são os locais de maior
incidência. Homens com idade acima de 40 anos são os mais acometidos.
Deste modo, é de grande importância o diagnóstico precoce e conhecimento
sobre essa doença. O objetivo desse trabalho foi identificar o grau de
conhecimento de uma comunidade atendida pela Equipe de Saúde Bucal de
Programa de Saúde da Família sobre câncer de boca, levando em conta o
nível socioeconômico e o nível de informação que esta população possui. A
pesquisa foi feita com 50 pacientes que estavam fazendo sua primeira
consulta, quando foram coletadas informações sobre o perfil socioeconômico,
fatores de risco e nível de conhecimento. Em relação aos fatores de risco, 50%
afirmou utilizar bebidas alcoólicas e 37% ser fumante. Já, em relação ao grau
de conhecimento sobre o câncer, 58% afirmou conhecer a doença, 50% ralatou
conhecer os fatores de risco, 56% não sabia como prevenir a doença e 96%
não realiza o autoexame. Cinquenta e seis por cento dos pacientes
consideraram seu conhecimento insuficiente, porém, 98% teve interesse em
aprender mais sobre o assunto. Os autores concluíram que medidas que
possibilitem a tomada de atitudes práticas preventivas é de grande importância,
para que se possa fazer um diagnóstico precoce e evitar o aparecimento de
lesões pré-cancerizáveis.
De acordo com Borges et. al (2009), o câncer é uma enfermidade
degenerativa que apresenta um crescimento desordenado de células podendo
espalhar-se, com um índice de mortalidade elevado. O objetivo desse trabalho
foi descrever e analisar os índices de mortalidade por câncer oral nas capitais
do Brasil e correlacionar com indicadores sócio-econômicos. Os dados da
pesquisa foram retirados do banco de dados do Serviço de Informação de
Mortalidade (SIM) entre os anos de 1998 a 2002. Foi, então, possível concluir
que a mortalidade por câncer oral teve valores maiores nas regiões Sul e
Sudeste, sendo o sexo masculino o mais afetado em todas as regiões. Ao
analisar os índices de mortalidade infantil, foi demonstrada uma correlação
inversa com o câncer de boca. A respeito da educação, foi observado que 50%
dos casos de óbitos por câncer de boca ocorreram em indivíduos com pouco
ou nenhum grau de instrução, sendo que esses dados são justificados pelo fato
dessa população apresentar uma condição precária ao acesso a saúde e
informações sobre a doença. Um maior desenvolvimento sócio-econômico e
38
uma melhor condição de vida e instrução a população poderia reverter esse
quadro, com medidas preventivas e ações de promoção e prevenção a doença.
De acordo com Cimardi e Fernandes (2009), o câncer de boca é uma
doença genética complexa e multifatorial, sendo que as manifestações iniciais
da doença raramente são diagnosticadas, reduzindo assim a sobrevida do
paciente. Esse diagnóstico é de grande importância e de fácil execução, pois
os grupos de maior risco são bem conhecidos e a região é de fácil acesso ao
exame clinico, não necessitando de qualquer equipamento especial, mesmo
em lesões potencialmente cancerizáveis. O objetivo desse trabalho foi avaliar a
prática e a atitude clínica perante o câncer de boca entre os CD do estado de
Santa Catarina. A pesquisa foi feita através de um questionário, avaliando o
profissional, em relação a exames feitos em busca de lesões suspeitas de
câncer de boca, qual era seu encaminhamento ao encontrar essas lesões e
quantos diagnósticos de câncer de boca o profissional havia feito durante sua
profissão. A amostra foi composta por 385 cirurgiões-dentistas, sendo a maioria
situada na faixa de 20 a 40 anos de idade. Em relação à realização de exame
para identificação de câncer de boca 72,73% realizam, 66,66% alega que não
acha necessário fazer a inspeção da cavidade bucal em busca de uma lesão
suspeita, ou mesmo que não sabe como fazer o exame. Em relação ao
encaminhamento apenas 11,7% relatou encaminhar ao CEO. A respeito dos
diagnósticos já realizados 47,5% relatam nunca terem realizado um diagnóstico
de câncer de boca. Esses achados revelaram a necessidade de um melhor
preparo dos profissionais para um melhor diagnóstico e uma maior segurança
ao fazer exames de lesões suspeitas, sendo também necessária a divulgação
dos serviços de diagnóstico do câncer de boca, tornando essa uma forte área
de atuação responsabilizando-se pelo diagnóstico da doença.
De acordo com Prado e Passareli (2009), o cirurgião-dentista, em muitos
casos, é o primeiro a suspeitar e diagnosticar o câncer de boca, no entanto
poucos atuam na sua prevenção. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi
selecionar oito itens importantes para que o cirurgião dentista possa orientar,
dialogar e educar o paciente quanto ao câncer de boca, além de reconhecê-lo
e diagnosticá-lo precocemente, atuando na prevenção da doença. Dentre
esses itens, o tabaco está associado a 90% dos cânceres de boca, e quando
combinado ao o álcool o risco aumenta de 15 a 20 vezes. O profissional tem a
39
obrigação de orientar o paciente contra o mal provocado pelo tabagismo e o
álcool tanto nos processos de câncer, como na saúde como um todo. A dieta é
outro fator importante, pois já é sabido que uma dieta rica em frutas, verduras,
legumes e cereais que são ricos em vitaminas A, C, E e fibras que auxiliam na
prevenção do câncer. Os indivíduos que sofrem exposição solar diariamente
também devem ficar atentos e fazer o uso de filtro solar, pois há evidências que
a incidência de luz solar está associada ao aumento de câncer em lábios.
Estimular a higiene e adequação do meio, com a retirada de agentes irritantes
são atitudes importantes. Estar atento as lesões pré cancerizáveis presentes é
de grande importância para o diagnóstico precoce, assim como estar atento a
imunodeficiência apresentada pelo paciente, principalmente quando associada
a outros fatores de risco. Por fim, ensinar ao paciente o auto exame, que deve
ser feito em frente ao espelho, observando lesões, feridas, alterações que
fujam da normalidade, em lábio, língua, mucosa jugal, bordas laterais e dorso
de língua.
Segundo Seroli e Rapoport (2009), o entendimento do quadro
epidemiológico e dos fatores de risco para o câncer oral pode ajudar a
identificar e tratar pacientes com risco para a neoplasia maligna, devido ao fácil
acesso e pela simplicidade do exame clínico que facilita o diagnostico precoce.
A proposta desse trabalho foi avaliar o estado de saúde bucal de pacientes
com câncer de boca primário, no estabelecimento do diagnóstico. O trabalho foi
composto por 17 indivíduos com câncer de boca e 23 não portadores da
neoplasia maligna (grupo controle). Em relação ao gênero, no grupo oncologia
houve o predomínio dos homens e no grupo controle houve equivalência. Em
relação ao tabagismo, o predomínio é no grupo oncologista (64,71%), já o
número de etilista é maior no grupo controle (56,62%). A localização de maior
incidência da neoplasia maligna foi a língua, seguida do soalho bucal. Sobre a
presença de dentes, foi verificado que no grupo oncologia há menos dentes
presentes na boca (94,12%) quando comparado ao grupo controle (78,26%).
Foi observado também que o grupo oncologia apresenta um maior número de
pacientes com dentes comprometidos em sua estrutura. Três pacientes do
grupo oncologia tinham queixa de trauma na área da lesão, devido à presença
de prótese mal adaptada. Esse estudo revelou que pacientes portadores da
neoplasia maligna apresentam maior incidência de lesões bucais e pior
40
condição de saúde bucal, sendo importante o acompanhamento e reabilitação
dessas condições.
Segundo Neville (2009), aproximadamente 94% de todas as lesões
malignas orais são carcinomas de células escamosas. Os homens brancos têm
um risco maior de câncer intraoral após os 65 anos de idade. As mulheres,
sendo brancas ou não, tem uma taxa de incidência muito menor, sendo a
proporção de 3:1. A causa da doença é multifatorial. Os fatores extrínsecos
incluem agentes externos tais como tabaco, álcool, sífilis luz solar. Os fatores
intrínsecos incluem estados sistêmicos ou generalizados, como desnutrição
geral ou anemia por deficiência de ferro. Existe dor mínima durante a fase
inicial do crescimento e isso pode-se explicar a demora na procura dos
cuidados profissionais. Tem uma apresentação clínica variável, podendo ser
ulcerada ou com aumento de volume, mancha branca ou vermelha, ou ter a
associação das duas. A destruição de osso subjacente, quando presente,
pode ser dolorida ou não, e terá imagem radiográfica como uma radiolucidez
em “roído de traças”. O carcinoma do vermelhão do lábio é encontrado
principalmente em pessoas de pele clara ou com uma exposição solar
prolongada. No carcinoma intraoral, o sitio mais acometido é a língua, seguido
pelo soalho bucal, que por sua vez tem mais propensão a originarem-se de
uma leucoplasia ou eritorplasia preexistente. O carcinoma orofaríngeo localiza-
se na região posterior, e o diagnóstico normalmente é tardio. A disseminação
metastática ocorre principalmente através dos vasos linfáticos para os
linfonodos cervicais ipsilaterais. Este tipo de carcinoma surge a partir de um
epitélio de superfície displásico e é caracterizado histopatologicamente por
ilhas e cordões invasivos de células escamosas malignas. O tratamento é feito
pela excisão cirúrgica, e em alguns casos tem associação com a radioterapia.
O prognóstico depende do estadiamento do tumor, porém a taxa média de
sobrevida é de cinco anos. Desse modo, o diagnóstico precoce e a prevenção
são essenciais para a melhora no desfecho dos pacientes.
De acordo com Falcão et al. (2010), o câncer de boca provoca a morte
prematura de pessoas relativamente jovens, baixa qualidade de vida e angústia
nos pacientes.Desta forma o objetivo desta pesquisa foi verificar o
conhecimento dos cirurgiões dentistas em relação ao câncer de boca, em Feira
de Santana (BA). A pesquisa foi feita através de um questionário com 51
41
questões objetivas abordando o perfil sócio demográfico, conduta clinica,
fatores e condições de risco da doença, sendo a amostra composta por 240
participantes. A maioria dos participantes era do sexo feminino (62,9%), em
relação a confiança para realizar procedimentos de diagnóstico 69,5% dos
participantes avaliam seu nível como baixo, quanto a participação em cursos
sobre a doença 35,3% realizaram durante os últimos 2 anos, 92,3% mostraram
interesse em participar de cursos dessa natureza no futuro. Em relação a auto
avaliação sobre o nível de conhecimento a maioria (41,1%) consideraram como
regular seu conhecimento, quase a metade dos entrevistados não sabia ou não
respondeu corretamente sobre o tipo mais comum de câncer de boca, a região
mais referida (32,7%) foi a língua. A respeito dos fatores de risco mais comuns
verificou-se que 87,1% apontaram a ingestão de álcool, 92,6% ao consumo do
tabaco, 100% ao histórico familiar de câncer, 88,5% a exposição solar, 72,7% a
higiene bucal deficiente e 77,4% aos dentes em mau estado. Esses achados
conduzem a necessidade do investimento em políticas publicas que dêem
sustentação as ações que visem a redução da mortalidade pelo câncer de
boca. Os cirurgiões dentistas de Feira de Santana não apresentaram o
conhecimento mínimo necessário em relação ao câncer de boca, essa situação
sugere a necessidade de reformulação do ensino, a fim de capacitar os
profissionais ao diagnostico precoce.
Segundo Pinheiro, Cardoso e Prado (2010), dentre todos os cânceres
que incidem na região de cabeça e pescoço, 40% ocorrem na cavidade oral,
tendo como principais fatores de risco o álcool, tabaco e a exposição a
exposição solar. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os conhecimentos e
diagnostico do câncer de boca entre os cirurgiões dentistas da cidade de
Jequié (BA). A pesquisa foi realizada através de um questionário fechado,
contendo informações sociodemográficas dos participantes, diagnóstico e
prevenção do câncer oral e variável sobre o ensino da graduação relacionado
ao câncer de boca. A pesquisa foi totalizada com 60 dentistas, porém apenas
38% aceitaram participar desta pesquisa, representando 71,6% o que foi
elevada em relação a outros estudos que obtiveram um percentual médio de
45%. A maioria 60,5% julgou ter bom conhecimento sobre a doença, o exame
dos tecidos moles faz parte da rotina de 73,7% dos profissionais. Em relação
aos fatores de risco associados a doença, 97,4% relataram o tabaco, 92,1%
42
relataram o consumo de álcool, 86,8% a historia familiar de câncer e 73,7%
relacionaram ao uso de próteses mal adaptadas. Apesar dos sujeitos deste
estudo mencionarem como satisfatórios seu conhecimento sobre a doença, em
alguns momentos isso se mostrou inconsistente, principalmente aos
procedimentos práticos para o diagnostico da doença. Notou-se no presente
estudo a preocupação dos cirurgiões dentistas em buscar atualização dos seus
conhecimentos e praticas no campo do câncer de boca, por meio de cursos de
educação continuada, refletindo o reconhecimento do seu papel no âmbito
dessa doença.
43
REFERÊNCIAS
1. ALFANO, M.C.; HOROWITZ, A. M. Professional and community efforts to prevent
morbity and mortality from oral cancer. JADA, Chicago, v. 132, p. 24S-25S, Nov. 2001.
2. ALMEIDA, F.C.S.; CAZAL, C.; BRANDÃO, T.B; ARAUJO, M.E. ; SILVA, D.P.; DIAS,
R.B. Campanha de popularização do auto-exame da boca: Universidade de São Paulo, Brasil (parte I). Rev. bras. patol. oral, Natal, v. 4, n. 3, p. 147-156, abr./maio/jun. 2005.
3. ANDREOTTI, M.; RODRIGUES, A.N; CARDOSO, L.M.N; FIGUEIREDO, R.A.O.;
NETO, J.E; WUNSH, V. Ocupação e câncer da cavidade oral e orofaringe. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 543-552, mar. 2006.
4. ANTUNES, J.L.; TOPORCOV, T.N.; WÜNSCH-FILHO, V. Resolutividade da
campanha de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca em São Paulo, Brasil. Rev. panam. salud pública, Washington, v. 1, n. 21, p. 30-36, jan. 2007.
5. BIAZEVIC,M.G.H.; CASTELLANOS, R.A; ANTUNES, J.L.F; CROSATO, E. M. Tendências de mortalidade por câncer de boca e orofaringe no Município de São Paulo, Brasil, 1980-2002. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro v. 22, n.10, p. 2105-2114, out. 2006.
6. BORGES, D.M.L.; SENA, M.F.; FERREIRA, M.A.F; RONCALLI, A.G. Mortalidade por câncer de boca e condição socioeconômica no Brasil. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 321-327, fev. 2009.
7. BORGES, F.T; GARBIN, C.A.S; CARVALHO, A.A.; SOUZA, P.H.; HIDALGO, L.R.C.
Epidemiologia do câncer de boca em laboratório público do Estado do Mato Grosso, Brasil. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 9, p. 1977-1982 , set. 2008.
8. CAMPOS, J. L. G.; CHAGAS, J. F. S.; MAGNA, L. A. Fatores de atraso no
diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço e sua relação com sobrevida e qualidade de vida. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 65-68, abr./jun. 2007.
9. CARVALHO, M. B.; LENZI, J; LEHN, C. N; FAVA, A. S; AMAR, A; KANDA, J. L;
WALDER, F. et al. Características clínico-epidemiológicas do carcinoma epdermóide de cavidade oral no sexo feminino. AMB rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 47, n. 3, p. 208-214, jul./ set. 2001.
10. CIMARDI, A.C.B.S.; FERNANDES, A.P.S. Câncer de boca: a prática e a realidade
clínica dos cirurgiões-dentistas de Santa Catarina. RFO, Passo Fundo, v. 14, n. 2, p. 99-104, maio/ ago. 2009.
11. CLOVIS, J.B.; HOROWITZ, A.M.; POEL, D.H. Oral and pharyngeal cancer:
knowledge and opinions of dentists in British Columbia and Nova Scotia. J. Can. Dent. Assoc. (Tor), Toronto, v. 68, n. 7, p. 415-420, July./ Agu. 2002.
44
12. COSTA, E.G.; MIGLIORATTI, C.A. Cancêr bucal: avaliação do tempo decorrente entre a detecção da lesão e o início do tratamento. Rev. bras. cancerol., Rio de Janeiro, v. 47, n. 3, p. 283-89, 2001.
13. COUTINHO, K.V.; MARTINS, A.C.M. Fatores de risco para o câncer de boca na
população idosa do Cascavel Velho. In: Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil, 2, 2005, Cascavel. Anais... Cascavel: UNIOESTE, 2005. Disponível em: <http://cacphp.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/trabalhos/saude/msau21.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2010.
14. DAHER, G.C.; PEREIRA, G.A.; OLIVEIRA, A.C.D. Características epidemiológicas
de casos de câncer de boca registrados em hospital de Uberaba no período 1999-2003: um alerta para a necessidade de diagnóstico precoce. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 11, n. 4, p. 584-596, dez. 2008.
15. FALCÃO, M.M.L; ALVES, T.D.B; FREITAS, V.S; COELHO, T.C.B. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação ao câncer de boca. RGO (Porto Alegre) , Porto Alegre, v. 58, n. 1, p. 27-33, jan/mar.2010.
16. LIMA, A.A.S.; FRANÇA, B.H.S; IGNÁCIO, S.A; BAIONI, C. S. Conhecimento de alunos universitários sobre o câncer de boca. Rev. bras. cancerol., Rio de Janeiro, v. 51, n. 4, p. 283-288, 2005.
17. MARTINS, M.A.T; MARQUES, F.G.O.A.; SANTOS, V.C; ROMÃO, M.M.A;
LASCALA, C.A; MARTINS, M.D. Avaliação do conhecimento sobre o câncer de boca entre universitários. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 191-197, out./nov./dez. 2008.
18. MATOS, I.B.; ARAÚJO, L.A. Práticas acadêmicas, cirurgiões-dentistas, população
e câncer de boca. Rev. ABENO, Brasília, v. 3, n. 1, p. 76-81, 2003. 19. MAURICIO, H.A.; MATOS, F.C.M.; GUIMARÃES, T.M.R. Conhecimento, atitudes e
práticas sobre o câncer de boca da comunidade atendida pelo PSF de São Sebastião do Umbuzeiro/PB. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 10-14, jan./fev./mar. 2009.
20. MONTORO, J.R.M.C; HICZ, H.A; SOUZA, L.; LIVINGSTONE, D; MELO, D.H;
TIVERON, R.C; MAMEDE, R.C.M. Fatores prognósticos no carcinoma espinocelular de cavidade oral. Rev. bras. otorrinolaringol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 6, p. 861-866, nov./dez. 2008.
21. NEVILLE, B. W. Patologia oral e maxilofacial. 3 ed. Elsevier, 2009. 972p. 22. PERUSSI, M.R; DENARDIN, O.V.P; FAVA, A.S; RAPOPORT, A. Carcinoma
epidermóide da boca em idosos de São Paulo. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 48, n. 4, p. 341-344, out./dez. 2002.
23. PINHEIRO, M. S. P; CARDOSO, J. P; PRADO, F. O. Conhecimento e diagnóstico
em câncer de boca entre profissionais de odontologia de Jequié, Bahia. Rev. bras. cancerol., Rio de Janeiro, v. 56, n. 2, p. 195-205, 2010.
45
24. PRADO, B.N.; PASSARELLI, D.H.C. Uma nova visão sobre prevenção do câncer de boca no consultório odontológico. Rev. odontol. UNICID, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 79-85, jan./abr. 2009.
25. REZENDE, C.P; RAMOS, M.B; DAGUILA, C.H; DEDIVITIS, R.A; RAPOPORT, A.
Alterações da saúde bucal em portadores de câncer de boca e orofaringe. Rev. bras. otorrinolaringol., Rio de Janeiro, v. 74, n. 4, p. 596-600, jul./ago. 2008.
26. RIBEIRO, R; TREVIZANI, M.A; FERNANDES, K.P.S; BUSSADORI, S.K; MIYAGI,
S. P.H; MARTINS, M.D. Avaliação do nível de conhecimento de uma população envolvendo câncer oral. Robrac, Goiânia, vol. 17, n. 44, p. 104-109, 2008.
27. SEROLI, W.; RAPOPORT, A. Avaliação da saúde bucal no diagnóstico de
pacientes com câncer de boca. Rev. bras. cir. cabeça pescoço, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 157-162, jul./set. 2009.
28. SILVA, E.; FIGUEIREDO, P.; CARVALHO, D. Conhecimentos, comportamentos
e atitudes dos cirurgiões-dentistas frente ao câncer de boca. 2006. Disponível em: <http://www.unievangelica.edu.br/gc/imagens/file/anais_pbic/2006/odontologia/IC%2014.02.06%20subp1.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2010.
29. SPANEMBERG, J.C.; ARAÚJO, L.M.A.; CEBALLOS-SALOBREÑA, A.;
RODRÍGUEZ-ARCHILLA, A. Conhecimento e atitudes da população em relação às doenças bucais: uma experiência espanhola. In: Congresso de Iniciação Científica, XVII, 2008, Pelotas. Anais... Pelotas: UFPel, 2008. Disponível em:
<http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CS/CS_00730.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2011.