Download - O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E O PROJETO DA SAÚDE PÚBLICA PAULO SABROZA RIO DE JANEIRO SETEMBRO de 2007
O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E O PROJETO DA SAÚDE PÚBLICA
PAULO SABROZA
RIO DE JANEIRO
SETEMBRO de 2007
COMPOSIÇÃO DA BIOSFERA
-MATÉRIA
-ENERGIA
-INFORMAÇÃO
A QUESTÃO DA UNIVERSALIDADE
O QUE É VIDA
“como Deus, como música, carbono e energia, é um eixo rodopiante de seres que crescem, fundem-se e morrem.”
“É a matéria desenfreada, capaz de escolher sua própria direção para prevenir indefinidamente o momento inevitável do equilíbrio termodinâmico – a morte. A vida é também uma pergunta que o universo faz a si mesmo, sob a forma do ser humano.”
( Margullis e Sagan, 2002)
A VIDA PODIA SER BEM MELHOR, E SERÁMAS ISTO NÃO IMPEDE QUE EU REPITA
É BONITA, É BONITA, É BONITA.
GONZAGUINHA
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA VIDA E PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO
A QUESTÃO DA INTEGRALIDADE
REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO
MÁGICA
RELIGIOSA
FILOSÓFICA
CIENTÍFICA
"São os espíritos que causam a maioria das doenças, ao aparecerem para os humanos na floresta, e são eles que ajudam os xamãs a curá-las. Os espíritos são invisíveis, só aparecendo para os doentes e os xamãs em transe. Os seres espirituais estão usualmente em toda parte, menos dentro da aldeia, onde surgem apenas em situações extraordinárias de doença, xamanismo e ritual. Sua relação com os humanos ocorre em bases predominantemente individuais, sob a forma básica da doença. Consideram que todas as doenças decorrem de um contato com o mundo sobrenatural, seja pela atuação de um feiticeiro ou pelo encontro acidental com um espírito." Viveiros de Castro (2002:81),
Só no folclore persa havia 99999 demônios para doenças específicas.
Em outras sociedades, onde já se concebia um número limitado de deuses, sempre se encontrava ao menos um para cuidar dos problemas de saúde: - Hórus dos egípcios - Asclépio, do panteão greco-romano-O orixá Omolu-Obaluaê da Umbanda.
A doença passou a ser vista como impureza moral ou pecado, resultado da desobediência a códigos de condutas prescritos pelos deuses e vigiados pelos sacerdotes, sendo atribuída ao indivíduo enfermo toda a responsabilidade tanto por seus sofrimentos como o dos outros.
IMPUREZA MORAL DOENÇA CULPA
PUNIÇÃO
O EQUILÍBRIO DOS HUMORES NA MEDICINA DA ESCOLA HIPOCRÁTICA
QUENTE SECO FRIO ÚMIDO
FOGO TERRA AR ÁGUA
BILE AMARELA BILE NEGRA FLEUGMA SANGUE
“Os hebreus nos legaram um universo de leis morais, mas os gregos claramente visualizaram, pela primeira vez na história da humanidade,
um universo de leis naturais.”
Wislow,1967. The Conquest of the Infectious Diseases p:55
Adaptado de Holligsworth, 1969. Historical Demography
A Dança da Morte, de Hans Holbein the Elder, 1491.
Variação da população da Inglaterra: 1234-1489
Curva estimada segundo estudo das razões de sobrevivência de gerações.
Variação da população da Inglaterra: 1234-1489
Curva estimada segundo estudo das razões de sobrevivência de gerações.
Quadro de Reimbrandt - A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, de 1632
O corpo humano, depois da morte, já não era mais sagrado, e podia ser objeto de pesquisa das ciências médica e biológica
POPULAÇÃO ESTIMADA PARA A EUROPA NO PERÍODO DE 0 A 1900 DC
Nas organizações sócio-espaciais capitalistas a reprodução da vida se faz de modo articulado e simultâneo com a reprodução do capital, mas uma não pode ser reduzida à outra.
DIMENSÕES DA REPRODUÇÃO SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES SOCIO-
ESPACIAIS CAPITALISTAS
O PROJETO DA SAÚDE PÚBLICA
CIÊNCIA
POLÍTICA
COMPROMISSO ÉTICO
MODELO DE EXPLICAÇÃO DAS CAUSAS DAS DOENÇAS NA PRIMEIRA ETAPA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO SÉCULO XIX
“Algumas destas medidas são urgentes como clamores de humanidade e justiça para grandes multidões de nossos irmãos e necessárias, não menos, para o bem estar dos pobres e para a defesa e para a segurança do rico”.
Relatório do Comitê Especial para a Saúde das Cidades (Londres, 1840). Citado por George Rosen - Uma história da saúde pública, 1994:173
“A maneira como a sociedade atual trata os pobres é verdadeiramente revoltante. Atraem-nos para as grandes cidades onde respiram uma atmosfera muito pior da que na sua terra natal. Privam-nos de todo o prazer, exceto o prazer sexual e a bebida, mas em contrapartida fazem-nos trabalhar diariamente até o esgotamento total das suas forças físicas e morais, levando-os para os piores excessos nos dois únicos prazeres que lhes restam. E se isto não bastar, se resistirem a tudo isto, são vítimas de uma crise que os transformam em desempregados e que lhes retira o pouco que até então tinham deixado.”
Friederich Engels, A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. 1998, p.117
Na segunda metade do século XIX, em um período de pouco mais de cinqüenta anos, foram formuladas e admitidas novas concepções científicas que suplantaram completamente os conhecimentos e valores relativos à vida, às doenças e à saúde que haviam prevalecido por mais
de dois mil anos:
A vida como organização.
A célula como nível elementar da vida.
A impossibilidade da geração espontânea da vida.
A estabilidade do meio interno e a relevância das trocas com o meio externo para a manutenção da vida e da saúde.
Causas externas e específicas para cada doença
A evolução permanente das espécies vivas por seleção natural ou seleção sexual
"A estabilidade do meio interno é a condição da vida livre e da existência independente... Assim, longe dos animais superiores serem indiferentes ao mundo exterior, eles, ao contrário, existem em uma relação precisa de intercâmbio com ele, de tal modo que este equilíbrio resulta de compensações contínuas e delicadas, definidas através do mais sensível dos balanços."
Claude Bernard - Leçons sur les phénomènes de la vie communs aux animaux et aux végétaux. Albert Dastre, editor. 2 volumes, Paris, 1878-1879. Volume 1 Reedited by G. Canguilhem, Paris, 1966.
"a novidade da revolução pasteuriana foi ter constituído objetos de ciência que não se identificam ao homem sofredor e doente da tradição médica neo-hipocrática; foi ter inaugurado disciplinas que transcorrem em outro lugar que não o hospital, segundo regras e métodos que não são os da cura. Disciplinas que se realizam num universo específico - o laboratório, onde a relação do cientista com seu objeto é mediatizada por um conjunto cada vez mais complexo e sofisticado de técnicas e instrumentos. Suas experiências visam, é claro, a compreensão e erradicação da doença, quer seja no homem, nos animais ou no mundo vegetal - mas esse é seu objetivo último, não sua causa ou motivação primeira.
Benchimol ,1990 -Origens e evolução do Instituto Oswaldo Cruz no período 1899-1937
MODELO DE EXPLICAÇÃO DAS CAUSAS DAS DOENÇAS NA SEGUNDA ETAPA DA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL, NO FINAL DO SÉCULO XIX
Modelo de representação da saúde e da doença como estados decorrentes do equilíbrio ente agentes agressores, as respostas dos hospedeiros e
características do meio externo.
No âmbito mais geral da sociedade, a medicina pasteuriana decantou-se numa multiplicidade de práticas que, com o passar do tempo, acabaram por se incorporar ao cotidiano e ao senso comum das populações, ao menos das que habitam os centros urbanos, onde ainda é mais intensa a medicalização das relações sociais. (Benchimol, J. -1990. p.7)
Práticas de saúde fundamentadas pelo modelo pausteriano
Eliminação dos dejetos humanosPausterização do leiteCuidado no manejo de alimentosCuidado com a higiene individualVacinação das criançasEsterilização das mamadeirasIsolamento dos portadores de doenças transmissíveisAssepsia nas cirurgias e nos partosAssepsia das feridas nos campos de batalha
"As epidemias artificiais são atributos da sociedade, produtos de uma falsa cultura ou de uma cultura não acessível a todas as classes. São indicativas de defeitos produzidos pela organização política e social e conseqüentemente afetam principalmente aquelas classes que não participam dos benefícios da cultura."
(Virchow apud Rosen, George. Da polícia médica à medicina social: ensaios sobre a história da assistência médica. Rio de Janeiro: Graal, 1979. p. 84).
“enquanto num sentido o mundo estava se tornando demograficamente maior e geograficamente menor e mais global, um planeta ligado cada vez mais estreitamente pelos laços dos deslocamentos de bens e pessoas, de capital e de comunicações, de produtos materiais e idéias, em outro sentido este mundo caminhava para a divisão.” (pg31)“Portanto, ao abordar 1880, estamos menos diante de um mundo único do que de dois setores que, combinados, formam um sistema global: o desenvolvido e o defasado, o dominante e o dependente, o rico e o pobre.”
Hobsbawn E. – A Era dos Impérios 1875-1914. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2006 p.33
Segundo o British Medical Journal, o médico e parasitologista inglês Patrick Manson, considerado um dos fundadores da Medicina Tropical, relatou que:"sob a influência das primeiras observações, ele concordava com as opiniões pessimistas então correntes sobre a colonização dos trópicos pela raça branca. Em anos recentes, entretanto, sua visão deste assunto sofreu uma completa revolução. Esta revolução começou com o estabelecimento da teoria mocrobiana das doenças."
( Editorial - The possibility of acclimatization in tropical countries. British Medical Journal, 1:,1168,1898)
Oswaldo Cruz. Pintura a óleo por Batista da Costa
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Nº óbitos
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Fonte: PROPHYLAXIA da febre amarella. (Memoria apresentada ao 4o Congresso Medico Latino-Americano). In: OSWALDO Gonçalves Cruz: Opera omnia. [Rio de Janeiro: Impr. Brasileira], 1972. 747p. p.541-555.
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Nº óbitos
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Fonte: PROPHYLAXIA da febre amarella. (Memoria apresentada ao 4o Congresso Medico Latino-Americano). In: OSWALDO Gonçalves Cruz: Opera omnia. [Rio de Janeiro: Impr. Brasileira], 1972. 747p. p.541-555.
Número anual de óbitos de febre amarela ocorridos no Rio de Janeiro - 1890-1908
“As condições sanitarias do Brazil melhoram de anno em anno, acompanhando de perto as vantagens colhidas na luta contra molestias infectuosas e melhoramentos materiaes emprehendidos no Rio de Janeiro, que constituia o principal fóco de disseminação das infecções por todo Brazil. A acção dos serviços sanitarios locaes dos principaes Estados do Brazil tem conseguido manter as boas condições sanitanias do paiz e de seus portos”.
Trecho da apresentação de Oswaldo Cruz, representante do Brasil na 3a Convenção Sanitária Internacional na Cidade do México, em 1907
“As epidemias – gripe, varíola, febre amarela, peste, etc – de evolução rápida e caráter agudo ao como os tufões: espaçadamente e com maior ou menor violência vem e vão-se.As endemias- verminoses, impaludismo, tripanossomíase, úlceras, lepra, tracoma, filariose, bouba, sífilis, tuberculose- mantidas estimuladas pelos três flagelos – politicalha, ignorância e alcoolismo – minam permanente, sorrateira e progressivamente a coletividade, corrompem o sangue e o caráter, abatem o organismo e obliteram a inteligência e consciência.As primeiras atacam muitos e eliminam alguns indivíduos; as outras desvalorizam e extinguem lentamente todos os indivíduos, degradam a espécie, degeneram a raça e matam a racionalidade.”
Belisario Penna. Saneamento do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Jacintho Ribeiro dos Santos. 1923. Página 8.
“A uma Era de Catástrofe, que se estendeu de 1914 até depois da Segunda Guerra Mundial, seguiram-se cerca de vinte e cinco ou trinta anos de extraordinário crescimento econômico e transformação social, anos que provavelmente mudaram de maneira mais profunda a sociedade humana que qualquer outro período de brevidade comparável. Retrospectivamente, podemos ver esse período como uma espécie de Era de Ouro, e assim ele foi visto quase imediatamente depois que acabou, no início da década de 80.”
Eric Hobsbawm, 1995 – Era dos Extremos. O Breve Século XX . 1914-1995 pg.15
MODELOS DAS ORGANIZAÇÕES SÓCIO-ESPACIAIS DAS CONJUNTURAS CAPITALISTAS NO BRASIL DURANTE A PRIMEIRA METADE
DO SÉCULO XX
CAPITALISMO MOLECULAR COMPETITIVO
1930
Albert Sabin, médico e microbiologista que desenvolveu
a vacina oral contra a poliomielite registrada em 1961
É deste período a identificação, pela primeira vez na história, de produtos industrializados de uso intensivo em saúde pública, de grande eficácia, produzidos e distribuídos em larga escala e capazes de efetivamente modificarem o comportamento dos processos infecciosos:
vacinas, antibióticos, novos antimaláricos sintéticos e inseticidas de ação residual, como o DDT.
AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS TIVERAM UM PAPEL CENTRAL NA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS APLICADAS À SAÚDE PARA OS PAÍSES PERIFÉRICOS, NA CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E NA COORDENAÇÃO DE CAMPANHAS DE CONTROLE DE DOENÇAS
No período entre 1950 e 2000, a população mundial estimada cresceu de 2520 bilhões para 6086 bilhões, representando um aumento de 2,4 vezes.
Este aumento, entretanto, ocorreu de modo muito diferente nas diversas regiões da Terra.
Nos continentes onde a transição demográfica havia iniciado desde o Século XIX, a população cresceu bem menos neste meio século:
1,3 vezes na Europa e 1,8 vezes na América do Norte
Já naquelas regiões periféricas do capitalismo industrial, como a África (3,6 x) a América Latina e Caribe (3,1 x) a Ásia (2,6 x) e a Oceania (2,4 x), o aumento foi muito maior.
CAPITALISMO MONOPOLISTA DE ESTADO
1950 – 1990
-ESTADO NACIONAL COMO AGENTE DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
--INVESTIMENTOS PÚBLICOS CONCENTRADOS EM POUCOS PÓLOS DE
DESENVOLVIMENTO
-INDUSTRIALIZAÇÃO E PRODUÇÃO ORIENTADA PARA MERCADO INTERNO
- INTEGRAÇÃO TERRITORIAL ATRAVÉS DE EXTENSA REDE RODOVIÁRIA
-- SEPARAÇÃO DO CONTROLE SOCIAL ( ESTADO NACIONAL) E CONTROLE DOS PROCESSOS PRODUTIVOS ( AGENTES
PÚBLICOS E PRIVADOS )
DESENVOLVIMENTO DESIGUAL E INTEGRADO
É INICIADA E SE INTENSIFICA A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA NO PAÍS, RESULTANDO EM GRANDE CRESCIMENTO POPULACIONAL
EM CONSEQÜÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE MIGRANTE SUSCETÍVEIS NAS PERIFERIAS DOS CENTROS URBANOS, PASSAM A OCORRER IMPORTANTES
EPIDEMIAS NESTAS ÁREAS ESTRATÉGICAS
POLIOMIELITE –VARÍOLA – MENINGITES – ROTAVÍRUS – SARAMPO
O GOVERNO CENTRAL IMPLEMENTA PROGRAMAS NACIONAIS DE SAÚDE, COM ÊNFASE EM IMUNIZAÇAO, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÕGICA E DE
EXTENSÃO DE COBERTURA DE AÇÕES BÃSICAS NOS CENTROS URBANOS
INCORPORAÇÃO DA MEDICINA PREVENTIVA, COM ÊNFASE EM PLANEJAMENTO E EPIDEMIOLOGIA , COM COMPREENSÃO DA SAÚDE COMO
INSUMO PARA O DESENVOLVIMENTO
MEDICALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO COM PROPÓSITO DE REDUZIR NECESSIDADES SOCIAIS A DEMANDAS INDIVIDUAIS
CAPITALISMO MONOPOLISTA DE ESTADO
1950 – 1990
DISCIPLINAS ESTRUTURANTES DO ENSINO DA SAÚDE PÚBLICA
CAPITALISMO MOLECULAR COMPETITIVO MICROBIOLOGIA SANEAMENTO HIGIENE
CAPITALISMO DE ESTADO I
ESTATÍSTICA VITAL
ADMINISTRAÇÃO SANITÁRIA
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
CAPITALISMO DE ESTADO II (PREVENTIVISMO)
EPIDEMIOLOGIA
PLANEJAMENTO
CIÊNCIAS SOCIAIS EM SAÚDE
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO CAPITALISMO MONOPOLISTA DE ESTADO
A MAIOR REDUÇÃO PERCENTUAL DA PROPORÇÃO DE MORTES POR DOENÇAS INFECCIOSAS OCORREU NO PERÍODO DE 1940 A 1995
< 51 anos 51 a 57 anos 58 a 63 anos 64 a 69 anos > 69 anos
1970
1980
1991
2002
Brasil: Esperança de vida ao nascer por UF - 1970 / 2002
Mortalidade Infantil. Brasil: 1930 - 2000
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Brasil \ Fundação IBGE – Séries Históricas
BRASIL: POPULAÇÃO ESTIMADA 1823 - 2004
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TENDÊNCIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: 1823 - 2004
PERÍODO I: 1,5%
(1823 – 1889 )
PERÍODO II: 2,1%
(1890 – 1949 )
PERÍODO III: 2,8%
(1950 – 1984)
PERÍODO IV:1,7%
(1985 - 200_ )
INCREMENTO POPULACIONAL
BRASIL: POPULAÇÃO RURAL E URBANA, 1940/2000
Brito, Fausto. O deslocamento da população brasileira para metrópoles ESTUDOS AVANÇADOS 20 (57), 2006
“O circuito superior utiliza uma tecnologia importada e de alto nível, uma tecnologia capital intensivo, enquanto que no circuito inferior, a tecnologia é trabalho intensivo e freqüentemente local ou localmente adaptada ou recriada.
Milton Santos, 1978. - O espaço dividido. Os dois circuitos da economia urbana dos países sub-desenvolvidos. Rio de Janeiro. Editora Francisco Alves.
“Não resta dúvida de que a incidência
desta doença é determinada
historicamente e que o modelo de
desenvolvimento do país, mediado pelo
processo migratório, está na raiz do
problema”.
José Carvalheiro, 1986: Processo migratório e
disseminação de doenças. In: ENSP, 1986 - Textos de Apoio de Ciências Sociais I,
Rio de Janeiro, ENSP. mimeo
INCIDÊNCIA
1960 - 1969 1974
ZONA CONCÊNTRICA CASOS COEF. CASOS COEF.
CENTRAL 150 1,2 1516,0 109,9
INTERMEDIÁRIA 511 2,0 5174,0 137,7
PERIFÉRICA 239 2,4 5283,0 374,7
MÉDIA ANUAL NO PERÍODO ENDÊMICO (1960-1969): 90 CASOS CASOS NO ANO ENDÊMICO (1974): 11973
INCIDÊNCIA ANUAL (POR 100000 HAB.)DE DOENÇA MENINGOCÓCICA POR FAIXAS CONCÊNTRICAS, MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 1960 A 1969 E 1974
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POPULAÇÃO RESIDENTE, NATALIDADE E MORTALIDADE NO BRASIL: 1940 - 2005
Fonte: IBGE
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mortalidade natalidade população
POPULAÇÃO RESIDENTE, NATALIDADE E MORTALIDADE NO BRASIL: 1940 - 2005
Fonte: IBGE
Distribuição proporcional (%) da população por sexo e idade.
Brasil, 1940 e 2000
Fonte: Carvalho, JAM e Garcia, RA. O envelhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico, Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. 19(3: 725-733. 2003
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% da população por faixa etária % da população por faixa etária
Distribuição proporcional (%) da população por sexo e idade.
Brasil, 1940 e 2000
Fonte: Carvalho, JAM e Garcia, RA. O envelhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico, Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. 19(3: 725-733. 2003
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% da população por faixa etária % da população por faixa etária
NESTE CONTEXTO É QUE FOI PROPOSTA A REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA E TEVE INÍCIO A IMPLEMENTAÇÃO
DO SUS
-NATUREZA PÚBLICA
-UNIVERSALIZAÇÃO
-INTEGRALIDADE
-EQUIDADE
-DESCENTALIZAÇÃO
-CONTROLE SOCIAL
UMA DAS INOVAÇÕES SOCIAIS MAIS IMPORTANTES DO CAPITALISMO DO SÉCULO XX FOI O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL E, INSERIDO
NELE, OS SISTEMAS PÚBLICOS DE SAÚDE
“ O intenso processo de urbanização ocorrido nas últimas duas décadas do século passado gerou um rearranjo populacional, social e cultural. Hoje, mais de 80% da população vive em cidades. Embora as camadas pobres da população permaneçam marginalizadas nas cidades (periferias urbanas e favelas), houve melhoria no acesso aos serviços de saúde, principalmente a partir da organização do SUS, que estendeu a cobertura de serviços médico-sanitários a grandes contingentes da população brasileira de maneira universal e gratuita.”
Noronha, JC; Pereira, TR e Viacava, F. As condições de Saúde dos Brasileiros. In: Saúde e Democracia: História e Perspectivas do SUS. Lima, NT, Gerchman, S. Edler, FC e Suárez, JM (orgs.) Editora Fiocruz, Rio de Janeiro. 2005. p. 154
“Nos últimos anos aumentou a consciência sobre a crise atual da saúde pública, entendida como a incapacidade da maioria das sociedades de promover e proteger sua saúde na medida requerida por suas circunstâncias históricas. Neste contexto, a própria concepção de crise se reencontra com suas origens na medicina hipocrática, quando esta a ela se referia como exarcerbação ou debilitamento durante a evolução das enfermidades. Porem a consideremos em toda sua amplitude ambivilalente, como propôs André Béjin, compreendendo “de modo formal o momento da verdade ( em que o objeto se prende a seu espaço atual ) e a emergência evolutiva ( para um espaço potencial ).”
Traduzido de Ferreira, 1992 – in OPS - La crisis. in La crisis de la salud publica. Reflexiones para el debate.
COMPONENTES DA PRÁTICA DA SAÚDE PÚBLICA QUE ATUALMENTE VEM RECEBENDO MAIOR DESTAQUE
- PROMOÇÃO
-MONITORAMENTO
- VIGILÂNCIA
- AVALIAÇÃO
- ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR
- ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
- ATENÇÃO BÁSICA
“Paradoxalmente, uma era cuja única pretensão de benefícios para a humanidade se assentava nos enormes triunfos de um progresso material apoiado na ciência e tecnologia encerrou-se numa rejeição destas por grupos substanciais de opinião pública e pessoas que se pretendiam pensadoras do Ocidental.”
Eric Hobsbawm, 1995 – Era dos Extremos. O Breve Século XX . 1914-1995 pg.20
“o Século XX não se sentia à vontade com a ciência que fora a sua mais extraordinária realização, e da qual dependia. O progresso das ciências naturais se deu contra um fulgor,ao fundo, de desconfiança e medo, de vez em quando explodindo em chamas de ódio e rejeição da razão e de todos os seus produtos.”
Eric Hobsbawm, 1995 – Era dos Extremos. O Breve Século XX . 1914-1995. p. 511
O que é Globalização?
Unindo-nos: Globalização significa reconectar a comunidade humana
“O crescimento exponencial do intercâmbio de bens, idéias, instituições e pessoas que vemos hoje em dia faz parte de
uma tendência histórica duradoura. Ao longo da nossa história, o desejo de algo melhor e maior tem nos motivado
a mover nossos bens, nossas idéias e nós mesmos por todo o mundo.”
Nayan Chanda. Yale Global, 19. November 2002
BRASIL: PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE EM 2002
ANO DE 2002 - CID-BR-10 ÓBITOS %
Doenças cerebrovasculares 87344 8,89
Doenças isquêmicas do coração 81505 8,29
Agressões 49695 5,06
Diabetes 36631 3,73
Doenças crônicas das vias aéreas inferiores
34857 3,55
Acidentes de transporte 33288 3,39
Pneumonia 32712 3,33
Doenças hipertensivas 25464 2,59
Doenças do fígado 21606 2,20
Transtornos do período perinatal 18301 1,86
BRASIL: CASOS DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS COM IMPORTANTE REDUÇÃO NO PERÍODO DE 1980 A 2003
Fonte: SVS - MS
Fonte: SVS - MS
BRASIL: CASOS DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS SEM REDUÇÃO RELEVANTE NO PERÍODO DE 1980 A 2003
DIVERSAS CARACTERÍSTICAS VÃO FAZER COM QUE O ATUAL PERFIL DE MORBI-MORTALIDADE SE DIFERENCIE TANTO DAQUELE ANTERIOR À TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA COMO DO PADRÃO DOS
PAÍSES INDUSTRIALIZADOS DESENVOLVIDOS:
MORTALIDADE EXCESSIVA POR CAUSAS EXTERNAS
ELEVADA TRANSMISSÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS ADAPTADAS AO ESPAÇO URBANO: TUBERCULOSE
DENGUE
LEPTOSPIROSE
CALAZAR
MALÁRIA
EXPOSIÇÃO A RISCOS QUÍMICOS E RISCOS BIOLÓGICOS DURANTE O TRABALHO, PRINCIPALMENTE EM REAS RURAIS
INTENSO DESGASTE DECORRENTE DAS CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO NO CIRCUITO INFERIOR INTEGRADO
BRASIL : MUNICÍPIOS
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M), 1991
BRASIL : MUNICÍPIOS
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M), 2000
0,00 - 0,30 (baixo)
0,30 - 0,50
0,50 - 0,65 (médio)
0,65 - 0,80
0,80 - 1,00 (alto)
IDH-M
PERÍODO IV – CAPITALISMO TÉCNICO-CIENTÍFICO:
1990 – 200_
A SEGMENTAÇÃO SOCIAL E A EMERGÊNCIA DO CIRCUITO INFERIOR URBANO INTEGRADO
Uma nova segmentação da população urbana é produzida, com aqueles integrados ao circuito principal, os denominados vulneráveis, por sua inserção no circuito inferior, dinâmico mas inseguro, e os excluídos, aqueles que não com seguem mais trabalho ou outra fonte de renda, e acabam perdendo até mesmo sua condição de cidadania.
(Sabroza, 1999)
O processo de globalização e de restruturação traz como conseqüência a forte segmentação da sociedade em pelo menos três pedaços: excluídos, vulneráveis e integrados. Será que transitamos da pluralidade da reforma urbana para a sua fragmentação?
( Ribeiro,L.C.- Globalização, Fragmentação e Reforma Urbana,1994)
O Globo, 25 de abril de 2006, página 9
DOMÍNIOS TRADICIONAIS CONSERVADORES
RESERVAS DA BIO E DA SÓCIODIVERSIDADE
REGIÕES DE ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS E
EXTRATIVAS INTENSIVAS
REDE URBANACIRCUITO PRINCIPAL
CIRCUITO INFERIOR TRADICIONALCIRCUITO INFERIOR INTEGRADO
TIPOLOGIA DOS ESPAÇOS SOCIAIS NO CAPITALISMO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL NO BRASIL
A DIFUSÃO DA PANDEMIA DE AIDS
A PERSISTÊNCIA DE BOLSÕES DE MISÉRIA
O AUMENTO DAS VIOLÊNCIAS
O AQUECIMENTO GLOBAL
O RISCO DE UMA NOVA PANDEMIA DE GRIPE
O ESGOTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS CRÍTICOS
MARCADORES RECENTES DE VULNERABILIDADE GLOBAL
JEFFREY SACHS – O FIM DA POBREZA, 2005
DETERMINANTES DA VULNERABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL
AUMENTO DO TAMANHO DA POPULAÇÃO
URBANIZAÇÃO E AUMENTO DA DENSIDADE EM PÓLOS URBANOS
ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA POR EXPOSIÇÃO A PRODUTOS TÓXICOS
DESGATE POR OBESIDADE E OUTROS PROBLEMAS DO CONSUMO
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E PERDA DA BIODIVERSIDADE
COMERCIO E CONSUMO DE ANIMAIS SELVAGENS
AUMENTO DA MOBILIDADE POR INSTABILIDADE NO TRABALHO
PERSISTÊNCIA DE BOLSÕES DE MISÉRIA
DESIGUALDADE SOCIAL E EXPANSÃO DO CIRCUITO INFERIOR URBANO
“A desconfiança e o medo da ciência eram alimentados por quatro sentimentos: o de que a ciência era incompreensível; o de que suas conseqüências, tanto práticas como morais, eram imprevisíveis e provavelmente catastróficas; o de que ela acentuava o desamparo do indivíduo e solapava a autoridade. Tampouco devemos ignorar o sentimento de que, na medida em que a ciência interferia na ordem natural das coisas, era intrinsecamente perigosa.” (pg. 512)
Eric Hobsbawm, 1995 – Era dos Extremos. O Breve Século XX . 1914-1995
Atualmente considera-se que os contextos de grande vulnerabilidade sócio-ambientais decorrem diretamente dos processos produtivos humanos, e portanto decorrem do modelo de desenvolvimento implementado no Século XX, e não da falta de desenvolvimento econômico.
NOVOS CONHECIMENTOS E TECNOLOGIAS QUE MUDARAM NOSSA CONPREENSÃO DA VIDA E DOS PROCESSOS SAÚDE-DOENÇA NA SEGUNDA
METADE DO SÉCULO XX
A GENÉTICA MOLECULAR
A MICROSCOPIA ELETRÔNICA
A COMPUTAÇÃO ELETRÔNICA
A NANOTECNOLOGIA
A PESQUISA COM CÉLULAS TRONCO
A ENGENHARIA GENÉTICA
NEUROCIÊNCIAS
OS NOVOS ESTUDOS SOBRE A ORIGEM E A EVOLUÇÂO DA VIDA
E EM RELAÇÃO ÀS INOVAÇÕES SOCIAIS?
O PRÓPRIO MUNDO SE INSTALA NOS LUGARES, SOBRETUDO NAS GRANDES CIDADES, PELA PRESENÇA MISTURADA, VINDA DE TODOS OS QUADRANTES E TRAZENDO CONSIGO INTERPRETAÇÕES VARIADAS E MÚLTIPLAS QUE AO MESMO TEMPO SE CHOCAM E COLABORAM NA PRODUÇÃO RENOVADA DO ENTENDIMENTO E DA CRÍTICA DA EXISTÊNCIA.
A GLOBALIZAÇÃO ATUAL NÃO É IRREVERSÍVEL. AGORA QUE ESTAMOS DESCOBRINDO O SENTIDO DE NOSSA PRESENÇA NO PLANETA PODE-SE DIZER QUE UMA HISTÓRIA UNIVERSAL VERDADEIRAMENTE HUMANA, FINALMENTE, ESTÁ COMEÇANDO.
MILTON SANTOS
O RECOMEÇO DA HISTÓRIA, 2000