O “13 DE MAIO” Jornal dos Alunos da E. E. 13 de Maio – Bairro Aparecida– Uberlândia MG | Novembro - 2015 Nº 01
EDITORIAL:
20 de novembro de 2015: Dia da Consciência Negra! Neste ato simbólico, alunos e educadores da Escola Estadual “13
de Maio” se unem para celebrar essa data tão importante no calendário nacional. Escolhido por ser o dia da morte de
Zumbi dos Palmares, o dia 20 de Novembro marca a luta dos negros por reconhecimento e contra a discriminação que
marca a história do nosso país desde o período colonial. Comemorar esta data é debater e refletir sobre as diferenças
raciais e a importância de cada um no processo de construção de nossa comunidade.
A primeira edição do jornal O “13 de Maio” foi construída com muito carinho e empenho por alunos do Ensino Fun-
damental I (tarde), Ensino Fundamental II (manhã) e Educação de Jovens e Adultos (noite).
Agradecemos o apoio dos pais, professores, entrevistados e toda a comunidade escolar.
Desejamos a todos uma boa leitura!
Equipe “13 de Maio”
MATÉRIA ESPECIAL
O CONGADO EM UBERLÂNDIA
ENTENDENDO: O QUE É O CONGADO?
C ongada ou congado é uma festa religiosa, cultural
afro-brasileira que faz parte do nosso folclore. Surgiu no
Brasil com a vinda dos escravos africanos. A História do
Congado gira em torno da lenda de Chico Rei, que era
Imperador do Congo e veio para o Brasil junto com cente-
nas de outros negros. Durante a Francisco perdeu sua mu-
lher e seus filhos e sobrevivendo apenas um. Chegando
aqui Chico-Rei instalou-se em vila rica e trabalhou nas
minas até conseguir ter economia que precisava para
comprar a sua alforria e a de seu filho. Mas Chico era Rei
e não parou por aí! Comprou também a alforria de seus
súditos. Portanto, a Congada representa a coroação, de
Chico-rei, a coroação do rei do Congo!
Durante as festividades há muita música e dança, os
instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, a
sanfona, o pandeiro, o tamborim, o tarol, o cavaquinho,
dentre outros. Os santos homenageados são principalmen-
te São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigê-
nia.
Em Uberlândia a festa já é tradicional e começou por
volta de 1874. Todos os anos, os ternos levam centenas de
pessoas para as ruas: apaixonados por esse fascinante ele-
mento de nossa cultura.
A seguir, temos uma entrevista feita por nossos cole-
gas Ana Carolina, Ana Julia, João Pedro e Jullyer com o
primeiro capitão do terno Moçambique de Belém: Ramon
Rodrigues.
Henzo, Ian, Luana, Samuel e Yasmin - 7º ano A1
ENTREVISTA COM RAMON RODRIGUES
O congado é uma manifestação cultural trazida pelos es-
cravos. Aqui em Uberlândia, participaram mais ou menos
25 grupos de congada, e fomos entrevistar o senhor Ra-
mon Rodrigues, primeiro capitão do terno Moçambique
de Belém.
Jullyer: Como o senhor entrou para o Terno Moçam-
bique de Belém?
Senhor Ramon: Eu comecei a dançar no terno já com a
idade de 4 anos. Meu pai quando ele fundou esse terno,
que foi no ano de 1970, eu muito pequeno já acompanha-
va ele pra igreja do Rosário e ai quando ele começou o
grupo eu vim para iniciar e para dançar com ele.
Ana Carolina: Toda sua família participa?
Senhor Ramon: Sim. Diretamente e indiretamente tem
aqueles que dançam e as pessoas que não dançam ajudam
na cozinha, ajudam nas confecções de roupas, todo mun-
do participa.
João Pedro: Ainda existe muito preconceito em relação
ao Congado?
Senhor Ramon: Sim, na verdade a cidade de Uberlândia
é uma cidade muito preconceituosa e não é só em precon-
ceito social como as pessoas pensam... é um preconceito
racial. A própria festa do Congado, ela vai estar comple-
tando ano que vem 100 anos de história e a própria cidade
não abraça a festa. Tem bairros que ainda não sabem da
2 O “13 de Maio”
existência dessa festa. Isso nada mais é do que um precon-
ceito.
Ana Júlia: E como você lida com isso?
Senhor Ramon: A maneira que eu procuro é fazer com que
muito mais pessoas saibam dessa festa e do trabalho do
Moçambique de Belém. Uma das ferramentas que a gente
usa e a “mídia social”. Nós temos um Facebook do Mo-
çambique de Belém: um já tem 5 mil amigos e outro que a
gente lançou como novo projeto do terno que e
“Moçambique de Belém - rumo aos 50 anos trabalhando
contra o preconceito”. Nesse momento nós vamos fazer
palestras, lançamos um DVD falando da historia do 45
anos do Moçambique de Belém. Nós lançamos durante a
festa uma revistinha que de certa forma alcança muito
mais mãos e assim as pessoas passam a entender mas sobre
a festa.
Jullyer: Como são confeccionados as roupas e os instru-
mentos do terno?
Senhor Ramon: Bom, os instrumentos como a gente tem
um grande número de dançantes hoje, principalmente a
“gunga” - que aquela latinha que é amarrada no pé - hoje a
gente tem umas cinco pessoas pra fazer. Então a gente pro-
cura estar passando as pessoas que nos procuram para con-
feccionar esses instrumentos por que a gente já tem muito
coisa pra fazer. E na questão dos instrumentos das caixas,
como a gente tem um número de “caixeiro” muito grande,
a gente não confecciona mais como antigamente; cada pes-
soa vai e compra seu instrumento.
Ana Carolina: Que dia é comemorado o congado em
Uberlândia ?
Senhor Ramon: Bom, a festa do Congado começa uma
semana antes do início das novenas mas todos os anos a
festa e realizada no segundo domingo de outubro.
João Pedro: E quantos grupos participam em média
dessa comemoraçao?
Senhor Ramon: Atualmente 25 grupos entre Marinheiros,
Marujos, Congos, Catupés e Moçambiques.
Ana Julia: O senhor acha que o congado e importante
para o Movimento Negro em Uberlândia?
Senhor Ramon: Acho que o congado e importante não só
para o Movimento Negro, mas principalmente pra juventu-
de. Acho que a gente tem que começar fazer um trabalho
de fortalecer o Congado na juventude, porque da mesma
forma que eu comecei com 4 anos e hoje eu tô ai na frente
do grupo eu já faço um trabalho junto aos meus filhos pra
que eles possam capitalizar a importância desse processo
para que continue.
Jullyer: E, por fim, o que comemora o Congado?
Senhor Ramon: O Congado é uma mistura: ele comemora
a vinda dos africanos pra o Brasil ele comemora toda a
libertação dos escravos do Brasil. Ele comemora também
uma coisa que talvez seja muito mais importante que a
visão que a sociedade tem da gente de achar que todos nos
éramos escravos. Não, nós fomos escravizados! E dentro
do continente africano, de onde veio a festa do Congado
tinham os reis, rainhas, príncipes, então a gente comemora
isso também: a autoestima da negritude e das pessoas
brancas que também hoje um grande numero principal-
mente no Moçambique de Belém. Eles participam dessa
festa então acho que esses três pilares são os principais.
Ana Julia, Ana Carolina, João Pedro e Jullyer
7º A1
HISTÓRIA DA CAPOEIRA
A mistura de dança e luta é chamada de Capoeira e teve sua origem na África, trazida para o Brasil na época dos escra-
vos como forma de defesa. Ao som de palmas e de alguns instrumentos como o berimbau, dentre outros, dois participantes
entram na roda e começam a praticar golpes como tesoura, meia-lua, etc... Mas vale lembrar: esses golpes nunca devem
machucar o adversário. Existem dois tipos de capoeira: a capoeira de angola e a capoeira regional. A Capoeira de Angola
possui um estilo mais próximo ao jogado pelos negros vindos do Continente africano, possui mais ritmo e ginga, com mo-
vimentos de dança e preserva uma série de valores tradicionais africanos. Já a capoeira Regional foi criada pelo Mestre
Bimba e possui muitos elementos de luta em seus movimentos.
A capoeira tem origens na luta que os escravos trouxeram para o Brasil. A capoeira usa
mais os pés do que os outros membros para ataques baixos. A rasteira é o melhor golpe, pois
derruba o adversário, dando mais chances do ataque no chão. Como os senhores dos escravos
proibiam a prática da capoeira, os movimentos foram mudados para parecer com uma dança..
Existem relatos de que, os senhores-de-engenho submetiam a torturas todos aqueles que a pra-
ticassem a capoeira. No final do século XIX, a prática da capoeira era considerada crime e
somente no governo de Getúlio Vargas que a prática (vigiada) da luta foi legalizada.
Portanto devemos sempre lembrar que a capoeira é uma importante característica de nossa cultura e da história do nosso
país.
Lorena, Geovanna, Natanielle, Nayara e Alef - 8ª ano A2
O “13 de Maio 3
ESPORTE:
A HISTÓRIA DO NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO
O Brasil é considerado o país do futebol, mas poucas pessoas sabem que esse esporte não nasceu aqui. Mas se não
foi aqui, onde foi? Ele foi criado na Inglaterra e foi trazido para o Brasil por estudantes de classe alta. A entrada do negro
nas partidas de futebol não era permitida. Pouco após a chegada do esporte, os brasileiros tomaram gosto e o futebol aca-
bou encantando todo o Brasil.
Um certo clube chamado Bangu Atlético Clube foi o primeiro a aceitar jogadores negros. Mas os coordenadores da liga
do futebol (FERJ) não aceitaram a participação do negro nesse esporte, e proibiu-os de jogar. Então o clube abandonou a
liga e um de seus campeonatos. O clube ficou conhecido como símbolo histórico contra o racismo e elegeu como presiden-
te do clube um mulato – o que despertou a ira de seus rivais.
Havia outro time que também foi conhecido por jogar com todos os seus jogadores negros: o Vasco da Gama. Em se-
guida, vários times cariocas como Fluminense, Flamengo e Botafogo abandonaram a FERJ e formaram a AMEA - Associ-
ação Metropolitana de Esportes Athleticos – na qual o Vasco da Gama era muito importante. Outra história interessante
sobre a inserção dos negros no futebol, é que no começo eles tinham que passar pó de arroz no rosto e também tinham que
esticar seus cabelos para que ficassem parecidos com os brancos.
Arthur Friedenreich foi o primeiro grande nome do futebol do Brasil. Paulista, filho de um imigrante alemão com uma
lavadeira negra, filha de ex-escravos, portanto era mulato. Arthur foi o melhor jogador da seleção brasileira e, mesmo as-
sim, tinha que passar pó de arroz para ficar mais branco. Foi o autor do gol do primeiro título mundial brasileiro em 1919.
Após um tempo, os negros passaram a receber salários por sua atuação em campo e a presença dos negros no futebol se
tornou algo muito comum. Nomes como Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Barbosa, Pelé, entre tantos outros fizeram
história no futebol brasileiro.
Anna Clara, Brunno, Laura, Maria Clara e Tihers - 7º ano A2
RACISMO NO FUTEBOL - ATÉ QUANDO?
O futebol foi criado na Inglaterra, no século XIX e trazi-
do para o Brasil pelo Inglês Charles Miller. No começo era
permitido a participação apenas de jogadores brancos, os
negros que queriam jogar usavam pó de arroz na pele para
parecerem brancos e alisar os cabelos.
Mas esses acontecimentos são do começo do século XX.
O tempo passou e os negros ganharam seu lugar no futebol
brasileiro e mundial. Para citar alguns exemplos, temos:
Pelé, Cafú, Romário, Robinho, Ronaldinho Gaucho, Ney-
mar, Daniel Alves, entre outros. Todos esses jogadores
conquistaram títulos e troféus.
Mesmo o racismo parecendo ser atitude do século passa-
do, muitos jogadores ainda sofrem preconceito nos dias
atuais. Infelizmente ainda vemos muitos casos de racismo
no jornal e na TV. Alguns dos casos recentes são:
O jogador Tinga: esse caso aconteceu em 2014 no jogo
entre Cruzeiro e Real Garcilaso (Peru). O jogador ouviu
insultos e imitação de macacos por parte da torcida adver-
sária. Todo esse ato terrível rendeu apenas uma multa de
27,8 mil reais contra o time peruano.
O jogador Daniel Alves: A disputa era entre Barcelona e
Villareal. Daniel Alves ia cobrar um escanteio quando um
torcedor jogou uma banana em sua direção (obviamente
chamando Daniel de macaco). O jogador rapidamente des-
cascou e comeu a banana (uma cena que rodou o mundo e
se tornou um ato contra o racismo). O Villareal tomou uma
multa de 12 mil euros (aproximadamente 37 mil reais).
O arbitro Mario Chagas da Silva: Durante o jogo do
campeonato gaúcho entre Esportivo e Veranopólis, os tor-
cedores gritaram frases racistas como “teu lugar é na sel-
va” e “ volta para o circo”. Após o jogo, ao chegar no esta-
cionamento do estádio, o arbitro encontrou várias bananas
em cima de seu carro alem de muitos arranhões e amassa-
dos na lataria. O clube Esportivo perdeu seis mandos de
campo, além de pontos no campeonato e teve que pagar
multa de 30 mil reais.
O goleiro Aranha: Um dos casos mais falados nos últi-
mos tempos foi o do goleiro Aranha do Santos. Em jogo
contra o Grêmio, o jogador sofreu diversos xingamentos
por parte da torcida gremista. Como forma de punição, o
time foi eliminado da Copa do Brasil.
Portanto, concluímos que em pleno século XXI não deve-
ria existir racismo, pois somo todos iguais e a cor da pele é
apenas uma cor... não define quem é melhor.
Eduardo Soares, Felipe, Higor, João Abílio e Murilo
7º ano A2
4 O “13 de Maio
NEGROS DE SUCESSO NO ESPORTE
Nós aprendemos que a história do nosso país foi marcada pelo preconceito racial e social. Mesmo assim, muitos negros
lutaram contra o racismo e se destacaram em diversos setores da sociedade. Esses negros passaram por cima dos preconcei-
tos e enfrentaram muitas dificuldades para chegar onde chegaram e conseguir respeito na sociedade.
Vamos falar agora de alguns negros que se destacaram nos esportes tanto no Brasil quanto no resto do mundo:
Pelé: Edson Arantes do Nascimento
nasceu em 1940 na cidade de Três Co-
rações/MG e começou a jogar futebol
em 1956 com 21 anos de idade. Pelé,
que é conhecido como o Rei do futebol
participou de 4 copas do mundo e se
destacou entre
elas.
João do Pulo:
João Carlos de Oliveira, mais conhecido
como João do Pulo teve uma infância
difícil devido a perca da mãe. Foi um
grande atleta brasileiro, ex recordista
olímpico e tetracampeão do Pan-
americano no triplo salto em distância.
Anderson Silva: Mais conhecido
como Spider, nasceu em 1975, é um lutador de artes marci-
ais e ex-campeão peso médio do UFC. Foi dono de 17 vitó-
rias seguidas até que no dia 06 de julho de 2013 perdeu o
cinturão para o atual campeão da categoria.
Daiane dos Santos: Um dos pr incipais nomes da ginás-
tica brasileira, Daiane dos Santos começou no esporte com
12 anos. Pouco tempo depois já ganhava medalhas em com-
petições como os jogos Pan-americanos
de Winnipeg – Canadá. Em 2003 ga-
nhou o Bronze no Pan de Santo Domin-
go. Daiane dos Santos imortalizou o
salto chamado “duplo twist carpado”,
tanto que após a apresentação no Mun-
dial de Ginastica de Anaheim o salto
foi batizado com o seu nome “Dos San-
tos”.
Daniel, Eduardo Gomes, Leonardo,
Lucas e Marcos
7º ano A2
O RACISMO NO BRASIL E NO
FUTEBOL
N egar a existência do racismo no Brasil pode ser
considerado uma forma de racismo, ou mais especifica-
mente um preconceito racial. O preconceito e a discrimina-
ção racial não aconteceram apenas no passado escravocra-
ta. No meio futebolístico, por exemplo, verificamos formas
de preconceito e racismo desde muito tempo.
O futebol no Brasil surgiu no final do século XIX e era
praticado por jovens ricos e brancos. Neste período no Bra-
sil, considerava-se o negro menos evoluído biologicamente
e acreditavam que o “cruzamento” entre brancos e negros
gerariam apenas genes do branco. Muitos negros, assim
como os brancos, assimilaram os preconceitos e valores
sociais e morais dos ditos “brancos”.
Apesar de o futebol ser oriundo da elite, aos poucos foi
se tornando popular, até porque o número de bons jogado-
res que até e tornavam profissionais, eram considerados
negros, mulatos, trabalhadores e desempregados, ou seja,
pessoas de classes sociais mais baixas. O racismo no fute-
bol ia dos dirigentes do clube até dos próprios jogadores e
de toda sociedade da época. Infelizmente, ainda hoje, te-
mos notícias de episódios de agressão e preconceito racial
tanto no futebol como em todo o país.
Texto produzidos pelos alunos do 2º EJA
Sarah Evellyn Rafaela
AS TRANÇAS DE BINTOU
A professora Gracielle trabalhou com sua turma de 1º ano
a obra “As tranças de Bintou”. O livro conta a história de
Bintou, uma doce menina que sonhava em usar tranças.
Vejamos abaixo alguns desenhos feitos por alunos da Tia
Gracielle
Isabela
O “13 de Maio 5
NOSSO GRANDE OTELO
G rande Otelo nasceu em Uberlândia no ano de 1915, portanto, 2015 é o ano do
centenário desse grande artista. Sebastião Bernardes de Souza Prata era o verdadeiro
nome de Grande Otelo, que não foi apenas ator. Ele também foi poeta, sambista, cantor
e compositor. Veio de família humilde, e sua infância foi marcada por tragédias: o pai
que morreu esfaqueado e a mãe era alcoólatra. O garoto órfão logo cedo e fugiu com um
grupo de teatro que passava por Uberlândia. C começou assim sua vida artística.
Foi no Rio de Janeiro que Grande Otelo se destacou enquanto artista. A “cidade maravilhosa” foi o espaço ideal para o
mineiro que sonhava com a fama. Grande Otelo passou pelos palcos dos cassinos dos grandes shows, frequentando luga-
res antes não frequentados por negros. Contracenou com figuras como Carmem Miranda e Oscarito, não apenas no Brasil
mas também no exterior. Apesar do apelido Grande Otelo, Sebastião tinha pouco mais de 1,50 m de altura. No começo de
sua carreira, recebeu o nome “Pequeno Otelo” de um amigo, mas devido ao seu talento (que não cabia em seu pequeno
tamanho) passou a ser chamado de Grande Otelo
Infelizmente, em 1993 Grande Otelo sofreu um infarto ao desembarcar na França onde receberia uma premiação em
um festival de cinema. Nós de Uberlândia temos muito orgulho deste nosso conterrâneo: um homem negro, que desafiou
um país cheio de preconceitos e mostrou ao mundo todo o seu talento. Temos, em Uberlândia, na praça Tubal Vilela um
busto que homenageia o ator e também um teatro (que infelizmente está desativado).
Texto produzidos pelos alunos do 2º PAV A1
O CURTA-METRAGEM “VISTA A MINHA PELE” E
A QUESTÃO DO PRECONCEITO RACIAL
O filme “Vista a minha pele” (2003, roteiro e direção
de Joel Zito de Araújo) retrata o sonho de uma menina de
ser Miss Festa Junina, porém ela sofre preconceito por ser
branca e com isso tem alguns problemas para se candida-
tar.
Destacando discriminação racial e o sofrimento da
garota por passar por esse tipo de preconceito diariamen-
te, mas ela também descobre que só causando batalhas e
buscando seus objetivos poderá mudar essa situação.
A situação representada no filme é totalmente o oposto
do que vivemos hoje em dia, a história da discriminação
racial foi totalmente representada ao contrário do que vi-
vemos: os brancos ficaram com no lugar dos negros e os
negros representaram os brancos. No filme, os brancos
sofrem preconceito por sua cor, classe social e descendên-
cia e não possuem direitos iguais, moram em favelas e
países como Dinamarca e Alemanha são subdesenvolvi-
dos.
O documentário, deixa subentendido que mesmo a
situação estando invertida o preconceito seria o mesmo.
Porém, não chega nem perto da cruel realidade: as pessoas
são mais cruéis quando se trata de cor, raça, sexo, classes
sociais ou opção sexual.
Não acredito que o preconceito racial está chegando ao
fim, podemos representar de diversas formas como o pre-
conceito está estampados em todos os lugares como mu-
dar de calçada quando alguém negro vem em sua direção
ou quando a mulher mais bonita do mundo é loira dos
olhos azuis e pele branca.
Se vestíssemos a pele de outra pessoa viveríamos em
um mundo diferente, onde pensaríamos primeiro no próxi-
mo do que em nós mesmos, seríamos pessoas melhores e teríamos vidas e melhores certamente seriamos mais feli-
zes.
Não adianta fazermos filmes, documentários, matérias
e entrevistas pedindo igualdade se não dermos chance de
sermos iguais
Mesmo que o dia em que a igualdade nos atinja esteja
longe, temos que lutar pelos nossos direitos e ideais. Não
deixar que nada nos afete! Como dizia Martin Luther King
“Eu tenho um sonho. De ver os meia filhos julgados pelas
sua personalidades, não pela cor de sua pele”.
Arthur, Brenda, Dominic, Flávia,
Isabella e Nathália-8º A1
O CABELO DE LELÊ
Lelê é uma menina que não gos-
ta do que vê. Ela tem seus cachi-
nhos enrolados e fica perguntando
o porquê de seu cabelo ser assim.
Ela não consegue tirar a pergunta
da cabeça. De onde vêm tantos
cachinhos? Então ela começa a
procurar em um livro para tentar
achar a resposta. Ela começou a
fuçar nas coisas, nos armários, es-
tantes e em sua casa. E finalmente
ela acha um livro sobre a África.
Neste livro encontra que a Áfri-
ca conta tramas de sonhos e me-
dos, de amor e guerras, vidas e
mortes, e de diversos cabelos. Ela acha vários tipos de ca-
belos, e vê pessoas parecidas com ela, e vê que ela pode ser
do jeito que quiser!
Lelê se sentiu melhor, gostou do que viu e soube que era
hora de ser feliz: brincando e se divertindo, começou a ar-
rumar seus cabelos de jeitos diferentes. Percebeu a beleza
de ser do jeito que é. Fez com que se cabelo encantasse um
menino a quem se avizinha.
Cada pedaço do mundo carrega uma história e não pode-
mos achar que se o outro é “diferente” é porque ele é feio.
Devemos amar as pessoas do jeito que elas são.
Fernanda, Jhonatas, Lucas, Luiz Carlos, Maria Clara,
Matheus, Narayana - 6º ano A1
Desenho feito pelos alunos do 6º A1
6 O “13 de Maio
ZUMBI DOS PALMARES: LÍDER DOS NEGROS
F alar sobre o dia 20 de Novembro é falar sobre o grande guerreiro Zumbi dos Palmares. O Dia da Consciência Ne-
gra é comemorado na data em que se acredita ser a data da morte de Zumbi (que morreu em comba-
te, lutando pela liberdade dos negros.
Zumbi nasceu em 1655 e foi criado pelo padre Antônio Melo, que p educou e alfabetizou, dando-
lhe o nome de Francisco. Mesmo criado por brancos e dentro da igreja, ao completar 15 ano, Zumbi
fugiu para o Quilombo dos Palmares.
Zumbi foi um forte guerreiro, organizou e governou Palmares. Resistiu a diversos ataques do
exercito português, mas o governo não deu trégua! Em 1965, Domingos Jorge Velho conseguiu des-
truir Zumbi, que mesmo ferido mortalmente lutou até não aguentar mais.
Devemos nos lembrar de Zumbi como esse homem forte que lutou por igualdade e liberdade. Viva Zumbi!
Samuel, Lorena, Pamella, Diego, Danielle, Herick e Breno - 6º A1
ZUMBI SOU
Eles eu defendo,
E conscientemente eu os entendo.
Livres queremos ser
Mesmo assim nosso trabalho não deixamos de fazer
Eles eram fugitivos
E iam para abrigos
Por isso o Quilombo dos Palmares construí,
E os brancos querem destruir
Mas tenho certeza que não irão conseguir
Lutei pela liberdade!
Porque quero ter mais igualdade!
Ao meio dos brancos cresci
E aos quinze anos eu fugi
Contra os brancos eu lutei
E com várias feridas pelo corpo fiquei,
Retornei para o quilombo
Para ficar junto ao meu povo
Pelos brancos fui enforcado
Em troca de liberdade
Sendo ameaçado
Escolhi a igualdade
Durante 4 séculos ficamos assim
Até que a escravidão chegou ao fim
Dos Palmares sou!
Francisco Zumbi sou!
Hudson, Jhony, João Luiz, Karen, Paula, e Vitor
6º ano A2
DANDARA DE PALMARES - MULHER GUERREIRA
Dandara foi uma grande guerreira negra no período
colonial do Brasil, era esposa de Zumbi e lutou bravamen-
te junto aos quilombolas pela liberdade dos negros.
Existem poucos relatos sobre sua história, mas quase
todos são com características de que foi presa em feverei-
ro de 1694 e para não ser escrava novamente, cometeu
suicídio. Quase não existem dados sobre sua vida ou len-
das.
Dandara foi uma mulher forte,
uma verdadeira heroína que domi-
nava técnicas de capoeira. Ela lu-
tou ao lado de homens e mulheres
em muitas batalhas para preservar
o Quilombo dos Palmares.
Além de lutar, Dandara tam-
bém participava de atividades coti-
dianas do quilombo.
Como existe pouca coisa escrita
sobre essa importante mulher, é nosso dever falar sobre ela
na Consciência Negra. Dandara foi fundamental na luta
dos negros pela liberdade e deve ser lembrada como sím-
bolo de resistência e força entre as mulheres.
Ana Laura, Ezequiel, João Eduardo, João V. Chagas, Marlon, Rayssa e Samuel.6º ano A2
AS MÁSCARAS E A ARTE AFRICANA
As máscaras eram feitas pelos africanos e eles usavam as
máscaras como um disfarce. Para eles essas máscaras eram
indispensáveis. Eles faziam as máscaras com barro,
madeira verde e metal. As máscaras eram feitas com várias cores que é para dar mais alegria e também os africanos de-
monstravam a sua alegria e felicidade através delas. Na África, podem-se encontrar várias sociedades onde cada uma tem
traços específicos e um tanto de particularidades, mas mantendo o respeito contextual e cultural. Na arte africana as escul-
turas são expressões com maior destaque e conhecidas universalmente. Ao contrário da concepção artística ocidental, a
arte africana possui um teor e um sentido mágico e até mesmo religioso.
A arte africana tem origem um pouco antes do que a história registra em seus escritos. As artes culturais de algumas tribos
ocidentais e alguns artefatos do Egito antigo e artesanatos indígenas do sul contribuíram bastante para a arte africana. Mui-
tas vezes as artes foram: interpretações abstratas de animais, vida vegetal ou desenhos naturais e formas. Na África subsaa-
riana, por volta do século X, métodos mais complexos na produção de arte foram criados.
A vinda dos negros para o Brasil trouxe também aspectos da cultura africana. Entre eles temos a arte!
Caroline, Carlos, Ellen, Kamila, Natália e Tiago - 6º ano A2
O “13 de Maio 7
A INFLUÊNCIA DO VOCABULÁRIO AFRICANO NA
LÍNGUA PORTUGUESA Você sabia que o vocabulário português agrega várias palavras de origem africana? Isso pois foram trazidos muitos ne-
gros para trabalhar como escravos no Brasil. Esses negros trouxeram sua religião, sua cultura que inclui comidas, músicas,
o modo de ver vida diante de muitas lendas, e ainda trouxeram também as línguas e dialetos que falavam.
As palavras que formaram nosso idioma - o português do Brasil - que são de origem africana, vêm de diferentes povos
africanos como os jejes e os nagôs. Palavras como “acarajé”, “gogo”, “jabá” e muitas outras, passaram a fazer parte do
nosso vocabulário e foram incluídas em nossa cultura.
Algumas destas palavras são: Curinga, quiabo, babá, babaca, bagunça, fubá, bancar, bambolê, gogo, angola, cafofo,
dengoso, jabá, angú, fofoca, garapa, muleque, axé, mano e manha.
André, Cleidsson, Guilherme, João Pedro, João Vitor Hungria, Thais e Wellingtonn - 6º ano A2
DANÇAS AFRICANAS A dança originou-se da África como parte da vida na aldeia. Ela une os membros dos grupos nas danças, participando
homens, mulheres e crianças. A dança africana depende da ocasião, podem ser realizados por bailarinos profissionais
também. Ela é o mais importante das festas para agradecer aos deuses por uma colheita farta. As pessoas sempre dançam
em filas ou em círculos, dançam a sós ou em par.
Tipos de danças africanas: Kizomba – ritmo quente; Semba: é uma dança de salão angolana; Danças tribais – danças e
rituais que despertam o ritmo e as expressões corporais.
As danças chegam a apresentar, algumas vezes, até mesmo seis ritmos ao mesmo tempo e seus dançarinos geralmente
usam máscaras ou pintam o corpo com tintas para seus movimentos ficarem expressivos. Nas danças em Marrocos, usam
normalmente uma repetição e um grande crescimento da música e dos movimentos, criando um efeito hipnótico do dança-
rino e no expectador.
Ana Caroline, Arthur , Carolina, João Vitor, Karolyne, Kayk, Nicole, Thalis e Victor - 6º ano A1
A INFLUÊNCIA AFRICANA NA
CULINÁRIA BRASILEIRA
A cozinha brasileira tem por base a cozinha portuguesa,
mas com duas outras grandes influências a indígena e a afri-
cana. A alimentação sempre esteve e ainda está bastante
relacionada à história dos diferentes povos. Durante o perí-
odo da colonização do Brasil, povos africanos foram trazi-
dos e escravizados no nosso território. Junto com eles, trou-
xeram também sua cultura, religiões e a culinária.
No Brasil, a base da alimentação dos escravos era a fari-
nha de mandioca, feijão e milho. Esta alimentação variava
em função de seu trabalho ser urbano ou rural e de seu pro-
prietário rico ou pobre. Os negros faziam farinha, comiam
milho cozido, em forma de papa, angu ou fervido com leite
de vaca, em preparo parecido ao atual mungunzá. A banana,
por exemplo, foi herança africana e tornou-se inseparável
das plantações brasileiras e foi a maior contribuição africa-
na para a alimentação do Brasil, em quantidade, distribui-
ção e consumo.
Da África ainda vieram: a manga, a jaca, o arroz e a cana
de açúcar, assim como o azeite de dendê. A população ne-
gra que vivia no
Brasil plantou
inúmeros vege-
tais tais como:
quiabo, caruru,
inhame, erva-
doce, gengibre,
açafrão, gerge-
lim, amendoim
africano e melancia, entre outros. O modo africano de cozi-
nhar e temperar incorporou elementos culinários e pratos
típicos, transformando receitas originais portuguesas e indí-
genas, dando forma à cozinha brasileira. O acarajé, a feijoa-
da e a popular pamonha de milho, são pratos muito conhe-
cidos da culinária brasileira, que mistura ingredientes da
cultura indígena, portuguesa e africana.
Podemos dizer que a culinária brasileira é fruto da forma
como os povos africanos - enquanto escravos - misturaram
alimentos diversos de seu continente e ingredientes das três
culturas que eram predominantes no período da coloniza-
ção.
Texto produzidos pelos alunos do 1º EJA
Feijoada
8 O “13 de Maio
A MULHER NEGRA E SEU ESPAÇO NA MODA
Quando assistimos aos desfiles das grifes famosas podemos perceber que existe um padrão de beleza para ser top mo-
del: além de magras, as modelos, em sua maioria esmagadora são brancas. É difícil encontrarmos negras no mercado da
moda internacional. Mesmo que nos últimos anos esse número tenha aumentado consideravelmente, ainda percebemos
que as modelos mais conhecidas são as brancas, a maioria das editoras de revista contratam mulheres brancas. Devido a
esse domínio dos padrões eurocêntricos, a cor, os cabelos e os traços negros são cada vez mais excluídos.
A mulher negra não precisa alisar o cabelo para ter ser lugar na pas-
sarela. Hoje temos figuras como as gêmeas brasileiras Suzana e Suzane
Macena ou as norte americanas TK Wonder e Cipriana Quan que se desta-
cam por sua autenticidade.
Na nossa opinião, as mulheres negras precisam estar nas passarelas, e isso
não deveria acontecer devido a alguma determinação judicial (como aconte-
ceu no Rio de Janeiro em 2009 que o Ministério Publico precisou colocar
cotas para modelos negras no Rio Fashion Week). Deveria acontecer para
mostrar a cara do Brasil – que tem 50,7% da população negra.
A mulher negra é linda, assim como a branca, asiática, indígena, etc.
Achamos errado essa exclusão das modelos negras do mundo da moda, pois
o Brasil é essa mistura de raças que deixam a beleza da mulher brasileira
incomparável.
Adailton, Laisa, Maria Eduarda, Maria Diana, Marina e Thiago - 7º ano A2
As modelos brasileiras Suzana e Suzane Macena
A INFLUÊNCIA CULTURAL AFRICANA NA
MÚSICA: HIP HOP E RAP BRASILEIRO
O movimento do Hip Hop no Brasil já tem cerca de vinte
anos, mas sua trajetória e a de seus integrantes ainda não foi
contada de forma consciente e sistematizada. O hip hop se
constitui de quatro elementos: o break: dança de passos
robóticos e quebrados; o grafite: pintura normalmente feita
em spray nos muros e ruas; o DJ e o rapper aquele que can-
ta e declama as letras sobre as bases eletrônicas do DJ.
O rap que significa ritmo e poesia nasceu da junção dos
últimos elementos do Hip Hop: a rima e a base eletrônica.
Existe ainda um quinto elemento do hip hop e constituinte
principalmente no rap, que é a conscientização que compre-
ende, principalmente, na valorização da ascendência étnica
negra e da cultura afrodescendente. Em tradução literal a
expressão da língua inglesa “hip hop” significa “pular e
mexer os quadris”.
A história do Hip Hop está ligada, desde a sua origem, às
lutas e conquistas políticas dos negros norte americanos dos
anos 80. As lutas dos negros contra a discriminação e por
maior participação política (visto que eram duramente re-
primidos durante este período) evoluíram pra estratégias
mais agressivas como aquelas empreendidas por organiza-
ções como os Black Panther, os Panteras Negras.
No Brasil, o Hip Hop surgiu em São Paulo na década de
90 e o Rap surgiria como um improvisado para acompanhar
as manobras corporais do break, oriundo do Hip Hop. O
tem da discriminação e da opressão sofrida pelas pessoas
negras aparece em todas as rimas de Rap brasileiro, inclusi-
ve, o uso do termo “preto” é bastante difundido e aceito
entre as maiorias dos rappers que se apropriam da palavra
de forma a torna-la motivo de orgulho, ao contrário do sen-
tido de depreciação geralmente colocado pela sociedade ao
longo da história da população negra.
Além disso, é importante ressaltar que o Rap é um estilo
musical que surgiu entre a
população pobre e da
periferia, agregando ainda
seguidores oriundos da
massa carcerária brasilei-
ra e por isso ainda sofre
preconceito e recusa por
parte da sociedade.
Texto produzidos pelos alunos do
4º EJA A1 e 4º EJA A2
ANÁLISE MUSICAL: NEGRO DRAMA – RACIONAISMC’S
A letra da música Negro Drama, do grupo Racionais Mc’s retrata a realidade da favela, especificamente dos negros mar-
ginalizados e moradores do gueto, da periferia. Podemos perceber que a letra fala muito da realidade atual (2015) mesmo
tendo sido escrita na década de 90. Parece que nada mudou, ao contrário, retrata ainda mais os dias de hoje, o preconceito,
a falta de oportunidades e a violência que as pessoas negras sofrem.
Entendemos que na época em que a letra foi escrita (1990) a imprensa não retratava tanto a realidade da favela e
Thaíde e DJ Hum
O “13 de Maio 9
por isso o rap aparece denunciando esta realidade escondida. Inclusive, na década de 80 e 90, na efervescência do hip
hop e do rap, muitos rappers e mc’s foram mortos porque cantavam a realidade do negro da favela, oprimido e violentado
diariamente.
Os rappers do Racionaismc’s contam um pouco de suas vidas, falando de suas ori-
gens, seus traumas e de como conquistaram a fama através do rap, conquistando assim as-
censão econômica. Retratam a vida na favela, de crianças que nascem e morrem na guerra
civil dentro das periferias, entre traficantes e policiais. Contam de mulheres negras que são
abandonadas por seus parceiros e passam por dificuldade tendo que cuidar de seus filhos e
filhas, sozinhas
Denuncia a exploração, a violência, a marginalização do negro desde o Brasil Colo-
nial onde foram escravizados, até os dias atuais, sendo excluídos socialmente e/ou extermi-
nados nas favelas. Finalmente, os rappers apontam a todo o momento o preconceito e a
discriminação para com o negro pobre brasileiro.
Texto produzidos pelos alunos do
4º EJA A1 e 4º EJA A2
INSTRUMENTOS MUSICAIS DE ORIGEM
AFRICANA
Muitas pessoas costumam se lembrar do continente afri-
cano apenas em algumas características como: problemas
sociais e econômicos, políticos, conflitos, diversas doenças.
Porém, esse continente trouxe para nossa cultura muitas
riquezas.
O Brasil foi muito influenciado pela cultura africana,
que foi trazida para nosso país na época da colonização
com os negros escravizados. Essa cultura influenciou nossa
culinária, costumes, religiões, idiomas, dança, musicas, etc.
E algo que foi muito influenciado foi a música, ao trazerem
os instrumentos tocados na África. Alguns exemplos desses
instrumentos são:
Caxixi: significa “palma da mão”.
É uma cesta de vime, com pedri-
nhas no seu interior. Quanto maior
a cesta, mais grave é o seu som.
Acompanha o berimbau nas rodas
de capoeira e é usado em diversos
gêneros musicais do Brasil e do
exterior.
Berimbau: É um arco de madeira preso por um fio de
arame esticado. Em uma de suas extremidades é colocada
uma cabaça aberta e presa ao arame e à madeira por um
barbante. É necessária a utilização de uma pedra ou moeda,
vareta e caxixi para a realização do som.
Agogô: Dois cones de metal, um
agudo e outro grave, ambos presos por
uma mesma haste. Tocado por um bas-
tão e encontrado em manifestações
religiosas afro-brasileiras.
Reco-Reco: objeto feito de madeira
ou bambu com ranhuras transversais
que são friccionados por uma vareta. O som é obtido atra-
vés da raspagem de uma baqueta sobre as ranhuras trans-
versais.
Tambores: Principais instrumentos musicais africanos.
Existem diversos formatos, tamanhos e elementos decorati-
vos. É um objeto de percussão: oco e feito de bambu ou
madeira. Além da sua utilização nos eventos festivos, os
tambores eram uma forma de comunicação entre comunida-
des distantes em razão de sua forte potência sonora.
Esses são apenas alguns exemplos dos inúmeros instru-
mentos de influencia africana no Brasil. Temos ainda:
afoxé, balafon, chocalho de pé, cuíca, gonguê, maraca,
kora, udo, xilofone, dentre outros.
Apesar do Brasil ter grande influência africana, tem
também costumes de outros povos, como por exemplo: eu-
ropeus, indígenas, asiáticos, etc. Por isso, nossa cultura é
tão rica e de costumes diversificados.
Graziela, João V., Maria Cecília, Rayssa e Stanley - 7º
ano A1
O QUADRO “NEGROS NO PORÃO DO NAVIO” DE
RUGENDAS E A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO
No quadro “Negros no porão do navio”, pintado pelo artista
alemão Johann Moritz Rugendas no Século XIX, podemos perceber
as péssimas condições a que eram submetidos os negros trazidos da
África para o Brasil. A viagem era longa, eles vinham no porão do
navio, acorrentados, amordaçados e amontoados.
Muitos negros morriam na travessia do Atlântico, outros tanto
no litoral e alguns já na captura. Em média, apenas 40%
CAXIXI
AGOGÔ
10 O “13 de Maio
chegavam vivos, ou seja, em cada 100 negros, apenas 45 sobreviviam.
Os capitães perceberam que não compensava esse tipo de transporte: negros amontoados, sem direito de sair dos porões.
Elaboraram então um processo diferente, levando os negros um vez ao dia ao convés para respirarem ar puro e para se exer-
citarem. A técnica era reduzir a quantidade de negros, deixar eles soltos e só prendê-los quando chegassem aos portos. As-
sim, não levariam prejuízo.
Antes de elaborar esse processo, havia a “quarentena”, ou seja, permaneciam durante quarenta dias para serem engorda-
dos e para tratarem das doenças.
Anna Julia, Julia, Daviny, Pietro e Vitória - 8º ano A2
POVOS AFRICANOS DESLOCADOS PARA O BRASIL E
SUAS ORIGENS GEOGRAFICAS
Na ida em busca de escravos, os portugueses ocuparam o
litoral oeste do Continente Africano com o desejo de lá
encontrar ouro. Chegaram meio pacificamente se relacio-
nando com harmonia com os africanos. Chegaram inclusi-
ve a casar com mulheres africanas. Porém, há indícios que,
por volta do ano de 1470, o mercado de escravos havia au-
mentado e este teria se tornado o maior produto de exporta-
ção vindo do continente Africano.
No período deste comércio Portugal e outros países da
Europa eram os que mais recebiam escravos que eram de-
signados para a mão de obra escrava. Foi criado o “Novo
Mundo” que alterou a rota do mercado escravo e fez com
que essa fatalidade crescesse em grande escala. Os escravos
capturados eram tirados de seu cotidianos e obrigados a
trabalhar e viver em péssimas condições, poderiam ser pri-
sioneiros de guerra. Muitos eram punidos ou espancados
até a sua morte.
A maioria dos escravos vindos do continente Africano,
eram fornecidos por políticos ou mercadores portugueses
que trocavam algum produto pelos negros. O Brasil rece-
beu negros de diferentes regiões do continente Africano,
desde toda a costa oeste da África, passando por Cabo Ver-
de, Congo, Quíloa e Zimbábue.
Desde a primeira compra de escravos feita em terras
Brasileiras até a extinção no tráfico negro em 1850, foi cal-
culado que podia ter entrado no Brasil algo em torno de 4
Milhões de escravos africanos, mais como o comércio
atlântico não se restringia ao Brasil, e foi estimado que o
comércio de escravos tinha movido 11,5 Milhões de indiví-
duos vendidos como mercadorias.
Gabriel, Hiago, Lucas S., Naiara,
Pablo e Ravel - 8ºA1
A VIDA NAS SENZALAS
A s senzalas eram a onde os negros ficavam durante
seu período do descanso. Elas possuíam divisões e os es-
cravos eram obrigado a dormir no chão. Os homens e as
mulheres dormiam separados e as crianças dormiam com
as mães .
Nas atividades da fazenda os escravos trabalhavam de 15
a 18 horas diárias. A rotina deles era: às 4:00 ou 5:00 da
manhã se apresentar ao feitor; ele dividia os grupos para ir
aos cafezais. Entre 9:00 e 10:00 horas eles almoçavam (no
próprio local as cozinheiras preparava a comida). Ás 13:00
eles paravam para comer rapadura e tomar café as 16:00
jantavam e voltavam para trabalhar até escurecer e logo
depois se apresentavam ao feitor novamente .
Os castigos sofridos pelos escravos quando cometiam
algum deslize eram:
- AÇOITE: chicote feito com 5 tiras de couro retorcidas
com nós para acelerar o ritmo do trabalho e castigar peque-
nos deslize .
- TRONCO: era um instrumento de tortura e humilhação
usadas em vários países. Os escravos eram presos até o seu
senhor resolver solta-lo.
- CEPO: é um tronco de madeira que o escravo carregava
com a cabeça presa por uma longa corrente e uma argola
presa no tornozelo .
Bianca, Brenno, Guilherme, Marlon e Pedro
7º ano A1
A REVOLTA DOS MALÊS
Uma das matérias que estudamos esse ano no 8º ano, foi
a revolta dos Malês. Mas o que foi essa revolta?
A Revolta dos Malês foi um levante de escravos e ex-
escravos africanos que ocorreu durante o Período Regenci-
al. Os negros que participaram da revolta eram chamados
de malês pois eram muçulmanos, ou seja, seguiam o Isla-
mismo. A proposta principal era a libertação imediata dos
demais escravos africanos e a liberdade religiosa.
De acordo com o plano, os re-
voltosos sairiam do bairro de Vitó-
ria em Salvador/BA e se reuniram
com outros Malês vindos de outras
regiões da cidade. Eles arrecada-
ram dinheiro compraram armas.
Porém, os Soldados cercaram os
revoltosos, que lutaram bravamen-
te. No final, o exercito saiu vitorio-
so, os lideres foram condenados a
morte, e o governo decretou leis
que restringiam ainda mais a liber-
dade religiosa.
Mesmo assim, a Revolta dos Malês ficou na história de
nosso país como um movimento de contestação dos negros
em busca de liberdade e igualdade
Dhiulliana, Felipe, Lucas Q., Rayssa, e Vitor
8º ano A1
Inscrições em árabe - usadas na comunicação
O “13 de Maio 11
LIBERTOS, MAS SEM DIREITOS
A escravidão foi abolida no dia 13 de Maio de 1888 pela princesa Isabel, mas os negros, apesar da liberdade, não ti-
nham os mesmos direitos que os brancos. Os brancos tinham o direito de votar, de estudar, de transporte, de saúde, de mo-
radia e os negros não tinham nenhum desses direitos. Os negros, em sua maioria, eram analfabetos, vitimas de preconceito
e até algumas mulheres negras eram tratadas como prostitutas.
Os escravos, mesmo libertos não tinham oportunidades, pois apesar da liberdade o preconceito ainda predominava, por
isso, se encontravam forçados a permanecerem nas fazendas que trabalhavam, servindo o senhor do engenho para sua so-
brevivência. Aos negros que migraram para cidades, restaram apenas pequenas trabalhos como: empregadas domésticas,
quitandeiras e artesãs. Já os negros que não tinham moradia, passaram a morar em casas abandonadas .
Depois de pouco mais de um século, os negros somam hoje 50,1% da população brasileira e, apesar de termos mudado
muito, ainda existe o preconceito contra negros. Muitos são excluídos em trabalhos mais “elitizados”, como: a maioria dos
médicos são brancos, advogados brancos, políticos brancos, professores brancos, a maioria dos alunos na faculdade são
brancos, os atores e cantores também são brancos. Em novelas, muitas vezes a madame é branca e a empregada é negra.
Essa é uma triste realidade que precisamos mudar: todos somos iguais!
Bruna, Gabriel, Leonardo, Lucas, Pedro Lucas e Nathaya - 8º ano A2
O QUE SÃO COTAS RACIAIS?
C otas raciais são a reserva das vagas em
determinadas instituições para certos candidatos.
Em minha opinião, as cotas raciais são uma opor-
tunidade para negros e indígenas para estudar.
As cotas foram criadas para amenizar desigual-
dades e surgiram nos Estados Unidos, na década
de 1960,sendo considerada uma forma de ação
afirmativa. Mas o que é uma ação afirmativa? Na-
da mais é do que uma ação que busca
‘recompensar’ grupos que foram de certa forma
excluídos socialmente. Em 2012, o Supremo Tri-
bunal Federal votou que as cotas são direito dos
estudantes brasileiros.
Nosso texto não busca defender nem criticar o
sistema de cotas raciais. Queremos apenas infor-
mar os estudantes, pois percebemos que esse tema
era desconhecido entre todos nós.
A questão das cotas raciais divide opiniões. Te-
mos aqueles que são a favor: justificam que as
cotas são para reparar os mais de três séculos de
escravidão que os negros viveram no Brasil. Como
não foram dados aos negros os mesmos direitos
que aos brancos, a desigualdade social que vive-
mos hoje seria herança dos séculos passados.
Já aqueles que são contra as cotas: se baseiam
no princípio constitucional de que todos são iguais
perante a lei, portanto conseguir uma vaga devido
a cor da pele aumentaria o racismo.
Como podemos perceber este assunto é bastante
polemico. O fato e que o Brasil possui uma das
maiores populações do mundo e nossos governan-
tes precisam intensificar as ações que beneficiam
essa parcela da população.
Bárbara F., Bárbara O., Gabriel,
Henrique A., João Paulo 9ºano A1
O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL
A crença de se dizer que o brasil não é um país racista vem
apenas para disfarçar o que realmente acontece. Alguns podem até
dizer que não há preconceito no nosso país, mas a verdade é que
existe sim!
As faculdades
brasileiras são um
exemplo disso: a cada
100 alunos matricula-
dos, apenas 26 são ne-
gros. Há uma pesquisa
que mostra que a cada
100 formandos, menos
de 3 são negros ou par-
dos. Os negros têm me-
nos acesso a escolas
particulares, mas o pre-
conceito não está ape-
nas nas faculdades. Nas
vagas de emprego, os brancos têm maiores chances de consegui-
rem o trabalho e, mesmo que os negros sejam contratados, em sua
maioria receberam quase que a metade do valor que um branco
iria receber. Seja até mesmo na compra de uma casa, de um carro
ou de um apartamento: os negros enfrentam dificuldades pois
existem vendedores se recusam a fazerem vendas a essas pessoas.
Se engana quem pensa que o preconceito ocorre apenas com
pessoas comuns na sociedade. Celebridades, ricos e famosos tam-
bém são alvo do preconceito racial. O caso da atriz Taís Araújo,
que desabafou ao dizer que havia sofrido preconceito nas redes
sociais por causa da cor. Isso mostra que o preconceito não tem
pessoa certa para acontecer, todos somos vítimas.
Mas é sempre bom lembrar que todos somos iguais indepen-
dente de raça , cor ou religião!
Guilherme F., Guilherme P., Henrique O.,
Isabella, Katiele e Pâmela - 9º ano A1
12 O “13 de Maio
Fomos até ao NEAB (Núcleo de
Estudos Afro-Brasileiros) conver-
sar com o professor João Gabriel.
Ele é formado em História, faz dou-
torado na UFU e estuda questões
relativas à discriminação e ao pre-
conceito racial.
Alunos: Boa tarde, professor João.
Obrigada por nos receber aqui. Vie-
mos saber um pouco sobre o Dia da
Consciência Negra e outras questões
importantes que debatemos em sala
de aula. Para começar, gostaríamos
que o senhor falasse um pouco sobre
esse lugar em que está nos recebendo.
João Gabriel: Vocês sabem o que é
esse local? O NEAB?
Stella: Sim, significa Núcleo de Estu-
dos Afro-Brasileiros
João Gabriel: O NEAB é o Núcleo de
Estudos Afro-Brasileiros, que foi cria-
do em 2006 pela iniciativa de alguns
professores negros da UFU, principal-
mente pelo professor Guimes, que é
professor da Química e desde que
chegou na universidade, na década de
80, começa com essa discussão sobre
a questão racial. Em 2006 ele formali-
za com outros professores e professo-
ras a criação deste núcleo.
Este núcleo basicamente tenta traba-
lhar com a temática negra contra o
racismo e, para além de ser contra o
racismo, a divulgação da cultura afro-
brasileira e africana dentro da Univer-
sidade. Mas ele não se restringe a
isso: ele também faz algumas articula-
ções politicas a nível Municipal, Esta-
dual e Nacional. Uma delas: nós esta-
mos para ter uma grande vitória que
foi a aprovação das cotas raciais para
o serviço público municipal. Foi vota-
do o primeiro turno sexta-feira passa-
da e segundo turno na última segunda
-feira. A câmara municipal aprovou e
agora só falta o prefeito Gilmar Ma-
chado aprovar para que tenhamos
cotas de 20% no serviço público. E
qual a finalidade do NEAB? Qual foi
o papel do NEAB nisso? Ele foi um
dos principais articuladores para que
essa lei fosse criada e votada na Câ-
mara Municipal. É mais ou menos em
linhas gerais isso.
Outro papel muito importante do
NEAB dentro da Universidade e a
cobrança que as nossas faculdades, ou
seja, professores que aqui estão se
formando História, Geografia, Quími-
ca, Física, Matemática, Ciências, Re-
ligião, Português, tenham contato,
conhecimento com a temática africa-
na. Para que não chegue lá na escola e
ao dar aula pra vocês comecem a falar
coisas sem nexo, coisas sem logicas.
Porque muitos acham que só nós, pro-
fessores de História, temos que abor-
dar essa temática. Mas não: professor
de Geografia, Português, Matemática.
Por exemplo, 1+1 é quanto?
Stella: -Dois
-Na lógica ocidental. Porque se a gen-
te pegar a lógica oriental, ou mais
precisamente a lógica Congolesa 1+1
pode ser 3. Por que? Um exemplo
básico: eles acreditam que na junção
de um homem com uma mulher pode
nascer uma criança, pode nascer um
terceiro. Então 1+1 pode se resultar
em 3. Mas aí tem todas as outras dis-
cussões. Um outro exemplo da mate-
mática: na computação, nós temos
uma coisa do 16 megabits, depois vai
pra 32mb, 64mb e por ai vai. Se você
pegar algumas religiões de matriz
africana que tem o jogo do búzios -
que é anterior ao computador - você
vai ver que a soma é 8, 16, 32 e 64: a
questão das matrizes matemáticas.
Então isso e só pra nos termos uma
ideia de que a cultura africana e afro-
brasileira está em tudo. Outro exem-
plo: na ciências, alguém de vocês em
problemas de coração? O primeiro
transplante de coração foi feito por
um assistente de farmácia negro dos
EUA na década de 60. Mas quantos
de nós sabemos disso? Aí caso vocês
queiram saber um pouco mais um
bom filme pra fazer um debate se cha-
ma “Quase Deuses”. Bom, agora va-
mos às outras perguntas
Stella: Qual a importância do dia da
consciência negra para você?
João Gabriel: O dia da Consciência
Negra - 20 de novembro - vem pra
contrapor o 13 de maio. Por que? Por-
que o 13 de maio tende a vangloriar,
glorificar, colocar como uma santa a
Princesa Isabel como se a Abolição
da escravidão fosse algo dado pela
Princesa Isabel de presente. E o 20 de
novembro vem pra resgatar uma me-
mória, uma história que foi esquecida:
o Zumbi dos Palmares. Acredita -se
que ele morreu no dia 20 de novem-
bro de 1695. Então enquanto Princesa
Isabel é representada por uma prince-
sa branca “dando a liberdade” aos
negros escravizados, Zumbi, o 20 de
novembro, a consciência negra, vem
pra lembrar de toda luta que a popula-
ção negra escravizada empreendeu:
lutou pra conseguir sua liberdade atra-
vés dos quilombos, através das fugas,
através dos suicídios, através das
morte de seus senhores e suas senho-
ras as sinhás. Então o 20 de novembro
vem pra resgatar, pra com que não
nos esqueçamos a luta diária que tem
que ser contra o racismo e ao mesmo
tempo pra comemorarmos os peque-
nos avanços que já tivemos. Porque se
compararmos 1888: só cem anos de-
pois o racismo vai ser crime; só em
2003 que vai se ter uma lei pra que
seja obrigado, vocês, nós estudarmos
essa cultura africana e afro-brasileira.
Um exemplo: o livro didático costu-
ma trazer apenas o negro enquanto
escravizado. O 20 de novembro já
traz o Zumbi não enquanto escraviza-
do, mas o líder de um grande quilom-
bo que é o Quilombo Dos Palmares.
Mas aí eu pergunto pra vocês: quem
foi Dandara?
Alunos- A esposa do zumbi
João Gabriel: Exatamente. A esposa
do Zumbi Dos Palmares. Mas ela
sempre é lembrada como a esposa de
Zumbi, porém, ela foi tão importante
quanto o próprio Zumbi. Ela foi uma
das guerreiras, uma das líderes mais
importantes. Então quando falarmos
de Dandara, temos que falar: mais
uma líder do Quilombo De Palmares.
E tentar tirar essa sombra pois já tem
a questão do machismo.
Entao 20 de novembro vem sempre
pra nos lembra do que ganhamos e do
que nos temos que lutar ainda
Rafa: Se o racismo ainda e um cri-
me inafiançável, por que você acha
que ainda existem vários casos de
racismo?
João Gabriel: Porque é pouco aplica-
do a lei do racismo enquanto inafian-
çável. E é muito difícil para algumas
pessoas definir o que é racismo. Um
exemplo: vocês já ouviram aquela
O “13 de Maio 13
expressão “menino, menino larga de
fazer serviço de preto”? É uma ex-
pressão racista? Por que quem fala
não é preso? A pessoa alega que está
brincando: “é uma brincadeira”. Mas
quem vai denunciar? Algumas práti-
cas racistas ficaram naturalizada um
exemplo: “a coisa está preta”, por que
a coisa está preta e não branca ou ro-
xa? Por que só usar essa expressão
quando estamos sem dinheiro, a situa-
ção está difícil ou complicada. Temos
que pensar nisso para além do nosso
linguajar. Na legislação, a injuria raci-
al é quando o racismo é praticado
contra uma pessoa. O racismo pra cair
nessa lei inafiançável tem que ser: um
grupo ou mais de uma pessoa prati-
cando o racismo, como foi o caso do
jogador do Santos - o Aranha - que os
torcedores gritaram. Mas quantas pri-
sões, julgamentos nós já ouvimos
falar que a foi presa condenada e está
na cadeia por racismo? Então quando
isso começar a acontecer de fato, po-
de ser que o racismo diminua, não
que acabe. E ainda temos outro deta-
lhe: a denúncia. Muitos dos que so-
frem o racismo não tem consciência
disso. Acreditam que “é brincadeira, a
pessoa é minha amiga, isso de racis-
mo não existe”. Então ele fica com
medo ou sem essa consciência para
denunciar. Outro detalhe é a testemu-
nha, pois são necessárias. Quem vai
querer testemunhar contra uma socie-
dade toda que diz que no Brasil não
existe racismo.
Wagner: Você como professor, acha
que existe muito preconceito nas
salas de aula das escolas públicas?
João Gabriel: Sim, demais. Os três
locais onde a criança aprende a ser
racista: família, TV e escola. Por que?
Porque há toda uma geração de edu-
cadores que não estão preparados para
lidar com a diversidade em sala de
aula. Então uma questão: o negro
existe apenas no mês de novembro?
Então por que muitas escolas insistem
em falar nesse assunto apenas no mês
de novembro? Uma falta de preparo.
O por que se tem uma falsa ideia de
que só o Professor de História, ou o
professor negro tem que trabalhar
com isso? Uma outra questão: como
esse assunto entra em pauta na educa-
ção infantil? Quantas princesas e prín-
cipes negros existem?
Stella: Tiana da Princesa e O Sapo
João Gabriel: Mas tem um detalhe,
essa princesa foi criada pela Disney
no ano de 2008, ano que tivemos um
acontecimento a nível mundial que foi
a eleição de Barack Obama. Se não
tivéssemos esse fato teríamos uma
princesa negra.
Duda: É um espelho para a mulher
dele.
João Gabriel: Exatamente. E se ele
tivesse uma esposa branca, teríamos
essa princesa. Como você falou, a
questão do espelho para a mulher ne-
gra. Então eu pergunto: se a escola –
de modo geral – continua reproduzin-
do isso, o livro didático continua tra-
zendo o corpo humano apenas na cor
branca, como por exemplo nas aulas
de ciências. Será que o modelo é sem-
pre o corpo branco? O negro quando
aparece no livro de História ou Geo-
grafia, aparece de modo quase geral
(lógico que algumas escolas e alguns
livros que trazem de forma diferente)
sempre de forma escravizada, sendo
chicoteado. Nunca enquanto ex escra-
vos, líder de quilombo.
Paulo: E dentro da universidade?
Existe muito preconceito entre os
alunos?
João Gabriel: Não só entre os alunos.
Mas também entre professores, outras
áreas administrativas. Antes de vocês
irem embora da universidade, deem
uma olhada
em alguns
blocos: o
perfil dos
alunos, o
perfil dos
vigilantes e
o perfil do
pessoal da
limpeza.
Olhem as
placas de
formatura:
um estudo
pelas placas
dá pra saber
quantos ne-
gros tem na
turma. Claro
que é uma
primeira impressão, não tem como
você fazer uma afirmação. Mesmo no
shopping que vocês vão: a diferença
entre os vendedores e o pessoal da
limpeza. E por que essas profissões
consideradas de baixo valor tem mais
negros? Tem uma pesquisa do IBGE
que eles fizeram uma pirâmide: em
uma das análises, de 100% dos dele-
gados brasileiros, 99,9% são brancos,
ou seja, a porcentagem de delegados
negros é tão pequena que na estatísti-
ca foi insignificante e não chegou a
1%. Aí talvez um dos motivos de nós
jovens negros morrermos tanto na
mão da polícia.
Duda: Eu queria fazer uma última
pergunta. É que eu conheço uma
moça que estuda aqui na UFU. Ela
é negra e ela me disse que antes ela
alisava o cabelo e depois de entrar
na UFU ela abriu a mente e mudou
bastante o estilo. Você acha que é
isso mesmo?
João Gabriel: Sim. Nós temos vários
exemplos aqui no NEAB de meninas
e meninos que usavam o cabelo ou
raspado ou alisado e foram tendo essa
“tomada de consciência” de que o não
liso também é bonito e pode ser acei-
tável. Acredito que isso esteja muito
ligado a questão da escola e a questão
da televisão. Vamos fazer um exercí-
cio rapidinho: a criança nasce, vai pra
escola, não se vê nos professores ne-
gros – que são poucos – e os poucos
que tem não usam o cabelo chamado
Duda, Stella, Rafa, Paulo, Wagner, Prof. Carol junto com nosso entrevistado Joa o Gabriel - bloco B - UFU.
DIGA NÃO AO RACISMO
O racismo não é legal,
Deixa todo mundo mal
Cada um tem seu jeito de ser
Todos nós precisamos aprender
Eles precisam sentir a culpa
E pedir desculpa
Não sabemos a dor que eles têm no coração
Precisamos dar a mão
Vamos tomar uma decisão,
E jamais acreditar nessa ilusão
O racismo precisa acabar
Vamos nos unir para ele derrotar
Vamos juntos acreditar
Que o amor ainda pode reinar
Ninguém está sozinho
Vamos vencer o racismo com carinho
Vamos ser humanos
Vamos ser irmãos
Para todos nós
Vivermos em plena união
“A prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
prescritível, sujeito a pena de reclusão” – Republica Fede-
rativa do Brasil; Art 5º - inciso XLII.
Emerson, Gabriel, Jean, Maria Eduarda, Paulo e Tatiana 6º ano A2
14 O “13 de Maio
“natural” ou “não liso”. Mas vejamos o livro didático ou na televisão: qual o perfil de beleza? Sempre liso e loiro. Então
isso vai influenciando a formação da criança de tal forma que ela vai querer alisar. E outra coisa, o não liso é considerado
feio: “posso pegar no seu cabelo, como você lava, como faz?”. E assumir o seu cabelo como tal é uma afronta ao racismo,
à sociedade. É você mostrar aquele lugar que você tem uma identidade preservada, que não é influenciada de modo nega-
tivo pelos padrões de beleza. Mas é um processo de descoberta? Sim! Mas eu sou contra quem usa o cabelo liso? De mo-
do algum, mas eu faria a seguinte pergunta: por que você usa o cabelo alisado? Porque é bonito, prático? Mas o que é
bonito ou feio? O que é praticidade. Se praticidade? Acordar e não precisar pentear? Então o meu é prático! Dá trabalho
pra lavar? Sim! Precisa de duas coisas: agua e shampoo. Ou seja, tem-se toda uma imagem negativa em relação a isso.
Temos muito a falar, mas espero ter contribuído com a discussão de vocês!
Maria Eduarda, Paulo, Rafaela, Stella e Wagner - 9º ano A1
NELSON MANDELA: UM
GRANDE LÍDER
N elson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918
quando a Primeira Guerra Mundial chegava ao fim. Ele foi
um grande líder considerado rebelde e governou a África do
Sul entre 1994 e 1999. Seu nome verdadeiro é Rolihlahla
Madiba Mandela e foi o principal representante do movi-
mento que fazia oposição ao regime do apartheid – regime
que negava aos negros, mestiços e indianos, direitos políti-
cos, sociais e econômicos. Foi considerado pelo povo um
guerreiro em luta pela liberdade, mas considerado pelo go-
verno sul-africano como um terrorista e por isso mesmo,
passou quase três décadas preso e morreu em uma quinta-
feira aos 95 anos.
Mandela construiu um dos mais belos capítulos da histó-
ria do século XX ao se tornar o primeiro presidente negro
eleito de forma democrática na África do Sul, depois de
passr 27 anos preso por oposição à ditadura. Ele morreu em
casa com uma infecção pulmonar, devido a uma tuberculose
que contraiu na prisão. Recebeu o prêmio Nobel da Paz em
dezembro de 1993 pela luta contra a segregação e o racis-
mo.
Dizia Mandela: “Se você fala a um homem na mesma
língua que ele compreende isso vai para a cabeça, mas se
lhe fala na língua dele, isso vai ao seu coração”. Mesmo
com o fim do apartheid, ainda existe muita descriminação
racial e preconceito. Apesar da luta de Nelson Mandela nós
ainda precisamos lutar muito pelo fim do racismo e precon-
ceito no mundo inteiro; devemos ensinar as crianças de ago-
ra e do futuro a dizer não para o racismo!
Texto produzidos pelos alunos do 3º EJA
Acesse também a versão eletrônica do jornal no blog
da nossa escola:
nosso13.wordpress.com
ou acompanhe pelo nosso Facebook:
www.facebook.com/escola13
ESCOLA ESTADUAL 13 DE MAIO
End. Provisório: R. Tupaciguara, 434
Bairro Aparecida, Uberlândia/MG
Telefone: (34) 3236-0680
E-mail: [email protected]
Direção: Carmen Lucia Borges Soares
Vice-Direção (manhã): Sueli José Ribeiro
Vice-Direção (noturno): José Lúcio R. Leite