1
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
AFONSO FERNANDES MATOS NETO LUCAS DOS SANTOS OMENA
O PLANEJAMENTO URBANO E A MOBILIDADE NO TRANSPORTE PÚBLICO: Estudo Comparativo entre BRT e
VLT da cidade de Maceió-AL
MACEIÓ-AL
2019/2
2
AFONSO FERNANDES MATOS NETO LUCAS DOS SANTOS OMENA
O PLANEJAMENTO URBANO E A MOBILIDADE NO TRANSPORTE PÚBLICO: Estudo Comparativo entre BRT e
VLT da cidade de Maceió-AL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil, realizado no Centro Universitário CESMAC, sob a orientação do MSc. Davi Pereira Pradines.
MACEIÓ-AL 2019/2
3
4
REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC SETOR
DE TRATAMENTO TÉCNICO
M425p Matos Neto, Afonso Fernandes
O planejamento urbano e a mobilidade no transporte público: estudo
comparativo entre BRT e VLT da cidade de Maceió - AL / Afonso
Fernandes Matos Neto, Lucas dos Santos Omena – Maceió:
2019. 35 f.: il.
TCC (Graduação em Engenharia Civil) – Centro Universitário
CESMAC, Maceió – AL, 2019.
Orientador: Davi Pereira Pradines.
1. Mobilidade. 2. Planejamento. 3. Indicadores. 4. Maceió. I. Omena,
Lucas dos Santos. II. Pradines, Davi Pereira. III. Título.
CDU: 624
Bibliotecária: Ana Paula de Lima Fragoso Farias – CRB/4 – 2195
5
AGRADECIMENTOS
De Afonso Fernandes:
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
Ao CESMAC, pela oportunidade de fazer o curso.
Ao meu orientador Davi Pradines, pelo suporte no pouco tempo que lhe
coube, pelas suas correções e incentivos.
À Prof.ª Anne Dayse Soares pelo paciente trabalho de revisão da redação.
Aos meus pais, José Alberto Fernandes de Oliveira e Maria Auxiliadora Lima
Bezerra, e ao meu irmão, Alberton Lima Fernandes de Oliveira, pelo amor, incentivo
e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o
meu muito obrigado.
De Lucas Omena:
Primeiramente agradeço a Deus por permitir que eu vivesse este momento.
A esta instituição pelo excelente ambiente oferecido aos seus alunos.
Agradeço à Prof.ª Anne Dayse Soares, por toda orientação e ajuda que me
foram dadas.
Agradeço ao meu orientador, Davi Pradines, pela paciência, dedicação e
ensinamentos que possibilitaram que eu realizasse este trabalho.
Agradeço de forma especial ao meu pai, Carlos Omena, e à minha mãe,
Maria Salete dos Santos, por não medirem esforços para que eu pudesse levar
meus estudos adiante.
Agradeço ao meu irmão, Bruno Omena, e aos meus amigos, por confiarem
em mim e estarem ao meu lado em todos os momentos da vida.
6
O PLANEJAMENTO URBANO E A MOBILIDADE NO TRANSPORTE PÚBLICO: Estudo Comparativo entre BRT e VLT da cidade de Maceió - AL
URBAN PLANNING AND MOBILITY IN PUBLIC TRANSPORT: Study between
BRT and VLT of the city of Maceió - AL
Afonso Fernandes Matos Neto Graduando do Curso de Engenharia Civil
Lucas dos Santos Omena Graduando do Curso de Engenharia Civil
Davi Pereira Pradines Especialista
RESUMO
A necessidade de determinar uma caracterização e diretrizes de mobilidade urbana, tal como o acompanhamento dos componentes que caracterizam o ambiente urbano é evidente, conforme o aumento das dificuldades de locomoção da população. Este trabalho teve como objetivo principal identificar os indicadores de mobilidade urbana para a cidade de Maceió - AL, onde foi analisado o cenário atual através de uma revisão bibliográfica e dados fornecidos pela SMTT e SETRAND para traçar um comparativo dos modais de transporte que se enquadre melhor nas características da cidade oferecendo um transporte de qualidade e eficiente. O estudo em geral busca contribuir para uma compreensão mais ampla do quadro atual da mobilidade urbana em Maceió - AL, mostrando a realidade vivida pela população da cidade, com o intuito de desenvolver projetos para mobilidade.
PALAVRAS-CHAVE: Mobilidade. Planejamento. Indicadores. Maceió.
ABSTRACT
The need to determine a characterization and guidelines of urban mobility, as well as the monitoring of the components that characterize the urban environment is evident, as the population's mobility difficulties increase. The main objective of this work was to identify urban mobility indicators for the city of Maceió - AL, where the current scenario was analyzed through a bibliographic review and data provided by SMTT and SETRAND to draw a comparison of the transport modes that best fits. in the characteristics of the city offering a quality and efficient transportation. The study in general seeks to contribute to a broader understanding of the current picture of urban mobility in Maceió - AL, showing the reality lived by the population of the city, with the intention of developing projects for mobility.
KEY-WORDS: Mobility. Planning. Indicators. Maceió.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
1.1 Considerações Iniciais ...................................................................................... 11
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 13
1.2.1 Objetivos Específicos ...................................................................................... 13
2 MOBILIDADE URBANA ........................................................................................ 14
2.1 Atuais Condições da Mobilidade Urbana no Brasil ........................................ 14
2.2 Indicadores de Mobilidade Urbana em Maceió ............................................... 15
2.3 Indicadores de Mortes no Trânsito .................................................................. 19
2.4 Transporte Coletivo Alternativo ....................................................................... 21
2.4.1 BRT (Bus Rapid Transit) .................................................................................. 21
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 23
4 CONDIÇÕES DO TRANSPORTE COLETIVO DE MACEIÓ ................................. 24
4.1 Informações sobre transporte coletivo .......................................................... 24
4.2 Modal por ônibus municipal ............................................................................ 24
4.3 Sistema viário atual .......................................................................................... 29
5. Análise comparativa do transporte coletivo .................................................... 31
5.1 Principais características dos transportes públicos ..................................... 31
5.2 Quadro resumo de comparação ...................................................................... 34
6. Conclusões .......................................................................................................... 36
6.1 Conclusões principais ...................................................................................... 36
6.2 Desenvolvimentos futuros ............................................................................... 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
8
LISTA DE FIGURA
Figura 1 BRT – Nantes/França .................................................................................................. 22
Figura 2 Desenho esquemático do sistema viário e sua hierarquia ........................ 30
Figura 3 Eixo viário Fernandes Limas e Durval de Goes Monteiro .......................... 30
9
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1 Distribuição da frota de veículos motorizados no Brasil e em
Maceió.................................................................................................................................................17
Gráfico 2 Evolução da frota motorizada e da população de Maceió ....................... 18
Gráfico 3 Mortes no Trânsito no Brasil entre 2000 e 2010 ....................................... 20
Gráfico 4 Notas Indicador Mortes no Trânsito ......................................................... 21
Gráfico 5 Demonstrativo do aumento das passagens por ônibus em Maceió.............25
10
LISTA DE TABELA
Tabela 1 Características das linhas municipais – Cidade de Maceió ....................... 26
Tabela 2 Características das linhas municipais – Real Alagoas ............................... 27
Tabela 3 Características das linhas municipais – São Francisco ............................. 28
Tabela 4 Características das linhas municipais – Veleiro ......................................... 29
Tabela 5 Característica técnica do transporte coletivo ............................................. 32
Tabela 6 Tempo de deslocamento por tipo de modal ............................................... 33
Tabela 7 Prazo de execução e custo de implantação ............................................... 34
Tabela 8 Quadro de resumo comparação dos sistemas de transporte ..................... 35
11
1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Iniciais
Entende-se por mobilidade urbana como a condição que permite o
deslocamento das pessoas e cargas em uma cidade, isso é, a forma e os meios
utilizados pelos habitantes para se locomover dentro do perímetro urbano para
satisfazerem suas necessidades de trabalho, lazer e consumo, seja ele por
transporte individual, coletivo ou alternativo. De acordo com estudos a mobilidade
significa “a facilidade para se deslocar” e tais deslocamentos são realizados
através de transportes por infraestruturas que possibilitam as pessoas ir e vir em
seu cotidiano. Mobilidade urbana vai além dos problemas enfrentados pelo
transporte e trânsito, é o planejar dos deslocamentos pelas cidades para garantir a
livre circulação das pessoas a partir de suas necessidades.
O Brasil, atualmente, vem enfrentando um grande desafio para melhorar a
mobilidade urbana em âmbito nacional. O crescente número de automóveis
individuais vem promovendo um aumento excessivo do trânsito, no qual, isso
dificulta a locomoção dentro das grandes cidades, principalmente nas áreas que
concentram a economia. A falta de investimentos em infraestruturas, planejamentos
urbanos e a baixa qualidade do transporte público contribuíram para o aumento de
veículos no trânsito, tornando cada vez mais frequente os problemas enfrentados no
cotidiano como os engarrafamentos, lentidão e o estresse fazendo com que a
experiência do condutor seja algo cansativo e desgastante.
Outro aspecto a se considerar que contribuiu para agravar os problemas que
enfrenta-se atualmente no Brasil no setor de mobilidade urbana é a nossa herança
histórica na insistência à política rodoviarista no país deixando de lado
investimentos em outros tipos de transportes como, por exemplo, o transporte
ferroviário. Com isso pode-se afirmar que a política na utilização de veículos
pesados, como os caminhões para os transportes de produtos, aumentou sua
circulação dentro do perímetro urbano dificultando ainda mais a fluidez do trânsito
nas grandes cidades.
O investimento em infraestrutura não é o único problema da mobilidade
urbana em nosso país. É necessária a criação de projetos de mobilidade urbana de
acordo com o desenvolvimento da cidade visando sempre o fator econômico e
social de uma sociedade já que esses fatores estão diretamente associados à
12
facilidade de transporte de passageiros e cargas. Vendo que o número de veículos
aumenta a cada dia nas ruas, se faz necessário desestimular o uso do veículo
particular e alimentar o sistema de transporte público.
Quando se fala de transporte público coletivo o Brasil deixa a desejar. Na sua
maioria das vezes não conseguindo atender a demanda necessária da população.
Fazendo com que aconteça uma migração do transporte coletivo para o transporte
privado. O aumento da procura da população ao transporte privado também está
relacionado com a melhoria de renda das classes média e baixa, bem como os
incentivos promovidos pelo governo federal. Quando se há uma melhora na
utilização do transporte público, o resultado é melhora os congestionamentos,
poluição, acidentes e outras adversidades que afligem as cidades modernas.
Conforme Sousa (2014):
Quando você melhora muito o sistema de transporte público, vai desestimular o uso do carro. Para abrir espaço para BRTs, corredores de ônibus, alargar as calçadas e fazer ciclovias, você vai ter que retirar espaço dos automóveis e restringir o horário que eles podem circular.
Em Maceió, o trânsito se tornou um assunto relevante em discussões atuais.
A ausência de infraestrutura e de projetos para a mobilidade urbana da cidade junto
com o aumento do número de veículos em tráfego gerou o caos na mobilidade da
capital. Soluções temporárias vêm sendo feitas pela prefeitura, como por exemplo o
corredor exclusivo de ônibus “ faixa azul”, porém é necessário um projeto mais
completo e definitivo para toda a cidade.
Este estudo propõe analisar a qualidade da mobilidade urbana pelo sistema
de ônibus na av. Fernandes Lima a av. Durval de Goes Monteiro na cidade de
Maceió, mostrando a atual situação, bem como buscar soluções mais eficientes que
possam ser adotadas para atender a necessidade da população.
Desse modo, procura-se analisar o sistema de mobilidade urbana atual e
suas expectativas futuras na cidade de Maceió e verificar a sua contribuição para a
melhoria econômica, social e ambiental.
13
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar o sistema de mobilidade urbana por ônibus na avenida Fernandes
Lima a avenida Durval de Goes Monteiro na cidade de Maceió, através do estudo
dos indicadores que demostram a qualidade e a eficiência desse sistema, obtendo
dados antigos e atuais, que possam determinar o impacto desse sistema de
mobilidade na qualidade de vida da população, no meio ambiente e na economia
local.
1.2.2 Objetivos Específicos
Identificar possíveis deficiências no sistema de mobilidade urbana
na principal avenida da cidade.
Analisar possíveis projetos de mobilidade urbana na avenida
Fernandes Lima a av. Durval de Goes Monteiro, como o projeto VLT e
mostrar as melhorias que ele pode trazer.
Fazer comparativos dos modais de transporte público e determinar
qual melhor se enquadra em Maceió
Trazer soluções eficientes para a mobilidade urbana da cidade.
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Atuais Condições da Mobilidade Urbana no Brasil
Nos últimos anos, vem havendo um aumento na discussão sobre a
mobilidade urbana no Brasil, sendo que grande parte das cidades do país vem se
deparando com dificuldades de locomoção que impossibilita o ir e vir das pessoas ao
longo dos dias.
De acordo com Vasconcellos (2010), da forma como a urbanização e
industrialização se arranjaram, o sistema político-econômico “recolocou pessoas em
ambientes urbanos nos quais elas passam a necessitar de transporte público
regular. Este processo aumentou as dimensões das cidades, fazendo crescer as
distâncias e a necessidade de transporte público para as pessoas [...] a forma como
a indústria automobilística se constituiu possibilitou o início da oferta regular e mais
acessível de veículos de transporte individual, que passaram a disputar o mercado
com o transporte público” (p.74).
As oportunidades oferecidas pelos grandes centros urbanos e o grande sonho
de melhoria de vida, atraiu a população do campo para as cidades fazendo com que
elas crescessem significativamente, porém de forma desordenada. Com esse
crescimento havia a necessidade de locomoção dos habitantes para realizar suas
atividades diárias fazendo que houvesse a obrigação da utilização do transporte,
seja ele público ou privado.
A falta de planejamento adequado e investimentos acarretam em uma
péssima estrutura de transportes, e consequentemente prejudica a qualidade de vida
da população. O planejamento do transporte é muito importante em um município,
pois um bom setor de transporte traz consigo o desenvolvimento da sociedade e da
cidade. O professor Archimedes Raia Junior, docente do Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos afirma que:
“O grau de desenvolvimento de uma sociedade está diretamente associado ao grau de qualidade do seu sistema de transporte. A sociedade como um todo necessita de mobilidade de pessoas e insumos para o seu funcionamento” (AZEVEDO; ARCHIMEDES, 2013).
Diante dessa importância, diversos estudos são realizados a fim de entender
a realidade dos transportes nas cidades, aplicando políticas que se adéquem ao dia
15
a dia da população e transformem o cenário desfavorável, beneficiando assim a
população com essa melhoria.
As políticas de mobilidade urbana adotadas nas cidades muitas vezes são
falhas, é imprescindível a adoção de políticas que permitam a população se
deslocarem por meios confortáveis, seguros, eficientes e de baixo custo. Os
sistemas de transportes adotados se mostram cada vez menos eficazes, gerando
congestionamento nas vias por toda a cidade.
“A política de mobilidade urbana tem, deste modo, objeto mais amplo que os serviços de transportes urbanos: trata-se, na verdade, da relação dos deslocamentos de pessoas e bens com a própria cidade e de seu planejamento para o desenvolvimento de suas funções sociais, proporcionando o acesso universal dos cidadãos às oportunidades que a vida urbana oferece”(IPEA, 2010).
Uma boa mobilidade é resultado de um planejamento adequado e da
utilização de variados meios de transportes. Isso depende da utilização de políticas
públicas eficientes. Contudo, quando se trata de transporte público essa não é a
realidade. Diante desse problema a gestão pública buscou novos meios de
transportes. Formas mais sustentáveis foram difundidas no conceito de mobilidade,
surgindo assim a necessidade da utilização do espaço urbano de forma eficiente e
dinâmica, com o objetivo de diminuir os impactos negativos.
2.2 Indicadores de Mobilidade Urbana em Maceió
Nesse capítulo será realizado um diagnóstico da mobilidade urbana de
Maceió - AL, analisando os indicadores propostos, através de dados obtidos em
alguns órgãos públicos. Os indicadores buscam refletir a atual situação da
mobilidade urbana na cidade, mostrando como eles afetam diretamente sua
população.
Segundo Costa (2003) apud Sorratini et al (2011) indicadores atuam como
ferramentas que reduzem uma quantidade de informação a um número menor de
parâmetros para análise e tomada de decisão. Transformam conceitos abstratos e
difíceis de serem avaliados em conceitos operacionais e mensuráveis, fornecendo
uma informação sucinta sobre um fenômeno específico. Sua utilização permite
16
revelar condições e tendências, apontando deficiências ou áreas que necessitam de
intervenção.
Os indicadores escolhidos para este estudo podem fornecer dados que
permitam avaliar a mobilidade urbana da cidade. Desse modo, eles foram escolhidos
com os seguintes objetivos:
Reduzir a necessidade de viagens motorizadas;
Favorecer os deslocamentos por modos de transportes coletivos e não
motorizados;
Proporcionar mobilidade às pessoas com deficiência;
Tornar o transporte coletivo acessível a todos os cidadãos;
Promover a utilização de fontes energéticas renováveis no setor de
transportes.
O sistema de transporte público em Maceió atende a cerca de 350 mil
passageiros diariamente. Uma parte da frota é antiga, mas já existem muitos
veículos equipados com ar-condicionado, veículos articulados, além de uma parcela
da frota ser dotada de mecanismos de acessibilidade para deficientes físicos. Existe
um sistema semi-integrado de transporte rodoviário urbano, embora mal estruturado,
com a existência de poucos terminais de integração – que possibilitam a utilização
de dois ônibus com o pagamento de apenas uma tarifa. O sistema de transporte
coletivo rodoviário urbano e metropolitano ainda carece de organização operacional
e integração, inclusive tarifária, o que leva muitos usuários a queixarem-se da falta
de melhores condições dos ônibus em circulação, dos itinerários mais adequados e
horários mais bem definidos.
O sistema de trens urbanos de Maceió compõe o projeto “Trem Padrão
Nacional” do Governo Federal, que propõe a implantação de um sistema de Veículos
Leves sobre Trilhos (VLT’s) para a cidade, por possuir demanda de transporte de
média capacidade e atender às necessidades específicas por trens regionais e
turísticos, propondo-se integrar a rede de transporte da região metropolitana.
Dentre os meios de transportes, o mais difundido e cobiçado na capital é o
automóvel particular, como na maior parte das cidades brasileiras. A frota de Maceió
17
já é maior que a média nacional (Gráfico 1), com um número maior que 60% do
volume total de veículos.
Gráfico 1 - Distribuição da frota de veículos motorizados no Brasil e em Maceió. IBGE 2016
Observando-se a evolução do crescimento da frota de veículos motorizados e
da população da cidade de Maceió - no período de 30 anos, pode-se notar pelo
60,3%
2,5%
0,4%
7,0%
4,1%
0,4%
21,9%
1,4%
0,7%
0,0%
1,3%
56,3%
2,9%
0,7%
7,5%
3,3%
0,4%
23,0%
4,4%
0,7%
0,0%
0,8%
AUTOMÓVEIS
CAMINHÕES
CAMINHÕES - TRATOR
CAMINHONETES
Caminhonetas
MICRO - ÔNIBUS
MOTOCICLETAS
MOTONETAS
ÔNIBUS
TRATORES
Utilitários
FROTA BRASIL
Brasil Maceió
18
Gráfico 2 que o maior aumento ocorreu entre os anos de 2000 a 2010. A população
cresceu de forma proporcionalmente distribuída nas três décadas. De acordo com
dados do DETRAN/AL (2010), a frota de veículos da capital cresceu 181% apenas
no período de 1991 a 2010 (gráfico 2), ao passo que a população cresceu 48,26%,
no mesmo período.
Gráfico 2: Evolução da frota motorizada e da população de Maceió. Fonte: Dados do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN/AL, 2010.
Tais valores podem ser considerados catastróficos à vida na cidade quando
não associados a um desenvolvimento do transporte coletivo público e não
motorizado. Os automóveis e as motos poluem, reduzem a afabilidade dos bairros e
prejudicam o meio ambiente.
De acordo com Illich (2004) com o uso desordenado de veículos motorizados,
além de energia, é consumido o tempo de todos os usuários do sistema e o espaço
da cidade. O espaço da cidade é considerado o prejuízo mais relevante, pois é um
dano coletivo muitas vezes irreversível.
O conhecimento desses indicadores demonstra a situação atual das cidades
em relação a mobilidade urbana, acessibilidade e infraestrutura e permite a análise
19
para execução de projetos que tragam melhorias nesses quesitos para as cidades.
Tais projetos permitem ver as dificuldades da população para se locomover sem
estrutura adequada, os preços altos que são pagos por transportes públicos e outros
fatores que demonstram a realidade do dia a dia da população de cada cidade. Tais
indicadores servem como ferramentas para o estudo de futuras melhorias.
2.3 Indicador Mortes no Trânsito
O indicador mortes no trânsito representa as mortes a cada 100 mil habitantes
que ocorreram na cidade, decorrentes de acidentes no trânsito. O Brasil é o quarto
país no mundo com maior número de mortes no trânsito, só está atrás de China,
Índia e Nigéria. Em 2016 o Brasil apresentou uma taxa de 23,4 mortes para cada
100 mil habitantes.
O aumento das mortes no trânsito está diretamente ligado ao aumento da
frota de veículos. Com o aumento do número de veículos nas ruas, aumenta a
probabilidade de ocorrerem acidentes. Segundo o mapa da violência, em Maceió o
número de mortes no trânsito teve um aumento de mais de 41% entre os anos de
2000 e 2010 (Gráfico 3), e durante o mesmo período a frota de veículos cresceu
cerca de 119%. Além disto, outros fatores que também agravam esse indicador são
as péssimas condições da infraestrutura relacionada ao transporte, a falta de
manutenção da infraestrutura viária, a ausência de fiscalização eficiente e educada,
e até melhores condições de socorro e atendimento médico-hospitalar aos
acidentados.
20
Gráfico 3 - Mortes no Trânsito no Brasil entre 2000 e 2010. Fonte: Mapa da Violência, 2016.
No que pertine a mortes de trânsito, a cidade de Maceió - AL está acima da
média nacional. Após alguns anos de estabilidade no número de mortes, segundo
dados do Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM), entre os anos de 2010 e
2015 Maceió apresentou uma queda no número de mortes, resultado da efetiva
aplicação da Lei Seca imposta em 2008 e sua fiscalização. Desde então tem sido
cada vez mais intensificada a fiscalização, acarretando a redução significativa dos
acidentes com automóveis e dos atropelamentos. Entretanto, o número de acidentes
envolvendo motociclistas não apresentaram uma redução tão satisfatória.
Vias que apresentam um grande fluxo de veículos como a Avenida Durval de
Goés Monteiro e a Avenida Menino Marcelo em Maceió - AL, chamam a atenção por
registrarem uma alta taxa de acidentes e, consequentemente, são as que mais
sediam mortes decorrentes de acidentes no trânsito. Em algumas vias a fiscalização
eletrônica foi implantada com o objetivo de reduzir o número de acidentes no
trânsito. Com isso, Maceió – AL apresentou uma taxa de 21,27 mortes no trânsito
por 100 mil habitantes, um pouco acima da média nacional, mas, assim como todo o
país, vêm apresentando uma redução no número de acidentes de trânsito e de
mortes causadas por eles. Maceió obteve nota 6,9 para esse indicador (Gráfico 4),
28995
30524
32753 33139
35105 35994 36367
37407 38273
37594
40989
25000
27000
29000
31000
33000
35000
37000
39000
41000
43000
2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0
N°
DE
MO
RTE
S
21
sendo a quarta cidade brasileira mais violenta no trânsito. Não é uma nota
satisfatória, por isso o governo municipal precisa buscar soluções eficazes para
promover uma melhor segurança no trânsito.
Gráfico 4 – Notas Indicador Mortes no Trânsito. Fonte: Mobilize Brasil (2011) e Mapa da Violência (2013)
2.4 Transporte coletivo alternativo
2.4.1 BRT (Bus Rapid Trasit)
Bus Rapid Transit (BRT) se caracteriza por ser um transporte rápido de
passageiros que apresenta a qualidade do transporte ferroviário e a flexibilidade do
sistema de ônibus (Wright e Hook, 2007).
Como citado a cima, o BRT é um tipo de sistema de transporte público de
passageiros por ônibus de grande capacidade que possui o objetivo de melhorar a
6,9
10,0
6,1
5,7
5,4
9,3
9,3
9,3
0,0
10,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Maceió
Rio de Janeiro
Curitiba
Brasília
Belo Horizonte
Salvador
Natal
Porto Alegre
Cuiabá
São Paulo
22
qualidade do sistema e diminui o congestionamento do tráfego nas grandes cidades,
ocasionado pela grande quantidade de transporte particular e o excesso de ônibus.
O BRT combina a capacidade e a velocidade do transporte ferroviário e a
simplicidade e baixo custo de um sistema de ônibus. Esse tipo de sistema de
transporte público opera por uma faixa de rodagem exclusiva possuindo um
alinhamento no centro da via, estação nivelada com o BRT, cobrança fora do
transporte e prioridade nos cruzamentos para assim agilizar todo o deslocamento.
Figura 1. BRT – Nantes/França Fonte: Ministério da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável, e da Energia. (2012).
23
3 METODOLOGIA
A pesquisa apresentada teve como principal objetivo analisar o sistema
de mobilidade urbana por ônibus nas duas maiores avenidas de Maceió. Com esse
intuito, foram analisados alguns indicadores de mobilidade urbana da cidade: o
desenvolvimento de um sistema de VLT e BRT na Fernandes Lima e Durval de
Góes Monteiro; mortes em acidentes de trânsito (por 100 mil habitantes); extensão
de vias para a melhoria do trânsito; razão entre a renda média mensal e a tarifa
simples de ônibus urbano; razão entre o número de viagens por modos individuais
motorizados de transporte e o número total de viagens.
Os dados necessários para a realização da pesquisa foram obtidos
através dos seguintes órgãos: DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito),
SETRAND (Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano), SMTT
(Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito) e SMCCU (Superintendência
Municipal de Controle e Convívio Urbano). Com a obtenção desses dados, foi
feita uma análise da mobilidade urbana da cidade em um determinado
período de tempo. Também foi estudado o desenvolvimento da cidade ao longo
dos anos com a média obtida de cada ano através dos indicadores.
Através desses resultados, foram estudadas as deficiências do sistema de
mobilidade urbana da cidade, e foram colocados em destaque os principais
problemas e as consequências que são geradas, afetando diretamente a qualidade
de vida da população.
24
4. CONDIÇÕES DO TRANSPORTE COLETIVO EM MACEIÓ
4.1. Informações sobre transporte coletivo Na esfera dos levantamentos iniciais, foram obtidas informações e dados
sobre os modais de transporte urbano atualmente em atividade, observando todos
os serviços e infraestruturas tanto para os sistemas sobre pneus como sobre trilhos.
O levantamento relativo ao sistema de transporte coletivo e os dados sobre o
sistema de transporte municipal de Maceió sobre oferta e demanda das linhas
municipais, foram adquiridas através da SMTT (Superintendência Municipal de
Transporte e Trânsito) e SETRAND (Secretaria de Estado de Transporte e
Desenvolvimento Urbano).
4.2. Modal por ônibus municipal As atividades prestadas pelo transporte coletivo do município de Maceió têm
como órgão regulador a SMTT – Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de
Maceió, responsável pela autorização e fiscalização dos serviços prestados.
Segundo os dados adquiridos, o serviço prestado por ônibus dentro da cidade
de Maceió conta atualmente com 106 linhas (classificadas entre convencionais e
corujões). Estas linhas de ônibus realizam 3.753 viagens diárias com uma demanda
no dia útil de 323.326 passageiros, com uma frota em atividade de 670 veículos.
Além dos dados de demanda foi fornecida para cada linha do sistema a
Ordem de Serviço Operacional (OSO), a descrição do itinerário e seu respectivo
quadro horário. Desta maneira, configurando a caracterização da oferta de
transporte municipal sobre pneus.
O valor da passagem por ônibus de Maceió passou a ser de R$3,65 em
fevereiro de 2018. Já com relação aos valores das tarifas nos anos anteriores podem
ser observada no gráfico 5.
25
Gráfico 5. Demonstrativo do aumento das passagens por ônibus em Maceió.
Fonte: Preparado pelo autor.
Foi cedida as informações da existência de três terminais de integração para
as linhas de ônibus municipais, a saber: Terminal Rotary, Terminal Colina dos
Eucaliptos, Terminal Benedito Bentes.
Conforme foi disponibilizado pela SMTT ( Secretaria Municipal de Transporte
e Trânsito) em relação aos itinerários das linhas, assim como o próprio fluxo da
cidade, está organizado seguindo três corredores principais no sentido Norte e Sul,
quais sejam:
Corredor da Avenida Fernandes Lima - Formado pelos eixos das avenidas
Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima, desde a rotatória do posto da
PMR (Polícia Militar Rodoviária) até a Praça do Centenário;
Corredor da Avenida Menino Marcelo (Via Expressa) - Formado pelo eixo
da Avenida Menino Marcelo a partir da Avenida Cachoeira do Meirim (acesso
ao Conjunto Benedito Bentes), Avenida Juca Sampaio, seguindo pela Avenida
Cleto Campelo até a diretriz da Avenida Governador Afrânio Lages. Este
Corredor se articula com o Corredor da Avenida Fernandes Lima através do
eixo viário da Avenida Rotary.
26
Corredor Bebedouro - Na área de influência da linha férrea tendo como
diretriz principal o eixo viário da Avenida Major Cícero de Gomes Monteiro.
As linhas que atendem estes corredores têm como destino final a região
Central / Farol, e as regiões sudoeste (Pontal da Barra, Prado e Trapiche) e sudeste
(Poço, Mangabeiras e Ponta Verde). Estas regiões sudeste e sudoeste da cidade, na
região baixa de Maceió são acessados através dos eixos transversais das avenidas
Governador Afrânio Lages (Av. Leste Oeste) e Avenida Siqueira Campos.
Como o destino de grande parte das linhas se concentra na área central,
existe uma sobreposição de itinerários, principalmente no corredor Fernandes Lima,
provocando congestionamentos na área central e nas vias que dão acesso ao
centro, reduzindo a velocidade média dos veículos. Em Fevereiro de 2014, a SMTT
iniciou a marcação de faixas exclusivas à direita para o transporte coletivo ao longo
da extensão da Av. Fernandes Lima e Av. Durval de Góes Monteiro no intuito de
aumentar a velocidade do transporte coletivo. A grande maioria das linhas do
sistema atual possui caráter radial e operam como circulares com ponto de controle
apenas no bairro.
As tabelas 1,2,3,4 demostram a realidade atual para cada linha de ônibus que
opera o sistema municipal agrupada por empresa.
Tabela 1 - Características das linhas municipais – Empresa Cidade de Maceió
Fonte: SMTT - Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió
27
Tabela 2 - Características das linhas municipais – Empresa Real
Fonte: SMTT - Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió
28
Tabela 3 - Características das linhas municipais – Empresa São Francisco
Fonte: SMTT - Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió
29
Tabela 4 - Características das linhas municipais – Empresa Veleiro
Fonte: SMTT - Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió
4.3. Sistema viário atual Conforme disponibilizado pela SMTT (Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito)
as informações referente a classificação e hierarquização do sistema viário de
Maceió. Esta classificação se suporta nos seguintes conceitos:
Via de Trânsito Rápido - É aquela caracterizada por acessos especiais com
trânsito livre sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes
lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.
Via Arterial - É aquela caracterizada por interseções em nível geralmente
controladas por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros, às vias
secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.
Via Coletora - É aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha
necessidade de entrar e sair das vias de trânsito rápido ou arteriais,
possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.
Via Local - É aquela caracterizada por interseções em nível não
semaforizada destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas.
30
A figura a seguir ilustra o desenho esquemático do sistema viário e sua hierarquia.
Figura 2. Desenho esquemático do sistema viário e sua hierarquia.
Fonte: SMTT - Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió
Figura 3. Eixo viário Fernandes Limas e Durval de Goes Monteiro.
31
Fonte: SETRAND – Secretaria de Estado de Transporte e Desenvolvimento Urbano
5. ANALÍSE COMPARATIVA DO TRANSPORTE COLETIVO
Cada sistema de transporte apresenta vantagens e desvantagens
relativamente aos custos, desempenho e condições, as quais desempenham um
papel primordial na escolha do modal. Diante disso, uma análise comparativa dos
diferentes sistemas assume um papel fundamental uma vez que cada um apresenta
características que os tornam mais adequados a uma determinada realidade.
5.1 Principais características dos transportes públicos
A configuração das cidades é um dos fatores que determina qual será a
opção de transporte público urbano, mais favorável aos deslocamentos de seus
habitantes. A mobilidade das pessoas no meio é o que possibilita a chegada aos
destinos almejados, quanto menor o tempo gasto nestes deslocamentos, aliado à
qualidade do serviço prestado pelo sistema de transporte, melhor é a qualidade de
vida dos cidadãos. Porém, a forma como a cidade é planejada e gerida interfere
diretamente na forma e no tempo que serão utilizados para as pessoas chegarem a
seus destinos.
Existem vários tipos de transporte público como: ônibus, metrô, VLT e BRT.
Cada tipo de cidade possui suas peculiaridades e para implantação do sistema de
transporte coletivo tais características deverão ser respeitadas a fim de que o projeto
seja efetivamente eficiente.
32
Tabela 5. Característica Técnica do transporte coletivo
Parâmetro Ônibus BRT VLT Metrô Trem
Suburbano
Largura 2,4 - 2,6 2,4 - 2,6 2,4 - 2,8 2,5 - 3,2 2,5 - 3,2
Comprimento da unidade (m) 10 10 - 24 14 - 30 15 - 23 20 - 26
Lotação (pass/unidade) 70 - 120 80 - 240 100 - 250 150 - 250 150 - 250
Unidades em comboio 1
2 - 4 engatadas
1 - 4 engatadas
4 - 10 engatadas
4 - 10 engatadas
Velocidade (km/h) 10 - 20 15 - 32 20 - 40 25 - 60 40 - 70
Capacidade de transporte (mil pass/h)
0,5 - 6 10 - 35 10 - 25 25 - 60 20 - 50
Distância entre paradas (m) 200 - 400 400 - 800 400 - 800 700 - 2000 1500 - 4000
Fonte: Ferraz e Torres, 2001.
A capacidade, tempo de percurso e eficiência é uma das principais
caraterísticas de desempenho de um sistema de transporte publico e os valores
podem ser afetados por diversos fatores que variam de acordo com o tipo de modal.
Relativamente ao metro, a capacidade de passageiros é a sua maior
vantagem junto com o seu baixo tempo de percurso. Nenhum outro modo consegue
transportar rapidamente volumes tão altos de passageiros como mostrado na tabela
5.
Por outro lado, o sistema BRT e VLT demonstra ótimas característica, no qual os
torna uma escolha eficiente para a implantação do modal de acordo com as
necessidades exigida.
33
Tabela 6. Tempo de deslocamento por tipo de modal
Notas: Distância em metros / tempo em minutos = 4 km/h (pessoa caminhando) fonte: ANTP, 2009.
A velocidade comercial de um veículo representa a velocidade média com que
o veículo executa a operação, incluindo os tempos de paragem nas estações.
Verifica-se que o modo ferroviário pesado é o que apresenta maiores velocidades.
Os sistemas BRT e VLT atingem velocidades inferiores a este, mas superiores ao
serviço convencional por ônibus.
O tempo total de viagem é definido pela soma dos seguintes tempos:
Tempo gasto até chegar à estação;
Tempo de viagem da entrada da estação até à plataforma de embarque;
Tempo de espera por um veículo;
Tempo de embarque;
Tempo de viagem dentro do veículo;
Tempo de desembarque;
Tempo de viagem desde o veículo até à saída da estação;
Tempo de viagem da estação até ao destino final.
Além das características a serem observadas no decorrer da implantação do
sistema, haverá de serem observados, os custos para a implantação do modal.
Conforme a tabela 7, os gestores deverão escolher o modo de transporte que melhor
Deslocamento METRÔ BRT VLT ÔNIBUS
Acesso a estação Distância 500 m 250 m 250 m 200 m
Tempo 7,5 3,9 3,9 3
Acesso a plataforma
Distância 200 - - -
Tempo 3 - - -
Pagamento 0,1 0,1 0,1 0,1
Viagem (10 km) Velocidade 40 km/h 27,5 km/h 20 km/h 17 km/h
Tempo 15 22 30 35,3
Acesso a rua Distância 200 m - - -
Tempo 3 - - -
TEMPO TOTAL 28,6 26 34 38,4
34
se adeque não só as características da cidade, mas no orçamento do município, de
forma a atender de maneira lucrativa para a população.
Tabela 7. Prazo de execução e custo de implantação
ETAPAS
METRÔ VLT BRT CONVENCIONAL
Prazo (anos)
custo (milhões)
Prazo (anos)
custo (milhões)
Prazo (anos)
custo (milhões)
Prazo (anos)
custo (milhões)
Projeto Básico 1 4,5 1 1,5 0,5 0,3 - -
Financiamento 2 0,5 2 0,5 0,5 0,2 - -
Projeto executivo 1 5,0 1 2,0 0,5 0,5 - -
Implantação 5 2000,0 2 400,0 1 110,0 1 55,0
TOTAL 9 2010,0 6 404,0 2,5 111,0 1 55,0
Notas: Exemplo para implantação de corredor com 10,0 km para 150 mil passageiros/dia Custos por km: Metrô = R$201,0 milhões / VLT = R$40,4 milhões / BRT = R$11,1 milhões / Ônibus = R$5,5 milhões
Fonte: ANTP, 2009.
Verifica-se que um sistema BRT custa cerca de 4 vezes menos que um
sistema de VLT, e cerca de 20 vezes menos que um sistema de metrô.
Relativamente ao serviço convencional de autocarros, os sistemas BRT apresentam
valores de investimento ligeiramente ao ônibus convencional, devido à introdução de
várias caraterísticas para melhoria do desempenho e aumento da qualidade de
serviço.
5.2 QUADRO RESUMO DE COMPARAÇÃO
Após estabelecer uma comparação com outros modos de transporte públicos,
concluiu-se que o sistema BRT apresenta algumas características semelhantes aos
sistemas ferroviários e afastam-se de um serviço convencional por ônibus. Como
evidenciado na tabela 8, os custos de implementação, a capacidade, flexibilidade,
velocidade, prazos de execução e a adaptabilidade a vários níveis de procura,
destacam-se como principais vantagens.
35
Tabela 8. Quadro de resumo comparação dos sistemas de transporte público.
Características Metrô VLT BRT SERVIÇO
CONVENCIONAL
Capacidade Alta Média Alta/ média Baixa
Flexibilidade Baixa Baixa Alta Alta
Custo Muito altos Altos Médios Baixos
Prazos de execução
Muito Longos Longos Curtos Muito curtos
Velocidade Alta Moderada Alta/
moderada Baixa
Atratividade Muito alta Alta Alta/
moderada Baixa
Nível de conforto/ segurança
Alto Alto Bom Muito baixo
Procura necessária Muito alta/
alta Moderada Baixa/ alta Baixa
Impacto ambiental
Baixo baixo Moderado Alto
Fonte: Adaptado CNT e NTU
36
6. CONCLUSÕES 6.1 Conclusões Principais Os indicadores escolhidos para este estudo evidenciam como está a
mobilidade urbana da cidade, e retratam os diferentes tipos de sistemas e estruturas
de transporte, o sistema de transporte coletivo de Maceió é composto por 648
ônibus, três terminais de integração que ficam localizados nos seguintes bairros:
Benedito Bentes, Rotary e na Colina dos Eucaliptos. A integração permite a
utilização de dois ônibus com o pagamento de uma única tarifa.
Quatro empresas de ônibus são responsáveis pela locomoção dos quase
trezentos e cinquenta mil passageiros que circulam diariamente pelas vias
maceioenses. São 106 linhas urbanas servindo a população de Maceió, sendo que
nove linhas são especiais e funcionam apenas durante a madrugada, são os
chamados Corujões.
Atualmente Maceió convive com problemas de circulação em suas vias, pois
sua malha viária apresenta característica radial com poucas conexões transversais,
resultante do seu processo de ocupação. O sistema viário é desarticulado, com
fluxos muito concentrados em poucos corredores.
Devido à configuração da estrutura urbana, o transporte coletivo de
passageiros é prejudicado, na medida em que não pode buscar alternativas de
itinerários e há grande superposição de linhas nos principais corredores.
O Corredor Fernandes Lima caracteriza-se como o principal corredor de
transporte individual e coletivo no município de Maceió, fazendo a ligação Norte-Sul
articulando a região do Aeroporto à orla marítima e a região Central da Maceió.
Este corredor já opera atualmente no limite de sua capacidade apresentando
vários pontos de retenção ao longo do dia, principalmente nos períodos de pico da
manhã e tarde.
Esta situação aliada ao fato da inexistência de tratamento preferencial para o
transporte público de passageiros ao longo de toda a sua extensão, resulta no
aumento dos tempos de viagem, perda da qualidade dos serviços e aumento das
deseconomias urbanas.
O Corredor Fernandes Lima/ Durval de Góes Monteiro caracteriza-se como o
principal eixo articulador de transporte da cidade de Maceió, desenvolvendo-se no
sentido norte / sul desde o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares em Rio
37
Largo, até a área central de Maceió, com uma extensão aproximada de 20,6 km. Os
principais deslocamentos se dão no sentido norte-sul, sendo a área central, grande
polo de atração de demanda.
A importância deste corredor se deve ao fato de atender as principais
demandas metropolitanas na região onde se insere articulando os municípios de Rio
Largo, Pilar e Satuba com a área central do município sede (Maceió).
Destarte, resta clarividente que o transporte público em Maceió não opera de
forma eficaz e que a tarifa praticada não é compatível com o serviço oferecido; por
conseguinte a população prioriza a locomoção por meios de transportes individuais.
Diante disso e dos comparativos dos modais, concluiu-se que um eventual sistema
de BRT em Maceió deve privilegiar a aplicação de características que aumentem a
qualidade do serviço e atenda melhor a população da cidade.
6.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Numa fase inicial de desenvolvimento deste trabalho, a uma previsão da
realização de um estudo das caraterísticas de sistemas BRT e VLT além da
elaboração de uma proposta de modelação na principal artéria da cidade de Maceió.
Entretanto, facilmente se concluiu que seria um projeto demasiado ambicioso tendo
em conta a falta de informação, recursos e de tempo disponível. Como tal, em
alternativa optou-se por desenvolver um trabalho que possa servir como auxílio a um
eventual projeto futuro.
38
REFERÊNCIAS
ALFREDINI, Paolo. Obras e gestão de portos e costas: A técnica aliada ao enfoque logístico e ambiental. 1ª edição. São Paulo: Editora Edgard Blücher,2005.
ANTP (2009) Relatório geral de mobilidade urbana 2009. Disponível em:< http://portal1.antp.net/site/simob/Lists/rltgrl09/rltgrl09menu.aspx> Acessado em 12 de abril de 2019.
AZEVEDO, Archimedes. Transportes, Corrupção e o Papa. 2013. Disponível em: <https://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=247636> Acesso em: 02 Abr. 2019.
DETRAN/AL. Evolução de Frota e População em Alagoas. Coordenadoria de Segurança do Trânsito Serviço de Estudos de Acidentes e Infrações de Trânsito, 2010.
FERRAZ, Antonio Clóvis “COCA” Pinto; TORRES, Isaac Guillermo Espinosa Torres. Transporte Público Urbano. 2° edição. São Carlos: Rima, 2004. FERRAZ, A. C. P e TORRES, I. G. E. (2001) Transporte Público Urbano. Editora Rima, São Carlos – SP.
GLOBO, G1 AL Frota de veículos cresce 12% em dois anos em Alagoas, diz Detran. 2017. Disponível em: <g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2017/01/frota-de-veiculos-cresce-12-em-dois-anos-em-alagoas-diz-detran.html> Acesso em: 4 de março. 2019.
HOEL, Lester A.; GARBER, Nicholas J.; SADEK, Adel W. Engenharia de infraestrutura de transporte: uma integração multimodal. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Primeiros Resultados do Censo 2010. População por Município. Disponível em: < www.ibge.gov.br> Acesso em: 30 de jul 2017.
ILLICH, Ivan. Energia e Equidade, 1973, pp. 33-71, in LUDD, Ned (org). Apocalipse Motorizado. A Tirania do Automóvel em um Planeta Poluído. Tradução Léo Vinícius. São Paulo: Conrad Editora do Brasil.
IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Brasil em 4 Décadas: Desenvolvimento Regional, Questões Urbanas e Acesso à Moradia no Brasil. 1500. ed. Rio de Janeiro: Livraria do IPEA,
39
2010. Ministério da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável, e da Energia. (2012). O Renascimento do VLT na França. Paris: MEDSE. Recuperado em 20 fevereiro, 2013, de http://www.developpement-durable.gouv.fr/IMG/pdf/11001-2_Renouveau-tramwayFrance_POR.pdf
SOUSA, Marcos. Copa: Legado está na forma como as pessoas enxergam o transporte e não nas obras de mobilidade. 2014. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/09/19/copa-legado-esta-na-forma-como-as-pessoas-enxergam-o-transporte-e-nao-nas-obras-de-mobilidade/> Acesso em: 16 mar. 2019.
SORRATINI, José A. Indicadores de mobilidade urbana sustentável para a cidade de Uberlândia, Brasil. 2011.20f. Resumo expandido – Faculdade de Engenharia Civil/ Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/14163/1/d.pdf >. Acesso em 02 mar. 2019.
Wright, L. e W. Hook. Bus Rapid Transit Planning Guide. 3ª edição. Institute for Transport and Development Policy, New York, NY, USA, 2007.