“ O estado da arte no uso da internet sem fio em cidades onde existem postos do AcessaSP”
Conexões Científicas PESQUISA 2013
ENTREGÁVEL 3
SETEMBRO de 2013
“ O estado da arte no uso da internet sem fio em cidades onde existem postos do
AcessaSP”
Conexões Científicas
2
PESQUISA 2013
ENTREGÁVEL 3
Introdução
O presente relatório constitui-se no terceiro e último produto da Pesquisa “O
estado da arte no uso da Internet sem fio em cidades onde existem postos do AcessaSP”
e visa trazer levantamentos estatísticos e análises referentes à atualização do estado da
arte no uso de dispositivos móveis e conexões sem fio (Wi-Fi) no contexto brasileiro,
bem como relacionar, apresentar e discutir modelos de negócios vigentes nos cenários
brasileiro e internacional na oferta de serviços de conexões wireless, apontando para
tendências do consumo, enquanto subsídio básico para a implantação e gestão desses
novos modelos de negócios.
Nesta perspectiva, o relatório estrutura-se e organiza-se em três partes
componentes:
PARTE I. Contexto e Perspectiva: atualização de informações sobre o estado da
arte no uso de dispositivos móveis e conexões sem fio (Wi-Fi) no Brasil.
PARTE II: Modelos de Negócios no fornecimento de acesso Wi-Fi no Brasil
PARTE III: Análises Prospectivas do Consumo como subsídio para a
implantação e gestão de novos modelos de negócios na oferta de serviços de
conexão Wi-Fi
Cabe destacar que as informações estatísticas e análises compreendidas no
Entregável 2 desta pesquisa sobre o estado da arte no uso da internet sem fio
compuseram o corpo teórico e a revisão bibliográfica do artigo:
PASSARELLI, Brasilina; GUZZI, Adriana de Araújo; ANGELUCCI, Alan
César Belo; JUNQUEIRA, Antonio Hélio. The impact of mobility in
Brazilian Infocenters: AcessaSP case study,
3
que será apresentado, com a correspondente publicação em Anais do ICEM
2013 – 63 rd Annual Conference International Council for Educational Media, a ser
realizado no período de 1 a 4 de outubro de 2013, na Nanyang Technological
University, em Singapura.
4
PARTE I: Contexto e Perspectiva: atualização de informações sobre o estado da
arte no uso de dispositivos móveis e conexões sem fio (Wi-Fi) no Brasil.
A Internet constitui-se, atualmente, em ferramenta fundamental de informação,
comunicação e entretenimento. No entanto, em todo o mundo, perto de 5 bilhões de
pessoas vivem sem ter acesso à rede mundial de computadores, ainda que a Organização
das Nações Unidas (ONU) reconheça que a conexão à Internet é um direito essencial da
humanidade. Entre os maiores desafios para o atendimento universal do acesso surgem,
em primeiro lugar, os problemas de infraestrutura, aos quais se seguem outros
componentes tão importante como a prevalência de índices de pobreza e analfabetismo
em largas faixas habitadas do planeta.
Em 2011, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) realizou a sétima
edição anual da suas Pesquisas sobre o uso de Tecnologias de Informação e
Comunicação no Brasil nos domicílios e nas empresas: TIC Domicílios e TIC
Empresas1, respectivamente. De acordo com a pesquisa, entre 2005 a 2011, o índice das
casas com computadores mais do que dobrou, chegando em 2011 a 45% dos domicílios,
mas quando se trata de computadores conectados a internet2, esse índice cai para 38%
das residências.
Apesar dos avanços, a exclusão digital ainda é grande no País, tanto em relação
às diferentes classes sociais, quanto no âmbito das divisões geográficas regionais e entre
as áreas urbanas e rurais. Os dados coletados em 2011 mostraram que enquanto 98%
dos domicílios brasileiros pertencentes à classe A possuíam computadores, nas classes
D e E, esse índice cai para apenas 8% (CASTRO, 2013)3.
1 Essas pesquisas visam à coleta, análise e apresentação de dados sobre o cenário nacional em relação às
TIC. Suas informações, no que se refere à posse, acesso e uso de computadores, Internet e celulares,
incorporam um conjunto de cortes setoriais que se estratificam por: área (total Brasil, urbana e rural),
região geográfica, gênero, faixa etária, grau de instrução, renda familiar, classe social e situação de
emprego.
2 Esses números tendem a crescer quando consideramos todas as plataformas tecnológicas por onde
circula Internet, como celulares, videojogos em rede e TV digital interativa e não apenas o uso de
computadores.
3 CASTRO, Cosette. Sistemas de produção e circulação dos bens simbólicos e conteúdos digitais no Cone
Sul – um olhar desde a digitalização. In: LIMA, João Cláudio Garcia R.; MELO, José Marques de (orgs.).
Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil: 2012/2013. p. 61-156. Brasília: IPEA, 4
v., 2013.
5
TABELA 1. BRASIL. Proporção de domicílios com computador e com acesso à
Internet – Área urbana e Total Brasil (%). Percentual sobre o total de domicílios,
2005-2011.
Anos
Área urbana Total Brasil Área urbana Total Brasil
2005 17 - 13 -
2006 20 - 14 -
2007 24 - 17 -
2008 28 25 20 18
2009 36 32 27 24
2010 39 35 31 27
2011 51 45 43 38
Domicílios com computador (1)
(%)
Domicílios com acesso à Internet
(%)
Fonte: CGI.br. Pesquisa sobre o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil:
TIC Domicílios 2012.
(1): considerando-se computadores de mesa/desktops, computadores portáteis/laptops e tablets.
Entre as Regiões do país a diferença de posse de computadores e acesso a
internet é marcante. Nas macrorregiões geográficas Sudeste e Sul os percentuais de uso
de computadores (sem acesso a internet) atingiu 57% e 56%, respectivamente. A Região
Norte aponta índices de penetração de 32% e na Nordeste, apenas 25%. A região
Centro-Oeste ocupou uma posição intermediária, com presença de computadores em
47% das residências, reforçado pelo alto nível de vida do Distrito Federal. Na área rural,
84% dos domicílios permanecem sem a posse desses equipamentos, o que requer
políticas públicas urgentes para este setor da população.
Em relação ao acesso à Internet, observa-se que 62% dos domicílios brasileiros
são excluídos digitalmente, situação que se agrava ainda mais nas áreas rurais, onde a
taxa de exclusão atinge 90% das residências. As regiões Norte e Nordeste exibem as
estatísticas mais graves no ponto de vista do acesso à Internet, com índices de exclusão
de 78% e 79%, respectivamente. Na classe A, o nível de acesso à rede mundial atingiu
96% em 2011, enquanto nas classes D e E esse indicador foi de apenas 5%.
A questão do acesso abre espaço para outro nível de exclusão existente no país
relativa aqueles que possuem conexão com internet, pois entre os incluídos
digitalmente, persistem os problemas de infraestrutura, as conexões são de baixa
qualidade e os preços considerados altos se comparados ao nível de vida médio da
população. Ainda assim, vem crescendo a busca por acesso a Internet, intensificado pela
oferta de pacotes “combos”, como são conhecidos os triple plays (pacotes de conexão
6
que incluem banda larga, celular e TV por assinatura) e quatro plays (pacotes de
conexão que incluem banda larga, telefonia fixa, celular e TV por assinatura).
Quem não tem computador e acesso a Internet busca superar a exclusão digital
utilizando locais públicos e privados, tais como lan houses4, escolas, locais de trabalho
e telecentros, entre outros espaços. Em 2011, 58% dos indivíduos declararam já ter
usado computador com acesso à Internet, ante uma penetração nos domicílios avaliada
em 45%. Mas quando se trata da área urbana e rural a diferença é grande. Em 2011, na
área rural apenas 25% dos moradores já haviam utilizado Internet, ante 58% daqueles
que vivem em áreas urbanas (CASTRO, 2013)5.
TABELA 2. BRASIL. Proporção de domicílios com acesso à Internet e da
população que é usuária da Internet – Área urbana e Total Brasil (%), 2005-2011.
Anos
Área urbana Total Brasil Área urbana Total Brasil
2005 13 - 24 -
2006 14 - 28 -
2007 17 - 34 -
2008 20 18 38 34
2009 27 24 43 39
2010 31 27 45 41
2011 43 38 58 53
Domicílios com acesso à Internet
(%)
População usuária da Internet
(%)
Fonte: CGI.br. Pesquisa sobre o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil:
TIC Domicílios 2012.
4 Em 2011, 28% das pessoas entrevistadas pela pesquisa CGI.br usaram lan houses. Estudo do Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) mostra a importância das lan houses - o segundo
lugar de acesso dos brasieliros - enquanto pontos de acesso à Internet em todo o País. Em 2011 existiam
no Brasil cerca de 100 mil lan houses em atividade, 30% a menos da quantidade existente em 2008. Com
o aumento do acesso a computadores e Internet pelas classes populares, as lan houses alteraram seu perfil
de atendimento e de oferta de serviços, diversificando suas fontes de receita. Elas deixaram de ser apenas
locais para jogar, trocar e-mails, navegar e frequentar redes sociais, para se tornarem também, pontos de
estudo, pesquisa, digitação e impressão de documentos, gravação de CDs e DVDs, abertura de arquivos
carregados em pen drives, obtenção de serviços (pagar contas, consultar serviços de Proteção ao Crédito –
SPC/Serasa, cadastramento de currículos e compras), capacitação e aperfeiçoamento profissional, como
cursos à distância. O uso desses estabelecimentos ocorre, ainda, por pessoas que possuem computador em
casa, mas vivem em regiões onde o acesso à banda larga é deficiente, com acesso discado ou nos quais o
custo da banda larga é alto, o que torna inviável, por exemplo, estudar e frequentar cursos à distância, a
partir da própria residência.
5 Op. Cit.
7
Em 2010 a população de internautas brasileiros chegou a 73 milhões de pessoas;
ou seja, 38% da população, e inclui tanto aqueles que declararam possuir computador
com acesso à Internet em casa, quanto os que utilizam outros locais para acessar à rede.
Por outro lado, existem 4,6 milhões de domicílios brasileiros dotados de computadores
ainda não possuíam acesso à Internet, relação essa que deverá progressivamente se
alterar nos próximos anos, haja vista que segundo estimativas do CGI.br, até 2015,
deverá ocorrer um incremento de 52% no número de conexões domésticas à Internet em
todo o Brasil. Um outro estudo, publicado e divulgado pela Cisco, em 29 de maio de
2013, até o ano de 2017, 52% dos brasileiros deverão possuir acesso à Internet. A
previsão, neste caso, é de que, até aquele ano, o número de usuários da rede mundial de
computadores atingirá a marca de 110 milhões de pessoas.
A mobilidade social e o crescimento da classe C nos últimos 12 anos reflete-se
também no uso e acesso às TIC por brasileiros com menor grau de escolaridade e das
classes sociais menos abastadas. Mesmo com a ascenção social, em 2010, a Internet só
chegava a 27% dos domicílios, e em 2011, a 38% dos lares. Tal situação reforça a
necessidade urgente de políticas públicas, tanto em termos da democratização do acesso
à informação, quanto do próprio desenvolvimento socioeconômico com inclusão social
e digital. Nesse sentido, a ampliação da infraestrutura de redes, a redefinição do
conceito de banda larga6 e a universalização do acesso a Internet segue sendo um dos
maiores desafios para a superar da exclusão digital em suas diferentes dimensões.
Cabe, finalmente, relacionar o estudo recentemente realizado e divulgado pelo
IBGE, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad)
2011, que evidenciou que, naquele ano (2011), o número de internautas no Brasil
atingiu o montante de 77,7 milhões de pessoas, equivalentes a 46,5% do total da
população, com 10 ou mais anos de idade. Desta forma, em seis anos, o País ganhou 21
milhões de novos frequentadores da rede. Em 2005, o Brasil encontrava-se saindo de
uma forte recessão econômica, fator superado nos anos seguintes, com o aumento do
número de trabalhadores com carteira assinada, do crescimento do poder de compra, do
crédito e dos níveis médios de escolaridade, o que veio a contribuir decisivamente para
o maior acesso a computadores e Internet, especialmente pelas camadas de menor poder
aquisitivo.
6 Na Europa, a média da banda larga utilizada oscila entre 4 e 8 mb de velocidade. O Japão tem como
média 8 mb, podendo chegar a 60mb em algumas regiões e na Coreia, a banda larga chega a 100 mb
de velocidade, enquanto no Brasil o governo considera banda larga a velocidade de 2mb.
8
Segundo o IBGE/Pnad 2011, entre os anos de 2005 e 2011, mais do que dobrou
a proporção de brasileiros que vivem em domicílios com computador conectado à
Internet, passando de 14,6% para 39,4%. Os usuários de baixa renda passaram de 10,2
milhões, em 2005, para 29,4 milhões, em 2011. A desigualdade, porém, ainda é grande,
também segundo esta fonte de dados. Apenas um terço das pessoas com até um salário
mínimo de renda domiciliar per capita (33,6%) tem acesso à Internet, enquanto, entre os
que ganham mais de cinco salários mínimos, a proporção é de 67,9%. Os brasileiros
com renda domiciliar per capita de até um salário mínimo representam 52,5% da
população com 10 ou mais anos de idade. Porém, entre os internautas, sua representação
fica em 38%.
Nas regiões Norte e Nordeste, apesar do aumento do número de pessoas com
acesso à Internet, elas são pouco mais de um terço da população. No Sudeste, atingem
54,2%.
Segundo a pesquisa, as pessoas com mais de 50 anos de idade tiveram peso
decisivo no aumento da população de internautas no período analisado: passaram de 2,5
milhões de frequentadores para 8,1 milhões (+ 222%). Ao mesmo tempo, foi também
significativo o aumento dos frequentadores na faixa de 10 a 14 anos de idade. Em 2005,
24,5% desses jovens acessavam a Internet, proporção que saltou para 63,6%, em 2011.
No entanto, é preciso destacar que, apesar de ter sido registrado um grande
avanço nos índices populacionais de frequentadores da Internet nas classes de renda
mais baixas, o ritmo desse crescimento praticamente manteve-se estagnado nos últimos
três anos. Desde 2009, o percentual da população com renda de 3 a 5 salários mínimos é
cerca de quatro vezes maior do que o das pessoas com menor faixa de rendimento
familiar7.
Tais indicadores evidenciam a relevância da implantação de serviços de acesso
Wi-Fi gratuito nos espaços de acesso público no País, como uma potente forma de
minimizar a exclusão digital, que ainda mantém forte presença no Brasil.
Para as populações de mais baixa renda, o celular passou a representar, mais do
que um meio de comunicação telefônica, um meio de acesso à Internet. O Brasil possui
hoje uma base de 43 milhões de telefones fixos e 256 milhões de celulares, dos quais,
211,5 milhões são pré-pagos, ou seja, 82,6% das linhas existentes, boa parte delas
operando a partir de aparelhos utilizados com mais de um “chip”. Todas as classes
7 LEAL, Luciana Nunes. Internet cresce mais na baixa renda. , caderno Economia, B 17, 17 de maio de
2013.
9
sociais tiveram acesso aos celulares que oferecem vantagens como portabilidade
numérica e acesso à Internet, mas os índices de uso de pré-pagos entre as classes sociais
revela as fortes distorções ainda prevalecentes no País. Segundo o Conselho Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br), em 2011, nas classes C e D/E, 93% e 98% da população,
respectivamente, utilizaram serviços pré-pagos, enquanto na classe A o uso de pré-
pagos não passou de 44%, um número que até pode ser considerado alto para este nível
social.
O acesso à Internet via celular também evidencia uma forte diferença de
apropriação tecnológica entre as classes sociais. Na classe A, esses serviços chegaram a
21% e, paradoxalmente, nas classes D/E não ultrapassaram 1%. Em 2011, o acesso à
Internet atingiu apenas 17% do total da população brasileira. Dentro das classes sociais,
a distorção é ainda mais evidente: na classe A, a penetração elevou-se para 46%,
enquanto que para as classes C e D/E ficou em 16% e 6%, respectivamente. Além disso,
os donos de celulares – seja de aparelhos pré-pagos ou de pós-pagos – sofrem com a
falta de sinal nos serviços de voz e de acesso à Internet em diferentes regiões do País, o
que lança no cenário contemporâneo, uma nova ordem de preocupações, especialmente
no momento em que o Brasil se encontra em fase de mudança na sua base tecnológica
para utilizar a quarta geração de celulares (4G).
Em relação à população, o País possui a quarta posição no ranking mundial do
número de aparelhos celulares. No entanto, apesar do número de telefones – 256
milhões de unidades – já superar o da população, calculada em 190,7 milhões e
habitantes (IBGE, 2012), esse setor é líder de reclamações junto aos órgãos de defesa do
consumidor, devido à falta de qualidade na prestação de serviços, também considerados
caros, quando comparados com médias internacionais (CASTRO, 2013)8.
Telefonia no Brasil: os novos números de posse, acesso e uso
O Brasil detém hoje uma base de 43,0 milhões de telefones fixos e 256,0
milhões de celulares, das quais 210,0 milhões são pré-pagos, ou seja, 84% das linhas
existentes. No Brasil, todas as classes tiveram acesso aos celulares, que atualmente
oferecem vantagens como portabilidade numérica e o acesso à Internet, mas os índices
de uso de pré-pagos entre as classes sociais revela as distorções ainda existentes no país.
Segundo o Conselho Gestor de Internet (CGI.br), em 2011 nas classes C e D/E, 93% e
8 Op. Cit.
10
98%, da população, respectivamente, utilizaram serviços pré-pagos, enquanto na classe
A, o uso de pré-pagos não passou de 44%.
O acesso à Internet via celular (CGI.br, 2010) também evidencia uma forte
diferença de apropriação entre as classes sociais. Enquanto a penetração desses serviços
na classe A chegou a 21%, nas classes D/E não ultrapassou 1%. Em 2011, o acesso à
Internet atingiu apenas 17% do total da população brasileira. Dentro das classes sociais,
a distorção é ainda mais evidente: na classe A, a penetração elevou-se para 46%,
enquanto que para as classes C e D/E ficou em 16% e 6%, respectivamente. Além disso,
os consumidores – seja de aparelhos pré-pagos como de pós-pagos – sofrem com a falta
de sinal nos serviços de voz e de acesso à Internet em diferentes regiões do país, o que
lança uma nova ordem de preocupações, especialmente no momento em que o País se
encontra em fase de mudança na sua base tecnológica, para utilizar a quarta geração
(4G) de celulares.
Em relação à população, o País possui a quarta posição no ranking mundial do
número de celulares. No entanto, apesar do número de telefones (256 milhões) já
superar a população do País, calculada em 190,7 milhões de habitantes (IBGE, 20129), o
setor é líder nas reclamações pela falta de qualidade na prestação de serviços10
, que
também são considerados caros, quando comparados com médias internacionais globais
e latino-americanas.
Em decorrência de distorções como essas, o uso do telefone no Brasil (110
minutos/per capita/mês) é, proporcionalmente menor ao que se observa nos países como
México (185 minutos/per capita/mês) e nos EUA (950 minutos/ per capita/mês). Uma
das principais distorções é a prática de elevadas tarifas de interconexão para as ligações
feitas entre pessoas que possuem linhas de operadoras diferentes. Segundo o ex-
presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Gesner de
Oliveira, a tarifa de interconexão das operadoras brasileiras é 6,2 vezes mais cara do que
no México; 5,3 vezes maior do que na Espanha e Alemanha; 18,5 vezes mais cara do
9Disponível
em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2204&id_pagi
na. Acesso em janeiro de 2013.
10
A telefonia celular é responsável por mais de 78 mil atendimentos de Procons em todo o país. No
período entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2012, foram registradas 861.218 demandas de consumo no
Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec). As demandas se referem a todos os
tipos de atendimentos realizados pelos Procons, como o Atendimento Preliminar e a Simples Consulta,
até os processos administrativos instaurados, que na nomenclatura do Sindec são chamados de
Reclamação.
11
que na França e 9,7 vezes a do Reino Unido, embora a média salarial dos brasileiros
seja bem mais baixa que a dos trabalhadores europeus.
As operadoras brasileiras cobram caro nas ligações para celulares de outras
companhias, mas incentivam as conexões para celulares de sua própria rede com
promoções variadas. O custo da ligação para um celular de operadora diferente chega a
ser seis vezes maior. Essas práticas levaram o brasileiro a colecionar cartões SIM (que
no Brasil ganharam a denominação popular de “chips”) das diferentes companhias para
driblar a tarifa de interconexão e aproveitar as promoções. Por isso, no mercado
brasileiro, cerca de 80,0% das ligações são feitas entre celulares da mesma operadora, o
chamado “efeito clube” (HÁ ESPAÇO, 2012, p. A18)11
. A prática do pré-pago obrigou
os fabricantes a oferecerem outra modalidade de celular: aqueles que já vem com
espaço para utilização de vários cartões SIM no aparelho. Esses aparelhos celulares em
geral são produtos mais baratos capazes de usar até quatro cartões SIM simultâneos,
assim como receber rádio e sinais de TV digital aberta. Isso sem contar os 20% de
celulares piratas que segundo a associação dos fabricantes do setor, circulam no país
pelo menos desde 2011.
Do ponto de vista do mercado, as elevadas tarifas de interconexão cobradas pelas
grandes operadoras constituem-se em barreiras à entrada de potenciais competidores. A
redução dos custos com interconexão permitiria o crescimento das chamadas para todas
as operadoras e para telefones fixos, com maior integração dos sistemas de
telecomunicação. Trata-se de solução eficiente e que utilizaria da melhor forma possível
a infraestrutura existente (CASTRO, 2013).12
Aprovado no início de novembro de 2012, pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) visa, nesta
direção, aumentar a concorrência entre as empresas de telefonia instaladas no Brasil e,
ao mesmo tempo, baratear os custos do serviço de interconexão aos consumidores.
Segundo estimativas do relator do plano, Marcelo Bechara, a tarifa de interconexão
poderá cair 62,0% em três anos, passando dos atuais R$ 0,42, para R$ 0,15, em 2015.
Ainda assim, a tarifação brasileira de interconexão continuará cara, ficando acima das
vigentes atualmente nos EUA (R$ 01,0) e Europa (R$ 0,07) (HÁ ESPAÇO, 2012, p.
11
HÁ ESPAÇO para ampliar a concorrência na telefonia. Valor Econômico, 9, 10 e 11 de novembro de
2012, p. A18.
12
Op. Cit.
12
A18)13
. Segundo o plano, operadoras pequenas, sem cobertura nacional, como a
Sercomtel, do Paraná, e a CTBC, que opera no interior de São Paulo, Minas Gerais,
Goiás e Mato Grosso do Sul, vão pagar taxa menor de roaming. As empresas deverão
compartilhar torres, dutos, valas e cabos, barateando custos, a exemplo do projeto de
torres únicas para TV digital entre empresas do campo púbico14
.
A expectativa da Anatel é a de que, em 2012, as operadoras telefônicas adquiram
4,5 milhões de quilômetros de fibra óptica, o que representará um crescimento de 10,0%
em relação a 2011. Mantida essa taxa de crescimento para os próximos anos, estima-se
que em 2014 sejam vendidos cerca de 5,4 milhões de quilômetros de fibras ópticas. Até
2020, o volume mais que dobrará, para 9,6 milhões de quilômetros.
Atualmente, 80,0% dos municípios brasileiros, isto, é 4.364 cidades, contam
com a presença de uma única operadora. Outros 890 municípios têm acesso aos serviços
de apenas duas companhias telefônicas. A presença de três ou mais companhias só é
realidade para 310 cidades de médio e grande porte, concentradas nos principais centros
urbanos do País. Neste contexto, apenas quatro operadoras instaladas no Brasil - Vivo,
Claro, TIM e Oi - detêm 99,7% do mercado.
TABELA 3. BRASIL. Distribuição da população em relação ao número de
empresas telefônicas competidoras, 2012
Número de operadoras Número de municípios
atendidos
Parcela da população
atendida (%)
1 4.364 35,8
2 890 16,2
3 175 10,2
4 82 12,4
5 26 5,7
6 18 10,5
7 5 3,6
8 2 1,1
9 2 4,5
Fonte: Anatel (BORGES & BITTENCOURT, 2012, p. B3).
13
HÁ ESPAÇO para ampliar a concorrência na telefonia. Valor Econômico, 9, 10 e 11 de novembro de
2012, p. A18. 14
Sobre o tema, ver o capítulo sobre TV digital.
13
Os celulares estão cada vez mais equipados com TV, programas, alertas,
videoconferência, fotos, e-mails, SMS15
. O uso de celulares tem, também, aumentado e
em proporções ainda maiores do que as da posse dos aparelhos. Segundo o Conselho
Gestor da Internet (CGI.br)16
, em 2009, uma expressiva parcela de 75% do total dos
brasileiros declarou já ter utilizado um aparelho celular pelo menos uma vez nos últimos
três meses anteriores à data da pesquisa; em 2010, esse índice ascendeu para 79% e em
2011, chegou a 82% da população.
Considerados apenas os habitantes das áreas urbanas, esse indicador aumenta
para 81%, ante um índice de posse anterior de 67%. Em 2011, na área urbana o uso de
celular atingiu 85% dos indivíduos, ante um índice de posse declarado dos aparelhos de
80%. Para a área rural, esses mesmos indicadores foram de, respectivamente, 67% e
55%. No final de 2010, o Brasil já ocupava a 8ª posição no ranking internacional da
densidade de aparelhos celulares por habitante, superando, nesse indicador, países como
a França, EUA, Japão, Paquistão, México e Índia.
A análise da série histórica disponibilizada pelas pesquisas do CGI.br mostra
que com o passar dos anos, a diferença entre os percentuais de posse e uso de celulares
vem diminuindo para o total da população brasileira. Em 2006, essa relação apontava
um déficit de 31%, o qual, em 2010, retrocedeu para 20%, corroborando a tendência da
massificação crescente dos celulares no País, a qual passou a incluir mais intensamente
as áreas rurais. De 2009 para 2010, o uso nas áreas rurais elevou-se mais intensamente
do que nas áreas urbanas, com valores de 18% e 7%, respectivamente.
Esse indicador deve ser compreendido em um contexto em que a posse de
aparelhos celulares tende a expressar menos intensamente as diferenças entre áreas e
estratos socioeconômicos de população. Os índices de posse dos aparelhos, conforme
dados do CGI.br para 2010 em relação ao levantamento do ano anterior, cresceram nas
regiões economicamente mais deprimidas do Nordeste (11%), Centro-Oeste (8%) e
Norte (7%), enquanto se mantiveram estáveis nas regiões Sul e Sudeste.
15
Segundo a International Telecommunication Union– ITU, as mensagens de texto SMS são o meio de
comunicação de dados mais popular do mundo, com 79% dos 5,3 bilhões de donos de celulares
atualmente usando esses serviços. No Brasil, o crescimento no uso de SMS de 2009 para 2010 foi de
75%. Enquanto 21 mensagens SMS são enviadas mensalmente por um brasileiro, um americano envia
591 , um chinês 131 e um argentino, 120. (PERALVA. Carla. SMS. O Estado de São Paulo, Link, n.º
1043, 31 de outubro de 2011: L1).
16
Cumpre ressaltar que a pesquisa contempla, separadamente, tanto a posse, quanto o uso individuais do
celular.
14
O índice de penetração de posse de celulares pelas classes sociais D/E elevou-se,
no mesmo período, de 34% para 42% e que pessoas de menor índice de escolaridade
foram as que exibiram os maiores indicadores de crescimento de posse de celulares, de
37% para 46%. No caso da população de baixa renda, os celulares beneficiam
trabalhadores, particularmente os informais, que podem ser contatados pelo celular,
aumentando sua renda mensal. Mas nem só para trabalhar a população utiliza os
telefones móveis. Além de ligar e receber chamadas, entre aqueles com acesso a
interenet, o uso de mails aparece em primeiro lugar (14%), seguido da troca de
mensagens instantâneas via MSN, mais conhecidas como torpedos, ou redes sociais (9,2
%) e ferramentas de busca (9,3%).
TABELA 4. BRASIL. Conteúdos acessados por meio da Internet no celular, em
porcentagem
Conteúdos %
Sites de e-mail 14,00
Ferramentas de busca 9,30
Sites de mensagem instantânea 9,20
Notícia 8,70
Mapas e informações sobre lugares 7,10
Sites de comunidades virtuais 6,40
Jogos 6,00
Esportes 5,20
Blogs 4,50
Cinema 4,50
Fonte: TGI/NET (maio/junho de 2011).
15
TABELA 5. BRASIL. Evolução da penetração domiciliar de rádio, TV, telefone,
microcomputador e microcomputador com acesso à Internet, 2001-2011
Indicadores 2007 2008 2009 2010 2011
Rádio 88,10 88,90 87,86 81,40 83,40
TV 94,45 95,10 95,67 95,00 96,40
Celular ou Fixo 76,99 82,10 84,30 87,90 89,90
Micro-computador 26,64 31,20 34,70 38,30 42,90
Micro-computador com acesso à
Internet 20,16 23,80 27,40 31,90 36,50
Total de Domicílios (mil) 57.770 57.557 58.566 57.324 61.292 Fonte: Teleco, 2012, a partir dos dados do IBGE (PNAD e Censo Demográfico, 2000)
Nota: Até 2003 não inlcui a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas,
Roraima, Amapá e Pará.
No Brasil, a população pode assistir conteúdos televisivos a partir de diferentes
aparelhos, como:
1. A própria televisão: analógica ou digital gratuitamente (TVs abertas) ou de
forma paga (TV por assinatura);
2. Os celulares 3G que permitem o acesso gratuito ao modelo nipo-brasileiro de
TV digital (sistema One Seg) ou pagando para assistir TV por assinatura no
celular;
3. Nos aparelhos móveis como televisores de tela com tamanho reduzido (mini
TVD) utilizados dentro de veículos automotores (receptores contendo a
modulação One-Seg)
4. Os computadores, onde os conteúdos televisivos podem ser acessados via
Internet, mas, apesar da mensalidade do provedor, sofrem as limitações na oferta
de conexões que sejam rápidas o suficiente para o transporte de dados
necessarios para transmissões dos vídeos. Na maioria dos casos, os conteúdos
televisivos são pagos.
16
Celulares e identidade juvenil
Segundo o IBGE, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad) 2011, 42% da população brasileira entre 10 e 14 anos de idade possuía aparelho
de telefonia móvel em 2011. Em 2005, apenas 19,2% dos jovens desta faixa etária
possuíam celulares, o que denota um expressivo avanço na penetração desses aparelho
junto à população juvenil.
Contemporaneamente, diversos pesquisadores, de muitos países, vêm se
debruçando nas análises do fenômeno da participação dos celulares na construção da
identidade dos jovens, de ambos os sexos. Para Consuelo Yarto W. (2009, p.87)17
, após
extensa revisão da literatura internacional, existem quatro fatores de construção de
identidade dos usuários nas quais participa a posse de telefones celulares: a) como
elemento que se integra à aparência pessoal; b) como fator que promove e possibilita o
desenvolvimento de uma personalidade autônoma e independente; c) como mediador do
processo de construção do self, e d) como elemento símbolo para a construção de
identidades coletivas.
No caso do segmento juvenil, o celular se constitui em um “... elemento fácil de
interpretar e que não apenas confere reconhecimento a quem o possui (Skog, 2002), mas
que também ajuda a projetar sua individualidade, seu estilo de vida e seu sentido da
moda (Barry e Yu, 2002; Okada, 2006; Oksman e Rautiainen, 2002), convertendo-se
em um texto cultural através do qual o usuário projeta aspectos de sua identidade, que
assume como relevantes em sua interação com os demais” (YARTO, 2009, p. 87)18
.
Para esta autora, “através da disponibilidade contínua do grupo de familiares e
amigos em torno do celular, se tenta reconstituir a segurança ontológica arrebatada ao
sujeito moderno, desenvolvendo uma espécie de linha de segurança individual virtual”
(YARTO, 2009, p. 91)19
. Finalmente, conclui que a maior relevância do papel do celular
está na mediação que exerce nos processos de construção social do eu, não apenas nas
17
YARTO, Consuelo W. El teléfono cellular y la construcción de la identidad. Revista Latinoamericana
de Ciências de la Comunicación, ano 6, n. 11, 2º semestre de 2009, p.84-93, São Paulo: ALAIC, 2009.
18
Em tradução livre do original em espanhol.
19
Em tradução livre do original em espanhol.
17
relações interpessoais presenciais, mas também nas interações desenvolvidas no espaço
virtual que caracteriza as relações humanas contemporâneas20
.
Computadores portáteis
A presença de computadores portáteis (notebooks e netbooks) nos lares
brasileiros apresentou um crescimento importante, saltando de 5%, em 2009 para 18%,
em 2011. Nos domicílios urbanos, os resultados foram ainda mais expressivos, tendo
chegado, em 2011, a 20%21
dos domicílios. Entre os brasileiros incluídos digitalmente,
esses equipamentos passam a se constituir, pouco a pouco, no primeiro computador
residencial. Isso evidencia, de um lado, o papel dos equipamentos portáteis na
reconfiguração da posse, uso e acesso às TIC no Brasil, e de outro, crescente a
importância da mobilidade digital na vida cotidiana e no mundo do trabalho.
O uso de Internet através de diferentes plataformas tecnológicas, como celulares,
videojogos em rede e televisão digital, assim como os computadores, expõe a expansão
entre a população digitalmente incluída de novos hábitos no mundo virtual. Eles
utilizam redes sociais, reforçando a existência de uma esfera pública22
digital que,
embora minoritária, consegue ampliar sua opinião através de diferentes mídias digitais,
assim como produzir, circular ou assistir produtos audiovisuais em diferentes
plataformas tecnológicas. Além disso, compartilham vídeos (gratuitos ou pagos) pela
rede, o que acabou por alterar o perfil da oferta e a consolidação de novos serviços e
formatos de negócio no cenário das telas digitais no Brasil. Já existem no País pelo
menos 10 serviços de disponibilização de vídeos pela Internet – via download ou
streaming23
–, a maior parte deles implantados a partir de 201124
.
20
A propósito do uso de celulares e identidades juvenis, ver também: SILVA, Sandra Rúbia. Performance
de masculinidade, práticas de subversão: o consumo de telefones celulares entre jovens de camadas
populares. Comunicação, Mídia e Consumo, São Paulo, ESPM, ano 9, v.9, n.26, p.61-82, nov. 2012.
21
Entre 2009 e 2010, o número de domicílios brasileiros que declararam possuir apenas computadores
portáteis elevou-se de 2% para 4%.
22
As mais frequentes atividades dos internautas brasileiros em 2011, segundo o CGI.br foram: enviar e
receber e-mail (78%), enviar mensagens instantâneas (72%), participar de sites de relacionamento como
Facebook, Orkut e Linkedin (69%), conversar por voz por meio de programas como o Skype (23%), usar
microblogs como o Twitter (22%), criar ou atualizar blogs e/ou páginas na Internet (sites) (15%),
participar de listas de discussão ou fóruns (14%).
23
No download os arquivos são efetivamente transferidos para o dispositivo do usuário (computador ou
tablet), ainda que não haja a mediação de um artefato ou suporte físico, como CD ou DVD. O
consumidor adquire o produto. Já no caso do streaming não há transmissão de arquivos, mas apenas
18
Para a IDC, consultoria especializada em tecnologia digital, a venda anual de tablets no
Brasil deverá atingir 1 milhão de unidades em 2012, ante 450 mil comercializados ao
longo de todo o ano de 2011.
64,873,7
83,477,8
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
2009 2010 2011 2012
ILUSTRAÇÃO 1. ASIL. Evolução do número de usuários com acesso à Internet, em qualquer
ambiente, em milhões (1).
(1) segundo trimestre ano civil.
Tablets
No que diz respeito ao uso de tablets, segundo o pesquisador brasileiro Ronaldo
Lemos (2013), o número desses aparelhos portáteis vendidos pulou de 200 mil em 2010
para 450 mil em 2011 e alcançou a casa dos 5 milhões em 2012. No entanto, mais de
50% desses aparelhos são de baixo custo, isto é, tablets de marcas desconhecidas, entre
as quais as chinesas, adquiridos pela população de baixa renda que não têm condições
de comprar produtos mais caros, de marcas como Apple ou Samsung.
O crescimento da penetração de tablets e de smartphones sobre o mercado de notebooks
e de desktops constitui-se em um fenômeno em escala mundial, para o que contribui a
contínua redução dos preços no mercado global, bem como o aumento e a diversificação
da oferta de aparelhos.
Por permitirem uma maior mobilidade e facilidades de uso para comunicação,
lazer e entretenimento – como frequentar redes sociais e assistir vídeos, entre outras
de conteúdos digitais. Neste caso, o modelo de negócio pressupõe, geralmente, o pagamento, pelo
usuário, de taxas por acesso ao acervo do fornecedor ou assinatura por determinado período de tempo. 24
Entre os principais serviços pagos estão: Netflix e iTunes Store (Apple); Sky on Demand (Sky); Muu
(GLOBOSAT); Crackle (Sony) e Sunday TV – em realidade, uma reformulação do Terra TV (Terra).
Mas existem vários sites para baixar filmes e series gratuitamente.
19
ações – os tablets têm atraído, cada vez mais, os consumidores brasileiros, de todas as
classes sociais.
No Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
(Abinee), apenas no primeiro semestre de 2013, a indústria de aparelhos eletrônicos
para o setor de informática comercializou 10,34 milhões de dispositivos, incluindo
desktops, notebooks e tablets, o que foi considerado o melhor resultado histórico para
este período do ano. Em relação ao mesmo período do ano anterior (2012), os resultados
foram 14,7% superiores. Os tablets acumularam vendas no período de 3,3 milhões de
unidades, que representaram um aumento de 153% sobre os resultados acumulados de
janeiro a junho do ano passado. Essa rápida ascensão no mercado reflete, sobretudo, a
redução dos preços desses dispositivos, acrescido de uma maior oferta e diversidade de
modelos lançados, permitindo encontrar produtos na faixa de R$ 500,00. Por outro lado,
as vendas de desktops e de notebooks continuam perdendo espaço. No primeiro
semestre de 2013 foram comercializadas 4 milhões de unidades de notebooks, o que
significou uma queda de 4,7% sobre o montante de igual período de 2012. Já os
desktops acumularam retração significativamente mais relevante, de 8,8% no total das
vendas. Ainda assim, no Brasil, esses equipamentos continuam representando a primeira
opção de compra de aparelhos de informática, sobretudo para as classes sociais C e D,
enquanto a participação dos notebooks tendem a seguir em crescimento, nos próximos
anos.
Dessa forma, a representatividade dos tablets sobre as vendas totais desses
dispositivos do setor de informática, ao final do mês de junho de 2013, atingiu parcela
de 34,8%, ante 16,1% do mesmo período de 2012. Os notebooks, por sua vez,
apresentaram decréscimo de 47,3%, observados no primeiro semestre do ano passado,
para 38,4%, no mesmo período de 2013. Já os desktops recuaram, nos mesmos períodos
comparativos, de 36,6% para 26,8%.
Até o final do ano de 2013, segundo a consultoria IDC, deverão ser vendidos, no
mercado brasileiro, 5,8 milhões de unidades de tablets, montante superior ao projetado
para desktops, para os quais se projeta o total de 5,5 milhões de aparelhos. Será a
primeira vez que o consumidor brasileiro verá as vendas de tablets superarem as
registradas para computadores de mesa (desktops), o que denota o inquestionável
avanço das opções pela mobilidade.
20
Smartphones: tendências do mercado de consumo
O Brasil deverá encerrar o ano de 2013 com 900 mil acessos de tecnologia de
quarta geração (4G), de acordo com estimativas da 4GAmericas, associação que reúne
as principais empresas de telecomunicações do mundo. Até o final do mês de abril –
último dado disponível – o País registrava quase 50 mil acessos 4G (dados da Anatel).
Neste mesmo período, o Brasil teve um acréscimo de 2,1 milhões de novas conexões do
protocolo 3GPP, que engloba as tecnologias de 1G, 3G e 4G.
Na América Latina, a previsão é de que haja 1,9 milhão de conexões 4G até o
final desse ano de 2013. Atualmente, em todo o mundo, o uso da tecnologia 4G teve um
crescimento anual acima de 400% no período compreendido entre os primeiros
trimestres de 2012 e 2013, contabilizando a entrada de mais de 100 novas redes
comerciais de 4G em operação, somando atualmente 178. A América do Norte destaca-
se, com mais de 49 milhões de assinaturas desses serviços tecnológicos.
Segundo fontes especializadas do mercado, as vendas de smartphones deverão
passar a liderar as vendas de aparelhos celulares ainda neste ano de 201325
,
provavelmente na época do Natal, e uma parcela de pelo menos 7% dos dispositivos
comercializados será compatível com tecnologia de quarta geração (4G), o que não
significa, contudo, idêntico nível de adesão aos planos de dados 4G. A tendência
predominante é a de que os clientes sigam optando pelo serviço prestado em 3G, haja
vista que os aparelhos poderão funcionar em 3G nas áreas não cobertas pelo 4G. No
Brasil, o avanço da oferta da cobertura 4 G será gradual. As operadoras têm até o final
de 2013 para implantar suas redes nas sedes e subsedes da Copa do Mundo de Futebol
de 2014.
A maior barreira a uma maior adesão aos aparelhos com tecnologia 4G, além das
restrições da própria oferta de infraestrutura, é o alto custo dos aparelhos, na medida em
que boa parte deles possui valor de venda acima de R$ 1,5 mil. Especialistas de
mercado estimam que até o final de 2013, novos dispositivos cheguem ao comércio com
valores mais acessíveis. Pesquisa da associação 4G Américas destaca que já existem 32
modelos de aparelhos de quarta geração que rodam na faixa de 2,5 giga-hertz, a mesma
25
Para a empresa de consultoria especializada IDC, as vendas de smartphones vão superar em 2013, pela
primeira vez, as de aparelhos convencionais, dobrando o número de unidades comercializadas na
comparação com 2012, para 32 milhões. Tal desempenho deverá ser resultado especialmente da
desoneração de tributos federais sobre o preço desses aparelhos (PETRY, Rodrigo. Smartphone lidera
vendas, mas palno de 4G patina. O Estado de São Paulo, Caderno Economia, B20, 14 de setembro de
2013).
21
utilizada no Brasil. Essa categoria de celulares só fica em situação inferior à que tem
frequência de 700 MHz, que detêm 435 modelos. Segundo dados da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), compilados pela consultoria Teleco, já existem 24
modelos com tecnologia 4G sendo comercializados no mercado brasileiro.
Muitos especialistas acreditam que uma das principais alternativas das empresas
de telecomunicações para incentivarem a migração dos clientes para o 4G seria a da
oferta de planos de cobrança com preços semelhantes aos dos planos 3G, pelo menos na
fase inicial. Tal expansão é necessária, no momento, não apenas para aumentar a base
de penetração da nova tecnologia, como também para desafogar a rede de terceira
geração (3G).
De acordo com dados da empresa de consultoria ComTech, o número de
smarphones do País cresceu de 4,8 milhões de unidades, no primeiro trimestre de 2010,
para 17,6 milhões no primeiro trimestre de 2013, passando, nos períodos analisados, de
3% para 11% do total de celulares vendidos. Em países de economia e mercado
maduros, como os EUA e maioria dos países europeus, essa penetração já chega a 40%.
Segundo pesquisas da Kantar Worldpanel no Brasil, a marca e as funções multimídia
constituem-se nos principais critérios dos consumidores nacionais na decisão de
compra. No entanto, o mesmo estudo dessa instituição evidenciou que o preço e a
aparência do aparelho foram as categorias que mais cresceram em relevância para a
decisão de compra. No primeiro trimestre de 2012, 7% dos brasileiros disseram comprar
um smartphone pelo fato de o aparelho estar com preços em promoção. No mesmo
período de 2013, esta proporção elevou-se para 10%.
O Marco Civil da Internet (Projeto de Lei n.º 2.126/2011) e o princípio da
neutralidade da rede
Após longo período de análise e de negociações, o projeto do Marco Civil da
Internet no Brasil, nascido em 2009, e que tem por objetivo regulamentar a Internet e
defender os princípios como liberdade de expressão online, privacidade e neutralidade
da rede, agora tramita em regime de urgência na Câmara Federal dos Deputados e terá
que ser votado até o final do mês de outubro de 2013. A pressão atual deve-se, em boa
medida, aos recentes escândalos de espionagem norte-americana no Brasil. A
justificativa principal é a de que, embora o Marco Civil da Internet, por si só, não
impeça a espionagem, traz diretrizes e determina princípios para a elaboração e
22
promulgação de leis mais específicas, como a que dispõe sobre armazenagem e uso de
dados pessoais, já redigida, mas ainda sem trâmite para aprovação.
A neutralidade da rede é o princípio segundo o qual se garante acesso irrestrito à
Internet, sem a necessidade de pagar valores extras para obter determinados serviços de
voz ou de dados. Porém, há que se registrar que as empresas provedoras de acesso à
Internet no Brasil vêm se empenhando fortemente para romper essa neutralidade, na
medida em que a elas comercialmente interessa ampliar os ganhos financeiros com a
cobrança de taxas que diferenciem clientes segundo padrões ou categorias de velocidade
e volume de dados transmitidos.
A liberdade da Internet depende da manutenção do atual modelo, no qual não há
nenhum órgão regulador, ao contrário do que as empresas de telecomunicações vêm
pleiteando, no sentido de conferir competências e poderes à Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) para que esta venha a exercer a regulamentação da rede
mundial de computadores no Brasil.
Atualmente, cabe ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – composto
por representantes do governo, das empresas, da sociedade civil e da comunidade
acadêmica – coordenar os serviços de Internet, zelar por sua qualidade técnica e
promover a sua disseminação no País.
Caso o governo federal venha a conceder atribuições à Anatel para a regulação
da Internet – como pretendem as principais empresas de telecomunicações atuantes no
País – o Marco Civil da Internet tornará esse serviço equivalente ao das
telecomunicações em geral, cujas empresas dependem de licença estatal para o seu
funcionamento. Para muitos analistas, tal fato representaria uma deformação
fundamental do até então elogiado modelo de governança da Internet brasileira, na
medida em que caracterizaria uma trava à inovação e ao crescimento da rede, além da
ameaça potencial de eventual censura à produção e circulação de conteúdo 26
.
Pequenos e médios provedores de Internet no Brasil
Em todo o País existem atualmente cerca de quatro mil pequenas e médias
empresas provedoras de Internet fixa de pequeno e médio portes. Todas juntas, elas
equivaleriam à quinta maior operadora do País, com três milhões de clientes e
26
A esse propósito, ver o editorial do jornal O Estado de São Paulo, “Dilma e a internet livre”, publicado
na página A3, de 18 de setembro de 2013.
23
investimentos anuais na faixa de R$ 1 bilhão. Segundo a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), ainda em 2013, os pequenos e médios provedores de
Internet fixa deverão ganhar uma nova faixa de frequência que permitirá a sua expansão
operacional e comercial no Brasil. Segundo Portaria do Ministério das Comunicações
publicada no Diário Oficial da União, em 18 de setembro de 2013, a Anatel deverá
realizar leilões simplificados, de preferência por meio eletrônico, para autorizar as
pequenas e médias empresas provedoras de Internet fixa o se utilizarem de partes
desocupadas da faixa destinada à Internet 4G. A mesma norma legal determina que a
Anatel conclua, até o final de 2013, estudos para o oferecimento de novas faixas de
frequência em nível nacional, que venham a permitir a entrada de novas concorrentes
para as grandes empresas atualmente estabelecidas no mercado brasileiro de provimento
de acesso à Internet.
Compartilhamento de sinal entre vizinhos
Segundo pesquisa recentemente realizada e divulgada pela empresa de
consultoria especializada no consumo das classes C e D/E, Data Popular cerca de 7,1
milhões de brasileiros usam a internet a partir de uma rede sem fio (Wi-Fi)
compartilhada com seus vizinhos27
. Os levantamentos foram realizados no mês de junho
de 2013, com duas mil pessoas, em cem municípios de todos os Estados brasileiros. A
pesquisa revelou que a partilha do sinal é mais comum na classe média, na qual uma
parcela de 10% dos entrevistados afirmou ter ou fornecer acesso Wi-Fi de seus vizinhos.
Nas classes alta e baixa, apenas 4% declaram afirmativamente a prática.
Pela mesma fonte, a partilha pode acontecer de duas maneiras: a) a despesa é
dividida pelos vizinhos que compartilham a rede; b) o dono da conta arca com as
despesas e autoriza o uso do sinal pela vizinhança que o compartilha.
A maioria dos compartilhamentos de sinal, segundo o estudo, ocorre em
conexões de velocidades elevadas, cujos custos considerados inacessíveis ou proibitivos
para grande parte dos usuários constituiria o principal motivo da prática do uso
compartilhado ou do eventual rateio. A maior parcela dos praticantes do
compartilhamento é composta por jovens de 16 a 25 anos, dos quais 21% declararam já
27
O levantamento levou em consideração apenas os casos em que o uso da conexão alheia era consentido.
Não foram, portanto, considerados na pesquisa casos classificados como ligações clandestinas
(“gatos”), ou roubos.
24
ter se beneficiado ou o estar fazendo no momento da realização da pesquisa. A
proporção cai para 8% na faixa dos 26 aos 39 anos; para 3%, entre 40 e 59 anos e para
0%, para os maiores de 60 anos de idade.
Entre as regiões do País, o Sudeste lidera as estatísticas, com 8% de usuários que
já dividiram conexões, seguida pelo Norte (7%) e Nordeste (6%).
Recentemente, o Tribunal Regional Federal (TRT), da 1ª Região, negou recurso
ao Ministério Público Federal (MPF), que buscava considerar como crime, a partilha de
sinal. Segundo o parecer final do TRT28
, “a instalação de uma antena e de um roteador
wireless para que seja possível a transmissão de sinal de internet por meio de
radiofrequência não configura ilícito penal”. Para a empresa NET, em resposta a
consulta encaminhada pelo jornalista de “O Estado de São Paulo”, Bruno Capelas,
“...compartilhar a rede com desconhecidos traz riscos à segurança e que o contrato das
operadoras estabelece que a conexão Wi-Fi destina-se a uso exclusivo pelo titular,
proibindo o compartilhamento da conexão entre habitações distintas”. 29
Para o mesmo
repórter, a Vivo declarou, por sua vez, que “não considera que tal prática traga
prejuízos. Quanto mais acessos houver, maior será a necessidade que o usuário sentirá
de ter uma conexão mais potente, o que poderá levá-lo a contratar um plano de dados e
não ficar dependente da rede de outra pessoa”.
Redes Sociais
No Brasil, o Facebook assumiu a posição de liderança entre as redes sociais mais
populares, suplantando o Orkut, que até 2011 mantinha a preferência popular. De
acordo com o relatório anual da ComScore, empresa internacional líder em métricas
setoriais, o site atingiu a marca de 36,1 milhões de visitantes únicos em dezembro de
2011, o que representou um crescimento de 192% em relação ao mesmo período de
201030
. O tempo dedicado ao Facebook também aumentou de forma significativa. Em
dezembro de 2011, o brasileiro gastava aproximadamente 4,8 horas no site. Em 2010, a
28
Sentença proferida pelo juiz federal Carlos D’Ávila Teixeira, do Tribunal Regional Federal da 1ª
Região, que negou recurso apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) contra decisão da 11ª
Vara de Goiás. No processo, o MPF defendeu que a prática caracterizava o crime de desenvolver
clandestinamente a atividade de telecomunicações, cuja interpretação não foi acatada pela Justiça. 29
CAPELAS, Bruno. Sete milhões usam internet sem fio dos vizinhos. O Estado de São Paulo, Caderno
Economia, Link, B14, 18 de setembro de 2013. 30
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-ultrapassa-orkut-no-brasil-aponta-
comscore . Acesso em 27 de novembro de 2012.
25
média era de 37 minutos. O consumo dos brasileiros tornou o país o segundo do mundo
no uso do Facebook, perdendo apenas para os EUA.
De acordo com a pesquisa, o Orkut segue como a segunda maior rede social no
Brasil, com 34,4 milhões de visitantes únicos, um montante 5% menor do que o
registrado em dezembro de 2010. O Windows Live Profile ocupa o terceiro lugar, com
13,3 milhões, e o Twitter aparece em quarto, com 12,5 milhões. O Google+, a rede
social do Google, está entre os oito maiores sites do segmento e fechou o ano de 2011
com 4,3 milhões de acessos únicos. Está à frente do LinkedIn, com apenas 3,1 milhões
de seguidores.
O levantamento da comScore também revelou dados sobre as atividades do
brasileiro nas redes sociais31
. Segundo o relatório, as mulheres gastam mais tempo
conectadas à rede. Enquanto elas passam 5,3 horas no site, os homens dedicam apenas
4,1 horas. A base é composta, em sua maioria, por pessoas entre 25 e 34 anos (30,6%).
A maior parte dos visitantes é de São Paulo, mas é no Rio de Janeiro que estão os mais
aficionados e envolvidos com a ferramenta. Na região Sudeste, a média de tempo gasto
no Facebook é de 5,1 horas por pessoa.
TABELA 6. BRASIL. Ranking das cinco redes sociais mais populares, em número
de visitantes únicos, 2011 e variação percentual sobre 2010
Rede Social Número de visitantes únicos
(milhões)
Variação percentual sobre o ano
anterior (2010)
Facebook.com 36,098 192,0
Orkut 34,419 5,0
Windows Live Profile 13,301 13,0
Twitter.com 12,499 40,0
Google+ 4,300 n/d
Outros 13,882 287,0
Fonte: ComScore, 2012.
31 Em comparação com outros países, o Brasil possui utiliza muito as categorias “Busca”, “E-Mail”,
“Serviços de mensagens instantâneas”, “Cupons”, “Busca de Emprego” e “Blogs”. Nesta última, é
importante destacar que o Brasil é líder mundial, com um alcance total de 95,9% e crescimento de 44%
entre 2010 e 2011. A categoria “Portais” também continua forte entre os brasileiros. Esse tipo de site
detém uma parcela considerável do tempo on-line dos usuários (39,2%), apesar do crescimento rápido das
redes sociais, que subiram de 16,7% para 23,0% entre 2010 e 2011.
26
Uma pesquisa da consultoria Semiocast mostra que o Brasil é o segundo maior
país em número de contas no Twitter que somam cerca de 40 milhões em julho de 2012,
mas boa parte delas são inativas. Do total de contas, 40,0% têm apenas de um a cinco
seguidores, o que mostra que as redes de relacionamento do Twitter brasileiro são
restritas
Entre os principais motivos para a diferença de acesso do Twitter frente ao
Facebook deve-se ao fato de que os brasileiros preferem relacionamentos e trocas
sociais, bem como a montagem de comunidades do que simplesmente enviar e receber
informações, principalmente se estas se revestem do caráter da impessoalidade, como é
o caso do Twitter32
.
32
Ainda assim, o Brasil é o segundo país em número de envios de mensagem por essa rede social desde
2010, ficando apenas em posição pouco inferior à ocupada pelos EUA (23,0% ante 27,0% dos tweets
mundiais, respectivamente). A terceira posição internacional é garantida pela Indonésia, com 11,0%
dos envios de mensagens. SERRANO, Filipe; RODRIGUEZ, Diogo Antonio (2012:16). Em fase de
migração. O Estado de São Paulo, Caderno Link, 10 de setembro de 2012, p. L6.
27
PARTE II - MODELOS DE NEGÓCIOS NO FORNECIMENTO DE ACESSSO
WI-FI NO BRASIL
Atualmente, observa-se uma corrida entre operadoras móveis ao redor do mundo
para a construção de redes próprias de Wi-Fi, embora, em nenhum contexto conhecido,
esteja já claro um modelo de negócios que justifique todos os investimentos
demandados por tais iniciativas.
Até o presente momento, o movimento observado, não apenas na América
Latina, mas no mundo todo, tem sido motivado principalmente por uma estratégia
defensiva e que visa essencialmente desafogar suas estações radiobase (ERBs) 3G, sem,
contudo, gerar diretamente novas receitas. Considera-se que economia para as empresas
de telecomunicações chega a conquistar valores substanciais, mas os desafios de
engenharia e os correspondentes custos de implantação dessas soluções tecnológicas
não são pequenos. Entre as maiores dificuldades, encontra-se a cobertura de ambientes
externos, haja vista que o raio de alcance do Wi-Fi é menor do que o de uma
macrocélula e torna-se necessário minimizar as interferências, que podem vir até de um
motor de automóvel em funcionamento em ruas próximas ou de outras diferentes fontes
de ruído33
, o que exige que antes da instalação de um hotspot seja necessário um
criterioso planejamento sobre as interferências atuais e potenciais vigentes no local.
Entre as soluções de hardware está o uso de sistemas de ajuste automático de potência
de sinal, além de antenas direcionadas, que melhoraram a cobertura. O uso da
frequência de 5 GHz também ajuda, pois é uma faixa menos congestionada do que a de
2,4 GHz, mas ainda são poucos os tablets e smartphones aptos a operarem nela. Em
ambientes internos com grande circulação de pessoas, às vezes, o excesso de pontos de
acesso Wi-Fi de múltiplos provedores também provoca interferência. Neste caso, o
melhor é buscar um gerenciamento comum, como faz as Infraero nos aeroportos. Com
33
Muitos dispositivos podem interferir com a transmissão tais como forno de micro-ondas,
fones handheld, dispositivos de abertura de portas de garagem e dispositivos utilizando aplicações
Bluetooth que transmitem na mesma frequência de 2,4 GHZ utilizadas pelas redes WLAN nos padrões
IEEE 802.11b e IEEE 802.11g. Uma alternativa é utilizar o padrão IEEE 802.11a que opera na frequência
de 5 GHz. A desvantagem é que o padrão 802.11a é mais caro, tem menor alcance e as Redes Mesh atuais
ainda não estão disponíveis neste padrão mas vão evoluir no seu Road Map. A interferência é um
problema por que ela pode impactar fortemente na performance da rede causando a perda de transmissão
de pacotes. Os pacotes perdidos vão precisar ser retransmitidos aumentando assim a taxa de erros e os
roteadores que enviam os pacotes ficam mais lentos nas suas transmissões para compensar as perdas.
28
um mesmo equipamento, criam-se divisões lógicas entre as operadoras, viabilizando um
gerenciamento da interface aérea. Porém, além da interferência física de fatores, existem
ainda obstáculos de ordem comercial que atrasam os projetos das empresas de
telecomunicações de ofertarem conexões Wi-Fi. Nem sempre é fácil negociar com
estabelecimentos comerciais a instalação de um ou mais pontos de acesso. Por outro
lado, há que se destacar que nenhuma dessas dificuldades desanima as operadoras, haja
vista que o custo de um hotspot Wi-Fi é menos de um décimo daquele de uma
macrocélula. Estima-se que hoje 33% do tráfego móvel no mundo aconteça via Wi-Fi,
contando aquele operado no interior das residências. Segundo estimativas de
especialistas, esse percentual deverá subir para 46% daqui a cinco anos.
Teoricamente, muitos são os modelos de negócios possíveis, embora ainda não
tenha sido encontrado um que possa ser replicado com sucesso no mundo inteiro. As
empresas de telecomunicações vêm investindo na oferta de Wi-Fi para atender à
crescente demanda de dados pelos consumidores finais, especialmente os da nova
geração. No Brasil, as conexões Wi-Fi estão deixando de ser uma tecnologia provisória
para se tornar parte das estruturas públicas. No entanto, apesar da boa aceitação, o País
responde hoje por apenas 0,5% dos 777 mil hotspots existentes no mundo. A estrutura
brasileira é ainda bastante pobre se comparada à média do mercado de TI, que
representa de 2% a 3% do volume global de negócios do setor.
Diferentes modelos de negócios, baseados na disponibilização de hotspots para
acesso Wi-Fi são usualmente implementados em todo o mundo, e também no Brasil.
Entre eles, cabe destacar:
1. Modelo de comercialização a varejo: Neste modelo, a comercialização do
acesso Wi-Fi é feita pela empresa provedora diretamente com o usuário ou
consumidor final, a partir de um contrato de conexão, no qual se estabelece o
número de horas de acesso permitido;
2. Modelo de comercialização no atacado: Neste caso, os contratos são
realizados entre a empresa provedora de acesso e outras empresas que os
vendem, por sua vez, diretamente aos seus clientes finais (como UOL Wi-Fi,
Terra Wi-Fi e outros similares). As empresas fornecedoras dos serviços de
acesso tornam-se, desta forma, gerenciadoras de serviços de terceiros no
mercado corporativo. Um dos exemplos mais conhecidos da aplicação deste
29
modelo é o adotado pela empresa provedora de serviços de telecomunicações
TIM nos aeroportos de todo o País. Esses serviços já atendem 22 aeroportos
brasileiros e estão disponíveis para clientes dos planos Infinity, Mundi, Liberty e
Liberty Web. Os aeroportos atendidos pelos serviços Wi-Fi da Tim são:
Guarulhos, Congonhas, Brasília, Galeão, Santos Dumont, Salvador, Porto
Alegre, Recife, Curitiba, Campinas, Fortaleza, Pampulha, Confins, Joinville,
Uberaba, Maceió, Goiânia, Jacarepaguá e Montes Carlos, além de Aracaju/SE,
Campo de Marte/SP e Uberlândia/MG, para os quais a prestação de serviços foi
recentemente inaugurada, em 9 de agosto de 2013;
3. Modelo de acesso gratuito: Neste modelo de negócio, o usuário ou consumidor
final tem acesso gratuito à conexão wireless, como retribuição ao investimento
do seu tempo cedido em exposições à propagandas e campanhas publicitárias.
Esse modelo é explorado por empresas de mídias móveis, e é executado a partir
de hotspots próprios disponibilizados nos mais diferentes pontos de acesso
público das cidades, como cafés, shopping centers, centros comerciais, hotéis,
aeroportos, estações rodoviárias e ferroviárias, parques e praças públicas e
outros afins. O usuário procede – como em todos os demais casos de provimento
de acesso público à Internet, segundo a legislação em vigor – à realização de seu
cadastro, o qual, por sua vez, passa a constituir uma valiosa base de dados para a
construção de perfis e de segmentações de interesse aos anunciantes,
patrocinadores do acesso Wi-Fi a partir dos custos cobrados pela realização de
campanhas publicitárias.
De um modo geral, considera-se que no Brasil pouquíssimas operadoras
desenvolveram modelos de negócio baseados na tecnologia Wi-Fi nos últimos dez anos.
Para melhorar essa performance e incentivar investimentos em novas inciativas
favoráveis ao desenvolvimento de novos negócios envolvendo as conexões wireless,
usualmente se recomenda às operadoras de telecomunicações (CISCO INTERNET
BUSINESS SOLUTIONS GROUP, 2013
34; AMDOC SERVICE PROVIDER WI-FI,
201335
):
34
CISCO INTERNET BUSINESS SOLUTIONS GROUP. What customers want from Wi-Fi (Brazil).
Insights from CISCO IBSG Customer Research. Agosto de 2012 Disponível em:
http://www.cisco.com/web/about/ac79/docs/sp/Wi-Fi_Customer-Research_Brazil.pdf. Acesso em 1 de
setembro de 2013.
30
Explorar mais as possibilidades de oferta da tecnologia para usuários
domésticos;
Integrar o Wi-Fi como parte relevante do portfólio de serviços, o que não ocorre
ainda hoje;
Pesquisar novas utilizações para a tecnologia, e
Investir na ampliação da infraestrutura, tornando a experiência mais pervasiva36
,
principalmente com a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas
de 2016. Neste último caso, as operadoras precisam ter em mente que será
inviável atender à demanda somente com as redes 3G.
Cidades Digitais
Segundo o Banco Mundial, o crescimento das cidades em todo o mundo é um
fenômeno contemporâneo que já atinge proporções até muito recentemente
impensáveis: anualmente, são agregadas 65,7 milhões de novos moradores nos centros
urbanos. Nos próximos 30 anos, eles receberão mais dois bilhões de pessoas, o que fará
passar o contingente urbano de 3,9 bilhões atuais para mais de seis bilhões. As
dimensões dos problemas das cidades adquirem imensa complexidade e exigirão
urgência na adoção de soluções, cada vez mais dependentes de tecnologias de
informação e comunicação. As cidades precisam coordenar um conjunto ampliado de
fluxos de estímulos e sinais luminosos, sonoros, elétricos, textuais e de outras naturezas
também, captando e distribuindo informações de e para os cidadãos, prestando serviços
com qualidade, eficiência e rapidez crescentes.
35
AMDOCS SERVICE PROVIDER WI-FI. The Wi-Fi monetization opportunity: Amdocs Servide
Provider Wi-Fi Research Study. Disponível em: http://webinars.telecoms.com/webinar/wi-fi-research-
study/. Acesso em 25 de setembro de 2013.
36
A respeito dos conceitos de pervasividade, ubiquidade e outros ver: SACCOL. Amarolinda Zanela;
REINHARD, Nicolau. Tecnologias de informação móveis, sem fio e ubíquas: definições, estado-da-
arte e oportunidades de pesquisa, RAC, v. 11, n. 4. P. 175-198, out./dez. 2007, sintetizados no ANEXO
deste relatório.
31
Os fluxos de estímulos urbanos provêm das mais diferentes fontes e categorias
de sensores: câmeras, radares, alarmes, telefones fixos e móveis e mesmo de tweets de
cidadãos conectados à Internet. Para o presidente da Intel Brasil, Fernando Martins, até
o final desta década, haverá cerca de 21 bilhões de dispositivos eletrônicos no planeta,
equivalendo a uma média de três aparelhos per capita, todos eles transmitindo
informações simultaneamente. Integrar sensores, habitantes conectados e novos
sistemas de gestão de recursos públicos tornam-se, neste contexto, prioridades para o
Estado e as políticas públicas de mobilidade urbana, sustentabilidade e segurança37
.
Para os especialistas, na base da possibilidade de existência da Cidade Inteligente reside
a opção pela conectividade, que viabilizará o fluxo de informações entre cidadãos e
poder público.
A exemplo do que já ocorre em diversas grandes cidades e metrópoles nos EUA
e na Europa, desde os primeiros anos da década passada, também no Brasil já começam
a existir iniciativas de oferta de acesso livre e gratuito à Internet (Wi-Fi), em locais
públicos, como terminais de transporte público, praças e parques, bibliotecas e outros
equipamentos de uso coletivo.
São exemplos deste fenômeno, os municípios de Osasco, Guarulhos, Diadema e
Jundiaí, entre outras. Nesta última cidade, por exemplo, o acesso Wi-Fi gratuito é
oferecido, desde março de 2012, em sete terminais de transporte público de passageiros
e em cinco praças públicas, a partir do sistema de provimento WI-MAX.
O modelo de negócio de cada cidade digital é variável dependendo de cada
prefeitura. Existem aquelas que cobram pelo serviço e tem aquelas que não cobram pelo
serviço. Existem uma grande predominância da Tecnologia Mesh com Wi-Fi na última
malha em todas elas. Acredita-se que o acesso público com a tecnologia Wi-Fi constitui-
se em um fator crítico de sucesso para sustentabilidade do negócio de Cidade Digital
pois ele provoca o interesse da iniciativa privada em virtude da mídia espontânea que
uma oferta deste tipo provoca.
Os serviços que podem ser oferecidos pela Cidade Digital são: acesso à Internet
wireless para os cidadãos, polícia, bombeiros, funcionários da prefeitura, entre outros;
atendimentos de Saúde, Serviços de Emergência, Serviço Social ao Cidadão,
recolhimento volante de impostos da prefeitura, Turismo, Inclusão Digital, Bibliotecas
Volantes, Monitoração de Segurança (Surveillance) através de câmeras wireless (como
37
A este propósito ver BRITO, Paulo. Setor público quer maior interação. Jornal Valor Econômico,
suplemento especial Cidades Inteligentes, G1, 30 de julho de 2013.
32
Wireless Netcams do Dailywireless), Comunicação de Voz através da Tecnologia de
VoIP, entre outros.
Em geral, os modelos de negócios para as Cidades Digitais devem visar38
:
Redução ou eliminação da necessidade de gastar a receita recolhida dos
impostos;
Promoção da cooperação ao invés da competição com o setor privado;
Viabilização da sustentabilidade e combate à obsolescência da tecnologia;
Diminuição do preço do acesso de banda larga para o usuário final;
Permissão ao setor privado para operar e gerenciar a rede;
Viabilização de um acesso em banda larga universalmente reconhecido;
Fornecimento de fluxo de caixa grátis para atualizações (upgrades) da rede e
iniciativas de desenvolvimento e aplicação de tecnologia por parte da
comunidade.
Nos EUA as Cidades Digitais implantadas utilizam os seguintes modelos de
negócios:
• Rede Comunitária;
• Rede de Utilidade Pública;
• Rede de Consórcio Privado;
• Rede Cooperativa de Atacado.
Rede Comunitária: Existem pelo menos dois modelos de redes híbridas comunitárias.
O primeiro envolve a própria cidade ou uma organização sem fins lucrativos obtendo
suporte financeiro de quem recolhe imposto municipal, garantias de fundação
(foundation grants), doações de cidadãos ou de empresas, e receita de propaganda de
mídia na Internet. A cidade ou a organização sem fins lucrativos então constroem a rede
e fornecem os serviços de marketing e de atendimento ao cliente. Este modelo é
38
Baseado em PRADO, Eduardo. Cidade Digital: Modelos de negócios que sustentam o
empreendimento, 2005. Disponível em: http://www.teleco.com.br/emdebate/eprado13.asp
Acesso em 23 de setembro de 2013
33
encontrado em RedesHotzones Wireless ou Redes City-Wide e está sendo utilizado na
Cidade de Hermosa Beach na Califórnia.
O segundo modelo envolve uma entidade sem fins lucrativos ou entidade
governamental que obtêm suporte financeiro de empresários de negócios educacionais
(Escolas ou Universidades) que utilizam benefícios para implantar uma Rede de Wi-Fi.
A cidade ou a entidade sem fins lucrativos agem como catalisadores para encorajar a
montagem orgânica da rede de Wi-Fi em determinadas áreas da cidade. Desde que nem
a municipalidade e nem a entidade sem fins lucrativos estejam custeando a implantação
da rede, os investimentos públicos são substancialmente menores. A rede, contudo, não
é ampla (ubiquitous). Este modelo está sendo utilizado em Austin no Texas.
Rede de Utilidade Pública: Nos EUA, esta é uma situação bem típica. Os serviços de
utilidades públicas de Água, Energia Elétrica e Gás muitas vezes são operadas por
cidades. O Modelo de Rede de Utilidade Pública necessita que um governo local
estruture um novo departamento para gerenciar e operar a rede ou combine os
departamentos já existentes de Água, Energia Elétrica e/ou Gás para implantar, operar e
gerenciar o novo serviço de Banda Larga para os cidadãos. O novo órgão público instala
a rede, comercializa o serviço, e proporciona o atendimento ao cliente, bem como
também opera o gerenciamento econômico e financeiro do negócio. Adicionalmente, o
governo municipal pode optar em prestar o serviço de Banda Larga Fixa e Móvel para
os outros Departamentos da Prefeitura. A Cidade de Chaska no Estado do Minesota tem
utilizado o Modelo de Rede de Utilidade Pública para prestar o serviço de Rede Mesh
de Wi-Fi para a cidade.
A maioria dos Estados nos EUA permitem as municipalidades formar Fundos
Corporativos para implantar Projetos de Utilidade Pública. Ao contrário de um Fundo
Geral, que devem ser balanceados em cada ano fiscal, os Fundos Corporativos estão
aptos a mostrarem anualmente lucros ou perdas.
Rede de Consórcio Privado: O modelo de rede de consórcio privado envolve um ou
mais fornecedores do setor privado da economia oferecendo o serviço de Banda Larga
para os usuários finais. A rede de consórcio privado é custeada por investimentos
privados e o provedor privado dos serviços oferta o acesso tanto para a cidade como
para os assinantes através de uma taxa mensal. O provedor privado dos serviços é
34
responsável pela operação e manutenção da rede como também pelo suporte técnico,
atendimento ao cliente e gerenciamento econômico e financeiro do empreendimento.
No Brasil, as Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs) podem ser utilizadas para
empreendimentos deste tipo.
Rede Cooperativa no Atacado: O modelo de rede cooperativa no atacado proporciona
duas opções para os líderes políticos locais. O primeiro é o modelo de propriedade
municipal na qual a cidade faz a decisão de "Construa versus Compre" (Build versus
Buy) em relação ao serviço de Banda Larga. Neste caso, a Cidade "Constrói" a rede de
Banda Larga para atender as suas demandas de Banda Larga e de Telecomunicações. O
investimento vem do recolhimento de impostos, garantias estaduais e federais, garantias
de fundação (foundation grants) e/ou garantias genéricas (bonds). Depois de assegurar
os fundos, a cidade realiza uma licitação pública para o projeto, instalação, e
gerenciamento da rede.
Depois que a rede é instalada e a cidade completou o seu processo de absorção da (in-
sourcing) da mesma, e, então, o excesso de capacidade é repartido e vendido para
provedores de serviços privados (WISPs, ILECs, CLECs, MSOs ou ISPs de Acesso
Discado) por preços de atacado. Os provedores de serviços competem por assinantes
comerciais e residenciais enquanto fornecem marketing, suporte técnico, atendimento a
clientes e gerenciamento econômico e financeiro. O fluxo de caixa positivo (ou livre)
restante depois da atualização e manutençao da rede gerado das taxas de atacado pode
ser utilizado para financiar um número de programas municipais tais como
Desenvolvimento Econômico ou iniciativas de Inclusão Digital.
Apesar do primeiro modelo satisfazer as necessidades dos líderes municipais, ele
requer recursos de pagadores de impostos e funcionários públicos para ter sucesso. Para
comunidades interessadas em instalar redes de Banda Larga sem fio, mas arredias a
utilizarem dinheiro público, uma alternativa pode ser utilizada. Ao invés da cidade
custear e gerenciar a rede, a comunidade pode criar uma entidade sem fins lucrativos
que executará as seguintes tarefas:
• Levantar os recursos para a implantação de uma rede de Banda Larga wireless;
• Proceder ao outsourcing do projeto da rede, da implantação e o gerenciamento
para uma empresa privada;
35
• Fornecer o serviço de Banda Larga diretamente para as Agências Municipais
como também empregados (fixa e móvel);
• Realizar o marketing do Serviço de Atacado para WISPs, ILECs, CLECs,
MSOs (Multi-System Operator) e ISPs de Acesso Discado;
• Desenvolver projetos sociais e econômicos a serem custeados pelo Fundo de
Caixa Positivo (ou Livre).
O Governo Municipal proporciona o baixo custo de acesso aos postes públicos e outros
ativos municipais para a implantação da rede e atua como um articulador âncora para
promover a rede. Com a Carta Patente de Desenvolvimento Social e/ou Econômico, a
entidade sem fins lucrativos estará apta a assegurar o financiamento para a implantação
da rede a partir de garantias municipais ou estaduais como também de doações de
fundações privadas. A necessidade de recursos adicionais poderá ser resolvida através
de empréstimos bancários normais, que são muito mais fáceis de serem obtidos tendo
como articulador âncora o Governo Municipal.
Parcerias da Entidade sem Fins Lucrativos com Empresas Privadas podem gerenciar a
rede, resultando em menor necessidade de pessoal. O foco da entidade sem fins
lucrativos é gerenciar a rede, desenvolver programas efetivos sociais e/ou econômicos, e
atrair e desenvolver relacionamentos com o mercado varejista.
A experiência da cidade de São Paulo
Como visto, as Cidades Digitais ou Cidades Inteligentes, estão sendo
crescentemente implantadas em vários países, em todo o mundo. No município de Nova
York (EUA), existe conexões Wi-Fi gratuitas em 20 parques públicos, em cinco
estações do metrô e em 20 telefones públicos. Em Londres (Inglaterra), é possível
acessar a Internet em 120 estações do metrô, com serviços pagos (o acesso foi gratuito
apenas durante o período de duração dos Jogos Olímpicos). Madrid (Espanha) foi a
cidade pioneira no oferecimento de Internet sem fio nos ônibus municipais. Lá também
é possível o acesso em parques e praças públicas39
.
Na cidade de São Paulo, projeto-piloto visa oferecer, ainda em 2013, Internet
gratuita em 120 praças públicas (chamadas no projeto de Praças Digitais) – distribuídas
39
DANTAS, Tiago. De mercados a parques, 120 locais de SP terão Wi-Fi. O Estado de São Paulo,
Caderno Metrópole, A 32, 11 de maio de 2013.
36
por 96 distritos da capital - e outras localidades nas áreas centrais, como Avenida
Paulista e no Vale do Anhangabaú, além de regiões periféricas, especialmente aquelas
localizadas na Zona Leste da Capital, como São Miguel Paulista e Cidade Tiradentes.
Cada espaço atendido deverá possuir ao menos um ponto de acesso à Internet sem fio.
O custo estimado para o projeto é de R$ 45 milhões, distribuídos em três anos (R$ 15
milhões/ano). O projeto-piloto prevê, ainda, a instalação em ônibus de conexões 4G sem
fio, até a Copa de 2014, abrangendo toda a frota de coletivos, que atualmente abarca
14,9 mil unidades, que transportam 9,8 milhões de passageiros por dia40
.
A prefeitura do município, através da Empresa de Tecnologia de Informação e
Comunicação do Município de São Paulo (PRODAM -SP) já deu início, no final do mês
de julho de 2013, ao processo de tomada de preços para a construção e operação da rede
municipal de Wi-Fi da cidade. O projeto da prefeitura prevê que a rede tenha capacidade
de entregar pelo menos 512 kbps efetivos a cada usuário, para download e upload
(síncrona) dentro de um plano de capacidade definido no termo de referência. Foi
excluída da proposta qualquer possibilidade de controle ou restrição do tráfego, de
modo a assegurar plenamente o princípio da neutralidade de rede. A íntegra do termo de
referência está disponível pelo site da PRODAM –SP41
.
Estima-se que o público atendido atinja o total de 195 mil pessoas por mês, a
partir de outubro de 2013.
Para a oferta dos serviços, a estrutura deverá ficar a cargo de cinco empresas, as
quais serão contratadas em processo licitatório, por lotes de locais a serem atendidos,
por um período contínuo de três anos. Além da instalação dos hotspots, a prefeitura
municipal de São Paulo ainda estuda se exigirá das licitantes vencedoras do certame, a
colocação e disponibilização de tomadas nos parques, praças e outros locais públicos de
acesso, para que os usuários possam recarregar seus celulares, tablets e notebooks.
40
A empresa de telecomunicações TIM anunciou recentemente a disponibilidade de sinal aberto da rede
Wi-Fi para os moradores de Paraisópolis, comunidade de baixa renda da Zona Sul de São Paulo. De
acordo com a operadora, a rede (o SSID é Paraisópolis Wi-Fi) já permite acesso a consultas em portais de
serviços públicos, como SPTrans e Previdência Social. O acesso é garantido por uma hora e é necessário
fazer um cadastro gratuito no portal da associação de moradores do local.
41
SÃO PAULO (PREFEITURA DO MUNICÍPIO) / PRODAM. Termo de Referência
para prestação de serviços de internet livre por redes sem fio. Disponível em:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/planejamento/prodam/arquivo
s/cotacao/TERMO_DE_REFERENCIA_PRACAS_DIGITAIS_290713.pdf. Acesso em
29 de junho de 2013.
37
Parte dos investimentos necessários no programa poderão vir das multas pagas
por operadoras de celular que instalaram antenas de forma irregular na capital ao longo
dos últimos anos, os quais são recolhidos a partir de Termos de Ajustamento de
Conduta (TAC) assinados entre a prefeitura municipal e as empresas infratoras.
Os técnicos do governo municipal estudam, também, como podem aproveitar o
projeto para integrar e permitir maior acesso aos serviços públicos municipais que já
estão na Internet. Uma das alternativas seria a da criação de aplicativos de celular para
que a população usuária possa reportar, por exemplo, problemas e irregularidades em
funções e atividades públicas como limpeza urbana, iluminação e outras42
.
A prefeitura municipal estuda criar conselhos de usuários para contribuírem na
gestão do programa Praças Digitais em toda a cidade.
Segundo estudo do Ibope/Estadão Dados, realizado a partir de estatísticas do
Censo 2010, na cidade de São Paulo apenas 54,2% das residências possuem acesso à
Internet, ante percentuais de penetração de equipamentos que atingem 98,7% no caso
das geladeiras, 98,6% para os televisores e 80,5% para as máquinas de lavar. No caso de
celulares, 88,9% das residências paulistanas possuem pelo menos um aparelho.
Apesar do indicador paulistano de acesso domiciliar à Internet estar acima da
média brasileira, revela também uma forte desigualdade entre classes sociais, distritos e
bairros da cidade: aqueles mais ricos chegam a possuir percentual de penetração de
acesso domiciliar à Internet quase três vezes superior aos de menor renda, ou seja de
87,9%, em Moema, seguida de perto por Jardim Paulista, Alto de Pinheiros e Itaim-
Bibi, o indicador passa para 32%, no Jardim Ângela. No caso das regiões com forte
presença de população rural, esses percentuais podem ser ainda mais discrepantes:
Marsilac (15%) e Parelheiros (26,8%).
Conforme dados estatísticos do estudo, na cidade de São Paulo, 1.890.742
domicílios possuem acesso à Internet. O percentual de paulistanos com acesso à rede
mundial de computadores varia conforme a renda familiar. Para aqueles que ganham até
1 salário mínimo, o percentual de penetração do acesso domiciliar atinge 44% das
residências e para a renda de 1,5 salário mínimo, o acesso abrange apenas 41%; esse
valor vai progressivamente ascendendo com o aumento da renda: de 1,5 até 2 salários
mínimos, 52%; de 2 a 4 salários mínimos, 67% e mais de 4 salários mínimos, 88%.
42
Exemplos desse tipo de interação entre os cidadãos e o poder público é analisado e discutido em:
LEMOS, André: PASTOR, Leonardo & OLIVEIRA, Nestor. WI-Fi Salvador: mapeamento colaborativo
e redes sem fio no Brasil. Intercom – BRCC, São Paulo, v.35, n.1, p. 183-204, jan./jun. 2012.
38
Wireless Condomínio
Existem já, no mercado brasileiro, empresas que oferecem serviços
especializados de rede sem fio para acesso condominial à Internet. Trata-se, neste caso,
do oferecimento de serviços e de projetos customizados, os quais englobam funções de
controle de banda, por condômino, controle e limitação de usuários, para que o
desempenho da rede seja sempre o de do melhor desempenho possível, respeitando os
contratos e as expectativas da clientela.
Entre as vantagens deste modelo, citam-se: a) a redução dos custos, que são
rateados entre os condôminos usuários; b) a personalização dos logins e das senhas de
acesso não compartilhadas (individuais), e c) controle de bandas e acessos, com
limitações geridas pelo próprio sistema, com controle de programas P2P (como Emule,
Limewire e outros), provendo mais qualidade para a totalidade dos usuários.
39
PARTE III: ANÁLISES PROSPECTIVAS DO CONSUMO COMO BASE PARA
A IMPLANTAÇÃO E GESTÃO DE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS NA
OFERTA DE SERVIÇOS DE CONEXÃO WI-FI
Parte importante dos esforços de se pensar, planejar, implementar e gerir novos
negócios na oferta de serviços de conexão Wi-Fi consiste na prospecção do consumo,
incluindo as demandas, expectativas, comportamentos e perspectivas dos
usuários/consumidores em relação ao uso e possibilidades de acesso pagos e/ou
gratuitos à Internet e sua compatibilização com equipamentos e tecnologias móveis.
Neste sentido, é oportuno ressaltar um importante estudo realizado pela Cisco
IBSG Customer Research43
, cujas pesquisas foram conduzidas, em campo, em maio de
2012 em todo o Brasil, tendo sua metodologia sido replicada no México, nos EUA,
Canadá e Reino Unido. A pesquisa quantitativa online (Survey estatístico) foi conduzida
com 650 consumidores brasileiros com mais de 18 anos de idade, usuários de Banda
Larga, distribuídos por todo o território nacional. Os resultados foram divulgados
publicamente pela CISCO INTERNET BUSINESS SOLUTIONS GROUP, em junho
de 2012.
Entre outros importantes achados, essa pesquisa revelou que:
1. Os usuários/consumidores brasileiros possuem mais dispositivos móveis do que
seus pares de outros países também pesquisados. Na média, o brasileiro possui
2,74 dispositivos móveis, ante 2,6 pelos ingleses, 2,59 pelos norte-americanos e
2,43 pelos canandeses. Só perdem para os mexicanos, que detêm 2,85 aparelhos
móveis per capita;
2. Com esses equipamentos, os usuários/consumidores brasileiros utilizam redes
Wi-Fi durante mais de uma hora, diariamente e geralmente para produção de
textos, chamadas de voz e envio e leitura de e-mails. Diferentemente do que o
originalmente esperado pelos pesquisadores, no Brasil, a utilização de redes Wi-
Fi para acesso a aplicativos de negócios mostrou-se muito baixa;
43
CISCO INTERNET BUSINESS SOLUTIONS GROUP. What customers want from Wi-Fi (Brazil).
Insights from CISCO IBSG Customer Research. Agosto de 2012 Disponível em:
http://www.cisco.com/web/about/ac79/docs/sp/Wi-Fi_Customer-Research_Brazil.pdf. Acesso em 1 de
setembro de 2013.
40
3. As residências brasileiras continuam sendo o principal local de acesso a serviços
móveis de conexão à Internet e que essa tendência seguirá em crescimento ao
longo dos próximos anos;
4. As conexões móveis à Internet Wi-Fi são as preferidas dos
usuários/consumidores, mesmo no caso dos smartphones. O estudo revelou que
78% dos usuários de laptops, 75% dos de tablets e 57% dos de smartphones
preferem a conexão via Wi-Fi.
5. Prevalece o desejo da ubiquidade, ou seja, os usuários/consumidores querem ter
acesso Wi-Fi a todo tempo e em todos os lugares, dentro e fora de suas
residências, e
6. Os usuários/consumidores estão abertos para aceitarem publicidade, propaganda
e ações de marketing personalizado em seus dispositivos móveis, em troca da
obtenção de acesso Wi-Fi gratuito, em pelo menos 45% dos casos. Apenas 7%
dos entrevistados brasileiros afirmaram que não aceitariam essas intervenções de
forma alguma.
Para os usuários/consumidores brasileiros de serviços móveis de Internet, os
principais locais de acesso, pela ordem decrescente de importância relativa são: cafés,
bares e restaurantes; locais de viagem (aeroportos, rodoviárias e ferroviárias e
similares); estabelecimentos comerciais; hotéis; locais públicos abertos (praças, parques
e outros afins), entre outros.
A frequência de uso aparece como função direta da disponibilidade de hotspots e
não é, necessariamente, um indicador da preferência do usuário/consumidor.
No Brasil, a porcentagem de usuários de banda larga que se utiliza de hotspots
públicos é maior do que se verifica em países desenvolvidos também pesquisados.
Enquanto no Brasil essa modalidade de acesso atinge 72% dos usuários/consumidores e
no México, 88%, nos EUA esse percentual fica em 58%, no Canadá, em 56% e no
Reino Unido, em 51%.
Segundo a pesquisa, os usuários/consumidores brasileiros de banda larga não são
muito seguros, nem bem informados, a respeito da inclusão ou não de Wi-Fi gratuito em
seus planos de assinatura de serviços junto às principais empresas provedoras.
41
Dos entrevistados, 27% informaram serem assinantes de serviços de banda larga
da NET, enquanto 26% o eram da Oi, 20% da Vivo, 14% da GVT e 13% de outros
provedores. Cabe destacar que a empresa GVT não oferece correntemente os serviços
de acesso Wi-Fi em hotspots públicos, enquanto a NET, Oi, Vivo e muitos pequenos e
médios provedores o fazem.
FIGURA. BRASIL. Distribuição porcentual (%) dos usuários, segundo empresas
provedoras de acesso em Banda Larga, 2012.
Fonte: Cisco IBSG, 2012
Para os pesquisados, a inclusão de oferta de hotspots de Wi-Fi para acesso
gratuito na escolha dos provedores de banda larga é considerada extremamente
importante (em praticamente 50% dos casos), ou pelo menos muito importante (para
outros 35% da amostra). Por outro lado, a inclusão desses serviços Wi-Fi públicos e
gratuitos pode influenciar muito favoravelmente a probabilidade de mudança de
provedor para mais de 40% dos usuários/consumidores e decisivamente para perto de
29% deles.
No caso em que as conexõe Wi-Fi já fazem parte dos planos de assinatura de
serviços de empresas provedoras, seus maiores índices de uso são encontrados em
espaços públicos abertos (16%) e em locais de viagem (estações, aeroportos), com 15%
das respostas. Já no caso das conexões pay-per-view, os maiores destaques de uso são
para os hotéis (10%) e locais de viagem (9%).
42
Para os entrevistados brasileiros, os locais onde os acessos são ou seriam mais
desejáveis, foram apontados na seguinte ordem de importância relativa decrescente:
todos os locais (52%), parques e praças públicos (37%), estradas e rodovias (33%),
hospitais (21%), restaurantes, bares e similares (19%), terminais de ônibus (19%),
shopping centers (18%), as próprias residências (15%), escolas (12%), praias (12%),
universidades (10%), metrôs (8%), supermercados (7%), estádios esportivos (6%), áreas
rurais ou outras áreas de acesso remoto (5%) e aeroportos (5%). Outros locais também
incluídos pelos entrevistados, em porcentagens menos significativas foram: igrejas,
bibliotecas, museus, cinemas e bancos.
Comparando as conexões Wi-Fi com o acesso de dados via rede móvel celular
(2G/3G), a pesquisa da Cisco IBSG 2012 mostrou os resultados mostrados a seguir.
Fonte: Cisco IBSG, 2012
43
Algumas implicações para os fornecedores de serviços Wi-Fi
Com base nas respostas obtidas e nas análises comparativas com os dados
observados nos demais países também pesquisados, o estudo conclui que os provedores
de serviços de conexões Wi-Fi à Internet no Brasil devem levar em conta as seguintes
perspectivas:
1. Incentivar a criação e a oferta de soluções que estimulem a adoção de conexões
Wi-Fi no ambiente doméstico, principalmente visando ao descongestionamento
dos tráfegos das conexões móveis;
2. Integrar a oferta de serviços de conexão Wi-Fi nos portfólios, buscando agregar
preços competitivos, ações de marketing personalizado e outras soluções para
utilização integrada dos aparelhos e dispositivos móveis;
3. Investir em infraestrutura e proporcionar experiências de Wi-Fi onipresente,
investindo na oferta de serviços tanto dentro, quanto fora do domicílio e ao ar
livre, estabelecendo extensos acordos de roaming com outros provedores de
serviços no País e no exterior, com acesso seguro a conteúdo remoto;
4. Buscar e explorar novos formatos de obtenção de lucros com a exploração das
conexões Wi-Fi, especialmente pensados para a exploração de publicidade e
marketing personalizado, ações de interesse do varejo e do atacado, bem como
de serviços gerenciados, e
5. Buscar integrar e entregar soluções alinhadas de arquitetura de rede e de
tecnologia para proporcionar ao usuário/consumidor uma experiência perfeita
nou uso de aparelhos e acessos móveis à Internet.
44
Finalmente, os resultados da pesquisa indicam que o mercado pode estar próximo de
uma "Nova Mobilidade" em que Wi-Fi e redes móveis estarão perfeitamente integradas
e indistinguíveis para o usuário de dados móveis. 82% dos consumidores estão
interessados em uma proposta de serviço que permita a conexão de dados transparente,
com volume de tráfego ilimitado, via redes de acesso móvel celular e Wi-Fi integradas e
com grande cobertura, por uma taxa fixa mensal.
45
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49
ANEXO
GLOSSÁRIO (extraído de SACCOL e REINHARD, 200744
)
Tecnologias de Informação Móveis (mobile) - Mobilidade relaciona-se com
portabilidade, isto é, a capacidade de se levar, para qualquer lugar, um dispositivo de
Tecnologia de Informação (baseado em Kalakota & Robinson, 2002). Logo, um laptop
ou um PDA comum (sem capacidade de acesso a redes sem fio) são tecnologias móveis.
Weilenmann (2003) vai além e diz que uma tecnologia móvel é aquela que é criada para
ser usada enquanto se está em movimento (por exemplo, um walkman). No entanto ela
ressalta que uma tecnologia móvel também é assim designada por possuir portabilidade.
Entretanto cabe considerar que, muitas vezes, quando se utiliza o termo mobile os
autores estão se referindo ao uso de dispositivos de TI Móveis e Sem Fio (veja a
definição na seqüência), isto é, aparelhos como, por exemplo, telefones celulares ou
PDAs que podem ser conectados a uma rede e especialmente à Internet, via acesso sem
fio. Ainda há casos em que o termo Móvel (mobile) e Sem Fio (wireless) são usados
como sinônimos (veja como exemplo Tarasewich, Nickerson, & Warketing, 2001).
Tecnologias de Informação Sem Fio (wireless) – São Tecnologias de Informação que
envolvem o uso de dispositivos conectados a uma rede ou a outro aparelho por links de
comunicação sem fio, como, por exemplo, as redes de telefonia celular ou a transmissão
de dados via satélite, além das seguintes tecnologias: Infravermelho (infrared - IR),
Bluetooth, Wireless LAN (Rede Local sem fio) (a respeito dessas tecnologias, veja
Bobak, 2001) e Wi-Max (Telecomweb, 2004). Em geral tende-se a associar o termo «
sem fio » com mobilidade, mas isso nem sempre é verdadeiro. Por exemplo: pode-se ter
um computador de mesa ligado a uma rede sem fio, mas nem por isso ele é um
dispositivo móvel; o acesso à Internet em um “Hot Spot”, envolve o uso de tecnologia
sem fio, mas com mobilidade restrita àquele local; a troca de cartões de visita pela
conexão via infravermelho entre dois PDAs também implica o uso de tecnologia sem
fio, mas de mobilidade ainda mais restrita. Na verdade, a idéia de « wireless » é tão
antiga quanto qualquer transmissão por rádio, porém agora se estende rapidamente a
usos computacionais (Mannings & Cosier, 2001).
44
SACCOL, Amarolinda Zanela; REINHARD Nicolau, RAC, v. 11, n. 4, P. 175-198, Out./Dez. 2007.
50
Tecnologias de Informação Ubíquas (ubiquitous) – O termo ubíquo tem como uma
de suas principais origens a definição apresentada no artigo seminal de Weiser (1991).
Segundo o autor, estamos caminhando para a era da tecnologia calma (calm
technology), quando a computação passa a ser subjacente às nossas vidas. Os
computadores passam a ser tão naturais, tão sob medida e tão embutidos em todos os
locais e nos mais diferentes objetos; eles tendem a se tornar praticamente invisíveis, isto
é, nós os utilizaremos quase sem pensar, tal qual utilizamos a energia elétrica
atualmente. Logo, a Computação Ubíqua envolve, em termos tecnológicos, a existência
de diversos computadores interconectados por redes sem fios em cada ambiente,
protocolos de comunicação que permitam o trânsito entre diferentes dispositivos e entre
redes que se espalham pelos prédios, ruas, carros, em todos os locais. Isso demanda
computadores de diferentes tamanhos, assim como sensores que os tornem conscientes
de cada usuário e de cada ambiente. Weiser (1991, 1996) estabelece uma diferenciação
entre a Computação Ubíqua e os dispositivos móveis, uma vez que, diferentemente de
PDAs, laptops ou telefones celulares, ela é invisível e onipresente, não havendo a
necessidade de se carregar dispositivos específicos, já que a informação poderá ser
acessada de qualquer lugar e em qualquer tempo, em diversos dispositivos de uso diário.
As tecnologias de redes sem fio, dispositivos de localização automática, sensores e
dispositivos de RFID (Strassner & Schoch, 2002), já existentes atualmente, são
elementos chaves para a Computação Ubíqua. No entanto a Computação Ubíqua, tal
qual definida originalmente por Weiser, ainda não é uma realidade, muito embora
avanços tecnológicos estejam contribuindo para a sua difusão. Cabe destacar que, em
geral, os termos computação pervasiva (pervasive computing), ou embutida
(embbeded) referem-se de certa forma ao conceito de computação ubíqua, muito embora
o termo embutido se refira a apenas uma de suas características. De acordo com Abowd
e Mynatt (como citado em Baber & Baumann, 2002), aplicações de Computação
Ubíqua compartilham três objetivos básicos: Interação natural com as pessoas, com
objetos do dia-a-dia servindo de interfaces para ambientes computacionais;
Tecnologiasinteligentes, sensíveis a diferentes contextos e atividades humanas, capazes
de reagir a elas e Comunicação, tanto pessoa-objetos quanto objetos-a-objetos.
Tecnologias de Informação Nômades (nomadic) - Lyytinen e Yoo (2002) propõem o
termo Computação Nômade (Nomadic Computing). Eles asseveram que um ambiente
de informação nômade é “uma confluência heterogênea de elementos tecnológicos,
51
sociais e organizacionais interconectados, que possibilitam a mobilidade física e social
de serviços de comunicação e computação entre atores, tanto dentro quanto fora das
fronteiras organizacionais” (p. 377). Três características são chaves para a computação
nômade: mobilidade, serviços/infra-estrutura em larga escala e convergência. Ela é
focada na idéia de Tecnologias de Informação Móveis e Sem fio, mas chama a atenção
para outros elementos relacionados a tecnologias que apóiam trabalhadores nômades,
como questões relacionadas à interação homem-computador, psicologia, sociologia,
ergonomia etc. Nessa visão ampliada sobre as tecnologias móveis, Kakihara e Sorensen
(2002) e Sorensen (2003) argumentam que a mobilidade não possui somente uma
dimensão espacial, mas também temporal e contextual As Tecnologias de Informação
Móveis e Sem fio têm possibilitado os chamados Comércio Móvel e Negócios Móveis.
Outro conceito localizado foi o de Comércio Ubíquo. Cabe igualmente uma definição
desses termos.
Comércio Móvel – Uma das definições mais completas de Comércio Móvel foi
encontrada em Balasubramanian, Peterson e Javenpaa (2002). Os autores conceituam o
Comércio Móvel (Mobile Commerce ou M-commerce) como qualquer fenômeno que
possua as seguintes características: (1) envolve comunicação, de uma ou duas vias, entre
dois ou mais humanos, entre humano(s) e um ou mais objeto inanimado, ou entre dois
ou mais objetos inanimados (entre aparelhos); (2) para pelo menos uma das partes, a sua
capacidade de comunicação não está vinculada a estar em determinado local, em ponto
específico no tempo; (3) essa capacidade de se comunicar deve ser sustentável pelo
menos por uma das partes durante uma movimentação substancial de um lugar para
outro; (4) os sinais de comunicação entre as partes devem ser preferencialmente
carregados por ondas eletromagnéticas; (5) se a comunicação se der entre humanos,
pelo menos um deles procura beneficiar-se economicamente dessa comunicação, a curto
ou longo prazo. Se a comunicação se der entre objetos, ela deve buscar criar benefícios
econômicos para um humano ou empresa. Os autores ressaltam que os objetivos do
Comércio Móvel (que utiliza Tecnologias Móveis e Sem fio) são, em última instância,
de natureza econômica. Nesse caso, os autores tomam como equivalente o termo
Comércio Móvel (Mcommerce) e o termo negócios móveis (M-business). Cabe
esclarecer que Comércio Móvel não é sinônimo de operações de Comércio Eletrônico
via dispositivos Móveis e Sem Fio de acesso à Internet, pois ele é mais abrangente. Para
52
uma análise mais completa das diferenças entre Comércio Eletrônico e Comércio
Móvel, veja Zhang e Yuan (2002).
Comércio Ubíquo (U-Commerce) – Watson et al. (2002, p. 332) cunharam o termo U-
Commerce, ou Comércio Ubíquo, definido como “o uso de redes ubíquas para apoiar
comunicações personalizadas e ininterruptas e transações entre uma firma e seus vários
stakeholders para oferecer um nível de valor além do comércio tradicional”. Os autores
oferecem um framework conceitual para a análise das possibilidades de utilização de
aplicações de Comércio Ubíquo. Porém é importante observar que Watson et al. (2002)
não utilizam a definição original de Computação Ubíqua proposta por Weiser (1991).
Negócios Móveis – muito embora esse termo não tenha sido definido nos artigos
levantados, encontram-se definições nos livros de Kalakota e Robinson (2002) e
Paavilainen (2001). Este autor define Negócios Móveis como “a troca de bens, serviços
e informação, utilizando-se tecnologias móveis” (p. 01). Já para Kalakota e Robinson
(2002, p. 20), o termo engloba tanto as operações de Comércio Móvel (linha de frente)
quanto “a infra-estrutura de aplicação necessária para manter relações de negócios e
vender informações, serviços e mercadorias por meio dos aparelhos móveis”. Logo, de
acordo com esses autores, pode-se concluir que o conceito de Negócios Móveis engloba
as operações de Comércio Móvel e todos os demais processos (operacionais e de
gestão) que as tornam possíveis.
53
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