OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED
DIRETORIADEPOLÍTICASEPROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
JOGOS PARA DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE
TÁTICA: UMA FORMA INCIDENTAL DE ENSINO
Alexandre Von Hoonholtz Danziato1 Schelyne Ribas da Silva2
RESUMO
O objetivo desde estudo foi identificar a influência de um programa interventivo, baseado nos Jogos Para o Desenvolvimento da Inteligência e Criatividade Tática (JICT), no conhecimento tático processual de escolares de onze a treze anos de idade. A amostra da pesquisa constituiu-se de vinte alunos, de ambos os sexos, regularmente matriculados no sexto ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Bibiana Bitencourt em Guarapuava, no estado do Paraná. Como forma de avaliação, foi utilizado o Teste de Conhecimento Tático Processual – Orientação Esportiva (TCTP:OE) (GRECO et al., 2014). Após a análise dos resultados, observou-se que os JICT foram efetivos para o aprimoramento significativo do conhecimento tático processual dos escolares. Conclui-se que o desenvolvimento do conhecimento tático, independente do sexo, é passivo de ser realizado, não somente por meio do esporte formal, mas também na escola, com aproximadamente 28 sessões, utilizando-se como conteúdo apenas os Jogos Para o Desenvolvimento da Inteligência e Criatividade Tática (JICT). Esses dados suportam a idéia de que o conhecimento tático processual progride com a repetição na execução de atividades/ jogos com ações próximas as encontradas nos esportes.
Palavras-chave: Conhecimento tático processual; escolares; inteligência tática.
1 Professor PDE – Professor de Educação física – Colégio Estadual Bibiana Bitencourt-
Guarapuava – Pr - [email protected]
2 Orientadora Schelyne Ribas da Silva – Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO
INTRODUÇÃO
O ensino dos esportes, independente do local de ensino, deve-se apoiar
na concepção pedagógica que valoriza um processo de ensino aprendizagem
da iniciação esportiva, no qual é enfatizada a importância da ação de jogar, os
jogos e as brincadeiras de rua, o jogar para aprender e o aprender jogando.
Para Greco, Silva e Santos (2009) para o processo de ensino é
imprescindível organizar os parâmetros constitutivos dos esportes (tática,
técnica) em uma sequência caracterizada pela aprendizagem incidental (jogar
para aprender) à aprendizagem intencional (aprender jogando), que será
detalhada mais adiante.
O processo de ensino-aprendizagem começa com o jogo, jogar para
aprender. Esse contexto corresponde ao aprendizado incidental e intuitivo e o
jogador aprende a jogar jogando.
Neste sentido, o jogo é um dos meios mais propícios para a construção
do conhecimento dos indivíduos. Através de uma prática consciente, podemos
usá-lo como meio de aprendizagem e de descobertas. Aplicando variações
(mudanças de regras; criação de novas regras; alteração de número de
participantes; tipos de bolas; diferentes espaços e tamanhos; mini-jogos;
vantagem ou desvantagem numérica; dentre outros) ao jogo, geram-se novas
dificuldades, estimulando a novos desafios, que acabam levando estes
indivíduos a se tornarem mais consciente das atividades e do respeito que
devemos ter com o outro.
O sucesso da ação do jogador depende da capacidade de se adaptar
aos diversos contextos e momentos do jogo para a construção e obtenção do
ponto (ou do gol) e/ou para evitar que o adversário conquiste o mesmo
(GARGANTA, 2002). Para isto, é necessário tomar decisões que abranjam a
determinação da posição dos colegas e dos adversários, o reconhecimento da
trajetória da bola para se posicionar e dominá-la, o deslocamento para proteger
e preencher um espaço, tudo de acordo com as regras e com o comportamento
tático e técnico específico de cada uma das modalidades dos Jogos Esportivos
Coletivos (ARAÚJO, 2009).
Assim, a aprendizagem tática é mais um pilar que deve ser construído
por meio dos jogos a partir dos 8 anos de idade. Estes Jogos segundo alguns
autores (GRECO, 1998; KROGER e ROTH, 2002) consistem nos denominados
“Jogos de Inteligência e Criatividade Tática (JICT)”.
Os JICT apresentam-se como importantes conteúdos e ferramentas no
desenvolvimento das capacidades de jogo das crianças e dos adolescentes.
São revestidos de um caráter lúdico, que é um facilitador para a compreensão
da lógica técnico-tática dos jogos coletivos, pois os alunos “jogam para
aprender” e não “aprendem para jogar” (GRECO e SILVA, 2008).
A aprendizagem ocorre de maneira implícita, ou seja, o aprendiz adquire
habilidades motoras inconscientemente através da realização das atividades
sugeridas. Aprendem apenas como resultado da prática, o que gera maior
motivação no processo de aprendizagem por parte do aluno (GREGO e
BENDA, 1998).
Segundo Garganta (1995):
“As estratégias mais adequadas para ensinar os jogos desportivos coletivos, passam por interessar o praticante, recorrendo às formas jogadas motivantes, implicando-o em situações-problema que contenham as características fundamentais do jogo”.
A proposta para alcançar este objetivo, são jogos com regras adaptadas,
modificações que simplificam e diminuem o ritmo do jogo, com número
reduzido de jogadores, espaços menores e outras adaptações das regras
oficiais, que permitam a continuidade das ações, sem comprometer o sucesso
do jogo, respeitando as limitações e características de cada um (GRIFFIN,
1996; OSLIN, 1996; GRAÇA e OLIVEIRA, 1995).
Nesta perspectiva, o maior desafio é a compreensão de como essas
contribuições que estão apontadas na literatura podem ser traduzidas de forma
prática e concreta no dia-a-dia dos alunos durante as aulas de educação física.
Dentro do ambiente escolar, foi possível verificar que a abordagem
tradicional com ênfase na técnica, tem desmotivado os alunos para a prática
esportiva.
Estudantes estão terminando o ensino médio e até mesmo chegando ao
curso superior de educação física, apresentando enormes dificuldades em
relação à execução de fundamentos básicos dos esportes e a sua forma de
praticá-los, seja no lazer ou competições.
Segundo Digel (1993):
“As creches esportivas eram em geral, a rua, os parques, as praças, os pátios das escolas, as praias, os campos, as várzeas etc. Habilidades como quicar a bola, receber, lançar, chutar e passar, eram parte da motricidade geral e diária das crianças, elas estavam unidas, faziam parte do mundo e da nossa vida cotidiana” (p. 13).
É fácil constatar, que com o passar dos anos, as crianças estão
perdendo a cultura do jogo na rua por questões de comodismo, falta de
segurança, falta de espaços públicos, ausência de políticas públicas sérias de
incentivo à prática de esportes, novas tecnologias que ocupam cada vez maior
lugar na vida dos jovens etc.
Paes (1992) exalta o papel fundamental da escola para que a prática
esportiva volte a ser parte importante na vida dos alunos, quando afirma que:
“O aprendizado do esporte na escola deverá ocorrer privilegiando seu caráter lúdico, proporcionando aos alunos a oportunidade de conhecer, aprender, tomar gosto, manter o interesse pela ação esportiva, e ainda contribuir para a consolidação da Educação Física como disciplina” (p.75).
Infelizmente, a pedagogia do esporte chama-nos atenção para as
deficiências na Educação Física escolar do ensino fundamental e a forma como
o conteúdo “esportes” está sendo oferecido aos alunos até a sua formação no
ensino médio.
Ocorre com grande frequência na Educação Física escolar, uma prática
esportivizada, com ênfase na técnica e na repetição de gestos randômicos,
sem comprometimento com a evolução dos alunos. Seu conteúdo é, de modo
geral, fragmentado, sem planejamento, desorganizado e sem continuidade.
Essa forma de aplicação da disciplina promove uma grande desmotivação nos
alunos envolvidos no processo de aprendizagem esportiva.
Incarbone (1990) por sua vez, descreve:
“O professor deve ter muito em conta que não deve modelar o menino à semelhança de..., e sim deve dar uma grande bagagem de experiências motoras, contribuindo para o armazenamento de seu acervo motor, que lhe permita se desenvolver no futuro, com grandes variedades de habilidades motoras, que não só apontariam para um esporte, mas também para a vida diária”.
O ensino do esporte deve preparar o aluno para o desenvolvimento de
futuras habilidades que eventualmente ele necessite para executar funções
pessoais, profissionais e mesmo esportivas. No momento em que este
indivíduo precise seu organismo, através das atividades realizadas em sua vida
escolar, deve ser capaz de responder, produzindo essas habilidades.
Além da importância para os processos cognitivos, a aprendizagem
esportiva também é apresentada como de grande valor social. Suas práticas
proporcionam disciplina, companheirismo, objetivos específicos e em comum,
planejamento, estimula a capacidade de decisão etc. Esses pontos são
primordiais para o ser humano e suas relações interpessoais, para o
desenvolvimento de sua vida profissional e para que aprenda a viver em
sociedade.
Para que o esporte escolar atinja todos os objetivos supracitados, é
imperativo que esta disciplina seja aplicada de modo a despertar o interesse
dos alunos, motivando-os a sua prática. Não é conveniente que sejam exigidas
habilidades técnicas impossíveis de se produzir nos curtos espaços de tempo
das aulas de Educação Física, devido à necessidade da abordagem de
diversas modalidades nesses períodos, não sendo possível se deter a uma
delas, apenas. Cobranças técnicas excessivas desestimulam os praticantes, o
que gera o abandono da prática esportiva.
Uma alternativa para contornar essa situação são os JICT, que através
de jogos coletivos com alterações de regras, mas sem a exigência da perfeição
técnica, permite o aprendizado das habilidades de forma implícita. Há o
despertamento do interesse do aluno sem que este mesmo perceba, que de
forma inconsciente aprende a jogar, sem precisar de longas repetições prévias.
Baseado nessas argumentações, os JICT podem trazer inúmeros
benefícios, mantendo uma concepção positiva do esporte, que esses alunos
levarão para o resto de suas vidas.
OBJETIVO
Identificar a influência de um programa interventivo, baseado nos Jogos
Para o Desenvolvimento da Inteligência e Criatividade Tática (JICT), no
conhecimento tático processual de escolares de onze a treze anos de idade.
METODOLOGIA
Amostra
A amostra foi composta por aproximadamente 20 escolares, de ambos
os sexos, matriculados no sexto ano do ensino fundamental.
Instrumento de medida
A avaliação das capacidades táticas básicas foi realizada por meio do
teste de Avaliação do Conhecimento Processual: uma orientação esportiva
(GRECO et. al., 2014). Por tratar-se de um procedimento para orientação
esportiva o teste foi realizado na forma de jogo (com as mãos) de três contra
três, por meio da troca de passes entre os colegas de equipe durante quatro
minutos. A ordem foi definida por sorteio, da mesma maneira a equipe que
começou com a posse de bola. A área onde o teste foi aplicado teve 09 metros
de largura por 09 metros de profundidade. Em uma das extremidades da
quadra (a 1,5 metros da linha) fixou-se uma câmera para filmagem das ações
durante os 4 minutos do jogo. O objetivo foi manter a posse de bola por maior
tempo possível. O time sem posse de bola deveria tentar recuperá-la para
assim imediatamente passar para o ataque e pela sua vez manter a posse de
bola. O jogo foi realizado com as mãos e permitiu ao time na defesa procurar a
retomada da bola semelhantemente às regras do basquetebol e do handebol.
Durante todo o teste os participantes utilizaram coletes numerados para facilitar
a identificação e a análise. A análise do comportamento tático, por meio do
TCTP-OE, foi realizada a partir da situação do jogador no ataque sem bola
(JSB), jogador no ataque com bola (JCB), jogador na defesa marcando ao
jogador sem bola (MJSB) e jogador na defesa marcando ao jogador com bola
(MJCB). Todas as ações dos participantes foram filmadas com uma câmera
SONY® Handycam DCR-SR 68 e arquivadas para posterior análise dos
critérios de observação (itens), apontados no quadro abaixo:
TESTE DE CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL - ORIENTAÇÃO ESPORTIVA (TCTP:OE)
1. AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NO ATAQUE: JOGADOR SEM BOLA (JSB)
1.1. *Movimenta-se procurando receber a bola
2. AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NO ATAQUE: JOGADOR COM BOLA (JCB)
2.4. *Passa ao colega sem marcação e posiciona-se para receber
3. AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NA DEFESA: MARCAÇÃO AO JOGADOR SEM BOLA (MJSB)
3.3. *Apóia aos colegas na defesa (cobertura) quando são superados pelo
adversário
3.4. *Apóia ao colega na defesa quando o jogador com bola tem dificuldade para
dominá-la
4 AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS NA DEFESA: MARCAÇÃO AO JOGADOR COM BOLA (MJCB)
4.2. Pressiona ao adversário e acompanha seus deslocamentos
4.4. *Pressiona ao adversário levando-o para os cantos do campo de jogo
Negrito: Itens validados no teste (TCTP:OE) realizado com a mão; Quadro 1: Critérios de observação avaliados no TCTP – OE nos procedimento “ B” com a mão e com o pé.
Procedimento da coleta/caracterização
A intervenção foi executada no Colégio Estadual Bibiana Bitencourt no
ano de 2015. O Colégio está localizado no bairro do Jordão. Seus alunos são
previamente encaminhados de escolas municipais da região para cursar o
sexto ano, apresentando como característica estudantes de variados níveis
sócio-culturais. Há, inclusive, alunos provenientes da zona rural, sem nenhum
tipo de acesso à escolinhas de iniciação esportiva, cujo único contato com uma
quadra poliesportiva ocorreu nas aulas de educação física do colégio.
O processo de intervenção teve a duração de trinta e duas sessões,
divididas em 4 aulas de avaliação (pré e pós testes) e 28 aulas interventivas
utilizando os JICT como conteúdo a ser desenvolvido. A duração de cada aula
foi de 50 minutos.
RESULTADOS
TABELA 1: Mediana intervalo interquartílico e comparação entre o pré e pós teste dos itens avaliados.
PRÉ TESTE PÓS TESTE
Mediana (I IQ - III IQ) Mediana (I IQ - III IQ) p
1.1- Movimenta-se procurando receber a bola (JSB)
5 (5 - 8) 11 (10 - 15) 0.000*
2.4- Passa ao colega sem marcação e posiciona-se para receber (JCB)
2
(1
- 3)
6
(3
- 9)
0.000*
3.3- Apóia aos colegas na defesa (cobertura) quando são superados pelo adversário (MJSB)
1
(0
- 2)
2
(2
- 5)
0.000*
3.4- Apóia ao colega na defesa quando o jogador com bola tem dificuldade para dominá-la (MJSB)
0
(0
- 1)
1
(1
- 1)
0.000*
4.2 Pressiona ao adversário e acompanha seus deslocamentos (MJCB)
0
(0
- 1)
5
(1
- 7)
0.000*
4.4- Pressiona ao adversário levando-o para os cantos do campo de jogo (MJCB)
0
(0
- 1)
4
(1
- 6)
0.000*
ESCORE TOTAL 10 (7 - 12) 25 (22 - 31) 0.000*
JSB= Jogador sem Bola; JCB= Jogador com Bola; MJSB= Marcação do jogador sem bola; MJCB= Marcação do jogador com bola ( p 0.05).
Os resultados apresentados na tabela 1 apontaram que o período
interventivo, utilizando-se de jogos para desenvolvimento da inteligência e
criatividade tática, foi efetivo para o aumento dos escores de medida central e
dos intervalos interquartílicos quando avaliado o conhecimento tático
processual de escolares de 11 a 13 anos de idade.
Evidenciou-se ainda que os itens representantes das subescalas de
movimentação do jogador - 1.1 Jogador Sem Bola (JSB, 1.1) e Jogador Com
Bola (JCB, 1.2), respectivamente, - apresentaram medianas superiores tanto
no pré quanto no pós teste quando confrontadas as medianas dos demais itens
do teste utilizado.
Verificaram-se medianas inferiores para os itens referentes à marcação
dos jogadores com e sem bola quando confrontadas as medianas dos itens
supracitados, isso nos leva a crer que os escolares, ainda, não aprimoraram a
realização da marcação ao adversário (independente se o jogador esta ou não
com a bola) igualmente ao nível que eles desempenham sua movimentação
durante o jogo de invasão. Nesta perspectiva acredita-se que a partir da prática
e da melhora das habilidades técnicas os praticantes desenvolvem as noções
de tática básica e sofrem menos às pressões que os marcadores exercem
sobre eles durante os jogos.
Somente a titulo de curiosidade, pois este não foi o objetivo deste
estudo, em todos os itens os meninos apresentaram maiores escores de
mediana quando comparado às meninas.
DISCUSSÃO
As ações técnico-táticas no ataque (1.1 e 2.4 – tabela 1) indicam que
apesar de não apresentarem conhecimento técnico prévio, os escolares já
demonstravam implicitamente certo grau de movimentação e motivação para
jogar no ataque. O resultado adquirido nesses dois itens confirma efetividade
dos JICT na melhoria do conhecimento tático-processual, pois as crianças
passaram a movimentar-se de maneira mais inteligente em relação a oferecer-
se, a procurar a melhor alternativa de passe, e posicionando-se a fim de
receber a bola na sequência. Constatou-se que a técnica de execução dos
passes, recepção de bola e drible (condução de bola) foi implementada,
mesmo que esse não tenha sido o objetivo principal do estudo, e esse assunto
não tenha sido abordado em momento algum nas sessões práticas e nos
feedbacks ao final das aulas.
Em relação às ações técnico-táticas na defesa: marcação de jogador
sem bola, tanto quanto ao item 3.3 quanto 3.4, não foi observado aumento
significativo da mediana. Esta constatação deu-se provavelmente em função de
ocorrerem pouquíssimas situações de drible (na maioria das vezes, os
escolares tentaram passar a bola e não superar o adversário através do drible),
e não apresentarem iniciativa que os levasse a perceber a dificuldade de
domínio da bola por parte do adversário, a ponto de reagir apoiando seu
companheiro no resgate da posse de bola.
No que diz respeito às ações técnico-táticas na defesa: marcação ao
jogador com bola (MJCB), o resultado observado em ambos os itens (4.2 e 4.4)
demonstrou melhora significava no conhecimento tático-processual, partindo do
pressuposto que não havia nenhum conhecimento intrínseco prévio por parte
dos escolares, o que leva a crer que a aplicação do JICT apresentou grande
efetividade.
Muitos pesquisadores, a partir de resultados satisfatórios obtidos em
seus estudos, têm comprovado a importância da abordagem cognitiva, como o
conhecimento tático declarativo e processual, e suas contribuições para o
desempenho tático (GARGANTA et al., 1997; MOREIRA, 2004; GIMENEZ,
2005).
A cognição envolve a percepção, atenção, antecipação, tomada de
decisão, entre outros. Para adquirir e desenvolver o conhecimento técnico-
tático, declarativo e processual, esses processos psicológicos são essenciais
(GREGO, 1999). Segundo Eysenck & Keane (1994), o conhecimento técnico-
tático declarativo refere-se a conhecer “o que”, enquanto que o conhecimento
processual, conhecer “como”. Anderson (1982) e Fitt (1964) explicam que o
conhecimento declarativo é o primeiro estágio, é a interpretação dos fatos
essenciais que levam à aquisição de habilidades. Já o segundo estágio, é o
conhecimento processual, que é a prática do conhecimento previamente
adquirido na execução destas habilidades.
A tática é constituída de planos de ação que leva a tomadas de decisão
que possibilitam, que através de ações motoras desencadeadas para uma
finalidade específica, atinjam a meta planejada (GREGO; BENDA, 1998).
No que se refere a Jogos Esportivos Coletivos (JEC), as ações
realizadas durante as situações adversas do jogo, tem uma finalidade tática
(MORENO; RIBAS, 2004). São os pressupostos cognitivos que fazem com que
através das ações táticas, sejam apresentadas soluções às tarefas e
problemas encontrados no momento do jogo (GARGANTA, 2004).
Nesta perspectiva, o presente trabalho apresentou concordância com as
definições supracitadas, o que demonstrou a relevância dos JICT e sua
abordagem cognitiva com ênfase na tática na implementação do conhecimento
tático-processual nos escolares submetidos ao teste.
CONCLUSÃO
Após a análise dos resultados, observou-se que os JICT foram efetivos
para o aprimoramento significativo do conhecimento tático processual dos
escolares. Conclui-se que o desenvolvimento do conhecimento tático,
independente do sexo, é passivo de ser realizado, não somente por meio do
esporte formal, mas também na escola, com aproximadamente 28 sessões,
utilizando-se como conteúdo apenas os Jogos Para o Desenvolvimento da
Inteligência e Criatividade Tática (JICT). Esses dados suportam a idéia de que
o conhecimento tático processual progride com a repetição na execução de
atividades/ jogos com ações próximas as encontradas nos esportes.
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