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O AMBIENTE DE ENSINO-APRENDIZADO NO CLMD
THE ENVIRONMENT OF TEACH-LEARNING IN THE CLMD
Thaís Philipsen Grützmann1
Universidade Federal de Pelotas, RS
Melissa de Souza Rabassa Colvara2
Universidade Federal de Pelotas, RS
Resumo
No presente artigo buscamos fazer uma reflexão sobre a utilização do Ambiente Virtual de
Aprendizagem Moodle para o Curso de Licenciatura em Matemática a Distância da Universidade
Federal de Pelotas, como recurso de suporte ao processo de ensino-aprendizagem dos acadêmicos.
Além disso, relatamos momentos presenciais e da prática efetiva dos estudantes, por meio das
disciplinas de Matemática Elementar I, Instrumentação para o Ensino de Matemática I, Trabalho de
Campo I e Prática de Ensino de Matemática I. Ainda, discorremos sobre o atendimento realizado
pela tutoria e o processo das vídeo aulas disponibilizadas aos graduandos, com os conteúdos
teóricos bem como a resolução de exercícios. Todos esses fatores se fazem indispensáveis para o
bom andamento do curso e um processo de aprendizagem focado para as necessidades discentes.
Palavras-chave: Moodle, Ensino-aprendizagem, CLMD.
Abstract
In this article we seek to reflect on the use of Virtual Environment Learning Moodle for the
Graduate Course in Mathematics the Distance of the Federal University of Pelotas, as a resource
to support the teaching-learning process of students. In addition, for moments of presence and
effective practice for students through the disciplines of Elementary Mathematics I, Instrumentation
for the Teaching of Mathematics I, I and Field Work Performance of Teaching Mathematics I. Still,
talk about the service performed by the mentoring process and the video lessons available to
students with the theoretical content and the resolution of exercises. All these factors make it
essential for the smooth running of the course and a learning process focused on the students
needs.
Key words: Moodle, Teach-learning, CLMD.
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1. Conhecendo o curso
O Curso de Licenciatura em Matemática a Distância (CLMD) da Universidade Federal de Pelotas
(UFPEL) teve o início de suas atividades acadêmicas em 2006, com o ingresso das três primeiras
turmas, com pólos nas cidades de Canguçu, Jaguarão e Turuçu, situadas no estado, próximas à sede
do curso, em Pelotas. Para cada município foram oferecidas 40 vagas, sendo as mesmas preenchidas
por processo seletivo, em dezembro de 2005.
A iniciativa de oferecer este curso foi visando oportunizar estudantes que não se encontravam na
cidade sede da UFPel de frequentarem um curso superior, possuindo assim uma formação
acadêmica inicial. O planejamento e a aprovação do CLMD se deram nos anos anteriores, passando
pelas etapas exigidas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).
O objetivo do CLMD visa formar professores de Matemática para atuarem na segunda fase do
Ensino Fundamental e no Ensino Médio, habilitando-os para aprimorar, de forma significativa, suas
intervenções nos processos de Ensino-Aprendizagem de Matemática, na auto-formação do aluno
como pessoa, na qualidade de ensino nas escolas e na formação da comunidade. O curso prepara,
ainda, para a continuidade de estudos em nível de Pós-graduação em Educação, em Matemática ou
em áreas afins.
A implantação de cursos na modalidade EaD justifica-se pelo aumento da demanda proveniente do
Ensino Médio e a defasagem no número de professores, especialmente na área das exatas. Ainda,
opta-se por tal modalidade de ensino pela flexibilidade que o estudante terá em relação ao seu
horário de estudo, porém, precisando ir ao pólo para assistir as web conferências e realizar as
avaliações presenciais, uma das exigências do MEC. Corrêa aborda a questão de oferecer cursos em
EaD, frisando que
... a EaD tem sido uma alternativa de ensino/aprendizagem, principalmente, em um cenário
marcado pelas dificuldades de acesso de nossa população ao ensino formal e pelas altas
taxas de defasagem de escolarização e de analfabetismo, em função de uma carga horária
de trabalho que impossibilita o investimento em educação continuada (2007, p. 9-10).
Percebemos que houve uma significativa expansão do acesso à internet em nosso país, atingindo
inclusive as áreas mais carentes, o que ajuda na divulgação e implementação dos cursos na
modalidade EaD, tendo como suporte as TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação.
No curso, desde o primeiro semestre letivo, os alunos têm contato com o Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) Moodle, sobre o qual vamos fazer uma reflexão a seguir, permeando
diferentes disciplinas, desde 2006 até o presente momento, onde as primeiras turmas já estão
cursando o sétimo semestre, período de estágio curricular obrigatório. Além do suporte do AVA, os
graduandos possuem, ainda, as vídeo aulas, com a parte teórica e resolução de exercícios, a tutoria
on-line e o site do curso. Apoiadas na fala de Borba, Malheiros e Zulatto, percebemos o quão
importante é para os acadêmicos as interações síncronas e assíncronas, desde que haja a
colaboração entre os participantes do processo. (2007, p. 25).
Salientamos que o curso expandiu, e atualmente estamos atendendo 23 cidades-pólos. As três
cidades citadas anteriormente fazem parte do projeto Pró-Licenciatura Fase I (Pró-Lic I). Pelo
projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB), o qual teve o início das suas atividades em 2008,
atendemos os pólos de Arroio dos Ratos, Cachoeira do Sul, Camargo, Herval, Restinga Seca, São
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Francisco de Paula, Seberi e Videira (Santa Catarina), cursando, portanto, o terceiro semestre. Os
demais municípios que receberam os pólos de CLMD estão no segundo semestre, sendo eles,
Camaquã, Caçapava do Sul, Rosário do Sul, Santana da Boa Vista e São José do Norte, pelo projeto
Pró-Licenciatura Fase II (Pró-Lic II) e, Balneário Pinhal, Cruz Alta, Ibaiti (no Paraná), Itaqui,
Jaquirana, Santa Vitória do Palmar e Santana da Boa Vista, também pela UAB. Salientamos, ainda,
que pelo Pró-Lic II existe uma parceria com a Universidade de Caxias (UCS), a qual atende 8 pólos
do projeto, sendo eles Bento Gonçalves, Canela, Caxias do Sul, Guaporé, São Sebastião do Caí,
Terra de Areia, Vacaria e Veranópolis.
2. O suporte ao processo de ensino-aprendizagem
O currículo do CLMD, de acordo com o Projeto Político Pedagógico (2006), abrange disciplinas em
diferentes áreas: formadoras, pedagógicas e integradoras e, ainda, as atividades complementares,
focadas em sua totalidade no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. As disciplinas
formadoras são aquelas que compõem o núcleo básico da área de formação, no caso, da área de
Matemática. Como exemplo, citamos Cálculo e Álgebra Linear. As disciplinas pedagógicas
orientam o fazer pedagógico, por exemplo, Teoria e Prática Pedagógica. E as integradoras
oportunizam o vínculo entre as formadoras e pedagógicas, buscando o aprendizado sobre o “ser
professor de matemática”, como Trabalho de Campo e Prática de Ensino de Matemática. De acordo
com Moreira e David, “a hipervalorização da Matemática Acadêmica no processo de formação
estimula o desenvolvimento de concepções e valores distanciados da prática e da cultura escolar,
podendo dificultar a comunicação do professor com os alunos e a própria gestão da matéria em sala
de aula”. (2007, p. 103), por isso, busca-se no decorrer do curso um embasamento teórico sólido,
permeado por uma prática docente voltada para a realidade do aluno e valorizando os novos
recursos disponibilizados na área tecnológica.
Então, como essas disciplinas vêm sendo executadas no CLMD?
O Moodle, o Ambiente Virtual de Aprendizagem disponibilizado pela coordenação do curso aos
professores e alunos, é a nossa sala de aula. Nele estão contidos todos os materiais necessário para a
execução de cada uma das disciplinas, juntamente com o Mediacenter, que é o repositório das vídeo
aulas e o site do curso. Ainda, temos como suporte ao processo de ensino-aprendizagem, a equipe
de tutoria online, a qual será definida na sequência. . Afirmamos, nas palavras de Borba, Malheiros
e Zulatto, que “o ato de aprender não é passivo, e a interação entre alunos e professores nos debates
é fundamental”. (2007, p. 42). Essa é a perspectiva para o andamento do curso, uma troca intensa de
informações e a construção e reconstrução dos diferentes conhecimentos envolvidos.
2.1 O site do CLMD
O CLMD disponibiliza aos acadêmicos o site do curso, http://clmd.ufpel.edu.br/, onde os mesmos
têm acesso às notícias, aos editais, aos eventos, ao AVA e ao Mediacenter, entre outros. Na Figura
1 temos ilustrada a página inicial do site do curso.
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Figura 1: Página inicial do site do CLMD
Fonte: http://clmd.ufpel.edu.br/
Esse site é aberto ao público, podendo ser acessado por qualquer internauta conectado à rede. A
partir dele, então, o aluno desloca-se as outras áreas disponíveis.
2.2 Mediacenter
O Mediacenter é o repositório das vídeo aulas disponibilizadas aos acadêmicos. Os alunos podem
assistir às aulas no próprio computador, como estão acostumados a fazer com os vídeos no You
Tube. Porém, se preferirem, podem fazer o download dos mesmos e salvá-los, posteriormente, em
seu computador pessoal, o que muitas vezes acontece com aqueles que têm acesso a internet
somente no pólo ou no local de trabalho.
A Figura 2 ilustra a tela do Mediacenter, selecionada a disciplina de Matemática Elementar II,
mostrando em ordem os últimos vídeos postados.
Figura 2: Mediacenter
Fonte: http://clmd.ufpel.edu.br/mediacenter/index.php?course=13
Os alunos podem pesquisar os vídeos por disciplina, que atualmente são 29, ou por professor, num
total de 44. A equipe tem como norma gravar as vídeo aulas com, no máximo, 45 minutos de
duração, ficando de acordo com o tempo médio de um período de aula, e sendo acessível para o
download por parte dos acadêmicos.
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2.3 Moodle
O Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle é a sala de aula do estudante. Na sua página
principal encontramos, entre outras coisas, o calendário das atividades, as salas de chat e web
conferência com atendimento on-line dos tutores, o link de cada uma das disciplinas em
desenvolvimento no semestre e a sala dos professores, que é um espaço reservado para o diálogo
entre os professores do CLMD e os professores presenciais dos pólos. Além disso, possui o fórum
geral e o fórum de novidades, e também um link para acesso ao Mediacenter, descrito
anteriormente. A Figura 3 apresenta a tela inicial do Moodle CLMD.
Figura 3: Página inicial do Moodle CLMD
Fonte: http://200.132.97.7/
O Moodle é visto como sendo a porta de entrada da universidade para o aluno de um curso a
distância, pois nele encontrará as informações necessárias sobre seu curso e sobre as disciplinas.
Além disso, encontrará também o material didático para o desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem, as indicações para complementar seus estudos, as tarefas a serem realizadas, enfim,
o suporte necessário para a longa jornada acadêmica. (PHILIPSEN et al, 2006, p. 4).
Entre as vantagens apresentadas por esse ambiente podemos destacar o suporte à utilização da
linguagem Latéx e Texaide, ambas explorando a notação matemática. Tendo estas linguagens
disponíveis no ambiente facilita a forma com que os termos matemáticos são colocados para os
alunos.
Primamos, no AVA Moodle, a interação dos acadêmicos, buscando pela singularidade de cada um,
pois “trocar experiências, compartilhar soluções de problemas propostos, atuar junto não implica
pensar de maneira uniforme. [O Moodle] é um ambiente de contribuição, em que se somam as
individualidades na busca de um benefício coletivo”. (BORBA; MALHEIROS; ZULATTO, 2007,
p. 30).
2.4 A tutoria on-line
A tutoria tem papel fundamental para um curso em EaD. No CLMD, ela ganha destaque por
trabalhar de acordo com as necessidades dos alunos. Nesse foco, o professor tutor é o primeiro
contato do aluno, sendo uma de suas principais funções a integração do estudante ao sistema
acadêmico, além do suporte teórico e técnico, muitas vezes. Moraes coloca que “neste contexto o
papel do professor-tutor deve ser de um integrador, colega, facilitador, inspirador de confiança e
uma pessoa que ajuda o aluno na construção do conhecimento” (2006, p. 1).
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Durante a semana, os alunos têm horários específicos de atendimento, onde o professor tutor tem a
disposição uma lousa digital para a explicação dos conteúdos, o que simplifica a escrita matemática,
ou, então, salas de chat. Cada tutor está vinculado a uma determinada disciplina durante o semestre,
o que facilita ao aluno saber a quem deve se dirigir. Além disso, salientamos que todos os tutores da
área matemática, tanto os presenciais como os à distância, têm, no mínimo, formação em
Licenciatura em Matemática. Os da área pedagógica, formação em Pedagogia, Filosofia ou
Psicologia e, ainda, temos os tutores da área da Física.
Para ter acesso ao atendimento on-line das disciplinas o aluno tem que entrar na sala de web
conferência, disponível pelo ambiente Treina Tom. Cada acadêmico tem seu nome de usuário e
senha, o que permite termos vários alunos conectados com o professor tutor responsável. A Figura 4
ilustra a página de acesso ao ambiente Treina Tom.
Figura 4: Página de acesso ao Treina Tom
Fonte: http://tom.clmd.ufpel.edu.br/pt/login
Cada acesso do professor tutor gera um novo número de evento, o que possibilita o armazenamento
das dúvidas tratadas nesta oportunidade. Quando se dá o acesso, o aluno tem então a seguinte tela,
apresentada na Figura 5.
Figura 5: Tela do Treina Tom
Fonte: http://tom.clmd.ufpel.edu.br/pt/events/”n°evento”
Nesta tela o aluno observa o professor e o escuta através de webcam e microfone, respectivamente.
Além disso, ainda temos disponível o recurso do chat, onde o nosso estudante pode se expressar
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pela escrita, caso haja algum problema com os demais recursos. Isto acaba acontecendo muitas
vezes, pois os acadêmicos acessam a sala por meio de internets de baixa velocidade.
Na Figura 5, anteriormente colocada, observamos na parte de baixo da tela determinados botões, os
quais auxiliam na configuração da sala de web. Primeiro temos os slides, os quais oportunizam ao
professor trazer exercícios e colocá-los aos alunos de forma rápida. Por meio dos botões de vídeo e
som é que liberamos a imagem e o áudio aos graduandos. Em nossa figura, em específico, estão
bloqueados.
Além das ferramentas já citadas para utilizarmos com eficácia o ambiente, ainda temos disponível
como recurso a mesa digitalizadora, que é uma base com sensor que capta o sinal de uma caneta
que a acompanha. A mesa digitalizadora ou tabletes gráficos consistem de uma superfície plana
sobre a qual o utilizador pode "desenhar" uma imagem usando um dispositivo semelhante a uma
caneta, denominado "stylus". A imagem geralmente não aparece no tablete, mas é exibida na tela do
computador3. Este recurso é muito utilizado durante o atendimento, pois lançado um exercício ou
uma dúvida, podemos resolver passo a passo a questão, como se estivéssemos ao seu lado. Na
mesma tela, do lado direto, temos ainda alguns botões que representam figuras geométricas, que
podemos fazer uso em questões que necessitem de desenhos para a melhor compreensão dos dados.
A Figura 6 ilustra o atendimento feito a um acadêmico, abordando o conceito de função quadrática.
Figura 6: Atendimento no Treina Tom
Fonte: http://tom.clmd.ufpel.edu.br/pt/events/”n°evento”
As salas de web conferência nos oferecem condições de estarmos mais próximos de nossos alunos,
permitindo-nos ter uma comunicação síncrona, assim como em uma sala de aula presencial.
Salientamos que, inicialmente o acesso a essa sala era possível somente no pólo; hoje, porém, ela é
de livre acesso, podendo o estudante estar em sua casa ou local de trabalho para acessá-la.
Outra forma de trabalho com os alunos é a lousa digital. Esta consiste de uma caneta especial e
sensores, os quais são presos em um vidro que desempenha a função de quadro negro. Os sensores
determinam a dimensão deste quadro. Esta lousa apresenta duas funções: espaço para a gravação de
vídeo aulas e atendimento aos alunos.
Falando sobre a vídeo aula, sua gravação acontece no estúdio do CLMD. O professor posiciona-se
em um dos lados do quadro, de frente para a câmera. Na lousa são reproduzidos os slides
preparados pelo mestre, com antecedência. Esse material fica a disposição dos alunos no
3 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tablete_grafico
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Mediacenter. Todo o conteúdo teórico é gravado em pequenas aulas, como foi mencionado
anteriormente. Além disso, alguns professores ainda gravam aulas específicas de resolução de
exercícios, o que ajuda na compreensão dos conceitos. Essa idéia é firmada nas palavras de Palloff
e Pratt, os quais colocam que uma das necessidades dos alunos virtuais é que o programa esteja
focado neles, visando atender as suas necessidades educacionais, mediante, ainda, de uma
tecnologia confiável e de fácil navegação (2004, p. 83). Na Figura 7 temos apresentada uma vídeo
aula da disciplina de Matemática Elementar I, com a resolução de exercícios de Geometria
Analítica.
Figura 7: Vídeo aula
Fonte: http://clmd.ufpel.edu.br/mediacenter/view.php?vid=640
Na gravação da vídeo aula, à medida que o professor vai colocando as idéias no quadro, o vidro
parece ir sendo riscado, diferente da mesa digitalizadora que mostra aquilo que foi escrito somente
na tela do computador. Quando as aulas já foram editadas pela equipe de edição do CLMD, elas são
disponibilizadas aos alunos no Mediacenter (Item 2.2). Neste molde também são gravadas e
transmitidas as web conferências, com os dias determinados para cada um dos projetos em
execução, sendo caracterizado como o encontro presencial da semana.
3. Algumas disciplinas e o seu desenvolvimento
A seguir, relatamos algumas das disciplinas já desenvolvidas pelo CLMD e as ferramentas do
Moodle que foram utilizadas, dependendo do enfoque trabalhado e das características das mesmas.
Todas as disciplinas aqui citadas foram desenvolvidas com a nossa participação.
3.1 Matemática Elementar I
A disciplina de Matemática Elementar I (ME I) fez parte do primeiro semestre do curso para o
projeto Pró-Licenciatura I e para os demais projetos está no segundo. Ela aborda os conteúdos de
Conjuntos, Conjuntos Numéricos, Geometria Analítica, Introdução às Funções, Funções Afim e
Quadrática. É uma das disciplinas que compõem o quadro das disciplinas formadoras da área de
Matemática. Sua importância justifica-se pela necessidade de uma revisão de conceitos abordados
no ensino fundamental e médio, bem como o aprofundamento teórico dos mesmos, voltando-os ao
foco da licenciatura.
Quando se inicia qualquer disciplina, espera-se que o aluno possa aprender de forma significativa,
ou seja, relacionar os conteúdos aprendidos com aqueles que já fazem parte de sua estrutura
cognitiva prévia. Para Ausubel, “aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova
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informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou
seja, neste processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, a
qual Ausubel define como conceito subsunçor” (MOREIRA; MASINI, 2001, p. 17).
Para que o acadêmico possa, então, ter sua aprendizagem significativa, é preciso de suporte. Esse
acontece mediante os fatores descritos anteriormente. Mas, vamos detalhar um pouco mais sobre a
utilização do AVA Moodle.
O AVA Moodle, sala de aula do aluno, tem a disposição de docente e discentes uma gama de
ferramentas. Primeiro, possibilita a postagem de diferentes materiais, como arquivos de texto em
Word ou Pdf, além de apresentações em Power Point ou planilhas no Excel.
Dentro do ambiente busca-se alcançar o aluno em suas diferentes necessidades. Há a
disponibilização de fóruns de dúvidas, além do fórum de notícias, este último sob responsabilidade
da equipe docente. Por meio da intervenção dos alunos nos fóruns é que a equipe de professores
percebe onde se encontram algumas dúvidas e, a partir disso, busca saná-las no próprio fórum ou
durante o atendimento nas salas de chat ou web conferências.
Falando sobre as web conferências, cada um dos projeto tem um dia específico para as aulas, onde
os alunos podem reunir-se e questionar os professores sobre o conteúdo. Esse momento é
fundamental, pois na interação há a construção do conhecimento. É importante ter a educação
focada no aluno, pois, nas palavras de Palloff e Pratt, “uma abordagem focada no aluno e
autodirigida baseia-se na crença fundamental de que não podemos ensinar, mas apenas facilitar a
aquisição do conhecimento”. (2004, p. 15, grifos no original).
3.2 Instrumentação para o Ensino de Matemática I
A disciplina de Instrumentação para o Ensino de Matemática I foi desenvolvida com as turmas do
Pró-Lic I, em 2007/2. O objetivo da mesma era discutir os conteúdos e os aspectos metodológicos
de Matemática do Ensino Fundamental e sua importância para o desenvolvimento do raciocínio dos
estudantes. Para tanto, os alunos, no primeiro momento, fizeram a leitura de alguns textos sobre
ensino de Matemática, para discussão em grupo. Esses textos estavam disponíveis para download
no ambiente e tinham os fóruns para a discussão.
Num segundo momento, prepararam uma aula individual para ser apresentada para os colegas. Cada
uma das turmas foi dividida em dois grupos e, os conteúdos abordados foram sorteados, referentes
ao Ensino Fundamental, foco da disciplina. A avaliação dessas aulas foi feita pelos próprios colegas
e também pelos professores tutores do pólo, tanto na área matemática como também pedagógico.
Todas as observações visavam à melhoria de postura, dicção, dinâmica de aula, controle do tempo,
além do domínio dos conteúdos.
Para o final da disciplina os alunos tiveram um momento mais prático, onde puderam vivenciar
Jogos Teatrais. Foi realizado um encontro presencial em cada pólo, explorando jogos de
cooperação, expressão corporal, concentração e também, alguns focados diretamente para os
conteúdos matemáticos. O material teórico ficou disponível no ambiente. Após esse encontro, os
alunos tiveram um mês para se organizarem em grupos, escrever e ensaiar uma peça teatral onde a
matemática se fizesse presente na situação explorada. A apresentação foi realizada no pólo, com
data e horário marcado, onde o professor responsável da disciplina estava presente. A Figura 8
ilustra a apresentação de um dos grupos, no pólo de Turuçu.
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Figura 8: Peça teatral
Fonte: Particular
Nessa disciplina, muito mais prática do que teórica, os alunos de fato pesquisaram, ou seja, eles se
organizaram e ministraram aulas e, posteriormente, se apresentaram para a turma por meio da
linguagem teatral, salientando que para tal, houve muita investigação sobre o assunto que iriam
expor. Nessa fase, o nosso ambiente Moodle teve um papel fundamental de suporte de troca de
arquivos, mensagens de estímulo e cooperação do grupo.
Justificando a utilização do teatro para o ensino, mesmo num curso em EaD, usamos as palavras de
Barbosa e Carmona: “Parece-me que as experiências significativas da vida ficam gravadas em
nossas células e que, se formos devidamente tocados e estimulados, este material pode jorrar como
uma vigorosa e multicolorida cascata, já impregnada de significado no seu impulso original”.
(2004, p. 26).
A fundamentação para a disciplina vem bem nas palavras de Corrêa: “O grande desafio é gerar
materiais que criem desafios cognitivos para os alunos, que promovam atividades significativas de
aprendizagem, enfim, que promovam o desenvolvimento de novas competências necessárias ao
campo da ação.” (2007, p. 11).
3.3 Trabalho de Campo I
A disciplina Trabalho de Campo I aconteceu em 2008/1, também no Pró-Lic I. Ela foi considerada
pelos alunos como o „pré-estágio I‟ dentro do curso. Sua ementa explora questões como o estudo da
realidade do trabalho de professor de matemática no nível do Ensino Fundamental, planejamento de
aulas experimentais de matemática, elaboração do projeto de ensino de matemática no nível do
Ensino Fundamental para executar na disciplina de Prática de Ensino de Matemática I (estágio no
Ensino Fundamental).
As atividades então abordadas buscam suprir essas necessidades. O aluno de fato foi à escola. Ele
questionou, explorou, dialogou com professores, alunos, funcionários e direção da escola onde
pretendia estagiar buscando conhecer a realidade sócio-economica-cultural daquele grupo.
Também, por ser uma disciplina mais prática, o ambiente virtual foi o espaço para troca entre
colegas e, especialmente, espaço de questionamentos aos professores.
Foi nesse momento que a maioria dos acadêmicos percebeu, de fato, qual a realidade do ensino no
Brasil, no estado, em sua cidade, na turma onde iria estagiar. Percebeu que, se pretendesse usar
régua e compasso em suas aulas, a maioria das crianças não possuía o material e, as escolas, muitas
vezes, também não. Que seria preciso improvisar com espaços e materiais para criar e ministrar
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aulas cativantes que fugissem do tradicional, teoria-exemplo-exercícios. Nessa etapa houve a busca
pelo novo, por alternativas, por possibilidades, gerando questionamentos e trocas na disciplina com
a seriedade da responsabilidade de ser professor.
Percebemos, com o finalizar da mesma, que os alunos amadureçam nesse período e, muitos,
acordaram para o fato de estarem num curso de licenciatura, isto é, de formação de professores.
Acredito que, como coloca Freire, houve a “reflexão crítica sobre a prática”. (1996, p. 43).
Procuramos colocar aos acadêmicos que existe uma preocupação diária com sua formação e, que,
sempre que precisarem, terão o apoio docente e da coordenação. Para tanto, nos apoiamos nas
palavras de D‟Ambrósio, as quais nos falam que “sempre guardamos na nossa lembrança a imagem
de um mestre curioso, sempre querendo conhecer mais, e também do mestre amigo, dedicado aos
seus alunos, interessados nos seus problemas.”. (1996, p. 106). O curso é na modalidade EaD, mas
o relacionamento pode e deve atingir os vínculos necessários de afetividade no âmbito acadêmico.
3.4 Prática de Ensino de Matemática I
A disciplina de Prática de Ensino de Matemática I foi ministrada em 2008/2, nos pólos de Canguçu,
Turuçu e Jaguarão. É uma disciplina teórica-prática, ou seja, o estágio em classes de Ensino
Fundamental. O acadêmico exerceu a docência supervisionada, integrando atuação e reflexão.
Através das situações reais da sala de aula o licenciando vivenciou ocasiões que o levaram a
compreender os fenômenos da sala de aula, planejar e avaliar seu método de ensino, desenvolver
suas habilidades como professor e escolher as estratégias mais adequadas ao desenvolvimento
cognitivo de seus alunos.
Durante o estágio supervisionado, o estudante recebeu duas visitas. Essas foram realizadas por um
professor tutor da área matemática e o tutor da área pedagógica. Em cada uma delas, foi preenchida
uma ficha de avaliação, a qual foi apresentada ao acadêmico após o encerramento da aula,
salientando pontos fortes e pontos a melhorar.
Para que o professor responsável da disciplina pudesse, mesmo longe, acompanhar o andamento das
aulas de cada aluno, o mesmo deveria postar no Moodle todos os planos de aula ministrados, com o
prazo máximo de 15 dias após a execução do mesmo. Além disso, era preciso deixar o plano de
ensino sempre atualizado, registrando qualquer mudança que ocorresse.
Salientamos, também, que durante todo o período de estágio os acadêmicos tiveram a disposição o
fórum, para trocar idéias, medos e desafios, além de muitas conversas pelo MSN com o professor
responsável pela disciplina. E, muitas vezes, nessas conversas informais é que as dúvidas e
angústias foram sanadas, fortalecendo o vínculo afetivo entre os envolvidos no processo. O ponto
forte é que os alunos sabiam o que queriam, havia um foco definido. Nesse aspecto, Palloff e Pratt
colocam que “o aluno virtual que estabelece objetivos provavelmente terá sucesso” (2004, p. 100).
E isso, de fato, aconteceu, pois os alunos concluíram com êxito o estágio obrigatório.
Para finalizar a disciplina e registrar o vivenciado, foram redigidos os relatórios de estágio, que
foram entregues na versão impressa, para armazenamento na sede do CLMD, e também, na versão
on-line, pelo Moodle. O resultado dos trabalhos foi satisfatório, especialmente na fala dos próprios
acadêmicos, de acordo com as palavras extraídas de um dos relatórios:
Professor é sem dúvida diferente de ser aluno, é um ator com uma missão especial, deve
cativar e impressionar uma platéia que na maioria das vezes não se comporta como se
estivesse interessada. É em todas as maneiras que o professor ensina, ou seja, na forma
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como se apresenta, na entonação da voz, no carisma, na maneira de escrever no quadro, na
forma como chama a atenção dos seus alunos, na disciplina em sala de aula; sem dúvida
exige toda uma “psicologia‟ para desenvolver esta atividade de “Professor”, que é
apaixonante e por vezes intrigante, pois dependendo do professor e da própria turma ele
pode ter sucesso em uma turma e fracassar em outra. (Aluno Ribeiro, 2008, p. 7)
4. Conclusões
O AVA Moodle, para o CLMD, desempenha um forte elo entre o professor e o aluno. É o link entre
eles, sendo permeado pelos conteúdos estudados e pela interação nos fóruns e no chat. Nas palavras
de Borba, Malheiros e Zulatto,
Acreditamos que o aluno, ao optar por uma formação a distância, terá que assumir grande
responsabilidade pelo seu aprendizado, caracterizada pela autonomia e pela disciplina por
alguns autores, especialmente quando o tempo é flexível. No entanto, consideramos
relevante salientar que o acompanhamento do aluno, especialmente em processos de
formação formal, é fundamental para o seu desenvolvimento. (2007, p. 21).
Assim, mediante os recursos apresentados, e, também, de acordo com o empenho e dedicação de
cada acadêmico, acreditamos numa aprendizagem concreta, construída por meio da interação, da
busca, da troca de informações e apoio mútuo, relacionados num mesmo processo professores
responsáveis pelas disciplinas, professores tutores on-line, professores tutores da sede e
acadêmicos.
5. Referências Bibliográficas
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CORRÊA, Juliane (ORG). Educação a distância: orientações metodológicas. Porto Alegre:
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Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática a Distância. Pelotas:
UFPEL, 2006.