Download - O anjinho que tinha uma asa só
Jorge Parada
O Anjinho que tinha uma asa sóO
Anjinho que tinha uma asa só conta a história de
um anjo que não pode voar porque lhe falta uma
das suas asas . E para conseguir voar começa uma
peregrinação em busca dessa asinha. Maravilhosa!
Em sua peregrinação ele encontra pessoas que também estão à
procura de alguma coisa, em cada um dos personagens do livro
mostra a enorme gama de habilidades e diferenças que ressoam
no leitor de forma aberta e emocionante
Ele tem uma mensagem séria, ideal para a leitura da família, em
escolas e especialmente para as crianças en periodo de formação
educacional.
“- Sabe que nome recebe um anjo a quem lhe falta um asa ?
-Eu não sei. Tambén não sei que nome recebe um menino a quem lhe sobra uma.”
9 788494 179242Jorge Parada
Este livro que você
tem em suas mãos
não é realmente um
livro, mas é um
presente do destino.
Este
no es un libro,
es un regalo
del destino
Este
no es un libro,
es un regalo
del destino
AutorJorge Parada
Direção artisticaJorge Parada
Ilustrações tampa e no interiorPatricia Ballesteros Amat
Tradução ao PortuguêsLelía Wisrak
Pintor Sorolla 2246002 – Valencia – Spaininlibris.es
I.S.B.N. 978-84-941792-4-2
O Anjinho que tinha uma asa sóJorge Parada
Imaginemos que a alma é um belo pássaro e que o nosso
corpo é uma gaiola.
Imaginemos um belo pássaro dentro de uma gaiola e que ele não tenha o seu trino.
De que outra forma poderia ele sentir-se ainda mais preso?
O autor.
Capítulo 1.
O nascimento
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S empre que vejo o ventre de uma futura mãe
compreendo a existência. É porque sinto que na
vida existe uma vida que contém outra vida, como se
fosse um cordão maravilhoso que nos prolonga até a
eternidade.
Quando era criança, imaginava que no interior de um
ventre havia cidades e praças com brinquedos. Quando
imaginei isso, senti que poderia soltar minha pipa e,
bem..., era então um ventre com céu, um sol brilhante
e belas nuvens!
Hoje brinco fora dessa cidade e as nuvens cativam a
minha imaginação. No céu as nuvens ganham todas
as formas possíveis e através delas pode-se imaginar
tudo.
O porquê das nuvens é o porquê deste relato.
Ela, como futura mãe, sentia em seu ventre nuvens
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muito brancas, transparentes e fofas, que tornavam
seu corpo mais leve. Às vezes, em sonhos, temia
que seu ventre se afastasse flutuando como esses
balõezinhos que as crianças levam na mão quando
passeiam pelo parque.
Mas finalmente chegou o momento de deixar ir esse
ser que, a partir de agora, seria de todos!
Seu aparecimento foi como abrir a janela para que a
luz entrasse e mostrasse a sua verdade em todos os
cantos que a escuridão do vazio não deixa ver.
Seus pais necessitavam dele. O bebê queria crescer
feliz com toda a força mágica do amor.
Capítulo 2.
Da raridade à partida
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N aquela manhã, os pais notaram uma raridade
física no menino. Ele tinha em suas costas, no
lado direito, uma saliente corcova recoberta por uma
fina penugem cinza. Impacientes para saber se aquilo
afetaria a vida da criança os pais consultaram médicos
e especialistas de todo o tipo. Apesar disso, nenhum
deles pôde diagnosticar ou indicar um tratamento e,
muito menos, prever a evolução do caso.
Para um pai não existe pior sofrimento do que aquele
causado pela espera de uma possível evolução.
Os pais o protegeram com profundo amor, ocultando a
resignação O senhor Tempo, que não sabe que existe,
agigantou os seus passos e imediatamente a cinzenta
corcova transformou-se numa radiante asa!
Era difícil transportá-lo, dar-lhe cuidado e tantas
outras coisas, bem como suportar as muitas dúvidas.
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A esperança de que aparecesse outra corcova cinza
foi se perdendo com o tempo, como as pequenas
nuvens que se esfumam aos poucos quando o vento as
empurra.
Ângelo de Sorriso Aberto – assim era o seu nome -
escutou, em seu interior, que ventos sopravam e que
essa força empurrava sua nuvem numa direção: o Sul.
Uma noite, enquanto dormia, o céu desses sonhos
indicou-lhe um caminho.
Seria a hora de partir?
E foi numa tarde de primavera que
Ângelo se despediu de amigos
que tanto o amavam. A mãe
sentiu que “desta vez sim
o pequeno balãozinho
de seus sonhos subiria”.
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O pai, resignado pela sua partida, teve dentro do seu
coração a segurança do futuro de seu amado filho.
Sem lágrimas, sorridente, o menino afastou-se do seu
povoado por uma trilha que escolheu como peregrino
em busca do Sul.
Só parava em alguns momentos por causa de uma
ou outra pedra em sua bota. Mas o valor e a nobreza
do seu profundo ser o mantinham altivo, como se o
esforço tivesse tendência a ser perpétuo.
Capítulo 3.
O ancião sem esperança
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D epois de muito andar, chegou ao primeiro
povoado onde encontrou uma pessoa muito
idosa e sem uma das pernas.
Contente com o encontro cumprimentou com gentileza
e amabilidade:
-Como está, senhor?
Com certa indiferença e ironia o ancião lhe respondeu:
-Muito bem, mas um pouco triste, talvez como você...
Desconcertado com a resposta. Ângelo lhe retrucou:
-Por que diz isso?
O ancião baixou o olhar e sorriu, apoiando-se em sua
perna de pau.
-De acordo com que estou vendo você não tem uma
asa.
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Sentindo a ironia do ancião, Ângelo disse:
-Isso não é um problema, porque me dirijo ao Sul, onde
certamente encontrarei minha asa esquerda.
O ancião, com enormes risadas galhofeiras e
gesticulações exageradas, respondeulhe:
-Nunca se recupera algo que se cortou. Eu perdi a
minha perna num desastre, sob a pesada roda de uma
carroça, e não acredito que a recupere mesmo que
viaje à lua.
Ângelo enfatizou com expressão confiante:
-Não perdi a minha asa. Nunca a tive.
O ancião, com voz dura, questionou:
-Como se pode ter um membro só, sem haver perdido
o outro? Como o caolho, o maneta, o perneta sabe que
nome recebe um anjo a quem lhe falta uma asa?
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Ângelo olhou para o ancião e descobriu que ele tinha
os olhos gastos de olhar o lado errado das coisas. Então
lhe respondeu:
-Não sei. Também não sei que nome recebe um menino
a quem lhe sobra uma.
O ancião, incomodado, querendo encerrar a conversa,
disse-lhe:
-Para sabê-lo, terás que descobrir o que você é.
O velho, após uma gargalhada, despediu-se de Ângelo
dizendo:
-Continue para o Sul, porque foi lá que eu perdi a
minha perna.
Ângelo, mesmo incomodado com esse encontro que
lhe deixou um ligeiro sabor amargo, continuou firme
em sua travessia. A vontade de buscar seu caminho lhe
dava a justificativa da existência daquela pessoa anciã
que vivia já sem esperança.
Capítulo 4.
O menino
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D e volta ao seu caminho e sem fadiga. Ângelo
chegou ao segundo povoado. Lá encontrou,
com inesperada alegria, um menino com idade parecida
à sua. Deslumbrado com a branca e radiante asa de
Ângelo, o garoto disse:
-Posso acariciá-la?
Ângelo esticou-a e roçou a mão do menino como
se quisesse tocar os pequenos dedos. O menino,
maravilhado comentou:
-Que macia! E mais suave do que as asas do faisão do
meu tio.
Ângelo, com humildade explicou:
-Parece mais suave, mas as asas são iguais.
O menino, ainda perplexo pelo encontro manifestou:
-Daria tudo para ter uma asa igual.
E Ângelo perguntou:
-O que é que você faria com ela?
O menino, olhando para o céu, afirmou:
-Voaria alto para alcançar lugares longínquos e flutuaria
sobre as nuvens para respirar seu fresco vapor.
Ângelo, sem gestos disse:
-Eu não posso voar. Certamente poderia se
tivesse a outra asa.
O menino, atento à afirmação
replicou:
-Se com uma asa só você não
pode voar que adianta tê-la?
Ângelo, um pouco triste
respondeu:
-Não sei.
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O menino, compadecendo-se dessa situação afirmou:
-Não se preocupe. Eu tenho um olho que não pode
chorar.
Ângelo, intrigado com o comentário, com voz calma
e sem querer feri-lo por sua interferência no assunto
disse:
-Fale sobre o seu olho que não pode chorar.
O menino, respirando com força, contou:
-Quando passo por uma situação triste ou dolorosa,
só o meu olho direito chora. Mas se eu fosse como
você, com uma asa só, e não pudesse voar... choraria
de tristeza, o tempo todo, com ambos os olhos!
Ângelo disse sem angústia:
-Eu não chorei e nem estou triste, pois estou viajando
ao Sul para encontrá-la. Se você quiser me acompanhar
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possivelmente poderá encontrar a lágrima para esse
seu olho.
-Você não se incomoda por ter que suportar a minha
companhia?
Ângelo sorriu, deu-lhe a mão e continuaram pelo
caminho.
Capítulo 5.
A bruxa
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A o entrarem no terceiro povoado, os dois
garotos encontraram uma senhora muito feia,
talvez demasiadamente. Ângelo, com gentileza, dirigiu-
se à senhora e lhe apresentou seu amigo.
-Vamos para o Sul em busca do que nos falta. As lágrimas
do menino e a minha asa.
A senhora, com gestos inexpressivos e movimentos
rápidos, segurou a mão de Ângelo e sussurrou ao seu
ouvido:
-Se você quiser posso transformar o menino em sua
asa esquerda, mas, como ele tem um olho que não pode
chorar provavelmente essa asa não possa voar.
Ângelo se afastou rapidamente sem entender a atitude
da velha e respondeu com rispidez:
-Não trocaria meu amigo por uma asa, mesmo que ela
me permitisse voar!
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A senhora, como uma fera que perdeu a sua presa,
atirou-se sobre o outro menino e, em voz baixa, disse-
lhe:
-Se você quiser, posso transformar teu amigo em
lágrimas para o seu olho, mas como lhe falta uma asa,
talvez essas lágrimas não te deixem ver quando você
chorar.
O menino manifestou seu descontentamento com
ênfase:
-Ângelo é meu amigo e é a única esperança de poder
encontrar minhas lágrimas. Não o trocaria, mesmo que
essas lágrimas me deixassem ver.
A senhora, que na realidade era uma bruxa, desapareceu
num piscar de olhos.
Capítulo 6.
Fantoches vivos
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O s amigos deram suas mãos com força como se
selassem um pacto de amizade fraternal.
Ambos continuaram a viagem, parando, às vezes, para
descansar as pernas e beber água sob uma árvore
frondosa. Assim aliviavam o duro caminho que os
levou ao quarto povoado. Depois de percorrê-lo,
sem encontrar nenhuma pessoa. Ângelo comentou
perplexo:
-Onde estarão todos?
-Talvez tenham partido para o Sul, respondeu o menino
com assombro.Ângelo, com a experiência adquirida
em sua peregrinação comentou:
-O Sul não é para todos, é um lugar diferente e difícil de
chegar, é preciso grande força de vontade, juntamente
com um motivo espiritual que nos permita orientar
essa busca.
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-Nunca soube nada sobre o Sul. Para isso precisei de
você. E as outras pessoas, como poderão saber?
-Talvez seja preciso sentir-se estranho...
-Você quer dizer triste?
-Sentimos tristeza quando nos falta algo importante,
mas se não perdemos nada, a sensação é tão oculta
que não percebemos o sentimento justo.
Compreendendo a resposta, o menino afirmou:
-Tenho certeza de que o meu sentimento, sim, é
tristeza! Quando chove, meu olho dói porque faz força
para poder imitar essas gotas. Mas se elevo meu olhar
e uma pequena gota de chuva penetra no meu olho,
ele respira como as plantas, árvores e flores quando
são tocadas por água fresca. Sinto a necessidade de
que meu olho seja molhado com essa pequena gota
de pranto. Isso faz força dentro do meu peito, porque
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assim posso deixar escapar essa oculta tristeza.
Ângelo, procurando entender o sentimento do menino,
disse-lhe:
-O olho chorão não deixa sua tristeza escapar?
-Um pouco, mas não o suficiente.
De súbito, viram um inesperado cartaz iluminado por
uma forte luz que anunciava o espetáculo dos fantoches
vivos no teatro central.
Apressaram o passo e encontraram uma longa fila
de pessoas esperando para comprar suas entradas.
Provavelmente estavam ali todas as pessoas do
povoado.
O último da fila era um pai que carregava uma doce
menina sobre os ombros. Ângelo com respeito e
cortesia, cumprimentou o homem:
-Boa tarde.
O senhor olhou para os garotos pensando que já não
seria o último da fila e apontou para seus ombros
mostrando-lhes a menina. Ela exclamou:
-Oi, estou muito alta. O meu nome é Rosário!
Sentindo-se na montanha mais alta e protegida pelas
costas de seu pai, ela apontou o menino com o dedinho
indicador e perguntou:
-Quem é ele?
Ângelo com um sorriso, respondeu:
-É um amigo e me
acompanha ao Sul.
O senhor disfarçando
disse-lhe:
-Tão longe! Eu prefiro
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esperar a apresentação do teatro. Certamente será
mais divertida.
-Para reunir tanta gente, o espetáculo deve ser muito
bonito - comentou o menino, admirado.
O pai, olhando para baixo e com certa timidez, não
demorou em responder:
-Não sabemos, pois é a primeira apresentação neste
povoado.
A curiosidade crescia e Ângelo perguntou:
-Faz muito tempo que estão esperando?
O pai, sentindo que tocavam alguma parte de seu corpo
ferido, respondeu:
-Faz vários anos, mas há pessoas que estão aqui há
muito mais tempo. Sou o último da fila porque duvidei
muito, mas finalmente decidi e estou muito contente.
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Darei uma imensa alegria à minha filhinha, aliviando-
lhe o sofrimento, porque ela é especial.
Nasceu impossibilitada de caminhar e a espera em
meus ombros lhe dá segurança.
O menino, querendo ajudar em tudo que fosse possível
ofereceu-lhes compartilhar o caminho que eles tinham
empreendido.
Provavelmente a menina poderia encontrar
alguma solução e assim, evitar a longa espera.
O pai agradeceu:
-Fui o último a decidir. Não posso desperdiçar
todo esse tempo assim simplesmente para
partir. Tenho a certeza de que espero o grande
espetáculo.
Capítulo 7
A professora
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S em olhar para trás, para não se abalarem com o
triste teatro de fantoches despediram-se. Ângelo
apressou o passo e disse:
-Sinto que realmente fomos os únicos a assistir ao
espetáculo e, felizmente, sabemos que o Sul existe.
O garoto, que ficou cativado pela menina, comentou:
-Sinto vontade de continuar contemplando-a, mesmo
se tivesse sido o último daquela longa fila. Se realmente
existir algo depois do Sul, voltarei para ficar ao lado
dela.
Ângelo, que viu nobreza nos sentimentos do menino,
soube com toda a certeza que ele encontraria suas
preciosas lágrimas.
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Continuaram a marcha com frio, chuva e caminhos
alagados, até que entraram no quinto povoado. Lá
encontraram tudo muito limpinho e organizado. Ambos
respiraram um ar conhecido e suas almas encheram-
se de sensações. Subitamente, os amigos ouviram uma
voz:
-Que estão fazendo esses meninos fora da escola em
horário de aula?
Ângelo se surpreendeu:
-Não, senhora. Estamos viajando para o Sul.
-De jeito nenhum!
A mulher colocou uma carteira com duas cadeiras,
objetos escolares e lhes disse que lavassem as mãos. O
menino, tentando defender seu objetivo, explicou:
-Estamos agradecidos, professora, mas o Sul é o nosso
caminho.
Ela, com voz autoritária replicou:
-Ninguém pode impedi-los de seguir esse caminho,
mas primeiro devem aprender a lição.
A professora começou sua explicação dizendo:
-O conhecimento é fundamental para que nos
distingamos na vida.
-Mas professora, já fomos à escola, afirmou Ângelo.
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A professora, com sabedoria, disse:
-Se foram à escola e sabem esta lição, por favor, digam-
me o que é o Sul?
Ambos ficaram atônitos por terem pensado que tinham
realidades diferentes
-Não sei, expressou o menino. Ângelo me disse que é
onde eu poderei encontrar minhas lágrimas e ele, a asa
que lhe falta.
A professora, com voz pausada, falou:
-Sempre sentimos que em algum lugar estão todos
os nossos questionamentos, mas a resposta sempre
está em nós mesmos. O lugar, o Sul, é simbólico, mas
sempre existe quem escolha um caminho correto com
espírito visionário, alegria, dedicação e humildade.
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O Sul que vocês procuram eu o encontrei aqui. Minha
grande satisfação é que agora vocês sabem disso e,
dessa forma, o meu objetivo está cumprido.
Não poderia viver num Sul diferente do meu...
Com olhos eternamente doces e postura autoritária,
ela tocou a campainha:
-Meninos a lição terminou. Guardem suas coisas e
podem ir.
Capítulo 8.
Espetáculo especial
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C om alegria misturada a algumas dúvidas, ambos
prosseguiram a árdua caminhada. Esgotados
fisicamente, os dois amigos chegaram ao sexto
povoado. O local parecia uma grande barraca.
Na porta de entrada estava um senhor muito baixo
com um talão verde na mão. O homem lhes ofereceu
ingressos para “o melhor dos espetáculos”:
-Por favor, tomem as entradas e não as
percam de forma nenhuma. No final dessa
bela apresentação sortearemos dois
fabulosos prêmios.
-Não temos dinheiro para pagar a entrada -
disse Ângelo.
-Não há problema. Vocês são os únicos
expectadores e os mais esperados. Sendo
assim, apressem o passo porque o espetáculo
vai começar.
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Os meninos sentiram grande expectativa. Ao acender
das luzes, um grande cenário surgiu diante deles.
O menino tinha os olhos muito abertos, tanto quanto
sua boca. Uma banda formada por músicos surdos
executavam acordes e melodias tão doces e sutis como
nossos peregrinos jamais esperariam ouvir.
De repente, iluminou-se o centro do cenário. Apareceu
então o mestre de cerimônias, que passou a “comentar”
as proezas que os integrantes iriam realizar.
Os perplexos espectadores entenderam o que o
apresentador queria expressam mesmo sendo ele
mudo. Apenas movimentava as mãos, assinalando tudo
o que queria dizer.
Como podiam escutar se as “palavras” do apresentador
não tinham som? A magia dos gestos expressava o
significado com o sentido dirigido às suas almas.
Em volta do cenário, derramando amor, um grupo de
meninos com traços orientais dançava movimentos
que a velocidade não significa demonstrando, com
doce inteligência.
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Subitamente, uma intensa luz verde-esmeralda enfocou
seu principal ator. Era Mínus, um menino que, com
apenas dois movimentos de cabeça, como os de um
autista, expressava sentimentos de inigualável riqueza.
De cada poro de sua pele emanavam belos sonhos.
Seu olhar e respiração revelavam a clareza de um ser
celestial que agradecia a vida.
Por que as palavras, visões, gestos e movimentos
tinham-se perdido?
Todos eram incapacitados fisicamente, alguns sem
pernas, sem braços, sem olhos, sem voz e outros com
todos esses “detalhes”.
Ao final do espetáculo, o mestre de cerimônias
anunciou que dois bilhetes haviam sido sorteados e
que os ganhadores eram um menino e um meio-anjo.
Os amigos receberam os parabéns por terem ganhado
um “prêmio tão incrível”. Ângelo, que sabia que era
muito mais do que afortunado, perguntou:
-Qual é o prêmio?
Com euforia, disseram que eles seriam os novos
integrantes desse povoado.
-Ângelo, você voará com a sua única asa. E você,
menino, chorará com o seu olho seco.
Ângelo, comovido, expressou o seu agradecimento:
-Todos são fantásticos. Na realidade, estar perto de
vocês é viver o mais maravilhoso dos sonhos. Mas não
nos e possível aceitar, porque estamos em busca do
Sul.
O mestre de cerimônias afirmou:
-Este é o Sul e o oferecemos.
Mas Ângelo, com lágrimas, sensível ao máximo,
expressou o que sentia com um caloroso abraço de
despedida.
Capítulo 9.
A chegada
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Assim começou a mais dura das partidas, um
caminho difícil como os outros, certamente
o mais longo.
-Ângelo, os meus pés estão muito doloridos. Você
poderia carregar-me um pouco?
Ângelo, também exausto, sobretudo por suportar
o tempo todo a carga de sua pesada asa, ajudou
a levantá-lo. O menino, apoiado nesse exemplo,
recuperou sua energia e continuou o caminho com
dedicação. Em determinado momento, eIe disse:
-Eu deveria ter ficado na barraca. Senti uma pequena
lágrima aflorar no meu olho.
Ângelo, comovido, perguntou:
-Você quer voltar?
-Não. Continuarei até o fim. Afinal de contas, quero
muitas lágrimas para o meu olho.
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Depois de algum tempo, chegaram ao
sétimo povoado situado num grande
bosque com árvores frondosas
haviam pequenas cabanas
rodeadas por jardins que
perfumavam o prado com
frescos aromas. Havia
fumaça nas chaminés
das pequenas cabanas.
A primeira pessoa com quem
travaram relações em seu caminho pelo bosque
foi um artista plástico. O homem, contente com
a chegada dos garotos, decidiu mostrar-lhes seu
ateliê.Ângelo, que sentia uma enorme satisfação
por conhecer um artista, preguntou:
-É agradável ser artista?
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-É muito mais do que isso. Sente-se uma grande
emoção, que só flui com as nossas realizações.
No ateliê, o menino olhava tudo e também perguntou:
-Por que ser artista?
O homem, olhando para dentro de si, respondeu:
-São muitas as sensações que minha alma abriga e
que fluem por meio da pintura. Assim posso expressar
todos os sentimentos que não consigo exteriorizar
de nenhuma outra forma. É como se a minha alma
fosse a executora das obras.
De repente, Ângelo encontrou um quadro de grande
beleza. Ao observar a obra, ficou perplexo, absorto e
com uma imensa alegria, afirmou:
-ERA O QUE EU ESTAVA BUSCANDO!
Sem saber, ele havia começado sua longa peregrinação
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para um encontro inesperado.
A pintura, pendurada na parede do ateliê, mostrava
uma bela menina com uma asa no lado esquerdo.
O artista exclamou:
-É minha filha e está aqui! Minhas preces foram
ouvidas.
O homem indicou a Ângelo o caminho por onde
a encontraria, juntando flores e buscando
inspiração para os seus poemas.
Ângelo correu como nunca, de mãos dadas
com o seu companheiro de viagem.
Ao entrarem no bosque, ele a viu.
Estava ali...
Já sem respirar aproximou-se da menina
e segurou-a pela mão. Com um
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inconsciente bater de asas, seguiram em direção ao
céu. Era um céu tão azul como os olhos do menino,
que observava tudo. Diante da majestosa visão, ele
começou a chorar. Do olho, até então seco, brotaram
lágrimas caudalosas, sem parar.
Havia compreendido que o seu olho não chorava
diante da tristeza, e sim diante de uma emotiva e
profunda alegria.
Encontre o seu SUL e encontrará o objetivo de sua vida.
Se algo lhe falta é porque algo lhe sobra. Se isso acontecer encontre com quem compartilhá-lo.
Encontre o seu SUL!
Terminou de ler este livro? Eu quero agradecer a você por
compartilhar esta jornada maravilhosa comigo. Outras histórias
em concurso esperam por você na web do meu autor:
www.jorgeparada.org. Nesta área, você pode entrar em contato
com o Jorge e conhecer todas as suas obras. Há muitas mensagens
esperando por você para descobrir.
Continue recebendo as frases e pensamentos do Jorge através do
facebook.com / jorgeparadaautor onde você sensíveis a outros
leitores que querem compartilhar suas experiências e emoções
depois de ler a minha história.
Jorge e eu queremos convidá-los para voar com a gente. Esta
jornada ainda não acabou ...
Jorge Parada
Este livro foi publicado a 2 de julho de 2013
enquanto uma chuva de penas encheu a cidade.
Jorge Parada
O Anjinho que tinha uma asa sóO
Anjinho que tinha uma asa só conta a história de
um anjo que não pode voar porque lhe falta uma
das suas asas . E para conseguir voar começa uma
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Em sua peregrinação ele encontra pessoas que também estão à
procura de alguma coisa, em cada um dos personagens do livro
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no leitor de forma aberta e emocionante
Ele tem uma mensagem séria, ideal para a leitura da família, em
escolas e especialmente para as crianças en periodo de formação
educacional.
“- Sabe que nome recebe um anjo a quem lhe falta um asa ?
-Eu não sei. Tambén não sei que nome recebe um menino a quem lhe sobra uma.”
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